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i
Universidade Estadual de Campinas Instituto de Química
Departamento de Química Orgânica
Tese de D outorado
“Uso de aldeídos quirais αααα-oxigenados na
reação de Morita-Baylis-Hillman”
Estudos visando otimização das condições reacionais e
síntese de compostos bioativos
Ricardo Silva Porto
Orientador: Prof. Dr. Fernando Antonio Santos Coelho
ii
v
“A m aior recom pensa do nosso trabalho não é o que nos pagam por ele, m as aquilo em que ele nos transform a”
(John R uskin)
vii
“D edico esta tese à m inha esposa V iviane pelo com panheirism o, incentivo e dedicação ao longo destes anos”
ix
“A os m eus pais C oncesso e M arli, os quais tive o priv ilégio de m e espelhar”
xi
A gradeço
• Primeiramente a Deus por todas as minhas conquistas
• Ao Prof. Dr. Fernando Coelho, não só pela oportunidade de realizar este
trabalho sob sua excelente orientação, mas especialmente pelo exemplo de
profissionalismo, conduta e amizade durante estes anos
• À toda minha família, tanto a de MG quanto a de SP. Minha esposa
Viviane, meus pais Concesso e Marli, meus irmãos Cínthia e Cláudio, à querida
Isadora e especialmente à minha bebezinha Larissa por preencher um espaço que
faltava em minha vida.
• Aos amigos do grupo Carlos, Demetrius, Patrícia, Bruno, Giovanni,
Kristerson, Fabiano, Jorge, Mariana, Michele, Marília e Paula pelas discussões,
reuniões, confraternizações e sobretudo pela convivência durante estes anos
• Aos amigos e colegas dos laboratórios vizinhos pelas discussões,
empréstimos de reagentes e sobretudo pela amizade
• Aos professores do Instituto de Química que contribuíram para a minha
formação
• Ao professor Ronei Poppi pela contribuição com os cálculos estatísticos
• A todos os funcionários do Instituto de Química que de alguma forma
colaboraram para a realização deste trabalho
• À FAPESP e ao CNPQ pelo auxílio financeiro
xiii
Curriculum Vitae
• 1 - Dados Pessoais
Nome: Ricardo Silva Porto
Endereço Residencial: Estrada Manoel Lages do Chão 750, Bl 4 ap 63 – Cotia/SP.
CEP 06705-050.
Telefone/e-mail: (11) 95773870 – [email protected]
Naturalidade: Caratinga/MG
• 2 -Formação Acadêmica
1996-2000 Bacharel em Química
Universidade Federal de Juiz de Fora
Juiz de Fora – MG
2001-2003 Mestre em Química
Universidade Estadual de Campinas
Campinas – SP
2003 -2008 Doutorado em Química
Universidade Estadual de Campinas
Campinas – SP
xiv
• 3 – Experiência
2001-2007 Instituição: Unicamp/ Laboratório de Síntese de Produtos Naturais e
Fármacos.
Estudos metodológicos em síntese orgânica. Sínteses de produtos
naturais e fármacos biologicamente ativos. Uso da reação de Morita-
Baylis-Hillman em síntese orgânica.
Campinas – SP
2007-Atual Instituição: Libbs Farmacêutica LTDA
Desenvolvimento de produtos farmoquímicos.
Embu - SP
• 4 – Artigos/Congressos
1- Ricardo Silva Porto; Fernando Coelho. Diastereoselective epoxidation reaction of allylic diols derived from Baylis-
Hillman adducts. Synthesis, 14, 2297-2306, 2005.
2 – Ricardo Silva Porto; Fernando Coelho.
Carbohydrate Derivative from Baylis-Hillman Adduct. An easy and Short
Synthesis of 2-Deoxy-2-C-methylene-D-erythro-pentono-1,4-lactone. Synthetic
Communications, 34, 3037-3046, 2004.
3 – Ricardo Silva Porto; Fernando Coelho.
Pantolactone as Chiral Auxiliary in Asymmetric Baylis-Hillman reactions under
Ultrasound radiation – Apresentação Oral. 11º Brazilian Meeting on Organic
Synthesis, 2005.
xv
4 – Demetrius Veronese, Ricardo Silva Porto, Fernando Coelho.
An Alternative Preparation of Highly Functionalized Indan-2-ol from Baylis-
Hillman Adduct. 11º Brazilian Meeting on Organic Synthesis, 2005.
5 – Ricardo Silva Porto; Fernando Coelho.
Epoxidação Diastereosseletiva de álcoois alílicos obtidos a partir de adutos de
Baylis-Hillman. 27ª Reunião Anual da SBQ/ XXVI Congresso Latinoamericano
de Química, 2004, Salvador.
6 – Ricardo Silva Porto; Fernando Coelho.
Synthesis of non proteinogenic amino acids from Baylis-Hillman adducts.
10th Brazilian Meeting on Organic Synthesis, 2003, São Pedro - SP. 10º
Brazilian Meeting on Organic Synthesis, 2003.
xvii
Resumo
Neste trabalho, descrevemos a utilização de ultrassom e de líquido iônico em
reações de Morita-Baylis-Hillman utilizando aldeídos quirais contendo oxigênio na
posição α-carbonila. Devido aos longos tempos reacionais normalmente observados
na reação de Morita-Baylis-Hillman, aldeídos quirais α-oxigenados podem ser
passíveis de racemização no meio reacional, diminuindo dessa forma a
diastereosseletividade da reação. Tanto o ultrassom quanto o líquido iônico
aceleraram a reação drasticamente para vários aldeídos, em comparação com os
dados descritos previamente na literatura. Diferentes grupos de proteção foram
utilizados no oxigênio α-carbonila, sendo a escolha desse grupo importante para o
sucesso da reação. Aldeídos derivados de açúcares se mostraram substratos
eficientes na reação, levando à formação dos produtos com bons excessos
diastereoisoméricos em alguns casos. Interessantemente, a associação de ultrassom e
líquido iônico levou a uma queda no rendimento, o que pode estar relacionado com
a destruição da estrutura supramolecular bem definida do líquido iônico na presença
de ultrassom. Essa hipótese foi reforçada após a realização da mesma associação
(ultrassom + líquido iônico) a 0º C, onde obtivemos excelente rendimento em curto
tempo reacional. Com o objetivo de mapear a influência de cada um destes fatores
(ultrassom, líquido iônico e temperatura) na reação de Morita-Baylis-Hillman, um
estudo quimiométrico foi realizado variando estes três fatores. A utilização de
líquido iônico a 0ºC, tanto na presença de ultrassom quanto sob agitação se mostrou
uma condição bastante eficiente para a reação de Morita-Baylis-Hillman. Dessa
forma vários aldeídos alifáticos e aromáticos foram testados utilizando esta
condição, levando a bons resultados, em alguns casos superiores àqueles descritos
na literatura.
Finalmente, foi preparada uma alfa-metileno-gama-butirolactona, dotada de
potente atividade biológica. Estudos visando a preparação do ácido polioxâmico e
do fragmento polar da miriocina também foram realizados neste trabalho.
xix
Abstract
In this work, we describe the utilization of ultrasound and ionic liquid in
Morita-Baylis-Hillman reactions, with chiral aldehydes bearing oxygen at the α-
carbonyl position. Due to the long reaction times normally observed in the Morita-
Baylis-Hillman reaction, α-oxigenated chiral aldehydes can be racemized in the
reaction, directly impacting on the diastereoselectivity of the reaction. Ultrasound as
well as ionic liquid drastically accelerated the reaction rate with several aldehydes,
in comparison to data described earlier in the literature. The α-carbonyl oxygen was
protected with different protecting groups and the correct choice of these groups was
important for the success of the reaction. Sugar derived aldehydes were efficient
substrates in the reaction, leading to the formation of adducts with good
diastereoisomeric excesses in some cases. Interestingly, the association of
ultrasound and ionic liquid led to a lower yield, which can be related with the
destruction of the well defined supramolecular structure of the ionic liquid on the
presence of ultrasound radiation. This hypothesis was reinforced after carrying out
some reaction using the same association (ultrasound + ionic liquid) at 0º C. Under
this experimental conditions we observed an excellent yield with short reaction time.
Searching to map the influence of each one of these factors (ultrasound, ionic liquid
and temperature) in the Morita-Baylis-Hillman reaction, a chemometric study was
carried out varying simultaneously these three factors. The utilization of ionic liquid
at 0º C, as much as in the ultrasound presence as under agitation, was the best
condition to the Morita-Baylis-Hillman reaction. In this way, several aliphatic and
aromatic aldehydes were tested utilizing this condition, conducting to good results,
in some cases superior to those already described in the literature.
Finally, an alfa-methylene-gamma-butyrolactone was prepared, which has a
potent biological activity. Studies toward the preparation of polyoxamic acid and the
miriocin polar fragment were also realized in this work.
xxi
Índice Geral
Índice de Esquemas xxiii
Índice de Figuras xxvii
Índice de tabelas xxxiii
Abreviaturas xxxv
1. Introdução 1
1.1. A reação de Morita-Baylis-Hillman – Histórico e Definição 1
1.2. Mecanismo de Reação 3
1.3. Componentes essenciais 8
1.4. Características experimentais 9
1.5.Versão Assimétrica 9
2. Objetivos 21
3. Resultados e Discussão 24
3.1.Reações na presença de ultrassom 24
3.1.1. Definição e Uso do Ultrassom 24
3.1.2. O “Hot Spot” Sonoquímico 26
3.1.3. Reações em fase líquida homogênea 27
3.1.4. Geração de ultrassom 28
3.1.5. Uso de ultrassom na reação de MBH 28
3.1.6. Reações de MBH com o 2,3-isopropilideno-D-gliceraldeído 31
xxii
3.1.7. Reações de MBH com outros aldeídos quirais α-oxigenados 42
3.1.8. Reações de MBH com aldeídos quirais poli-oxigenados derivados de carboidratos
52
3.1.9. Determinação da estereoquímica dos adutos 77, 82 e 85 59
3.1.10. Uso de acrilatos derivados da Pantolactona – Tentativa de dupla
estereodiferenciação 63
3.1.11. Uso de diferentes bases 67
3.1.12. Tentativa de inversão da hidroxila do aduto de MBH 43a – Reação de Mitsunobu
69
3.2. Reações na presença de líquido iônico 73
3.2.1.Definição e Uso de líquidos iônicos 73
3.2.2. Preparação de Líquidos Iônicos 75
3.2.3. Líquidos iônicos na reação de MBH 76
3.2.4. Reações de MBH na presença de líquido iônico – Estudo quimiométrico visando
otimização das condições reacionais 81
4. Uso dos Adutos de MBH na Síntese de Produtos Naturais 88
4.1. Preparação da 2-Deoxi-2-C-metileno-D-eritro-pentano-1,4-lactona 44 88
4.2. Estudos visando a preparação Preparação do ácido (+)-polioxâmico 92
4.3.Estudos visando a preparação do fragmento polar da (-)-miriocina 102
5. Conclusões 110
6. Parte Experimental 112
xxiii
Índice de Esquemas
1 – A reação de Morita Baylis-Hillman..................................................................................2
2 – Mecanismo proposto por Hill e Isaacs para a reação de MBH.........................................3
3 – Sal de cumarina obtido na reação de MBH.......................................................................6
4 – Nova interpretação para o mecanismo da reação de MBH...............................................7
5 – Centro estereogênico gerado na reação de MBH............................................................10
6 – Reação de MBH com o acrilato derivado da sultama de Oppolzer................................10
7 – Modelo proposto para a enantiosseletividade observada................................................11
8 – Reação de MBH dependente da pressão.........................................................................13
9 – Uso de aminoaldeídos na reação de MBH......................................................................14
10 – Reações de MBH com aminoaldeídos sem racemização..............................................15
11 – Reações de MBH com 2,3-epóxi aldeídos quirais........................................................16
12 – Reação de MBH com o benzaldeído o-substituído complexado com
Cr(CO)3.................................................................................................................................17
13 – Reação de MBH com o catalisador 36..........................................................................18
14 – Reação de MBH utilizando o catalisador quiral 42......................................................19
15 – Reações de MBH utilizando o catalisador quiral 42.....................................................20
16 – Obtenção de uma α-metileno-γ-butirolactona...............................................................22
17 – Obtenção do ácido (+)-polioxâmico..............................................................................22
18 – Preparação do fragmento polar da (-)-miriocina...........................................................23
19 – Reações de MBH utilizando o 2,3-isopropilideno-D-gliceraldeído..............................31
20 – Reações de MBH utilizando acrilonitrila e acrilato de metila......................................32
21 – Preparação do 2,3-isopropilideno-D-gliceraldeído.......................................................32
xxiv
22 – Modelo de Felkin-Anh proposto para a diastereosseletividade observada...................35
23 – Reações de MBH com acrilato de metila em diferentes solventes...............................38
24 – Reação de MBH com acrilato de metila em dioxano/H2O 1:1.....................................38
25 – Reações de MBH com outros aldeídos quirais a-oxigenados.......................................42
26 – Preparação do aldeído 65..............................................................................................44
27 – Reação de MBH com o aldeído 65 na presença de ultrassom......................................44
28 – Mecanismo proposto para a formação do produto 66...................................................46
29 – Preparação dos adutos de MBH 69a e 69b...................................................................47
30 – Preparação dos adutos de MBH 73 e 74.......................................................................51
31 – Preparação do aldeído 76..............................................................................................52
32 – Reação de MBH com o aldeído 76...............................................................................53
33 – Preparação do aldeído derivado da D-glicose...............................................................56
34 – Preparação do aduto de MBH derivado da D-glicose...................................................56
35 – Preparação do aldeído 84..............................................................................................58
36 – Preparação do aduto de MBH derivado da D-galactose...............................................59
37 – Preparação do diacetonídeo 86......................................................................................60
38 – Possíveis efeitos de dupla estereodiferenciação da reação de MBH.............................64
39 – Reação de MBH com a R-pantolactona........................................................................65
40 – Reações de MBH com a R- e S-pantolactona...............................................................66
41 – Utilização de diferentes Bases na reação de MBH.......................................................69
42 – A reação de Mitsunobu ................................................................................................69
43 – O mecanismo da reação de Mitsunobu.........................................................................70
44 – Etapa final do mecanismo da reação de Mitsunobu......................................................70
45 – Interconversão dos adutos anti e syn através da reação de Mitsunobu.........................71
xxv
46 – Produto resultante da reação de Mitsunobu sobre o aduto de MBH 43a......................71
47 – Formação de subproduto com o uso de líquido iônico.................................................78
48 – Preparação da lactona 44 utilizando condensação aldólica...........................................89
49 – Preparação da lactona 44 utilizando reação de MBH...................................................89
50 – Rota retrosintética proposta para a síntese do ácido (+)-polioxâmico..........................92
51 – Preparação do isopropilideno-L-gliceraldeído a partir do R-solketal............................93
52 – Preparação dos adutos de MBH do isopropilideno-L-gliceraldeído.............................93
53 – Uso do aduto 46a visando a preparação da Pseurotina A por Tamm e
colaboradores........................................................................................................................94
54 – Mecanismo proposto para a ozonólise do derivado do safrol.......................................95
55 – Ozonólise de adutos de MBH.......................................................................................95
56 – Mecanismo da aminação redutiva.................................................................................98
57 – Aminação redutiva do cetoéster 120.............................................................................99
58 – Aminohidroxilação de olefinas com participação de grupo vizinho...........................103
59 – Aminohidroxilação de olefinas terminais...................................................................103
60 – Proposta de geração do centro quaternário sobre o aduto de MBH............................104
61 – Tentativa de aminohidroxilação sobre o aduto 133....................................................104
62 – Tentativa de redução sobre os adutos 46b e 133.........................................................105
63 – Preparação do carbamato 138.....................................................................................106
64 – Produto de aminohidroxilação sobre o derivado do aduto 43b
syn.......................................................................................................................................106
65 – Aminohidroxilação dirigida sobre o carbamato 138...................................................107
66 – Mecanismo da aminohidroxilação dirigida de olefinas..............................................108
xxvii
Índice de Figuras
1 – Publicações envolvendo a reação de Morita Baylis-Hillman...........................................2
2 – Enolatos intermediários na reação de MBH......................................................................5
3 – Intermediários interceptados por ESI-(+)MS(/MS)..........................................................6
4 – Auxiliar quiral utilizado na reação de MBH...................................................................12
5 – Intermediário proposto para a reação com o 8-fenilmentol............................................13
6 – Aldeídos quirais utilizados na reação de MBH...............................................................17
7 – Catalisador do tipo bis(tio)uréia......................................................................................18
8 – Estado de transição de 13 membros proposto por Hatakeyama......................................19
9 – Aldeídos quirais a serem utilizados neste trabalho.........................................................21
10 – Formação e colapso de cavitação de uma bolha...........................................................25
11 – Diferentes formas de cavitação de uma bolha...............................................................27
12 – Cromatograma da mistura de diastereoisômeros 43a e 43b.........................................34
13 – Espectro de RMN1H (300 MHz, CDCl3) do composto 43a.........................................36
14 – Cromatograma da mistura diastereoisomérica..............................................................39
15 - Espectro de RMN1H (300 MHz, CDCl3) da mistura de diastereoisômeros...................40
16 – Espectro de RMN1H (300 MHz, CDCl3) do composto 66............................................45
17 – Espectro de RMN13C (300 MHz, CDCl3) do composto 66...........................................45
18 – Ligação de hidrogênio em compostos α-metileno-γ-hidroxi-β-alcoxi
ésteres....................................................................................................................................50
19 - Espectro de RMN1H (300 MHz, CDCl3) do diastereoisômero majoritário...................54
20 - Espectro de RMN1H (300 MHz, CDCl3) do diastereoisômero minoritário...................54
21 – Cromatograma da mistura de produtos.........................................................................55
xxviii
22 – Cromatograma da mistura de produtos 82a + 82b .......................................................57
23 – Espectro de RMN1H (300MHz, CDCl3) da mistura de produtos 82a +
82b.........................................................................................................................................58
24 – Cromatograma da mistura de produtos 85a + 85b........................................................59
25 – Irradiação NOE sobre o diacetal 86..............................................................................61
26 – Adição Fekin proposta para o ataque à carbonila do produto 84..................................62
27 – Ligações de hidrogênio nas estruturas 77a e 77b.........................................................63
28 – R- e S-pantolactona.......................................................................................................64
29 – Estruturas de ressonância do enolato contendo DBU...................................................67
30 – Espectro de RMN 1H (300 MHz, CDCl3) do produto 107............................................72
31 – Estrutura do red oil........................................................................................................73
32 – Cátions mais utilizados em líquidos iônicos.................................................................75
33 – Estrutura dos líquidos iônicos.......................................................................................76
34 – Estrutura do líquido iônico modificado.........................................................................79
35 – Espécies supramoleculares interceptadas na reação de MBH na presença de líquido
iônico.....................................................................................................................................80
36 – Estrutura organizacional dos líquidos iônicos...............................................................81
37 – Espectro de RMN (300 MHz, D2O) da lactona 44........................................................90
38 – Ácido (+)-polioxâmico 47.............................................................................................92
39 – Espectro de RMN1H (300mHz, CDCl3) do produto 129............................................100
40 – Modelo proposto para a formação do produto 129.....................................................101
41 – (-)-Miriocina................................................................................................................102
42 – Estados de transição da reação de aminohidroxilação................................................108
43 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do diacetal 53.............................................121
xxix
44 – Espectro de Espectro de RMN 13C (75,4MHz, CDCl3) do diacetal 53.......................122
45 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do triacetal 75.............................................123
46 – Espectro de RMN 13C (75,4MHz, CDCl3) do triacetal 75..........................................124
47 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do aldeído 48..............................................126
48 – Espectro de RMN 13C (75,4MHz, CDCl3) do aldeído 48...........................................127
49 – Espectro na região do infravermelho do aldeído 48....................................................128
50 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do aduto 43a...............................................132
51 – Espectro de RMN 13C (75,4MHz, CDCl3) do aduto 43a............................................133
52 – Espectro na região do infravermelho do aduto 43a....................................................134
53 – Espectro de Massas de alta resolução(70e V, m/z) do composto 43a.........................135
54 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do composto 43b........................................136
55– Espectro de RMN13C (75,4 MHz,CDCl3) do composto 43b........................................137
56 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do aduto 50.................................................140
57 – Espectro de RMN 13C (75,4MHz, CDCl3) do aduto 50...............................................141
58 – Espectro na região do infravermelho do aduto 50......................................................142
59 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do composto 67..........................................144
60 – Espectro de RMN 13C (75,4 MHz, CDCl3) do composto 67.......................................145
61 – Espectro na região do infravermelho do aduto 67......................................................146
62 – Espectro de Massas de alta resolução (70eV, m/z) do composto 67...........................147
63 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do aldeído 68..............................................149
64 – Espectro de RMN 13C (75,4 MHz, CDCl3) do aldeído 68..........................................150
65 – Espectro na região do infravermelho do aldeído 68....................................................151
66 – Espectro de Massas de alta resolução (70eV, m/z) do aldeído 68...............................152
67 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do aduto 69.................................................155
xxx
68 – Espectro de RMN 13C (75,4MHz, CDCl3) do aduto 69...............................................156
69 – Espectro na região do infravermelho do aduto 69......................................................157
70 – Espectro Massas de alta resolução (70eV, m/z) do aldeído do aduto 69.....................158
71 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do aldeído 76..............................................161
72 – Espectro de RMN 13C (75,4MHz, CDCl3) do aldeído 76............................................162
73 – Espectro na região do infravermelho do aldeído 76....................................................163
74 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do aduto 77a anti.......................................166
75 – Espectro de RMN 13C (75,4MHz, CDCl3) do aduto 77a anti.....................................167
76 – Espectro na região do infravermelho do aduto 77a anti............................................168
77 – Espectro de Massas de alta resolução (70eV, m/z) do aduto 77a anti.........................169
78 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do aduto 77b syn........................................170
79 – Espectro de RMN 13C (75,4MHz, CDCl3) do aduto 77b syn......................................171
80 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do diacetal 79.............................................174
81 – Espectro de RMN 13C (75,4MHz, CDCl3) do diacetal 79...........................................175
82 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do diacetal protegido 80.............................178
83 – Espectro de RMN 13C (75,4MHz, CDCl3) do diacetal protegido 80...........................179
84 – Espectro de Massas de alta resolução (70eV, m/z) do diacetal protegido
80.........................................................................................................................................180
85 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do aldeído 81..............................................183
86 – Espectro de RMN 13C (75,4MHz, CDCl3) do aldeído 81............................................184
87 – Espectro na região do infravermelho do aldeído 81....................................................185
88 – Espectro de Massas de alta resolução (70eV, m/z) do aldeído 81...............................186
89 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do aduto 82.................................................189
90 – Espectro de RMN 13C (75,4MHz, CDCl3) do aduto 82...............................................190
xxxi
91 – Espectro na região do infravermelho do aduto 82......................................................191
92 – Espectro de Massas de Alta resolução (ESI, m/z) do aduto 82...................................192
93 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do diacetal 86.............................................195
94 – Espectro de NOE do diacetal 86..................................................................................196
95 – Espectro de NOE do diacetal 86..................................................................................197
96 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do aldeído 84..............................................199
97 – Espectro de RMN 13C (75,4MHz, CDCl3) do aldeído 84............................................200
98 – Espectro na região do infravermelho do aldeído 84....................................................201
99 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do aduto 85.................................................204
100 – Espectro de RMN 13C (75MHz, CDCl3) do aduto 85................................................205
101 – Espectro na região do infravermelho do aduto 85....................................................206
102 – Espectro de Massas de Alta resolução (ESI, m/z) do aduto 85.................................207
103 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do aduto 93...............................................210
104 – Espectro de RMN 13C (75,4MHz, CDCl3) do aduto 93.............................................211
105 – Espectro na região do infravermelho do aduto 93....................................................212
106 – Espectro de Massas de alta resolução (70eV, m/z) do aduto 93................................213
107 – Espectro de RMN 1H (300MHz, D2O) da lactona 44................................................215
108 – Espectro de RMN 13C (75,4MHz, D2O) do aduto 44................................................216
109 – Espectro na região do infravermelho do aduto 44....................................................217
110 – Espectro de RMN 1H(300MHz, CDCl3) do aldeído 45............................................219
111 – Espectro de RMN 13C (75,4MHz, CDCl3) do aldeído 45.........................................220
112 – Espectro na região do infravermelho do aldeído 45..................................................221
113 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do aduto 46b............................................224
114 – Espectro de RMN 13C (75,4MHz, CDCl3) do aduto 46b..........................................225
xxxii
115 – Espectro na região do infravermelho do aduto 46b..................................................226
116 – Espectro de Massas de alta resolução (70eV, m/z) do aduto 46b..............................227
117 – Espectro de RMN 1H(300MHz, CDCl3) do cetoéster 116........................................229
118 – Espectro de RMN 13C (75,4MHz, CDCl3) do cetoéster 116.....................................230
119 – Espectro na região do infravermelho do cetoéster 116.............................................231
120 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do produto 129.........................................233
121 – Espectro de RMN 13C (75,4MHz, CDCl3) do produto 129.......................................234
122 – Espectro na região do infravermelho do produto 131...............................................235
123 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do álcool alílico 134.................................237
124 – Espectro de RMN 13C (75,4MHz, CDCl3) do produto 134.......................................238
125 – Espectro na região do infravermelho do álcool alílico 134.......................................239
126 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do produto 135.........................................241
127 – Espectro de RMN 13C (75,4MHz, CDCl3) do produto 135.......................................242
128 – Espectro na região do infravermelho do produto 135...............................................243
129 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do aduto 136.............................................245
130 – Espectro de RMN 13C (300MHz, CDCl3) do aduto 136............................................246
131 – Espectro na região do infravermelho do produto 136...............................................247
132 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do aduto 137.............................................250
133 – Espectro de RMN 13C (75,4MHz, CDCl3) do aduto 137...........................................251
134 – Espectro de RMN 13C (75,4MHz, CDCl3) do aduto 137...........................................252
xxxiii
Índice de Tabelas
1 – Relação entre substituintes em acrilatos e tempos reacionais...........................................4
2 – Relação entre temperatura e tempo reacional na reação de MBH....................................5
3 – Reação de MBH utilizando o 8-fenilmentol...................................................................12
4 – Comparação entre aquecimento e ultrassom na velocidade da reação............................29
5 – Reações de MBH com vários aldeídos e diferentes acrilatos na presença e na ausência
de ultrassom..........................................................................................................................30
6 – Preparação da mistura de adutos 43a e 43b em diferentes condições............................33
7 – Efeito do solvente descrito por Krishna..........................................................................37
8 – Comparação dos dados de HPLC....................................................................................40
9 – Comparação dos dados de RMN1H de Krishna com aqueles obtidos em nosso
laboratório.............................................................................................................................41
10 – Comparação dos dados de rotação óptica.....................................................................41
11 – Reações de MBH utilizando hidroxi-aldeídos..............................................................43
12 – Deslocamentos dos carbonos de compostos α-metileno-β-hidroxi-γ-alcoxi
ésteres....................................................................................................................................49
13 – Deslocamentos dos carbonos dos compostos 69a e 69b...............................................50
14 – Dados de RMN1H e RMN13C dos produtos 77, 82 e 85...............................................62
15 – Reação de MBH catalisada por diferentes bases...........................................................68
16 – Pontos de fusão de sais imidazólicos............................................................................76
17 – Comparação do uso de líquidos iônicos........................................................................77
18 – Uso de líquidos iônicos em quantidades catalíticas......................................................78
19 – Reações de MBH a 0ºC na presença de líquido iônico.................................................82
xxxiv
20 – Reações de MBH entre 2,3-isopropilideno-D-gliceraldeído e acrilato de metila sem
ultrassom...............................................................................................................................83
21 – Matriz de planejamento para a reação de MBH com o 2,3-isopropilideno-D-
gliceraldeído..........................................................................................................................84
22 – Resultados do estudo estatístico....................................................................................85
23 – Reações com vários aldeídos na presença de líquido iônico.........................................87
24 – Dados espectroscópicos da lactona 44..........................................................................90
25 – Comparação dos dados de RMN1H das lactonas eritro 44 (obtida por Benezra) e
treo........................................................................................................................................91
26 – Ozonólise de adutos de MBH realizada em nosso laboratório.....................................96
27 – Ozonólise do aduto de MBH do 2,3-isopropilideno-L-gliceraldeído............................97
28 – Dados de RMN1H do intermediário 131.....................................................................100
xxxv
Abreviaturas
Bmim[PF6] hexafluorfosfato de butil metil imidazólio
CCD cromatografia em camada delgada de sílica
CSA Ácido canforsulfônico
DABCO diazabiciclo-2,2,2-octano
DBU diazabiciclo undecano
DIBAL-H hidreto de diisobutil alumínio
DMAP 4-N,N-dimetilamino piridina
DMF dimetilformamida
DMSO dimetilsulfóxido
EWG eletron withdrawing group (grupo retirador de
elétrons)
IBX ácido iodoxi benzóico
LI líquido iônico
MBH Morita-Baylis-Hillman
NaBH(OAc)3 triacetoxi borohidreto de sódio
NOE efeito nuclear Overhauser
PMB para-metóxi-benzil
RF fator de retenção
TBSCl cloreto de terc-butildimetil silano
TFA ácido trifluoroacético
THF tetraidrofurano
1
1. Introdução
1.1. A reação de Morita-Baylis-Hillman – Histórico e Definição
A reação de Morita-Baylis-Hillman teve sua origem em 19681, quando
Morita descreveu a reação de um aldeído com compostos acrílicos catalisada por
tricicloexilfosfina. Morita nomeou a transformação como adição carbinólica. No
entanto, o rendimento da reação foi extremamente baixo (20%).
Em 1972, Anthony B. Baylis e Melville E. D. Hillman publicaram uma
patente alemã como resultado de extensivos estudos na mesma reação, desta vez
utilizando aminas terciárias, como catalisadores, ao invés de fosfinas2. Estes autores
por sua vez obtiveram rendimentos acima de 75% após uma semana de reação. Seis
anos mais tarde essa transformação foi denominada reação de Baylis-Hillman. No
entanto, o enorme potencial da reação começou a ser explorado apenas em 1989,
primeiramente por Drewes e Basavaiah3. Desde então seu escopo tem sido
amplamente explorado.
A reação de Morita-Baylis-Hillman pode ser definida como o acoplamento
carbono-carbono entre a posição α de alcenos ativados e carbonos eletrofílicos sp2
sob a influência catalítica de uma amina terciária, constituindo assim uma
metodologia simples e eficiente para a síntese de moléculas densamente
funcionalizadas4 (esquema 1).
1 Morita, K-I.; Suzuki, Z.; Hirose, H. Bull. Chem. Soc. Jpn. 1968, 41, 2815. 2 Baylis, A. B.; Hillman, M. E. D. German Patent 2155113. 1972; Chem. Abstr. 1972, 77, 34174q. 3 a) Basavaiah, D.; Gowriswari, V.V.L. Synth. Commun. 1989, 19, 2461; b) Drewes, S. E.; Emslie, N. D.; Khan, A. A. Synth. Commun. 1989, 19, 959. 4 a) Basavaiah, D.; Rao, A. J.; Satyanarayana, T. Chem. Rev. 2003, 103, 811; b) Ciganek, E. In Organic
Reactions 1997, 51, cap. 2, 201; c) Coelho, F. Almeida, W. P. Quím. Nova 2000, 23, 98; d) Basavaiah, D.; Rao, P. D.; Hyma, R. S. Tetrahedron 1996, 52, 8001.
