MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

100
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS PRODUÇÃO DE β-GALACTOSIDASE POR Kluyveromyces lactis NRRL Y1564 EM SORO DE LEITE E IMOBILIZAÇÃO EM QUITOSANA FORTALEZA – CE 2013

Transcript of MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Page 1: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

PRODUÇÃO DE β-GALACTOSIDASE POR Kluyveromyces lactis NRRL Y1564 EM SORO DE LEITE E IMOBILIZAÇÃO EM QUITOSANA

FORTALEZA – CE 2013

Page 2: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

PRODUÇÃO DE β-GALACTOSIDASE POR Kluyveromyces lactis NRRL Y1564 EM SORO DE LEITE E IMOBILIZAÇÃO EM QUITOSANA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do Título de Mestre em Engenharia Química. Área de concentração: Processos Químicos e Bioquímicos.

FORTALEZA – CE 2013

Page 3: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca de Ciências e Tecnologia F934p Freitas, Maria de Fátima Matos de.

Produção de β-galactosidase por Kluyveromyces lactis NRRL Y1564 em soro de leite e imobilização em quitosana / Maria de Fátima Matos de Freitas. – 2013.

99 f. : il. color., enc.; 30 cm. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Departamento de

Engenharia Química, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química, Fortaleza, 2013. Área de Concentração: Processos Químicos e Bioquímicos. Orientação: Profa. Dra. Luciana Rocha Barros Gonçalves. Coorientação: Profa. Dra. Maria Valderez Ponte Rocha. 1. Fermentação. 2. Lactose. 3. Enzimas. 4. Íons. 5. Reator. I. Título.

CDD 660

Page 4: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS
Page 5: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Dedico este trabalho a minha mãe Aurenice,

ao meu irmão Charles, a minha irmã Fabiana

e ao meu esposo Domingos Sales.

Page 6: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

AGRADECIMENTOS

Gratidão eterna a Deus que me protege, acompanha e ilumina cada dia de minha vida.

À minha família, ao meu pai Luiz (In Memoriam), minha mãe Aurenice, minha irmã Fabiana,

e meu irmão Charles que muito se sacrificaram para me ajudar, família que em nenhum

momento mediu esforços para que eu chegasse até o fim.

À profª Drª Luciana Rocha Barros, pela sua orientação e amizade, por toda sua dedicação

fundamental para o meu crescimento. Agradeço muito por ter novamente me acolhido e

acreditado neste trabalho, pelo o incentivo e todo apoio dado quando precisei.

À profª Drª Valderez Ponte Rocha pela orientação, paciência e dedicação. Agradeço pelas as

palavras amigas e por toda a ajuda quando as soluções pareciam não ter saída.

Ao meu esposo Domingos em especial, por todos os momentos ausentes, pelo carinho e apoio

incondicional, por almejar esse objetivo tanto quanto eu.

Aos meus príncipes Luiz e Lucas que são a razão do meu viver, desculpa por tanto trabalho,

pelas vezes que não pude levá-los para passear. Sei que em algumas ocasiões não entenderam

direito, mas com o passar do tempo chegarão a essa experiência.

A todos os professores da Engenharia Química, em especial ao Prof. Dr. Ivanildo José da

Silva Júnior e ao Prof. Dr. Hosiberto Batista de Sant’Ana pelo incentivo, sugestões e

confiança que sempre me passaram.

Ao grupo de pesquisa da Bioquímica da UFC, em especial ao Prof. José Tadeu Abreu de

Oliveira pelos ensaios de eletroforese.

A Drª Ana Iraidy Santa Brígida, pesquisadora da Embrapa, pela importante participação na

banca e contribuições.

Page 7: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Ao Dr. James Almada da Silva, professor da UFS, por toda a contribuição na Qualificação e

importante participação na banca.

Aos estagiários Lucas e Sandy que batalharam sempre atentos, dispostos e alegres na

execução de suas tarefas.

A todos integrantes do grupo GPBIO, pelo acolhimento no laboratório, pela troca de

conhecimento a cada dia de trabalho e principalmente pela amizade conquistada. Em especial,

as amigas Camilla, Cris, Mary, Ticiane, Diana, Jéssyca, Kamilly, Tigressa e Bete, que sempre

me apoiaram, obrigada por tudo.

A todos os amigos da turma do Mestrado, em especial a Adriana, Cívita, Ana Alice, Carol,

Helranyo, Regiane e Diego pela a convivência e grande amizade.

A todos os meus familiares, tios, primos e cunhados que também sempre torceram por mim.

À CAPES pelo apoio financeiro.

Page 8: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

“ Aprender é a única coisa de que a

mente nunca se cansa, nunca tem medo

e nunca se arrepende”.

Leonardo da Vinci

Page 9: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

RESUMO

Neste trabalho, a enzima β-galactosidase, que catalisa a hidrólise da lactose em glicose e

galactose, foi produzida pelo cultivo do micro-organismo Kluyveromyces lactis NRRL Y1564

em soro de leite suplementado com extrato de levedura. A enzima é um metabólito

intracelular, sendo a liberação da enzima para o meio uma condição essencial, por isso

estudaram-se diferentes métodos químicos e mecânicos de extração como, agitação com

pérolas de vidro, ruptura em ultrassom com pérolas de vidro, adição de etanol e tolueno,

observando também, seus efeitos na atividade enzimática. Posteriormente, realizaram-se

ensaios para estudar a influência da temperatura (30, 34, 37 e 40 °C) na produção da enzima a

partir do soro de queijo. Na extração da enzima, o uso de esferas de vidro em vórtex foi o

método mais eficiente quando comparado com os outros avaliados. A enzima, não sofreu

inibição ou desnaturação quando incubadas com etanol, tolueno ou etanol-tolueno. A

temperatura ótima de produção da enzima por K. lactis NRRL Y1564 foi 30 °C, com

atividade enzimática de 4418,37 U/g de células em 12 h de fermentação. A enzima produzida

foi imobilizada em quitosana 2,0% m/v. Diferentes protocolos de ativação usando

glutaraldeído, epicloridrina ou glicidol foram avaliados. Estudou-se também, o tempo de

contato enzima-suporte (3, 5 e 10 horas) a fim de se obter um biocatalisador que apresentasse

alto rendimento, atividade recuperada e tempo de meia-vida, visando a hidrólise da lactose em

reator batelada e leito fixo. A influência da temperatura e do pH na hidrólise da lactose foi

avaliada, usando como substrato uma solução sintética (lactose 5,0% (m/v) e leite desnatado,

contendo 4,3% m/v de lactose. O suporte que apresentou melhores resultados nos parâmetros

de imobilização foi a quitosana 2% reticulada com glutaraldeído no tempo de imobilização de

5 horas. O biocatalisador produzido nesse estudo apresentou um fator de estabilidade de 17,37

vezes maior que a enzima solúvel, com uma estabilidade de armazenamento de 100% quando

armazenada a 4 °C por 90 dias. A temperatura ótima de hidrólise da lactose foi de 40 °C e o

pH ótimo foi 7,0 . A conversão da lactose a 40 °C para este derivado (3,0 U/g) foi em média

53% em 10 ciclos (bateladas consecutivas). Em reator batelada, a conversão em glicose a

partir da hidrólise da lactose, usando solução sintética, foi aproximadamente 86 % para a

enzima solúvel (3,8 U/mL) e 83 % para a enzima imobilizada (3,8 U/g). A conversão obtida

na hidrólise do leite desnatado foi de 17 % para a enzima solúvel e 20 % para a enzima

imobilizada.

Palavras chave: Soro de leite. Kluyveromyces lactis. Enzima β-galactosidase. Imobilização.

Hidrólise da lactose.

Page 10: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

ABSTRACT

In this work, the enzyme β-galactosidase which catalyzes the hydrolysis of lactose to glucose

and galactose, was produced by cultivating the micro-organism Kluyveromyces lactis NRRL

Y1564 in whey supplemented with yeast extract. The enzyme is an intracellular metabolite,

the release enzyme is very important, therefore were studied various chemical and mechanical

methods of extraction and stirring with glass beads, sonication, addition of ethanol and

toluene, noting also their effects on enzymatic activity. Subsequently, trials were carried out

to study the influence of temperature (30, 34, 37 and 40 ° C) in the production of the enzyme

from the cheese whey. In the enzyme extraction, using glass beads by a vórtex was more

efficient method compared to others evaluated. The enzyme not presented inhibited or

denatured when incubated with ethanol, toluene or ethanol-toluene. The optimum temperature

for enzyme production by K. lactis NRRL Y1564 was 30 °C with enzymatic activity of

4418.37 U/g of cells at 12 h of fermentation. The enzyme produced was immobilized on

chitosan 2.0% w/v. Different activation protocols using glutaraldehyde, epichlorohydrin or

glycidol were evaluated. Was also studied, the contact time the enzyme-carrier (3, 5, and 10

hours) to obtain a biocatalyst to produce high yield, recovered activity and half-life in order to

hydrolysis of lactose in batch reactor and fixed bed. The influence of temperature and pH on

the hydrolysis of lactose was evaluated using as substrate a synthetic solution (lactose 5.0%

(w/v) in potassium phosphate buffer 100 mM with 0.1 mM MnCl2) and skimmed milk

containing 4.3% w/v lactose. The support shows better results in the parameters of

immobilization was chitosan 2% actived with glutaraldehyde and contact time of 5 hours.

The biocatalyst produced in this study showed a stability factor of 17.37 and a storage

stability of 100% when stored at 4 °C for 90 days. Temperature optimum hydrolysis of lactose

was 40 °C and the optimal pH 7.0. The conversion of lactose to 40 °C for this derivative (3.0

U/g) was on average 53% in 10 cycles (consecutive batches). In batch reactor, the conversion

to glucose by the hydrolysis of lactose using synthetic solution was approximately 86% for

the soluble enzyme (3.8 U/mL) and 83% of the immobilized enzyme (3.8 U/g). The

conversion obtained in the hydrolysis of skim milk was 17% for the soluble enzyme and 20%

for the immobilized enzyme.

Keywords: Whey, Kluyveromyces lactis, β-galactosidase, immobilization, hydrolysis of lactose.

Page 11: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Reação de hidrólise enzimática de lactose através do uso de β-galactosidase ......... 22

Figura 2 - Estrutura do substrato ONPG (a) e hidrólise do ONPG em galactose e O-NP

(Nichele et al., 2011). ............................................................................................................... 27

Figura 3 - Métodos para imobilização de enzimas (Dalla-Vecchia, 2004). ............................. 30

Figura 4- Figura da ligação covalente unipontual mostrando a pouca estabilidade da

enzima (Mateo et al., 2007). ..................................................................................................... 31

Figura 5 - Estrutura dos biopolímeros quitina, quitosana e celulose (BERGER et al.,

2004) ......................................................................................................................................... 34

Figura 6- Fluxograma da permeabilização com solvente. ........................................................ 44

Figura 7 - Fluxograma mostrando a seqüência das atividades para preparação das

partículas de quitosana 2,0% (m/v) seguida de ativação com glutaraldeído 0,8%,

epicloridrina e glicidol, ambos 3,2%, (vativador/vreator). (Budriene et al., 2005; Vieira,

2009). ........................................................................................................................................ 48

Figura 8 - Atividade enzimática obtida por diferentes métodos de extração da enzima β-

galactosidase produzida por K. lactis NRRL Y1564 em soro de leite a 30 °C e 180 rpm. ...... 55

Figura 9 - Efeito dos solventes (etanol e tolueno) na atividade enzimática da β-

galactosidase produzida por K. lactis NRRL Y1564 em soro de leite a 30 °C e 180 rpm. ...... 57

Figura 10- Perfil do crescimento celular, consumo de lactose e produção da enzima β-

galactosidase por K. lactis NRRL Y1564 em soro de queijo a 30 °C e 180 rpm. (�)

Biomassa (g/L); (●) Atividade enzimática específica (U/g) e (▲) Lactose (g/L). .................. 59

Figura 11- Produtividade da enzima β-galactosidase por K. lactis NRRL Y-1564

cultivada em soro de leite a 30 °C e 180 rpm. .......................................................................... 60

Figura 12- Influência dos íons Mn2+; Ca2+; Mg2+ e Zn2+ na atividade enzimática da β-

galactosidase solúvel usando o substrato ONPG a 25 °C. ........................................................ 62

Figura 13 - Perfil eletroforético da β-galactosidase em gel de agarose. (M) Marcador de

baixo peso molecular na concentração de 0,9 mg/mL, sendo M-Marcador, bandas 1- 6

amostras de β-galactosidase produzidas neste trabalho, bandas 7-9 amostras de β-

galactosidase. ............................................................................................................................ 64

Page 12: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Figura 14 - Estabilidade térmica a 60 °C da β-galactosidase solúvel e imobilizada em

quitosana 2% m/v reticulada com três diferentes substâncias variando o tempo de

imobilização: 3 h (A), 5 h (B) e 10 h (C). (�) enzima solúvel; (�) enzima imobilizada

em quitosana reticulada com glicidol 3,2% v/v; (����) enzima imobilizada em quitosana

reticulada com epicloridrina 3,2% v/v; (����) enzima imobilizada em quitosana reticulada

com glutaraldeído 0,8 % v/v. As curvas apresentam a aproximação do modelo de

desativação de primeira ordem. ................................................................................................ 69

Figura 15 - Influência da temperatura sobre a atividade de hidrólise de lactose catalisada

por β-galactosidase solúvel e imobilizada. Hidrólise de uma solução sintética (lactose

5,0% (m/v) em tampão de fosfato de potássio 100 mM com 0,1 mM de MnCl2.

Legenda: (����) enzima solúvel; (����) enzima imobilizada. ........................................................ 71

Figura 16 - Influência do pH sobre a atividade hidrolítica da β-galactosidase solúvel e

imobilizada na hidrólise de lactose em tampão fosfato de potássio 100 mM adicionado

de 0,1 mM MnCl2 a temperatura de 40° C. (�) enzima solúvel e (�) enzima

imobilizada em gel de quitosana 2,0% reticulada com glutraldeído 0,8%. .............................. 72

Figura 17 - Conversão da lactose PA (5% m/v) em glicose em reator batelada a 40 °C

por 8 h catalisada pela enzima β-galactosidase solúvel (�) e imobilizada (�). ..................... 74

Figura 18 -Influência da temperatura na hidrólise do leite desnatado com 4,3% (m/v) de

lactose pela enzima β-galactosidase solúvel (�) e imobilizada (�) ....................................... 76

Figura 19 - Conversão da lactose (4,36 % m/v) em glicose pela a β-galactosidase em

reator batelada a 40°C por 8 h. (�) solúvel e (�) imobilizada. .............................................. 77

Figura 20- Conversão da lactose (2,00 % m/v) em glicose pela a β-galactosidase em

reator batelada a 40 °C por 8 h. (�) solúvel; (�) imobilizada......................................78

Figura 21- Estabilidade operacional da β-galactosidase imobilizada na hidrólise da

lactose (5,0%) a 40°C e pH 7,0. ............................................................................................... 79

Figura 22 - Conversão da glicose na reação de hidrólise utilizando uma solução sintética

(lactose 2,0% (m/v) em tampão de fosfato de potássio 100 mM com 0,1 mM de MnCl2)

a 40 °C por 14 h com carga de enzima (�) e 1,1 U/g (A);( �) 3,3U/g (B). ........................... 80

Page 13: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Composição do Leite Desnatado utilizado no estudo de hidrólise. .......................... 53

Tabela 2 – Influência da temperatura na produção da enzima β-galactosidase por K.

lactis NRRL1564 em soro de leite. .......................................................................................... 58

Tabela 3 - Atividade enzimática e atividade específica antes e após o método de pré-

purificação da enzima β-galactosidase produzida por K. lactis NRRL Y1564 em soro de

leite a 30 °C e 180 rpm e 14h. .................................................................................................. 61

Tabela 4 - Imobilização da enzima β-galactosidase em quitosana com o mesmo

protocolo de ativação com diferentes ativadores e tempos de imobilização. ........................... 66

Tabela 5 - Valores estimados para as constantes de desativação térmica Kd, tempo de

mia vida e o fator de estabilização em função do tipo de ativação da enzima

imobilizada, aplicando o modelo de primeira ordem. .............................................................. 69

Tabela 6– Produtividade em função da carga enzimática usada na hidrólise de lactose

em leito fixo. ............................................................................................................................. 80

ANEXOS

Tabela A. 1 - Análise de Variância para o estudo de inibição dos solventes na atividade

da enzima β-galactosidase. ..................................................................................................... 100

Tabela A. 2 - Teste de Tukey para a avaliação do teste de inibição dos solventes na

atividade da enzima β-galactosidase ...................................................................................... 100

Page 14: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

At0 Atividade oferecida no inicio da imobilização diluída em tampão (U/g) At residual Atividade residual presente no sobrenadante (U/g) At recuperada Atividade recuperada (U/g) Atderivado Atividade do derivado (U/g) At teórica Atividade teórica (U/g) AtR Atividade relativa; carga oferecida (U/g) Coferecida Carga oferecida (mg/g) FE Fator de estabilização ε Coeficiente de extinção (mol/cm) Gli Concentração de glicose (mg/mL) Kd Constante de inativação térmica de primeira ordem (mol/L) Km Constante de Michaelis-Menten (mol/L) Kp Constante de inibição pelo produto galactose (mol/L) mDERIVADO Massa de gel (g) L Caminho óptico (cm) P Concentração de galactose Pt Concentração de proteínas no extrato ( mg/mL) t Tempo de reação (min) TH Tempo de reação de hidrólise (min) Vt Volume total (mL) Ve Volume de enzima (mL)

Page 15: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 18

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 21

2.1 Soro de leite ........................................................................................................................ 21

2.2 Lactose ................................................................................................................................ 21

2.3 Hidrólise da lactose ............................................................................................................ 22

2.4 Cultivo Submerso ............................................................................................................... 23

2.5 Micro-organismos Kluyveromyces lactis............................................................................ 24

2.6 Enzimas .............................................................................................................................. 24

2.7 Recuperação de enzimas intracelulares .............................................................................. 25

2.8 As enzimas β-galactosidase ................................................................................................ 26

2.9 Produção da enzima β-galactosidase .................................................................................. 27

2.10 Efeito de Íons na atividade enzimática da β-Galactosidase .............................................. 28

2.11 Imobilização de enzimas .................................................................................................. 29

2.12 Métodos de Imobilização ................................................................................................. 30

2.13 Suportes de imobilização .................................................................................................. 32

2.14 Quitosana .......................................................................................................................... 33

2.15 Modificação química na estrutura da quitosana ............................................................... 35

2.16 Biorreatores para a hidrólise ............................................................................................. 35

3. MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................................. 37

3.1 Materiais ............................................................................................................................. 37

3.1.1 Reagentes e materiais utilizados ...................................................................................... 37

3.1.2 Micro-organismo ............................................................................................................. 37

3.1.3 Soro de leite ..................................................................................................................... 38

3.1.4 Reagentes para análise de proteínas e glicose ................................................................. 38

3.1.5 Reagentes para a eletroforese .......................................................................................... 38

3.2 Métodos .............................................................................................................................. 36

3.2.1 Métodos analíticos ........................................................................................................... 38

3.2.1.1 Determinação da concentração celular ......................................................................... 38

3.2.1.2 Determinação do pH ..................................................................................................... 39

3.2.1.3 Determinação da concentração de lactose .................................................................... 39

3.2.1.4 Determinação da concentração de proteínas ................................................................ 39

3.2.1.5 Determinação da concentração de glicose .................................................................... 39

Page 16: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

3.2.1.6 Determinação da atividade da enzima β-galactosidase solúvel e imobilizada

através do substrato ONPG ................................................................................................... 40

3.2.1 6.1 Determinação da atividade hidrolítica da β-galactosidase solúvel ............................ 40

3.2.1.7. Determinação da atividade hidrolítica da enzima solúvel e imobilizada .................... 41

3.2.2 Estudo da produção da enzima β-galactosidase por Kluyveromyces lactis NRRL

Y1564 .................................................................................................................................... 42

