UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Instituto de Biologia

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Instituto de Biologia FERNANDA GARCIA FÓSSA INTER-RELAÇÃO ENTRE NANOPARTÍCULAS LIPÍDICAS SÓLIDAS, A VIA DO TGF-β E A TRANSIÇÃO EPITÉLIO-MESENQUIMAL EM CÉLULAS DE PRÓSTATA TUMORAIS E NÃO TUMORAIS CAMPINAS 2020

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Instituto de Biologia

FERNANDA GARCIA FÓSSA

INTER-RELAÇÃO ENTRE NANOPARTÍCULAS LIPÍDICAS SÓLIDAS, A VIA DO

TGF-β E A TRANSIÇÃO EPITÉLIO-MESENQUIMAL EM CÉLULAS DE PRÓSTATA

TUMORAIS E NÃO TUMORAIS

CAMPINAS

2020

FERNANDA GARCIA FÓSSA

INTER-RELAÇÃO ENTRE NANOPARTÍCULAS LIPÍDICAS SÓLIDAS, A VIA DO

TGF-β E A TRANSIÇÃO EPITÉLIO-MESENQUIMAL EM CÉLULAS DE PRÓSTATA

TUMORAIS E NÃO TUMORAIS

Dissertação apresentada ao Instituto de

Biologia da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do Título de Mestra em Biologia Funcional e Molecular, na área de Bioquímica.

Orientador: PROF. DR. MARCELO BISPO DE JESUS

CAMPINAS

2020

ESTE ARQUIVO DIGITAL CORRESPONDE À

VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO

DEFENDIDA PELA ALUNA FERNANDA GARCIA

FÓSSA E ORIENTADA PELO PROF. DR.

MARCELO BISPO DE JESUS.

Campinas, 19/02/2020.

COMISSÃO EXAMINADORA

Prof. Dr. Marcelo Bispo de Jesus

Prof.(a). Dr.(a) Carmen Veríssima Ferreira Halder

Prof.(a) Dr(a). Ana Carolina Santos de Souza Galvão Os membros da Comissão Examinadora acima assinaram a Ata de Defesa, que se encontra no processo de vida acadêmica do aluno.

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no

SIGA/Sistema de Fluxo de Dissertação/Tese e na Secretaria do Programa (Biologia

Funcional e Molecular) da Unidade (Instituto de Biologia).

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Beatriz e Nelson, que me deram toda a estrutura e apoio

emocional para chegar até aqui; obrigada por tudo. Aos meus irmãos, Renata, Lígia,

Flávia e Júnior, por serem bons exemplos de humanos bons, e nos quais eu sempre

me baseio para ser alguém melhor. Em especial à Lígia, minha irmã-mãe que apoia

e torce por mim como ninguém. Vocês são a minha maior torcida. Às minhas avós

Albertina (in memoriam) e Othilia, exemplos de mulheres fortes e guerreiras.

Ao Vlad, meu companheiro nessa jornada do mestrado e da vida, obrigada

pelos conselhos, pelos insights, por me incentivar a crescer, pelo carinho e paciência

que faz meus dias mais felizes. Você me mostra que o caminho pode ser leve,

mesmo quando árduo.

Ao meu orientador Marcelo Bispo, que desde os primórdios da minha

iniciação científica, me mostrou o que é ser uma cientista, me incentivou a pensar

por mim mesma e acreditar; não tenha dúvidas de que me espelho em você.

Obrigada pelos conhecimentos e por me guiar nessa escuridão (que agora vejo com

mais clareza) da vida acadêmica.

Aos queridos professores da minha banca de qualificação, Profa. Dra.

Carmen Veríssima Ferreira, Prof. Dr. Murilo Vieira Geraldo e Prof. Dr. Hernandes

Faustino de Carvalho, sou muito grata pelos conselhos sobre a aula e meu projeto.

Ao Prof. Bonafé pelas conversas esclarecedoras e histórias sempre boas; à

Profa. Eneida por me ensinar um pouquinho perto da sua vasta experiência como

professora, e em quem eu me espelho para quando for ensinar algum dia.

Ao laboratório NanoCell das antigas: Allan, Luiz, Guilherme, Ju Mattoso, em

especial a Carol Cassago que me guiou como ninguém, obrigada por todos os

ensinamentos e conversas, vocês fazem parte da minha formação. À Bruna, pois

compartilhamos muitos dos medos do início, além da grande amiga que se tornou.

Ao NanoCell não tão distante do presente: Monique, por seus cafés

acompanhados de muitos conselhos e suas ideias ótimas, obrigada; Aline, por sua

ajuda, conversas e cafés, obrigada; à Tuanny, agradeço as conversas, conselhos

sobre a vida, experimentos e desabafos, e por sempre estar presente nessa jornada.

Tamo junto!

À Samara, que além de me suportar desde o início me mostrando que a vida

é mais simples do que parece, me confortou quando eu precisei, me socorreu em

todas as crises, e não saiu do meu lado. Sá, obrigada por toda sua luz e sua

amizade.

Aos que encontrei durante o mestrado e que são especiais: à Maria

Fernanda, sempre presente, obrigada pela força e amizade; agradeço à Jéssica, por

me ensinar a fazer scratch, e nossa colaboração que rendeu um trabalho bonito e

uma amizade mais bonita ainda; Thays, que conheci há pouco, mas que trouxe uma

luz gigante para minha vida, obrigada.

Aos amigos de hoje e sempre, Letícia, Fer, Catu, Carol, Bru, por estarem

comigo e saber que mesmo longe, podemos contar. À Pierina, a melhor amiga dos

melhores projetos, e que tenho a sorte de encontrá-la no corredor logo à frente –

obrigado por tudo, quero ser você quando crescer.

Aos que sem eles nosso trabalho não seria possível: Ju Mattoso, Érika, Elzira,

Kiko por todo o suporte, e Vânia, sempre com um bom dia caloroso logo cedo. À

Unicamp, que tem sido minha morada por seis anos de muito aprendizado.

Agradeço à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

(FAPESP) pelo equipamento multiusuário Leitor Multidetecção Híbrido Cytation 5

(BioTek Instruments, Inc., Winooski, VT, USA), FAPESP #15/06134.

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de

Financiamento 001.

“Don't let anyone rob you of your imagination, your creativity, or your curiosity. It's

your place in the world; it's your life. Go on and do all you can with it, and make it the

life you want to live.” – Mae Jemison

RESUMO

O estudo da nanotecnologia, e mais especificamente de nanopartículas têm

crescido, principalmente de suas propriedades e efeitos colaterais. Dentre as

nanopartículas, se destacam as nanopartículas lipídicas sólidas (SLN), produzidas

com componentes biocompatíveis e biodegradáveis. Muito se estuda sobre os

efeitos benéficos de nanopartículas na entrega específica de fármacos e genes às

células, porém pouco se sabe sobre os efeitos em vias de sinalização intracelular.

Nesse trabalho estudamos os efeitos de SLN catiônica em células não tumorais e

tumorais do epitélio de próstata humano, relacionadas à via do TGF-β e transição

epitélio-mesenquimal (EMT). A via do TGF-β está relacionada com o aumento da

invasão e migração celular no câncer, estimulando a metástase através da ativação

da EMT. Nossos resultados mostram que as SLN aumentam a migração de células

de câncer de próstata PC-3, efeito não observado em células não tumorais de

próstata PNT1A – um resultado inesperado e inédito. Observamos que o aumento

da migração depende da nanopartícula e não dos seus componentes, e é um efeito

concentração-dependente. Ainda, proteínas relacionadas à EMT, como Zeb1,

mostraram-se aumentadas após tratamento com a SLN, demonstrando a

importância dessa via no efeito biológico. Além disso, o papel biológico, i.e., a

transfecção, mediado por SLN é significativamente reduzido quando inibimos os

receptores do TGF-β ou a Smad3. Concluímos que a SLN é capaz de interferir na

motilidade de células PC-3 através de sua ativação da via do TGF-β e a EMT. Tal

efeito, ao extrapolar para a clínica, poderia agravar o quadro de um paciente caso

esses resultados reproduzam em ensaios in vivo. A compreensão dos mecanismos

moleculares disparado por nanomateriais, bem como suas consequências para o

funcionamento celular, é importante para o desenvolvimento de novos nanomateriais

e para delimitar seu uso seguro e eficaz.

ABSTRACT

The study of nanotechnology, and more specifically of nanoparticles, has grown,

mainly due to its properties and side effects. Among the nanoparticles, we highlight

the Solid Lipid Nanoparticles (SLN), produced with biocompatible and biodegradable

components. Much has been researched about the beneficial effects of nanoparticles

on the specific delivery of drugs and genes to cells, but little is known about the

effects on intracellular signaling pathways. In this work we studied the effects of

cationic SLN in non-tumor and tumor cells of the human prostate epithelium, related

to the TGF-β pathway and epithelial-mesenchymal transition (EMT). The TGF-β

pathway is related to increased cell invasion and migration in cancer, stimulating

metastasis through activation of EMT. Our results show that SLNs increase the

migration of PC-3 prostate cancer cells, an effect not seen in non-tumor prostate

cells PNT1A - an unexpected and unprecedented result. We observed that the

increase in migration depends on the nanoparticle and not on its components, and is

a concentration-dependent effect. Also, EMT-related proteins, such as Zeb1, were

shown to be increased after treatment with SLN, demonstrating the importance of

this pathway in the biological effect. In addition, the biological effect, i.e., transfection,

mediated by SLN is significantly reduced when we inhibit TGF-β receptors or Smad3.

We conclude that SLN is capable of interfering in the motility of PC-3 cells through its

activation of the TGF-β pathway and EMT. Such an effect, when extrapolating to the

clinic, could worsen a patient's condition if these results reproduce in in vivo trials.

Understanding the molecular mechanisms triggered by nanomaterials, as well as

their consequences for cellular functioning, is important for the development of new

nanomaterials and to delimit their safe and effective use.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Principais vias de endocitose em células. ........................................ 19

Figura 2 - Modelo simplificado da via de sinalização de TGF-β.. ..................... 24

Figura 3 – Estrutura química de inibidores dos receptores TβRI e TβRII (LY2109761,

LY364947 e SB431542) e Smad (SIS3 HCl) da via do TGF-β. ................. 27

Figura 4 - Transfecção mediada por SLN em células de próstata. ................... 45

Figura 5 - Velocidade de migração de células de próstata após exposição à SLN

................................................................................................................... 48

Figura 6 – Velocidade de migração de células de próstata na presença de SLN e de

cada um de seus componentes. ................................................................ 50

Figura 7 - SLN induz a migração de células PC-3 de forma dose-dependente.52

Figura 8 – Proliferação de células PNT1A após tratamento com SLN. ............ 54

Figura 9 – Proliferação de células PC-3 após tratamento com SLN.. .............. 56

Figura 10 - Determinação da concentração ótima dos inibidores SIS3 e LY2109761

em células de próstata PNT1A e PC-3.. .................................................... 58

Figura 11 – Transfecção por SLN:GFP em células PNT1A e PC-3 em presença dos

inibidores LY2109761 e SIS3.. .................................................................. 60

Figura 12 – Internalização de SLN-Rodamina em células PNT1A e PC-3 após

tratamento com inibidores LY2109761 e SIS3. .......................................... 61

Figura 13 – Translocação nuclear de Smad2 em células PNT1A em presença ou

ausência de inibidores e do TGF-β.. .......................................................... 63

Figura 14 - Translocação nuclear de Smad2 em células PC-3 após tratamento com

inibidores. .................................................................................................. 65

Figura 15 – Translocação de Smad2 em células PNT1A.. ............................... 67

Figura 16 – Translocação de Smad2 em células PC-3.. .................................. 69

Figura 17 - Proteínas Zeb1 e Snail em células PNT1A após 24h de tratamento.71

Figura 18 – Proteínas Zeb1 e Snail em células PC-3 após 24h de tratamento. 73

Figura 19 – Vimentina em células do fronte migratório após 12h.. ................... 75

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Composição das formulações produzidas. ..................................... 33

Tabela 2 - Anticorpos primários e suas respectivas diluições. ......................... 40

Tabela 3 – Caracterização das nanopartículas.. .............................................. 43

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANOVA Analysis Of Variance (Análise de Variância)

BMP Bone Morphogenetic Protein (Proteína Morfogenética Óssea)

CBS Cascading Bistable Switches

cPML cytoplasmatic ProMyelocytic Leukaemia (Leucemia

Promielocítica citoplasmática)

DAPI 4,6–diamidino-2-fenilindol

DLS Dynamic Light Scattering (dispersão de luz dinâmica)

DMSO Dimethyl Sulfoxide (Dimetilsulfóxido)

DOTAP 1,2 dioleoil propano 3-trimetilamônio

EdU 5-ethinil-2‟deoxiuridina

EEA1 Early Endossome Antigen 1 (Antígeno do endossomo precoce 1)

EMT Epithelial-Mesenchymal Transition (Transição Epitélio-

Mesenquimal)

ERK Extracellular-Signal-Regulated Kinase (quinase regulada por sinal

extracelular)

EthD-1 homodímero de etídio

GDF Growth Differentiation Factor (Fator de diferenciação do

crescimento)

hPLCS High-performance liquid chromatography (Cromatografia Líquida

De Alta Eficiência)

IL-12 Interleucina-12

MH1/2 MAD homology 1/2

p38 Mitogen-activated protein kinase 38

PBS Phosphate-buffered saline (solução salina tamponada de fosfato)

PCTA Prostate Carcinoma Tumor Antigen-1 (sinônimo para Galectina-8)

PDI Índice de polidispersão

PFA Paraformaldehyde (Paraformaldeído)

PLGA-

PEG

Poli-ácidos Lático e Glicólico- Poli-Etileno Glicol

RPMI

1640

Roswell Park Memorial Institute 1640

SARA Smad Anchor for Receptor Activation

SFB Soro Fetal Bovino

SIS3 Specific Inhibitor of Smad3 (Inibidor específico de Smad3)

SLN Solid Lipid Nanoparticles (Nanopartículas lipídicas sólidas)

Smad Small mothers against decapentaplegic

Snail Zinc finger protein SNAI1

TCS Ternary Chimera Switch

TGF-β Transforming Growth Factor (Fator de transformação do

crescimento)

TGIF Transforming Growth-Interacting Factor

TβRI/II/III Transforming Beta Receptor type I/II/III (Receptor do TGF-β do

tipo I/II/III)

Zeb1 Zinc finger E-box-binding homeobox 1

SUMÁRIO

1. Introdução ........................................................................................................... 16

a. Nanomedicina e o câncer de próstata ............................................................. 16

b. Nanopartículas lipídicas sólidas (SLN) ............................................................ 17

c. Endocitose ....................................................................................................... 17

d. Internalização e tráfego de nanopartículas e sinalização celular .................... 20

e. A via do TGF-β ................................................................................................ 21

f. Inibidores da via do TGF-β .............................................................................. 25

g. Efeitos biológicos da via do TGF-β: Migração e EMT...................................... 27

h. Metástase ........................................................................................................ 29

i. PyScratch ........................................................................................................ 30

j. Resultados preliminares .................................................................................. 30

2. Objetivo ............................................................................................................... 32

3. Materiais e métodos............................................................................................ 32

a. Cultura de células ........................................................................................ 32

b. Produção e caracterização de nanopartículas lipídicas sólidas (SLN) ......... 33

c. Transfecção por SLN ................................................................................... 33

d. Ensaio de migração celular .......................................................................... 34

e. Proliferação celular....................................................................................... 36

f. Avaliação da citotoxicidade dos inibidores ................................................... 37

g. Determinação da transfecção na presença dos inibidores ........................... 38

h. Determinação da Internalização dos complexos em presença de inibidores

38

i. Avaliação de proteínas da via do TGF-β e EMT .......................................... 39

j. Imunofluorescência e anticorpos .................................................................. 40

k. Análise de imagens ...................................................................................... 41

l. Análise estatística dos resultados ................................................................ 42

4. Resultados e discussão ...................................................................................... 42

a. Caracterização das nanopartículas lipídicas sólidas (SLN) ...................... 42

b. Eficiência de transfecção .......................................................................... 43

c. Migração na presença da SLN .................................................................. 45

d. SLN e proliferação celular ......................................................................... 52

e. SLN e a via do TGF-β ............................................................................... 57

f. SLN e a transição epitélio-mesenquimal (EMT) ........................................ 70

5. Conclusão ........................................................................................................... 76

6. Referências bibliográficas ................................................................................... 77

7. Anexos ................................................................................................................ 86

16

1. Introdução

a. Nanomedicina e o câncer de próstata

É previsto que em 2030 a população de homens acima de 65 anos

chegue a 72 milhões e dessa forma, a taxa de câncer de próstata aumente

proporcionalmente (Cao e Kyprianou 2015). Dos casos de câncer em homens, o

câncer de próstata correspondeu a 1 em cada 5 novos casos em 2018 (Siegel,

Miller, e Jemal 2019). Desde 1979, o PSA (do inglês prostate-specific antigen) é

utilizado como marcador para o adenocarcinoma de próstata e representa uma

triagem inicial e caso haja suspeita de câncer, o próximo passo é a realização da

biópsia transretal guiada por ultrassom (Lomas e Ahmed 2020). O tratamento para o

câncer de próstata pode ser realizado através de cirurgia laparóspica ou robótica, e

também através da radioterapia associada à terapia de supressão androgênica

(Sathianathen et al. 2018). A castração cirúrgica está sendo substituída por métodos

farmacológicos, principalmente de fármacos anti-receptor de andrógeno, prevenindo

que os receptores estimulem o crescimento do câncer (Sathianathen et al. 2018).