2
RCHO +EWG
NN
DABCO
OH
REWG
Esquema 1 – A reação de Morita-Baylis-Hillman
Embora esta transformação seja comumente conhecida como reação de
Baylis-Hillman, deve-se grande parte do crédito a Morita, devido aos seus estudos
iniciais1. Assim, muitas vezes a reação é denominada Morita-Baylis-Hillman
(MBH).
Nos últimos anos, a reação de MBH tem se tornado uma das metodologias
mais populares para a formação de ligações carbono-carbono, basicamente por
apresentar características fundamentais para a eficiência de um método sintético: é
régio, químio e estereosseletiva; apresenta elevada economia de átomos; requer
condições brandas e fornece moléculas polifuncionalizadas de grande interesse
sintético, tanto para uso acadêmico quanto industrial. O gráfico apresentado na
figura 1 mostra a evolução e o grau de interesse demonstrados pela comunidade
científica, mensurados pelo número de publicações referente ao assunto que tem
surgido nas principais revistas especializadas.
242232
200
148
10981
3
196
112
0
50
100
150
200
250
300
196
8-
19
90
199
1-
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
Período
Art
igo
s p
ub
licad
os
Figura 1 – Publicações envolvendo a reação de Morita-Baylis-Hillman. Fonte: webofscience; palavra-chave: Baylis-Hillman (Data de acesso: 2/2/2008).
3
1.2. Mecanismo de Reação
Vários estudos mecanísticos e cinéticos levaram à proposta mais aceita
atualmente para o mecanismo da reação de MBH. Inicialmente proposto por Hill e
Isaacs5, esse mecanismo foi posteriormente refinado por outros autores6. A primeira
etapa da reação consiste de uma adição nucleofílica da amina terciária ao composto
carbonílico-α,β-insaturado ativado, o qual gera o intermediário zwitteriônico A. Na
etapa seguinte, este intermediário se adiciona ao aldeído, via uma reação de
condensação aldólica, para formar o zwitterion B. Na proposta original ocorre uma
migração de próton intramolecular que leva à formação do intermediário C, que
através de uma reação de eliminação E2 ou E1cb conduz ao aduto de MBH. Nesta
etapa o catalisador é regenerado e retorna ao ciclo catalítico (esquema 2).
NN
O
ORN
N
OR
O-
H
OPh
NN
OR
O
PhO-
H
H
NN
OR
O-
PhO-
H
H
OH
Ph OR
O
+N
NE1cb
E2
A B
C
Esquema 2 – Mecanismo proposto por Hill e Isaacs para a Reação de MBH
5 Hill, J. S.; Isaacs, N. S. J. Phys. Org. Chem. 1990, 3, 285. 6 a) M. R. Bode, M. L.; Kaye, P. T. Tetrahedron Lett. 1991, 32, 5611; b) Fort, Y.; Berthe, C.; Caubere, P. Tetrahedron 1992, 48, 6371.
4
Kaye e colaboradores6a mostraram que a variação de R no acrilato leva a um
aumento da velocidade reacional na seguinte ordem: Me > Et > i-Pr, sugerindo que a
ativação do enolato por efeito indutivo pode contribuir para diminuir a velocidade da
reação. Posteriormente Caubere e colaboradores6b também chegaram a resultados
semelhantes concluindo que além dos efeitos eletrônicos, efeitos estéricos também
influenciam na velocidade da reação. Dessa forma, o aumento do volume do
substituinte no acrilato dificulta a aproximação do reagente diminuindo a velocidade
reacional (tabela 1).
Tabela 1 - Relação entre substituintes em acrilatos e tempos reacionais
R Tempo (dias) Rendimento (%)
CH3 6 89
C2H5 7 79
n-C4H9 4 85
n-C6H13 9 82
n-C8H17 12 78
n-C10H21 14 75
i-C4H9 16 85
t-C4H9 28 65
CH2CH(C2H5)-C4H9 20 82
2-adamantil 62 40
Um fato interessante da reação de MBH é uma incomum relação entre a
temperatura e a velocidade reacional.7 A velocidade da reação é acelerada quando
conduzida a 0ºC. Esse comportamento é observado para vários aldeídos. Por
exemplo, enquanto a reação entre o acrilato de metila e o acetaldeído a temperatura
ambiente leva 1 semana para finalizar, a 0º C é completa em 8 horas (tabela 2).
7 Rafel, S.; Leahy, W. J. Org. Chem. 1997, 62, 1521.
5
O
H
O
OMe+OH O
OMe
DABCO
Tabela 2 – Relação entre temperatura e tempo reacional na reação de MBH
Condição tempo Rendimento (%)
t.a. 7 dias 88
0ºC 8h 74
Leahy e colaboradores7 racionalizaram este efeito considerando os enolatos
intermediários a e b (figura 2). Estes intermediários podem estar em equilíbrio com
o material de partida e provavelmente reagem com o aldeído em diferentes
velocidades. Poderia se esperar que a e b tenham concentrações relativas diferentes
a 0º C e à temperatura ambiente, e dessa forma, o enolato apresentado na estrutura a
deveria ser o favorecido a baixas temperaturas. Suporte adicional para esta
possibilidade vem do fato de que baixas temperaturas não aceleram a adição de
acrilonitrila ao benzaldeído e a acrilonitrila não é capaz de formar um enolato
ionicamente estável como a (figura 2).
O
OCH3
O-
OCH3
N+R3
O-
OCH3
R3 N+
a b
Figura 2 – Enolatos intermediários na reação de MBH
6
Apesar do crescimento exponencial da reação de MBH, poucos estudos
experimentais coletaram evidências para suportar experimentalmente o ciclo
catalítico proposto por Isaacs e Hill. Drewes e colaboradores8 descreveram a reação
entre acrilato de metila e 2-hidroxi-benzaldeído na presença de DABCO, isolando
um intermediário do tipo C (vide esquema 2) como um sal de cumarina, e o
caracterizaram por cristalografia de raios X (esquema 3).
H
O
OH
O
OCH3N
N
OCH2Cl2, 0ºC40%
O
NN
Cl-
Esquema 3 – Sal de cumarina obido na reação de MBH
Recentemente, os intermediários propostos para o ciclo catalítico da reação
de MBH foram interceptados e tiveram suas estruturas caracterizadas com êxito pelo
nosso grupo de pesquisas, utilizando ionização por eletrospray e espectrometria de
massas9. Desta forma, evidências para o mecanismo atualmente aceito foram
coletadas pela primeira vez, confirmando assim as propostas iniciais feitas por Hill e
Isaacs (figura 3).
N+N
H
m/z 113
N+N
HO
OMe
m/z 199
N+N
HO
OMe OH
N
S
m/z 312
O
OMe OH
N+
S
H
m/z 200
Figura 3 – Intermediários interceptados por ESI-(+)MS(/MS) 8 Drewes, S. E.; Njamela, O. L.; Emslie, N. D.; Ramesar, N.; Field, J. S. Synth. Commun. 1993, 23, 2807 9 Santos, L. S.; Pavam, C. H. Almeida, W. P, Coelho, F. Eberlin, M. N. Angew. Chem. Int. Ed. 2004, 43, 4330.
7
Apesar deste mecanismo ser bem aceito e já existirem fortes evidências
experimentais que a justifiquem, existe ainda uma controvérsia a ser resolvida no
mecanismo da reação. Durante a reação ocorre migração de hidrogênio que favorece
à etapa de eliminação (ver intermediário B, esquema 2). A proposta original sugere
que essa migração ocorre através de um intermediário de quatro membros, o que
aparentemente pode ser bastante desfavorável.
Recentemente McQuade e colaboradores10 propuseram uma alternativa para
essa etapa de eliminação (esquema 4). Segundo esses autores, após a adição aldólica
sobre o zwitteríon 3, o alcoolato formado 5 ataca uma outra molécula de aldeído
para formar um intermediário hemiacetal 6. O alcoolato formado nesse ataque
nucleofilico à carbonila de uma segunda molécula de aldeído é o responsável pela
abstração do próton, através de um estado de transição de seis membros 7. Essa
proposta é subsidiada por estudos cinéticos, que mostram uma cinética de segunda
ordem em relação ao aldeído.
NN
H
O
OMe
k1
2
NN
O
O
H
Me
NN
O
OMe
O-
Ar
HAr
O
H
k2
4
NN
O
OMe
O
Ar
H
k3
O-
Ar
NN
O
OMe
O
Ar
H
Ar-O
O
OMeO
OMe
Ar
OH
Esquema 4 – Nova interpretação para o mecanismo da reação de MBH
10 Price, K. E.; Broadwater, S. J.; Jung, H. M.; McQuade, T.J. Org. Lett. 2005, 7, 147. b) Price, K. E.; Broadwater, S. J.; Walker, B. J.; McQuade, D. T. J. Org. Chem. 2005, 70, 3980; c) Aggarwal, V. K.; Fulford, S. Y.; Lloyd-Jones, G. C. Angew. Chem. Int. Ed. 2005, 44, 1706.
8
1.3. Componentes essenciais
Nesta reação os eletrófilos podem ser aldiminas ou aldeídos, aromáticos ou
alifáticos11. Cetonas e cetoésteres também são usados, mas exigem condições
especiais, como por exemplo, altas pressões4d. Os aldeídos alifáticos reagem mais
rapidamente que os aromáticos, e estes são melhores que as aldiminas, cetonas e
cetoésteres. Em relação aos nucleófilos, os acrilatos (EWG = CO2R) são
empregados com mais freqüência. Os acrilatos arílicos são os melhores nucleófilos,
segundo Caubere e colaboradores12, mas podem causar irritação, ânsia de vômito e
dores de cabeça em pessoas mais sensíveis, pois são conhecidamente muito tóxicos.
Alquil vinil cetonas, acrilonitrilas, vinil sulfonas, acrilamidas, ésteres alênicos, vinil
sulfonatos, vinil sulfóxidos, vinil fosfonatos e acroleínas têm sido também utilizados
com sucesso4a.
Enonas também podem ser utilizadas como nucleófilos em reações de MBH,
e a reação é bem sucedida, podendo ser catalisada por aminas terciárias, fosfinas, e
outros catalisadores de ródio ou rutênio13. As adições destas cetonas catalisadas por
aminas são muito "limpas" quando realizadas em solvente etéreo, geralmente THF.
Enonas contendo substituintes na posição α reagem mais lentamente do que as não
ramificadas. Enonas cíclicas reagem com aldeídos aromáticos em condições
especiais, na presença de ácido de Lewis e catalisadores de enxofre ou selênio14.
Embora DABCO seja o catalisador de escolha, várias outras aminas terciárias
tais como quinuclidina, 3-Hidroxi-quinuclidina15, 3-quinuclidona16 e hexametileno
tetramina17 têm também sido empregadas na reação de MBH em diferentes sistemas.
11 Takagi, M.; Yamamoto, K. Tetrahedron 1991, 47, 8869 e referências citadas. 12 Fort, Y.; Berthe, M. C.; Caubere, P. Tetrahedron 1992, 48, 6371. 13 Amri, H.; Villieras, J.; Tetrahedron Lett. 1986, 27, 4307. 14 Kataoka, T.; Iwama, T.; Shin-ichiro, T.; Tatsunori, I.; Watanabe, S. Tetrahedron 1998, 54, 11813. 15 Drewes, S. E.; Freese, S.; Emslie, N. D.; Ross, G. H. P. Synth. Commun. 1988, 18, 1565. 16 Langer, P. Angew. Chem. Int. Ed. 2000, 39, 3049. 17 Vasconcellos, M. L. A. A.; Sousa, R. O. M. A.; Meireles, B. A.; Aguiar, L. C. J. Synth. Org. Chem. 2004, 1, 1595.
9
1.4. Características experimentais
A reação de MBH é experimentalmente muito mais simples do que reações
análogas, tais como a reação aldólica. Na maioria dos casos não há necessidade de
solventes. Quando necessários, os mais utilizados são metanol, diclorometano, THF
e dioxano, sem tratamento prévio ou secagem. A água também pode ser utilizada
quando o aldeído for solúvel. A maioria das reações ocorre à temperatura ambiente,
sem que este fator afete a seletividade da reação, no caso da versão assimétrica. Não
há a necessidade de atmosfera inerte, sendo recomendada apenas a troca de
atmosfera quando o aldeído é sensível ao oxigênio atmosférico. No caso de
necessidade de ultrassom, equipamentos simples utilizados em limpeza de
instrumentos funcionam bem, e para a irradiação microondas um equipamento
doméstico é suficiente. Os catalisadores podem ser utilizados na proporção de 10 a
30%. Quantidades equimolares não alteram os resultados, segundo a literatura4d.
Embora os rendimentos não sejam muito altos (~70%), na maioria dos casos o
aldeído é recuperado quase quantitativamente, podendo ser reciclado. Os adutos
costumam ser estáveis frente às técnicas rotineiras de análise e purificação, como
por exemplo, coluna cromatográfica, CG e HPLC.
1.5. Versão Assimétrica
A nova ligação formada na reação de MBH vem acompanhada da geração de
um novo centro estereogênico (esquema 5). Diferentes tipos de fontes quirais podem
ser utilizados para se obter o produto com elevada estereosseletividade. Dentre estas
fontes podemos citar aldeídos quirais, acrilatos quirais, catalisadores quirais e
aditivos quirais (solventes, líquidos iônicos etc). Vários esforços têm sido feitos nos
últimos anos com o objetivo de se obter boas seletividades na reação de MBH em
sua forma assimétrica.
10
RCHO +EWG
DABCO
OH
REWG
*
centro estereogênico
Esquema 5 – Centro estereogênico gerado na reação de MBH
Leahy e colaboradores18 reportaram uma versão assimétrica da reação de
MBH utilizando a acrilamida enantiopura 1, derivada da sultama de Oppolzer, como
auxiliar quiral, na presença de vários aldeídos (esquema 6), obtendo elevados
excessos enantioméricos (>99%). A dioxana resultante da reação foi convertida no
aduto aldol anti 2. Outros produtos biologicamente importantes foram obtidos
através desta metodologia, como por exemplo a (-)-tulipalina B 3.
N
O
S OO
AcOCH2CHODABCO, CH2Cl268% (>99% ee)
O
OAcO
O
OAc
O
OEt
O
Et EtCHODABCO, CH2Cl298% (>99% ee)
CSA, MeOH85%
CO2Me
OH
Rh (I), H285%
CO2Me
OH
MeOH, Et3N85%
CO2MeAcO
OH
CSA, PhH
O O
O
OH
O
OAc
+
(-)-tulipalina B 3 25% (-)- 65%
1
2
Esquema 6 – Reação de MBH com o acrilato derivado da sultama de Oppolzer
18 Brzezinski, L. J.; Rafel, S.; Leahy, J. W. J. Am. Chem. Soc. 1997, 119, 4317.
11
O modelo proposto pelos autores para justificar a enantioseletividade
observada é apresentado no esquema 7. A adição do catalisador ao auxiliar 1 resulta
na formação do enolato Z que pode existir como os dois rotâmeros 4 e 5. No
rotâmero 5, o grupo carbonila está orientado anti ao grupo sulfonila, o que minimiza
as interações dipolares entre estes dois grupos. A conformação preferencial anti 5 na
ausência de um ácido de Lewis que poderia quelar estes dois grupos mostrou ser
favorecida na reação de MBH. Assim, a adição do aldeído à face re do acrilato é
favorecida, devido às interações estéricas com o oxigênio do grupo sulfonila
evitando o ataque à face si. A reação do aldeído na face re do enolato pode ser
representada por 6, com o hidrogênio favoravelmente próximo do grupo amônio
volumoso. A eliminação da amina terciária leva ao produto desejado.
DABCON
O
S OO
O
OR
O
R
NS O
O
ONR3
+
NS O
O
NO
R3+
RCHO
Adição à face re
H
H
OR
O
XqN
NR3+
O
XqN R
O-
R3N+
O
XqN NR3+
O R
R-O
NR3+
O
OR
O
R
1 4 5
6
7
Esquema 7 – Modelo proposto para a enantioseletividade observada
12
Drewes e colaboradores19 descreveram a utilização do 8-fenilmentol 8 como
auxiliar quiral na reação de MBH (figura 4). Ph
O
O
8
Figura 4 – Auxiliar quiral utilizado na reação de MBH
Esses autores observaram uma dependência entre o tempo reacional e a
diastereosseletividade obtida, como no caso do tricloroacetaldeído (entrada 1, tabela
3).
RCHO + OR*
ODABCO
OR*
O
R
OH
Tabela 3 – Reação de MBH utilizando o 8-fenilmentol Entrada R (aldeído) ed (%) Rendimento (%)
1 CCl3 70 58 2 CH2CH3 65 81 3 p-NO2Ph 60 65 4 CH(CH3)2 42 76 5 Ph 35 82 6 c-hexil 31 67 7 furil 30 59 8 CH3 2 73
Adicionalmente, os excessos diastereoisoméricos obtidos podem ser
suportados pela formação de um intermediário tal como 9, no qual uma
conformação é favorecida através de um efeito π-stacking (figura 5).
19 Drewes, S. E.; Emslie, N. D.; Khan, Abdullah. Synth. Commun. 1993, 23, 1215.
13
O
O-
N+
N
9
Figura 5 – Intermediário proposto para a reação com o 8-fenilmentol
Outros acrilatos quirais foram também testados na reação de MBH,
conduzindo a bons excessos diastereoisoméricos.
Gilbert e colaboradores20 descrevem a influência da pressão sobre a
diastereosseletividade na reação de MBH. Acrilato de L-mentila e benzaldeído por
exemplo, reagiram a uma pressão de 7,5 kbar, fornecendo um único
diastereoisômero, enquanto à pressão atmosférica, o excesso diastereoisomérico foi
de 22% (esquema 8).
O
O
+ PhCHO
O
O OH
Ph
O
O OH
Ph
100% ed
22% ed
DABCO 7,5 kbar
DABCO 1 atm
10
11
12
Esquema 8 – Reação de MBH dependente da pressão
Aldeídos como fontes quirais têm também sido extensivamente explorados na
reação de MBH. Os primeiros estudos nessa área foram relatados por Drewes e
também por Roos. Drewes e colaboradores utilizaram o amino aldeído 13 na reação
20 Gilbert, A.; Heritage, T.; Isaacs, N. Tetrahedron: Asymetry 1991, 2, 969.
14
de MBH21a. Apesar da alta conversão obtida, os autores observaram uma total
racemização do aldeído na reação (esquema 9). A racemização do aldeído descrita
por Drewes ocorreu devido a dois problemas: o alto tempo de reação no meio básico
(DABCO) e a presença de um grupo de proteção retirador de elétrons no nitrogênio,
o que contribuiu para o aumento da acidez do próton α-carbonílico.
N
DABCO
7 dias
CO2CH3
N CO2CH3
OHN CO2CH3
OH
+
Diastereoseletividade: syn: anti (68a : 68b) 3 : 7
[a]D = 0
O
O2NO2N O2N
CHO
O O
13 14 15
Esquema 9 – Uso de aminoaldeídos na reação de MBH
Recentemente, nosso grupo de pesquisas demonstrou que a reação de MBH
com α-aminoaldeídos quirais realizada na presença de ultrassom associada à
presença de um substituinte adequado no nitrogênio evita a racemização do aldeído
quase completamente, fornecendo substratos quirais versáteis que podem ser
utilizados como materiais de partida na síntese de produtos naturais22. O aduto de
MBH 17 foi usado na síntese do aminoácido não proteinogênico N-boc-dolaproína
18, enquanto o aduto de MBH 20 foi convertido na lactama bicíclica 21, a qual
possui o esqueleto de um alcalóide indolizidínico substituído (esquema 10).
21 a) Drewes, S.E.; Khan, A.A.; Rowland, K. Synth. Commun. 1993, 23, 183; (b) Roos, G. H. P.; Manickum, T. Synth. Commun. 1991, 21, 2289. 22 a) Almeida, W.P.; Coelho F. Tetrahedron Lett. 2003, 44, 937; b) Coelho, F.; Diaz, G.; Abella, C. A. M.; Almeida, W. P. Synlett 2006, 3, 435.
15
N
O O
CO2CH3
DABCO, )))
80 h, 97%
N
O O
anti (majoritário)sem racemização
19 20
[α]D = 19,8º (e.e. >99%)
CHO
OHCO2CH3
N
O
OH
lactama bicíclica 21
N
O O
CHO
CO2CH3
DABCO, )))
5 dias, 75%
N
O OOH
CO2CH3
anti (majoritário)sem racemização
N
O OOCH3
CO2H
N-Boc-Dolaproína16 17 18
[α]D = 32,5º (e.e. >99%)
Esquema 10 – Reações de MBH com aminoaldeídos sem racemização
Aldeídos com restrição conformacional também foram utilizados com
sucesso na reação de MBH. Krishna e colaboradores23 utilizaram 2,3-epoxi-aldeídos
quirais como eletrófilos na reação de MBH com alcenos ativados conduzindo aos
adutos com bons rendimentos e diastereosseletividades moderadas (esquema 11).
Epoxi-aldeídos trans forneceram isômeros anti como produtos principais enquanto
epoxi-aldeídos cis levaram aos isômeros syn como produtos majoritários. A
diastereosseletividade observada foi explicada pelo modelo de Cornforth onde o
ataque nucleofílico ocorre pela face menos impedida (esquema 11).
23 Krishna, P. R.; Lopinti, K. R.; Kannan, V. Tetrahedron Lett. 2004, 45, 7847.
16
OOR
X
DABCO
DMF, ta, 3-8 h63-80%
, ORHO H
X ORH OH
X+
cis epoxi aldeído anti 26 syn (principal) 27
OOR
OR X
HO H
X
DABCO
DMF, ta, 3-8 h61-76%
, OR X
H OH+
trans epoxi aldeído anti (principal) 23 syn 24
22
25
O
H
O
H
RH
face Si
Nu
trans epoxi aldeído
O
H
O
H
HR
face Re
Nu
cis epoxi aldeído
Modelo de Cornforth
Esquema 11 – Reações de MBH com 2,3-epoxi aldeídos quirais
A reação de MBH entre acrilato de metila ou acrilonitrila e o benzaldeído o-
substituído complexado com Cr(CO)3 28 foi realizada24 (esquema 12), também
apresentando excelentes excessos enantioméricos (>95%). Em todas as reações, o
produto principal, foi o resultante da adição do enolato ao confôrmero no qual o
grupo carbonila está coplanar com o anel aromático e anti ao substituinte em orto
como mostrado no esquema 12. Esta adição também se dá pela face menos impedida
do aldeído, contrária ao grupo tricarbonilcromo.
24 Kundig, E. P.; Xu, L. H.; Romanens, P.; Bernardinelli, G. Tetrahedron Lett. 1993, 34, 7049.
17
Cr(CO3)
O
HR
EWG
DABCO
Cr(CO3)
O
HR
EWG CH2+NR3
-DABCO
Cr(CO3)
HROH
EWG
OH
EWG
R
85-97% rendimento(>95% ee)
28
29
Esquema 12 – Reação de MBH com o benzaldeído o-substituído complexado com Cr(CO)3
Reações de MBH com outros aldeídos quirais também têm sido estudadas,
entre eles N-fenilsulfonil-L-prolinal 30,25
(S)-3-benziloxibutiraldeído 31,26 mirtenal
32,6 aldeídos derivados de açúcares 33,
27 α-alcóxi-aldeídos 34 e α-aminoaldeídos
3528
, todas levando ao produto com bons excessos diastereoisoméricos.
N
SO2Ph
CHO OCH2Ph
CHO
OHC O
O
OOHC OR'
CHO
NR'R''
CHO
30 31 32 33 34 35
Figura 6 – Aldeídos quirais utilizados na Reação de MBH 25 Manickum, T.; Roos, G. H. P. Synth. Commun. 1991, 21, 2269 26 Drewes, S. E.; Njamela, O. L.; Roos, G. H. P. Chem. Ber. 1990, 123, 2455 27 Krishna, P. R.; Kannan, V.; Sharma, G. V. M.; Rao, M. H. V. R. Synlett 2003, 6, 888 28 Drewes, S. E.; Manickum, T.; Roos, G. H. P. Synthetic Commun 1988, 18, 1065
18
Um dos campos mais promissores da reação de MBH está relacionado com o
desenvolvimento de novos catalisadores quirais, visando aumento da
enantiosseletividade da reação. Dentro deste contexto, Berkessel e colaboradores
desenvolveram catalisadores do tipo bis(tio)uréia 36 (figura 7) e utilizaram em
reações de MBH29. Excessos enantioméricos da ordem de 96% foram obtidos na
reação entre 2-cicloexen-1-ona e cicloexano-carboxaldeído (esquema 13).
NH HN
S CF3
F3C
CH3
HN
NH
S
F3C
CF3
CH3H3C
36
Figura 7 – Catalisador do tipo bis(tio)uréia
O
H DABCO, 10ºC, 36+
OH
70% rdto, 96% ee
OO
37 38 39
Esquema 13 – Reação de MBH com o catalisador 36
Hatakeyama desenvolveu a primeira reação de MBH catalítica assimétrica
eficiente, utilizando a base quiral 42, derivada da quinidina30 (esquema 14). Na
presença de 10 mol % do catalisador 42 vários aldeídos alifáticos e aromáticos
reagiram com o acrilato ativado 40 para conduzir ao aduto de MBH com
29 Berkessel, A.; Roland, K.; Neudorfl, J. Org. Lett. 2006, 8, 4195 30 Iwabuchi, Y.; Nakatani, M.; Yokoyama, N.; Hatakeyama, S. J. Am. Chem. Soc. 1999, 121, 10219
19
rendimentos moderados mas com enantiosseletividades altas (>90%). Os tempos de
reação são altamente dependentes do substrato variando entre 1 e 72h.
RCHO + O
O
CF3
CF342 (10 mol%)DMF, 1-72h
-55ºC
O
O
CF3
CF3R
OH
40 41
N
OH
N
O
42
Esquema 14 – Reação de MBH utilizando o catalizador quiral 42
Um modelo foi proposto para racionalizar a estereoquímica absoluta
observada nos produtos e o papel exercido pela hidroxila fenólica na estabilização
do intermediário zwitteriônico (figura 8). Este intermediário, estabilizado por
ligação de hidrogênio intramolecular entre o oxiânion e a hidroxila fenólica, sofre
rápida eliminação para fornecer o produto de configuração R observado.
N
O
N+O
H
H
PhO
O OCF3
F3C
Figura 8 – Intermediário de 13 membros proposto por Hatakeyama
Ao mesmo tempo em que esta metodologia é bastante promissora no que se
refere ao desenvolvimento de uma versão assimétrica eficiente da reação de MBH,
20
ela apresenta algumas limitações. Primeiramente, a reação vem acompanhada da
formação de dioxanonas como subprodutos, dessa forma diminuindo o rendimento
da reação. Além disso, a capacidade de se formar o enantiômero oposto nesta reação
também não é notada. Finalmente, a desproteção do grupo metóxi do anel quinolina
levando à hidroxila livre é crucial para a atividade do catalisador.
Recentemente, trabalhos envolvendo a reação de MBH assimétrica utilizando
o catalisador 42, com iminas31, e também num sistema multicomponente32 foram
desenvolvidos, ambos conduzindo a α-metileno-β-aminoácidos com elevados
excessos enantioméricos (esquema 15).
NTs
ArH+ OR
O42
42RCHO + OR
O
+ TsNH2
OR
O
R
NHTs
58-95% rdto72-82% ee
Esquema 15 – Reações de MBH utilizando o catalizador quiral 42
31 Shi, M.; Xu, Y.-M. Angew. Chem. Int. Ed. 2002, 41, 4507. 32 Shi, Balan, D.; Adolfsson, H. Tetrahedron Lett. 2003, 44, 2521
21
2. Objetivos
O grande interesse despertado pelos adutos de MBH está ligado a dois
aspectos principais:
• eles podem intrinsecamente apresentar um elevado efeito biológico;
• eles podem atuar como precursores na preparação de diversos fármacos e
produtos naturais biologicamente importantes, sendo, portanto intermediários
extremamente versáteis.
Essas características justificam a necessidade de dispormos de novas
metodologias para a preparação de adutos de MBH, através da utilização de
substratos de fácil acesso e baixo custo.
Dentro deste contexto, este projeto de Doutorado visa realizar estudos tendo
como principais objetivos:
1. Avaliar os rendimentos e diastereosseletividades nas reações de MBH
utilizando diferentes aldeídos quirais α-oxigenados como substratos. A estrutura
geral destes aldeídos é apresentada na figura 9.
O
HR1
OR
R = TBS, benzila, acetal etcR1 = alquila, arila, açúcares etc
Figura 9 – Aldeídos quirais a serem utilizados neste trabalho
A reação de MBH tem como principal inconveniente o tempo necessário para
a sua complementação. O uso de aditivos físicos ou químicos colabora na
diminuição do tempo de reação. Como as reações são efetuadas na presença de uma
base, aldeídos com centros assimétricos em posição α-carbonila podem sofrer
reações de racemização no meio reacional, o que poderia levar a uma baixa pureza
óptica do aduto gerado. Avaliaremos a influência de ultrassom e de líquidos iônicos
22
na velocidade da reação e no grau de racemização do aldeído quiral. Para isso,
estudos quimiométricos serão realizados, para avaliar a influência de cada um destes
parâmetros na reação, assim como a avaliação do efeito sinérgico entre eles.
2. Aplicar os resultados obtidos nas seguintes propostas:
a) Preparação de uma α-metileno-γ-butirolactona – Essa classe de lactonas se
destaca por sua atividade biológica (antifúngica e antibacteriana). A 2-Deoxi-2-C-
metileno-D-eritro-pentano-1,4-lactona 44 pode ser facilmente acessada a partir do
aduto de MBH 43a anti (esquema 16).
OO
OH
OCH3
OOO
OH
OH
43a44
Esquema 16 – Obtenção de uma α-metileno-γ-butirolactona
b) Preparação do ácido (+)-polioxâmico – Este produto natural poderia ser
facilmente acessado a partir do aduto de MBH do 2,3-isopropilideno-L-
gliceraldeído. A rota sintética proposta no esquema 17 se baseia na ozonólise da
olefina presente no aduto, seguida da aminação redutiva da cetona resultante.
OO
OH
OCH3
O
OH
OH
OH
O
NH2
HO OO
CHO
47 46b 45
Esquema 17 – Obtenção do ácido (+)-polioxâmico
23
c) Preparação do fragmento polar da (-)-miriocina – Esse fragmento (49)
poderia ser obtido através da geração regiosseletiva de um centro quaternário no
aduto 43b syn. Este por sua vez pode ser preparado através da reação de MBH entre
o acrilato de metila e o 2-3-isopropilideno-D-gliceraldeído 48, facilmente obtido a
partir do D-manitol.
