Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA EVOLUTIVA (Associação Ampla entre a UEPG e a UNICENTRO) LUIZ RICARDO OLCHANHESKI Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental Escherichia coli DH5-α ao herbicida mesotrione PONTA GROSSA 2014

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA EVOLUTIVA

(Associação Ampla entre a UEPG e a UNICENTRO)

LUIZ RICARDO OLCHANHESKI

Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental Escherichia coli

DH5-α ao herbicida mesotrione

PONTA GROSSA

2014

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA EVOLUTIVA

(Associação Ampla entre a UEPG e a UNICENTRO)

LUIZ RICARDO OLCHANHESKI

Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental Escherichia coli

DH5-α ao herbicida mesotrione

Dissertação de mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Biologia

Evolutiva da Universidade Estadual de Ponta

Grossa em associação com a Universidade

Estadual do Centro-Oeste, como parte dos

requisitos para a obtenção do título de Mestre

em Ciências Biológicas (Área de concentração

em Biologia Evolutiva).

Orientador: Prof. Dr. Marcos Pileggi

Co-orientadora: Profa. Dra. Sônia Alvim Veiga

Pileggi

Ponta Grossa

2014

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“A glória da amizade não é a mão estendida, nem o sorriso carinhoso, nem

mesmo a delícia da companhia. É a inspiração espiritual que vem quando você

descobre que alguém acredita e confia em você.”

Ralph Waldo Emerson

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Agradecimentos

- A CAPES, CNPq e Fundação Araucária pelo apoio financeiro e concessão da

bolsa;

- Ao professor Dr. Marcos Pileggi, que muito mais que um orientador foi um

amigo incomparável. Agradeço a todo ensinamento e oportunidades. Sem seu

apoio e confiança nenhuma das minhas conquistas seriam possíveis;

- A minha mãe, Cleunice Vieira de França, que sempre acreditou em mim,

independente da situação, e principalmente por toda a dedicação que teve por

mim e pelo meu irmão. Sem o sacrifício dela provavelmente não teria a cabeça

que tenho hoje, e só nós sabemos o quanto foi difícil chegar aqui;

- Ao meu irmão, Luiz Renato Olchanheski Jr, que por muitas vezes me serviu

de exemplo, mesmo que involuntariamente;

- A minha namorada, Gessica da Costa, por toda a dedicação, apoio, paciência,

e principalmente amizade e por ser um dos principais apoios da minha vida.

Sua dedicação foi muito importante, sendo a primeira pessoa a quem recorri

nos momentos de dificuldade, tristeza e também nas conquistas e alegrias;

- Ao professor Dr. Flávio Luís Beltrame, que me ensinou coisas que eu

considerava ser impossível aprender. Que eu considero como meu principal co-

orientador, e espero que esta “parceria” continue por muito tempo;

- A todos os outros professores que, de alguma forma, me ajudaram nesta

minha “caminhada científica”, que com toda a certeza foi de extrema

importância. Prof. Dr. Ricardo Antunes de Azevedo, Prof. Dr. Ivo Demiate, Prof.

Dr. Leopoldo Sussumo Matsumoto, Prof. Dra. Sônia Alvim Veiga Pileggi, Prof.

Dra. Jesiane Batista.

- Aos meus colegas de trabalho, que estiveram sempre comigo e me ajudaram

de diversas formas. Agradeço pela troca de experiências e conhecimento.

Leandro Datola Tullio, Lilian Parra Prione, Bruna Steckling, Acácio Zielinski,

Fernando Gravina, Tatiane Dobrzanski, Bruno César do Espírito Santo, Maria

Janina Pinheiro Diniz.

- Ao pessoal da ESALQ-USP que me ensinaram muitas coisas, e sempre que

preciso de alguma ajuda estão dispostos a me ajudar. Dra. Paula Fabiane

Martins, Dra. Manuella Nóbrega Dourado, MSc. Leila Priscila Peters, Dra.

Giselle de Carvalho, Prof. Dr. Fernando Piotto, Dr. Lucas dos Anjos Souza.

- A todos os professores e funcionários do PPG Biologia Evolutiva;

- A todos, que direta ou indiretamente, me ajudaram nesta conquista.

Page 7: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

Resumo

O uso intensivo de agroquímicos tem assumido um papel relevante no

aumento da produção agrícola, mas um dos impactos gerados é a mudança na

estrutura populacional de microbiotas de solo, que precisam tolerar os

xenobióticos aplicados para sobreviver. Uma pergunta pertinente é se os

mecanismos de tolerância são selecionados pela presença de diferentes

agroquímicos em solo, ou se há mecanismos constitutivos de adaptação. O

objetivo deste trabalho foi avaliar o sistema de defesa de uma linhagem não

ambiental, a E. coli DH5-α, em relação ao herbicida mesotrione, com o qual

não houve contato prévio em solo. Resultados obtidos mostraram que esta

linhagem foi capaz de tolerar elevadas doses do herbicida, e a determinação

do herbicida por um método desenvolvido e validado por cromatografia líquida

de alta eficiência (CLAE) permitiu determinar que após 3 horas não foi possível

detectar o herbicida nas amostras avaliadas. Taxas de crescimento no

tratamento com o herbicida foram menores em relação ao controle nos tempos

anteriores ao período de degradação, mostrando o efeito tóxico sobre as

células bacterianas. Como sistemas de defesa, constataram-se a alteração na

saturação dos lipídeos de membrana, diminuindo os danos causados pelas

espécies ativas de oxigênio e possivelmente dificultando a entrada do

xenobiótico na célula, além da atuação da enzima GST no sistema antioxidante

e no processo de metabolização do herbicida. Considerando que a E. coli DH5-

α não apresentou um contato prévio com o mesotrione, o sistema de defesa

encontrado nesta linhagem pode ser considerado como geral e não específico.

Esta estratégia pode ser interessante na adaptação de linhagens bacterianas

em solos agrícolas, os quais são submetidos a regimes de trocas de herbicidas

de maneira cada vez mais intensa.

Palavras-chave: Biodegradação, Callisto, peroxidação lipídica, Glutationa-S-

Transferase, saturação de lipídeos.

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Abstract

The intensive use of agrochemicals has assumed an important role in

increasing agricultural production; however, one of the impacts has been

changes in population structure of microbiota in the soil, which need to tolerate

the xenobiotics that are applied in order to survive. A pertinent question is

whether these mechanisms are selected by the presence of different

agrochemicals in soils, or if there are constitutive mechanisms of adaptation.

The aim of this study was to evaluate the defense system of an un-

environmental strain, E. coli DH5-α, in relation to the herbicide mesotrione,

which had no prior contact with the soil. The results showed that this strain was

able to tolerate higher doses of the herbicide, and that the determination of the

herbicide by a method developed and validated by high performance liquid

chromatography (HPLC), made it possible to determine the complete

disappearance of mesotrione in the sample after 3 h of exposure. Growth rates

in the treatment with the herbicide were lower than the control, prior to the

period of degradation, showing the toxic effect on the bacterial cells. As regards

defense systems, it was noted that changes in the saturation of the membrane

lipids reduced the damage caused by reactive oxygen species and possibly

hindered the entry of xenobiotics in the cell, as well as activating GST enzyme

activity in the antioxidant system and in the metabolizing process of the

herbicide. Considering that E. coli DH5-α showed no previous contact with

mesotrione, the defense system found in this strain can be considered as

general and non-specific. This strategy may be interesting in the adaptation of

bacterial strains in agricultural soils, which are subject to changing herbicides in

an ever more intense manner.

Keywords: Biodegradation, Callisto, lipid peroxidation, Glutathione-S-

Transferase, lipid saturation.

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Lista de abreviaturas e siglas

AMBA - Ácido benzóico 2-amino-4-metilsulfonil

BSA- Albumina de soro bovino (Bovine serum albumin)

CAT - Catalase

DDT- Dicloro-difenil-tricloroetano

DTT - Ditiotreitol

EDTA - Ácido etileno diamino tetracético

EROs - Espécies reativas de oxigênio

FTIR – Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier (Fourier Transform Infrared Spectroscopy)

GSH – Glutationa reduzida

GST- Glutationa-S-transferase

HPPD- 4-hidroxifenil-piruvato-dioxigenase

LB- Caldo Luria (Luria Broth)

MDA- Malondialdeído

MNBA - Ácido 4-metilsulfonil-2-nitrobenzóico

MM - Meio Mineral

MMC - Meio Mineral com Callisto

MMM - Meio Mineral com mesotrione

-C - Meio Mineral sem Carbono

-CM – Meio Mineral sem Carbono, com mesotrione

NBT- Nitroazul tetrazólio

PBS- Solução tampão de fosfato (Phosphate buffer solution)

PAGE-Eletroforese em gel de poliacrilamida (PoliAcrilamide Gel Electrophoresis)

PCBs – bifenis policlorinados

PVPP – Polivinilpirrolidona

RPM- Rotações por minuto

SOD - Superóxido dismutase

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SDS - Dodecil sulfato de sódio (Sulfate dodecil sodium)

TBA- Ácido 2-tiobarbitúrico

TCA- Ácido tricloroacético

Page 11: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

Sumário

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 12

1.1 Agroquímicos .......................................................................................... 12

1.2 Degradação ............................................................................................ 14

1.3 Sistema de defesa bacteriano ................................................................. 16

1.3.1 Superóxido dismutase ...................................................................... 17

1.3.2 Catalase ............................................................................................ 18

1.3.3 Glutationa S-Transferase .................................................................. 19

1.4 Proteção contra xenobióticos pela membrana bacteriana ...................... 20

1.5 Mesotrione .............................................................................................. 21

2. OBJETIVOS ................................................................................................. 23

3. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................. 24

3.1 Substâncias químicas e reagentes ......................................................... 24

3.1.1 Herbicidas ......................................................................................... 24

3.1.2 Reagentes para cromatografia liquida em alta eficiência (CLAE) ..... 24

3.2 Condições CLAE ..................................................................................... 24

3.3 Linhagem bacteriana ............................................................................... 25

3.4 Validação do método cromatográfico por CLAE ...................................... 25

3.4.1 Seletividade ...................................................................................... 25

3.4.2 Linearidade ....................................................................................... 25

3.4.3 Precisão e exatidão .......................................................................... 25

3.4.4 Limites de detecção e quantificação ................................................. 26

3.4.5 Robustez ........................................................................................... 26

3.5 Condições de crescimento bacteriano ................................................. 26

3.6 Avaliação de degradação do herbicida por CLAE ................................... 27

3.7 Viabilidade celular ................................................................................... 27

3.8 Peroxidação lipídica ................................................................................ 27

3.9 Análise do sistema antioxidante .............................................................. 28

3.9.1 Extração de proteínas para análises de estresse oxidativo .............. 28

3.9.2 Análise protéica por meio de eletroforese em gel de poliacrilamida

(PAGE) ....................................................................................................... 28

3.9.3 Atividade de CAT .............................................................................. 29

3.9.4 Atividade de GST .............................................................................. 29

Page 12: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

3.10 Análise de saturação de lipídeos........................................................... 29

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................... 31

4.1 Desenvolvimento e validação de método por CLAE para determinação da

cinética de degradação do mesotrione ......................................................... 31

4.1.1 Introdução ......................................................................................... 32

4.1.2 Material e métodos ........................................................................... 33

4.1.2.1 Químicos .................................................................................... 33

4.1.2.2 Químicos e condições CLAE ...................................................... 34

4.1.2.3 Validação do método cromatográfico por CLAE ................................ 34

4.1.2.4 Seletividade ................................................................................ 34

4.1.2.5 Linearidade ................................................................................. 34

4.1.2.6 Precisão e exatidão .................................................................... 35

4.1.2.7 Limites de detecção e quantificação ........................................... 35

4.1.2.8 Robustez .................................................................................... 35

4.1.3 Resultados e discussão .................................................................... 35

4.1.3.1 Otimização de condições cromatográficas ................................. 35

4.1.3.2 Metodologia de validação ........................................................... 36

4.1.3.3 Aplicabilidade do método ............................................................ 37

4.1.4 Conclusões ....................................................................................... 38

4.1.5 Referências bibliográficas ................................................................. 38

4.2 Mecanismos de tolerância e alta capacidade de degradação do herbicida

mesotrione pela linhagem E. coli DH5-α ....................................................... 41

4.2.1 Introdução ......................................................................................... 43

4.2.2 Materiais e métodos .......................................................................... 45

4.2.2.1 Linhagem Bacteriana .................................................................. 45

4.2.2.2 Herbicidas ................................................................................... 45

4.2.2.3 Condições de crescimento bacteriano ........................................ 45

4.2.2.4 Avaliação de degradação do herbicida por CLAE ...................... 46

4.2.2.5 Viabilidade celular....................................................................... 47

4.2.2.6 Peroxidação lipídica.................................................................... 47

4.2.2.7 Extração de proteínas para análises de estresse oxidativo ........ 47

4.2.2.8 Análise protéica por meio de eletroforese em gel de poliacrilamida

(PAGE) ................................................................................................... 48

4.2.2.9 Atividade de CAT ........................................................................ 48

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4.2.2.10 Atividade de GST ...................................................................... 48

4.2.2.11 Análise de saturação de lipídeos .............................................. 49

4.2.3 Resultados e Discussão ................................................................... 49

4.2.3.1 Capacidade de degradação do mesotrione por E. coli DH5-α .... 49

4.2.3.2 Caracterização do herbicida mesotrione como agente estressante

............................................................................................................... 52

4.2.3.3 Influência do mesotrione sobre o nível de saturação de lipídeos 54

4.2.3.4 Envolvimento de enzimas antioxidativas na defesa e degradação

do mesotrione ......................................................................................... 55

4.2.4 Conclusões ....................................................................................... 58

4.2.5 Referências bibliográficas ................................................................. 59

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 65

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Agroquímicos

O primeiro passo para o desenvolvimento do mercado de agroquímicos

em um âmbito mundial se deu na descoberta do inseticida DDT (dicloro-difenil-

tricloroetano), em 1944, muito utilizado no controle de insetos causadores de

doenças (como o vetor da malária), controlando diversas epidemias (Ruus et

al., 2010). Posteriormente houve uma corrida no desenvolvimento de novos

agroquímicos, sendo estudados seus efeitos e modos de ação, a fim de

aumentar a potencialidade destas substâncias químicas e implementação

destes no mercado (Armas et al., 2007).

