Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese....

41
V e t e r i n a r i a n D o c s www.veterinariandocs.com.br Clínica Médica de Pequenos Animais 1 www.veterinariandocs.com.br Enfermidades Endocrinológicas Referências Hormonais Tabela 1. Referências hormonais para caninos e felinos Hormônio Valores de Referência Canino Felino T4 Total (μg /dL) 1,2 a 4,0 1,2 a 4,8 T4 Livre (ng/dL) 0,5 a 1,6 1,0 a 3,0 T3 Total (ng/dL) 45 a 110 40 a 110 TSH (mUI/mL) Abaixo de 0,6 -- ACTH (pmol/L) 3 a 10 3 a 10 Cortisol (μg /dL) pré-ACTH 0,5 a 5,5 0,5 a 5,5 Cortisol (μg /dL) pós-ACTH 5,0 a 17,0 5,0 a 17,0 Relação urinária cortisol:creatinina Abaixo de 10x10 -6 Abaixo de 10x10 -6 Paratormônio (ng/L) 10 a 60 3 a 25 Insulina (nmol/L) 26,2 a 104,8 26,2 a 104,8

Transcript of Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese....

Page 1: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

V e t e r i n a r i a n D o c s

www.veterinariandocs.com.br

Clínica Médica de Pequenos Animais

1

www.veterinariandocs.com.br

Enfermidades Endocrinológicas

Referências Hormonais

Tabela 1. Referências hormonais para caninos e felinos

Hormônio Valores de Referência

Canino Felino

T4 Total (μg /dL) 1,2 a 4,0 1,2 a 4,8

T4 Livre (ng/dL) 0,5 a 1,6 1,0 a 3,0

T3 Total (ng/dL) 45 a 110 40 a 110

TSH (mUI/mL) Abaixo de 0,6 --

ACTH (pmol/L) 3 a 10 3 a 10

Cortisol (μg /dL) pré-ACTH 0,5 a 5,5 0,5 a 5,5

Cortisol (μg /dL) pós-ACTH 5,0 a 17,0 5,0 a 17,0

Relação urinária cortisol:creatinina Abaixo de 10x10-6

Abaixo de 10x10-6

Paratormônio (ng/L) 10 a 60 3 a 25

Insulina (nmol/L) 26,2 a 104,8 26,2 a 104,8

Page 2: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

2

www.veterinariandocs.com.br

Referências Fisiológicas

Tabela 2. Referências fisiológicas para caninos e felinos

Parâmetro Valores de Referência

Canino Felino

Densidade Urinária 1.015 a 1.045 1.020 a 1.060

Volume de Urina Até 40 mL/kg/dia Até 35 mL/kg/dia

Consumo de Água Até 90 mL/kg/dia Até 45 mL/kg/dia

Frequência de Micção em 24

horas

Variável 2 a 4 vezes

01-Hipercortisolismo Canino

Definição

Distúrbio endócrino mais comum em caninos, caracterizado pelo excesso de

cortisol endógeno ou exógeno devido a tumor em glândula hipófise/pituitária, adrenal

ou iatrogênico.

Também denominado de hiperadrenocorticismo ou síndrome de Cushing.

Fisiologia do Córtex Adrenal

O córtex é essencial para a vida, mas a medula não é. O córtex adrenal produz

cerca de 30 diferentes hormônios, muitos dos quais têm pouco ou nenhum significado

clínico. Os hormônios podem ser divididos em três grupos, com base em suas ações

predominantes:

-Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese.

-Mineralocorticóides: importantes para homeostasia da água e dos

eletrólitos.

-Hormônios sexuais: produzidos em pequena quantidade, principalmente

os hormônios masculinos que têm uma fraca atividade androgênica.

Page 3: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

3

www.veterinariandocs.com.br

Regulação da Liberação dos Glicocorticóides (conforme figura 1)

Figura 1. Regulação da liberação dos glicocorticoides.

Fonte: MOONEY e PETERSON, 2009

*ACTH: hormônio adrenocorticotrópico;

*CRH: hormônio liberador de corticotropina;

Etiologia

01-Espontâneo

01.1-Tumores de Pituitária/Hipófise (HDP) (conforme figura 2)

O HDP (Hiperadrenocorticismo dependente da pituitária) ocorre em 85%

dos casos.

Os tumores podem ser classificados como microtumores/microadenomas

ou macrotumores/macroadenomas (podendo comprimir estruturas adjacentes no sistema

nervoso central).

01.2-Falhas Primárias no Mecanismo de Feedback: mecanismo desconhecido,

mas pode estar associado à excessiva estimulação das células corticotrópicas da

hipófise, por conta de um distúrbio hipotalâmico.

*Não é de grande importância.

Page 4: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

4

www.veterinariandocs.com.br

Figura 2. Hipercortisolismo Pituitária/Hipófise Dependente

Fonte: MOONEY e PETERSON, 2009

01.3-Tumores Adrenocorticais (conforme figura 3)

Corresponde entre 15 e 20% dos casos de hipercortisolismo.

Os tumores podem ser adenomas (pequenos, bem circunscritos, não

metastizam e não são localmente invasivos) ou carcinomas (grandes, localmente

invasivos, hemorrágicos e necróticos), podendo ser funcional ou não funcional. Quando

o tumor é funcional tem-se aumento na concentração de cortisol.

Geralmente ocorre unilateralmente e o lado contralateral se verifica

atrofiado.

Os carcinomas, especialmente da glândula adrenal direita,

frequentemente invadem a veia frenicoabdominal e a veia cava caudal e metastizam

para fígado, pulmão e rim.

02-Iatrogênico

02.1-Hipercortisolismo Iatrogênico

Ocorre devido a administração excessiva de glicocorticoides,

frequentemente a prednisona tópica ou oral.

Verifica-se atrofia bilateral adrenal.

Page 5: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

5

www.veterinariandocs.com.br

Figura 3. Hipercortisolismo Adrenal Dependente

Fonte: MOONEY e PETERSON, 2009

Identificação

Raça

Qualquer raça pode desenvolver hipercortisolismo, mas Poodles, Dachshunds e

pequenos terriers (Ex.: Yorkshire Terrier e Jack Russel Terrier) parecem ser mais

predispostos.

Tumores adrenocorticais ocorrem mais frequentemente em raças maiores.

Idade

Acomete cães de meia idade a idosos, com faixa etária entre 2 e 16 anos e média

de idade 7 a 9 anos.

Sexo

Não há diferença na distribuição do sexo no hipercortisolismo hipófise-

dependente, porém cadelas são mais suscetíveis de desenvolver os tumores adrenais que

os machos.

Sinais Clínicos

Sinais Clínicos Gerais

Verifica-se poliúria (acima de 50mL/kg/dia), polidipsia (acima de

100mL/kg/dia), polifagia, ofego (taquipnéia), abdômen abaulado devido a fraqueza

Page 6: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

6

www.veterinariandocs.com.br

muscular, redistribuição da gordura, hepatomegalia e cistomegalia, letargia, apatia,

mudanças na pele (telangectasia), anestro persistente ou atrofia testicular e hipertensão.

Proprietários relatam sede excessiva, noctúria, enurese e/ou animal urina por

toda casa.

*A polidipsia ocorre secundariamente à poliúria. A poliúria pode ser devido ao aumento

da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH.

Sinais Clínicos Dermatológicos

Verifica-se alopecia endócrina bilateral e simétrica, atrofia epidérmica com

visualização de telangectasia, comedões, calcionosis cútis (deposição de sais de cálcio

na pele), hiperpigmentação e infecções secundárias de pele.

Complicações

Macrotumores Hipofisiários

Verifica-se sinais clínicos mais graves e sinais clínicos a nível de sistema

nervoso central pela compressão de hipotálamo e tálamo observando-se estupor, ataxia,

andar em círculos, pressão da cabeça contra objetos, hipotermia e dificuldade em

despertar.

Tromboembolismo

Verifica-se sinais clínicos como dispneia e taquipnéia sem alteração pulmonar

radiográfica. Ocorre devido a inibição da fibrinólise, hipertensão, glomerulopatia (perda

de proteínas, inclusive proteínas de coagulação, diminuição da concentração de

antitrombina III) e aumento do hematócrito)

Hipertensão arterial sistêmica

Os mecanismos são pouco entendidos. As hipóteses incluem a secreção

excessiva de renina, ativação do sistema renina-angiotensina, aumento da sensibilidade

vascular às catecolaminas e redução das prostaglandinas vasodilatadoras.

Deve-se aferir a pressão do paciente constantemente e instituir o tratamento

quando necessário.

Glomerulopatia com perda de proteínas

Infecção do trato urinário

Ocorre devido a baixa da imunidade pela alta concentração de cortisol e também

pela urina se encontrar muito diluída.

