Aplicação do Método de Rayleigh-Ritz - Fundamentos de Vibrações
IMUNOTERAPIA DE ÚLCERAS VENOSAS COM ββββ-(1 3) … · Enfermagem. À enfermeira Maria do Ó de...
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16
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
IMUNOTERAPIA DE ÚLCERAS VENOSAS COM ββββ-(1→3)
GLUCANA INSOLÚVEL
SARAH DANTAS VIANA MEDEIROS
Orientadora: Profa. Dra. Valéria Soraya de Farias Sales
Co-Orientador: Prof. Dr. Hugo Alexandre de Oliveira Rocha
NATAL - RN
2009
17
SARAH DANTAS VIANA MEDEIROS
IMUNOTERAPIA DE ÚLCERAS VENOSAS COM ββββ-(1→3)
GLUCANA INSOLÚVEL
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Ciências Farmacêuticas da
Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito
parcial para obtenção do título
de Mestre em Ciências
Farmacêuticas – Área de
Concentração Bioanálises e
Medicamento.
NATAL -RN
2009
18
Catalogação da publicação na fonte.
M488i Medeiros, Sarah Dantas Viana.
Imunoterapia deúlcera venosas com β−(1→3) glucana insolúvel / Sarah Dantas Viana Medeiros. - Natal-RN, 2009.
91f.: il. Orientadora: Profª. Drª Valéria Soraya de Farias Sales.
. Coorientador: Profº Drº Hugo Alexandre de Oliveira Rocha.
Dissertação (Mestrado ) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas. 1. Imunoterapia - Dissertação. 2. β−(1→3) glucana insolúvel - Dissertação. 3. Úlcera Venosa - Dissertação. 4. Úlcera Varicosa – Dissertação. I. Sales, Valéria Soraya de Farias. II. Rocha, Hugo Alexandre de Oliveira. III. Título. UFRN/BSCCS CDU: 615.37(043.3) .
19
20
DEDICATÓRIA
Aos meus pais,
Rui Medeiros e Silvina Dantas Viana Medeiros, pelo dom da vida, por
todo o amor, por acreditarem nos meus sonhos e me proporcionarem uma plataforma de
vôo.
Aos pacientes,
Que se doaram de forma incondicional na busca da cura das lesões do
corpo e da alma.
21
AGRADECIMENTOS
À Deus, pela orientação superior em todos os momentos da vida.
À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pela formação concedida ao longo da
Graduação e Pós-Graduação.
Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, representado pela Profa. Dra.
Adriana Augusto de Rezende, e ao corpo docente pelos ensinamentos transmitidos.
À CAPES, pela concessão de bolsa de estudo durante a realização deste curso.
À Fundação de Apoio a Pesquisa no Rio Grande do Norte (FAPERN) pelo apoio
financeiro.
Ao Prof. Dr. José Ricardo Lagreca de Sales Cabral, Diretor do Hospital Universitário
Onofre Lopes (HUOL/UFRN), que nos permitiu a realização desta pesquisa na referida
instituição.
À Profa. Dra. Valéria Soraya de Farias Sales, pela orientação, dedicação, amizade e por
acreditar nos meus sonhos e no meu trabalho.
Ao Prof. Dr. Hugo Alexandre de Oliveira Rocha, pela co-orientação e total apoio na
realização do estudo de caracterização da glucana.
Ao Prof. Dr. Irami Araújo Filho, pela colaboração na execução das biópsias, dispondo-se
de maneira incondicional.
À Profa. Msc. Keyla Borges Ferreira Rocha, pela colaboração no estudo histopatológico, e
pela torcida constante.
Aos Professores Elizabeth Maia de Oliveira e Luiz Reginaldo Menezes da Rocha, pela
colaboração na realização do processamento e colorações histológicas.
Ao médico cirurgião vascular Eduardo Baptista Dantas de Faria pela colaboração na
avaliação e acompanhamento dos pacientes.
À enfermeira Julianny Barreto Ferraz, pela colaboração no acompanhamento dos
pacientes, pelo exemplo de profissional e por ter me permitido vivenciar o universo da
Enfermagem.
À enfermeira Maria do Ó de Oliveira Ferreira e aos técnicos de Enfermagem do
Ambulatório de Angiologia e Cirurgia Vascular, pelo apoio e disponibilidade.
À toda a equipe do Centro Cirúrgico do HUOL, pela acolhida e cuidado com os pacientes
quando da realização das biópsias.
Às técnicas de Enfermagem da Comissão de Curativos do HUOL: Tatiane de Souza
Guerra, Monia Vieira Martins e Vanilde Fernandes, pela amizade, incentivo e torcida.
22
À Profa. Msc. Teresa Neuma de Souza Brito, pela amizade e apoio na realização dos
exames laboratoriais.
Ao Prof. Dr. Geraldo Barroso Cavalcanti Júnior, pelo apoio, incentivo e sugestões.
À Profa. Dra. Telma Maria Araújo Moura Lemos, Chefe do Departamento de Análises
Clínicas e Toxicológicas da UFRN, pelo apoio e incentivo na realização deste trabalho.
Às amigas do Mestrado: Camila Regalado Galvão, Luzia Leiros de Sena Fernandes e
Milena Thaísa Figueirêdo de Araújo, pelo convívio ao longo desses dois anos e constante
troca de experiências.
À minha família, pelo apoio incondicional, em especial aos meus irmãos Rui Medeiros
Júnior e Daniel Dantas Viana Medeiros e minhas avós Suzana Medeiros e Marina Dantas
de Araújo.
À todos que fazem o Laboratório de Biopolímeros do Departamento de Bioquímica da
UFRN, em especial à aluna de iniciação científica Sara Lima Cordeiro.
Ao Prof. Dr. Edvaldo da Silva Trindade e ao Prof. Dr. Guilherme Lanzi Sassaki do
Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade Federal de Curitiba,
pela colaboração na realização da ressonância magnética nuclear da glucana.
Às secretárias do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas: Maria
Aureliana Nascimento Bezerra e Fábia Cristina Miranda de Araújo Freire, pelo apoio e
amizade.
À amiga e Farmacêutica Amália Cinthia Meneses do Rêgo, pelo apoio e incentivos
constantes.
À bolsista de iniciação científica Jéssica Escorel Chaves Cavalcanti, pela amizade e
colaboração.
Ao meu namorado Fernando Costa Fernandes Gomes, por todo o amor, cuidado e
dedicação.
Ao taxista Bartolomeu Juvêncio, pela disponibilidade e zelo em acompanhar os pacientes
às suas residências após a realização das biópsias.
Ao estatístico Ítalo Medeiros de Azevedo, pela amizade e realização do estudo estatístico.
À todos que fazem o Laboratório de Imunologia Clínica (UFRN), Laboratório Integrado
de Análises Clínicas (LIAC/UFRN), Laboratório de Desenvolvimento de Medicamentos
(UFRN) e Laboratório de Sistemas Dispersos (UFRN) pelo apoio e colaboração na
realização deste trabalho.
23
AO FARMACÊUTICO
Quando alguém de ti precisar,
observa como és indispensável.
Tens o bálsamo que pode aplacar
o sofrer que é tão lamentável.
Reveste-te do saber e do desejo
de curar, vencendo qualquer obstáculo.
Persevera descobrindo no ensejo
a força da Ciência – teu sustentáculo.
Maria Célia Ribeiro Dantas de Aguiar
24
RESUMO
Uma glucana insolúvel foi isolada de fermento biológico (Saccharomyces cerevisiae), o qual foi submetido a um tratamento com base e o resíduo acidificado. Análises químicas e ressonância magnética nuclear (NMR) em uma e duas dimensões (1D e 2D) mostraram que uma β-(1→3) glucana linear foi purificada, a qual não estava contaminada com outros carboidratos, proteínas ou compostos fenólicos. Os efeitos desta glucana na cicatrização de feridas foi avaliado em úlceras venosas humanas por análise histopatológica após 30 dias de tratamento. A β-(1→3) glucana favoreceu a cicatrização das úlceras, promovendo o aumento da hiperplasia epitelial, das células inflamatórias, angiogênese e proliferação fibroblástica. Este foi o primeiro estudo que investigou o efeito da β-(1→3) glucana na cicatrização de úlceras venosas em humanos. Os achados sugerem que a glucana é um potente modificador da resposta biológica na cicatrização de feridas.
Palavras Chaves: Glucana insolúvel, polissacarídeo, fungo, úlcera venosa, imunoterapia, reparo tecidual.
25
ABSTRACT
Water-insoluble glucan was isolated from the baker's yeast Saccharomyces cerevisiae. The yeast cells were treated with alkali and the residue then with acid. Chemical and NMR (1D and 2D) analyses showed that a linear (1→3)-β-glucan was purified that was not contaminated with other carbohydrates, proteins or phenolic compounds. The effects of the glucan on wound healing were assessed in human venous ulcers by histopathological analysis after 30 days of topical treatment. (1→3)-β-glucan enhanced ulcer healing and increased epithelial hyperplasia, as well as increased inflammatory cells, angiogenesis and fibroblast proliferation. This is the first study to investigate the effects of (1→3)-β-glucan on venous ulcer healing in humans; our findings suggest that this glucan is a potential natural biological response modifier in wound healing.
Keywords: Water-insoluble glucan, polysaccharide, yeast, venous ulcer, immunotherapy, tissue repair.