Apesar do grande avanço, existe a necessidade de se desenvolver novas terapias

que tragam menores efeitos adversos, sendo mais eficientes e mais seguras para o

tratamento do câncer de próstata.

O câncer de próstata pode ter várias causas, dentre elas vias de sinalização

desreguladas. Uma das vias desreguladas é a do TGF-β, que em células epiteliais

não tumorais de próstata inibe a proliferação e induz a apoptose através da cascata

de sinalização de Smad (Cao e Kyprianou 2015). Em estágios avançados da

doença, o TGF-β promove a migração e invasão tumoral através de efeitos no

citoesqueleto de actina, aumentando a mobilidade de células de câncer de próstata

(Dicken, Hensley, e Kyprianou 2019). Por isso, a via do TGF-β no câncer de próstata

se tornou alvo de medicamentos, como por exemplo, o inibidor dos receptores do

TGF-β, LY2157299, que já está em fase clínica de testes (Cao e Kyprianou 2015).

O uso da nanotecnologia através de nanopartículas se tornou uma opção

para o tratamento do câncer de próstata, um exemplo é o uso de nanopartículas de

polietilenoglicol (PLGA-PEG) conjugadas a anti-CD24 para entrega de fármacos

especificamente no tumor (Bharali et al. 2017; Sanna e Sechi 2012). Conforme

cresce a aplicação de nanopartículas para o tratamento de câncer de próstata, é

17

importante entender quais os mecanismos utilizados pelas nanopartículas ao

interagirem com essas células. Pergunta-se: há algum tipo de interação entre as

nanopartículas e receptores de membrana celular? Seria uma nanopartícula é capaz

de disparar vias de sinalização intracelulares e qual o efeito causado por tal disparo?

b. Nanopartículas lipídicas sólidas (SLN)

Nanopartículas lipídicas sólidas (SLN, do inglês Solid Lipid Nanoparticles) têm

sido utilizadas para entrega de fármacos e material genético em células de câncer

de próstata (Akanda et al. 2015; Badawi et al. 2018; de Jesus et al. 2010), pois

possuem características desejadas, como por exemplo, o tamanho em escala

nanométrica, grande área de superfície e potencial para aumentar a performance de

outros compostos, como fármacos (Bhatt et al. 2018).

Usualmente, as SLN são produzidas por homogeneização em alta pressão

(HPH) e sonicação (Nasirizadeh e Malaekeh-Nikouei 2020). Nosso grupo de

pesquisa desenvolveu uma técnica de extrusão de microemulsão laboratorial, que

garante a estabilidade das SLN, sendo que sua produção é manual, de baixo custo e

eficiente. Com isso, estabelecemos um sólido conhecimento para desenvolvimento,

caracterização e aplicação de formulações de SLN para o carreamento de genes e

em muitos deles utilizamos células de câncer de próstata (de Jesus et al. 2010; de

Jesus e Zuhorn 2015; Radaic e Jesus 2018; Radaic, de Paula, e de Jesus 2015).

Tais nanopartículas são formadas por lipídios sólidos a temperatura ambiente,

surfactantes que previnem agregação, e agentes hidrossolúveis e lipossolúveis

podem ser incorporados a ela. Devido a sua composição, e por apresentar baixa

toxicidade, as SLN possuem excelente biocompatibilidade e são consideradas

seguras para o uso (Bhatt et al. 2018; Scheideler, Vidakovic, e Prassl 2020).

Entretanto, nosso grupo mostrou que as SLN induzem inflamação de baixa

intensidade em ratos, sendo capazes de ultrapassar a barreira hematoencefálica

sem comprometer sua integridade (Mendonça et al. 2019). Dessa forma, existem

lacunas no entendimento da interação SLN e sistemas biológicos, já que sua

composição segura não garante a falta de efeitos colaterais.

c. Endocitose

O transporte de moléculas da membrana plasmática em direção ao

citoplasma é chamado de endocitose, processo em que pequenas vesículas

18

transportam nutrientes, receptores de membrana e outras moléculas para o interior

da célula (Melkikh e Sutormina 2020). Com o auxílio de proteínas específicas,

vesículas são formadas a partir da invaginação da membrana plasmática; tais

vesículas receberão a carga a ser endocitada (Kaksonen e Roux 2018).

A endocitose é dividida em fagocitose e pinocitose: a fagocitose é realizada

por células do sistema imunológico, enquanto que a pinocitose existe virtualmente

em todas as células. A pinocitose é dividida em endocitose mediada por clatrina

(CME, do inglês clathrin-mediated endocytosis), endocitose mediada por caveolina,

macropinocitose e endocitose independentes de clatrina-caveolina (Figura 1). De

modo geral, a endocitose inicia-se através da invaginação da membrana contendo a

carga a ser internalizada, formando uma vesícula que irá se desligar da membrana e

serão entregues para o endossomo precoce. O endossomo precoce contendo a

carga passa por processos de fusão e fissão, diminuição do pH e acontece a fusão

com endossomos tardios, até chegar ao lisossomo, onde o material será degradado

(Melkikh e Sutormina 2020; Sahay, Alakhova, e Kabanov 2010).

Vários receptores importantes, como o receptor de transferrina, dependem da

CME para serem internalizados pela célula. A clatrina, com auxílio de proteínas

adaptadoras, polimeriza e forma um revestimento em volta da vesícula que está em

formação na membrana plasmática (Hinze e Boucrot 2018). Já a endocitose

mediada por caveolina é feita através de cavéolas, que são vesículas contendo

domínios ricos em colesterol e caracterizados pela presença das proteínas caveolina

e cavina, que também é importante para a endocitose de receptores, como por

exemplo o GLUT4 (Moore et al. 2018). Ressaltamos a importância de considerar o

tipo celular no que concerne a endocitose, pois o tipo de endocitose vai depender da

célula, da carga endocitada e do contexto em que a célula está inserida.

19

Figura 1 - Principais vias de endocitose em células (retirado de Ferreira et al. 2014).

Além do papel de nutrição da célula, a endocitose pode ser definida como um

sistema intimamente integrado às funções e sinalização celular, que constitui a

maior infraestrutura de comunicação da célula - integra a informação, transporte e

regulação das respostas celulares (Barbieri, Di Fiore, e Sigismund 2016). A

endocitose de receptores de superfície define o destino dos receptores, seja

marcando-os para degradação, diminuindo o sinal, ou reciclando-os de volta à

membrana plasmática e mantendo a sinalização ativa (Schmid 2017). Estímulos

contínuos aos receptores podem diminuir sua concentração, evitando um efeito

exacerbado daquele sinal, o que torna necessário um maior número de ligantes para

acionar a resposta celular (Moore et al. 2018). Já para outras vias, os receptores

20

ficam concentrados em endossomos, porque alguns deles necessitam desse

mecanismo para entrarem em contato com proteínas de uma cascata de sinalização

(Moore et al. 2018).

A cascata de sinalização pode ser determinada segundo a rota endocítica de

um receptor. Por exemplo, os receptores do TGF-β podem ser internalizados através

de duas vias: endocitose mediada por clatrina ou caveolina. A entrada via clatrina

resulta na entrega dessa vesícula em endossomo precoce positivo para EEA-1

(EEA-1, do inglês Early Endosome Antigen 1), sendo que EEA-1 se associa a

Rab5GTP presente em endossomos precoces. Além do EEA-1, a proteína SARA (do

inglês Smad Anchor for Receptor Activation) necessita estar presente nos

endossomos para que a sinalização aconteça. Assim, a presença dos receptores na

CME promove a via canônica do TGF-β, aumentando a translocação de Smad2 e

ativando a sinalização intracelular. Após a ativação, os receptores podem ser

degradados ou reciclados de volta à membrana celular. Caso haja uma alta

concentração de receptores associados ao ligante TGF-β (concentrações >10

ng/mL), a internalização ocorre via caveolina. Nessa situação, o receptor ativado

interage com proteína adaptadora Smad7 e SMURF7, induzindo a ubiquitinação e

subsequente degradação do receptor, que controla a resposta da célula à grande

concentração de ligante (Chen 2009; He et al. 2015; Vander Ark, Cao, e Li 2018).

Dessa forma, a endocitose oferece ferramentas para que a célula regule a

propagação, duração e atenuação do sinal (He et al. 2015).

Assim como a endocitose de receptores por vias específicas determina o

efeito causado na célula, a endocitose de nanopartículas por diferentes vias também

determina qual será o efeito na célula, pois tem conexão com a liberação do material

genético/fármaco carreado pela nanopartícula (de Jesus e Kapila 2014). O material

da nanopartícula, tamanho e carga influenciam na via de entrada na célula: segundo

K. Chen et al. (2018), o mecanismo de entrada de nanopartículas está em fase

inicial de estudos e seu entendimento é um desafio para o desenvolvimento da

nanotecnologia.

d. Internalização e tráfego de nanopartículas e sinalização celular

Nanopartículas lipídicas complexadas ao material genético (chamadas de

lipoplexos) são internalizadas por diversas vias de endocitose, dependendo da carga

e do material carreado (Lonez et al. 2009; Rehman, Zuhorn, e Hoekstra 2013).

21

Apesar da versatilidade dos lipoplexos, a liberação do material genético nem sempre

ocorre de forma eficiente, pois depende da via de entrada na célula. Dessa forma,

estudar como a liberação ocorre e aperfeiçoá-la é essencial para o desenvolvimento

de nanopartículas (Chen et al. 2018; Voltan et al. 2017).

Durante a internalização, nanopartículas podem trafegar em direção aos

lisossomos, uma vesícula ácida que pode degradar tanto o carreador quanto o

material genético, impedindo sua efetividade (Foroozandeh e Aziz 2018; de Jesus e

Kapila 2014; Rehman et al. 2013). Uma forma de controlar a entrada das

nanopartículas é funcionalizando sua superfície com moléculas, que interagem com

receptores e aumentam a endocitose por aquela via específica (Ohya, Takahashi, e

Kuzuya 2018).

Ao induzir a interação de nanopartículas com receptores, deve-se considerar

que essa interação pode gerar respostas celulares inesperadas. Por exemplo,

lipídios catiônicos podem ativar cascatas de sinalização em células ao interagir

diretamente com componentes da membrana plasmática. Sabe-se que cargas

positivas podem contribuir para a invaginação da membrana plasmática, auxiliando

no processo de endocitose desses materiais (Lonez, Vandenbranden, e Ruysschaert

2012). Outro exemplo são os lipossomas de Lipofectamina e DOTAP que induzem a

liberação de cálcio dos estoques intracelulares (Lonez et al. 2009). DOTAP pode

ainda induzir a secreção de interleucina 12 (IL-12) em células dendríticas, além de

estimular a formação de espécies reativas de oxigênio (Lonez et al. 2012). Entender

como os lipídios são capazes de ativar essas vias é importante para prever e regular

o uso dessas nanopartículas.

e. A via do TGF-β

As células se comunicam através de ligantes como citocinas, fatores de

crescimento ou hormônios. Dentre as citocinas, a família do TGF-β (do inglês

Transforming Growth Factor-β) é uma das mais difundidas nos animais e possui

efeitos diversos, dependendo do tipo celular. A saber, essa diversidade de efeitos se

mostra na indução da diferenciação de células tronco embrionárias, inibição do

crescimento de progenitores epiteliais, apoptose em células pré-tumorais e invasão

metastática em carcinomas (David e Massagué 2018).

Cerca de 30 ligantes fazem parte da família do TGF-β. Dentre eles, existem

as subfamílias TGF-β e BMP; na subfamília do TGF-β os ligantes são conhecidos

22

como TGF-β1, TGF-β2 e TGF-β3, activinas, Nodal e GDFs (os dois últimos ativos na

embriogênese) (David e Massagué 2018). Nesse projeto, quando nos referirmos ao

TGF-β, estaremos nos restringindo ao TGF-β1, 2 e 3. Todos os ligantes da família

do TGF-β são expressos como precursores, contendo um peptídeo sinalizador na

porção N-terminal, um pró-domínio que é necessário para dobra e secreção do

ligante, seguido por um polipeptídeo maduro na porção C-terminal. O TGF-β fica em

uma forma latente que previne sua ligação aos receptores; essa forma latente é

composta pela ligação do TGF-β a dois pró-domínios, chamados de LAPs (do inglês

latency-associated polypeptides) que configuram um pequeno complexo latente

chamado de SLC (do inglês small latente complex). O SLC pode ainda se associar a

outra proteína chamada de LTBP (do inglês latente TGF-β binding protein) formando

o LLC (do inglês large latente complex), que fica depositado na matriz extracelular.

Para a ativação do TGF-β e sua liberação do LLC, proteínas como integrinas (por

exemplo, β6) e proteases (por exemplo metaloproteinases, MMP) e irá depender do

contexto fisiológico em que as células se encontram (Budi, Duan, e Derynck 2017).

As proteínas da família do TGF-β agem como dímeros e se ligam na

superfície celular aos dois receptores (proteínas quinases transmembrana

serina/treonina) do tipo I (TβRI) e do tipo II (TβRII), o último sendo restrito à ligação

ao TGF-β. Existe ainda o receptor do tipo III (TβRIII), que facilita a ligação do TGF-β

ao TβRII (Vander Ark et al. 2018). Com a ligação do TGF-β ao TβRII, ocorre a

associação deste ao TβRI, que possibilita a fosforilação do domínio glicina-serina

pertencente ao TβRI pelo TβRII. Com isso, o TβRI fica na sua forma ativa (Budi et al.

2017). É necessário ressaltar que apenas uma fração dos receptores do TGF-β

ficam disponíveis na membrana celular, e a maioria fica retida dentro das células.

Uma forma de regulação da quantidade de receptores é através da Akt: a ativação

de Akt pela insulina induz a fosforilação de Rab5, e promove a ida dos receptores do

TGF-β para a membrana celular (Budi, Muthusamy, e Derynck 2015).

Como mencionado, os receptores da via do TGF-β precisam ser endocitados

para que a via dê início. A internalização pode ocorrer por endocitose mediada por

clatrina ou caveolina. Quando endocitados via clatrina, os receptores ficam

localizados em um endossomo precoce (EEA-1) que promove a sinalização do TGF-

β (Vander Ark et al. 2018). Tais endossomos contêm altos níveis de SARA, que

facilita o recrutamento da Smad2/3 (Rozés-Salvador et al. 2018). A fosforilação de

Smad2/3 pelo TβRI é mediada por SARA, que recruta a Smad2 até os receptores de

23

TGF-β. Para que a sinalização do TGF-β seja eficiente, há a necessidade da

colocalização de SARA, Smad2/3, TβRI e TβRII para o endossomo precoce

(Chaikuad e Bullock 2016; Rozés-Salvador et al. 2018). A cPML (do inglês

cytoplasmatic promyelocytic leukaemia) auxilia na aproximação dessas proteínas e

receptores no endossomo precoce. A inibição da via do TGF-β acontece através da

translocação de cPML para o núcleo, que se associa com TGIF. Para ativar

novamente a via, galectina-8 (ou PCTA) liga-se ao TGIF, liberando o cPML que volta

ao citoplasma para cumprir sua função (Faresse et al. 2008; Liu 2008).

Para que os ligantes promovam a sinalização, existem fatores de transcrição

para prolongar a resposta intracelular. No caso do TGF-β, a ativação da via pode ser

canônica ou dependente de Smads (do inglês Small mothers against

decapentaplegic homologues), e não-canônica ou independente de Smads. No caso

da via canônica, as Smads são fosforiladas pelo receptor ativado, oligomerizam e

translocam para o núcleo, onde se ligarão ao genoma e irão ativar ou reprimir genes

relacionados à via. Ainda, o complexo Smad3-Smad4 ativa diretamente a expressão

de fatores de transcrição relacionados à transição epitélio-mesenquimal (EMT, do

inglês epitelial-mesenchymal transition), como Snail1, Snail2/Slug, ZEB1/2,

cooperando com esses fatores para ativar uma expressão de genes relacionados ao

fenótipo mesenquimal (Budi et al. 2017; David e Massagué 2018; Gu e Feng 2018).

O controle fino da resposta celular do TGF-β envolve diversos tipos de

Smads: são oito tipos, sendo que Smad1-Smad5 e Smad8 têm função efetora, e

Smad6/7 possuem função inibitória. Todas contêm os domínios N-terminal e C-

terminal, conhecidos como MH1 e MH2. A região MH1 interage com o DNA e MH2

interage com as demais Smads, coativadores e corepressores, como o TGIF (do

inglês Transforming Growth-Interacting Factor) (David e Massagué 2018).

O TβRI fosforila as Smad2 e Smad3 nos dois resíduos de serina na porção C-

terminal, formando uma cauda ácida que media a interação entre a Smad2/3 e

Smad4. A formação do complexo Smad2/3 e Smad4 são necessárias para disparar

a maioria das respostas ao TGF-β (David e Massagué 2018). A minoria dos genes

pode responder apenas à Smad2, sem participação da Smad3; ou mesmo Smad3

pode se combinar à Smad4 e regular alguns outros genes (Budi et al. 2017).

Em resumo, quando TGF-β 1, 2 ou 3 se liga ao TβRII, o TβRI é recrutado e

fosforilado pelo TβRII. O TβRI então fosforila Smad2/3, que recruta Smad4 e formam

24

o complexo Smad2/3/4. Esse complexo transloca para o núcleo, onde ocorre a

regulação da transcrição de genes relacionados à via do TGF-β (Figura 2).

Figura 2 - Modelo simplificado da via de sinalização de TGF-β. Representação do encontro entre cPML,

receptores e Smad2/3 no endossomo precoce. Após fosforilação, Smad2/3 complexa com Smad4 e transloca para o núcleo. Se cPML se liga ao TGIF, a via fica inibida.