3.2.2.1 Pré-Tratamento ácido do soro de leite .......................................................................... 42

3.2.2.2 Preparo do inóculo ........................................................................................................ 43

3.2.2.3 Condições de cultivo para a produção de β-galactosidase ........................................... 43

3.2.2.4 Extração da enzima β-galactosidase de K. lactis NRRL Y-1564 ................................ 43

3.2.2.4.1 Permeabilização com solvente................................................................................... 44

3.2.2.4.2 Ruptura celular .......................................................................................................... 44

3.2.3 Testes de inibição da enzima β-galactosidase por solventes ........................................... 45

3.2.4 Estudo da influência da temperatura na produção da enzima β-galactosidase por K.

lactis NRRL Y1564 .............................................................................................................. 45

3.2.5 Pré-purificação da enzima β-galactosidase em Concentrador Específico ....................... 43

3.2.6 Influência de íons na atividade enzimática de β-galactosidase ....................................... 46

3.2.7 Eletroforese SDS-PAGE ................................................................................................. 46

3.2.8 Estudo da Imobilização da enzima β-galactosidase produzida por K. lactis

NRRL1564 usando soro de leite como fonte de carbono. .................................................... 47

3.2.8.1 Preparação das partículas de quitosana e ativação ....................................................... 47

3.2.8.2 Imobilização da enzima β-galactosidase ...................................................................... 48

3.2.8.3 Determinação dos parâmetros de imobilização ............................................................ 49

3.2.8.3.1 Determinação do rendimento de imobilização .......................................................... 49

3.2.8.3.2 Atividade recuperada ................................................................................................. 49

3.2.9 Estudo da estabilidade térmica da enzima β-galactosidase a 60 °C β-galactosidase

solúvel e imobilizada ............................................................................................................ 50

3.2.10 Estabilidade de estocagem da enzima β-galactosidase solúvel e imobilizada .............. 51

3.2.11 Caracterização da enzima β-galactosidade solúvel e imobilizada ................................. 51

3.2.11.1 Determinação do pH ótimo da β-galactosidase solúvel e imobilizada ....................... 51

3.2.11.2 Determinação da temperatura ótima da β-galactosidase solúvel e imobilizada ......... 51

3.2.11.3. Influência da temperatura na hidrólise da lactose presente no leite pela enzima

β-galactosidase solúvel e imobilizada em leite puro ............................................................ 52

3.2.12 Estabilidade Operacional ............................................................................................... 52

Page 17: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

3.2.13 Avaliação do desempenho do biocatalisador em reatores batelada e contínuo ............. 52

3.2.13.1 Hidrólise de lactose catalisada por β-galactosidase solúvel e imobilizada em

reator batelada ....................................................................................................................... 52

3.2.13.2 Hidrólise da lactose pela enzima β-galactosidase imobilizada em leito fixo ............. 53

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 54

4.1 Estudo da produção da enzima β-galactosidase por Kluyveromyces lactis

NRRL1564 usando soro de leite como substrato .................................................................. 54

4.1.1 Estudo da extração da enzima β-galactosidase produzida por K. lactis NRRL1564 ...... 54

4.1.2 Influência da temperatura na produção da enzima β-galactosidase por K. lactis

NRRL Y1564 em soro de leite ............................................................................................. 58

4.1.3. Pré-purificação da enzima β-galactosidase produzida por K. lactis NRRL Y1564 ....... 61

4.2 Influência da presença de íons metais na atividade enzimática de β-galactosidase ........... 62

4.3 Eletroferese SDS-PAGE ..................................................................................................... 63

4.4 Imobilização da β-galactosidase produzida por K. lactis NRRL Y1564 em quitosana ..... 64

4.5. Estabilidade térmica da enzima β-galactosidase solúvel e imobilizada ............................ 67

4.6 Influência da temperatura na atividade de hidrólise sintética............................................. 70

4.7 Influência do pH na hidrólise de uma solução sintética de lactose 5% .............................. 71

4.8 Estabilidade de armazenamento da enzima β-galactosidase solúvel diluída em

tampão fosfato ....................................................................................................................... 73

4.9. Hidrólise de lactose catalisada por β-galactosidase:ensaios em reator batelada ............... 74

4.10 Influência da temperatura na hidrólise do leite desnatado catalisada por β-

galactosidase solúvel e imobilizada ...................................................................................... 75

4.11 Hidrólise enzimática da lactose do leite desnatado .......................................................... 76

4.12 Estudo de Hidrólise enzimática da β-galactosidase para a conversão de lactose a

partir do leite diluído em solução tampão (concentração de lactose 2,00% m/v): .............. 78

4.13 Estabilidade operacional da β-galactosidase imobilizada em quitosana e reticulada

com glutaraldeído 0,8%. ....................................................................................................... 78

4.14 Hidrólise da lactose sintética da enzima imobilizada em leito fixo ................................. 79

5. CONCLUSÕES ................................................................................................................... 82

6. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................................ 83

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 84

Page 18: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 18

1- INTRODUÇÃO

A enzima β-galactosidase (lactase, EC 3.2.1.23) é muito aplicada na indústria de

alimentos uma vez que hidrolisa a lactose em monossacarídeos mais doces, solúveis e

com menor tendência a cristalização segundo Barbosa e Araújo (2007). A β-

galactosidase ou lactase podem ser produzidas por grande quantidade de micro-

organismos tais como, fungos filamentosos, bactérias e leveduras, mas para fins

alimentícios estão restritas ao gênero Aspergillus sp. e Kluyveromyces sp. (Husain et al.,

2010), porque os produtos obtidos a partir destes organismos são geralmente

reconhecidos como seguros (status GRAS) para consumo humano (Kosseva et al.,

2009).

Devido ao alto custo para a obtenção da enzima β-galactosidase, é preciso

utilizar meios de cultura mais baratos para sua produção. Diferentes fontes de carbono

são utilizados na produção de β-galactosidase, por exemplo, o soro de leite que é um

subproduto da indústria de lacticínios, em particular a porção aquosa que é formado

durante a coagulação da caseína do leite na fabricação de queijos ou na fabricação de

caseína. Soro de leite é produzido em grandes quantidades e tem uma alta carga

poluidora, representando, portanto um problema ambiental significativo (Pedro et al.,

2010). O soro representa uma faixa de 85 a 95% do volume de leite e retém 55% de

seus nutrientes (Guimarães et al., 2010). De acordo com Lima (2012), o soro de leite

desproteinizado e suplementado com extrato de levedura serviu como fonte de carbono

alternativa para Kluyveromyces lactis NRRL Y1564 para produzir a enzima β-

galactosidase.

No estudo da produção de β-galactosidase, é importante determinar o efeito da

temperatura nos parâmetros cinéticos que quantificam a reprodução e a morte celular, o

consumo de substrato e a produção da enzima também são informações relevantes para

a elaboração de estratégias de controles mais eficientes nas indústrias (Schmidell et al.,

2001).

Uma das principais aplicações da enzima β-galactosidase é a hidrólise da

lactose, que pode ser realizada também por catálise ácida sendo exigido alta

concentração de ácido e altas temperaturas, além de promover reações paralelas

complexas (Hatzinicolau et al., 2005), no entanto na hidrólise enzimática as condições

de operação são mais suaves com relação à temperatura e pH (Tostes, 2006).

A enzima β-galactosidase é um produto intracelular, portanto após a fermentação

se faz necessário obter extratos da enzima livre da célula obtido através do rompimento

Page 19: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 19

celular para poder extraí-la. Diferentes métodos podem ser empregados para extração de

proteínas intracelulares, os quais dependem da força física da parede celular dos micro-

organismos, localização dentro da célula, estabilidade e do uso desejado para o

composto de interesse. Métodos mecânicos, físicos, químicos, enzimáticos e a

combinação destes podem ser aplicados (Padit, 2005).

As enzimas na forma livre são, normalmente, menos estáveis que os

catalisadores químicos e não podem ser usadas em condições severas, pela possível

desnaturação e conseqüente perda de atividade. Quando estocadas ou durante o uso,

estão sujeitas à inativação por fatores químicos, físicos ou biológicos (Carneiro, 2008).

Assim, as β-galactosidases imobilizadas estão se tornando cada vez mais úteis para os

processamentos biotecnológicos. A imobilização assegura o aumento da concentração

de biocatalisador sendo também possível variar a natureza dos derivados imobilizados, a

fim de melhorar a atividade enzimática e estabilidade facilitando o manuseio e

armazenamento da enzima (Tardioli et al., 2003).

Um grande número de suportes tem sido usado para a imobilização da β-

galactosidase. Esses devem ser inertes e possuir características desejadas de acordo com

a aplicação da imobilização (Di Serio et al., 2003, Fitchorov et al., 2010; Lima, 2012;

Salviano, 2012;).

A quitosana é a forma desacetilada da quitina, segundo polímero mais abundante

na natureza. Por ser um produto natural, de baixo custo, renovável e biodegradável

(Mendes et al., 2011) ela foi utilizada como suporte para imobilização da enzima β-

galactosidase neste trabalho.

A modificação química da estrutura do suporte quitosana permite a sua melhor

estabilidade química devido a formação de ligações covalentes irreversíveis. Existem

diferentes de métodos de modificação sendo empregados (Rodrigues et al., 2008,

Adriano et al., 2008; Mendes et al., 2011). As principais modificações são realizadas

empregando agentes bifuncionais, tais como: epicloridrina, glutaraldeído, glioxal e

outros (Rodrigues et al., 2008).

Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi estudar a obtenção de um

biocatalisador ativo e estável, visando a hidrólise de lactose em reatores bateladas e

contínuos. Para tal fim, a enzima β-galactosidade foi produzida pela levedura

Kluyveromyces lactis NRRLY1564 usando o soro de leite, suplementado com extrato de

levedura, como substrato. Avaliou-se inicialmente a influência da temperatura na

produção da enzima, bem como a sua extração e pré-purificação do caldo fermentado.

Page 20: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 20

Verificou-se ainda a influência de íons metálicos na atividade enzimática de β-

galactosidase. Posteriormente, estudou-se a imobilização utilizando a quitosana como

suporte e diferentes protocolos de ativação. Visando a caracterização do catalisador,

determinaram-se as estabilidades térmica e frente a pH, a temperatura ótima, bem como

a estabilidade térmica a 60 ºC da enzima β-galactosidase solúvel e imobilizada.

Finalmente, avaliou-se o desempenho do biocatalisador na hidrólise da lactose em reator

batelada e leito fixo.

Page 21: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 21

2- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Soro de leite

É o mais importante dos subprodutos provenientes da produção de queijo,

representa aproximadamente 90 % do volume do leite empregado, retendo cerca de 55

% dos seus nutrientes, incluindo proteínas funcionais e peptídeos, lipídios, lactose, sais

minerais e vitaminas, portanto, desafiando a indústria a enfrentar excedentes de soro de

leite como um recurso (Pedro, et al., 2010).

Segundo Athanasiadis et al., 2004, o soro de leite contém em média de 4.8% a

5.3% de lactose, possuindo uma elevada carga orgânica de 40-70 g/L representando um

importante problema ambiental. Cerca de 9 Kg de soro de leite são gerados durante a

produção de 1 kg de queijo, totalizando mais de 160 milhões de toneladas de soro de

leite produzidos no mundo a cada ano (Guimarães et al., 2010).

De acordo com Zacarchenco et al. (2008), o soro de leite na forma fluida, em pó,

concentrado ou seus ingredientes fracionados são utilizados no mundo inteiro em

bebidas, barras energéticas e outros alimentos processados.

Uma vez que a lactose é o principal componente do soro de leite, além de

vitaminas solúveis em água, minerais e proteínas, utilizando vários processos

biotecnológicos por diferentes micro-organismos, as enzimas têm sido desenvolvidas

para utilizar soro de leite para a produção de alguns produtos úteis de importância

industrial, tais como o álcool etílico, ácido láctico, ácido cítrico, proteínas unicelulares,

biogás, vitaminas e bebidas fermentadas, etc. (Kosseva et al., 2009).

A hidrólise da lactose agrega valor ao soro de leite, resolvendo uma parte dos

problemas causados pela lactose, ampliando a sua gama de aplicação.

2.2 Lactose

É um dissacarídeo redutor constituído por um radical D-glicose e outro D-

galactose, unidos por uma ligação glicosídica β -1,4. Pelo fato de ambas as moléculas

que compõem a lactose se apresentarem na forma de anel piranosídico, a lactose deve

ser denominada propriamente de 4-0-β-D-galactopiranosil-D-glucopiranose (Campbell,

2000; Santos, 2011).

Page 22: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 22

Este açúcar pode ser encontrado tanto no leite como no soro de leite. Visando

ampliar a gama de sua utilização, emprega-se a hidrólise deste dissacarídeo redutor

obtendo um açúcar mais adocicado, solúvel e digerível. Favorecendo assim as pessoas

com problemas ligados à intolerância à lactose. De fato, estima-se que mais de 70% da

população adulta do mundo têm problemas em digerir lactose (Adam et al., 2004

Husain, 2010), resultantes da ausência ou redução da atividade da β-galactosidase no

intestino delgado. Esta intolerância promove a existência de um mercado considerável

para produtos sem lactose do leite e produtos lácteos, que pode ser obtido por hidrólise

enzimática utilizando β-galactosidases (Guimarães et al., 2010).

2.3 Hidrólise da lactose

A hidrólise da lactose (4-O-β-D-galactopyranosyl-D-glucose) pode ser feita por

tratamento ácido ou por catálise enzimática através da β-galactosidase. Quando essa

hidrólise é feita utilizando ácidos como catalisadores, a reação é muito rápida, a

temperatura da reação é muito alta (em torno de 150 °C) e os produtos adquirem cor e

odor que impedem sua utilização direta em alimentos (Carminatti, 2001). O método

enzimático de hidrólise da lactose emprega a enzima β-galactosidase, a qual hidrolisa o

referido dissacarídeo nos seus monossacarídeos constituintes, β-D-galactose e α-D-

glicose (Ordonez, 2005). A Figura 1 mostra o mecanismo de hidrólise da lactose pela

enzima β-galactosidase,

Figura 1- Reação de hidrólise enzimática de lactose através do uso de β-galactosidase (Vieira, 2009).

Page 23: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 23

A hidrólise enzimática da lactose é um dos mais importantes processos

biotecnológicos na indústria de alimentos, ela tem vários efeitos potencialmente

benéficos sobre a assimilação dos alimentos que contenham lactose e com vantagens

também ambientais na aplicação industrial, incluindo (Jurado et al., 2002):

• Eliminação de intolerância à lactose, 3-70%, dependendo do grupo populacional,

incentivando a utilizaçãode lactose como fonte de energia;

• Formação de galacto-oligossacáridos durante a hidrólise de lactose para

favorecer o crescimento de microflora bacteriana intestinal;

• Melhoria das características tecnológicas e sensoriais de alimentos contendo

lactose hidrolisada de leite ou soro de leite, formação de monossacarídeos, que

são mais fáceis de fermentar;

• Maior biodegradabilidade do soro de leite em que a lactose foi hidrolisada.

2.4 Cultivo Submerso

A produção de enzimas em escala industrial se faz majoritariamente por

fermentação submersa, embora também haja a utilização da fermentação no estado

sólido para esse fim em menor escala. Existem várias desvantagens para a fermentação

em estado sólido com a finalidade de se produzir enzimas dentre elas: maiores riscos de

contaminação; necessidade de espaço e menores rendimentos dentre outros. No caso do

uso de produtos de descarte que apresentam grande quantidade de água, como efluentes,

na produção de enzimas a fermentação submersa é a mais adequada (Lima et al., 2001).

As fermentações requerem em primeiro lugar um substrato ou nutriente, estes

nutrientes podem ser utilizados puros ou fazendo parte da composição de certas

misturas complexas, como efluentes. O uso de produtos de descarte proporciona um

nutriente potencialmente mais econômico que o uso de substratos puros. Em segundo

lugar necessita-se de uma fonte de nitrogênio e finalmente nutrientes em menor

quantidade e vitaminas (Wainwright, 1995).

Diversos autores citam subprodutos como fornecedores potenciais de nutrientes,

dentre eles: o soro de leite, o melaço de cana e a água de maceração do milho. O uso

dessas matérias pode reduzir substancialmente o custo na produção de bioprodutos

(Furlan et al., 2000; Santiago et al., 2004; Aktas et al., 2006).

Page 24: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 24

2.5 Micro-organismos Kluyveromyces lactis

Muitos organismos são capazes de sintetizar a enzima β-galactosidase, incluindo

animais, plantas e micro-organismos, no entanto, tem se estudado vários micro-

organismos que produzam a enzima β-galactosidases com maior rendimento para a

produção industrial. Embora as bactérias ofereçam mais versatilidade, o estado GRAS

(Geralmente Reconhecido como Seguro) de leveduras como Kluyveromyces lactis e

Kluyveromyces marxianus, e de fungos como Aspergillus niger e Aspergillus oryzae,

estão entre as fontes favoritas da enzima β-galactosidase na biotecnologia de alimentos

e indústria farmacêutica (Rubio-Teixeira, 2006).

O micro-organismo Kluyveromyces lactis é a fonte de β-galactosidases (β-D-

galactohidrolase, EC 3.2.1.23) (Tello-Solis et al., 2005), ela é uma das espécies de

levedura mais estudadas e tornou-se um sistema modelo para estudos sobre a fisiologia

molecular (Breunig et al., 2000).

O interesse em torno de K. lactis é deve-se ao seu metabolismo pela a lactose

que foi inicialmente motivada por questões acadêmicas enquanto interesse

biotecnológico veio muito mais tarde (Fukuhara, 2006). A K. lactis não é comumente

usado para produção de etanol, embora tenha sido explorada para outras aplicações

biotecnológicas, como a produção de proteínas heterólogas (Van Ooye et al., 2006)

usando soro de queijo como meio de cultura (Maullu et al., 1999). A capacidade desta

levedura para metabolizar a lactose resulta da presença de uma permease de lactose

(codificada pelo gene LAC12) e uma enzima β-galactosidase (LAC4 gene) (Rubio-

Texeira, 2006).

2.6 Enzimas

As enzimas são proteínas especializadas na catálise de reações biológicas. Elas

estão entre as biomoléculas mais notáveis devido a sua extraordinária especificidade e

poder catalítico, que são muito superiores aos dos catalisadores químicos (Lehninger,

1997). Catalisadores são compostos capazes de aumentar a velocidade da reação sem

alterar a proporção entre reagentes e produtos encontrada no final da reação e sem

serem efetivamente consumidos durante o processo (Borzani et al., 2005a). As enzimas

possuem a vantagem de serem facilmente encontradas na natureza e apresentarem maior

atividade catalítica e alta especificidade, além de uma maior sensibilidade ao controle

catalítico (Oliveira, 2007).

Page 25: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 25

A especificidade inerente da enzima reside em uma cavidade ou fenda de ligação

do substrato, que está situada na superfície da proteína enzimática. A cavidade,

denominada sítio ativo, é um arranjo de grupos presentes em cadeias laterais de certos

aminoácidos que ligam o substrato por ligações não-covalentes. Muitas vezes, os

resíduos de aminoácidos que formam o sítio ativo ficam em regiões distantes, na

seqüência primária e mais próximos pelo enovelamento de cadeia polipeptídica

(estrutura terciária). Algumas enzimas têm outra região na molécula, o sítio alostérico,

afastada do sítio ativo. No sítio alostérico as moléculas pequenas específicas se ligam e

causam alterações na conformação protéica que afetam o sítio ativo, aumentando ou

reduzindo a atividade enzimática. (Tostes, 2006).

2.7 Recuperação de enzimas intracelulares

Cada micro-organismo possui características individuais quanto a localização

das enzimas intracelulares produzidas, o que significa que uma enzima de interesse

pode estar no citoplasma, no periplasma ou, ainda, armazenada no interior de alguma

organela celular, tal como mitocôndria. Desse modo o protocolo de extração pode variar

em função da enzima desejada (Asenjo et al., 1991)

A enzima β-galactosidase obtida por leveduras, é produzida intracelularmente,

por isso há a necessidade do rompimento celular ou a permeabilização da membrana da

célula sem causar desnaturação da enzima (Santiago et al., 2004).

