Tese de Doutorado PURIFICAÇÃO DE HEMICELULASES E DE...
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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA, DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E TURISMO FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA DE LORENA DEPARTAMENTO DE BIOTECNOLOGIA
Tese de Doutorado
PURIFICAÇÃO DE HEMICELULASES E DE UMA β-GLICOSIDASE DE CERIPORIOPSIS SUBVERMISPORA
PRODUZIDAS EM CONDIÇÕES DE BIOPOLPAÇÃO
Pérola de Oliveira e Magalhães
Lorena – SP – Brasil 2005
FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA DE LORENA DEPARTAMENTO DE BIOTECNOLOGIA
PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA INDUSTRIAL
PURIFICAÇÃO DE HEMICELULASES E DE UMA β-GLICOSIDASE DE CERIPORIOPSIS SUBVERMISPORA
PRODUZIDAS EM CONDIÇÕES DE BIOPOLPAÇÃO
Tese de Doutorado apresentada como parte das exigências para a obtenção do título de Doutora em Biotecnologia Industrial.
Banca Examinadora: Dra. Adriane Maria Ferreira Milagres (presidente) – DEBIQ/FAENQUIL
Dra. Maria Bernadete de Medeiros – DEBIQ/FAENQUIL
Dr. André Luis Ferraz – DEBIQ/FAENQUIL
Dra. Marta Cristina Teixeira Duarte - UNICAMP
Dr. Alexandre Nunes Ponezi - UNICAMP
Estudante: Pérola de Oliveira e Magalhães
Lorena - SP - Brasil 2005
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO,
PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Ficha Catalográfica
Elaborada pela Biblioteca Universitária
Magalhães, Pérola de Oliveira e
Purificação de hemicelulases e de uma β-glicosidase de Ceriporiopsis subvermispora produzidas em condições de biopolpação / Pérola de Oliveira e Magalhães. Lorena, 2005.
133 f. : il. ; 30 cm.
Tese (Doutorado em Biotecnologia Industrial) - Faculdade de Engenharia Química de Lorena. Departamento de Bioteconogia, 2005
Orientadora : Adriane Maria Ferreira Milagres
1.Biotecnologia 2. Xilanases 3. Purificação 4. Mananases 5.Ceriporiopsis subvermispora 6. Hemicelulases 7. β-glicosidase 8. Biodegradação I. Milagres, Adriane Maria Ferreira, orient. II. Título.
574.6 - CDU
FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA DE LORENA DEPARTAMENTO DE BIOTECNOLOGIA
PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA INDUSTRIAL
PURIFICAÇÃO DE HEMICELULASES E DE UMA β-GLICOSIDASE DE CERIPORIOPSIS SUBVERMISPORA
PRODUZIDAS EM CONDIÇÕES DE BIOPOLPAÇÃO
Este exemplar corresponde à versão final da tese de doutorado aprovada pela banca examinadora.
Dra. Adriane Maria Ferreira Milagres Orientadora e Presidente da Banca Examinadora
Lorena - SP - Brasil 2005
A DEUS
“Tu te fizeste presente em todos os momentos firmes e trêmulos. E, passo a passo, pude sentir a tua mão na minha, transmitindo-me a segurança
necessária para enfrentar meu caminho e seguir.... A tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida, e sinto que, em
meu gesto, existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.” (Vinícius de Moraes)
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar aos meus pais, ao meu irmão e ao Dino pelo grande incentivo e amor dedicados em todos os momentos. Especialmente agradeço a minha mãe que trabalhou comigo durante toda esta tese.
Agradeço a Dra. Adriane M. Ferreira Milagres pela orientação, pelos ensinamentos e pela confiança;
Ao Departamento de Biotecnologia e a Faculdade de Engenharia Química de Lorena pela oportunidade e apoio para a realização desta dissertação;
Aos amigos do laboratório pelos ensinamentos, companheirismo e incentivo;
Aos demais professores, colegas e técnicos do DEBIQ, por todo auxílio
e atenção; A CAPES pelo apoio financeiro.
CONTEÚDO
ABREVIATURAS ............................................................................................... 1
LISTA DE TABELAS .......................................................................................... 2
LISTA DE FIGURAS .......................................................................................... 3
RESUMO ........................................................................................................... 8
ABSTRACT........................................................................................................ 9
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 10
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA......................................................................... 12
2.1. CONSTITUINTES DA MADEIRA.......................................................... 12
2.2. ENZIMAS ENVOLVIDAS NA DEGRADAÇÃO DOS
POLISSACARÍDEOS DA PAREDE CELULAR ..................................... 19
2.2.1. Hemicelulases.................................................................................... 20
2.2.2. Xilanases ........................................................................................... 21
2.2.3. Mananases ........................................................................................ 24
2.2.4. Celulases ........................................................................................... 26
2.3. Ceriporiopsis subvermispora................................................................. 30
3. OBJETIVO ................................................................................................... 32
4. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................. 33
4.1. SOLUÇÕES TAMPÕES ....................................................................... 33
4.2. FUNGO................................................................................................. 35
4.3. MANUTENÇÃO DA CEPA.................................................................... 35
4.4. PREPARAÇÃO DA MADEIRA.............................................................. 35
4.5. PREPARAÇÃO DO INÓCULO ............................................................. 36
4.6. INOCULAÇÃO DO BIORREATOR ....................................................... 36
4.7. EXTRAÇÃO DAS ENZIMAS HIDROLÍTICAS....................................... 37
4.8. DETERMINAÇÃO DAS ATIVIDADES ENZIMÁTICAS ......................... 38
4.8.1. β-D-Xilanase ...................................................................................... 38
4.8.2. β-D-Xilosidase.................................................................................... 40
4.8.3. β-D-Glicosidase ................................................................................. 41
4.8.4. β-D-Mananase ................................................................................... 41
4.8.5. Endo-glucanase ................................................................................. 42
4.9. PURIFICAÇÃO ENZIMÁTICA............................................................... 43
4.9.1. Purificação de duas xilanases e de uma mananase a partir do extrato
inicial ................................................................................................. 44
4.9.1.1. DEAE Sepharose CL 6B............................................................. 44
4.9.2. Purificação de uma β-glicosidase e de uma xilanase a partir do extrato
concentrado (>100 kDa).................................................................... 45
4.9.2.1. Sephacryl S-300 HR ................................................................... 45
4.9.2.2. DE 52 Cellulose .......................................................................... 46
4.9.2.3. Concanavalina A......................................................................... 46
4.9.2.4. Sephadex G-50........................................................................... 46
4.9.3. Purificação de uma mananase a partir do extrato ultrafiltrado
(<100 kDa) ........................................................................................ 47
4.9.3.1. Precipitação com sulfato de amônio ........................................... 47
4.9.3.2. Extração de fenóis com polivinilpirrolidona (PVP) ...................... 47
4.9.3.3. DEAE Sepharose CL 6B............................................................. 48
4.9.3.4. Mono Q HR................................................................................. 49
4.9.3.5. DE- 52 Cellulose......................................................................... 50
4.10. ELETROFORESE............................................................................... 50
4.10.1. Eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida (SDS-PAGE) .. 50
4.10.2. Preparo dos géis desnaturantes (SDS-PAGE) ................................ 51
4.10.2.1. Gel concentrador ...................................................................... 51
4.10.2.2. Gel separador ........................................................................... 52
4.10.3. Preparo das amostras...................................................................... 52
4.10.4. Sephadex G-25................................................................................ 52
4.10.5. Preparo do tampão da Amostra ....................................................... 53
4.10.6. Coloração com nitrato de prata........................................................ 53
4.10.7. Coloração com Azul de Coomassie ................................................. 54
4.10.8. Detecção de atividade de xilanase no gel de eletroforese............... 54
4.10.8.1. Gel concentrador com xilana .................................................... 54
4.10.8.2. Gel separador com xilana......................................................... 55
4.10.9. Detecção de atividade de β-Glicosidase no gel de eletroforese ...... 55
4.11. DOSAGEM DE PROTEÍNAS.............................................................. 56
4.11.1. Preparo do reagente de Bradford .................................................... 56
4.12. Determinação da massa molar ........................................................... 56
4.13. Determinação dos parâmetros cinéticos............................................. 58
4.14. Efeitos de compostos na atividade ..................................................... 59
4.15. Efeito da temperatura ......................................................................... 59
4.16. Efeito do pH ........................................................................................ 59
4.17. Estabilidade Térmica .......................................................................... 60
4.18. Estabilidade ao pH.............................................................................. 60
4.19. Especificidade ao substrato ................................................................ 61
5. RESULTADOS............................................................................................. 62
5.1. ENZIMAS HIDROLÍTICAS PRODUZIDAS POR C. subvermispora...... 62
5.2. CARACTERIZAÇÃO DAS HEMICELULASES E CELULASES NO
EXTRATO INICIAL ................................................................................ 63
5.3. PURIFICAÇÃO DAS ENZIMAS HIDROLÍTICAS .................................. 70
5.3.1. Purificação de duas xilanases e uma mananase a partir do extrato
inicial ................................................................................................. 70
5.3.1.1. DEAE - Sepharose CL - 6B ........................................................ 70
5.3.2. Purificação de uma β-Glicosidase e de uma xilanase a partir do extrato
concentrado (> 100 kDa)................................................................... 74
5.3.2.1. Sephacryl S-300.......................................................................... 74
5.3.2.2. DE-52 Cellulose.......................................................................... 79
5.3.2.2.1. Concanavalina A .......................................................... 82
5.3.3. Purificação de uma mananase a partir do extrato ultrafiltrado (< 100
kDa)................................................................................................... 85
5.3.3.1. Concentração e fracionamento das proteínas ............................ 85
5.3.3.2. Extração de fenóis com PVP (polivinilpirrolidona) ...................... 86
5.3.3.2.1. DEAE - Sepharose CL - 6B.......................................... 86
5.3.3.2.2. MONO Q H/R ............................................................... 88
5.3.3.2.3. DE- 52 Cellulose III ...................................................... 89
5.4. CARACTERIZAÇÃO BIOQUÍMICA DAS ENZIMAS PURIFICADAS .... 92
5.4.1. Caracterização bioquímica da β-glicosidase...................................... 92
5.4.1.1. Determinação dos parâmetros cinéticos para β-glicosidase....... 92
5.4.1.2. Efeito da temperatura ................................................................. 92
5.4.1.3. Efeito do pH................................................................................ 93
5.4.1.4. Efeitos de compostos sobre a atividade da β-glicosidase
purificada .................................................................................. 94
5.4.2. Caracterização bioquímica da xilanase de 79 kDa ............................ 94
5.4.2.1. Determinação dos parâmetros cinéticos para xilanase de 79 kDa
.................................................................................................. 94
5.4.2.2. Efeito da temperatura ................................................................. 95
5.4.2.3. Efeito do pH................................................................................ 96
5.4.2.4. Efeitos de compostos sobre a atividade da xilanase de 79 kDa . 96
5.4.3. Caracterização bioquímica da mananase de 156 kDa....................... 97
5.4.3.1. Determinação dos parâmetros cinéticos da mananase de 156 kDa
.................................................................................................. 97
5.4.3.2. Efeitos de compostos sobre a atividade da mananase de 156 kDa
.................................................................................................. 97
5.4.3.3. Especificidade ao substrato ........................................................ 98
6. DISCUSSÃO................................................................................................ 99
6.1. Obtenção do extrato enzimático e análise da atividade das enzimas... 99
6.2. Purificação e caracterização de hemicelulases e de uma β-glicosidase
produzidas por C. subvermispora ........................................................ 102
7. CONCLUSÕES .......................................................................................... 110
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................... 112
9. ANEXOS .................................................................................................... 130
9.1. Anexo A: Curva padrão do log da massa molar versus Kav das
proteínas padrões aplicadas na coluna Sephacryl S-300.................... 130
9.2. Anexo B: Curva padrão do log da massa molar versus Kav das
proteínas padrões aplicadas na coluna Sephadex G-50. .................... 131
1
ABREVIATURAS
DNS : Ácido 3,5-dinitrosalicílico
CMC : Carboximetilcelulose
CMCase : Endoglucanase
Da : Dalton
EX : Endo-xilanase
LiP : Lignina peroxidase
MnP : Peroxidase dependente de Manganês
PNPG : p-nitrofenil-β-D-glicopiranosídeo
PNPX : p-nitrofenil-β-D-xilopiranosídeo
AE : Atividade específica
Km : Constante de Michaelis-Menten
Vmáx : Velocidade máxima da reação
PAGE : Eletroforese em Gel de Poliacrilamida
2
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Unidades constituintes das polioses em várias espécies de
madeiras (FENGEL e WEGENER, 1989) ................................................. 15
TABELA 2 – Constituição química do P. taeda utilizado neste trabalho ......... 35
TABELA 3 – Purificação de uma xilanase de 79 kDa através da coluna DEAE
CL 6B........................................................................................................ 71
TABELA 4 – Purificação de uma mananase de 156 kDa através da coluna
DEAE CL 6B ............................................................................................. 71
TABELA 5 – Purificação de uma β-glicosidase presente no extrato concentrado
(>100 kDa). ............................................................................................... 74
TABELA 6 – Efeitos de alguns compostos na atividade da β-glicosidase
purificada. ................................................................................................. 94
TABELA 7 – Efeitos de alguns compostos sobre a atividade da xilanase de
79 kDa....................................................................................................... 96
TABELA 8 – Efeitos de alguns compostos sobre a atividade da mananase de
156 kDa..................................................................................................... 98
TABELA 9 – Especificidade a diferentes substratos das enzimas purificadas. 98
3
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Representação das camadas da parede das células de madeira
mostrando lamela média (ML), parede celular primária (P), as camadas da
parede celular secundária (S1, S2 e S3), e o lúmen (W) das células de
madeira (FENGEL e WEGENER, 1989). .................................................. 13
FIGURA 2 – Estrutura da celulose (a) unidade de celobiose; (b) extremidade
redutora e não redutora. ........................................................................... 14
FIGURA 3 – Estrutura representando as regiões cristalina e amorfa de uma
microfibrila de celulose.............................................................................. 14
FIGURA 4 – Estruturas de hemiceluloses (Adaptado de KANTELINEN, 1993)
A: glicuronoxilana de madeiras duras; B: glicuronoarabinoxilana de
coníferas; C: galactoglicomanana de coníferas ........................................ 16
FIGURA 5 – Modelo esquemático da estrutura da lignina de madeira mole de
acordo com Addler (FENGEL e WEGENER, 1989).................................. 18
FIGURA 6 – Estrutura dos precursores da biossíntese da lignina. (I) álcool
p-cumarílico; (II) álcool coniferílico; (III) álcool sinapílico (FENGEL e
WEGENER, 1989) .................................................................................... 18
FIGURA 7 – Representação teórica da estrutura da xilana vegetal e pontos
onde as enzimas atuam. Ac, grupo acetil; Arab, L-arabinofuranose; MeGlA,
ácido 4-O-metil-glicurônico; Xil, D-xilose................................................... 21
FIGURA 8 – Mecanismo da decomposição da celulose pela ação do complexo
celulolítico. ................................................................................................ 27
FIGURA 9 – Foto do biorreator de 2 L usado nos experimentos de
biodegradação da madeira. ...................................................................... 37
FIGURA 10 – Foto do equipamento de ultrafiltração tangencial
(Minitan - Ultrafiltration System - Millipore), com membranas de
ultrafiltração (100 kDa) usado na separação do extrato enzimático. ........ 38
FIGURA 11 – Fluxograma de purificação de uma mananase e duas xilanases a
partir do extrato inicial. .............................................................................. 44
FIGURA 12 – Fluxograma de purificação de uma β-glicosidase e uma xilanase
a partir do extrato concentrado (>100 kDa). ............................................. 45
FIGURA 13 – Fluxograma de purificação de uma mananase a partir do extrato
ultrafiltrado (<100 kDa). ............................................................................ 49
4
FIGURA 14 – Distribuição das atividades enzimáticas totais nas frações:
extrato inicial ( ), > 100 kDa ( ) e < 100 kDa ( )...................................... 63
FIGURA 15 – Efeito do pH a 50 ºC na atividade da β-glicosidase, β-xilosidase,
xilanase, mananase e CMCase, presente no extrato enzimático de C.
subvermispora .......................................................................................... 65
FIGURA 16 – Efeito da temperatura na atividade da β-glicosidase e da
β-xilosidase em pH 4,8 e da xilanase, mananase e CMCase em pH 5,4,
presente no extrato enzimático de C. subvermispora. .............................. 66
FIGURA 17 – Estabilidade da β-glicosidase, β-xilosidase, xilanase, mananase e
CMCase do extrato enzimático de C. subvermispora em relação a valores
de temperatura.......................................................................................... 67
FIGURA 18 – Estabilidade da β-glicosidase, β-xilosidase, xilanase, mananase e
CMCase do extrato enzimático de C. subvermispora em relação a valores
de pH. ....................................................................................................... 68
FIGURA 19 – Eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida (12,5 %),
corado com nitrato de prata, do extrato inicial. 1 – marcadores de massa
molar; 2 – bandas de proteínas presentes no extrato inicial após Sephadex
G-25. ......................................................................................................... 69
FIGURA 20 – Perfil da cromatografia do extrato inicial em coluna de troca
iônica DEAE Sepharose CL 6B, eluído com tampão acetato de sódio 50
mM, pH 5,8 e gradiente de NaCl de 0 a 500 mM...................................... 71
FIGURA 21 – A: Eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida (10 %),
corado com nitrato de prata, do pico I da coluna DEAE CL 6 B. 1 –
marcadores de massa molar; 2 – xilanase com aproximadamente 79 kDa;
B: Zimograma para atividade da xilanase purificada de 79 kDa em gel de
atividade para xilanase. ............................................................................ 72
FIGURA 22 – Eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida (10 %),
corado com nitrato de prata, dos picos II, III e IV da coluna DEAE CL 6B.
1 – marcadores de massa molar; 2 – xilanase com aproximadamente 29
kDa. .......................................................................................................... 73
FIGURA 23 – Eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida (12,5 %),
corado com nitrato de prata, do pico V da coluna DEAE CL 6B. 1 –
marcadores de massa molar; 2 – mananase com aproximadamente 156
kDa. .......................................................................................................... 73
5
FIGURA 24 – Perfil da cromatografia em coluna de permeação em gel
Sephacryl S-300 do extrato concentrado após ultrafiltração, eluído com
tampão acetato de sódio 50 mM, pH 5,4. A: atividades de xilanase,
mananase e endoglucanase, β-glicosidase e β-xilosidase representadas
no cromatograma; B: atividade somente de β-glicosidase e β-xilosidase
representadas no cromatograma. ............................................................. 75
FIGURA 25 – Eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida (10 %),
corado com nitrato de prata, do pico I da Sephacryl S-300. 1 – marcadores
de massa molar; 2 – β-glicosidase purificada. .......................................... 77
FIGURA 26 – Zimograma para atividade de β-Glicosidase em gel de
poliacrilamida com Esculina como substrato. Atividade da β-glicosidase de
110 kDa purificada. ................................................................................... 77
FIGURA 27 – Eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida (10 %),
corado com Comassie Blue, do pico II da Sephacryl S-300. 1 –marcadores
de massa molar; 2 – pico II da Sephacryl S-300 concentrado. ................. 78
FIGURA 28 – Zimograma para atividade de β-Glicosidase em gel de
poliacrilamida com Esculina como substrato 1 – marcadores de massa
molar; 2 –Atividade da β-glicosidase de aproximadamente 53 kDa presente
no pico II da Sephacryl S-300 HR............................................................. 78
FIGURA 29 – Perfil da cromatografia em coluna de troca iônica DE-52
Cellulose do pico II da Sephacryl S-300, eluído com tampão acetato de
sódio 50 mM, pH 5,4 e gradiente de NaCl de 0 a 500 mM ....................... 80
FIGURA 30 – Eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida (10 %),
corado com prata, do pico II da DE-52 Cellulose. 1 – marcadores de massa
molar; 2 – fração 272 a 288; 3 – fração 240 a 264 e 4 – fração 192 a 232
com bandas de aproximadamente 65 kDa, 44 kDa e 31 kDa. .................. 81
FIGURA 31 – Perfil da cromatografia em coluna de afinidade Concavalina A do
pico II da Sephacryl S-300, eluído com tampão acetato de sódio 50 mM,
pH 5,4 e gradiente de NaCl de 0 a 500 mM.............................................. 83
FIGURA 32 – Perfil da cromatografia em coluna de permeação em gel
Sephadex G-50 do pico I da Con A, eluído com tampão acetato de sódio
50 mM, pH 5,4. ......................................................................................... 83
FIGURA 33 – Eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida (12,5 %),
corado com prata, do pico I e II do cromatograma da Concanavalina A. 1 –
6
marcadores de massa molar; 2 – Pico II bandas de aproximadamente
66 kDa e 30 kDa; 3 – Pico I, bandas de aproximadamente 66 kDa e
30 kDa....................................................................................................... 84
FIGURA 34 – Eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida (12,5 %),
corado com prata, do pico I e II do cromatograma da Sephadex G 50. 1 –
marcadores de massa molar; 2 – Pico II banda de aproximadamente
21 kDa; 3 – Pico I, bandas de aproximadamente 32 kDa e 21 kDa.......... 84
FIGURA 35 – Recuperação total das atividades enzimáticas e do teor de
proteina após precipitação fracionada com 30 %, 60 % e 80 % de sulfato
de amônio. ................................................................................................ 85
FIGURA 36 – Perfil da cromatografia em coluna de troca iônica DEAE CL 6B
da FI 60 % de sulfato de amônio, eluído com tampão acetato de sódio
50 mM, pH 6,0 e gradiente de NaCl 0 – 500 mM. A: atividades de xilanase,
mananase, endoglucanase, β-glicosidase e β-xilosidase; B: atividades
somente de β-glicosidase e β-xilosidase. ................................................. 87
FIGURA 37 – Perfil da cromatografia em coluna de troca iônica Mono Q do pico
V da DEAE CL 6B, eluído com tampão fosfato de sódio 50 mM, pH 8,0 e
gradiente de NaCl 0 – 500 mM e gradiente de NaCl de 0 a 500 mM........ 88
FIGURA 38 – Perfil da cromatografia em coluna de troca iônica DE-52
Cellulose do pico II da Mono Q, com tampão Tris-HCl 50 mM, pH 9,0 e
gradiente de NaCl 0 – 500 mM. ................................................................ 89
FIGURA 39 – Eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida (12,5 %),
corado com prata, dos picos e proteína 1, 2 e 3 do cromatograma da DE-
52 Cellulose eluída com amostra do pico II da Mono Q HR 5/5. 1 –
marcadores de massa molar; 2 – Pico 2, banda de aproximadamente
65 kDa e 3 – Pico 3, bandas de aproximadamente 65 kDa, 21 KDa e
16 kDa....................................................................................................... 91
FIGURA 40 – Representação gráfica de Lineweaver-Burk (duplo-recíproco)
para a β-glicosidase purificada. A: efeito da concentração de pNPG na
atividade da enzima purificada; B: efeito da concentração de celobiose na
atividade da enzima purificada.................................................................. 92
FIGURA 41 – Efeito da temperatura na atividade da β-glicosidase purificada. 93
FIGURA 42 – Efeito do pH na atividade da β-glicosidase purificada. .............. 93
7
FIGURA 43 – Representação gráfica de Lineweaver-Burk (duplo-recíproco)
para a xilanase de 79 kDa. ....................................................................... 95
FIGURA 44 – Efeito da temperatura na atividade da xilanase de 79 kDa........ 95
FIGURA 45 – Efeito do pH na atividade da xilanase de 79 kDa. ..................... 96
FIGURA 46 – Representação gráfica de Lineweaver-Burk (duplo-recíproco)
para a mananase de 156 kDa................................................................... 97
8
RESUMO
Purificação de hemicelulases e de uma β-glucosidase de Ceriporiopsis subvermispora produzidas em condições de biopolpação. Pérola de Oliveira e Magalhães. Defesa de doutorado. Programa de Pós Graduação em Biotecnologia Industrial, Departamento de Biotecnologia, Faculdade de Engenharia Química de Lorena. Orientadora: Dra Adriane M. Ferreira Milagres (Departamento de Biotecnologia, FAENQUIL, CP 116, CEP 12600-000, Lorena, SP, Brasil). Banca examinadora: Dr. André Luiz Ferraz, Dra. Maria Bernadete de Medeiros, Dra. Marta Cristina Teixeira Duarte e Dr. Alexandre Nunes Ponezi.