Na sinalização independente de Smads, a ligação do TGF-β aos receptores

resulta na ativação de outros fatores como Erk, p38, MAPK e PI3K-Akt-mTOR

(Zhang 2017). A ativação da sinalização por Erk, MAPK e PI3K-Akt parece ocorrer

com mais frequência na endocitose mediada por caveolina, pela associação de TβRI

e TβRII à caveolina-1. O TGF-β pode ativar a Erk 1/2 com 10 minutos de ligação ao

receptor, e esse fator é relacionado com a perda de junções aderentes e aumento

de motilidade celular, ativando a EMT. Outra via não-canônica é a da JNK e p38

MAPK, pois foi observado que o bloqueio da p38 por inibidores bloqueia mudanças

no citoesqueleto de actina associado com a EMT. Outra via é a PI3K-Akt, que está

envolvida com a reorganização do citoesqueleto e migração celular na EMT induzida

por TGF-β (Zhang 2017).

A ativação de diferentes genes pelo TGF-β tem consequências diversas,

dependendo do tipo celular. De forma geral, o TGF-β exerce suas funções de tumor-

supressor em células pré-malignas, ao evitar que estas adquiram um fenótipo

tumoral. Em células pré-malignas, a citocina inibe a proliferação através do aumento

da expressão de marcadores relacionados à diminuição da proliferação, ou até

mesmo apoptose, sendo que esses efeitos são Smad-dependentes (David e

25

Massagué 2018). Em diferentes tipos celulares, o TGF-β induz a supressão do ciclo

celular (fase G1), por indução de inibidores da CDK (do inglês cyclin-dependent

kinase). Ainda, a indução da apoptose pelo TGF-β depende do contexto celular e

pode ser induzida de forma Smad dependente e independente (Hao, Baker, e ten

Dijke 2019).

No câncer, a história é outra, pois em células malignas o TGF-β age como um

ativador. Conforme o TGF-β age suprimindo populações pré-malignas, são

selecionados clones com Smads modificadas, que irão aumentar os efeitos da via de

invasividade e motilidade (David e Massagué 2018). Considerando que

nanopartículas podem interagir com receptores e a importância da via do TGF-β no

controle de células tumorais, nos perguntamos se existe alguma forma de

nanopartículas afetarem essa via de sinalização em células.

f. Inibidores da via do TGF-β

Estudar a interação entre nanopartículas e células envolve o uso de diversas

técnicas como citometria de fluxo, microscopia confocal e inibidores capazes de

interferir em processos intracelulares (Radaic et al. 2016). O uso de inibidores é uma

ferramenta interessante que permite determinar qual é a via de internalização de

uma nanopartícula. Por exemplo, nosso grupo (A. Radaic e de Jesus (2018))

demonstrou, utilizando inibidores de endocitose, que as SLN são internalizadas

principalmente via clatrina em células embrionárias de rim humano HEK293T.

Os inibidores podem ser classificados como não-competitivos, incompetitivos

ou competitivos pelo sítio ativo (Berg et al. 2002). Para inibidores competitivos, como

aqueles usados nessa dissertação, a constante de dissociação, ou Ki, será menor

quanto mais potente a inibição. A potência de um inibidor de quinase pelo seu alvo

pode ser definida pelo IC50, que representa a concentração do inibidor em que 50%

da atividade da quinase está inibida. No caso de inibidores ATP competitivos essa

relação vai depender também da afinidade do inibidor e ainda da competição pelo

ATP em condições específicas (chamado de Km,ATP). Quando o ATP (substrato) está

em baixas concentrações não há competição pelo sítio ativo e o IC50 será similar ao

Ki, porém conforme a concentração de ATP aumenta e ultrapassa o Km,ATP, são

necessárias maiores concentrações de inibidor para competir, e o IC50 também

aumenta. Dessa forma, a velocidade máxima de reação não se altera, mas sim o Km,

26

que é igual a concentração de substrato em que a velocidade de reação é metade

de seu valor máximo (Berg et al. 2002). Inibidores que se ligam à conformação

inativa da enzima vão competir menos com o ATP, já que sua ação ocorre na

enzima inativa e a previne da ativação, ao invés de inibir a atividade diretamente,

tendo maior eficiência na inibição in vivo (Knight e Shokat 2005).

Através do uso de inibidores, se tornou possível avaliar como as células

respondem à SLN frente à inibição da via do TGF-β, visto que diversos inibidores

têm sido desenvolvidos tendo como alvo enzimas da via do TGF-β. Alguns desses

compostos inibem a sinalização intracelular, agindo em receptores da via ou

bloqueando a ação de Smads (Gu e Feng 2018). Um exemplo é o inibidor da

atividade quinase de TβRI, o Galunisertib (LY2157299), que já passou por testes

clínicos de fase I e fase II e mostrou bons resultados em pacientes de câncer de

pâncreas (Melisi et al. 2018).

Outro exemplo é o LY2109761, uma molécula pequena inibidora do TGF-β,

que foi desenvolvida tendo como alvo tratar angiogênese e metástase, processos

em que o TGF-β tem papel importante (Figura 3). Foi demonstrado que esse inibidor

tem uma seletividade pelos receptores TβRI e TβRII (Luangmonkong et al. 2018).

Em células hepáticas hPLCS tratadas com LY2109761, a fosforilação da Smad2 foi

diminuída em 84% (Luangmonkong et al. 2018). O inibidor diminuiu a migração em

células de carcinoma hepático (He et al. 2017) e suprimiu a invasividade em células

de câncer de próstata C4-2 (Jin et al. 2017).

Outro inibidor é SIS3 HCl, potente inibidor da Smad3 (Figura 3). Estudos

iniciais em fibroblastos humanos demonstraram que SIS3 é capaz de suprimir a

fosforilação de Smad3 na presença do TGF-β em 50% (IC50 = 3 µM) e diminuiu

também em 50% a ligação de Smad3 ao DNA. O SIS3 HCl não alterou a fosforilação

de Smad2 nem a expressão de Smad4, além de não alterar mecanismos em outras

vias como p38, p85 e ERK, se mostrando específico à família do TGF-β (Jinnin, Ihn,

e Tamaki 2006). Chihara et al. (2017) mostrou que SIS3 (IC50 = 10 µM) inibe a

translocação de Smad3 para o núcleo mas não inibe a fosforilação de Smad3, em

células de câncer de mama tratadas previamente com TGF-β durante 14 dias,

sugerindo que SIS3 está envolvido na retenção da Smad3 no citoplasma,

possivelmente através de alguma proteína chave como a SARA. Apesar do

mecanismo de ação de SIS3 ainda não ser completamente elucidado, é importante

27

destacar como cada célula responde de forma diferente ao inibidor, sendo essa

interação célula-inibidor contexto dependente.

Há ainda o SB431542, que inibe especificamente o TβRI, competindo com o

ATP pelo sítio de ligação do TβRI, sendo um inibidor de quinase do tipo I. O TβRI

contém um pequeno resíduo de aminoácido no sítio de ligação ao ATP, o que libera

um espaço que acomoda facilmente o SB431542 (Figura 3) (Ogunjimi et al. 2012).

Os inibidores chamados de pequenas moléculas inibidoras de quinase são divididos

em três classes: tipo I, II e III. Os inibidores do tipo I são pequenas moléculas que

ligam na conformação ativa da quinase no sítio de ligação ao ATP; tipo II se ligam na

conformação inativa da quinase e do tipo III são os inibidores alostéricos. Inibidores

do tipo I competem com o ATP pela ligação ao sítio ativo e mimetizam o anel de

purina da porção adenina do ATP, pois muitas vezes contém um anel heterocíclico

similar à purina. Assim, esses inibidores se ligam no sítio ativo e diminuem a

atividade de fosforilação da proteína (Bhullar et al. 2018).

Figura 3 – Estrutura química de inibidores dos receptores TβRI e TβRII (LY2109761, LY364947 e SB431542)

e Smad (SIS3 HCl) da via do TGF-β.

g. Efeitos biológicos da via do TGF-β: Migração e EMT

A migração celular faz parte da homeostase de um organismo, pois é um

processo essencial na regeneração dos tecidos e órgãos frente a um dano. Em

humanos adultos, a cicatrização de feridas é uma cascata de eventos que inclui

quimiotaxia, divisão celular, neovascularização e deposição de nova matriz

28

extracelular (Kaplani et al. 2018). Apesar de essencial em situações fisiológicas, a

migração é um processo indesejado em células tumorais, pois aumenta a motilidade

dessas células. O aumento da motilidade pode levar ao espalhamento dessas

células pelo corpo, que aumenta as chances de metástase.

O descontrole das células cancerígenas está relacionado a diversas vias de

sinalização, incluindo a via do TGF-β (Lichtman, Otero‐Vinas, e Falanga 2016). No

processo normal de regeneração de feridas, o TGF-β tem papel essencial; o TGF-β3

é a isoforma que prevalece durante as fases iniciais da regeneração, responsável

por aumentar a migração de fibroblastos. Ainda, plaquetas liberam TGF-β1 após o

dano e recrutam outras células para a ferida (Lichtman et al. 2016). Já em cânceres

como gliomas, mama e próstata ocorre uma subversão da via do TGF-β, utilizando-a

para indução de EMT, invasão tumoral e metástase (Gu e Feng 2018).

A EMT é um processo comum na embriogênese, em que células epiteliais

(que possuem adesão coesiva entre as células, baixa motilidade celular) sofrem a

transição para o fenótipo mesenquimal (interação célula-célula perdida, alta

motilidade celular). No câncer, a EMT adquire um novo propósito, permitindo

invasão e migração de células, através da perda de expressão de E-Caderina,

rearranjo do citoesqueleto e aumento da expressão de N-Caderina, Snail e

vimentina (David e Massagué 2018; Gu e Feng 2018; Katsuno et al. 2019).

De modo geral, a EMT induzida pelo TGF-β estimula células tumorais e

contribui para a metástase. No câncer de próstata, TGF-β estimula a EMT

reprimindo a expressão de E-caderina e promovendo a expressão de N-caderina

(Gu e Feng 2018). Considerando o papel da EMT (orquestrada pelo TGF-β)

podemos imaginar quais mecanismos utilizados por nanopartículas para induzir a

migração de células, e que essa indução pode envolver uma ativação direta da via

do TGF-β e EMT.

A EMT pode ser descrita em diversos estágios, possuindo estados

intermediários entre células epiteliais e mesenquimais, chamado de estado parcial

(P-EMT). A ativação da transição envolve diversos fatores, demonstrando a sua

complexidade: em células da pele e de mama, foram encontrados sete estágios

diferentes de EMT. De modo geral, o TGF-β pode ativar a EMT de forma Smad-

dependente ou independente; Smad3 e Smad4 parecem estar mais envolvidas nas

vias Smad-dependente, enquanto que na via Smad-independente, a Erk está

29

envolvida pois tem relação com a remodelação do citoesqueleto, além de outros

fatores como RHOA, RAC e CDC42 (Hao et al. 2019).

h. Metástase

A metástase tumoral é responsável por 90% das mortes por câncer e envolve

diversos processos: células tumorais se distanciam do tumor principal, invadem

através dos tecidos, entram na circulação (sanguínea/linfática), sobrevivem e

extravasam através das veias, onde se estabelecem em novos sítios e proliferam

formando um tumor secundário (Chaffer e Weinberg 2011; Hao et al. 2019). Esses

processos podem ser resumidos em duas fases: (i) a translocação de um câncer de

um tumor primário para um tecido distante e (ii) colonização do novo ambiente.

Para que a fase (i) ocorra, as células do tumor primário devem adquirir a

capacidade de invasão e migração. A invasão permite que as células degradem a

matriz extracelular, abrindo caminhos para as células chegarem ao sistema

circulatório, nessa fase há uma importante reorganização do microambiente tumoral.

Por exemplo, os carcinomas são compostos por células epiteliais e possuem

junções fortes entre elas que as imobilizam no tecido; porém a perda dessas junções

e a capacidade de invasão dão maior motilidade às células. Além disso, essa célula

deve ter a capacidade de auto-renovação e deixar um número ilimitado de

descendentes para que um novo tumor se inicie. O microambiente tumoral possui

células de diversos tipos: fibroblastos, células mesenquimais, granulócitos,

macrófagos, linfócitos, que juntos criam um ambiente de inflamação, resultando na

liberação de sinais como o TGF-β, Wnt e certas interleucinas, que induzem a EMT.

Assim, as células do carcinoma podem responder aos sinais e ativar fatores de

transcrição relacionados à EMT (Chaffer e Weinberg 2011; Lambert, Pattabiraman, e

Weinberg 2017).

Na fase de colonização (ii), as células devem passar por modificações para

serem capazes de se estabelecer em um novo tecido; alguns carcinomas

preferencialmente se estabelecem em certos tecidos, como carcinomas de próstata

que normalmente colonizam o osso, ou metástase do pulmão que é capaz de

colonizar diferentes sítios. O extravasamento da circulação para o novo tecido exige

que fatores sejam liberados para aumentar a permeabilidade da vasculatura: VEGF

(do inglês Vascular Endothelial Growth Factor), MMP e outras moléculas são

importantes para aumentar o extravasamento. A colonização é um sucesso quando

30

as células são capazes de se adaptarem ao novo ambiente, proliferando e gerando

descendentes, além de recrutar células do estroma e suprimento de sangue

(Lambert et al. 2017).

i. PyScratch

Durante o desenvolvimento dos experimentos de migração, foi gerada uma

grande quantidade de imagens para análise da área de migração das células.

Apesar de já existirem alguns softwares disponíveis que realizam essa medição,

como o ImageJ/FIJI (Schindelin et al. 2012), essa análise era feita manualmente,

uma imagem por vez. No nosso caso, cada experimento (placa de 12 poços,

adquirindo imagens a cada 15 minutos durante 48 horas) gera cerca de 1000 fotos.

Dessa forma, em colaboração com Vladimir Gaal (IFGW – UNICAMP),

desenvolvemos o PyScratch, uma nova ferramenta para processar dados de

migração celular (Garcia-Fossa et. al, 2020).

O PyScratch foi desenvolvido e implementado na linguagem de programação

Python, e é um software open-source que analisa as imagens de migração de uma

forma automatizada, sem interferência humana, eliminando influências do usuário no

momento da análise, possibilitando uma análise quantitativa e reprodutível dos

dados. Com o intuito de promover seu uso por toda a comunidade, desenvolvemos

uma interface-usuário que permite a análise por qualquer pesquisador, seja ele

programador ou não. Para utilizar o software acesse:

https://bitbucket.org/vladgaal/pyscratch_public/src/master/. E para maiores

informações acesse www.nanocell.com.br/pyscratch.

j. Resultados preliminares

Resultados preliminares do nosso laboratório indicavam que haveria uma

correlação entre as SLN e via do TGF-β. Ao incubar células da linhagem de câncer

de próstata PC-3 com SLNplex durante 2 horas, encontramos uma intensa

translocação de galectina-8 (ou PCTA) para o núcleo da célula. Interessante

observar que após 4 horas de incubação, a proteína galectina-8 retorna ao

citoplasma (Figura 4). Esse resultado prévio motivou a investigação da inter-relação

da via do TGF-β com a transfecção por SLN, já que a galectina-8 está envolvida com

a ativação da via do TGF-β.

31

Células PC3 Núcleo (DAPI) Galectina 8 (Alexa

546)

SLN:DNAp (NDB)

A)

B)

C)

Figura 4 - Translocação de Galectina-8 para o núcleo após transfecção com o SLNplex. Células PC-3

foram incubadas com o SLNplex (SLN:pET28A), onde as nanopartículas estão marcadas com o fluoróforo não intercambiável NDB-PE (verde). O núcleo foi marcado com DAPI (em azul), e observa-se no citoplasma a marcação do DNA carreado pela SLN. A proteína Galectina-8 foi marcada por imunofluorescência utilizando o anti-Galectina-8 marcado com o fluoróforo (Alexa 456) associado ao anticorpo secundário (vermelho). (A) controle de células PC-3 não tratadas; (B) 2 h de exposição ao SLNplex e (C) 4 h após a exposição ao SLNplex.

Tendo em vista o apresentado até aqui e sabendo que células são apenas um

componente em uma matriz cada vez mais complexa de interações entre

nanopartículas e sistemas biológicos, decidimos investigar como as células

respondem a interação nanopartícula-célula. Precisamos nos preocupar não só aos

aspectos benéficos provenientes da nanotecnologia, mas também com os efeitos

colaterais sutis, como aqueles relacionados à ativação de vias de sinalização. O

entendimento dos mecanismos moleculares, principalmente em detalhes finos, é

vital, não só para um desenvolvimento mais eficiente, mas também mais seguro, de

novas ferramentas nanotecnológicas. Tendo em vista que as SLN internalizam por

32

vias endocíticas que são vias chave para a sinalização do TGF-β, e sua possível

relação, resolvemos estudar os efeitos da SLN na via do TGF-β em células de

próstata.

2. Objetivo

O objetivo desse trabalho foi avaliar os mecanismos moleculares na inter-

relação entre nanopartículas lipídicas sólidas (SLN) e células epiteliais não

tumorais PNT1A e tumorais PC-3 da próstata humana, estabelecendo relação

entre a SLN e seus impactos na via do TGF-β e EMT, considerando o efeito

biológico (i.e. transfecção, migração) nessas células.