26
LISTA DE SIGLAS
AGE: Ácidos Graxos Essenciais
ALT: Alanina Aminotransferase
AVC: Acidente Vascular Cerebral
AP-1: Proteína Ativadora 1
AST: Aspartato Aminotransferase
CEP: Comitê de Ética em Pesquisa
CNS: Conselho Nacional de Saúde
CR3: Receptor de Complemento Tipo 3
EGF: Fator de Crescimento Epidérmico
FGF: Fator de Crescimento Fibroblástico
GGT: Gamaglutamiltransferase
GM-CSF: Fator Estimulador de Colônias de Granulócitos-Monócitos
HCl: Ácido Clorídrico
HE: Hematoxilina-Eosina
HUOL: Hospital Universitário Onofre Lopes
IL-1β: Interleucina 1Beta
IL-6: Interleucina 6
IL-8: Interleucina 8
IL-10: Interleucina 10
IL-12: Interleucina 12
INSS: Instituto Nacional de Seguridade Social
IVC: Insuficiência Venosa Crônica
LIAC: Laboratório Integrado de Análises Clínicas
NaOH: Hidróxido de Sódio
NF-1: Fator Nuclear 1
NK: “Natural Killer”
PAMPs: Padrões Moleculares Associados aos Patógenos
PDGF: Fator de Crescimento Derivado de Plaquetas
PSF: Programa de Saúde da Família
RMN13C: Ressonância Magnética Nuclear do Carbono 13
SP-1: Proteína Específica 1
SBAVC: Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular
27
SUS: Sistema Único de Saúde
TCA: Ácido Tricloroacético
TCLE: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TGF-α: Fator Transformador Alfa
TGF-β: Fator Transformador Beta
TNF-α: Fator de Necrose Tumoral Alfa
UFRN: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
VEGF: Fator de Crescimento do Endotélio Vascular
VSH: Velocidade de Sedimentação das Hemácias
28
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Classificação CEAP da doença venosa de acordo com o Fórum Venoso Americano.
20
Figura 2: Espectro de RMN 13C da amostra de glucana obtida a partir do Saccharomyces cerevisiae. O número de átomos de carbono foi marcado em cada ponta para se referir à posição. A caixa na parte superior da figura mostra a análise de DEPT da região C-6.
36
Figura 3: Espectro 1H-13C RMN da amostra de glucana insolúvel obtida a partir de Saccharomyces cerevisiae. O 13C RMN é exibido no eixo vertical e o 1H RMN no eixo horizontal.
37
Figura 4: Hematoxilina-Eosina (100X) evidenciando hiperplasia epitelial típica e angiogênese na margem da úlcera venosa no pré-tratamento.
39
Figura 5: Hematoxilina-Eosina (400X) evidenciando alterações epiteliais reativas e reparativas do epitélio escamoso estratificado da úlcera venosa no pré-tratamento.
40
Figura 6: Hematoxilina-Eosina (100X) evidenciando necrose com deposição de fibrina, edema e resposta inflamatória na área ulcerada no pré-tratamento.
40
Figura 7: Hematoxilina-Eosina (100X) exibindo poucos vasos, edema e resposta inflamatória, que se estende desde a derme papilar até a porção média, na área ulcerada no pré-tratamento.
41
Figura 8: Hematoxilina-Eosina (400X) exibindo a presença de resposta inflamatória neutrofílica, angiogênese, edema e fibroblastos jovens da úlcera venosa no pré-tratamento.
41
Figura 9: Hematoxilina-Eosina (400X) exibindo a presença de resposta inflamatória linfoplasmocitária da úlcera venosa no pré-tratamento.
42
Figura 10: Hematoxilina-Eosina (400X) evidenciando edema, angiogênese e ocasionais fibroblastos jovens da úlcera venosa no pré-tratamento.
42
Figura 11: Tricrômio de Masson (100X) exibindo deposição de colágeno jovem na área ulcerada e colágeno senescente na profundidade da úlcera no pré-tratamento.
43
Figura 12: Tricrômio de Masson (400X) exibindo detalhe do fibroblasto jovem em meio à deposição de colágeno na área ulcerada no pré-tratamento.
43
Figura 13: Picrosirius red (100X) mostrando pouca deposição de colágeno jovem na superfície da área ulcerada e presença de colágeno senescente depositado na profundidade da úlcera venosa no pré-tratamento.
44
Figura 14: Hematoxilina-Eosina (100X) evidenciando fibroblastos jovens associados a edema, extravasamento de hemácias e células inflamatórias mononucleares e polimorfonucleares na profundidade da área ulcerada no pré-tratamento.
44
29
Figura 15: Hematoxilina-Eosina (100X) evidenciando área de reepitelização com alterações epiteliais reparativas e reativas, resposta inflamatória e angiogênese na área ulcerada no trigésimo dia de tratamento.
45
Figura 16: Hematoxilina-Eosina (100X) mostrando necrose superficial, com deposição de fibrina, polimorfonucleares e debris celulares associado a edema na porção papilar da derme na área ulcerada no trigésimo dia de tratamento.
46
Figura 17: Hematoxilina-Eosina (100X) exibindo resposta inflamatória, angiogênese e edema na área ulcerada no trigésimo dia de tratamento.
46
Figura 18: Hematoxilina-Eosina (400X) evidenciando infiltrado inflamatório linfoplasmocitário perivascular e intersticial, angiogênese e edema na profundidade da úlcera no trigésimo dia de tratamento.
47
Figura 19: Hematoxilina-Eosina (400X) evidenciando angiogênese, deposição de colágeno entre os vasos e diminuição da resposta inflamatória na profundidade da úlcera no trigésimo dia de tratamento.
47
Figura 20: Tricrômio de Masson (100X) evidenciando colágeno jovem em trama delicada associado a edema na derme papilar e colágeno senescente na profundidade da úlcera no trigésimo dia de tratamento.
48
Figura 21: Picrosirius red (100X) evidenciando a deposição de colágeno jovem e intensa angiogênese na porção papilar e colágeno senescente na profundidade da úlcera no trigésimo dia de tratamento.
48
Figura 22: Hematoxilina-Eosina (400x) evidenciando fibroblastos jovens e senescentes em área de deposição de colágeno na profundidade da úlcera no trigésimo dia de tratamento.
49
30
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Deslocamentos químicos dos átomos de carbono e hidrogênio verificados nos espectros de 13C RMN e 1H RMN da amostra de glucana obtida a partir do Saccharomyces cerevisiae.
38
Tabela 2. Distribuição dos parâmetros histopatológicos evidenciados em úlceras venosas na fase de pré-tratamento (dia 0) e no trigésimo dia de tratamento (dia 30) com β-(1→3) glucana por via tópica.
50
Tabela 3. Eritrograma, contagem de plaquetas e VSH dos pacientes portadores de úlceras venosas nas fases de pré-tratamento (dia 0) e de trigésimo dia de tratamento (dia 30) com β-(1→3) glucana por via tópica.
52
Tabela 4. Leucograma dos pacientes portadores de úlceras venosas nas fases de pré-tratamento (dia 0) e de trigésimo dia de tratamento (dia 30) com β-(1→3) glucana por via tópica.
53
Tabela 5. Dosagens bioquímicas dos pacientes portadores de úlceras venosas nas fases de pré-tratamento (dia 0) e de trigésimo dia de tratamento (dia 30) com β-(1→3) glucana por via tópica.
54
Tabela 6. Área e o percentual de redução das úlceras venosas por período de segmento terapêutico.
73
31
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 16
2 REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................................................. 18
2.1 ÚLCERA VENOSA............................................................................................................................... 18
2.2 FISIOLOGIA DO PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO.................................................................................. 21
2.3 TRATAMENTO DA ÚLCERA VENOSA.................................................................................................. 23
2.4 IMUNOTERAPIA COM β-GLUCANAS.................................................................................................. 24
3 OBJETIVOS.................................................................................................................................... 27
3.1 OBJETIVO GERAL................................................................................................................................ 27
3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................................................................................... 27
4 CASUÍSTICA E METODOLOGIA....................................................................................................... 28
4.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA.......................................................................................................... 28
4.2 OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DA GLUCANA............................................................ 28
4.3 FORMULAÇÃO FARMACÊUTICA.......................................................................................................... 29
4.4 APLICAÇÃO DA GLUCANA................................................................................................................... 29
4.5 REGISTRO FOTOGRÁFICO E MENSURAÇÃO DA ÁREA DA ÚLCERA...................................................... 30
4.6 BIÓPSIA CUTÂNEA............................................................................................................................... 30
4.7 PROCESSAMENTO E COLORAÇÕES HISTOLÓGICAS............................................................................. 30
4.8 AVALIAÇÃO HISTOPATOLÓGICA......................................................................................................... 31
4.8.1 Análise qualitativa........................................................................................................................... 31
4.8.2 Análise semiquantitativa................................................................................................................. 31
4.8.3 Análise quantitativa........................................................................................................................ 33
4.9 AVALIAÇÕES HEMATOLÓGICAS E BIOQUÍMICAS................................................................................. 33
4.10 ANÁLISE ESTATÍSTICA........................................................................................................................ 34
5 RESULTADOS.................................................................................................................................. 35
5.1 CASUÍSTICA......................................................................................................................................... 35
5.2 OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DA GLUCANA............................................................. 35
5.3 REGISTRO FOTOGRÁFICO E MENSURAÇÃO DA ÁREA DA ÚLCERA ..................................................... 38
5.4 AVALIAÇÃO HISTOPATOLÓGICA......................................................................................................... 39
32
5.4.1 Análise qualitativa............................................................................................................................ 39
5.4.2 Análise semiquantitativa................................................................................................................. 50
5.4.3 Análise quantitativa......................................................................................................................... 51
5.5 AVALIAÇÕES HEMATOLÓGICAS E BIOQUÍMICAS................................................................................ 51
6 DISCUSSÃO................................................................................................................................... 55
7 CONCLUSÃO.................................................................................................................................. 58
REFERÊNCIAS.................................................................................................................................... 59
APÊNDICES....................................................................................................................................... 65
ANEXO............................................................................................................................................... 90
16
1 INTRODUÇÃO_______________________________________________________
As úlceras venosas são lesões cutâneas de difícil cicatrização que surgem nos
membros inferiores como conseqüência da insuficiência venosa crônica (IVC).