Dependendo do caso a parede poderá ser totalmente rompida ou parcialmente

permeabilizada para permitir que a molécula-alvo seja liberada para o meio extracelular

sem formações de fragmentos celulares (Pessoa Júnior, 2005).

O método mais comum de autólise celular para β-galactosidase de leveduras é o

tratamento de uma suspensão de células com agentes químicos capazes de desorganizar

a membrana plasmática, como solventes orgânicos, surfactantes, policátions, proteínas

básicas, ou soluções com alto poder iônico (Flores et al., 1994).

Embora exista uma grande variedades de agitadores, não é possível uma

correlação direta entre o tipo de agitador e a eficiência do rompimento.

A carga de pérolas utilizada nos métodos de extração não pode ser pequena, pois

não haverá uma boa desintegração das células, também se for muito grande elas se

chocarão e diminuirão a eficiência do processo, além de aumentarem a temperatura e o

consumo de energia (Pessoa Júnior, 2005).

Page 26: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 26

Diferentes métodos podem ser empregados para extração de proteínas

intracelulares, os quais dependem da força física da parede celular dos micro-

organismos, localização dentro da célula, estabilidade e do uso desejado para o

composto de interesse. Métodos mecânicos, físicos, químicos, enzimáticos e a

combinação destes podem ser aplicados (Pandit, 2005).

2.8 As enzimas β-galactosidase

As β-galactosidases (EC 3.2.1.23) podem ser encontradas na natureza,

distribuídas em vegetais, particularmente em amêndoas, pêssego, damasco, maçã- em

órgãos de animais como intestino, cérebro, testículos, placenta e também produzidas por

uma grande quantidade de micro-organismos tais como fungos filamentosos, bactérias e

leveduras, sendo as leveduras e fungos as fontes preferidas para aplicações comerciais

(Santiago et al., 2004). A legislação brasileira específica, por meio da resolução RDC

nº205/2006, ressalta que a enzima lactase utilizada na indústria de alimentos deve ser de

origem microbiana, proveniente dos seguintes micro-organismos: Aspergillus Níger,

Aspergillus orzae, Candida pseudotropicalis, Kluyveromyces lactis, Kluyveromyces

flagilis, Kluyveromyces, marxianus, Saccharomyces sp (Brasil, 2006) tais espécies são

classificadas como GRAS (Generally Recognized As Safe) pela Food and Drug

Administration (FDA), sendo esse um importante critério para aplicações alimentícias.

As β-galactosidases constituem uma grande família de proteínas que são

conhecidas por catalisar reações hidrolíticas e de transgalactosilação. A atividade

hidrolítica é aplicado na indústria alimentar durante décadas para reduzir o teor de

lactose no leite, enquanto que a atividade transgalactosilação tem sido utilizado para

sintetizar galacto-oligossacarídeos (Oliveira et al., 2007).

As enzimas β-galactosidases, diferem bastante de acordo com a fonte. Em

particular, as enzimas obtidas a partir de fungos pH ótimo é 3,5 a 4,5, ao passo que as β-

galactosidases de leveduras têm o seu pH ótimo entre 6,5 e 7,0 (Panesar, 2006).

A Figura 2a mostra a reação de hidrólise da enzima β-galactosidase com o

substrato (ONPG) que é uma das formas de medir a atividade dessa enzima, pois essa

reação é um teste colorimétrico; o-NPG é líquido incolor e após a hidrólise produz a

galactose (incolor) e o-NP que tem coloração amarela (Nichele et al., 2011).

Page 27: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 27

.

Figura 2 - Estrutura do substrato ONPG (a) e hidrólise do ONPG em galactose e O-NP (Nichele et al., 2011). 2.9 Produção da enzima ββββ-galactosidase

A literatura apresenta diversos trabalhos sobre produção de β-galactosidase de

vários micro-organismos, porém sobre otimização das condições de produção desta

enzima poucos trabalhos são relatados. O efeito da temperatura nos parâmetros cinéticos

que quantificam a reprodução e morte celular, o consumo de substrato e a produção da

enzima são informações importantes para a elaboração de estratégias de controles mais

eficientes nas indústrias (Schmidell et al., 2001).

A produção da enzima β-galactosidase de Kluyveromyces lactis empregando

soro lácteo desproteinizado foi otimizada através do emprego da metodologia de

superfície de resposta (Matheus e Rivas, 2003) .As melhores condições operacionais

foram: temperatura de 30,3ºC, pH 4,68, velocidade de agitação de 191rpm e tempo de

fermentação de 18,5h, tendo uma produção da enzima de 8,3U/mL.

Rajoka e colaboradores em 2004 produziram β-galactosidase na presença de

lactose, ou galactose, ou celobiose, ou xilose, ou arabinose, ou sacarose e ou glicose em

frascos agitados utilizando a levedura K. marxianus. O tipo de substrato e a temperatura

foram as variáveis que diretamente influenciaram no crescimento específico e na taxa de

produção da enzima. A Lactose (2%) apresentou maior rendimento na produtividade

específica, seguida por galactose, sacarose, celobiose, xilose, arabinose e glicose. As

Page 28: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 28

temperaturas testadas estavam entre 22 e 45ºC, os valores máximos para a

produtividade foram encontrados na temperatura de 35ºC.

Em Lima et al., 2011, o soro de leite desproteinizado e suplementado serviu

como fonte de carbono alternativa para Kluyveromyces lactis NRRL Y1564 para

produzir a enzima β-galactosidase e obteve-se uma atividade de 3,5 U/mL com 12 h de

fermentação.

2.10 Efeito de Íons na atividade enzimática da β-Galactosidase

Um número de estudos na literatura descrevem a interação da β-galactosidase

(fonte E. coli e rectivirgula Saccharopolyspora) com íons divalentes (Harada et al.,

1994; Jacobson et al., 1994; Martinez-Bilbao et al., 1995). No entanto, os estudos sobre

β-galactosidase com alguns íons isolada de Kluyveromyces, aqui relatados são escassos(

Adalberto, 2010)

Para a maioria das β -galactosidases estudadas, os íons metálicos divalentes são

importantes na obtenção da eficiência catalítica máxima da enzima. O íon Mg2+ é

considerado o íon fisiológico (Huber et al., 1979;. Martinez-Bilbao et al., 1995; Craig

et al., 2000; Sutendra et al., 2007). Quando o potencial de magnésio (pMg =-log [Mg2+]

livre) é inferior a 7, a enzima torna-se mais eficiente (aumentos da velocidade) e tem

uma maior afinidade para o substrato (Km reduziu) (Hoyoux et al., 2001;. Sutendra et

al., 2007). Sabe-se também que o esqueleto da proteína forma um complexo com o

metal e deve ter um segundo local de ligação de Mg2+, a qual é cataliticamente

importante. Embora este fenômeno não esteja ainda totalmente compreendido, é

razoável assumir que o íon metálico participa na catálise enzimática, atuando como um

ácido de Lewis. O local secundário, localizado perto do resíduo Glu-794, é

aparentemente responsável pela estabilização entrópica do estado de transição (Sutendra

et al., 2007; Martinez-Bilbao et al., 1995).

Há estudos que demonstram que os cations monovalentes, tais como Na+ e K+

são ativadores da enzima, ao passo que Hg2+, Cu2+ e Zn2+ são inibidores da atividade de

β-galactosidase isolada de Pseudoalteromonas (Harada et al., 1994;. Roth e Huber,

1996; Fernandes et al., 2002). Na verdade, os efeitos desses íons depende de suas

concentrações. Por exemplo, o aumento de concentração de Ca2+ causa a desativação da

enzima, ao passo que o aumento das concentrações de Mg2+ e Mn2+ causada ativação.

De modo semelhante, aumentando a concentração de Fe2+ de 1,0 a 10 mM resultou em

Page 29: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 29

3,72 vezes a reduções das actividades β-gactosidase das enzimas obtido a partir

Streptococcus thermophilus 95/2 (St 95/2) e Lactobacillus delbrueckii ssp bulgaricus 77

(Lb 77), e cultura mista (Lb 77 e St 95/2), respectivamente. Em vários estudos

reportados na literatura, resultados diferentes foram obtidos dependendo do tipo do íon,

o substrato utilizado e o fonte de β-gactosidase (Ustok et al., 2010).

Em alguns estudos a presença ou ausênciade Mg2+ mostrou efeitos diferentes.

Nos estudos realizado por Bhowmik et al., (1987), β-galactosidase a partir de

Lactobacillus acidophilus foi estimulada com Mg2+, enquanto em outro estudo, não teve

nenhum efeito no caso de Lactobacillus kefiranofaciens (Itoh et al., 1992).

Em Vieira 2009, o efeito do sódio no tampáo de fosfato sódio comparado com o

fosfato de potássio foi negativo para a hidrólise da lactose, enquanto que com ONPG o

efeito do sódio foi favorável.

.

2.11 Imobilização de enzimas

É bem conhecido que a imobilização de enzimas em matrizes adequadas podem

impedir a sua degradação química e biológica e aumentar estabilidade (Hanefeld, et al.,

2009)

As vantagens da enzima imobilizada em relação a enzima solúvel ou livre, inclui

maior estabilidade a variações de pH, agentes orgânicos de desnaturação, temperatura,

etc. Agora recentemente, estudos mostraram o avanço da utilização da enzima

imobilizada em vários campos de multidicisplinariedade, como por exemplo análises de

amostras clínicas, industriais e ambientais. Nesses estudos as enzimas estão presentes

no campo da medicina, na produção de antibióticos, no metabolismo de drogas, na

produção de biodiesel, etc. (Alzohairy, 2010)

O processo de imobilização deve ser em condições amenas, o suficiente para

que, durante a imobilização da enzima ela não desnature. A imobilização tem um

grande potencial em alimentos de bioprocessamento e tem sido amplamente utilizada

para a hidrólise de lactose, em leite, produtos lácteos e soro (Haider e Hunsai, 2008).

2.12 Métodos de Imobilização

Várias técnicas de imobilização vem sendo estudadas, pois a tecnologia de

imobilização tem muitas vantagens, uma delas é permitir a maior densidade de células

em bioreatores, melhorando a estabilidade da enzima, tornando possível a reutilização

Page 30: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 30

contínua e, facilitando também a separação da enzima com os produtos formados

(Kosseva et al., 2009).

Os métodos básico de imobilização estão demonstrados na Figura 3 abaixo:

Figura 3 - Métodos para imobilização de enzimas (Dalla-Vecchia, 2004).

O método de adsorção é o método mais simples e antigo de imobilização de

enzimas em suportes. É baseada em ligações fracas entre o biocatalisador e o suporte

(Van der Waal e ponte de hidrogênio). Esse método é limitado pela a tendência de

dessorção da enzima do suporte e por ser sensível às condições ambientes, como a

temperatura e a concentração de íons (Tanaka, Kawamoto, 1999 citado por Grosová et

al., 2008)

O método de ligação covalente é o método mais utilizado para imobilização de

enzimas. Neste método a enzima é retida no suporte através da ligação covalente entre

os grupos funcionais reativos do suporte e os grupos reativos terminais da enzima. O

procedimento envolve a modificação química de um resíduo de aminoácido, através da

formação de uma ligação covalente da enzima com um material insolúvel em água, pela

fixação da enzima em matriz por ligação covalente ou pela formação de ligações

Page 31: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 31

cruzadas numa matriz, contendo a enzima e usando vários agentes bifuncionais (Guisán,

1988, Fernández-Lafuente et al., 1993 e Cárdias, 1996, Carneiro, 2008).

A ligação covalente na imobilização de enzimas tem as seguintes vantagens: a

enzima não se desprende do suporte, a força dessa ligação é elevada e envolve vários

resíduos da enzima, proporcionando uma grande rigidez. Esta rigidez propicia que a

estrutura da enzima se mantenha inalterada perante agentes desnaturantes como calor,

solventes orgânicos, pH extremos e outros (Mateo et al., 2007; Macário et al., 2009;

Miletic et al., 2009, Rodrigues, 2009). Por outro lado a desvantagem são altos custos e

baixo rendimento de atividade devido a exposição da enzima a reagentes tóxicos ou a

condições de reação severas (Tanaka, Kawamoto, 1999 citado por Grosová et al., 2008,

Bezerra, 2012).

A ligação covalente da enzima ao suporte pode ser feita de duas formas: a

ligação covalente multipontual, onde o pH está acima de 10,5 e os grupos da lisina estão

expostos e a ligação covalente unipontual, onde o pH está entre 7 e 8 e somente os

grupos aminos terminais da proteína estarão prontos para reagir (Mateo et al., 2007).

Ver Figura 4.

Figura 4- Figura da ligação covalente unipontual mostrando a pouca estabilidade da enzima (Mateo et al., 2007).

No método de inclusão ou microencapsulação as enzimas podem ser

aprisionadas dentro da estrutura interna de alguns materiais (geralmente polímeros) na

forma de géis, microcápsulas, filmes ou membranas. Um procedimento comum é

preparar a solução contendo a enzima e o material polimérico e na seqüência utilizar

uma técnica (secagem, polimerização) para coagular o material polimérico contendo a

enzima na forma desejada. Em alguns casos, uma etapa de entrecruzamento é necessária

para garantir a imobilização (Gekas e Lópes-Leiva, 1985; Klein, 2010). Esse método é

mais aplicado quando os substratos são de baixa massa molecular para permitir a livre

enzima

Page 32: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 32

difusão entre estes e os produtos. A maior desvantagem desta técnica é a possível perda

da enzima, devido às suas pequenas dimensões moleculares, através da difusão durante

repetidos usos, mesmo que a matriz possua pequenos poros (Grosová, et. al., 2008).

A imobilização por ligação cruzada é livre de suporte, e as enzimas estão ligadas

umas às outras, ou a proteínas inativas (gelatina, albumina), formando uma estrutura

tridimensional complexa. Pode ser obtida via métodos físicos ou químicos. Quando

obtidas por métodos químicos são resultantes das ligações covalentes entre as enzimas e

são favorecidas pelo uso de agentes bi ou multifuncionais. Como desvantagens do

método estão a baixa retenção da atividade e a baixa estabilidade mecânica, que

dificulta sua aplicação industrial, além de pouca reprodutiblidade (Sheldon, et. al.,

2007)

O método escolhido para a imobilização depende da enzima a ser imobilizada, o

tipo de suporte, as condições de reação, o tipo de reator também devem ser analisados.

2.13 Suportes de imobilização

Um grande número de suportes tem sido usado para a imobilização da lactase,

esses devem ser inertes e possuir características desejadas de acordo com a aplicação da

imobilização (Gekas, et al. 1985, Di Serio et al., 2003, Fitchorov, et al., 2010);

A enzima é normalmente ligada a um suporte por ligações químicas, porque, isto

torna muito estável o biocatalisador diminuindo a desativação da enzima (Carpio et al.,

2000).

Apesar do grande interesse na imobilização da galactosidase, é difícil a obtenção

de um catalisador mostrando simultaneamente alta atividade, alta estabilidades e

propriedades mecânicas ótimas (Di Serio et al., 2003):

Na seleção de um suporte para uma determinada aplicação, devem ser analisadas

suas propriedades físicas e químicas, bem como a possibilidade de regeneração do

material. As principais características a serem observadas na seleção de um suporte para

uma determinada aplicação são (Mendes et al., 2011):

• Área superficial;

• Permeabilidade;

• Insolubilidade, capacidade de regeneração;

• Morfologia e composição;

• Natureza hidrofílica ou hidrofóbica;

Page 33: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 33

• Resistência ao ataque microbiano;

• Resistência mecânica;

• Custo.

Esses suportes podem ser classificados como orgânicos e inorgânicos, e

conforme sua morfologia em materiais porosos, não porosos e de estrutura de gel.

(Dalla-Vecchia, 2004, Jegannathan, 2008, Cardoso, 2009, Mateo, 2007, Freitas, 2007)

Os materiais porosos tem grande área superficial interna disponível para a

imobilização, mas como a maior parte dessa área está em difícil acesso, deve se atentar

para que o diâmetro do poro seja suficientemente grande para acomodar a enzima e

permitir o acesso do substrato (Dalla-Vecchia, 2004).

Os materiais não-porosos eliminam a resistência de massa interna, mas

apresentam baixa área superficial disponível a ligação da enzima. Este problema pode

ser parcialmente superado pela utilização de partículas finas ou fibras, porém outras

dificuldades surgem quando se utilizam partículas muito finas ou fibras, como por

exemplo, queda de pressão e baixas vazões para operação em reatores contínuos(

Mendes, 2009).

Os polímeros naturais e sintéticos são uma classe de suportes muito importantes

no campo de imobilização de biocatalisadores (Mateo et al., 2006; Mateo et al., 2007).

Os naturais apresentam a vantagem acima do sintético devido ao baixo custo e são

facilmente degradáveis não causando danos ao ambiente

2.14 Quitosana

Dentre os diferentes suportes orgânicos naturais empregados na imobilização de

enzimas, destaca-se a quitosana. A aplicação de quitosana como suporte para a

imobilização de enzimas se deve às suas diferentes fontes como pó, escamas, hidrogéis,

membranas, fibras e outras, além da presença de diferentes grupos funcionais, como

hidroxila e amino, que permitem a utilização de diferentes métodos de imobilização

(Kumar et al., 2000 e Berger et al., 2004).

A quitosana (1c) é a forma desacetilada da quitina (1b) o segundo polímero mais

abundante na natureza, depois da celulose (1a) (Tsigos et al., 2000 e Mendes et al.,

2011). É um produto natural, de baixo custo, renovável e biodegradável e de grande

importância econômica e ambiental.

Page 34: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 34

(A) (B) (C) Figura 5 - Estrutura dos biopolímeros celulose, quitina e quitosana (BERGER et al., 2004)

A quitosana pode ser definida como quitina suficientemente desacetilada para

formar sais de amina solúveis, sendo o grau de desacetilação necessário para obter um

produto solúvel 80-85% ou maior. Basicamente o processo de obtenção consiste na

desproteinização do material de casca e esqueletos de crustáceos com solução de NaOH

e descalcificação com solução de HCl diluída. Como suporte para imobilização da

enzima, materiais a base de quitina e quitosana são utilizados sobre a forma de pó,

flocos e géis de diferentes configurações geométricas (Krajewska, 2004).

Tharanathan e Prashanth (2007) realizaram uma ampla pesquisa sobre a quitina e

a quitosana, investigando suas modificações e aplicações. Neste estudo ficou

comprovado que as áreas de aplicações da quitina ou quitosana, bem como seus

derivados são ilimitados. São mencionadas aplicações na área de alimentos e nutrição,

ciência dos materiais, ciências médicas e farmacêuticas, microbiologia, imunologia

dentre outras.

Diferentes configurações de quitosana podem ser obtidas no processo de

desacetilação da quitina e estas configurações podem ser empregadas no processo de

imobilização de enzimas.

Os materiais quitina e quitosana oferecem um conjunto único de características:

biocompatibilidade, biodegradabilidade de produtos inofensivos, não toxicidade, inércia

fisiológica, propriedades antibacterianas, agentes quelantes de metais pesados, ions com

propriedades de formação de gel e de hidrofilicidade, e afinidade notável para as

proteínas (Krajewska, 2004). Devido a estas características, os materiais de quitina e

quitosana ou a base deles estão previstos para ser amplamente explorados no futuro

próximo, especialmente em muitas aplicações, entre outros, como suportes de

imobilização de enzimas.