Os estudos de fungos agindo sobre madeira em geral buscam a
eficiência em degradar a lignina, processo este utilizado na biopolpação. Ceriporiopsis subvermispora é hoje a espécie mais indicada para o processo de biopolpação de cavacos nas fábricas de papel. Apesar da importância de C. subvermispora na aplicação industrial, o sistema enzimático deste fungo ainda não está completamente esclarecido. Geralmente a produção de enzimas por fungos é estudada em meios sintéticos, muitas vezes contendo indutores enzimáticos, e portanto, os resultados nem sempre refletem os acontecimentos in situ ou in vivo. Neste trabalho foram investigadas as enzimas hidrolíticas produzidas pelo C. subvermispora em biorreatores contendo cavacos de Pinus taeda L., por 30 dias, a 27 0C. Os cavacos biodegradados foram extraídos com tampão acetato de sódio 50 mM, pH 5,4. As atividades enzimáticas de vários cultivos foram determinadas e expressas em micromoles de produto formado por minuto por quilograma de cavaco (UI/kg). A produção das enzimas variou entre os cultivos, obtendo-se xilanase (388-593 UI/kg); mananase (256-634 UI/kg); endoglucanase (24-76 UI/kg); β-glicosidase (24-72 UI/kg) e baixas atividades de β-xilosidase (0,65-6,5 UI/kg). O perfil eletroforético do extrato foi obtido em gel desnaturante de poliacrilamida revelando nove bandas protéicas com massas molares correspondentes a 110 kDa, 85 kDa, 60 kDa, 56 kDa, 52 kDa e 51 kDa, 45 kDa, 36 kDa e 21 kDa. A temperatura ótima das enzimas dos extratos enzimáticos variou entre 55 ºC e 60 oC e o valor de pH ótimo para as enzimas foi 4,0 para a β-glicosidase, 4,5 para a β-xilosidase, 5,0 para a xilanase, 4,5 para a mananase e 3,5 para a CMCase. Verificou-se também que as enzimas apresentam maior estabilidade em pH 5,0 e a 40 oC e a β-glicosidase foi a enzima de maior estabilidade.
Os extratos foram separados em duas frações através de filtração por membrana (100 kDa). Foram purificadas duas xilanases e uma mananase presentes no extrato inicial apresentando, respectivamente, 79, 29 e 156 kDa. No extrato >100 kDa, foram purificadas uma β-glicosidase de 110 kDa e uma xilanase de 21 kDa e no extrato <100 kDa, uma mananase de 65 kDa. A xilanase de 79 kDa apresentou atividade máxima em pH 8,0 e a 50 ºC, enquanto a β-glicosidase de 110 kDa apresentou máxima atividade em pH 3,5 e temperatura ótima a 60 ºC. Estes resultados confirmam a presença de múltiplas xilanases em extratos fúngicos, juntamente com outras enzimas hidrolíticas necessárias para uma eficiente degradação da hemicelulose presente na parede celular da madeira.
9
ABSTRACT
Purification of hemicellulases and a β-glucosidase of Ceriporiopsis subvermispora produced in biopulping conditions. Pérola de Oliveira e Magalhães. Defesa do doutorado. Programa de Pós Graduação em Biotecnologia Industrial, Departamento de Biotecnologia, Faculdade de Engenharia Química de Lorena. Orientadora: Dra. Adriane M. Ferreira Milagres (Departamento de Biotecnologia, FAENQUIL, CP 116, CEP 12600-000, Lorena, SP, Brasil). Banca examinadora: Dr. André Luiz Ferraz, Dra. Maria Bernadete de Medeiros, Dra. Marta Cristina Teixeira Duarte e Dr. Alexandre Nunes Ponezi.
Generally, the studies of fungi acting on wood search the best
performance in degrading the lignin, whose process is utilized in the biopulping. The white-rot fungus, Ceriporiopsis subvermispora is nowadays the main strain for the biopulping process of wood chips in the paper industry. Despite of the importance of C. subvermispora in the industry, the enzymatic system of this fungi is not completely cleared yet. Usually the production of enzymes by fungus is studied in synthetic medium, often containing enzymatic inductors, and hence, the results do not always represent the occurrences in situ or in vivo. In this work, hydrolytic enzymes produced by C. subvermispora in wood chips of Pinus taeda L. after 30 days of growing at 27 ºC were investigated. The cultures were extracted with a sodium acetate buffer solution (50mM). Xylanase activities (388 and 593 UI/kg of wood chips); mannanase (256-634 UI/kg of wood chips); carboximetylcellulase (24-76 UI/kg of wood chips); β-glucosidase (24-72 UI/kg of wood chips) and low β-xylosidase activities (0,65-6,5 UI/kg of wood chips) were detected. The electrophorectic profile of the crude extract was obtained by denaturing polyacrylamide gel (SDS-PAGE) revealing nine proteins bands with molecular weight of 110 kDa, 85 kDa, 60 kDa, 56 kDa, 52 kDa and 51 kDa, 45 kDa, 36 kDa and 21 kDa. The optimum temperature of the enzymes of the enzymatic extracts was between 55 and 60 ºC and the optimum pH value was 4.0 for the β-glucosidase, 4.5 for the β-xylosidase, 5.0 for the xylanase, 4.5 for the mananase and 3.5 for the carboxymetilcellulase. It was also observed that the enzymes presented higher stability at a pH value of 5.0 and at 40 ºC and also that β-glucosidase has the highest stability.
The obtained extracts were ultrafiltered through a membrane system with a 100 KDa cut-off point, separating the extracts in two fractions. Two xylanases and one mannanase present in the crude extract and showing respectively, 79 kDa, 29 kDa and 156 kDa were purified. In the concentrated extract a β-glucosidase of 110 kDa and a xylanase of 21 kDa were purified and in the ultrafiltered extract, one mannanase presenting 65 kDa was purified. The 79 kDa xylanase presented maximum activity at pH 8.0 and 50 ºC, while the β-glucosidase of 110 kDa presented maximum activity at pH 3.5 and optimum temperature at 60 ºC. These results confirmed the presence of multiple xylanases in fungal extracts, together with other hydrolytic enzymes necessary to an efficient degradation of the hemicellulose present in the wood cell wall.
10
1. INTRODUÇÃO
A biopolpação é definida como o tratamento dos cavacos de madeira
com fungos, antes da polpação química ou mecânica, com o intuito de remover
e/ou alterar a lignina, preservando a celulose. Os fungos causadores de
decomposição branca são os mais eficientes degradadores da lignina e são
provavelmente os mais apropriados para serem utilizados no processo de
biopolpação (AKHTAR et al., 1998; MESSNER e SREBOTNIK, 1994).
Em 1987, o “Biopulping Consortium” fundado por T. K. Kirk em Madison,
EUA, avaliou 200 espécies de fungos e dois deles exibiram diferenças que
pareceram ser muito úteis para a biopolpação. Ceriporiopsis subvermispora
vem desde então, recebendo especial atenção devido a sua habilidade de
degradar a lignina de madeiras moles e duras seletivamente (BLANCHETTE et
al., 1992; AKHTAR et al., 1998). Sua extrema agressividade para a colonização
da madeira lhe permite estabelecer-se em sistemas não estéreis
(SCOTT et al., 1998) e causar o efeito de "amolecimento" da matriz
lignocelulósica com grande eficiência. Essas características indicam que, até o
momento, essa é a espécie de fungo mais indicada para o processo de
biopolpação de cavacos para utilização na fabricação de papel.
Mesmo em períodos de biodegradação relativamente curtos (15 a
30 dias), a madeira é modificada facilitando a penetração de licores de
polpação e a subseqüente solubilização da lignina, ocasionando economia de
reagentes. O desfibramento e o refino mecânico também são facilitados,
ocasionando economia de energia. (AKHTAR et al., 1998, FERRAZ et al.,
1998, 2000).
Muitos trabalhos têm mostrado que o crescimento fúngico em substrato
sólido é diferente quando comparado ao meio líquido, e conseqüentemente, os
padrões de produção de isoenzimas são diferentes (VICUÑA et al.,
1996; MACHUCA e FERRAZ, 2001). Poucos estudos têm avaliado a ação
destas enzimas na biopolpação. Durante os estágios iniciais de colonização da
madeira por C. subvermispora, pequenas quantidades de lignina e celulose são
removidas, mas ocorrem alterações substanciais na estrutura dos
componentes da parede celular (BLANCHETTE et al., 1997; GUERRA et al.,
2003). Tais modificações são ocasionadas pela presença de enzimas e
11
compostos de baixa massa molar. Sugere-se que estes compostos são
produzidos pelos fungos decompositores de madeira e penetram na estrutura
da parede celular iniciando as reações de despolimerização da mesma (ENOKI
et al., 1999; WATANABE et al., 2002). Estudos recentes têm focado nos
radicais hidroxil (OH.) e outros radicais como peroxil (ROO.) ou hidroperoxil
(OOH.) também produzidos pelos fungos para atacar os componentes da
madeira, abrindo espaço para que as enzimas possam penetrar (HAMMEL et
al., 2002).
Durante o processo de biopolpação um grande volume de enzimas pode ser
recuperado. Manganês-peroxidase é a principal enzima oxidativa produzida por
C. subvermispora, enquanto xilanase e mananase são as principais enzimas
hidrolíticas. Tais enzimas são potencialmente importantes em
biobranqueamento de polpas celulósicas, em que a lignina é removida quase
completamente após o processo de branqueamento, porém uma parte é capaz
de permanecer na polpa interferindo na qualidade do produto final (CHRISTOV
e PRIOR, 1997). Estudos têm mostrado a aplicação de enzimas
hemicelulolíticas como a xilanase e a mananase neste processo, solubilizando
a hemicelulose e facilitando indiretamente a retirada da lignina. Porém, tem-se
descrito que a extensão da hidrólise da hemicelulose residual na polpa é
dependente entre outros fatores, das propriedades das enzimas, como a
massa molar, as cargas líquidas, o ponto isoelétrico, a estabilidade térmica e
ao pH e à interferência de inibidores da sua atividade.
Face ao exposto, o conhecimento das características das celulases e
hemicelulases produzidas por C. subvermispora durante a biodegradação de
cavacos de Pinus taeda é um ponto a contribuir, no sentido de melhor
compreender as alterações estruturais ocorridas na madeira e à possibilidade
de aplicação do extrato enzimático bruto ou das enzimas puras em outros
processos biotecnológicos.
12
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. CONSTITUINTES DA MADEIRA
O teor, a proporção e a estrutura química dos diferentes componentes
da madeira podem variar de acordo com a espécie da madeira. Em geral as
madeiras podem ser classificadas em duras (“hardwood”) ou moles
(“softwood”). As madeiras duras são provenientes de angiospermas como, por
exemplo, o eucalipto, ipê e peroba e as madeiras moles de gimnospernas,
grupo das coníferas como o pinho, cedro, cipreste (FENGEL e WEGENER,
1989; HIGUCHI, 1985). Os principais componentes da madeira são celulose,
hemicelulose e lignina. Além destes, em muitas espécies, outros componentes
químicos, coletivamente chamados de extrativos estão presentes.
A célula vegetal deposita a sua parede celular em várias camadas. A
parede celular primária é formada pelas microfibrilas de celulose e é
continuamente depositada durante o crescimento em área da célula. A madeira
desenvolve em seguida internamente uma parede celular secundária composta
principalmente de celulose e lignina. Após a divisão celular, as células recém
formadas permanecem unidas por uma substância intercelular, chamada
lamela média, constituída principalmente por lignina (FIGURA 1) (FENGEL e
WEGENER, 1989). De acordo com as orientações das microfibrilas de
celulose, a parede secundária pode ser dividida em três camadas,
denominadas S1, S2 e S3. As camadas da parede celular são constituídas de
microfibrilas de celulose e da matriz. A composição da matriz é heterogênea
variando em diferentes partes da parede, em diferentes tipos celulares e em
diferentes espécies. As hemiceluloses que compõem a matriz podem ser:
xilana, glucomanana, galactomanana, manana e xiloglucana. Além dessas
substâncias a matriz contém proteínas e compostos fenólicos tais como lignina,
ácido ferúlico, ácido cumárico (DANIEL, 2003).
13
FIGURA 1 – Representação das camadas da parede das células de madeira
mostrando lamela média (ML), parede celular primária (P), as
camadas da parede celular secundária (S1, S2 e S3), e o lúmen
(W) das células de madeira (FENGEL e WEGENER, 1989).
A celulose que constitui a parede celular é uma cadeia constituída de no
mínimo 15000 resíduos de glicose unidos por ligações ß-1,4, sem ramificações
(FENGEL e WEGENER, 1989). Quando dois anéis glicopiranosídicos se unem
através deste tipo de ligação, forma-se a celobiose. O grupo hidroxílico no
carbono 1 (C1) possui propriedades redutoras, enquanto as hidroxilas do
carbono 4 (C4) são não redutoras (FIGURA 2). Cerca de 30 a 100 moléculas de
celulose alinham-se paralelamente formando as microfibrilas. A íntima
associação entre as microfibrilas resulta em fibras rígidas, insolúveis e
cristalinas, embora a cristalinidade seja freqüentemente interrompida por
regiões menos ordenadas, denominadas amorfa ou paracristalina (FIGURA 3)
(FENGEL e WEGENER, 1989). Na parede celular da madeira a estrutura
altamente ordenada da macromolécula de celulose permite que polímeros de
celulose adjacentes se ajustem formando uma estrutura longa como uma fibra,
chamada microfibrila. As macromoléculas de celulose na microfibrila são
mantidas juntas por muitas pontes de hidrogênio intra e intermoleculares. A
estrutura altamente ordenada da celulose e as pontes de hidrogênio
intermoleculares são a base para muitas das propriedades físico-químicas da
14
celulose nas plantas, incluindo a rigidez e a sua natureza insolúvel. A rigidez e
a natureza cristalina das microfibrilas de celulose são responsáveis tanto pelo
seu papel funcional na parede celular das plantas quanto pela sua resistência à
decomposição microbiana (SINSABAUGH e LIPTAK, 1997).
FIGURA 2 – Estrutura da celulose (a) unidade de celobiose; (b) extremidade
redutora e não redutora.
FIGURA 3 – Estrutura representando as regiões cristalina e amorfa de uma
microfibrila de celulose.
As polioses ou hemiceluloses são compostas principalmente pelos
açúcares glicose, manose e galactose (hexoses), xilose e arabinose
(pentoses), podendo ainda apresentar quantidades variáveis de ácidos
urônicos e desoxi-hexoses em alguns tipos de madeira. Apresenta-se na forma
de estruturas ramificadas, de menor massa molar que a celulose e podem ser
homopolímeros ou heteropolímeros. O teor de polioses em diferentes tipos de
madeira é bastante variável, mas pode-se assumir um valor médio de cerca de
15
20 % (FENGEL e WEGENER, 1989). Em madeiras moles tem sido observada
a maior presença de manose, arabinose e galactose formando
4-O-metil-arabinoglicuronoxilanas e O-acetil-galactoglicomanana (TABELA 1).
Em madeiras duras, observou-se maior quantidade de xilose e grupos acetil
formando O-acetil-4-O-metilglicuronoxilanas (FENGEL e WEGENER; 1989).
As hemiceluloses 4-O-metilglicuronoxilana e 4-O-metilglicurono
arabinoxilanas são comumente conhecidas como xilanas. As glicuronoxilanas
consistem numa cadeia principal, formada por moléculas de xilose, unidas
entre si por ligações β-1-4 e cadeias laterais de ácido metilglicurônico, unidas
por ligações α na posição 2 (ou 3) da unidade de xilose. As glicuronoxilanas
das madeiras duras possuem alto teor de grupos acetila, sendo 1 a cada
10 unidades de xilose (FIGURA 4A). As glicuronoarabinoxilanas, ou xilanas de
coníferas assemelham-se as glicuronoxilanas, mas apresentam ainda,
unidades de arabinose, ligadas às posições 2 ou 3 dos monômeros de xilose.
Há 1 ou 2 grupos laterais de ácido glicurônico e 1 a 3 unidades de arabinose,
por 10 unidades de xilose (FIGURA 4B).
As galactoglicomananas são heteropolímeros que possuem tanto
manose como glicose, na cadeia principal, e, nas madeiras de coníferas, são
dotadas de grupos laterais de galactose ligados à posição 6 das unidades da
cadeia principal. As unidades da cadeia principal são unidas por ligações do
tipo β 1-4 e há cerca de 1 grupo lateral de galactose para cada 30 unidades da
cadeia principal, nas coníferas (FIGURA 4C).
TABELA 1 – Unidades constituintes das polioses em várias espécies de
madeiras (FENGEL e WEGENER, 1989)
Espécies Manose
%
Xilose
%
Galactose
%
Arabinose
%
Ac. urônico
%
Acetil
% Referência
Pinus sylvestris 12.4 7.6 1.9 1.5 5.0 1.6 Cote et al., 1966
Picea abies 13.6 5.6 2.8 1.2 1.8 - Fengel, 1978
Fagus grandifolia 1.8 21.7 0.8 0.9 5.6 4.3 Timell, 1969
Betula papyrifera 2.0 23.9 1.3 0.5 5.7 3.9 Timell, 1969
16
FIGURA 4 – Estruturas de hemiceluloses (Adaptado de KANTELINEN, 1993)
A: glicuronoxilana de madeiras duras; B: glicuronoarabinoxilana de
coníferas; C: galactoglicomanana de coníferas
17
A lignina é composta basicamente de unidades de fenilpropano
formando uma macromolécula tridimensional e amorfa. O primeiro modelo da
lignina foi descrito por Freudenberg em 1964, neste modelo parte da lignina foi
mostrada com 18 unidades de fenilpropano, com um total de mais de
100 unidades na molécula completa (FENGEL e WEGENER, 1989). Como
pode ser observado na FIGURA 5, uma modificação na estrutura foi introduzida
mais tarde por Addler (FENGEL e WEGENER, 1989). O acoplamento das
unidades de fenilpropano não ocorre de forma regular e repetitiva, o que é
atribuído ao mecanismo de biossíntese da lignina, que se processa por via
radicalar a partir da reação de três diferentes álcoois cinamílicos precursores,
álcool p-cumarílico, álcool coniferílico e álcool sinapílico (FIGURA 6) que geram
unidades p-hidroxibenzílicas, guaiacílicas e siringílicas, respectivamente. Os
diferentes tipos de acoplamento entre os precursores dão origem a vários tipos
de ligações entre as unidades fenilpropano. As mais abundantes são: β-O-4 e
α-O-4 (50-65 %), β-1 (9-15 %), β-5 (6-15 %), 5-5 (2-9 %), e β-β (2-5 %)
(FENGEL e WEGENER, 1989).
Existe ainda uma fração menor da madeira, formada basicamente por
compostos fenólicos e resinas, que são chamados de extrativos e
compreendem cerca de 2 a 4 % da madeira. Entre estes compostos
encontram-se os terpenos, ésteres de ácidos graxos, compostos fenólicos e
outros compostos de baixa massa molar. É interessante ressaltar que todos os
constituintes da madeira estão intimamente associados e\ou ligados
quimicamente, construindo todo o complexo celular (FENGEL e
WEGENER, 1989; HIGUCHI, 1985).
18
FIGURA 5 – Modelo esquemático da estrutura da lignina de madeira mole de
acordo com Addler (FENGEL e WEGENER, 1989)
FIGURA 6 – Estrutura dos precursores da biossíntese da lignina. (I) álcool
p-cumarílico; (II) álcool coniferílico; (III) álcool sinapílico (FENGEL
e WEGENER, 1989)
3 3
CH
CH
CH OH2 22CH OH
CH
CH
CH
CH
OCHH CO
OHOH OHOCH3
I II III
CH OH
á lcool p-cum a rílico á lcool conife rílico á lcool sina pílico
2
5 - 5
- ββ
- 1
- 5
- O - 4β
β
β
3O C H
|
γ
βα
3O C H
H C O H2
_
H C O
12O H
11
|
||
|
|
2H C
O C H
10
H O 9
2H C O H
|
|
|
|
8
__
7
_________
_O C
6______3H C O
5
|
|
| |
|
|
| |
|
____
4
_
__
_ || |
|
|
|
|
|
|
| _
_ _
_
16
______
___
___
___
C HC H
15
14
___
H C
H C
H C
H C
H C
H C
3H C O
3
13|
|
|
|
|
|
|
| |
|
|
|
|
|
|
|
|
|______
______
______H C
___
2
___
2C H OHH C = O
1
|
||
|
|
|
|
| |
|
|
|
|
|
|
H O C H H O C H
H O C H
H C O H
H C O H
H C O H
H C O H
H C O H
H C O H
H C O H
2 2
2
2
H C O H2
H C O H
2
2
H C O H
H C O H
2H C O H
H C O H
2 O C H 3
O C H 3
O C H 3
3
3H C O
H C O
3
H C O
3H C O
3
H C O
3
H C O
3
33
H C O
O HO H
H C
H C
H C
H C
H C
C H
C H
C H
C H
C H
C H
C = O
O
O
O
O
O
O
O
O
O
O
O
O
O
OO
H C O H
2H C O H
H C
C H
______
__
H O H2 C C C = O --|
|O
H
___
19
2.2. ENZIMAS ENVOLVIDAS NA DEGRADAÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS DA PAREDE CELULAR
Vários estudos conduzidos com fungos e bactérias têm mostrado que a
maioria destes microrganismos produz celulases e hemicelulases, porém
muitos não são capazes de degradar a parede celular das madeiras. Desde
que a produção das celulases e hemicelulases não está relacionada com a
biodegradação da madeira, acredita-se que um dos principais fatores que
controlam a biodegradação é a disponibilidade da celulose e da hemicelulose
para ser degradada por estas enzimas (DANIEL, 2003). Em paredes celulares
lignificadas sugere-se que a celulose está associada com as hemiceluloses que
por sua fez estão rodeadas por lignina formando assim, uma barreira
impermeável.
Em particular, os fungos são os principais degradadores de madeira na
natureza e empregam diferentes mecanismos para romper a barreira de
lignina. Enzimas extracelulares de ação hidrolítica e oxidativa e compostos de
baixa massa molar, produzidos por diferentes fungos decompositores, causam
diferentes formas de degradação da madeira. A degradação ocorre
necessariamente de forma extracelular, uma vez que os componentes dos
materiais lignocelulósicos devem ser inicialmente despolimerizados até
compostos menores que são susceptíveis ao transporte pela parede celular e
ao metabolismo intracelular dos fungos envolvidos (FERRAZ, 2004).
Dependendo da maneira que degradam a madeira, os fungos são então
classificados em causadores de podridão parda (Brown-rot fungi – degradam
principalmente polissacarídeos), podridão branda (Soft-rot fungi – podem
degradar lignina e polissacarídeo, porém em velocidade muito baixas) e
podridão branca (White-rot fungi – degradam todos os componentes da
madeira) (ERIKSSON et al., 1990).
Os fungos causadores de podridão branca pertencem principalmente à
classe Basidiomycetes, com algumas espécies pertencentes à classe
Ascomycetes. Esta classe de fungos pode ser distinguida em dois grupos: o
grupo dos fungos que degradam simultaneamente todos os componentes
lignocelulósicos e o grupo dos fungos que degradam primeiramente a lignina e
a hemicelulose, preservando a celulose. Entretanto, estudos em laboratório,
20
das vias de degradação utilizadas pelos fungos causadores de podridão
branca, têm mostrado que a degradação não ocorre de forma uniforme através
da madeira. O mesmo fungo pode causar deslignificação seletiva em
determinada área e a poucos milímetros dali causar a degradação simultânea
de celulose e lignina. Existem relatos que alguns fungos causadores de
podridão branca atacam tanto seletivamente quanto não seletivamente em
diferentes regiões de uma mesma porção de madeira (KUHAD et al., 1997;
AKHTAR et al., 1998). A ordem nas quais variadas quantidades de lignina,
celulose e hemicelulose são degradadas é diferente entre as espécies dos
fungos de podridão branca e pode variar com o substrato que está sendo
atacado e com o tempo de cultivo (ERIKSSON et al., 1990). Assim, um fungo
pode causar uma degradação seletiva no início do cultivo, e com o passar do
tempo tornar-se não seletivo (BLANCHETTE, 1980; HAKALA et al., 2004).