OO
OH
OCH3
O
HO
OH
OH
O
OHNH2
HOO
O
CHO
49 43b 48
Esquema 18 – Preparação do fragmento polar da (-)-miriocina
24
3. Resultados e Discussão
3.1. Reações na presença de ultrassom
3.1.1. Definição e Uso do Ultrassom
Ultrassom é definido como sendo ondas sonoras de frequência além do
alcance da audição humana. O alcance normal do ouvido humano está entre 16-18
kHz e o ultrassom é geralmente considerado como ondas sonoras com frequências
que podem variar de 20 kHz a 100 MHz. A sonoquímica, reações químicas
realizadas na presença de ultrassom, geralmente utiliza freqüências entre 20 e 40
KHz, porque essa é a variação empregada em equipamentos comuns de laboratórios.
Atualmente o ultrassom tem contribuído para aumentar a velocidade de muitas
reações orgânicas importantes33, tais como reações de oxidação34, reações de Diels-
Alder35, reações de Grignard36, dentre outras.
Como qualquer onda sonora, o ultrassom é propagado via uma série de ondas
de compressão e rarefação induzidas nas moléculas do meio através do qual as
ondas atravessam. Em potências suficientemente elevadas, o ciclo de rarefação pode
exceder às forças atrativas das moléculas do líquido e bolhas serão formadas. Tais
bolhas crescem através de um processo conhecido como difusão retificada, isto é,
pequenas quantidades de vapor ou gás do meio entram na bolha durante sua fase de
expansão, e não são totalmente expelidas durante a compressão. As bolhas crescem
durante um período de poucos ciclos até um tamanho de equilíbrio para uma
freqüência particular aplicada. O campo acústico experimentado por uma bolha não
33 Para saber mais sobre ultra-som e sua aplicação em síntese orgânica ver: (a) Cains, P. W.; Martin, P. D.; Price, C. J. Org. Proc. Res. Dev. 1998, 2, 34; (b) Mason, T. J. Chem. Soc. Rev. 1997, 26, 443 34 Menciarova, M.; Toma, S.; Heribanova, A. Tetrahedron 2000, 43, 8561 35 Avalos, M.; Babiano, R.; Cabello, N.; Cintas, P.; Hursthouse, M. B.; Jimenez, J. L.; Light, M. E.; Palacios, J. C. J.Org. Chem. 2003, 68, 7193 36 Lu, T. J.; Chemg, S. M.; Sheu, L. J. J. Org. Chem. 1998, 63, 2738
25
é estável, por causa da interferência de outras bolhas que estão sendo formadas ao
redor dela. Como resultado, algumas bolhas atingem um tamanho instável e
colapsam violentamente. É a implosão violenta dessas bolhas que gera energia para
os efeitos químicos e mecânicos. Em sistemas aquosos a uma freqüência de 20 kHz,
cada colapso de cavitação das bolhas age como um microrreator localizado,
chamado de “hot-spot”, podendo gerar temperaturas e pressões muito elevadas
(figura 10).
Figura 10 – Formação e colapso de cavitação de uma bolha
26
3.1.2. O “Hot Spot” Sonoquímico Há várias teorias que têm sido propostas para explicar a liberação de energia
envolvida durante a cavitação, sendo que a mais fácil de ser entendida, do ponto de
vista qualitativo, é o método “hot-spot”.
A compressão de um gás gera aquecimento. Em uma escala macroscópica,
isso pode ser sentido no bombeamento de um pneu de uma bicicleta. A energia
mecânica do bombeamento é convertida em aquecimento a medida que o pneu é
pressurizado. A compressão das bolhas quando elas implodem em líquidos
irradiados é tão rápida, que pequena quantidade de aquecimento pode escapar
durante os colapsos. O líquido circundante, contudo, permanece ainda frio e
extinguindo esse aquecimento. O “hot-spot” gerado é localizado e de vida-curta, em
um líquido, que de outra forma, não é aquecido. Tal “hot-spot” é a fonte da
sonoquímica. Ele tem uma temperatura aproximada de 5000 oC e uma pressão em
torno de 1000 atm; um tempo de vida consideravelmente menor do que um
microssegundo e uma velocidade de aquecimento/resfriamento de 109 oC por
segundo. Para uma comparação aproximada, essa é, respectivamente, a temperatura
da superfície do sol, a pressão do fundo do oceano, o tempo de vida de um
relâmpago e uma velocidade de resfriamento um milhão de vezes mais rápida do
que uma barra de ferro incandescente mergulhada dentro d’água. Apesar de atingir
temperaturas e pressões localizadas altíssimas, a variação da temperatura durante o
curso da reação é de 10 a 15 oC. Assim, a cavitação serve como um meio de
concentrar a energia difusa do som em uma forma quimicamente útil. A
determinação das temperaturas alcançadas durante o fenômeno de cavitação
permanece sendo uma dificuldade experimental. A natureza transiente desse
fenômeno impede uma medida direta. Para essa finalidade, técnicas comparativas
como a termometria química de velocidade comparativa e sonoluminescência têm
sido utilizadas para determinar a temperatura efetiva alcançada durante o colapso.
27
3.1.3. Reações em fase líquida homogênea
As reações químicas submetidas a essas condições podem sentir o efeito do
fenômeno da cavitação de duas formas:
a) No líquido, imediatamente ao redor da bolha. O colapso da bolha gera
forças desprendidas que podem produzir efeitos mecânicos e
b) Na própria bolha, onde qualquer espécie introduzida durante sua formação
estará sujeita à extremas condições de temperatura e pressão no colapso, levando a
efeitos químicos. (figura 11)
Figura 11 – Diferentes formas de cavitação de uma bolha
28
Estudos realizados sugerem que a reação química ocorre principalmente em
duas regiões distintas da bolha, na fase vapor e na interface vapor/líquido.
No centro termolítico, tomando um meio aquoso como exemplo, as
temperaturas podem atingir a 3600 K e a pressões próximas a 2000 atm. Essa região
favorece a reação de compostos voláteis e reações radicalares, como a termólise da
água. Já na interface líquido/vapor, as temperaturas podem atingir a 1900 K no
colapso. Essa região favorece reações de oxidação, termólise de substâncias não-
voláteis e compostos iônicos. Na região do líquido próximo da bolha podem ocorrer
também reações devido às intensas forças mecânicas decorrentes do colapso.
3.1.4. Geração de ultrassom
Som de alta intensidade ou ultrassom é produzido geralmente de maneira
similar: a energia elétrica é usada para causar movimento de uma superfície sólida,
tal como uma bobina ou uma cerâmica piezoelétrica. Os materiais piezoelétricos
expandem e contraem quando um campo elétrico é aplicado. Para a alta frequência
de ultrassom, corrente elétrica é aplicada em um piezoelétrico ligado à parede de um
recipiente metálico, como é o caso do ultrassom de banho, que é o tipo mais comum
usado nos laboratórios. Normalmente os materiais piezoelétricos são compostos de
liga de zirconatos e titanatos.
3.1.5. Uso de ultrassom na reação de MBH
Roos e Rampersadh37 descreveram pela primeira vez o uso de ultrassom na
reação de MBH. Contudo, o enfoque desses autores foi concentrado na comparação
entre o efeito da temperatura e o efeito do ultrassom, sendo que pouca atenção foi
37 Roos, G. H. P.; Rampersadh, P. Synth. Commun. 1993, 23, 1261
29
dada ao tipo de substratos utilizado. Os resultados desse trabalho são resumidos na
tabela 4.
O
HR OCH3
O
+ DABCOOH
R
O
OCH3
Tabela 4. Comparação entre aquecimento e ultrassom na velocidade da reação R tempo (22ºC)/min tempo (43ºC)/min tempo (US)/min
Me 3000 88 50
Et 2760 2600 1900 iPr - 6850 5800
Ph 3100 1900 1300
C6H11 14600 9900 9500
Pelos resultados mostrados na tabela 4, está claro que, embora as reações no
ultrassom mostrassem aumentos de pequenos a moderados na velocidade de reação
sobre àquelas controladas termostaticamente (43 oC), um aumento mais marcante na
velocidade de reação é obtido pelo aquecimento brando da reação a 43 oC quando
comparado com aqueles realizados a temperatura ambiente. As reações realizadas
sob condições de refluxo levaram à formação de subprodutos e materiais
poliméricos. Nesse estudo, por causa da natureza branda do aquecimento, nenhuma
decomposição relativa à reação realizada a temperatura ambiente foi observada.
Nosso grupo de pesquisas também avaliou a influência do ultrassom em
reações de MBH38. Os resultados demonstraram a grande influência da radiação
ultrassom nas reações de MBH com vários aldeídos aromáticos substituídos,
aldeídos alifáticos e aldeídos heteroaromáticos (tabela 5). Para muitos casos
testados, os rendimentos variaram de moderados a bastante bons e houve um
38 F. Coelho; Almeida, W. P.; Veronese, D.; Mateus, C. R.; Lopes, E. C. S.; Rossi, R. C.; Silveira, G. P. C.; Pavam, C. H. Tetrahedron 2002, 58, 7437
30
considerável aumento na velocidade das reações. Sem a utilização de ultrassom,
muitas dessas reações de MBH tiveram rendimentos muito baixos ou necessitaram
de um longo tempo de reação.
Também se demonstrou através desse trabalho que o ultrassom pode ser
compatível com outros compostos α,β-insaturados normalmente utilizados em
reações de MBH, tais como acrilonitrila e metilvinilcetona. Assim, o ultrassom
demonstrou ser uma boa alternativa, extremamente versátil para a realização de uma
reação de MBH.
O
HR1
R2
+DABCO
OH
R1
O
OR2
Tabela 5 – Reações de MBH com vários aldeídos e diferentes acrilatos, na presença e na ausência de ultrassom
R1 R2 Tempo/ha Rendimentob
3Br-Ph CO2Me 48 (192) 88 (71)
4OH-Ph CO2Me 96 (480) 54 (12)
2F-Ph CO2Me 16 (96) 100 (50)
C2H5 CO2Me 96 (168) 90 (88)
2Py CO2Me 4 (16) 98 (97)
2Py CN 0.75 (24) 98 (92)
2Py COMe 0.75 (24) 90 (81)
C3H7 CN 8 (40) 80 (81)
C3H7 COMe 5 (24) 82 (84) aTempos entre parênteses na ausência de ultrassom. bRendimentos entre parênteses na ausência de ultrassom.
31
3.1.6. Reações de MBH com o 2,3-isopropilideno-D-gliceraldeído
Existem na literatura relatos da utilização do 2,3-isopropilideno-D-
gliceraldeído na reação de MBH. Gilbert e colaboradores39 descreveram a reação de
48 com acrilato de metila e acrilonitrila (esquema 19)
OO
O
DABCO, 4kbar, 25ºC, 21h
DABCO, 4kbar, 25ºC, 21h
O
OEt
O
CN
OO
OH
OEt
O
OO
OH
CN
O
39%, 0% ed
47%, 23% ed
48
50
51
Esquema 19 - Reações de MBH utilizando o 2,3-isopropilideno-D-gliceraldeído
A atenção deste artigo foi concentrada na avaliação da diastereosseletividade
da reação de MBH quando um aldeído foi utilizado como fonte quiral. As reações
foram realizadas sob alta pressão (4 Kbar) em 21h para fornecer os adutos de MBH
com 23% de excesso diastereoisomérico no caso da acrilonitrila. Com o acrilato de
etila porém, o excesso diastereoisomérico não foi observado.
Posteriormente, Manickum e Roos40 descreveram a síntese de 43 em 45-55
dias com excessos diastereoisoméricos de 38% e 40% (esquema 20). Entretanto, em
nenhum destes trabalhos, os autores determinaram a estereoquímica relativa dos
diatereoisômeros e nenhum dado adicional como a rotação óptica foi fornecido.
39 Referência 20 40 Manickum, T.; Roos, G. H. P. S. Afr. J. Chem. 1994, 47, 1
32
OO
O
DABCO, 55 dias
3-hidroxi-quinuclidinol, 45dias
O
OMe
O
OMe
OO
OH
OMe
O
OO
OH
OMe
O
43, 39%, 38% ed
43, 47%,40% ed
48
Esquema 20 – Reações de MBH utilizando acrilonitrila e acrilato de metila
O material de partida para as reações de MBH, o 2,3-isopropilideno-D-
gliceraldeído 48 foi preparado a partir do D-manitol comercial de acordo com o
procedimento descrito41. Primeiramente foi realizada a proteção seletiva das
hidroxilas do D-manitol na presença de acetona resultando no 1,2:5,6-Di-O-
isopropilideno-D-manitol 53 (esquema 21). Outro produto resultante desta reação foi
o 1,2:3,4:5,6-tri-O-isopropilideno-D-manitol 75 (seção 3.1.8; pág. 52). O diacetal 53
resultante sofreu então clivagem oxidativa com periodato de sódio, resultando no
2,3-isoprolideno-D-gliceraldeído com 31% de rendimento para as duas etapas.
OH
OH
OH
OH
OHHO
O
OH
OH
O
OOa b
52 53
OO
O
48
Reagentes e condições: a) acetona, H2SO4, temp. ambiente, 24h, 45%; b) NaIO4, THF/H2O,
2h, 70%.
Esquema 21 - Preparação do 2,3-isopropilideno-D-gliceraldeído 41 a) Schmid, C. R.; Byrant, J. D. J. Org. Chem. 1991, 56, 4056; b) Debost, J.-L.; Gelas, J.; Horton, D. J. Org.
Chem. 1983, 48, 1381
33
A reação de MBH entre o aldeído e acrilato de metila foi feita
simultaneamente em três condições experimentais diferentes. Em uma delas, a
reação foi realizada na presença de radiação ultrassom seguindo um processo
desenvolvido pelo nosso grupo de pesquisas38. Paralelamente, a radiação ultrassom
foi combinada com um líquido iônico (bmimPF6). Este aditivo aparentemente
estabiliza os intermediários zwitteriônicos formados na reação de MBH, levando a
um aumento da velocidade reacional. Na terceira condição, a reação foi realizada em
excesso de acrilato de metila. Os resultados são resumidos na tabela 6.
OO
O
48
A ou B
O
OH
O
O
OCH3
O
OH
O
O
OCH3+
43a anti 43b syn
Tabela 6 – Preparação da mistura de adutos 43a e 43b em diferentes condições Entrada Condição Experimental Rendimento*
(%) Tempo (h) Razão
Anti : Syn
1 A: Ultrassom, DABCO, acrilato de metila (1.5 eq), t.a.
50 4 7:3
2 B: Ultrassom, DABCO, bmimPF6, acrilato de metila
(1.5 eq.), t.a
25 4 7:3
2 B: Ultrassom, DABCO, bmimPF6, acrilato de metila
(10 eq.), t.a.
82 0.5 7:3
* Rendimento do produto isolado e purificado
Em todos os casos, observamos a mesma proporção para os
diastereoisômeros formados. A associação de ultrassom com líquidos iônicos levou
a um rendimento mais baixo do que a reação realizada somente em ultrassom,
portanto nenhum efeito sinérgico foi observado na associação das duas técnicas. Por
outro lado, excesso de acrilato de metila levou a um melhor rendimento em tempo
reacional drasticamente mais curto. A proporção diastereoisomérica foi determinada
34
por cromatografia gasosa. O cromatograma da mistura de diastereoisomeros é
apresentado na figura 12.
CG - Coluna quiral HP 20% β-ciclodextrina em (35%-fenil)-metilpolisiloxano
100ºC/1min; 5ºC/min até 150ºC; 10ºC/min até 220ºC/15min
Figura 12 - Cromatograma da mistura de diastereoisômeros 43a e 43b
Como pode ser visto nos esquemas anteriores, o diastereoisômero majoritário
foi proposto ser o 43a (anti) baseado no modelo de Felkin-Anh, para aldeídos
quirais42. O princípio deste modelo é a minimização de interações não ligantes entre
o nucleófilo e os substituintes α-carbonila. O arranjo preferido para o modelo é com
o grupo mais volumoso ou o mais eletronegativo do α-estereocentro alinhado
perpendicularmente à carbonila do aldeído de modo a minimizar a tensão torsional
entre a ligação a ser formada e os substituintes do aldeído na posição α. Para o
aldeído 48, irá prevalecer o grupo contendo o oxigênio na posição perpendicular,
conforme mostrado no esquema 22. Segundo o modelo, o nucleófilo se aproxima
numa trajetória de 107º em relação à carbonila (trajetória de Burgi-Dunitz), levando
ao produto Felkin preferencialmente, por se aproximar na direção do hidrogênio.
42 a) Cherest, M.; Felkin, H. ; Prudent, N. Tetrahedron Lett. 1968, 18, 2199; b) Anh, N. T. Top. Curr. Chem. 1980, 88, 144; c) Hoffman, R. W. Chem Rev. 1989, 89, 1841
35
OO
O
O
HOH O
Nu-
OO
OH
OO
OH
Nu
Nu
Felkin
Anti-Felkin
O
HHO O
Nu-
Esquema 22 – Modelo de Felkin-Anh proposto para a diastereosseletividade observada
No entanto, até então não havíamos ainda confirmado a estereoquímica
proposta. Felizmente, os diastereoisômeros foram separáveis por cromatografia em
camada delgada (CCD) na qual se viam dois produtos de RF muito próximos. Desta
forma, realizamos a separação por cromatografia em placa preparativa de sílica.
Após eluição em hexano/acetato de etila 80:20 em 5 ciclos, obtivemos uma amostra
pura dos diastereoisômeros. Na figura 13 apresentamos o espectro de RMN1H do
diastereoisômero majoritário. Os prótons do grupo metileno (H1 e H2) aparecem em
6,36 ppm e 5,99 ppm. O hidrogênio alílico aparece em 4,53 ppm como um dubleto.
H4 aparece como um duplo dubleto em 4,34 ppm. Os hidrogênios H5 e H6 aparecem
como um dubleto em 3,92 ppm. A metila do éster aparece em 3,78 ppm enquanto as
metilas do grupo acetal aparecem em 1,44 ppm e 1,35 ppm.
36
Figura 13 – Espectro de RMN1H (300 MHz, CDCl3) do composto 43a
Os dados espectroscópicos (RMN 1H, RMN13C e IV) e valor da rotação ótica
([α]20D) observado para 43a, de -17.0 (c 1.5, acetona), estão de acordo com os
resultados encontrados na literatura {[α]20D= -17.0 (c 1.5, acetona)}, onde o mesmo
produto foi obtido numa sequência de 4 etapas baseada numa reação aldólica com o
2,3-isopropilideno-D-gliceraldeído 4843.
Krishna e colaboradores reportaram recentemente reações de MBH com
aldeídos derivados de açúcares em diferentes solventes44 (tabela 7). Os sistemas
utilizados pelos autores foram dioxano/água 1:1 e sulfolano. Alguns dos resultados
obtidos neste trabalho são apresentados na tabela seguinte. Excessos
diastereisoméricos da ordem de 80% foram observados em alguns casos (entradas 1
e 2)
43 Papageorgiou, C.; Benezra, C. J. Org. Chem. 1985, 50, 157 44 Krishna, P. R.; Manjuvani, A.; Kannan, V. Tetrahedron: Asymmetry 2005, 15, 2591
37
Tabela 7 – Efeito do solvente descrito por Krishna Entrada Aldeído Olefina Rendimento
(%)
Solvente ed (%)
1 48 Acrilato de etila 82 dioxano-água 80
2 54 Acrilato de etila 75 dioxano-água 82
3 55 Acrilato de etila 60 sulfolano 40
4 48 Metilvinil cetona 69 dioxano-água 69
5 48 Acrilonitrila 77 dioxano-água 75
O
OO
45
OO
54
O O
TBSO
Segundo os autores, o produto principal foi proposto ser o anti através do
modelo de Felkin-Ahn e confirmado por NOE.
Com base nos resultados obtidos por Krishna decidimos avaliar o efeito do
solvente em nossas reações. As reações de MBH entre 2,3-isopropilideno-D-
gliceraldeído e acrilato de metila foram realizadas na presença de DMSO, e da
mistura dioxano/H2O 1:1. No entanto apesar dos bons rendimentos, os excessos
diastereoisoméricos foram modestos (esquema 23) e as reações completadas após 18
horas, tempo bem maior do que aquele descrito por nós nas reações com ultrassom.
38
O
OO
OH
OO
O
OCH3+
O
OCH3
Acrilato de metila (1.5 eq)
OH
OO
O
OCH3+
43a Anti : 43b Syn
48
Reagentes e condições: DABCO, solvente, 18h [solvente = DMSO (95%, anti:syn 71:29),
dioxano/H2O 1:1 (80%, anti:syn 63:37)
Esquema 23 – Reações de MBH com acrilato de metila em diferentes solventes
Realizamos também a reação de MBH entre o 2,3-isopropilideno-D-
gliceraldeído e acrilato de etila na presença de dioxano/água 1:1, conforme
experimental descrito por Krishna (tabela 7, entrada 1). No entanto, não
conseguimos reproduzir o excesso diastereoisomérico obtido pelos autores e
obtivemos apenas 40% de excesso diastereoisomérico (esquema 24).
O
OO
OH
OO
O
OEt+
O
OEt
Acrilato de etila(1.5 eq)
OH
OO
O
OEt+
50a Anti : 50b Syn48
Reagentes e condições: DABCO, 18h, dioxano/H2O 1:1, 87%, 40% excesso
diastereoisomérico.
Esquema 24 – Reação de MBH com acrilato de etila em Dioxano/H2O 1:1
Na figura 14 apresentamos o cromatograma da mistura diastereoisomérica
dos adutos 50a anti e 50b syn. Diferentemente do aduto derivado do acrilato de
metila, este produto se mostrou bastante instável, sendo que após 48 hs, um padrão
complexo de sinais foi observado na região entre 8,5 e 9 minutos no cromatograma
da mistura de isômeros.
39
CG - Coluna quiral HP 20% β-ciclodextrina em (35%-fenil)-metilpolisiloxano
100ºC/1min; 5ºC/min até 150ºC; 10ºC/min até 220ºC/15min
Figura 14 – Cromatograma da mistura diastereoisomérica
Na figura 15 é apresentado o espectro de RMN1H da mistura de
diastereoisômeros 50a + 50b. Krishna e colaboradores descrevem detalhadamente
no artigo o procedimento experimental assim como os dados espectroscópicos dos
produtos e a metodologia utilizada para medir a diastereosseletividade. Apesar da
nossa fidelidade na reprodução experimental descrita na literatura, não conseguimos
obter os mesmos resultados no que se refere ao excesso diastereoisomérico. Nas
tabelas seguintes apresentamos uma comparação dos dados de HPLC (tabela 8),
RMN (tabela 9) e [α]D (tabela 10) do trabalho original com aqueles obtidos por nós.
Observe que Krishna descreve uma proporção diastereoisomérica de 9:1 no próton
olefínico H1. Em nosso espectro, esse mesmo sinal aparece numa proporção 7:3
(figura 15, expansão).
40
Figura 15 – Espectro de RMN1H (300 MHz, CDCl3) da mistura de diastereoisômeros
Tabela 8– Comparação dos dados de HPLC Dados de
HPLC Krishna Obtidos no laboratório
Tr1 = 22,5 min (majoritário, 90%)
Tr1 = 18,2 min (majoritário, 68%)
Tr2 = 23,6 min (minoritário, 10%)
Tr2 = 19,5 min (minoritário, 32%)
OH6
OO
O
O
H3
H2H1
H4
H5C
H7
CH7
H8
H8
H8
H9
H9
H9H10
H10H10
41
Tabela 9 - Comparação dos dados de RMN1H de Krishna com aqueles obtidos em nosso laboratório
Dados de RMN1H (δ)
Krishna Neste trabalho
6,38 (s, 0.1H, H1) 6,43 (s, 0.3H, H1)
6,36 (s, 0.9H, H1) 6,41 (s, 0.7H, H1)
5,99 (s, 1H, H2) 6,03 (s, 1H, H2)
4,50 (dd, 1H, J = 4,5,
10.4Hz, H5)
4,61 (d, 1H, J = 4.5 Hz, H5)
4,38-4,23 (m, 3H,
H4 e H7)
3,91 (d, 2H, J 7,5Hz, H3)
2,94 (d, 1H, J 4,5Hz, H6)
1,45 (s, 3H, H8)
1,38 – 1,32 (m, 6H,
H9 e H10)
4,42- 4,36 (m, 3H,
H4 e H7)
4,01 (d, 2H, J = 7.5Hz, H3)
3,18 (s, 1H, H6)
1,56-1,34 (m, 9H, H8,
H9 e H10
Tabela 10 – Comparação dos dados de rotatividade óptica
Dados de [α]D Krishna Neste trabalho.
-6,4 (c 1,0, CHCl3) -4,2 (c 1,0, CHCl3)
42
Acrilonitrila e acrilato de fenila foram também utilizados em nosso estudo,
em reações de MBH na presença de ultrassom, catalisadas por DABCO. Os
resultados são apresentados no esquema 25. Enquanto que para a acrilonitrila foi
observada uma modesta diastereosseletividade de 55:45, o acrilato de fenila, levou a
uma reação rápida, porém com excesso diastereoisomérico semelhante àquele obtido
com o acrilato de metila. O acrilato de fenila apresenta inconvenientes em seu
manuseio. Possui forte odor característico que pode causar irritação, ânsia de vômito
e dores de cabeça45.
OO
O
OO
OH
CN
48
DABCO, ))), t.a, 0.5h
OO
OH
+
55 : 45
CN
CO2Ph
DABCO, ))), t.a, 0.5h
CN
OO
OH
CO2Ph
OO
OH
+
70 : 30
CO2Ph
56a 56b
57a 57b
Esquema 25 – Reações de MBH com acrilonitrila e acrilato de fenila
3.1.7. Reações de MBH com outros aldeídos quirais α-oxigenados
Diferentes aldeídos quirais α-oxigenados também foram avaliados em
reações de MBH na presença de ultrassom. Até onde sabemos, existem precedentes
na literatura relatando o uso de hidróxi-aldeídos quirais na reação de MBH. Além do
trabalho desenvolvido por Gilbert e colaboradores46 com o 2,3-isopropilideno-D-
45Referência 11 46Referencia 19
43
gliceraldeído, comentado na seção 3.1.6, Drewes e colaboradores47 descreveram
também o uso de hidroxi-aldeídos como componentes eletrofílicos na reação de
MBH. Esses autores usaram aldeídos quirais e racêmicos, que tiveram o grupamento
hidroxila protegido sob a forma de um éter benzílico ou de um éter metoximetílico.
Os resultados obtidos são mostrados a seguir. Neste trabalho foram observadas
diastereosseletividades modestas.
OR2
R1H
O
+
O
R3 catalisadorOR2
R1
OH
R3
O
OR2
R1
OH
R3
O
58. R1 = CH3; R2 = CH2Ph59. R1 = CH3; R2 = CH2OCH360. R1 = Ph; R2 = CH2OCH361. R3 = OCH362. R3 = CH3
+
Tabela 11 - Reações de MBH utilizando hidroxi-aldeídos descritas por Drewes
Aldeído Vinil Catalisador Tempo de Reação
Razão Anti:Syn
Rendimento (%)
58 61 A 14d 1,6:1 68
59 61 A 4d 2,3:1 55
59 61 B 36h 2,5:1 60
59 62 A 2,5h 2,4:1 54
59 62 B <20 min 2,4:1 80
59 62 B 2h 2,4:1 80
60 62 A 6d 1,7:1 70
A. DABCO B. 3-quinuclidinol
47 Ref. 28
44
Neste contexto, iniciamos nosso trabalho com o aldeído quiral 65, derivado
do R-(+)-mandelato de etila protegido na forma de um éter de silício. Desta forma,
foi realizada a proteção do R-(+)-mandelato de etila na presença de TBSCl e a
redução do produto resultante, com um rendimento modesto, conduzindo ao aldeído
desejado.
OH
O
OEt
OTBS
O
OEt
OTBS
O
H
a b
63 64 65
Reagentes e condições: a) TBSCl, Imidazol, DMF, 4h, 75%; b) DIBAL-H, tolueno, 1h, 45%.
Esquema 26 – Preparação do aldeído 65
O aldeído resultante foi então submetido à reação de MBH na presença de
ultrassom (esquema 27). No entanto, não observamos qualquer formação do aduto
de MBH desejado, apesar do rápido consumo do material de partida. O único
composto formado nesta reação tem seus espectros de RMN1H e RMN13C
apresentados nas figuras 16 e 17.
OTBS
O
H
O
H
OTBS
65 66 Reagentes e condições: DABCO, acrilato de metila, 30 min.
Esquema 27 – Reação de MBH com o aldeído 65 na presença de ultrassom
45
Figura 16 – Espectro de RMN1H (300 MHz, CDCl3) do composto 66
Figura 17 - Espectro de RMN13C (300 MHz, CDCl3) do composto 66
46
A simplicidade dos espectros obtidos associada ao curto tempo reacional nos
levou a propor uma estrutura resultante da simples abstração do próton α-carbonila
do aldeído e migração do grupo protetor de silício. Um mecanismo foi proposto para
explicar a formação do produto em analogia com o rearranjo de Brook48. De acordo
com o mecanismo, ocorre uma abstração do próton α-carbonila pela amina terciária.
O ânion formado se liga ao silício formando um intermediário cíclico de 5 membros
com o silício pentavalente. A abertura deste ciclo leva à formação de um oxiânion
secundário que abstrai um próton do aldeído inicial.
OTBSO
HO
O-
R3N:
SiO
O
Si
O-O
Si
OTBS
O
HH
65
O
OTBS
66
Esquema 28 – Mecanismo proposto para a formação do produto 66
Com os resultados indesejados obtidos na reação de MBH com aldeído 65,
resolvemos então testar outros grupos protetores na preparação do R-mandelaldeído
e reação de MBH com este derivado. Optamos por trabalhar com os grupos de
proteção p-metóxi-benzila (PMB) e benzila (Bn). O primeiro devido à facilidade de
48 Brook , A. G. Acc. Chem. Res. 1974, 7, 77
47
manuseio e bons rendimentos da etapa de proteção. O segundo devido aos bons
precedentes na preparação de um aldeído quiral α-oxigenado benzil-protegido49 (S-
lactaldeído) e a reação de MBH com este aldeído50. No esquema 29 estão
apresentados os resultados para seqüência de etapas proteção-redução-MBH a partir
do R-(+)-mandelato de etila, utilizando os dois grupos protetores.