A partir dos anos 60, a população mundial passou de 3 para 6,8 bilhões

de pessoas, e consequentemente aumentou a demanda de alimentos e matéria

prima (Donaldson, 2010). A fim de suprir esta necessidade, foi necessário um

aumento na produtividade na agricultura e um aumento de áreas cultiváveis, e

isto foi acompanhado pelo uso de agroquímicos e fertilizantes (Armas et al.,

2007, Sands et al., 2009). Cerca de 2,27 milhões de toneladas de agroquímicos

são lançados anualmente no ambiente (Vercreaene-Eairmal et al., 2010). Os

herbicidas correspondem a cerca de 50% do total de agroquímicos

comercializados no mundo (Sattin et al., 1995). O Brasil é enquadrado entre os

maiores consumidores mundiais desses pesticidas (Fay et al., 1997), devido a

sua posição de destaque como produtor de alimentos no cenário mundial.

Apesar da utilização de agrotóxicos na agricultura ter beneficiado a

produtividade de culturas, surgiram algumas preocupações quanto aos efeitos

adversos destes químicos (Jiang et al., 2008), uma vez que apenas 0,1%

destes atingem seus alvos específicos e, portanto, grande parte permanece no

ambiente (Lopez-Perez et al., 2006; Martins et al., 2007; Sharma et al., 2010).

Os resíduos dos pesticidas no solo podem causar injúrias a plantas sensíveis

em um sistema de rotação de culturas, serem absorvidos por culturas

subsequentes, inibir o crescimento de microrganismos benéficos ou contaminar

águas, sendo passíveis de causar efeitos prejudiciais à saúde humana (com

efeitos mutagênicos, carconogênicos, citotóxicos, genotóxicos e imunotóxicos)

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e à fauna de habitats próximos aos campos tratados (Blanco, 1979; Yeh et al.,

2005; Giordano et al., 2007; Chen et al., 2009). Os efeitos fitotóxicos dos

agroquímicos podem atingir macrófitas aquáticas, como Lemma spp. (Aliferis et

al., 2009), Elodea canadensis, Myriophyllum spicatum, e Potamogeton lucens,

em suas taxas fotossintéticas (Knauert et al., 2010).

Van der Linden et al. (2009), consideram que os métodos atuais de

avaliação das taxas de lixiviação de herbicidas podem estar subestimando

estes valores. Pesticidas e biocidas podem ser deslocados a partir dos sítios de

aplicações por diferentes mecanismos. Estes compostos, quando encontrados

em águas superficiais, por exemplo, podem ser perigosos, atingindo

organismos que não deveriam ser seus alvos primários (Wittmer et al., 2010).

Além disto, segundo Vörösmarty et al. (2010), aproximadamente 80%

da população humana está exposta a pesticidas presentes na água. Alguns

estudos tem relatado a presença de agroquímicos em diversos alimentos,

principalmente frutas e legumes, em níveis acima dos recomendados pela

União Européia (UE), Organização mundial da saúde (OMS) e Organização

das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) (Jardim; Andrade;

Queiroz, 2009; Sharma et al., 2010).

Alguns efeitos adversos já foram comprovados em herbicidas

específicos, como na classe s-triazinas, causando problemas sexuais em

sapos, e causando vômitos, diarreias, câncer de próstata, dentre outros em

humanos (Maclennan et al., 2002; Hayes et al., 2003).

Os herbicidas são pesticidas destinados a eliminar ou impedir o

crescimento de ervas daninhas que prejudicam o crescimento de plantas de

uma lavoura, normalmente sendo utilizados para substituir a capina mecânica

ou manual. Estes agentes químicos agem bloqueando a biossíntese de

aminoácidos, carotenóides ou lipídeos, e bloqueando o fluxo de elétrons no

processo de fotossíntese (Humburg et al., 1989).

O desenvolvimento de plantas resistentes aos herbicidas tem levado os

agricultores a aumentarem a quantidade destes produtos nas lavouras. Além

disso, têm-se usado poucos tipos de substâncias químicas diferentes, como é o

Page 16: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

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caso do Glifosato. Este é um caminho certo para o desenvolvimento de

resistência a herbicidas (Waltz, 2010), além de levar a problemas econômicos,

considerando um gasto maior em agroquímicos.

Caracciolo et al. (2004), demonstraram que herbicidas que não são

completamente degradados na superfície do solo podem ser lixiviados e atingir

águas subterrâneas.

Mesotrione e Callisto podem induzir mudanças na composição de

microbiotas de solo, assim como seus produtos de degradação, AMBA (ácido

2-amino-4-metilsulfonil benzóico) e MNBA (ácido 4-metilsulfonil-2-

nitrobenzóico). Não se trata necessariamente de aumento de linhagens

degradadoras de mesotrione, mas também de linhagens adaptadas ao

mesotrione (Crouzet et al., 2010). Autoridades avaliam quantidades de

mesotrione, AMBA e MNBA para laudos de segurança, como da European

Commission, mas não os seus efeitos sobre a genética e fisiologia de

comunidades bacterianas, solo e águas. Um quadro dinâmico do efeito de

herbicidas em comunidades de plantas e microrganismos de solo, água,

endofíticos e epifíticos, ainda não estão bem elucidados, porém, os dados já

obtidos não são repassadas a comunidades usuárias, como os agricultores, em

que podem ser passadas informações visando maior lucro, considerando uma

diminuição na fertilidade do solo em decorrência da aplicação de herbicidas. É

possível que estes mecanismos de adaptação a herbicidas e transferência

horizontal destes genes possam estar presentes em bactérias fixadoras de

nitrogênio, fungos micorrízicos, linhagens fitopatógenas.

1.2 Degradação

O tempo que um herbicida vai permanecer no solo vai depender de

vários fatores, entre eles a velocidade de degradação destes compostos.

Assim, existe uma grande preocupação com o destino deste agente, o qual

pode migrar dos campos tratados para o ar, para campos não tratados e

diversos corpos de água (Arias-Estévez et al., 2008). A persistência de um

pesticida no solo depende de processos de dissipação, como a degradação,

que pode estar relacionados com o metabolismo microbiano (Nakagawa et al.,

2000).

Page 17: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

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Opções para a descontaminação ambiental envolvem diversas

tecnologias, tais como o uso de sistemas biológicos de tratamento para reduzir

ou transformar esses agentes contaminantes em produtos menos nocivos, que

podem ser integrados nos ciclos biogeoquímicos naturais. A biodegradação é a

decomposição de um material em componentes mais simples, por meio de

organismos vivos. Os microrganismos podem degradar xenobióticos de forma

aeróbica ou anaeróbica. Em alguns casos pode ocorrer a utilização destas

substâncias como fonte de nutrientes após a degradação, processo

denominado catabolismo. Porém, pode ocorrer o cometabolismo em que são

necessárias outras fontes de carbono e de nutrientes para que a ocorra

degradação (Penny et al., 2010; Zablotowics et al., 2001), não ocorrendo a

utilização do xenobiótico como fonte de nutrientes para o crescimento do

microrganismo, mas sim metabolizado em conjunto com outros substratos

(Briceño et al., 2007). A biorremediação é um processo biotecnológico que

consiste em inocular no solo, ou em outro ambiente, microrganismos capazes

de metabolizar os xenobióticos, transformando-os em produtos menos tóxicos

ao meio ambiente. A decomposição biológica dos pesticidas é a mais

importante e a melhor forma de remover esses xenobióticos do ambiente

(Dabrowska et al., 2004).

A biorremediação tem sido muito usada contra os contaminantes bifenils

policlorinados - PCBs (contaminantes oriundos de capacitores e

transformadores), inclusive pesticidas e herbicidas. Geralmente são usados

microrganismos destes ambientes, inclusive em solo contaminado por

herbicidas, para o manejo de controle destes xenobióticos (Toro et al., 2006).

Bioaumentação é um tipo de processo de biorremediação e consiste na

adição de microrganismos em uma área contaminada com determinado

xenobiótico, para aumentar a taxa de degradação do mesmo, aproveitando-se

da capacidade metabólica das linhagens adicionadas. Também pode ser

utilizada a transferência de plasmídeos contendo os genes de degradação para

comunidades naturais de microrganismos. Entretanto, estas populações

normalmente diminuem em número devido a estresses bióticos e abióticos

(Juhanson et al., 2009).

Page 18: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

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É relatado para alguns herbicidas genes específicos envolvidos nos

processos de degradação, como no caso da atrazina. Para a bactéria

Pseudomonas sp. ADP, a via de degradação é codificada por dois conjuntos

gênicos, determinando a necessidade de genes específicos para a degradação

da atrazina (Sene et al., 2010). Já para o herbicida mesotrione, existe a

dificuldade de isolamento de genes específicos, como citado por Durand et al.

(2006) e Pileggi et al. (2012), sendo levantada a hipótese da inexistência de

genes específicos, reportando uma possível utilização de enzimas com funções

gerais, como no caso do citocromo P-450 e glutationa S-tranferase (Nagy et al.,

1995; Guengerich, 1995).

Ding et al. (2009), demonstraram alterações na estrutura da microbiota

de solo após a aplicação de PCBs, aumentado o nível de degradação destes

compostos. Esta degradação depende da inter-relação planta-microrganismo-

solo. Resultados semelhantes foram encontrados para microbiotas bacterianas

em aquíferos contaminados com hidrocarbonetos aromáticos (BTEX) (Müller et

al., 2009). Alterações em comunidades bacterianas também foram observadas

com a utilização de bromoxinil em solo, aumentando-se o número de linhagens

degradadoras. Entretanto, com o aumento do número de aplicações deste

herbicida, observou-se uma inibição na degradação (Baxter; Cummings, 2008).

1.3 Sistema de defesa bacteriano

A exposição de microrganismos a compostos tóxicos pode levar a uma

resposta de indução ao estresse oxidativo (Konda; Pásztor, 2001). O aumento

na concentração de espécies reativas de oxigênio (EROs) para níveis que

excedem a capacidade de defesa celular caracteriza o estresse oxidativo

(Mahalingam; Federoff, 2003). Os produtos do metabolismo aeróbico são

altamente reativos, como radical superóxido (O2-•), peróxido de hidrogênio

(H2O2) e o radical hidroxila (OH-•). Os alvos biológicos da alta reatividade das

EROs são DNA, RNA, proteínas e lipídios (Cabiscol et al., 2000).

Para minimizar estes efeitos danosos resultantes da ação dessas

espécies, os organismos aeróbios desenvolveram mecanismos capazes de

combater a produção de EROs, denominado de sistema antioxidante de

defesa, o qual pode ser dividido em não-enzimático e enzimático. As defesas

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não-enzimáticas incluem compostos com propriedade intrínseca antioxidante,

como o β-caroteno, α-tocoferol (vitamina E), glutationa reduzida (GSH) e ácido

ascórbico, NADPH e NADH, moléculas que ajudam a manter o ambiente

redutor. Já os mecanismos enzimáticos envolvem a superóxido dismutase,

catalase, peroxidases, glutationa redutase, entre outras enzimas (Scandalios,

2005).