Os mecanismos distintos de degradação envolvidos em cada caso têm
sido objeto de muitos estudos e um aspecto a ser considerado é o modo de
ação das hemicelulases e celulases por estes fungos.
2.2.1. Hemicelulases
As enzimas que hidrolisam a hemicelulose podem ser divididas em
enzimas que degradam a cadeia principal e enzimas que degradam as cadeias
laterais (ERIKSSON et al., 1990; KUHAD et al., 1997). Assim a hidrólise das
hemiceluloses ocorre de maneira aleatória, produzindo heteroxilo-
oligossacarídeos lineares e ramificados contendo cadeias laterais de
arabinofuranose, ácido glicurônico ou ácido 4-O-metil-glicurônico. Devido à
complexa estrutura das hemiceluloses, diferentes tipos de enzimas são
requeridos para sua modificação e degradação enzimática. Um sistema
enzimático incluindo endo e exo-xilanases, mananases, β-xilosidase,
α-glicuronidase e α-arabinofuranosidase torna-se necessário para a hidrólise
completa desses heteroxilo-oligossacarídeos (BIELY, 1985). Entre estas, as
duas principais enzimas degradadoras da hemicelulose são a
endo-1-4-β-D-xilanase e a endo-1-4- β-D-mananase (BIELY, 1993). Formas
múltiplas de cada classe de enzimas podem ocorrer e essas podem cooperar
na hidrólise do substrato (WONG et al., 1988; BIELY et al., 1997) (FIGURA 7).
21
2 |1αMeGlA
O
HH
H
OOH
H OH
H
CH3
OOH
O
HOH
H
H
OHH
OH
O
O
OHO
HH
H
H
HOHO
HO
OH
HH
H
H
O
HO
OH
HH
H
H
O
HO
OH
HH
H
H
OOH
HO
HH
H
H
OHO
H
CH3CH3
O
O
O
-4 Xilβ1-4Xilβ1-4Xilβ1-4Xilβ1-4Xilβ1-4Xilβ1-4Xilβ1-4Xilβ1-4Xilβ1-4Xilβ1-2 |1αMeGlA
Arabα1 |3
2 |Ac
Ac|3
Xilβ1-4Xilβ1-
endo -1,4-β−xilanase (E.C. 3.2.1.8)
β−xilosidase (E.C. 3.2.1.37)
α−glucuronidase (E.C. 3.2.1)
α−L- arabinofuranosidase (E.C. 3.2.1.55)
acetilesterase (E.C. 3.1.1.6)
FIGURA 7 – Representação teórica da estrutura da xilana vegetal e pontos
onde as enzimas atuam. Ac, grupo acetil; Arab, L-arabinofuranose;
MeGlA, ácido 4-O-metil-glicurônico; Xil, D-xilose
2.2.2. Xilanases
A atividade das xilanases é altamente dependente da presença de
enzimas capazes de degradar as cadeias laterais. A hidrólise de diferentes
xilanas por xilanases rende variados produtos, os quais se diferem pelas
quantidades de xiloses, xilobioses e xilotrioses liberadas, assim como a
natureza dos açúcares com ácido urônico substituídos (BIELY, 1985).
A enzima principal para a despolimerização da xilana é a
endo-1-4-β-xilanase (EC 3.2.1.8). Sua ação ocorre na cadeia principal da
xilana, gerando xilo-oligossacarídeos menores substituídos ou não substituídos
que serão clivados pela exo-1-4-β-xilanase (BIELY, 1985). Os substituintes são
ao mesmo tempo liberados por esterases e glicosidases correspondentes, por
exemplo: resíduos de α-L-arabinosil por α-L-arabinofuranosidase (EC 3.2.1.55),
resíduos de 4-O-metil-D-glucuronosil ou D-glucuronosil por α-glucuronidase
(EC 3.2.1), resíduos acetil por acetilesterase (EC 3.1.1.6). Os dímeros de xilose
22
são geralmente clivados pela β-xilosidase (EC 3.2.1.37), liberando D-xilose
como único produto da hidrólise. A β-xilosidase é importante quando a hidrólise
completa da xilana é requerida (BIELY, 1985; COUGHLAN e HAZLEWOOD,
1993).
Porém, as ligações não são todas equivalentes e igualmente acessíveis
para as enzimas xilanolíticas. Além disso, a acessibilidade de algumas ligações
também muda durante o curso da hidrólise devido à retirada de substituintes e
diminuição do tamanho da cadeia (WONG et al., 1988). Assim, a produção de
um sistema xilanolítico com múltiplas enzimas de diferentes especificidades
está normalmente envolvida no processo de hidrólise para ocorrer um ataque
eficiente às ligações (THOMSON, 1993). A produção de múltiplas xilanases de
origem microbiana tem sido documentada, variando as suas especificidades e
tendo sinergismo no processo de degradação das xilanas (WONG et al., 1988;
BIELY et al., 1997; LI et al., 2000). Dois tipos de endoxilanases fúngicas foram
descritos: xilanases capazes clivar ligações glicosídicas próximas a
ramificações da cadeia principal e xilanases que clivam ligações glicosídicas
mais distantes das ramificações da cadeia principal. Sendo que muitas das
endoxilanases capazes de clivar ligações glicosídicas próximas a ramificações
da cadeia principal não são específicas, hidrolisando além das xilanas,
celulose, carboximetilcelulose, p-nitofenil-β-glucosídeo, celo-oligômeros e
laminarina (WONG e SADDLER, 1992; SARASWAT e BISARIA, 2000). Existe
evidência da ocorrência de três a cinco xilanases em certas bactérias e fungos
(WONG e SADDLER, 1992). Em Trichoderma spp, diferentes xilanases foram
detectadas e três delas purificadas e caracterizadas (DEKKER, 1983; WONG
et al., 1988). Phanerochaete chrysosporium produziu cinco xilanases além de
outras enzimas do complexo xilanolítico. (COMTAT, 1983). Múltiplas
β-xilosidases também foram caracterizadas de Trichoderma reesei e Sclerotium
rolfsii, apresentando massas molares entre 60 e 100 kDa (KUHAD et al., 1997;
ANDRADE et al., 2004).
Estudos com fungos demonstram que algumas destas múltiplas enzimas
podem ser produtos de um mesmo gene ou de genes distintos com o mesmo
objetivo de melhorar a hidrólise das xilanas. A síntese de múltiplas
endo-xilanases produzidas por um único microrganismo foi revelada com base
23
nas suas diferentes propriedades físico-químicas, como massa molar e ponto
isoelétrico.
Uma cuidadosa comparação de endo-xilanases feita por WONG et al.
(1988), indicou que com base nas similaridades da seqüência de aminoácidos
dos seus domínios catalíticos, estas enzimas podem ser divididas em dois
grupos, um contendo enzimas de alta massa molar (> 30 kDa) e com valores
baixos de ponto isoelétrico, designadas como glucanase da família 10
(antigamente família F), e um outro grupo contendo enzimas de baixa massa
molar com valores altos de ponto isoelétrico designadas como glucanase
família 11 (antigamente família G) (HENRISSAT e BAIROCH, 1993;1996)
Apesar de limitado o conhecimento sobre as diferentes propriedades catalíticas
das endo-xilanases nas duas famílias das glicosil hidrolases, está certo que as
enzimas pertencentes à família 10 possuem maior versatilidade catalítica ou
menor especificidade com o substrato do que as enzimas da família 11 (BIELY
et al., 1997). A maior versatilidade catalítica das endo-xilanases da família 10
em comparação com as da família 11 pode ser explicada por suas diferenças
na estrutura terciária, estabelecidas por cristalografia de raio X. As
endo-xilanases da família 11 são moléculas menores e bem mais compactas
(DAVIS e HENRISSAT, 1995). Além disso, o sítio de ligação ao substrato das
endo-xilanases da família 10 é aparentemente menos profundo que os da
família 11. Este fato, junto com uma possível maior flexibilidade conformacional
das enzimas maiores do que das enzimas menores pode contribuir para a
menor especificidade ao substrato das endo-xilanases da família 10 (BIELY et
al., 1997).
A maioria das endo-xilanases é muitas vezes descrita como enzimas
constituídas de um domínio catalítico (CD) (KULKARNI et al., 1999).
Entretanto, algumas endo-xilanases da família 10 e 11 possuem além do
domínio catalítico um domínio de ligação a carboidrato, normalmente um
domínio de ligação à celulose (CBD) ou um domínio de ligação a xilana (XBD),
conectado ao CD por uma haste flexível rica em glicina (TORRONEN e
ROUVINEN, 1997; CANALS et al., 2003). A presença de pelo menos um
domínio de ligação a carboidrato pode ligar a enzima a regiões específicas do
substrato aumentado efetivamente à concentração da mesma, o qual leva a um
aumento da eficiência catalítica. Endo-xilanases da família 10 têm em geral
24
massa molar próxima de 40 kDa, enquanto as endo-xilanases da família 11
apresentam massa molar ao redor de 20 kDa (HIMMEL et al., 1997; SAPAG et
al., 2002). As endo-xilanases fúngicas em geral apresentam massa molar entre
16 e 75 kDa (KIRK e CULLEN, 1998). Estudos têm mostrado que estas
enzimas apresentam pH ótimo entre 2,0 e 8,0 e uma temperatura ótima entre
45 e 70 ºC (RIZZATTI, 2004). A termoestabilidade e o pH ótimo destas
enzimas, são parâmetros de particular interesse devido principalmente ao fato
de suas possíveis aplicações biotecnológicas (COLLINS et al., 2005).
Um crescente número de aplicações biotecnológicas tem sido descrito
para xilanases, sozinhas ou em combinação com outras enzimas. Entre estas
aplicações estão: o biobranqueamento de polpa celulósica, sacarificação de
biomassa lignocelulósica, manufatura de pão, fabricação de ração animal, e
indústria de sucos de frutas (COUTRIN et al., 1999; LEE, 1997; HAKI e
RAKSHIT, 2003). Estas aplicações requerem enzimas capazes de operar sobre
condições específicas e freqüentemente não naturais. Biobranqueamento em
particular requer enzimas termoestáveis e com pH ótimo alcalino (KULKARNI
et al., 1999). Endo-xilanases da família 11 podem ser de especial interesse
devido ao seu menor tamanho, o qual pode facilitar a penetração da enzima na
fibra de celulose (SAPAG et al., 2002).
2.2.3. Mananases
As mananases estão classificadas nas famílias 5 e 26 das glicosil
hidrolases (HENRISSAT E BAIROCH, 1993). São capazes de hidrolisar as
ligações 1,4-β-D-manopiranosil das mananas e glicomananas. A enzima
1,4-β-manosidase (EC 3.2.1.25) age sinergicamente com as endo-mananases,
hidrolisando ligações 1,4-β-D-manosil das extremidades não redutoras de
mano-oligossacarídeos e de glicopeptídeos contendo manose (XU et al., 2002).
Estudos com 1,4-β-manosidases e 1,4-β-mananases fúngicas
mostraram que as enzimas foram ativas em vários substratos naturais e que
muitas vezes também exibiram atividades junto a p-nitrofenil-β-D-manosideo,
carboximetilcelulose e xilanas (FRANGOS, 1999; FERREIRA e FILHO, 2004).
A capacidade de degradar vários substratos talvez possa ser explicada pela
diferença de especificidade existente entre as enzimas, pois uma multiplicidade
25
de mananases tem sido observada em várias espécies de fungos (GÜBITZ et
al., 1996a). Mananases mais ou menos específicas foram estudadas e
mananases com domínios de ligação à manana e à celulose, foram
caracterizadas e apresentaram maior capacidade de ligarem-se a substratos
mais complexos do que as mananases que apresentaram apenas domínio
catalítico (SUNNA et al., 2001; HÄGGLUND et al., 2003). Em estudos com
T. reesei duas isoformas de mananase foram purificadas e indicaram ser
expressas por um único gene (STALBRAND et al., 1995), porém para fungos
anaeróbicos três genes homólogos para mananase foram encontrados
(MILLWARD-SADLER et al., 1994; HÄGGLUND et al., 2003).
Além da sua habilidade de hidrolisar diferentes mananas, algumas
β-D-mananases têm sido estudadas para transglicosilação de
mano-oligossacarídeos (HARJUNPÃÃ et al., 1995; BIELY, 1985). Uma endo-
mananase de S. rolfsii clivou várias mananas e mano-oligossacarídeos, mas
nenhuma manose foi formada durante a hidrólise de manotetrose, indicando
uma reação de transglicosilação (GÜBITZ et al., 2000).
A maioria das mananases fúngicas apresenta ponto isoelétrico (pI) ácido
entre 3,5 e 5,5, e pH ótimo entre 3,0 e 6,0 e somente algumas mananases têm
apresentado atividade máxima em pH alcalino acima de 9,0. (AKINO e
NAKAMURA, 1988; XU et al., 2002). A determinação da temperatura ótima de
várias mananases mostrou uma atividade máxima destas enzimas entre 50 e
92º C e uma massa molar entre 35 e 65 kDa (GÜBITZ et al., 1996b). Uma
exceção foi descrita para duas mananases de Enterococcus casseliflaus que
possuem massas molares de 137 kDa e 142 kDa (ZAKARIA e YAMAMOTO,
1998).
Mananases podem ser aplicadas na indústria alimentícia para a
diminuição da viscosidade de sucos de frutas, extrato de café, chocolate e licor
de cacau (McCLEARY, 1990; ZAKARIA e YAMAMOTO, 1998) e na indústria
farmacêutica para produzir oligossacarídeos (AKINO e NAKAMURA., 1988;
HOSSAIN et al., 1996). Mananases foram também avaliadas em combinação
com xilanases em estudos de biobranqueamento da polpa celulósica, levando
a uma redução significativa na quantidade de produtos químicos necessários
para o branqueamento (VIIKARI et al., 1994; LAHTINEN et al., 1995; BHAT,
2000).
26
2.2.4. Celulases
Devido à constituição física da molécula de celulose e ao fato de que na
natureza a celulose ocorre sempre associada à lignina e hemicelulose, a
solubilização completa da celulose requer ações coordenadas de várias
enzimas (KUBICEK, 1992).
Os mecanismos enzimáticos envolvidos na degradação da celulose vêm
sendo particularmente bem estudados em dois fungos: T. reesei e no fungo
causador de podridão branca P. chrysosporium. A degradação da celulose
ocorre pela ação de três classes principais de enzimas que atuam
sinergicamente causando a hidrólise da celulose até glicose (KUHAD et al.,
1997). Estas classes de enzimas hidrolíticas compreendem as
endo-1,4-β-glucanases (EC 3.2.1.4), as exo-1,4-β-glucanases ou
celobiohidrolases (EC 3.2.1.91) e as 1,4-β-glicosidases (EC 3.2.1.21)
(SINSABAUGH e LIPTAK, 1997; BHAT e BHAT, 1997). Esse modelo de
biodegradação de celulose tem sido assumido como verdadeiro para a maioria
dos fungos, porém sabe-se que há fungos deficientes na produção de
exo-1,4-β-glucanases e a biodegradação completa do polímero pela via
enzimática parece limitada.
As endoglucanases clivam a cadeia de celulose aleatoriamente em
regiões menos cristalinas, criando então novas extremidades de cadeia.
Exoglucanases (celobiohidrolases) agem em seqüência em tais extremidades,
ou seja, são capazes de se ligar aos domínios cristalinos e liberar celobiose ou
glicose das extremidades. Embora celobiohidrolases são freqüentemente
categorizadas como exocelulases, medidas da atividade indicaram que elas
podem também promover um endo-ataque inicial, criando extremidades onde
iriam continuar a sua ação. A contribuição relativa e a significância da ação
“endo” da celobiohidrolase operando sob condições naturais ainda não foi
confirmada. A hidrólise completa da celulose ocorreria então pela ação das
β-glicosidases, as quais hidrolisam celobiose e outras celodextrinas solúveis
em glicose (FIGURA 8) (MUÑOZ et al., 2001).
27
FIGURA 8 – Mecanismo da decomposição da celulose pela ação do complexo
celulolítico.
Além das enzimas hidrolíticas acredita-se que, enzimas oxidativas,
também contribuem para a degradação da celulose. A celobiose desidrogenase
(CDH) (EC 1.1.9.18) oxida as extremidades de celobiose ou celodextrinas
maiores na presença de adequado aceptor de elétrons, porém a função
biológica da enzima ainda não foi totalmente esclarecida (HENRIKSSON et al.,
2000a; SIGOILLOT et al., 2002).
Uma multiplicidade das principais classes de celulases tem sido
detectada nos extratos de cultivo dos fungos e mais de uma proteína distinta de
cada classe também tem sido encontrada. Assim, foi encontrado em culturas
de Trichoderma spp., três endoglucanases, duas celobiohidrolases e duas
β-glicosidades. Tem sido geralmente aceito que essencialmente a mesma
situação é também verdadeira para outros fungos, porém com diferenças na
28
quantidade de enzimas secretadas (WOOD e GARCIA-CAMPOYO, 1990). O
sistema celulolítico do fungo causador de podridão branca P. chrysosporium
tem sido extensivamente estudado e, diferentemente do T. reesei, foram
encontradas cinco endoglucanases, uma celobiohidrolase e duas
β-glicosidades (ERIKSSON e PETTERSSON, 1975; WOOD E
GARCIA-CAMPOYO, 1990). Estudos recentes com P. chrysosporium incluíram
celobiohidrolases ao complexo celulolítico deste fungo, celobiohidrolases 58,
celobiohidrolases 62 e celobiohidrolases 50, sendo as duas primeiras
consideradas similares as celobiohidrolases I e a última a celobiohidrolases II
de T. reesei (HENRIKSSON et al., 2000b). Estas endo-glucanases de
P. chrysosporium apresentaram massas molares entre 28 e 37 kDa, sendo que
as endo-glucanases fúngicas têm apresentado massas molares entre 25 e
50 kDa (ERIKSSON et al., 1990) com um pI e um pH ótimo ácido ou levemente
alcalino.
O sistema celulolítico do basidiomiceto causador de podridão branca
Irpex lacteus, também foi caracterizado e foram descritas três
celobiohidrolases, e uma endocelulase. A análise da seqüência de aminoácidos
da celobiohidrolase 3 revelou significante homologia com as celobiohidrolases
1 e 2 do mesmo fungo e com celobiohidrolases I de P. chrysosporium e
celobiohidrolases I de T. reesei (HAMADA et al., 1999).
Através das décadas, muitos dos esforços para esclarecer a bioquímica
da decomposição da celulose ficaram direcionados para poucos gêneros de
fungos: Trichoderma, Phanerochaete, Aspergillus, Penicillium, Fusarium solani
e S. rolfsii (ERIKSSON et al., 1990). Estudos comparando os modelos para a
hidrólise da celulose de T. reesei e P. chrysosporium na década de 80 já
consideravam a existência de múltiplas enzimas nos complexos celulolíticos
destes fungos.
Nestes estudos já era evidente que a hidrólise da celulose requeria dois
tipos de endoglucanases diferindo na presença ou ausência de centros
adicionais de adsorção mais tarde chamados de Domínio de Ligação à
Celulose (CBD). Foi sugerido que endoglucanases de ligações fracas à
celulose hidrolisavam regiões amorfas deixando as partes cristalinas intactas
(RABINOVICH et al., 2002). Estas endoglucanases foram tidas como
componentes minoritários do sistema celulolítico do T. reesei e
29
P. chrysosporium. Mais tarde as enzimas destes fungos foram identificadas
como endoglucanase III e endoglucanase 28, respectivamente. Porém, o papel
central na decomposição da celulose cristalina foi dado às enzimas que
possuíam uma ligação mais forte neste sistema, representadas por
endoglucanases I e II, e celobiohidrolases I e II (RABINOVICH et al., 2002).
A multiplicidade destas enzimas tem levado a consideráveis problemas
na designação das verdadeiras especificidades aos substratos de
componentes individuais do sistema celulolítico e assim na determinação do
provável modo e seqüência de ataque para a completa solubilização da
celulose (WOOD e GARCIA-CAMPOYO, 1990). O modelo de ataque à celulose
descrito acima inclui a possibilidade de ataque preferencial, mas não explica
detalhadamente como ocorre o sinergismo.
Estudos têm mostrado que a degradação da celulose cristalina não
ocorre quando os componentes do sistema celulolítico estão presentes
individualmente no meio. No entanto, quando estão combinados agem de
maneira sinérgica tornando a celulose solúvel. Quatro tipos de sinergismos têm
sido reportados entre celulases de fungos. Incluindo: a) endo e
celobiohidrolase; b) duas celobiohidrolases imunologicamente relacionadas e
distintas; c) entre β-glicosidase e endoglucanases e d) entre β-glicosidase e
celobiohidrolase. As dificuldades para uma explicação satisfatória para as
especificidades aos substratos dos componentes do sistema celulolítico
aparentemente purificados, o seu modo de ataque e a significância da ação
sinérgica têm levado a trabalhos consideráveis de clonagem de genes, análises
de seqüências e análises estruturais para celulases fúngicas e bacterianas.
Destes estudos têm sido concluído que a maioria das celulases são
constituídas de três regiões principais: um domínio catalítico (CD), uma região
“dobradiça” altamente glicosilada rica em prolina, treonina e resíduos de serina,
e um domínio de ligação à celulose (CBD) (ARCHER e WOOD, 1994).
As celulases têm atraído bastante interesse comercial devido às suas
várias aplicações em áreas como bioconversão de materiais celulósicos,
alimentação, têxteis, farmacêuticos, detergentes, tratamento de efluentes e
processamento de frutas e vegetais. O interesse na aplicação de enzimas na
indústria e papel tem aumentado nos anos recentes, e uma das principais
aplicações tem sido a remoção de tintas de papéis reciclados. As celulases
30
também têm sido utilizadas com sucesso na indústria têxtil para o “bio-stoning”
de jeans e o “bio-polishing” de algodão e de outras fibras celulósicas (KUHAD
et al., 1997; BHAT, 2000).
2.3. Ceriporiopsis subvermispora
Apesar da importância de C. subvermispora na biopolpação, o sistema
extracelular que esse microrganismo utiliza para decompor a madeira
seletivamente ainda não está bem esclarecido, pois ainda não se consegue
explicar muito bem como as enzimas envolvidas na biodegradação penetram
na parede celular da madeira. Vários trabalhos têm demonstrado que enzimas
lignocelulolíticas não penetram na parede celular intacta (BLANCHETTE et al.,
1997; SREBOTNIK et al., 1998; KIRK e CULLEN, 1998). No entanto,
BLANCHETTE et al. (1997) demonstraram que C. subvermispora causa
alterações estruturais significativas na lignina presente na parede celular e na
lamela média, mesmo antes da parede celular vegetal ser permeável a
proteínas de 5730 Da. Dessa forma, vários trabalhos têm sugerido que alguns
compostos de baixa massa molar poderiam atuar nos estágios iniciais de
biodegradação da madeira, degradando componentes da parede celular a
ponto de permitir a penetração de enzimas oxidativas e hidrolíticas. Sem
dúvida, estas enzimas são ativas ao longo das envolturas da hifa em contato
com a parede celular da madeira. A produção e penetração da micro-hifa e de
envolturas extracelulares de fungos por alguns fungos causadores de podridão
branca na parede celular de madeiras sugerem que processos degradativos
nestas instâncias podem ser diferentes, e que proteínas com grandes massas
molares aparentam ter acesso rápido a áreas degradadas nas paredes
celulares (MESSNER et al., 2003) Considerando que os fungos causadores de
podridão branca formam um grupo de organismos tão grande e diverso, muitas
formas diferentes de ataque à parede celular são encontradas (BLANCHETTE
et al., 1997).
As enzimas extracelulares produzidas por este fungo compreendem as
lacases e as manganês peroxidases, o complexo xilanolítico completo e parte
do complexo celulolítico (SETHURAMAN et al., 1998; FERRAZ et al., 2003)
Estudos do sistema lignolítico do C. subvermispora revelaram que este fungo
31
não produz lignina peroxidase em culturas líquidas e sólidas, sugerindo que
diferentes estratégias devem ser usadas para degradação da lignina (SALAS et
al., 1995; ENOKI et al., 1999; LOBOS et al., 2001; HOFRICHTER, 2002;
HAKALA et al., 2004; SOUZA-CRUZ et al., 2004).