63
OR
H
O
OR
OH
OCH3
O
OR
OH
OCH3
O+
69a 65 : 35 69b
OH
OEt
O
OR
OEt
OEtapa 1 Etapa 2
Etapa 3
6867
Reagentes e condições: 1) R = PMB: etapa 1) PMBNHCCl3, CSA, CH2Cl2, 18h, 92%; etapa 2) DIBAL-H, tolueno, 1h, -78ºC, 55% (27% redução p/álcool) etapa 3) DABCO, ))), 4h, 10% 2) R = Bn: etapa 1) CCl3NHOBn, TfOH, 20h, cicloex/CH2Cl2 7:1, 35% etapa 2) não realizada etapa 3) não realizada 3) R = Bn: etapa 1) BnBr, Ag2O, Et2O, 2h, 82%. etapa 2) DIBAL-H, CH2Cl2, 1h, 70% (15% red. p/ álcool) etapa 3) DABCO, acrilato de metila, ))), CH2Cl2, 8h, 60%
Esquema 29 – Preparação dos adutos de MBH 69a e 69b
49 a) Takai, K.; Heathcock, C. J. Org. Chem. 1985, 50, 3247; b) Ito, Y.; Kobayashi, Y.; Kawabata, T.; Takase, M.; Sagami, S. Tetrahedron 1989, 45, 5767 50 Referencia 38
48
A reação com o R-mandelaldeído PMB-protegido levou à formação do aduto,
no entanto com um rendimento de apenas 10%. Um subproduto desta reação foi o
resultante da clivagem do grupo protetor que não se mostrou muito resistente às
condições reacionais. Outros subprodutos da reação não foram identificados devido
à complexidade dos espectros. Uma diastereosseletividade de 65:35 foi observada
para a mistura de produtos da reação de MBH.
Em seguida, realizamos a benzilação da hidroxila do R-(+)-mandelato de etila
utilizando duas metodologias descritas. Primeiramente realizamos a tentativa de
proteção utilizando tricloroacetamidato de benzila, previamente preparado em nosso
laboratório. No entanto o rendimento dessa reação foi apenas modesto. Além disso,
essa reação tem o inconveniente de utilizar ácido trifluorometanosulfônico (ácido
tríflico), altamente higroscópico, o que dificulta a sua manipulação (sequência 2,
etapa 1).
A outra metodologia utilizada para a proteção da hidroxila do R-(+)-
mandelato de etila foi baseada no uso de brometo de benzila na presença de óxido de
prata (Ag2O). Essa reação levou à formação do produto benzilado com 82% de
rendimento (seqüência 3, etapa 1).
A próxima etapa foi então a redução do éster etílico protegido. Esta utiliza 1
equivalente de DIBAL-H em diclorometano por 1 hora. Essa metodologia se
mostrou mais adequada para o isolamento do aldeído com melhores rendimentos e
minimizando a formação de subprodutos.
Preparado o aldeído, realizamos então a reação de MBH. Esse aldeído se
mostrou pouco solúvel no meio reacional e foi necessária a adição de pequena
quantidade de diclorometano como solvente (seqüência 3, etapa 3). A adição do
solvente pode ter contribuído para a necessidade de um maior tempo reacional para
se obter uma conversão razoável do aldeído. O maior tempo reacional na presença
do ultrassom pode ter contribuído para a degradação parcial do aldeído limitando
assim a possibilidade de maiores rendimentos. Proporção diastereoisomérica
semelhante foi observada tanto no uso de PMB como utilizando benzila (≈ 65:35).
49
Banfi e colaboradores51 descrevem estudos de RMN13C na determinação da
configuração relativa de compostos do tipo α-metileno-β-hidróxi-γ-alcóxi ésteres.
Como pode ser observado na tabela, os sinais de C2, C3, C4 e C5 do isômero anti
estão sempre deslocados para campo mais alto, comparado aos mesmos carbonos do
isômero syn.
OH
CH3
O
O
OPh1
23
45
2'
OH
OCH3CH3
O
O
OPh1
23
45
2'
Anti Syn
OCH3
Tabela 12 – Deslocamentos dos carbonos de compostos α-metileno-β-hidroxi-γ-alcoxi ésteres
Carbono anti syn
2 139.3 140.6
2’ 126.7 126.4
3 72.8 73.8
4 74.6 75.9
5 13.8 17.1
De acordo com os autores, este tipo de comportamento pode ser explicado
devido a uma conformação preferencial que permite uma ligação de hidrogênio
intramolecular entre o grupo hidroxila (ligado em C3) e o grupo alcóxi (ligado em
C4, figura 18). Desta forma o isômero anti é mais tenso estericamente, e
consequentemente os carbonos 2 e 5 são deslocados para campo mais alto. Esta
maior tensão estérica é também responsável pelo deslocamento para campo mais
alto dos carbonos 3 e 4.
51 Banfi, L.; Donatella, P.; Rica, G. S. Org. Magn. Reson. 1984, 22, 224.
50
1
234
52'
O O
H
H3C
O
OCH3
OPh
Anti Syn
1
234
52'
O O
H
H3C
O
OCH3
OPh
Figura 18 – Ligação de hidrogênio em compostos α-metileno-β-hidroxi-γ-alcoxi ésteres
Na tabela 13 são apresentados os dados de RMN13C de carbonos da mistura
de produtos 69a e 69b. Em analogia com os resultados obtidos por Banfi, podemos
inferir como produto majoritário 69a anti, uma vez que a maioria dos carbonos do
produto majoritário se deslocam para campo mais alto.
OH
OCH3Ph
O
O
Ph1
23
4
2'
69a 69b
OH
OCH3Ph
O
O
Ph1
23
4
2'5 5
Tabela 13 – Deslocamentos dos carbonos dos compostos 69a e 69b
Carbono Majoritário* Minoritário
2 138.8 139.3
2’ 127.0 127.1
3 74.3 74.8
4 83.1 84.0
5 70.8 71.9
*Proposto ser o produto anti
Uma vez que os resultados utilizando benzila como grupo protetor foram os
melhores observados, o procedimento descrito com o uso do aldeído contendo o
grupo o-benzila foi repetido para outros aldeídos quirais α-oxigenados (esquema
30).
51
A mesma seqüência de etapas foi repetida para o S-mandelato de etila e
novamente a reação de MBH levou a um rendimento moderado. Nessa reação foi
observada a mesma proporção diastereoisomérica que aquela com o seu enantiômero
(65:35). S-hexaidromandelato de etila 70b e 4-hidroxifenil-butirato de etila 70c
foram também utilizados na mesma seqüência de preparação do aldeído benzilado e
reação de MBH com estes aldeídos (entradas 2 e 3). No entanto, nenhum destes
aldeídos forneceu o produto desejado nas condições de MBH sob ultrassom e
impurezas de possível degradação do aldeído foram observadas. Observamos certa
dificuldade no manuseio destes aldeídos, que se mostraram bastante instáveis. Esse
fato somado à reação na presença de base, e em ultrassom pode ter contribuído para
o insucesso da mesma.
R
OH
OEt
O
1) BnBr, Ag2O DMF
R
OBn
OEt
O
2) DIBAL-H, tolueno, 1h
R
OBn
H
O
R
OBn
OH
OCH3
O
R
OBn
OH
OCH3
O
+
73 Anti
74 Syn
70 71 72
3) DABCO, acrilato de metila,
4h
Rendimentos:
70 R Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3
a Ph 88% 67% 50%
b Cicloexil 67% 47% ND
c Ph(C2H4) 40% 30% ND
N.D – Produto não detectado
Esquema 30 – Preparação dos adutos de MBH 73 e 74
52
3.1.8. Reações de MBH com aldeídos quirais poli-oxigenados derivados de
carboidratos
Os inconvenientes encontrados na utilização de aldeídos quirais α-
oxigenados derivados do ácido mandélico nos levou a avaliar o uso de aldeídos
derivados de carboidratos como substratos nas reações de MBH. A importância dos
carboidratos na bioquímica, química medicinal e em vários aspectos dos processos
biológicos vitais, associada à sua diversidade estrutural, faz deles importantes
matérias primas em síntese orgânica, o que desperta cada vez mais a comunidade
científica para diversas abordagens utilizando essa rica classe de compostos.
Utilizando o conceito de “pool quiral”, metodologias envolvendo a formação de
ligação carbono-carbono entre precursores enantiopuros e reagentes homologativos
são cada vez mais exploradas na literatura52.
O aldeído 76 foi preparado em duas etapas a partir do D-manitol 52. O
tratamento deste com acetona na presença de H2SO4 conduziu ao 1,2:3,4:5,6-tri-O-
isopropilideno-D-manitol 75. Este por sua vez foi convertido no aldeído desejado
através de uma seqüência one pot desproteção seletiva-clivagem oxidativa (esquema
31).
O
O
O
O
O
O
OH
OH
OH
OH
HO
HO
D-manitol 52 75 76
O
O O
OO
a b
Reagentes e condições: a) acetona, H2SO4, temp. ambiente, 48h, 40%; b) NaIO4, H5IO6, 12h, 60%.
Esquema 31 – Preparação do aldeído 76 52 a) Casiraghi, G.; Rassu, G. Synthesis 1995, 607; b) Dondoni, A. Pure Appl. Chem. 1990, 62, 643; c) Hanessian, S.; Franco, J.; Larouche, B. Pure Appl. Chem. 1990, 62, 1887
53
A reação de MBH com o aldeído 76 ocorreu em duas horas com 70 % de
rendimento à temperatura ambiente na presença de ultrassom (esquema 32),
produzindo uma mistura de produtos com relação diastereoisomérica de 55:45.
76
DABCO, )))2h, 70%
77a
OH
OCH3
O
O O
OOO
O O
OOOH
OCH3
O
O O
OO
77b
77a : 77b 55:45
Reagentes e condições: DABCO, ))), 2h, 70%.
Esquema 32 – Reação de MBH com o aldeído 76
Apesar da diastereosseletividade desta reação ser apenas moderada, os
diastereoisômeros são separáveis. Nas figuras 19 e 20 são apresentados os espectros
de RMN 1H de ambos os diastereisômeros. Na figura 21 é apresentado o
cromatograma da mistura de adutos, assim como os cromatogramas dos adutos após
a separação por cromatografia em camada preparativa de sílica. O diastereoisômero
majoritário apresentou o próton carbinólico (CH-OH) se desdobrando em um
dubleto de acoplamento J = 6,5 (figura 19). No caso do outro diastereoisômero o
mesmo sinal não se definiu. O espectro de RMN1H deste diastereoisômero com a
expansão do próton carbinólico se encontra na figura 20.
54
Figura 19 – Espectro de RMN1H (300MHz, CDCl3) do diastereoisômero majoritário
Figura 20 – Espectro de RMN1H (300MHz, CDCl3) do diastereoisômero minoritário
55
(a)
(b)
(c)
CG - Coluna quiral HP 20% β-ciclodextrina em (35%-fenil)-metilpolisiloxano
100ºC/1min; 5ºC/min até 150ºC; 10ºC/min até 220ºC/15min
Figura 21 – Cromatograma da mistura de produtos (a); diastereoisômero minoritário
(b); diastereoisômero majoritário (c).
56
Partindo da D-glicose, outro aldeído quiral foi facilmente preparado conforme
descrito no esquema 33. Este aldeído foi preparado em 4 etapas através da proteção
da D-glicose na forma de um diacetal 79, proteção da hidroxila livre com o grupo
PMB, desproteção seletiva do diacetal e clivagem oxidativa do diol formado,
conduzindo ao aldeído 81.
D-Glicose 78 79 80 81
a b cO
HO
OHHO
HO
OH
O
O O
O
O
PMB
O
O
O
O
PMB
OO
O
OH
O
O
OO
Reagentes e condições: a) Acetona,H2SO4, 3 dias, 40%; b) PMBNHCCl3 , 12h, CSA, 92%;
c) i. HCl/THF/MeOH; ii. NaIO4/MeOH/H2O (67% rdto, 2 etapas).
Esquema 33 – Preparação do aldeído derivado da D-glicose
A reação de MBH com o aldeído 81 ocorreu com sucesso conduzindo à
mistura de produtos 82a e 82b com 78% de rendimento e proporção
diastereoisomérica de 5:1 (determinado por CG; figura 22). Neste caso, os
diastereoisômeros não foram separáveis.
O
O O
O
O
83
PMB
82a 82b
OCH3
O
++
DABCO, 3h, 78%5:1
O
O OH
O
O
PMB O
OCH3O
O OH
O
O
O
OCH3
PMB
Reagentes e condições: a) DABCO, 3h, 68%, Proporção diastereoisomérica 5:1.
Esquema 34 – Preparação do aduto de MBH derivado da D-glicose
57
CG - Coluna quiral HP 20% β-ciclodextrina em (35%-fenil)-metilpolisiloxano
100ºC/1min; 5ºC/min até 150ºC; 10ºC/min até 220ºC/15min
Figura 22 – Cromatograma da mistura de produtos 82a + 82b
Na figura 27 é apresentado o espectro de RMN1H da mistura de
diastereoisômeros 82. Dois dubletos de valor de constante 3,7 Hz são observados em
5,94 ppm e 4,58 ppm, relativos a H1 e H2 respectivamente. O hidrogênio carbinólico
(H5) aparece como um dubleto de J = 7 Hz em 4,78 ppm. Para o diastereoisômero
minoritário este mesmo hidrogênio aparece como um singleto largo em 4,85 ppm.
Na região compreendida entre 4,36 e 4,66 está o sinal relativo a H4 e também os
hidrogênios benzílicos CH2 (figura 23).
58
Figura 23 – Espectro de RMN1H (300MHz, CDCl3) da mistura de produtos 82a + 82b
Da mesma forma, o aldeído 84, derivado da D-galactose foi preparado. O
diacetonídeo-D-galactopiranose 83 foi oxidado com IBX com um rendimento de
95%. A reação de MBH com este aldeído levou ao produto também como uma
mistura de diastereoisômeros na proporção 5:1 (determinado por CG, figura 24) com
rendimento de 74%. Neste caso os diastereoisômeros também não foram separáveis.
O
OO
O
O
OH
O
OO
O
O
O
83 84
b
Reagentes e condições: a) Acetona,H2SO4, 4d, 60%; b) IBX, AcOEt, 2h,95%.
Esquema 35 – Preparação do aldeído 84
59
aO
OO
O
O
O
84
O
O O
O
O
OH O
OCH3
O
O O
O
O
OH O
OCH3+
85a 85b
Reagentes e condições: a) Acrilato de metila, DABCO, 4h, 74%..
Esquema 36 – Preparação do aduto de MBH derivado da D-galactose
CG - Coluna quiral HP 20% β-ciclodextrina em (35%-fenil)-metilpolisiloxano
100ºC/1min; 5ºC/min até 150ºC; 10ºC/min até 220ºC/15min
Figura 24 – Cromatograma da mistura de produtos 85a + 85b
3.1.9. Determinação da estereoquímica dos adutos 77, 82 e 85
Com o intuito de determinar a estereoquímica relativa dos diastereoisômeros,
preparamos os acetais derivados da mistura de diastereoisômeros 82a + 82b. Desta
forma, esta mistura foi reduzida na presença de LiAlH4, produzindo a mistura de
dióis correspondentes. O produto reduzido foi então tratado com 2,2-dimetóxi-
propano (2,2-dmp) na presença de DMF e ácido p-toluenosulfônico (esquema 37). O
60
diol resultante da etapa de redução se mostrou instável quando submetido à
purificação por cromatografia em coluna de sílica, diminuindo ainda mais o
rendimento observado nesta etapa. Até mesmo sua estocagem durante 24 horas
resultou em sinais de degradação no produto, por análise em CG. Desta forma
optamos por realizar a proteção do diol com formação do acetal imediatamente após
a redução, sendo que após esta etapa, a formação de um produto mais polar somada
ao desaparecimento do sinal da carbonila no espectro de infravermelho confirmaram
a formação do intermediário desejado.
2 - 2,2-dmp, ác. canforsulfônico,
16h
1 - AlCl3/LiAlH4, 0ºC, 2h
O
O OH
O
O
PMB O
OCH3O
O O
O
O
PMB O
47% p/ duas etapas82 86
Esquema 37 – Preparação do diacetonídeo 86
O diacetonídeo 86 resultante foi então submetido a experimentos de NOE e
os resultados são apresentados na figura 25.
A irradiação de H6 no isômero majoritário em 6,31 ppm levou a um aumento
de sinal em H4 de 1,97%. A irradiação do mesmo H6 no isômero minoritário levou a
um aumento do sinal de H3 em 2.35%, de H4 em 2,28% e de H8 em 1,12%. Estes
dados sugerem a relação anti entre H4 e H5 no diastereoisômero majoritário,
conforme indicado na figura 25.
61
OO
H7
H6
HH5 CH3
CH3
H
OH4
O
PhOMe
H1
H2
H3
1,97O
O O
O
O
PMB O
OO
H7
H6
HH5H3C
CH3
H
O
H1
H4
H3
O
PhOMe
H9H8
H2
2,28 2,35
1,12
O
O O
O
O
PMB O
Figura 25 – Experimentos de NOE sobre o diacetal 86
Em analogia com os dados apresentados para o aduto 82, o isômero
majoritário nos adutos 77 e 85 também foi proposto ser o anti. Primeiramente, nas 3
misturas diastereoisoméricas, o produto majoritário tem valor da constante de
acoplamento do próton carbinólico com valor maior do que no diastereoisômero
minoritário. Adicionalmente, os valores de RMN13C se deslocam para campo mais
alto nos diastereoisômeros majoritários. A tabela 14 apresenta um resumo dos
resultados obtidos. Finalmente, em todos os produtos, o isômero majoritário
esperado pelo modelo de Felkin-Ahn é o anti (figura 26).
62
Tabela 14. Dados de RMN1H e RMN13C dos produtos 77, 82 e 85
Valor de 3J (próton
carbinólico em C3) Deslocamento dos carbonos
2; 3; 4; e 5 77a 6,5 Hz 139,0; 68,3; 81,6; 71,3
77b singleto 139,6; 69,8; 82,3; 72,2
82a 7 Hz 139,1; 69,4; 71,8; 67,9
82b singleto 140,9; 70,2; 72,1; 68,0
85a 7 Hz 139,9; 69,5; 69,3; 71,9
85b 2,8 Hz 140,9; 70,5; 69,9; 72,1
OH
OCH3
O
O O
OO
O
O OH
O
O
PMB O
OCH3O
O O
O
O
OH O
OCH3
77 82 85
23
45 2
34
23
4
55
O
HO H
O
O
O
MeO
OMe
O-
R3N+
Figura 26 – Adição Fekin proposta para o ataque à carbonila do produto 84
63
Aqui novamente a formação dos produtos pode ser racionalizada utilizando
os estudos realizados por Banfi53. Uma ponte de hidrogênio entre o grupo hidroxila e
o oxigênio do grupo acetal levaria a uma conformação preferencial que justifica os
desdobramentos observados para os prótons carbinólicos nos compostos
majoritários (figura 27). Adicionalmente os valores de RMN13C para os produtos
majoritários se deslocam para campo mais alto do que nos minoritários.
O
H
O O
OCH3H H
O
OO
O
H
O O
OCH3H H
O
OO
77b77a
Figura 27 – Ligações de hidrogênio nas estruturas 77a e 77b
3.1.10. Uso de acrilatos derivados da Pantolactona – Tentativa de dupla
estereodiferenciação
O conceito de dupla estereodiferenciação foi inicialmente descrito por
Masamune e colaboradores54 e combina o uso de substratos e auxiliares quirais. Esta
abordagem pode ser definida como o efeito da contribuição de dois reagentes quirais
no grau de indução assimétrica observado no produto. Se os efeitos de ambos os
reagentes ocorrerem em uma mesma direção, a seletividade será alta e o produto
será chamado “match”. Por outro lado, se o efeito de ambos os reagentes ocorrerem
em direções opostas a seletividade será baixa e o produto é assim chamado
“mismatch”. (esquema 38).
53 Ref. 43 54 Masamune, S.; Choy, W.; Petersen, J.; Lawrence, S. Angew. Chem. Int. Ed. Engl. 1985, 24, 1
64
Utilizamos o conceito de pares de reagentes matched/mismatched para avaliar
a indução preferencial no uso de acrilatos quirais na reação de MBH com o 2,3-
isopropilideno-D-gliceraldeído. Os acrilatos de escolha foram os derivados da
pantolactona em ambas as formas enantioméricas.
HO
O
H
O*Xq-O
+NR3
R
OH
Xq*O
O
*Xq = Sustituinte quiral
O
Possível Efeito de dupla indução
R
OH
Xq*O
O
Mesma direção: MatchedDireções Opostas: Mismatched
Esquema 38 – Possíveis efeitos de dupla estereodiferenciação da reação de MBH
Nas três últimas décadas, a R-pantolactona e em menor extensão seu S-
enantiômero (figura 28) têm sido usados como auxiliares quirais extremamente
eficientes, contribuindo desta forma para o desenvolvimento de sínteses assimétricas
baseadas no uso de auxiliares quirais como uma abordagem comum para a
preparação de compostos enantiomericamente puros55.
O
OHO
R-Pantolactona 87
O
OHO
S-Pantolactona 88
Figura 28 – R- e S-pantolactona 55 a) Reddy, D. S.; Srivinas, G.; Kannan, M.; Rajale, T. V. Tetrahedron Lett. 2006, 47, 6373; b) Camps, P.; Munoz, D. Current Org. Chem. 2004, 8, 1339; c) Pansare, S. V.; Jain, R. P. Org. Lett. 2000, 2, 175
65
Drewes e colaboradores utilizaram a R-pantolactona na reação de MBH com
vários aldeídos alifáticos e aromáticos56.
Dois tipos de produtos foram observados pelos autores nesta reação. Em um
deles, a transesterificação intramolecular forneceu derivados dioxanonas com altos
rendimentos e bons excessos diastereoisoméricos. A formação destas dioxanonas
envolve a participação de duas moléculas de aldeído, seguida de uma ciclização. Por
outro lado, a reação de MBH convencional conduziu a um modesto excesso
diastereoisomérico (esquema 39).
O
OO
O2 RCHODABCO
O
OO
OR
O
O-R
-OO
O
_
O O
OR
R
61-89% rendimento78-87 % ed
RCHODABCO
O
OO
OR
OH
81-83% rendimento2-48% ed
89 90 91
92
Esquema 39 – Reação de MBH com a R-pantolactona
A reação de MBH entre 2,3-isopropilideno-D-gliceraldeído e o acrilato
derivado da pantolactona em ambas as formas enantioméricas (R e S) foi realizada e
os resultados se encontram no esquema 40.
As reações ocorreram rapidamente para levar aos adutos de MBH como
misturas de diastereoisômeros. No entanto, os excessos diastereoisoméricos foram 56 a) Khan, A. A.; Emslie, N. D.; Drewes, S. E.; Field, J. S.; Rasemar, N. Chem. Ber. 1993, 126, 1477; b) Drewes, S. E.; Emslie, N. D.; Karodia, N.; Khan, A. A. Chem, Ber. 1990, 123, 1447
66
moderados e apresentaram valores semelhantes tanto para a R- quanto para a S-
pantolactona. Adicionalmente, dioxanonas resultantes da reação com duas moléculas
do aldeído seguida de ciclização intramolecular, que levaram aos melhores excessos
diastereoisoméricos não foram observadas. Estes resultados nos levam a concluir
que não obtivemos sucesso na tentativa de dupla estereodiferenciação.
O
OO
OO
OO
O
OH
89
OO
O
48
+O
O
O
OO
O
OH
OO
+
93a anti 93b syn
a
O
OO
OO
OO
O
OH
94
OO
O
48
+O
O
O
OO
O
OH
OO
+
95a anti 95b syn
a
Reagentes e condições: a) DABCO, ultrassom, temp. ambiente, 30 minutos.(93: 75% de
rendimento, 73:27 anti:syn; 95: 72% de rendimento, 70:30 anti:syn).
Esquema 40 – Reações de MBH com a R- e S-pantolactona
As diastereosseletividades aqui obtidas são semelhantes àquelas observadas
com o acrilato de metila (≈7:3). Esses resultados sugerem a participação apenas do
aldeído na indução observada. Precedentes mostram que auxiliares quirais fornecem
diastereosseletividades baixas, exceto quando o produto é uma dioxanona. Uma
provável explicação para esse efeito seria a distância do centro estereogênico do
acrilato ao carbono do zwitteríon que sofre o ataque do aldeído. Dentro deste
raciocínio, efeitos estéreos seriam menos prováveis, principalmente em substituintes
pouco volumosos como a pantolactona. Essas limitações dificultam o uso do
67
conceito de dupla estereodiferenciação em reações de MBH. Adicionalmente,
intermediários do tipo dioxanonas não são interessantes para nossos objetivos, pois
etapas adicionais seriam necessárias para convertê-las em adutos de utilidade
sintética.
3.1.11. Uso de diferentes bases
Outros catalisadores foram também testados na reação de MBH, entre o 2,3-
isopropilideno-D-gliceraldeído e acrilato de metila. Optamos pelo uso de DBU e
DMAP. No caso do DBU, precedentes mostram que um enolato zwitteriônico
intermediário é estabilizado através de ressonância, o que aumenta sua concentração
no equilíbrio, resultando em um aumento da velocidade reacional57.
N N+
O-
OMe
N+ N
O-
OMe
a b
Figura 29 – Estruturas de ressonância do enolato contendo DBU
A reação entre benzaldeído e acrilato de metila, ocorre mais rapidamente com
DBU do que quando catalisada por DABCO, DMAP, 3-HQD e outros. A tabela 15
resume alguns resultados obtidos por Aggarwal e colaboradores.
O
HR OCH3
O
+ catalisadorOH
R
O
OCH3
57 Aggarwal, V. K.; Mereu, A. Chem. Commun. 1999, 2311
68
Tabela 15 – Reação de MBH catalisada por diferentes bases Entrada Catalisador Tempo (h) Rendimento
1 DABCO 120 91
2 DMAP 96 87
3 1-Metilimidazol 120 0
4 2-Metil-2-oxazolina 120 0
5 N-metil-4,5-diidroimidazol 1 10
6 DBU 6 89
7 Guanidina derivada 48 30
No entanto, em nosso caso, o uso de DBU levou a uma diminuição do tempo
reacional com pequena queda no rendimento e na diastereosseletividade. DBU pode
ser considerada como base impedida e não-nucleofílica, característica contrária
àquela normalmente requerida por uma amina usada como catalisador na reação de
MBH. Adicionalmente, a estabilização do enolato por ressonância descrita acima
pode estar contribuindo com a diminuição da nucleofilicidade do mesmo,
diminuindo assim o tempo reacional em relação ao DABCO. Já no caso do DMAP
nenhum produto de MBH foi observado, e sim uma mistura de subprodutos.
48
OO
O
OO
OH
CO2MeO
O
OH
CO2Me+
43a anti 43b syn Reagentes e condições: acrilato de metila, base, t.a., ultrassom, 3h
69
Base Rdto Anti/Syn
DBU 60% 67 : 33
DMAP - -
Esquema 41 – Utilização de diferentes Bases na reação de MBH
3.1.12. Tentativa de inversão da hidroxila do aduto de MBH 43a – Reação de
Mitsunobu
Vários produtos naturais podem ser acessados a partir do aduto de MBH do
2,3-isopropilideno-D-gliceraldeído. Entretanto, na maioria das vezes, o
diastereoisômero deve ter a relação syn-diol, que é encontrada no isômero
minoritário 43b. Como uma alternativa de acessar este isômero a partir do seu
diastereoisômero 43a, a reação de Mitsunobu poderia ser utilizada.
A reação de Mitsunobu pode ser descrita como a esterificação de um álcool
com ácido carboxílico na presença de dialquil azodicarboxilato e trifenilfosfina
(esquema 42).
R2
HO H
R3 R2
H OCR1
R3
R1CO2H+ DEADPPh3
O
OH-
R2
H OH
R396 97 98
Esquema 42 – A reação de Mitsunobu
A principal aplicação da reação de Mitsunobu é a conversão de um álcool
secundário quiral (96) a um éster 97 com a concomitante inversão da configuração
do centro quiral do carbono secundário. Em uma segunda etapa o éster pode ser
hidrolisado para conduzir ao álcool invertido 98 o qual tem relação enantiomérica
com 96. Utilizando um nucleófilo apropriado, álcoois podem ser convertidos a
70
outras classes de compostos (aminas, azidas ou éteres). O mecanismo desta reação
pode ser dividido em 3 etapas: 1- formação do agente ativante com trifenilfosfina e
dietil azodicarboxilato (DEAD) ou diisopropil azodicarboxilato (DIAD); 2 –
ativação do álcool 96; 3- substituição nucleofílica bimolecular (SN2) no centro do
carbono ativado.
Em uma etapa inicial (esquema 43), a trifenilfosfina se adiciona ao dietil
azodicarboxilato 99 para levar ao intermediário zwitteriônico 100, o qual é
protonado pelo ácido carboxílico para dar o sal 101. O álcool reage com 101 para
fornecer o sal alcoxifosfônio 103 e a hidrazina derivada 102, sendo assim ativado
para a SN2.
Ph3P + EtO2CN=NCO2Et EtO2CNN-CO2Et
P+Ph3
R1COOH
EtO2CNNCO2Et
P+Ph3
H
R1COO-
ROH EtO2CNNCO2Et
H
H
Ph3P+-OR R1COO-+ +
99 100
101 102 103
Esquema 43 – Mecanismo da reação de Mitsunobu
A etapa final é a troca nucleofílica do grupo oxifosfônio pelo ânion
carboxilato via um mecanismo SN2, fornecendo o éster 97 com configuração
invertida no centro estereogênico e óxido de trifenilfosfina. A hidrólise do éster 97
forneceria então o álcool invertido 98. (esquema 44).
R2 R3
Ph3P+O H
104
R1COO-
R2 R3
H OCR1O
+ O=PPh3
97
R2 R3
H OH
98
Esquema 44 – Etapa final do mecanismo da reação de Mitsunobu
71
Realizamos a tentativa de inversão da hidroxila do aduto 43a anti através da
reação de Mitsunobu. Como já dito anteriormente, o sucesso desta metodologia
poderia conduzir a um dos diastereoisômeros a partir do outro e facilitar o controle
dos centros estereogênicos dos adutos (equema 45).
OH
OO
O
OCH3
OCR1
OO
O
OCH3
43b Syn43a Anti
PPh3, DEAD, RCOOH
OH
OO
O
OCH3
O
OCR1
OO
O
OCH3
O
Hidrólise
43b Syn
OH
OO
O
OCH3
PPh3, DEAD, RCOOH
Hidrólise
OH
OO
O
OCH3
43a Anti
Esquema 45 - Interconversão dos adutos anti e syn através da reação de Mitsunobu
No entanto, ao invés do aduto com o centro estereogênico invertido, o
produto desta reação foi compatível com uma reação do tipo SN2’, no qual o
nucleófilo ataca o alceno terminal com eliminação da hidroxila secundária (esquema
46). Na figura 30 apresentamos o espectro de RMN1H do produto obtido.
OH
OO
O
OCH3O
O
O
OCH3PPh3, DEAD, PhCOOH, 25% OBz
10543a anti
Esquema 46 – Produto resultante da reação de Mitsunobu sobre o aduto de MBH 43a
72
Figura 30 - Espectro de RMN 1H (300 MHz, CDCl3) do produto 105
Podemos observar nesse espectro o desaparecimento dos sinais relativos ao
grupo CH2 terminal da dupla ligação na região entre 6 e 6,5 ppm. A incorporação do
grupo benzila pode ser visto através do aparecimento dos sinais do CH2 benzílico
em 5,18 ppm (7) e dos prótons aromáticos (9) entre 7,4 e 8 ppm. Finalmente um
sinal em 7,0 ppm sugere a presença do sinal relativo ao hidrogênio ligado à nova
dupla ligação formada, β-carbonila do éster (5).
