TÉCNICAS DE DIFERENCIAÇÃO Fundamentos de Matemática I · 13.4 Derivada de uma função...
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Licenciatura em ciências · USP/ Univesp
Gil da Costa Marques
13TÉCNICAS DE DIFERENCIAÇÃO
Fund
amen
tos
de M
atem
átic
a I
13.1 Introdução13.2 Derivada da soma ou da diferença de funções13.3 Derivada do produto de funções13.4 Derivada de uma função composta: a Regra da Cadeia13.5 Derivada do quociente de funções13.6 Derivada de y = xα, onde α ∈ 13.7 Derivada da função inversa13.8 Diferencial de uma função de uma variável real13.9 As regras de L’Hospital
281
Fundamentos de Matemática I
Licenciatura em Ciências · USP/Univesp · Módulo 1
13.1 IntroduçãoA seguir apresentaremos as técnicas de derivação para funções de uma variável. O objetivo
de tais técnicas é o de facilitar o cálculo de derivadas a fim de não precisar recorrer sempre à
definição de derivada de uma função num ponto interior ao seu domínio.
A seguir analisaremos propriedades importantes das derivadas. Encerraremos o texto abor-
dando, rapidamente, o conceito de diferencial de uma função.
Vamos, primeiramente, relembrar o conceito de derivada!
Consideremos uma função y = f(x) definida num aberto contido em seu domínio, sendo x um ponto interior a esse aberto, e suponhamos que a variável x experimenta, nesse intervalo, um aumento infinitesimal Δx (ou seja, infinita-mente pequeno), acarretando uma variação infinitamente pequena da própria função, Δy. Consequentemente, a razão das diferenças
13.1
envolve o quociente de quantidades infinitamente pequenas. No entanto, anali-sando o comportamento do quociente, quando ambos, denominador e numerador tendem simultaneamente a zero, a razão representada pela expressão 13.1 poderá convergir para um valor bem determinado. Esse limite, se existir, varia com x, e é denominado a derivada da função f no ponto x. Por exemplo, se definirmos f(x) = xm, m designando um valor inteiro, a razão entre as diferenças infinitesimais será:
13.2
No limite, quando a diferença Δx tende a zero, essa razão será a quantidade mxm − 1, isto é, uma nova função da variável x. Para indicar essa dependência, daremos o nome de derivada à nova função e a designaremos, utilizando a notação de
Cauchy, por yʹ ou f ʹ(x), ou ainda, usando a notação de Leibniz, por dfdx
x( ).
∆∆
=+ ∆( ) − ( )∆
yx
f x x f xx
x x xx
mxm m
x x xm m
m m m+ ∆( ) −∆
= +−( )⋅
∆ + + ∆− − −1 2 111 2
282
13 Técnicas de Diferenciação
Licenciatura em Ciências · USP/Univesp · Módulo 1
13.2 Derivada da soma ou da diferença de funções
Se f e g são funções deriváveis, então, a soma f + g é igualmente derivável. A derivada da
soma é igual à soma das derivadas das suas parcelas:
13.3
Para a diferença de duas funções, vale um resultado análogo:
13.4
O resultado acima para a derivada da soma pode ser facilmente verificado a partir da defi-
nição de derivada. Para isso, consideramos as taxas de variação da função soma de duas funções.
De acordo com a sua definição, escrevemos:
13.5
Donde se infere que:
13.6
Considerando o limite da expressão 13.6, quando ∆x → 0, obtemos 13.3, uma vez que os
limites das duas parcelas no segundo membro da igualdade acima existem e são finitos, já que
as funções f e g são deriváveis.
No caso da diferença de funções deriváveis, a verificação é análoga.
d f gdx
dfdx
dgdx
f g f g+( )
= + +( )′ = ′+ ′ ou
d f gdx
dfdx
dgdx
f g f g−( )
= − −( )′ = ′− ′ ou
∆ +( )( ) = +( ) + ∆( ) − +( )( ) == + ∆( ) + + ∆( ) − ( ) − ( ) =
f g x f g x x f g x
f x x g x x f x g x
== + ∆( ) − ( ) + + ∆( ) − ( )f x x f x g x x g x
∆ ( ) + ( )( )∆
=∆ ( )∆
+∆ ( )∆
f x g xx
f xx
g xx
283
Fundamentos de Matemática I
Licenciatura em Ciências · USP/Univesp · Módulo 1
Exemplos
• ExEmplo 1:Consideremos as funções f ( x) = sen x e g(x) = x3. Vamos encontrar a derivada da função f + g.