Configuram um sério problema de saúde pública em função de sua alta prevalência e do
impacto socioeconômico (SIMON; DIX; MCCOLLUM 2004). Embora a mortalidade
associada a este tipo de ferida seja praticamente nula, a morbidade é bastante
significativa, levando a um comprometimento da qualidade de vida do paciente e da sua
produtividade no trabalho, além de restrições das suas atividades da vida cotidiana
(NUNES, 2006).
O processo de cicatrização de feridas é sistêmico, complexo e resulta de uma
série de fenômenos desencadeados em resposta à injúria tecidual (GURTNER, et al.,
2008). Mesmo com o arsenal terapêutico disponível, novas propostas têm surgido com o
intuito de acelerar a cicatrização, minimizar os riscos e as complicações, melhorar a
qualidade de vida do paciente e reduzir os custos despendidos com o tratamento.
Neste contexto, a literatura destaca a β-glucana insolúvel, obtida a partir do
fungo Saccharomyces cerevisiae, um polissacarídeo capaz de estimular o processo de
cicatrização, através da ativação de células imunes, principalmente macrófagos e
linfócitos, com conseqüente liberação de citocinas, como a interleucina 1 β (IL-1 β),
interleucina 6 (IL-6), fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), fatores de crescimento e
outros mediadores importantes para a angiogênese, proliferação de fibroblastos e síntese
de colágeno, além do aumento da atividade fagocítica (BROWN; GORDON, 2003;
CHEN; SEVIOUR, 2007).
Pesquisadores do Laboratório de Imunologia Clínica da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte (UFRN) vêm desenvolvendo estudos com a β-glucana insolúvel.
Em um dos trabalhos realizados, após a indução de um modelo experimental de sepse
letal em camundongos, foi observado, com a aplicação da β-glucana por via
intraperitoneal, o aumento do número de leucócitos no lavado peritoneal, a elevação dos
níveis séricos de TNF-α e interleucina 10 (IL-10), além de infiltrado de macrófagos,
células epitelióides e linfócitos no fígado e baço (FREITAS, 2004). No estudo
desenvolvido por Sales (1989) em pacientes com câncer de pulmão em estadio
avançado, foi evidenciado, após o tratamento com a β-glucana insolúvel por via
17
intravenosa, melhora no estado geral, ausência de eventos adversos e ação adjuvante à
quimioterapia, proporcionando um aumento na sobrevida dos pacientes.
Assim, de acordo com os trabalhos apresentados na literatura e os desenvolvidos
no Laboratório de Imunologia Clínica da UFRN, os quais destacam a importância da β-
glucana na indução da cicatrização, no aumento da resistência a infecções e na ausência
de eventos adversos, justifica-se a realização desta pesquisa com o intuito de verificar se
este imunomodulador, por via tópica, atua na cicatrização de úlceras venosas em
humanos.
18
2 REVISÃO DE LITERATURA___________________________________________
2.1 ÚLCERA VENOSA
O sistema venoso dos membros inferiores é constituído por veias superficiais e
profundas que se comunicam através de veias perfurantes. Em condições normais, o
fluxo sangüíneo tem um único sentido, do sistema superficial para o profundo, guiado
por válvulas existentes no interior das veias e impulsionado pelo músculo gastrocnêmio.
Em posição ortostática, a pressão venosa nos membros inferiores está compreendida
entre 80 mmHg e 90 mmHg e, durante a deambulação, essa pressão é reduzida para
aproximadamente 30 mmHg, permitindo um fluxo sangüíneo livre (DEODATO, 2007).
Entretanto, esse sistema pode apresentar anormalidades no seu funcionamento,
sendo tais alterações causadas por incompetência valvular, associada ou não à obstrução
do fluxo venoso, refluxo ou combinação de ambos, bem como pela falência do músculo
gastrocnêmio. Isso configura um quadro de insuficiência venosa crônica, a qual está
relacionada com o surgimento da hipertensão venosa. A pressão elevada no interior dos
vasos provoca alterações na microcirculação, acarretando aumento da permeabilidade
capilar com liberação de macromoléculas para o espaço extravascular, como o
fibrinogênio e a hemoglobina, que se transformam em fibrina e hemossiderina,
respectivamente. Como conseqüência desse processo, é possível observar alterações
cutâneas sob a forma de edema, eczema, hiperpigmentação, lipodermatoesclerose e
ulceração do tecido (ABBADE; LASTÓRIA, 2005).
As úlceras venosas são lesões cutâneas que correspondem a 80-85% das úlceras
que acometem os membros inferiores (SIMON; DIX; MCCOLLUM 2004). Surgem
geralmente de forma espontânea e podem ocorrer também em função de traumatismos e
infecções. Na maioria das vezes, localizam-se na região maleolar, entretanto, acometem
outras regiões do membro inferior. São caracterizadas pela perda circunscrita ou
irregular da epiderme ou derme, e podem atingir o tecido subcutâneo e subjacente.
Possuem bordas irregulares, leito vermelho vivo e em alguns casos apresentam necrose
do tipo esfacelo. São bastante exsudativas, recidivantes e em geral compreendem uma
área extensa. A dor é variada, melhorando com a elevação do membro, e é mais intensa
na presença de edema e infecção (SILVA et al., 2005).
A doença venosa crônica é um grave problema de saúde pública, não só por sua
alta prevalência, mas também por seu impacto socioeconômico. Apesar da mortalidade
19
praticamente inexistente, as úlceras venosas cursam com elevada morbidade,
comprometendo significativamente a qualidade de vida do paciente em função da dor
crônica, perda de auto-estima, isolamento social, inabilidade para o trabalho, gerando
aposentadorias por invalidez, além do grande número de atendimentos ambulatoriais e
hospitalizações (NUNES, 2006).
Na Europa, a prevalência de insuficiência venosa crônica na faixa etária de 30 a
70 anos varia entre 5% e 15%, sendo que 1% da população apresenta a úlcera venosa.
Nos Estados Unidos da América, em torno de 7 milhões de pessoas têm a IVC e mais de
600 mil possuam esse tipo de lesão. (FRANÇA; TAVARES, 2003). Maffei et al (1986),
em estudo epidemiológico das alterações venosas de membros inferiores realizado na
cidade de Botucatu (SP), estimaram uma prevalência de varizes em 35,5% da população
e de formas graves de IVC com úlcera aberta ou cicatrizada em 1,5%.
O diagnóstico de úlcera venosa é predominantemente clínico, sendo necessária a
obtenção de informações, tais como: ano de ocorrência da primeira úlcera, localização
de úlceras anteriores, número de recorrências, tempo livre de úlcera e tratamentos
anteriores, uma vez que esses dados são importantes para o direcionamento da terapia.
Podem ser realizados ainda exames complementares, como Doppler de ondas contínuas,
ultra-sonografia (eco-Doppler), plestimografia venosa e flebografia, com o propósito de
diagnosticar precisamente as alterações anatômicas e funcionais do sistema venoso
(AGUIAR et al., 2005; FRANÇA; TAVARES, 2003).
Em 1994, a comissão internacional do Fórum Venoso Americano, liderada por
Andrew Nicolaides, elaborou o primeiro documento de consenso para classificação da
doença venosa crônica, o qual unificou os critérios das classificações de Widmer e de
Porter utilizados até então. Esta classificação leva em consideração as manifestações
clínicas (C), etiologia (E), distribuição anatômica (A) e fisiopatologia (P), recebendo
assim a denominação de classificação CEAP, sendo mundialmente adotada (Figura 1)
(EKLÖF, et al., 2004).
20
Figura 1. Classificação CEAP da doença venosa de acordo com o Fórum Venoso Americano (EKLÖF, et al., 2004).
Classificação Clínica (C):
• Classe 0: Sem sinais visíveis ou palpáveis de doença venosa.
• Classe 1: Telangiectasias e/ou veias reticulares.
• Classe 2: Veias varicosas.
• Classe 3: Edema.
• Classe 4: Alterações cutâneas
* Classe 4a: Hiperpigmentação ou eczema
* Classe 4b: Lipodermatosclerose ou atrofia branca
• Classe 5: Classe 4 com úlcera cicatrizada.
• Classe 6: Classe 4 com úlcera ativa.
Classificação Etiológica (E):
• EC: Congênita
• EP: Primária
• ES: Secundária (pós-trombótica)
• EN: Sem causa venosa definida
Classificação Anatômica (A):
• AS: Veias Superficiais
• AD: Veias Profundas
• AP: Veias Perfurantes
• AN: Sem localização venosa definida
Classificação Fisiopatológica (P):
• PR: Refluxo
• PO: Obstrução
• PR,O: Refluxo e Obstrução
• PN: Sem fisiopatologia venosa definida
21
2.2 FISIOLOGIA DO PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO
A cicatrização de feridas consiste em um processo sistêmico e bastante
complexo, que envolve a ativação, produção e inibição de uma série de constituintes
celulares e moleculares para que ocorra o reparo tecidual. Não havendo qualquer
obstáculo, esse processo pode ser compreendido em três grandes fases conforme
descrito a seguir (MANDELBAUM, S; DI SANTIS; MANDELBAUM, M, 2003a).
