Apresentação do PowerPoint - ProMilitares · 2019-07-24 · Apesar de o número ser bem grande,...
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FÍSICA
MÓDULO EXTRA TÓPICOS DE FÍSICA MODERNA II
Professor Ricardo Fagundes
RELATIVIDADE ESPECIAL Vamos começar com um exemplo: O píon (π+ou π−) é uma partícula que pode ser criada em um acelerador de partículas de alta energia. É uma partícula muito instável, com vida média de 26 ns. Em um experimento, píons foram criados a uma velocidade de 0,913c. Nesse caso, observou-se que essas partículas percorriam uma distância de 17,4 m antes de se desintegrarem.
Sendo assim, elas se deslocaram durante 17,4
0,913 . 3 . 108 = 63,7 ns, um tempo
muito maior que a vida média dessa partícula me repouso. Esse efeito de dilatação do tempo surge devido ao movimento relativo entre a partícula e o laboratório.
Agora, para um sistema de coordenadas fixo no píon, o seu deslocamento foi de
0,913 . 3 . 108 . 26 . 10−9 = 7,1 m . Ou seja, dois observadores que estão em movimento relativo (um fixo no laboratório e outro na partícula) medem valores diferentes para o mesmo comprimento, o que não acontecia na física clássica.
Em 1905, Einstein propôs dois postulados que formam a base de sua teoria especial da relatividade:
1. As leis da física são as mesmas em todos os referenciais inerciais.
2. A velocidade da luz no espaço livre tem o mesmo valor c em todos os referenciais inerciais.
Vamos interpretar esses postulados com um exemplo. Vamos imaginar duas pessoas em diferentes referenciais: uma no solo, do lado de fora do trem (S) e outra dentro do trem em movimento relativístico (S´), como mostra a figura abaixo:
O referencial que está dentro do trem está com uma lâmpada a uma distância vertical L0 de um espelho, no teto do vagão. Para o menino dentro do trem, a luz irá realizar uma trajetória vertical. Irá bater no espelho e voltar. Já para o menino do lado de fora do trem, a trajetória é a que está na figura acima, já que o trem se move com alta velocidade na horizontal. Portanto, para o menino dentro do vagão, o tempo de deslocamento da luz será:
∆t0 = 2L0
c
Já para o menino do lado de fora, a luz irá percorrer uma distância 2L igual a:
2L = 2 L02 + v∆t 2 2
Então o intervalo de tempo medido por ele será:
∆t = 2L
c = 2
L02 + v∆t 2 2
c
Ou seja:
∆t = ∆t0
1− v2 c2
= ∆t0
Onde é o fator de Lorentz, que é sempre maior que 1.
Aplicando no exemplo dos píons:
∆t = ∆t0
1− v2 c2
∴ ∆t = 26ns
1−0,9132 = 63,7 ns.
Valor medido pelo observador em repouso no laboratório.
Usando um raciocínio análogo, com um pouco de cálculo, podemos chegar a relação de relatividade do comprimento:
L = L0 1− v2 c2 =L0γ
Voltando ao exemplo dos píons, L = 17,4 1 + 0,9132 = 7,1 m.
Onde L0 é a distância medida pelo observador em repouso no laboratório.
De acordo com Galileu, o módulo da velocidade de um corpo A em relação a um corpo B é medida pela equação a seguir:
vAB = vA ± vB + sentidos opostos - mesmo sentido
Ou seja, para um corpo A que se move na horizontal, da direita para esquerda, com módulo de velocidade de 20 m/s, um outro, no sentido oposto, a 30 m/s, apresenta uma velocidade relativa de 20 + 30 = 50 m/s.
Então, usando esse raciocínio, um corpo que se move a 0,6 c no sentido oposto a outro, que se move a 0,8c, o vê com uma velocidade de 1,4c, o que violaria o 2º postulado de Einstein!
vA ± vB
Significa, então, que essa equação não está correta. Funcionava para baixas velocidades.
VELOCIDADE RELATIVA
O que temos acima é velocidade relativa de Galileu, que funciona para baixas velocidades. Para movimentos relativísticos (altas velocidades), temos que aplicar a velocidade relativa de Einstein:
vAB = vA ± vB
1 ± vAvBc2
Voltando no exemplo de dois corpos em sentidos opostos, um a 0,6c e o outro a 0,8c, em relação ao solo. A velocidade com que o 1º observa o 2º (e vice-versa) vale:
vAB = 0,6c + 0,8c
1 + 0,48=
1,4
1,48c ≅ 0,95c
Repare que, para baixas velocidades, esse efeito é desprezível. Vamos voltar ao caso clássico, 20 m/s e 30 m/s, do exemplo anterior:
vAB = 20 + 30
1 + 600/9 . 1016 = 50 m/s
QUANTIDADE DE MOVIMENTO RELATIVÍSTICA Resolvendo um problema simples de colisão de partículas que apresentam movimento relativístico, fica claro que, se Q = m.v, como conhecemos classicamente, a quantidade de movimento não se conservará. Como essa grandeza deve se conservar, devido há ausência de forças externas em uma colisão, há a necessidade de consertarmos essa fórmula. Einstein, debruçado sob esse problema, usando Lorentz, chegou à formulação abaixo:
Q =mv
1 − v2 c2
= γmv
O que pode ser interpretado como uma alteração na massa devido ao movimento da partícula.
Exemplo:
Qual é o módulo da quantidade de movimento de um próton a 0,86c?
Resolução:
Q = mv
1 − v2 c2
= 1,67 . 10−27 . 0,86 . 3 . 108
1 − 0,862 = 8,44 . 10−19 kgm/s
OBSERVAÇÃO:
Quando estudamos física de partículas não utilizamos o sistema m.k.s.. Como a unidade de energia /velocidade equivale a unidade de quantidade de movimento, vamos transformar a unidade acima:
8,44 . 10−19 . 3 . 108 = 2,53 . 10−10 J
1,6 . 10−19 = 1580 . 106 eV ou 1580 MeV.
A quantidade de movimento do próton vale, portanto, 1580 MeV/c .
Usando a equação de quantidade de movimento a fim de conservar a energia mecânica na colisão, conseguimos chegar a energia total (mecânica) de uma partícula de massa m a velocidade v:
E = mc2
1 − v2 c2
= γmc2
Sendo a energia de repouso da partícula (o equivalente a energia potencial) vale:
E0 = mc2
Portanto a energia cinética vale:
E − E0 = (γ − 1)mc2
ENERGIA RELATIVÍSTICA
Exemplo:
O Sol libera aproximadamente 3,9 . 1033 erg/s de energia devido a fusão de aproximadamente 600 milhões de toneladas de Hidrogênio em Hélio por segundo. Sabendo-se que 1 erg = 10-7J, qual é a massa que o Sol perde por ano?
Resolução:
1 ano ≅ 3,1 . 107s
Vamos considerar que o Sol está em repouso. Sendo assim, a relação entre energia e massa perdidas fica:
∆E = ∆mc2 ∴ ∆m = 3,9 . 1033 . 10−7 . 3,1 . 107
3 . 108 2 = 1,3 . 1017kg
Apesar de o número ser bem grande, se compararmos com a massa do Sol, que é de aproximadamente 2 . 1030kg, esse valor representa uma parcela ínfima. Uma pessoa que tem uma massa de 80 kg, ao perder 1kg, está perdendo, proporcionalmente, uma quantidade infinitamente maior que o Sol ao longo de um ano inteiro.