Temos: dfdx
x f x x( ) = ′( ) = cos e dgdx
x g x x( ) = ′( ) = 3 2
Assim: d f gdx
x f g x f x g x x x+( ) ( ) = +( )′ ( ) = ′( ) + ′( ) = +cos 3 2
• ExEmplo 2:Dada a função y = f ( x), definida por f ( x) = 5x2 − 6x + 9, vamos calcular a função derivada.
Temos: dfdx
x ddx
x x( ) = − +( )5 6 92
Comoddx
x x
ddx
x
ddx
5 10
6 6
9 0
2( ) =
( ) =
( ) =
Então, dfdx
x ddx
x x x( ) = − +( ) = −5 6 9 10 62 .
13.3 Derivada do produto de funçõesSe f e g são deriváveis, então, o produto f ⋅ g é derivável. Para o produto de duas funções
vale a propriedade:
13.7
Para deduzir tal propriedade, iniciamos com a definição de taxa de variação média para o
produto de duas funções. Assim, por definição, temos:
13.8
d f gdx
dfdx
g f dgdx
f g f g f g.
( . )( )= ⋅ + ⋅ ′ = ′⋅ + ⋅ ′ ou
∆ ⋅( ) = ⋅( ) + ∆( ) − ⋅( )( ) = + ∆( ) ⋅ + ∆( ) − ( ) ( )f g f g x x f g x f x x g x x f x g x
284
13 Técnicas de Diferenciação
Licenciatura em Ciências · USP/Univesp · Módulo 1
ou seja, somando e subtraindo um conveniente termo,
13.9
ou, agrupando de modo apropriado,
13.10
Calculando o limite quando ∆x → 0, temos:
13.11
equação que nos leva ao resultado 13.7, uma vez que
lim∆ →
+ ∆( ) = ( )xf x x f x
0 e lim
∆ →+ ∆( ) = ( )
xg x x g x0
,
bem como
lim∆ →
+ ∆( ) − ( )∆
= ′( )x
f x x f xx
f x0
e lim∆ →
+ ∆( ) − ( )∆
= ′( )x
g x x g xx
g x0
,
pois as funções f e g são deriváveis.
Da propriedade relativa ao produto de funções, podemos facilmente deduzir que, se k for
uma constante qualquer, resultará:
13.12
• ExEmplo 3:Sendo f ( x) = 4x 3.cos x, vamos encontrar sua derivada. Temos:
∆ ∆ ∆ ∆ ∆f g f x x g x x f x g x x f x g x x f x g x.( ) = +( ) ⋅ +( ) − ( ) +( ) + ( ) +( ) − ( ) ( )
∆ ∆ ∆ ∆f g f x x f x g x x f x g x x g x.( ) = +( ) − ( )( ) +( ) + ( ) +( ) − ( )( )
lim.
lim∆ ∆
∆∆
∆∆
∆∆∆x x
f gx
f x x f xx
g x xg x x g x
→ →
( )=
+( ) − ( )+( ) + +( ) − ( )
0 0 xxf x( )
d kfdx
k dfdx
kf kf( )= = ou ( ) ' '
g x x g x x
h x x h x x( ) = ⇒ ′( ) =( ) = ⇒ ′( ) = −
4 123 2
cos sen
285
Fundamentos de Matemática I
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Assim, como a derivada do produto é dada por (gh)ʹ(x) = gʹ(x).f ( x) + g(x).f ʹ(x), temos:
• ExEmplo 4:Vamos calcular a derivada da função f ( x) = 5x4.sen x.cos x. Temos:
A fim de calcular a derivada do produto das três funções, observamos que, escrevendo de maneira abreviada,
e, portanto,
• ExEmplo 5:Sendo f ( x) = 7 sen x, vamos encontrar sua derivada. Vimos que, sendo k uma constante, temos (k.f )ʹ = k.f ʹ , uma vez que a derivada de uma função constante é zero.Assim, f ʹ(x) = 7 cos x.