- Fase Inflamatória ou Exsudativa
Após a injúria tecidual, os vasos sanguíneos sofrem vasoconstricção reflexa, por
cerca de 5 a 10 minutos, sendo este efeito promovido pela norepinefrina e serotonina.
Ocorre a ativação da cascata de coagulação e agregação plaquetária, resultando na
conversão do fibrinogênio solúvel em fibrina insolúvel, cujas moléculas se polimerizam
e formam uma rede que, juntamente com as plaquetas e as hemácias, originam o
coágulo. Este, uma vez formado, além de limitar a perda de constituintes circulatórios,
fornece uma matriz provisória para a migração celular (GURTNER, et al., 2008).
Com a ativação plaquetária, há a liberação de mediadores vasoativos, de fatores
de crescimento, como o fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF), o fator de
crescimento epidérmico (EGF), o fator de crescimento e transformação alfa (TGF-α), o
fator de crescimento e transformação beta (TGF-β) e de outras proteínas como a
fibronectina e a tromboplastina. Essas moléculas se difundem pela matriz provisória e
criam um gradiente quimiotático para as células inflamatórias (BALBINO; PEREIRA;
CURI, 2005).
Nas primeiras 24 a 48 horas, há um predomínio de um infiltrado celular
neutrofílico, seguido pela migração dos monócitos, os quais se diferenciam, no tecido,
em macrófagos e, posteriormente, dos linfócitos. Os neutrófilos amplificam a resposta
inflamatória em função da liberação de aminas vasoativas, auxiliam no controle da
infecção via fagocitose e produção de substâncias bactericidas, e participam do
debridamento de tecido desvitalizado por meio da produção de enzimas proteolíticas,
como as elastases, colagenases e hidrolases ácidas. Os neutrófilos também liberam
citocinas pró-inflamatórias, como TNF- α, IL-1 β e IL-6, além do fator estimulador de
colônias de granulócitos-monócitos (GM-CSF) (PARK; BARBUL, 2004; WERNER;
GROSE, 2003).
22
Os macrófagos são responsáveis pela degradação e remoção dos componentes
do tecido conjuntivo danificado, como colágeno, elastina e proteoglicanas, participando
ainda da fagocitose de neutrófilos senis e bactérias. Quando ativados, os macrófagos
liberam substâncias vasoativas, intermediários reativos do oxigênio e nitrogênio, como
o peróxido de hidrogênio, ânion superóxido e óxido nítrico, além de citocinas como IL-
1 β, IL-6, interleucina 8 (IL-8), TNF-α, TGF-α e TGF-β, e fatores de crescimento como
o PDFG, EGF, fator de crescimento fibroblástico (FGF) e o fator de crescimento do
endotélio vascular (VEGF). Estes mediadores propiciam o aumento da atividade
fagocítica dos macrófagos e estimulam células imunes e outras células não imunes
essenciais para a formação do novo tecido. (PARK; BARBUL, 2004; SINGER;
CLARK, 1999).
Os linfócitos T e B além de produzirem citocinas e fatores de crescimento, o que
contribui para a ativação de diversos tipos celulares, atuam como células reguladoras
(linfócitos T), células apresentadoras de antígenos e produtoras de anticorpos (linfócitos
B) (BOYCE et al., 2000; IWATA et al., 2009).
- Fase Proliferativa ou Fibroblástica
Na fase proliferativa ocorre a reepitelização, com a migração de células
epiteliais para a área ulcerada em resposta aos processos de angiogênese e de
fibroplasia. Dessa maneira, há a formação de um tecido brilhante, vermelho vivo, com
ondulações granulosas, denominado tecido de granulação. A produção deste novo tecido
é dependente do acúmulo de macrófagos. Estas células imunes quando ativadas,
estimulam o recrutamento, proliferação e diferenciação dos fibroblastos, os quais
sintetizam colágeno, elastina, fibronectina, glicosaminoglicana e proteases
(componentes da matriz extracelular), contribuindo para a formação do tecido
conjuntivo frouxo (fibroplasia), além de estimular a angiogênese (SINGER; CLARK,
1999).
O processo de angiogênese ocorre pela formação de novos vasos sangüíneos a
partir dos vasos preexistentes, em função da estimulação mitogênica e migração das
células endoteliais em resposta a citocinas e fatores de crescimento, como VEGF, TGF-
β e FGF. A formação de novos vasos é necessária para suprir as células com nutrientes e
oxigênio, aumentando assim a taxa metabólica das mesmas (FRANTZ, et al., 2009).
23
- Fase de Maturação ou Remodelação
A fase de maturação é caracterizada pelo aumento da força de tensão, pela
diminuição do tamanho da cicatriz e do eritema. Nesta fase, ocorre a reorganização da
matriz extracelular e a maturação dos componentes nela presentes. A neovasculatura
diminui e tardiamente a cicatriz é considerada avascular. Uma cicatrização normal tem
aproximadamente 70% da força de tensão original, é plana e não é volumosa
(BALBINO; PEREIRA; CURI, 2005).
Inúmeros fatores podem retardar o processo de cicatrização, sejam eles locais ou
sistêmicos, tais como: infecção, edema, tecido necrótico, hipertensão arterial sistêmica,
diabetes mellitus, nefropatia, hepatopatia, neoplasias malignas. Além disso, a idade do
paciente, o tipo de nutrição, os cuidados pessoais e a utilização de alguns
medicamentos, principalmente imunossupressores e antiinflamatórios podem dificultar
este processo (DEALEY, 2009).
2.3 TRATAMENTO DA ÚLCERA VENOSA
O tratamento da úlcera venosa deve contemplar a cicatrização da lesão e evitar a
recorrência da mesma. Neste contexto, destacam-se a terapia compressiva, a terapia
tópica, os medicamentos sistêmicos e o tratamento cirúrgico da anormalidade venosa
(ABBADE; LASTÓRIA, 2005). A compressão atua na macrocirculação aumentando o
retorno venoso profundo, diminuindo o refluxo no momento da deambulação,
aumentando o volume de ejeção quando da ativação do músculo gastrocnêmio e
promovendo a reabsorção do edema. Além disso, age na microcirculação diminuindo a
saída de líquidos e macromoléculas dos capilares e vênulas para o interstício, podendo
estimular também a atividade fibrinolítica. Para o tratamento compressivo dispõe-se de
bandagens ou ataduras elásticas e inelásticas, bem como meias elásticas. Dentre as
ataduras inelásticas a mais comumente utilizada é a bota de Unna, que é capaz de
formar um molde semi-sólido para a realização da compressão externa (O’MEARA;
CULLUM; NELSON, 2009).
A utilização de substâncias no local da ulceração inicia-se com a limpeza da
lesão, onde se recomenda apenas solução de cloreto de sódio 0,9%, uma vez que
substâncias antissépticas como clorexidina, iodo-povidona e ácido acético são
citotóxicas (DEALEY, 2009). Na presença de tecido inviável há necessidade de
24
debridamento, pois esse tipo de tecido, além de favorecer a ocorrência de infecção, não
permite a formação do tecido de granulação. O debridamento pode ser realizado de três
formas: autolítico, químico ou mecânico. O primeiro é alcançado com a utilização de
curativos oclusivos, pela ação das enzimas presentes no próprio exsudato que
permanece em contato com a úlcera. São exemplos desses curativos os hidrogéis e os
hidrocolóides. O debridamento químico se faz mediante a aplicação tópica de enzimas,
como a colagenase e a papaína. Para o debridamento mecânico são utilizados
instrumentos cirúrgicos (ABBADE, LASTÓRIA, 2005; IRION, 2005).
A quantidade de exsudato também deve ser controlada, pois o seu excesso, além
de favorecer infecções e maceração da pele perilesional, traz desconforto para o
paciente. Por outro lado, a desidratação do leito da úlcera deve ser evitada, pois
favorece a formação de tecido desvitalizado. Nas úlceras com excesso de exsudato são
indicados curativos compostos por alginatos e hidropolímeros (MANDELBAUM, S; DI
SANTIS; MANDELBAUM, M, 2003b).
Para estimular a granulação tecidual da úlcera podem ser utilizados ácidos
graxos essenciais (AGE), fatores de crescimento, dentre outros (MANDELBAUM, S;
DI SANTIS; MANDELBAUM, M, 2003b). Os medicamentos sistêmicos, pertencentes
à classe farmacológica dos flebotônicos, são importantes como terapia adjuvante
(MARTINEZ, et al., 2008), enquanto o tratamento cirúrgico tem por finalidade eliminar
ou diminuir a hipertensão venosa (ZAMBONI, et al., 2003).
A terapia compressiva pode ser realizada em associação com os produtos
anteriormente citados, devendo-se destacar que a escolha do tratamento adequado
depende de uma série de fatores como: grau de contaminação da ferida, presença e tipo
de exsudato, ocorrência de necrose, recursos financeiros, materiais e humanos
disponíveis para o cuidado desse tipo de ferida (COLERIDGE-SMITH, 2009).
Devido à complexidade, os custos inerentes ao tratamento das úlceras venosas
são relativamente elevados, estando distante da realidade socioeconômica da maioria da
população. Em função dessas variáveis é notória a necessidade de mais estudos com
agentes terapêuticos capazes de acelerar o processo de cicatrização.