A produção de um sistema celulolítico incompleto tem sido considerada
um dos motivos para a inexpressiva degradação de celulose pois as
exocelulases são produzidas em pequenas quantidades, embora endo-
celulases e β-glicosidases são produzidas em quantidades comparáveis às
reportadas por outros basidiomicetos de decomposição branca
(SETHURAMAN et al., 1998; SOUZA-CRUZ et al., 2004). Como em vários
basidiomicetos, a expressão dessas enzimas é dependente do substrato
(SETHURAMAN et al., 1998), e quando estudada em meios sintéticos, nem
sempre reflete os acontecimentos do sistema in situ ou in vivo.
32
3. OBJETIVO
O processo de biopolpação de madeira utilizando C. subvermispora já se
encontra em vias de implementação industrial, porém poucos aspectos
químicos e bioquímicos da interação do fungo na madeira foram elucidados.
Uma das razões é que o sistema extracelular que o C. subvermispora produz
durante a biodegradação da madeira ainda não foi completamente descrito. O
presente trabalho, teve como objetivo, a purificação e a caracterização de
algumas enzimas hidrolíticas produzidas por C. subvermispora em cavacos de
P. taeda visando a melhor compreensão de sua importância e função na
biopolpação.
Para atingir esse objetivo foram desenvolvidas as seguintes etapas:
Obtenção do extrato enzimático bruto de C. subvermispora cultivado por
30 dias em um sistema de fermentação sólida;
Análise da atividade das enzimas hidrolíticas extracelulares produzidas
durante o processo de biodegradação;
Purificação das enzimas;
Caracterização das enzimas purificadas quanto as suas constantes
cinéticas, temperatura ótima, pH ótimo, inibição por metais e
especificidade aos substratos.
33
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1. SOLUÇÕES TAMPÕES
Tampão acetato de sódio 50 mM, pH 5,4
Solução de ácido acético 0,2 M 8,8 mL
Solução de acetato de sódio 0,2 M 41,2 mL
Água destilada (q.s.p.) 200 mL
Tampão acetato de sódio 20 mM, pH 5,4
Solução de ácido acético 0,2 M 8,8 mL
Solução de acetato de sódio 0,2 M 41,2 mL
Água destilada (q.s.p.) 500,0 mL
Tampão acetato de sódio 50 mM, pH 4,8
Solução de ácido acético 0,2 M 20,0 mL
Solução de acetato de sódio 0,2 M 30 mL
Água destilada (q.s.p.) 200 mL
Tampão fosfato de sódio 50 mM, pH 6,0
Fosfato de sódio monobásico 0,2 M 87,7 mL
Fosfato de sódio dibásico 0,2 M 13,3 mL
Água destilada (q.s.p.) 400 mL
Tampão fosfato de sódio 50 mM, pH 7,0
Fosfato de sódio monobásico 0,2 M 39,0 mL
Fosfato de sódio dibásico 0,2 M 61,0 mL
Água destilada (q.s.p.) 400 mL
34
Tampão fosfato de sódio 50 mM, pH 8,0
Fosfato de sódio monobásico 0,2 M 5,3 mL
Fosfato de sódio dibásico 0,2 M 94,7 mL
Água destilada (q.s.p.) 400 mL
Tris-HCI 50 mM, pH 9,0
Trisma-base 0,2 M 50 mL
HCI 0,2 M 5,0 mL
Água destilada (q.s.p.) 200 mL
Tampão Citrato fosfato 0,05 M
Ácido cítrico (mL) Fosfato de sódio dibásico (mL) pH
44,6 5,4 2,6
39,8 10,2 3,0
33,9 16,1 3,6
30,7 19,3 4,0
26,7 23,3 4,6
24,3 25,7 5,0
21,0 29,0 5,6
17,9 32,1 6,0
13,6 36,4 6,6
6,5 43,6 7,0 * Completar o volume com água para 100 ml.
35
4.2. FUNGO
O fungo utilizado neste estudo foi o basidiomiceto de decomposição
branca C. subvermispora (Pilat) Gilbn & Ryv, pertencente à classe dos
Basidiomycetes, proveniente da micoteca da Universidad de la República,
Montevideo, UY, gentilmente cedido pela Profª. M. Speranza.
4.3. MANUTENÇÃO DA CEPA
A linhagem foi repicada e mantida em placa de Petri com meio contendo
2,0 % de extrato de malte, 0,2 % de extrato de levedura e 2 % de agar e
cultivados a 27 ± 2 ºC durante 10 dias. Todo o processo de repicagem e
inoculação foi realizado em uma câmara de fluxo laminar.
4.4. PREPARAÇÃO DA MADEIRA
A madeira utilizada como substrato nos experimentos de biodegradação
foi obtida de um exemplar de P. taeda (aproximadamente 28 anos) doado pelo
Parque Estadual de Campos do Jordão - SP. A composição desta madeira foi
determinada por MENDONÇA et al. (2002) (TABELA 2).
Os cavacos foram preparados manualmente (cerca de
2,5 x 1,8 x 0,2 cm), secos ao ar e estocados dentro de sacos de polietileno.
Previamente aos experimentos de biodegradação, os cavacos foram
imersos em água por um período de 16 horas.
TABELA 2 – Constituição química do P. taeda utilizado neste trabalho
Componentes % dos componentes na madeira
Celulose 47,8 ± 0,9
Poliose 23,1 ± 0,9
Lignina 28,6 ± 0,4
Substâncias extraíveis em etanol e diclorometano 1,5 ± 0,4 / 0,9 ± 0,8
36
O excesso de água foi então drenado e os cavacos autoclavados no
interior do biorreator a 121 ºC por 20 minutos, duas vezes consecutivas
intermediadas por um período de resfriamento de 24 h.
4.5. PREPARAÇÃO DO INÓCULO
Em 200 mL de meio de cultura líquido (2,4 % de extrato de batata e
0,7 % de extrato de levedura) previamente esterilizado a 121 ºC por 15 minutos
foram introduzidos 20 discos de 8 mm de diâmetro de agar micélio obtidos do
cultivo em meio sólido. Os frascos Erlenmeyer de 1000 mL foram incubados
por 10 dias em estufa a 27 ºC. O micélio obtido do cultivo em meio líquido foi
filtrado em funil de Büchner estéril e lavado com 300 mL de água anteriormente
esterilizada. Em um liqüidificador com copo de alumínio de 500 mL (estéril)
foram batidos 3 vezes por 15 segundos (com intervalos para evitar o
aquecimento) 100 mL de água destilada e a massa micelial obtida após a
filtração. Uma alíquota desta suspensão foi utilizada para inocular os cavacos
nos biorreatores. Para calcular a quantidade de micélio na suspensão, foi feita
a determinação da massa seca de fungo (g / mL) presente numa alíquota
dessa suspensão. Para determinar a massa micelial seca filtrou-se em papel
de filtro, previamente seco e tarado, 25 mL da suspensão. O filtrado,
juntamente com o papel, foram secos em estufa a 60 ºC até atingir peso
constante.
4.6. INOCULAÇÃO DO BIORREATOR
O biorreator consistiu de um recipiente de polipropileno de alta
densidade de 2 L (FIGURA 9). Os biorreatores foram preenchidos com cavacos
e inoculados com a suspensão de micélio na razão de 25 mg de micélio para
200 g de madeira (peso seco) (SOUZA-CRUZ, 2002). Os biorreatores foram
fechados e agitados manualmente para homogeneização e conectados ao
sistema de injeção de ar. Foram então aerados a um fluxo de 0,023 m3 / h. O ar
umidificado foi esterilizado através da passagem por uma solução de
permanganato de potássio, água (esterilizada) e membrana de 0,2 µm. Os
experimentos ficaram mantidos em sala termostatizada a 27 ± 2 ºC durante
37
30 dias, com injeção de ar permanente ao longo do tempo de biodegradação.
Sob estas condições o experimento foi repetido 20 vezes durante toda a
extensão do trabalho, para obtenção do extrato enzimático necessário aos
estudos de purificação.
FIGURA 9 – Foto do biorreator de 2 L usado nos experimentos de
biodegradação da madeira.
4.7. EXTRAÇÃO DAS ENZIMAS HIDROLÍTICAS
Ao término do período de 30 dias de incubação, o conteúdo dos
biorreatores foi transferido para Erlenmeyers de 2 L e a estes foram
adicionados 500 mL de tampão acetato de sódio 50 mM, pH 5,4 com 0,01 % de
Tween 60, para cada extração. A extração foi conduzida sob agitação
(120 rpm) durante 4 h a 10 ± 1 ºC. Nova extração foi feita nas mesmas
condições por 12 horas. Os extratos foram reunidos e passados por filtro de
porcelana (Scott Duran 4), a frio usando banho de gelo. Após a filtração a
vácuo, os extratos foram ultrafiltrados através de um sistema de membranas
com massa molar limite (cut off) de 100 kDa (Minitan - Ultrafiltration
System - Millipore) (FIGURA 10).
38
< 100 > 100
FIGURA 10 – Foto do equipamento de ultrafiltração tangencial
(Minitan - Ultrafiltration System - Millipore), com membranas de
ultrafiltração (100 kDa) usado na separação do extrato
enzimático.
4.8. DETERMINAÇÃO DAS ATIVIDADES ENZIMÁTICAS
A caracterização do extrato foi feita através da determinação das
atividades enzimáticas descritas a seguir, utilizando o Espectrofotômetro
U-2001, (Hitachi). As unidades de enzimas foram expressas como UI/mL
(µmol / min x mL). As unidades totais do extrato foram obtidas multiplicando-se
UI/mL pelo volume extraído. Para relacionar as unidades totais produzidas com
a quantidade de cavaco de madeira utilizado em cada processo de
biodegradação, UI foi divida pela massa (kg) de cavaco utilizada e reportada
como UI/kg (µmol / min x kg de cavaco).
4.8.1. β-D-Xilanase
A atividade de xilanase foi determinada de acordo com o método de
BAILEY et al. (1992), seguido da quantificação de açúcares redutores liberados
39
a partir da xilana, pelo método do ácido 3,5-dinitrosalicílico (DNS
- MILLER, 1959). Uma alíquota de 0,9 mL de solução de xilana 1,0 % (birchwood-Sigma
X0502) foi colocada em 3 tubos de ensaio e incubados em banho-maria a
50 ºC. A seguir foram adicionados 0,1 mL do extrato enzimático em cada tubo
e a reação foi conduzida por 5, 15 e 30 minutos. Adicionou-se então, 1,5 mL do
reagente do DNS e os tubos foram fervidos por 5 minutos. Em seguida as
amostras foram resfriadas e a absorbância foi lida a 540 nm em
espectrofotômetro. Para calibração do aparelho foi feito um controle onde se
substituiu o volume da enzima pelo tampão acetato de sódio 50 mM, pH 5,4.
Foram feitos controles para cada amostra, adicionando-se o reagente de
DNS antes do extrato enzimático. Nessas condições a enzima não apresenta
atividade catalítica, mas é possível dosar compostos redutores que não são
provenientes da reação enzimática.
A curva padrão foi construída com solução de xilose (Merck), a
concentrações de 2; 4; 6; 8; 10; 12; 14; 16; 18 e 20 µmol / mL. Uma unidade de
atividade de xilanase foi definida como a quantidade de enzima capaz de
catalisar a liberação de 1 µmol de açúcar redutor por minuto, expresso como
xilose.
Preparo da solução de xilana “Birch” 1,0 %
A solução de xilana foi preparada dissolvendo-se 1 g de xilana
(birchwood-Sigma X0502) em 80 mL de tampão acetato de sódio 50 mM
pH 5,4. A solução foi aquecida até ebulição em forno de microondas, e após
retornar à temperatura ambiente o volume foi ajustado para 100 mL com o
referido tampão. A solução permaneceu em agitação mecânica até completa
solubilização da xilana na solução.
Preparo do reagente do DNS
O reagente foi preparado dissolvendo-se 10,6 g de ácido
3,5-dinitrosalicílico, 19,8 g de hidróxido de sódio, 306,0 g de tartarato de sódio
e potássio e 8,3 g de bissulfito de sódio em 1 L de água destilada. Após
40
agitação para total dissolução dos reagentes, foram adicionados 7,6 mL de
fenol, e o volume completado para 1,4 L com água destilada (MILLER, 1959).
4.8.2. β-D-Xilosidase
A atividade de β-xilosidase foi determinada segundo TAN et al. (1987),
através da estimativa do p-nitrofenol (pNP) liberado a partir do reagente
p-nitrofenil-β-D-xilopiranosídeo (pNPX).
Uma alíquota de 0,2 mL do extrato enzimático foi adicionada a 0,8 mL de
solução de pNPX 0,1 % em três tubos de ensaio. As reações foram conduzidas
incubando os tubos durante 15, 30 e 60 minutos a 50 ºC. Após incubação, as
reações foram interrompidas pela adição de 2 mL de solução de bicarbonato de
sódio 10 % em cada tubo e a absorbância foi lida a 410 nm. Foram feitos
controles para cada amostra, adicionando-se a solução de bicarbonato de
sódio 10 % antes do extrato enzimático. Para calibração do aparelho foi feito
um controle onde se substituiu o volume da enzima pelo tampão acetato de
sódio 50 mM, pH 4,8.
O pNP liberado foi determinado através de curva de calibração com
padrão de p-nitrofenol nas concentrações de 50, 75, 150, 225, e 300 µmol / mL.
Uma unidade de atividade de β-xilosidase foi definida como a quantidade de
enzima capaz de catalisar a liberação de 1 µmol de pNP por minuto.
Preparo da solução de para-nitro-fenil-β-D-xilopiranosídeo
(pNPX) 0,1 %
A solução de pNPX foi preparada dissolvendo-se 0,1 g de pNPX (Sigma)
em 90 mL de tampão acetato de sódio 50 mM pH 4,8, sob agitação e o volume
foi ajustado para 100 mL com o referido tampão.
Preparo do bicarbonato de sódio 10 %
A solução de bicarbonato de sódio 10 % foi preparada dissolvendo-se
10 g de bicarbonato de sódio em 100 mL de água destilada, sob agitação e
aquecimento em agitador mecânico.
41
4.8.3. β-D-Glicosidase
A atividade de β-glicosidase foi determinada segundo TAN et al. (1987),
através da estimativa do p-nitrofenol (pNP) liberado a partir do
p-nitrofenil-β-D-glicopiranosídeo (pNPG).
Uma alíquota de 0,2 mL do extrato enzimático foi adicionada a 0,8 mL de
solução de pNPG 0,1 % em três tubos de ensaio. As reações foram conduzidas
incubando os tubos durante 15, 30 e 60 minutos a 50 ºC. Após incubação, as
reações foram interrompidas pela adição de 2 mL de solução de bicarbonato de
sódio 10 % em cada tubo e a absorbância foi lida a 410 nm. Foram feitos
controles para cada amostra, adicionando-se a solução de bicarbonato de
sódio 10 % antes do extrato enzimático. Para calibração do aparelho foi feito
um controle onde se substituiu o volume da enzima pelo tampão acetato de
sódio 50 mM, pH 4,8.
O pNP liberado foi determinado através de curva de calibração com
padrão de p-nitrofenol nas concentrações de 50, 75, 150, 225, e 300 µmol / mL.
Uma unidade de atividade de β-glicosidase foi definida como a quantidade de
enzima capaz de catalisar a liberação de 1 µmol de pNP por minuto.
Preparo da solução de para-nitro-fenil-β-D-glicopiranosídeo
(pNPG) 0,1 %
A solução de pNPG foi preparada dissolvendo-se 0,1 g de pNPG
(Sigma) em 90 mL de tampão acetato de sódio 50 mM pH 4,8, sob agitação e o
volume foi ajustado para 100 mL com o referido tampão.
4.8.4. β-D-Mananase
A atividade de mananase foi determinada de acordo com o método de
RATTO e POUTANEN (1988), seguido da quantificação de açúcares redutores
liberados a partir de galactomanana, pelo método do ácido 3,5-dinitrosalicílico
(DNS - MILLER, 1959).
42
Uma alíquota de 0,9 mL de solução de galactoglucomana 0,5 % (Sigma
G0753) foi colocada em 3 tubos de ensaio e adicionados 0,1 mL do extrato
enzimático em cada tubo. A seguir, os tubos de ensaio foram incubados em
banho termostatizado à temperatura de 50 ºC por 5, 15 e 30 minutos.
Adicionou-se então, 1,5 mL do reagente do DNS e os tubos foram fervidos por
5 minutos. Em seguida as amostras foram resfriadas e a absorbância foi lida a
540 nm em espectrofotômetro. Para calibração do aparelho foi feito um controle
onde se substituiu o volume da enzima pelo tampão acetato de sódio 50 mM,
pH 5,4.
Foram feitos controles para cada amostra, adicionando-se o reagente de
DNS antes do extrato enzimático. Nessas condições a enzima não apresenta
atividade catalítica, mas é possível dosar compostos redutores que não são
provenientes da reação enzimática.
A curva padrão foi construída com solução de manose (Merck), a
concentrações de 1,38; 2,77; 4,16; 5,55; 6,94; 8,33; 11,11 e 13,38 µmol / mL.
Uma unidade de mananase foi definida como a quantidade de enzima capaz de
catalisar a liberação de 1 µmol açúcar redutor por minuto, expresso como
manose.
Preparo da solução de manana 0,5 %
A solução de manana foi preparada dissolvendo-se 0,5 g de
galactomanana (“locust bean gum” - Sigma G0753) em 80 mL de tampão
acetato de sódio 50 mM pH 5,4. A solução foi submetida a aquecimento até
aproximadamente 80 ºC, em forno de microondas, e após retornar à
temperatura ambiente o volume foi ajustado para 100 mL com o referido
tampão. A solução permaneceu em agitação mecânica até completa
solubilização da manana na solução.
4.8.5. Endo-glucanase
A atividade de endo-1,4-β-glucanase foi determinada segundo técnica
descrita por TANAKA et al. (1981) que consiste em conduzir a hidrólise de uma
43
solução de carboximetilcelulose 0,44 %. A quantidade de açúcares redutores
foi determinada pelo método do DNS (MILLER, 1959).
Uma alíquota de 0,1 mL do extrato enzimático foi adicionada a 0,9 mL de
solução de carboximetilcelulose 0,44 % (Sigma C5013) em três tubos de
ensaio. As reações foram conduzidas incubando os tubos durante 30, 60 e 90
minutos a 50 ºC. Adicionou-se então, 1,5 mL do reagente do DNS e os tubos
foram fervidos por 5 minutos. Em seguida as amostras foram resfriadas e a
absorbância foi lida a 540 nm em espectrofotômetro. Foram feitos controles
para cada amostra, adicionando-se o reagente de DNS antes do extrato
enzimático. Para calibração do aparelho foi feito um controle onde se substituiu
o volume da enzima pelo tampão acetato de sódio 50 mM, pH 5,4.
A curva padrão foi construída com solução de glicose (Merck), a
concentrações de 1,38; 2,77; 4,16; 5,55; 8,33; 11,11 µmol / mL. Uma unidade
de atividade de endoglucanase foi definida como a quantidade de enzima
capaz de catalisar a liberação de 1 µmol de açúcar redutor por minuto,
expresso como glicose.
Preparo da solução de carboximetilcelulose 0,44 %
A solução de carboximetilcelulose foi preparada dissolvendo-se 0,44 g
de carboximetilcelulose (Sigma C5013 - média viscosidade) em 80 mL de
tampão acetato de sódio 50 mM pH 5,4. A solução foi submetida a
aquecimento até aproximadamente 80 ºC em forno de microondas, e após
retornar à temperatura ambiente o volume foi ajustado para 100 mL com o
referido tampão. A solução permaneceu em agitação mecânica até completa
solubilização da carboximetilcelulose na solução.
4.9. PURIFICAÇÃO ENZIMÁTICA
As purificações das enzimas hidrolíticas de interesse neste trabalho
foram, feitas por técnicas convencionais de cromatografia em colunas de troca
iônica, filtração em gel e de interação hidrofóbicas. As frações foram analisadas
para proteínas e para as atividades de xilanase, mananase,
carboximetilcelulose, β-glicosidase e β-xilosidase e frações contendo as
44
atividades foram agrupadas. Todas as colunas estavam acopladas a um
sistema FPLC da Amershan Bioscience e equilibradas com soluções tampão
previamente definidos. O perfil protéico das amostras selecionadas foi avaliado
por SDS-PAGE.
4.9.1. Purificação de duas xilanases e de uma mananase a partir do extrato inicial
4.9.1.1. DEAE Sepharose CL 6B
Um volume de 150 mL do extrato inicial foi aplicado na coluna de troca
aniônica DEAE Sepharose CL 6B (Amersham Bioscience) (40 x 1,0 cm),
previamente equilibrada com tampão fosfato de sódio 50 mM, pH 6,0. O
mesmo tampão utilizado para equilibrar a coluna foi aplicado como eluente da
amostra, adicionado de gradiente de NaCl (0-0,5 M) preparado no mesmo
tampão, a partir do volume de 1500 mL, sob um fluxo de 30 mL/h. O eluato foi
monitorado a 280 nm e frações de 20 mL foram coletadas a partir da aplicação
da amostra e analisadas quanto às atividades enzimáticas de interesse. As
frações que apresentaram atividade enzimática foram selecionadas, dialisadas
em água deionizada por aproximadamente 12 horas e concentradas por
liofilização (FIGURA 11).
FIGURA 11 – Fluxograma de purificação de uma mananase e duas xilanases a
partir do extrato inicial.
Extrato Inicial
DEAE Sepharose CL 6B
Xilanase I Mananase I Xilanase II
Extrato Inicial
DEAE Sepharose CL 6B
Xilanase I Mananase I Xilanase II
45
4.9.2. Purificação de uma β-glicosidase e de uma xilanase a partir do extrato concentrado (>100 kDa)
4.9.2.1. Sephacryl S-300 HR
Uma amostra de 200 µL do extrato concentrado foi centrifugada a
5000 g por 15 minutos e aplicada na coluna Sephacryl S-300 HR (70 x 1,6 cm).
O fluxo de 60 mL/h foi mantido durante a permeação da amostra, utilizando-se
água desionizada como eluente. Foram coletadas frações de 2 mL a partir da
aplicação da amostra na coluna. Todas as frações coletadas foram analisadas
quanto à absorbância a 280 nm e quanto às atividades enzimáticas de
interesse neste trabalho (FIGURA 12). O volume de exclusão (V0) da coluna foi
determinado com o padrão Azul Dextran (2 x 106 g/mol). O volume total (Vt) da
coluna foi determinado com a eluição de uma alíquota padrão de acetona
(57 g/ mol) e os volumes de retenção (Ve) dos padrões, ovoalbumina (45 kDa),
gliceraldeído (36 kDa) e tripsinogênio (24 kDa) foram usados para o cálculo do
Kav e subsequente construção da curva de calibração da coluna
(log PM x Kav) (ANEXO A).
Extrato > 100 KDa
Sephacryl S300
Β-glicosidase I Pico II
Concanavalina A
Pico IIPico I
DE-52 Cellulose
Pico IIPico I
Sephadex G50
Xilanase III
Pico IIPico I
Extrato > 100 KDa
Sephacryl S300
Β-glicosidase I Pico II
Concanavalina A
Pico IIPico I
DE-52 Cellulose
Pico IIPico I
Sephadex G50
Xilanase III
Pico IIPico I
FIGURA 12 – Fluxograma de purificação de uma β-glicosidase e uma xilanase
a partir do extrato concentrado (>100 kDa).
46
4.9.2.2. DE 52 Cellulose
A fração correspondente ao pico II da Sephacryl S-300 foi aplicada na
coluna de troca iônica DE-52 Cellulose (Whatman) (20 x 1,5 cm) equilibrada
com tampão acetato de sódio 50 mM, pH 5,4. O mesmo tampão de equilíbrio
foi usado como eluente com um fluxo de 30 mL/h, adicionado de um gradiente
de NaCl de 0 a 500 mM a partir do volume de 80 mL. As frações coletadas
foram de 8 mL a partir da aplicação da amostra na coluna e foram analisadas
quanto à absorbância a 280 nm. Todas as frações correspondentes aos picos
de absorbância em 280 nm foram analisadas quanto a atividades enzimáticas
de interesse (FIGURA 12).