Alguns pesticidas tem a capacidade de interagir com a membrana

celular, principalmente em bactérias, inativando enzimas de extrema

importância, como por exemplo, as envolvidas na cadeia transportadora de

elétrons (Krayl et al., 2003). Porém, as linhagens tolerantes e/ou degradadoras

desenvolvem sistemas para resistir aos xenobióticos, e um deles é aumentar a

produção ou atividade de enzimas do sistema antioxidante, ou até mesmo para

a degradação do xenobiótico (Li et al., 2009).

1.3.1 Superóxido dismutase

A enzima superóxido dismutase (SOD) é uma enzima que faz parte do

grupo das metaloproteínas que catalisa a dismutação do radical superóxido

(O2), sendo considerada a primeira linha de defesa celular contra as EROs. O

radical superóxido é um dos radicais mais abundantes produzidos em sistemas

biológicos, sendo o primeiro a ser formado pela redução do oxigênio por um

único elétron. Em bactérias, ocorre uma formação de radical superóxido

proveniente principalmente da cadeia transportadora de elétrons (Imlay, 2008).

Existem diversos problemas envolvidos com a presença do radical superóxido

nas células, como inativar enzimas como a catalase e a glutationa peroxidase,

porém, pode ocorrer a reação de Fenton, em que ocorre a formação do radical

hidroxila, que é considerado um dos radicais com maior potencial oxidante,

podendo reagir com qualquer molécula orgânica (Barreiros; David; David,

2006).

(Reação de Fenton): O2 – + Fe3+ → O2 + Fe2+

H2O2 + Fe2+→OH.+ OH

A principal importância da SOD se dá por ser considerada a única

enzima cuja atividade controla a concentração de O2 e H2O2, os dois

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18

substratos da reação de Haber-Weiss que origina os radicais OH e

provavelmente por isso, as SODs representam o mecanismo de defesa central

dos organismos vivos (Ryan et al., 2010). As enzimas de SOD são

classificadas de acordo com o cofator metal presente em seu sítio ativo,

podendo ser diferenciadas em manganês (Mn) ou ferro (Fe), cobre/zinco

(Cu/Zn) e níquel (Ni) (Gratão et al., 2005).

Nas linhagens de Escherichia coli, a enzima Mn-SOD apresenta síntese

induzida pela presença do oxigênio, pelo radical superóxido e por mudanças

nas fases de crescimento bacteriano (Demple, 1991), por outro lado a síntese

de Fe-SOD não é dependente das condições do crescimento bacteriano, sendo

produzida constitutivamente em uma taxa basal. Estas duas isoenzimas são

encontradas no citoplasma bacteriano e aparentam sobreposição de papéis na

detoxificação celular (Youn et al., 1996). Já a enzima Cu/Zn-SOD localiza-se na

região periplasmática da célula. Devido a sua carga negativa, o radical

superóxido é incapaz de penetrar membranas, as SOD’s periplasmáticas e

associadas à membrana tem sido propostas como prováveis defensoras da

célula contra O2- de origem exógena (Steinman, 1997). Este sistema de

detoxificação se mostra vantajoso para patógenos intracelulares, já que células

fagocitárias produzem uma gama de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio.

Diferentemente das outras isoformas de SOD citadas, a enzima Cu/Zn-SOD

não se faz necessária para o crescimento bacteriano em condições de

laboratório e aparentemente não desempenha papel na detoxificação de O2-

endógeno. A isoforma Ni-SOD é encontradas em uma fração citosólica das

bactérias do gênero Streptomyces, em actinomicetos, tais como

Micromonospora rosaria, Microtetraspora glauca, Kitasatospora griseola e em

algumas cianobactérias (Kim et al., 1996; Kanth; Oh; Sohng, 2010).

1.3.2 Catalase

A atividade da superóxido dismutase na eliminação do radical

superóxido acarreta na formação de outras espécies reativas de oxigênio,

sendo o peróxido de hidrogênio o principal (Gonzalez-Flecha; Demple, 1995).

O principal problema da presença do peróxido de hidrogênio é a capacidade de

oxidar proteínas que apresentam resíduos de metionina e cisteína, ou grupos

Page 21: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

19

tiol muito reativos, além de conseguir reagir e transpor membranas, gerando o

radical hidroxil, considerado uma das EROs mais prejudiciais as células

(Barreiros et al., 2006).

A função mais importante da catalase é impedir a formação do radical

hidroxil, e devido a ampla distribuição e capacidade de degradar rapidamente o

peróxido de hidrogênio, foi levantada a importância desta enzima para a

sobrevivência de organismos aeróbicos (Imlay, 2008). Ela converte duas

moléculas de H2O2 em O2 e duas moléculas de água, pela transferência de

dois elétrons:

2 H2O2 → O2 + 2H2O

Porém, o modo de ação das catalases depende da concentração de

peróxido de hidrogênio, podendo ser peroxidativas e catalíticas. Em baixas

concentrações (< 1 µM) a CAT atua com ações peroxidativas, e em elevadas

concentrações, atua rapidamente de forma catalítica, formando H2O e O2

(Scandalios, 2005).

Dentre todas as enzimas com capacidade de degradar H2O2, a catalase

é a única que não necessita de componentes adicionais da célula, além de ser

a forma mais eficiente de eliminação do peróxido de hidrogênio, não ocorrendo

a saturação da enzima, independente da concentração (Scandalios, 2005).

1.3.3 Glutationa S-Transferase

A Glutationa S- Transferase (GST) é fundamental na desintoxicação

celular, estando envolvida em diversos processos, como a degradação de

xenobióticos, proteção contra estresse químico e oxidativo e resistência a

antibióticos (Allocati et al., 2009).

O modo de ação das GSTs ocorre pela conjugação do grupo tiol da

glutationa reduzida (GSH) para diversos substratos hidrofóbicos eletrolíticos

(Hayes; Jowsey, 2005) (Fig. 1)

Page 22: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

20

Figura 1 – Enzima GST via conjugação GSH com o substrato 1-cloro-2,4

dinitrobenzeno (CDNB )

As GSTs apresentam dois sítios de ligação, o sítio G que apresenta

afinidade pela GSH (específico), e o sítio H, que apresenta afinidade para o

substrato eletrofílico adjacente. Por meio de técnicas de imunolocalização, foi

demonstrado que essa enzima é preponderantemente localizada no

compartimento periplasmático de bactérias (Allocati et al., 2009).

As GSTs são capazes de detoxificar diversas classes de pesticidas.

Estas enzimas estão envolvidas na primeira etapa da biodegradação do

herbicida atrazina com a remoção do átomo de cloro a partir da conjugação

atrazina-GSH (Labrou et al., 2005).

1.4 Proteção contra xenobióticos pela membrana bacteriana

Alterações na composição de meios de cultura, ou até mesmo a adição

de determinados químicos (como xenobióticos), necessitam de algumas

respostas específicas no metabolismo de microrganismos. Em relação a

herbicidas, além da resposta das enzimas envolvidas no sistema antioxidante,

é evidenciado um sistema de defesa pela alteração na composição dos lipídeos

de membrana, e consequente mudança na saturação e permeabilidade

seletiva, observado principalmente em bactérias Gram-negativas (Heipeiper et

al., 1994; Petersen et al., 1994).

A alteração de saturação de lipídeos foi evidenciada em Staphylococcus

haemolyticus na presença de tolueno, benzeno e ciclohexeno, acarretando um

aumento na fluidez de membrana (Nielsen et al., 2005). Em bactérias Gram-

positivas foi relatado, como Bacillus sp. ORAs2 na presença de tolueno e

Rhodococcus erythropolis DCL14 na presença de alcanos, alcenos e terpenos,

aumento na saturação de lipídeos de membranas (de Carvalho; da Fonseca,

2005; Pepi et al., 2008).

Page 23: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

21

Segundo Balangue et al. (2001), em um estudo com Escherichia coli

HB101 em contato com o herbicida 2,4-D demonstraram a diminuição na

fluidez de membrana, e provavelmente uma diminuição nos danos na

membrana. Dados semelhantes foram obtidos por Sánchez et al. (2005), em

que a linhagem Klebsiella planticola DSZ, em contato com etanol ou o herbicida

simazine, apresentou uma diminuição na saturação de lipídeos de membrana,

alterando a taxa de permeabilidade seletiva, possivelmente como um sistema

de defesa.

A mudança de saturação dos lipídeos de membrana seria uma possível

resposta adaptativa em bactérias para suportar um ambiente estressante

induzido pelo herbicida, para evitar maiores danos celulares, já que as EROs

têm a capacidade de reagir com ácidos graxos insaturados (Lima e Abdala,

2001).

1.5 Mesotrione

O mesotrione, 2-[2-cloro-(4-metilsulfonil)benzoil]-1,3-ciclohexanediona

(Fig. 2), é um herbicida tricetônico, seletivo, pré e pós-emergente, utilizado para

o controle de algumas ervas daninhas de folhas largas em culturas de milho.

Esta substância foi sintetizada em 1977, quando cientistas observaram que

poucas plantas tinham a capacidade de crescer próximas da planta Callistemon

citrinus (Mitchell et al., 2001). Então o químico que apresentava esta função de

inibir o crescimento de ervas daninha foi isolado e modificado, a fim de

proporcionar maior resistência e potencializar seu efeito (Mitchell et al., 2001).

O Callisto é o herbicida comercial, que apresenta 48% do principio ativo

(mesotrione), e há relatos que o Callisto pode ter efeitos mais tóxicos que o

mesotrione em decorrência dos seus adjuvantes. Os únicos adjuvantes

informados pela Syngenta são benzisotiazolin-1.2-3-one, 1-octanol, poly (oxy-1,

2-etanediil) e alpha-isodecyl-omega-hydroxy-phosphate (Bonnet et al., 2008;

Crouzet et al., 2010).

O herbicida atua inibindo a ação da enzima 4-hidroxifenilpiruvato

dioxigenase (HPPD) Em plantas, esta enzima tem a função de converter

tirosina em plastoquinona e α-tecoferol, sendo assim, interfere na biossíntese

de carotenóides nos cloroplastos (Mitchell et al., 2001; Durand et al., 2006;

Page 24: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

22

Beaudegnies et al., 2009). A inibição da síntese de carotenóides resulta na

perda da fotoproteção clorofila, o que gera decomposição da clorofila pela luz,

levando ao esbranquecimento das folhas das plantas sensíveis, com posterior

necrose e morte dos tecidos vegetais em cerca de 1 a 2 semanas (Lee, 2000;

Felix et al., 2007).

Figura 2: Estrutura do herbicida mesotrione.

A atividade ótima do mesotrione é obtida por meio da eletronegatividade

da molécula, por meio de seus grupamentos metanosulfinil e nitrogênio, nas

posições 2 e 4 na parte benzoil da molécula. Estas estruturas afetam

diretamente a estrutura da enzima HPPD, inibindo-a. Além disso, estes

grupamentos permitem uma maior facilidade na absorção e transporte pelas

plantas daninhas (Mitchell et al., 2001).

A degradação de mesotrione pode gerar dois produtos, o ácido 4-

metilsulfonil-2-nitrobenzóico (MNBA) e o ácido 2-amino-4-metilsulfonilbenzóico

(AMBA), e tem sido demonstrado que estes compostos podem ter uma

toxicidade maior que o mesotrione em si (Batisson et al., 2009; Bonnet et al.,

2008).

Page 25: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

23

2. OBJETIVOS

Avaliar se uma linhagem laboratorial ou não ambiental (Escherichia coli

DH5-α) possui mecanismos de adaptação ao mesotrione, mesmo sem ter

ocorrido contato prévio com este herbicida, e desenvolver e validar um método

cromatográfico por CLAE para determinação da cinética de degradação do

mesotrione.

Page 26: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

24

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Substâncias químicas e reagentes

3.1.1 Herbicidas

A formulação comercial utilizada foi o Callisto, que contém 48% de

mesotrione (ingrediente ativo) e os adjuvantes benzisotiazolin-1.2-3-one, 1-

octanol, poly (oxy-1, 2-etanediil) e alpha-isodecyl-omega-hydroxy-phosphate,

dentre outros (www.syngenta-crop.co.uk). O mesotrione (92% de pureza) foi

cedido pela Syngenta Crop Protection, Greensboro, NC (USA), e o padrão de

mesotrione da Pestanal (Sigma-Aldrich, 99% de pureza) utilizado nos ensaios

em CLAE;

3.1.2 Reagentes para cromatografia liquida em alta eficiência (CLAE)

A solução foi estocada a 4°C. A acetonitrila (J.T.Baker, Philipsburg, PA,

USA) utilizada foi grau CLAE e o ácido fosfórico (Synth, Diadema, SP, Brazil)

utilizado foi reagente P.A. A água foi purificada com sistema Millipore Milli-Q. A

coluna utilizada foi a Eclipse XDB C18 fase-reversa (150 mm × 4.6 mm, 3,5

μm). As análises foram realizadas no sistema de CLAE Waters 2695. A

detecção dos compostos foi monitorada pelo detector foto diodo (detector DAD

200-400 nm) à 254 nm.