2.4 IMUNOTERAPIA COM β-GLUCANAS
Glucanas são polissacarídeos constituídos por monômeros de glicose, cuja
cadeia principal apresenta ligações glicosídicas do tipo α ou β, podendo dispor ou não
25
de ramificações laterais. Estão amplamente distribuídas na natureza, sendo encontradas
em uma variedade de organismos como fungos, bactérias, algas e plantas, porém não
detectadas em mamíferos (CHEN; SEVIOUR, 2007).
Nos fungos, as β-glucanas são os principais componentes estruturais da parede
celular. Estão normalmente ligadas às proteínas, aos lipídios e a outros sacarídeos, como
a manana. O papel da glucana no fungo não está completamente elucidado, entretanto,
acredita-se que sua principal função é manter a rigidez e integridade da parede celular
(SILVA, et al., 2006).
Nos mamíferos, estes biopolímeros podem ser reconhecidos pelo sistema imune
como padrões moleculares associados aos patógenos (PAMPs). Receptores para β-
glucanas foram primeiramente descritos em monócitos humanos (CZOP; AUSTEN,
1985) e estudos desenvolvidos posteriormente evidenciaram a presença de receptores
em uma variedade de leucócitos, incluindo macrófagos, neutrófilos, linfócitos,
eosinófilos e células natural killer (células NK), além de células não imunes, como
células endoteliais (LOWE, et al., 2002) células do epitélio alveolar e fibroblastos
(WEI, et al., 2002). Até o momento, é sugerida a participação dos seguintes receptores
no processo de reconhecimento das β-glucanas: dectin-1, receptor de complemento tipo
3 (CR3), lactosilceramida, receptor scavenger e receptores toll-like 2 e 4
(GOODRIDGE; WOLF; UNDERHILL, 2009).
As β-glucanas fazem parte dos agentes modificadores da resposta biológica e
atuam no sistema imune do hospedeiro participando intensamente da ativação
leucocitária, estimulando a fagocitose, a citotoxicidade e a atividade antimicrobiana,
incluindo a produção de intermediários reativos do oxigênio e nitrogênio. Além disso,
estimulam a produção de mediadores inflamatórios, citocinas e quimiocinas, como IL-
1β, IL-6, IL-8, interleucina 12 (IL-12) e TNF-α (BROWN; GORDON, 2003).
Estudos em animais e no homem têm demonstrado que a terapia com a β-
glucana é capaz de alterar a progressão de neoplasias malignas (DI LUZIO, et al., 1979;
SALES, 1989; LIU, et al., 2009; WEITBERG, 2009;), de infecções causadas por
diversos patógenos, como bactérias (HETLAND, 2000; FREITAS, 2004) e fungos
(SATO, et al., 2006), e também do processo de cicatrização de diversos tipos de feridas.
A imunoterapia com β-glucana melhorou a cicatrização de feridas por aumentar
o infiltrado de macrófagos, estimular a granulação tissular e promover a deposição de
colágeno, com conseqüente reepitelização e aumento da força de tensão tecidual. A
mesma apresentou a capacidade de ativar duas famílias de fatores de transcrição: a
26
proteína ativadora 1 (AP-1), envolvida na regulação de genes de citocinas
imunorregulatórias e a proteína específica 1 (SP-1), que interage com o fator nuclear 1
(NF-1), o qual atua como regulador transcricional do procolágeno humano α1 e α2
(WEI; WILLIAMS; BROWDER, 2002).
A cicatrização de feridas em animais de laboratório tratados com glucana por
via tópica demonstrou aumento da proliferação fibroblástica, o que contribuiu para a
reepitelização (WOLK; DANON, 1985). A β-(1→3) glucana fosfatada foi administrada
por via intravenosa em animais submetidos a anastomose do cólon e incisão total da
pele. Neste estudo foi observado que nos grupos tratados com a glucana, houve aumento
da força de tensão das feridas, indicando uma correlação positiva entre tratamento com
glucana, força tênsil e biossíntese de colágeno (PORTERA; LOVE; MEMORE, 1997).
A β-(1→3) glucana aminada foi capaz de estimular a cicatrização de feridas
cutâneas induzidas em camundongos diabéticos quando aplicada por via tópica
(BERDAL et al., 2007). Em modelo de anastomose colônica em ratos, verificou-se que
os animais tratados com β-(1→3) glucana por via oral apresentaram aumento
significativo no número de macrófagos e fibroblastos (DINC, et al., 2006). Na pesquisa
desenvolvida por Lee et al. (2003), pele artificial obtida a partir de cultura de
fibroblastos e queratinócitos em meio contendo β-(1→3), (1→6) glucana e gelatina foi
utilizada em feridas induzidas experimentalmente em camundongos atímicos,
verificando-se que a glucana foi capaz de promover o aumento da reepitelização.
Delatte et al (2001) utilizaram a β-glucana associada a uma matriz de colágeno
no tratamento de queimaduras parciais em crianças e observaram a indução da formação
de uma barreira contra contaminação bacteriana, diminuição da dor, menor necessidade
de trocas do curativo e retorno precoce às atividades diárias.
27
3 OBJETIVOS_________________________________________________________
3.1 OBJETIVO GERAL
Verificar se a glucana insolúvel, por via tópica, atua no processo de cicatrização
de úlceras venosas em humanos.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
* Caracterizar quimicamente a glucana insolúvel obtida a partir do
Saccharomyces cerevisiae;
* Avaliar a resposta inflamatória nas úlceras tratadas com a glucana por via
tópica;
* Investigar angiogênese, proliferação fibroblástica e produção de colágeno nas
referidas úlceras;
* Averiguar alterações hematológicas, hepáticas e renais em função da
aplicação da glucana por via tópica.
28
4 CASUÍSTICA E METODOLOGIA______________________________________
4.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA
A pesquisa seguiu o modelo de um ensaio clínico não-randomizado intragrupo,
no qual para a avaliação do efeito do tratamento cada participante serviu como seu
próprio controle (HULLEY, S. B et al, 2003). O estudo foi aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL/UFRN) sob
nº de protocolo 147/07 (ANEXO 1), respeitando-se o Capítulo III da Resolução 196/96
do Conselho Nacional de Saúde (CNS) sobre as Diretrizes e Normas Regulamentadoras
de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos.
O grupo de estudo foi constituído por pacientes atendidos no Ambulatório de
Angiologia e Cirurgia Vascular do HUOL/UFRN. Antes das intervenções, os mesmos
receberam orientações acerca do objetivo da pesquisa e assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE 1).
Para ser incluído no estudo, o paciente deveria ter idade compreendida entre 18 e
75 anos, não havendo restrição quanto ao sexo, e apresentar pelo menos uma úlcera
venosa por no mínimo dois meses. Foram excluídos os pacientes com transtornos
psiquiátricos, sinais clínicos de comprometimento arterial no membro inferior,
neoplasia, doença auto-imune, insuficiência renal, cardíaca ou hepática.
Os pacientes incluídos na pesquisa foram submetidos à avaliação clínica pelo
cirurgião vascular pertencente à equipe. Para tanto, foi elaborado um instrumento de
avaliação do portador de úlcera venosa (APÊNDICE 2), de acordo com as Diretrizes da
Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular – SBAVC (AGUIAR et al.,
2005).
4.2 OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DA GLUCANA
A glucana foi extraída no Laboratório de Imunologia Clínica e no Laboratório de
Desenvolvimento de Medicamentos da Faculdade de Farmácia da UFRN, a partir do
fermento biológico (Saccharomyces cerevisiae), (Fleischmann®, Rio de Janeiro), de
acordo com o método descrito por Hassid; Joslyn; Mccready (1941) com modificação
na temperatura de extração, a qual foi de 80°C.
29
A concentração de açúcares totais foi determinada pelo método de Dubois et al
(1956), tendo como padrão a D-glicose. A concentração total de proteínas foi
mensurada pelo método de Bradford (SPECTOR, 1978) utilizando-se a albumina sérica
bovina (BSA) como padrão e a concentração de compostos fenólicos foi obtida pelo
método colorimétrico Folin-Ciocalteu adotando-se como padrão o ácido gálico (COSTA
et al., 2010). Os polímeros foram hidrolisados (5 M TCA, 100ºC, 2 h) e a composição
de açúcar foi determinada por cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) (Merck
Hitachi Elite LaChrom®) em coluna LichroCART®250-4. Arabinose, galactose, glicose,
fucose, manose, ramnose e xilose foram utilizadas como referência. Os ensaios acima
descritos foram realizados no Laboratório de Biopolímeros, Departamento de
Bioquímica do Centro de Biociências/UFRN.
Os espectros de ressonância magnética nuclear (RMN) de 13C e 1H (1D e 2D)
foram obtidos em espectrômetro Bruker Avance DRX 400 MHz no Departamento de
Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade Federal do Paraná. Glucana (50 mg)
foi dissolvida em 800 µL de ácido dimetilsulfóxido deuterado (DMSO-d6) e as amostras
foram analisadas à temperatura de 70 °C.
4.3 FORMULAÇÃO FARMACÊUTICA
A glucana foi dispersa na concentração de 3% em um creme contendo crodabase
CR-2 (Croda®, Campinas), de acordo com a formulação abaixo descrita:
Crodabase CR-2--------------------------------------------------- 25%
Nipazol------------------------------------------------------------ 0,05%
Nipagin------------------------------------------------------------ 0,15%
Glicerina---------------------------------------------------------- 5,175%
Água destilada----------------qsp------------------------------- 100g
4.4 APLICAÇÃO DA GLUCANA
Inicialmente foi realizada a limpeza da úlcera com solução de cloreto de sódio
0,9% e posterior aplicação de uma fina camada da formulação anteriormente descrita.