13.4 Derivada de uma função composta: a Regra da Cadeia
Para a especial operação de composição de duas funções deriváveis, temos uma maneira
especial de calcular a derivada da função composta, denominada Regra da Cadeia. Se y = h(u) e u = g(x), ou seja, y = h(g(x)), sendo h e g deriváveis, então, a função composta y = h(g(x)) é
derivável e sua derivada é dada pela expressão:
13.13
′( ) = ⋅ + ⋅ −( ) = ⋅ − ⋅f x x x x x x x x x12 4 12 42 3 2 3cos sen cos sen
g x x g x x
h x x h x x
z x x z x
( ) = ⇒ ′( ) =( ) = ⇒ ′( ) =( ) = ⇒ ′( ) = −
5 204 3
sen cos
cos senn x
ghz gh z gh z g h g h z g h z g h z g h z( )′ = ( )′ ⋅ + ( ) ⋅ ′ = ′ ⋅ + ⋅ ′( ) ⋅ + ⋅ ⋅ ′ = ′ ⋅ ⋅ + ⋅ ′ ⋅ + gg h z⋅ ⋅ ′
′( ) = ( ) ⋅ ( ) ⋅ ( ) + ( ) ⋅ ( ) ⋅ ( ) + ( ) ⋅ (f x x x x x x x x x20 5 53 4 4sen cos cos cos sen )) ⋅ −( ) == ⋅ ⋅ + ⋅ − ⋅ =
= ⋅ ⋅
sen
sen cos cos sen
sen
x
x x x x x x x
x x
20 5 5
20
3 4 2 4 2
3 ccos cos senx x x x+ −( )5 4 2 2
dydx
dhdu
dudx
= ⋅
286
13 Técnicas de Diferenciação
Licenciatura em Ciências · USP/Univesp · Módulo 1
Assim, basta lembrar que, se y = h(g(x)), então, a taxa de variação média será dada por:
13.14
ou seja,
13.15
Então, quando ∆x → 0, temos ∆u → 0 e, supondo que ∆u ≠ 0, temos:
13.16
que é precisamente 13.13.
Entretanto, essa prova não é geral porque, para valores arbitrariamente pequenos de ∆x,
poderia acontecer que ∆u fosse zero e o cálculo acima não seria válido. Uma demonstração
mais geral pode ser encontrada em textos de Cálculo Diferencial.
Adiante, utilizando o conceito de diferencial de uma função, novamente estaremos traba-
lhando com a composição de funções e a Regra da Cadeia reaparecerá.
• ExEmplo 6:Consideremos a função f ( x) = sen4 x = (sen x)4 e vamos calcular sua derivada. Para tanto façamos:
h(x) = sen x
logo
f ( x) = sen4 x = (sen x)4 = (h(x))4
Desse modo:
e:
∆∆
=∆∆
=∆∆
∆∆
yx
hx
huux
∆∆
=+ ∆( ) − ( )∆
⋅∆∆
=+ ∆( ) − ( )∆
⋅+ ∆( ) − ( )∆
yx
h u u h uu
ux
h u u h uu
g x x g xx
lim lim . . .∆ → ∆ →
∆∆
=∆∆
∆∆
= ′( ) ′( ) = ′ ( )( ) ′
x x
yx
hu
ux
h u g x h g x g0 0
xx( )
dfdh
h h( ) = 4 3
dhdx
x x( ) = cos
287
Fundamentos de Matemática I
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Logo, pela Regra da Cadeia:
• ExEmplo 7:Sendo f ( x) = senx5, vamos calcular sua derivada. Para tanto, façamos:
h(x) = x5
o que acarreta:
f ( x) = sen h(x)
Temos então:
e
Portanto, de acordo com a Regra da Cadeia, temos:
13.5 Derivada do quociente de funçõesSeja
13.17
de tal modo que h(x) ≠ 0. Assumindo que f e g são deriváveis, vamos mostrar que a derivada
da função f é dada por:
13.18
′( ) = ( ) = ( )( ) ⋅ ( ) = ( )( ) ⋅ ( ) = ⋅f x dfdx
x dfdh
h x dhdx
x h x x x4 43 3cos sen coss x
′( ) = ( ) =h x dhdx
x x5 4
′( ) = ( ) =f h dfdh
h hcos
′( ) = ( ) = ( )( ) ⋅ ( ) = ( )( ) ⋅ = ⋅f x dfdx
x dfdh
h x dhdx
x h x x x xcos cos5 54 4 5
f xg xh x
( ) = ( )( )
dfdx
x
dgdx
x h x g x dhdx
x
h x( ) =
( ) ⋅ ( ) − ( ) ⋅ ( )
( ) 2 ou
gh
g h ghh
′=
′ − ′2
288
13 Técnicas de Diferenciação
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Para tanto, vamos escrever a função f como um produto:
Então, derivando o produto das duas funções, temos:
Pela Regra da Cadeia, temos ddx
h x h x h x( ) = − ( ) ⋅ ′( )− −1 2.
Logo,
Desse modo, a derivada do quociente de duas funções deriváveis, sendo não nula a função
do denominador, é dada por:
13.19
• ExEmplo 8:Dada f x x
x( ) =
4
sen , vamos calcular sua derivada.
