Expressão, purificação e cristalização da endo- e exo-αααα-1,5-L...

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Expressão, purificação e cristalização da endo- e exo-α-1,5-L-arabinanases obtidas de uma biblioteca metagenômica Bolsista Maria da Conceição M. F. da Costa Estudante de Biomedicina da Universidade Federal de Pernambuco Orientador Prof. Dr Mário Tyago Murakami Dra Camila Ramos dos Santos LNBio

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Expressão, purificação e cristalização da

endo- e exo-αααα-1,5-L-arabinanases obtidas

de uma biblioteca metagenômica

Bolsista

Maria da Conceição M. F. da Costa Estudante de Biomedicina da Universidade

Federal de Pernambuco

Orientador

Prof. Dr Mário Tyago Murakami Dra Camila Ramos dos Santos

LNBio

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Expressão, purificação e cristalização da

endo- e exo-αααα-1,5-L-arabinanases obtidas

de uma biblioteca metagenômica

Bolsista

Maria da Conceição M. F. da Costa Estudante de Biomedicina da Universidade

Federal de Pernambuco

Orientador

Prof. Dr Mário Tyago Murakami Dra Camila Ramos dos Santos

LNBio

2011

3

“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daquele que amam a Deus,

daqueles que são chamados segundo seu propósito.”

Romanos 8:28.

4

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus, o autor e consumador da minha fé, que

me conduziu até aqui. Sem Ele eu nada sou e nada posso fazer.

Aos meus queridos pais, que me ajudaram, incentivaram e lutaram

comigo pra chegar até aqui.

Aos meus amigos, todos que me apoiaram e estiveram comigo, ainda que

de longe se fizeram perto.

Agradeço a todos do grupo BBE que me deram o apoio, bancada e que

tiraram dúvidas durante todo o “bolsas de verão”.

Aos meus orientadores Dr. Mario Murakami e Dra. Camila Santos, os quais

me ensinaram muito, e me permitiram vivenciar toda a experiência do “bolsas de

verão” com muita intensidade.

Agradeço também a todos que organizaram o programa e tiveram a visão

de proporcionar a difusão de conhecimento e experiências, não apenas entre

diversas partes do país, mas por vários países da América latina.

Quero agradecer aos bolsistas pelo apoio mútuo, compreensão e paciência

por todo o período que longe de casa estivemos.

5

Resumo

A busca por fontes alternativas de energia tem estimulado de maneira

significativa o mercado mundial de biocombustíveis. Sabe-se hoje que resíduos

gerados na produção de etanol, como a palha e o bagaço de cana, são ricos em

polissacarídeos que podem ser utilizados na produção do chamado etanol de

segunda geração. Para utilização da celulose, a fonte de açúcar fermentável, é

necessária a sua a adequada liberação, a qual pode ser efetuada através de

métodos físicos, físico-químicos e químicos. Métodos biológicos, que utilizam

enzimas para hidrólise da parede celular vegetal, vêm sendo estudados. Nesse

caso, se faz necessária uma gama de enzimas, devido à variedade de

polissacarídeos que compõem a parece celular. Entre elas, estão as arabinanases,

que clivam ligações α-1,5 entre resíduos de L-furanosil presentes nas pectinas.

Neste trabalho escolhemos como objeto de estudo uma endo e uma exo-

arabinanase obtidas através de metagenômica de microbiota de rúmen de vaca.

A endo-α-1,5-L-arabinanase (ARN2) degrada o esqueleto de L-arabinofuranosil

de arabinanas de modo aleatório, resultando em arabino-oligossacarídeos,

enquanto a exo-α-1,5-L-arabinanase (ARN3) cliva regiões terminais das

arabinanas, liberando sempre resíduos de arabinose. A ARN3 apresenta somente

um domínio, que se enovela em um β-propeller, ao passo que a ARN2 apresenta

dois domínios, um em b-propeller e um em barril β, conforme predito por

modelagem por homologia. O objetivo principal desse trabalho é a cristalização

das proteínas escolhidas visando à determinação da sua estrutura

tridimensional. Esses resultados com certeza contribuirão para o conhecimento

sobre arabinanases, enzimas que são de grande interesse biotecnológico, porém

com poucos estudos na área estrutural. Além disso, nosso trabalho pode

impulsionar a bioprospecção no Brasil, pois embora existam projetos de

metagenômica no país, até o momento nenhuma estrutura de proteína oriunda

desta abordagem foi determinada. As proteínas foram expressas em fusão com

tiorredoxina no N-terminal e com uma cauda de 6 resíduos de histidina no C-

terminal, em Escherichia coli. Elas foram purificadas por cromatografia de

afinidade e exclusão molecular. Espalhamento dinâmico de luz indicou amostras

monodispersas e monoméricas. As proteínas foram cristalizadas pelo método de

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difusão de vapor usando gota sentada. Após refinamento das condições iniciais,

foram obtidos cristais adequados aos experimentos de difração de raios X. Os

dados coletados permitiram a determinação da estrutura usando o método de

substituição molecular para solução do problema das fases.

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Sumário

Agradecimentos ................................................................................................................................ 4

Resumo ................................................................................................................................................ 5

1. Introdução ...................................................................................................................................... 9

Biocombustíveis de Segunda Geração................................................................................. 9

Parede Celular de Vegetais ................................................................................................... 10

Degradação da matéria lignocelulósica ........................................................................... 12

Arabinanases ............................................................................................................................. 13

Metagenômica ........................................................................................................................... 14

Endo-α-1,5-L-arabinanase (ARN2) ................................................................................... 14

Exo-α-1,5-L-arabinanase (ARN3) ...................................................................................... 16

2. Objetivo ........................................................................................................................................ 17

3. Materiais e métodos ................................................................................................................ 18

3.1 Transformação de Cepas de Escherichia coli .......................................................... 18

3.2 Mini preparações plasmidiais ...................................................................................... 18

3.3 Expressão protéica ........................................................................................................... 19

3.3.1 Indução ......................................................................................................................... 19

3.3.2 Cultura permanente ................................................................................................ 20

3.3.3 Eletroforese de proteínas ...................................................................................... 20

3.4.1 Cromatografia de afinidade .................................................................................. 21

3.4.2 Teste de proteólise limitada das proteínas recombinantes ..................... 22

3.4.3 Cromatografia de Exclusão molecular.............................................................. 22

3.5 Espalhamento Dinâmico de Luz (DLS) ..................................................................... 23

3.6 Concentração de amostras ............................................................................................ 23

3.6.1 Medidas de concentração de proteína ............................................................. 23

3.7 Ensaios de Cristalização ................................................................................................. 24

3.8 Coleta e processamento dos dados de difração .................................................... 25

3.9 Determinação da estrutura tridimensional ............................................................ 25

4. Resultado e discussão ............................................................................................................. 26

4.1 Extração plasmidial .......................................................................................................... 26

4.2 Expressão Protéica ........................................................................................................... 26

4.3 ARN2 ...................................................................................................................................... 27

4.3.1 Cromatografia de afinidade .................................................................................. 27

4.3.2 Proteólise limitada ................................................................................................... 29