Pancreatite: não frequente.

Page 7: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

7

www.veterinariandocs.com.br

Diabetes mellitus: ocorre em 10 a 15% dos casos. Isto ocorre devido a ação antagonista

do cortisol em relação à insulina.

Diagnóstico

-Anamnese e História Clínica;

-Sinais Clínicos;

-Exames Complementares:

-Hemograma: verifica-se leucocitose por neutrofilia madura (presença de

neutrófilos hipersegmentados), eosinopenia, linfopenia e eritrocitose discreta.

-Bioquímica Sérica: verifica-se aumento de da enzima fosfatase alcalina

(em 85% dos casos) devido a presença de isoenzima estimulada por cortisol presente no

fígado, aumento do colesterol total e hiperglicemia.

-Urinálise: verifica-se isostenúria (densidade abaixo de 1,013), glicosúria

e razão proteína-creatinina urinária (acima de 4, sendo que o normal é no máximo 0,5).

-Urocultura: importante devido a urina estar diluída e efeitos

antiinflamatórios causados pelo cortisol, mascarando possíveis inflamações.

-Radiografia: verifica-se hepatomegalia, aumento do contraste

abdominal, calcificações distróficas de traqueia e brônquios, massa com opacidade

tecido mole ou calcificação na região adrenal e metástase pulmonar de tumor adrenal.

-Ultrassonografia:

-Hipercortisolismo Dependente da Pituitária: verifica-se aumento

de volume bilateral de adrenal (sendo a largura máxima normal de 0,8cm), com bordas

lisas e regulares e não precisam ser semelhantes. As adrenais podem estar normais.

-Hipercortisolismo Dependente de Tumor em Adrenal: verifica-se

massa em adrenal de tamanho variável, podendo haver invasão da veia cava caudal e

invasão de órgãos adjacentes, unilateral, sendo que adrenal contralateral esta atrofiada.

-Outros: ressonância magnética e tomografia computadorizada os quais

são indicados principalmente para macrotumores de pituitária.

-Testes Específicos:

01-Razão Cortisol/Creatinina Urinários: possui alta sensibilidade (cães com

hiperadrenocorticismo geralmente são positivos) e baixa especificidade (cães com

outras enfermidades também podem ser positivos). É um teste útil para se descartar a

enfermidade. No hiperadrenocorticismo a excreção de cortisol aumenta, devido à

secreção aumentada do mesmo pela adrenal. Como a creatinina é relativamente estável

quando os rins estão funcionando normalmente, dividindo-se a concentração de cortisol

Page 8: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

8

www.veterinariandocs.com.br

urinário pela concentração de creatinina urinária, elimina-se o efeito do volume urinário

na interpretação da concentração do cortisol urinário.

02-Teste de Supressão com Baixa Dose de Dexametasona: o corticosteroide

dexametasona inibe o eixo hipófise-adrenal de cão normal em até 8 horas após a

aplicação. Teste com alta sensibilidade e especificidade.

*O paciente deve estar livre de cortisona por pelo menos 60 dias.

A administração de dexametasona normalmente reduz a secreção de ACTH por

meio de feedback negativo na glândula hipofisária. Conseqüentemente ocorre uma

diminuição na concentração do cortisol.

Ação da Dexametasona em Diferentes Casos

Tabela 3. Ação da dexametasona em diferentes casos.

Animal Ação

Normal Supressão do eixo hipófise-adrenal até 8horas (níveis de cortisol se mantêm baixos).

HDP Ausência de supressão após 8 horas (níveis cortisol se elevam após 8 horas).

TA Ausência de supressão a qualquer momento (níveis de cortisol se mantêm elevados).

Protocolo do Teste de Supressão com Baixa dose de Dexametasona

Tabela 4. Protocolo do teste de supressão com baixa dose de dexametasona.

Tempo Ação

Tempo 0 Coleta de sangue (em recipiente sem anticoagulante) e

aplicação de 0,01mg/kg EV de dexametasona.

Tempo 4 (4 horas após aplicação) Coleta de sangue (em recipiente sem anticoagulante).

Tempo 8 (8 horas após aplicação) Coleta de sangue (em recipiente sem anticoagulante).

Resultado e Interpretação dos Níveis de Cortisol no Teste de Supressão com Baixa dose

de Dexametasona

Tabela 5. Resultado e interpretação do teste de supressão com baixa dose de dexametasona.

4 horas 8 horas Diagnóstico

Menor que 1,5μg/dL Menor que 1,5μg/dL Cão normal

Menor que 1,5μg/dL Maior que 1,5μg/dL HDP

Maior que 1,5μg/dL Maior que 1,5μg/dL HDP ou TA

Page 9: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

9

www.veterinariandocs.com.br

03-Teste de Estimulação com ACTH: importante para controle da efetividade do

tratamento e diferenciação de HAC de origem espontânea do iatrogênico. Teste com

sensibilidade e especificidade limitados.

Cães com hiperadrenocorticismo iatrogênico apresentam pouco ou nada de

aumento no cortisol após a administração de ACTH e este teste não distingue o

hiperadrenocorticismo hipófise-dependente do tumor adrenal.

Protocolo do Teste de Estimulação com ACTH

Tabela 6. Protocolo do teste de estimulação com ACTH.

Tempo Ação

Tempo 0 Coleta de sangue (em recipiente sem anticoagulante) e aplicação

de 0,25mg/cão (acima de 5 kg) ou 0,125mg/cão (abaixo de 5 kg)

de ACTH sintético IM.

Tempo 1 (após 1h da aplicação) Coleta de sangue (em recipiente sem anticoagulante).

Resultado e Interpretação dos Níveis de Cortisol no Teste de Estimulação com ACTH

Tabela 7. Resultado e interpretação do teste de

estimulação com ACTH

Resultado (cortisol) Interpretação

Abaixo de 6 μg/dL HAC iatrogênico

6 a 18 μg/dL Normal

18 a 24 μg/dL Limítrofe

Acima de 24 μg/dL HAC (HDP ou TA)

*Ocasionalmente, um animal sob estresse crônico pode desenvolver algum grau de

hiperplasia adrenal, o que acarreta em um teste anormal de estimulação pelo ACTH.

Isso pode ser visto, por exemplo, na diabetes mellitus ou na piometra.

Page 10: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

10

www.veterinariandocs.com.br

04-Teste de Supressão com Alta Dose de Dexametasona: importante para diferenciação

do HDP de TA.

Protocolo do Teste de Supressão com Alta dose de Dexametasona

Tabela 8. Protocolo do teste de supressão com alta dose de dexametasona.

Tempo Ação

Tempo 0 Coleta de sangue (em recipiente sem anticoagulante) e

aplicação de 0,1mg/kg EV de dexametasona.

Tempo 4 (4 horas após aplicação) Coleta de sangue (em recipiente sem anticoagulante).

Tempo 8 (8 horas após aplicação) Coleta de sangue (em recipiente sem anticoagulante).

Resultado e Interpretação dos Níveis de Cortisol no Teste de Supressão com Alta dose

de Dexametasona

Tabela 9. Resultado e interpretação do teste de supressão com alta dose de

dexametasona.

Tipo de HAC Resultado

HDP Há supressão 4 e 8 horas após aplicação de dexametasona

TA Nunca há supressão

05-Dosagem de ACTH endógeno: importante para diferenciar TA de HDP. Em 60% dos

cães com TA a concentração de ACTH é indetectável.

O hiperadrenocorticismo é causado pela produção excessiva de ACTH pela

hipófise ao passo que os tumores adrenais produzem o cortisol autonomamente,

causando um feedback negativo e suprimindo a secreção de ACTH. A concentração

plasmática de ACTH está aumentada no hiperadrenocorticismo hipófise-dependente e

abaixo do normal em cães com tumores adrenais.

Resultado e Interpretação da Dosagem de ACTH endógeno

Tabela 10. Resultado e interpretação d dosagem de ACTH.

Resultado Interpretação

Acima de 10 pmol/L Sugere HDP

Entre 2 e 10 pmol/L Inconclusivo

Abaixo de 2 pmol/L TA

Page 11: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

11

www.veterinariandocs.com.br

Diagnóstico Diferencial

O diagnóstico diferencial inclui hipertireoidismo, dermatoses por hormônios

sexuais, acromegalia, diabetes mellitus, hepatopatias, nefropatias e outras causas de

poliúria e polidipsia.

Com alopecia no tronco e sem poliúria e polidipsia o diagnóstico diferencial

inclui o hipotireoidismo, hipossomatotropismo e desiquilíbrio hormonal sexual adrenal

ou gonadal.