Page 35: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 35

2.15 Modificação química na estrutura da quitosana

No intuito de aumentar a estabilidade química e física da quitosana e seus

derivados (complexos polieletrolíticos e matrizes híbridas), têm sido empregadas

alternativas como a modificação química, também denominada de reticulação,

empregando diferentes agentes de ativação (Gupta, 2006; Tsigos, 2000; Gonçalves,

2005, Muzzarelli, 2009). No caso específico da quitosana a modificação de sua estrutura

química é necessária para a obtenção de um suporte quimicamente resistente ao meio

ácido e a redução de sua capacidade de retenção de água. As reações envolvidas na

reticulação ocorrem entre os grupos aminos e hidroxilas da quitosana.

As principais modificações químicas são feitas com agentes bifuncionais como o

glutaraldeído ou funcionais como a epicloridrina e glicidol (Adriano et al., 2008,

Rodrigues et al., 2008 e Mendes et al., 2008).

Derivados de glutaraldeído exibem melhores as propriedades térmicas e de

estabilidade o que os tornam mais adequados para biocatálise. O que destaca a

relevância da imobilização química para aplicação direcionada em biocatalisadores

(Giacomini et al., 2001).

O glutaraldeído é uma molécula de alta reatividade promovendo ligação estável

entre os grupos de amina de suportes e resíduo de amina de proteínas (Elkaoutit, 2011).

A ligação covalente entre os grupos amino do polímero e aldeído terminal é irreversível

e resiste a valores extremos de pH e temperatura (Berger et al., 2004e Mendes et al.,

2011).

É importante caracterizar as condições de reticulação, pois a sua eficiência é

diretamente proporcional à concentração e o tipo de agente de reticulação, tempo de

contato, temperatura, pH, massa molecular e grau de desacetilação da quitosana.

2.16 Biorreatores para a hidrólise

Os reatores de membrana produzem uma atividade enzimática mais baixa, em

comparação aos reatores descontínuos para a utilização de enzimas solúveis (Jurado,

2005), mas em muitos desses casos, o resultado tem sido considerável na atividade da

enzima, bem como a redução na capacidade de ligação.

Page 36: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 36

A utilização de reatores de leito fixo, em processos biológicos permite a

aplicação de novas metodologias a problemas ambientais, tais como a eliminação do

soro de indústrias de lacticínios, em um caso comercial (Mammarela et al., 2006)

A escolha de hidrólise da lactose em lote e modo contínuo depende

principalmente das características enzimáticas e novos aspectos econômicos abrangendo

a produção, armazenamento e reutilização (Haider e Hunsai, 2008).

O tempo de meia vida da enzima imobilizada é um parâmetro importante para

processos industriais, pois permite que o derivado mantenha sua atividade por um longo

período quando aplicados em reatores descontínuos (Lima, 2012) e contínuos (Bezerra,

2012).

Page 37: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 37

3-MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Materiais

3.1.1 Reagentes e materiais utilizados

Os reagentes utilizados (lactose, fosfato de potássio monobásico, fosfato de

potássio dibásico, sulfato de amônio, sulfato de manganês, dextrose) foram de

diferentes marcas comerciais. O ácido acético e KOH utilizados na preparação do gel de

quitosana foram de padrão analítico. A quitosana em pó, com grau de desacetilação de

85,2 %, foi adquirida junto a Polymar Ind. Ltda (Fortaleza, Ceará, Brasil). O

glutaraldeído 25% (v/v), epicloridrina (1-cloro-2,3-epóxido) e o glicidol (2,3-epóxi-1-

propanol) e o substrato sintético o-nitrofenil-β-D-galactopiranosídeo (ONPG) foram

adquiridos da Sigma-Aldrich Chemical Co. (St. Louis, MO). Para os ensaios de

extração e ruptura da levedura foram utilizados etanol 99% P.A. e tolueno 99% P.A. e

pérolas de vidro com uma faixa de diâmetro 1,4 - 2,0 mm fornecido pela SP Labor.

3.1.2 Micro-organismo

Lima (2011) em seu trabalho estudou a cepa Kluyveromyces lactis NRRL

Y1564, entres outras para a produção da enzima β-galactosidase, sendo esta a que

obteve o maior consumo de lactose em meio sintético, por isso essa cepa foi a escolhida

para a obtenção da β-galactosidase nesse trabalho.

A espécie Kluyveromyces lactis NRRL Y1564 foi doada pelo USDA (United

States Department of Agriculture) pertencentes à coleção de cultura da ARS

(Agricultural Research Service). A cultura estoque foi mantida em meio ágar YEPD

(contendo: extrato de levedura 10 g/L; peptona 20 g/L; glicose 20 g/L e ágar 20 g/L)

sob refrigeração.

Page 38: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 38

3.1.3 Soro de leite

O soro de leite em pó foi fornecido pela Indústria Alibra Ingredientes Ltda

(Campinas-SP) e utilizado para como fonte de carbono no cultivo para a produção da

enzima β-galactosidase. Segundo as especificações técnicas do fabricante, o soro

continha a seguinte composição (por 100 g): carboidratos 74 g; proteínas 11 g; gorduras

totais 1 g; gorduras saturadas 0,5 g; colesterol 6,0 mg; cálcio 796 mg, ferro 0,90 mg e

sódio 1080 mg, pH variando de 6,0 a 7,0 e acidez titulável (% ácido lático) máxima de

2,5%, se tratando de soro doce.

3.1.4 Reagentes para análise de proteínas e glicose

Azul brilhante de Cromassie G 250 da marca Vetec/SP e kit enzimático de

determinação de glicose da marca Labtest Diagnóstica S. A..

3.1.5 Reagentes para a eletroforese

A acrilamida, bis-acrilamida, dodecil sulfato de sódio (SDS), albumina de soro

bovino (BSA), persulfato de amônio, N, N, N’, N’- tetra-metilenodiamina (TEMED),

glicerol e ditiotrietol foram adquiridos da Sigma-Aldrich (EUA).

Marcador de baixa massa molecular contendo as seguintes proteínas: fosforilase

b, albumina, ovoalbumina, anidrase carbônica, inibidor de tripsina e alfalactoalbumina

que foi adquirido da GE healthcare (EUA). Utilizou-se água ultrapura Mili-Q (Milipore-

EUA) para a preparação de todas as soluções.

3.2 Métodos

3.2.1 Métodos analíticos

Page 39: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 39

3.2.1.1 Determinação da concentração celular

Após o crescimento do inóculo em meio de cultivo apropriado, retirou-se uma

alíquota e transferiu-se para a uma cuba de vidro e a leitura da concentração celular que

foi determinada da densidade ótica (DO) a 620 nm, em espectrofotômetro (Spectronic

Modelo Genesys, Série 20) e convertida em gramas por litro conforme curva padrão do

microorganismo.

3.2.1.2 Determinação do pH

O pH foi determinado em pHmetro da TECNAL.

3.2.1.3 Determinação da concentração de lactose

A concentração de lactose foi determinada através de Cromatografia Líquida de

Alta Eficiência, CLAE (Waters, Milford, MA, EUA), equipado com detector de índice

de refração Waters (Modelo 2414) e uma coluna Aminex HPX-87H, mantida a 65 °C. O

eluente foi uma solução aquosa de H2SO4 a 5 mmoL/L e vazão de 0,5 mL/min. O

volume de injeção das amostras foi de 20 µL e o tempo de análise foi de 30 minutos. As

injeções foram realizadas em duplicata.

3.2.1.4 Determinação da concentração de proteínas

A concentração de proteínas foi determinada pelo método de Bradford (1976).

Utilizou-se curva de calibração com padrão soro albumina bovina (BSA), adquirida da

Sigma-Aldrich Chemical Co. (St. Louis, MO), válida numa faixa de concentração de 0 a

0,6 mg/mL. Os resultados foram calculados através da curva padrão do reagente de

Bradford e obtidos em mg/mL.

3.2.1.5 Determinação da concentração de glicose

Depois da conversão da lactose em glicose e galactose determinou-se a

quantidade de glicose formada a partir do Kit Glicose Pap Liquiform (Labtest).

Page 40: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 40

A análise consistiu em colocar 2 mL do reagente (Kit glicose PAP Liquiform)

em tubos de ensaios, que foram mantidos a 37 °C em banho-maria. Em seguida,

adicionram-se 40 µL da amostra e aguardou-se 10 minutos para ocorrer a reação.

3.2.1.6 Determinação da atividade da enzima β-galactosidase através da hidrólise

substrato ONPG

Para a determinação da atividade hidrolítica da enzima, utilizou-se o substrato

sintético o-nitrofenil-β-D-galactopiranosídeo (ONPG) adquirido da Sigma-Aldrich

Chemical Co. (St. Louis, MO), segundo metodologia descrita por Lima (2012). A

atividade hidrolítica da β-galactosidase frente a ONPG foi determinada a 37ºC e pH 6,6.

O coeficiente de extinção molar do produto o-nitrofenol (O-NP) foi determinado

experimentalmente segundo metodologia do CODEX CHEMICALS (1981), o resultado

obtido foi de 4,53 mol/cm. O produto da reação de hidrólise foi determinado

espectrofotometricamente a 420 nm em cuba de vidro. Uma unidade (U) de β-

galactosidase é definida como a quantidade de enzima que libera 1µmol de o-nitrofenol

por min sob as condições do ensaio.

Para a enzima solúvel, 2 mL de ONPG 1,25 mM, em tampão fosfato de potássio

50 mM com MnCl2. 4H2O 0,1 mM a pH 6,6, foram colocados em tubos de ensaios. Em

seguida os tubos foram colocados no banho-maria a 37 °C para equilibrar a temperatura

e adicionou-se uma amostra de 50 µL do extrato enzimático contendo β-galactosidase.

Após 5 minutos, parou-se a reação pela adição de 0,5 mL de carbonato de sódio 1M. A

atividade foi determinada espectrofotometricamente a 420 nm. A atividade enzimática

foi calculada de acordo a Equação 1:

(1)

Sendo: A - absorbância lida; Vt - volume total = 2,55 mL; Ve - volume de enzima = 0,05

mL; t - tempo de reação = 5 min; L - caminho óptico = 1 cm; ε - coeficiente de extinção

= 4,53 cm2/µmol.

tVL εVA

At(U/mL)e

t

×××

×=

Page 41: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 41

A atividade da β-galactosidase imobilizada foi realizada colocando-se 0,1g do

derivado imobilizado em um reator a 37 °C, contendo 5 mL de solução de ONPG 1,25

mM em tampão fosfato de potássio 50 mM pH 6,6 suplementado com 0,1 mM de

MnCl2.4H2O mantido sob agitação. Após cinco minutos de hidrólise, retirou-se 2 mL

dessa solução com um filtro e adicionou-se 0,5 mL de carbonato de sódio 1 M. A

atividade do derivado pode ser calculada de acordo com Equação 2.

(2)

Sendo: A - absorbância lida; Vt - volume total = 2,55 mL; t - tempo de reação = 5 min;

L - caminho óptico = 1cm; ε - coeficiente de extinção = 4,53 L/mol.cm; mDERIVADO =

massa de gel em g.

3.2.1.7. Determinação da atividade de hidrólise de lactose pela enzima solúvel e

imobilizada

A atividade β-galactosidase também foi determinada pela a hidrólise da lactose

PA, que foi conduzida em tubos de ensaios de 10 mL contendo 5 mL solução sintética

(lactose 5,0% (m/v) em tampão de fosfato de potássio 100mM pH 7,0 com 0,1 mM de

MnCl2 e 0,2 mM de MgCl2), a temperatura de 37 °C por 10 min. A glicose produzida foi

quantificada pelo o método GOD-PAP utilizando um kit enzimático para a dosagem de

glicose (Trinder, 1969), conforme item 3.2.1.7.5. Uma unidade de β-galactosidase (U)

nesta reação, foi definida como a quantidade de enzima capaz de liberar um micromol

de glicose por minuto nas condições descritas acima.

Para a enzima solúvel, adicionaram-se 80 microlitros da enzima solúvel

previamente diluída. Após 10 min, retiraram-se as amostras (150 µL), interrompeu-se a

reação pela adição de 150 µL de 0,1 M NaOH. A atividade foi calculada de acordo a

Equação 3:

tmL εVA

(U/g)AtDERIVADO

tderivado

×××

×=

Page 42: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 42

(3)

Sendo: A - absorbância lida (mg/mL); Vt - volume total = 5mL; tH - tempo da reação de

hidrólise = 10 min; Ve - volume de enzima = 0,08 mL;

A atividade da β-galactosidase imobilizada foi determinada em reator batelada

mantida a 37 °C contendo a solução de substrato, sob agitação mecânica suave.

Amostras foram retiradas do sobrenadante e a glicose produzida foi quantificada. A

atividade do derivado foi calculada de acordo a equação 4:

(4)

Sendo: A - absorbância lida (mg/mL); Vt - volume total = 5mL; tH - tempo da reação de

hidrólise = 10 min; menzima = massa de gel em g.

3.2.2 Estudo da produção da enzima β-galactosidase por Kluyveromyces lactis

NRRL Y1564

3.2.2.1 Pré-Tratamento ácido do soro de leite

O primeiro pré-tratamento ácido do soro de leite foi realizado de acordo com

Santiago et al., (2004) e Lima (2011), precipitando as proteínas por aquecimento e

acidificação até pH 4,8 com ácido lático comercial, sob suave agitação. Inicialmente

diluiu-se o soro numa concentração de 50 g/L de lactose em água destilada e colocou-se

essa solução em Becker para aquecer em chapa aquecedora sob agitação a 85 °C. Ao

atingir-se essa temperatura, adicionou-se ácido lático comercial até pH 4,8 e continuou-

se aquecendo até 90 °C, a temperatura foi controlada com auxílio de um termômetro.

enzimaH

tderivado mt

5,5VA(U/g)At

×

××=

eH

t

Vt5,5VA

At(U/mL)×

××=

Page 43: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 43

Ao atingir 90 °C, o aquecimento e a agitação foram então interrompidos e a solução foi

mantida em repouso por 15 minutos, para sedimentação das proteínas, que se

encontravam precipitadas. Finalmente, o soro de leite pré-tratado era então filtrado em

papel de filtro qualitativo. Ao soro de leite pré-tratado e filtrado, adicionava-se 1 g/L de

extrato de levedura para servir como fonte de nitrogênio e corrigia-se o pH para 6,0 com

KOH 4M.

3.2.2.2 Preparo do inóculo

A cepa de Kluyveromyces lactis utilizada nesse estudo foi repicada em meio ágar

YEPD (contendo: ágar 20 g/L; dextrose 20 g/L; extrato de levedura 10 g/L e peptona 20

g/L) e incubada em estufa bacteriológica a 30 °C por 24h, para ativação. Após esse

período, três alçadas das colônias de leveduras eram transferidas para os respectivos

meios de propagação de inóculo, incubado a 30 °C, sob agitação de 180 rpm por 24 h.

Após as 24 h, a densidade ótica (DO) do mesmo foi lida a 620 nm em

espectrofotômetro, estando a leitura da DO na faixa de 1,0 ± 0,1, prosseguia-se para o

ensaio do cultivo do micro-organismo inoculando 10% (v/v) do volume desse inóculo

em 50 mL de meio de cultivo.

3.2.2.3 Condições de cultivo para a produção de β-galactosidase

50 mL de soro pré-tratado foi distribuído em frascos Erlermeyers de 250 mL e

esterilizado a 115 °C por 10 min. Depois de esterilizados, esse soro serviu como fonte

de substrato na fermentação da levedura Kluyveromyces lactis.As condições do ensaio

foram as mesmas condições da propagação do inóculo: 30 °C, 180 rpm com o tempo de

14 h. Após o término da fermentação, as amostras foram retiradas para análise de

biomassa, pH e determinação da atividade enzimática.

3.2.2.4 Extração da enzima β-galactosidase de K. lactis NRRL Y-1564

A amostra do caldo fermentado foi centrifugado a 10.000g por 15 minutos a 4

°C para obtenção da massa celular, que foi lavada uma vez com 20 mL de água

Page 44: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 44

destilada gelada e centrifugado novamente. Após a lavagem as células foram

ressuspendidas em tampão fostato de potássio pH 6,6 e 0,1 mM de MnCl2.4H2O para

uma concentração celular de 2,9 mg/mL. Em seguida foram estudados os métodos de

permeabilização com solventes e ruptura celular, descritos a seguir. Todos os ensaios

foram conduzidos em triplicata.

3.2.2.4.1 Permeabilização com solvente

O primeiro método avaliado foi segundo Inchaurrondo et al., (1994), no qual os

pellets de células foi incubado a 37 °C por 20 minutos sob agitação orbital (150 rpm) na

presença de 10% v/v de etanol e 2% v/v de tolueno. Avaliou-se ainda a permeabilização

utilizando apenas etanol 10% v/v, nas mesmas condições descritas. A Figura 6 mostra

um fluxograma do processo de permeabilização por solvente.

Figura 6- Fluxograma da permeabilização com solvente.

3.2.2.4.2 Ruptura celular

Os métodos de ruptura celular foram realizados segundo as metodologias

propostas por Medeiros et al., (2008). Foram avaliados dois métodos associado a

pérolas de vidro: i) a ruptura em agitador tipo vórtex e ii) ruptura por ondas

ultrassônicas. O primeiro foi realizado através de ensaios de ruptura com cargas de

pérolas de vidro de 1,10 g/mL por um período de 30 min, com intervalos de 2 min em

A massa de células foi ressuspendida em tampão fostato de potássio pH 6,6.

Foi acrescentado 10% v/v de etanol mais 2% v/v de tolueno ou etanol 10% v/v.

Foi colocado em agitador rotatório a 37 °C por 20 minutos a 150 rpm. Após esse tempo, a suspensão foi novamente centrifugada nas mesmas condições iniciais.

A massa foi lavada uma vez com 20 mL de água destilada gelada e centrifugado novamente.

O Caldo fermentado foi centrifugado a 10.000 g por 15 min a 4 °C para obtenção da massa celular.

O sobrenadante foi filtrado em membrana de 0,45 µm. Depois retirados alíquotas para a medida da atividade pelo o método de hidrólise do ONPG.

Page 45: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 45

banho de gelo a cada 5 min de processo. Em banho ultrassônico, o tempo total foi de 40

min, mas a cada intervalo de 10 min de sonificação substituiu-se a água do banho por

água a 25 °C, evitando que o aquecimento da água desnaturasse a enzima β-

galactosidase.

Após o rompimento ou permeabilização das células, centrifugou-se a 10.000g

por 15 minutos a 4 °C e o sobrenadante foi analisado quanto a atividade enzimática. O

melhor método de extração da enzima β-galactosidase produzida por K. lactis NRRL

Y1564 obtida nessa etapa foi aplicado nas demais etapas do presente estudo.

3.2.3 Testes de inibição da enzima β-galactosidase por solventes

Avaliou-se o efeito da presença dos solventes, etanol e tolueno, na atividade

enzimática da β-galactosidase. Nesses ensaios, utilizou-se o extrato enzimático obtido

através do rompimento das células por agitação em vórtex. Um volume de 2 mL desse

extrato foi incubado a 37 °C a 150 rpm por 20 minutos em frascos contendo: i) etanol

(10% v/v); ii) tolueno (2% v/v) e etanol (10% v/v) ou iii) tolueno (2% v/v). Após,

determinou-se a atividade enzimática através da hidrólise do ONPG e essa foi expressa

em U/mLEXTRATO.

3.2.4 Estudo da influência da temperatura na produção da enzima β-galactosidase

por K. lactis NRRL Y1564

Estudou-se a influência da temperatura (30, 34, 37 e 40 °C) na produção de β-

galactosidase por K. lactis NRRL Y1564. Para tal fim, os ensaios conduziu-se os

processos fermentativos em Erlenmeyer de 250 mL com 50 mL de meio sob agitação a

180 rpm por 12 horas em agitador orbital (TECNAL, TE-420). O método de ruptura que

apresentou melhores resultados foi aplicado na etapa desse estudo. Para cada processo

determinou-se a atividade enzimática específica (U/gcél), atividade enzimática

(U/mLcaldo), produtividade de biomassa (g/L. h), produtividade de enzima (U/gcel. h) e

conversão de substrato em células (YX/S). Todos os ensaios foram conduzidos em

triplicata.