4.3.3 Cromatografia de exclusão molecular .............................................................. 29

4.3.4 Espalhamento dinâmico de luz (DLS) .............................................................. 31

8

4.3.5 Ensaios de Cristalização ......................................................................................... 32

4.3.6 Coleta e processamento de dados ...................................................................... 34

4.3.7 Determinação da estrutura cristalográfica..................................................... 35

4.4 ARN3 ...................................................................................................................................... 37

4.4.1 Cromatografia de afinidade .................................................................................. 38

4.4.2 Cromatografia de exclusão molecular .............................................................. 40

4.4.3 Espalhamento Dinâmico da Luz (DLS) ............................................................. 41

4.4.4 Ensaios de Cristalização ......................................................................................... 41

5. Conclusão .................................................................................................................................... 42

6. Referências ................................................................................................................................. 43

9

1. Introdução

Biocombustíveis de Segunda Geração

Desde 1751 aproximadamente 337 bilhões de toneladas de carbono foram

liberadas na atmosfera a partir do consumo de combustíveis fósseis e produção

de cimento. Metade dessas emissões ocorreu desde meados dos anos 70. Dentro

deste cenário, a busca por uma fonte renovável de combustível tem

impulsionado o mercado mundial de combustíveis (Boden, 2010).

Os biocombustíveis constituem uma excelente alternativa ao petróleo.

Contudo, até meados dos anos 70 sua produção para fins energéticos era

irrisória. O panorama mundial mudou em 1975 com o programa de incentivo

brasileiro – Proalcóol (Programa nacional do álcool) – o qual impulsionou a

indústria dos biocombustíveis. Entretanto, os combustíveis renováveis, em

especial os advindos de cereais, podem gerar um conflito com a agroindústria

pela terra (Rosa, 2010). É, portanto, de fundamental importância a total

utilização dos insumos gerados pela produção de álcool, a fim de produzir cada

vez mais biocombustível sem a necessidade da expansão do cultivo.

A produção do etanol de primeira geração consiste na fermentação do caldo

de cana-de-açúcar por leveduras. Esses microorganismos hidrolisam as

moléculas de sacarose em glicose e frutose e utilizam a glicose em seu processo

de respiração anaeróbica, produzindo etanol. O etanol de segunda geração utiliza

como matéria-prima os resíduos gerados na produção do etanol de primeira

geração, como palha e bagaço da cana-de-açúcar. Atualmente, esses resíduos têm

sido usados na geração de energia elétrica e para cobertura do solo, a fim de

evitar a erosão e repor nutrientes (Martins-Filho, 2009; Goldemberg, 2007).

10

Parede Celular de Vegetais

A parede celular vegetal é bastante complexa (Fig. 1), sendo rica em alguns

tipos de polímeros – celulose, hemicelulose, pectina e lignina, os quais estão

ligados através de ligações químicas covalentes e não-covalentes – formando

uma matriz altamente recalcitrante bastante importante na proteção do vegetal

contra agentes externos (Pérez, 2002).

Figura 1 – Parede celular secundária de vegetais. (Fonte:

http://www.ccrc.uga.edu/~mao/intro/ouline.htm)

A celulose é um polímero linear de resíduos D-glicose, ligados entre si

através de ligações glicosídicas do tipo β-1,4. As moléculas de celulose se

agrupam em microfibrilas através de ligações de hidrogênio e força de van der

Waals. Essas microfibrilas podem se apresentar na forma cristalina ou na forma

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amorfa, sendo que a segunda é mais suscetível à degradação enzimática. Entre as

microfibrilas de celulose estão a hemicelulose e lignina.

A hemicelulose é um polímero complexo de polissacarídeos, com peso

molecular mais baixo que a celulose. Consiste de D-xylose, D-mannose, D-

galactose, D-glucose, L-arabinose, 4-O-methyl-glucuronico, D-galacturonico e

ácido D-glucuronico, ligados através de ligações do tipo β-1,4 e ocasionalmente

β-1,3.

A lignina, juntamente com a celulose, é o polímero mais abundante na

natureza. Estruturalmente é um heteropolímero amorfo, não solúvel em água e

opticamente inativo. Consiste de unidades de fenilpropano unidas por diferentes

tipos de ligação (Pérez, 2002).

Figura 2 – Componentes da parede celular vegetal. (a) celulose, (b) hemicelulose e (c)

lignina. (Fonte: http://www.ceres.net/AboutUs/AboutUs-Biofuels-Carbo.html)

As pectinas ou substâncias pécticas são um dos componentes majoritários

da parede celular primária e presente em menor quantidade nas paredes

secundárias. São constituídas por um complexo polissacarídico heterogêneo e

ramificado, o qual possui regiões planas de homogalacturanos e regiões

ramificadas de xilogaracturanos e ramnogalacturanos (Fig. 3), cujos

componentes são cadeias de açúcares neutros como arabinanas, galactanas e

arabinogalactanas (Wong, 2008a).

12

Figura 3 – Estrutura básica da pectina. (Fonte:

http://www.ccrc.uga.edu/~mao/intro/ouline.htm)

Degradação da matéria lignocelulósica

A primeira etapa no processamento biomassa lignocelulósica para a

produção de etanol de segunda geração é o pré-tratamento. Este pode ser

realizado através de métodos físicos, químicos e biológicos.

A metodologia mais comum é a explosão de vapor, no qual a biomassa

triturada é tratada com vapor (saturado, 160°-260° C) seguido de uma rápida

descompressão. O processo causa a degradação da hemicelulose e a

transformação da lignina devido à alta temperatura. Desse modo, há um

aumento na potencial hidrólise da celulose. As vantagens do método incluem a

baixa energia requerida comparada com a moagem mecânica. Contudo, há

destruição de uma porção de xilana, além da ruptura incompleta da lignina e

geração de compostos que podem inibir os microorganismos utilizados na

fermentação (Rosa,2010; Sun, 2002).

Ácidos concentrados tais como H2SO4 e HCl tem sido usado no tratamento

da matéria lignocelulósica. Entretanto, ácidos concentrados são tóxicos e

corrosivos, além do que devem ser recuperados após hidrólise para tornar o

processo economicamente viável (Sivers, 1995). Ácidos diluídos têm sido usados

13

com sucesso no pré-tratamento da biomassa, e podem aumentar

significativamente a hidrólise da celulose. Contudo, ainda possui um custo alto

quando comparado às outras metodologias. O uso dos ácidos requer a

neutralização do pH previamente à fermentação, o que também encarece o

processo.

A metodologia aplicada ultimamente no pré-tratamento da matéria

lignocelulósica, tem demonstrado desvantagens que acabam por impulsionar a

busca por métodos mais econômicos e integrados. Por esse motivo tem-se

estudado o pré-tratamento biológico, no qual são usadas enzimas produzidas por

microrganismos como fungos e bactérias que são capazes de degradar a matéria

lignocelulósica. Entre elas, lignina peroxidases, peroxidase manganês-

dependente, polifenol oxidases, laccases, arabinanases, arabinofuranosidases,

xilases, etc. Cada enzima tem a capacidade de quebrar ligações específicas de

diferentes substratos. A principal vantagem do pré-tratamento biológico está em

requerer baixa energia e leves condições ambientais (Sun, 2002).