Para alcançar o objetivo geral, foram realizados os seguintes objetivos

específicos:

a. Determinar o papel da SLN em diferentes concentrações e seus componentes

na migração celular;

b. Quantificar o papel na proliferação celular ao longo do tempo em presença da

SLN;

c. Determinar a eficiência de transfecção e internalização de SLN em presença

dos inibidores dos receptores do TGF-β;

d. Avaliar a relação entre a via do TGF-β, relacionado à translocação nuclear de

Smad2, e a transfecção por SLN;

e. Avaliar a interação da SLN com as vias do TGF-β e EMT através de proteínas

relacionadas: Smad2 para a via do TGF-β e Zeb1 e Snail para a EMT.

3. Materiais e métodos

a. Cultura de células

Células epiteliais normais de próstata (PNT1A, ECACC 95012614) e células

de câncer de próstata (PC-3, ATCC® CRL-1435™) foram cultivadas em frascos de

cultura de 25 cm2 contendo 5 mL de meio de cultura RPMI 1640 (Invitrogen, Grand

Island, New York), suplementado com 10 % de soro fetal bovino inativado (Gibco,

Brazil), 1% de penicilina/estreptomicina (Gibco, Canadá), chamado de meio RPMI

completo. As células foram mantidas a 37 °C, com atmosfera de 5% de CO2 em

incubadora Panasonic (modelo MCO-170AICUVL-PA).

33

b. Produção e caracterização de nanopartículas lipídicas sólidas (SLN)

Produção: A produção das nanopartículas lipídicas sólidas e seus

componentes (Tabela 1) foram realizados por uma técnica de micro extrusão

desenvolvida por nosso grupo de pesquisa (de Jesus et al. 2013). Esta técnica

consiste na preparação de uma micro emulsão catiônica em água bidestilada

contendo ácido esteárico (Sigma-Aldrich), DOTAP (1,2 Dioleoil-3-propionato de

trimetilamônio, Avanti Polar Lipids Inc., Alabaster, USA), e Pluronic F68 (Sigma-

Aldrich, Alemanha), resultando na concentração final de lipídeos (DOTAP e ácido

esteárico) de 3.8 µg/mL. A micro emulsão foi aquecida 5 °C acima da temperatura

de fusão do ácido esteárico (69 °C). Em seguida o tamanho das partículas foi

uniformizado utilizando uma mini-extrusora (Avanti Polar Lipids Inc., Alabaster, USA)

através da sucessiva passagem (30 vezes) por uma membrana de policarbonato

com poros de 100 nm (IsoporeTM, Millipore). Após 30 passagens, a solução

contendo as nanopartículas lipídicas sólidas foi transferida para um banho de gelo,

para solidificar as SLN e prevenir a agregação das partículas e, em seguida,

estocada a 4 °C para uso futuro (de Jesus e Zuhorn 2015; Radaic et al. 2015). Além

da nanopartícula, também produzimos o ácido esteárico, pluronic F68 e o lipossoma

de DOTAP separadamente, que foram utilizados como controle no experimento de

ensaio de migração celular (Tabela 1).

Caracterização: Após duas semanas em repouso, foi realizada a

caracterização físico-química das nanopartículas, medido o diâmetro médio,

polidispersão (PDI) e potencial Zeta, utilizando o Zetasizer Nanoseries (Malvern

Instruments, Reino Unido). As amostras foram diluídas em água na diluição 1:30 e

submetidas às medidas.

Tabela 1 – Composição das formulações produzidas.

Ácido esteárico (mmol.L-1

) DOTAP (mmol.L-1

) Pluronic F68 (mmol.L-1

)

SLN 7,0 2,5 1,0

Ácido esteárico 7,0 - -

DOTAP - 2,5 -

Pluronic F68 - - 1,0

c. Transfecção por SLN

Células PNT1A e PC-3 foram plaqueadas na densidade de 1x105 células/poço

em placa de 12 poços. No dia seguinte, foi realizada a complexação da SLN (4 μL

34

por poço) com o plasmídeo pEGFP-N1 (Clontech, California) (1 μg de plasmídeo por

poço). O complexo de SLN foi preparado 20 minutos antes da transfecção,

totalizando 100 μL de solução final para cada poço (complexo + meio de cultura

RPMI sem SFB (Soro Fetal Bovino). A solução de SLN foi colocada sobre a solução

de pEGFP-N1 e após 20 minutos, 100 μL foi gotejado sobre cada poço. Após 4h de

experimento, o meio foi substituído por meio RPMI completo. No dia seguinte, as

células foram levadas ao Leitor Multidetecção Híbrido Cytation 5 (BioTek

Instruments, Inc., Winooski, VT, USA) para aquisição de imagens (contraste de fase

e GFP). Logo após, os poços foram lavados com PBS e 300 μL de tripsina 0.1% foi

adicionada. Após cerca de 10 minutos, as células soltaram totalmente. Com mais

100 μL de PBS, as células foram ressuspendidas e colocadas em tubos para

citometria de fluxo. O citômetro de fluxo utilizado foi o FACSCalibur. Os dados foram

analisados no software FlowJo™ (BD, EUA). As células foram selecionadas como

viáveis através de parâmetros de tamanho e granulosidade, ignorando debris

celulares; dentro do gate de células viáveis, selecionamos as células positivas para

GFP com base no controle (nenhuma célula positiva para GFP). Para a

porcentagem de transfecção, foram exportados os dados referentes à Frequency of

Parent, definido como a porcentagem de eventos naquele gate. Para a intensidade

de fluorescência, foram exportados o número total de células e a média da

fluorescência de GFP por célula; esses dois valores foram multiplicados, gerando o

valor de intensidade de fluorescência da pEGFP-N1 na população de células.

d. Ensaio de migração celular

Células PNT1A e PC-3 foram plaqueadas na densidade de 5x104 células/mL

em placa de 24 poços. Densidade de células: O valor de confluência ideal para o

ensaio de migração celular foi determinado segundo estudos prévios (Garcia-Fossa

et al. 2020). Para esse experimento, PNT1A e PC-3 foram plaqueadas na densidade

de 2,5x104, 5x104 e 10x104 células/mL em placa de 12 poços utilizando meio RPMI

completo. As células ficaram em privação de SFB por 24h, para tentar diminuir a

proliferação celular, e no dia seguinte foi feito o risco com o auxílio de uma ponteira

p200. As imagens foram adquiridas no Cytation 5, utilizando objetiva 4x no contraste

de fase, a cada 15 min durante 60h. analisadas com o auxílio do PyScratch e a

velocidade de migração das células foi calculada. Nós observamos uma correlação

linear positiva entre a densidade de células e a velocidade, mostrando que a

35

densidade influencia no aumento da velocidade de migração. Assim, a densidade de

5x104 células/mL foi determinada ideal para os ensaios dessa dissertação.

Para esse ensaio foi utilizado o plasmídeo pET28A que possui expressão

gênica somente em bactérias, portanto seu uso é apenas para garantir as

características físico-químicas do complexo SLN:plasmídeo, que irá interagir com as

células. Para todos os ensaios de migração, as células foram mantidas em privação

de SFB por 24h previamente ao experimento.

Migração celular na presença de SLN: as células foram transfectadas com

SLN:pET28A (4 µL) e TGF-β (10 ng/mL) durante 4 h. A concentração de TGF-β a 10

ng/mL foi escolhida com base na literatura, já que essa concentração ativa vias

dependente de Smad e PI3K em células PC-3 (Barrett, Millena, e Khan 2017;

Chaudhry et al. 2014; Vo et al. 2013). Migração celular na presença de SLN e

seus componentes: as células foram transfectadas durante 4 h com TGF-β 10

ng/mL, SLN:pET28A (4 µL), e os componentes em concentração equivalentes

àquelas da transfecção com SLN: Ácido esteárico (4 µL), Pluronic F68 (4 µL) e

lipossoma de DOTAP (4 µL). Migração celular na presença de SLN em diferentes

concentrações: O complexo de SLN: pET28A foi formado na concentração de 7.6

µg/mL, o dobro da concentração normalmente utilizada de SLN. Após a formação do

complexo, a SLN:pET28A foi diluída em meio RPMI sem SFB para as concentrações

de 3.8 µg/mL (1x), 0.76 µg/mL (0.2x), 0.38 µg/mL (0.1x) e 0.076 µg/mL (0.02x).

Células PC-3 foram tratadas durante 4 h.

Após 4 h, utilizando uma pipeta p200 foi realizado um arranhado em linha

reta em cada poço, segurando a pipeta em um ângulo de 30°. As células foram

lavadas com PBS (do inglês Phosphate-Buffered Saline) 1x. O acompanhamento da

migração foi feito através de aquisição de imagens em contraste de fase, objetiva de

4x, pelo Leitor Multidetecção Híbrido Cytation 5 (BioTek Instruments, Inc., Winooski,

VT, USA), e as imagens foram adquiridas a cada quinze minutos. Ao final do

experimento, as imagens foram analisadas através do programa PyScratch,

desenvolvido pelo nosso grupo em colaboração com Vladimir Gaal (IFGW -

UNICAMP) com o intuito de facilitar a análise da migração no tempo, medindo a área

de migração em pixels de forma automatizada e garantindo a imparcialidade na

análise (Garcia-Fossa et al. 2020). Utilizando os valores da área (eixo y) versus o

tempo em minutos (eixo x), a velocidade de migração foi calculada: inclinação da

curva / 2 x comprimento da imagem em pixels. O valor de velocidade, em pixels/min,

36

foi convertido para µm/min através do valor de conversão da objetiva utilizada para

adquirir as imagens (1,6 µm/pixel).

Para o cálculo do tempo de fechamento do risco, foi utilizado como threshold

o tempo que as células demoram a atingir 5% do valor da área (0.05) total do risco.

Fizemos uma rotina em Python 3.7.3 utilizando o valor normalizado da área do risco,

que começa em um e termina próximo de zero. É criado um loop (for x in

range(len(df['Area normalizada'])) que compara os valores de x ao longo da área

normalizada; quando x é menor do que 0.05, o loop para e retorna o tempo referente

a x < 0.05 (if df[''Area normalizada'][x] < 0.05: break). Assim, obtivemos em minutos

o tempo que as células demoram para chegar em 5% da área, que depois foi

convertido em h.

e. Proliferação celular

Click-iT™ Plus EdU Alexa Fluor™ 647 Imaging Kit: Células PNT1A e PC-3 foram

plaqueadas em lamínulas 13 mm pré-tratadas com L-polilisina (Sigma-Aldrich),

densidade de 5x104 células/poço, e após adesão, o meio de cultura RPMI 1640

completo foi trocado por meio de cultura RPMI 1640 sem SFB, e mantidas em

privação de soro (starvation) durante 24 h em incubadora Panasonic, a 37 °C e 5%

de CO2. Após 24 h, o complexo entre SLN (4 µL, 3.8 µg/mL) e pET28A (1 µg) foi

formado. Os poços foram lavados com PBS e adicionou-se 200 μL de meio de

cultura RPMI 1640 e tratou-se as células com 50 μL de solução SLN:pET28A. Após

4 h, o meio de transfecção foi retirado e lavou-se o poço uma vez com PBS. Por fim,

adicionou-se meio de cultura RPMI 1640 sem SFB contendo EdU (5-ethinil-

2‟deoxiuridina) a 10 μM. Após 5h, 24h e 48h de incubação, os poços

correspondentes ao tempo foram fixados com PFA 4%, e as células fixadas foram

lavados com solução bloqueadora SFB/PBS 10% por duas vezes. Adicionou-se

0.5% de Triton X-100 (PBS) durante 20 minutos. Enquanto isso foi preparado a

solução responsável pela reação Click it: Reaction Buffer 1x, Copper Protectant,

Alexa Fluor® picolyl azide e Buffer additive 1x. As células foram lavadas novamente

com SFB 10%. Foi adicionado 30 μL da solução por poço e a incubou-se as

lamínulas por 30 minutos, a temperatura ambiente. Após 30 minutos, foram lavadas

com SFB 10%, PBS e adicionou-se solução de Hoechst 33342 (Sigma-Aldrich)

1:2000. Incubou-se por 30 minutos a temperatura ambiente, depois as células foram

lavadas duas vezes com PBS e as lâminas foram montadas utilizando meio de

37

montagem para fluorescência Dako (Agilent Dako, California). As fotos foram

capturadas no Leitor Multidetecção Híbrido Cytation 5 (BioTek Instruments, Inc.,

Winooski, VT, USA) na objetiva de 10x e 18 sítios foram adquiridos por tratamento.

Para contagem de núcleos (Hoechst) e núcleos positivos para proliferação (Alexa

Fluor 647) foi utilizado o software aberto CellProfiler 3.1.8 (Carpenter et al. 2006)

através de uma rotina desenvolvida, que identifica os objetos primários, tanto núcleo

total (Hoechst) quanto núcleos positivos para proliferação (Alexa Fluor 647). Após, o

dado é exportado em formato csv (do inglês comma-separated values) contendo

todos os objetos (núcleos) identificados nas imagens e a razão entre núcleos

positivos para proliferação e células totais (EdU/Hoechst * 100), que fornece a Taxa

de Proliferação. Os gráficos foram plotados utilizando a linguagem em Python 3.7

Software Foundation (Python Language Reference, version 3.7. Disponível em

http://www.python.org) com o auxílio da biblioteca de visualização de dados Seaborn

(Disponível em https://seaborn.pydata.org).

f. Avaliação da citotoxicidade dos inibidores

Células PNT1A e PC-3 foram plaqueadas na densidade de 1x104 células/poço

em placa de 96 poços. No dia seguinte, as diluições foram preparadas para os

inibidores: LY2109761, solução estoque a 5 mM em DMSO, foi diluído nas seguintes

concentrações em meio RPMI: 0,625 µM, 1,25 µM, 2,5 µM, 5 µM, 10 µM, 20 µM, 40

µM e 80 µM. O SIS3 HCl, solução estoque a 5 mM em DMSO, foi diluído nas

concentrações também em meio RPMI: 0,375 µM, 0,75 µM, 1,5 µM, 3 µM, 6 µM, 12

µM, 24 µM e 48 µM. Após tratar as células em triplicata, elas foram deixadas em

contato com o inibidor durante 24 h. No dia seguinte, o controle positivo (Mortas) foi

tratado durante 15 minutos com 50 µL de DMSO, para matar as células totalmente.

Logo após a solução de homodímero de etídio (EthD-1) (Santa Cruz Biotechnology,

Dallas) foi diluído na concentração final de 1 µM em Fluorobrite-DMEM, um meio de

cultura incolor (Gibco, Canadá) e Hoechst 33342 (Sigma-Aldrich) foi adicionado na

concentração de 8 µM, para marcar todos os núcleos. Essa solução contendo EthD-

1 e Hoechst foi colocada nas células durante meia h. Ao final, as imagens foram

adquiridas no Leitor Multidetecção Híbrido Cytation 5 (BioTek Instruments, Inc.,

Winooski, VT, USA) com objetiva de 4x em montagem de 4x4 para adquirir imagens

do poço todo. Cerca de 30.000 células foram contabilizadas por poço utilizando o

CellProfiler 3.8.1 (Carpenter et al. 2006). Através da identificação do núcleo

38

(marcação com Hoechst), foram contadas todas as células do poço, valor que foi

definido como 100% das células. Para contabilizar as células mortas, utilizamos o

número de células marcado com EthD-1, utilizado para determinar a porcentagem

de células mortas.

g. Determinação da transfecção na presença dos inibidores

Células PNT1A e PC-3 foram plaqueadas na densidade de 1x105 células/poço

em placa de 12 poços. No dia seguinte, as células foram incubadas com LY2109761

(5 µM) ou SIS3 HCl (1.5 µM) durante 1 h. Após 1 h de incubação, os inibidores foram

removidos e as células foram tratadas com o complexo da SLN (4 μL) com o

plasmídeo pEGFP-N1 (1 μg de plasmídeo por poço). O complexo de SLN foi

preparado 20 minutos antes da transfecção, totalizando 100 μL de solução final para

cada poço (complexo + meio de cultura RPMI sem SFB). A solução de SLN foi

colocada sobre a solução de pEGFP-N1 e após 20 minutos, 100 μL dessa solução

foi pingada sobre cada poço. Após 4h de experimento, o meio foi substituído por

meio RPMI completo. No dia seguinte, os poços foram lavados com PBS e 300 μL

de tripsina 0.1% foram adicionadas. Após cerca de 10 minutos, as células soltaram

totalmente. Com mais 100 μL de PBS, as células foram ressuspendidas e colocadas

em tubos para citometria de fluxo. O citômetro de fluxo utilizado foi o FACSCalibur.

