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I
RESUMO
A intolerância à lactose é a mais comum a um hidrato de carbono
e pode afectar pessoas de todos os grupos etários, apesar de ocorrer
com mais frequência em idades avançadas. A intolerância à lactose é
causada pela deficiência em lactase (β-galactosidase), a enzima que
digere o açúcar do leite, a lactose. Neste trabalho pretendeu-se estudar
a enzima β-galactosidase, proveniente de Kluyveromyces lactis, sob
diferentes formas e em diferentes condições experimentais, através da
variação da concentração de enzima, concentração de substrato
padrão, o-nitrofenol-β-ᴅ-galactoside, e da variação temperatura. Foram
depois realizados ensaios na matriz alimentar, o leite, uma vez que o pH
óptimo desta enzima, 6,8, é semelhante ao pH do leite. Para tal, foi
utilizada a enzima Lactozym 2600L, disponibilizada comercialmente pela
Sigma-Aldrich® sob a forma de suspensão líquida e a enzima imibond
galactosidase SPRIN®, disponibilizada comercialmente de forma
imobilizada numa resina amino-acrílica pela SPRIN Tecnhologies®. Foi
também realizada a imobilização da enzima Lactozym 2600L em suporte
de alginato de cálcio. De todas as formas enzimáticas testadas, a
imibond galactosidase SPRIN® foi a que apresentou melhores
resultados, nomeadamente a nível da estabilidade operacional nos
ensaios de reutilização. No final foram utilizados os valores optimizados
na matriz alimentar, o leite, de modo a testar a actividade hidrolítica da
enzima sobre a lactose, não se conseguindo obter um grande
rendimento de conversão nesta reacção, sugerindo a necessidade da
realização de mais estudos e ensaios nesta promissora área da
biotecnologia.
II
ABSTRACT
Lactose intolerance is the most common one carbohydrate and
can affect people of all age groups, although occur more frequently in
elderly persons. Lactose intolerance is caused by a deficiency of lactase
(β-galactosidase), the enzyme that digests the milk sugar lactose. This
work aimed the study of the enzyme β-galactosidase, obtained from
Kluyveromyces lactis in different forms and in different experimental
conditions, by varying the enzyme concentration, standard substrate
concentration, o-nitrophenol-β-ᴅ-galactoside, and temperature
variation. Assays were then performed in the food matrix, milk, since
the pH optimum of this enzyme, 6.8, is similar to pH of milk. To do this,
the enzyme used was Lactozym 2600L, commercially available from
Sigma-Aldrich ® in the form of liquid suspension and enzyme imibond
galactosidase SPRIN®, available commercially immobilized on an amino-
acrylic resin by SPRIN® Tecnhologies. It was also performed
immobilization of de the enzyme Lactozym 2600L in a calcium alginate
support. Of all the enzyme forms tested, the imibond galactosidase
SPRIN® showed the best results, particularly in terms of operational
stability in the reuse assays. At the end, values optimized were used in
the food matrix, milk, in order to test the hydrolytic activity of the
enzyme on the lactose, but was not possible to obtain a high conversion
yield, suggesting a need for further studies and tests on this promising
area of biotechnology.
III
AGRADECIMENTOS
À Professora Doutora Maria Henriques Ribeiro, a minha
Orientadora, pela supervisão, orientação, compreensão, simpatia,
disponibilidade e apoio prestado ao longo destes meses.
À Professora Doutora Matilde Castro, Coordenadora do
Mestrado em Controlo de Qualidade e Toxicologia dos Alimentos, da
Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, a quem agradeço a
organização de mais uma edição deste mestrado.
A todos os docentes desta edição do Mestrado em Controlo da
Qualidade e Toxicologia dos Alimentos, pelos conhecimentos
transmitidos durante a parte curricular do mesmo.
Ao Mário Nunes e à Isabel Ribeiro, pelas opiniões e conselhos
práticos, pela simpatia e disponibilidade expressas durante este
trabalho.
À D. Maria do Carmo, pela atenção dispensada e prontidão
demonstrada em relação ao material de laboratório.