4.9.2.3. Concanavalina A
Na tentativa de separar as proteínas presentes no pico II da Sephacryl S
300, testou-se a resina de afinidade Concanavalina A (Sepharose 4B) (10 x
0,5 cm). A coluna foi equilibrada com tampão acetato de sódio 50 mM, pH 5,4.
Uma amostra de 500 µL do pico II da Sephacryl S-300 foi aplicada na coluna,
utilizando como eluente o mesmo tampão de equilíbrio, com um fluxo de
60 mL/h. Foram coletadas frações de 4 mL a partir da aplicação da amostra na
coluna e foram analisadas a 280 nm e quanto a atividades enzimáticas de
interesse.
4.9.2.4. Sephadex G-50
A fração correspondente ao pico I da Concanavalina A, onde se
encontrava maior atividade enzimática e maior teor de proteína, foi eluída na
coluna de permeação em gel Sephadex G-50 (Amersham Bioscience)
(30 x 1,0 cm). Foram aplicadas alíquotas de 200 µL desta fração na coluna, e
este procedimento foi repetido 5 vezes nas mesmas condições. Utilizou-se
tampão acetato de sódio 50 mM, pH 5,4, como eluente e manteve-se o fluxo
em 15 mL/h. Frações de 4 mL foram coletadas a partir do volume aproximado
de 4 mL (V0~10 mL) e foram analisadas quanto à absorbância a 280 nm e
quanto a atividades enzimáticas de interesse. O volume de exclusão (V0) da
coluna e o (Vt) foram determinados com os padrões, Azul Dextran
47
(2 x 106 g/mol) e acetona (57 g/mol), respectivamente. Os volumes de eluição
(Ve) dos padrões, inibidor de tripsina (20,1 kDa) e lactalbulmina (14,2 kDa)
foram usados para o cálculo do Kav e subsequente construção da curva de
calibração da coluna (log PM x Kav) (ANEXO B).
4.9.3. Purificação de uma mananase a partir do extrato ultrafiltrado (<100 kDa)
4.9.3.1. Precipitação com sulfato de amônio
Realizou-se o fracionamento a 30 % de saturação adicionando-se sulfato
de amônio sólido (164 g/L) ao extrato (massa molar < 100 kDa) que
permaneceu sob agitação lenta por 12 h. Em seguida, centrifugou-se a
6000 rpm por 30 minutos. O precipitado foi separado e coletou-se o
sobrenadante ao qual adicionou-se sulfato de amônio até 60 % de saturação
(181 g/L). Adicionado todo o sal, a solução foi deixada sob agitação lenta por
12 h. Após este período centrifugou-se novamente a solução a 6000 rpm por
30 minutos. O procedimento foi novamente repetido adicionando-se sulfato de
amônio até 80 %. Desta vez o sobrenadante foi descartado. Os precipitados
foram ressuspensos, no menor volume possível, em tampão acetato de sódio
50 mM, pH 5,4 e dialisados por aproximadamente 18 horas contra água
desionizada sob agitação, até que a condutividade ficasse abaixo de 2 mS. As
atividades enzimáticas de interesse e as concentrações protéicas foram
medidas após esta etapa nas soluções resultantes das frações insolúveis em
30 %, 60 % e 80 % de sulfato de amônio. Concomitantemente o perfil protéico
de cada fração foi analisado por eletroforese em SDS-PAGE.
4.9.3.2. Extração de fenóis com polivinilpirrolidona (PVP)
As amostras foram tratadas com 1 %, 2 % e 5 % (p/v) de PVP e
permaneceram em agitação durante 1 hora a 4º C em seguida, foram filtradas
em papel de filtro. Os filtrados foram dialisados contra água deionizada e
congelados a -20 ºC.
48
4.9.3.3. DEAE Sepharose CL 6B
A amostra precipitada com 60 % de sulfato de amônio (10 ml) foi
aplicada a uma coluna de troca aniônica DEAE sepharose CL 6B (30 x 1,0 cm)
previamente equilibrada com tampão fosfato de sódio 50 mM, pH 6,0. A
lavagem da coluna ocorreu com o mesmo tampão até A280 nm praticamente
igual a zero. A eluição da atividade se deu aplicando-se tampão fosfato de
sódio 50 mM, pH 6,0 como eluente e um gradiente de NaCl de 0 a 500 mM.
Foram coletadas frações de 2 ml, sob um fluxo de 30 mL/h e as frações
contendo atividade enzimática foram reunidas. Este procedimento foi repetido
seis vezes, aplicando-se no total 60 mL da FI 60 % de sulfato de amônio nesta
coluna, nas mesmas condições.
Aplicou-se também a amostra precipitada com 30 % de sulfato de
amônio (10 mL) na DEAE CL 6B equilibrada com o mesmo tampão fosfato de
sódio 50 mM, pH 6,0. Foram feitas duas aplicaçãoes, repetindo o experimento
anterior acima descrito (FIGURA 13).
As frações coletadas foram separadas em cinco picos, dialisadas contra
água desionizada por 12 horas, em seguida congeladas e concentradas por
liofilização.
49
Extrato < 100 KDa
DEAE Sepharose CL 6B
Pico V
Mono Q HR pH 8,0
Pico II
DE-52 Cellulose
Mananase II
Pico II Pico III Pico IV
Precipitação com Sulfato de Amônio
FI 30% FI 60% FI 80%
Mono Q HR pH 7,0
Pico I Pico I
Pico I Pico II Pico III Pico IV Pico V
Pico I
Extrato < 100 KDa
DEAE Sepharose CL 6B
Pico V
Mono Q HR pH 8,0
Pico II
DE-52 Cellulose
Mananase II
Pico II Pico III Pico IV
Precipitação com Sulfato de Amônio
FI 30% FI 60% FI 80%
Mono Q HR pH 7,0
Pico I Pico I
Pico I Pico II Pico III Pico IV Pico V
Pico I
FIGURA 13 – Fluxograma de purificação de uma mananase a partir do extrato
ultrafiltrado (<100 kDa).
4.9.3.4. Mono Q HR
O pico V do cromatograma da DEAE sepharose CL 6B, obtida da
amostra FI 60 %, foi aplicado a uma segunda coluna de troca aniônica Mono Q
HR (1,0 x 8,0 cm) previamente equilibrada com tampão fosfato de sódio
50 mM, pH 7,0. Foi aplicado 1 mL de amostra do pico V, previamente
concentrado 4 vezes por liofilização e a eluição foi realizada com o mesmo
tampão a um fluxo de 30 mL/h, adicionado de um gradiente de NaCl de 0 a
500 mM a partir do volume de 20 mL. Foram coletadas frações de 2 mL a partir
da aplicação da amostra e analisadas a 280 nm e quanto às atividades
enzimáticas de interesse.
A fração V da DEAE sepharose CL 6B foi novamente aplicada na
Mono Q, porém a coluna foi equilibrada com tampão fosfato de sódio 50 mM,
pH 8,0.
50
Foram aplicados 10 mL de amostra do pico V nas mesmas condições
anteriores em cinco aplicações de 2 mL cada, adicionados de um gradiente de
NaCl de 0 a 500 mM a partir do volume de 20 mL. Foram coletadas frações de
2 mL a partir da aplicação da amostra e analisadas a 280 nm e quanto às
atividades enzimáticas de interesse.
As frações correspondentes aos picos de absorbância em
espectrofotômetro no comprimento de onda de 280 nm foram dialisadas contra
água deionizada até a condutividade de aproximadamente 3 mS. O pico II
correspondente às proteínas que ficaram ligadas a esta resina de troca iônica
foi em seguida concentrado 2 vezes por liofilização e eluído em uma outra
coluna de troca iônica, com o objetivo de separar as enzimas presentes neste
pico.
4.9.3.5. DE- 52 Cellulose
Nesta etapa do processo de purificação a resina de troca iônica DE-52
Cellulose (Whatman) (20 x 1,5 cm) foi equilibrada com tampão tris-HCl pH 9,0,
50mM, na tentativa de separar as proteínas presentes no pico II da Mono Q HR
que ficaram ligadas à resina em pH 8,0. Foram aplicados 10 mL do pico II com
o tampão tris-HCl 50mM, pH 9,0 de equilíbrio adicionado de um gradiente de
NaCl de 0 a 500 mM a partir do volume aproximado de 60 mL sob um fluxo de
30 mL/h. As frações coletadas de 5 mL cada a partir da aplicação da amostra
foram analisadas a 280 nm e quanto às atividades enzimáticas de interesse.
As frações correspondentes aos picos de absorbância a 280 nm foram
concentradas 5 vezes por liofilização e o perfil protéico foi analisado por
eletroforese em gel desnaturante (SDS-PAGE).
4.10. ELETROFORESE
4.10.1. Eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida (SDS-PAGE)
As eletroforeses sob condições desnaturantes foram realizadas em gel
de poliacrilamida de duas fases de diferentes porosidades e valores de pH, na
51
presença de SDS (dodecil sulfato de sódio) (ALFENAS et al., 1991). O
aparelho utilizado foi um Hoefer / Mini VE Vertical Electrophoresis System
(Amersham Bioscience), com placas de vidro (10 x 10 cm) onde os géis foram
montados. A cuba para eletroforese foi preenchida com tampão Tris/glicina
pH 8,9, diluído 1:10 em água desionizada com 1 % de SDS antes do início de
cada corrida.
4.10.2. Preparo dos géis desnaturantes (SDS-PAGE)
Géis de poliacrilamida foram formados por copolimerização de
acrilamida e Bis-acrilamida (Bis) na presença de persulfato de amônio e
tetrametiletilenodiamina (TEMED). Os componentes acrílicos foram preparados
segundo LAEMMLI, (1970) em duas fases, chamada de sistema descontínuo,
que consiste de géis, concentrador e separador.
Os géis concentradores e separadores foram preparados com os
componentes descritos a seguir:
4.10.2.1. Gel concentrador
Soluções Concentração 4,5 %
Acrilamida: Bis-acrilamida (36,5:1) 2,25 mL
Tris-HCI 0,6173M pH 6,8 1,5 mL
Água desmineralizada (q.s.p.) 11,15 mL
SDS 10 % (p/v) 0,075 mL
Persulfato de amônio 10 % (p/v) 0,05 mL
TEMED 0,01 mL
52
4.10.2.2. Gel separador
Soluções Concentração
10 % 12,5 % 15 %
Acrilamida: Bis-acrilamida (36,5:1) 10,0 mL 12,5 mL 15,0 mL
Tris-HCI 3,778 M pH 8,9 3,0 mL 3,0 mL 3,0 mL
Água destilada 16,71 mL 14,21 mL 11,71 mL
SDS 10 % (p/v) 0,150 mL 0,150 mL 0,150 mL
Persulfato de amônio 10 % (p/v) 0,1 mL 0,1 mL 0,1 mL
TEMED 0,04 mL 0,04 mL 0,04 mL
4.10.3. Preparo das amostras As amostras para as corridas eletroforéticas foram preparadas
colocando-as dentro de frascos “Ependorf” 30 µL de amostra e 10 µL de
tampão da amostra. Os volumes foram cuidadosamente injetados no gel de
eletroforese e após a corrida, as bandas de proteínas foram reveladas por
técnicas de coloração com nitrato de prata ou por coloração com Azul de
Coomassie (ALFENAS et al., 1991).
4.10.4. Sephadex G-25
Uma amostra de 1000 mL do extrato inicial foi concentrada 10 vezes por
liofilização até apresentar uma quantidade suficiente de proteína para a
realização da eletroforese. A amostra concentrada foi então eluída em uma
coluna Sephadex G-25 (100 x 1,6 cm) com fluxo de 1,0 mL/min de água
deionisada pH 5,6. Após a eluição os volumes contendo as atividades
enzimáticas foram recolhidos e concentrados para a realização da eletroforese.
O V0 da coluna foi determinado com a eluição de uma alíquota do padrão Azul
Dextran (2 x 106 g/mol).
53
4.10.5. Preparo do tampão da Amostra
Tris-HCI 1 M pH 6,8 2 mL
SDS 10 % (p/v) 4 mL
β-Mercaptoetanol 2 mL
Glicerol 5 mL
Azul de bromofenol 0,01 g
4.10.6. Coloração com nitrato de prata
Após a corrida eletroforética as bandas protéicas presentes no gel foram
reveladas por impregnação com nitrato de prata da seguinte forma: o gel foi
incubado por 30 minutos em uma solução contendo 100 mL de etanol (99,8 %),
25 mL de ácido acético glacial (99,7 %) e água destilada em quantidade
suficiente para completar 250 mL de solução. Em seguida o gel foi transferido e
mantido por mais 30 minutos em uma solução contendo 75 mL de etanol
(99,8 %), 1,25 mL de glutaraldeído (25 %), 10 mL de tiossulfato de sódio (5 %),
17 g de acetato de sódio e água destilada em quantidade suficiente para
completar 250 mL desta solução. O gel foi então lavado com água destilada por
3 vezes, permanecendo em contato com a água por 15 minutos no total. Após
as lavagens o gel foi incubado em outra solução contendo 25 mL de nitrato de
prata (2,5 %), 0,1 mL de formaldeído (37 %) e água destilada completando o
volume da solução para 250 mL Nesta solução o gel permaneceu ao abrigo da
luz por 20 minutos. Novamente, o gel foi lavado com água destilada e em
seguida adicionado a uma solução contendo 6,25 g de carbonato de sódio
anidro, 0,05 mL de formaldeído (37 %) e água destilada em quantidade
suficiente para 250 mL de solução, onde permaneceu até o aparecimento das
bandas de proteínas impregnadas por nitrato de prata. A reação foi então
interrompida por uma solução contendo 3,65 g de EDTA em 250 mL de água
destilada. Todas as soluções foram preparadas no momento do uso.
54
4.10.7. Coloração com Azul de Coomassie
As bandas protéicas presentes no SDS-PAGE foram visualizadas após a
sua incubação por 12 horas a 36 ºC, em 0,1 g de Azul de Coomassie dissolvido
em solução fixadora (45 mL de metanol, 10 mL de ácido acético glacial e 45 ml
de água destilada). Após este tempo de incubação na solução corante o gel foi
lavado por diversas vezes com a solução fixadora.
4.10.8. Detecção de atividade de xilanase no gel de eletroforese
Os géis de poliacrilamida utilizados para a determinação da atividade de
xilanase também foram formados por copolimerização de acrilamida e Bis-
acrilamida (Bis) na presença de persulfato de amônio e tetrametiletilenodiamina
(TEMED). Porém com uma concentração final de 0,1 % de xilana de “oat-spelt”
no gel.
4.10.8.1. Gel concentrador com xilana
Soluções Concentração
4,5 %
Acrilamida: Bis-acrilamida (36,5:1) 2,25 mL
Tris-HCI 0,6173M pH 6,8 1,5 mL
Água desmineralizada (q.s.p.) 9,65 mL
SDS 10 % (p/v) 0,075 mL
Persulfato de amônio 10 % (p/v) 0,05 mL
TEMED 0,01 mL
Solução de xilana “oat spelt” 1 % 1,5 mL
55
4.10.8.2. Gel separador com xilana
Soluções Concentração
12,5 % 15 %
Acrilamida: Bis-acrilamida (36,5:1) 12,5 mL 15,0 mL
Tris-HCI 3,778 M pH 8,9 3,0 mL 3,0 mL
Água destilada 11,21 mL 8,71 mL
SDS 10 % (p/v) 0,150 mL 0,150 mL
Persulfato de amônio 10 % (p/v) 0,1 mL 0,1 mL
TEMED 0,04 mL 0,04 mL
Solução de xilana “oat spelt” 1 % 3,0 mL 3,0 mL
Após a corrida eletroforética o gel foi transferido para uma solução 2,5 %
de triton X-100, onde permaneceu por 1 hora. Foi então lavado 3 vezes com
água deionizada e incubado em tampão MES/NaOH pH 6,0 por 4 horas a
50 ºC. O tampão foi então removido com água deionizada e adicionou-se ao
gel uma solução de Vermelho Congo 0,1 % (Vetec Química Fina Ltda). O gel
permaneceu incubado por 20 minutos nesta solução corante e em seguida foi
lavado com NaCl 1,0 M até a visualização da banda de atividade de xilanase.
Para uma melhor visualização, trocou-se a solução de NaCl por solução de HCl
0,1 M. As bandas de atividade foram visualizadas como halos claros no gel.
4.10.9. Detecção de atividade de β-Glicosidase no gel de eletroforese
O gel de eletroforese utilizado segue o mesmo procedimento do item
4.9.2, porém sem a presença de SDS no gel, no tampão da amostra e no
tampão do tanque. Após a corrida eletroforética, o gel foi colocado em tampão
acetato de sódio 0,1 M, pH 5,0, por 10 minutos em temperatura ambiente para
ocorrer a troca do pH do sistema. O gel foi então, incubado no mesmo tampão
contendo 0,1 % de esculina (Sigma) e 0,03 % de cloreto férrico por 15 minutos
a 50 ºC. Durante a incubação, observou-se o aparecimento de bandas pretas
56
no gel correspondentes a β-glicosidase. A reação foi interrompida pela imersão
do gel em solução de glicose a 10 % (KWON et al., 1994).
4.11. DOSAGEM DE PROTEÍNAS
O teor de proteínas foi determinado como descrito por
BRADFORD, 1976. A reação foi iniciada pela adição de 0,1 ml de amostra a
1ml do reagente. Após 5 minutos foi feita a leitura a 595 nm. Como padrão
utilizou-se albumina de soro bovino (5-200 µg/ml).
4.11.1. Preparo do reagente de Bradford
O reagente foi preparado pela dissolução de 100 mg de Azul de
Comassie G-250 (CMS) em uma mistura de 100 mL de acido fosfórico a 85 %
e 50 mL de metanol a 95 %. Depois de completa dissolução do corante,
adicionou-se água até completar o volume para 1 L. Esta solução foi estável
por várias semanas quando estocada ao abrigo de luz e em temperatura
ambiente.
4.12. Determinação da massa molar
As massas molares das proteínas presentes foram estimadas por
SDS-PAGE, utilizando-se do gráfico dos logaritmos das massas molares
(log PM) das proteínas padrões pelas suas respectivas mobilidades
eletroforética (cm). Foram utilizados os padrões “LMW, Molar Weight Marker
Kit”, 14.000 – 70.000 Da, Sigma) e o “HMW, Molar Weight Marker Kit”, 205.000
– 30.000 Da, Sigma). Os marcadores foram dissolvidos em 100 µL de tampão
da amostra, fervidos por 15 min e armazenados no congelador. Em cada gel
aplicava-se em uma canaleta um volume de 7,0 µL desta solução padrão.
57
“LMW Molar Weight Marker Kit”;
66,0 kDa – Soroalbumina bovina
45,0 kDa – Ovoalbumina
36,0 kDa – Gliceraldeido-3-fosfato desidrogenase
29,0 kDa – Anidrase carbônica
24,0 kDa – Tripsinogênio
20,1 kDa – Inibidor de tripsina
14,3 kDa – α-Lactoalbumina
“HMW Molar Weight Marker Kit”;
205,0 kDa – Miosina
116,0 kDa – β-Galactosidase
97,4 kDa – Fosforilase b
66,0 kDa – Soroalbumina bovina
45,0 kDa – Ovoalbumina
36,0 kDa – Gliceraldeido-3-fosfato desidrogenase
29,0 kDa – Anidrase carbônica
As colunas de filtração em gel foram calibradas com padrões de massa
molar conhecida: Azul de Dextrana (2 x 106 g/mol), Ovalbumina (45 kDa),
Gliceraldeido-3-fosfato desidrogenase (36 KDa), Tripsinogênio (24 kDa),
Inibidor de Tripsina (20,1 kDa), α-Lactalbumina (14,2 kDa) e Acetona
(57 g/mol). Os volumes de eluição de cada padrão foram determinados (Ve),
estabelecendo o Vt e o V0 de cada coluna, sendo assim, foi calculado o Kav de
cada padrão. As massas molares das enzimas foram então calculadas através
do gráfico do log das massas molares contra o Kav das proteínas padrões.
V0 = volume de exclusão;
Ve = volume de retenção;
Vt = volume total da coluna;
Kav = Ve -VoVt - Vo
Kav = Ve -VoVt - Vo
58
4.13. Determinação dos parâmetros cinéticos
A constante de Michaelis-Menten (Km) e a velocidade máxima (Vmáx)
foram calculadas mediante distribuição dos dados no gráfico dos duplos
recíprocos de velocidade de reação versus concentração de substrato, de
acordo com o método de LINEWEAVER e BURK (1934) segundo o programa
Enzyplot (LEONE et al., 1995).
As propriedades cinéticas da β-glicosidase purificada foram determinadas
realizando-se ensaios de atividade da enzima com celobiose como substrato
em concentrações de 0,036 mg/mL, 0,09 mg/mL, 0,18 mg/mL, 0,27 mg/mL,
0,36 mg/mL, 1,8 mg/mL, 3,6 mg/mL e 5,4 mg/mL. 1,0 mL de solução de
celobiose nas diferentes concentrações, 0,9 mL de tampão acetato de sódio
50 mM, pH 5,4 e 0,1 mL da enzima purificada foram incubados a 50 ºC por
30 minutos. A reação foi interrompida fervendo os tubos por 5 minutos e após
resfriamento das amostras a concentração de glicose no meio foi determinada
através do aparelho Biochemistry Analyzer (YSI BIOANALYTIVAL). A
calibração do aparelho foi feita com um branco de celobiose para cada
concentração, onde se substituiu a enzima pelo tampão.
Determinou-se também as propriedades cinéticas da β-glicosidase
utilizando pNPG como substrato em concentrações de 0,01 mg/mL,
0,02 mg/mL, 0,04 mg/mL, 0,06 mg/mL, 0,1 mg/mL, 0,25 mg/mL, 0,5 mg/mL,
0,75 mg/mL 1,0 mg/mL e 2,5 mg/mL. As atividades de β-glicosidase foram
determinadas de acordo com o método de TAN et al. (1987).
Os parâmetros cinéticos da reação catalisada pela xilanase foram
determinados utilizando xilana de bétula em concentrações de 1,0 mg/mL,
1,5 mg/mL, 3,0 mg/mL, 6,0 mg/mL, 12,0 mg/mL, 18,0 mg/mL e 20,0 mg/mL
como substrato. Após 30 minutos de incubação, as atividades de xilanase
foram determinadas de acordo com o método de BAILEY et al. (1992).
Para mananase purificada utilizou-se galactomanana em concentrações
de 0,25 mg/mL, 0,5 mg/mL, 1,0 mg/mL, 2,0 mg/mL, 4,0 mg/mL, 6,0 mg/mL e
8,0 mg/mL como substrato. Após 30 minutos incubação, as atividades de
mananase foram determinadas de acordo com o método de RATTO e
POUTANEN (1988).
59
4.14. Efeitos de compostos na atividade
Para se avaliar os efeitos de alguns compostos sobre as enzimas
purificadas, incubou-se 0,05 mL de cada enzima purificada com 0,02 mL de
glicose, uréia, SDS, EDTA, Cisteína, ZnSO4, MnCl2, MgCl2, (NH4)2SO4, KCl,
CuSO4, FeCl3 LiCl e AgNO3 por 10 minutos a 50 ºC (concentração final de
1 mM). Adicionou-se então, 0,03 mL de tampão acetato de sódio 50 mM,
pH 5,4 e o substrato correspondente a cada enzima. A mistura permaneceu
mais 20 minutos a 50 ºC. Após este período de incubação as atividades destas
enzimas foram avaliadas.
Ensaios controles foram realizados paralelamente, substituindo o volume de
inibidor por tampão e considerando a atividade da enzima sem os compostos
igual a 100 %.
4.15. Efeito da temperatura
A temperatura ótima das enzimas presentes no extrato inicial foi
determinada nas temperaturas de 30, 40, 50, 60, 70 e 80 ºC. As atividades
enzimáticas para xilanase, mananase, endoglucanase, β-glicosidase e β-
xilosidase foram avaliadas seguindo os métodos padrões para cada enzima
anteriormente descritos.