Os dados foram analisados no software FlowJo™ (BD, EUA). As células foram

selecionadas como viáveis através de parâmetros de tamanho e granulosidade,

ignorando debris celulares; dentro do gate de células viáveis, selecionamos as

células positivas para GFP com base no controle (nenhuma célula positiva para

GFP). Para a porcentagem de transfecção, foram exportados os dados referentes à

Frequency of Parent, definido como a porcentagem de eventos naquele gate. Para a

intensidade de fluorescência, foram exportados o número total de células e a média

da fluorescência de GFP por célula; esses dois valores foram multiplicados, gerando

o valor de intensidade de fluorescência da pEGFP-N1 na população de células.

h. Determinação da Internalização dos complexos em presença de

inibidores

Células PNT1A e PC-3 foram plaqueadas na densidade de 1x105 células/poço

em placa de 12 poços. No dia seguinte, as células foram tratadas com LY2109761 (5

µM) ou SIS3 HCl (1,5 µM). Após 1 h de incubação, os inibidores foram removidos e

39

as células foram tratadas com o complexo da SLN-Rodamina (4 μL) com o

plasmídeo pET28A (1 μg de plasmídeo por poço). O complexo de SLN foi preparado

20 minutos antes da transfecção, totalizando 100 μL de solução final para cada poço

(complexo + meio de cultura RPMI sem SFB). A solução de SLN foi colocada sobre

a solução de pET28A e após 20 minutos, 100 μL foi gotejado sobre cada poço. Após

4h de experimento, as células foram preparadas para citometria de fluxo. Os poços

foram lavados com PBS e 300 μL de tripsina 0.1% foram adicionadas. Após cerca de

10 minutos, as células soltaram totalmente. Com mais 100 μL de PBS, as células

foram ressuspendidas e colocadas em tubos para citometria de fluxo. O citômetro de

fluxo utilizado foi o FACSCalibur. Os dados foram analisados no software FlowJo™

(BD, EUA). As células foram selecionadas como viáveis através de parâmetros de

tamanho e granulosidade, ignorando debris celulares; dentro do gate de células

viáveis, selecionamos as células positivas para rodamina (FL-2) com base no

controle. Para a porcentagem de transfecção, foram exportados os dados referentes

à Frequency of Parent, definido como a porcentagem de eventos naquele gate. Para

a intensidade de fluorescência, foram exportados o número total de células e a

média da fluorescência de rodamina por célula; esses dois valores foram

multiplicados, gerando o valor de intensidade de fluorescência da SLN-Rodamina na

população de células.

i. Avaliação de proteínas da via do TGF-β e EMT

Smad2: Células PNT1A e PC-3 foram plaqueadas em lamínulas 13 mm pré-

tratadas com L-polilisina (Sigma-Aldrich) para melhor adesão das células, na

densidade de 5x104 células/poço em placa de 24 poços. No dia seguinte, as células

foram tratadas com TGF-β 10 ng/mL em meio RPMI sem SFB, ou mantidas apenas

em meio RPMI sem SFB (Controle). Após 45 minutos, 1 h, 2 h e 4 h de tratamento,

as células foram fixadas com PFA 4% e preparadas para imunofluorescência de

Smad2.

EMT – Snail e Zeb1: Células PNT1A e PC-3 foram plaqueadas em lamínulas

13 mm pré-tratadas com L-polilisina (Sigma-Aldrich) para melhor adesão das células,

na densidade de 5x104 células/poço em placa de 24 poços. No dia seguinte, 2 µL de

SLN foi adicionada a 0.5 µg do plasmídeo pET28A, formando o complexo de

SLN:pET28A. O complexo de SLN foi preparado 20 minutos antes da transfecção,

totalizando 50 μL de solução final para cada poço (complexo + meio de cultura RPMI

40

sem SFB). As células também foram tratadas com TGF-β 10 ng/mL em meio RPMI

sem SFB, ou mantidas apenas em meio RPMI sem SFB (Controle). Após 4 h de

tratamento, o meio de tratamento foi substituído por meio RPMI sem SFB e as

células mantidas na incubadora por 24h. Após 24h, as células foram fixadas com

PFA 4% e preparadas para imunofluorescência das proteínas Snail e Zeb1.

Vimentina: Células PNT1A e PC-3 foram plaqueadas em placa de 24 poços

na densidade de 5x104 células/poço. Após 24h em privação de SFB, as células

foram transfectadas durante 4h com SLN:pET28A e TGF-β 10 ng/mL. Após 4h, o

poço foi riscado com o auxílio de uma ponteira p200, as células foram lavadas com

PBS 1x e o meio substituído por RPMI. Ao final de 12h de migração, as células

foram fixadas com PFA 4% por 20 minutos, e preparadas para imunofluorescência

da proteína Vimentina.

j. Imunofluorescência e anticorpos

Para a marcação de imunofluoescência, as células submetidas aos

tratamentos, como exemplificado em Material e Métodos seção i, as lamínulas

contendo as células foram incubadas com glicina 0.1 M durante 20 minutos e

permeabilizadas em solução de Triton X-100 (0.2%) durante 2 minutos. Após a

incubação em solução bloqueadora (soro fetal bovino 10%) durante 10 minutos, as

lamínulas foram incubadas com os anticorpos indicados na Tabela 2 durante 1 h a

37 °C. As lamínulas foram lavadas em PBS 1x por 5 minutos, por três vezes e

incubadas com o anticorpo secundário Alexa Fluor®488 produzido em cabra anti-

coelho (Invitrogen, Grand Island, New York) e DAPI (núcleo) durante meia h

protegidas da luz. As lâminas foram montadas em meio de montagem para

fluorescência Dako (Agilent Dako, California) e as imagens foram adquiridas no

aparelho Leitor Multidetecção Híbrido Cytation 5 (BioTek Instruments, Inc., Winooski,

VT, USA) utilizando objetiva de 20x.

Tabela 2 - Anticorpos primários e suas respectivas diluições.

Anticorpo Marca Diluição

Smad2 (D43B4) XP Rabbit mAb Cell Signaling Technology, EUA 1:200

Snail (C15D3) Rabbit mAb Cell Signaling Technology, EUA 1:200

TCF8/ZEB1 (D80D3) Rabbit mAb Cell Signaling Technology, EUA 1:300

Vimentin (V6389) Mouse mAb Sigma-Aldrich 1:100

41

k. Análise de imagens

Todas as imagens foram submetidas ao controle de qualidade, em uma rotina

desenvolvido no CellProfiler 3.8.1 (Bray e Carpenter 2018; Carpenter et al. 2006)

que avalia diversos parâmetros para cada imagem do experimento (módulo

MeasureImageQuality: intensidade, textura, foco, saturação de pixels) e exporta os

dados em formato .db, gerando uma base de dados em SQLite. Esse arquivo é

aberto no software CellProfiler Analyst 2.2.1 (Dao et al. 2016), onde é possível

classificar as imagens em positivas (ou seja, se a imagem está em foco, inexistência

de artefatos) e em negativas (fora de foco, artefato presente) utilizando o

classificador Fast Gentle Boosting, que retorna as 10 características mais

importantes utilizadas pelo classificador para separar as imagens em positivas e

negativas. Um arquivo de texto é gerado contendo tais características, que depois é

adicionado em uma rotina de análise das imagens; caso a imagem contenha as

características negativas, a imagem não é utilizada no processo de análise,

garantindo que analisamos apenas as imagens de qualidade.

Smad2: Utilizando uma rotina no CellProfiler 3.8.1 (Carpenter et al. 2006), as

células foram identificadas através do núcleo (marcação com DAPI), criando um

objeto primário. A partir da imagem da Smad2, o programa identifica o objeto

secundário, que é a célula inteira. O objeto terciário (citoplasma) é formado através

da subtração do objeto secundário do objeto primário. Outros módulos são

adicionados para medida da intensidade integrada (ou seja, a soma) dos pixels de

todos os objetos, medida de tamanho e forma da célula, textura das imagens,

gerando uma tabela que contém mais de 400 colunas. Os gráficos foram plotados

utilizando a linguagem em Python 3.7 Software Foundation (Python Language

Reference, version 3.7. Disponível em http://www.python.org) com o auxílio da

biblioteca de visualização de dados Seaborn (Disponível em

https://seaborn.pydata.org).

EMT – Snail e Zeb1: Utilizando uma rotina no CellProfiler 3.8.1 (Carpenter et

al. 2006), as células são identificadas através do núcleo (marcação com DAPI),

criando um objeto primário. A partir da imagem da Snail ou Zeb1, dependendo da

proteína marcada, o programa identifica o objeto secundário, que é a célula inteira.

O objeto terciário (citoplasma) é formado através da subtração do objeto secundário

do objeto primário. Outros módulos são adicionados para medida da intensidade

42

integrada (ou seja, a soma) dos pixels de todos os objetos, medida de tamanho e

forma da célula, textura das imagens, gerando uma tabela que contém mais de 400

colunas. Os gráficos foram plotados utilizando a linguagem em Python 3.7 Software

Foundation (Python Language Reference, version 3.7. Disponível em

http://www.python.org) com o auxílio da biblioteca de visualização de dados Seaborn

(Disponível em https://seaborn.pydata.org).

l. Análise estatística dos resultados

Os dados de Transfecção, Internalização e Migração foram analisados através

do software GraphPad Prism 6, diferença significativa por Two-way ANOVA seguido

de teste de Tukey (comparação das médias com todas as demais médias)

considerando p < 0,05.

Os dados de Proliferação, Translocação de Smad2, Validação dos Inibidores,

Proteínas da EMT foram analisadas utilizando a linguagem em Python 3.7 Software

Foundation (Python Language Reference, version 3.7. Disponível em

http://www.python.org) com o auxílio da biblioteca scipy.stats para o teste t de

Student que compara as médias de duas amostras independentes, assumindo que

as duas populações tem variâncias idênticas (hipótese nula), considerando p < 0,05

para descartar a hipótese nula.

4. Resultados e discussão

a. Caracterização das nanopartículas lipídicas sólidas (SLN)

As nanopartículas lipídicas sólidas (SLN) foram produzidas como descrito nos

Materiais e Métodos. Medimos seu diâmetro médio, índice de polidispersidade (PDI,

do inglês Polidispersity Index) e potencial Zeta, através de espalhamento de luz

dinâmico (DLS, do inglês Dynamic Light Scattering) (Tabela 3). As SLN são diluídas

em água; por serem submetidas ao meio polar, contendo íons, as nanopartículas

atraem moléculas de carga oposta, o que forma uma dupla camada elétrica.

Determina-se o plano de ruptura entre a carga adsorvida na nanopartícula e o meio

em volta, chamado de potencial Zeta.

A caracterização das nanopartículas foi realizada previamente à sua utilização

na cultura celular. O tamanho e potencial Zeta das nanopartículas ficaram dentro

dos valores esperados, conforme trabalhos anteriores do grupo (de Jesus et al.

43

2014; Radaic e Jesus 2018), possuindo tamanho de cerca de 100 nm e carga

positiva, apontado pelo potencial Zeta (Tabela 3). O valor de PDI revela quão

homogêneo é a amostra; valores abaixo de 0,05 indicam soluções monodispersas,

enquanto que valores maiores que 0,7 indicam soluções heterogêneas, que não

podem ser avaliadas através de DLS (Danaei et al. 2018; Stetefeld, McKenna, e

Patel 2016). No caso das nossas nanopartículas, o valor de PDI mostra que as

soluções possuem nanopartículas de tamanho homogêneo (Tabela 3), sendo assim

adequadas para a utilização em cultura de células.

Tabela 3 – Caracterização das nanopartículas. Duas semanas após a produção, as nanopartículas foram levadas ao ZetaSizer Nano series e foi avaliado o diâmetro, PDI e potencial Zeta. Os valores médios são apresentados ± o desvio padrão (DP).

Nanopartícula Diâmetro (nm) ± DP PDI Potencial Zeta (mV) ± DP

SLN 113,03 ± 40,65 0,08 34,36 ± 19,43 SLN-Rodamina 88,54 ± 36,05 0,17 19,96 ± 34,85

Lipossoma DOTAP 119,20 ± 27,57 0,02 37,60 ± 10,20

b. Eficiência de transfecção

Para determinar a eficiência de transfecção pelas nanopartículas SLN, SLN-

Rodamina e DOTAP, realizamos a complexação das nanopartículas ao plasmídeo

pEGFP-N1. Quando o plasmídeo é entregue às células pelas nanopartículas, ele é

codificado e transcrito, levando à expressão da proteína fluorescente verde (GFP, do

inglês Green Fluorescent Protein). O GFP é utilizado como um sistema repórter, que

possibilita quantificar a porcentagem de células que expressam GFP e

consequentemente, as células que foram transfectadas pela nanopartícula.

Como controle positivo foi utilizado Lipofectamina ™ 2000 (LF2K 2000), um

agente comercial formado por lipossoma catiônico, considerado padrão-ouro por

entregar diversos tipos de material genético para diversos tipos celulares (Cardarelli

et al. 2016). Como podemos observar na Figura 5 A, LF2K 2000 é capaz de

transfectar ambas as linhagens PNT1A e PC-3 com a mesma eficiência (ca. 80%),

sem diferença significativa.

No caso da SLN, SLN-Rodamina e DOTAP, a eficiência de transfecção foi a

mesma dentro de cada linhagem celular (Figura 5 A). Porém quando comparamos a

eficiência de transfecção de SLN, SLN-Rodamina e DOTAP entre as linhagens,

observamos 60% de transfecção na PC-3, enquanto que na PNT1A a transfecção

44

cai para cerca de 20%. Os valores de transfecção em PC-3 condizem com as taxas

de transfecção por SLN publicadas por nosso grupo de pesquisa, na faixa de 60%

de transfecção (de Jesus et al. 2014; Radaic et al. 2015). Além disso, a intensidade

de fluorescência do GFP também foi quantificada (Figura 5 B). A intensidade é

calculada através da média de fluorescência do GFP multiplicado pelo o número de

células transfectadas. Esse valor diz sobre os níveis totais de expressão das

proteínas GFP nas células. Nesse caso, o perfil de intensidade foi parecido com

aquele encontrado para a eficiência transfecção (para todos os grupos).

A diferença de transfecção por nanopartículas em células normais (PNT1A) e

tumorais (PC-3) é interessante, pois mostra uma preferência da ação dessas

nanopartículas na célula tumoral. A busca por nanopartículas que tem como alvo

especificamente células tumorais é constante na terapia gênica, pois possuem

características que afeta apenas células tumorais e causa um efeito direto e

específico (Roacho-Perez et al. 2018). Após a caracterização das formulações

usadas nesse estudo e de que seu efeito biológico era similar aquele encontrado em

trabalhos anteriores do grupo, passamos para a avaliação na nossa hipótese de que

nanopartículas lipídicas sólidas têm efeito na migração de células de próstata.

45

Figura 5 - Transfecção mediada por SLN em células de próstata. Células PNT1A e PC-3 foram plaqueadas

em placa de 12 poços. No dia seguinte, as nanopartículas foram complexadas ao plasmídeo pEGFP-N1 (1 ug) durante 20 minutos. Após o tratamento de 4 h, o meio de transfecção foi substituído por meio RPMI completo. No dia seguinte, as células foram levadas ao FACS Calibur para análise da transfecção por citometria de fluxo. (A) Eficiência de transfecção em células PNT1A e PC-3; (B) Intensidade de fluorescência em células PNT1A e PC-3.

O grupo controle representa as células não tratadas (controle negativo), enquanto que o grupo Lipofectamine 2000 representa o controle positivo de transfecção. (C) Células PNT1A transfectadas com SLN:pEGFP-N1 e morfologia das células (contraste de fase); (D) Células PC-3 transfectadas com SLN:pEGFP-N1 e morfologia das

células (contraste de fase) Cada valor representa a média de três experimentos independentes (n=2). a e d – SLN vs LF2K 2000 (PNT1A); b e e – SLN-Rodamina vs LF2K 2000 (PNT1A); c e f – DOTAP vs LF2K 2000 (PNT1A), p < 0.05 diferença significativa por Two-way ANOVA, seguida por teste de comparações múltimas de Sidak. Escala 50 µm.

c. Migração na presença da SLN

O processo metastático envolve a migração de células para longe do tumor

primário, extravasamento na circulação sanguínea e a chegada em tecidos distantes

para formar uma nova colônia tumoral (Paul, Mistriotis, e Konstantopoulos 2017).

Considerando os resultados anteriores apresentados, em que a galectina-8 transloca

para o núcleo em células tratadas com SLN e sua relação com a via do TGF-β; e

ainda considerando os efeitos da via do TGF-β na migração das células, nos

perguntamos se a SLN tem efeito na migração celular. Para esse fim, realizamos o

ensaio de migração celular (também conhecido como Wound healing assay, ou

46

ainda Scratch assay), em que um risco é feito no centro do poço e acompanha-se a

migração das células em direção ao preenchimento da área do risco. Para diminuir a

contribuição da proliferação no processo de fechamento do risco, utilizamos privação

de SFB por 24 h previamente ao tratamento (Grada et al. 2017). Para efeitos de

comparação foi utilizado o TGF-β a 10 ng/mL, já que essa citocina é conhecida por

induzir transformações pró-invasiva em células tumorais de próstata, aumentando a

motilidade celular (Kimbrough-Allah, Millena, e Khan 2018; Vo et al. 2013).

Em células normais PNT1A não houve aumento significativo da migração,

seja na presença da SLN ou TGF-β (Figura 6 A, mediana para controle é de 0.19

µm/min, SLN 0.20 µm/min e TGF-β 0.15 µm/min). O tratamento de 4 h com TGF-β

não foram suficientes para observarmos aumento na migração das células PNT1A.

Entretanto, para incubações mais longas, Freire-de-Lima et al. 2011 demonstrou

aumento no número de células PNT1A na área do risco, após 72 h de tratamento

com TGF-β. Em nossos tratamentos, a similaridade entre os tratamentos reflete no

tempo de fechamento do risco: o controle leva em média 40h, SLN 36h e TGF-β 35h

(Figura 6 B).

No caso das células PC-3, a SLN duplicou a velocidade de migração em

relação ao controle (Figura 6 A, mediana para Controle: 0.31 µm/min, SLN: 0.59

µm/min e TGF-β 0.42 µm/min, i p<0.05). Essa diferença reflete principalmente no

tempo de fechamento do risco: a SLN estimula o fechamento completo em 12h,

enquanto que o controle leva em média 30h (Figura 6 B, ii p<0.05). O TGF-β

estimula a migração, mas o efeito é sutil e o risco fecha em 23h (Figura 6 B).