3.2 Condições CLAE

O volume de injeção foi de 50 µL com uma fase móvel constituída de

água (acidificada com ácido fosfórico 0,1%- pH 3,2) (A) e acetonitrila (B),

iniciando em 30% B, 30% à 55% B em 15 min, 55 para 100% B em 17 min,

mantendo isocrático até 18 min, depois voltando ao gradiente inicial em 30% B

em 19 min, mantendo isocrático até 29 min (condicionamento da coluna para

nova injeção). As separações foram realizadas à 20°C e um fluxo de 1 mL/min.

A detecção dos compostos foi monitorada pelo detector foto diiodo (detector

DAD 200-400 nm) com acompanhamento em 254 nm.

Page 27: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

25

3.3 Linhagem bacteriana

A cepa de Escherichia coli utilizada para avaliar a degradação do

herbicida mesotrione foi a DH5-α (Genótipo: F-φ80dlacZ∆M15 ∆(lacZYA-argF)

U169 deoR, recA1 endA1 hsdR17 (rk- mk

+) phoA supE44λ- thi-1 gyrA96 relA1).

3.4 Validação do método cromatográfico por CLAE

O método de validação foi realizado de acordo com a resolução

brasileira seguindo os parâmetros de seletividade, linearidade variação da

aplicação, precisão, exatidão, recuperação, limites de detecção (LD) e

quantificação (LQ) (RE 899/2003).

3.4.1 Seletividade

Um detector DAD UV-VIS foi utilizado para identificar o pico e avaliar a

pureza do mesotrione. O tempo de retenção do padrão do mesotrione foi

também utilizado para determinação da seletividade.

3.4.2 Linearidade

A solução padrão utilizado nas análises cromatográficas de mesotrione

foi obtida dissolvendo 100 mg do herbicida (peso molecular: 339,3) em 1,5 mL

de acetonitrila, obtendo-se uma concentração de 196,5 mM. A linearidade do

ensaio foi determinada pela realização de duas curvas de calibração (uma em

solvente e outra em meio de cultura - meio mineral Meio Mineral, contendo 10

mM de tampão fosfato de potássio, pH 7,0; 3 g L-1 de NaNO3; 0,5 g L-1 de

MgSO4; 0,5 g L-1 de KCl; 0,01 g L-1 de FeSO4; 0,04 g L-1 de CaCl2; 0,001 g L-1

de MnSO4; sendo adicionado 0,4 g L-1 de glucose). As curvas de calibração

foram construídas aplicando cinco soluções padrões com concentrações

crescentes do herbicida mesotrione (0,01965 mM, 0,029475 mM, 0,0393 mM,

0,0786 mM e 0,1965 mM), em triplicatas. A curva de calibração foi montada

utilizando o pico da área do herbicida no cromatograma versus a concentração

do composto.

3.4.3 Precisão e exatidão

Para determinar a precisão (intra e inter-dia), três diferentes soluções

foram preparadas nas concentrações de 0,05895 mM, 0,09825 mM e 0,17685

mM do herbicida mesotrione. Estas soluções foram lidas no primeiro, terceiro e

Page 28: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

26

quinto dias depois da preparação da solução, e a exatidão do método foi

avaliada pelo cálculo de retorno das concentrações encontradas

comparativamente com as concentrações teóricas.

3.4.4 Limites de detecção e quantificação

Para determinar o limite de detecção, foi avaliado a concentração de

herbicida em que a área do pico atingisse o valor de três vezes o ruído do

cromatrograma, e o limite de quantificação foi considerado a concentração em

que o valor fosse dez vezes o valor do ruído, considerando também a precisão

nos dados.

3.4.5 Robustez

A solução padrão foi preparado em triplicatas e analisados variando o pH

e a temperatura nas condição da corrida, avaliando a área do pico e o tempo

de retenção.

3.5 Condições de crescimento bacteriano

Os meios utilizados foram: Caldo Luria (LB: 10 g L-1 de triptona, 5 g L-1

de extrato de levedura e 10 g L-1 de NaCl), LB+M (LB com 0,04 mM

mesotrione: 1 × FR [Dose de campo]), LB+C (LB com Callisto, na concentração

equivalente de 0,04 mM de mesotrione), LB+M 10 × (LB com 0,4 mM de

mesotrione) LB+C 10 × (LB com Callisto, na concentração equivalente de 0,4

mM de mesotrione) e crescidos a 37 °C sob agitação de 150 rpm.

O pré-inóculo foi obtido pelo crescimento da linhagem em LB em fase

log de crescimento (5 h de incubação). As células foram centrifugadas durante

10 min. a 8.000 g e lavadas duas vezes com tampão fosfato salino (PBS: 8 g L-

1 de NaCl; 0,2 g L-1 de KCl; 1,44 g L-1 de Na2HPO4; 0,24 g L-1 de KH2PO4). O

pré-inóculo foi transferido para cada tratamento em uma D.O. (densidade

óptica) inicial de 0,05 a 600 nm, sendo diluídas as amostras sempre que as

leituras atingissem valores de aproximadamente 0,6, para minimizar os erros

nas mesmas, sendo os valores multiplicados pelos fatores de diluição

correspondentes.

Page 29: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

27

3.6 Avaliação de degradação do herbicida por CLAE

Para determinar a capacidade de degradação do mesotrione, a linhagem

bacteriana foi crescida em 100 mL de LB em frascos de 250 mL e incubada a

37 °C e agitação de 200 rpm. As células foram coletadas após 10 h e

centrifugadas a 8.000 g durante 10 min. a 4 °C. O precipitado foi lavado duas

vezes com PBS. As células foram então ressuspendidas em 10 mL de meio

mineral (MM, contendo 10 mM de tampão fosfato de potássio, pH 7,0; 3 g L-1

de NaNO3; 0,5 g L-1 de MgSO4; 0,5 g L-1 de KCl; 0,01 g L-1 de FeSO4; 0,04 g L-1

de CaCl2; 0,001 g L-1 de MnSO4; sendo adicionado 0,4 g L-1 de glucose, e 0,04

mM mesotrione [Callisto]), e incubados a 37 °C em agitador orbital (200 rpm).

Alíquotas (1 mL) foram coletadas do meio de cultura em cada hora de

incubação (de 0 a 12 h) e centrifugadas a 13.000 g durante 5 min. O

sobrenadante (0,9 mL) foi congelado (-20 °C) para posterior análise em CLAE.

Antes das análises as amostras foram descongeladas e filtradas em

membranas de 0,22 µm de porosidade para injeção no cromatógrafo.

3.7 Viabilidade celular

O crescimento bacteriano se deu durante 10 h a 37 °C em 1,2 L de LB.

As células foram centrifugadas a 8.000 g durante 10 min. e lavadas duas vezes

com PBS, e divididas em frascos com 50 mL de MM (controle), MMM, -C (MM

sem fontes de carbono), e -CM (MMM com mesotrione como única fonte de

carbono). Todos os frascos foram incubados a 37 °C e retiradas alíquotas de

100 µL nos tempos de 30 min., 3 h e 6 h. As amostras foram diluídas até 10-8,

plaqueadas em LB e incubadas à 37 °C. Após 12 horas foi realizado a

contagem das unidades formadoras de colônia (UFC).

3.8 Peroxidação lipídica

A peroxidação lipídica foi determinada pelos níveis de malondialdeído

(MDA), que são substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (Heath e Packer,

1968). As concentrações de MDA foram monitoradas a 535 e 600 nm e as suas

concentrações foram calculadas utilizando um coeficiente de extinção de 155

mMcm-1.

Page 30: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

28

3.9 Análise do sistema antioxidante

3.9.1 Extração de proteínas para análises de estresse oxidativo

O crescimento bacteriano se deu durante 10 h a 37 °C em 3,6 L de LB.

As células foram centrifugadas a 8.000 g durante 10 min. e lavadas duas vezes

com PBS, e divididas em frascos com 50 mL de MM (controle), MMM, -C (MM

sem fontes de carbono), e -CM (MMM com mesotrione como única fonte de

carbono). Todos os frascos foram incubados a 37 °C e realizadas as extrações

nos tempos de 30 min., 3 h e 6 h.

Para a extração das enzimas, as culturas foram centrifugadas a 8.000 g

durante 10 min. e o precipitado foi macerado com nitrogênio líquido e

homogeneizado (10:1 m/v) em 100 mM de tampão fosfato de potássio (pH 7,5),

contendo 1 mM ethylene-diaminetetra-acetic acid (EDTA), 3 mM DL-

dithiothreitol, e 5 % (m/v) polyvinylpolypyrrolidone (Gomes Júnior et al., 2007),

mantidas sempre a 4°C. O homogeneizado foi centrifugado a 10.000 g durante

30 min., e o sobrenadante foi separado em alíquotas, congeladas a -80 °C para

posteriores análises enzimáticas. A concentração de proteínas foi realizada

pelo método de Bradford (1976), utilizando BSA como padrão.

3.9.2 Análise protéica por meio de eletroforese em gel de poliacrilamida

(PAGE)

A eletroforese foi realizada em géis contendo 12 % de poliacrilamida

com 4% de gel de empilhamento. Para a atividade de superóxido dismutase em

PAGE (SOD-PAGE), o SDS foi eliminado. Uma corrente de 15 mA gel-1 foi

aplicada durante 3 h (gel para atividade de SOD), ou 2 h (gel para perfil

proteico), a 4 °C. Quantidades iguais de proteína (20 µg) foram aplicadas nos

ensaios enzimáticos. Para SDS-PAGE o gel foi lavado em água destilada e

incubado durante a noite em 0,05 % de Coomassie blue R-250 em solução na

proporção de 40:7:53 (v/v/v) de metanol:ácido acético:água e descorado com

sucessivas lavagens utilizando uma solução na proporção de 40:7:53 (v/v/v) de

metanol:ácido acético:água (v/v/v) (Gratão et al., 2008).

A atividade de SOD-PAGE foi realizada de acordo com Beauchamp e

Fridovich (1971) e modificado por Medici et al. (2004), no qual os géis foram

lavados em água destilada e incubados no escuro durante 30 min. em 50 mM

Page 31: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

29

de tampão fosfato de potássio (pH 7,8) contendo 1 mM EDTA, 0,005 mM de

riboflavina, 0,1 mM de nitroblue tetrazolium e 0,03 mM de N,N,N´,N´-

tetramethylethylenediamine. Os géis foram expostos à luz branca e imersos

em água até a revelação das bandas de SOD.

3.9.3 Atividade de CAT

A atividade de CAT foi determinada de acordo com Kraus, Mckersie e

Fletcher (1995). Em uma solução contendo 1 mL de tampão fosfato de potássio

100 mM (pH 7,5) e 2,5 µL H2O2 (solução 30%) e quantificada em

espectrofotômetro a 25°C. A reação foi iniciada com a adição de 25 µL do

extrato proteico e a atividade determinada seguindo a decomposição do H2O2 a

240 nm durante 1 min.

3.9.4 Atividade de GST

A atividade de GST foi quantificada em um solução contendo 900 μL de

tampão fosfato de potássio 100 mM (pH 6,8), na qual foi adicionado 25 μL de 1-

cloro-2,4-dinitrobenzeno (CDNB) 40 mM e 50 μL de Glutationa reduzida (GSH)

0,1 M, e incubada a 30°C (Zablotowicz et al., 1995). A reação iniciou-se com a

adição de 25 μL do extrato proteico, sendo monitorada durante 2 min. a 340

nm.

3.10 Análise de saturação de lipídeos

A linhagem bacteriana foi crescida em 800 mL de LB e incubada a 37°C

sob agitação de 200 rpm. Após 12 h, as amostras foram centrifugadas a 8.000

g durante 5 min. a 4°C. O precipitado foi lavado duas vezes com tampão PBS e

dividido em frascos contendo 50 mL com os meios LB e LB+M, em triplicatas, e

as culturas foram incubadas a 37°C e agitados a 200 rpm. Após 12 h foi

realizada a extração de lipídeos como descrito por Bligh e Dyer (1959), com

modificações. Os lipídeos de membrana foram analisados por espectroscopia

de infravermelho FTIR (Fourier Transform Infrared Spectroscopy) em

transmitância, nos comprimentos de onda de 400 a 4000 cm-1 ( utilizando 100

mg de KBr – Brometo de potássio) e os resultados foram avaliados por meio da

análise de componentes principais (PCA), pelo programa Pirouette v 4,0

Page 32: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

30

(Infometrix, Bothell, WA, EUA) nos comprimentos de onda de 1400 a 3200 cm-

1.