Tratamento

01-Mitotano: é um agente quimioterápico oral, melhor conhecido por seu nome comum,

o p'- DDD. É um quimioterápico que promove necrose (destruição) ou atrofia da

glândula adrenal.

Mecanismo de Ação: inibe a esteroidogênese, bloqueia a clivagem da cadeia

lateral do colesterol e 11β hidroxilas.

Utilização: pode-se utilizar para HDP e TA, mas geralmente é utilizado para

HDP.

Condutas de Tratamento: há duas condutas de tratamento: a primeira é o

controle dos sinais clínicos e a segunda é a indução do hipoadrenocorticismo (conduta

mais radical).

Terapia de Indução (início de tratamento): deve-se iniciar a administração com

40 a 50 mg/kg SID dividido em 2 doses diárias.

-Cães sem polidipsia ou com diabetes: deve-se utilizar a dosagem de 25 a

35 mg/kg SID.

*Deve-se triturar e oferecer com alimento e óleo vegetal.

Momento de Interrupção: quando houver diminuição da ingestão de água

(abaixo de 60 mL/kg/hora), alimentos, disposição e início de vômitos. Em geral o

protocolo estende-se entre 5 a 9 dias. Então deve-se realizar o teste de estimulação com

ACTH com o objetivo de se conseguir 2 a 5 μg/dL de cortisol.

Terapia de Manutenção: 50 mg/kg/semana dividido em 2 a 3 doses ad eternum.

Avaliação dos Resultados:

Concentração de cortisol abaixo de 2μg/dL após ACTH e cão saudável:

deve-se reduzir dose para 25 mg/kg/semana.

Concentração de cortisol abaixo de 2μg/dL após ACTH e cão enfermo:

iniciar tratamento com prednisona.

Page 12: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

12

www.veterinariandocs.com.br

Deve-se sempre repetir o teste de estimulação com ACTH uma vez ao mês e

quando o paciente estiver estável o teste pode ser repetido a cada 6 meses, sempre

ajustando a dose quando necessário. O objetivo é manter a concentração de cortisol

entre 2 e 5 μg/dL.

Reações Adversas: vômito, sinais clínicos neurológicos (ataxia, andar em

círculos, convulsões e cegueira).

Superdosagem: pode acarretar o hipocortisolismo (com sinais como vômito,

diarreia e prostração) e hipoaldosteronismo (acarretando hipercalemia, hiponatremia e

hipovolemia).

Adrenectomia Farmacológica: administração de mitotano em doses entre 75 e

100 mg/kg SID dividido em 3 a 3 doses diárias durante 25 dias juntamente com a

administração de prednisona 0,1 a 0,5 mg/kg SID. Tratamento somente para casos

refratários.

02-Trilostano: inibidor competitivo da 3β-hidroxiesteroide-desidrogenase (3β-HSD) e

causa inibição reversível do cortisol, pois impede a conversão da pregnenolona em

progesterona que resultaria na formação do cortisol, mineralocorticoides e esteroides

sexuais.

Protocolo:

Tabela 11. Protocolo de administração de trilostano.

Dose Peso Vivo

30 mg/dia 5 kg de PV

60 mg/dia 5 a 20 kg de PV

120 mg/dia 20 a 40 kg de PV

180 mg/dia Acima de 40 kg de PV

Protocolo Alternativo: 2 a 10mg/kg SID ad eternum

Deve-se sempre verificar o sucesso do tratamento com o teste de estimulação

com ACTH após 14 dias de tratamento (deve-se fazer o teste após 6 horas de

administração do trilostano).

Objetivo: manter nível de cortisol entre 2 e 5 μg/dL.

Efeitos adversos: semelhantes ao do mitotano, mas são reversíveis.

Page 13: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

13

www.veterinariandocs.com.br

Figura 4. Diagrama exemplificando produção de hormônios adrenais.

03-Cetoconazol: inibição reversível da estereoidrogenase adrenal.

Protocolo:

Dose inicial: 5 mg/kg BID

Após 14 dias: 10 mg/kg BID ad eternum

04-Adrenalectomia: tratamento de escolha para TA não metastático. Tumores maiores

que 6 cm são de difícil remoção.

Complicações: tromboembolismo.

Cuidados: tratamento prévio com trilostano (1 mês antes), administração de

heparina no trans e pós cirúrgico e caminhadas leves.

Tratamento da Diabetes Mellitus Associado

Em geral, não é possível conseguir bom controle glicêmico em cães portadores

de HAC com diabetes mellitus concomitante até que o HAC seja controlado. Estes cães

devem ser tratados da mesma forma dos cães não diabéticos com HAC.

Como o HAC causa antagonismo à insulina, a redução das concentrações

circulantes de cortisol devem reduzir a necessidade de insulina.

Page 14: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

14

www.veterinariandocs.com.br

Devido a natureza complicada desta forma de doença o proprietário deve ser

orientado a obter uma amostra da urina e controla-la para glicose na fase inicial do

tratamento contra HAC.

Page 15: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

15

www.veterinariandocs.com.br

02-Hipocortisolismo

Definição

Enfermidade caracterizada pela deficiência de mineralocorticoides e/ou

glicocorticoides. Ocorre destruição da cortical da adrenal geralmente por causa primária

e obscura.

Também conhecido como hipoadrenocorticismo ou Doença de Addison.

Em uma pequena parcela dos pacientes, há perda seletiva da capacidade

secretora de glicocorticoides, os chamados casos ‘atípicos’.

Tipos

Primário: destruição imunomediada das adrenocorticais.

Secundário: secreção reduzida de ACTH, também conhecido como caso atípico

da forma primária (seletiva deficiência de glicocorticoides).

Fisiologia do Córtex Adrenal

Os principais hormônios adrenocorticais são sintetizados em áreas distintas do

córtex adrenal, que compreende cerca de 80% da glândula adrenal e está dividido em

três regiões morfologicamente distintas: zona reticular (interior), zona fasciculada e

zona glomerulosa (exterior).

As células das zonas reticulada e fasciculada produzem cortisol além de

andrógenos e estrógenos.

A zona glomerulosa produz o mineralocorticoide aldosterona. Essa diferença de

produção de glicocorticoides e mineralocorticoides entre as zonas se dá pela

concentração da enzima 17α-hidroxilase que converte pregnenolona e a progesterona

para produção de substratos de glicocorticoides, sendo que a zona glomerulosa tem

pouca concentração desta enzima.

A secreção de aldosterona é estimulada por meio da ativação do sistema renina-

angiotensina e de elevadas concentrações de potássio no plasma sanguíneo, atuando

diretamente sobre a zona glomerulosa.

A renina catalisa a conversão do angiotensinogênio para angiotensina I, que

posteriormente é convertida em angiotensina II. A angiotensina II é um potente

vasoconstritor e também um secretagogo de aldosterona.

A liberação de renina é estimulada pela ativação de diversos executores, que

incluem: barorreceptores nas paredes das arteríolas aferentes do glomérulo,

barorreceptores cardíacos e arteriais e células da mácula densa no túbulo distal proximal

que parecem ser estimuladas por uma redução da liberação de cloreto.

Page 16: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

16

www.veterinariandocs.com.br

A angiotensina II e a hipercalemia agem na zona glomerulosa promovendo a

conversão do colesterol para pregnenolona e da corticosterona em aldosterona.

A liberação de aldosterona também é estimulada por outros fatores como o

ACTH e a hiponatremia, podendo ser suprimida pelo peptídeo natriurético atrial (NAP).

Os principais sítios de ação da aldosterona são os túbulos proximais e os túbulos

coletores distais do néfrons, onde a reabsorção de sódio e cloreto, bem como a secreção

de íon hidrogênio e de potássio são estimuladas.

E sua ação final resumida é a diminuição da permeabilidade do sódio nos

túbulos renais, reabsorvendo-o fazendo com que reabsorva água e também a

estimulação da liberação de potássio.

Etiologia (obscura)

-Autoimune/Idiopática: atrofia adrenocortical bilateral com infiltrados

mononucleares.

-Iatrogênico: por superdosagem de fármacos como mitotano e/ou trilostano.

*Deve existir 90% de comprometimento da adrenal para causar sinais clínicos.

Etiopatogenia

Mineralocorticóides (aldosterona): responsável pela homeostasia de sódio,

potássio e hídrico, reabsorvendo sódio, liberando potássio e íons hidrogênio no túbulo

coletor renal. Sua falta acarreta hiponatremia, hipocloremia, hipercalemia, hipovolemia,

hipotensão e acidose metabólica.

Glicocorticóides: com sua falta verifica-se sinais de trato gastrointestinal

(vomito com sangue), alterações de estado mental (diminuição do nível de consciência)

e intolerância ao estresse orgânico (Ex.: procedimento anestésico).