À minha família (mãe, avó, pai Mário, Bruno, Renata, Rafaela,
Marcela, Sérgio, Nuno, Alice, Maria, Anita, Miguel, Zeca, Margarida,
Francisca, Carlota, Afonso, Nino e Leonardo) por toda a compreensão e
encorajamento e em especial ao meu namorado, José Jorge, pelo apoio
incondicional, pelo incentivo e disponibilidade e por toda a paciência e
carinho demonstrados ao longo destes meses.
A todos os meus amigos, Marina, Clarisse, Charlotte, Sérgio, pela
troca de ideias e opiniões e pelo animo transmitido ao longo deste
mestrado, e em especial à Ana por tudo isto e pela sua inestimável
companhia durante as longas horas passadas no laboratório.
IV
Índice
Resumo ............................................................................................... I
Abstract ............................................................................................. II
Agradecimentos ................................................................................ III
Índice ................................................................................................ IV
Índice de Figuras ............................................................................. VIII
Índice de Tabelas .............................................................................. IX
Indice de Gráficos ............................................................................. XI
1. INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS ................................................... 1
1.1. Lactose ............................................................................... 1
1.2. Intolerância à lactose .......................................................... 4
1.3. β-galactosidase ................................................................... 7
1.3.1. Fontes microbianas da enzima ......................................... 8
1.3.1.1. Enzimas Bacterianas .................................................. 8
1.3.1.2. Enzimas de Fungos ..................................................... 9
1.3.1.3. Enzimas de Leveduras ................................................ 9
1.3.2. Aplicação Industrial .......................................................... 13
1.4. Métodos de Imobilização Enzimática ................................ 13
1.4.1. Adsorção física ............................................................... 14
1.4.2. A Encapsulação ............................................................... 15
1.4.3. Ligação Covalente .......................................................... 16
1.5. Cinética Enzimática ............................................................ 17
1.5.1. Inibição Enzimática............................................................. 21
1.6. Objectivos ......................................................................... 22
2. MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................... 23
2.1. Reagentes .......................................................................... 23
2.2. Enzimas ............................................................................. 23
V
2.3. Equipamentos .................................................................... 24
2.4. Preparação de soluções ..................................................... 25
2.5. Métodos analíticos ............................................................ 29
2.5.1. Ensaio para a quantificação de açucares
redutores: Método DNS ................................................. 29
2.5.1.1. Técnica ..................................................................... 29
2.5.2. Método de Bradford para determinação da proteína ... 30
2.5.2.1. Técnica ..................................................................... 31
2.5.3. Doseamento da hidrólise enzimática de o-npg: método
colorimétrico .................................................................. 32
2.5.3.1. Curva de calibração de o-np ..................................... 34
2.5.4. Kit Glucose-Oxidase Sigma-Aldrich® para
determinação da glucose ............................................... 35
2.5.4.1. Técnica ..................................................................... 36
2.6. Métodos experimentais ................................................... 37
2.6.1 Imobilização ................................................................... 37
2.6.1.1. Técnica ..................................................................... 38
2.6.2. Avaliação da Influência da Concentração de Enzima .... 39
2.6.2.1. Técnica ..................................................................... 39
2.6.3. Avaliação da Influência da Concentração de Substrato 40
2.6.3.1. Técnica ..................................................................... 40
2.6.4. Estudo do Efeito da Temperatura ................................ 42
2.6.4.1. Técnica ..................................................................... 42
2.6.5. Ensaios de Reutilização .................................................. 43
2.6.5.1. Técnica ..................................................................... 43
2.6.6. Ensaios de Bioconversão da lactose em leite ................. 44
2.6.6.1. Técnica .................................................................... 44
2.6.6.2. Delineamento Experimental para modelação da
Bioconversão da Lactose ......................................... 45
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................... 48
3.1. Ensaios com a Enzima Sóluvel Lactozym® 2600L ............... 48
3.1.1. Estudo do Efeito da Variação da Concentração
de Enzima ....................................................................... 48