Page 33: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

31

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Desenvolvimento e validação de método por CLAE para determinação

da cinética de degradação do mesotrione

Development and validation of method by HPLC to determination of

kinetic mesotrione degradation

Resumo

O mesotrione é um herbicida seletivo utilizado em culturas de milho para o

controle de ervas daninhas de folhas largas. O objetivo deste trabalho foi

desenvolver um método cromatográfico rápido e eficiente por CLAE-DAD para

determinação da cinética de degradação e quantificação do mesotrione. Para

tanto, um corrida gradiente de 29 minutos foi desenvolvida e validada. O

método validado foi adequadamente aplicado para determinação da cinética de

degradação do mesotrione presente em meio de cultura contendo bactérias E.

coli DH5-α. Foi determinado que amostras de mesotrione após 3 horas de

contato com a bactéria, não eram mais detectadas no meio.

Palavras chave: E. coli DH5-α, herbicida, biodegradação.

Abstract

Mesotrione is a selective herbicide used in corn crops for the control of

broadleaf weeds. The aim of this work was develop a quickly and efficient

method chromatographic by HPLC-DAD to determination of kinetic of

degradation and quantification of mesotrione. For both, a run with gradient of 29

minutes was developed and validate. The validate method was properly applied

to determinate the kinetic of degradation of mesotrione present in culture

medium with E. coli DH5-α strain. It was determinate that samples of

mesotrione later 3 hours of contact with bacteria don’t detect in medium.

Keywords: E. coli DH5-α, herbicide, biodegradation.

Page 34: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

32

4.1.1 Introdução

Estima-se que cerca de 2,27 milhões de toneladas de agrotóxicos são

lançados anualmente no meio ambiente. Apesar da utilização de agrotóxicos

na agricultura ter beneficiado a produtividade de diferentes culturas, surgem

algumas preocupações quanto ao efeito negativo destes compostos (Jiang et

al., 2008), como problemas na saúde em humanos e animais, contaminação de

águas subterrâneas e superficiais, além de prejudicar a microbiota do solo

devido a permanência de grande concentrações destes compostos no solo.

(Lopez-Perez et al., 2006; Sharma et al., 2010; Martins et al., 2007).

Atualmente os herbicidas correspondem a 35% dos agrotóxicos

existentes atualmente no mercado (Vercreaene Eaima et al., 2010), sendo o

mesotrione (princípio ativo do herbicida Callisto) (Fig. 1) um herbicida muito

empregado nas culturas de milho por ser seletivo e indicado para o controle pré

e pós-emergente de plantas daninhas por ser de aplicação sistêmica e

indicado para combater os principais infestantes de folhas largas (Batisson et

al., 2009). É derivado de uma fitotoxina produzida pela planta Callistemon

citrinus, e atua inibindo a enzima 4-hidroxifenilpiruvato dioxigenase (HPPD) dos

organismos alvo, interferindo na síntese de carotenóides (Mitchell et al., 2001).

As linhagens de Bacillus sp. 3B6 e Pantoea ananatis CCT 7673 foram

avaliadas quanto a capacidade de degradação por meio de CLAE, sendo

obtidos degradações nos tempos de 24 e 18h respectivamente, e os

metabólitos caracterizados por LC-MS/MS como o ácido 4-metilsulfonil-2-

nitrobenzoico (MNBA) e ácido 2-amino-4-metilsulfonilbenzoico (AMBA) para a

linhagem de Bacillus sp. 3B6 (Alferness e Wiebe, 2002; Durand et al., 2006),

sendo que AMBA tem demonstrado ser mais tóxico que a molécula original

(Bonnet et al., 2008 e Mitchell et al., 2001). O estudo com Pantoea ananatis

CCT 7673 demonstrou a degradação do herbicida em uma rota diferente à

descrita anteriormente, apresentando provavelmente produtos metabólicos

menos tóxicos que a molécula original (Pileggi et al., 2012).

Page 35: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

33

Figura 1: Molécula do herbicida mesotrione

Os métodos analíticos constituem-se em técnicas rápidas e eficientes

para quantificações e detecções de xenobióticos (Brondi et al., 2004). A

principal forma de análise e detecção de herbicidas no solo, água e para

caracterização da capacidade de degradação de microrganismos é pela

cromatografia liquida de alta eficiência acoplada a um detector UV (CLAE-UV)

(Fernández et al., 2013; Yan et al., 2013), considerada uma ferramenta barata e

de rápida obtenção de resultados. A validação de métodos cromatográficos

vem facilitando a utilização deste meio para quantificação de xenobióticos

(principalmente herbicidas) no ambiente (Beceiro-González et al., 2007;

Rodriguez et al., 2007).

Assim é interesse de muitos grupos de pesquisa estudar novas

metodologias cromatográficas, que permitam a quantificação dos herbicidas

presentes no solo em diferentes concentrações. O presente trabalho tem como

objetivo apresentar o desenvolvimento e validação de um método empregando

HPLC-DAD para quantificação do mesotrione e assim avaliar a cinética de

degradação deste herbicida no meio ambiente.

4.1.2 Material e métodos

4.1.2.1 Químicos

Para experimentos em CLAE foi utilizado o padrão analítico da Pestanal

(Sigma-Aldrich). A solução padrão utilizado nas análises cromatográficas de

mesotrione foi obtida dissolvendo 100 mg do herbicida (Syngenta Crop

Page 36: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

34

Protection, Greensboro, NC (USA), 99% de pureza) em 1,5 mL de acetonitrila,

obtendo-se uma concentração de 196,5 mM. A solução foi estocada a 4°C.

4.1.2.2 Químicos e condições CLAE

A acetonitrila (J.T.Baker, Philipsburg, PA, USA) utilizada foi grau CLAE e

o ácido fosfórico (Synth, Diadema, SP, Brazil) utilizado foi reagente P.A. A água

foi purificada com sistema Millipore Milli-Q. A coluna utilizada foi a Eclipse XDB

C18 fase-reversa (150 mm × 4.6 mm, 3,5 μm). As análises foram realizadas no

sistema de CLAE Waters 2695.

Para a cromatografia liquida de alta eficiência (CLAE) o volume de

injeção foi de 50 µL com uma fase móvel constituída de água (acidificada com

ácido fosfórico 0,1%- pH 3,2) (A) e acetonitrila (B), iniciando em 30 % B, 30 % à

55 % B em 15 min, 55 para 100 % B em 17 min, mantendo isocrático até 18

min, depois voltando ao gradiente inicial em 30 % B em 19 min, mantendo

isocrático até 29 min (condicionamento da coluna para nova injeção). As

separações foram realizadas à 20 °C e um fluxo de 1 mL/min. A detecção dos

compostos foi monitorada pelo detector foto diodo (detector DAD 200-400 nm)

com acompanhamento em 254 nm.

4.1.2.3 Validação do método cromatográfico por CLAE

O método de validação foi realizado de acordo com a resolução

brasileira seguindo os parâmetros de seletividade, linearidade variação da

aplicação, precisão, exatidão, recuperação, limites de detecção (LD) e

quantificação (LQ) (RE 899/2003).

4.1.2.4 Seletividade

Um detector DAD UV-VIS foi utilizado para identificar o pico e avaliar a

pureza do mesotrione. O tempo de retenção do padrão do mesotrione foi

também utilizado para determinação da seletividade.

4.1.2.5 Linearidade

A linearidade do ensaio foi determinada pela realização de duas curvas

de calibração (uma em solvente e outra em meio de cultura). As curvas de

calibração foram construídas aplicando cinco soluções padrões com

concentrações crescentes do herbicida mesotrione (0,01965 mM, 0,029475

Page 37: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

35

mM, 0,0393 mM, 0,0786 mM, 0,1764 e 0,1965 mM), preparadas em triplicatas.

A curva de calibração foi montada utilizando o pico da área do herbicida no

cromatograma versus a concentração do composto.

4.1.2.6 Precisão e exatidão

Para determinar a precisão (intra e inter-dia) foi aplicado três diferentes

soluções preparadas nas concentrações de 0,05895 mM, 0,09825 mM e

0,17685 mM do herbicida mesotrione. Estas soluções foram lidas no primeiro,

terceiro e quinto dias depois da preparação da solução, e a exatidão do método

foi avaliada pelo cálculo de retorno das concentrações encontradas

comparativamente com as concentrações teóricas.

4.1.2.7 Limites de detecção e quantificação

Para determinar o limite de detecção, foi avaliado a concentração de

herbicida em que a área do pico atingisse o valor de três vezes o ruído do

cromatrograma, e o limite de quantificação foi considerado a concentração em

que o valor fosse dez vezes o valor do ruído.

4.1.2.8 Robustez

A solução padrão foi preparado em triplicatas e analisados variando o pH

e a temperatura nas condição da corrida, avaliando a área do pico e o tempo

de retenção.

4.1.3 Resultados e discussão

4.1.3.1 Otimização de condições cromatográficas

A fim de determinar a capacidade de degradação do herbicida

mesotrione por microrganismos, métodos de análise por CLAE, são

empregados. Durand et al. (2006) desenvolveram uma condição

cromatográfica em CLAE, em uma corrida de 40 minutos, usando um fluxo de

0,3 mL/min. e água acidificada (ácido fosfórico, 0,1 % v/v; pH 2.6) e acetonitrila

como solventes. Gradiente: 0–5 min, 5 % B; 5–25 min, 5–95% B; 25–30 min,

95% B; 30–35 min, 95–5% B; 35–40 min, 5% B). Estes pesquisadores

determinaram a presença do herbicida presente em culturas de Bacillus sp.

3B6. Neste trabalho, o método desenvolvido apresentou um tempo otimizado

Page 38: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

36

de análise do mesotrione quando comparado com outros trabalhos

apresentados na literatura, tendo a banda cromatográfica do herbicida em boa

resolução frente os demais componentes da matriz analisada. Com as

condições cromatográficas otimizadas, foi estipulado um protocolo de validação

do método baseado na RDC nº 899/2003 da ANVISA.

4.1.3.2 Metodologia de validação

A curva analítica foi realizada utilizando seis pontos nas concentrações

de 0,01965 mM até 0,1965 mM, incluindo a concentração de 0,0393 mM, que,

de acordo com Pileggi et al. (2012) corresponde a concentração de mesotrione

utilizada em campo. Foi observada linearidade na curva analítica no intervalo

de concentração avaliado para o mesotrione. A equação da reta foi

determinada como sendo y= 307 * x + 110496, com um coeficiente de

correlação de 0,9998 com coeficientes de variação menores que 5% para as

triplicatas dos pontos analisados (Fig. 2).

Figura 2: Curva analítica do herbicida mesotrione por HPLC.

A pureza da banda cromatográfica do mesotrione foi avaliada entre 200-

400 nm para a amostra e o padrão, empregando um detector de diodos e a

seletividade foi estabelecida. A precisão e exatidão do método foram

determinadas realizando a análise de triplicatas de três amostras de

concentrações diferentes das concentrações usadas para montagem da curva

de calibração, em dias não consecutivos. Os resultados demonstraram valores

adequados de precisão e exatidão para os controles de qualidade avaliados

y = 3E+07x + 110496

R² = 0,9998

0

1000000

2000000

3000000

4000000

5000000

6000000

0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25

Áre

a d

o h

erb

icid

a m

eso

trio

ne

Concentração do herbicida mesotrione (mM)

Page 39: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

37

(Tabela 1). Os limites de quantificação e detecção foram 9,825 µM e 0,3 µM,

respectivamente.

A quantificação de pontos abaixo de 0,0393 mM é importante em

experimentos de degradação de herbicidas, pois assim é possível

determinação a concentração do xenobiótico ainda presente no ambiente. A

determinação da estabilidade da amostra no auto-injetor foi avaliada durante 7

dias a 20º C. Observou-se que durante este período a amostra manteve-se

estável apresentando coeficientes de variação dentro dos limites estabelecidos

pela norma, indicando que amostras mantidas até sete dias sob temperatura

ambiente mantém a exatidão na quantificação do mesotrione.

A robustez do método foi avaliada por meio da variação de dois fatores,

temperatura (22 e 25 °C), e pH (3,4 e 3,6). As características e tempo de

retenção das bandas de mesotrione não sofreram variação significativa,

demonstrando que a técnica é robusta sob as condições avaliadas.

Tabela 1: Quantificação de concentrações não presentes na curva padrão.

Repro (mM) CV% Tempo de

retenção Exatidão (%)

0,05895 3,97 9,368 104,1

0,9825 2,71 9,307 102,2

0,17685 3,70 9,354 106,9

4.1.3.3 Aplicabilidade do método

Foi verificada a interferência da matriz (cultivo bacteriano em meio de

cultura) na análise do mesotrione. A solução padrão (0,0393 mM) foi utilizada

(Tabela 2), sendo encontrada boa exatidão em comparação a equação da

curva de calibração. Esta boa relação observada entre a curva feita em

solvente e os dados em cultivo bacteriano, indica que a matriz não interfere na

determinação do mesotrione.