Fazendo
g(x) = x4 ⇒ gʹ(x) = 4x3
e
h(x) = sen x ⇒ hʹ(x) = cos x
utilizando a expressão para a derivada do quociente,
f x g xh x
g x h x( ) = ( ) ⋅ ( )= ( ) ⋅ ( )
−1 1
′( ) = ( ) = ( ) ⋅ ( ) + ( ) ⋅ ( ) − −
f x dfdx
x dgdx
x h x g x ddx
h x1 1
′( ) = ′( ) ⋅ ( ) + ( ) ⋅ −( ) ⋅ ( ) ⋅ ′( ) =
=′( )
− −f x g x h x g x h x h x
g xh x
1 21
(( )−
( ) ⋅ ′( )( )
=′( ) ⋅ ( ) − ( ) ⋅ ′( )
( )
g x h x
h x
g x h x g x h x
h x2 2
gh
x ddx
g xh x
g x h x g x h x
h x
′( ) = ( )
( )
=
′( ) ⋅ ( ) − ( ) ⋅ ′( )( )
2
gh
xg x h x g x h x
h x
′( ) =
′( ) ⋅ ( ) − ( ) ⋅ ′( )( )
2
289
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temos:
• ExEmplo 9:Vamos encontrar a derivada de tg sen
x x
x=
cos em todo ponto em que o denominador não seja
zero.Fazendo
g(x) = sen x ⇒ gʹ(x) = cos x
e
h(x) = cos x ⇒ hʹ(x) = −sen x
utilizando a expressão para a derivada do quociente,
temos:
• ExEmplo 10:Vamos encontrar a derivada de sec
cosx
x=
1 em todo ponto em que o denominador não seja
zero.Fazendo
g(x) = 1 ⇒ gʹ(x) = 0
e
h(x) = cos x ⇒ hʹ(x) = −sen x
utilizando a expressão para a derivada do quociente,
temos:
′( ) =
′=
⋅ − ⋅f x xx
x x x xx
4 3 4
2
4sen
sen cossen
gh
xg x h x g x h x
h x
′( ) =
′( ) ⋅ ( ) − ( ) ⋅ ′( )( )
2
tg sencos
cos cos sen sencos
cos sx xx
x x x xx
x( )′ =
′=
⋅ − ⋅ −( )=
+2
2 eencos cos
sec2
2 221x
x xx= =
gh
xg x h x g x h x
h x
′( ) =
′( ) ⋅ ( ) − ( ) ⋅ ′( )( )
2
1 0 1 12 2cos
cos sencos
sencos
sencos cx
x xx
xx
xx
′=
⋅ ( ) − ⋅ −( )= = ⋅
oostg sec
xx x= ⋅
290
13 Técnicas de Diferenciação
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13.6 Derivada de y = xα, onde α ∈ Em Derivadas das Funções Simples, encontramos a derivada de y = xn, quando n é um
número inteiro.
O caso presente de
13.20
envolve um expoente real, podendo ser racional ou irracional, e a questão de encontrar sua
derivada será resolvida examinando essa função como a composição de duas outras.
De fato, podemos escrever
13.21
uma vez que a função exponencial de base e e a função logarítmica de base e são funções inversas.
Assim, utilizando a propriedade dos logaritmos, ainda podemos escrever
E agora, encontramos a derivada da função com o auxílio da regra da cadeia:
13.22
É importante notar que a expressão encontrada para a derivada de y = xα, onde α ∈ ,
engloba o caso já analisado quando o expoente é um número inteiro.