*Hipoadrenocorticismo atípico: ocorre por lesão em hipófise ou hipotálamo e verifica-

se apenas sinais de falta de glicocorticoides e não de mineralocorticoides.

Epidemiologia

-Cadelas de meia idade;

-Poodle, Rottweilers e West White Highland Terrier;

-Raro em felinos;

Sinais Clínicos

Observa-se vômitos, diarreia, letargia, fraqueza, desidratação, bradicardia

(devido a hipercalemia – animal prostrado e desidratado deveria apresentar taquicardia

Page 17: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

17

www.veterinariandocs.com.br

normalmente), pulso fraco, tremores e crises addisonianas (estado comatoso após algum

evento estressante).

Diagnóstico

-Anamnese e História Clínica;

-Sinais Clínicos;

-Exames Complementares:

-Hemograma: não conclusivo, verifica-se anemia arregenerativa,

leucocitose por neutrofilia, eosinofilia e linfocitose.

-Bioquímica sérica: verifica-se hipercalemia e hiponatremia (diferenciar

de insuficiência renal aguda), hipocloremia, azotemia pré-renal (diferenciar de

insuficiência renal crônica na qual verifica-se azotemia renal), hiperfosfatemia,

hipoglicemia e acidose metabólica.

-Urinálise: isostenúria a hipostenúria.

-Eletrocardiograma: reflete a gravidade da hipercalemia (8,5 a 10 mEq/L

de potássio – acima disto haverá fibrilação atrial) e importante para a terapêutica.

Verifica-se onda T grande e apiculada com bradicardia, encurtamento do intervalo QT,

prolongamento do intervalo PR e redução da amplitude da onda P e até silêncio atrial.

-Radiografia: verifica-se microcardia e diminuição da veia cava caudal e

do arco aórtico.

-Ultrassonografia: verifica-se glândulas adrenais pequenas (menores que

0,3 cm de largura).

-Testes específicos:

01-Teste de Estimulação com ACTH:

Tabela 12. Resultado e Interpretação do teste de estimulação com ACTH.

Condição Resultado Diagnóstico

Cortisol Basal Maior que 2 μg/dL Descartar

Cortisol Basal Menor que 2 μg/dL Suspeito

Cortisol após Aplicação de ACTH Menor que 2 μg/dL Hipocortisolismo

Page 18: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

18

www.veterinariandocs.com.br

Tratamento

01-Conduta para crise addisoniana aguda:

-Correção do choque hipovolêmico: administração de solução NaCl 0,9% a taxa

de 40 a 80 mL/kg/hora com adição de 100 mL dextrose 50% por litro de solução de

fluído, a fim de fazer solução de glicose 5%. Inicialmente esta terapia é estabelecida por

2 a 3 horas e após isto reduzir a taxa para não mais do que 5 mL/kg/hora.

-Glicocorticóide: aplicação de dexametasona 0,5 a 1,0 mg/kg EV e repetir BID.

Iniciar com administração de prednisona via oral 0,05 a 0,1 mg/kg até o paciente

melhorar.

-Correção da hipercalemia e acidose metabólica: raramente necessita intervir.

Deve-se administrar insulina regular 0,1 a 0,25 UI/kg e glicose 1 a 2 g/UI (glicose faz

com que potássio adentre a célula juntamente com ela). Administração de bicarbonato

em dose empírica de 1 mEq/kg ou com base em hemogasometria com o cálculo PC x

0,3 x déficit base.

-Tratamento mineralocorticoide: geralmente desnecessário na crise e caso

necessite faz-se a administração de DOCP (pivalato de desoxicorticosterona) na dose de

2,2 mg/kg IM.

02-Tratamento de manutenção:

-Tratamento mineralocorticoide:

-Pivalato de Desoxicortisterona (Percorten - Novartis®

): o DOCP não

apresenta 11β nem 17α-hidroxilação e portando, apresenta pouca atividade

glicocorticoide.

Tabela 13. Protocolo do tratamento mineralocorticoide.

Protocolo

DOCP 2,2 mg/kg IM ou SC a cada 25 dias

Prednisona 0,25 mg/kg a cada 48 horas

*Sempre mensurar níveis de eletrólitos como sódio e potássio no 12º e

25º após a aplicação e ajustar a dose com base nesta mensuração.

Tabela 14. Protocolo de ajuste da dose com base na mensuração de eletrólitos.

Ajuste da dose com base na mensuração de eletrólitos

Nível dos eletrólitos Conduta

Anormais no 12º dia Aumentar dose em 10%

Anormais no 25º dia Reduzir o intervalo de aplicações em 48 horas, ou seja, se as aplicações

Page 19: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

19

www.veterinariandocs.com.br

eram feitas de 25 em 25 dias, deve-se passar para 23 em 23 dias.

-Acetato de Fludrocortisona (Florinef – Bristol Myers Squibb®

): é um

esteroide sintético adrenocortical com íon fluoreto substituído na posição 9α e um

grupo 11β-hidroxila, o que lhe confere tanto potência glicocorticoide quanto

mineralocorticoide.

Tabela 15. Protocolo de tratamento com fludrocortisona.

Protocolo

Fludrocortisona 0,01 a 0,03 mg/kg/dia VO em 2 doses diárias

*Avaliar eletrólitos como sódio e potássio a cada 2 semanas e geralmente os pacientes

não necessitam de doses adicionais de glicocorticoides.

*Cuidado com eventos de estresse, em que pode-se aumentar a dose dos fármacos.

Page 20: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

20

www.veterinariandocs.com.br

03-Hipotireoidismo Canino

Definição

É a endocrinopatia mais comum em cães e caracteriza-se pela deficiência na

produção dos hormônios tireoideanos, tiroxina (T4) e triiodotironina (T3).

Anatomo-Fisiologia

Nos mamíferos, a glândula tireoide situa-se caudal à traqueia, ao nível do

primeiro ou segundo anel traqueal. É composta por dois lobos situados um de cada lado

da traqueia e unidos por uma porção estreita de tecido denominada de istmo.

É envolvida por uma cápsula de tecido conjuntivo, cujos septos penetram na

glândula conduzindo um rico suprimento vascular. As células do parênquima da

glândula estão arranjadas em numerosos folículos, compostos por epitélio cúbico

simples (células foliculares), revestindo uma luz central revestida por coloide. As

células que formam a parede desses folículos secretam tiroxina para seu interior onde

fica armazenada. Encontram-se também outros folículos tiroideanos, as células

parafoliculares, que secretam calcitonina hormônio importante na regulação do cálcio.

Para que ocorra a liberação de T3 (triiodotironina) ou T4 (tetraiodotironina ou tiroxina)

pela glândula tireoide, é necessário que o hipotálamo libere o hormônio liberador de

tireotrofina (TRH) para hipófise, para que a adenohipófise libere o hormônio

estimulante da tireoide (TSH), fazendo com que T3 ou T4 sejam secretados pela

glândula tireoide, indo para órgãos alvos, principalmente músculos e fígado que

possuem o maior número de receptores para os hormônios, participando desta forma no

metabolismo basal. Desta forma, o hipotireoidismo pode ocorrer a partir de uma falha

em qualquer ponto do eixo hipotalâmico-hipofisário-tireoide.

Figura 5. Esquematização do eixo hipotálamo-hipófise-tireóide.

Fonte: UNESP-Botucatu.

Page 21: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

21

www.veterinariandocs.com.br

Tipos

-Congênito (cretinismo): forma recessiva autossômica. Apresentação rara e

verifica-se filhotes com crescimento retardado.

-Hipotireoidismo primário: caracterizado por tireoidite linfocítica ou atrofia

tireoidiana. Tipo mais comum de ocorrência (95% dos casos).

-Hipotireoidismo secundário: caracterizado por neoplasia hipofisiária levando a

deficiência de TSH ou supressão por hormônios ou medicamentos (glicocorticoides e

fenobarbital). Apresentação rara.

-Hipotireoidismo terciário: caracterizado por disfunção hipotalâmica e

deficiência de iodo. Apresentação rara.

Etiologia

Hipotireoidismo Primário: verifica-se declínio gradual de T3 e T4 com aumento

compensatório do TSH.

-Tireoidite linfocítica (imunomediado);

-Atrofia idiopática (processo degenerativo não inflamatório): verifica-se

substituição do parênquima normal por tecido adiposo e/ou conjuntivo fibroso.

-Destruição por neoplasia;

-Iatrogênica (raro): por remoção cirúrgica, drogas antitireoidianas e

tratamento com iodo radioativo.

Epidemiologia

-Afeta geralmente animais de meia idade (cerca de 2 a 6 anos).

-Reflete metabolismo celular diminuído e percepção do proprietário de animal

apático, quieto, que dorme mais e tem maior ganho de peso.