Page 46: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 46

Posteriormente, para a melhor temperatura (melhor crescimento e maior

produção da enzima), acompanhou-se o crescimento celular, consumo de lactose e

produção da enzima em intervalos de tempos pré-definidos.

A temperatura e o tempo de cultivo que favoreceu a maior produção da enzima

de interesse foi aplicada na produção desta e com esse extrato produzido realizou-se a

etapa posterior.

3.2.5 Pré-purificação da enzima β-galactosidase em Concentrador Específico

Após o processo de fermentação e extração da enzima, para aumentar a

atividade catalítica, utilizou-se um concentrador (filtro para centrífugas Milipore

Amilcon Ultra-15 de 100 KDa), que retia a enzima β-galactosidase de 135 kDa

deixando moléculas menores passarem na membrana. Os ensaios foram realizados por

centrifugação a 4 ºC a 5000g por 10 min. Nesse processo foi avaliado a porcentagem de

recuperação da enzima e a atividade específica para 3 fermentações diferentes (3

amostras de cada ensaio).

3.2.6 Influência de íons na atividade enzimática de β-galactosidase

Estudou-se a influência dos íons Mn2+, Mg2+, Ca2+ e Zn2+ na atividade da enzima

β-galactosidase livre em tampão fosfato de potássio 100 mM, sem nenhum tipo de sal

acrescentado. Estes íons foram adicionados na solução tampão na forma de sais

(MnCl2.4H2O, MgCl2.6H2O, CaCl2.4H2O e ZnSO4.6H2O), em diferentes concentrações

de 0,01; 0,001; 0,00001 e 0,00002 g/L. A atividade enzimática foi determinada pela

hidrólise do substrato comercial ONPG (o-nitrofenil-β-D-galactopiranosídeo).

3.2.7 Eletroforese SDS-PAGE

A técnica de eletroforese em gel de poliacrilamida sob condições

desnaturantes e não redutora (SDS-PAGE) foi utilizada para determinação da pureza

Page 47: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 47

das frações enzimáticas das diferentes concentrações de enzima β-galactosidase (0,9;

1,5; e 1,9 mg de proteína.mL-1 de extrato enzimático). As análises foram realizadas no

equipamento Mini Protean III (Bio Rad, EUA) utilizando gel de poliacrilamida (30% de

acrilamida e 2,7% de bisacrilamida), conforme protocolo apresentado por LAEMMLI

(1970), na concentração de 7,5%. As diferentes soluções da enzima foram aquecidas a

100°C por 10 min e alíquotas de 10 a 15 µL de cada amostra foram aplicadas aos géis.

Os géis foram submetidos a uma voltagem de 180 V, em cubas verticais e a coloração

foi realizada com nitrato de prata, conforme Morrissey (1981).

3.2.8 Estudo da Imobilização da enzima β-galactosidase produzida por K. lactis

NRRL1564 usando soro de leite como fonte de carbono.

3.2.8.1 Preparação das partículas de quitosana e ativação

As partículas de quitosana foram preparadas de acordo com a metodologia

descrita por Budriene et al., (2005) e Vieira (2009). Inicialmente, 2,0% (m/v) de

quitosana em pó foi solubilizada em ácido acético 2,0% (v/v) e homogeneizada por 30

minutos em agitador mecânico sob temperatura ambiente. Posteriormente, 30 mL desta

solução preparada foi colocada em um reator a 50ºC e deixado sob agitação magnética

por 5 minutos para estabilização da solução. Em seguida, adicionaram-se 45 mL de

KOH 0,5 M como agente coagulante, mantendo a agitação por mais 30 minutos.

Seguiu-se então para ativação deste suporte, adicionando-se glutaraldeído 0,8%;

epicloridrina 3,2% ou glicidol 3,2% (v/v), sob a solução de quitosana coagulada com

KOH. Após 30 minutos de ativação a 50ºC, as partículas foram lavadas com água

destilada em excesso e secas sob vácuo. A Figura 7 mostra um fluxograma do processo

de preparação a ativação das partículas de quitosana para imobilização de β-

galactosidase.

Page 48: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 48

Figura 7 - Fluxograma mostrando a seqüência das atividades para preparação das partículas de quitosana 2,0% (m/v) seguida de ativação com glutaraldeído 0,8%, epicloridrina e glicidol, ambos 3,2%, (vativador/vreator). (Budriene et al., 2005; Vieira, 2009).

3.2.8.2 Imobilização da enzima β-galactosidase

A β-galactosidase foi imobilizada em gel de quitosana ativado com glutaraldeído

0,8%; epicloridrina ou glicidol ambos 3,2% (vativador/vreator). Utilizou-se uma carga

enzimática de 10 mg de proteína (analisada pelo o método de Bradford) por grama de

suporte. A imobilização foi realizada a pH 7,0 e 25 °C em tampão fosfato de potássio

100 mM, contendo 0,1 mM de MnCl2 e 0,2 mM de MgCl2, sob agitação suave em

agitador rotatório. Diferentes tempos de incubação (3, 5 e 10 h) foram avaliados. Em

paralelo ao processo de imobilização, correu-se um ensaio controle (enzima solúvel e

tampão de imobilização), para acompanhar a estabilidade da enzima durante todo o

processo da imobilização. Retirou-se uma amostra no tempo zero (quando se coloca a

enzima) e após a imobilização, determinou-se a atividade enzimática no sobrenadante.

O gel de quitosana foi lavado exaustivamente com água destilada e secado a vácuo.

50 mL ác. acético 2% 1 g quitosana em pó

Gel de quitosana 2% (m/v)

Adicionar 30 mL gel Adicionar 45 mL KOH 0,5 M

Reator a 50°C, sob agitação

Agitação mecânica

30 min

30 min

Adicionar o agente ativador Agentes: glutaraldeído 0,8%, glicidol e epicloridrina, ambos 3,2%, (vativador/vreator).

Lavar exaustivamente e secar a bomba à vácuo

Page 49: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 49

Depois, analisou-se a atividade e utilizou-se o substrato sintético ONPG conforme item

3.2.1.6.

3.2.8.3 Determinação dos parâmetros de imobilização

Ao término da imobilização foram retiradas alíquotas para quantificação da

atividade inicial, residual ou sobrenadante e do derivado. Com esses valores obtidos

determinaram-se os parâmetros de imobilização descritos a seguir.

3.2.8.3.1 Determinação do rendimento de imobilização

As Equações 5 e 6 foram utilizadas para o cálculo do rendimento de

imobilização (RI), atividade teórica (Atteórica), respectivamente.

(5)

Sendo At0: Atividade oferecida no inicio da imobilização diluída em tampão e Atresidual:

atividade residual presente no sobrenadante.

(6)

Sendo At0 - Atividade oferecida no inicio da imobilização diluída em tampão e Coferecida -

carga oferecida; Pt - concentração de proteínas no extrato e RI- rendimento de

imobilização, sendo 1 referente a 100% de imobilização.

3.2.8.3.2 Atividade recuperada

O atividade recuperada foi calculada pela relação entre a atividade hidrolítica do

derivado e o valor da atividade teórica (atividade inicial oferecida no início da

imobilização), conforme Equação 7.

(U/mL)At100(U/mL)At(U/mL)At

RI(%)0

residual0 ×−=

(%)RIx Pt(mg/mL)

(mg/mg)C(U/mL)AtAt oferecida0

teórica

−=

Page 50: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 50

(7)

3.2.9 Estudo da estabilidade térmica da enzima β-galactosidase a 60 °C β-

galactosidase solúvel e imobilizada

Para se avaliar a estabilidade térmica e o tempo de meia-vida da enzima da β-

galactosidase solúvel e imobilizada amostras foram incubadas a 60 °C. Periodicamente,

alíquotas foram retiradas e suas atividades residuais foram determinadas.

Após o cálculo de todas as atividades iniciais e residuais, calculou-se a atividade

relativa (Ar) que foi definida como a razão entre a atividade enzimática do estado final

(A) e a atividade enzimática do estado inicial (A0), conforme Equação 8.

(8)

Para estimar a constante de desativação térmica, o tempo de meia vida (t1/2) foi

calculado a partir da Equação 9, fator de estabilização (FE) a partir da equação 10,

utilizou-se o modelo de primeira ordem na equação 11.

(9)

(10)

(11)

Sendo: AR - Atividade relativa; Kd - constante de inativação térmica de primeira ordem

e t - tempo em que a amostra permaneceu sob a condição de temperatura.

100(U/g)At

(U/g)At(%)At

teorica

derivadorecuperada x=

d1/2 k

ln(0,5)t =

x t)Kexp(A dR −=

solúvel 1/2

derivado1/2

t t

FE=

0r A

AA =

Page 51: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 51

3.2.10 Estabilidade de estocagem da enzima β-galactosidase solúvel e imobilizada

A β-galactosidase solúvel e imobilizada foi estocada em tampão fosfato de

potássio a pH 7,0 a 10 °C (em geladeira) e a 4 °C (congelador) por 105 dias. A cada 15

dias, amostras foram retiradas e a atividade da enzima foi medida.

3.2.11 Caracterização da enzima β-galactosidase solúvel e imobilizada

3.2.11.1 Determinação do pH ótimo para a atividade da β-galactosidase solúvel e

imobilizada

O pH ótimo da enzima β-galactosidase (solúvel e imobilizada) foi determinado

através da hidrólise da lactose 5% (m/v) a 40 °C, em tampão fosfato 100 mM contendo

de MnCl2 e 0,2 mM de MgCl2. Os valores de pH do meio reacional variaram de 5,5 a

8,0. A glicose liberada foi determinada conforme descrito no item 3.2.1.5 e a atividade

foi calculada a partir das equações 3 e 4.

A atividade relativa (Ar) foi definida como a razão entre a atividade enzimática

do estado final (A) e a atividade enzimática do estado inicial (A0), conforme

apresentado na equação 8.

3.2.11.2 Determinação da temperatura ótima para a atividade da β-galactosidase

solúvel e imobilizada

A temperatura ótima de hidrólise de lactose da enzima β-galactosidase (solúvel e

imobilizada) foi determinada utilizando uma solução sintética (lactose 5,0% (m/v)) em

tampão de fosfato de potássio 100 mM com 0,1 mM de MnCl2 e 0,2 mM de MgCl2, pH

7,0. Variou-se a temperatura de incubação de 30 a 50 °C e o tempo de reação foi de 10

min. A glicose liberada foi determinada conforme descrito no item 3.2.1.5 e a atividade

foi calculada a partir das equações 3 e 4. Os experimentos foram realizados em triplicata

para a β-galactosidase solúvel e imobilizada.

Page 52: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 52

3.2.11.3. Influência da temperatura na hidrólise da lactose presente no leite pela

enzima β-galactosidase livre e imobilizada em leite desnatado sem tampão

Estudou-se a influência da temperatura na hidrólise da lactose presente no leite

desnatado usando a enzima β-galactosidase (solúvel e imobilizada). Para tal fim, 25 mL

de leite foram adicionados a Erlermeyers de 250 mL e incubados nas temperaturas de 4,

20, 25, 30, 35, 40 e 45 °C. A hidrólise foi conduzida a 150 rpm por 5 horas. Em

seguida, a glicose liberada foi determinada conforme descrito no item 3.2.1.5 e a

atividade foi calculada a partir das equações 3 e 4. Os experimentos foram realizados

em triplicata.

3.2.12 Estabilidade Operacional

A estabilidade operacional de hidrólise de lactose catalisada pela β-galactosidase

imobilizada em quitosana foi conduzida em reator batelada a 150 rpm por 5 h em mesa

agitadora orbital. Para tal fim, 25 mL de uma solução sintética (lactose 2,0% (m/v) em

tampão fosfato de potássio 100 mM com 0,1 mM de MnCl2 e 0,2 mM de MgCl2 pH

7,0), e 1,0 g de suporte contendo enzima foram adicionados a Erlermayers de 250 mL.

A carga oferecida foi de 3 U/g. Após 5h, a concentração de glicose liberada foi

determinada no sobrenadante. A massa do derivado (1,0 g) foi recolhida, lavada e seca

e um novo ciclo reacional foi iniciado. Foram realizados 10 ciclos (bateladas

consecutivas) de hidrólise. Os ensaios foram feitos em triplicatas.

3.2.13 Avaliação do desempenho do biocatalisador em reatores batelada e contínuo

3.2.13.1 Hidrólise de lactose catalisada por β-galactosidase solúvel e imobilizada

em reator batelada

Nesta etapa, estudou-se a aplicação da enzima β-galactosidase na

hidrólise da lactose. As reações foram conduzidas em reator batelada, utilizando

Erlermayers de 250 mL, contendo 50 mL de uma solução sintética (lactose 2,0% (m/v)

em tampão de fosfato de potássio 100 mM com 0,1 mM de MnCl2 e 0,2 mM de MgCl2

pH 7,0), a 150 rpm por 8 h em mesa agitadora orbital. A reação foi iniciada

adicionando-se 1,3 mL de extrato enzimático (2,9 U/mL) ou 1 g de enzima imobilizada

(3,8 U/g) ao reator. A cada tempo pré-determinado, retiraram-se amostras (150 µL),

Page 53: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 53

interrompeu-se a reação adicionando NaOH (150 µL) e determinou-se a concentração

de glicose liberada.

A hidrólise da lactose presente no leite desnatado foi também avaliada nas

condições operacionais descritas para a solução sintética. A Tabela 1 apresenta a

composição do leite desnatado. Duas condições foram estudadas, leite desnatado (4,3%

m/v de lactose) e leite desnatado diluído (2,0% de lactose). Foram utilizados

Erlermayers de 250 mL com 50 mL do leite desnatado puro ou diluído com tampão

fosfato de potássio 100 mM, pH 7,0 contendo 0,1mM de MnCl2 e 0,2 mM de MgCl2.

Tabela 1- Composição do Leite Desnatado utilizado no estudo de hidrólise.

Composição i Quantidade Valor Energético 60 kcal=252kJ

Carboidratos 9 g Proteínas 6 g

Gorduras Totais 0 g Gorduras Saturadas 0 g

Gorduras Trans 0 g Colesterol 0 mg

Fibra Alimentar 0 g Sódio 90 mg Cálcio 240 mg

(i) Composição fornecida pela empresa Betânia para 1L de leite.

3.2.13.2 Hidrólise da lactose pela enzima β-galactosidase imobilizada em leito fixo

A hidrólise de lactose catalisada pela β-galactosidase imobilizada em leito fixo

foi conduzida em uma coluna de vidro de 1cm de diâmetro a 40 °C por 7,5 h, e outro

ensaio por 14 h nas mesmas condições. A massa de derivado utilizada foi de 0,85g, o

que levou a uma altura de leito de 1cm. A solução sintética de substrato (lactose 2,0%

(m/v) em tampão de fosfato de potássio 100 mM com 0,1 mM de MnCl2 e 0,2 mM de

MgCl2) foi passada pelo leito com um vazão de 0,7mL/min por 14 horas. A carga

enzimática foi de 1,1 e 3,3 U/g de suporte. Em tempos determinados, retiraram-se

amostras (150 µL), interrompeu-se a reação com NaOH (150 µL) e seguiu-se para

determinar da concentração de glicose conforme item 3.2.1.5 e a atividade foi calculada

a partir das Equações 3 e 4.

Page 54: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 54

4- RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Estudo da produção da enzima β-galactosidase por Kluyveromyces lactis

NRRL1564 usando soro de leite como substrato

No presente estudo, a enzima β-galactosidase, que catalisa a hidrólise da lactose

em glicose e galactose, foi produzida pelo cultivo do micro-organismo Kluyveromyces

lactis NRRL Y1564 em soro de leite suplementado com extrato de levedura a 30 °C,

metodologia baseada em Lima (2011). Inicialmente, foram estudadas condições

operacionais importantes visando um aumento no rendimento do processo fermentativo.

Primeiro, avaliou-se o método de extração da enzima, a fim de se obter uma maior

atividade no extrato bruto proveniente da fermentação e, desta forma, recuperar uma

maior quantidade de enzima. Em seguida avaliou-se a influência da temperatura e do

tempo de cultivo na produção da enzima β-galactosidase. Após determinar esses

parâmetros avaliou-se o processo de concentração e pré-purificação da enzima de

interesse.

4.1.1 Estudo da extração da enzima β-galactosidase produzida por K. lactis

NRRL1564

Segundo Medeiros et al., (2008), a ruptura celular é a primeira etapa no processo

de isolamento de materiais intracelulares e constitui uma etapa essencial no processo de

“downstream”, possuindo considerável influência não somente na quantidade total da

proteína de interesse a ser recuperada, mas também na sua atividade biológica, sua

associação com outros componentes celulares e a possível presença de degradação

proteolítica e contaminantes que podem influenciar nas etapas subseqüentes. Como a

enzima β-galactosidase é um metabólito intracelular, neste trabalho, estudaram-se

diferentes métodos químicos como adição de etanol e tolueno ou mecânicos de extração

como, agitação em vórtex e ruptura em ultrassom com pérolas de vidro. A Figura 1

apresenta os resultados de atividade enzimática K. lactis NRRL Y1564 após ruptura da

parede celular pelos métodos de ruptura (vórtex e ultrassom) e permeabilização das

células (etanol 10% v/v; etanol 10% v/v e tolueno 2% v/v).

Observa-se na Figura 8, que o processo de extração mais eficiente foi o método

de ruptura celular por agitação em vórtex, uma vez que se obteve uma atividade de

Page 55: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 55

4730,38 ± 51,55 U/g de células. O método de ruptura em ultrassom com pérolas de

vidro apresentou-se em segundo lugar com uma atividade de 597,48 ± 26,05 U/g de

células. Porém essa atividade foi 87,4% inferior à obtida na extração por abrasão. No

processo de ruptura por ultrassom, o fenômeno de cavitação associado ao efeito de

abrasão gerado pelas pérolas de vidro (Medeiros et al., 2008) favoreceu a extração da

enzima, mas não foi o suficiente para ser superior ao método por agitação em vórtex.

No caso do método de ruptura por ultrassom, também se observa perda da

atividade da enzima quando a suspensão celular é submetida a muitos ciclos

consecutivos (Persike et al., 2002 e Tan et al., 2006). Esta perda de atividade pode ter

ocorrido neste estudo, uma vez que a atividade da β-galactosidase no extrato foi baixa.

Apesar de haver substituição da água do banho, ela estava a temperatura ambiente. Em

dez minutos pode ter havido o aquecimento próximo a região da enzima, causando a sua

desnaturação. Desta forma, acredita-se que um teste utilizando água gelada, em torno de

4 °C, deve ser realizado para a verificação da eficácia desse método.

Vortex Etanol Etanol e Tolueno Ultrassom0

1x103

2x103

3x103

4x103

5x103

Ativ

idad

e E

nzim

atic

a E

spe

cífic

a (

U/g

l.)

Método de Extraçao da Enzima

Atividade especifica (U/g células)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

Atividade (U/mL caldo)A

tivid

ade

Enz

ima

tica

(U

/mL

cal

do)

Figura 8 - Atividade enzimática obtida por diferentes métodos de extração da enzima β-galactosidase produzida por K. lactis NRRL Y1564 em soro de leite a 30°C e 180 rpm.

A atividade dos extratos enzimáticos obtidos pelos métodos de permeabilização

foi baixa, aproximadamente 95% inferior à obtida na extração com vórtex. Estes

resultados mostram que os métodos de permeabilização com solvente são menos

eficientes que os métodos de ruptura celular. Entre os dois métodos de permeabilização

Page 56: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 56

avaliados, a utilização de uma combinação dos solventes etanol e tolueno (221,08 ±

6,96 U/g), foi mais eficiente que o uso de apenas etanol (137,98 ± 3,98 U/g).

O fato dos melhores resultados terem sidos obtidos quando se utilizou o método

de abrasão para ruptura celular é interessante do ponto de vista industrial, uma vez que

não existem riscos de toxicidade. A não utilização de produtos químicos para obtenção

do extrato enzimático favorece a utilização da β-galactosidase na modificação de

alimentos, sem que haja necessidade de remoção de contaminantes.