73
3.2. Reações na presença de líquido iônico
3.2.1. Definição e Uso de líquidos iônicos
Os líquidos iônicos58 podem ser definidos como sendo sais orgânicos cujo
ponto de fusão está abaixo do ponto de ebulição da água. A origem e
desenvolvimento dos atuais líquidos iônicos se deve em grande parte ao
desenvolvimento dos chamados sais fundidos - “molten salts” - que eram utilizados
como eletrólitos em super baterias pela força aérea norte-americana. Dentre esses
sais fundidos, podemos destacar: os nitratos de alquilamônio, os cloroaluminatos e
os derivados piridônicos.
A primeira observação documentada de líquido iônico, por químicos, foi
então chamada de “red oil”. Esse sistema, formado através de uma reação de
Friedel-Crafts do benzeno com cloreto de metila, catalisada por AlCl3, foi utilizado
na preparação do tolueno, na metade do século XIX. A estrutura proposta para o
“red oil” é apresentada na figura 31.
H
HMe Al2Cl7
"Red Oil"
Figura 31 – Estrutura do Red Oil
Inicialmente utilizados em processos físico-químicos, os líquidos iônicos são
atualmente uma alternativa interessante para vários tipos de reações orgânicas.
São excelentes solventes para uma variedade de substâncias orgânicas, como
compostos carbonílicos, haletos de alquila, álcoois, aminas e substâncias
58 a) Wilkes, J. S. Green Chem. 2002, 4, 73; b) Dupont, J.; de Souza, R. F.; Suarez, P. A. Z. Chem. Rev. 2002, 102, 3667; c) Wasserschied, P.; Keim, W. Angew. Chem. Int. Ed. 2000, 39, 3772; d) Dupont, J. Quim. Nova
2000, 23, 825; e) Welton, T. Chem. Rev. 1999, 99, 2071
74
inorgânicas, sendo utilizados em várias reações orgânicas importantes, como reações
de Friedel-Crafts,59 reações de Heck,60 reações de Wittig,61 reações de Diels-Alder,62
reações de oxidação,63 dentre outras.
Utilizados como solventes, podem ser considerados como meios
ecologicamente corretos (química limpa) quando comparados aos solventes
orgânicos convencionais. Esses líquidos possuem algumas propriedades relevantes,
tais como:
• São solventes não-voláteis, pois possuem baixa pressão de vapor;
• São recicláveis em muitos casos;
• Não inflamáveis
• Termicamente resistentes, podendo ser utilizados numa ampla faixa de
temperatura,
• Líquidos numa faixa de 300 ºC, em alguns casos até 400 ºC.
Em muitos casos, os líquidos iônicos têm trazido efeitos positivos na
velocidade e/ou na seletividade das reações, podendo promover reações que são
difíceis de ocorrer em solventes orgânicos clássicos. Esses efeitos podem ser
atribuídos à inerente natureza iônica desses sais que podem proporcionar a formação
e/ou estabilização de intermediários iônicos através de diferentes tipos de pares
iônicos. Normalmente, os líquidos iônicos são formados por íons de fraca
coordenação; sendo assim, eles têm potencial para serem solventes altamente
polares não coordenantes. Alguns líquidos iônicos são hidrofóbicos e podem ser
usados como fases polares imiscíveis em água. Os líquidos iônicos normalmente
utilizados nas reações orgânicas são aqueles derivados do cátion 1-n-alquil-3-metil
imidazólio.
59 Song, C. E.; Shim, W. H.; Roh, E. J.; Choi, J. H. Chem. Commun. 2000, 1695 60 Hermann, W. A.; Böhn, V. P. W. J. Organomet. Chem. 1999, 572, 141 61 Le Boulaire, V.; Grée, R. Chem. Commun. 2000, 2195 62 Ludley, P.; Karodia, N. Tetrahedron Lett. 2001, 42, 2011 63 Song, C. E.; Roh, E. J. Chem. Commun. 2000, 837
75
3.2.2. Preparação de Líquidos Iônicos
Devido à facilidade de preparação e a possibilidade de modular as
propriedades físicas e químicas dos líquidos iônicos, pela seleção de cátions e ânions
adequados, torna-se possível otimizar o meio reacional para uma aplicação
específica. Em virtude disso, eles são referidos por muitos autores como “solventes
projetados”. A primeira etapa na síntese de líquidos iônicos é a quaternização de
uma amina ou uma fosfina, levando à formação de um cátion. Os cátions mais
utilizados são apresentados na figura 32.
N NR2
R1 N
RImidazólio Piridínio
R2
NR1
R1
R1
R2
PR1
R1
R1
Amônio Fosfônio
Figura 32 – Cátions mais utilizados em líquidos iônicos
Sais de diferentes ânions podem ser obtidos por quaternização dependendo do
reagente alquilante. Esse processo permite obter sais de pontos de fusão abaixo de
100 ºC para uma série de combinações de cátions e íons.
A tabela 16 mostra alguns exemplos de pontos de fusão de vários sais
imidazólicos.
76
Tabela 16 – Pontos de fusão de sais imidazólicos
Sal Imidazólico PF/ºC
[emim]Cl 87
[emim]NO2 55
[emim]NO3 38
[emim]BF4 6
[emim]OTf -9
N N
[emim] [emim]TFA -14
[emim] = etilmetilimidazólio
3.2.3. Líquidos iônicos na reação de MBH
Líquidos iônicos são capazes de estabilizar os intermediários “zwitteriônicos”
formados durante o desenvolvimento da reação de MBH, tendo uma influência
favorável no aumento da velocidade da reação. Vários líquidos iônicos derivados do
cátion 1-metil-3-butilimidazólio ([bmim]) vêm sendo utilizados com sucesso como
aditivo nessa reação.
N N X
X = OAc; OTf; N(Tf)2; BF4; SbF6; PF6
Figura 33 – Estrutura dos líquidos iônicos
Afonso e colaboradores64 mostraram um aumento na velocidade das reações
de MBH, quando líquidos iônicos foram usados como solventes da reação. Na tabela
17 resumimos os resultados obtidos por esses autores.
64 Rosa, J. N.; Afonso, C. A. M.; Santos, A. G. Tetrahedron 2001, 57, 4189
77
Tabela 17 - Comparação do uso de líquidos iônicos
Entrada Solvente/LI Temperatura/ºC Aditivo Velocidade Relativa
1 CH3CN ambiente - 1,0
2 [bmim]BF4 ambiente - 14,1
3 [bmim]PF6 ambiente - 33,6
4 [bmim]PF6 -50ºC - 1,8
5 [bmim]PF6 3ºC - 6.3
6 [bmim]PF6 50ºC - 21
7 [bmim]PF6 ambiente LiClO4 52,8
Reação entre benzaldeído, acrilato de metila e DABCO (1:1,1:1)
Entre os dois líquidos iônicos escolhidos pelos autores, hexafluorofosfato de
1-n-butil-3-metil-imidazol ([bmim]PF6) se mostrou mais eficiente levando a uma
reação 33,6 vezes mais rápida do que em acetonitrila (entrada 3). Nas mesmas
condições, tetrafluoroborato apresentou rendimento inferior (entrada 2). No caso do
[bmim]PF6 a reação mais rápida ocorreu à temperatura ambiente, sendo que em
temperaturas mais altas (50ºC, entrada 6) e temperaturas mais baixas (-50ºC e 3ºC,
entradas 4 e 5 respectivamente) levaram a um decréscimo do rendimento reacional
em um mesmo tempo de reação. Kim e colaboradores65 observaram também um
aumento na velocidade da reação de MBH, usando quantidades catalíticas de vários
líquidos iônicos (tabela 18).
65 Kim, E. J.; Ko, S. Y. Helv. Chim. Acta 2003, 86, 894
78
Tabela 18 - Uso de líquidos iônicos em quantidade catalítica
Entrada Solvente/LI Temperatura/ºC Quantidade de LI
Velocidade Relativa
1 CH3CN ambiente - 1,0
2 [bmim]BF4 ambiente 50 µL 6,4
3 [bmim]SbF6 ambiente 50 µL 6,4
4 [bmim]OAc ambiente 50 µL 6,9
5 [bmim]PF6 ambiente 50 µL 8,6
6 [bmim]OTf ambiente 50 µL 10,1
Reação entre benzaldeído, acrilato de metila e DABCO em acetonitrila
Aggarwal e colaboradores66 mostraram que o uso de líquidos iônicos como
solventes da reação de MBH podem levar à formação de um subproduto oriundo da
reação do aldeído com os líquidos iônicos derivados do cátion 1-metil-3-imidazólio.
Isso mostrou que esses tipos de líquidos iônicos não são completamente inertes
frente à reação de MBH. O consumo do aldeído pelo líquido iônico levou à
diminuição do rendimento na formação do aduto de MBH derivado da reação do
benzaldeído com acrilato de metila, catalisada por DABCO ou 3-hidroxiquinuclidina
(esquema 47). Pelo esquema, nota-se que a amina terciária pode atuar como uma
base, levando à desprotonação do cátion imidazólio. A condensação desse
intermediário com benzaldeído levou à formação do subproduto
N
NH
N
N
N
N
R3N
Cl Cl
Ph
OHPhCHO
Cl
Esquema 47 – Formação de subproduto com o uso de líquido iônico
66 Aggarwal, V. K.; Emme, I.; Mereu, A. Chem. Commun. 2002, 1612
79
A formação desse subproduto poderia induzir uma conclusão precipitada
sobre o real aumento na velocidade relativa da reação, medida através de CG, já que
essa medida só leva em consideração o consumo do aldeído e o aparecimento do
aduto de MBH (técnica usada por Afonso e colaboradores). Como parte do aldeído é
consumida pelo líquido iônico, essa medida cromatográfica não retrata fielmente a
conversão da reação no aduto e, por conseguinte a sua velocidade relativa.
Para contornar o problema dessa reação paralela, Chu e colaboradores67
apresentaram uma modificação no líquido iônico 1-metil-3-butilimidazólio. Eles
fizeram a metilação da posição C-2, levando à formação do hexafluorofosfato de
1,2-dimetil-3-butilimidazólio [bdmim]PF6.
N N PF6
[bdmim]PF6
Figura 34 – Estrutura do líquido iônico modificado
Esse líquido iônico mostrou-se inerte e as reações de MBH tiveram um
aumento considerável em seus rendimentos quando comparados ao líquido iônico
[bmim]PF6. Por exemplo, benzaldeído reagiu para levar ao produto com 63% de
rendimento em 24h na presença de [bmim]PF6 enquanto em [bdmim]PF6 sob as
mesmas condições o rendimento foi de 79%.
Espécies supramoleculares foram interceptadas e analisadas pelo nosso grupo
de pesquisas68, utilizando ionização por eletrospray e espectrometria de massas em
67 Hsu, J. -C.; Yen, Y. -H.; Chu, Y. -H. Tetrahedron Lett. 2004, 45, 4673 68 Santos, L. S.; Neto, B. S.; Consorti, C. S.; Pavam, C. H.; Almeida, W. P.; Coelho, F.; Dupont, J.; Eberlin, M. N. J. Phys. Org. Chem. 2006, 19, 731
80
reações de MBH na presença de líquidos iônicos. Os resultados sugerem que o
líquido iônico participa em praticamente todas as etapas da reação:
1) Atuando como um ácido de Lewis, se complexando com o aldeído, e
contribuindo dessa forma para o aumento da eletrofilicidade do carbono
carbonílico;
2) Estabilizando o enolato intermediário resultante da adição conjugada da
amina terciária à olefina ativada do acrilato;
3) Complexando-se com o produto da reação, desta forma deslocando o
equilíbrio para a formação do aduto.
A associação destes três efeitos citados pode conduzir a um efeito global que
aumenta consideravelmente a velocidade reacional. Na figura 35 são apresentadas as
estruturas de algumas das espécies supramoleculares caracterizadas.
S
N O
HBmim
m/z 252
NN
PF6
Bmim
m/z 483
OH
CO2CH3N
S
Bmim
m/z 338
Figura 35 – Espécies supramoleculares interceptadas na reação de MBH na presença
de líquido iônico
81
3.2.4. Reações de MBH na presença de líquido iônico – Estudo
quimiométrico visando otimização das condições reacionais
Na reação de MBH com o 2,3-isopropilideno-D-gliceraldeído, a associação
de líquido iônico (BmimPF6) com irradiação ultrassom levou a um rendimento mais
baixo do que a reação utilizando somente ultrassom (Tabela , pagina 33).
Uma explicação para este resultado seria uma possível decomposição do
líquido iônico na presença de ultrassom. Dupont e Spencer69 já haviam relatado que
sob condições sonoquímicas, a decomposição do líquido iônico pode ser observada.
Outra possibilidade seria a destruição pelo ultrassom da estrutura
supramolecular polimérica bem definida do líquido iônico em fase líquida. Esta
estrutura se baseia em uma rede tridimensional iônica na qual várias camadas
(lamelas) se interagem por ligações de hidrogênio. Nestas camadas, cada cátion é
rodeado por três ânions e cada ânion é rodeado por três cátions. Esse tipo de
organização justifica a estabilização de intermediários iônicos, os quais se inserem
entre as camadas que se interagem uma com a outra através de efeitos π–stacking
(figura 36).
Figura 36 – Estrutura organizacional dos líquidos iônicos
69 Dupont, J.; Spencer, J. Angew Chem. Int Ed. 2004, 43, 5296
82
Rafel e Leahy7 propõem que a baixas temperaturas a reação de MBH é mais
acelerada do que a temperatura ambiente, devido à estabilização do enolato por
interações eletrostáticas. Além disso, reações a baixas temperaturas na presença de
líquido iônico poderiam minimizar ou até mesmo evitar a desorganização da
estrutura lamelar do líquido iônico em solução. Com base nestas considerações,
realizamos a reação com o 2,3-isopropilideno-D-gliceraldeído 0ºC, na presença e
ausência de líquido iônico. Observamos diminuição do rendimento na reação sem
líquido iônico. Entretanto, desta vez, a reação na presença de líquido iônico teve um
rendimento bastante superior após 30 minutos (tabela 19).
43a anti
OO
O
48
OO
OH
CO2MeO
O
OH
CO2Me+
43b syn
Tabela 19 – Reação de MBH a 0ºC, na presença e ausência de líquido iônico Condição Experimental Rendimento*
(%) Tempo
(h) Razão
Anti : Syn
A: Ultrassom, DABCO, acrilato de metila (excesso), 0º C
30 0.5 66:34
B: Ultrassom, DABCO, acrilato de metila (excesso), 0º C, bmim[PF6]
92 0.5 66:34
* Rendimento do produto isolado e purificado
Realizamos também reações com líquido iônico na ausência de ultrassom, em
três diferentes temperaturas. Esses resultados são mostrados na tabela 20.
O líquido iônico acelera drasticamente as reações de MBH sob agitação em
baixas temperaturas (0ºC e -72ºC), sendo o incremento mais pronunciado observado
em 0ºC. No entanto, à temperatura ambiente, esta aceleração não é observada. Por
razões de comparação do efeito da adição do líquido iônico em diferentes
temperaturas, todas as reações foram interrompidas após 30 minutos.
83
Tabela 20. Reações de MBH entre 2,3-isopropilideno-D-gliceraldeído e acrilato de metila sem ultrassoma.
Entrada Temperatura (ºC) Rendimento (%) Anti/Syn
1 23 55 65:35
2b 23 50 65:35
3 0 95 60:40
4b 0 7 60:40
5 -72 60 65:35
6b -72 NR -
a Excesso de acrilato e catalisada por DABCO. Rendimento do produto isolado e purificado. Todas as reações foram interrompidas após 30 minutos. b Na ausência de líquido iônico
Estas interessantes observações nos levaram a realizar um estudo
quimiométrico da reação de MBH com o objetivo de otimizar o rendimento
reacional. Estávamos interessados em descobrir como a resposta (rendimento
reacional) dependeria dos fatores ultrassom, líquido iônico e temperatura. A função
que descreve essa influência é chamada superfície de resposta. Logo, podemos
descobrir com esse estudo, quais os valores – os níveis – destes três fatores
produzem a maior resposta possível. Como utilizaremos 3 fatores, o planejamento
completo de 3 níveis requer a realização de 23 = 8 ensaios diferentes, sendo assim
chamado planejamento fatorial 23.
O planejamento experimental foi realizado para a reação de MBH entre o 2,3-
isopropilideno-D-gliceraldeído 48 e acrilato de metila. Escolhemos os níveis com e
sem para o ultrassom (reações na presença e na ausência de ultrassom), com e sem
para o líquido iônico, e ambiente e 0ºC para a temperatura. Os experimentos foram
realizados e as respostas observadas foram registradas em todas as oito combinações
possíveis dos níveis escolhidos. A lista destas combinações, que é chamada matriz
de planejamento é apresentada na tabela 21.
84
Todos os experimentos foram realizados em duplicata, produzindo um total
de dezesseis respostas. Assim o erro experimental pode ser estimado. A extensão
desse erro vai ser importante para decidir se existem ou não efeitos significativos
que possam ser atribuídos à ação dos fatores. Costuma-se identificar os níveis
superiores e inferiores com os sinais (+) e (-) respectivamente. Como pode ser
observado na tabela 21, atribuímos os valores (+) à presença de ultrassom, líquido
iônico e à temperatura de 0ºC, que são os níveis onde esperamos observar os
rendimentos mais altos.
Tabela 21 – Matriz de planejamento para a reação de MBH com o 2,3-isopropilideno-D-gliceraldeído
43a anti48 43b syn
O
OO
OH
OO
O
OCH3
OH
OO
O
OCH3++ OCH3
O
30 min
Fatores + -
Ultrassom Com Sem
Líquido Iônico Com Sem
Temperatura 0ºC Ambiente
Entrada Ultrassom LI Temperatura Rendimento (%)* 1 - - - 50 53
2 + - - 82 80
3 - + - 55 55
4 + + - 25 24
5 - - + 7 5
6 + - + 30 30
7 - + + 95 96
8 + + + 92 89 * Rendimentos em duplicata. Rendimento do produto isolado e purificado.
85
A tabela 22 contém os resultados da análise dos dados da tabela 1870, e inclui
também o rendimento médio global, que também é uma combinação linear de todas
as observações.
Tabela 22 – Resultados do estudo estatístico
Média global 54,25 ± 0,66
Efeitos principais
1 Ultrassom 4,50 ± 1,32
2 LI 24,50 ± 1,32
3 Temperatura 2,50 ± 1,32
Interação de dois fatores
12 -22,25 ± 1,32
13 5,00 ± 1,32
23 50,75 ± 1,32
Interação de três fatores
123 7,75 + 1,32
Como o efeito de interação é significativo, os efeitos principais devem ser
interpretados conjuntamente. A partir dos resultados obtidos podemos concluir que:
1 – Como o efeito LI + temperatura é alto, quando LI está no nível inferior,
os efeitos individuais da temperatura tendem a diminuir o rendimento. Quando LI
está no nível superior, os efeitos da temperatura tendem a aumentar o rendimento. O
efeito principal da temperatura acaba se anulando, não porque não exista, mas por
ser uma média desses dois fatores.
2 – O valor significativo observado para a interação LI + temperatura ocorre
devido a uma grande dependência entre estes dois fatores. Em outras palavras, o
comportamento de um dos fatores irá depender do nível em que se encontra o outro
fator. Desta forma, na temperatura ambiente há uma leve tendência para a queda no
70 Cálculos realizados com a colaboração do professor Roney Poppi no Laboratório de Quimiometria e Química Analítica da Unicamp.
86
rendimento com a adição do líquido iônico (Tabela ; entradas 1 → 3 e 2 → 4). Por
outro lado, a 0ºC, a adição de líquido iônico aumenta significativamente o
rendimento (entradas 5 → 7 e 6 → 8).
3 – Na ausência de líquido iônico, a adição de ultrassom aumenta o
rendimento reacional. Na presença de líquido iônico, a adição de ultrassom diminui
o rendimento. Devido a isso, a interação ultrassom + LI é importante, apesar de
negativa (o sinal negativo é devido ao fato do maior incremento na alteração do
rendimento ocorrer quando o líquido iônico está em um nível inferior).
Estes são os dois maiores valores observados na tabela 22, para a interação de
dois fatores. O único efeito principal com valor considerável é o LI 2. Por outro
lado, a interação de 3 fatores não é muito significativa.
Apesar da utilização de um aldeído que reage rapidamente como modelo para
esse estudo, a metodologia proposta pode ser muito útil em aldeídos que demandam
longos tempos reacionais. A tabela 23 apresenta os resultados da reação de MBH
com vários aldeídos, alifáticos e aromáticos, utilizando líquido iônico/agitação ou
líquido iônico/ultrassom, ambas a 0ºC . O p-nitrobenzaldeído, aldeído aromático de
curto tempo reacional apresentou rendimentos similares em ultrassom ou agitação.
A reação foi rápida, sendo que em 4h praticamente todo o aldeído tinha sido
convertido no produto (entrada 1). O mesmo pode ser dito para o aldeído 2-cloro-
quinolina. Após 24h, um rendimento de 71% foi alcançado para o benzaldeído.
(entrada 4), resultado superior àquele observado por Afonso e colaboradores64, que
utilizaram líquido iônico como solvente. Outros aldeídos demandaram maiores
tempos reacionais para uma conversão razoável no produto. Nesses casos, apenas
reações a 0ºC sob agitação magnética foram utilizadas, as quais podem ser agitadas
a 0ºC em uma câmara fria. Enfim, apesar da necessidade de estudos adicionais,
acreditamos ser essa uma alternativa bastante viável para reações de MBH com
aldeídos alifáticos e aromáticos. Adicionalmente, as reações com LI a 0ºC não
levam a produtos de condensação com o aldeído e o LI pode ser totalmente
recuperado.
87
O
R
OH
R
O
OCH3
0ºC, Bmim[PF6]excesso de acrilato
1 - agitação2 - ultrassom
Tabela 23 – Reações com vários aldeídos na presença de líquido iônico Entrada R Aduto Condição Tempo
(h)
Rendimento
(%)
Literatura
1 O2N
106
1
2
1
2
2
2
4
4
61
58
92
96
83%; 4h71
2
Me
107
1
96
80
71%; 3d72
3
N Cl
108
1
1
2
2
2
4
2
4
75
87
72
80
_
4
109
1
24
71
70%; 24h 62
7 Br
110
1
72
80
78%, 72h73
8
111
1
96
34
25%; 21d74
9
112
1
96
70
70%, 10d75
10
113
1
60
57
47%; 72h76
Rendimento do produto isolado e purificado.
Condição 1 – 0ºC, LI, agitação; Condição 2 – 0ºC, LI, ultrassom
71 Zhao, S-H.; Zhang, H-R.; Feng, L-H.; Chen, Z-B. J. Mol. Cat. A: Chem. 2006, 258, 251 72 Maher, D.; Connon, S. J. Tetrahedron Lett. 2004, 45, 1301 73 Lin, Y-S.; Tsai, C-W.; Thomas, Y. R. Tetrahedron Lett. 2005, 46, 1859 74 Coelho, F; Almeida, W. Tetrahedron Lett. 1998, 39, 8609 75 Maier, M.; Rajamalleswaramma, J. J. Org. Chem. 2006, 71, 6999 76 Berkessel, A.; Roland, K.; Neudoerf, J. Org. Lett. 2006, 8, 4195
88
4. Uso dos Adutos de MBH na Síntese de Produtos Naturais
4.1. Preparação da 2-Deoxi-2-C-metileno-D-eritro-pentano-1,4-lactona 44
OO
OH
OH
44
A 2-Deoxi-2-C-metileno-D-eritro-pentano-1,4-lactona 44 é um produto
natural pertencente à classe das α-metileno-γ-butirolactonas. A unidade estrutural α-
metileno-γ-butirolactona está presente em uma variedade de plantas, tanto em
sesquiterpenos quanto em derivados glicosídeos. Dentre as atividades biológicas
exercidas por essa classe de lactonas podemos destacar citotóxica, antiinflamatória,
fitotóxica, alérgica e antimicrobiana77. Devido ao seu largo espectro de atividades
biológicas e suas características estruturais interessantes, as α-metileno-γ-
butirolactonas apresentam um enorme desafio científico que resulta em um número
crescente de sínteses descritas para estes heterociclos78.
Benezra e Papageorgiou79 prepararam a lactona 44 utilizando uma sequência
de 4 etapas baseada numa reação aldólica entre o 2,3-isopropilideno-D-gliceraldeído
48 e o ânion do metil-3-(dimetilamino)propanoato 114, seguido pela quaternalização
por nitrogênio e eliminação de um resíduo amino em 115 (esquema 48).
77 Romagnoli, R.; Baraldi, P. G.; Tabrizi, M. A.; Bermejo, J.; Estevez, F.; Borgatti, M.; Gambari, R. J. Med.
Chem. 2005, 48, 7906 78 a) Hughes, M.A.; McFadden, J.M.; Townsend, C.A. Bioorg. Med. Chem. Lett. 2005, 15, 3857; b) Steurer, S.; Podlech, J. Eur. J. Org. Chem. 1999, 7, 1551; c) Hoffmann, H. M. R.; Rabe, J. Angew. Chem. Int. Ed. 1985, 24, 94 79 Ref. 42
89
Apesar da eficiência e elegância desta metodologia sintética descrita, ela
requer algumas condições experimentais especiais para ser executada, tais como
baixas temperaturas, atmosferas inertes e uso de bases não nucleofílicas.
OO
OH
OCH3
OOO
OH
OH
43a44
OO
CHO
48
(CH3)2NCO2CH3
+
OO
OH
CO2CH3
N(CH3)2
a b, c c
114
115
Reagentes e condições: a) LDA, 85%, anti:syn 92:8; b) MeI; c) NaHCO3, 71%; c)
TFA:H2O 9:1.
Esquema 48 – Preparação da lactona 44 utilizando condensação aldólica
Propusemos então a preparação de 44 mais diretamente, utilizando uma
estratégia baseada na reação de MBH descrita anteriormente entre o 2,3-
isopropilideno-D-gliceraldeído 48 e acrilato de metila, que resultou no aduto 43a80.
O tratamento de 43a com ácido trifluoroacético forneceu 44 com um rendimento
químico de 58% (esquema 49). Na tabela 24 é apresentada a comparação entre os
nossos resultados e aqueles obtidos por Benezra, e na figura 37 é apresentado o
espectro de RMN1H do composto 44.
OO
OH
OCH3
OOO
OH
OHOO
O
48 43a 44
a b
Reagentes e condições: a) ultrassom, DABCO, acrilato de metila (10 eq), temp. ambiente,
82%, anti:syn 70:30; b) TFA-H2O, temp. ambiente, 58%.
Esquema 49 – Preparação da lactona 44 utilizando reação de MBH
80 Porto, R. S.; Coelho, F. Synth. Commun. 2004, 34, 3037
90
Tabela 24 – Dados espectroscópicos da lactona 44 Obtidos por Benezra Neste trabalho
RMN1H (δδδδ) 4,24 (m, H1) 4,29 (m, H1)
4,44 e 4,51 (J1,2 = 2Hz, J1,3 =
3,3Hz; H2 e H3)
4,48 (J1,2 = 1,9Hz, J1,3 = 3,2
Hz)
4,72 (ddd, J4,5 = J4,6 = J4,1 =
2Hz, H4)
4,76 (dd, J = 2,7 Hz, J =
2,2Hz, H4)
6,16 (d, J = 2.0Hz, H6) 6,22 (d, J = 2.3Hz, H6)
6,62 (dt, J = 1.8Hz, H5) 6,67 (d, J = 2.4Hz, 1H, H5)
[αααα]D20
–91,3 (c 1.1, MeOH) –90,0 (c 1.1, MeOH)
P.F. 66ºC 65-66ºC
Figura 37 – Espectro de RMN (300 MHz, D2O) da lactona 44
91
Observe que o valor da rotação ótica por nós obtido está bem próximo àquele
obtido por Benezra. A pureza enantiomérica obtida por esses autores para o
composto 44 foi comprovada por RMN1H na presença de um reagente de
deslocamento quiral, tris(trifluoroacetil-D-canforato) de európio.
A configuração absoluta de 44 foi estabelecida também por RMN1H. O
espectro de 44 se apresentou diferente daquele descrito por Nair e Sinhababu81 para
a lactona diastereoisomérica treo. Na tabela 25 apresentamos a comparação dos
dados de RMN1H para os dois produtos.
Tabela 25 – Comparação dos dados de RMN1H das lactonas eritro 44 (obtida por Benezra) e treo
OO
OH
OH
Lactona eritro 44
H5
H6
H4
H1 H3H2
OO
OH
OH
Lactona treo
H5
H6
H4
H1 H3H2
4.24 (m, H1) -
4.44 e 4,51 (J1,2 = 2Hz,
J1,3 = 3,3Hz; H2 e H3)
4.18-4,60 (m, 3H, H1, H2
e H3)
4.72 (ddd, J4,5 = J4,6 = J4,1
= 2Hz, H4)
5,60 (2t, J = 6,47Hz, J =
1,8Hz, H4)
6.16 (d, J = 2.0Hz, H6) 6,62(d, J = 2.0Hz, H6)
6.62 (dt, J = 1.8Hz, H5) 6.93 (d, J = 2.0Hz, H5)
81 Nair, V.; Sinhababu, A. K. J. Org. Chem. 1980, 45, 1893.
92
4.2. Estudos visando a preparação do ácido (+)-polioxâmico O fragmento 1,2-aminoálcool é encontrado em uma variada gama de produtos
naturais, em particular como principal fragmento de aminoácidos não
proteinogênicos e amino polióis. Um importante exemplo desta última classe é o
ácido polioxâmico (figura 38), que é um aminoácido componente das polioxinas,
antibióticos nucleosídicos. Interesses no campo da química e da biologia resultaram
em várias abordagens para a síntese do ácido polioxâmico e seus derivados nos
últimos anos82.
OH
NH2
HOOH
OH
O
Ácido (+)-Polioxâmico 47
Figura 38 – Ácido (+)-Polioxâmico 47
De acordo com a rota retrossintética proposta no esquema 50, o ácido
polioxâmico poderia ser acessado a partir do α-cetoéster 116. Este por sua vez pode
ser obtido a através de uma ozonólise sobre o aduto de MBH 46b, facilmente obtido
a partir do 2,3-isopropilideno-L-gliceraldeído.
Ácido Polioxâmico 47
OH
OO
O
OCH3
OH
OO O
O
OCH3
OH
NH2
HOOH
OH
O
46b116
Esquema 50 – Rota retrossintética proposta para a síntese do ácido (+)-Polioxâmico
82 a) Li, S.; Hui, X. P.; Yang, S. B.; Jia, Z. J.; Xu, P. F.; Lu, T. J. Tetrahedron: Asymetry 2005, 16, 1729; b) Raghavan, S.; Joseph, S. C. Tetrahedron Lett. 2003, 44, 6713; c) Tarrade, A.; Dauban, P.; Dodd, R. H. J.