-Distribuição nas raças: Golden Retriever (18%), Doberman Pinscher (17%),

Labrador (6%), Cocker Spaniel (5%), Pastor Alemão (5%) entre outras.

-Não há predileção por sexo e a castração é um fator predisponente, e isso tem

sido associado ao efeito dos hormônios sexuais no sistema imune. A castração

aumentaria assim a severidade da tireoidite autoimune.

Sinais Clínicos

Os sinais clínicos só se desenvolvem quando cerca de 75% da glândula está

destruída.

Page 22: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

22

www.veterinariandocs.com.br

Manifestações metabólicas: verifica-se apatia, ganho de peso, termofilia,

bradicardia e retardo mental.

Manifestações neurológicas: são raras e verifica-se polineuropatias, doença

vestibular periférica, paralisia do nervo facial, ateriosclerose cerebral, isquemia

transitória ou infarto cerebral levando a sinais como convulsão, ataxia, andar em

círculo, fraqueza e déficit de propriocepção.

Manifestações reprodutivas: anestro prolongado, sangramento estral

prolongado, galactorréia e ginecomastia.

Manifestações dermatológicas: sinais mais comuns observados. Verifica-se

alopecia de tronco bilateral e simétrica, alopecia local e assimétrica, rarefação pilosa,

espessamento da pele, ausência de prurido, hiperpigmentação, ‘cauda de rato’, pelagem

seca e quebradiça, seborreia, mixedema (pelo acúmulo de polissacarídeos na derme

caracterizando uma expressão trágica) e piodermatite oportunista (pode causar prurido).

Outras manifestações clínicas: lipidose corneal, ceratoconjuntivite seca, função

reduzida do miocárdio, supercrescimento bacteriano intestinal e diarreia e

endocrinopatias concomitantes autoimunes.

Coma mixedematoso: é uma complicação rara do hipotireoidismo avançado. Os

animais afetados apresentam estupor ou coma, com séria incapacidade mental, controle

anormal termorregulatório e supressão cardiovascular e respiratória. O tratamento

consiste na suplementação do hormônio da tireoide, além de adequados cuidados

médicos de suporte como: aquecimento passivo, administração endovenosa de fluidos e

glicose, apoio respiratório mecânico, antibióticos e terapia com glicocorticoides.

Diagnóstico

-Anamnese e História Clínica;

-Sinais Clínicos;

-Exames Complementares:

-Hemograma: verifica-se anemia normocítica normocrômica discreta

ocasional devido a redução da atividade metabólica periférica e na demanda de oxigênio

nos tecidos, também devido a baixa produção de eritropoietina, baixa resposta das

células progenitoras à eritropoietina e baixa estimulação das steam cells. A série branca

e plaquetas estão dentro da normalidade.

-Bioquímica sérica: verifica-se hipercolesterolemia e hipertrigliceremia

em 75% dos casos. Lactato desidrogenase, AST, ALT e FA podem ter discreto aumento

associado à miopatia e lipidose hepática.

-Dermatopatologia: sugestiva de endocrinopatia, mas não conclusivo

para hipotireoidismo. Verifica-se predominância de folículos pilosos na fase de

Page 23: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

23

www.veterinariandocs.com.br

telógeno, podendo ser atróficos ou hiperqueratóticos, espessamento dérmico, mixedema

e vacuolização da musculatura piloeretora.

-Ultrassonografia: pode ocorrer diminuição significativa da tireóide mas

a ausência da diminuição não descarta enfermidade.

-Testes de Função:

01-Concentração de T4 total: mensura a fração ligada à proteína e a fração livre.

-Há variação racial;

-Dificuldade de diagnóstico devido a eutireoides doentes (outras enfermidades

que não hipotireoidismo que possam suprimir a tireoide como o uso crônico de

fenobarbital, glicocorticoides, hiperadrenocorticismo, infecções e processos

inflamatórios) resultando em falso positivo;

Resultado e Interpretação da Concentração de T4 total

Tabela 16. Resultado e interpretação da concentração de T4 total.

Valores Conclusão

Abaixo de 0,5 μg/dL Sugere hipotireoidismo, deve-se associar à clínica.

Entre 0,5 e 1,5 μg/dL Inconclusivo.

02-Concentração de T4 livre: mensura somente a fração não ligada à proteína,

correspondente à 1% do T4 total.

-Sensibilidade parecida com a concentração de T4 total mas com especificidade

maior;

-É menos influenciada por enfermidades e fármacos;

Resultados e Interpretação da Concentração de T4 livre

Tabela 17. Resultado e interpretação da concentração de T4 livre.

Valores Conclusão

Acima de 1,5 μg/dL Descarta-se hipotireoidismo

Entre 0,5 e 1,5 μg/dL Inconclusivo

Abaixo de 0,5 μg/dL Sugere hipotireoidismo mais fortemente que o resultado do T4 total

Page 24: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

24

www.veterinariandocs.com.br

03-Concentração de TSH: pode estar aumentado.

-Sensibilidade de 63 a 87% e especificidade entre 82 e 93%.

Resultados e Interpretação da Concentração de TSH

Tabela 18. Resultado e interpretação da concentração de TSH.

Valor Conclusão

Acima de 0,6 ng/dL Hipotireoidismo

Tratamento

Levotiroxina sódica:

Tabela 19. Protocolo de tratamento com levotiroxina sódica.

Protocolo

Levotiroxina sódica 0,02 mg/kg BID (máximo de 0,8 mg total diário)

-Avaliar resultados em 4 semanas;

-Mensurar T4 e TSH em 4 a 6 semanas após inicio da administração da

levotiroxina e reavaliar dose.

Tabela 20. Protocolo para ajuste da dose de levotiroxina.

Valores T4 Conduta

Maior que 6 μg/dL Reduzir dose do fármaco

Menor que 1,5 μg/dL Avaliar a resposta clínica

Page 25: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

25

www.veterinariandocs.com.br

04-Hipertireoidismo Felino

Definição

É uma enfermidade multissistêmica resultante da excessiva produção e secreção

de tiroxina (T4) e triiodotironina (T3) pela glândula tireoide.

Etiopatogenia

-Hiperplasia adenomatosa multinodular;

-Adenoma de tireoide;

-Carninoma de tireoide;

A patogenia dessa doença ainda não está bem definida, entretanto, pressupõe-se

que fatores circulatórios (imunoglobulinas), nutricionais (iodo na dieta) e ambientais

(toxinas bociogênicas) possam influenciar em sua patogênese.

A expressão alterada do oncogene c-ras, estimulação e inibição das proteínas G

e mutações do gene Gsα foram identificadas nos felinos com hipertireoidismo, mas o

seu papel na patogênese da doença continua sendo pouco claro (Mooney, 2002; Peeters

et al., 2002).

O teor de iodo no alimento comercial de gato tem sido relatado como

extremamente variável e muitas vezes com excesso em relação ao recomendado

(Mooney, 2002).

Um potente fator bociogênico são as isoflavonas de soja, genisteína e daidzeína,

que são constituintes comuns dos alimentos disponíveis comercialmente para gatos,

podendo estar presentes em concentrações suficientemente elevadas para exercer algum

efeito biológico (Court e Freeman, 2002).

Os gatos podem estar expostos a muitos outros fatores causadores do bócio,

presentes nos alimentos ou no meio ambiente. Isso por que a maioria destes fatores é

metabolizada por glicuronidação, uma via metabólica particularmente lenta no gato.

Apresentação

-Unilateral: em 20% dos casos;

-Bilateral: em 75% dos casos;

-Tecido tireoideano no mediastino anterior: em 5% dos casos;

*Distúrbios hipotalâmicos e/ou hipofisiários não foram descritos em felinos.

Page 26: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

26

www.veterinariandocs.com.br

Epidemiologia

Geralmente felinos acima de 8 anos;

Sinais Clínicos

Verifica-se perda de peso, polifagia, hiperatividade, pelagem mal cuidada,

alopecia, seborréia, vômito, diarreia, termofobia, comportamento agressivo, letargia e

anorexia em fase final, desidratação e massa cervical palpável (em 90% dos casos).

Problemas Concomitantes

-Cardiomiopatia tireotóxica: pode ser cardiomiopatia dilatada ou hipertrófica,

levando a alterações como taquicardia, sopro, edema pulmonar e efusão pleural. Deve-

se encaminhar o paciente para a ecocardiografia ou radiografia para se determinar o

aparecimento das complicações como edema e efusão.

-Insuficiência Renal: não é decorrente do hipertireoidismo, mas pode ser um

fator complicante. Hormônios tireoideanos melhoram a taxa de filtração glomerular,

secreção e reabsorção tubular, por este motivo, pacientes insuficientes renais ficam

estabilizados com hipertireoidismo e quando tratados para hipertireoidismo observa-se

piora do quadro clínicos da insuficiência renal.