A temperatura ótima da β-glicosidase purificada foi determinada nas
temperaturas de 30, 40, 50, 60, 70 e 80 ºC por 10 minutos e após o período de
incubação a atividade da β-glicosidase foi determinada de acordo com o
método de TAN et al. (1987).
A temperatura ótima da xilanase purificada foi determinada nas
temperaturas de 30, 40, 50, 60, 70 e 80 ºC por 1 hora. Após este período de
incubação, a atividade da xilanase foi determinada pelo método de BAILEY et
al. (1992).
4.16. Efeito do pH
O pH ótimo das enzimas presentes no extrato inicial foi determinado
utilizando tampão citrato-fosfato 50 mM (pH 2,5 - 7,0) e fosfato de sódio 50 mM
60
(pH 7,0 - 8,0). As atividades enzimáticas para xilanase, mananase,
endoglucanase, β-glicosidase e β-xilosidase foram avaliadas seguindo os
métodos padrões para cada enzima anteriormente descritos.
O pH ótimo da β-glicosidase purificada foi determinado por incubação de
0,02 mL da enzima purificada e 0,180 mL de tampão acetato de sódio pH 4,8
em 0,8 mL de soluções de pNPG 0,1 % em tampão citrato-fosfato 50 mM
(pH 2,5 - 7,0) e fosfato de sódio 50 mM (pH 7,0 - 8,0), por 10 minutos a 50 oC.
Após o período de incubação as atividades foram determinadas de acordo com
o método de TAN et al. (1987).
O pH ótimo da xilanase purificada foi determinado por incubação de
0,1 mL da enzima por 1 hora a 50 ºC em 0,9 mL de soluções de xilana de
bétula 1 % preparadas em tampão citrato-fosfato 50 mM (pH 2,5 - 7,0) e fosfato
de sódio 50 mM (pH 7,0 - 8,0). Após este período de incubação, as atividades
das xilanases foram determinadas de acordo com o método de BAILEY et al.
(1992).
4.17. Estabilidade Térmica
A estabilidade térmica das enzimas presentes no extrato inicial foi
determinada nas temperaturas de 40, 50 e 60 oC, incubando-as nas
respectivas temperaturas por períodos de 3 até 8 horas, separadamente dos
substratos. Após estes períodos foram determinadas as atividades enzimáticas
das mesmas.
4.18. Estabilidade ao pH
A estabilidade ao pH enzimas presentes no extrato inicial foi
determinada em pH 3,5, 5,0 e 6,5 em tampão fosfato-citrato 50 mM e
incubados a 50 oC por períodos de até 6 horas, separadamente dos substratos.
Após estes períodos foram determinadas as atividades enzimáticas das
mesmas.
61
4.19. Especificidade ao substrato
O estudo da especificidade da β-glicosidase, da xilanase e da mananase
purificadas foi realizado determinando as atividades destas enzimas após
serem incubadas em diferentes substratos e foi expresso em porcentagem de
atividade em relação à máxima atividade detectada para cada enzima. Foram
utilizadas xilana de “birchwood” 1 % (p/v), xilana “oat spelt” 1 % (p/v),
galactomanana 0,5 % (p/v), carboximetilcelulose 0,44 % (p/v), pPNG
0,1 % (p/v) e pNPX 0,1 % (p/v) como substrato.
62
5. RESULTADOS
5.1. ENZIMAS HIDROLÍTICAS PRODUZIDAS POR C. subvermispora
A produção de enzimas hidrolíticas é governada por diversos fatores,
principalmente quando realizada em substratos complexos como a madeira. As
hemiceluloses variam muito entre os diferentes grupos de plantas, variando
assim a acessibilidade da enzima ao substrato e a velocidade de liberação dos
oligossacarídeos, fatores que atuam como indutores ou em alguns casos, como
inibidores da síntese de enzimas. Considerando estas variações, buscou-se
avaliar o perfil protéico das enzimas presentes nos extratos de
C. subvermispora cultivado por 30 dias em cavacos de P. taeda.
Foram realizados no total 20 cultivos em biorreatores e após 30 dias de
incubação, detectou-se atividade enzimática de xilanase entre 388-593 UI/kg;
mananase (256-634 UI/kg); endoglucanase (24-76 UI/kg); β-glicosidase
(24-72 UI/kg) e baixas atividades de β-xilosidase em torno de 0,65-6,5 UI/kg. A
quantidade de proteína no extrato ficou próxima a 0,1 mg/mL. Os níveis de
enzimas obtidos após a 1ª extração de 4 horas e na 2ª extração de 12 horas
foram próximos, possivelmente pelo maior tempo de contato da solução
tampão com os cavacos na 2ª extração.
Após a realização de duas extrações sucessivas de cada biorreator, os
extratos foram reunidos e ultrafiltrados por membranas (100 kDa). O material
retido e ultrafiltrado foram analisados. As atividades enzimáticas do complexo
xilanolítico (xilanase e mananase) foram mais expressivas que as do complexo
celulolítico (carboximetilcelulose e β-glicosidase) (FIGURA 14).
C. subvermispora produziu baixa atividade de β-xilosidase, concordando com
relatos feito por SOUZA-CRUZ, (2002).
Na fração > 100 kDa, o volume foi reduzido 60 vezes, proporcionando
um aumento na concentração de proteínas e das atividades enzimáticas,
porém não se observou um aumento proporcional das atividades enzimáticas,
exceto para a β-glicosidase.
63
FIGURA 14 – Distribuição das atividades enzimáticas totais nas frações:
extrato inicial ( ), > 100 kDa ( ) e < 100 kDa ( ).
5.2. CARACTERIZAÇÃO DAS HEMICELULASES E CELULASES NO EXTRATO INICIAL
A estabilidade térmica das enzimas e a estabilidade em diferentes
valores de pH, são características importantes para aplicação industrial e para
o sucesso dos processos de purificação. Várias técnicas para purificação de
proteínas vem sendo empregadas, porém acredita-se que a chave para o obter
sucesso no processo de purificação é a seleção de uma técnica apropriada que
maximize o rendimento, levando em consideração a estabilidade das enzimas
em diferentes temperaturas e diferentes valores de pH. Além disso,
informações importantes podem ser adquiridas com o conhecimento do pI, da
massa molar e da hidrofobicidade das enzimas de interesse, permitindo uma
eficiente escolha do processo de purificação a ser utilizado (SÁ-PEREIRA et
al., 2003).
As enzimas apresentaram pH ótimos de atividade na faixa ácida. A
xilanase apresentou uma curva de pH com um patamar entre 3,5 e 4,0 e o
pH ótimo de 5,0. A partir deste valor a atividade enzimática reduziu e em
pH 8,0 encontrava-se apenas 20 % da atividade de xilanase (FIGURA 15). A
atividade de β-xilosidase foi ótima em pH 4,5 e da mesma forma que observado
para a xilanase a atividade reduziu em valores de pH elevados alcançando um
patamar correspondente a 20 % do valor da atividade máxima. A β-glicosidase
0
100
200
300
400
500
600
xilanase mananase endoglucanase xlosidase glicosidase
Ativ
idad
e en
zim
átic
a (U
I/kg)
64
apresentou atividade máxima em pH 4,0 e a mananase em pH 4,5, porém
acima de pH 7,0 não se detectava atividade enzimática. O pH ótimo da
carboximetil celulase foi o mais baixo (3,5) e acima de pH 6,0 a atividade
desapareceu completamente.
A temperatura ótima da xilanase foi 55 ºC e para as outras enzimas o
valor foi 60 ºC. A β-glicosidase, mananase e carboximetil celulase foram
inativadas a 80 ºC, enquanto que xilanase e β-xilosidase permaneceram com
parte da atividade a esta temperatura (FIGURA 16).
A estabilidade das enzimas à temperatura foi avaliada durante 6 h
resultando em maior estabilidade a 40 oC, destacando a β-glicosidase que
apresentou maior estabilidade em relação às outras enzimas (FIGURA 17).
Com relação ao pH, verificou-se que as enzimas foram mais estáveis em pH
5,0, novamente a β-glicosidase foi a enzima mais estável (FIGURA 18).
Para o acompanhamento do perfil protéico, uma amostra obtida do pré-
tratamento para remoção de cor, em sephadex G25, foi aplicada no gel de
poliacrilamida (SDS-PAGE) e pode-se identificar 9 bandas com massas
molares correspondentes a 110 kDa, 85 kDa, 60 kDa, 56 kDa, 52 kDa e
51 kDa, 45 kDa, 36 kDa e 21 kDa (FIGURA 19).
65
0
20
40
60
80
100
120
2 3 4 5 6 7 8pH
Glicosidase
0
20
40
60
80
100
120
2 3 4 5 6 7 8pH
Xilosidase
Ativ
idad
e en
zim
átic
a (%
)
0
20
40
60
80
100
120
2 3 4 5 6 7 8pH
Xilanase
0
20
40
60
80
100
120
2 3 4 5 6 7 8pH
Mananase
Ativ
idad
e en
zim
átic
a (%
)
0
20
40
60
80
100
120
2 3 4 5 6 7 8pH
Endoglucanase
FIGURA 15 – Efeito do pH a 50 ºC na atividade da β-glicosidase, β-xilosidase,
xilanase, mananase e CMCase, presente no extrato enzimático
de C. subvermispora
66
0
20
40
60
80
100
120
20 40 60 80Temperatura ºC
Glicosidase
0
20
40
60
80
100
120
20 40 60 80Temperatura ºC
Xilosidase
Ativ
idad
e en
zim
átic
a (%
)
0
20
40
60
80
100
120
20 40 60 80 100Temperatura ºC
Xilanase
0
20
40
60
80
100
120
20 40 60 80 100Temperatura ºC
Mananase
Ativ
idad
e en
zim
átic
a (%
)
0
20
40
60
80
100
120
20 40 60 80 100Temperatura
Endoglucanase
FIGURA 16 – Efeito da temperatura na atividade da β-glicosidase e da
β-xilosidase em pH 4,8 e da xilanase, mananase e CMCase em
pH 5,4, presente no extrato enzimático de C. subvermispora.
67
0
20
40
60
80
100
120
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tempo (horas)
B-gl
icos
idas
e (%
)
40 oC 50 oC 60 oC
0
20
40
60
80
100
120
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9Tempo (horas)
B-x
ilosi
dase
(%)
40 oC 50 oC 60 oC
0
20
40
60
80
100
120
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9Tempo (horas)
xila
nase
(%)
40 oC 50 oC 60 oC
0
20
40
60
80
100
120
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9Tempo (horas)
man
anas
e (%
)
40 oC 50 oC 60 oC
0
20
40
60
80
100
120
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9Tempo (horas)
endo
gluc
anas
e (%
)
40 oC 50 oC 60 oC
FIGURA 17 – Estabilidade da β-glicosidase, β-xilosidase, xilanase, mananase e
CMCase do extrato enzimático de C. subvermispora em relação
a valores de temperatura.
68
0
20
40
60
80
100
120
0 1 2 3 4 5 6 7
Tempo (horas)
B-gl
icos
idas
e (%
)
pH 3,5 pH 5,0 pH 6,5
0
20
40
60
80
100
120
0 1 2 3 4 5 6 7
Tempo (horas)
B-xi
losi
dase
(%)
pH 3,5 pH 5,0 pH 6,5
0
20
40
60
80
100
120
0 1 2 3 4 5 6 7Tempo (horas)
xila
nase
(%)
pH 3,5 pH 5,0 pH 6,5
0
20
40
60
80
100
120
0 1 2 3 4 5 6 7Tempo (horas)
man
anas
e (%
)
pH 3,5 pH 5,0 pH 6,5
0
20
40
60
80
100
120
0 1 2 3 4 5 6 7Tempo (horas)
endo
gluc
anas
e (%
)
pH 3,5 pH 5,0 pH 6,5
FIGURA 18 – Estabilidade da β-glicosidase, β-xilosidase, xilanase, mananase e
CMCase do extrato enzimático de C. subvermispora em relação
a valores de pH.
69
1 2
116 kDa
97,4 kDa
66 kDa
45 kDa
29 kDa
FIGURA 19 – Eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida (12,5 %),
corado com nitrato de prata, do extrato inicial. 1 – marcadores de
massa molar; 2 – bandas de proteínas presentes no extrato
inicial após Sephadex G-25.
70
5.3. PURIFICAÇÃO DAS ENZIMAS HIDROLÍTICAS
Várias estratégias foram utilizadas na purificação de enzimas, uma vez
que os extratos apresentavam forte pigmentação e baixo teor de proteína, que
interferiam na purificação das enzimas. Em vista destes problemas foram
testadas diferentes colunas de troca iônica, de permeação em gel e de
afinidade, com variações de tampão, pH e força iônica. Porém, poucas colunas
foram capazes de separar as enzimas presentes nos extratos.
5.3.1. Purificação de duas xilanases e uma mananase a partir do extrato inicial
5.3.1.1. DEAE - Sepharose CL - 6B
Um volume de 150 mL do extrato inicial foi aplicado na coluna de troca
iônica DEAE-Sepharose CL 6B, tendo sido obtidos cinco picos de proteína
(FIGURA 20). O pico I apresentou atividade sobre xilana, os picos II, III e IV
apresentaram baixa atividade de endoglucanase e xilanase e o pico V
apresentou atividade sobre xilana e manana. As frações coletadas referentes
ao pico I foram reunidas e a purificação obtida nesta etapa foi de 30 vezes
(TABELA 3). Essa amostra foi submetida à eletroforese em condições
desnaturantes tendo sido verificada a presença de uma proteína (FIGURA 21).
Pela análise do zimograma em paralelo com o gel desnaturante de
poliacrilamida confirmou-se a purificação da enzima de 79 kDa coincidindo com
uma atividade xilanolítica (FIGURA 21).
Os picos II, III e IV foram concentrados separadamente e aplicados em
gel desnaturante de poliacrilamida, apresentado apenas uma banda de
proteína de 29 kDa (FIGURA 22). Nos volumes correspondentes a estes picos
encontrou-se principalmente atividade de xilanase.
O pico V foi separado em duas frações de acordo com as atividades
enzimáticas detectadas. A 1ª fração correspondente ao volume entre 2080 a
2520 mL e 2ª fração correspondente a 2560 e 2780 mL. A fração do pico V que
apresentou apenas atividade de mananase foi reunida e concentrada, em
seguida uma amostra do concentrado foi aplicada em gel desnaturante de
71
poliacrilamida. Uma purificação de 9,9 vezes foi obtida (TABELA 4) e uma
única banda de proteína de aproximadamente 156 kDa pode ser observada em
SDS-PAGE (FIGURA 23).
FIGURA 20 – Perfil da cromatografia do extrato inicial em coluna de troca
iônica DEAE Sepharose CL 6B, eluído com tampão acetato de
sódio 50 mM, pH 5,8 e gradiente de NaCl de 0 a 500 mM.
TABELA 3 – Purificação de uma xilanase de 79 kDa através da coluna DEAE
CL 6B
Etapas Volume (mL)
Atividade (UI)
Proteína Total (mg)
Atividade específica
(UI/mg prot)
Recuperação (%)
Fator de purificação
(vezes) Extrato inicial 150 12,3 23,7 0,518 100,0 1,0
DEAE CL 6 B pico I 10 5,5 0,3 15,950 44,6 30,8
TABELA 4 – Purificação de uma mananase de 156 kDa através da coluna
DEAE CL 6B
Etapas Volume (mL)
Atividade (UI)
Proteína Total (mg)
Atividade específica
(UI/mg prot)
Recuperação (%)
Fator de purificação
(vezes) Extrato inicial 150 5,7 23,7 0,240 100,0 1,0
DEAE CL 6 B pico V 5 2,0 0,8 2,392 34,7 9,9
0
0,0025
0,005
0,0075
0,01
0,0125
0,015
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500
volumes de eluição (mL)
Ativ
idad
es e
nzim
átic
as(U
I/mL)
.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
Abs
orbâ
ncia
280
nm
xilanase mananase xilosidase glicosidaseendoglucanase NaCl abs 280 nm
NaC
l (%
)
100
0
72
1 2 A B
97,4 kDa
66 kDa
45 kDa
29 kDa
FIGURA 21 – A: Eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida (10 %),
corado com nitrato de prata, do pico I da coluna DEAE CL 6 B.
1 – marcadores de massa molar; 2 – xilanase com
aproximadamente 79 kDa; B: Zimograma para atividade da
xilanase purificada de 79 kDa em gel de atividade para xilanase.
73
2 1
116 kDa 97,4 kDa
66 kDa
45 kDa 29 kDa
FIGURA 22 – Eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida (10 %),
corado com nitrato de prata, dos picos II, III e IV da coluna DEAE
CL 6B. 1 – marcadores de massa molar; 2 – xilanase com
aproximadamente 29 kDa.
1 2
116 kDa97,4 kDa
66 kDa
45 kDa
29 kDa
FIGURA 23 – Eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida (12,5 %),
corado com nitrato de prata, do pico V da coluna DEAE CL 6B.
1 – marcadores de massa molar; 2 – mananase com
aproximadamente 156 kDa.
74
5.3.2. Purificação de uma β-Glicosidase e de uma xilanase a partir
do extrato concentrado (> 100 kDa)
5.3.2.1. Sephacryl S-300
Em resultados obtidos neste trabalho pode-se identificar a maior parte
da β-glicosidase na fração retida pela membrana de 100 kDa TABELA 5. Essa
fração foi então aplicada na coluna Sephacryl S-300 HR tendo sido obtido
3 picos de proteína (FIGURA 24) No pico I foi detectada somente atividade de
β-glicosidase. As atividades de xilanase, mananase, β-xilosidase e
β-glicosidase se concentraram no pico II. No pico III foi eluído grande parte da
cor presente na amostra.
As frações correspondentes aos picos de atividade foram reunidas,
concentradas por liofilização e aplicadas em SDS-PAGE, onde foi possível
identificar a presença de uma banda com massa molar de 110 kDa
(FIGURA 25).
TABELA 5 – Purificação de uma β-glicosidase presente no extrato
concentrado (>100 kDa).
Etapas Atividade (UI)
Proteína total (mgT)
Atividade específica
(UI/mg prot)
Recuperação (%)
Fator de purificação
(vezes)
Extrato inicial 44,7 408,9 0,109 100,0 1,0
>100 kDa 34,0 82,8 0,411 76,1 3,7
75
0
0,001
0,002
0,003
0,004
0,005
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
volume de eluição (mL)
Ativ
idad
es e
nzim
átic
as (U
I/mL)
.
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
Abs
orbâ
ncia
280
nm
xilosidase glicosidase absorbância 280 nm
B
FIGURA 24 – Perfil da cromatografia em coluna de permeação em gel
Sephacryl S-300 do extrato concentrado após ultrafiltração,
eluído com tampão acetato de sódio 50 mM, pH 5,4.
A: atividades de xilanase, mananase e endoglucanase,
β-glicosidase e β-xilosidase representadas no cromatograma;
B: atividade somente de β-glicosidase e β-xilosidase
representadas no cromatograma.
0
0,025
0,05
0,075
0,1
0,125
0,15
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
volume de eluição (mL)
Ativ
idad
es e
nzim
átic
as (U
I/mL)
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
Abs
orbâ
ncia
280
nm
xilosidase xilanase mananase
endoglucanase glicosidase absorbância 280 nm
A
76
O zimograma para β-glicosidase confirma a purificação desta enzima
com a formação de um halo escuro na mesma região da banda formada no gel
desnaturante de poliacrilamida (FIGURA 27).
O pico II do cromatograma, apresentou uma banda intensa e dispersa
próximo a 53 kDa e logo abaixo uma outra banda em torno de 45 kDa
(FIGURA 26). Foi realizado o zimograma para β-glicosidase do pico II, e
evidenciou-se uma banda com atividade de β-glicosidase próxima a 53 kDa
(FIGURA 28).
A concentração protéica elevada no pico II permitiu que o gel fosse
corado com azul de Comassie, diferentemente das outras amostras que só
apresentaram banda de proteína definida quando corado segundo o método de
impregnação por nitrato de prata. O pico II da Sephacryl S-300 foi então
fracionado na coluna de troca iônica DE-52 Cellulose.
77
1 2
116 kDa
97,4 kDa
66 kDa
45 kDa
29 kDa
FIGURA 25 – Eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida (10 %),
corado com nitrato de prata, do pico I da Sephacryl S-300. 1 –
marcadores de massa molar; 2 – β-glicosidase purificada.
FIGURA 26 – Zimograma para atividade de β-Glicosidase em gel de
poliacrilamida com Esculina como substrato. Atividade da
β-glicosidase de 110 kDa purificada.
78
1 2
116 kDa
97,4 kDa
66 kDa
45 kDa
29 kDa
FIGURA 27 – Eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida (10 %),
corado com Comassie Blue, do pico II da Sephacryl S-300. 1 –
marcadores de massa molar; 2 – pico II da Sephacryl S-300
concentrado.
2 1
66 kDa
45 kDa
29 kDa
FIGURA 28 – Zimograma para atividade de β-Glicosidase em gel de
poliacrilamida com Esculina como substrato 1 – marcadores de
massa molar; 2 –Atividade da β-glicosidase de aproximadamente
53 kDa presente no pico II da Sephacryl S-300 HR.
79
5.3.2.2. DE-52 Cellulose
O perfil cromatográfico da eluição da amostra nesta coluna de troca
iônica revela a presença de dois picos de proteína (FIGURA 29). O pico I foi
eluído antes do gradiente de NaCl e o pico II representa proteínas que ficaram
aderidas à resina e foram retiradas pelo gradiente de NaCl. Porém os
resultados da determinação das atividades enzimáticas mostram que no pico I
do cromatograma não foram encontradas atividades de nenhuma das cinco
enzimas hidrolíticas de interesse e que no pico II da DE-52 Cellulose
encontraram as atividades de xilanase, mananase, β-glicosidase e β-xilosidase,
igualmente presentes no pico II da Sephacryl S-300. Analisando o perfil das
atividades enzimáticas do pico II do cromatograma dividiu-se o mesmo em
3 frações (192 a 232 mL; 240 a 264 mL; e 272 a 288 mL). Estas frações foram
concentradas por liofilização e aplicadas em SDS-PAGE (FIGURA 30).
Analisando o gel, observa-se que apenas a fração 192 a 232 (poço 4),
apresenta bandas definidas de proteína. No entanto, não houve separação das
proteínas inicialmente eluídas na coluna. O perfil de proteína desta fração foi
semelhante ao do pico II da Sephacryl S-300 antes da eluição nesta DE-52
Cellulose. Identifica-se apenas uma melhora na definição das bandas tornando
possível estimar as massas molares de três proteínas quando comparadas
com a corrida dos marcadores molares. As massas molares das proteínas
foram estimadas em 65 kDa, 44 kDa e 31 kDa.
80
FIGURA 29 – Perfil da cromatografia em coluna de troca iônica DE-52
Cellulose do pico II da Sephacryl S-300, eluído com tampão
acetato de sódio 50 mM, pH 5,4 e gradiente de NaCl de 0 a
500 mM
0
0,005
0,01
0,015
0,02
0,025
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300volumes de eluição (mL)
Ativ
idad
es e
nzim
átic
as (U
I/mL)
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
Abs
orbâ
ncia
280
nm
glicosidase xilosidase xilanasemananase endoglucanase NaClabs 280 nm
NaC
l (%
)
100
0
81
1 2 3 4
97,4 kDa
66 kDa
45 kDa
29 kDa
FIGURA 30 – Eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida (10 %),
corado com prata, do pico II da DE-52 Cellulose. 1 – marcadores
de massa molar; 2 – fração 272 a 288; 3 – fração 240 a 264 e
4 – fração 192 a 232 com bandas de aproximadamente 65 kDa,
44 kDa e 31 kDa.
82
5.3.2.2.1. Concanavalina A
Uma vez que não foi possível separar as proteínas presentes no pico II
do cromatograma da Sephacryl S 300, através da coluna de troca iônica DE 52
Cellulose, uma amostra deste pico II foi aplicada na coluna de afinidade
Concavalina A.