• ExEmplo 11:Encontrar a derivada de
a. y x=3
4
b. y x= 2
y x= α
y x e x= =α αln
y x e ex x= = =α ααln ln
′ = ⋅ ⋅ = ⋅ ⋅ = ⋅ −y ex
xx
xxα α αα α αln 1 1 1
a derivada da exponencial de base e
a derivada do logaritmo
de base e
291
Fundamentos de Matemática I
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Em ambos os casos, basta aplicar 13.22, obtendo:
a. ′ =−
y x34
14
b. ′ = −y x2 2 1
• ExEmplo 12:Este exemplo merece atenção: se y = x2 + 2x, sua derivada, que é a derivada de uma soma de funções, é obtida pela aplicação de duas propriedades diferentes, uma para cada uma das parcelas:
uma vez que, para derivar f ( x) = 2x, utilizamos o raciocínio anterior, isto é,
e, daí,
• ExEmplo 13:Analogamente, a derivada de y = xπ + πx é:
• ExEmplo 14:Tudo o que foi desenvolvido até aqui nos permite encontrar a derivada de
A(x) = f ( x)g(x)
O domínio da função A é constituído pelos números reais tais que f ( x) > 0.Podemos escrever então
e, portanto,
ou seja,
′ = + ⋅y x x2 2 2ln
f x e ex xx( ) = = =2 2 2ln ln
′( ) = ⋅ = ⋅f x ex xln ln ln2 2 2 2
′ = + ⋅−y x xπ π ππ 1 ln
A x f x eg x g x f x( ) = ( ) =( ) ( )⋅ ( )ln
′( ) = ⋅ ′( ) ⋅ ( ) + ( ) ⋅ ( )⋅ ′( )
( )⋅ ( )A x e g x f x g xf x
f xg x f xln ln 1
′( ) = ( ) ⋅ ′( ) ⋅ ( ) + ( ) ⋅′( )( )
( )A x f x g x f x g xf xf x
g x ln
292
13 Técnicas de Diferenciação
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13.7 Derivada da função inversaSeja z uma função de x relacionada a outra função y = f ( x) pela expressão:
13.23
Assim, z = F ( f ( x)) é comumente denominada função de uma função da variável de x.
Ela foi definida anteriormente como a função composta
13.24
onde supomos que as funções z = F(y) e y = f(x) são ambas deriváveis em seus domínios.
Denotando os acréscimos infinitamente pequenos por Δx, Δy e Δz, então, a taxa de variação
média de z, com relação a x, é dada por:
13.25
Quando Δx → 0, temos Δy → 0 e, portanto,
13.26
e, portanto, vale a relação:
13.27
com a ressalva análoga observada em 13.16.
Se a função f for a função inversa de F, isto é,
13.28
ou seja,
z F y= ( )
z F y=
∆∆
=+ ∆( ) − ( )∆
=+ ∆( ) − ( )∆
∆∆
zx
F y y F yx
F y y F yy
yx
dzdx
xF y y F y
yf x x f x
xy x( ) = + ∆( ) − ( )
∆⋅
+ ∆( ) − ( )∆∆ → ∆ →
lim lim0 0
′( ) = ′( ) ⋅ ′( ) = ′ ( )( ) ⋅ ′( )z x F y y x F f x f x
F f = Id
293
Fundamentos de Matemática I
Licenciatura em Ciências · USP/Univesp · Módulo 1
13.29
de onde f = F −1 e, de 13.27, segue-se que
13.30
Inferimos, pois, que a derivada da função inversa F −1 é dada, em termos da derivada da
função F, como:
13.31
Com a ajuda da expressão 13.31, podemos facilmente determinar a derivada da função
inversa de uma dada função. Consideremos o caso das funções simples y = Ax, y = arcsen x e
y = arccos x, as quais podem ser obtidas a partir das derivadas das funções y = logAx, y = sen x
e y = cos x.
Em O Teorema do Valor Médio e Aplicações das Derivadas, faremos uso da expressão
13.31 para encontrar as derivadas de funções simples a partir das derivadas das funções inversas.
• ExEmplo 15:Consideremos a função f ( x) = x2 com domínio D e imagem I dados por:
D =
I = +
Nesse caso, f não admite inversa. Entretanto, considerando uma restrição do domínio, podemos definir, por exemplo, a função
De y = x2 obtemos x = y , isto é:
é a função inversa de f +.Pelo que vimos em 13.22, já sabemos que a derivada de g é:
F f x F f x x x( )( ) = ( )( ) = ( ) =Id
dFdf
f x dfdx
x dFdf
f x dFdx
x( )( ) ⋅ ( ) = ( )( ) ⋅ ( ) =−1
1
dF xdx
dFdf
f x− −( )
= ( )
1 1
fx x
+ ∗+
∗+→:� �
� 2
g y y( ) =
′( ) = =−g y yy
12
12
12
294
13 Técnicas de Diferenciação
Licenciatura em Ciências · USP/Univesp · Módulo 1
Vamos determinar a derivada de g utilizando o que vimos a respeito da derivada da função inversa.Temos, pelo teorema demonstrado,
ou seja,
pois x = y , como queríamos mostrar.
• ExEmplo 16:As funções
y = f ( x) logAx (A > 0, A ≠ 1)
e
x = g(y) = Ay (A > 0, A ≠ 1)
são inversas uma da outra. Em Derivadas das Funções Simples, vimos como encontrar a derivada de cada uma delas.Agora, sabendo, por exemplo, que
gʹ(y) = A y.ln A
podemos encontrar a derivada da inversa f utilizando o fato de que
• ExEmplo 17:Consideremos a função g(y) = sen y, que não é inversível em seu domínio.