Org. Chem. 2003, 68, 9521; d) Kim, K. S.; Lee, Y. J.; Kim, J. H.; Sung, D. K. Chem. Commun. 2002, 1116; e) Kang, J. E.; Kim, J. H.; Lee, W. S.; Park, K. H. Bull. Korean Chem. Soc. 1998, 19, 1369; f) Bose, A.; Banik, B.; Matur, C.; Wagle, D.; Manhas, M. Tetrahedron 2000, 56, 5603
93
Desta forma, o 2,3-isopropilideno-L-gliceraldeído foi obtido a partir do R-
solketal, reproduzindo uma metodologia descrita na literatura83.
OH
OO
R-solketal 117
O
OO
isopropilideno-L-gliceraldeído 45
PCC, CH2Cl2, t.a., peneira molecular,
5h, 80%
Esquema 51 – Preparação do isopropilideno-L-gliceraldeído a partir do R-solketal
A reação de MBH com este aldeído foi realizada conduzindo aos adutos 46a
anti e 46b syn em uma diastereoseletividade similar àquela observada com o seu
enantiômero D (esquema 52). Esses adutos foram separáveis por cromatografia em
camada preparativa de sílica. Como já proposto anteriormente para 2,3-
isopropilideno-D-gliceraldeído, nesse caso também a formação preferencial do
produto anti pode ser justificada baseada no modelo de Felkin-Anh42.
OO
O
45
O
OH
O
O
OCH3
O
OH
O
O
OCH3+
46a anti 46b syn68 : 32
Reagentes e condições: ))), DABCO, acrilato de metila, temp.ambiente, 30 min, 78%
Esquema 52 – Preparação dos adutos de MBH do isopropilideno-L-gliceraldeído
83 Hong, J. H.; Oh, C-H.; Cho, J-H. Tetrahedron, 2003, 59, 6103
94
Tamm e colaboradores84 realizaram a preparação de 46a através de uma
seqüência tendo como etapa chave uma reação aldólica (esquema 53). Este aduto foi
preparado pelos autores em 4 etapas partindo do isopropilideno-S-gliceraldeído 45 e
utilizado em estudos visando a síntese total da pseurotina A. Utilizando a reação de
MBH, o aduto 46a foi preparado em apenas uma etapa partindo do mesmo aldeído,
comprovando novamente a versatilidade desta reação na preparação de
intermediários polifuncionalizados.
OO
O
45
CH(OEt)2Br
118
+O
OH
O
46a
a
119
CH(OEt)2 b
O
OH
O
120
O
OH
O
H
O
OH
O
O
OH
O OCH3
O
c
d
121
NH
OH
OO
O
OH
HO
Pseurotina A
O
O
O
45
OCH3
O
MBH
Neste trabalho
Reagentes e condições: a) BuLi, -70ºC, 3h; b) HCl, THF, ta., 1h; c) AgNO3/NaOH, 40ºC, 1,5h; d)
CH2N2, ºC, 10 min.
Esquema 53 – Uso do aduto 46a visando a preparação da Pseurotina A por Tamm e
colaboradores
84 Su, Z.; Tamm, C. Helv. Chim. Acta 1995, 78, 1728.
95
Há alguns anos atrás, nosso grupo de pesquisas tentou realizar uma reação de
ozonólise em um aduto de MBH derivado do piperonal, porém sem sucesso85.
Provavelmente o problema estava relacionado com o tempo de reação, bem acima
de 30 minutos. Costa e colaboradores demonstraram que a ozonólise de sistemas
derivados do eugenol e do safrol podem levar à clivagem do anel aromático com a
formação de derivados do ácido mucônico86. O esquema 54 apresenta o mecanismo
proposto pelos autores para a ozonólise de um derivado do safrol com a formação de
um ácido 3-alquil mucônico monometil éster.
OO
O
O
O
O
O
R
O3, CH3OH
O
O
RO
O-
O
+
O
O
RO
O-
O
+
+CH3OH
-CH3O2H-CH2O
H3CO2C
HO2C
R
122 123124
125
126
Esquema 54 – Mecanismo proposto para a ozonólise do derivado do safrol
Recentemente, Doutheau e colaboradores descreveram com êxito uma
estratégia para a preparação de (S)-4,5-hidroxi-2,3-pentadionas (DPD) usando uma
simples estratégia baseada na ozonólise de adutos de MBH derivados de aldeídos
alifáticos87 (esquema 55).
ORR2
R1
OH O
R3O3, CH3OH
30 minOR
R2
R1
OH
O
O
R3
DPD 128127
Esquema 55 – Ozonólise de adutos de MBH 85 Rossi, Rodrigo Cassanta. Dissertação de Mestrado, 2001. Instituto de Química/Unicamp. 86 Costa, P. R. R.; Pinheiro, S.; Lopes, C. Tetrahedron Lett. 1986, 26, 4155. 87 Frezza, M.; Soulère, L.; Queneau, Y.; Doutheau, A. Tetrahedron Lett. 2005, 46, 6495.
96
Diante deste contexto, nosso grupo de pesquisas resolveu retomar os estudos
de ozonólise e preparar uma série de adutos de MBH aromáticos, que foram
submetidos à reação de ozonólise88. O controle do tempo reacional é muito
importante para evitar a degradação do anel aromático. Os adutos foram convertidos
nas respectivas cetonas em curtos tempos reacionais (15-20 minutos) e uma tabela
com os rendimentos alcançados é mostrada a seguir.
R
OR1 O
OCH3
1- O3, -78ºC, CH3OH
15-20 min
2- S(CH3)2, -78ºC a ambiente
R
OR1
O
O
OCH3
Tabela 26 – Ozonólise de adutos de MBH realizada em nosso laboratório
Com base nestes precedentes, a reação de ozonólise sobre o aduto de MBH
46b syn foi realizada com sucesso. Novamente foi fundamental o controle do tempo
reacional, neste caso para evitar a hidrólise do produto formado. Na tabela seguinte
apresentamos um resumo dos resultados obtidos.
88 Abella, C. A. M.; Rezende, P.; de Souza, M. F. L.; Coelho, F. Tetrahedron Lett. 2008, 49, 145
Entrada Adutos de MBH protegidos α -cetoesteres (%)
1 R= fenil 67
2 R= piperonil 63
3 R= 3,5-difluorofenil 77
4 R= 4-nitrofenil 82
5 R= 4-metanosulfonilfenil 71
97
OH O
OCH3
1- O3, -78ºC, CH3OH
2- S(CH3)2, -78ºC a ambiente
90% de rendimento
OO
OH
O
O
OCH3OO
46b syn 116
Tabela 27 – Ozonólise do aduto de MBH do 2,3-isopropilideno-L-gliceraldeído
Entrada Etapa 1 (min) Resultado (após isolamento)
1 10 Conversão parcial de 46b syn
2 15 Formação de 116
3 20 Mistura 116 + produto hidrolisado
4 30 Produto hidrolisado
Como pode ser observado na tabela, o tempo de 15 minutos de reação
conduziu ao melhor resultado, com a formação única do produto desejado. Um
menor tempo de reação foi insuficiente para a total conversão do material de partida,
assim como um maior tempo de reação levou à hidrólise do éster, confirmada após o
desaparecimento do sinal relativo à metila de éster no espectro de RMN1H. Este
composto se mostrou bastante instável. A caracterização por RMN foi eficiente
apenas quando realizada imediatamente após a reação, sendo que depois de poucas
horas, mesmo conservado em baixas temperaturas, o produto apresentou
degradação. Por se tratar de uma reação limpa, as análises por RMN1H foram
realizadas sem a necessidade de purificações por cromatografia, e uma simples
filtração foi suficiente. A formação do produto foi confirmada com a presença de um
pico de carbonila de cetona em 207,8 ppm.
A próxima etapa consistiu na aminação redutiva do cetoéster. A preparação
de aminas através de reações de hidrogenação de produtos resultantes de compostos
carbonílicos com aminas foi primeiramente abordada por Mignomac89, que
submeteu soluções de aldeídos e cetonas na presença de NH3 e à ação de H2/Ni. Este
autor propôs uma seqüência de etapas nas quais aminas primárias e secundárias são 89 G. Mignonac, Compt. Rend. 1921, 172, 223
98
produzidas pela hidrogenação de iminas ou hidrogenólise direta de carbonilaminas
(esquema 56). A amina primária inicialmente formada, pode se comportar como
agente aminante em compostos carbonílicos para fornecer aminas secundárias.
Reações similares podem ocorrer quando o composto carbonílico empregado é um
aldeído ou uma cetona.
RCHO + NH3
RCH(OH)NH2
RCH=NH
-H2O
-H2O
H2
H2
RCH2NH2
RCH2NH2 + RCHO RCH(OH)NHCH2R
RCH=NCH2R
-H2O
-H2O
H2
H2
R(CH2)2NH
Esquema 56 – Mecanismo da aminação redutiva
A principal reação lateral no processo de aminação redutiva direta envolve a
formação de um álcool a partir da hidrogenação competitiva do grupo carbonílico. A
formação de álcool constitui uma perda de material e pode afetar consideravelmente
o curso da reação. Um requerimento para o êxito da reação seria então uma lenta
hidrogenação da carbonila. A combinação de condições reacionais com uma escolha
conveniente do catalisador poderia contornar esse possível problema. Nesse sentido
alguns autores optam por colocar a amina na presença da carbonila antes da
hidrogenação, para que assim ocorra um pré-equilíbrio. Outros autores propõem
adição gradual do composto carbonílico à amina para manter baixa a concentração
do composto carbonílico na mistura reacional. O isolamento da imina antes da
hidrogenação também é sugerido, porém nem sempre é possível, uma vez que
iminas geralmente são bastante instáveis. Além de mais prático, o método one pot de
99
formação e subseqüente hidrogenação da imina é mais eficiente. O método de
escolha para as reações de aminação redutiva se baseia na utilização de
triacetoxiborohidreto de sódio na presença da amina. Esse reagente é brando e exibe
uma seletividade única como agente redutor. Reduz aldeídos, mas não cetonas, com
algumas exceções. Entretanto, esse reagente é capaz de reduzir cetiminas sob
condições neutras a fracamente ácidas. Isto faz dele um reagente ideal para
aminação redutiva de cetonas. Os efeitos estéricos e retiradores de elétrons dos 3
grupos triacetóxi estabilizam a ligação boro-hidrogênio e são responsáveis pela
natureza branda do reagente. Utilizamos na etapa de aminação redutiva a condição
padrão otimizada por Magid e colaboradores90. Para o nosso caso essa condição foi
com o aduto de MBH (1 eq.) na presença da amina (1.05-1.1 eq.), AcOH (1 eq.) e
NaBH(OAc)3 (1.4 eq.) em DCE ou THF como solvente, à temperatura ambiente
(esquema 57). Precedentes de nosso laboratório apresentam limitações na aminação
redutiva sobre adutos de MBH na presença de diversas aminas, com exceção da
benzilamina. Devido a isso, optamos pela utilização desta amina.
OH
O
O
OCH3OO
116
OH
NHBn
O
OCH3OO
129
NaBH(OAc)3NH2Bn, THF
2h, 43%
Esquema 57 – Aminação redutiva do cetoéster 116
A aminação redutiva sobre o cetoéster 116 conduziu ao produto 129 com um
rendimento de 43%. O valor observado para a constante de acoplamento (2,6 Hz)
entre o hidrogênio do novo centro estereogênico formado e o hidrogênio ligado ao
carbono carbinólico é compatível com o valor de 2,9 Hz observado para o mesmo
acoplamento no ácido polioxâmico91. Estes dados sugerem uma relação syn entre
90 Magid, A.; Mehrman, S. Org. Process Res. Dev. 2006, 10, 971 91 Referencia 82f
100
estes hidrogênios. Na figura 39 é apresentado o espectro de RMN1H dessa
substância.
Figura 39 – Espectro de RMN1H (300mHz, CDCl3) do produto 129
Tabela 28 – Dados de RMN1H do intermediário 129
Produto 129
7,36-7,16 (m, 5H, aromáticos)
RMN1H (δ) 4,69-4,4,63 (m, 1H)
4,52 (d, J = 2,7 Hz, 1H)
4,40-4,32 (m, 1H)
3,79 (s, 3H)
4,28-4,02 (m, 4H)
1,41 (s, 3H), 1,37 (s, 3H)
101
Um modelo foi proposto para a formação do produto syn. De acordo com este
modelo, a aproximação do nucleófilo se dá na direção do hidrogênio, em um ângulo
oposto ao grupo diacetal volumoso como mostrado em A. Por outro lado, um
impedimento estéreo é observado na conformação B, dificultando dessa forma a
aproximação do nucleófilo (figura 40).
H
H
H OHH
OH
OH
NBnMeOOC
H OH
OH
OH
BnN COOMe
OH
NHBn
O
OCH3OO
OH
NHBn
O
OCH3OO
ImpedimentoEstéreo
A - Favorecido
B
NaBH(OAc)3
NaBH(OAc)3
Figura 40 – Modelo proposto para a formação do produto 129
Devido à pequena quantidade de material, nao foi possível a desproteção do
intermediário, visando o acesso ao ácido polioxâmico. No entanto, os estudos estão
em andamento em nosso laboratório, visando a otimização da etapa de aminação
redutiva e preparação deste produto natural.
102
4.3. Estudos visando a preparação do fragmento polar da (-)-miriocina
A (-)-miriocina 130 (figura 41), conhecida também como termozimocidina ou
ISP-1, é um aminoácido encontrado em determinados fungos termofílicos. A (-)-
miriocina foi isolada primeiramente do extrato dos fungos Myiococus albomyces e
Mycelia sterila. A (-)-miriocina é um inibidor muito potente da serina
palmitoiltransferase, a primeira etapa na biosíntese de esfingolipídeos. A atividade
imunossupressora da miriocina mostrou ser de 10 a 100 vezes superior àquela
demonstrada pela ciclosporina. A miriocina tem um centro quaternário, três centros
estereogênicos consecutivos, entre os quais um diol syn, e um grupo olefínico de
configuração E em sua cadeia linear. Devido à simplicidade estrutural da miriocina,
comparada a outros imunossupressores conhecidos, abordagens sintéticas tem sido
desenvolvidas tanto para a sua preparação quanto para análogos estruturalmente
relacionados a ela92.
O
OHNH2
OH
OH
OHO
Miriocina 130
Figura 41 – (-)-Miriocina
O fragmento polar da (-)-miriocina poderia ser acessado a partir do aduto de
MBH do 2,3-isopropilideno-D-gliceraldeído. A estratégia proposta neste trabalho se
baseia na geração do centro quaternário sobre o aduto através de uma reação de
aminohidroxilação.
92 a) Oishi, T.; Ando, K.; Chida, N. Chem. Commun. 2001, 1932-1933; b) Lee, K. –Y.; Oh, C. –Y.; Kin, Y. –H.; Joo, J. –E.; Han, W. –H. Tetrahedron Lett. 2002, 43, 9361-9363; c) Makamura, T.; Shiozaki, M. Tetrahedron 2002, 58, 8779-8791; d) Fugita, T.; Hamamichi, N.; Matsuzaki, T.; Kitao, Y.; Kinchi, M.; Node, M.; Hirose, R. Tetrahedron Lett. 1995, 36, 8599-8602.
103
Donohoe e colaboradores93 descreveram recentemente uma metodologia que
se baseia numa reação de aminohidroxilação “dirigida” de olefinas. Em outras
palavras, ocorre a participação de um grupo vizinho, o carbamato, na formação do
centro quaternário (esquema 58). A reação ocorre na presença de osmato de potássio
tetrahidratado no aduto protegido na forma de um carbamato.
O
R1 R2
NH2
O
O
R R2
NH
OH
O
K2Os(OH)4O2
57-74% rdto
Esquema 58 – Aminohidroxilação de olefinas com participação de grupo vizinho
Olefinas terminais também foram eficientemente aminohidroxiladas
utilizando esta metodologia (esquema 59). Os produtos foram obtidos com controle
régio- e estereosseletivo, sendo syn o isômero majoritário.
O
R1R2
NH2
O
O
RNH
OH
O
K2Os(OH)4O2
58-68% rdtoR2
Esquema 59 – Aminohidroxilação de olefinas terminais
Interessantemente, tanto a régio- quanto a estereosseletividade observadas
nestas reações são aquelas encontradas no centro quaternário da (-)-miriocina,
partindo do aduto 43b, como mostrado no esquema 60.
93 a) Donohoe, T. J.; Johnson, P. D.; Pye, R. J.; Keenan, M. Org. Lett. 2004, 6, 2583-2585; b) Donohoe, T. J.; Bataille, C. J.; Gatrel, W.; Kloesges, J.; Rossignol, E. Org. Lett. 2007, 9, 1725; c) Donohoe, T. J.Johnson, P. D.; Pye, R. J. Org. Biomol. Chem, 2003, 1, 2025; d) Donohoe, T. J.; Johnson, P. D.; Cowley, A.; Keenan, M. J. Am. Chem. Soc. 2002, 124, 12934.
104
O
CO2Me
NH2
O
OO
OH
CO2MeO
OOH
OH
OH
O
NH2
OH
HO
Fragmento polar da (-)-miriocina 133 43b131
Esquema 60 – Proposta de geração do centro quaternário sobre o aduto de MBH
Uma tentativa de aminohidroxilação foi realizada sobre o aduto de MBH
protegido 131, no entanto nenhum produto foi observado e o material de partida foi
totalmente recuperado (esquema 61).
O
CO2Me
NH2
OO
OH
CO2MeO
O
CCl3NCO, CH2Cl2,2h, 96%
43b 131
K2Os(OH)4O2 (4 mol%)t-BuOCl, NaOH, EtNi-Pr2
n-PrOH-H2O 1:1
m. p. recuperado
O
Esquema 61– tentativa de aminohidroxilação sobre o aduto 131
Realizamos em seguida uma tentativa de redução do aduto 43b na presença
de DIBAL-H. No entanto o produto de redução não foi observado e a análise por
TLC apresentou uma mistura de subprodutos. Uma tentativa de redução sobre o
produto 131 também foi realizada na presença de DIBAL-H. No entanto neste caso a
redução do carbamato competiu com a redução do éster levando a mistura de
produtos mono e di-reduzidos (esquema 62).
105
O
CO2Me
NH2
O
OO
OH
CO2MeO
O DIBAL-Htolueno, -72ºC
2h
Mistura de produtos43b
131
DIBAL-Htolueno, -72ºC
2hMistura de produtos
Esquema 62 – tentativa de redução sobre os adutos 43b e 131
Os inconvenientes observados nas reações com DIBAL-H foram
solucionados quando se utilizou hidreto de lítio e alumínio na presença de cloreto de
alumínio. Dessa forma o aduto 43b foi reduzido utilizando essas condições
reacionais, com 62% de rendimento, conduzindo ao diol 134. Este por sua vez teve o
álcool primário protegido seletivamente com TBSCl seguindo metodologia descrita
por Enders e colaboradores94, fornecendo o diol monoprotegido 135. A hidroxila
secundária livre foi então tratada com isocianato de tricloroacetila conduzindo ao
carbamato 136 (esquema 63). Esta reação se mostrou eficiente e a formação de um
produto mais apolar foi observada após 2h de reação. A presença de um pico no
espectro de RMN13C em 161 ppm relativo à carbonila do carbamato confirmou a
formação do produto.
94 Enders, D.; Volth, M. Synthesis 2002, 11, 1571-1577.
106
OH
OO
OHCO2Me
OO AlCl3, LiAlH4,
0ºC, 2h, 62%TBSCl, Imidazol,
DMF, 4h, 75%
OH
OO
OTBS
O
OO
CCl3(CO)NCO, CH2Cl2,2h, 90%
OTBS
43b 134 135
136
OH
NH2
O
Esquema 63 – Preparação do carbamato 136
De acordo com os precedentes de Donohoe, o produto esperado para a
aminohidroxilação de 136 é o de estereoquímica syn. Este produto leva à formação
de um centro quaternário de configuração S que após a oxidação do álcool primário
livre (gerado na aminohidroxilação) levará ao produto de configuração encontrada
no centro quaternário da (-)-miriocina.
O
OO
OTBS
O
NH
OH
Produto oriundodo aduto 43b syn
O
OO
O
NH COOH
Centro quaternário da (-)-miriocina
OTBS
.
Esquema 64 – Produto de aminohidroxilação sobre o derivado do aduto 43b syn
A aminohidroxilação foi realizada com sucesso sobre o aduto 136 e o produto
desejado foi obtido após 24h de reação (esquema 65).
107
O
OO
OTBS
136
NH2
OO
OO
OTBS
137
HNOH
K2Os(OH)4O2 (4 mol%)t-BuOCl, NaOH, EtNi-Pr2
n-PrOH-H2O 1:1
24h, 67%
O
Esquema 65 – Aminohidroxilação dirigida sobre o carbamato 136
A estereoquímica do produto 137 foi proposta ser syn em analogia com os
resultados obtidos por Donohoe. A geração do centro quaternário dificultou a
determinação da estereoquímica do intermediário 137. Donohoe confirmou a
estereoquímica dos produtos oriundos de aminohidroxilação de olefinas terminais
através de cristalografia de raio X. No entanto não obtivemos êxito na tentativa de
cristalização do produto 137.
A regiosseletividade observada na reação de aminohidroxilação desenvolvida
por Donohoe pode ser explicada baseada no mecanismo proposto por estes autores.
A clorinação e desprotonação do carbamato alílico conduz à espécie A, que é capaz
de oxidar o osmato de potássio (Os(VI)) ao análogo tetróxido de ósmio B
(Os(VIII)). A adição ao alceno leva ao azaglicolato C (Os(VI), que é oxidado e
hidrolisado in situ (esquema 66).
A estereosseletividade da reação também pode ser explicada baseada nos
estados de transição apresentados na figura 42. Segundo os autores, a presença de
um grupo tal como R2 na posição alílica pode impedir a aproximação da espécie
ativa de ósmio ao alceno e dessa forma diminuir a velocidade de oxidação via essa
conformação. Adicionalmente uma interação alílica 1,2 entre R1 e R2 não seria
importante, sendo esta equivalente em ambas as conformações, devido ao largo
anglo θ no estado de transição.
108
O NH2
O
NaOH
tBuOCl
O NCl
O
Os(VI) O N
O
OsO
OO
A B
ON
OOsO
OO
R R R
R
H2O
O
O
R
NH
OH
C
Esquema 66 – Mecanismo da aminohidroxilação dirigida de olefinas
R1
R2
O H H
H
ON Os
OO
O
Syn
Favorecido
R1
H
R2O H
H
O NOs
OO
O
Anti
Desfavorecido
θ
Figura 42 – Estados de transição da reação de aminohidroxilação
109
Devido aos problemas relacionados com a disponibilidade de uma maior
quantidade de isocianato de tricloroacetila não foi possível aumentarmos a escala
dessa reação e finalizar a síntese do fragmento polar da miriocina. Entretanto
estabelecemos as bases necessárias para que o trabalho possa ser finalizado em
breve, em nosso grupo de pesquisas, uma vez que a reprodução da sequência em
maior escala nos permitirá determinar a estereoquímica do centro quaternário por
difração de raios X.
110
5. Conclusões • A reação de MBH com vários aldeídos quirais α-oxigenados foi realizada, com
excelentes rendimentos em curtos tempos reacionais. Aldeídos derivados de
açúcares se mostraram substratos convenientes para esta transformação, com
boas diastereosseletividades em alguns casos.
• O 2,3-isopropilideno-D-gliceraldeído se mostrou um substrato “modelo” para
reações de MBH adotando as condições reacionais propostas, levando a ótimos
rendimentos em todos os casos. Adicionalmente, os diastereoisômeros puderam
ser separados por cromatografia fornecendo produtos com excelentes purezas
enantioméricas.
• Diferentes bases e acrilatos foram testados. DABCO se mostrou a base mais
efetiva para este tipo de reação, com menores tempos e melhores rendimentos.
Acrilatos aquirais apresentaram reações em curto tempo e bons rendimentos
confirmando assim a generalidade desta metodologia. O mesmo pode ser dito em
relação aos acrilatos quirais. Porém, nestes não observamos contribuição do
acrilato em uma tentativa de indução assimétrica dupla.
• Utilizando planejamentos experimentais, visamos obter a condição na qual o
rendimento da reação de MBH é máximo, variando ultrassom, líquido iônico e
temperatura. Na matriz de planejamento realizada, a presença de líquido iônico a
0 ºC se mostrou a condição que leva aos melhores rendimentos.
111
• Foi possível a preparação da 2-Deoxi-2-C-metileno-D-eritro-pentano-1,4-lactona
44 a partir do aduto de MBH do isopropilideno-D-gliceraldeído em apenas duas
etapas. Este é o primeiro exemplo da síntese de um carboidrado diretamente a
partir de um aduto de MBH.
• Um intermediário avançado foi preparado, visando a síntese do ácido (+)-
polioxâmico, através de uma metodologia proposta que se baseia na ozonólise do
aduto de MBH do isopropilideno-L-gliceraldeído seguida da aminação redutiva
do cetoéster formado.
• O fragmento polar da (-)-miriocina foi preparado através da metodologia
desenvolvida por Donohoe que se baseia em uma reação de aminoxidroxilação
dirigida, que conta com a participação do grupo vizinho (nitrogênio do
carbamato). A geração do centro quaternário no precursor oriundo do aduto 46b
syn permitiu o acesso a esse fragmento.
112
6. Parte Experimental
6.1. Considerações Gerais
Nas reações sensíveis à presença de umidade, a vidraria foi seca em estufa à
140ºC por no mínimo 3 horas e resfriadas em dessecador e as reações foram feitas
sob atmosfera de argônio.
Todas as reações foram realizadas sob agitação magnética através de barras
magnéticas recobertas com teflon, exceto algumas reações de MBH que foram feitas
em aparelho de ultrassom.
Os solventes anidros THF e éter foram previamente destilados em hidreto de
cálcio e redestilados em sódio/benzofenona imediatamente antes do uso.
Trietilamina e diclorometano foram destilados em hidreto de cálcio imediatamente
antes do uso. DMF foi seca por tratamento com hidreto de cálcio sob aquecimento e
agitação e após destilação sob pressão reduzida, foi armazenada sob argônio e
peneira molecular.
A cromatografia em camada delgada de sílica (CCD) foi realizada em
cromatoplacas Merck, utilizando como revelador fosfomolibdato de amônio 5% em
etanol e lâmpada de UV.
A cromatografia em coluna foi realizada utilizando sílica-gel (70-230 mesh e
230-400 mesh).
A cromatografia gasosa foi feita num aparelho Agilent 6890N Network GC
System.
Os espectros de ressonância magnética nuclear foram obtidos nos
espectrômetros Bruker BioSpin GmbH (250 MHz para o 1H e 62,5 MHz para o 13C),
Varian Gemini 2000 (300 MHz para o 1H e 75 MHz para o 13C) e Inova 500 Varian
113
(500 MHz para o 1H e 125 MHz para o 13C). Os deslocamentos químicos (δ) foram
expressos em ppm tendo como padrão interno TMS (δ=0 para 1H e 13C) e CDCl3 (δ
= 7,26 para 1H e δ = 77,0 para 13C).
Os espectros de infravermelho foram obtidos em um espectrofotômetro de FT
IR Nicolet, modelo impact 410. As amostras foram aplicadas em uma janela de
NaCl. As frequências de absorção são expressas em cm-1.
Os espectros de massa de alta resolução foram obtidos em um espectrômetro
Autospec Micromass EBE Alta Resolução. Os espectros de baixa resolução foram
obtidos em um aparelho Shimadzu QP 500.
As reações em ultrassom foram realizadas utilizando-se um aparelho de
ultrassom da marca Ultrasonic Cleaner de 120 W e em um aparelho de 1000W.
114
6.2 – Índice de Estruturas
Composto Página
53
HO
HO
O
O
O
O
119
O
O
O
O
O
O
75
119
OO
48
O
125
OO
OH
OCH3
O
43a
129
43b
OO
OH
OCH3
O
129
OH
OO
O
OEt
50a
137
115
67
OBn
OEt
O
142
OBn
H
O
68
147
OBn
OH
OCH3
O
69a
152
76
O
O O
OO
158
77a syn
OH
OCH3
O
O O
OO
163
77b anti
OH
OCH3
O
O O
OO
163
116
O
OH
OO
O
O81
171
O
O
OO
O
O82
PMB
175
O
O O
O
O83
PMB
180
O
O
O
O84a
PMB OH O
OMe
186
O
O
O
O84b
PMB OH O
OMe
192
O
O
O
O
O O
85a
PMB
197
O
O
O
O
O O
85b
PMB
197
117
O
OO
O
O
O
87
197
OO
O
OO
OH
OCH3
O
88a
201
97a
O
O
O
O
OO
OH
207
OO
OH
OH
44
213
OO
O
45
217
O
OH
O
O
OCH3
46b syn
221
118
120
OH
O
O
OCH3OO
227
OH
NHBn
O
OCH3OO
131
231
OH
OO
OH
136
235
OH
OO
OTBS
137
239
O
OO
OTBS
138
NH2
O
243
O
OO
OTBS
126
NOH
O
247
119
6.3 – Preparação do (1S,2S)-1,2-di[(4R)-2,2-dimetil-1,3-dioxolan-4-il]etano-1,2-diol
53 e do (4R,5R)-4,5-di[(4R)-2,2-dimetil-1,3-dioxolan-4-il]-2,2-dimetil-1,3-
dioxolano 75
53
O
O
O
O
O
O
75
HO
HO
O
O
O
O
D-manitol (20g, 0.19mol) em 600mL de acetona anidra e ácido sulfúrico
concentrado (2ml) foram agitados por 24h em um balão de 1L. Após este período, a
mistura foi levada ao pH neutro (≈ 7) pela adição de solução saturada de NaHCO3.
O solvente foi então evaporado e o bruto reacional purificado por cromatografia em
coluna de sílica para fornecer 13g (45%) do diacetal 53 e 13g (40%) do triacetal 75
em um rendimento combinado de 85%.
Diacetal 53
Rendimento: 45%;
[α]D20 +1.67 (c 1.5 g/100mL, Metanol); Lit.188 [α]D
20 +1.8 (c, 1.5g/100mL,
metanol).
IV (λmax, filme): 3430, 2989, 2913 cm-1.
188 Zarbin, P. H. G.; Princival, J. L.; Dos Santos, A. A.; De Oliveira, A. R. M. J. Braz. Chem. Soc. 2004, 15, 331-334
120
RMN1H (300MHz, CDCl3) δ 4,22-4,10 (m, 2 x 4H, CH2); 3,98 (dd, 2 x 2H, J
= 8,4Hz, 5,4Hz, CH); 3,75 (t, 2 x 2H, J = 6,2Hz, CH); 1,42 (s, 2 x 3H, CH3); 1,36 (s,
2 x 3H, CH3).
RMN13
C (75MHz, CDCl3) δ 109,3; 79,6; 66,4; 66,2; 26,3; 25,1.
Triacetal 75
Rendimento: 40%;
[α]D20 +9.8 (c 1.0 g/100mL, Etanol) Lit.189 [α]D
20 +10.2 (c 1.0g/100mL,
Etanol).
IV (λmax, filme): 2986, 2919 cm-1.
RMN 1H (300MHz, CDCl3) δ 4,18 (q, J = 7 Hz, 2 x 1H, CH); 4,03 (t, J= 8Hz,
2 x 1H, CH); 3,95 (m, 2 x 2H, CH2); 1,40 (s, 2 x CH3); 1,37 (s, 2 x CH3); 1,33 (s, 2 x
CH3).