-Infecções do Trato Urinário: ocorre em 12 a 22% dos casos. Geralmente é

provocado pela bactéria Escherichia coli e os animais são assintomáticos. Deve-se

sempre realizar urinálise e urocultura devido a esta presença de bactérias evidenciação

por sinais clínicos.

-Hipertensão Arterial Sistêmica: PAS está acima de 190 mmHg e ocorre devido

o aumento de receptores β-adrenérgicos os quais estimulados aumentam a

contratilidade, a frequência cardíaca e também a ativação do sistema renina-

angiotensina-aldosterona.

Diagnóstico

-Anamnese e História Clínica;

-Sinais Clínicos;

-Exames Complementares:

-Hemograma: geralmente sem alterações;

-Bioquímica sérica: verifica-se aumento moderado das enzimas ALT,

AST e FA.

-Eletrocardiograma: verifica-se taquicardia sinusal (60% dos casos) e o

aumento da amplitude da onda R na derivação II (30 a 50% dos casos).

-Testes diagnóstico:

Page 27: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

27

www.veterinariandocs.com.br

01-Concentração sérica basal de T4 total: o teste apresenta excelente sensibilidade e

especificidade.

Interpretação da mensuração da concentração sérica de T4 total

Tabela 21. Interpretação da mensuração da concentração sérica de T4 total.

Concentração de T4 total (μg/dL) Interpretação

Acima de 5 μg/dL Muito provável que animal seja hipertireoideo.

Entre 3 e 5 μg/dL Possível que animal seja hipertireoideo.

Entre 2,5 e 3 μg/dL Obscuro.

Entre 2 e 2,5 μg/dL Improvável que animal seja hipertireoideo.

Abaixo de 2 μg/dL Muito improvável que animal seja hipertireoideo.

02-Concentração sérica basal de T4 livre: o teste apresenta excelente sensibilidade e

especificidade e com resultados melhores do que a mensuração da concentração de T4

total, pois há menor interferência de outras enfermidades.

-Ultrassonografia: ultrassonografia cervical para visualização da massa e

pode haver envolvimento uni ou bilateral.

Diagnóstico Diferencial

Diabetes mellitus, hiperadrenocorticismo, diabetes insipidus e insuficiência

renal.

Tratamento

01-Metimazol: causa bloqueio da incorporação do iodo, assim causando reversão das

condições metabólicas e cardíacas.

-Deve-se monitorar a função renal por dosagens seriadas da creatinina sérica.

-Protocolo de administração:

Tabela 22. Protocolo de administração do metimazol.

Protocolo

Metimazol 2,5 mg/kg BID

-Efeitos adversos: trombocitopenia moderada, vômitos, diarreia e azotemia.

-Reavaliar paciente em 15 dias;

Page 28: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

28

www.veterinariandocs.com.br

-Protocolo de ajuste de dose:

Tabela 23. Protocolo de ajuste de dose:

Reavaliação Conduta

Se não houver nenhum efeito colateral e T4

acima de 2 μg/dL

Deve-se aumentar a dose em 2,5 mg/kg BID

totalizando 5mg/kg e reavaliar novamente em 15

dias.

-Objetivo: manter as doses de T4 entre 1 e 2 μg/dL.

*Existem formulações transdérmicas ou palatáveis.

-Efeitos indesejáveis: alterações em trato gastrointestinal (abaixo de 10%),

alterações graves hematológicas como a trombocitopenia grave (abaixo de 5% dos

casos) e aumento de enzimas hepáticas.

02-Tireoidectomia:

-Tratamento definitivo;

-Contra indicações: risco anestésico alto, insuficiência renal, tecido ectópico e

malignidade metastática.

-Complicações pós operatórias: desenvolvimento de hipotireoidismo e

hipoparatireoidismo (levando a hipocalcemia, alterações comportamentais, fraqueza

muscular, tetania e convulsões). Deve-se monitorar o cálcio por 5 a 7 dias e no caso de

retirada das 4 glândulas, deve-se fazer terapia com reposição de cálcio e vitamina D.

-Outras complicações: paralisia laríngea, síndrome de Horner e insuficiência

renal.

*Pode-se dissecar a glândula parótida e implantar no músculo cervical e em dias ela será

vascularizada.

03-Iodo Radioativo: possui baixa taxa de mortalidade e alta taxa de sucesso.

Indicação: tratamento de carcinoma de tireoide.

-Deve-se fazer o tratamento prévio 1 a 2 meses com metimazol.

-Não disponível no Brasil.

-Mecanismo de ação: quando há a administração do radionucleotídeo I-131, este

se incorpora em células tireoidianas e destrói as células foliculares por emissão de

radiação.

Page 29: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

29

www.veterinariandocs.com.br

05-Diabetes Mellitus em Cães – Tipo I

Definição

É um distúrbio endócrino comum em cães caracterizado por um quadro insulino-

dependente (hipoinsulinêmico) de causa multifatorial.

Etiologia

Multifatorial:

-Genética;

-Pancreatite;

-Obesidade;

Lesões Patológicas

-Redução no número e no tamanho das ilhotas pancreáticas;

-Diminuição no número de células β;

-Degeneração distensível hidrópica das células β;

Patogenia

-Diabetes Mellitus Dependente de Insulina (DMDI): caracterizado por um

quadro de hipoinsulinemia.

Tem-se perda funcional das células β-pancreáticas com resultante queda

da concentração da insulina, assim, prejudicando o transporte de glicose e aporte para as

células. Há a instalação de uma acentuada gliconeogênese hepática e glicogenólise

causando uma hiperglicemia e glicosúria.

A glicosúria provoca diurese osmótica, causando poliúria. Surge a polidipsia

compensatória, que impede a desidratação. A quantidade de glicose que entra no centro

da saciedade na região ventromedial do hipotálamo está diminuída por causa da

hipoinsulinemia. A quantidade de glicose que ingressa nas células nesta região do

cérebro afeta diretamente a sensação de fome. No cão diabético com deficiência de

insulina, a glicose não ingressa nestas células e o centro da saciedade não é inibido.

Desta forma, o animal torna-se polifágico

*O limiar de reabsorção de glicose no néfron é de 180 mg/dL.

-Diabetes Mellitus Transitório: raro e geralmente ocorre em felinos.

Ocorre geralmente quando há piometra ou diestro em que se tem o

aumento dos níveis de progesterona levando ao aumento também do GH que é um

hormônio antagonista à ação da insulina.

Page 30: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

30

www.veterinariandocs.com.br

O hipercortisolismo também causa uma diabetes mellitus transitória, pois

o cortisol é um antagonista do efeito da insulina.

Epidemiologia

-Acomete geralmente animais acima de 4 anos e o pico de acometimento se dá

entre 7 e 9 anos.

-Tem a forma de diabetes mellitus juvenil.

Sinais Clínicos

Verifica-se poliúria, polidipsia e perda de peso que são sinais clássicos da

enfermidade. Mas também pode-se ter cegueira súbita (pela instalação da catarata de

curso rápido, em geral, 15 a 20 dias) e sinais de cetoacidose diabética como vômito,

prostração, desidratação, diminuição do nível de consciência e taquipnéia.

Ao exame físico verifica-se animal magro com perda progressiva de peso

relatada pelo proprietário, catarata bilateral e hepatomegalia por infiltração.

Efeito Somogyi

Definição: hipoglicemia induzida pelo excesso de insulina que resulta em uma

hiperglicemia de rebote e não cede com novas doses de insulina.

Resposta fisiológica hiperglicemiante: catecolaminas, glucagon e cortisol.

Comorbidades

-Hipercortisolismo;

-Cistite bacteriana;

-Pancreatite (importante como causa de diabetes mellitus);

-Piometra e diestro (depois da estabilização do paciente, a castração é

importante);

Diagnóstico

-Anamnese e História Clínica;

-Sinais Clínicos;

-Exames Complementares:

-Bioquímica sérica: verifica-se hiperglicemia, hipercolesterolemia,

hipertrigliceridemia, aumento das enzimas ALT e FA (caso haja um caso de

hipercortisolismo associado a enzima FA estará muito elevada). A amilase e a lipase

podem estar elevadas em casos de pancreatite.

Page 31: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

31

www.veterinariandocs.com.br

*Outras condições que tenham glicosúria sem hiperglicemia: lesão tubular em que

pode-se verificar cilindruria também, mas a magnitude da glicosúria não é tão grande

como na diabetes mellitus.

**Outras condições que tenham hiperglicemia sem glicosúria: animais que recebem

fluidos com glicose e estresse (principalmente felinos).

-Urinálise: verifica-se glicosúria e bacteriúria.