Considerando a restrição de g ao intervalo D = −
π π2 2
, , podemos definir a função inversa
y = g−1(x) = f ( x) = arcsen x
(que se lê: “arco-seno x”)
Temos:
Assim:
′( ) =′( )
g yf x
1
′( ) =′( )
= =g yf x x y
1 12
12
′( ) =′( )
=⋅
=f xg y A A x Ay1 1 1
ln ln
x g y y= ( ) = sen
′( ) = = − = −g y y y xcos sen1 12 2
′( ) =′( )
=−
f xg y x
1 11 2
295
Fundamentos de Matemática I
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É importante observar que a função arcsen tem como domínio o intervalo fechado D = −
π π2 2
, , mas é derivável somente no intervalo aberto de mesmas extremidades.Assim,
13.8 Diferencial de uma função de uma variável real
Seja y = f ( x) uma função da variável independente x. Seja ainda ∆x0 uma quantidade não
necessariamente infinitesimal, mas ∆x0 uma quantidade finita.
Considerando
13.32
onde agora α é uma quantidade infinitamente pequena, teremos que a taxa de variação média
será dada por:
13.33
de onde concluímos que
13.34
Definimos a diferencial da função y = f ( x) como:
13.35
Indicamos, de acordo com a notação acima, essa diferencial com o caractere d. Assim, escre-
vemos para tal quantidade
13.36
ddx
x xx
xarcsen arcsen( ) = ( )′ =−
− < <1
11 1
2 para
∆ = ∆x xα 0
f x x f xx
f x x f xx
+ ∆( ) − ( )∆
=+ ∆( ) − ( )
∆αα
0
0
f x x f x f x x f xx
x+ ∆( ) − ( )
=+∆( ) − ( )∆
⋅∆αα
00
df xf x x f x( ) = + ∆( ) − ( )
→limα
αα0
0
dy ou df ( x)
296
13 Técnicas de Diferenciação
Licenciatura em Ciências · USP/Univesp · Módulo 1
É fácil obter o valor da diferencial se conhecemos a função yʹ = f ʹ(x). De fato, tomando o
limite em ambos os membros da equação 13.33, encontraremos:
13.37
ou seja,
13.38
No caso particular em que f ( x) = x, a equação 13.38 se reduz a
13.39
Assim, a diferencial da variável independente x nada mais é do que a constante finita ∆x0.
Tendo em vista 13.39, que identifica ∆x0 como a diferencial da função identidade, o lado
direito da equação 13.38 pode ser escrito como o produto
13.40
ou, analogamente,
13.41
• ExEmplo 18:Vamos encontrar o valor aproximado de ln (1,004).Nesse caso, temos a função y = f ( x) = ln x, o valor inicial x = 1 e o acréscimo ∆x = 0,004.Temos, então, ∆y = ln 1,004 − ln 1 = ln 1,004
e, como dy = f ʹ(x).∆x, sendo ′( ) =f xx1
, para x = 1, temos:
dy = 0,004
Logo, ∆y pode ser aproximado por 0,004, ou seja,
ln(1,004) ≅ 0,004
lim limα
αα→ ∆ →
+ ∆( ) − ( )=
+ ∆( ) − ( )∆
∆0
0
0 0
f x x f x f x x f xx
xx
df x f x x( ) = ′( ) ⋅∆ 0
dx = ∆x0
df x f x dx( ) = ′( )
dy = yʹdx
297
Fundamentos de Matemática I
Licenciatura em Ciências · USP/Univesp · Módulo 1
• ExEmplo 19:Qual o valor aproximado de 4 0024, ?Agora temos a função y f x x= ( ) = , o valor inicial x = 4 e o acréscimo ∆x = 0,0024.
Então, ∆ = − = −y 4 0024 4 4 0024 2, , .
e, como dy = f ʹ(x).∆x, sendo ′( ) =f xx
12
, para x = 4, temos:
Logo, ∆y pode ser aproximado por 2,0006.
Assim, podemos entender a derivada como igual à razão entre a diferencial da função e a
diferencial da variável. Por essa razão, frequentemente, chamamos a função derivada de coe-
ficiente diferencial. Nesse contexto, diferenciar uma função é o mesmo que encontrar sua
diferencial. A operação pela qual se diferencia é chamada diferenciação.
A partir do cálculo das derivadas, podemos obter as diferenciais das funções. Assim, temos as
seguintes diferenciais:
13.42
13.43
13.44
13.45
13.46
Ainda poderíamos, é claro, mostrar que a diferencial da soma de duas funções diferen-
ciáveis é igual à soma das diferenciais dessas funções, bem como que a diferencial do produto
y(x) = u(x).v(x) de duas funções diferenciáveis u e v é dada pela relação: dy = udv + vdu.