RMN 13
C (75.4MHz, CDCl3) δ 109,5; 79,3; 76,3; 66,2; 27,4; 26,4; 25,2.
189 Babjak, M.; Kapitan, P.; Gracza, T. Tetrahedron 2005, 61, 2471-2479.
121
Figura 43 – Espectro de RMN
1H (300MHz, CDCl3) do diacetal 53
122
Figura 44 – Espectro de RMN
13C (75,4MHz, CDCl3) do diacetal 53
123
Figura 45 – Espectro de RMN
1H (300MHz, CDCl3) do triacetal 75
124
Figura 46 – Espectro de RMN
13C (75,4MHz, CDCl3) do triacetal 75
125
6.4 - Preparação do (4R)-2,2-dimetil-1,3-dioxolano-4-carbaldeído 48
OO
48
O
2g (7.6mmol) do 1,2-5,6-Di-O-isopropilideno-D-(+)-manitol 53 em 14.40mL
(sol. 0.40mmol/mL) de THF foram adicionados a 1,78g (8.36mL) de uma suspensão
de NaIO4 em água (1.02mL; sol. 3.07mmol/mL) e THF (3.10mL; sol.
2.04mmol/mL). Um precipitado branco gelatinoso foi formado e a mistura foi
agitada por 1 hora. Após este período, adicionou-se 20mL de éter etílico ao meio
reacional. Após filtração, o solvente foi evaporado. O resíduo obtido foi diluído em
CH2Cl2, a solução foi seca sob Na2SO4 e concentrada. O produto foi purificado por
cromatografia em coluna de sílica para fornecer 1.38g de 48, com um rendimento de
70%.
[α]D20 +76.4 (c, 1.5g/100mL, Acetato de Etila); Lit.190 [α]D
20 +77 (c,
1.5g/100mL, Acetato de Etila)
IV (λmax, filme): 3448; 2990; 2933; 1732 cm-1
RMN1H (300MHz, CDCl3) δ 9,71 (d, J = 1,8Hz, 1H, CHO); 4,41-4,36 (m,
1H, CH); 4,20-4,07 (m, 2H, CH2); 1,44 (s, 3H, CH3); 1,38 (s, 3H, CH3).
RMN13
C (75MHz, CDCl3) δ 198,2; 103,9; 80,1; 69,6; 25,8; 24,7.
190 Lamble, H. J.; Danson, M. J.; Hough, D. W.; Bull, S. D. Chem. Commun. 2005, 1, 124-126
126
Figura 47 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do aldeído 48
127
Figura 48 – Espectro de RMN 13
C (75,4 MHz, CDCl3) do aldeído 48
128
Figura 49 – Espectro na região do infravermelho do aldeído 48
129
6.5 - Preparação do metil 2-(S)-1-[(4R)-2,2-dimetil-1,3-dioxolan-4-il]-1-hidroxi
metilacrilato 43a e do metil 2-(R)-1-[(4R)-2,2-dimetil-1,3-dioxolan-4-il]-1-hidroxi
metilacrilato 43b
43b
OO
OH
OCH3
O
OO
OH
OCH3
O
43a
Procedimento A: Uma mistura de 800mg (1.72mmol) do 2,3-isopropilideno-
D-gliceraldeído 48, 440 mg (3.92 mmol, 0.65 eq.) de DABCO e 10 mL de acrilato
de metila foram mantidos em um banho de ultrassom por 30 min a temperatura
ambiente. Após este tempo, a mistura reacional foi diluída em diclorometano (20
mL). A fase orgânica foi então lavada com uma solução saturada de NaHCO3, uma
solução saturada de 10% HCl, salmoura e finalmente seca sob Na2SO4. Após a
evaporação do solvente sob pressão reduzida, a mistura diastereoisomérica (7:3; anti
: syn) foi purificada por cromatografia de sílica em camada delgada preparativa
(acetato de etila/hexano 2:8; a placa cromatográfica foi eluída e seca repetidamente
em 5 ciclos) para fornecer 750mg do diastereoisômero anti 43a e 325mg do
diasteroisômero syn 43b em um rendimento combinado de 82%;
Procedimento B: Uma mistura de 800mg (1.72mmol) do 2,3-isopropilideno-
D-gliceraldeído 48, 440 mg (3.92 mmol, 0.65 eq.) de DABCO, 5 gotas (≈ 2mL) do
líquido iônico Bmim[PF6] e 10 mL de acrilato de metila foram mantidos esob
agitação por 30 min a 0ºC. Após este tempo, a mistura reacional foi diluída em
diclorometano (20 mL). A fase orgânica foi então lavada com uma solução saturada
de NaHCO3, uma solução saturada de 10% HCl, salmoura e finalmente seca sob
Na2SO4. Após a evaporação do solvente sob pressão reduzida, a mistura
diastereoisomérica (7:3; anti : syn) foi purificada por cromatografia de sílica em
130
camada delgada preparativa (acetato de etila/hexano 2:8; a placa cromatográfica foi
eluída e seca repetidamente em 5 ciclos) para fornecer 870mg do diastereoisômero
anti 43a e 375 mg do diasteroisômero syn 43b em um rendimento combinado de
82%.
Diastereoisômero Anti 43a. Rendimento: 57%; óleo amarelo translúcido
viscoso;
[α]D20
–17,0 (c, 1.5, acetona); Lit.191 [α]D20 -17,0 (c, 1,5, acetona);
IV (λmax, filme): 3485; 2994; 2953; 1719 cm-1;
RMN 1H (300MHz, CDCl3) δ 6,37 (s, 1H, olefínico); 5,99 (s, 1H, olefínico);
4,53 (d, 1H, J = 5,1 Hz, CHOH); 4,34 (dd, 1H, J = 5,9 Hz and J = 5,1 Hz, CHOR);
3,92 (d, 2H, J = 5,9 Hz, CH2); 3,78 (s, 3H, OCH3); 1,44 (s, 3H, CH3); 1,35 (s, 3H,
CH3).
RMN13
C (75.4MHz, CDCl3) δ 166,4; 137,8; 127,6; 109,7; 84,7; 71,0; 65,0;
52,0; 26,5; 24,9
EMAR (70 eV, m/z) Calculado para C10H16O5: 216.0997; Encontrado:
216.0996
Diastereoisômero Syn 43b. Rendimento: 25%; óleo amarelo translúcido
viscoso;
[α]D20
+ 8.5 (c, 1.5, acetona).
191 Referência 41
131
IV (λmax, filme): 3475, 2989; 2955; 1715 cm-1;
RMN 1H (300MHz, CDCl3) δ 6,38 (s, 1H, olefínico); 5,98 (s, 1H, olefínico);
4,48 (d, 1H, J = 3,7 Hz, CHOH); 4,38-4,27 (m, 1H, CHOR); 4,05-4,00 (m, 1H,
CH2); 3,94 -3,86 (m, 1H, CH2); 3,77 (s, 3H, OCH3); 1,46 (s, 3H, CH3); 1,36 (s, 3H,
CH3).
RMN 13
C (75.4MHz, CDCl3) δ 166,5; 138,1; 127,9; 109,8; 82,8; 71,2; 52,1;
26,7; 25,0.
EMAR (70 eV, m/z) Calculado para C10H16O5: 216.0997; Encontrado:
216.0999
132
Figura 50 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do aduto 43a
133
Figura 51 – Espectro de RMN 13
C (75,4MHz, CDCl3) do aduto 43a
134
Figura 52 – Espectro na região do infravermelho do aduto 43a
135
Figura 53 – Espectro de Massas de alta resolução(70e V, m/z) do composto 43a
136
Figura 54 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do composto 43b
137
Figura 55 – Espectro de RMN
13C (75,4 MHz,CDCl3) do composto 43b
138
6.6 – Preparação do etil 2-{(S)-1-[4R)-2,2-dimetil-1,3-dioxolan-4-il]-1-hidroxi
metil} acrilato 50a e do 2-{(R)-1-[4R)-2,2-dimetil-1,3-dioxolan-4-il]-1-hidroxi
metil} acrilato 50b
OH
OO
O
OEt
OH
OO
O
OEt
50a 50b
Uma mistura de 100mg (0.76mmol) do aldeído 48, 0.05g (0.5 mmol, 0.65
eq.) de DABCO e 0,124ml (1,14mmol, 1.5 eq) de acrilato de etila em uma mistura
dioxano/H2O 2,5ml/2,5ml foram mantidos em um banho de ultrassom por 18h a
temperatura ambiente. Após este tempo, o dioxano foi evaporado e a mistura aquosa
foi diluída em diclorometano. A fase orgânica foi então lavada com uma solução
saturada de NaHCO3, solução saturada de 10% HCl, NaCl e finalmente seca sob
Na2SO4. Após a evaporação do solvente sob pressão reduzida, o produto foi
purificado por cromatografia em coluna de silica para fornecer 153mg da mistura
diastereoisomérica dos adutos 50a + 50b na proporção 7:3.
Rendimento: 87%;
[α]D20
-4.2 (c 1.0, CHCl3); Lit192 [α]D20
-6.8 (c 1.0, CHCl3).
IV (λmax, filme): 3481; 2986; 2937; 1715 cm-1;
192 Krishna, P. R. Tetrahedron Letters 2004, 45, 4773-4775
139
Diastereoisômero majoritário:
RMN 1H (300MHz, CDCl3) δ 6,43 (s, 0.3H, olefínico); 6,41 (s, 0.7H,
olefínico); 6,03 (s, 1H, olefínico); 4,61 (d, J = 4,5 Hz, 1H, CHOH); 4,42-4,36 (m,
3H, CHOR e OCH2CH3); 4,01 (d, 2H, J = 7,5Hz, CH2); 3,18 (s, 1H, OH); 1,40-1,18
(m, 9H, 3x CH3).
RMN13C (75,4MHz, CDCl3) δ 166,2; 136,2; 126,4; 109,7; 83,1; 75,9; 65,8;
61,1; 26,9; 25,2; 14,1.
140
Figura 56 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) da mistura de adutos 50a + 50b
141
Figura 57 – Espectro de RMN 13
C (75,4MHz, CDCl3) da mistura de adutos 50a + 50b
142
Figura 58 – Espectro na região do infravermelho da mistura de adutos 50a + 50b
143
6.7 – Preparação do etil (2R)-2-benziloxi-2-fenilacetato 67
67
OBn
OEt
O
Em um balão de 50 ml equipado com agitador e condensador de refluxo, foi
colocada uma solução de 300 mg (1,65 mmol) de R-mandelato de etila e 0.27 mL
(423 mg; 2,475 mmol; 1,5 eq) de brometo de benzila em 5 mL de DMF. A esta
solução foram adicionados 384 mg (1,8 mmol; 1,1 eq.) de Ag2O por um período de
30 minutos. Após a completa adição, a mistura foi aquecida sob refluxo por 30
minutos. Após este tempo, o completo consumo do material de partida foi observado
por CCD. O sólido foi removido por filtração e o solvente foi evaporado. O produto
obtido foi purificado por cromatografia em coluna de sílica (Hex/AcOEt 80:20)
dando 370 mg (82 % de rendimento) do produto 67.
Rendimento: 82 %; óleo viscoso incolor.
[α]D20 –54,6 (c, 2.0, CHCl3).
IV (λmax, filme): 1740; 1683; 1454; 1196 cm-1
RMN
1H (300MHz, CDCl3) δ 7,53-7,30 (m, 10H, aromáticos), 4,93 (s, 1H,
CHOBn), 4,60 (s, 2H, CH2Ph), 4,18 (q, 2H, J = 7,32 Hz, OCH2CH3), 1,22 (t, J =
7,32 Hz, 3H, OCH2CH3).
RMN
13C δ 170.6, 137.2, 136.2, 128.4, 128.2, 127.8, 127.7, 127.2, 79.8, 71.0,
61.2, 14.1.
EMAR (70 eV, m/z) Calculado para C17H18O3: 270.1256; Encontrado:
270.1232
144
Figura 59 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do composto 67
145
Figura 60 – Espectro de RMN
13C (75,4 MHz, CDCl3) do composto 67
146
Figura 61 – Espectro na região do infravermelho do composto 67
147
Figura 62 – Espectro de Massas de alta resolução (70eV, m/z) do composto 67
148
6.8 – Preparação do (2R)-2-benziloxi-2-fenilacetaldeído 68
OBn
H
O
68 A uma solução do éster 67 (100 mg; 0.37 mmol) em diclorometano a -78ºC
foram adicionados 0.72 mL (1 eq.) de DIBAL-H em tolueno. Após agitação a esta
temperatura por 1 h, a mistura foi diluída em uma solução saturada de tartarato de
sódio e de potássio (solução de Rochelle) e levada à temperatura ambiente. Após
agitação por mais 1 h, a suspensão resultante foi filtrada em uma camada de celite e
o material coletado foi lavado com diclorometano. Após a combinação das fases
orgânicas, a solução resultante foi seca sob MgSO4 e concentrada em rota
evaporador. O resíduo foi purificado por cromatografia em gel de silica para
fornecer ao aldeído 68 na forma de um óleo.
Rendimento: 70 %; óleo incolor viscoso.
[α]D20 -67 (c, 4.0, CHCl3); Lit 193 [α]D
20 -67,3 (c, 4.0, CHCl3).
IV (λmax, filme) 2990; 2925; 2884; 1723 cm-1;
RMN 1H (300MHz, CDCl3) δ 9,62 (d, J = 1,8 Hz, 1H, CHO), 7,49-7,34 (m,
10H, aromáticos), 4,81 (d, J = 1,8 Hz, CHOBn); 4,70 (d, J = 11,7 Hz, 1H, CH2Ph),
4,55 (d, J = 11,7 Hz, 1H, CH2Ph)
RMN13
C δ 198,2, 136,9, 133,8, 129,2; 128,9, 128,5, 128,1, 128,0, 127,6;
85,2; 70,9.
EMAR (70 eV, m/z) Calculado para C15H14O2: 226.0994; Encontrado:
226.0731. 193 Mulzer, J. A. Tetrahedron Letters 1983, 24, 2843-6
149
Figura 63 – Espectro de RMN
1H (300MHz, CDCl3) do aldeído 68
150
Figura 64 – Espectro de RMN 13
C (75,4 MHz, CDCl3) do aldeído 68
151
Figura 65 – Espectro na região do infravermelho do aldeído 68
152
Figura 66 – Espectro de Massas de alta resolução (70eV, m/z) do aldeído 68
153
6.9 – Preparação do metil 2-[(1S,2R)-2-benziloxi-1-hidroxi-2-feniletil]acrilato 69
OBn
OH
OCH3
O
OBn
OH
OCH3
O+
69a 65 : 35 69b
Uma mistura de 40 mg (0.16mmol) do Bn-R-mandeladeído 68, 11.26 mg
(0.10 mmol, 0.65 eq.) de DABCO e excesso de acrilato em 5 ml diclorometano
foram mantidos em um banho de ultrassom por 8h a temperatura ambiente. Após
este tempo, o solvente foi evaporado e a mistura reacional foi diluída em
diclorometano (10 mL). A fase orgânica foi então lavada com uma solução saturada
de NaHCO3, uma solução saturada de 10% HCl, solução saturada de NaCl e
finalmente seca sob Na2SO4. Após a evaporação do solvente sob pressão reduzida, o
resíduo foi purificado por cromatografia em coluna de gel para fornecer uma mistura
diastereoisomérica do aduto de MBH do R-mandelaldeído.
Rendimento: 60 %; óleo incolor.
[α]D20 -26,4 (c, 0,5g/100mL, CHCl3).
IV (λmax, filme) 3444; 2982; 2913; 2847; 1722 cm-1;
Diastereoisômero majoritário:
RMN 1H (300MHz, CDCl3) δ 7,37-7,25 (m, 10H, aromáticos), 6,26 (s, 1H,
olefínico), 5,88 (s, 1H, olefínico), 4,79-4,48 (m, 4H, CHOH, CHOBn, CH2), 3,51 (s,
3H, CH3);
154
RMN13
C δ 166,2; 139,3; 140,7; 128,4; 128,2; 127,9; 127,5; 127,4; 126,7;
83,1; 74.3; 70.8; 51,8.
155
Figura 67 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do aduto 69
156
Figura 68 – Espectro de RMN 13
C (75,4MHz, CDCl3) do aduto 69
157
Figura 69 – Espectro na região do infravermelho do aduto 69
158
Figura 70 – Espectro de Massas de alta resolução (70eV, m/z) do aduto 69
159
6.10 – Preparação do (4S,5R)-5-[(4R)-2,2-dimetil-1,3-dioxolan-4-il]-2,2-dimetil-
1,3-dioxolano-4-carbaldeído 76
76
O
O O
OO
Uma solução do triacetonídeo D-manitol 75 (500mg; 1.65mmol) em acetato
de etila (3ml) foi adicionada à uma solução sob agitação de 650mg de NaIO4
(3.3mmol; 2 eq.) e 350mg de H5IO6 (1.65mmol; 1 eq.) em acetato de etila. Após 12h
de agitação à temperatura ambiente, a reação foi interrompida, a mistura filtrada em
um funil de placa sinterizada e o solvente evaporado. O resíduo resultante foi
purificado por cromatografia em coluna de gel de silica para fornecer 228mg do
aldeído 76.
Rendimento: 70%;
[α]D20 +82 (c 1.0, MeOH). Lit 194
[α]D20
+83 (c 1.0, MeOH)
IV (λmax, filme): 2990; 2937; 2888; 1736 cm-1;
RMN 1H (300MHz, CDCl3) δ 9,75 (s, 1H, CHO); 4,40 (d, J = 6 Hz, 1H, CH
α−carbonila); 4,18-3,92 (m, 4H, CH, CH e CH2); 1,48 (s, 3H, CH3); 1,42 (s, 3H,
CH3); 1,38 (s, 3H, CH3); 1,35 (s, 3H, CH3).
194 Eitelman, S. J.; Horton, D. Carbohydr. Res. 2006, 341, 2658-2668.
160
RMN 13
C (75.4MHz, CDCl3) δ 200,0; 111,9; 109,9; 83,2; 77,6; 76,4; 66,8;
26,9; 26,6; 26,1; 25,0.
161
Figura 71 – Espectro de RMN
1H (300MHz, CDCl3) do aldeído 76
162
Figura 72 – Espectro de RMN
13C (75,4MHz, CDCl3) do aldeído 76
163
Figura 73 – Espectro na região do infravermelho do aldeído 76
164
6.11 – Preparação do metil 2-((R)-1-(4R,5R)-5-[(4R)-2,2-dimetil-1,3-dioxolan-4-il]-
2,2-dimetil-1,3-dioxolan-4-il-1-hidroximetil)acrilato 77a e do metil 2-((S)-1-
(4R,5R)-5-[(4R)-2,2-dimetil-1,3-dioxolan-4-il]-2,2-dimetil-1,3-dioxolan-4-il-1-
hidroximetil)acrilato 77b
77a anti
OH
OCH3
O O
OOOH
OCH3
O O
OO
77b syn
OO
Uma mistura de 200mg (0.86mmol) do aldeído 76, 0.055g (0.49 mmol, 0.65
eq.) de DABCO em excesso de acrilato de metila foram mantidos em um banho de
ultrassom por 2h a temperatura ambiente. Após este tempo, a mistura reacional foi
diluída em diclorometano (20 mL). A fase orgânica foi então lavada com uma
solução saturada de NaHCO3, uma solução saturada de 10% HCl, solução saturada
de NaCl e finalmente seca sob Na2SO4. Após a evaporação do solvente sob pressão
reduzida, o produto foi purificado por cromatografia em camada preparativa de
sílica para fornecer 105 mg do produto 77a e 85 mg do produto 77b, em um
rendimento combinado de 70%.
Diastereoisômero anti 77a
Rendimento: 38%;
[α]D20 -7.5 (c 1.5 g/100mL, CHCl3).
IV (λmax, filme) 3485, 2974, 2925, 1723 cm-1
165
RMN 1H (300MHz, CDCl3) δ 6,36 (s, 1H, olefínico); 5,98 (s, 1H, olefínico);
4,61 (d, J= 6,5Hz, 1H, CHOH); 4,20-4,12 (m, 2H, 2 CH); 4,10-4,02 (m, 1H, CH);
3,97-3,92 (m, 1H, CH2) 3,82 (t, J = 8 Hz, 1H, CH2); 3,79 (s, 3H, OCH3), 1,41 (s, 3H,
CH3); 1,39 (s, 3H, CH3); 1,36 (s, 3H, CH3); 1,35 (s, 3H, CH3).
RMN13
C (75.4MHz, CDCl3) δ 166,8; 139,0; 126,1; 109,7; 109,5; 81,6; 79,4;
71,3; 68,3; 62,2; 51,9; 27,4; 27,3; 26,5; 25,4.
EMAR (70 eV, m/z) [M+H] Calculado para C15H24O7: 317.3618; Encontrado:
317.1600.
Diastereoisômero syn 77b
Rendimento: 32%;
[α]D20 +18.2 (c 1.5 g/100mL, CHCl3)
IV (λmax, filme) 3442, 1705, 1640 cm-1;
RMN 1H (300MHz, CDCl3) δ 6,33 (s, 1H, olefínico); 5,92 (s, 1H, olefínico);
4,70 (s, 1H, CHOH); 4,19-4,04 (m, 3H, 3 CH); 4,00-3,93 (m, 2H, CH2); 3,78 (s, 3H,
OCH3); 1,41 (s, 3H, CH3); 1,40 (s, 3H, CH3); 1,35 (s, 3H, CH3); 1,34 (s, 3H, CH3).
RMN13
C (75.4MHz, CDCl3) δ 167,2; 139,6; 127,4; 109,8; 109,6; 82,3; 79,8;
72,2; 69,8; 63,8; 52,1; 28,0; 27,9; 27,1; 26,0.
166
Figura 74 – Espectro de RMN
1H (300MHz, CDCl3) do aduto 77a anti
167
Figura 75 – Espectro de RMN
13C (75,4MHz, CDCl3) do aduto 77a anti
168
Figura 76 – Espectro na região do infravermelho do aduto 77a anti
169
Figura 77 – Espectro de Massas de alta resolução (70eV, m/z) do aduto 77a syn
170
Figura 78 – Espectro de RMN
1H (300MHz, CDCl3) do aduto 77b syn
171
Figura 79 – Espectro de RMN
13C (75,4MHz, CDCl3) do aduto 77b syn
172
6.12 – Preparação do (6S,3aR,5R,6aR)-5-[(4S)-2,2-dimetil-1,3-dioxolan-4-il]-2,2-
dimetilperidrofuro[2,3-d][1,3]dioxo-6-ol 79
O
HO
O
OH1
H2H3
H4
OOH5
79
Em um balão de 1L foram adicionados 10g de D-glicose e 600mL de acetona
anidra. Em seguida foram adicionados gota a gota 1 ml de ácido sulfúrico. A mistura
foi mantida sob agitação magnética por 96 horas. Após o término da reação, o pH da
mistura foi levado à neutralidade através da adição de solução saturada de NaHCO3.
Em seguida o solvente foi evaporado e o produto obtido foi purificado por coluna
cromatográfica levando a obtenção de 5,76g do diacetonídeo 79.
Rendimento: 40%;
[α]D20
-17.8 (c 5.0, H2O); Lit195 [α]D20
-18.5 (c 5.0, H2O).
IV (λmax, filme): 3470, 2992, 2941, 1642 cm-1;
RMN 1H (300MHz, CDCl3) δ 5,92 (d, J = 3Hz; 1H, H1); 4,52 (d, J = 3Hz, 1H,
H2); 4,37-4,29 (m, 2H, H4 e H5); 4,19-3,95 (m, 3H, H3, CH2); 1,50 (s, 3H, CH3);
1,48 (s, 3H, CH3); 1,37 (s, 3H, CH3); 1,32 (s, 3H, CH3).
195 Pedatella, S.; Guaragna, A.; D'Alonzo, D.; De Nisco, M.; Palumbo, G. Synthesis 2006, 2, 305-308.
173
RMN13
C (75.4MHz, CDCl3) δ 111,8; 109,6; 105,1; 85,0; 81,1; 75,2; 73,3;
67,6; 26,9; 26,8; 26,2; 25,2.
174
Figura 80 – Espectro de RMN
1H (300MHz, CDCl3) do diacetal 79
175
Figura 81 – Espectro de RMN
13C (75,4MHz, CDCl3) do diacetal 79
176
6.13 – Preparação do (6S,3aR,5R,6aR)-5-[(4S)-2,2-dimetil-1,3-dioxolan-4-il]-6-(4-
metoxibenziloxi)-2,2-dimetilperidrofuro[2,3-d][1,3]dioxol 80
O
O
O
OH1
H2H3
H4
OOH5
MeO
80
Em um balão de 100ml foram adicionados 500mg (1.92mmol) do diacetal 79,
5ml de CH2Cl2, 540mg (1 eq., 1.92 mmol) de tricloroacetamidato de p-metóxi
benzila e 15 mg (0.05 eq., 0.08 mmol) de ácido canforsulfônico. A mistura reacional
foi mantida sob agitação magnética por 18 horas à temperatura ambiente. Após este
período, a mistura foi diluída com 20ml de éter etílico e lavada com solução
saturada de NaHCO3, solução saturada de NaCl e H2O destilada. A fase orgânica foi
seca sob Na2SO4 e concentrada sob pressão reduzida. O resíduo obtido foi
purificado por cromatografia em coluna de sílica para fornecer 670mg do produto
80.
Rendimento: 92%;
[α]D
20 -15.2 (c 1.0, CHCl3).
IV (λmax, filme): 2990, 2941, 1630 cm-1;
RMN
1H (300MHz, CDCl3) δ 7,28 (d, J = 8Hz, 2H, CH2); 6,88 (d, J = 8Hz,
2H, CH2); 5,87 (d, J = 3Hz, 1H, H1); 4,58 (d, J = 3Hz, 1H, H2); 4,35 (dd, J = 1,8Hz,
1H, H4); 4,16-3,97 (m, 4H, H3, H5 e CH2); 3,79 (s, 3H, OCH3); 1,38 (s, 3H, CH3);
1,32 (s, 3H, CH3); 1,27 (s, 3H, CH3); 1,22 (s, 3H, CH3).
177
RMN13
C (75.4MHz, CDCl3) δ 159,1; 129,5; 129,2; 113,7; 111,6; 108,8;
105,2; 82,5; 81,6; 72,4; 72,2; 69,8; 67,2; 64,1; 54,5; 31,0; 26,9; 26,2; 25,2.
EMAR (70 eV, m/z) Calculado para C20H28O7: 380.1885; Encontrado:
380.1899
178
Figura 82 – Espectro de RMN
1H (300MHz, CDCl3) do diacetal protegido 80
179
Figura 83 – Espectro de RMN 13
C (75,4MHz, CDCl3) do diacetal protegido 80
180
Figura 84 – Espectro de Massas de alta resolução (70eV, m/z) do diacetal protegido 80
181
6.14 – Preparação do (5S,6S,3aR,6aR)-6-(4-metoxibenziloxi)-2,2-dimetilperidrofuro
[2,3-d][1,3]dioxol-5-carbaldeído 81
O
O O
O
O81
PMB
Etapa 1 – Em um balão de 100ml foram adicionados 500mg do produto 81,
em uma mistura HCl (solução saturada)/THF/MeOH 2ml/2ml/2ml. A mistura
reacional foi agitada por 1 hora à temperatura ambiente. Após este período, a reação
foi interrompida pela adição de NaHCO3. Após a evaporação do THF e MeOH, o
restante do conteúdo do balão foi dissolvido em acetato de etila e H2O, a fase
orgânica foi seca sob Na2SO4 e evaporada resultando em 200mg de um resíduo que
foi utilizado na reação seguinte sem tratamento
Etapa 2 – Em um balão de 50 mL foram adicionados 200mg (0.58mmol) do
intermediário obtido na etapa 1, em uma mistura MeOH/H2O 2,5ml/2,5ml e 184mg
de NaIO4 (1,16mmol, 2 eq.). A solução foi agitada por 2 horas à temperatura
ambiente e após este período a mistura reacional foi filtrada e o metanol evaporado.
A solução aquosa obtida foi dissolvida em acetato de etila. A fase orgânica foi
concentrada e o resíduo obtido purificado por cromatografia em coluna de sílica para
fornecer 150mg do aldeído 81.
Rendimento: 67% (2 etapas);
[α]D20
-28 (c 1.0, CHCl3).
IV (λmax, filme): 2929; 2847; 1715 cm-1;
182
O
O
O
OH1
H2H3
H4
MeO
O
RMN 1H (300MHz, CDCl3) δ 9,64 (d, J = 1,5 Hz, 1H, CHO); 7,17 (d, J =
8Hz, 2H, CH2 aromático); 6,86 (d, J = 8Hz, 2H, CH2 aromático); 6,11 (d, J = 3Hz,
1H, H1); 4,62 (d, J = 3Hz, 1H, H2); 4,55 (dd, J = 1,5 Hz, J = 3,7 Hz, 1H, H4); 4,54
(d, J = 11 Hz, 1H, CH2); 4,41 (d, J = 11 Hz, 1H, CH2); 4,33 (d, J = 3,7 Hz, 1H, H3);
3,80 (s, 3H, OCH3); 1,44 (s, 3H, CH3); 1,33 (s, 3H, CH3).
RMN13
C (75.4MHz, CDCl3) δ 199,7; 159,4; 129,3; 113,9; 112,2; 106,1; 84,6;
83,2; 82,2; 72,1; 55,3; 27,1; 26,4.
EMAR (70 eV, m/z) Calculado para C16H20O5: 308.1259; Encontrado:
308.1273.
183
Figura 85 – Espectro de RMN
1H (300MHz, CDCl3) do aldeído 81
184
Figura 86 – Espectro de RMN 13
C (75,4MHz, CDCl3) do aldeído 81
185
Figura 87 – Espectro na região do infravermelho do aldeído 81
186
Figura 88 – Espectro de Massas de alta resolução (70eV, m/z) do aldeído 81
187
6.15 – Preparação do metil 2-(S)-1-[(6S,3aR,5R,6aR)-6-(4-metoxibenziloxi)-2,2-
dimetilperidrofuro[2,3-d][1,3]dioxol-5-il]-1-hidroximetilacrilato 82a e do metil 2-
(R)-1-[(6S,3aR,5R,6aR)-6-(4-metoxibenziloxi)-2,2-dimetilperhidrofuro[2,3-d][1,3]
dioxol-5-il]-1-hidroximetilacrilato 82b
O
O
O
O
82a
PMB OH O
OMeO
O
O
O
82b
PMB OH O
OMe
Uma mistura de 100mg (0.32mmol) do aldeído 81, 0.022g (0.20 mmol, 0.65
eq.) de DABCO em excesso de acrilato de metila foram mantidos em um banho de
ultrassom por 2h a temperatura ambiente. Após este tempo, a mistura reacional foi
diluída em diclorometano (20 mL). A fase orgânica foi então lavada com uma
solução saturada de NaHCO3, uma solução saturada de 10% HCl, solução saturada
de NaCl e finalmente seca sob Na2SO4. Após a evaporação do solvente sob pressão
reduzida, o produto foi purificado por cromatografia em coluna de sílica para
fornecer 100 mg dos adutos 82a + 82b, na forma de uma mistura diastereoisomérica.