Tipos de Insulina

Ação Intermediária: obtidas pela mistura da insulina regular com protamina

(formando-se um complexo insulina-protamina pouco solúvel) ou com zinco.

Após a administração subcutânea, as enzimas proteolíticas degradam a protamina

permitindo a absorção da insulina.

-NPH – Neutral Protamine Hagedorn (humano);

-Lenta (suíno);

*Início de ação com 1 hora e meia com concentração máxima entre 4 e 8 horas e

duração de ação de 18 horas.

Ação Prolongada: obtidas através da adição de um excesso de zinco à insulina

solúvel na presença de um tampão acetato, obtendo-se então um complexo insulina-

zinco sob a forma de suspensão relativamente insolúvel.

-PZI (suíno/bovino);

-Glargina (micropreciptados); pode ser usado até SID.

*A glargina possui início de ação com 2 horas, não possui pico e duração de 24 horas.

Tratamento

Objetivo inicial: eliminação dos sinais clínicos, estabelecimento gradual,

controle das comorbidades e insulinoterapia, dieta e exercícios.

01-Tratamento Inicial:

Passos:

01.1-Insulinoterapia: administração de insulina NPH (100 UI/mL) ou insulina

lenta.

Tabela 24. Protocolo de administração de insulina.

Protocolo

NPH 0,25 UI/kg BID

Page 32: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

32

www.veterinariandocs.com.br

*Com está dose tem-se menor incidência de hipoglicemia e efeito Somogyi.

01.2-Hospitalização: internamento e acompanhamento do paciente por 24 a 48

horas. Aplicar insulina duas vezes ao dia e sempre oferecer comida antes da aplicação,

caso o animal não se alimente, deve-se aplicar somente a metade da dose.

01.3-Triagem inicial: após a aplicação da insulina deve-se mensurar a glicose no

momento da aplicação, após 3 horas, 6 horas e 9 horas. O objetivo principal é verificar

hipoglicemia no paciente, pois o nível mínimo de glicose deve ser de 80 mg/dL, não

deve-se baixar disso.

*Não deve-se aumentar a dose de insulina do paciente se neste primeiro dia de

tratamento ainda houver hiperglicemia, pois há um período de adaptação do organismo.

02-Controle:

02.1-Avaliação semanal: o paciente deve passar por retornos semanais para

ajuste da dose e acompanhamento clínico. O objetivo é a melhora clínica, peso estável

(paciente para de perder peso) e glicemia entre 100 e 250 mg/dL.

*Necessita-se de 2 a 4 semanas para um bom ajuste.

02.1-Controle inadequado: caso não haja sucesso no controle da glicemia do

paciente, deve-se instituir um aumento na dose da insulina entre 1 a 5

UI/paciente/injeção.

Na maioria dos casos tem-se controle com até 1 UI/kg, caso necessite

aumentar esta dose acima de 1,5 UI/kg, deve-se investigar antagonismo como o

hipercortisolismo, hipotireoidismo, inflamações e infecções ocultas.

03-Avaliação do tratamento: deve-se avaliar a melhora clínica do paciente, peso estável,

glicemia entre 100 e 250 mg/dL e mensuração da frutosamina sérica a qual é uma

glicoproteína que tem ligação irreversível com a glicose e reflete a concentração da

glicose média em 2 à 3 semanas prévias.

Tabela 25. Interpretação da mensuração de frutosamina sérica.

Interpretação Concentração (μmol/L)

Excelente controle 350 a 450 μmol/L

Bom 400 a 450 μmol/L

Razoável 450 a 500 μmol/L

Insuficiente (hiperglicemia) Acima de 500 μmol/L

Hipoglicemia prolongada Abaixo de 300 μmol/L

Page 33: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

33

www.veterinariandocs.com.br

04-Curva Glicêmica: permite alterações terapêuticas e geralmente é feita após 1 mês da

triagem inicial.

É importante manter a rotina do animal (alimentação e aplicação de insulina),

para que o exame seja o mais fidedigno possível.

Como fazer: faz-se coletas a cada 1 a 2 horas dependendo do paciente e faz-se a

mensuração da glicemia em glicosímetro.

O que observar: nadir glicêmico (ponto mais baixo da glicemia), tempo da

duração da insulina e intensidade de flutuação glicêmica.

Interpretação: a glicemia ideal é entre 100 e 250 mg/dL.

Tabela 26. Interpretação da curva glicêmica.

Mensuração Conduta

Nadir entre 100 e 150 mg/dL Ideal.

Nadir maior que 150 mg/dL Deve-se aumentar a dose.

Nadir inferior a 80 mg/dL Deve-se diminuir a dose.

Nadir antes de 8 horas (efeito curto) Reavaliar intervalo de aplicação ou trocar de insulina.

Nadir após 12 horas (efeito longo) Reavaliar intervalo de aplicação ou trocar de insulina.

05-Complicações da Insulinoterapia (Hipoglicemia):

Quando ocorre: por aumento exagerado da dose, sobreposição de 2 horas,

inapetência prolongada e correção dos fatores de resistência.

Sinais clínicos da neuroglicopenia: alteração comportamental, fraqueza,

convulsões (glicemia abaixo de 20 a 30 mg/dL) e ataxia.

Tratamento: administração de glicose VO (mel) ou EV (glicose 50%).

06-Considerações Dietéticas:

-Correção da obesidade: exercício diário e controle do aporte calórico.

-Aumento do conteúdo fibroso da dieta: rações de prescrição ou metamucyl (1

colher de sopa sobre a ração normal).

-Metade da dieta diária antes de cada aplicação da insulina e após a alimentação

retira-se o alimento.

Recorrência Clínica

Motivos:

Page 34: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

34

www.veterinariandocs.com.br

-Problemas na administração;

-Problemas no regime insulínico: subdose, tempo de ação inadequado e

superdose.

-Distúrbios concomitantes: hipercortisolismo, infecções, inflamação e

obesidade.

Page 35: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

35

www.veterinariandocs.com.br

06-Diabetes Mellitus em Felinos – Tipo II

Definição

É um distúrbio endócrino caracterizado por um quadro insulino-não-dependente

(resistência à insulina) de causa multifatorial.

Etiopatogenia

Alterações histológicas:

-Amiloidose das ilhotas pancreáticas;

-Degeneração das células β;

-Pancreatite crônica;

Apresentação Clínica

Diabetes Mellitus Não Dependente de Insulina (DMNDI): também denominada

de diabetes tipo II. É caracterizado por um distúrbio de resistência insulínica e

amiloidose e ocorre em 50 a 70% dos casos.

*Gatos com DMNDI podem evoluir para DMDI pela progressão da amiloidose ou por

distúrbios antagonistas como a aplicação de fármacos e pancreatite.

**Gatos com DMDI podem regredir para DMNDI com início de terapia e correção dos

eventos antagonistas, assim aos poucos pode-se retirar a administração de insulina.

Epidemiologia

Geralmente acomete animais acima dos 9 anos de idade.

Sinais Clínicos

Verifica-se poliúria, polidipsia e perda de peso nos casos clássicos. Pode-se

verificar também letargia, pelo opaco e descuidado, fraqueza pélvica, posição

plantígrada e sinais de cetoacidose diabética (prostração, vômitos e desidratação).

Diagnóstico (semelhante ao dos cães)

-Anamnese e História Clínica;

-Sinais Clínicos;

-Exames Complementares:

-Bioquímica sérica: verifica-se hiperglicemia, hipercolesterolemia,

hipertrigliceridemia, aumento das enzimas ALT e FA (caso haja um caso de

hipercortisolismo associado a enzima FA estará muito elevada). A amilase e a lipase

podem estar elevadas em casos de pancreatite.

Page 36: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

36

www.veterinariandocs.com.br

*Outras condições que tenham glicosúria sem hiperglicemia: lesão tubular em que

pode-se verificar cilindruria também, mas a magnitude da glicosúria não é tão grande

como na diabetes mellitus.

**Outras condições que tenham hiperglicemia sem glicosúria: animais que recebem

fluidos com glicose e estresse (principalmente felinos).

***Cuidado com hiperglicemia de estresse que pode ou não ter glicosúria e uma

alternativa a esse tipo de mensuração é a mensuração da concentração sérica de

frutosamina.

-Urinálise: verifica-se glicosúria e bacteriúria.

-Ultrassonografia: varredura de pâncreas o qual pode estar acometido.

-T4: sempre mensurar o T4 para descarte de hipertireoidismo felino.

Tratamento

01-Verificar a necessidade de insulina: verificar intensidade dos sinais clínicos,

cetoacidose diabética. Maioria necessita de administração inicial e após pode-se retirar.