Em seguida, a úlcera foi coberta primariamente com gaze não-aderente (100% viscose)
umedecida em solução de cloreto de sódio 0,9%, seguida por gaze de algodão e atadura
30
de crepom (ABBADE; LASTÓRIA, 2005). Este procedimento foi realizado diariamente
por um período de no mínimo dois meses (FRADE, 2003).
4.5 REGISTRO FOTOGRÁFICO E MENSURAÇÃO DA ÁREA DA ÚL CERA
A evolução do processo de cicatrização foi acompanhada pelo registro
fotográfico e pela mensuração da área da úlcera. Este procedimento foi realizado
semanalmente no Ambulatório de Angiologia e Cirurgia Vascular do HUOL/UFRN,
dispondo-se, para o primeiro, de câmera digital Sony DSC- W35 e, para o segundo, do
contorno do perímetro da úlcera sobre uma folha plástica estéril, sendo a figura obtida
analisada pelo software AutoCAD 2008®.
4.6 BIÓPSIA CUTÂNEA
Para a avaliação histopatológica das úlceras em estudo, foram realizadas, em
cada paciente, duas biópsias cutâneas. A primeira foi efetuada no pré-tratamento (dia 0)
e a segunda no trigésimo dia de tratamento (dia 30). Para executar este procedimento,
limpou-se a úlcera com solução de cloreto de sódio 0,9%, em seguida foi aplicada
anestesia local (xilocaína 2% com epinefrina) e realizada biópsia incisional em elipse
com auxílio de lâmina de bisturi nº 15, contemplando a área ulcerada e a borda da lesão
(a média dos fragmentos excisados foi de 1,0 x 0,5 x 0,5 cm). Imediatamente após a
biópsia, a glucana foi administrada. O procedimento acima descrito ocorreu no Centro
Cirúrgico do HUOL por cirurgião pertencente à equipe. O fragmento excisado, embora
elíptico, não causou dano significativo ao paciente e permitiu analisar e comparar a área
ulcerada e a borda da lesão. O material obtido foi fixado em formaldeído a 10%, por 24
horas, e encaminhado ao Laboratório de Anatomia Patológica, Departamento de
Patologia/UFRN.
4.7 PROCESSAMENTO E COLORAÇÕES HISTOLÓGICAS
O processamento histológico do fragmento biopsiado incluiu a desidratação em
álcool etílico absoluto (6 passagens), diafanização em xilol (2 passagens) e impregnação
em parafina a 39ºC (2 passagens), etapas estas realizadas em disco de 12 horas em
processador automático de tecido. Em seguida, os fragmentos foram incluídos em
parafina a 45ºC. A partir do material emblocado e com uso de micrótomo, foram
obtidos cortes histológicos de 4µm, seqüenciais, distribuídos em 4 lâminas. O primeiro
31
foi corado pela hematoxilina-eosina (HE) para evidenciação da estrutura cutânea e seus
componentes celulares e teciduais; o segundo pelo tricrômico de Masson e o terceiro
pelo picrosirius red, ambos com a finalidade de identificação das fibras de colágeno.
Tanto a coloração por HE quanto as histoquímicas obedeceram a padrões estabelecidos
no Laboratório de Anatomia Patológica, Departamento de Patologia/UFRN
(APÊNDICE 3).
4.8 AVALIAÇÃO HISTOPATOLÓGICA
A avaliação histopatológica foi realizada por médico patologista pertencente à
equipe, com auxílio de microscópio óptico binocular Olympus CX31 acoplado a câmera
digital Olympus C-5060, de acordo com o descrito abaixo (FRADE, 2003):
4.8.1 Análise Qualitativa
Foram avaliados os seguintes parâmetros:
a) Padrão da Epiderme: Identificação da presença de hiperplasia epitelial ou de
atrofia.
b) Necrose: Presença ou ausência de necrose tecidual.
c) Processo Inflamatório: Presença ou ausência de processo inflamatório.
d) Angiogênese: Presença ou ausência de neoformação vascular.
e) Fibrose Colagênica: Verificação ou não do aumento das fibras de colágeno.
f) Proliferação Fibroblástica: Verificação ou não do aumento do número de
fibroblastos.
4.8.2 Análise Semiquantitaiva
O estudo semiquantitativo avaliou, pelo sistema de cruzes, os parâmetros
determinados na observação qualitativa, com exceção do padrão da epiderme.
A necrose foi considerada segundo a localização topográfica e de acordo com a
coloração por HE em:
32
NECROSE
+ Necrose no 1/3 superior da derme ++ Necrose em toda a derme
+++ Necrose até o tecido subcutâneo
O processo inflamatório e a angiogênese foram analisados em função da
coloração por HE, enquanto que, para o estudo da fibrose colagênica e da proliferação
fibroblástica, foram consideradas as três colorações.
O processo inflamatório foi avaliado com relação ao grau de comprometimento
do espécime, adotando-se:
PROCESSO INFLAMATÓRIO
+ Inflamação no 1/3 superior da derme ++ Inflamação em 2/3 do espécime
+++ Inflamação em todo o espécime
A angiogênese foi determinada levando-se em consideração o calibre dos vasos
e a disposição dos mesmos no espécime. Isso possibilitou a seguinte identificação:
ANGIOGÊNESE
+ Presença de vasos capilares de paredes finas, com uma ou duas células endoteliais, localizados na derme superficial da área ulcerada e nas margens da úlcera
++ Presença de vasos capilares com uma espessura duas vezes maior que o anterior; endotélio tumefeito e neovascularização estendendo-se até 2/3 do espécime
+++ Vasos de paredes espessas, bem constituídos, endotélio tumefeito, presente em todo o espécime
Na fibrose colagênica, considerou-se a presença, espessura e distribuição das
fibras de colágeno no espécime, atribuindo-se:
FIBROSE COLAGÊNICA
+ Fibras colágenas delicadas e ocasionais
++ Fibras colágenas delicadas e espessas, ocasionais
+++ Fibras colágenas espessas, caracterizando cicatriz
33
A proliferação fibroblástica foi avaliada obedecendo-se os seguintes aspectos:
PROLIFERAÇÃO FIBROBLÁSTICA
+ Ocasionais fibroblastos. Predomínio das alterações inflamatórias celulares agudas
++ Fibroblastos e células inflamatórias em igual proporção
+++ Predomínio fibroblástico em todo o espécime
4.8.3 Análise Quantitativa
A análise histomorfométrica das células inflamatórias: neutrófilos, linfócitos e
plasmócitos foi realizada a partir da contagem de sete campos de grande aumento por
espécime (aumento 400X). O número de células em cada campo foi contado e a média
dos campos foi calculada.
4.9 AVALIAÇÕES HEMATOLÓGICAS E BIOQUÍMICAS
Para averiguar possíveis alterações hematológicas, hepáticas e renais em função
da aplicação da glucana por via tópica, os pacientes foram submetidos a coletas de 15
mL de sangue por punção venosa. Foram realizadas duas coletas: a primeira antes de
iniciada a terapia com glucana e a segunda no trigésimo dia de tratamento. A avaliação
laboratorial consistiu dos seguintes exames: hemograma, velocidade de sedimentação
das hemácias (VSH), glicemia de jejum, alanina aminotransferase (ALT), aspartato
aminotransferase (AST), gamaglutamiltransferase (GGT), proteínas totais, albumina,
uréia e creatinina. Os exames foram realizados no Laboratório Integrado de Análises
Clínicas (LIAC) da Faculdade de Farmácia/UFRN.
A determinação dos parâmetros hematológicos foi efetuada com auxílio do
contador automático de células HORIBA ABX Micros 60 OS e a contagem diferencial
dos leucócitos em microscópio óptico binocular Olympus CX31. Para a realização do
VSH, utilizou-se o método de Wintrobe e para as dosagens bioquímicas, os kits
Labtest® (seguindo-se as especificações do fabricante). Foram adotados métodos
colorimétricos para a determinação da glicemia de jejum, proteínas totais, albumina e
uréia e métodos cinéticos para a creatinina, ALT, AST e GGT.
34
4.10 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os dados obtidos foram analisados empregando-se a estatística descritiva e o
teste não paramétrico de Wilcoxon, este último foi aplicado na mensuração das áreas
das úlceras e na análise histomorfométrica das células inflamatórias. O nível de
significância estabelecido foi de 5% (p-valor < 0,05).
58
7 CONCLUSÃO________________________________________________________
- Uma homoglucana linear insolúvel com ligações glicosídicas do tipo β-(1→3) foi
isolada partir do Saccharomyces cerevisiae;
- Foi observado ativação da resposta inflamatória cicatricial com aumento do número de
neutrófilos, linfócitos e plasmócitos, sendo estatisticamente significativo o aumento do
número de plasmócitos;
- As modificações histológicas evidenciadas na angiogênese e na fibrose colagênica
estavam relacionadas com as distintas fases do processo de cicatrização;
- Foi verificado aumento da proliferação de fibroblastos após tratamento com a β-(1→3)
glucana;
- Não foram observadas, por intermédio da avaliação laboratorial realizada, alterações
hematológicas, hepáticas e renais decorrentes da aplicação da β-(1→3) glucana
insolúvel por via tópica;
- A β-(1→3) glucana insolúvel por via tópica foi capaz de promover alterações no
processo de cicatrização das úlceras venosas tratadas.
59
REFERÊNCIAS______________________________________________________
ABBADE, L. P.; LASTORIA, S. Venous ulcer: epidemiology, physiopathology,
diagnosis and treatment. International Journal Dermatology, v. 44, p. 449-456, 2005.