Apesar de trazer inúmeras vantagens, o alto custo da redução de

polissacarídeos complexos da biomassa para açúcares fermentáveis impede que

essa tecnologia seja empregada. Os custos de celulases e hemicelulases

contribuem substancialmente para o preço do bioetanol e, por isso, novos

estudos visando a compreensão e o melhoramento da eficiência e da

produtividade dessas enzimas são de fundamental importância.

Arabinanases

São enzimas que podem ser encontradas em várias bactérias e fungos,

assim como em sementes germinativas de plantas (Wong, 2008b). As

arabinanases são glicosidases que hidrolizam ligações glicosídicas do tipo α-1,5

entre resíduos arabinofurasil encontrados no polímero de arabinana, os quais

estão presentes nas pectinas.

São membros da família 43 de hidrolases glicosídicas (GH43), de acordo

com a classificação do CAZy (Carbohydrate-Active enZymes,

http://www.cazy.org/). Membros desta família catalisam suas reações através

do mecanismo de inversão anomérica do carbono quiral. Possuem sítio ativo

14

com três resíduos catalíticos essenciais, sendo que dois destes resíduos são

aminoácidos carboxilados que atuam como ácido e base, respectivamente, na

inversão anomérica. O terceiro resíduo age, em geral, mantendo o correto

alinhamento do resíduo ácido em referencia ao substrato e modulando o pKa

(Alhassid, 2009).

As arabinanases são enzimas ainda pouco estudadas, quando comparado a

outras hidrolases como celulases ou xilanases. Contudo, elas têm atraído à

atenção em decorrência de sua aplicação em diversas áreas, tais como na

indústria alimentícia, síntese orgânica e degradação de matéria lignocelulósica

para a produção de biocombustível.

Metagenômica

Esta é uma abordagem que busca descobrir novas enzimas através do

screening de cepas bacterianas. Para tal, é feita a clonagem direta de genomas

coletivos extraídos de uma microflora ambiental. É um eficaz meio de explorar a

diversidade e complexidade de variados genes e enzimas de microrganismos

não-cultiváveis (Lorenz, 2002). O uso da metagenômica permite uma nova forma

de estudo e exploração dos recursos naturais biológicos: a bioprospecção. Esta

pode ser definida como: o método ou forma de localizar, avaliar e explorar

sistemática e legalmente a diversidade de vida existente em determinado local

(Santos, 2002). A bioprospecção tem como principal finalidade a busca de

recursos genéticos e bioquímicos para fins comerciais.

Endo-αααα-1,5-L-arabinanase (ARN2)

A ARN2 é uma endo-α-1,5-L-arabinanase obtida através de metagenômica

de microbiota de rúmen de vaca. Essa proteína contém 585 resíduos de

aminoácidos incluindo um predito peptídeo sinal de 19 resíduos de aminoácidos.

A proteína madura, de 566 resíduos, tem um peso molecular predito de 64.816,5

Da, com um ponto isoelétrico (pI) de 6,07. A molécula não possui linker rico em

Ser/Gly ou módulo de ligação a carboidrato (CBM) comumente encontrado em

hidrolases modulares.

15

A estrutura primária da ARN2 a classifica como membro da família GH43.

Modelagem por homologia da ARN2 com a hidrolase glicosídica YxiA de Bacillus

licheniformis (código PBD: 3LV4, 37% de identidade) indica que essa proteína

possui dois domínios, sendo um em five-bladed β-propeller e outro em barril-β

(Fig. 4). Além de apresentar 7 inserções, sendo as maiores de 19 resíduos

localizadas entre a 1ª e 2ª folha β, e entre a 2ª e 3ª folha β, ARN2 possui um C-

terminal estendido, com 44 resíduos adicionais, quando comparado com a

proteína de B. licheniformis. Alinhamento de seqüências indica que Asp29 atua

como base e o Glu278 atua como ácido catalítico.

Figura 4 – Modelo da ARN2 indicando a presença de dois domínios. Cada uma das 5

folhas β do propeller está colorida de uma cor. Os resíduos catalíticos estão mostrados

em destaque, em modelo ball-and-sticks. O domínio em barril-β está colorido em cinza

escuro.

A enzima recombinante possui máxima atividade catalítica em pH 6,0-7,0, e

é relativamente estável na faixa de pH entre 5,0-8,0. Sua temperatura ótima

encontra-se entre 40-50°C, e demonstra estabilidade acima de 40°C, sendo

completamente inativa quando incubada a 55°C. Sua atividade de endo-

arabinanase foi demonstrada experimentalmente, pela presença de oligômeros

16

de cadeia curta nos menores tempos de hidrólise e acúmulo de arabinotriose e

arabinotetraose com progressão da reação. A ARN2 demonstra alta atividade

para arabinanas que foram desrafimicadas, entretanto, dados cinéticos indicam

que sua especificidade não se encontra na diferença de afinidade de ligação com

o substrato, mas nas etapas químicas subseqüentes à ligação (Wong, 2009).

Exo-αααα-1,5-L-arabinanase (ARN3)

A ARN3 é uma Exo-α-1,5-L-arabinanase de 347 resíduos de aminoácidos

obtida da extração do genoma total da microbiota presente no líquido de rumem

de vaca. Sua porção N-terminal possui um peptídeo sinal com 20 resíduos de

aminoácidos contendo seis resíduos de Leucinas com um sítio predito de

clivagem entre a Ala20 e a Gln21. A estrutura primária não revela um linker rico

em Ser/Gly ou um CBM, típicos de hidrolases modulares.

A proteína madura tem seu peso molecular calculado em 37.300,8 Da e um

pI de 7,13. ARN3 é composta por apenas 1 domínio, que se enovela em five-

bladed β-propeller (Fig. 5). A modelagem por homologia usando a α-L-

arabinanase 43A de Cellvibrio japonicus revelou que ARN3 contém uma

seqüência extra de resíduos de aminoácidos (195 a 201, KGEPKTI), tornando

maior o loop que conecta a terceira e a quarta fitas da terceira folha β. Um

segmento adicional de resíduos de aminoácidos (223 a 226, NQAP) alongou o

loop que liga a terceira e quarta folhas β. Análise de alinhamento de seqüência

com outras arabinanases sugere que o ácido e a base catalíticos da ARN3

consistem do Glu234 e do Asp40, respectivamente.

17

Figura 5 – Modelo da ARN3 em que cada uma das 5 folhas β do propeller está colorida

de uma cor.

A ARN3 recombinante tem um pH ótimo de 6,0-7,0, é relativamente estável

na faixa de pH 3,0-7,0, sua maior estabilidade é obtida em pH 5,0. Sua

temperatura ótima é aos 50°C, e a enzima se mostra estável em temperatura

menor ou igual a 45°C. Sua atividade de exo-arabinanase foi comprovada em

ensaios nos quais foi observado o acúmulo de arabinose durante a reação sem a

presença de oligômeros intermediários. A enzima recombinante não cliva

arabinanas ramificadas. Possivelmente as cadeias laterais de arabinofuranosil

causam impedimento estérico, afetando a ligação do substrato no sítio ativo da

enzima (Wong, 2008b).