O perfil cromatográfico desta coluna mostra dois picos de proteína e as
análises das atividades revelam atividades de xilanase e mananase no pico I
(FIGURA 31). As frações contendo estas atividades foram reunidas e
concentradas 4 vezes por liofilização e aplicadas em gel SDS. Pode-se
observar a presença de duas bandas de proteína com massas molares de
aproximadamente 66 kDa e 30 kDa nas duas canaletas com amostras dos dois
picos do cromatograma (FIGURA 33). Como esta coluna não foi capaz de
separar as proteínas, a fração correspondente ao pico I da Concanavalina A,
onde se encontrava maior atividade enzimática e maior teor de proteína, foi
aplicada em uma coluna de permeação em gel Sephadex G-50 obtendo-se
dois picos de proteína, com atividade de xilanase e mananase (FIGURA 32).
Entretanto, o gel apresentou uma banda inferior às encontradas até o
momento, mas que havia sido identificada no gel do extrato inicial
(FIGURA 19), com massa molar de 21 kDa (FIGURA 34). Os dois picos
apresentaram atividades muito baixas de xilanase e mananase, levando-nos a
acreditar que uma parte das enzimas ficou aderida à resina da Sephadex G-50.
Os resultados obtidos indicam que no extrato concentrado encontram-se
uma β-glicosidase de 110 kDa, uma mananase de aproximadamente 65 kDa,
duas xilanases, uma de aproximadamente 21 kDa e outra de 30 kDa.
83
FIGURA 31 – Perfil da cromatografia em coluna de afinidade Concavalina A do
pico II da Sephacryl S-300, eluído com tampão acetato de sódio
50 mM, pH 5,4 e gradiente de NaCl de 0 a 500 mM.
FIGURA 32 – Perfil da cromatografia em coluna de permeação em gel
Sephadex G-50 do pico I da Con A, eluído com tampão acetato
de sódio 50 mM, pH 5,4.
0
0,005
0,01
0,015
0,02
0 6 12 18 24 30 36 42 48 54 60volumes de eluição (mL)
Ativ
idad
es e
nzim
átic
as (U
I/mL)
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
Abs
orbâ
ncia
280
nm
xilanase mananase xilosidaseglicosidase endoglucanase NaClabs 280 nm
NaC
l (%
)
100
0
0
0,001
0,002
0,003
0,004
0,005
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40
volumes de eluiçã (mL)
Ativ
idad
es e
nzim
átic
as (U
I/mL)
0,0
0,1
0,1
0,2
0,2
0,3
0,3A
bsor
bânc
ia 2
80 n
m
xilosidase xilanase mananaseglicosidase endoglucanase abs 280 nm
84
1 2 3
205 kDa
116 kDa 97,4 kDa
66 kDa
45 kDa
29 kDa
FIGURA 33 – Eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida (12,5 %),
corado com prata, do pico I e II do cromatograma da
Concanavalina A. 1 – marcadores de massa molar; 2 – Pico II
bandas de aproximadamente 66 kDa e 30 kDa; 3 – Pico I,
bandas de aproximadamente 66 kDa e 30 kDa.
1 2 3
116 kDa
97,4 kDa
66 kDa
45 kDa
29 kDa
FIGURA 34 – Eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida (12,5 %),
corado com prata, do pico I e II do cromatograma da Sephadex
G 50. 1 – marcadores de massa molar; 2 – Pico II banda de
aproximadamente 21 kDa; 3 – Pico I, bandas de
aproximadamente 32 kDa e 21 kDa.
85
5.3.3. Purificação de uma mananase a partir do extrato ultrafiltrado (< 100 kDa)
5.3.3.1. Concentração e fracionamento das proteínas
A separação de proteínas de meios aquosos por precipitação é um dos
métodos industriais mais importantes de recuperação e pré-purificação destas
moléculas (CORTEZ e PESSOA Jr, 1999). Assim, a seqüência da purificação
do extrato ultrafiltrado em membranas de 100 kDa (<100 KDa) foi dada pela
precipitação do extrato com sulfato de amônio.
A etapa de precipitação fracionada com sulfato de amônio, possibilitou a
separação do extrato ultrafiltrado, em três frações as quais foram analisadas
quanto às atividades enzimáticas e concentrações protéicas. Os resultados
mostraram que a precipitação fracionada com 30 %, 60 % e 80 % de sulfato de
amônio foi responsável por uma grande perda no valor das atividades
enzimáticas. A maior parte das proteínas (60 %) também não foi recuperada
(FIGURA 35).
FIGURA 35 – Recuperação total das atividades enzimáticas e do teor de
proteina após precipitação fracionada com 30 %, 60 % e 80 %
de sulfato de amônio.
A precipitação de xilanase com sulfato de amônio resultou em 18 % de
recuperação, enquanto 60 % da mananase foi recuperada neste processo. Foi
0102030405060708090
100
xilanase mananase endoglucanase xilosidase glicosidase proteína
Rec
uper
ação
(%)
86
possível observar que a maior recuperação ocorreu com a mananase e que a
recuperação de xilanase foi maior que a recuperação do complexo celulolítico.
Os precipitados mesmo após diálise apresentaram uma forte
pigmentação. Apesar da concentração de proteínas ser mais alta nestas
amostras, não foi possível identificar bandas nos géis de eletroforese, pois os
compostos coloridos interferiram na resolução dos géis preparados com as
amostras precipitadas.
5.3.3.2. Extração de fenóis com PVP (polivinilpirrolidona)
Visando diminuir a presença de interferentes fenólicos no extrato
ultrafiltrado, três amostras de 150 mL cada, foram tratadas com 1 %, 2 % e 5 %
de PVP separadamente, para a adsorção seletiva dos fenóis. Este tratamento
resultou em extratos com menos pigmento, porém com uma recuperação
enzimática muito baixa (menos de 10 %), não sendo aplicado na seqüência
deste trabalho. As amostras tratadas com 1 % e 2 % de PVP apresentaram
uma recuperação de 7 % da atividade xilanolitica presente no extrato. Porém
na amostra tratada com 5 % de PVP, não foi possível determinar nenhuma
atividade enzimática, pois foi detectado um aumento no teor de açúcar do
meio, interferindo na leitura das atividades.
5.3.3.2.1. DEAE - Sepharose CL - 6B
Para a purificação das frações precipitadas com 30 %, 60 % e 80 % de
sulfato de amônio, aplicou-se primeiramente na coluna DEAE-Sepharose
CL 6B um volume de 10 mL da fração insolúvel (FI) em 60 % de sulfato de
amônio. Grande parte do pigmento presente ficou retido no início da coluna,
eliminando assim interferentes das frações coletadas. A DEAE CL 6B foi então
considerada como um primeiro passo na purificação da FI 60 % (FIGURA 36).
O pico I do cromatograma após ser concentrado quatro vezes apresentou
atividade somente de xilanase. O pico V, apresentou atividades de xilanase,
mananase, endoglucanase, β-xilosidase e β-glicosidase, dando seqüência ao
processo de purificação.
87
Com a diminuição do pigmento nas frações coletadas e com a
purificação de uma xilanase, aplicou-se também 20 mL da FI 30 % na DEAE
CL 6B equilibrada com o mesmo tampão acetato de sódio 50 mM, pH 6,0.
Obtendo-se um perfil cromatográfico igual ao DEAE CL 6B eluído com
amostras da FI 60 %.
0
0,0005
0,001
0,0015
0,002
0 10 20 30 40 50 60 70
volumes de eluição (mL)
Ativ
idad
es e
nzim
átic
as (U
/mL)
.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
abso
rbân
cia
280
nm
glicosidase xilosidase NaCl abs 280 nm
NaC
l (%
)
100
0
B
FIGURA 36 – Perfil da cromatografia em coluna de troca iônica DEAE CL 6B
da FI 60 % de sulfato de amônio, eluído com tampão acetato de
sódio 50 mM, pH 6,0 e gradiente de NaCl 0 – 500 mM.
A: atividades de xilanase, mananase, endoglucanase,
β-glicosidase e β-xilosidase; B: atividades somente de
β-glicosidase e β-xilosidase.
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0 10 20 30 40 50 60 70
volumes de eluição (mL)
Ativ
idad
e en
zim
átic
a (U
/mL)
.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
abso
rbân
cia
280
nm
xilanase mananase endoglucanaseglicosidase xilosidase NaClabs 280 nm
NaC
l (%
)
100
0
A
88
5.3.3.2.2. MONO Q H/R
Na tentativa de separar as proteínas presentes no pico V obtido da coluna
DEAE CL 6B, amostras foram aplicadas na coluna de troca iônica Mono Q
HR 5/5 equilibrada com tampão fosfato de sódio 50 mM, pH 7,0. O
cromatograma apresentou apenas um pico de proteína e a determinação das
atividades das cinco enzimas hidrolíticas de interesse nos volumes coletados
mostrou que não houve separação das mesmas. Como alternativa, o pH do
mesmo tampão foi alterado para 8,0. Este procedimento resultou na eluição de
uma fração. Após aplicação do gradiente de NaCl outra fração protéica foi
eluída da coluna (FIGURA 37).
Observa-se nos dois picos de proteína valores próximos de atividade de
mananase e endoglucanase, porém pode ser visto uma maior atividade de
xilanase no pico II.
0
0,005
0,01
0,015
0,02
0 10 20 30 40 50 60
volumes coletatos (mL)
ativ
idad
es (U
/mL)
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
abso
rbân
cia
280
nm
xilanase mananase endoglucanaseglicosidase xilosidase NaClproteina
NaC
l (%
)
100
0
FIGURA 37 – Perfil da cromatografia em coluna de troca iônica Mono Q do pico
V da DEAE CL 6B, eluído com tampão fosfato de sódio 50 mM,
pH 8,0 e gradiente de NaCl 0 – 500 mM e gradiente de NaCl de
0 a 500 mM.
89
5.3.3.2.3. DE- 52 Cellulose III
Na seqüência da purificação, o pico II do cromatograma da Mono Q, foi
dialisado com água desionizada até 3,02 mS e concentrado por liofilização
duas vezes. Após liofilização, 10 mL da amostra foram aplicados na coluna de
troca iônica DE-52 Cellulose equilibrada com tampão tris-HCl 50 mM, pH 9,0,
na tentativa de separar as proteínas que ainda ficaram ligadas à resina em
pH 8,0.
Três picos de proteínas foram separados na coluna. O pico I foi eluído
antes do gradiente de sal e os picos II e III ficaram retidos na coluna sendo
separados posteriormente (FIGURA 38). Logo após a eluição foram
determinadas as atividades enzimáticas das cinco enzimas de interesse, porém
os picos não apresentaram nenhuma atividade. As amostras correspondentes
aos 3 picos foram então dialisadas com água desionizada por 12 horas e
concentradas por liofilização. Estas amostras foram aplicadas em gel SDS
onde se observa uma banda de proteína de massa aproximada de 65 kDa,
correspondente ao pico II da DE-52 Cellulose (FIGURA 39).
0,0
0,2
0,4
0,6
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300volumes eluidos (mL)
Abs
orba
ncia
280
nm
0
20
40
60
80
100
120%
NaC
l
absorbância 280 nm gradiente NaCl
FIGURA 38 – Perfil da cromatografia em coluna de troca iônica DE-52
Cellulose do pico II da Mono Q, com tampão Tris-HCl 50 mM,
pH 9,0 e gradiente de NaCl 0 – 500 mM.
90
A mesma banda encontra-se no pico III, porém com outras bandas
difusas de menor massa molar. Entretanto, as frações correspondentes a estes
picos de proteína não apresentaram atividade enzimática mesmo após serem
concentrados. Acredita-se que as enzimas perderam atividade ao permanecer
em contato com o tampão tris-HCl pH 9,0 usado na coluna.
Comparando o gel da FIGURA 39 com o gel da FIGURA 33 pode-se
perceber que ambos apresentam uma banda de aproximadamente 65 kDa,
levendo-nos a inferir que a banda da FIGURA 39 corresponde a mesma
mananase anteriormente descrita.
91
1 2 3
66 kDa
45 kDa 36 kDa
29 kDa
24 kDa
20,1 kDa
14,2 kDa
FIGURA 39 – Eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida (12,5 %),
corado com prata, dos picos e proteína 1, 2 e 3 do
cromatograma da DE- 52 Cellulose eluída com amostra do pico II
da Mono Q HR 5/5. 1 – marcadores de massa molar; 2 – Pico 2,
banda de aproximadamente 65 kDa e 3 – Pico 3, bandas de
aproximadamente 65 kDa, 21 KDa e 16 kDa.
92
5.4. CARACTERIZAÇÃO BIOQUÍMICA DAS ENZIMAS PURIFICADAS
5.4.1. Caracterização bioquímica da β-glicosidase
5.4.1.1. Determinação dos parâmetros cinéticos para β-glicosidase
A β-glicosidase foi incubada na presença de pNPG e celobiose em
diferentes concentrações para estimativa de Km e Vmáx. Com pNPG obteve-se
Km de 0,994 mg/mL e Vmáx de 0,113 UI/mL e para celobiose Km de
0,902 mg/mL e Vmáx de 0,103 UI/mL (FIGURA 40).
0
100
200
300
400
500
-20 0 20 40 601/S
1/V
A
0
10
20
30
40
50
-2 -1 0 1 2 3 41/S
1/V
B
FIGURA 40 – Representação gráfica de Lineweaver-Burk (duplo-recíproco)
para a β-glicosidase purificada. A: efeito da concentração de
pNPG na atividade da enzima purificada; B: efeito da
concentração de celobiose na atividade da enzima purificada.
5.4.1.2. Efeito da temperatura
A enzima apresentou atividade máxima em 60 ºC com uma pequena
queda até 70 ºC, porém após esta temperatura a enzima apresentou uma
diminuição acentuada da atividade enzimática (FIGURA 41).
93
0
20
40
60
80
100
20 30 40 50 60 70 80 90Temperatura (ºC)
Ativ
idad
e en
zim
átic
a (%
)
FIGURA 41 – Efeito da temperatura na atividade da β-glicosidase purificada.
5.4.1.3. Efeito do pH Na FIGURA 42 observa-se que a β-glicosidase apresentou um pH ótimo
em 3,5 e que após este valor de pH ocorreu um rápido declínio na atividade
enzimática.
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0pH
Ativ
idad
e en
zim
átic
a (%
)
FIGURA 42 – Efeito do pH na atividade da β-glicosidase purificada.
94
5.4.1.4. Efeitos de compostos sobre a atividade da β-glicosidase purificada
A atividade da β-glicosidase foi reduzida na presença de FeCl3 e SDS
(TABELA 6). A glicose não afetou a atividade, enquanto KCl e uréia
aumentaram consideravelmente a atividade da β-glicosidase.
Os compostos CuSO4, ZnSO4, MgCl2, (NH4)2SO4, LiCl e MnCl2 inibiram
fracamente a atividade da enzima purificada, enquanto que EDTA inibiu 70 %
da atividade enzimática.
TABELA 6 – Efeitos de alguns compostos na atividade da β-glicosidase
purificada.
5.4.2. Caracterização bioquímica da xilanase de 79 kDa
5.4.2.1. Determinação dos parâmetros cinéticos para xilanase de 79 kDa
Os valores das constantes cinéticas de Michaelis-Menten para a
xilanase de 79 kDa corresponderam a um Km de 1,648 mg/mL e uma Vmáx de
0,048 UI/mL (FIGURA 43).
Compostos Atividade residual (%)β-glucosidase pura
Controle 100ZnSO4 58Uréia 71Glicose 69SDS 65MnCl2 272MgCl2 73(NH4)2SO4 85KCl 58CuSO4 30FeCl3 144LiCl 102EDTA 94
95
0
10
20
30
40
50
60
70
-0,8 -0,3 0,2 0,7 1,21/S
1/V
FIGURA 43 – Representação gráfica de Lineweaver-Burk (duplo-recíproco)
para a xilanase de 79 kDa.
5.4.2.2. Efeito da temperatura
O efeito da variação da temperatura sobre a atividade da xilanase de
79 kDa foi avaliado, medindo a atividade da enzima em temperaturas variando
entre 30 e 80 ºC. A enzima apresentou atividade máxima em 50 ºC e foi
desnaturada após esta temperatura (FIGURA 44).
0
20
40
60
80
100
120
20 30 40 50 60 70 80 90Temperatura (ºC)
Ativ
idad
e en
zim
átic
a (%
)
FIGURA 44 – Efeito da temperatura na atividade da xilanase de 79 kDa.
96
5.4.2.3. Efeito do pH
A xilanase de 79 kDa foi incubada em soluções de xilana com valores de
pH variando entre 3,0 e 10,0. Alcançando a máxima atividade em pH 8,0 tendo
um rápido declínio após este pH (FIGURA 45).
0
20
40
60
80
100
120
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0pH
Ativ
idad
e en
zim
átic
a (%
)
FIGURA 45 – Efeito do pH na atividade da xilanase de 79 kDa.
5.4.2.4. Efeitos de compostos sobre a atividade da xilanase de 79 kDa
Foram analisados o efeito de alguns compostos sobre a atividade da
xilanase de 79 kDa e os resultados estão representados na TABELA 7. A
maioria dos compostos testados teve um efeito discreto na atividade da
enzima. Entretanto AgNO3 e MnCl2 ativaram consideravelmente a enzima
purificada.
TABELA 7 – Efeitos de alguns compostos sobre a atividade da xilanase de
79 kDa.
Compostos Atividade residual (%)xilanase 79 kDa
Enzima pura 100ZnSO4 85CuSO4 90(NH4)2SO4 91FeCl3 90LiCl 91MnCl2 111AgNO3 214EDTA 96
97
5.4.3. Caracterização bioquímica da mananase de 156 kDa
5.4.3.1. Determinação dos parâmetros cinéticos da mananase de 156 kDa
A mananase de 156 kDa apresentou um gráfico de duplo-recíproco
linear e os valores de Km e Vmáx de 0,498 mg/mL; 0,353 UI/mL respectivamente
(FIGURA 46).
0
2
4
6
8
10
-3 -2 -1 0 1 2 3 41/S
1/V
FIGURA 46 – Representação gráfica de Lineweaver-Burk (duplo-recíproco)
para a mananase de 156 kDa.
5.4.3.2. Efeitos de compostos sobre a atividade da mananase de 156 kDa
A mananase foi incubada com alguns compostos. A enzima teve sua
atividade diminuída na presença da maioria dos compostos testados (TABELA
8). Sua atividade foi totalmente inibida com o íon FeCl3 e somente na presença
do AgNO3 a enzima foi ativada. O EDTA e o SDS também diminuíram a ação
enzimática em 36 e 66 % respectivamente. O aminoácido L Cisteína também
foi responsável pela diminuição da atividade enzimática.
98
TABELA 8 – Efeitos de alguns compostos sobre a atividade da mananase de
156 kDa.
Compostos Atividade residual (%)mananase 156 kDa
Enzima pura 100FeCl3 0AgNO3 103EDTA 64SDS 34L Cisteína 33CuSO4 21(NH4)2SO4 58MnCl2 18
5.4.3.3. Especificidade ao substrato
A especificidade a diferentes substratos das enzimas acima
caracterizadas está apresentada na TABELA 9.
A mananase de 156 kDa não foi específica para manana, apresentando
atividade sobre xilana de birchwood, xilana de oat spelt e carboximetilcelulose.
A xilanase de 79 kDa apresentou resultado semelhante, não sendo específica
para xilana.
TABELA 9 – Especificidade a diferentes substratos das enzimas purificadas.
Substratos Xilanase 79 kDa (%)
Mananase 156 kDa (%)
Xilana birchwood 100 72,9
Xilana oat spelt ND* 81,8
Galactomanana 58,4 100
Carboximetilcelulose 37,8 37,6
pNPG 0 0,1
pNPX 0 0
* ND: Não determinado.
99
6. DISCUSSÃO
6.1. Obtenção do extrato enzimático e análise da atividade das enzimas
Ceriporiopsis subvermispora foi cultivado em cavacos de Pinus taeda
por 30 dias sob condições de biopolpação. O crescimento fúngico foi
homogêneo com uma rede micelial sendo facilmente visível nos cavacos de
madeira a partir do 15º dia de biotratamento, semelhante ao resultado obtido
por SOUZA-CRUZ et al. (2004).
As enzimas extracelulares produzidas durante o processo de
biodegradação foram extraídas dos cavacos e o extrato foi analisado quanto as
atividades de xilanase, mananase, endoglucanase, β-glicosidase e
β-xilosidase, apresentando valores mais baixos de atividade enzimática e
menor concentração protéica que os observados para outros fungos crescidos
sob fermentação em estado sólido de lignocelulósicos (KALOGERIS et al.,
2003).
No entanto, deve-se considerar que a recuperação de enzimas
produzidas em madeira é dificultada pela estrutura repleta de poros do
substrato e pela natureza das proteínas que podem estar agregadas nos
lúmens das células (MACHUCA e FERRAZ, 2001). Além disso, vários autores
relatam que a produção de enzimas em substrato sólido é afetada pelas
condições de cultivo, tal como umidade, pH, temperatura e tipo de biorreator, e
que durante o processo de extração a temperatura, o tipo de solvente, o tempo
de extração e a inter-relação entre outras variáveis devem ser consideradas
como fatores importantes para o processo de extração (MARTINS et al., 2002;
SILVA et al., 2005).
Alguns estudos envolvendo o número de extrações das enzimas de
C. subvermispora foram reportados por SOUZA-CRUZ et al. (2004), que
revelaram que de uma forma geral, todas as atividades enzimáticas foram
recuperadas em maior quantidade na primeira extração, exceção feita aos
casos onde as atividades eram muito baixas. Sendo assim, duas extrações
consecutivas foram realizadas neste trabalho. No entanto, acredita-se que os
níveis de enzima recuperados poderiam ser aumentados após o estudo de
100
algumas variáveis que normalmente afetam as condições de extração. Porém,
um estudo da otimização das condições de extração ainda não foi realizado.
Analisando as atividades enzimáticas determinadas neste trabalho,
verificou-se que a atividade de xilanase e mananase foi cerca de cem vezes
maior que β-xilosidase e dez vezes maior que endoglucanase e β-glicosidase.
A atividade de exoglucanase não foi detectada. Resultado semelhante foi
encontrado por SOUZA-CRUZ et al. (2004), sob as mesmas condições de
cultivo, onde os níveis de atividade de xilanase foram de 778 ± 92 UI/ kg de
cavaco de madeira, porém não foi possível quantificar a atividade de celulases
totais no meio, pelo método padrão com papel de filtro.
Quando C. subvermispora foi cultivado em cavacos de Eucalyptus
grandis, sob condições de fermentação em estado sólido com extrato de malte
como co-substrato, a atividade xilanolítica também foi a principal atividade
hidrolítica encontrada. A máxima atividade xilanolítica foi obtida após 15 dias
de biodegradação (960 UI/ cultura), sendo que com 30 dias se detectava
942 UI/ cultura. Uma menor atividade do complexo celulolítico, 26 UI/ cultura de
β-glicosidase também foi detectada após 30 dias de biodegradação e não foi
possível quantificar a atividade de celulases totais no meio (FERRAZ, et al.,
2003).
SETHURAMAN et al. (1998), entretanto, haviam relatado que a
produção destas enzimas é extremamente dependente da fonte de carbono
presente no meio, mas que em diferentes meios líquidos C. subvermispora
também apresentou maior atividade hemicelulolítica quando comparada às
atividades celulolíticas. Foi também relatado que seu sistema celulolítico é
deficitário em celobiohidrolase, podendo explicar a baixa degradação de
celulose ocasionada também por este fungo (GUERRA et al., 2003).
C. subvermispora tem sido utilizado no processo de biopolpação
(MESSNER e SREBOTNIK, 1994; AKHTAR, et al., 2000). Estudos mostram
que neste processo a seletividade na degradação de lignina é fundamental e
que a produção de um sistema celulolítico incompleto contribui para a eficiência
do processo (FERRAZ et al., 2003, GUERRA et al., 2003). Alguns autores
relatam que o biotratamento de cavacos de madeira com C. subvermispora
aumentou a extensão da remoção de lignina durante a polpação e o
branqueamento, resultando em um maior alvura da polpa dissolvida e também
101
melhorou a seletividade do processo de branqueamento, assim aumentando o
rendimento final da polpação (FERRAZ et al., 1998).
