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43 Capítulo 7: Considerações Finais O presente trabalho expôs brevemente conceitos relacionados a ACs: conservabilidade, reversibilidade, linearidade e, em particular, a classe dos ACCRs lineares e não-lineares. Com relação à reversibilidade de ACs unidimensionais, propôs-se um parâmetro de caracterização dinâmica, denominado parâmetro α, o qual relaciona a distribuição das pré-imagens dos blocos básicos à reversibilidade, de tal forma que, para um AC unidimensional reversível, o número de pré-imagens dos blocos básicos está igualmente distribuído e, conseqüentemente, α assume valor mínimo para o espaço correspondente. Com isso, estabeleceu-se uma condição necessária, porém não suficiente, à reversibilidade de ACs unidimensionais, e levantou-se a seguinte questão fundamental: é possível decidir sobre a reversibilidade de um AC unidimensional considerando-se apenas análises relativas às pré-imagens de seus blocos básicos? Caso afirmativo, quais seriam as condições necessárias e suficientes nesse contexto? Uma outra questão está relacionada à existência e formulação generalizada para o parâmetro α, no sentido de relacionar a distribuição das pré-imagens dos blocos fundamentais para outros espaços de regras de maior dimensão. Ainda com relação ao parâmetro α, observou-se sua distribuição nos espaços de regras, a qual lembra a distribuição normal, e com granularidade consideravelmente maior que outros parâmetros de caracterização dinâmica considerados. Além do parâmetro α estar evidentemente relacionado a uma condição necessária à reversibilidade de ACs unidimensionais e, de forma geral, estar relacionado à condição necessária para regras que apresentam uma distribuição particular das pré-imagens dos blocos básicos, conjecturou-se sobre sua possível utilização para a definição de uma medida que caracterize o grau de reversibilidade de uma regra; contudo, nenhuma evidência empírica satisfatória foi encontrada nesse sentido. Apresentou-se também um estudo das propriedades dos ACCRs. Através de resultados numéricos e argumentos teóricos, conjecturou-se que todo ACCR é uma composição dos ACCRs no espaço de vizinhança de comprimento n=2. Ressalte-se que uma demonstração para tal conjectura permitiria estabelecer uma enumeração entre os comprimentos das vizinhanças e a quantidade de ACCRs no espaço correspondente, os quais seriam identificados através do cálculo das composições das funções de transição de estados onde n=2, para um dado q. Com base nessa conjectura calcularam- se diversos ACCRs, os quais também foram identificados através de buscas exaustivas. Ainda com base nos ACCRs identificados, estabeleceu-se uma fórmula empírica para enumeração dos ACCRs binários, de tal maneira que, dado n, pode-se facilmente enumerar todos os ACCRs binários daquele espaço. Por fim, fez-se breve análise da dinâmica espaço-temporal dos ACs, bem como da topologia de suas bacias de atração, claramente induzidas pelas leis de conservação e reversibilidade. Finalmente. conjecturou-se, com base em experimentos numéricos e observações teóricas, que todo ACCR linear apresenta dinâmica espaço-temporal trivial e, conseqüentemente, não podem apresentar

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Capítulo 7: Considerações Finais

O presente trabalho expôs brevemente conceitos relacionados a ACs: conservabilidade,

reversibilidade, linearidade e, em particular, a classe dos ACCRs lineares e não-lineares. Com relação

à reversibilidade de ACs unidimensionais, propôs-se um parâmetro de caracterização dinâmica,

denominado parâmetro α, o qual relaciona a distribuição das pré-imagens dos blocos básicos à

reversibilidade, de tal forma que, para um AC unidimensional reversível, o número de pré-imagens

dos blocos básicos está igualmente distribuído e, conseqüentemente, α assume valor mínimo para o

espaço correspondente. Com isso, estabeleceu-se uma condição necessária, porém não suficiente, à

reversibilidade de ACs unidimensionais, e levantou-se a seguinte questão fundamental: é possível

decidir sobre a reversibilidade de um AC unidimensional considerando-se apenas análises relativas às

pré-imagens de seus blocos básicos? Caso afirmativo, quais seriam as condições necessárias e

suficientes nesse contexto? Uma outra questão está relacionada à existência e formulação generalizada

para o parâmetro α, no sentido de relacionar a distribuição das pré-imagens dos blocos fundamentais

para outros espaços de regras de maior dimensão. Ainda com relação ao parâmetro α, observou-se sua

distribuição nos espaços de regras, a qual lembra a distribuição normal, e com granularidade

consideravelmente maior que outros parâmetros de caracterização dinâmica considerados. Além do

parâmetro α estar evidentemente relacionado a uma condição necessária à reversibilidade de ACs

unidimensionais e, de forma geral, estar relacionado à condição necessária para regras que apresentam

uma distribuição particular das pré-imagens dos blocos básicos, conjecturou-se sobre sua possível

utilização para a definição de uma medida que caracterize o grau de reversibilidade de uma regra;

contudo, nenhuma evidência empírica satisfatória foi encontrada nesse sentido.

Apresentou-se também um estudo das propriedades dos ACCRs. Através de resultados

numéricos e argumentos teóricos, conjecturou-se que todo ACCR é uma composição dos ACCRs no

espaço de vizinhança de comprimento n=2. Ressalte-se que uma demonstração para tal conjectura

permitiria estabelecer uma enumeração entre os comprimentos das vizinhanças e a quantidade de

ACCRs no espaço correspondente, os quais seriam identificados através do cálculo das composições

das funções de transição de estados onde n=2, para um dado q. Com base nessa conjectura calcularam-

se diversos ACCRs, os quais também foram identificados através de buscas exaustivas. Ainda com

base nos ACCRs identificados, estabeleceu-se uma fórmula empírica para enumeração dos ACCRs

binários, de tal maneira que, dado n, pode-se facilmente enumerar todos os ACCRs binários daquele

espaço.

Por fim, fez-se breve análise da dinâmica espaço-temporal dos ACs, bem como da topologia de

suas bacias de atração, claramente induzidas pelas leis de conservação e reversibilidade. Finalmente.

conjecturou-se, com base em experimentos numéricos e observações teóricas, que todo ACCR linear

apresenta dinâmica espaço-temporal trivial e, conseqüentemente, não podem apresentar

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computabilidade universal, característica encontrada tanto em ACs conservativos quanto em ACs

reversíveis. Contudo, com relação a ACCRs não-lineares, desconhece-se sua dinâmica espaço-

temporal considerando-se uma grande quantidade de estados e, portanto, mais estudos fazem-se

necessários com relação às suas capacidades computacionais.

A presente pesquisa levou a diversos questionamentos, alguns deles ainda sem respostas

satisfatórias, necessitando-se assim, de continuidade. As Conjecturas 1, 2 e 3 permanecem em aberto,

bem como uma fomalização da dinâmica espaço-temporal de ACCRs lineares e não-lineares,

incluindo propriedades tais como a preservação de densidade de estados para ACCRs lineares. Estudos

recentes sugerem soluções via aplicação de técnicas de dinâmica simbólica e topológica, que

consideram ACs definidos sobre espaços topológicos contínuos. De qualquer forma, um estudo

aprofundado tanto de dinâmica simbólica, quanto das áreas sob a qual a mesma é fundamentada, torna-

se necessário ao avanço deste trabalho.

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