Para verificar essa última afirmação, basta observar que:
dy = =0 0024
40 0006, ,
d a x dx d a x dx d ax adx+( ) = −( ) = − ( ) =, ,
d ax
a dxxdx ax dxa a
= − = −
21,
d e e dxx x( ) =
d x x dx x dxsen cos sen( ) = = +
π
2
d x x dx x dxcos sen cos( ) = − = +
π
2
dy y x u v uv x uv x vu x udv vdu= ′⋅∆ = ′ + ′( )∆ = ′∆ + ′∆ = +
298
13 Técnicas de Diferenciação
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No caso da composição de duas funções:
y = f ( u), u = u(x) e y = f ( u(x)),
temos que, como
13.47
então,
13.48
13.49
o que significa que a diferencial de uma função composta é expressa da mesma maneira como
se a variável intermediária u fosse uma variável independente.
• ExEmplo 20:
Seja y = ln x e vamos determinar sua diferencial dy.Temos:
y = f ( u) = ln u e u = u(x) = x
Então, ′( ) = ′( ) ⋅ ′( ) = ′( ) = ⋅y x f u u xuu x
x x1 1 1
2.
Logo,
dyx x
dx= ⋅1 1
2 ou dy
xd x= ( )1
• ExEmplo 21:No caso de y = cos x2, vamos determinar sua diferencial.De modo análogo, temos:
y = f ( u) = cos u e u = u(x) = x2
Então, ′( ) = ′( ) ⋅ ′( ) = − ⋅ ′( ) = − ⋅y x f u u x u u x x xsen sen 2 2 .Logo,
dy x xdx x d x= − ⋅ = − ⋅ ( )sen sen2 2 22
dydx
x y x f u u x( ) = ′( ) = ′( ) ⋅ ′( )
dy f u u x dx= ′( ) ⋅ ′( )
dy f u du= ′( )
299
Fundamentos de Matemática I
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13.9 As regras de L’HospitalVeremos aqui duas propriedades importantes para o cálculo de limites da forma
00 ou
+∞+∞,
que são ambas expressões indeterminadas. Muitas vezes, sabemos calcular limites desse tipo,
utilizando alguma técnica apropriada, como a fatoração do denominador e do numerador,
seguida da simplificação dos dois termos, ou a multiplicação de ambos os termos por algum
fator adequado, e assim por diante. Entretanto, há situações em que tais técnicas não resolvem o
problema. É o caso, por exemplo, dos limites: limlnx
xx→
−1
1 ou lim
x
xex→+∞ 10 .
Primeira regra de L’Hospital: Sejam f e g deriváveis num intervalo aberto I e seja a um
ponto de I e suponhamos que gʹ(x) ≠ 0 numa vizinhança de a, contida em I. Nessas condições,
se limx af x
→( ) = 0 e lim
x ag x
→( ) = 0 e se existe lim
x a
f xg x→
′( )′( )
, sendo finito ou infinito, então, limx a
f xg x→
( )( )
existirá e
13.50
É importante notar que a propriedade continua válida se, em lugar de x → a, tivermos x → ∞.
• ExEmplo 22:Seja o limite
Observamos que:
Portanto, temos que L1 é da forma 00, que é uma indeterminação.
Vejamos, então, se existe o limite:
lim limx a x a
f xg x
f xg x→ →
( )( )
=′( )′( )
L xxx1 0 2
13
=−
→lim cos
lim cos cos
limx
x
x
x→
→
−( ) = − = − =
( ) = ( ) =
0
0
2 2
1 0 1 1 1 0
3 3 0 0
L xxx2 0 2
13
=− ′′→
lim (cos )( )
300
13 Técnicas de Diferenciação
Licenciatura em Ciências · USP/Univesp · Módulo 1
Temos:
e
Assim:
(atenção para o limite fundamental).Como L2 existe, temos L1 = L2:
• ExEmplo 23:
O limite limlnx
xx→
−1
1 também é da forma
00.
Observamos que (x − 1)ʹ = 1 e que ln xx
( )′ = 1
e que lim ( )(ln )
lim limx x x
xx
x
x→ → →
− ′′= = =
1 1 1
1 11 1
logo, existe limlnx
xx→
−1
1 e lim
lnx
xx→
−=
1
1 1.
• ExEmplo 24:
lim lnsen( )x
xx→ −π π
2
22 também é da forma
00.