Podemos acompanhar no tempo o fechamento dos riscos através dos vídeos

representativos disponíveis em https://youtu.be/oJjWehtLyC8 para PNT1A e em

https://youtu.be/fJSd_mUtNBY para PC-3.

O TGF-β é conhecido por aumentar a migração em células PC-3 em tempos

prolongados de exposição ao TGF-β; Walker et al. 2013 mostrou que os tratamentos

com TGF-β1 e TGF-β3 foram capazes de aumentar a migração de células PC-3,

mas tal efeito foi observado na exposição das células ao TGF-β por 48h. No caso

desse ensaio, a citocina foi utilizada para fins de comparação com a SLN, portanto

as células foram expostas apenas por 4h aos tratamentos; sendo assim, o tempo de

exposição à citocina poderia explicar a razão de não observarmos aumento da

migração de PC-3 na presença do TGF-β.

47

Na literatura encontramos trabalhos que relatam nanopartículas que causam

tanto a inibição da migração de células tumorais, quanto aumento da migração em

células importantes para a regeneração tecidual. Guo et al. (2015) mostrou que

nanopartículas de zinco diminuíram a migração de células tumorais de retina de

forma concentração-dependente, ou nanopartículas de grafeno que inibem a

migração de células de glioblastoma pela diminuição de moléculas de adesão

(Wierzbicki et al. 2017). O aumento da migração é relatado para nanopartículas de

quitosana-cobre na regeneração de células da córnea (Tellios et al. 2018), ou

nanopartículas de prata-tanino que aumentam a migração de queratinócitos

(Orlowski et al. 2018). Tais estudos são essenciais para descoberta de novas

terapias, porém pouco é descrito sobre nanopartículas que demonstram efeitos

tóxicos – no nosso caso, a SLN possui alta eficiência de transfecção em PC-3 e em

contrapartida aumenta a migração dessas células significativamente. Assim,

destacamos a importância em entender os mecanismos de aumento de migração de

forma aprofundada.

Ressaltamos ainda que os efeitos causados por nanopartículas são célula-

dependente, como observado nas diferenças entre PNT1A e PC-3. Sabe-se que

uma linhagem celular pode conter subpopulações que respondem de forma

diferenciada, como no caso das células PC-3 que apresenta tanto fenótipos epiteliais

quanto mesenquimais na mesma população. Dessa forma, é necessário aprofundar

o estudo sobre qual mecanismo está sendo utilizado pelas SLN para aumentar a

migração dessas células; nossa hipótese é que esse aumento tem relação com a

ativação da via do TGF-β, visto que na próxima seção, veremos que inibidores da

via do TGF-β alteram a transfecção por SLN apenas em células PC-3. Porém antes

de prosseguir, decidimos investigar em detalhe para entender o papel de cada um

dos componentes da SLN têm efeito no perfil de migração das células de próstata.

48

Figura 6 - Velocidade de migração de células de próstata após exposição à SLN. Células PNT1A e

PC-3 foram plaqueadas na densidade de 5x104

células/poço. No dia seguinte, o meio completo foi substituído por meio RPMI sem SFB, privando as células de SFB por 24h. Após, as células foram tratadas com SLN ou TGF-β 10 ng/mL por 4 h. As células foram riscadas e imagens adquiridas a cada 15 minutos no Cytation 5 Biotek. (A) Velocidade de migração em µm/min; (B) Tempo em h para o fechamento completo do risco; (C) Células PNT1A em 22 h de migração (link para o vídeo: https://youtu.be/oJjWehtLyC8) e (D) Células PC-3 em 22 h de migração (link para o vídeo:

https://youtu.be/fJSd_mUtNBY). Cada valor representa a mediana ± o ponto mínino e máximo de três experiências independentes (n = 2). I – SLN vs Controle e II – SLN vs Controle, p < 0.05 diferença significativa por Two-way ANOVA, seguida por teste de comparações múltimas de Sidak. Escala = 1000 µm.

Para avaliar se o efeito no aumento da migração depende da SLN ou de

algum componente em específico (i.e., ácido esteárico, DOTAP e Pluronic F68), os

componentes foram produzidos e testados separadamente. Para as células PNT1A

não houve diferença na velocidade de migração em nenhum dos tratamentos (Figura

7 A, mediana: Controle 0.19 µm/min, SLN 0.20 µm/min, TGF-β 0.15 µm/min, Ácido

49

esteárico 0.26 µm/min, DOTAP 0.22 µm/min e Pluronic F68 0.23 µm/min), resultado

que era esperado visto que a nanopartícula em si não foi capaz de induzir a

migração nessas células. O tempo que as células PNT1A levaram para migrar foi

similar entre todos os tratamentos, resultado congruente com a velocidade

encontrada (Figura 7 B).

Em células PC-3 somente a SLN foi capaz de induzir a migração enquanto

que os componentes da SLN em separado não aumentaram a migração das células

(Figura 7 A, mediana para Controle: 0.31 µm/min, SLN: 0.59 µm/min, TGF-β 0.42

µm/min, Ácido esteárico 0.26 µm/min, DOTAP 0.30 µm/min e Pluronic F68 0.40

µm/min). A SLN continuou com o tempo de fechamento do risco diminuído em

relação ao controle, e nos demais tratamentos não houve alteração significativa

(Figura 7 B). O interessante desse resultado é mostrar que a formação da

nanopartícula, uma estrutura organizada, é necessária para que o efeito aconteça, e

não dos componentes isolados – mostrando que a interação da SLN com a célula é

o que causa o efeito. Levando em consideração que a forma com que as

nanopartículas interagem com as células in vitro pode ser influenciada por diversos

fatores, até mesmo se a nanopartícula é adicionada concentrada ou previamente

diluída (Moore et al. 2019), esses resultados nos fazem pensar que diversos fatores

influenciam nessa interação célula-nanopartícula.

50

Figura 7 – Velocidade de migração de células de próstata na presença de SLN e de cada um de seus componentes. Células PNT1A e PC-3 foram plaqueadas na densidade de 5x10

4 células/poço. No

dia seguinte, o meio completo foi substituído por meio RPMI sem SFB, privando as células de SFB por 24h. Após, as células foram tratadas com TGF-β 10 ng/mL, SLN e seus componentes separadamente (Ácido esteárico, DOTAP e Pluronic F68) durante 4 h. Em seguida, o risco foi feito e imagens foram adquiridas a cada 15 minutos no Cytation 5 Biotek. (A) Velocidade de migração em µm/min; (B) Tempo em h para o fechamento completo do risco; (C) Recorte do vídeo de células PNT1A em 22 h de migração (link para o vídeo: https://youtu.be/FRGf09BxzbU) e (D) Recorte do vídeo de células PC-3 em 22 h de migração (link para o vídeo: https://youtu.be/NOKwlt_yZNM) Cada valor representa a mediana ± o ponto mínino e máximo de três experiências independentes (n = 2). ). I – SLN vs Controle e II – SLN vs

Controle, p < 0.05 diferença significativa por Two-way ANOVA, seguida teste de comparações múltimas de Sidak. Escala = 1000 µm.

51

O mecanismo que envolve o aumento da motilidade de células causada pela

SLN em diferentes concentrações é desconhecido. Moléculas bem descritas como o

TGF-β1 diminuem a porcentagem de células que migraram em direção ao risco: um

maior número de células da córnea migram conforme a concentração de TGF-β1

aumenta, um efeito dose-dependente (Wang et al. 2011). Sabendo que a SLN por si

só induz a migração de células PC-3, nos perguntamos se a concentração de SLN

utilizada até o momento (3.8 µg/mL, considerada SLN 1x) seria a única responsável

pelo aumento da velocidade de migração das células; para isso, fizemos uma curva

dose-resposta variando de 0.076 a 7.6 µg/mL (0.02x a 2x).

As concentrações iniciais de 0.02x (0.076 µg/mL) e 0.1x (0.38 µg/mL) não

aumentam a velocidade e seu valor assemelha-se ao controle não tratado (Figura 8

A). A partir da concentração 0.2x (0.76 µg/mL) a migração é induzida de forma

similar à SLN 1x. Quando as células são expostas à concentração de 2x, há uma

saturação na velocidade e esta não aumenta em relação à SLN 1x (Figura 8 A). A

curva dose-resposta (Figura 8 B) utilizando os valores de velocidade mostra que a

concentração de SLN necessária para induzir a migração das células (ponto em que

a curva começa a subir, IC50) é de 0.79 µg/mL, semelhante à concentração testada

de 0.2x.

O tempo de fechamento do poço se mostra condizente com os valores de

velocidade, já que concentrações menores (0x, 0.02x e 0.1x) levam mais tempo para

fechar o risco do que a SLN 2x (Figura 8 C, iv, v e vi p < 0.05). No nosso caso a SLN

aumenta a migração de células PC-3 mesmo diluída (0.2x), resultado que deve

aumentar o cuidado na administração in vivo, pois mesmo concentrações baixas de

nanopartícula podem ter efeitos inesperados.

52

Figura 8 - SLN induz a migração de células PC-3 de forma dose-dependente. Células PC-3 foram plaqueadas

na densidade de 5x104 células/poço. No dia seguinte, o meio completo foi substituído por meio RPMI sem SFB,

privando as células de SFB por 24h. Após, as células foram tratadas com SLN em diferentes concentrações, sendo essas: Controle, chamado de 0 µg/mL (0x), 0.076 µg/mL (0.02x), 0.38 µg/mL (0.1x), 0.76 µg/mL (0.2x), 3.8 µg/mL (1x) e 7.6 µg/mL (2x) durante 4 h. Em seguida, o risco foi feito e imagens foram adquiridas a cada 15 minutos no Cytation 5 Biotek durante 48 h. (A) Velocidade de migração em µm/min; (B) Curva dose-resposta da velocidade de células PC-3 tratadas com diferentes concentrações de SLN; (C) Tempo em h para o fechamento completo do risco

e (D) Recorte do vídeo de células PC-3 em 22 h de migração nas diferentes concentrações (link para o vídeo: https://youtu.be/NpzQEYyK7ZA). Cada valor representa a mediana ± o ponto mínino e máximo de três experiências independentes (n = 2). Todos os tratamentos foram comparados em relação à maior concentração (2x). i – 2x vs Controle, ii – 2x vs 0.02x e iii - 2x vs 0.1x, iv – 2x vs Controle, v – 2x vs 0.02x e vi - 2x vs 0.1x. p < 0.05 diferença significativa por Two-way ANOVA, seguida por teste de Tukey‟s multiple comparisons. Escala = 1000 µm.

d. SLN e proliferação celular

A síntese de DNA pelas células caracteriza um processo essencial para a

homeostase e dinâmica celular. Uma das metodologias utilizadas para quantificar a

proliferação celular é o método de EdU, que afere a síntese de DNA de forma direta

e simples, já que o EdU é um nucleosídeo análogo à timidina, incorporado na fase

53

de síntese do ciclo celular, e é detectado por uma reação click it entre uma azida

(contida no fluorófuro) e um alquino (contido no EdU) (Flomerfelt e Gress 2016).

Para avaliar se o aumento da velocidade de migração em células PC3 causado

pelas SLNs estava relacionado com um aumento nas taxas de proliferação,

realizamos o teste de proliferação celular com EdU. Além disso, checar os níveis de

proliferação auxilia a determinar qual a contribuição da proliferação na migração das

células, pois é esperado que mesmo em privação de soro fetal bovino, as células

mantenham níveis basais de proliferação.

Realizamos o teste de proliferação em células PNT1A e PC-3 privadas de

SFB, nos tempos de 5h, 24h e 48h após o tratamento com SLN. As células foram

marcadas com DAPI, corante que tem atração por DNA e por isso cora todas as

células, e as células que proliferaram foram marcadas com EdU. De um modo geral,

notamos que células PNT1A não sofreram alteração significativa na taxa de

proliferação quando tratadas com SLN, em todos os tempos (Figura 9 A, medianas

em 5h: Controle 34.3% e SLN 32.9%, 24h: Controle 62.6% e SLN 59.7%, 48h:

Controle 76.8% e SLN 60.2%, respectivamente). Porém, ao longo do tempo, a

privação de SFB não é capaz de conter a proliferação, que chega a 76.8% em 48h.

Esses resultados vão de acordo com a literatura, pois apesar de células PNT1A

possuírem origem no tecido epitelial de próstata, estas têm alta taxa de proliferação,

cerca de 100% após 24h de privação de SFB (Domińska et al. 2016). Através das

imagens representativas (Figura 9 B) também é possível perceber um aumento na

quantidade de núcleos em vermelho conforme o aumento do tempo, em todos os

tratamentos. Um dos fatores que poderia explicar a alta taxa de proliferação em

células PNT1A pode ser explicado pelo processo de imortalização dessa linhagem

celular, já que a imortalização por si só aumenta o potencial proliferativo dessas

células (Mondello e Chiodi 2013). Outro ponto a se considerar é a forma de

imortalização, através de transformação com o vírus SV40, que pode alterar genes

envolvidos em senescência e apoptose celular (Liu et al. 2009).

54

Figura 9 – Proliferação de células PNT1A após tratamento com SLN. Células PNT1A foram

plaqueadas em lamínulas na densidade de 5x104 células/poço. No dia seguinte, o meio RPMI completo

foi substituído por RPMI sem SFB e incubadas por 24h para privação de SFB. Após 24h, as células foram tratadas com SLN:pET28A durante 4 h. Ao final do tratamento o meio foi substituído por RPMI sem SFB e após 5h, 24h e 48h as células foram fixadas com PFA 4% e preparadas para Click-iT™ Plus EdU Cell Proliferation Kit for Imaging, Alexa Fluor™ 647. As imagens foram adquiridas em microscópio de epifluorescência Cytation 5 Biotek em objetiva de 20x. (A) Taxa de proliferação das células baseado na

razão de células marcadas com EdU (em vermelho) em relação ao total de células (DAPI, em azul) nos tempos de 5h, 24h e 48h e (B) Imagens representativas das células controle e tratadas com SLN após

5h, 24h e 48h. EdU excitação/emissão 650/670 e DAPI excitação/emissão 358/461. Cada valor representa a mediana (linha central no boxplot) ± o quartil inferior, o quartil superior e outliers representados por pontos acima ou abaixo do boxplot, de duas experiências independentes (n = 2) p < 0.05 diferença significativa por One Way ANOVA. Cerca de 7.000 células foram contabilizadas em cada tratamento. Escala = 100 µm

55

No caso das células PC-3, percebemos que a taxa de proliferação se mantém

estável ao longo dos tempos e que não há diferença significativa entre o controle e

tratado com SLN (Figura 10, mediana em 5h: Controle 13.7% e SLN 15.4%, 24h:

Controle 25.4% e SLN 21.1%, 48h: Controle 24.1% e SLN 19.4%, respectivamente).

Mesmo após 48h, a taxa de proliferação é mantida a níveis basais, indicando que a

privação de SFB auxilia na diminuição da proliferação em células PC-3, pois mesmo

na presença de SFB essas células proliferaram 30% em 24h (Lovitt et al. 2016;

Wang et al. 2019). Através de imagens representativas (Figura 10 B) percebemos

um aumento pequeno nas células marcadas em vermelho, que demonstra não ser

significativo. Em tumores, células da borda costumam migrar mais e proliferar menos

(Gallaher, Brown, e Anderson 2019), informação que condiz com nossos resultados

de aumento de migração em células PC-3.

Esses resultados mostram que a privação de SFB é um método robusto de

manter a proliferação de células PC-3 em níveis basais até 48 h de experimento,

enquanto que para células PNT1A, 24 h é o tempo limite para o controle da

proliferação, que apesar de estar em 30%, representa ainda uma taxa aceitável de

proliferação. Como o aumento da proliferação por SLN foi descartado, para explicar

o aumento na taxa de migração, seguimos os experimentos no sentido de investigar

os mecanismos por trás do aumento da migração das células e sua relação com a

via do TGF-β.

56

Figura 10 – Proliferação de células PC-3 após tratamento com SLN. Células PC-3 foram plaqueadas

em lamínulas na densidade de 5x104 células/poço. No dia seguinte, o meio RPMI completo foi

substituído por RPMI sem SFB e incubadas por 24h para privação de SFB. Após 24h, as células foram tratadas com SLN:pET28A durante 4 h. Ao final do tratamento o meio foi substituído por RPMI sem SFB e após 5h, 24h e 48h as células foram fixadas com PFA 4% e preparadas para Click-iT™ Plus EdU Cell Proliferation Kit for Imaging, Alexa Fluor™ 647. As imagens foram adquiridas em microscópio de epifluorescência Cytation 5 Biotek em objetiva de 20x. (A) Taxa de proliferação das células baseado na

razão de células marcadas com EdU (em vermelho) em relação ao total de células (DAPI, em azul) nos tempos de 5h, 24h e 48h e (B) Imagens representativas das células controle e tratadas com SLN após

5h, 24h e 48h. EdU excitação/emissão 650/670 e DAPI excitação/emissão 358/461. Cada valor representa a mediana (linha central no boxplot) ± o quartil inferior, o quartil superior e outliers representados por pontos, de duas experiências independentes (n = 2) p < 0.05 diferença significativa por One Way ANOVA. Cerca de 7.000 células foram contabilizadas em cada tratamento. Escala = 100 µm.

57

e. SLN e a via do TGF-β

Para avaliar a influência da via do TGF-β na interação das células com a SLN,

utilizamos inicialmente dois inibidores da via, LY2109761 e SIS3 HCl. O LY2109761

é responsável por inibir os receptores da via (TβRI e TβRII) enquanto que o SIS3

HCl inibe a fosforilação e translocação da Smad3. Determinamos a melhor

concentração de cada inibidor, que mantivesse a viabilidade das células em pelo

menos 80% (Figura 11).