2. Objetivo

O principal objetivo deste trabalho é cristalizar as enzimas de interesse

biotecnológico endo-α-1,5-arabinanase e exo-α-1,5 -L-arabinanase provenientes

de uma biblioteca metagenômica de microbiota de rúmem de vaca.

18

3. Materiais e métodos

3.1 Transformação de Cepas de Escherichia coli

Foi realizada transformação por eletroporação da cepa BL21 (DE3) de

Escherichia coli com a construção plasmidial pET32b/ARN2 e pET32b/ARN3. O

plasmideo usado foi escolhido porque leva à expressão da proteína de interesse

em fusão com a tiorredoxina na porção N-terminal, visando aumentar sua

solubilidade. Além disso, a proteína contém uma cauda de 6 resíduos de histidina

no seu C-terminal, que visa facilitar a purificação da proteína de interesse.

A eletroporação foi iniciada com a adição de 1 µL de cada plasmídeo

(pET32b/ARN2 ou pET32b/ARN3) a 40 µL de células competentes. Esse material

foi transferido para uma cubeta que foi submetida a um pulso elétrico de 2,5V

usando o Gene Pulser II (BioRad). As células foram cultivadas em 1 mL de meio

Luria-Bertani – LB (1% (p/v) de triptona, 1% (p/v) de cloreto de sódio e 0,5%

(p/v) de extrato de levedura) sob agitação de 200 rotações por minuto (rpm) por

1 hora a 37°C. Após esse período 100 µL de células foram plaqueados em meio LB

sólido contendo ampicilina (100 µg/mL). As placas foram mantidas por 16 horas

em estufa a 37°C.

Foi também realizada a transformação por choque térmico da cepa DH5α de

E. coli, com o objetivo de aumentar o número de cópias das construções

pET32b/ARN2 e pET32b/ARN3. Foi misturado 1 µL das respectivas construções

com 40 µL de células quimicamente competentes, estes foram incubados por 30

minutos no gelo, seguido de 30 segundos a 42°C e em seqüência 5 minutos no

gelo. As células foram cultivadas em 1 mL de meio LB por 1 hora a 37°C/200rpm.

Após esse período 100 μL de células foram plaqueados em meio LB sólido

contendo ampicilina. As placas foram mantidas por 16 horas em estufa a 37°C.

3.2 Mini preparações plasmidiais

As colônias crescidas da cepa de E. coli DH5α foram inoculadas em 5 mL de

meio LB líquido com ampicilina, e incubados por 16h a 37°C/200rpm, para em

19

seguida serem realizadas minipreparações plasmidiais. As minipreparações

plasmidiais foram realizadas através do kit QUIAprep® Spin Miniprep (QUIAGEN

– Lot 130188489), segundo protocolo descrito pelo fabricante. As extrações

plasmidiais foram analisadas através de eletroforese em gel de agarose 1% e

visualização em transiluminador de luz ultra-violeta. Foi realizada a quantificação

desse material através de espectrofotômetro NanoDrop™ 2000 (Thermo Fisher

Scientific).

3.3 Expressão protéica

3.3.1 Indução

O protocolo de expressão para as proteínas ARN2 e ARN3 já estava

estabelecido (Wong, 2008b). Com intuito de confirmar os resultados anteriores,

durante a expressão em larga foram retiradas 3 alíquotas, em diferentes tempos.

A metodologia empregada está descrita a seguir.

Colônias advindas da transformação de E. coli BL21 (DE3) com as

construções pET32b/ARN2 e pET32b/ARN3 foram transferidas para 10 mL de

meio LB líquido e incubados por 16 h a 37°C/200rpm. A cultura foi inoculada em

500 mL de meio LB líquido contendo antibiótico ampicilina, e incubada a

37°C/200rpm até atingir a OD600nm = 0,7. A indução foi realizada a 30°C com a

adição de IPTG (isopropil-β-D-tiogalactosídeo) na concentração final de 0,1 mM.

Alíquotas foram retiradas em diferentes tempos (t0=10 mL, t2h=7 mL e t4h=5 mL),

centrifugadas a 3184g/15min/4°C e armazenadas a -20°C. Após 4 horas de

indução os 500 mL de cultura foram centrifugados a 6000g/15min/4°C e o pellet

guardado a -20°C.

As células de 500 mL foram ressuspendidas em Tampão A (0,5 M de NaCl,

tampão 0,5 M de fosfato de sódio pH 7,5, 0,5 M de imidazol) contendo 1 mM de

PMSF e 5 mM de benzamidina e incubadas durante 1 hora com lisozima (80

µg/mL). Em seguida, foram lisadas através de sonicação no equipamento

Vibracell™ VCX 500 (Sonics & Materials Inc.) com pulsos de 15 s, intervalos de 45

s, usando amplitude de 30%. Logo após, as amostras foram centrifugadas a

20

16900g/30 min/4°C e o sobrenadante aplicado em coluna de cromatografia de

afinidade.

As alíquotas coletadas durante a indução foram ressuspendidas em 1 mL de

Tampão A contendo PMSF e benzamidina e lisadas por sonicação com pulsos de

5 s e intervalos de 15 s, com amplitude de 20%. As amostras foram centrifugadas

a 20817g/30min/4°C, os sobrenadantes foram transferidos para novos tubos e os

pellets ressuspendidos em 1 mL do mesmo tampão. Amostras de pellet e

sobrenadante foram aplicadas em SDS-PAGE 13%.

3.3.2 Cultura permanente

Foram também realizadas culturas permanentes das construções

pET32b/ARN2 e pET32b/ARN3 em BL21 (DE3), com o objetivo de manter uma

fonte segura para a obtenção de bactérias transformadas, além de tornar maior a

chance de reprodutibilidade das expressões. Com o mesmo pré-inoculo usado na

indução foi feita uma cultura permanente. Foram adicionados 600 µL de glicerol

100% estéril a 400 µL de células e o material foi estocado a -80°C.

3.3.3 Eletroforese de proteínas

A análise da indução, da proteólise e dos procedimentos de purificação foi

realizada pela técnica de SDS-PAGE (eletroforese em gel de poliacrilamida -

docecil sulfato de sódio), o qual é um método de baixo custo, reprodutível e

rápido para quantificar, comparar e caracterizar proteínas. Este método separa

proteínas baseado primeiramente em seus pesos moleculares (Laemmli, 1970).

O SDS liga nas porções hidrofóbicas da proteína, perturbando sua estrutura

tridimensional e permitindo que ela exista de forma estável em solução, em

conformação estendida. Como resultado, o comprimento do complexo proteína-

SDS é proporcional ao seu peso molecular.

Foi utilizado um gel composto por duas fases: uma de empilhamento, que

apresenta uma menor concentração de poliacrilamida permitindo que haja o

empilhamento e entrada homogênea das proteínas no gel de resolução, no qual as

proteínas serão efetivamente separadas.