AGUIAR, E. T. et al. Diretrizes da SBACV para diagnóstico, prevenção e tratamento da
úlcera de insuficiência venosa crônica. Jornal Vascular Brasileiro, n. 3, supl. 2, p.
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ARAUJO, T. et al. Managing the patient with venous ulcers. Annals of Internal
Medicine, v.138, n.4, p.326-334, 2003.
BALBINO, C. A.; PEREIRA, L. M.; CURI, R. Mecanismos envolvidos na cicatrização:
uma revisão. Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences, v. 41, p. 27- 51, 2005.
BECKERT, S. et al. Efficacy of topical pale sulfonated shale oil in the treatment of
venous leg ulcers: A randomized, controlled, multicenter study. Journal Vascular
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65
APÊNDICES
66
APÊNDICE 1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
Este é um convite para você participar da pesquisa intitulada “Imunoterapia de
Feridas Complexas com ββββ-1,3 Glucana”, coordenada pela Profa. Dra. Valéria Soraya
de Farias Sales tendo a participação da farmacêutica-bioquímica e mestranda Sarah
Dantas Viana Medeiros.
Sua participação na pesquisa é voluntária, o que significa que você poderá
desistir a qualquer momento, retirando seu consentimento, sem que isso lhe traga
nenhum prejuízo ou penalidade.
Essa pesquisa tem por objetivo estudar a ação de uma substância denominada
glucana por via tópica (local) nas feridas de sua pele, visto que ela poderá auxiliar no
processo de cicatrização do seu ferimento. Caso decida aceitar o convite, você será
submetido (a) aos seguintes procedimentos:
1) Coleta de sangue em veia periférica no braço ou antebraço por profissionais
experientes, com auxílio de seringa e agulha descartáveis. Antes da coleta será realizada
anti-sepsia (limpeza) no local da punção com álcool a 70% e algodão. O sangue será
coletado rapidamente até o volume de 10 mL e o desconforto da coleta será mínimo.
Eventualmente uma pequena mancha roxa pode se formar no local da punção. O sangue
coletado será utilizado para realização de exames hematológicos (hemograma e VSH),
bioquímicos (dosagem de glicose, alanina aminotransferase, aspartato aminotransferase,
gamaglutamiltransferase, uréia, creatinina, proteínas totais e albumina) e que lhe serão
entregues depois de realizados. Essas coletas serão necessárias antes de iniciar a terapia
proposta e no trigésimo dia do seguimento terapêutico.
2) Retirada de um pequeno fragmento (biópsia) da ferida por médico cirurgião
pertencente à equipe com auxílio de lâmina de bisturi para estudo histopatológico e
realização da imunohistoquímica. Tal procedimento será realizado antes do início da
terapia e no 30º dia, sob anestesia local. Como o fragmento a ser retirado é muito
pequeno, não impossibilitará a realização de suas atividades.
67
3) Semanalmente a (s) feridas (s) serão fotografadas e com auxílio de uma folha
plástica estéril e lápis para retroprojetor, serão contornadas.
Os riscos envolvidos com sua participação são: mancha roxa (hematoma) no
local da coleta de sangue (punção), pequeno sangramento quando da realização da
retirada do fragmento da ferida (biópsia) e prurido (coceira). Tais riscos serão
minimizados através das seguintes providências: compressão e curativo no local de
retirada do fragmento e, se necessário, uso de anti-histamínico para a coceira.
Você terá os seguintes benefícios ao participar da pesquisa: possibilidade de
utilização de uma nova terapia para auxiliar no processo de cicatrização da sua ferida.
Todas as informações obtidas serão sigilosas e seu nome não será identificado em
nenhum momento. Os dados serão guardados em local seguro e a divulgação dos
resultados será feita de forma a não identificar os voluntários.
Não há despesas pessoais para o participante em qualquer fase do estudo.
Também não há compensação financeira relacionada com a sua participação. Em caso
de dano pessoal, diretamente causado pelos procedimentos propostos neste estudo (nexo
causal comprovado), você tem direito a tratamento médico na instituição, bem como às
indenizações legalmente estabelecidas.
Você ficará com uma cópia deste Termo e toda a dúvida que você tiver a
respeito desta pesquisa, poderá perguntar diretamente para o responsável Profa. Dra.
Valéria Soraya de Farias Sales ou à mestranda Sarah Dantas Viana Medeiros, no
endereço: Rua Gal. Gustavo Cordeiro de Farias S/N Petrópolis – Natal/RN (2º andar da
Faculadade de Farmácia – Laboratório de Imunologia Clínica) ou pelo telefone: 3215-
4230.
Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao Comitê
de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes (CEP/HUOL) no
endereço: Av. Nilo Peçanha, 620 – Petrópolis – Natal /RN ou pelo telefone: 3202-3719.
E-mail: [email protected] Consentimento Livre e Esclarecido Declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada, os riscos e
benefícios envolvidos e concordo em participar voluntariamente da pesquisa
“Imunoterapia de Feridas Complexas com ββββ-1,3 Glucana”.
68
Participante da Pesquisa:
Nome: _____________________________________________________________
Assinatura: _________________________________________________________
Pesquisador Responsável: Valéria Soraya de Farias Sales
Assinatura: __________________________________________
Endereço Profissional: Rua Gal. Gustavo Cordeiro de Farias S/N Petrópolis – Natal/RN
(2º andar da Faculadade de Farmácia – Laboratório de Imunologia Clínica).
Telefone: 3215-4230
Mestranda: Sarah Dantas Viana Medeiros
Assinatura: _____________________________________________
Comitê de Ética em Pesquisa – CEP/HUOL
Endereço: Av. Nilo Peçanha, 620 – Petrópolis – Natal /RN
Telefone: 3202-3719 ramal: 242
Natal, ______/_______/________.
69
APÊNDICE 2
INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DO PORTADOR DE ÚLCERA VENO SA
DATA _____/_____/_____
IDENTIFICAÇÃO E PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO
Nome: .............................................................................................. Nº Registro: .............
Sexo: ............ Data de Nascimento: ............/............../........... Estado Civil: .....................
Nº de Filhos: ............... Religião: ................................ Naturalidade: ............................
Escolaridade: ................................................. Profissão: ...............................................
Vínculo Empregatício: .......................................... Ocupação Atual: .................................
Renda Familiar: .................................................
HÁBITOS PESSOAIS
Etilismo: ( ) Nunca Bebeu ( ) Parou de Beber Há quanto tempo? ( ) Sim,
Tempo?
Tabagismo: ( ) Não ( ) Sim Nº de cigarros/dia: _______ Tempo de tabagismo:
EXAME GERAL
Antecedentes Pessoais Patológicos
Diabetes Mellitus:_______ anos Hipertensão Arterial: ________ anos
Outras Doenças: ...............................................................................................................
Medicamentos em Uso (Indicação/Duração do Tratamento/Posologia):
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Exames Laboratoriais Anteriores (Tipo/Resultado):
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
70
EXAME DA FERIDA
Tipo da Ferida: _____________________ Tempo de Existência: ______________
Trauma Prévio: _________________ Número de Lesões: _______________
Recidiva: ( ) Não ( ) Sim, Quantas Vezes: __________
Tempo Aproximado de Cicatrização: __________________
Localização: ____________________________________
Leito da Ferida: ( ) Necrose ( ) Granulação ( ) Epitelização
Pele Circunvizinha: ( ) Saudável ( ) Bolhoso ( ) Ressecado ( ) Macerado
( ) Necrose ( ) Calor e rubor
Presença de Exsudato: ( ) Não ( ) Sim
Tipo de Exsudato: ( ) Seroso ( ) Sero-sanguinolento
( ) Sanguinolento ( ) Purulento
Odor: ( ) Ausente ( ) Discreto ( ) Acentuado
Dor: ( ) Ausente ( ) Leve ( ) Moderada ( ) Intensa
Sinais de Infecção: ( ) Calor ( ) Eritema ( ) Edema ( ) Dor
( ) Pus ( ) Linfadenopatia ( ) Linfagite
Sinais e Sintomas Locais
( ) Hiperpigmentação ( ) Claudicação
( ) Lipodermatosclerose ( ) Ausência de Pelos ( ) Edema
( ) Cianose ( ) Varizes ( ) Anidrose ( ) Rachaduras
( ) Sinais de Eczema ( ) Diminuição da Sensibilidade
( ) Deformidades ( ) Prurido ( ) Rubor à elevação
( ) Tegumento atrófico ( ) Palidez à elevação ( ) Dor ao descanço
( ) Ausência de pulso Outros: ........................................................
Área: Transparência: .............................
71
APÊNDICE 3
COLORAÇÕES HISTOLÓGICAS
HEMATOXILINA/EOSINA
1- Desparafinizar – Xilol – 03 cubas - 05 minutos cada
2- Alcoolizar – Álcool Etílico absoluto – 04 cubas - 02 minutos cada
3- Hidratar – Água Corrente – 03 minutos
4- Hematoxilina – 05 a 10 minutos
5- Água Corrente - 02 minutos
6- Diferenciar com Álcool Ácido e Lavar em Água Corrente
7- Solução Saturada de Carbonato de Lítio - 03 mergulhos
8- Lavar em Água Corrente
9- Eosina – 05 minutos
10- Desidratar – Álcool Etílico Absoluto – 4 cubas – 10 mergulhos
11- Xilol, Clarificar – 03 Cubas - 10 mergulhos
12- Montar – Lamínula e Bálsamo do Canadá.