Utilizamos o homodímero de etídio (EthD-1), que é permeável à membrana

celular danificada e é excluído por membranas plasmáticas de células viáveis. Ao

entrar na célula danificada, sua fluorescência aumenta numa escala de 40x na

ligação ao DNA, dessa forma emitindo fluorescência vermelha apenas nas células

mortas, Excitação/Emissão: 495/635 nm (Li et al. 2013). Portanto, células que

apresentaram marcação para EthD-1 foram consideradas não viáveis; para

determinar o número total de células, foi utilizado o marcador de núcleo Hoechst

33342 (Figura 11).

O inibidor LY210976 apresentou o mesmo comportamento nas duas

linhagens celulares ao não apresentar toxicidade nas concentrações testadas

(Figura 11, A e B); todas as concentrações apresentaram diferença em relação ao

controle positivo de morte (Mortas). Com base nas concentrações comumente

utilizadas na literatura, entre 0,1 até 20 µM (Wan et al. 2012), foi escolhida a

concentração de 5 µM para prosseguir com os ensaios celulares.

O inibidior de Smad3, SIS3 HCl foi mais tóxico do que LY2109761 em ambas

as linhagens (Figura 11, C e D). Nas células PNT1A, de 0.375 µM a 12 µM houve

diferença em relação ao controle, enquanto que nas células PC-3 apenas até 1.5 µM

houve diferença em relação ao controle de morte; dessa forma, a concentração de

1.5 µM foi escolhida para continuar com os demais experimentos.

58

Figura 11 - Determinação da concentração ótima dos inibidores SIS3 e LY2109761 em células de próstata

PNT1A e PC-3. Células PNT1A e PC-3 foram plaqueadas em placas de 96 poços. No dia seguinte, as células foram tratadas com LY2109761 (A e B) ou SIS3 (C e D) nas concentrações descritas no gráfico. DMSO

representa o controle positivo para morte celular. Para o cálculo da porcentagem de núcleos positivos para EthD-1 foi utilizado o número de núcleos positivos para EthD-1/número total de células (Hoechst) x 100. (A) Porcentagem de células PNT1-A mortas na presença do inibidor SIS3; (B) Porcentagem de células PC-3 mortas na presença do inibidor SIS3; (C) Porcentagem de células PNT1A mortas na presença do inibidor LY2109761 e (D) Porcentagem de células PC-3 mortas na presença do inibidor LY2109761. Cada valor representa a média ±

desvio padrão de três experiências independentes (n = 3). i – todas as concentrações vs Mortas; ii – todas as concentrações vs Mortas, iii – 0.375 µM a 12 µM vs Mortas, iv – 0.375 µM, 0.75 µM e 1.5 µM vs Mortas, p < 0.05 diferença significativa por ANOVA, seguida por teste de Tukey.

Com os valores de concentração dos inibidores determinados, nos

perguntamos se, ao inibir a via do TGF-β em diferentes pontos, haveria influência na

transfecção e internalização de SLN. Para isso, as células foram tratadas durante 1

h com LY2109761 (5 µM) ou SIS3 (1.5 µM) e, ao final, as células foram

transfectadas com SLN:pEGFP-N1 e incubadas durante 4 h. No dia seguinte,

avaliamos a eficiência de transfecção por citometria de fluxo. Podemos observar que

após serem tratadas com o inibidor e transfectadas (SLN+LY2109761 e SLN+SIS3),

células normais de próstata PNT1A não tiveram diminuição na taxa de transfecção,

que se manteve por volta de 20% mesmo na presença dos inibidores (Figura 12 A).

59

A intensidade de fluorescência não sofreu alterações e as células expressaram GFP

em intensidade similar à SLN isolada (Figura 12 B).

Entretanto, para as células tumorais PC-3, a expressão de GFP nos grupos

SLN+LY2109761 e SLN+SIS3 foi menor do que as células que foram somente

tratadas com SLN:pEGFP, diminuindo cerca de 3x (Figura 12, i p<0.05). Os

inibidores diminuíram a taxa de transfecção em PC-3 a níveis de transfecção

similares ao da célula PNT1A. Interessante notar que mesmo com a diminuição nos

níveis de transfecção, não foram observadas diferenças na intensidade de

fluorescência (Figura 12 B), mostrando inclusive tendência ao aumento na

intensidade em presença dos inibidores. Apesar de uma porcentagem menor de

células transfectarem na presença dos inibidores, tais células expressam GFP em

níveis maiores do que das células transfectadas apenas com SLN:pEGFP. A

primeira hipótese é de que a inibição da via do TGF-β esteja interferindo na via de

internalização da nanopartícula, que na situação de inibição, pode entrar por uma via

mais produtiva e que leva à maior expressão de GFP, ou seja, um efeito upstream,

no início da via de entrada. A segunda hipótese é que inibir a via do TGF-β leva a

nanopartícula a seguir por outro tráfego intracelular; considerando que os receptores

do TGF-β são fosforilados em endossomos precoces, inibir a sua fosforilação pode

interferir no tráfego intracelular da nanopartícula; que seria um efeito downstream,

ou seja, após a entrada da nanopartícula na célula.

A diminuição da expressão de GFP após o tratamento com o inibidor é uma

indicação de que a via do TGF-β é importante para a entrega e expressão do

plasmídeo nas células, mas ainda não temos detalhes precisos de como isso ocorre.

Outros trabalhos mostram a relação entre a inibição por pequenas moléculas e a

diminuição da expressão de GFP (Liu, Krishnan, e Phua 2017), inclusive essa

diminuição de expressão pode ser utilizada para determinar a via de endocitose

responsável pela entrada da nanopartícula na célula (Radaic e Jesus 2018; Ruiz de

Garibay et al. 2013). Rehman, Hoekstra, e Zuhorn (2011) mostraram que ao inibir a

proteína quinase A (PKA), a transfecção por PEI em células HeLa aumentou em 2,5

vezes, sem afetar a internalização da nanopartícula. Esse aumento da transfecção

foi devido à perturbação do trafégo intracelular na endocitose mediada por clatrina, o

que levou ao impedimento da chegada do PEI ao endossomo tardio/lisossomo.

Dessa forma, o estudo de liberação do material genético pela nanopartícula e quais

60

pontos da via de internalização são regulados, é importante para estudar formas

mais eficientes de liberação.

Figura 12 – Transfecção por SLN:GFP em células PNT1A e PC-3 em presença dos inibidores LY2109761 e SIS3. Células PNT1A e PC-3 foram plaqueadas em placa de 12 poços. No dia seguinte, as células foram tratadas por 1 h com os inibidores em questão (LY2109761 a 5 µM e SIS3 a 1,5 µM). Após 1 h, o meio foi retirado e adicionou-se o complexo SLN:GFP. Após 4 h de transfecção, o meio foi substituído por meio RPMI completo e esperou-se 24 h, tempo final no qual as células foram levadas ao citômetro de fluxo FACS Calibur. (A) Porcentagem de transfecção das nanopartículas e (B) Intensidade das nanopartículas após a transfecção das células. Cada valor representa a média ± desvio padrão de três experiências independentes (n = 2). i – SLN PC-3 vs LY2109761+SLN/SIS3+SLN. p < 0.05 diferença significativa por ANOVA, seguida por teste de Tukey.

Decidimos testar a nossa primeira hipótese, de que inibir a via do TGF-β

interfere na via de internalização da nanopartícula. Para isso, realizamos o

experimento de internalização, em que a nanopartícula marcada com rodamina

(SLN-Rodamina) é utilizada para acompanhar a internalização da SLN pelas células

após 4 h de tratamento (Figura 13). Após 4 h de exposição à SLN-Rodamina, cerca

de 90% das células (PNT1A e PC-3) internalizaram a nanopartícula (grupo SLN-

Rodamina); SIS3 HCl não mostrou nenhuma diferença em relação à SLN-Rodamina,

porém o tratamento com LY2109761 diminuiu a internalização para cerca de 80%

em relação ao controle das células PC-3 (Figura 13 A).

A intensidade de fluorescência na internalização é dada pela fluorescência da

SLN-Rodamina vezes o número de células, o que pode indicar a quantidade de

nanopartículas internalizadas pelas células; quanto maior o valor, mais

nanopartículas internalizadas. A diferença entre os grupos SLN-Rodamina e SLN-

Rod + LY2109761 também aparece na intensidade, apenas para as células PC-3

(Figura 13 B). A internalização parece ter um papel minoritário no efeito observado,

pois sozinha não explica o efeito na diminuição da transfecção; assim, o efeito

causado pelos inibidores deve acontecer também após o processo de internalização,

em outra etapa do tráfego intracelular.

61

Figura 13 – Internalização de SLN-Rodamina em células PNT1A e PC-3 após tratamento com inibidores LY2109761 e SIS3. Células PNT1A e PC-3 foram plaqueadas em placa de 12 poços. No dia seguinte, as células foram tratadas por 1 h com os inibidores em questão (LY2109761 a 5 µM e SIS3 a 1,5 µM). Após 1 h, o meio foi trocado e adicionou-se o complexo SLN-Rhod:pET28A. Após 4 h de internalização, o meio foi retirado e as células foram levadas ao citômetro de fluxo FACS Calibur. (A) Porcentagem de internalização das nanopartículas e (B) Intensidade das nanopartículas após a transfecção das células. Cada valor representa a média ± desvio padrão de três experiências independentes (n = 2). i – SLN-Rodamina PC-3 vs SLN-Rod+LY2109761/SLN-Rod+SIS3 e ii – SLN-Rodamina PC-3 vs SLN-Rod+LY2109761. p < 0.05 diferença significativa por ANOVA, seguida por teste de Tukey.

Outra forma de avaliar a relação da via do TGF-β e SLN é através da

translocação da Smad2/3/4 para o núcleo, pois a translocação do complexo de R-

Smads (ou Smad2/3/4) é utilizada como uma medida da ativação da via do TGF-β

(Hong et al. 2017; Li, Kang, e Wang 2011). No estado basal, as R-Smads estão no

citoplasma ou igualmente distribuídas entre o citoplasma e o núcleo. Smad2 e

Smad4 podem translocar entre o núcleo e o citoplasma continuamente, por

translocação facilitada (Li, Luo, e Yang 2018).

Existem duas hipóteses para explicar o acúmulo de R-Smads no núcleo na

presença de TGF-β: a primeira diz que apenas os complexos de R-Smads possuem

um sinal de retenção nuclear e o segundo diz que os complexos de R-Smads são

mais rápidos na translocação do que as Smads em nível basal. Yichen Li, Luo, e

Yang 2018 mostraram que os complexos de Smad2/4 acumulam no núcleo de

células de câncer cervical HeLa em resposta ao tratamento com TGF-β 5 ng/mL

após 1 h, enquanto que em presença do inibidor SB431542 o complexo não é

formado e não há translocação. Em resumo, os autores mostraram que das R-

Smads que translocaram para o núcleo, todas estavam na forma de complexo

Smad2/4; e que as R-Smads, no estado basal não acumulam no núcleo, pois na

forma livre (só Smad2 ou Smad4) a taxa de exportação nuclear é duas vezes menor

62

do que na presença do TGF-β (Li et al. 2018). Como as proteínas regulam genes

relacionados à via do TGF-β, sua translocação para o núcleo indica que houve

sinalização para que Smad2/3 se concentre no núcleo da célula e realize sua função

como fator de transcrição.

Para avaliar se os inibidores interferem na translocação de R-Smads e validá-

los quanto à capacidade de inibição, avaliamos a translocação de Smad2 após

tratamento com os inibidores LY2109761 e SIS3 HCl individualmente, e em um

segundo momento, como as células pré-tratadas com os inibidores respondem à

exposição ao TGF-β (Figura 14 e Figura 15), que a 10 ng/mL foi utilizado como

controle positivo para translocação nuclear de Smad2.

As células PNT1A respondem ao estímulo por TGF-β após 1h de exposição,

pois observamos a translocação de Smad2 para o núcleo de forma intensa em

praticamente todas as células da população (Figura 14 A e B, 1h TGF-β). Após 4h, a

Smad2 começa a retornar para o citoplasma, mas grande parte ainda é encontrada

no núcleo. O inibidor SIS3 HCl parece não ativar a translocação no mesmo nível do

TGF-β ao observar as imagens (Figura 14 B) apesar do valor da intensidade de

Smad2 no núcleo similar ao TGF-β em ambos os tempos (Figura 14 A). Ao adicionar

o TGF-β nas células pré-tratadas com SIS3 HCl, a translocação de Smad2 ocorre

normalmente em ambos os tempos (Figura 14 B). O SIS3 HCl é um inibidor

específico para Smad3 e podemos ver que nessas células, este não tem efeito na

translocação de Smad2.

O tratamento com o inibidor LY2109761 manteve os níveis de Smad2 nuclear

baixos em todos os tempos, e mesmo a exposição ao TGF-β não ativou a

translocação de Smad2 para o núcleo. Concluimos que em células PNT1A o

tratamento com LY2109761 é suficiente para inibir a translocação de Smad2,

mesmo este sendo um inibidor dos receptores do TGF-β tipo I e tipo II (Figura 14 B).

Sabe-se que o inibidor LY2109761 inibe em 92% a fosforilação de Smad2 em

células hepáticas (Luangmonkong et al. 2018), porém geralmente não é reportado o

nível de translocação desse fator. Já que a Smad2 fica ativa quando é fosforilada, é

esperado que ao inibir sua fosforilação, haja diminuição nos níveis de translocação.

Para a interação e mecanismos de inibição de ambos os inibidores em células

PNT1A não há relatos na literatura atualmente.

63

Figura 14 – Translocação nuclear de Smad2 em células PNT1A em presença ou ausência de inibidores e do TGF-β. Células

PNT1A foram plaqueadas na densidade de 5x10

4 células/poço.

No dia seguinte, as células foram incubadas em presença de SIS3 HCl 1.5 µM (para SIS3 HCl e SIS3 + TGF-β) ou LY2109761 5 µM (para LY2109761 e LY21 + TGF-β) durante 1h. Após 1h, o TGF-β a 10 ng/mL foi adicionado aos tratamentos que contém TGF-β. Ao final de 1h e 4h de exposição ao TGF-β, as células foram fixadas com PFA 4% e preparadas para imunofluorescência para marcação de Smad2. As imagens foram adquiridas por microscopia de epifluorescência no Cytation 5 Biotek, utilizando objetiva 20x. (A)

Quantificação da intensidade integrada de Smad2 no núcleo das células após 1h e 4h de tratamento e (B) Imagens representativas de

Smad2 na escala de cinza. Escala = 50 µm. Cada valor representa a mediana (linha central no boxplot) ± o quartil inferior, o quartil superior e outliers representados por pontos, de três experiências independentes (n = 1) p < 0.05 diferença significativa por One Way ANOVA. Todos os tratamentos foram comparados em relação ao TGF-β. i – 1h SIS3 HCl vs 1h TGF-β; ii - 1h SIS3 + TGF-β vs 1h TGF-β; iii - 4h SIS3 HCl vs 4h TGF-β; iv – 4h LY2109761 vs 4h TGF-β e v – 4h LY21 + 4h TGF-β.

64

O tratamento com TGF-β em células PC-3 leva à translocação de Smad2 em

1h de tratamento, sendo que em 4h ocorre o retorno da Smad2 para o citoplasma

(Figura 17 A e B). Assim como nas células PNT1A, o tratamento com SIS3 HCl

previamente à adição de TGF-β não inibe totalmente a translocação de Smad2 para

o núcleo e após 1h, é possível observá-la no núcleo de algumas células da

população (Figura 17 B), sendo que após 4h há o retorno da Smad2 para o

citoplasma. O inibidor LY2109761 inibiu a translocação de Smad2 na presença do

TGF-β em ambos os tempos. Assim como para células PNT1A, a interação e

mecanismos de inibição de ambos os inibidores em células PC-3 não é descrito na

literatura.

Portanto, concluímos que o inibidor de TβRI e TβRII, LY2109761, mantém a

inibição da via do TGF-β mesmo na presença deste fator de crescimento, em ambas

as linhagens celulares. Por outro lado, o inibidor SIS3 HCl não foi capaz de inibir a

translocação de Smad2 em ambas as células, o que já seria esperado pois o inibidor

tem ação específica na Smad3.

Para avaliar se nanopartículas lipídicas sólidas SLN têm efeito na

translocação de Smad2, utilizamos como controle positivo de translocação o

tratamento com TGF-β 10 ng/mL. Utilizamos então o anticorpo para Smad2 total,

que representa o controle positivo de ativação da via do TGF-β como demonstrado

na seção anterior, em que os inibidores foram validados para translocação de

Smad2.

65

Figura 15 - Translocação nuclear de Smad2 em células PC-3 após tratamento com inibidores. Células PC-3 foram

plaqueadas na densidade de 5x10

4 células/poço. No dia

seguinte, as células foram pré-tratadas com SIS3 HCl 1.5 µM (para SIS3 HCl e SIS3 + TGF-β) ou LY2109761 5 µM (para LY2109761 e LY21 + TGF-β) durante 1h. Após 1h, o TGF-β a 10 ng/mL foi adicionado aos tratamentos que contém TGF-β. Ao final de 1h e 4h de exposição ao TGF-β, as células foram fixadas com PFA 4% e preparadas para imunofluorescência para Smad2. As imagens foram adquiridas por microscopia de epifluorescência no Cytation 5 Biotek, utilizando objetiva 20x. (A) Quantificação da intensidade

integrada de Smad2 no núcleo das células após 1h e 4h de tratamento e (B) Imagens

representativas de Smad2 na escala de cinza. Escala = 50 µm. Cada valor representa a mediana (linha central no boxplot) ± o quartil inferior, o quartil superior e outliers representados por pontos, de três experiências independentes (n = 1) p < 0.05 diferença significativa por One Way ANOVA. Todos os tratamentos foram comparados em relação ao TGF-β. i – 1h SIS3 HCl vs 1h TGF-β; ii - 1h SIS3 + TGF-β vs 1h TGF-

β; iii - 1h LY2109761 vs 1h TGF-β; iv – 4h SIS3 + TGF-β vs 4h

TGF-β v – 4h LY2109761 + 4h TGF-β.