21

3.4 Purificação

3.4.1 Cromatografia de afinidade

A cromatografia de afinidade é baseada na específica afinidade entre a

proteína e o ligante ligado à matriz. O ligante pode ser biologicamente específico,

tais como peptídeos, anticorpos ou ácidos nucléicos, ou pode explorar interações

não específicas com lectinas ou corantes. Quando a amostra é aplicada na coluna

apenas os componentes com afinidade ao ligante presente na resina

permanecerão adsorvidos à matriz, sendo o restante da amostra retirado por

meio das lavagens realizadas. A dissolução da ligação entre o ligante e a proteína

pode ser realizada através de alteração do pH ou por competição com outras

espécies doadoras de elétrons. Neste trabalho, foi utilizada a técnica denominada

cromatografia de afinidade por íons metálicos imobilizados. Em tal técnica a

afinidade ocorre em função de ligações reversíveis formadas entre um íon

metálico aderido à resina, o níquel (Ni2+), e o anel imidazólico de resíduos de

histidina. A ligação ocorre em função da doação de elétrons do aminoácido para o

íon metálico. O desligamento da proteína da coluna por sua vez ocorrerá com a

adição de imidazol, que compete com as histidinas pela ligação ao metal. Esta

técnica só foi possível devido ao fato de que há uma seqüência de seis histidinas

presentes no C-terminal da proteína de interesse, como já foi anteriormente

descrito.

Foi utilizada a coluna HiTrap™ Chelating de 1 mL (GE Healthcare) acoplada

ao sistema ÄKTA™ FPLC™ (GE Healthcare) e um fluxo de 1 mL/min. A coluna foi

previamente carregada com solução 100 mM de sulfato de níquel e equilibrada

com tampão A. Após aplicação da amostra, a coluna foi lavada com tampão A até a

A280nm estabilizar. A eluição da proteína de interesse foi feita através de gradiente

de imidazol de 0 a 500 mM em 20 volumes de coluna. A concentração de imidazol

foi mantida constante durante a eluição de cada pico.

22

3.4.2 Teste de proteólise limitada das proteínas recombinantes

Foi realizada proteólise limitada com as proteínas recombinantes, com o

objetivo de clivar a tiorredoxina fusionada às proteínas de interesse. Foi utilizada

a enzima tripsina na concentração final de 0,01 mg/ml, em presença de 1 mg/mL

da ARN2 ou ARN3 purificadas. Alíquotas foram coletadas em diferentes tempos

de digestão, e após cada coleta foi adicionado PMSF (fluoreto de

fenilmetilsulfonil), inibidor de serino proteases incluindo a tripsina, na

concentração final de 1 mM. Em seguida, analisou-se a degradação através de gel

SDS-PAGE e definiu-se a melhor condição de clivagem.

3.4.3 Cromatografia de Exclusão molecular

A cromatografia de exclusão molecular, também denominada de filtração

em gel, é o único método de separação que não requer ligação de proteínas à

matriz. Deste modo, reduz significativamente o risco de perda da proteína devido

a ligações irreversíveis ou inativação protéica. Neste método separam-se

proteínas de acordo com seu tamanho. A matriz da cromatografia de exclusão

molecular contém poros que permitem que o tampão e as pequenas proteínas

entrem, mas excluem grandes proteínas e agregados protéicos. Assim, grandes

proteínas migram ao redor das partículas da matriz e são eluídas da coluna antes

das proteínas menores.

As amostras da cromatografia de afinidade consideradas puras por SDS-

PAGE foram juntadas e concentradas por filtração em Amicon® Ultra-4

Centrifugal Filter (Millipore) com poros de 30 kDa para a ARN2 e 10 kDa para

ARN3, centrifugando-se a 3184g a 4°C até obter-se 2 mL. A cromatografia foi

realizada em sistema ÄKTA™ FPLC™ (GE Healthcare), usando-se coluna Superdex

75 16/60 (GE Healthcare), previamente equilibrada com tampão 20 mM de

fosfato de sódio pH 7,5, 150 mM de NaCl, a um fluxo de 0,5 mL/min.

23

3.5 Espalhamento Dinâmico de Luz (DLS)

É ideal que a amostra a ser cristalizada seja homogênea. O DLS é uma

técnica que permite estimar a distribuição de tamanho das populações de

partículas que estão presentes na solução, o que se trata de heterogeneidade

estrutural – diferentes estados de oligomerização da mesma proteína ou a

formação de agregados protéicos.

A análise por DLS foi feita em todas as amostras consideradas puras após

cromatografia de exclusão molecular e analisadas por SDS-PAGE. As amostras

foram previamente centrifugadas por 30 minutos a 20817g a 4°C, e foram

realizadas 100 aquisições de 5 segundos a 18°C. Somente as frações consideradas

monomodais (1 população) e monodispersas (até 25% de polidispersividade),

foram utilizadas para cristalização, pois há relatos na literatura mostrando que

amostras monodispersas têm maior chance de cristalização.

3.6 Concentração de amostras

Visando uma maior chance de cristalização a amostra é concentrada o

máximo possível, ou seja, até o momento em que comecem a surgir pequenos

pontos de precipitado. Para isso, as frações da cromatografia de filtração gel que

se apresentaram puras através de SDS-PAGE e monomodais e monodispersas por

DLS foram reunidas e concentradas pelo método de filtração. Foi usado Amicon®

Ultra-4 Centrifugal Filter (Millipore) com poro de 30 kDa para ARN2 e 10 kDa

para ARN3, centrifugando-se a 3220 g a 4°C até obter-se 0,5 - 1 mL. Durante a

concentração o tampão da proteína foi trocado por 20 mM de Hepes pH 7,5.

3.6.1 Medidas de concentração de proteína

A absorbância da solução contendo a proteína foi lida a 280 nm em

espectrofotômetro DU 640 (Beckman Coulter) utilizando-se cubeta de quartzo de

1 cm de caminho óptico.

24

A concentração da proteína foi calculada segundo a equação de Beer-

Lambert:

Α =ε × c ×l

Onde A é a absorbância em 280 nm, ε é o coeficiente de extinção em M-1

cm-1, c é concentração em M e l é o caminho óptico da cubeta em cm.

O ε teórico da ARN2 e ARN3 com cauda de histidinas e Trx foi calculado

pelo programa ProtParam (http://us.expasy.org/tools/protparam.html) e é de

154590 e 106800 e M-1 cm-1, respectivamente. Após obter a concentração molar,

a concentração em mg/mL foi obtida dividindo-se esse valor pelo peso molecular

da proteína, que é de 76207.6 Da e 50257.5 Da, respectivamente.

3.7 Ensaios de Cristalização

Os ensaios de cristalização foram realizados através do método de difusão

de vapor. Para que ocorra a formação dos cristais é necessário que a solução

fique supersaturada, que nesse método ocorre em função do aumento gradual da

concentração dos componentes da gota através da difusão de vapores que ocorre

no interior da placa de cristalização, entre a solução presente no reservatório e a

gota, constituída de proteína e solução precipitante. Não se sabe ao certo o que

leva a formação de bons cristais, contudo existem etapas críticas, como a

obtenção de proteína pura e em sua máxima concentração. Nessa situação de

supersaturação pode haver tanto a formação de núcleos para a formação dos

cristais, quanto a formação de precipitados amorfos de proteínas.