RESULTADOS: Núcleo: Coloração Azul
Citoplasma, Fibras Colágenas, Elásticas e Neurofibrilas : Coloração Rosa a Vermelho
Hemácias: Coloração Vermelho
Fundo: Coloração Rosa Pálido
MÉTODO TRICRÔMICO DE MASSON
TECIDO CONJUNTIVO
FIXADOR: FORMALINA NEUTRA 10%
CORTES: PARAFINA
PROCEDIMENTO TÉCNICO
1-Desparafinizar e hidratar,
2-Lavar com água destilada,
3-Solução de hematoxilina de Harris – 30 segundos,
72
4-Lavar em água corrente por 10 minutos e lavar em água destilada,
5-Solução de fuccina ácida – Escarlate Briebrich - 10 minutos,
6-Lavar em água destilada,
7-Solução de ácido fosfomolíbdico-fosfotúngstico - 10 minutos
8-Lavar em água destilada,
9-Solução de azul de anilina - 5 minutos,
10- Lavar em água destilada,
11-Solução de ácido acético 1% - 3 minutos,
12- Lavar em água corrente,
13-Desidratar, clarear e montar.
RESULTADOS:
NÚCLEO.................. negro
MÚSCULO, CITOPLASMA E QUERATINA......vermelho
COLÁGENO.............azul
MÉTODO PICROSIRUIS RED
PROCEDIMENTO TÉCNICO
1-Desparafinizar e hidratar,
2-Solução picrosirius – 1 hora,
3- Lavar em água corrente por 5 minutos,
4-Hematoxilina – 1 minuto,
5- Lavar em água corrente por 10 minutos,
6-Desidratar, clarear e montar.
RESULTADOS:
COLÁGENO.............vermelho
73
APÊNDICE 4
Tabela 6: Área e o percentual de redução das úlceras venosas por período de segmento terapêutico
TEMPO DE TRATAMENTO dia 0 dia 30 Redução Redução dia 0 dia 60 Redução Redução
ÚLCERA Área cm2 Área cm2 Absoluta Percentual Área cm2 Área cm2 Absoluta Percentual
1 51,49 58,02 -6,53 -12,68 51,49 57,71 -6,22 -12,08
2 18,98 18,83 0,15 0,79 18,98 19,72 -0,74 -3,90
3 13,26 10,39 2,87 21,64 13,26 23,74 -10,48 -79,03
4 16,48 16 0,48 2,91 16,48 11,2 5,28 32,04
5 27,3 25,62 1,68 6,15 27,3 15,87 11,43 41,87
6 10,61 10,78 -0,17 -1,60 10,61 12,97 -2,36 -22,24
7 14,96 7,4 7,56 50,53 14,96 6,99 7,97 53,28
8 8,38 4,84 3,54 42,24 8,38 2,92 5,46 65,16
9 16,34 7,23 9,11 55,75 16,34 3,69 12,65 77,42
10 40,5 50,35 -9,85 -24,32 40,5 57,26 -16,76 -41,38
11 66,89 50,97 15,92 23,80 66,89 37,39 29,50 44,10
12 52,33 46,56 5,77 11,03 52,33 40,42 11,91 22,76
13 20,12 26,06 -5,94 -29,52 20,12 43,82 -23,70 -117,79
MÉDIA 27,51 25,62 1,89 11,29 27,51 25,67 1,84 4,63
74
Tabela 6: Área e o percentual de redução das úlceras venosas por período de segmento terapêutico (CONTINUAÇÃO)
TEMPO DE TRATAMENTO dia 0 dia 90 Redução Redução dia 0 dia 120 Redução Redução
ÚLCERA Área cm2 Área cm2 Absoluta Percentual Área cm2 Área cm2 Absoluta Percentual
1 51,49 - - - 51,49 - - -
2 18,98 - - - 18,98 - - -
3 13,26 - - - 13,26 - - -
4 16,48 10,21 6,27 38,05 16,48 - - -
5 27,30 8,78 18,52 67,84 27,3 5,27 22,03 80,70
6 10,61 - - - 10,61 - - -
7 14,96 5,89 9,07 60,63 14,96 - - -
8 8,38 0 8,38 100,00 8,38 - - -
9 16,34 2,08 14,26 87,27 16,34 - - -
10 40,50 41,42 -0,92 -2,27 40,5 - - -
11 66,89 27,95 38,94 58,21 66,89 - - -
12 52,33 35,53 16,8 32,10 52,33 - - -
13 20,12 - - - 20,12 - - -
MÉDIA 27,51 16,48 13,915 55,23 27,51 5,27 22,24 80,84
75
APÊNDICE 5
ÚLCERA Nº 1
Figura 1: Úlcera Venosa Pré-Tratamento
Figura 2: Úlcera Venosa (dia 30)
b
Figura 3: Úlcera Venosa (dia 60)
76
ÚLCERA Nº 2
Figura 4: Úlcera Venosa Pré-Tratamento
Figura 5: Úlcera Venosa (dia 30)
Figura 6: Úlcera Venosa (dia 60)
77
ÚLCERA Nº 3
Figura 7: Úlcera Venosa Pré-Tratamento
Figura 8: Úlcera Venosa (dia 30)
Figura 9: Úlcera Venosa (dia 60)
78
ÚLCERA Nº4
Figura 10: Úlcera Venosa Pré-Tratamento Figura 11: Úlcera Venosa (dia 30)
Figura 12: Úlcera Venosa (dia 60) Figura 13: Úlcera Venosa (dia 90)
79
ÚLCERA Nº 5
Figura 14: Úlcera Venosa Pré-Tratamento Figura 15: Úlcera Venosa (dia 30)
Figura 16: Úlcera Venosa (dia 60) Figura 17: Úlcera Venosa (dia 90)
Figura 18: Úlcera Venosa (dia 120)
80
ÚLCERA Nº 6
Figura 19: Úlcera Venosa Pré-Tratamento
Figura 20: Úlcera Venosa (dia 30)
Figura 21: Úlcera Venosa (dia 60)
81
ÚLCERA Nº 7
Figura 22: Úlcera Venosa Pré-Tratamento
Figura 23: Úlcera Venosa (dia 30)
Figura 24: Úlcera Venosa (dia 60)
Figura 25: Úlcera Venosa (dia 90)
82
ÚLCERA Nº 8
Figura 26: Úlcera Venosa Pré-Tratamento Figura 27: Úlcera Venosa (dia 30)
Figura 28: Úlcera Venosa (dia 60) Figura 29: Úlcera Venosa (dia 90)
83
ÚLCERA Nº 9
Figura 30: Úlcera Venosa Pré-Tratamento Figura 31: Úlcera Venosa (dia 30)
Figura 32: Úlcera Venosa (dia 60)
Figura 33: Úlcera Venosa (dia 90)
84
ÚLCERA Nº 10
Figura 34: Úlcera Venosa Pré-Tratamento Figura 35: Úlcera Venosa (dia 30)
Figura 36: Úlcera Venosa (dia 60)
Figura 37: Úlcera Venosa (dia 90)
85
ÚLCERA Nº 11
Figura 38: Úlcera Venosa Pré-Tratamento Figura 39: Úlcera Venosa (dia 30)
Figura 40: Úlcera Venosa (dia 60)
Figura 41: Úlcera Venosa (dia 90)
86
ÚLCERA Nº 12
Figura 42: Úlcera Venosa Pré-Tratamento Figura 43: Úlcera Venosa Pré-Tratamento (maléolo lateral) (maléolo medial)
Figura 44: Úlcera Venosa (dia 30) Figura 45: Úlcera Venosa (dia 30) (maléolo lateral) (maléolo medial)
Figura 46: Úlcera Venosa (dia 60) Figura 47: Úlcera Venosa (dia 60) (maléolo lateral) (maléolo medial)
87
ÚLCERA Nº 12
(continuação)
Figura 48: Úlcera Venosa (dia 90) (maléolo lateral)
Figura 49: Úlcera Venosa (dia 90) (maléolo medial)
88
ÚLCERA Nº 13
Figura 50: Úlcera Venosa Pré-Tratamento
Figura 51: Úlcera Venosa (dia 30)
Figura 52: Úlcera Venosa (dia 60)
89
APÊNDICE 6
VALORES DE REFERÊNCIA DOS EXAMES LABORATORIAIS REALIZADOS
HEMOGRAMA
Hematócrito: Homem: 41 a 53%; Mulher: 35 a 46%
Hemoglobina: Homem: 13,5 a 17,5 g/dL; Mulher: 12,0 a 16,0 g/dL
Hemácias: Homem: 4,5 a 5,9 milhões/mm3; Mulher: 4,0 a 5,0 milhões/mm3
Leucócitos: 4000 a 11000/mm3
Bastões: 0 a 550/mm3
Segmentados: 1600 a 7000/ mm3
Linfócitos: 1000 a 4000/mm3
Monócitos: 200 a 800/mm3
Eosinófilos: 40 a 550/mm3
Contagem de Plaquetas: 150 a 400 mil/mm3
VSH: Homem - 0 a 15 mm; Mulher – 0 a 20 mm
DOSAGENS BIOQUÍMICAS
Glicemia de Jejum: 70 a 99 mg/dL
Uréia: 15 a 40 mg/dL
Creatinina: 0,4 a 1,4 mg/dL
AST: Homem - 11 a 39 U/L; Mulher – 10 a 37 U/L
ALT: Homem - 11 a 39 U/L; Mulher – 10 a 37 U/L
GAMA GT: Homem - 7 a 58 U/L; Mulher – 5 a 39 U/L
Proteínas Totais: 6,0 a 8,0 g/dL
Albumina: 3,5 a 5,5 g/dL
90
ANEXO
91
ANEXO 1
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQ UISA