66

As imagens foram adquiridas em microscópio de fluorescência (Figura 16 e

Figura 17) e além da Smad2 marcada em verde, o núcleo foi marcado com DAPI,

passo necessário para a formação da máscara utilizada na análise das imagens. Na

análise feita através do CellProfiler (Carpenter et al. 2006), o núcleo é utilizado para

formar a primeira máscara, que identifica todas as células; a partir da imagem da

Smad2, o programa encontra as bordas da célula e delimita o perímetro celular. A

medida de intensidade integrada da Smad2 no objeto primário (núcleo) foi utilizada

para avaliar a translocação de Smad2.

As imagens representativas da Smad2 nos diferentes tempos mostram a

distribuição da Smad2 na presença da SLN, e na ausência (controle) ou presença do

TGF-β (Figura 16 e Figura 17). Podemos observar que nos controles de ambas as

linhagens, a Smad2 está igualmente distribuída entre o citoplasma e o núcleo, um

padrão uniforme na população de células.

No caso da célula PNT1A (Figura 16), o tratamento com TGF-β induziu a

translocação de Smad2 para o núcleo e essa translocação perdurou até 4 h de

tratamento; sendo que no tempo de 4 h, é possível observar que o TGF-β ainda se

concentra no núcleo, porém o sinal da proteína no citoplasma começa a aumentar,

indicando a volta da Smad2 para o citoplasma (Figura 16 A, diferenças significativas

i, ii e iii, p < 0.05 e imagens em B). Não houve diferença entre os controles e o

tratamento com SLN, indicando que nos tempos avaliados a SLN não foi capaz de

induzir a translocação de Smad2 em células PNT1A.

67

Figura 16 – Translocação de Smad2 em células PNT1A. Células PNT1A foram plaqueadas em lamínulas

tratadas previamente com poly-L-lysine e plaqueadas na densidade de 5x104

células/poço. No dia seguinte, as células foram tratadas com SLN:pET28A ou TGF-β 10 ng/mL durante os tempos de 45 min, 1h, 2h e 4h. Ao final, as células foram fixadas com PFA 4% e preparadas para imunofluorescência de Smad2, que foi marcada com Alexa Fluor 488. Após a imunomarcação, as imagens foram adquiridas em objetiva de 10x por microscópio de epifluorescência Cytation 5 Biotek. (A) Quantificação da intensidade integrada de Smad2 no núcleo das células após 45min, 1h, 2h e 4h e (B) Imagens representativas da Smad2 em escala de cinza. Escala = 50 µm. Cada

valor representa a mediana (linha central no boxplot) ± o quartil inferior, o quartil superior e outliers representados por pontos, de três experiências independentes (n = 2), p < 0.05 diferença significativa por One Way ANOVA. i – 45min TGF-β vs Controle e SLN; ii – 1h TGF-β vs Controle e SLN e iii – 2h TGF-β vs Controle

e SLN.

68

No caso das células PC-3, o tratamento com TGF-β também induziu a

translocação da proteína Smad2 para o núcleo, que foi mais evidente na primeira h

de tratamento (Figura 17, TGF-β 45 min e 1h); nos tempos de 2h e 4h, a proteína

transloca de volta para o citoplasma e começa a se distribuir igualmente pela célula.

Nos tempos avaliados, a SLN não induziu a translocação de Smad2 para o núcleo

(Figura 17 B). A ativação da via do TGF-β tem como efeito a translocação de Smad2

na via canônica, enquanto que outros marcadores estão relacionados com a via não-

canônica, que também pode levar a efeitos em células de câncer (Vander Ark et al.

2018). Assim, a SLN pode estar ativando a migração através da regulação de outras

proteínas relacionadas. O TGF-β, através do seu receptor TβRI, poderia ativar

TRAF6 e MAP kinase, levando à ativação de p38 e JNK, induzindo invasão em

células tumorais e a transição epitélio-mesenquimal (Vander Ark et al. 2018). Esses

resultados criaram novas hipóteses, de que a SLN poderia induzir a migração

através da transição epitélio-mesenquimal (EMT) – considerando que células PC-3,

por se encontrarem em um estágio parcial de transição e por isso parte da

população das células ainda é suscetível à indução de EMT – nos fez investigar

algumas proteínas importantes dessa via.

69

Figura 17 – Translocação de Smad2 em células PC-3. Células PC-3 foram plaqueadas em lamínulas tratadas

previamente com poly-L-lysine e plaqueadas na densidade de 5x104

células/poço. No dia seguinte, as células foram tratadas com SLN:pET28A ou TGF-β 10 ng/mL durante os tempos de 45 min, 1h, 2h e 4h. Ao final, as células foram fixadas com PFA 4% e preparadas para imunofluorescência de Smad2, que foi marcada com Alexa Fluor 488. Após a imunomarcação, as imagens foram adquiridas em objetiva de 10x por microscópio de epifluorescência Cytation 5 Biotek. (A) Quantificação da intensidade integrada de Smad2 no núcleo das células após 45min, 1h, 2h e 4h e (B) Imagens representativas da Smad2 em escala de cinza. Escala = 50 µm. Cada

valor representa a mediana (linha central no boxplot) ± o quartil inferior, o quartil superior e outliers representados por pontos, de três experiências independentes (n = 2), p < 0.05 diferença significativa por One Way ANOVA. i – 45min TGF-β vs Controle e SLN e ii – 1h TGF-β vs Controle e SLN.

70

f. SLN e a transição epitélio-mesenquimal (EMT)

Sabe-se que o TGF-β tem capacidade de induzir a EMT e dois modelos se

propõem a explicar o mecanismo de indução. Ambos os modelos, CBS (do inglês

Cascading Bistable Switches) e TCS (do inglês Ternary Chimera Switch), tem como

base loops de Snail1/miR-34 e Zeb1/miR-200, que funcionam como interruptores na

regulação. O TGF-β (exógeno) induz a expressão de Snail, e Snail por sua vez induz

a expressão de Zeb1 e inibe miR-200. Zeb1 é responsável por manter o fenótipo

mesenquimal ativo, inibindo E-caderina, marcador epitelial, e promovendo N-

caderina e vimentina, marcadores mesenquimais (Zhang et al. 2014).

Células PC-3 expressam tanto E-caderina quanto N-caderina, portanto essas

células estão em um estágio intermediário da transição, chamado de estado EMT

parcial. Células tumorais são heterogêneas e podem estar em um estado parcial de

EMT expressando E-caderina, e ao mesmo tempo apresentar invasão e migração

aumentadas (Fontana et al. 2019).

Para investigar os reguladores essenciais da transição Zeb1 e Snail, células

PNT1A e PC-3 foram transfectadas com SLN, o meio foi trocado e após 24 h

observamos os marcadores através de imunofluorescência (Figura 18 e Figura 19).

A intensidade de fluorescência dos marcadores no núcleo foi mensurada (Figura 19

A) para mais de 5x104 células por tratamento. Para células PNT1A, tanto Snail e

Zeb1 não foram afetadas pela transfecção por SLN; apenas as células tratadas com

TGF-β tiveram intensidade de Zeb1 diminuída no núcleo (Figura 18 A).

71

Figura 18 - Proteínas Zeb1 e Snail em células PNT1A após 24h de tratamento. Células PNT1A foram

tratadas com SLN:pET28A e TGF-β 10 ng/mL durante 4h. Após 4h, o meio de cultura foi substituído por RPMI sem SFB. As células foram fixadas 24h após a transfecção e preparadas para imunofluorescência para Zeb1 e Snail. As imagens foram adquiridas no Cytation 5 Biotek utilizando objetiva de 10x. Em média 5x10

4 células foram contabilizadas em cada tratamento. (A) Quantificação da intensidade integrada de

fluorescência no núcleo das células para Zeb1 e Snail e (B) Imagens representativas das células PC-3

para Zeb1 e Snail apresentadas na escala de cinza. Escala = 50 µm. Cada valor representa a mediana (linha central no boxplot) ± o quartil inferior, o quartil superior e outliers representados por pontos, de três experiências independentes (n = 1), p < 0.05 diferença significativa por One Way ANOVA. p < 0.05 diferença significativa por One Way ANOVA. i – Zeb1 Controle e SLN e ii – Zeb1 SLN e TGF-β.

Em células PC-3, observa-se aumento da intensidade de Zeb1 no núcleo

após transfecção com SLN (Figura 19 A, i e ii p<0.05), tendência que não foi seguida

pelo tratamento com TGF-β. Para a Snail, não houve diferença entre os tratamentos

no tempo de 24h. O aumento da intensidade de Zeb1 em células tratadas com SLN

(Figura 19 B) é notável, pois a proteína concentrou-se no núcleo das células,

enquanto que no controle e no TGF-β a proteína está distribuída pelo citoplasma. O

72

fenótipo parcial (subpopulações epiteliais e mesenquimais) dessas células vai de

encontro a novos conceitos sobre EMT, que antes visto como um processo binário,

hoje é visto como um processo gradual em células tumorais, que exibem fenótipo

intermediário (Pastushenko e Blanpain 2019). Níveis aumentados de Zeb1 são

descritos para células PC-3, e sugere-se que no câncer de próstata Zeb1 tem papel

essencial no extravasamento de células e metástase: células que têm níveis

aumentados de Zeb1 e E-caderina diminuída adquirem características de migração

trans-endotelial in vitro, enquanto que a diminuição de Zeb1 restaura parcialmente o

fenótipo epitelial (Lo et al. 2017).

Estudos em células de mama mostram que Snail é induzido no início da

transição de um estado epitelial para um estado parcial ou transitório; enquanto que

Zeb1 é induzido em um segundo momento, na transição entre o estado parcial e o

estado mesenquimal, sendo que o knockdown de Zeb1 restaura características

epiteliais em células, mostrando que a translocação de Snail é necessária em um

primeiro momento, enquanto que Zeb1 é responsável por manter um estado

mesenquimal (Zhang et al. 2014). Em nosso ensaio nas células PC-3, podemos

hipotetizar que Snail foi expressa em um momento anterior e somente após 24h

vimos o aumento de Zeb1, em concordância com a literatura. Porém é necessário

investigar mais tempos, já que células PC-3 estão no estado parcial/transitório, já

que a transição total para mesenquimal é observada após uma semana de

tratamento (Zhang et al. 2014).

Ainda, tais resultados vão de encontro com o aumento da migração causado

por SLN em células PC-3, pois células que estão localizadas no fronte de migração

passam por EMT parcial e ganham o fenótipo mesenquimal, no sentido de direcionar

a migração, enquanto que retém características epiteliais para se manterem ligadas

às suas células vizinhas durante o avanço do fronte migratório (Lu e Kang 2019).

73

Figura 19 – Proteínas Zeb1 e Snail em células PC-3 após 24h de tratamento. Células PC-3 foram

tratadas com SLN:pET28A e TGF-β 10 ng/mL durante 4h. Após 4h, o meio de cultura foi substituído por RPMI sem SFB. As células foram fixadas 24h após a transfecção e preparadas para imunofluorescência para Zeb1 e Snail. As imagens foram adquiridas no Cytation 5 Biotek utilizando objetiva de 10x. Em média 5x10

4 células foram contabilizadas em cada tratamento. (A) Quantificação da intensidade integrada de

fluorescência no núcleo das células para Zeb1 e Snail e (B) Imagens representativas das células PC-3

para Zeb1 e Snail apresentadas na escala de cinza. Escala = 100 µm. Cada valor representa a mediana (linha central no boxplot) ± o quartil inferior, o quartil superior e outliers representados por pontos, de três experiências independentes (n = 1), p < 0.05 diferença significativa por One Way ANOVA. p < 0.05 diferença significativa por One Way ANOVA. i – Zeb1 Controle e SLN e ii – Zeb1 SLN e TGF-β.

74

Um dos marcadores mesenquimais críticos é a vimentina, uma proteína de

filamento intermediário que aparece em altos níveis durante a EMT (Lo et al. 2017),

pois têm papel na adesão e migração em vários tipos celulares (Ridge et al. 2018).

Para observar a distribuição dessa proteína nas células durante a migração,

realizamos a transfecção com SLN e o poço foi riscado; após 12h, as células foram

fixadas e marcadas para vimentina (Figura 20). Esse teste preliminar foi essencial

para mostrar a distribuição da vimentina em células PNT1A, já que observamos que

nem todas as células da população expressam o marcador, sendo que quando

foram tratadas com TGF-β, há uma tendência no aumento das células positivas para

vimentina (células com maior intensidade do marcador). A expressão de vimentina já

foi reportada para PNT1A, e sua presença em células epiteliais pode estar

relacionada às interações com actina e outros filamentos intermediários para uma

efetiva mudança no fenótipo celular (Lang et al. 2002). Para as células PC-3, a

marcação de vimentina é bem distribuída entre a população de células (Figura 20),

sendo que as células no fronte migratório são mais alongadas e apresentam fenótipo

mesenquimal, e podemos observá-las no centro do risco (células apontadas em

amarelo). Uma análise visual sugere um aumento da expressão da proteína nas

células tratadas com SLN. É sabido que esse marcador está presente em células

PC-3 (Steinmetz et al. 2011), e que pacientes com câncer de próstata com

metástase têm células positivas tanto para E-caderina quanto vimentina, sugerindo

um fenótipo in vivo intermediário (Osorio et al. 2016).

Esses resultados preliminares mostram que a vimentina parece ser

importante para a migração de células PC-3, e que o entendimento aprofundado da

expressão de vimentina ao longo do tempo, após a exposição por SLN, poderá

trazer novas hipóteses e resoluções na investigação da ativação da EMT por SLN

em células de próstata.

75

Figura 20 – Vimentina em células do fronte migratório após 12h. Células PNT1A e PC-3 foram privadas de

SFB durante 24h. Após, foram tratadas com SLN:pET28A e TGF-β 10 ng/mL durante 4h. Após 4h, o meio de cultura foi substituído por RPMI sem SFB e o risco foi feito com o auxílio de uma ponteira p200. As células foram fixadas após 12h de migração e preparadas para imunofluorescência para Vimentina. As imagens foram adquiridas no Cytation 5 Biotek utilizando objetiva de 20x. Células com fenótipo mesenquimal apontadas em amarelo. Escala = 50 µm. Imagens representativas de uma experiência independente (n=1).

76

5. Conclusão

Nesse projeto observamos que nanopartículas lipídicas sólidas (SLN) aumentam

a migração de células de câncer de próstata (PC-3) e que tal efeito se deve à SLN e não

aos componentes da nanopartícula em separadamente. Vimos também que a SLN

aumenta a migração de forma concentração-dependente nas células PC-3, e que há

uma saturação do aumento da velocidade em concentrações maiores que 3.8 µg/mL.

Mostramos que a migração é um efeito isolado, já que a proliferação celular de ambas

as células não são alteradas pelo tratamento com SLN. Outro ponto importante é que a

via do TGF-β tem relação com o efeito biológico de transfecção pela SLN, pois ao inibir

os receptores da via do TGF-β (LY2109761) e a fosforilação da Smad3 (SIS3 HCl), há

diminuição na transfecção por SLN em células PC-3. Além disso, a internalização da

SLN na presença desses inibidores não foi alterada, o que deixa uma hipótese em

aberto, de que o efeito da SLN na via do TGF-β ocorre no tráfego intracelular, processo

que deverá ser investigado em projetos futuros.

Sabendo que a via do TGF-β é influenciada pela SLN em células PC-3,

investigamos também a translocação de Smad2 para o núcleo, o que responderia

muitas questões. Porém, nos tempos observados, não houve translocação de Smad2 na

presença da SLN, o que gerou novas hipóteses, de que a ativação seria da via do TGF-

β não-canônica. Isso nos fez imaginar se a transição epitélio-mesenquimal (EMT), um

processo que aumenta a motilidade celular através do fenótipo da célula, poderia estar

relacionada com o aumento da migração. Vimos então que em células PC-3, há a

translocação de Zeb1, um importante fator de transcrição relacionado com o fenótipo

mesenquimal na EMT.

O uso de nanopartículas para entrega de genes e fármacos continua sendo

estudado com foco em aplicações terapêuticas, e o entendimento dos efeitos adversos

causados pela mesma se torna necessário, pois limita seu uso e segurança. Dessa

forma, esse trabalho trás a tona questões importantes sobre nanotoxicidade –

nanopartículas que parecem inofensivas à primeira vista, em razão da sua composição

biocompatível, podem não atender às expectativas e apresentarem efeitos sutis, porém

malignos, em células de câncer. Trabalhos in vitro são essenciais para identificar essas

sutilezas e revelar efeitos que poupam ensaios in vivo ou mesmo clínicos, que tem a

intenção de tratar doenças como a próstata, no nosso caso. No futuro, esperamos

desvendar outros mecanismos moleculares envolvendo nanopartículas, relevantes para

o avanço da área de intersecção entre biologia e nanotecnologia.

77

6. Referências bibliográficas

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Documento Bioética e Biossegurança

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Declaração autoria