Rendimento: 78%;
[α]D20
-7.7 (c 1.0, CHCl3)
IV (λmax, filme); 3460; 2998, 1729 cm-1;
188
O
O
O
O
HO O
OMe
H1
H2H3
H4
H5
MeO
82a: RMN 1H (300MHz, CDCl3) δ 7,28 (d, J = 8 Hz, 2H, aromáticos); 6,86 (d,
J= 8 Hz, 2H, aromáticos); 6,34 (s, 1H, olefínico); 5,94 (d, J = 3,7 Hz, 1H, H1); 5,90
(s, 1H, olefínico); 4,78 (d, J = 7 Hz, 1H, H5); 4,69-4,36 (m, 4H, H2, H4 e CH2
benzílico); 4,08 (d, J = 2,8Hz, 1H, H3); 3,81 (s, 3H, CH3 éster); 3,79 (s, 3H, CH3
metoxila); 3,18 (sl, OH); 1,43 (s, 3H, CH3); 1, 13 (s, 3H, CH3).
RMN13
C (75.4MHz, CDCl3) δ 167,0; 159,3; 139,1; 129,8; 127,5; 114,0;
111,7; 98,8; 97,9; 82,1; 80,3; 71,8; 69,4; 67,9; 55,1; 51,9; 26,8; 26,4.
EMAR (70 eV, m/z) [M+Na] Calculado para C20H26O8: 417.1525;
Encontrado: 417.1482
189
Figura 89 – Espectro de RMN
1H (300MHz, CDCl3) da mistura de produtos 82
190
Figura 90 – Espectro de RMN 13
C (75,4MHz, CDCl3) da mistura de produtos 82
191
Figura 91 – Espectro na região do infravermelho da mistura de produtos 82
192
Figura 92 – Espectro de Massas de Alta resolução (ESI, m/z) da mistura de produtos 82
193
6.16 – Preparação do (1S)-1-[(6S,3aR,5R,6aR)-6-(4-metoxibenziloxi)-2,2-
dimetilperidrofuro[2,3-d][1,3]dioxol-5-il]-2-metilenepropanio1,3-diol 86a e do
(1R)-1-[(6S,3aR,5R,6aR)-6-(4-metoxibenziloxi)-2,2-dimetilperidrofuro[2,3-
d][1,3]dioxol-5-il]-2-metilenepropanio1,3-diol 86b
O
O
O
O
O O
MeO
86a
O
O
O
O
O O
MeO
86b
Etapa 1 - A uma solução a 0ºC de LiAlH4 (15 mg; 0,39 mmol) em éter anidro
foi adicionada uma solução de AlCl3 (17 mg; 0,13 mmol) em éter e agitada por 15
minutos. Em seguida, uma solução do aduto de MBH 82 (80 mg) em éter anidro foi
adicionada e agitada por 2h. Após este período, a mistura reacional foi interrompida
com a adição de uma solução saturada de Na2SO4, filtrada em celite e extraída com
acetato de etila. O filtrado foi concentrado sob pressão reduzida para se obter um
resíduo que foi utilizado na reação seguinte sem tratamento.
Etapa 2 – Em um balão de 50 mL foram adicionados 50mg (0.58mmol) do
intermediário obtido na etapa 1, 0,5 mg de ácido canforsulfônico e 1 mL de 2,2-
dimetóxi-propano. Deixou-se a solução resultante sob agitação magnética por 24
horas sob atmosfera de argônio, à temperatura ambiente. Após este período, análise
por CCD comprovou o desaparecimento do material de partida. Os voláteis foram
evaporados e o resíduo dissolvido em 10 ml de AcOEt. Lavou-se então a fase
orgânica com 5 mL de solução saturada de NaHCO3 e 5 mL de solução saturada de
NaCl. A fase orgânica foi seca sob Na2SO4 e o solvente evaporado em
rotaevaporador. O bruto foi purificado por coluna cromatográfica rendendo 35 mg
do composto 86 na forma de um óleo.
194
Rendimento: 35 mg; 47%;
IV (λmax, filme); 3460; 2998, 1729 cm-1;
O
O
O
O
O O
H1
H2H3
H4
H5
MeO
Diastereoisômero majoritário:
RMN 1H (300MHz, CDCl3) δ 7,28 (d, J = 8Hz, 2H, aromáticos); 6,82(d, J =
8Hz, 2H, aromáticos); 6,38 (s, 1H, olefínico); 5,99 (d, J = 3Hz, 1H, H1); 5,96 (s, 1H,
olefínico); 4,89 (d, J = 5,5 Hz, 1H, H5); 4,61-4,23 (m, 4H, H2, H4 e CH2); 4,09-3,99
(m, 3H, H3 e CH2); 3,78 (s, 3H, p-OCH3); 1,42 (s, 3H, CH3); 1,38 (s, 3H, CH3); 1,33
(s, 3H, CH3); 1,27 (s, 3H, CH3).
RMN13
C (75.4MHz, CDCl3) δ 160,5; 146,8; 129,5; 127,8; 113,7; 112,0;
105,2; 98,8; 97,9; 96,1; 81,8; 79,8; 72,1; 69,6; 60,1; 56,3; 27,2; 26,7; 26,1; 25,6.
195
Figura 93 – Espectro de RMN
1H (300MHz, CDCl3) do diacetal 86
196
Figura 94 – Espectro de NOE do diacetal 86
197
Figura 95 – Espectro de NOE do diacetal 86
198
6.17 – Preparação do (8aS,3aR,5R,5aR,8bR)-2,2,7,7-tetrametilperidrodi[1,3]dioxol
[4,5-b:4,5-d]piran-5-carbaldeído 84
O
O
O
O
OO
84
H1
H2
H3
H4H5
A uma solução de 400 mg de diisopropilideno-D-galactopiranose 83 em
acetato de etila (30 mL) sob refluxo foram adicionados lentamente 1,3g de IBX. A
solução permaneceu sob agitação magnética por 4 hs, sendo observado por CCD o
consumo do material de partida. A solução foi então filtrada e o solvente
concentrado em rotaevaporador. O resíduo resultante foi purificado por
cromatografia em coluna resultando em 397 mg do aldeído 84 desejado.
Rendimento: 95%.
[α]D20
-75 (c 1.0, CHCl3); Lit [α]D20 -76.5 (c 1.0, CHCl3).
IV (λmax, filme): 2990, 2941, 1691 cm-1;
RMN1H (300MHz, CDCl3) δ 9,61 (s, 1H, CHO); 5,65 (d, J = 4,9 Hz, 1H,
H1); 4.62 (ddd, J2,3 = 2,3 Hz; J3,4 = 7,5; J4,5 = 2,0Hz, 2H, H3 e H4); 4.38 (dd, J2,3 =
2,3 Hz e J1,2 = 4,9 Hz, 1H, H2); 4.19 (d, J = 2,0 Hz, 1H, Η5); 1.51 (s, 3H, CH3); 1,44
(s, 3H, CH3); 1,35 (s, 3H, CH3); 1,31 (s, 3H, CH3).
RMN13
C (75MHz, CDCl3) δ 200,3; 110; 109; 96,2; 73,2; 71,7; 70,5; 70,4;
26,0; 25,8; 24,8; 24,2.
199
Figura 96 – Espectro de RMN
1H (300MHz, CDCl3) do aldeído 84
200
Figura 97 – Espectro de RMN
13C (75,4MHz, CDCl3) do aldeído 84
201
Figura 98 – Espectro na região do infravermelho do aldeído 84
202
6.18 – Preparação do metil 2-(R)-1-[(5S,5aS,8aS,3aR,8bR)-2,2,7,7-tetrametil
peridrodi[1,3]dioxolo[4,5-b:4,5-d]piran-5-il]-1-hidroximetilacrilato 85a e do methyl
2-(S)-1-[(5S,5aS,8aS,3aR,8bR)-2,2,7,7-tetramethylperhydrodi[1,3]dioxolo[4,5-b:4,5-
d]pyran-5-yl]-1-hydroxymethylacrylate 85b
OO
O
OO
OH
OCH3
O
OO
O
OO
OH
OCH3
O
85a 85b
Uma mistura de 400 mg (1.55mmol) do aldeído 84, 0.11 g (0.20 mmol, 0.65
eq.) de DABCO e 10 mL de acrilato de metila foram mantidos em um banho de
ultrassom por 4h a temperatura ambiente. Após este tempo, a mistura reacional foi
diluída em diclorometano (20 mL). A fase orgânica foi então lavada com uma
solução saturada de NaHCO3, uma solução saturada de 10% HCl, solução saturada
de NaCl e finalmente seca sob Na2SO4. Após a evaporação do solvente sob pressão
reduzida, o produto foi purificado por cromatografia em coluna de gel de silica para
fornecer 394mg dos adutos 85a + 85b, na forma de uma mistura diastereoisomérica.
Rendimento: 74%;
[α]D20
-46 (c 1.5, CHCl3)
IV (λmax, filme): 3417; 1716 cm-1.
203
O
OO
OO
HO O
OMe
H1
H2
H3
H4
H5
H6
Diastereoisômero majoritário:
RMN1H (300MHz, CDCl3) δ 6.38 (s, 1H, olefínico); 5.99 (s, 1H, olefínico);
5,67 (d, J = 4,9 Hz, 1H, H1); 4,74 (d, J = 7 Hz, 1H, H6); 4.54 (ddd, J2,3 = 2,5; J3,4 =
7,5; J4,5 = 2Hz; H3 e H4); 4.32 (dd, J = 2,5 Hz e J = 5 Hz, 1H, H2); 4.13 (dd, J5,4 = 2
Hz; J5,6 = 7 Hz 1H, Η5); 3,75 (s, 3H, OCH3); 1.52 (s, 3H, CH3); 1,45 (s, 3H, CH3);
1,36(s, 3H, CH3); 1,32 (s, 3H, CH3).
RMN13
C (75MHz, CDCl3) δ 165,8; 139,9; 119,8; 110,5; 109,6; 97,7; 76,3;
74,3; 71,9; 69,5; 69,3; 67,2; 50,8; 27,2; 25,9; 24,9; 24,8.
EMAR (70 eV, m/z) Calculado para C16H24O8: 344.1471; Encontrado:
344.1389
204
Figura 99 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) da mistura de produtos 85
205
Figura 100 – Espectro de RMN 13
C (75MHz, CDCl3) da mistura de produtos 85
206
Figura 101 – Espectro na região do infravermelho da mistura de produtos 85
207
Figura 102 – Espectro de Massas de Alta resolução (ESI, m/z) da mistura de produtos 85
208
6.19 – Preparação do (3S)-4,4-dimetil-2-oxotetraidro-3-furanil 2-(S)-1-[(4R)-2,2-
dimetil-1,3-dioxolan-4-il]-1-hidroximetilacrilato 93
O
OO
O
OH
OO
O
OO
O
OH
OO
+
93a 93b
Uma mistura de 100mg (0.86mmol) do isopropilideno-D-gliceraldeído 48,
0.055g (0.49 mmol, 0.65 eq.) de DABCO em excesso da S-pantolactona acrilato 89
foram mantidos em um banho de ultrassom por 0,5h a temperatura ambiente. Após
este tempo, a mistura reacional foi diluída em diclorometano (20 mL). A fase
orgânica foi então lavada com uma solução saturada de NaHCO3, uma solução
saturada de 10% HCl, salmoura e finalmente seca sob Na2SO4. Após a evaporação
do solvente sob pressão reduzida, o produto foi purificado por cromatografia
conduzindo à mistura diastereoisomérica dos adutos 93a e 93b.
Rendimento: 75 %; óleo translúcido;
[α]D20
+ 14.4 (c 1.5, CHCl3)
IV (λmax, filme cm-1
); 3485, 2978, 2933, 1789, 1728.
RMN 1H (300MHz, CDCl3) δ 6,54 (s, 1H, olefínico), 5,99 (s, 1H, olefínico),
5,63 (s, 1H, CH α carbonila), 5,31 (d, 1H, J =5 Hz, CHOH); 4,61 (m, 1H, CHOR),
4,30 (m, 2H, CH2), 4,05 (s, 2H, CH2); 1,45 (s, 3H, CH3), 1,42 (s, 3H, CH3), 1,38 (s,
3H, CH3), 1,33 (s, 3H, CH3).
209
RMN13
C δ 172,2; 171,6; 165,1; 137,4; 128,1; 76,3; 76,2; 75,3; 75,0; 40,2;
40,0; 32,3, 27,1, 22,9, 19,8.
EMAR (70 eV, m/z) Calculado para C15H22O7: 314.1366; Encontrado:
314.1399
210
Figura 103 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) da mistura de produtos 93.
211
Figura 104 – Espectro de RMN
13C (75,4MHz, CDCl3) da mistura de produtos 93.
212
Figura 105 – Espectro na região do infravermelho da mistura de produtos 93
213
Figura 106 – Espectro de Massas de alta resolução (70eV, m/z) da mistura de produtos 93
214
6.20 – Preparação do (4S,5R)-4-hidroxi-5-hidroximetil-3-metilenotetraidro-2-
furanona 44
OO
OH
OH
44
Uma solução de 43a (0,05 g, 0.23 mmol) em uma mistura de ácido
trifluoroacético (1.8 mL) e água (0.2mL) a 0º C foi agitada por 2h. Durante este
período a reação foi lentamente levada à temperature ambiente. Após este período,
os solventes foram evaporados e o resíduo sólido foi purificado por cromatografia de
sílica em camada delgada preparativa para fornecer 17 mg (58%) de 44, na forma de
um sólido branco amorfo.
mp 65-66°C (Lit. 66°C);
Análise Elementar – Calculado para C6H8O4: C 50,0%; H 5,59%.
Encontrado: C 49,88%; H 5,92%
[α]D20 –90.0 (c 1.1, MeOH); Lit.
196 [α]D
20 –91.3 (c 1.1, MeOH);
IV (λmax, KBr); 3399, 1748, 1274 cm-1;
RMN 1H (300MHz, D2O) δ 6,62 (dt, J = 1,8Hz, 1H, olefínico); 6,16 (d, J =
2.0Hz, 1H, olefínico); 4,72 (q, J = 2,0Hz, 1H, CHOH); 4,44 e 4,51 (J = 2,0 e J =
3,3Hz, 2H, CH2); 4,24 (m, 1H, CH),
RMN 13
C (75.4MHz, D2O) δ 167,9; 136,0; 131,4; 96,3; 70,7, 66,2.
196 Referência 41
215
Figura 107 – Espectro de RMN 1H (300MHz, D2O) da lactona 44.
216
Figura 108 – Espectro de RMN 13
C (75,4MHz, D2O) do aduto 44.
217
Figura 109 – Espectro na região do infravermelho do aduto 44
218
6.21 – Preparação do (4S)-2,2-dimetil-1,3-dioxolano-4-carbaldeído 45
OO
O
45
Uma solução a 0ºC do R-solketal (400 mg, 3,02mmol) em diclorometano seco
(5 mL) foi adicionada, sob agitação contante, a uma mistura composta de peneira
molecular 4Å (750 mg) e clorocromato de piridínio (1,3 g; 6,06 mmol). A mistura
reacional foi agitada por 5h à temperatura ambiente e diluída com éter dietílico. A
suspensão resultante foi filtrada em uma coluna de gel de sílica. A solução resultante
foi concentrada em vácuo para fornecer um resíduo que foi purificado por
cromatografia em coluna de gel de silica para fornecer 320 mg do aldeído 45, na
forma de um líquido incolor.
Rendimento: 80%
IV (λmax, filme): 3407; 2990; 2937; 2896; 1718 cm-1.
RMN 1H (300MHz, CDCl3) δ 9,64 (s, 1H); 4,42-4,31 (m, 1H); 4,13-3,93 (m,
2H); 1,44 (s, 3H); 1,28 (s, 3H).
RMN 13C (75,4MHz, CDCl3) δ 200,3; 104,0; 79,9; 67,9; 26,2; 26,0.
219
Figura 110 – Espectro de RMN 1H(300MHz, CDCl3) do aldeído 45
220
Figura 111 – Espectro de RMN
13C (75,4MHz, CDCl3) do aldeído 45
221
Figura 112 – Espectro na região do infravermelho do aldeído 45
222
6.22 – Preparação do metil 2-(R)-1-[(4S)-2,2-dimetil-1,3-dioxolan-4-il]-1-
hidroximetilacrilato 46a e do metil 2-(S)-1-[(4S)-2,2-dimetil-1,3-dioxolan-4-il]-1-
hidroximetilacrilato 46b
O
OH
O
O
OCH3
O
OH
O
O
OCH3
46a anti 46b syn
Uma mistura de 100mg (0.86mmol) do 2,3-isopropylideno-L-gliceraldeído
45, 0.055g (0.49 mmol, 0.65 eq.) de DABCO em excesso de acrilato de metila
foram mantidos em um banho de ultrassom por 30 min a temperatura ambiente.
Após este tempo, a mistura reacional foi diluída em diclorometano (10 mL). A fase
orgânica foi então lavada com uma solução saturada de NaHCO3, uma solução
saturada de 10% HCl, salmoura e finalmente seca sob Na2SO4. Após a evaporação
do solvente sob pressão reduzida, a mistura diastereoisomérica (68 : 32; anti : syn)
foi purificada por cromatografia em placa preparativa de sílica (acetato de
etila/hexano 2:8 para dar 264mg do diastereoisômero anti 46a e 124mg do
diasteroisômero syn 46b em um rendimento combinado de 78%.
Diastereoisômero Syn 46b.
[α]D20 +16.5 (c, 1.5, acetona);
Rendimento: 25%; óleo amarelo translúcido viscoso;
IV (λmax, filme): 3427; 2990; 2933; 1736 cm-1.
EM (70 eV, m/z) Calculado para C10H16O5: 216.0997; encontrado: 216.1000
223
RMN 1H (300MHz, CDCl3) δ 6,38 (s, 1H, olefínico); 5,99 (s, 1H, olefínico);
4,80 (d, 1H, J = 3,7 Hz, CHOH); 4,33-4,26 (m, 1H, CHOR); 4,05-3,98 (m, 1H,
CH2); 3,93-3,83 (m, 1H, CH2); 3,78 (s, 3H, OCH3); 1,44 (s, 3H, CH3), 1,38 (s, 3H,
CH3).
RMN 13
C (75.4MHz, CDCl3) δ 166,4; 138,1; 127,7; 109,2; 82,6; 71,8; 66,1;
52,0; 25,9; 25,0.
224
Figura 113 – Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do aduto 46b
225
Figura 114 – Espectro de RMN
13C (75,4MHz, CDCl3) do aduto 46b
226
Figura 115 – Espectro de Espectro na região do infravermelho do aduto 46b
227
Figura 116 – Espectro de Massas de alta resolução (70eV, m/z) do aduto 46b
228
6.23 – Preparação do metil (3R)-3-[(4S)-2,2-dimetil-1,3-dioxolan-4-il]-3-hidroxi-2-
oxopropanoate 116
116
OH
O
O
OCH3OO
Em um trap cilíndrico foi adicionado o substrato 46b (40 mg; 0,18 mmol) em
metanol. Adicionou-se metanol até que bulbo poroso do trap ficasse totalmente
coberto. A temperatura da reação foi então abaixada até -72 ºC e ozônio foi então
borbulhado na mistura reacional por 15 min. Após este tempo foi confirmado por
CCD o total consumo do material de partida. Nesse momento adicionou-se ao meio,
a -72 ºC 2mL de sulfeto de dimetila (Me2S). A reação foi elevada vagarosamente à
temperatura ambiente e agitada por 24h. Após este período, a mistura de solventes
foi evaporada e o resíduo foi purificado por cromatografia em coluna de gel de silica
para fornecer o α-cetoéster 116, na forma de um óleo.
Composto 116: 35mg; 90% de rendimento.
IV (λmax, filme): 3444; 2992; 1735 cm-1.
RMN 1H (300MHz, CDCl3) δ 4,86 (m, 1H, CHOH); 4,64 (d, 1H, CHOR);
4,18-4,02 (m, 2H, CH2); 3,80 (s, 3H, OCH3); 1,39 (s, 3H, CH3); 1,22 (s, 3H, CH3).
RMN 13
C (75,4MHz, CDCl3) δ 207,8; 168,7; 101,0; 86,3; 80,2; 72,1; 69,8;
52,3; 25,8; 25,6.
229
Figura 117 – Espectro de RMN 1H(300MHz, CDCl3) do produto 116
230
Figura 118 – Espectro de RMN
13C (75,4MHz, CDCl3) do cetoéster 116
231
Figura 119 – Espectro na região do infravermelho do cetoéster 116
232
6.24 – Preparação do methyl (2S,3S)-2-benzylamino-3-[(4S)-2,2-dimethyl-1,3-
dioxolan-4-yl]-3-hydroxypropanoate 129
OH
NHBn
O
OCH3OO
129
Em um balão de 20 ml foram adicionados 25mg (0,08 mmol) do
cetoéster 116, 0,1 mL (0,08 mmol) de benzilamina, 0,05 mL (0,08 mmol) de ácido
acético e 0,025mg (1,4 eq) de NaBH(OAc)3 em 3 mL de THF anidro, à temperatura
ambiente. A solução foi agitada por 2 horas e após este período a mistura reacional
foi diluída em 10 mL de diclorometano. A fase orgânica foi então lavada com 15 mL
de uma solução saturada de Na2CO3. Após a evaporação do solvente, o produto foi
purificado por cromatografia em coluna de sílica para fornecer 15 mg do benzil-
aminoéster desejado em um rendimento de 43%.
Composto 129: 15mg; 43% de rendimento.
IV (λmax, filme): 3461; 3361; 1716; 1604 cm-1
RMN 1H (300MHz, CDCl3) δ 4,68-4,63 (m, 1H, CHOH); 4,53 (d, J = 2,7Hz,
1H, CHNHBn); 4,39-4,32 (m, 1H, CHOCMe2); 4,25-4,01 (m, 4H, CH2OCMe2;
CH2PH); 3,790 (s, 3H, OCH3); 1,41 (s, 3H, CH3); 1,33 (s, 3H, CH3).
RMN13
C (300MHz, CDCl3) δ 171,7; 136,7; 128,8; 128,2; 128,1; 127,6; 127,5;
101,2; 79,0; 67,8; 66,4; 61,9; 52,8; 52,3.
233
Figura 120 – Espectro de RMN1H (300MHz, CDCl3) do produto 129
234
Figura 121 – Espectro de RMN
1H (300MHz, CDCl3) do produto 129
235
Figura 122 – Espectro na região do infravermelho do produto 129
236
6.25 – Preparação do (1R)-1-[(4R)-2,2-dimetil-1,3-dioxolan-4-il]-2-metilenopropano
-1,3-diol 134
OH
OO
OH
134
A uma solução a 0ºC de LiAlH4 (17 mg; 0,45 mmol) em éter anidro foi
adicionada uma solução de AlCl3 (20 mg; 0,15 mmol) em éter e agitada por 15
minutos. Em seguida, uma solução do aduto de MBH 43b (100 mg) em éter anidro
foi adicionada e agitada por 2h. Após este período, a mistura reacional foi
interrompida com a adição de uma solução saturada de Na2SO4, filtrada em celite e
extraída com acetato de etila. O filtrado foi concentrado sob pressão reduzida para se
obter um resíduo que foi purificado em cromatografia em coluna de sílica
(Hex/AcOEt 10%) obtendo-se o álcool alílico 134 na forma de um óleo.
Composto 134: 52 mg; 62% de rendimento.
IV (λmax, filme) 3444; 2990; 2921; 1468; 1372 cm-1;
RMN1H (300MHz, CDCl3) δ 6,39 (s, 1H, olefínico); 6,02 (s, 1H, olefínico);
4,35-4,27 (m, 1H); 4,23-4,16 (m, 1H); 4,13-4,05 (m, 2H); 3,98-3,82 (m, 2H); 1,40
(s, 3H), 1,37 (s, 3H).
RMN13
C (75MHz, CDCl3) 150,7; 109,3; 107,2; 78,3; 70,0; 64,9; 60,4; 30,9;
30,7.
237
Figura 123 - Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do produto 134
238
Figura 124 - Espectro de RMN
13C (75,4MHz, CDCl3) do produto 134
239
1213.1
7
1249.9
4
1372.5
3
1458.3
4
2855.8
52921.2
3
2990.6
9
3444.2
7
80
82
84
86
88
90
92
94
96
98
100
%T
ransm
itta
nce
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
Wavenumbers (cm-1)
Figura 125 - Espectro na região do infravermelho do produto 134
240
6.26 – Preparação do (1R)-1-[(4R)-2,2-dimethyl-1,3-dioxolan-4-yl]-2-(terc-butil
dimetilsilanoxi)methyl-2-propen-1-ol 135
OH
OO
OTBS
135
Em um balão de 50 mL foram adicionados 50 mg (0,265 mmol) do álcool
alílico 134, 60 mg (0,39 mmol) de TBSCl e 51 mg (0,76 mmol) de imidazol. Sob
agitação magnética e atmosfera de argônio adicionou-se 1 gota de DMF anidro. O
conteúdo do balão permaneceu sob agitação magnética por 18 h e observou-se o
consumo do material de partida por CCD. Após o término da reação, dissolveu-se a
mistura reacional em 10 mL de hexano e lavou-se a solução com 10 mL de água
destilada. Após a secagem da fase orgânica sob Na2SO4, o solvente foi evaporado.
Em seguida o resíduo foi purificado por cromatografia em coluna de sílica
(Hex/AcOEt 5%) fornecendo o aduto 135, na forma de um óleo incolor
Composto 135: 60 mg; 75% de rendimento.
IV (λmax, filme): 3403; 2953; 2921; 2859 cm-1
RMN1H (300MHz, CDCl3) δ 6,52 (s, 1H, olefínico); 6,07 (s, 1H, olefínico);
4,79 (d, J = 3,8 Hz, 1H, CHOH); 4,26-4,06 (m, 2H); 4,02-3,76 (m, 3H); 1,42 (s, 3H,
CH3); 1,32 (s, 3H, CH3); 0,95 (s, 9H, C(CH3)3); 0,10 (s, 3H, CH3); 0,07 (s, 3H, CH3)
RMN13
C (75MHz, CDCl3) δ 148,2; 110,2; 109,8; 79,3; 76,3; 69,1; 66,1; 27,7;
26,5; 25,6; 18,1; -3,8; -4,7
241
Figura 126 - Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do produto 135
242
Figura 127 - Espectro de RMN 13
C (75,4MHz, CDCl3) do produto 135
243
Figura 128 - Espectro na região do infravermelho do produto 135
244
6.27 – Preparação do (1R)-1-[(4R)-2,2-dimetil-1,3-dioxolan-4-il]-2-(terc-butil-
dimetilsilanoxi)-2-propenil carbamato 136
O
OO
OTBS
136
NH2
O
Isocianato de tricloroacetila (0,19 mL; 1,28 mmol) foi adicionado gota a gota
a uma solução do álcool 135 (50 mg; 0,16 mmol) em 2 mL de diclorometano seco.
Após agitação por 2h a mistura foi concentrada em rotaevaporador. O resíduo foi
dissolvido em metanol, resfriado a 0ºC e 2 mL de K2CO3 aquoso foi adicionado. O
banho de gelo foi removido e a mistura agitada por 4h. Metanol foi evaporado sob
pressão reduzida e o resíduo extraído com CH2Cl2. As fases orgânicas combinadas
foram lavadas com solução saturada de NaCl, secas sob Na2SO4 e concentradas sob
pressão reduzida para fornecer um resíduo o qual foi purificado por coluna
cromatográfica para fornecer o carbamato 136 desejado.
Composto 136: 52 mg; 90% de rendimento.
RMN1H (300MHz, CDCl3) δ 6,29 (s, 1H, olefínico); 5,86 (s, 1H, olefínico);
4,90 (d, J = 3,8 Hz, 1H, CHOH); 4,63-4,31 (m, 2H); 4,12-3,82 (m, 3H); 1,42 (s, 3H,
CH3); 1,38 (s, 3H, CH3); 0,92 (s, 9H, C(CH3)3); 0,23 (s, 3H, CH3); 0,05 (s, 3H,
CH3).
RMN13
C (75MHz, CDCl3) δ 161,0; 149,3; 110,4; 108,3; 79,9; 76,2; 70,1;
67,4; 28,8; 28,4; 25,8; 17,7; -5,5; -5,8.
IV (λmax, filme) 2913; 1691; 1593; 1499 cm-1.
245
Figura 129 - Espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl3) do produto 136
246
Figura 130 - Espectro de RMN
13C (75,4MHz, CDCl3) do produto 136
247
Figura 131 - Espectro na região do infravermelho do produto 136
248
6.28 – Preparação do (4R,5R)-5-[(4R)-2,2-dimetil-1,3-dioxolan-4-il]-4-hidroximetil-
4-(terc-butil-dimetilsilanoxi)metil-1,3-oxazolan-2-ona 137
O
OO
OTBS
137
HNOH
O
1,38 mL de uma solução 0,08 mol/L de hidróxido de sódio (1 eq.) foi
adicionado a uma solução do carbamato 136 (38 mg; 0,11 mmol) em 3 mL de
isopropanol. A solução foi agitada por 5 minutos e 2 mL de terc-butil hidroperóxido
foram adicionados. A mistura foi agitada por mais 5 minutos e 2 mL de diisopropil
etilamina foram adicionados. Finalmente uma solução de osmato de potássio (4
mol%) em hidróxido de sódio foi adicionada. A reação foi acompanhada por TLC e
interrompida após 24h pela adição de sulfito de sódio (25 mg), e agitada por 30
minutos. Após este período a mistura reacional foi extraída com acetato de etila. As
fases orgânicas combinadas foram lavadas com solução saturada de NaCl, secas sob
Na2SO4 e concentradas sob pressão reduzida. O resíduo obtido foi purificado por
cromatografia em coluna de sílica dando 25 mg do produto 137.
Composto 137: 25 mg; 67% de rendimento.
RMN1H (300MHz, CDCl3) δ 5,28 (d, J = 3,9 Hz, 1H, CHOH); 4,20-4,08 (m,
2H); 4,61-3,95 (m, 3H); 3,92-3,85 (m, 2H); 1,48 (s, 3H); 1,33 (s, 3H); 0,93 (s, 9H,
C(CH3)3); 0,27 (s, 3H, CH3); 0,10 (s, 3H, CH3).
RMN
13C (75MHz, CDCl3) δ 160,8; 107,3; 91,2; 80,0; 75,8; 67,5; 63,9; 54,2;
28,8; 28,4; 25,8; 18,2; -4,2; -4,9
249
IV (λmax, filme) 3410; 2982; 2925; 2851; 1740; 1601 cm-1.
250
Figura 132 - Espectro de RMN1H (300MHz, CDCl3) do produto 137
251
Figura 133 - Espectro de RMN
13C (300MHz, CDCl3) do produto 137
252
Figura 134 - Espectro na região do infravermelho do produto 137