Adicionalmente, a biopolpação de cavacos com C. subvermispora é de
especial interesse econômico para a obtenção de enzimas na própria fábrica
de celulose, possibilitando a sua utilização em outras etapas da fabricação de
celulose, em especial no branqueamento e no refino das polpas. É prioritária a
obtenção de xilanases livres de celulases (CHRISTOV e PRIOR, 1998).
Resultados mostram que polpas tratadas com xilanases e mananases
são mais facilmente branqueadas e apresentam uma melhor qualidade final,
além de tornar o processo menos agressivo para o meio ambiente (VIIKARI et
al., 1994). A baixa produção de celulases e o grande volume de enzimas que
pode ser obtido após a biopolpação de cavacos com C. subvermispora
estimulam a implantação do processo de biopolpação.
Xilanases e celulases são produzidas por C. subvermispora em níveis
que podem ser aplicados no branqueamento da polpa (10 U/g de polpa)
(HEIDORNE et al, 2004). Entretanto as condições de pH e temperatura das
polpas kraft não são muito adequadas para aplicação direta das xilanases e
mananases, pois a polpa é processada em condições fortemente alcalinas e no
final do processo a temperatura é alta (90 ºC). Nestas condições a xilanase e
mananase de C. subvermispora seriam inativadas. É portanto conveniente um
ajuste do pH das polpas para 5,0 e uma redução da temperatura para 40 ºC
antes do tratamento enzimático.
A caracterização das hemicelulases e das celulases produzidas por
C. subvermispora e presentes no extrato inicial revelou que o pH ótimo da
xilanase e da endoglucanase foi de 5,0 e 3,5, respectivamente, enquanto para
as outras enzimas foi de 4,5. A β-glicosidase e a β-xilosidase apresentaram
temperatura ótima de 60 ºC e xilanase, mananase e endoglucanase de 55 ºC.
Estes resultados são semelhantes aos da literatura, onde geralmente as
enzimas hidrolíticas produzidas por fungos apresentam valores de pH entre 3,0
e 7,0 (SETHURAMAN et al.,1998). Além disso, em pH 5,0 estas enzimas foram
mais estáveis. A β-glicosidase, mostrou maior estabilidade nos valores de pH
testados. Estes resultados assemelham-se aos descritos na literatura, onde
enzimas celulolíticas produzidas por P. chrysosporium foram mais
termoestáveis que as xilanolíticas (KHALIL, 2002). Entre as enzimas
102
hemicelulolíticas, xilanase apresentou maior termoestabilidade, permanecendo
com mais de 90 % da sua atividade após 6 horas de incubação a 40 ºC e a
50 ºC e permaneceu com 50 % da atividade após 6 horas a 60 ºC. A
termoestabilidade da xilanase mostrada neste presente estudo pode ser
comparada com xilanases de outros microrganismos, como de Thermomyces
lanuginosus e Bacillus thermoalkalophilus que apresentaram uma meia vida de
108 e 150 minutos a 60 ºC, respectivamente (RAJARAM e VARMA, 1990).
Todavia, encontra-se descrito que xilanases de diferentes
microrganismos são normalmente estáveis numa faixa de pH entre 3 e 10,
apresentando um pH ótimo entre 4 e 7. A temperatura ótima para xilanase de
bactéria e fungos varia de 40 – 60 ºC. Xilanases fúngicas são menos
termoestáveis que as bacterianas. Outras enzimas hemicelulolíticas como
mananases de basidiomicetos também mostram-se especialmente estáveis em
regiões ácidas de pH, com atividade ótima entre pH 3,5 e 5,5 (GÜBITZ, 1996a)
e costumam apresentar uma atividade máxima próximo a 50 ºC. Para
β-glicosidases fungicas entretanto, valores entre 50 e 70 ºC tem sido relatados
como temperatura ótima destas enzimas (YAZDI et al., 2003).
6.2. Purificação e caracterização de hemicelulases e de uma β-glicosidase produzidas por C. subvermispora
Embora vários estudos mostrem que a produção de enzimas
hemicelulolíticas e celulolíticas seja afetada pela natureza do substrato usado
na fermentação, informações sobre estas enzimas produzidas por
basidiomicetos causadores de podridão branca ainda são escassas, sendo a
composição do sistema celulolítico e hemicelulolítico estudada em detalhes
somente em alguns basidiomicetos (BALDRIAN e GABRIEL, 2003). Pouco é
conhecido sobre as enzimas hidrolíticas produzidas por C. subvermispora.
Sabe-se que este fungo produz um sistema hemicelulolítico mais ativo que o
celulolítico, porém nenhuma caracterização destas enzimas ainda foi feita, não
estando completamente descrita a importância e a função destas enzimas na
biopolpação.
Nesta direção, a purificação das enzimas hemicelulolíticas e celulolíticas
produzidas por C. subvermispora após 30 dias de biodegradação foi iniciada
103
com a análise do perfil protéico do extrato inicial em SDS-PAGE. A eletroforese
do extrato inicial apresentou 9 bandas de proteína, sendo que estas bandas
apresentavam intensidade diferenciada, provavelmente devido às diferentes
concentrações protéicas. Não se pode descartar a existência de outras
proteínas no meio, com concentração protéica inferior a detectável pela técnica
utilizada na coloração do gel.
A presença de um conjunto de enzimas produzidas por
C. subvermispora já havia sido relatada anteriormente em trabalhos realizados
por BLANCHETTE et al. (1992) e VICUÑA et al. (1996). Porém, neste último
trabalho foram estudas enzimas lignolíticas produzidas por este fungo em meio
sólido e em meio líquido. Em meio líquido sete isoformas de MnP e quatro
isoenzimas de lacase foram reveladas por “isoelectrofocusing” (IEF). No
entanto, quando crescido em madeira de P. radiata o fungo também produziu
MnP e lacase, e a IEF mostrou que os pontos isoelétricos das lacases
produzidas foram semelhantes aos das lacases produzidas em meio líquido,
mas somente quatro isoformas de MnP foram reveladas com valores de pI
diferentes. As massas molares das MnP produzidas em meio líquido foram
próximas a 52,5 kDa, enquanto das MnP extraídas de madeira variaram de
52,5 kDa a 62,5 kDa (LOBOS et al., 1994; VICUÑA, et al., 1996). Estes
resultados adequam-se à hipótese de que a produção de enzimas por
C. subvermispora é extremamente dependente da fonte de carbono
(SETHURAMAN et al., 1998; VICUÑA et al., 1996).
Durante o processo de purificação das enzimas hemicelulolíticas e
celulolíticas produzidas pelo C. subvermispora, três xilanases, duas
mananases e uma β-glicosidase presentes no extrato enzimático foram
purificadas.
Diferentes etapas foram necessárias para a purificação destas enzimas,
possível razão pela baixa recuperação das mesmas, conforme já apontado por
SÁ-PEREIRA et al. (2003). Além disso, acredita-se que a baixa recuperação
enzimática também foi ocasionada pela presença de pigmento no extrato
enzimático. A pigmentação escura encontrada após extração é principalmente
devida à presença de polifenóis extraídos da madeira. Segundo LEATHAM et
al. (1991), um dos maiores problemas encontrados na extração de enzimas
extracelulares produzidas por fungos em madeira é a grande extração de
104
polifenóis, pois freqüentemente interferem na recuperação enzimática e no
processo de purificação.
Tradicionalmente, métodos para remover polifenóis incluem adsorção de
polifenóis com polivinilpirrolidona (PVP) ou precipitação de proteínas com
sulfato de amônio ou solventes orgânicos. Porém, neste trabalho após alguns
testes com PVP e sulfato de amônio, observou-se uma recuperação muito
baixa das atividades enzimáticas e da concentração de proteína do meio.
Alguns autores mostraram que o sulfato de amônio pode promover maior
floculação das enzimas do que precipitação, ocasionando baixos níveis de
recuperação (GEORIS et al., 2000). Outros resultados são também
encontrados na literatura, onde a precipitação de proteínas com sulfato de
amônio também resulta em baixos níveis de recuperação enzimática, em torno
de 17 % (SÀ-PEREIRA et al., 2003), corroborando com a aceitação dos
resultados agora obtidos.
As xilanases purificadas apresentaram massas molares de 21 kDa,
29 kDa e 79 kDa em SDS-PAGE. Estas massas são próximas às de outras
xilanases de basidiomicetos, tais como xilanases de 20 kDa e 26 kDa de
Sporotrichum dimorphosporum (COMTAT, 1983), de 34,6 kDa de Panus
tigrinus (NAZARETH e SAMPY, 2003), e xilanases de 62 kDa de I. lacteus
(KANDA et al., 1985).
A β-glicosidase de 110 kDa purificada também apresentou massa molar
semelhante às massas molares de β-glicosidases de outros basidiomicetos,
como uma β-glicosidase de 116 kDa de P. chrysosporium (IGARASHI et al.,
2003) e uma β-glicosidase de 107 kDa de S. rolfsii (SHEWALE e SADANA,
1981). Ao mesmo tempo, β-glicosidases com massas molares próximas a
60 kDa também estão relatadas na literatura (CAI et al., 1998), assegurando a
existência da β-glicosidase de 53 kDa parcialmente purificada neste trabalho.
Múltiplas β-glicosidases excretadas por Schisophyllum commune e Neurospora
crassa já foram descritas, apresentando massas molares de 96 e 102 kDa e
178, 106 e 43 kDa (YAZDI et al., 2003), respectivamente. Além disso, pode-se
especular que a β-glicosidase de 53 kDa purificada neste trabalho é uma
glicoproteína, pois ficou aderida à coluna de afinidade Concanavalina A, visto
que esta coluna se liga a glicoproteínas que contêm α-D-manopiranosil e / ou
α-D-glicopiranosil em suas extremidades, à semelhança do resultado
105
encontrado para quatro β-glicosidases purificadas de S. rolfsii (SHEWALE e
SADANA, 1981).
Por outro lado, quando consideramos as mananases purificadas neste
trabalho, observamos que somente a de 65 kDa possui massa molar próxima
às de outros fungos, como a mananase de 61 kDa de S. rolfsii (GÜBITZ et al.,
1996b) e mananases de T. reesei e Trametes versicolor que possuem massas
molares próximas a 46 kDa (SACHSLEHNER e HALTRICH, 1999). Mananases
com massas molares próximas a 156 kDa somente foram encontradas em
estudos feitos com bactérias. Mananases purificadas de E. casseliflavus
apresentaram massa molar de 137kDa e 142 kDa (ODA et al., 1993).
A xilanase de 29 kDa possui ponto isoelétrico maior que 5,8, enquanto o
pI da xilanase de 79 kDa é menor que 5,8. Seguindo o mesmo raciocínio, a
xilanase de 21 kDa purificada possui um ponto isoelétrico maior que 5,4.
Segundo WONG et al. (1988), xilanases com baixa massa molar que
apresentam ponto isoelétrico alcalino (8,3 – 10,0) em sua maioria pertencem à
família 11 das glicosil hidrolases, enquanto xilanases com alta massa molar
que apresentam ponto isoelétrico ácido (3,6-4,5) pertencem à família 10 das
glicosil hidrolases. Porém, várias exceções têm sido encontradas e
aproximadamente 30 % das xilanases atualmente identificadas, em particular
xilanases fúngicas, não podem ser classificadas seguindo esta sistemática
(COLLINS et al., 2005). Considera-se que estudos baseados na seqüência de
aminoácidos do domíno catalítico destas enzimas são necessários para uma
segura classificação das xilanases em famílias das glicosil hidrolases
(BEAUGRAND et al., 2004). Portanto, não se pode assegurar à quais famílias
as xilanases purificadas neste trabalho pertencem.
Observou-se também que as mananases de 156 kDa e de 65 kDa
purificadas neste trabalho apresentaram valores de pI maiores que 5,8 e 8,0,
respectivamente. Porém, esses valores de pI não são normalmente
encontrados para mananases produzidas por fungos, sendo características de
algumas mananases de Bacillus sp que apresentaram pI alcalino e alto
conteúdo de aminoácidos básicos em sua constituição (ZAKARIA et al., 1998;
XU et al., 2002).
Devido à contínua interferência do pigmento presente no extrato nos
processos de purificação e à baixa recuperação destas enzimas, fez-se
106
necessária a liofilização das amostras ocasionando uma expressiva diminuição
do volume recuperado, impedindo a realização de alguns processos de
caracterização posteriores.
Os efeitos da temperatura e do pH foram avaliados na atividade da
xilanase de 79 kDa. Os resultados mostraram que, diferentemente da maioria
das xilanases fúngicas, esta enzima apresentou um pH ótimo alcalino. Por
outro lado, estes resultados foram semelhantes aos encontrados para
xilanases de 62 e 38 kDa purificadas de I. lacteus que apresentaram atividade
máxima em pH alcalino e atividade ótima a 60 ºC (KANDA et al., 1985).
Xilanases de Lentinus edodes (MISHRA et al., 1990), P. tigrinus (NAZARETH e
SAMPY, 2003) e P. chrysosporium (KHALIL, 2002), também apresentaram
atividade ótima à 60 ºC. Xilanases de outros fungos como Aspergillus nidulans,
Streptomyces sp e Acrophialophora nainiana apresentaram atividade máxima
em pH próximo a 8,0 e atividade ótima entre 55-60 ºC (RIZZATI, 2004).
A xilanase de 79 kDa exibiu um Km de 1,648 mg/mL com uma Vmáx de
0,048 UI/ mL para xilana de birchwood. O valor de Km desta enzima foi maior
que Km de xilanases purificadas de P. tigrinus (0,63 mg/mL) (NAZARETH e
SAMPY, 2003) e L. edodes (0,66 mg/mL) (LEATHAM et al., 1991), no entanto
foi menor que o Km de xilanases de outros fungos como A. caepistosus
(2,5 mg/mL e 3,9 mg/mL) (SANDRIM et al., 2005). Esta enzima apresentou
atividade frente à manana e à carboximetilcelulose, porém não atuou sobre
pNPX e pNPG. A baixa especificidade apresentada por xilanases de alta
massa molar pertencentes à família 10 das glicosil hidrolases também já havia
sido descrita por WONG et al. (1988).
A maioria dos compostos testados teve um efeito discreto na atividade
da xilanase de 79 kDa, semelhante ao obtido para xilanase purificada de T.
lanuginosus (LIN et al., 1999) e uma ativação por AgNO3 e MnCl2 também
observada na xilanase de A. fumigatus (ANTHONY et al., 2002).
Os estudos de temperatura e pH ótimo não foram realizados para a
mananase de 156 kDa devido ao baixo volume de enzima recuperada durante
o processo de purificação. O estudo cinético desta enzima revelou um Km de
0,498 mg/mL para galactomanana, mostrando uma alta afinidade desta enzima
pelo substrato, quando comparada com mananases purificadas de T. versicolor
(SACHSLEHNER e HALTRICH, 1999; JOHNSON e ROSS, 1990) e com a
107
mananase de 36 kDa purificada de T. harzianum (FERREIRA e FILHO, 2004),
sendo esse valor comparável ao obtido para mananases de T. reesei e com as
mananases de 42 e 61 kDa purificadas de S. rolfsii (GÜBITZ, 1996b). Esta
mananase de 156 kDa, no entanto, também exibiu atividade junto a xilana de
birchwood, xilana oat spelt e carboximetilcelulose, comportamento comparável
ao de mananases de outros fungos e de uma mananase de B. subtilis
(ZAKARIA et al., 1998).
Os mesmos compostos avaliados com xilanase promoveram uma maior
inibição na mananase, revelando diferenças entre estas duas enzimas.
Mananases de Bacillus sp também foram inibidas por tais compostos (ODA,
1993), diferentemente da mananase de S. rolfsii (GÜBITZ, 1996a) e T.
harzianum (FERREIRA e FILHO, 2004).
A temperatura ótima e o pH ótimo da β-glicosidase de 110 kDa foram
avaliados apresentando valores próximos aos relatados para duas
β-glicosidases produzidas por Volvariella volvace com temperaturas ótimas de
55 ºC e 60 ºC (CAI et al., 1998) e uma β-glicosidases purificada de S. rolfsii
com atividade máxima em pH 4,2 (SHEWALE e SADANA, 1981).
As propriedades cinéticas da β-glicosidase de 110 kDa foram avaliadas
com celobiose e pNPG como substrato, onde os valores de Km obtidos para
esta enzima nos dois substratos foram muito próximos e semelhantes aos
valores obtidos para β-glicosidase purificada de P. chrysosporium e
S. termophile com celobiose como substrato (IGARASHI et al., 2003; KAWAI et
al., 2003; BHAT et al., 1993) e para S. rolfsii com pNPG (SADANA et al., 1983).
O efeito de potenciais inibidores ou ativadores das atividades destas
enzimas também foi estudado, podendo ser encontrados na literatura
resultados de inibição por metais semelhantes para β-glicosidase de
V. Volvacea (CAI et al., 1998) e de T. gibbosa (BALDRIAN, 2003).
Além disso, podemos observar que a atividade de β-glicosidase foi maior
do que a atividade de endocelulase e que a β-glicosidase aqui produzida
apresentou valores de atividade maiores do que os relatados para outros
basidiomicetos. Entretanto, é sabido que a β-glicosidase é uma enzima “chave”
para a completa degradação da celulose, fornecendo assim carbono e energia
para o fungo. Como vimos, C. subvermispora possui um sistema celulolítico
deficitário de celobiohidrolase e apresenta baixa concentração de
108
endocelulases, levando-nos a especular sobre a verdadeira função da
β-glicosidase produzida por este fungo. De acordo com a literatura, fungos
causadores de podridão branca inicialmente atacam as cadeias de celulose
gerando fragmentos com centenas de unidades de glicose. No entanto,
estudos feitos por GUERRA et al. (2003) indicam que C. subvermispora não
consome estes fragmentos na velocidade em que eles são produzidos, e que o
sistema hidrolítico excretado por este fungo não foi adequado para degradar a
celulose até monômeros utilizáveis pelo metabolismo intracelular. A falta de
atividade de celobiohidrolase pode explicar os baixos níveis de mineralização
da celulose promovida por este fungo. Endo-celulases podem ser os agentes
causadores da despolimerização da celulose, mas a baixa permeabilidade da
parede celular das madeiras a estas enzimas sugere que a despolimerização
da celulose induzida por compostos de baixa massa molar, como reportado
para os fungos causadores de podridão parda, não deve ser excluída (FERRAZ
et al., 2003). O sistema Fenton (Fe2+ e H2O2), conhecido pela capacidade de
despolimerizar celulose, pode ser gerado em culturas de fungos causadores de
podridão branca, desde que H2O2 esteja presente e Fe2+ possa ser formado
pela atividade de enzimas como celobiose desidrogenase, manganês
peroxidase e também pela atividade de redução do Fe3+ por ácidos carboxílicos
hidroxiaromáticos produzidos por fungos (TANAKA et al., 1999; HENRIKSSON
et al., 2000a; HAMMEL et al., 2002). Considerando a despolimerização da
celulose e a fomação de celooligossacarideos por este sistema, podemos
tentar explicar a produção de β-glicosidase por este fungo, as duas
β-glicosidases hidrolisariam celodexdrinas solúveis à glicose ou ácido
celobiônico à glicose e gluconolactona.
A via mais importante de degradação de celobiose é através da
β-glicosidase. Uma outra via para conversão de celobiose seria através da
celobiose desidrogenase. Esta enzima foi sugerida como sendo uma
importante enzima na biodegradação da lignina e da celulose, sendo
encontrada em culturas de basidiomicetos causadores de podridão branca
como P. chrysosporium, T. versicolor, Pycnoporus cinnabarinus e S. commune
(SIGOILLOT et al., 2002), entretanto esta enzima não foi detectada nos
extratos de C. subvermispora. Esta enzima previniria a inibição do sistema
celulolítico por celobiose.
109
Freqüentemente tem sido descrito que um mesmo microrganismo
produz múltiplas formas de enzimas extracelulares hemicelulolíticas e
celulolíticas (WONG et al., 1988; XU et al., 2002), sendo que em alguns casos
é possível que estas enzimas sejam produzidas por genes distintos e, em
outros, sejam produtos de um mesmo gene (CHRISTAKOPOULOS et al., 1996;
BIELY, 1993; DEN HAAN e VAN ZYL, 2003). A ocorrência de múltiplas
enzimas do complexo xilanolítico e celulolítico em um mesmo microrganismo
nos leva a formular hipóteses sobre a função destas enzimas. É sabido que
enzimas degradadoras de celulose e hemicelulose são necessárias para o
fornecimento de carbono e energia para o crescimento fúngico em materiais
lignocelulósicos, porém diferenças nas propriedades bioquímicas como
especificidade ao substrato, pH ótimo e temperatura ótima, são requeridas para
uma completa degradação do substrato, devido à complexidade dos mesmos.
Assim, a produção de múltiplas enzimas pode ser uma estratégia do
microrganismo que lhe confere vantagens adaptativas.
Porém, o papel das enzimas hidrolíticas durante os estágios iniciais de
degradação da celulose por fungos causadores de podridão branca ainda não
está claro. Estudos têm demonstrado que proteínas com massas molares
próximas a 40 kDa, aparentemente não permeiam através da parede celular da
madeira, sendo assim considerada a necessidade da ação de alguns
compostos de baixa massa molar.
110
7. CONCLUSÕES
Os resultados obtidos neste trabalho nos levam a concluir que:
- O crescimento do C. subvermispora em cavacos de Pinus taeda foi
homogêneo e visível após curto período de biodegradação, O fungo
foi hábil para produzir enzimas sob estas condições, no entanto o
extrato enzimático apresentou baixa concentração protéica e forte
pigmentação, dificultando o processo de purificação das enzimas
hemicelulolíticas e celulolíticas produzidas por C. subvermispora.
- A caracterização do extrato inicial revelou atividade de xilanase,
mananase, endoglucanase, β-glicosidase e β-xilosidase, com um
perfil eletroforético apresentando nove bandas protéicas entre 110
kDa e 21 kDa. As temperaturas ótimas destas enzimas foram
próximas com um pH ótimo, semelhante ao reportado na literatura.
No entanto, detectou-se maior atividade xilanolítica em pH 5,0, sendo
este pH menor que o indicado pelo método de BAILEY et al. (1992)
para a determinação da atividade xilanolítica.
- Verificou-se que as enzimas apresentam maior estabilidade em pH
5,0 e a 40 oC e que a β-glicosidase foi a enzima de maior
estabilidade.
- O processo de purificação destas enzimas resultou em três
xilanases, duas mananases e uma β-glicosidase purificadas. Uma
multiplicidade de uma mesma enzima foi encontrada com diferentes
características, confirmando resultados anteriormente descritos com
fungos degradadores de madeira.
- A caracterização bioquímica das enzimas purificadas foi dificultada
pela baixa recuperação das mesmas, após os processos de
purificação. Entretanto foi possível caracterizar uma β-glicosidase de
110 kDa apresentando máxima atividade em pH 3,5 e temperatura
111
ótima em 60 ºC e uma xilanase de 79 kDa apresentando atividade
máxima em pH 8,0 e temperatura ótima em 50 ºC. Diferentemente do
extrato bruto esta xilanase revelou um pH ótimo alcalino, indicando
que a mesma não é a xilanase mais ativa no extrato bruto ou que
muda seu comportamento quando purificada.
- Estes parâmetros são de grande importância para avaliar as
aplicações biotecnológicas possíveis para estas enzimas. Porém faz
se necessário dar continuidade para estes estudos, observando sua
especificidade, a presença de domínios de ligação a carboidratos e
os produtos gerados pelas mesmas.
112
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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130
9. ANEXOS
9.1. Anexo A: Curva padrão do log da massa molar versus Kav das
proteínas padrões aplicadas na coluna Sephacryl S-300.
3,5
4,5
5,5
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1Kav
log
da m
assa
mol
ecul
ar
Azul Dextran (2 x 10 g/mol)
Ovalbumina (45 KDa)
Gliceraldeido (36 KDa)
Tripsinogênio (24 KDa)
Acetona (57 g/mol)
6
131
9.2. Anexo B: Curva padrão do log da massa molar versus Kav das
proteínas padrões aplicadas na coluna Sephadex G-50.
3
4
5
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1Kav
log
da m
assa
mol
ecul
ar Azul Dextran (2 x 10 g/mol)
Inibidor de Tripsina (20,1 KDa)
Lactalbumina (14,2 KDa)
Acetona (57 g/mol)
6