Segundo Panesar et al. (2006), apesar da necessidade da remoção de

contaminantes, a extração por método químico é a técnica mais utilizada para a extração

da enzima β-galactosidase produzida por levedura. Esse método é capaz de desorganizar

a membrana plasmática, como solventes orgânicos, surfactantes, policátions, proteínas

básicas, ou soluções com alto poder iônico. O uso de solventes orgânicos como etanol,

clorofórmio e tolueno, leva em consideração a eficácia e o custo do processo. (Flores,

1996).

Medeiros et al., (2008) observaram resultados próximos aos obtidos nesse

estudo ao estudar a extração de β-galactosidase de K. marxianus CCT 7081. Os autores

obtiveram uma atividade média de 550,39 U/g quando utilizaram o método de ruptura

em ultrassom com pérolas de vidro.

Dagbagli e Goksungur (2008) alcançaram maiores valores de atividade

enzimática específica da β-galactosidase quando rompimento celular de Kluyveromyces

lactis NRRL Y-8279 foi conduzido por meio de vórtex utilizando pérolas de vidro,

resultado semelhante ao obtido nesse estudo.

Bansal et al., (2008) avaliaram quatro métodos para extrair a enzima β-

galactosidase produzida por K. marxianus. Os autores observaram que o método mais

eficiente foi o tratamento com dodecil sulfato de sódio 0,1% (SDS) - clorofórmio,

seguido dos métodos de tratamento com tolueno – acetona, ruptura em ultrassom (por

20 min, com intervalos de 5 em 5 min a 4 °C) e homogeneização com perólas de vidro

(0,45-0,50 mm de diâmetro, durante 1 minuto em vórtex). Eles obtiveram o método

químico como melhor método de extração da enzima, o qual apresenta a vantagem de

ser um método simples, mas possui riscos de contaminantes e toxicidade para a própria

enzima. Esse resultado foi diferente do encontrado neste trabalho, onde o método de

extração com pérolas de vidro em vórtex foi mais eficiente e é um método que não

apresenta toxicidade para a enzima.

Page 57: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 57

Manera et al., (2008) realizaram a extração da β-galactosidase produzida por K.

lactis CCT7082 através do método de sonicação com pérolas de vidro obtiveram uma

atividade enzimática de 10,6 U/mL, resultado inferior (29%) ao obtido pelo o método

escolhido neste trabalho (atividade enzimática 13,72 U/mL de extrato).

Para verificar se não ocorreu desnaturação ou inibição da enzima pelos métodos

de permeabilização, avaliou-se o efeito dos solventes na atividade da enzima β-

galactosidase e os resultados são mostrados na Figura 9.

Sem solvente Tolueno (2 % v/v) Tolueno Etanol0

2

4

6

8

10

12

14 a

b

a,b

Ativ

ida

de E

nzim

atic

a

(U/m

L de

ext

rato

)

2% v/v 10% v/vEtanol (10% v/v)

a

Figura 9 - Efeito dos solventes (etanol e tolueno) na atividade enzimática da β-galactosidase produzida por K. lactis NRRL Y1564 em soro de leite a 30 °C e 180 rpm.

Observa-se na Figura 9 que a atividade da enzima não variou com a adição do

etanol 10%. Apenas, houve diferença significativa com a adição de somente tolueno e

na adição de tolueno mais etanol, nas concentrações e no tempo estudado ver Anexo A.

Isso demonstra que os solventes utilizados no método de permeabilização das células da

levedura K. lactis NRRL Y1564, não desnaturam ou inibiram a enzima β-galactosidase,

apesar disso essa rota foi menos eficiente que os métodos de ruptura. Além disso, o uso

de solventes, principalmente o tolueno, para permeabilização de células são mais

onerosos e são tóxicos.

Com base nos resultados obtidos, para as etapas seguintes, a extração da enzima

foi realizada por abrasão usando vórtex e perólas de vidro.

Page 58: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 58

4.1.2 Influência da temperatura na produção da enzima β-galactosidase por K.

lactis NRRL Y1564 em soro de leite

Avaliou-se a influência da temperatura na produção da enzima β-galactosidase

por K. lactis NRRL Y1564 em soro de leite no tempo de 14 horas de fermentação e 180

rpm de agitação (agitador rotatório). A Tabela 2 apresenta os resultados de atividade

enzimática e produtividade para as diferentes temperaturas estudadas.

Tabela 2 – Influência da temperatura na produção da enzima β-galactosidase por K. lactis NRRL1564 em soro de leite.

T

Atividade

Enzimática

(U/mLEXTRATO )

Atividade

Específica

(U/gCÉLULAS )

Atividade

Enzimática

(U/mLCALDO )

Produtividade

(U/mL.h)

YX/S

(gcél/glactose)

30 °C 12,81 ± 0,84 4418,37 ± 288,7 3,81 ± 0,20 0,32 ± 0,01 0,0492 ± 0,007

34 °C 9,35 ± 1,04 3223,01 ± 346,3 2,37 ± 0,71 0,20 ± 0,05 0,0260 ± 0,009

37 °C 0,64 ± 0,16 220,78 ± 55,29 0,05 ± 0,01 0,04 ± 0,00 0,0061 ± 0,000

40 °C 0,62 ± 0,04 21,27 ± 15,10 0,01 ± 0,01 0,00 ± 0,00 0,0027 ± 0,002

Como pode ser observado na Tabela 2, maiores valores de atividade

(4418,37 ± 288,7 U/g) e produtividade (0,32 ± 0,01 U/mL.h) da enzima β-galactosidase,

bem como conversão de substrato em célula (0,0492 ± 0,007 g/g) foram obtidos na

temperatura de 30 ºC. Na temperatura de 34 ºC foi obtida uma atividade de

3223,01(U/gCÉLULAS), apresentando uma diminuição na produtividade da enzima (0,20

U/mL.h). Nas temperaturas de 37º e 40 ºC quase não houve produção da enzima, pois o

crescimento celular foi baixo. Como essa enzima é um metabólito primário (Lima,

2012) quanto maior o crescimento celular, maior será a produção da enzima, o que

explica o fato das maiores atividades terem sido alcançadas na temperatura de 30 ºC,

pois houve maior crescimento e conversão de substrato em células (0,0492 ± 0,007).

Estes resultados foram similares ao reportados na literatura para a produção de β-

galactosidase utilizando diferentes micro-organismos.

Matheus e Rivas (2003), otimizaram a produção da enzima β-galactosidase de K.

lactis, utilizando o soro de leite desproteinizado para a obtenção de fonte de carbono.

Eles obtiveram uma melhor produção (8,3 U/mL) a 30,3ºC com 18,5 h de fermentação.

Santiago et al., (2004) estudaram a produção da β-galactosidase de K. marxianus ATCC

Page 59: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 59

46537 em soro de queijo atingiram valores de atividade enzimática de 28 UGLICOSE/mL a

temperatura de 30 ºC e 12 h de fermentação.

Após determinação da temperatura ótima (30 °C) de crescimento desse micro-

organismo foi feito o estudo cinético de crescimento celular e consumo do substrato.

Também se determinou a produção da enzima através da medida da atividade ao longo

do tempo. A Figura 10 apresenta o perfil de crescimento celular, consumo de substrato e

produção da enzima β-galactosidase por K. lactis NRRL Y1564 em soro de leite nessa

temperatura.

0 5 10 15 20 250

1

2

3

4

5

Bio

ma

ssa

(g/

L)

Tempo (h)

Ativ

ida

de E

nzim

atic

a (U

/mL C

AL

DO)

Lact

ose

(g/

L)

0

2

4

6

8

10

0

10

20

30

40

50

Figura 10- Perfil do crescimento celular, consumo de lactose e produção da enzima β-galactosidase por K. lactis NRRL Y1564 em soro de queijo a 30 °C e 180 rpm. (�) Biomassa (g/L); (●) Atividade enzimática específica (U/g) e (▲) Lactose (g/L).

A maior concentração de biomassa foi obtida com 24 h (4,28 g/L), quando

houve um grande consumo da lactose, restando aproximadamente 11 g/L no meio.

Porém não houve diferença entre a concentração obtida com 22 e 48h (dado não

apresentado no gráfico), iniciando a fase estacionária nesse período. Durante o cultivo

acompanhou-se o pH do meio de cultivo, que permaneceu constante (5,0 ± 0,5).

A máxima atividade específica (2553 U/gCÉLULA) e a maior produtividade,

conforme Figuras 10, foram obtidas as 14h. Após esse período houve uma diminuição

na produtividade da enzima como, também, na atividade enzimática.

Page 60: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 60

Ornelas (2008) em seu estudo, verificou que a maior produção da enzima foi

observada na transição entre a fase exponencial de crescimento e a fase estacionária,

como pode ser observado na Figura 10. O autor relata que as condições fisiológicas que

levam ao aumento e à queda da atividade de β-galactosidase na entrada da fase de

desaceleração do crescimento não é a ausência de lactose no meio. Eles não observaram

correlação entre o máximo da atividade e a concentração de lactose, uma vez que a

queda da atividade máxima aconteceu quando ainda havia lactose no meio de cultivo.

Esse resultado foi similar ao obtido no presente estudo em que se obteve um declínio na

atividade enzimática ainda que mais de 30 g/L de lactose estivesse presente no meio.

Outros autores (Genari, 2000) sugerem que a queda da atividade é resultado das

concentrações limitantes de lactose e concentrações crescentes de etanol, que desvia o

metabolismo para um crescimento diáuxico, diminuindo, portanto, a necessidade da

síntese da enzima. Não se estudou a produção de etanol no presente trabalho, mas

estudos preliminares (Lima, 2012) observaram a produção de etanol pela mesma cepa

de K. lactis NRRL Y1564. A figura 11 mostra a produtividade da enzima com o tempo

cinético em 24 horas.

0 5 10 15 20 250,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

Pro

dutiv

idad

e (

U/(

mL C

AL

DO.h

))

Tempo (h)

Figura 11- Produtividade da enzima β-galactosidase por K. lactis NRRL Y-1564 cultivada em soro de leite a 30 °C e 180 rpm.

Bansal et al., (2008) estudaram a produção de β-galactosidase por K. Marxianus

MTCC1389 em soro de queijo, contendo 4,4% (m/v) de lactose. A atividade da β-

galactosidase foi máxima após 30h de incubação e após esse período ocorreu um

Page 61: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 61

declínio na atividade. A biomassa máxima foi de 2,54 g/L em 36h de incubação e a

concentração de lactose diminui drasticamente após 36h de incubação.

Com base nos resultados expostos, para a produção da enzima β-galactosidase

conduziu-se o processo fermentativo a 30 °C, 180 rpm por 14 h e a extração da enzima

realizada por abrasão usando vórtex e perólas de vidro.

4.1.3 Pré-purificação da enzima β-galactosidase produzida por K. lactis NRRL

Y1564

Após o processo de fermentação e extração da enzima, para aumentar a atividade

catalítica se faz necessário uma pré-purificação da enzima produzida. Nesta etapa do

presente estudo, avaliou-se esse processo utilizando um concentrador (Milipore

Amilcon Ultra-15, 100 KDa) e os resultados encontram-se expostos na Tabela 3.

Tabela 3 - Atividade enzimática e atividade específica antes e após o método de pré-purificação da enzima β-galactosidase produzida por K. lactis NRRL Y1564 em soro de leite a 30 °C e 180 rpm e 14h.

Condição do Extrato

Enzimático

Atividade

Enzimática

(U/mlEXTRATO )

Atividade

Específica

(U/mgPROTEÍNA )

Extrato bruto 8,25 ± 0,48 0,85 ± 0,27

Extrato pré-purificado 16,65 ± 1,03 1,32 ± 0,41

Observa-se na Tabela 3 que a atividade específica aumentou aproximadamente

56,14%, obtendo-se uma porcentagem média de recuperação da enzima de 92,44%. Este

aumento na atividade específica após a pré-purificação pode ser atribuído a remoção de

outras proteínas de tamanho menor e a redução do volume que estava a enzima de

interesse. Também, mediu-se a atividade enzimática do filtrado e obteve-se uma

atividade de 0,10 U/mL, indicando que não houve perda da enzima β-galactosidase.

As etapas posteriores desse estudo foram realizadas utilizando o extrato

enzimático pré-purificado.

Page 62: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 62

4.2 Influência da presença de íons metais na atividade enzimática de β-

galactosidase

Vários cátions presentes na solução tampão podem ter efeitos diferentes como

ativadores ou inibidores durante o processo de hidrólise. Por conseguinte, os efeitos dos

íons metálicos foram avaliados adicionando os sais: CaCl2.2H2O, MgCl2.6H2O e

MnCl2.4H2O e ZnSO4.6H2O

(Ustok et al., 2010), em diferentes concentrações, na

solução tampão fosfato de potássio 100 mM (sem suplementação com sais).

Na Figura 12, observa-se que os íons Ca2+ (concentrações maiores que 1x10-3

g/L) e Zn2+ (concentrações maiores que 1,1x10-5 g/L) apresentam efeito inibidor sobre a

β-galactosidase, apresentando o íon Zn2+ um efeito mais acentuado. No entanto, Mg2+ e

Mn2+ (até 1x10-3 g/L) promoveram a ativação da enzima β-galactosidase. Na verdade, os

efeitos desses íons dependem de suas concentrações. Esse efeito inibidor do íon Ca2+

poderá desfavorecer a hidrólise da lactose quando estiver presente acima das

concentrações de 1x10-2 g/L que é o caso dos produtos lácteos que são ricos em Ca2+

(concentrações 0,240 g/L).

Figura 12- Influência dos íons Mn2+; Ca2+; Mg2+ e Zn2+na atividade enzimática da β-galactosidase solúvel usando o substrato ONPG a 25 °C. Para a maioria das enzimas β-galactosidases estudadas na literatura, os íons

metálicos divalentes são importantes na obtenção de máxima eficiência catalítica e

Mg2+ é considerado o íon fisiológico (Sutendra et al., 2007). Quando o potencial de

magnésio (pMg =-log [Mg2+]LIVRE) é inferior a 7, a enzima torna-se mais eficiente

(aumenta kcat) e tem uma maior afinidade para o substrato (Km menor) (Hoyoux et al.,

2001; Sutendra et al., 2007). Segundo Adalberto et al., (2010), o esqueleto da proteína

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

ZnSO4.6H

2OCaCl

2.2H

2OMgCl

2.6H

2O

Ativ

idad

e R

ela

tiva

(A/A 0)

0 g/L

1,1 x10-5 g/L

2,0 x10-5 g/L

1,0 x10-3 g/L

1,0 x10-2

g/L

MnCl2.4H

2O

Page 63: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 63

forma um complexo com o metal e deve ter um segundo sítio de ligação com Mg2+, o

qual é cataliticamente importante. Embora este fenômeno não seja ainda totalmente

compreendido, é razoável assumir que o íon metálico participa na catálise enzimática,

atuando como um ácido de Lewis.

Em vários estudos reportados na literatura (Greenberg e Mahoney, 1982;

Bhowmik, Johnson, e Ray, 1987; Itoh,Toba, Adachi, 1992; Vieira, 2009; Torres et al.,

2006; Santos et. al, 1998), resultados diferentes foram obtidos, dependendo do íon, do

substrato utilizado e a fonte de β-galactosidase (micro-organismo). Greenberg e

Mahoney (1982) obtiveram maior atividade na presença de Mn2+. Em um estudo

realizado por Bhowmik, Johnson, e Ray (1987), a enzima β-galactosidase produzida por

Lactobacillus acidophilus foi estimulada com Mg2+. Porém Mg2+ não teve nenhum

efeito no caso da enzima de Lactobacillus kefiranofaciens (Itoh,Toba, Adachi, 1992). A

adição de Mn2+ e Mg2+ ao tampão fosfato de potássio 100 mM a pH 7,0 levou a um

aumento no valor da atividade hidrolítica da enzima de Kluyveromyces fragilis (Vieira,

2009). Resultados semelhantes foram também relatados por Torres et al., 2006 e Santos

et. al, 1998.

4.3 Eletroferese SDS-PAGE

A Figura 13 representa a eletroforese da enzima β-galactosidase. Na primeira

linha, tem-se os marcadores de massa molar. Da segunda a sétima linha, encontram-se

as amostras da enzima β-galactosidase produzida por K. lactis NRRL Y1564. De acordo

com o eletrograma, a massa molecular é de aproximadamente 135 kDa, mesma faixa de

massa molecular da enzima β-galactosidase produzida por K. lactis no estudo realizado

Cavaille e Combes (1995). As bandas sete, oito e nove são da enzima β-galactosidase

comercial produzida pela Sigma que foi utilizada como padrão.

Page 64: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 64

Figura 13 - Perfil eletroforético da β-galactosidase em gel de agarose. (M) Marcador de baixo peso molecular na concentração de 0,9 mg/mL, sendo M-Marcador, bandas 1- 6 amostras de β-galactosidase produzidas neste trabalho, bandas 7-9 amostras de β-galactosidase.

Na literatura, valores diferentes de massas moleculares de β-galactosidase,

obtidas a partir de diferentes fontes microbianas, têm sido relatados. Muitas β-

galactosidases, contendo subunidades numerosas com várias massas moleculares, têm

sido descritas (Berger et al., 1997). Entre β-galactosidases de micro-organismos

termofílicos, massas molecular de 150 kDa, 240, 440 e 700 foram relatadas por Berger

et al., (1997).

Nota-se a presença de outras proteínas (Figura 6) no extrato comercial de β-

galactosidase, tais como: ovoalbumina, de massa molecular de aproximadamente 45

KDa, e a alfa-lactalbumina, de massa molecular de 14,4 KDa. Nesse extrato comercial

foi observada a presença de fosfolirase-b, de acordo com resultados obtidos por Tellos-

Sollís et al. (2005), com massa molecular de 97 KDa.

Isso não acontece no extrato enzimático produzido no presente estudo, porque

após a extração da enzima, este foi pré-purificado em um filtro específico para a enzima

requerida, no qual outras enzimas ou proteínas produzidas no processo fermentativo, de

estruturas diferentes, ficaram retidas no filtrado.

4.4 Imobilização da β-galactosidase produzida por K. lactis NRRL Y1564 em

quitosana

Inicialmente, avaliou-se a imobilização de β-galactosidase em quitosana. A

imobilização covalente em quitosana reticulada por glutaraldeído é o método muito

empregado em função dos grupos amino existentes na estrutura deste suporte. Essa

135 KDa

97

66

45

30

20,1

14,4

M 1 2 3 4 5 6 7 8 9

ovoalbumina

fosforilase

alfa-lactalbumina

Page 65: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 65

reação ocorre em condições brandas, próximas à neutralidade (Mendes et al., 2011). No

intuito de aumentar a estabilidade química e física da quitosana, estudou-se a

modificação química, também denominada de reticulação, com diferentes agentes de

ativação: glutaraldeído, epicloridrina e glicidol. Estas reações foram realizadas pela

adição de glutaraldeído (0,8% v/v), epicloridrina (3,2% v/v) ou glicidol (3,2% v/v) à

solução de quitosana (2% m/v) segundo a metodologia descrita por Bezerra (2012).

Além disso, fizeram-se alguns ensaios de imobilização utilizando diferentes tempos de

incubação, 3, 5 e 10 horas, para se avaliar a influência do tempo de contato enzima-

suporte nas características do biocatalisador.

A Tabela 4 mostra a influencia do tempo de contato e do agente usado na

reticulação da quitosana. Pode-se observar que ao aumentar o tempo de contato da

solução de enzima com o suporte de 3 para 10 h, não promoveu um aumento na

atividade do derivado quando se utilizou glutaraldeído, mas com o glicidol permaneceu

constante. Utilizando o epicloridrina, a atividade do derivado aumentou com o tempo.