Page 40: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

38

O método validado foi empregado para determinação do mesotrione em

amostras contendo a bactéria E. coli DH5-α.

Algumas bactérias, como Bacillus sp. 3B6 e Pantoea ananatis CCT

7673, apresentam a capacidade de degradar completamente o herbicida em 24

e 17 horas respectivamente (Durand et al., 2006 e Pileggi et al., 2012). Porém

em determinadas condições, o processo de degradação passa a ser menor

como descrito para P.ananatis CCT 7673 cultivada em meio de cultura sem a

disponibilidade de glucose (Pileggi et al., 2012). O método cromatográfico

validado facilita a determinação da concentração do herbicida ainda presente

em meio de cultura, dados que até o momento não foram levados em

consideração em artigos que envolvem a degradação do herbicida mesotrione.

Tabela 2: Especificidade de detecção do herbicida mesotrione.

Concentração Tempo de retenção Exatidão (%)

0,0393 9,374 92,8

0,0393 9,323 98,2

0,0393 9,399 100,5

4.1.4 Conclusões

Foi realizado o processo de validação em HPLC para o herbicida

mesotrione, sendo observado uma linearidade e precisão na detecção do

herbicida nas concentrações de 0,01965 mM até 0,1965 mM, com um

coeficiente de correlação de 0.9998, e estipulados os limites de detecção e

quantificação que irão dar segurança nas análises de degradação ou presença

do herbicida mesotrione em amostras ambientais. Assim, foi proposto uma

metodologia rápida e precisa para detecção do herbicida mesotrione em

amostras ambientais.

4.1.5 Referências bibliográficas

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Page 41: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

39

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Page 42: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

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Page 43: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

41

4.2 Mecanismos de tolerância e alta capacidade de degradação do

herbicida mesotrione pela linhagem E. coli DH5-α

Mechanisms of tolerance and high capacity degradation of the herbicide

mesotrione by the E. coli DH5-α strain

Resumo O uso intensivo de agroquímicos tem assumido um papel relevante no

aumento da produção agrícola, mas um dos impactos gerados é a mudança na

estrutura populacional de microbiotas de solo, que precisam tolerar os

xenobióticos aplicados para sobreviver. Uma pergunta pertinente é se estes

mecanismos são selecionados pela presença de diferentes agroquímicos em

solo, ou se há mecanismos constitutivos de adaptação. O objetivo deste

trabalho foi avaliar o sistema de defesa de uma linhagem não ambiental, a E.

coli DH5-α, em relação ao herbicida mesotrione, com o qual não houve contato

prévio em solo. Resultados obtidos mostraram que esta linhagem foi capaz de

tolerar elevadas doses do herbicida, e a determinação do herbicida por um

método desenvolvido e validado por cromatografia líquida de alta eficiência

(CLAE) demonstrou a não detecção do herbicida mesotrione na amostra após

3 h de exposição. Taxas de crescimento no tratamento com o herbicida foram

menores em relação ao controle nos tempos anteriores ao período de

degradação, mostrando o efeito tóxico sobre as células bacterianas. Como

sistemas de defesa, constataram-se a alteração na saturação dos lipídeos de

membrana, diminuindo os danos causados pelas espécies ativas de oxigênio e

possivelmente dificultando a entrada do xenobiótico na célula, além da atuação

da enzima GST no sistema antioxidante e no processo de metabolização do

herbicida. Considerando que a E. coli DH5-α não apresentou um contato prévio

com o mesotrione, o sistema de defesa encontrado nesta linhagem pode ser

considerado como geral e não específico. Esta estratégia pode ser interessante

na adaptação de linhagens bacterianas em solos agrícolas, os quais são

submetidos a regimes de trocas de herbicidas de maneira cada vez mais

intensa.

Page 44: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

42

Palavras-chave: Callisto, biorremediação, biodegradação de herbicidas,

peroxidação lipídica, Glutationa-S-Transferase, saturação de lipídeos, CLAE.

Abstract

The intensive use of agrochemicals has assumed an important role in

increasing agricultural production; however, one of the impacts has been

changes in population structure of microbiota in the soil, which need to tolerate

the xenobiotics that are applied in order to survive. A pertinent question is

whether these mechanisms are selected by the presence of different

agrochemicals in soils, or if there are constitutive mechanisms of adaptation.

The aim of this study was to evaluate the defense system of an un-

environmental strain, E. coli DH5-α, in relation to the herbicide mesotrione,

which had no prior contact with the soil. The results showed that this strain was

able to tolerate higher doses of the herbicide, and that the determination of the

herbicide by a method developed and validated by high performance liquid

chromatography (HPLC), made it possible to determine the complete

disappearance of mesotrione in the sample after 3 h of exposure. Growth rates

in the treatment with the herbicide were lower than the control, prior to the

period of degradation, showing the toxic effect on the bacterial cells. As regards

defense systems, it was noted that changes in the saturation of the membrane

lipids reduced the damage caused by reactive oxygen species and possibly

hindered the entry of xenobiotics in the cell, as well as activating GST enzyme

activity in the antioxidant system and in the metabolizing process of the

herbicide. Considering that E. coli DH5-α showed no previous contact with

mesotrione, the defense system found in this strain can be considered as

general and non-specific. This strategy may be interesting in the adaptation of

bacterial strains in agricultural soils, which are subject to changing herbicides in

an ever more intense manner.

Keywords: Callisto, bioremediation, biodegradation of herbicides, lipid

peroxidation, Glutathione-S-Transferase, lipid saturation, HPLC.

Page 45: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

43

4.2.1 Introdução

A partir dos anos 60, a população mundial passou de 3 bilhões para 6,8

bilhões de pessoas, e consequentemente aumentou a demanda de alimentos e

matéria prima (Donaldson, 2010). A fim de suprir esta necessidade, foi

necessário um aumento na produtividade da agricultura e um aumento das

áreas cultiváveis, e isto foi acompanhado pelo uso de agroquímicos e

fertilizantes (Armas et al., 2007, Sands et al., 2009). Cerca de 2,27 milhões de

toneladas de agroquímicos são lançados anualmente no meio ambiente, sendo

que 35% correspondem aos herbicidas (Vercreaene-Eairmal et al., 2010).

Apesar da utilização de agrotóxicos na agricultura ter beneficiado a

produtividade de culturas, surgiram algumas preocupações quanto aos efeitos

adversos destes químicos (Jiang et al., 2008), uma vez que apenas 0,1%

destes atingem seus alvos específicos e, portanto, grande parte permanece no

ambiente (Lopez-Perez et al., 2006; Martins et al., 2007; Sharma et al., 2010).

A utilização de microrganismos é a principal estratégia para eliminação

de xenobióticos, principalmente herbicidas, do meio ambiente, sendo alvo de

diversos estudos em biotecnologia (Silva et al., 2007; Martins et al., 2011). A

bioaumentação é uma das técnicas mais utilizadas, no entanto uma ou várias

semanas são necessárias para a eliminação de uma elevada concentração de

herbicidas para níveis mais baixos, como no caso da atrazina em que esta

técnica já é empregada (Wang et al., 2013).

As espécies reativas de oxigênio (EROs), além de fazer parte do

metabolismo aeróbico normal (Scandalios et al., 2005), podem ter sua taxa

aumentada em decorrência da exposição a substâncias tóxicas, como por

exemplo o contato de bactérias com herbicidas (Bhattacharjee, 2005). Um

aumento nas taxas de peróxido de hidrogênio (H2O2), radical superóxido (O2-) e

radical hidroxila (OH•) podem causar danos ao DNA, RNA, proteínas e lipídeos

(Cabiscol et al., 2000; Azevedo et al., 2012). Um eficiente sistema enzimático

antioxidante é a principal linha de defesa para a eliminação das EROs, como

por exemplo a ação de catalases, superóxido dismutases, peroxidases e

glutationa redutases (Gratão et al., 2005). A enzima glutationa S-transferase

(GST), além de participar do sistema da homeostase redox e resposta a EROs

(Allocati et al., 2003), catalisa a conjugação do herbicida com a glutationa,

Page 46: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

44

podendo atuar no processo de degradação de alguns herbicidas, e é também

responsável pela resistência a antibióticos (Allocati et al., 2009).

O mesotrione, princípio ativo do herbicida Callisto, apresenta ação

seletiva e é indicado para o controle pré e pós-emergente de plantas daninhas

na cultura do milho, de aplicação sistêmica, sendo indicado para combater os

principais infestantes de folhas largas (Batisson et al., 2009). Esta molécula é

derivada de uma fitotoxina produzida pela planta Callistemon citrinus, e atua

inibindo a enzima 4-hidroxifenilpiruvato dioxigenase (HPPD), interferindo na

síntese de carotenóides (Mitchell et al., 2001).

Os produtos da degradação do mesotrione pela linhagem Bacillus sp.

foram o ácido 4-metilsulfonil-2-nitrobenzoico (MNBA) e ácido 2-amino-4-

metilsulfonilbenzoico (AMBA) (Alferness e Wiebe, 2002; Durand et al., 2010),

sendo que AMBA foi caracterizado como sendo mais tóxico que a molécula

original (Mitchell et al., 2001; Bonnet et al., 2008). Estudos em Pantoea

ananatis demonstraram a degradação do herbicida em uma rota diferente,

apresentando produtos metabólicos provavelmente menos tóxicos que a

molécula original (Pileggi et al., 2012).

Atualmente as linhagens de E. coli são utilizadas para determinar os

efeitos tóxicos de xenobióticos (Botelho et al., 2012), principalmente por ser

considerado um organismo modelo (Sondi e Salopek-Sondi, 2004) e muito

utilizada em estudos de transmissibilidade de genes em tecnologias do DNA

recombinante (Williams et al., 2009). Até o momento não foram realizados

estudos da capacidade de degradação sem uma modificação prévia da

linhagem.

Tendo em vista o efeito tóxico dos herbicidas em linhagens bacterianas,

tivemos como objetivo avaliar se uma linhagem laboratorial ou não ambiental

(Escherichia coli DH5-α) possui mecanismos de adaptação ao mesotrione,

mesmo sem ter ocorrido contato prévio com este herbicida.

Page 47: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

45

4.2.2 Materiais e métodos

4.2.2.1 Linhagem Bacteriana

A cepa de Escherichia coli utilizada para avaliar a degradação do

herbicida mesotrione foi a DH5-α (Genótipo: F-φ80dlacZ∆M15 ∆(lacZYA-argF)

U169 deoR, recA1 endA1 hsdR17 (rk- mk

+) phoA supE44λ- thi-1 gyrA96 relA1).

4.2.2.2 Herbicidas

A formulação comercial utilizada neste estudo foi o Callisto, que contém

48% de mesotrione (ingrediente ativo) (Fig. 1) e os adjuvantes benzisotiazolin-

1.2-3-one, 1-octanol, poly (oxy-1, 2-etanediil) e alpha-isodecyl-omega-hydroxy-

phosphate, dentre outros (www.syngenta-crop.co.uk). O mesotrione foi cedido

pela Syngenta Crop Protection, Greensboro, NC (USA). Para experimentos em

CLAE foi utilizado o padrão analítico da Pestanal (Sigma-Aldrich).

Figura 1: Estrutura molecular do herbicida mesotrione.

4.2.2.3 Condições de crescimento bacteriano

Os meios utilizados foram: LB (Caldo Luria: 10 g L-1 de triptona, 5 g L-1

de extrato de levedura e 10 g L-1 de NaCl), LB+M (LB com 0,04 mM

mesotrione: 1 × FR [Field Rate]), LB+C (LB com Callisto, na concentração

equivalente de 0,04 mM de mesotrione), LB+M 10 × (LB com 0,4 mM de

mesotrione) LB+C 10 × (LB com Callisto, na concentração equivalente de 0,4

mM de mesotrione) e crescidos a 37°C sob agitação de 150 rpm.

Page 48: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

46

O pré-inóculo foi obtido pelo crescimento da linhagem em LB em fase

log de crescimento (5 h de incubação). As células foram centrifugadas durante

10 min. a 8.000 g e lavadas duas vezes com tampão PBS (Tampão fosfato

salino: 8 g L-1 de NaCl; 0,2 g L-1 de KCl; 1,44 g L-1 de Na2HPO4; 0,24 g L-1 de

KH2PO4). O pré-inóculo foi transferido para cada tratamento em uma O.D.

inicial de 0,05 a 600 nm, sendo diluídas as amostras sempre que as leituras

atingissem valores de aproximadamente 0,6, para minimizar os erros nas

mesmas, sendo os valores multiplicados pelos fatores de diluição

correspondentes.