3.1.2. Estudo do Efeito da Variação da Concentração de
Substrato ........................................................................ 51
3.1.3. Estudo do Efeito da Variação da Temperatura ............. 53
VI
3.2. Ensaios com a enzima imibond galactosidase SPRIN® ........ 57
3.2.1. Estudo do Efeito da Variação da Concentração
de Enzima ....................................................................... 57
3.2.2. Estudo do Efeito da Variação da Concentração de
Substrato ........................................................................ 59
3.2.3. Estudo do Efeito da Variação da Temperatura .............. 62
3.2.4. Estudo da actividade enzimática durante o processo
em contínuo ................................................................... 64
3.3. Ensaios com a enzima imobilizada em esferas de Alginato
de Cálcio ........................................................................... 67
3.3.1. Estudo do Efeito da Variação da Concentração de
Enzima ............................................................................ 68
3.3.2. Estudo do Efeito da Variação da Concentração de
Substrato ........................................................................ 69
3.3.3. Estudo do Efeito da Variação da Temperatura .............. 72
3.3.4. Estudo da actividade enzimática durante o processo
em continuo ................................................................... 73
3.4. Comparação da β-galactosidase livre, imibond
galactosidase SPRIN®e enzima imobilizada em alginato de
cálcio ................................................................................ 77
3.5. Ensaios de Bioconversão na Matriz Alimentar: Leite ......... 78
3.5.1. Optimização da bioconversão em leite pela
Metodologia das Superfícies de Resposta ..................... 81
4. CONCLUSÃO ............................................................................... 88
5. BIBLIOGRAFIA ............................................................................. 90
ANEXOS
Anexo I. Cálculos para a Preparação de Solução Tampão de Fosfato
de Potássio 0,1 M, p.H. 6,8
Anexo II. Cálculos para Preparação de Solução Tampão de Tris-HCl
0,1 M, p.H. 7,0
Anexo III. Cálculos para Preparação das soluções padrão de o-np
VII
Anexo IV. Cálculos para Preparação das soluções padrão de
Lactozym 2600 L para o ensaio de Bradford
Anexo V. Cálculo para a Preparação das diluições de Lactozym
2600 L utilizadas paras os ensaios com enzima livre
Anexo VI. Cálculos para a Preparação de Solução de Ácido
Sulfúrico 12N
Anexo VII. Cálculo para a Preparação das soluções padrão de
glucose
VIII
Índice de Figuras
Figura 1. Molécula de lactose ............................................................ 2
Figura 2. Hidrólise da lactose em glucose e galactose ...................... 7
Figura 3. β-galactosidase ................................................................... 8
Figura 4. Esquema dos vários métodos de imobilização ................ 16
Figura 5. Redução do reagente 3,5-dinitrosalicilato ....................... 29
Figura 6. Reacção de hidrólise do o-npg pela β-galactosidase ....... 34
Figura 7. Esquema da reacção de determinação da glucose pelo
teste da glucose/oxidase ................................................................. 35
Figura 8. Esferas de alginato de cálcio (2%) .................................... 39
IX
Índice de Tabelas
Tabela 1. Percentagem de lactose em leite e derivados .................. 2
Tabela 2. Valores nutricionais de lacticínios por 100 g de parte
edível ................................................................................................. 6
Tabela 3. Fontes microbianas de β-galactosidase .......................... 10
Tabela 4. Quantidades de leite e de preparações enzimáticas
utilizadas nos ensaios ..................................................................... 36
Tabela 5. Valores experimentais das duas variáveis testadas em
simultâneo e respectivos níveis codificados por aplicação do
CCRD ................................................................................................ 47
Tabela 6. Constantes cinéticas ........................................................ 77
Tabela 7. Teores de Hidratos de Carbono e Lactose no leite
(tabela) e valores de glucose doseados em ensaio ......................... 79
Tabela 8. Valores de actividade enzimática das diferentes
enzimas a 20 e a 37°C ; e valores de glucose das amostras de leite
aos 180 minutos de ensaio a 20 e a 37 °C ....................................... 80
Tabela 9. Efeito da concentração de imibond galactosidase
SPRIN®, da temperatura e do tempo na bioconversão da lactose
em glucose no leite .......................................................................... 82
Tabela 10. Equações dos modelos das superfícies de resposta,
ajustados aos resultados experimentais obtidos em leite na
bioconversão da lactose em glucose (mg/mL) por acção da
imibond galactosidase SPRIN® [Gal] em função da concentração
de enzima (mg/mL), da temperatura (T) (°C) e do tempo (t) (min)
e respectivos R2 e R2ajustado ............................................................... 87
X
Tabela A-I. Resumo dos valores obtidos nos cálculos necessários
para a realização das soluções padrão de o-np
Tabela A-II. Resumo dos valores obtidos nos cálculos necessários
para a realização das soluções padrão de proteína
Tabela A-III. Resumo dos valores obtidos nos cálculos necessários
para a realização das diluições de Lactozym 2600 L
Tabela A-IV. Resumo dos valores obtidos nos cálculos
necessários para a realização das soluções padrão de glucose.