01.1-Insulinoterapia: em felinos a resposta terapêutica à insulina é imprevisível.

Insulinas:

-NPH e lenta: pode ter efeito muito curto.

-Glargina: pode ter efeito muito curto ou muito longo.

-PZI: nadir variável em felinos

Recomendações:

-NPH: 1 UI/gato BID

-PZI: 1 UI/gato BID. Se tiver efeito prolongado trocar para NPH e se for curto

trocar para glargina.

-Glargina: 1 UI/gato SID e mudar para BID se efeito for curto.

02-Tratamento sem insulina: com alterações dietéticas, hipoglicemiantes orais, controle

de afecções antagonistas e suspensão de fármacos.

02.1-Recomendações Dietéticas: evitar obesidade com aumento de fibras,

proteínas, diminuição de carboidratos e gorduras.

*Oferecer metade da dieta na aplicação e deixar restante disponível.

02.2-Controle das comorbidades: obesidade, pancreatite, inflamação crônica,

infecções, endocrinopatias, doença intestinal inflamatória e colangiohepatites.

Page 37: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

37

www.veterinariandocs.com.br

02.3-Hipoglicemiantes: estimulantes da secreção insulínica.

Biguanida: atuam por meio de mecanismos de ação ainda obscuros, mas sabe-se que

elas estimulam a glicólise anaeróbia, promovem supressão de gliconeogênese e a

absorção gastrointestinal da glicose.

Sulfoniluréais: diminuem a concentração de glicose no sangue pelo estímulo da

secreção e pela potencialização do efeito biológico da insulina nos tecidos, músculos,

gorduras e fígado. O mecanismo desse efeito extrapancreático pode aumentar o número

de receptores de insulina na periferia dos tecidos, diminuir a degradação de insulina

pelo fígado ou promover inibição da gliconeogênese.

-Sulfoniluréia:

-Glipizida: 2,5mg/gato

-Gliburida: 0,625mg/gato

*Após 2 semanas de tratamento e se estiver sem resposta deve-se aumentar a dose para

o dobro. E se ainda estiver inadequado deve-se começar com insulina.

Monitoramento

-Dificuldade de monitoramento devido a hiperglicemia de estresse;

-Curva glicêmica é pouco utilizada. Deve-se fazer a curva glicêmica domiciliar

utilizando a técnica da veia marginal da orelha e mensurar a glicemia a cada 3 horas.

-Sempre avaliar estado clínico;

Page 38: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

38

www.veterinariandocs.com.br

07-Cetoacidose Diabética

Definição

É uma condição em cães e gatos de diabetes mellitus mal controlada.

Fisiopatologia

É um quadro insulinêmico pela deficiência de insulina e aumento do glucagon,

levando a lipólise dos tecidos gordurosos periféricos, assim a gordura será oxidada no

fígado e ocorrerá a cetogênese, acarretando na formação de ácidos acetoacético,

betahidroxibutírico e acetona.

Há um excesso de corpos cetônicos circulantes havendo um esgotamento do

sistema tampão levando a acidose metabólica.

A cetose leva a cetonúria que pode ser averiguada em urinálise (fita), tendo

diurese osmótica como consequência perda de sódio, potássio e magnésio.

Tem-se também hipovolemia levando a um quadro de azotemia pré-renal e

hipoperfusão renal, aumentando os compostos nitrogenados não protéicos (creatinina e

uréia) que são corrigidos por fluidoterapia adequada. Esta azotemia pré-renal caso

persista leva a uma insuficiência renal aguda.

A hiperglicemia e a diurese osmótica leva a hiperosmolaridade plasmática

causando desidratação celular.

O prejuízo na utilização da glicose pelo centro da saciedade no hipotálamo

combinado com a perda de calorias sob a forma de glicosúria resulta em sinais clínicos

de polifagia e perda de peso, respectivamente. A deficiência de insulina leva ao

catabolismo de proteínas e contribui para a perda de peso e atrofia muscular.

Sinais Clínicos

Verifica-se poliúria, polidipsia, polifagia, perda de peso em casos clássicos. Em

casos graves verifica-se anorexia, letargia, vômitos, desidratação, pelame eriçado,

atrofia muscular, taquipnéia, hepatomegalia e odor cetônico.

*Sinais de comorbidades podem estar presentes, como por exemplo, secreção purulenta

pela vulva em casos de piometra aberta.

Diagnóstico

-Anamnese e História Clínica;

-Sinais Clínicos;

-Exames Complementares:

Page 39: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

39

www.veterinariandocs.com.br

-Laboratorial: verifica-se hiperglicemia, glicosúria, cetonúria (pode

ocorrer também em jejum prolongado e inanição) e acidose metabólica (pelo excesso de

corpos cetônicos que esgotam a capacidade do corpo de tamponamento).

-Eletrólitos: hipocalemia (por anorexia, perdas urinárias e

gastrointestinais) e hiponatremia (por excessiva perda urinária induzida por altas

concentrações de glicose e cetose e pela falta de insulina).

*A insulina auxilia na reabsorção de sódio nos néfrons distais.

-Bioquímica sérica: verifica-se aumento de ALT e AST por hipovolemia,

fluxo sanguíneo hepático diminuído e posterior dano hepatocelular.

Tratamento

01-Insulina: para suprimir a lipólise, cetogênese e glicogenólise.

Qual: insulina R (ação rápida).

Dose e Via: 0,2 UI/kg (inicial) depois passando para 0,1 UI/kg/hora até a glicose

baixar de 250 mg/dL. Deve-se aplicar por via IM ou SC.

*O declínio da glicemia deve ser de 75 mg/dL/hora.

Manutenção: passadas 6 a 8 horas a dose é de 0,1 – 0,3 UI/kg e também iniciar

glicose 5%. Quando o quadro clínico se estabilizar iniciar tratamento com insulina

NPH, com doses semelhantes à insulina R.

Objetivo: glicemia entre 150 e 300 mg/dL sempre ajustando com a insulina.

02-Restaurar a perda hídrica: pela instituição de solução NaCl 0,9% em reposição lenta

(60 a 100 ml/kg/dia). Somente em casos de choque hipovolêmico que deve-se fazer a

reposição rápida.

03-Reposição de potássio:

Concentração a ser utilizada: 40 mEq/L (16 mL de KCl 19,1%).

Taxa: nunca exceder 0,5 mEq/kg/hora.

04-Bicarbonato de sódio:

Hemogasometria: déficit base x 0,3 x PC

Empírico: 1 a 2 mEq/kg

Enfermidades Concomitantes

Infecções bacterianas (por função imune diminuída secundária a diabetes

mellitus aumenta o risco de infecções), colangiohepatite, lipidose hepática, insuficiência

Page 40: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

40

www.veterinariandocs.com.br

renal, insuficiência cardíaca congestiva, diestro, hiperadrenocorticismo, neoplasia e

pancreatites.

Page 41: Clínica Médica de Pequenos Animais · -Glicocorticóides: promovem a gliconeogênese. -Mineralocorticóides: ... da taxa de filtração glomerular e inibição do ADH. Sinais Clínicos

41

www.veterinariandocs.com.br

Referências Bibliográficas

MOONEY C.T., PETERSON M.E. Manual de Endocrinologia Canina e Felina. 3 ed.

British Small Animal Veterinary Association. São Paulo: Editora Roca, 2009.

FELDMAN, E.C. Hiperadrenocorticismo. In: ETTINGER, J.S., FELDMAN, E.C.

Tratado de Medicina Interna Veterinária. Manole, São Paulo, 1992, pg. 1800.

BOLFER L.H., DA SILVA E.C.M., LANZA C.M., FANUCCI L., MEYER M.,

SOTELO A., TEIXEIRA R.B. Hiperadrenocorticismo em Cães – Revisão de

Literatura. 2008.

NELSON, R. W. Distúrbios da Glândula Adrenal. NELSON e COUTO. Medicina

Interna de Pequenos Animais. 4ª ed. Rio de Janeiro- RJ: Elsevier, 2010, Cap. 53, p.

812 a 838.

NAVARRO, C. E. K., Manual de Urinálise Veterinária, São Paulo: Varela, pág. 89,

1996

MACHADO F. J. Uso do Trilostano no Tratamento do Hiperadrenocorticismo

Canino. Revisão de Literatura – Estágio Curricular UFRGS, 2010.

CHASTAIN, C.B. O sistema endócrino e metabólico. In: GOLDSTON, R.T.,

HOSKINS, J.D. Geriatria e Gerontologia do Cão e Gato. Roca, São Paulo, SP, 1999,

pg. 335.

CUNHA, M. G. et al Hipertireoidismo Felino – Revisão Bibliográfica. Ciência Rural,

Santa Maria, v.38, n.5, p.1486-1494, ago, 2008.