4.2.2.4 Avaliação de degradação do herbicida por CLAE

Para determinar a capacidade de degradação do mesotrione, a linhagem

foi crescida em 100 mL de LB em frascos de 250 mL e incubada a 37°C em

agitador orbital a 200 rpm. As células foram coletadas após 10 h e

centrifugadas a 8.000 g durante 10 min. a 4°C. O precipitado foi lavado duas

vezes com PBS. As células foram então ressuspendidas em 10 mL de MM

(Meio Mineral, contendo 10 mM de tampão fosfato de potássio, pH 7,0; 3 g L-1

de NaNO3; 0,5 g L-1 de MgSO4; 0,5 g L-1 de KCl; 0,01 g L-1 de FeSO4; 0,04 g L-1

de CaCl2; 0,001 g L-1 de MnSO4; 0,4 g L-1 de glucose, e 0,04 mM mesotrione

[Callisto]), e incubados a 37°C em agitador orbital (200 rpm). Alíquotas (1 mL)

foram coletadas do meio de cultura em cada hora de incubação (de 0 a 12 h) e

centrifugadas a 13.000 g durante 5 min. O sobrenadante (0,9 mL) foi congelado

para posterior análise em CLAE. As amostras foram então filtradas em filtros de

seringa 0,22 µm.As análises foram realizadas em CLAE (Waters Alliance

e2695), complementado pelo detector foto-diodo no comprimento de onda de

254 nm. Foi utilizada a coluna Eclipse XDB-C18, com dimensões de 4,6 mm X

150 a 3,5 µm , para separação, sendo submetida a uma temperatura de 20 oC.

O gradiente da fase móvel iniciou com 70% água (0,1% ácido fosfórico) (A) :

30% Acetonitrila (B); 30% B em 3 min.; 55% B em 15 min.; 100% B em 17 min.;

100% B em 18 min.; 30% B em 19 min. e 30% B em 29 min. O fluxo foi de 1 mL

min-1. O volume de injeção das amostras foi de 50 µL.

Page 49: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

47

4.2.2.5 Viabilidade celular

A bactéria foi crescida durante 10 h a 37°C em 1,2 L de LB. As células

foram centrifugadas a 8.000 g durante 10 min. e lavadas duas vezes com PBS,

e divididas em frascos com 50 mL de MM (controle), MMM, -C (MM sem fontes

de carbono), e -CM (MMM com mesotrione como única fonte de carbono).

Todos os frascos foram incubados a 37°C e retiradas alíquotas de 100 µL nos

tempos de 30 min., 3 h e 6 h. As amostras foram diluídas até 10-8, plaqueadas

em LB e incubadas à 37°C. Após 12 horas foi realizado a contagem da UFC.

4.2.2.6 Peroxidação lipídica

A peroxidação lipídica foi determinada pelos níveis de malondialdeído

(MDA) (substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico) (Heath and Packer, 1968).

As concentrações de MDA foram monitoradas a 535 e 600 nm e as suas

concentrações foram calculadas utilizando um coeficiente de extinção de 155

mMcm-1.

4.2.2.7 Extração de proteínas para análises de estresse oxidativo

A bactéria foi crescida durante 10 h a 37°C em 3,6 L de LB. As células

foram centrifugadas a 8.000 g durante 10 min. e lavadas duas vezes com PBS,

e divididas em frascos com 50 mL de MM (controle), MMM, -C (MM sem fontes

de carbono), e -CM (MMM com mesotrione como única fonte de carbono).

Todos os frascos foram incubados a 37°C e realizadas as extrações nos

tempos de 30 min., 3 h e 6 h.

Para a extração das enzimas, as culturas foram centrifugadas a 8.000 g

durante 10 min. e o precipitado foi macerado com nitrogênio líquido e

homogeneizado (1:10 m/v) em 100 mM de tampão fosfato de potássio (pH 7,5),

contendo 1 mM ethylene-diaminetetra-acetic acid (EDTA), 3 mM DL-

dithiothreitol (DTT), e 5% (m/v) polyvinylpolypyrrolidone (PVPP) (Gomes Júnior

et al., 2007), mantidas sempre a 4°C. O homogeneizado foi centrifugado a

10.000 g durante 30 min., e o sobrenadante foi separado em alíquotas,

congeladas a -80°C para posteriores análises enzimáticas. A concentração de

proteínas foi realizada pelo método de Bradford (1976), utilizando BSA como

padrão.

Page 50: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

48

4.2.2.8 Análise protéica por meio de eletroforese em gel de poliacrilamida

(PAGE)

A eletroforese foi realizada em géis contendo 12% de poliacrilamida com

4% de gel de empilhamento. Para SOD-PAGE, o SDS foi eliminado. Uma

corrente de 15 mA gel-1 foi aplicada durante 3 h (gel para atividade de SOD), ou

2 h (gel para perfil proteico), a 4°C. Quantidades iguais de proteína (20 µg)

foram aplicadas nos ensaios enzimáticos. Para SDS-PAGE o gel foi lavado em

água destilada e incubado durante a noite em 0,05% de Coomassie blue R-250

em solução na proporção de 40:7:53 de metanol:ácido acético:água (v/v/v) e

descorado com sucessivas lavagens utilizando uma solução na proporção de

40:7:53 de metanol:ácido acético:água (v/v/v) (Gratão et al., 2008).

A atividade de SOD-PAGE foi realizada de acordo com Beauchamp e

Fridovich (1971) e modificado por Medici et al. (2004), no qual os géis foram

lavados em água destilada e incubados no escuro durante 30 min. em 50 mM

de tampão fosfato de potássio (pH 7,8) contendo 1 mM EDTA, 0,005 mM de

riboflavina, 0,1 mM de nitroblue tetrazolium e 0,3% de N,N,N´,N´-

tetramethylethylenediamine. Para controle da reação foi utilizado uma unidade

de SOD de fígado bovino (Sigma). Os géis foram expostos à luz branca e

imersos em água até a revelação das bandas de SOD.

4.2.2.9 Atividade de CAT

A atividade de CAT foi determinada de acordo com Kraus, Mckersie e

Fletcher (1995). Em uma solução contendo 1 mL de tampão fosfato de potássio

100 mM (pH 7,5) e 2,5 µL H2O2 (solução 30%) e quantificada em

espectrofotômetro a 25°C. A reação foi iniciada com a adição de 25 µL do

extrato proteico e a atividade determinada seguindo a decomposição do H2O2 a

240 nm durante 1 min.

4.2.2.10 Atividade de GST

A atividade de GST foi quantificada em um solução contendo 900 μL de

tampão fosfato de potássio 100 mM (pH 6,8), na qual foi adicionado 25 μL de 1-

cloro-2,4-dinitrobenzeno (CDNB) 40 mM e 50 μL de Glutationa reduzida (GSH)

Page 51: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

49

0,1 M, e incubada a 30°C (Zablotowicz et al., 1995). A reação iniciou-se com a

adição de 25 μL do extrato proteico, sendo monitorada durante 2 min. a 340

nm.

4.2.2.11 Análise de saturação de lipídeos

A linhagem bacteriana foi crescida em 800 mL de LB e incubada a 37°C

sob agitação de 200 rpm. Após 12 h, as amostras foram centrifugadas a 8.000

g durante 5 min. a 4°C. O precipitado foi lavado duas vezes com tampão PBS e

dividido em frascos contendo 50 mL com os meios LB e LB+M, em triplicatas, e

as culturas foram incubadas a 37°C e agitados a 200 rpm. Após 12 h foi

realizada a extração de lipídeos como descrito por Bligh e Dyer (1959), com

modificações. Os lipídeos de membrana foram analisados por espectroscopia

de infravermelho FTIR (Fourier Transform Infrared Spectroscopy) em

transmitância, nos comprimentos de onda de 400 a 4000 cm-1 e os resultados

foram avaliados por meio da análise de componentes principais (PCA), pelo

programa Pirouette v 4,0 (Infometrix, Bothell, WA, EUA) nos comprimentos de

onda de 1400 a 3200 cm-1.

4.2.3 Resultados e Discussão

4.2.3.1 Capacidade de degradação do mesotrione por E. coli DH5-α

As linhagens de E. coli são consideradas modelo em estudos com

bactérias (Sondi e Salopek-Sondi, 2004). Trabalhos vêm utilizando a linhagem

E. coli DH5-α como receptora de material genético, sendo uma das linhagens

mais utilizadas como ferramenta da tecnologia do DNA recombinante (Williams

et al., 2009; Souza et al., 1995; Penna et al., 2004). Assim, consideramos esta

linhagem como laboratorial ou não ambiental, e sem contato prévio com

herbicidas.

O efeito do mesotrione e do Callisto sob o crescimento da linhagem E.

coli DH5-α foi avaliado nas concentrações de 0,04 mM (dose de campo) e 0,4

mM (10 × mais concentrado) (Fig. 2).

Page 52: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

50

Figura 2: Curvas de crescimento de E. coli DH5-α no controle (LB), e nos tratamentos

LB+M, LB+C, LB+M 10 × e LB+C 10 ×, considerando O.D. de 600 nm.

Observou-se que a E. coli DH5-α não apresentou diferenças

significativas de crescimento, mesmo em concentrações de herbicida 10 × (Fig.

2). A avaliação in vitro de efeitos de toxicidade de herbicidas demonstram um

efeito negativo no crescimento de linhagens de E. coli, principalmente em

doses elevadas (Botelho et al., 2012), além de servir como modelo para

identificação dos genes e atividades enzimáticas envolvidas no sistema anti-

oxidante de forma geral (Greenberg et al. 1990; Isarankura-Na-Ayudhya et al.,

2010; Lizuka, 1989). Até o momento não foram realizados estudos envolvendo

a capacidade de metabolização de herbicidas em linhagens não ambientais,

como a E. coli DH5-α.

Segundo Batisson et al. (2009), o mesotrione em altas concentrações

pode alterar a comunidade microbiana, selecionando linhagens tolerantes ou

degradadoras do herbicida. Foram descritas as linhagens Bacillus sp. 3B6

(Durand et al., 2006) e P. ananatis CCT 7673 (Pileggi et al., 2012), com

capacidade de degradar o mesotrione em 24 h e 18 h, respectivamente. Já a E.

coli DH5-α consegue biotransformar 100% do herbicida em apenas 3 h de

exposição em MMM (Fig. 3), e 76% em -CM (dados não mostrados). P.

ananatis CCT 7673 não apresentou capacidade de metabolizar o herbicida sem

a presença de carbono. A degradação de herbicidas, inclusive em baixas

concentrações de carbono, é de interesse biotecnológico.

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

0 1 2 3 4 5 6 7 8

D.O

.

Tempo (horas)

LB

LB+M

LB+C

LB+M 10x

LB+C 10x

Page 53: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

51

Figura 3: Cromatogramas indicando a degradação do mesotrione por E. coli DH5-α.

Painel superior: 0 h de incubação em MMM. Painel inferior: 3 h de incubação em

MMM. Pico do mesotrione observado no tempo de retenção de 9,65 min.

Nos estudos de degradação do mesotrione em solo, foi observado que a

maior taxa de degradação ocorre com a aplicação de 10 × e 100 × a dose de

campo, tanto do mesotrione quanto do Callisto (Crouzet et al., 2010), porém P.

ananatis CCT 7673 (linhagem isolada de água) foi capaz de metabolizar

totalmente o herbicida mesotrione, mas não apresentou a capacidade de

crescer em contato com o herbicida em doses elevadas (Pileggi et al., 2012). E.

coli DH5-α foi capaz de crescer e degradar o herbicida em 10 × FR e em um

menor período de incubação. Esta capacidade de tolerância pode ser explicada

pela rápida metabolização, considerando que o processo de degradação se dá

assim que a linhagem entra em contato com o xenobiótico, diminuindo o tempo

de exposição da bactéria ao químico, iniciando a fase exponencial de

crescimento (aproximadamente 1,5 h após inóculo inicial) (Fig. 2) no momento

em que o herbicida se encontra em uma concentração mais baixa

(aproximadamente 30% da concentração inicial), como demonstrado na

cinética de degradação (Fig. 4).

Page 54: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

52

Figura 4: Cinética de degradação de mesotrione por E. coli DH5-α.

Trabalhos desenvolvidos com o herbicida mesotrione relatam a

dificuldade de encontrar genes específicos para a degradação deste herbicida

(Durand et al., 2006; Pileggi et al., 2012). De acordo com Pileggi et al. (2012),

as linhagens E. coli DH5-α, TOP 10, e K-12 apresentaram a capacidade de

metabolizar o herbicida, e por se tratarem de linhagens desenvolvidas em

laboratório, sem contato prévio com o mesotrione, tal fato pode indicar que não

houve pressão para seleção de genes específicos para a degradação deste

herbicida.

4.2.3.2 Caracterização do herbicida mesotrione como agente estressante

A fim de verificar os danos que o mesotrione pode causar no

crescimento da E. coli DH5-α, foi avaliada a sua viabilidade celular, nas

mesmas condições de crescimento para extração de proteínas (Fig. 5).