XI
Índice de Gráficos
Gráfico 1. Curva de Calibração da glucose (Método DNS) ............. 30
Gráfico 2. Curva de Calibração de proteína (Método Bradford) .... 32
Gráfico 3. Curva de Calibração de o-np .......................................... 34
Gráfico 4. Efeito da variação da concentração de enzima livre ao
longo do tempo ............................................................................... 49
Gráfico 5. Efeito da variação da concentração de enzima livre na
actividade enzimática ...................................................................... 50
Gráfico 6. Efeito da variação da concentração de substrato
na enzima livre................................................................................. 51
Gráfico 7. Actividade enzimática da enzima livre às
diferentes concentrações de substrato .......................................... 52
Gráfico 8. Efeito da variação da temperatura na enzima livre ....... 54
Gráfico 9. Actividade enzimática da enzima livre a
diferentes temperaturas ................................................................. 56
Gráfico 10. Efeito da variação da concentração de enzima
SPRIN® ............................................................................................... 58
Gráfico 11. Actividade enzimática da enzima SPRIN® às
diferentes concentrações de enzima .............................................. 59
Gráfico 12. Efeito da Variação da Concentração de Substrato
na enzima SPRIN® ............................................................................ 60
Gráfico 13. Actividade enzimática da enzima SPRIN® às diferentes
concentrações de substrato ............................................................ 60
Gráfico 14. Efeito da variação da temperatura na enzima
SPRIN® ............................................................................................. 62
Gráfico 15. Actividade enzimática da enzima SPRIN® a diferentes
temperaturas ................................................................................... 63
Gráfico 16. Reutilizações da enzima SPRIN® ................................... 64
XII
Gráfico 17.Actividade enzimática da enzima SPRIN® em cada
reutilização ...................................................................................... 65
Gráfico 18. Actividade Residual da enzima SPRIN® ao longo do
tempo ............................................................................................... 65
Gráfico 19. Efeito da variação da concentração de enzima
imobilizada em alginato de cálcio .................................................... 68
Gráfico 20. Actividade enzimática da enzima imobilizada em
alginato de cálcio a várias concentrações ....................................... 69
Gráfico 21. Efeito da Variação da Concentração de Substrato
na enzima imobilizada em alginato de cálcio ................................... 70
Gráfico 22. Actividade enzimática da enzima imobilizada em
alginato de cálcio às diferentes concentrações de substrato ......... 70
Gráfico 23. Efeito da variação da temperatura na enzima
imobilizada em alginato de cálcio .................................................... 72
Gráfico 24. Actividade enzimática da enzima imobilizada em
alginato de cálcio a diferentes temperaturas ................................. 73
Gráfico 25. Reutilizações da enzima imobilizada em alginato de
cálcio (2%) ......................................................................................... 74
Gráfico 26. Actividade enzimática da enzima imobilizada em
alginato de cálcio (2%) em cada reutilização .................................. 75
Gráfico 27. Actividade residual da enzima imobilizada em
alginato de cálcio (2%) em cada reutilização .................................. 76
Gráfico 28. Superfície de resposta ajustada à formação de
glucose como função da temperatura e do tempo em leite,
com uma concentração de imibond galactosidase SPRIN® de
8 mg/mL ........................................................................................... 83
Gráfico 29. Superfície de resposta ajustada à formação de
glucose como função do tempo e da concentração em leite à
temperatura de 30 °C ...................................................................... 84
XIII
Gráfico 30. Superfície de resposta ajustada à formação de
glucose como função da temperatura e da concentração de
imibond galactosidase SPRIN® em leite ao fim de 30 min ............... 86