Houve um aumento da atividade recuperada em função do aumento do tempo de

incubação de 3 para 5 h apenas quando se utilizou epicloridrina. No entanto, para o

tempo de imobilização de 10 horas, esse valor diminuiu sensivelmente quando se usou

epicloridrina e glutaraldeído.

Os resultados apresentados na Tabela 4 mostraram que o melhor rendimento de

imobilização foi quando o suporte quitosana foi ativado com glutaraldeído 0,8% v/v nos

tempos de 3, 5 e 10 h de imobilização, contudo a atividade recuperada foi maior para o

tempo de imobilização de 3 h. Esse resultado pode ser explicado devido as reações

envolvidas na reticulação da quitosana com o glutaraldeído ocorrerem entre os grupos

amino e hidroxilas da quitosana. Enquanto, que na reação da epicloridrina ou glicidol,

estes agentes de reticulação reagem preferencialmente com os grupos hidroxilas da

quitosana (Mendes et al., 2011).

Page 66: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 66

Tabela 4 - Imobilização da enzima β-galactosidase em quitosana com o mesmo protocolo de ativação com diferentes ativadores e tempos de imobilização.

Agentes de

reticulação

Tempo de

imobilização

Atividade

Específica

(U/mgextrato)

Atividade

Oferecida

(U/g)

Atividade do

derivado

(U/g)

Rendimento de

Imobilização

(%)

Atividade

Teórica

(U/g)

Atividade

Recuperada

(%)

Glicidol 3,2%

v/v

3 h 3,42 ± 0,15 9,63 ±0,42 0,72 ± 0,11 21,65 ± 3,64 0,72 ± 0,01 33,43 ± 1,15

5 h 3,39 ± 0,03 9,22±0,08 0,41 ± 0,02 32,91 ± 2,20 2,18 ± 0,12 20,18 ± 0,61

10 h 3,20 ± 0,05 8,73 ± 0,13 0,70 ± 0,02 22,87 ± 0,92 1,83± 0,21 39,84 ± 1,09

Epicloridrina

3,2% v/v

3 h 2,91± 0,06 7,93 ± 0,05 0,75 ±0,23 44,69 ±0,81 2,43± 0,35 30,76 ±1,82

5 h 3,51 ± 0,03 9,20± 0,08 0,76 ± 0,03 28,56 ± 2,11 2,00 ± 0,17 38,15± 2,27

10 h 3,71 ± 0,38 10,46 ±0,26 1,01 ± 0,01 74,23 ± 4,71 3,88 ± 1,04 21,66± 1,86

Glutaraldeído

0,8% v/v

3 h 3,70± 0,28 10,98 ±0,84 3,89 ±0,24 93,37 ±0,07 6,74± 0,95 61,78 ± 0,62

5 h 3,34± 0,21 10,27 ±0,05 3,47 ± 0,34 93,31 ± 1,19 8,02 ±0,47 43,88 ± 1,62

10 h 3,48 ± 0,10 9,79 ± 0,27 3,1 ± 0,13 99,79 ± 0,33 6,78 ± 0,39 41,66 ± 0,75

Page 67: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F.M 67

4.5 Estabilidade térmica da enzima β-galactosidase solúvel e imobilizada

Na literatura (Pedroche et al., 2006), há relatos da relação direta do aumento das

ligações da enzima ao suporte com o acréscimo na estabilidade térmica e operacional dos

derivados obtidos.

A Figura 14 mostra a estabilidade térmica a 60 °C da enzima solúvel e imobilizada ao

longo do tempo para três biocatalisadores analisados. A Tabela 5 mostra os valores estimados

para as constantes de desativação térmica Kd, utilizando o modelo de desativação primeira

ordem (Belver et al., 2002). A Tabela 5 mostra ainda os valores do tempo de meia vida (t1/2) e

do Fator de Estabilização (FE). A enzima imobilizada apresenta uma maior estabilidade

térmica que a enzima livre. Observa-se ainda que o biocatalisador obtido quando se utilizou o

suporte ativado com glutaraldeído 0,8%, com tempo de contato enzima-suporte de 5h,

apresentou o maior tempo de meia vida. O fator de estabilidade foi de 17,37%, enquanto que

o glicidol obteve o menor fator com o valor de 6,79%.

Page 68: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F.M 68

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 220,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

Ativ

idad

e re

lativ

a (A

/A0)

Tempo (min)

0 2 4 6 8 10 12 14 160,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

Ativ

ida

de r

elat

iva

(A/A

0)

Tempo (min)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 220,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

Ativ

ida

de r

elat

iva

(A/A

0)

Tempo (min)

(A)

(B)

(C)

Page 69: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F.M 69

Figura 14 - Estabilidade térmica a 60 °C da β-galactosidase solúvel e imobilizada em quitosana 2% m/v reticulada com três diferentes substâncias variando o tempo de imobilização: 3 h (A), 5 h (B) e 10 h (C). (�) enzima solúvel; (�) enzima imobilizada em quitosana reticulada com glicidol 3,2% v/v; (�) enzima imobilizada em quitosana reticulada com epicloridrina 3,2% v/v; (�) enzima imobilizada em quitosana reticulada com glutaraldeído 0,8 % v/v. As curvas apresentam a aproximação do modelo de desativação de primeira ordem. Tabela 5 - Valores estimados para as constantes de desativação térmica Kd, tempo de mia vida e o fator de estabilização em função do tipo de ativação da enzima imobilizada, aplicando o modelo de primeira ordem.

Condições da enzima

e ativadores

Tempo de

imobilização

(h)

Kd

(min-1) R2

t1/2

(min)

Fator de

Estabilização

Enzima Solúvel - 0,5201±0,069 0,9333 1,33 -

Glicidol

3 0,0766±0,002 0,9811 9,03 6,79

5 0,0526± 0,003 0,9923 13,17 9,89

10 0,0385±0,002 0,9837 18,00 13,48

Epicloridrina

3 0,0460±0,0192 0,9842 15,00 11,32

5 0,0431± 0,001 0,9989 16,07 12,08

10 0,0329±0,001 0,9679 21,01 15,80

Glutaraldeído

3 0,0461±0,015 0,9845 15,01 11,29

5 0,0300±0,003 0,9529 23,1 17,37

10 0,0330±0,002 0,9787 21,00 15,74

Dwevedi e Kayastha (2009) estudaram a imobilização da enzima β-galactosidase

produzida por Pisum ativum usando os suportes “Sephadex-PsBGAL” e quitosana reticulada

com glutaraldeído e obtiveram uma meia-vida de 22 min e 116 min a 50 ºC, respectivamente.

Os resultados obtidos por esses autores foram similares ao obtido nesse estudo, pois

demonstraram um tempo de meia vida maior para o suporte quitosana reticulada com

glutaraldeído.

Page 70: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F.M 70

Obteve-se um tempo de meia vida maior para quitosana reticulada com glutaraldeído,

porque nessa reação ocorre o ataque nucleofílicos dos grupos amino da quitosana aos grupos

carbonilas do glutaraldeído e essa ligação covalente (grupos amino do biopolímero e o

aldeído terminal do glutaraldeído) é irreversível e resiste a valores extremos de pH e

temperatura (Mendes, et al., 2011). O mecanismo de reação da epicloridrina com quitosana é

bastante similar ao do glutaraldeído, no entanto, este agente de reticulação reage

preferencialmente com os grupos hidroxilas da quitosana (Mendes, et al., 2011), fornecendo

menos pontos de ligação enzima-suporte.

As lisinas no tampão pH 7,0 só possuem os grupos amino terminal expostos para a

reação com o suporte. Para que os grupos aminos da lisina estejam desprotonados, o pH em

torno da enzima deve ser em torno de 10,5 (Adriano, 2008). Então neste trabalho só os grupos

amino terminal estavam participando da reação, ligação dita “unipontual”, por isso o fator de

estabilidade foi só 17 vezes (agente de reticulação glutaraldeído) maior que o dá enzima

solúvel.

A menor reatividade dos grupos glioxil é decorrente do tamanho do braço espaçador

obtido, com apenas 2 átomos de carbono, que por impedimento estérico, por estarem mais

próximos do microambiente do suporte, reduz a capacidade de imobilizar concentrações

elevadas de enzimas. Neste trabalho deve ter acontecido isto já que o glicidol e a epicloridrina

obtiveram baixos rendimentos de imobilização. O glutraldeído que possui um braço espaçador

maior, favoreceu para um melhor rendimento de imobilização, porque o aumento da cadeia

carbônica do braço espaçador aumenta a sua reatividade e permite uma maior concentração de

enzima imobilizada (Adriano et al., 2008; Mendes et al., 2011).

O agente reticulador e o tempo escolhido para imobilizar foram a quitosana reticulada

com glutaraldeído para o tempo de 5h, porque com esse tempo de imobilização obteve-se um

maior tempo de meia vida, demonstrado um derivado com maior estabilidade para as

aplicações de hidrólise e leito fixo.

4.6 Influência da temperatura na atividade de hidrólise sintética

A Figura 15 mostra a influencia da temperatura na atividade de hidrólise de lactose

catalisada pela enzima β-galactosidase solúvel e imobilizada em quitosana reticulada com

glutaraldeído. Observa-se que a temperatura ótima para a enzima β-galactosidase solúvel e

imobilizada foi 40 °C. Resultado este que foi similar ao obtido por Numanoglu e Sunglur

(2004). Os autores observaram que a temperatura ótima para enzima β-galactosidase

Page 71: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F.M 71

produzida por K. lactis (solúvel e imobilizada em sistema de gelatina que foi de 40°C tanto

solúvel como imobilizada.

Ansari e Husain (2011) imobilizaram β-galactosidase de Kluyveromyces lactis

(Lactozim 5000) em concanavalina A em camadas de nanopartículas de óxido de alumínio, e

obtiveram atividade máxima na temperatura de 50 °C tanto para a enzima solúvel quanto para

a imobilizada, esse resultado foi diferente desse estudo, porque a temperatura ótima foi 40 °C

tanto para a enzima imobilizada e solúvel.

30 35 40 45 50

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

Ativ

idad

e r

ela

tiva

(A

/A0)

Temperatura (°C)

Figura 15 - Influência da temperatura sobre a atividade de hidrólise de lactose catalisada por β-galactosidase solúvel e imobilizada. Hidrólise de uma solução sintética (lactose 5,0% (m/v) em tampão de fosfato de potássio 100 mM com 0,1 mM de MnCl2. Legenda: (�) enzima solúvel; (�) enzima imobilizada.

4.7 Influência do pH na hidrólise de uma solução sintética de lactose 5%

A Figura 16 mostra a influência do pH na atividade da enzima livre e imobilizada,

mostrando que a faixa de pH ótimo é entre 6,5 a 7 tanto para a enzima solúvel e imobilizada.

No pH de 5,5 a 6,5 a atividade foi um pouco menor em torno de 0,90 para a enzima solúvel e

um pouco mais para a enzima imobilizada. Depois do ponto ótimo a atividade caiu

rapidamente com o aumento do pH.

O pH ótimo da enzima depende de fatores tais como, pKa dos grupos de aminoácidos

presentes no sítio ativo da enzima, microambiente em torno do sítio ativo e a polaridade da

solução do solvente (Price e Stevens, 2000).

Page 72: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F.M 72

A maioria dos efeitos de perturbação do pH observados em preparações de enzimas

imobilizadas podem ser explicado considerando a distribuição de prótons em todo o sistema e

analisar os fatores que levam à acumulação relativa ou depleção de prótons no microambiente

em torno do enzima (Dwevedi e Kayastha, 2009).

4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,50,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

Ativ

ida

de r

ela

tiva

(A

/A0)

pH

Figura 16 - Influência do pH sobre a atividade hidrolítica da β-galactosidase solúvel e imobilizada na hidrólise de lactose em tampão fosfato de potássio 100 mM adicionado de 0,1 mM MnCl2 a temperatura de 40° C. (�) enzima solúvel e (�) enzima imobilizada em gel de quitosana 2,0% reticulada com glutraldeído 0,8%.

Em se tratando da mesma enzima, mas se a fonte de micro-organismo for diferentes,

pode se obter diferentes pH ótimos. Os autores Dwevedi e Kayastha (2009) estudaram o pH

ótimo da enzima β-galactosidase produzido por Pisum sativum imobilizada em quitosana (1%

m/v) reticulada com glutaraldeído nos substratos ONPG e lactose de 2,8 e 4,4,

respectivamente.

Manera et al. (2010) caracterizaram a β-galactosidase obtida da permeabilização de

células de Kluyveromyces marxianus CCT 7082 e obtiveram a atividade máxima em pH 6,6 e

temperatura de 50 °C, sendo esse resultado de pH condizente com o resultados obtido nesse

estudo para a enzima solúvel.

Page 73: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F.M 73

As enzimas comumente utilizadas para a hidrólise da lactose são extraídas das

leveduras Kluveromyces lactis, que apresentam pH ótimo entre 6 e 7, e temperatura ótima de

35 °C ou Kluveromyces fragilis, com pH ótimo em torno de 6,5 e temperatura ótima de 40

(Zadom, 1984). Como observado nas Figuras 8 e 9, os resultados encontrados neste estudo

para pH (7,0) e temperatura ótima (40 ºC) da enzima β-galactosidase são próximos as

condições de pH e temperatura das enzimas comumente utilizadas na hidrólise da lactose

citados nas literaturas acima.

4.8 Estabilidade de armazenamento da enzima β-galactosidase solúvel diluída em

tampão fosfato

Amostras de β-galactosidase solúvel foram armazenadas na geladeira (10 °C) e no

freezer (4° C) durante 105 dias, visando avaliar a sua estabilidade à estocagem. Verificou-se

que após 105 dias a enzima solúvel perdeu 30 e 7,2% da sua atividade inicial quando

armazenada na geladeira e no freezer, respectivamente. No entanto, a enzima imobilizada

manteve 100% da sua atividade quando estocada a 4 °C por 90 dias em solução tampão

fosfato de potássio pH 7,0. Esse resultado indica que o suporte utilizado para a imobilização

da enzima (quitosana 2% m/m ativada com glutaraldeído 0,8% v/v) propiciou uma maior

estabilidade de armazenagem da enzima.

Jochems et al. (2011) armazenaram a enzima β-galactosidase produzida por K. lactis,

solúvel e imobilizada a 5 °C num tampão tris-HCl com 50 mM NaCl e 50 mM MgCl2 (pH 5–

9). No estudo desses autores, eles observaram que a enzima solúvel tinha 46% da sua

atividade depois de sete dias, enquanto que a enzima imobilizada manteve 60% após o mesmo

período de tempo de armazenamento. Após 14 dias, a enzima solúvel perdeu mais de 80% da

sua atividade inicial, enquanto que a enzima imobilizada perdeu 59% da sua atividade inicial.

Comparando estes resultados, a enzima produzida neste estudo apresentou-se mais estável a

estocagem. Além do suporte utilizado, o tampão utilizado neste trabalho foi um fator

importante para manter a enzima estável por longo tempo, por não apresentar sais de sódio em

sua composição e possuir sais que ativam a enzima (Mg2+ e Mn2+), ao contrário do tampão

utilizado pelos autores Jochems et al. (2011).

Page 74: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F.M 74

4.9. Hidrólise de lactose catalisada por β-galactosidase:ensaios em reator batelada

Determinou-se a conversão de lactose catalisada por β-galactosidase solúvel e

imobilizada em quitosana reticulada com glutaraldeído. Para tal fim, o substrato lactose 5,0%

(m/v) foi preparado em tampão de fosfato de potássio 100 mM a pH 7,0. A Figura 16 mostra

os resultados obtidos em 8 h de reação a 40 °C utilizando a enzima solúvel e imobilizada

como catalisador. Ressalta-se que a mesma carga enzimática foi utilizada em ambos os casos

(3,98 U de enzima por g de lactose). Observando a Figura 17, nota-se um aumento da

conversão com o aumento do tempo reacional até 200 min, obtendo conversões de 86% e

83% para a enzima solúvel e imobilizada, respectivamente. Após esse período a conversão é

praticamente constante.

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 5000

20

40

60

80

100

Con

vers

ão (

%)

Tempo (min)

Figura 17 - Conversão da lactose PA (5% m/v) em glicose em reator batelada a 40 °C por 8 h catalisada pela enzima β-galactosidase solúvel (�) e imobilizada (�).

A conversão da lactose em glicose e galactose utilizando a enzima produzida foi

superior aos resultados obtidos por Vieira (2009). Esse autor estudou a hidrólise da lactose

(5% m/v) utilizando uma enzima comercial β-galactosidase solúvel e imobilizada utilizando

uma carga enzimática de 2 U/g lactose durante 7 h a 40 °C e obtiveram uma conversão de 30

e 25%, respectivamente.

Page 75: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F.M 75

Também, o presente estudo mostrou-se superior ao realizado por Miezeliene et al.

(2000), que atingiram uma conversão de 70% da lactose na hidrólise do leite com uma alta

carga de enzima imobilizada em DEAE –Sephadex em torno de 70 U de enzima imobilizada/

g de lactose.

4.10 Influência da temperatura na hidrólise do leite desnatado catalisada por β-

galactosidase solúvel e imobilizada

A Figura 18 mostra que a temperatura ótima para a enzima β-galactosidase solúvel e

imobilizada foi 40 °C na hidrólise do leite desnatado. Este resultado foi igual ao obtido na

hidrólise da solução sintética de lactose 5% em tampão fosfato. Porém a conversão obtida foi

inferior para os dois biocatalisadores utilizados. Provavelmente ocorreu uma inibição pelos

íons Ca2+ presente em diferentes produtos lácteos (Adalberto et al., 2010), ocorrendo uma

diminuição na atividade enzimática corroborando com os resultados do estudo da influência

dos íons na atividade da enzima β-galactosidase produzida neste trabalho (item 4.2).

Também, observa-se que a enzima solúvel foi mais eficiente que a imobilizada, o que

não aconteceu na hidrólise da solução sintética de lactose, na qual o perfil de conversão era

semelhante. Provavelmente houve uma adsorção de metais presente no leite na quitosana, pois

esse suporte apresenta uma alta capacidade de adsorver metais e há diferentes estudos de

tratamento de efluentes e remoção de metais (Wibowo et al., 2007). Esse fenômeno pode ter

dificultado o acesso da lactose ao sítio ativo da enzima.

Page 76: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F.M 76

0 10 20 30 40 500

10

20

30

40

50

60

Con

vers

ão (

%)

Temperatura (°C)

Figura 18 -Influência da temperatura na hidrólise do leite desnatado com 4,3% (m/v) de lactose pela enzima β-galactosidase solúvel (�) e imobilizada (�)

4.11 Hidrólise enzimática da lactose do leite desnatado

Como pode ser visto na Figura 19, a conversão aumentou com o tempo, mas o

máximo atingindo para enzima solúvel foi de 16,77% e para a enzima imobilizada foi de

20,12% demonstrando uma conversão baixa. Acredita-se que este resultado se deve

principalmente a mudança do pH do meio reacional, que no início era 6,5; mas depois de 8 h

estava em torno de 4,30. A enzima solúvel por estar menos protegida começou a desnaturar já

a enzima imobilizada conseguiu ainda aumentar um pouco a conversão.

Ladero et al. (2006) utilizando a enzima β-galactosidase produzida de Thermus sp

obteve a inativação total da enzima na faixa de pH ácido de 3 a 5,5. Isso demonstra que a

faixa de pH ácida desfavorece a atividade da enzima, por isso foi obtido uma baixa conversão

da lactose no estudo acima.

A conversão do leite desnatado foi pequena comparada com leite desnatado em

solução tampão (solução sintética de lactose 2,0%) na Figura 14 (próximo item) que atingiram

atividades de 38,04% para enzima solúvel e para a enzima imobilizada em 42,84%. Isso

aconteceu, porque o leite possui íons de cálcio e sódio que não contribuem para o aumento da

atividade, pois o cálcio como foi visto na Figura 5, a sua presença diminui a atividade, e o

sódio também desvaforece a atividade como mostra o estudo de Vieira (2009), motivo pelo o

qual foi utilizado o agente (0,1 M NaOH) para interrupções da reação de hidrólise. As

Page 77: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F.M 77

proteínas do leite também atrapalham a atividade catalítica da enzima em estudo Marriotti et.

et al. (2008).