Ensaios de cristalização foram realizados usando gota sentada a 18°C com a

proteínas fusionadas à Trx no N-terminal e à cauda de histidinas no C-terminal,

nas concentrações de 5,8 mg/ml, para ARN2, e 11,05 mg/ml para ARN3, em

tampão 20 mM de Hepes pH 7,5. Foram utilizadas placas de 96 poços. As gotas

foram preparadas pelo robô de cristalização Honeybee 963 (Genomic Solutions).

No reservatório foram aplicados 80 μL de solução; na gota aplicou-se 0,5 μL de

proteína e 0,5 μL de solução do reservatório. Os kits utilizados foram: Crystal

Screen e Crystal Screen 2 (Hampton Research), Wizard Screens I e II (Emerald

Biosystems), PACT (Nextal/QUAIGEN), JCSG (Nextal/QUAIGEN), SaltRx (Hampton

Research) e Precipitant Synergy (Emerald Biosystems).

25

Quando apareceram cristais, foi feito refinamento da condição, isto é, foram

feitas novas gotas de cristalização, usando soluções semelhantes à condição

inicial, porém, com variação da concentração do agente precipitante. Foram

preparadas placas com gota sentada, pelo robô, da mesma forma que

anteriormente. As mesmas soluções também foram utilizadas no preparo manual

de placas pelo método de gota pendurada. As gotas continham 1,0 μL de proteína

e 1,0 μL de solução do reservatório, e o reservatório continham 200 μL da

solução. Para esta metodologia foram utilizadas placas de 24 poços.

3.8 Coleta e processamento dos dados de difração

Os cristais obtidos foram resfriados a 100 K com fluxo de nitrogênio

gasoso. Os dados de difração foram coletados na linha de luz W01B-MX2 do LNLS

usando detector MAR 225 CCD (Mar Research). Foi utilizado o método de

rotação, com varredura de 1°. O processamento dos dados foi realizado no

programa HKL2000 (Otwinowski, 1997).

3.9 Determinação da estrutura tridimensional

A resolução da estrutura quimérica, ARN2-Trx, foi realizada através do

método de substituição molecular, utilizando o programa MolRep (Vagin, 2010).

O BLAST (http://blast.ncbi.nlm.nih.gov/Blast.cgi) foi utilizado como ferramenta

de busca de sequências similares à ARN2 e cuja estrutura estivesse resolvida,

selecionando-se como banco de dados o PDB. A proteína YxiA de Bacillus

licheniformis (código PDB: 3LV4), que possui 37% de identidade com a ARN2, e a

tiorredoxina de E. coli (código PDB: 2TRX) foram utilizadas como estruturas

moldes para a substituição molecular. O modelo YxiA foi previamente

modificado usando a opção last common atom do programa CHAINSAW (Stein,

2008).

26

27

esperado, de cerca de 76 kDa para ARN2-Trx e 50 kDa para ARN3-Trx. Embora

houvesse proteínas na fração insolúvel, a quantidade de proteínas na fração

solúvel era suficiente para seguir com o trabalho.

5.3 ARN2

4.3 ARN2

4.3.1 Cromatografia de afinidade

As células provenientes de 500 mL de meio foram ressuspendidas e

lisadas por métodos químicos e físicos. O sobrenadante obtido foi aplicado em

coluna de cromatografia de afinidade (Fig. 8). A eluição foi realizada mediante a

aplicação de gradiente linear de imidazol. Contudo, a concentração foi mantida

constante durante a eluição de cada pico.

Figura 7 – Avaliação da expressão da ARN2-Trx e ARN3-Trx, em diferentes tempos de

indução com IPTG, através de gel SDS-PAGE 13%. PM marcador de peso molecular. P

pellet obtido após sonicação e centrifugação. S sobrenadante recuperado após sonicação

e centrifugação.

28

Figura 8 – Gráfico da cromatografia de afinidade a metal da ARN2-Trx, mostrando a

absorbância em 280 nm (azul), a condutividade (marrom) e a concentração de imidazol

(verde).

O cromatograma mostrou a existência de dois picos, os quais foram

avaliados através de gel SDS-PAGE 13% (Fig. 9). As frações a partir da metade do

primeiro pico até o final do segundo continham proteína com peso molecular

correspondente a ARN2, com poucos contaminantes.

Figura 9 – Eletroforese em gel SDS-PAGE 13% das frações coletadas durante a

cromatografia de afinidade da ARN2-Trx. PM marcador de peso molecular. P pellet

obtido após sonicação e centrifugação. S amostra aplicada na coluna.

29

4.3.2 Proteólise limitada

Foi realizada proteólise limitada da fração 25 da cromatografia de

afinidade a metal da ARN2. Alíquotas coletadas nos diferentes tempos de digestão

foram avaliadas através de gel SDS-PAGE (Fig. 10). Os resultados indicam que a

incubação com tripsina não levou à clivagem da quimera ARN2-Trx, pois não se

observa redução do peso molecular da proteína.

Figura 10 – SDS-PAGE 13% das alíquotas coletadas durante proteólise limitada da

ARN2-Trx. Linha 1 corresponde à amostra não digerida; as linhas de 2-6 correspondem

a proteólise realizada durante 5, 15, 30, 60 e 120 minutos, respectivamente. M marcador

de peso molecular

Devido ao fato que não houve clivagem da Trx durante a proteólise

limitada, fizemos a opção de continuar trabalhando com a proteína quimérica

ARN2-Trx.

4.3.3 Cromatografia de exclusão molecular

As frações 14 a 26 obtidas por meio da cromatografia de afinidade a metal

foram juntadas e concentradas através do método de filtração. A amostra foi

aplicada na coluna de exclusão molecular. O gráfico gerado demonstra dois picos,

30

indicando a presença de contaminantes ou a proteína em diferentes estados

oligoméricos (Fig. 11).

Figura 11 – Gráfico da cromatografia de exclusão molecular. A absorbância em 280 nm

é mostrada em azul, a condutividade em marrom.

SDS-PAGE das frações (Fig. 12) revelou que havia uma única proteína em

ambos os picos. Medidas de DLS indicam as proteínas do pico 1 e do pico 2

apresentam diferentes conformações ou estados oligoméricos, devido à diferença

de raio hidrodinâmico observado (Tabela 1).

Figura 12 – Eletroforese das frações coletadas durante a cromatografia de exclusão

molecular da ARN2-Trx. M marcador de peso molecular. S amostra aplicada na coluna.

31

4.3.4 Espalhamento dinâmico de luz (DLS)

Logo após a cromatografia de exclusão molecular e a avaliação de sua

eficiência mediante SDS-PAGE, as frações do pico maior foram submetidas a

medidas de DLS, com a finalidade de se obter informações sobre a

polidispersividade (Tabela 1).

Tabela 1 – Dados obtidos através de DLS das frações provenientes da crometografia de

exclusão molecular.