Constatou-se que o desaparecimento do herbicida mesotrione se dá em 3 h de

exposição (Fig. 3), e que o processo de metabolização é iniciado na primeira

hora (Fig. 4), portanto a linhagem de E. coli DH5-α ainda está em contato com

o herbicida no tempo de 30 min. Neste período podemos observar que ocorre

uma diminuição de viabilidade celular nos tratamentos com a presença do

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Deg

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açã

o (%

)

Tempo (horas)

Page 55: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

53

herbicida (MMM e -CM), se comparado com os controles (MM e -C) (Fig. 5),

indicando um efeito tóxico do herbicida sobre a E. coli DH5-α. Nos períodos de

3 e 6 h observou-se uma equiparação nas taxas de viabilidade em todos os

tratamentos, provavelmente devido à capacidade de suporte nutricional do

meio mineral para a linhagem de E. coli DH5-α.

Figura 5: Viabilidade celular de E. coli DH5-α em MM, e nos tratamentos MMM, -C e -

CM, nos períodos de 30 min., 3 h e 6 h.

Em um estudo realizado por Botelho et al. (2012), entre várias

formulações comerciais de herbicidas amplamente utilizadas, apenas o

herbicida paraquat diminuiu o crescimento da linhagem E. coli ATCC 25922. No

presente estudo doses de campo (1× FR) do mesotrione, que é considerado

menos tóxico que o herbicida comercial (Mitchell et al., 2001), diminuiu a

viabilidade de E. coli DH5-α no período de 30 min. nos tratamentos com a

presença do herbicida mesotrione (MM e -CM) (Fig. 5).

Balagué et al. (2000) utilizaram as doses de 2 mM, 1 mM, 0,1 mM, e

0,01 mM do herbicida 2,4-D em leituras em espectrofotômetro, verificando

inibição do crescimento de E. coli HB101 apenas na dose de 2 mM. Os dados

de crescimento (Fig. 2) não demonstraram diferenças nem mesmo em taxas de

10 × a dose de campo, tanto com o herbicida comercial, como com o seu

princípio ativo. Estes resultados indicam a importância de estudos envolvendo

viabilidade celular, pois pequenas taxas de variação no crescimento podem não

ser detectadas em espectrofotômetro.

11,2

11,3

11,4

11,5

11,6

11,7

11,8

11,9

12,0

12,1

MM MMM -C -CM MM MMM -C -CM MM MMM -C -CM

30 min. 3 h 6 h

Lo

g U

FC

mL

-1

Page 56: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

54

A taxa de MDA é utilizada como indicador da peroxidação lipídica em

diversos estudos que envolvem estresse oxidativo (Lima e Abdalla, 2001). Em

E. coli DH5-α, no período de 30 min., no qual o mesotrione ainda permanece

no meio de cultura, o tratamento -CM apresentou menores taxas de danos na

membrana (Fig. 6). Apesar da viabilidade celular ser afetada com a presença

de mesotrione (Fig. 5), as taxas de MDA nos três tempos analisados não

apresentaram um aumento na taxa de peroxidação lipídica nos tratamentos -

CM. Já nos tratamentos MMM, em todos os tempos ocorreu um aumento do

MDA, demonstrando efeitos tóxicos por EROs.

Figura 6: Níveis de MDA em E. coli DH5-α em MM, e nos tratamento MMM, -C e -CM,

nos períodos de 30 min, 3 h e 6 h, respectivamente.

4.2.3.3 Influência do mesotrione sobre o nível de saturação de lipídeos

Análises de espectrograma de infravermelho mostraram alterações na

estrutura dos lipídeos de membrana da linhagem de E. coli DH5-α, na presença

do herbicida mesotrione (Fig. 7). Segundo Böger et al. (2000), um aumento na

proporção de ácidos graxos insaturados na membrana celular de bactérias

tornam mais susceptíveis o ataque por EROs, induzindo taxas maiores de

MDA. Estas alterações nos lipídeos de membrana ocorrem nos herbicidas da

classe cloroacetanilidas. O estudo realizado por Balangué et al. (2000) com a

linhagem de E. coli HB101 e o 2,4-D demonstrou que a toxicidade do herbicida

pode reduzir a fluidez da membrana bacteriana, consequentemente alterarando

os resultados de MDA, como uma estratégia de defesa contra as EROs. Dados

semelhantes foram verificados por Sánchez et al. (2005), em que a linhagem

Klebsiella planticola DSZ, em contato com etanol ou o herbicida simazine,

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

MM MMM -C -CM MM MMM -C -CM MM MMM -C -CM

30 min. 3 h 6 h

Qu

anti

fica

ção

de

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mo

l/ m

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a f

resc

a)

Page 57: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

55

apresentou uma diminuição na saturação de lipídeos de membrana, alterando

a taxa de permeabilidade seletiva, possivelmente como um sistema de defesa.

No presente estudo, tal alteração na constituição dos lipídeos de membrana de

E. coli DH5-α pode explicar a diminuição da taxa de MDA nos tratamentos sem

carbono com a presença do herbicida mesotrione (Fig. 6), já que os dados na

viabilidade celular (Fig. 5) mostraram que a presença do herbicida mesotrione

causam danos à bactéria no tempo de 30 min. Além da defesa contra EROs, a

alteração na permeabilidade seletiva pode estar prevenindo a entrada do

mesotrione, com o aumento da saturação dos lipídeos de membrana,

caracterizando um sistema de defesa contra xenobióticos.

Figura 7: Análise de lipídeos de E. coli DH5-α em FTIR. Pontos M2 e M5: controle sem

o mesotrione (LB), em duplicata. Pontos M1, M3 e M4: tratamento com mesotrione

(LB+M), em triplicata. Ponto B2: controle negativo, Bacillus sp. na ausência de

mesotrione.

4.2.3.4 Envolvimento de enzimas antioxidativas na defesa e degradação

do mesotrione

No gel de superóxido dismutase foram observadas alterações nas

bandas II e III nos tratamentos com carbono (MM e MMM) nos tempos de 30

min. e 3 h, se comparado com os tratamentos sem carbono (-C e -CM), porém

a presença do herbicida mesotrione não induziu uma isoforma específica de

SOD (Fig. 8). Provavelmente esta diferença de intensidade das bandas ocorreu

devido ao tempo de incubação da linhagem de E. coli DH5-α, e

Page 58: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

56

consequentemente um aumento da quantidade do radical superóxido. No

tratamento com carbono (MM e MMM), quanto maior o tempo de crescimento,

maior foi a atividade da SOD, porém isto não ocorreu no tratamento sem

carbono (-CM).

Figura 8: Padrões de SOD-PAGE apresentados por E. coli DH5-α em MM (Linhas 1, 2

e 3), e nos tratamentos MMM (Linhas 4, 5 e 6), -C (Linhas 7, 8 e 9) e -CM (Linhas 10,

11 e 12), nos tempos de 30 min, 3 h e 6 h, respectivamente.

Houve um aumento de atividade de CAT de acordo com o tempo de

exposição nos meios de cultura com a presença de carbono (MM e MMM),

(Fig. 9), provavelmente pela adaptação e crescimento da linhagem ao meio

mineral, porém sem diferenças significativas em relação à presença do

mesotrione. Em linhagens de E. coli, de acordo com a fase de crescimento,

diferentes isoformas podem atuar, as quais apresentam vias de regulação

ativadas independentemente (Jung e Kim, 2003).

Nos meios de cultura sem carbono (-C e -CM), apesar de apresentar

uma atividade enzimática significativamente inferior nos meios com carbono, a

atividade de catalase foi maior nos meios com mesotrione, exceto no período

de 3 h de exposição (Fig. 9). No período de 30 min., no qual ainda não havia

ocorrido a completa degradação do herbicida, e por apresentar apenas o

mesotrione como fonte de carbono, a quantidade de peróxido de hidrogênio

pode ter aumentado em resposta ao próprio xenobiótico, estimulando a

atividade de CAT, comparativamente ao controle sem fonte de carbono (-C).

Page 59: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

57

Figura 9: Atividade de CAT em E. coli DH5-α em MM, e nos tratamentos MMM, -C e -

CM, nos períodos de 30 min., 3 h e 6 h, respectivamente.

Em E. coli DH5-α a atividade de GST foi maior nos tratamentos de 30

min. de exposição na presença de mesotrione em relação aos controles sem a

presença do herbicida. Porém, no período de 3 h ocorreram diferenças

significativas apenas nas atividades entre os tratamentos e seus controles,

independente da presença do herbicida mesotrione (Fig. 10). Enzimas como a

GST já foram caracterizadas em plantas e microrganismos como ferramentas

de metabolização de herbicidas e outros produtos tóxicos em que a enzima

catalisa a conjugação da glutationa com o herbicida, marcando o composto a

ser degradado (Pickett, 1989; Oakley, 2011). Entretanto, há uma grande

diversidade nesta enzima, com várias funções ainda desconhecidas (Allocati et

al., 2008; Ma et al., 2009; Skopelitou et al., 2012). O reconhecimento de

moléculas orgânicas com caráter tóxico para microrganismos vem sendo

estudado em vários trabalhos, nos quais se pode observar que respostas aos

xenobióticos muitas vezes são realizadas por enzimas não específicas, como

nos trabalhos de Nagy et al. (1995) e Guengerich (1995), nos quais o citocromo

P-450 apresenta um envolvimento em processos de degradação dos herbicidas

EPTC (s-ethyl dipropylthiocarbamate) e atrazina.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MM MMM -C -CM MM MMM -C -CM MM MMM -C -CM

30 min. 3 h 6 h

Ati

vid

ade

de

Cat

alas

e

(um

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min

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g p

rot)

Page 60: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

58

Figura 10: Atividade de GST de E. coli DH5-α em MM, e nos tratamentos MMM, -C, e -

CM, nos períodos de 30 min., 3 h e 6 h, respectivamente.

A linhagem de E. coli DH5-α apresenta a capacidade de transformar

100% do herbicida mesotrione em 3 h de exposição (Fig. 4). Levando em

consideração a atividade de GST no período em que a taxa de degradação é

elevada (período de 30 min.), provavelmente existe uma influência desta

enzima no processo de metabolização do herbicida, já que no período de 3 h,

quando o herbicida foi completamente degradado, a atividade da GST diminui.

Além de atuar na primeira transformação do herbicida, a enzima GST pode

estar envolvida também na eliminação das EROs e na adaptação da linhagem

ao meio de cultura (Van Eerd et al., 2003; McGuinness et al., 2007; Cummins et

al., 2011). A avaliação das enzimas catalase (Fig. 9) e superóxido dismutase

(Fig. 8) fornece evidências de que estas enzimas não apresentaram atividades

específicas para o herbicida em E. coli DH5-α. Já a GST pode estar atuando

diretamente no sistema de defesa contra as EROs e na degradação do

herbicida.

4.2.4 Conclusões

Foi observado que a linhagem de E. coli DH5-α tem um menor

crescimento em contato com o herbicida mesotrione. Os sistema de defesa

contra os efeitos deste herbicida foram a alteração na saturação em lipídeos de

membrana, a qual poderia diminuir a permeabilidade, e a atividade da enzima

GST, que além de defender contra EROs, provavelmente está envolvida no

processo de degradação. Considerando que esta linhagem não teve um

0,000

0,001

0,002

0,003

0,004

0,005

0,006

0,007

0,008

MM MMM -C -CM MM MMM -C -CM MM MMM -C -CM

30 min. 3 h 6 h

Ati

vid

ade

de

GST

(un

d o

f GST

/ m

g p

rote

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min

.)

Page 61: Estratégias adaptativas da linhagem não ambiental ...

59

contato prévio com o herbicida, mas mesmo assim conseguiu se adaptar por

meio de mecanismos não específicos de tolerância e rápida degradação,

concluímos que E. coli DH5-α representa um modelo de plasticidade fenotípica

para adaptação a presença de moléculas tóxicas em seu ambiente. Se este

modelo também se aplicar a outras espécies bacterianas de solo e água, uma

dinâmica mais complexa e não apenas baseada em mudanças genotípicas

podem ser responsável pela adaptação a uma condição ambiental

caracterizada pela adição constante e rápida de novas substâncias químicas

tóxicas.

4.2.5 Referências bibliográficas

ALFERNESS, P.; WIEBE, L. Determination of mesotrione residues and

metabolites in crops, soil, and water by liquid chromatography with fluorescence

detection. Jour Agric Food Chem, v. 50, p. 3926-3934, 2002.

ALLOCATI, N.; FAVALORO, B.; MASULLI, M.; ALEXEYEV, M.F.; DI ILIO, C.

Proteus mirabilis glutathione S-transferase B1-1 is involved in protective

mechanisms against oxidative and chemical stresses. Biochem Jour, v. 373, p.

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