Observamos que
e que
e que lim (lnsen )[( ) ]
lim cotg( )x x
xx
xx→ →
′− ′
=− −π ππ π
2
2
22 4 2
ainda é da forma 00.
(cos ) senx x− ′ = −1
3 62x x( )′ =
Lx
x
xx
xx x x2 0 2 0 0
1
3 616
=−( )′
( )′=
−−
⋅→ → →
limcos
lim sen lim senxx
= −16
L xxx1 0 2
13
16
=−
= −→lim cos
(lnsen )sen
cos cotgxx
x x′ = ⋅ =1
[( ) ]' ( ).( ) ( )π π π− = − − = − −2 2 2 2 4 22x x x
301
Fundamentos de Matemática I
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Mas, aplicando novamente a propriedade, temos:
(cotg x)ʹ = − cossec2 x
e
[−4(π − 2x)]ʹ = 8
e
Logo, existe
e existe lim lnsen( )x
xx→ −π π
2
22 e lim lnsen
( )x
xx→ −
= −π π2
2218
.
Segunda regra de L’Hospital: Sejam f e g deriváveis num intervalo aberto I e seja a um
ponto de I e suponhamos que gʹ(x) ≠ 0 numa vizinhança de a, contida em I. Nessas condições,
se lim ( )x af x
→= ∞ e lim ( )
x ag x
→= ∞ e se existe lim ( )
( )x a
f xg x→
′′
, sendo finito ou infinito, então, lim ( )( )x a
f xg x→
existirá e
13.51
É importante notar que a propriedade continua válida se, em lugar de x → a, tivermos x → ∞.
lim (cotg )[ ( )]
lim cossecx x
xx
x→ →
′− − ′
=−
= −π ππ2 2
2
4 2 818
lim (lnsen )[( ) ]
lim cotg( )x x
xx
xx→ →
′− ′
=− −
= −π ππ π2
2
22 4 2
18
lim ( )( )
lim ( )( )x a x a
f xg x
f xg x→ →
=′′
302
13 Técnicas de Diferenciação
Licenciatura em Ciências · USP/Univesp · Módulo 1
• ExEmplo 25:Vejamos o limite: lim ln tg
ln tgx
xx→0
35
que é da forma −∞−∞
.Observamos que
e que
e que
pois lim sensenx
xx→
=
0
53
53 (verifique!). Logo, existe lim ln tg
ln tgx
xx→0
35
e lim ln tgln tgx
xx→=
0
35
1.
• ExEmplo 26:
O limite limx
xex→+∞ 10 também é da forma
+∞+∞
.
Observamos que
(ex)ʹ = ex
e que
(x10)ʹ = 10.x9
e que
ainda é da forma +∞+∞
. Aplicando a regra de L’Hospital mais 9 vezes, chegaremos a
Logo, existe limx
xex→+∞ 10 e lim
x
xex→+∞
= +∞10 .
(ln tg )tg
secsen .cos
3 3 13
3 3 13 3
2xx
xx x
′ = ⋅ ⋅ = ⋅
(ln tg )tg
secsen .cos
5 5 15
5 5 15 5
2xx
xx x
′ = ⋅ ⋅ = ⋅
lim (ln tg )(ln tg )
lim sen .cos
sen .cos
lix x
xx
x x
x x→ →
′′= =
0 0
35
33 35
5 5
mm sen .cossen .cosx
x xx x→
⋅
=
0
35
5 53 3
1
lim ( )( )
limx
x
x
xex
ex→+∞ →+∞
′′=10 910
lim!x
xe→+∞
= +∞10
303
Fundamentos de Matemática I
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• ExEmplo 27:
O limite lim tgsecx
xx→
π2
é da forma +∞+∞
.
Observamos que
(tgx)ʹ = sec2x
e que
(secx)ʹ = tg.secx
e que lim (tg )(sec )
lim sectgx x
xx
xx→ →
′′=
π π2 2
ainda é da forma +∞+∞
.
Entretanto, não adianta aplicar novamente a regra de L’Hospital...Agora, esse limite é quase imediato, ao ser calculado diretamente!
Uma observação adicional: é importante saber que as regras de L’Hospital são úteis no sentido de que resolvem vários limites que satisfazem as hipóteses colo-cadas. Existe, porém, um “mas”... Vejamos a seguir!
lim tgsec
lim sencos
cos limsenx x x
xx
xx
x x→ → →
= ⋅
= =
π π π2 2 2
11
Agora é a sua vez...Acesse o Ambiente Virtual de Aprendizagem e
realize a(s) atividade(s) proposta(s).