Fração R

(nm)

Pd

(%)

PM

(kDa)

Massa

(%)

6 5,1 14,6 153 100

10 4,3 30,4 103 100

11 3,8 17,3 77 100

12 3,9 17,1 79 100

13 3,7 1,5 73 100

14 3,9 19,5 83 100

15 4,2 28,9 96 100

R raio hidrodinâmico, Pd polidispersividade, PM peso molecular

As frações com menos polidispersividade (11-14) foram misturadas e

concentradas, e o tampão trocado para 20 mM de Hepes pH 7,5. Em seguida,

foram realizadas novamente as medidas de DLS, o qual mostrou que a amostra

possuía 23% de polidispersividade e um raio hidrodinâmico de 3.9 nm (Fig 13).

Esta amostra foi então submetida aos testes de cristalização.

32

Figura 13 – Histograma representativo das populações presentes na amostra de

proteína ARN2-Trx concentrada. Que apresentou um raio hidrodinâmico de 3,9 nm e

23% de polidispersividade.

4.3.5 Ensaios de Cristalização

Os ensaios iniciais de cristalização foram feitos por meio do robô de

cristalização Honeybee 963 (Genomic Solutions), utilizando 6 diferentes kits.

Foram obtidos cristais no primeiro dia após o preparo da gota, na condição

contendo 2,1 M de malonato de sódio pH 7,0 (Fig. 14).

Figura 14 – Fotografia dos cristais iniciais da quimera ARN2-Trx, obtidos na condição

com 2,1 M de malonato de sódio.

33

Em seguida, foi realizado o refinamento dos cristais, utilizando o robô

Honeybee, diminuindo a concentração do agente precipitante. Foram obtidos

cristais nas concentrações de 2,1 M, 2,0 M, 1,9 M e 1,8 M, com 1, 2, 3 e 4-5 dias,

respectivamente (Fig. 15).

Figura 15 – Fotografias dos cristais da ARN2-Trx obtidos em cada condição de

refinamento: 2,1 M (A), 2,0 M (B), 1,9 M (C) e 1,8 M (D). Os cristais apresentam

dimensões máximas de 75 (A), 125 (B), 400 (C) e 450 µm (D).

O mesmo refinamento foi realizado através de difusão de vapor em gotas

penduradas preparadas manualmente (Fig. 16).

Figura 16 – Fotografias de cristais da ARN2-Trx obtidos após refinamento em gota

pendurada utilizando o malonato de sódio como agente precipitante: a 2,1 M (A), 2,0 M

(B), 1,9 M (C) e 1,8 M (D). Os cristais apresentam dimensões máximas de 400 µm (C) e

500 µm (D).

Pode-se observar que os cristais formados em gotas penduradas foram

maiores que os formados em gotas sentadas.

A B C D

A B C D

34

4.3.6 Coleta e processamento de dados

Os cristais da figura 16C e 16D foram utilizados nos experimentos de

difração de raios X. O cristal formado na condição com malonato de sódio 1,9 M

(Fig. 16C) apresentou difração de até 2.8 Å, e por isso foi coletado um conjunto de

dados. Contudo, o cristal formado na presença de 1,8 M de malonato de sódio

(Fig. 16D) difratou até 2,6 Å (Fig. 17), por isso foi coletado um novo conjunto de

dados. Os conjuntos foram processados, através do programa HKL2000. Na

Tabela 2 estão mostradas as estatísticas do segundo conjunto de dados coletados,

que apresentou dados melhores e a mais alta resolução.

Figura 17 – Padrão de difração do cristal da ARN2-Trx formado na presença de 1,8 M de

malonato de sódio. À direita, zoom da região de mais alta resolução, mostrando em

destaque um spot a 2,6 Å.

35

Tabela 2 – Processamento de dados do 2° conjunto de dados da proteína ARN2-Trx

Comprimento de onda (Å) 1,3591

Temperatura (K) 100

Número de imagens coletadas 140

Grupo espacial P212121

Parâmetros da célula unitária (Å,°) a=98,42 b=113,56 c=166,61 α=β=γ=90

Resolução (Å) 30,00-2,60 (2,69-2,60)

Mosaicidade (°) 0,6

I/σ(I) 12,8 (3,6)

Completeza (%) 99,4 (98,6)

Multiplicidade 5,3 (5,3)

Rmerge (%) 11,0 (41,7)

Reflexões únicas totais 57.767 (5.642)

Reflexões totais 303.718

Valores em parênteses se referem à camada de mais alta resolução.

Os cristais da ARN2-Trx pertecem ao grupo espacial P212121,

apresentando os seguintes parâmetros da célula unitária a=98,42 b=113,56

c=166,61 Å, α=β=γ=90°. O calculo do coeficiente de Matthews, usando o peso

molecular de 76 kDa, resultou em 3,06 e 2,04 Å3 Da-1, indicando a possibilidade

de 2 ou 3 moléculas de proteína quimérica dentro da unidade assimétrica, com

60 ou 40% de solvente, respectivamente.

4.3.7 Determinação da estrutura cristalográfica

A estrutura foi resolvida pelo método de substituição molecular

utilizando o programa MolRep. Através da ferramenta BLAST foi encontrada a

proteína YxiA de B. licheniformis (código PDB: 3LV4), com 37% de identidade

com a ARN2, que foi utilizada como modelo de busca para a ARN2. Como a

tiorredoxina de E. coli já possui estrutura resolvida (código PDB: 2TRX), esta foi

utilizada como modelo de busca para a Trx.

Para a resolução da estrutura foi primeiramente realizada a procura de

uma molécula de ARN2 utilizando o programa MolRep. Em uma segunda etapa, a

36

molécula ARN2 encontrada foi fixada e procurou-se a molécula de Trx. Após

encontrar ambas, utilizamos a estrutura quimérica como molde para encontrar

as moléculas dentro da unidade assimétrica, que nesse caso foram 2 (Fig. 18a). A

análise da organização tridimensional das moléculas de ARN2-Trx no cristal (Fig

18b) indica a presença de somente 2 monômeros dentro da unidade assimétrica,

embora o coeficiente de Matthews indicasse a possibilidade de até 3 monômeros.

Figura 18 – Estrutura cristalográfica da quimera ARN2-Trx. A Dois monômeros da

proteína quimérica ARN2-Trx encontrados na unidade assimétrica. Em azul e verde

estão as ARN2, e em rosa e amarelo estão representadas as moléculas de Trx. B

organização tridimensional dos monômeros, mostrando as faces C, B e A da célula

unitária, respectivamente.

Foi realizado um primeiro ciclo de refinamento (através do programa

REFMAC), o qual tinha por objetivo verificar o Rfactor, Rfree e a figura de mérito

(FOM). Esses fatores mostram o percentual de erro existente em sua estrutura

resolvida com relação aos dados experimentais e dão indícios se a substituição

molecular teve sucesso. Além disso, é gerado um mapa de densidade eletrônica,

que pode ser visualizado através do programa COOT (Fig 19). Todos esses

valores (Rfactor= 0,416; Rfree= 0,477; FOM= 0,546) e a análise do mapa de

densidade eletrônica indicam que a estrutura da proteína quimérica ARN2-Trx

foi resolvida. Ainda há muitos erros nessa estrutura, os quais serão solucionados

37

através de diversos ciclos de refinamento, que consistem da análise do mapa de

densidade eletrônica e da modificação manual do modelo.

Figura 19 – Parte do mapa de densidade eletrônica da ARN2-Trx mostrando a estrutura

protéica como stiks e a densidade eletrônica em azul.

4.4 ARN3

Com esta proteína foram realizadas duas abordagens. Em uma primeira

etapa, a proteína purificada por cromatografia de afinidade foi submetida à

proteólise limitada (Fig. 20). A redução de peso molecular de cerca de 10 kDa

indicou a clivagem da proteína tiorredoxina. Por isso, a amostra foi submetida à

cromatografia de exclusão molecular, que permitiu a separação da ARN3 e da

tiorredoxina. A amostra de ARN3 clivada foi então submetida aos testes de

cristalização. Esses testes resultaram em gotas com precipitados e gotas claras.

38

Figura 20 – SDS-PAGE 13% da ARN3-Trx clivada com tripsina. Linha 1 corresponde a

amostra protéica sem clivagem, linhas 2-4 corresponde a alíquotas da proteína clivada

em 5, 15, 30, 60 e 120 minutos, respectivamente. Bandas com cerca de 35 kDa

correspondem à ARN3 e as bandas com cerca de 14 kDa correspondem à Trx. A partir de

30 minutos toda a proteína da amostra já havia sido clivada, sendo este o tempo

estabelecido para a proteólise limitada.

Sendo assim, passamos à outra abordagem que utilizava a proteína

quimérica inteira, ARN3-Trx. Foram realizadas as cromatografias de afinidade e

exclusão molecular e após estes passos seguiu-se com os ensaios de cristalização.

Estes novos testes com a proteína quimérica produziram cristais na condição que

continha como agente precipitante o PEG 400 em uma solução tamponada em pH

9,5 com CHES (ácido N-ciclohexil-2-aminoetanosulfonico). São estes os

resultados que estão descritos a seguir.

4.4.1 Cromatografia de afinidade

A cromatografia de afinidade a metal produziu dois picos de eluição (Fig.

21). As frações provenientes de ambos os picos foram analisadas através de SDS-

PAGE (Fig. 22).

39

Figura 21 – Cromatografia de afinidade da ARN3-Trx. Absorbância em 280 nm mostrada

em azul, condutividade em marrom e concentração de imidazol em verde.

Figura 22 – SDS-PAGE das frações coletadas durante a eluição da ARN3-Trx da

cromatografia de afinidade. M peso molecular. Frações 4-9 correspondem ao pico 1,

fração 19 corresponde ao pico 2.

Através da análise por SDS-PAGE das frações coletadas pode-se observar

que havia bastante proteína, com pouco contaminante, a partir da metade do

primeiro pico até o fim do segundo pico.

40

4.4.2 Cromatografia de exclusão molecular

As frações 5 a 20 da cromatografia de afinidade foram juntadas e

concentradas através do método de filtração. Em seguida, foram aplicadas em

coluna de cromatografia de exclusão molecular (Fig. 23). As alíquotas coletadas

durante a eluição da amostra foram analisadas através de SDS-PAGE (Fig. 24).

Todos os picos contêm a proteína de interesse pura, em diferentes concentrações,

e em diferentes estados oligoméricos.

Figura 23 – Gráfico gerado durante cromatografia de exclusão molecular da ARN3-Trx.

Absorbância em 280 nm (azul).

Figura 24 - SDS-PAGE 13%. Alíquotas coletadas durante cromatografia de exclusão

molecular da ARN3-Trx. M marcador de peso molecular. Fração 3: pico 1, fração 10: pico

2, frações 15-24: pico 3.

41

4.4.3 Espalhamento Dinâmico da Luz (DLS)

As frações de 16 a 21 provenientes da cromatografia de exclusão

molecular foram juntadas, concentradas e tiveram seu tampão trocado por 20

mM de HEPES pH 7,5. Em seguida, foram realizadas as medidas de DLS. Os

resultados indicam que a amostra possuía 16% de polidispersividade e raio

hidrodinâmico de 3,5 nm (Fig. 25).

Figura 25 – Histograma representativo das populações presentes na amostra da

proteína quimérica ARN3-Trx concentrada, que apresentou raio hidrodinâmico de 3.5

nm e 16% de polidispersividade.

4.4.4 Ensaios de Cristalização

Os ensaios iniciais de cristalização foram feitos por meio do robô de

cristalização Honeybee 963 (Genomic Solutions), utilizando 6 diferentes kits.

Foram obtidos cristais no sexto dia após o preparo da gota, na condição contendo

100 mM de CHES/NaOH pH 9,5 e 30% (v/v) de PEG-400 (Fig. 26).

42

Figura 26 – Fotografia dos cristais da quimera ARN3-Trx formados na condição com

30% de PEG-400 e 100 mM de CHES pH 9,5, que apresentam dimensão máxima de 50

µm.

O refinamento dos cristais foi realizado diminuindo-se a concentração do

agente precipitante, o PEG 400. O refinamento foi realizado em gota sentada, no

robô, e gota pendurada, manualmente. Até o presente momento não foi

observada a formação de novos cristais.

5. Conclusão

Neste trabalho as duas proteínas de interesse, ARN2 e ARN3 foram

eficientemente expressas na fração solúvel em E. coli, fusionadas à Trx no N-

terminal e a uma cauda de 6 histidinas no C-terminal. As proteínas foram

purificadas por cromatografias de afinidade e de exclusão molecular, alcançando

alto grau de pureza e homogeneidade estrutural. O objetivo principal do trabalho,

que era cristalizar as proteínas de estudo, foi alcançado. Ambas as proteínas

foram cristalizadas na sua forma quimérica, isto é, em fusão com a Trx. Os

objetivos foram ainda ultrapassados, pois realizamos refinamento dos cristais da

ARN2-Trx, experimentos de difração de raios X com estes cristais, processamento

dos dados de difração e determinação da estrutura cristalográfica dessa quimera

a 2,6 Å. Esse trabalho traz diversas novidades, como a cristalização da proteína de

interesse em fusão com outra (Trx) que geralmente é usada somente para

43

aumento de solubilidade; primeira estrutura de metagenômica do Brasil, o que é

um passo além no âmbito da bioprospecção no país; traz maior conhecimento

acerca de arabinanases, contribuindo para um melhoramento direcionado dessas

enzimas de ampla aplicação biotecnológica.

6. Referências

Alhassid, A., Ben-David, A., Tabachnikov, O., Libster, D., Naveh, E., Zolotnitsky, G., et al. Crystal structure of an inverting GH 43 1,5-alpha-L-arabinanase from Geobacillus stearothermophilus complexed with its substrate. The Biochemical journal, 422(1), 73-82, 2009.

Boden, T.A., Marland, G., Andres, R.J.. Global, Regional, and National Fossil-Fuel

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Goldemberg, J., Lucon, O. Energy and environment in Brazil. ESTUDOS

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