A redução da conversão do leite pode ser explicada pela a interferência de diversos

componentes presentes no leite, como sais (sódio e cálcio) e proteínas (3,6 g), ou seja, o meio

é mais complexo que a lactose pura (Fischer, 2010). A concentração de cálcio presente no

leite, acima de 0,2 g/L, por exemplo, é maior do que a concentração que mostrou efeito

inibitório no presente estudo. Dwevedi et al. (2009) e Marriotti. et al. (2008) utilizaram soro

de leite e o leite desnatado em pó para hidrólise da lactose, respectivamente, mas fizeram

antes pré-tratamento desses substrato para a retirada de proteínas.

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

0

10

20

30

40

50

Con

vers

ão

(%)

Tempo (min)

Figura 19 - Conversão da lactose (4,36 % m/v) em glicose pela a β-galactosidase em reator batelada a 40 °C por 8 h. (�) solúvel e (�) imobilizada.

Neri et al. (2008) realizaram-se ensaios de hidrólise da lactose (4,72% m/v) presente

no leite desnatado utilizando a enzima β-galactosidase imobilizada em mPOS-PVA (álcool

polivinílico polissiloxano-magnética) por um tempo de 2 h e obteve uma conversão de 90% a

25 °C em reator batelada.

Roy e Gupta (2003) obtiveram 90% de conversão da lactose presente no soro de leite

(foi feito um pré-processado no soro antes alimentação) em reator batelada contínuo através

β-galactosidase da imobilizada em esferas de vidro a 30 °C após 48 h.

Page 78: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F.M 78

4.12 Estudo de Hidrólise enzimática da β-galactosidase para a conversão de lactose a

partir do leite diluído em solução tampão (concentração de lactose 2,00% m/v):

Como pode ser visto na Figura 19, a conversão aumentou com o tempo, e atingiu a

máxima conversão em 38,04% para enzima solúvel e para a enzima imobilizada em 42,84%

. Esse resultado mostrou uma conversão maior do que o leite desnatado sem tampão, isso por

que o tampão pH 7,0 conseguiu manter o pH do leite mais constante, terminando com pH 6,3,

condição que não foi tão desfavorável para a enzima.

0 100 200 300 400 5000

10

20

30

40

50

Con

vers

ão

(%)

Tempo (min)

Figura 20- Conversão da lactose (2,00 % m/v) em glicose pela a β-galactosidase em reator batelada a 40 °C por 8 h. (�) solúvel; (�) imobilizada.

4.13 Estabilidade operacional da β-galactosidase imobilizada em quitosana e reticulada

com glutaraldeído 0,8%.

Analisou-se a viabilidade de utilização da enzima β-galactosidase imobilizada na

hidrólise da lactose após 10 ciclos de bateladas consecutivas a 40 °C. A Figura 20 mostra a

conversão da lactose que foi aproximadamente de 53 % para todos os ciclos.

Page 79: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F.M 79

1 2 3 4 5 6 7 8 9 100

20

40

60

80

Con

vers

ão (

%)

Ciclos

Figura 21- Estabilidade operacional da β-galactosidase imobilizada na hidrólise da lactose (5,0%) a 40 °C e pH 7,0.

Neri et al. (2008) utilizando a enzima β-galactosidase imobilizada em mPOS-PVA

durante 20 reciclos a 25 °C derivado obteve aproximadamente metade da sua atividade inicial.

Verma et al. (2012) utilizando a imobilizada β-galactosidase a partir de

Kluyveromyces lactis em nanopartículas de dióxido de silício ao longo de 11 ciclos, obteve a

metade da sua atividade inicial ao final do último ciclo. Esse resultado foi inferior ao

encontrado nesse estudo que ao longo de 10 ciclos manteve sua atividade aproximadamente

em 100%.

Em Vieira (2009) utilizando um derivado de quitosana ativada com glutaraldeído, em

sua pesquisa, foi obtido uma perda de 17% ao final do quarto ciclo de reutilização em

batelada o que acarretou numa boa estabilidade operacional da sua enzima.

Budriene et al., 2005, imobilizou β-galactosidase de Penicillium canescens, uma

enzima termofílica, em quitosana ativada com glutaraldeído, e obteve um resultado bom com

a redução de somente 10% da atividade hidrolítica inicial no quinto ciclo.

4.14 Hidrólise da lactose sintética da enzima imobilizada em leito fixo

A Figura 22 mostra a conversão de glicose na reação de hidrólise de lactose em leito

fixo a 40 ºC sem recirculação de substrato. Pode ser observada, que quando se utilizou a carga

Page 80: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F.M 80

de 1,1 U/g, a maior conversão de lactose foi de 12,85 % e o estado estacionário foi atingido

em 180 min. Quando se utilizou 3,3 U/g, a maior conversão de lactose foi de 24,55% e o

estado estacionário foi atingido em 90 min. Em ambos os ensaios, após o estado estacionário

ter sido estabelecido, a conversão permaneceu constante até o tempo de 14hs. O tempo de

residência foi igual para os dois ensaios (1,12 min), mas a produtividade foi diferente, por que

a ela depende da conversão. O resultado da produtividade é mostrado na Tabela 6.

A figura 22 B, mostra a conversão do leito em um tempo bem maior que a figura 22 A,

esse estudo foi feito com o intuito de verificar a estabilidade do derivado no leito. Pode-se

observar na Figura 22 B que o reator atingiu o estado estacionário após 1h, que se manteve até

as 14h analisadas. Este resultado demonstra a estabilidade da enzima imobilizada, uma vez

que não houve perda de atividade (conversão) no período analisado.

0 100 200 300 400 500 600 700 800 9000

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Con

vers

ão

(%)

Tempo (min)

(A) (B) Figura 22 - Conversão da glicose na reação de hidrólise utilizando uma solução sintética (lactose 2,0% (m/v) em tampão de fosfato de potássio 100 mM com 0,1 mM de MnCl2) a 40 °C por 7,5 h com carga de enzima de 1,1 U/g (�) (A); e por 14 h com carga de enzima de 3,3U/g (�) (B).

Tabela 6– Produtividade em função da carga enzimática usada na hidrólise de lactose em leito fixo.

Carga (U/g) Produtividade (g.L/min) 3,3 5,0 1,1 2,2

Haider e Husain (2009) verificaram em seus experimentos que quanto menor a vazão e

maior a carga enzimática maior a conversão do substrato em produto, eles utilizaram uma

0 100 200 300 400 5000

10

20

30

40

50

Con

vers

ão

(%)

Tempo (min)

Page 81: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F.M 81

solução sintética de lactose em leito fixo, sem recirculação do substrato com altas cargas

(1525 U) de enzima sob temperatura ambiente e atingiram uma taxa de conversão de 91%.

Xuemei Li et al., 2006, estudaram a hidrólise presente no leite por β-galactosidase de

Kluyveromyces lactis imobilizada em tecido de algodão em reator de leito fixo obtendo

aproximadamente 95% de conversão após 2 h em batelada com reciclo.

Roy e Gupta (2003) trabalharam com leito fluidizado com recirculação do substrato

soro de leite (pré-processado antes da alimentação) utilizado para hidrolisar lactose através da

enzima β-galactosidase imobilizada em granulos de celulose e reticulada com epicloridrina. O

efluente foi recirculada através da coluna. Cerca de 53% de conversão da lactose no soro de

leite pode ser alcançado em cerca de 5 h.

Page 82: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 82

5- CONCLUSÕES

No estudo de extração da enzima β-galactosidase de Kluyveromyces lactis NRRL

Y1564 em soro de leite, a utilização de uma carga de 1,10 g de pérolas de vidro por mL de

suspensão celular, com diâmetro entre 1,4-2,0 mm proporcionou as melhores condições de

extração por abrasão em agitador tipo vórtex, por um período de 30 min. A temperatura ótima

de produção da enzima por K. lactis NRRL Y1564 foi 30 °C obtendo uma atividade

enzimática de 4418,37 U/g de células e o melhor tempo de cultivo foi de 14 h. Com base

nesses resultados o soro de leite apresentou-se como uma fonte alternativa para a enzima β-

galactosidade.

No estudo de imobilização da enzima produzida o melhor derivado foi obtido com

quitosana (2% m/v) reticulada com glutaraldeído (0,8% v/v). A temperatura e pH ótimo

foram 40 °C e 7,0, respectivamente, para a hidrólise da lactose usando a enzima solúvel ou

imobilizada. O biocatalisador produzido nesse estudo apresentou um fator de estabilidade de

17,37%,com uma estabilidade operacional de 53% para a hidrólise da lactose em 10 ciclos de

bateladas e uma estabilidade de armazenamento de 100% quando armazenada a 4 °C por 90

dias. Este derivado demonstrou eficiência na hidrólise da lactose.

O imobilizado se mostrou viável para utilização em reator de leito fixo. Nas condições

estudadas obteve-se uma conversão de lactose de 24,55%, quando utilizado uma carga de

enzima de 3,3U/g e 12,85% de hidrólise quando utilizado uma carga de 1,1U/g.

Page 83: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M.F.M 83

6- SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

- Determinação dos parâmetros cinéticos (Vmáx, km e kp) da hidrólise da solução

sintética de lactose pela a enzima solúvel e imobilizada;

- Avaliação da influência da concentração inicial de lactose na atividade de hidrólise

da β-galactosidase solúvel e imobilizada;

- Determinação da estabilidade do derivado em leito fixo e calcular sua conversão

variando a altura do leito.

- Condução de ensaios aumentando a carga no leito fixo para o aumento da conversão.

Page 84: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 84

7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADALBERTO, P. R. MASSABNI, A. C.; CARMONA, E. C.; GOULART, A. J.; MONTI, R.

Effect of divalent metal íons on the activity and stability of β-galactosidase isolated from k

Kluyveromyces lactis. Journal of Basic and Applied Farmaceutical Sciences, v. 31(3),

P.143-150, 2010.

ADAM, A. C.; RUBIO-TEXEIRA, M.; POLAINA, J. Lactose: the milk sugar from a

biotechnological perspective. Crit Rev Food Sci Nutr;44, p. 553–557, 2004.

ADRIANO, S. W. Preparação e caracterização de derivados de enzimas industriais em

quitosana. Tese de Doutorado. Universidade Federal de São Carlos, p. 84. 2008.

ADRIANO, W. S.; MENDONÇA, D. B.; RODRIGUES, D. S.; MAMMARELLA, E. J.;

GIORDANO, R. L. C. Improving the Properties of Chitosan as Support for the Covalent

Multipoint Immobilization of Chymotrypsin. Biomacromolecules, v.9, p. 2170, 2008.

AKTAS, N., BOYACI, I. H., MUTLU, M.; TANYOLAC, A. Optimization of lactose

utilization in deproteinated whey by Kluyveromyces marxianus using response surface

methodology (RSM) 504, Bioresource Technology, v. 97,p. 2252-2259, 2006.

ANSARI, A. S.; HUSAIN, Q. Lactose hydrolysis from milk/whey in batch and continuous

processes by concanavalin A-Celite 545 immobilized Aspergillus oryzae β galactosidase,

Food and Bioproducts Processing, v. 90, I. 2, , p. 351-359, 2012.

ASENJO, J. A.; ANDREWS, B. A.; HUANG, R. B. Differential product release (DPR) of

proteins from yeast: a new technique for selective product recovery. Biotechnol. Bioeng,

v.38, p. 977, 1991.

ATHANASIADIS, I.; PARASKEVOPOULOU, A.; BLEKAS, G.; KIOSSEOGLOU, V.

Development of a novel whey beverage by fermentation with kefir granules effect of various

treatments. Biotechnol. Progr. 20, 1091–1095, 2004.

Page 85: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 85

BANSAL, s.; OBEROI, H. S; DHILLON, G.; PATIL, R.T. Production of β-galactosidase by

Kluyveromyces marxianus MTCC 1388 using whey and effect of four different methods of

enzyme extraction on β-galactosidase activity. Indian Journal of Microbiology , v.48, n. 3,

2008.

BARBOSA, M. R.; ARAÚJO, E. H. Estudo da Produção da Enzima Lactase utilizando soro

de queijo e fungo filamentoso Aspergillus Níger. Horizonte Ciêntífico, v.1, n.1, 2007.

BERGER, J. L.; LEE, B. H.; LACROIX, C. Purification, properties and characterization of a

high molecular-mass β-galactosidaseisoenzyme from Thermus aquatics YT-1. Biothecnology

and Appied Biochemistry, v.25, p.19-41, 1997.

BERGER, J.; REIST, M.; MAYER, J. M.; FELT, O. Structure and interactions in covalently

and ionically crosslinked chitosan hydrogels for biomedical applications. European Journal

of Pharmaceutics and Biopharmaceutics, v.57, p.19-34, 2004.

BEZERRA, C. S., Imobilização de β-galactosidase de Kluyveromyces lactis em diferentes

suportes e protocolos de ativação. Dissertação de Mestrado em Engenharia Química.

Universidade Federal do Ceará. Ceará. 2012.

BHOWMIK, T.; JOHNSON, M. C.; RAY, B. Factors influencing synthesis and activity of β-

gactosidase in Lactobacillus acidophilus. Journal Industrial Microbiology, v.2, p.1–7, 1987.

Biotechnology Letters, v.22, p.589-593, 2000.

BORZANI, W.; SCHMIDELL, W.; LIMA, U. A.; AQUARONE, E. Biotecnologia

Industrial . 1ª reimpressão. São Paulo: Editora Edgard Blücher, v. 1: Fundamentos, 2005a.

BRADFORD, M. M. A rapid and sensitive method for the quantitation of microgram

quantities of proteins utilizing the principle of protein-dye binding. Analytical Biochemistry,

v.72, p.248-254. 1976.

BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução RDC 2005 nº. 205. Enzimas e preparações

enzimáticas para o uso na produção de alimentos destinados ao consumo humano. Diário

Oficial da União, Brasília, 14 nov, 2006.

Page 86: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 86

BREUNIG, K.D.; BOLOTIN-FUKUHARA, M.; BIANCHI, M.M.; BOURGAREL, D.;

FALCONE C.; FERRERO, I. Regulation of primary carbon metabolism in Kluyveromyces

lactis. Enzyme Microbiol Technol, v.26, p. 771–780, 2000.

BROWMILK , T.; JONHSON, M. C.; RAY, B. Factors influence synthesis and activityof β-

galactosidase in Lactobacillus acidophilus. Journal Industrial Microbiology , v.2, p.1-7,

1987.

BUDRIENE, S.; GOROCHOVCEVA, N.; ROMASKEVIC, T.; YUGOVA, V. L.;

MIEZELIENE, A.;DIENYS, G.; ZUBRIENE, A. β-galactosidase from Penicillium

canescens. Properties and immobilization. Central European Journal of

Chemistry, v.3, n.1, p.95-105. 2005.

CAMPBELL, M. K. Bioquímica. Porto Alegre: Artmed Editora, 3a ed., p. 751. 2000.

CARDIAS, H.C.T. Estudo da imobilização multipontual da penicilina G acilase em sílica

ativada com glutaraldeído, Dissertação (Mestrado em Engenharia Química), Universidade

Federal de São Carlos, São Carlos, Brasil, 1996.

CARDOSO, C. L. MORAES M. C.; CASS Q. B. Imobilização de enzimas em suportes

cromatográficos: uma ferramenta na busca por substâncias bioativas. Quím. Nova, vol.32,

São Paulo. 2009.

CARMINATTI, C. A. Ensaios de hidrólise enzimática da lactose em reator a membrana

utilizando a β-galactosidase de Kluyveromyces lactis. Dissertação de Mestrado em

Engenharia Química. Universidade Federal de Santa Catarina. 2001.

CARNEIRO, E. A. Imobilização de lipase de candida Antarctica tipo b em toyopearl. Tese

de Doutorado. Universidade Federal do Ceará, p. 02. 2008.

CARPIO, C.; GONZÀLEZ, P.; RUALES, J.; BATISTA-VIERA, F. Bone-bound enzymes for

food industry application. Food Chem., v.68, p. 403, 2000.

Page 87: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 87

CAVAILLE, D.; COMBES, D. Characterization of β-galactosidase from Kluyveromyces

lactis. Biotechnology Appl. Biochemistry, v.22, p. 55-64, 1995.

CHRISTAKOPOULOS, P. e KEKOS, D. Modeling of the simultaneous hydrolysis

ultrafiltration of whey permeate by a thermostable β-galactosidase from Aspergillus niger.

Biochemical Engineering Journal, v. 24, p. 161-172, 2005.

CRAIG D. B; HALL T.; GOLTZ D. M. Escherichia coli α-galactosidase is heterogeneous

with respect to a requirement for magnesium. Biometals, v.13, p. 223-229, 2000.

DAGBAGLI S.; GOKSUNGUR Y. Optimization of β-galactosidase production using

Kluyveromyces lactis NRRL Y-8279 by response surface methodology. Electronic J. of

Biotechnol, v.1, n.4, 2008.

DALLA-VECCHIA, R.; NASCIMENTO, G. M.; SOLDI, V. Aplicações sintéticas de lípases

imobilizadas em polímeros. Química Nova, v.27, n.4, p.623-630, 2004.

DI SERIO, M.; MATURO, C.; ALTERIS, E.; PARASCANDOLA, P.; TESSER, R.; SANTA

CESARIA, E. Lactose hydrolysis by immobilized β-gactosidase: The effect of the supports

and the kinetics. Catalysis Today, v.79-80, p. 333-339, 2003.

DOMINGUES, L.; GUIMARÃES, P. M.; OLIVEIRA, C. Metabolic engineering of

Saccharomyces cerevisiae for lactose/whey fermentation, Bioengineered Bugs. 1, p.164–71,

2010.

DWEVEDI, A.; KAYASTHA, A. M. Optimal immobilization of β-galactosidase (PsBGAL)

onto Sephadex and chitosan beads using response surface methodology and its applications.

Bioresource Techonology, v.100, 2009.

FERNÁNDEZ-LAFUENTE, R.; ROSELL, C.M.; RODRIGUEZ, V.; SANTANA, C.;

SOLER, G.; BASTIDA, A.; GUISÁN, J.M. Preparation of activated supports containing low

pK amino groups. A new tool for protein immobilization via the carboxyl coupling method,

Enzyme Microbial Technology, v. 15, no. 7, p. 546-550, 1993.

Page 88: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 88

FISCHER, J. Hidrólise de lactose por β-galactosidase de Aspergillus oryzae imobilizada

em reator de leite fixo, Mestrado em Engenharia Química, Universidade Federal de Minas

Gerais, 2010.

FITCHOROV, ARMA A. K, AMIJI M., SRIDHAR, S. Sustained drug release from non-

eroding nanoporous templates. Small 6, p. 213–216, 2010.

FLORES, M. V.; VOGET,C. E and ERTOLA, R. J. J. Permeabilization of yeasts cells

(Kluyveromyces lactis) with organic solvents. Enzyme and Microbiology Technology, v.16,

1994.

FLORES, S. H.; ALEGRE, R. M. Produção de b-galactosidase de Erwinia aroideae cultivada

em soro de queijo. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE FERMENTAÇÃO, 11., São Carlos 1996,

Anais do XI SINAFERM. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, p. 321-326, 1996.

FREITAS, L.; PEREZ, V. H.; SANTOS, J. C.; DE CASTRO, H. F.; Enzymatic Synthesis of

Glyceride Esters in Solvent-Free System: Influence of the Molar Ratio, Lipase Source and

Functional Activating Agent of the Support J. Braz. Chem. Soc., v.18, p.1360, 2007.

FUKUHARA H. Kluyveromyces lactis - A retrospective. FEMS Yeast Res v.6, p. 323–324,

2006.

FURLAN, S. A.; SCHNEIDER, A. L. S.; MER. Formulation of a lactose-free, low-cost

culture medium for the production of β-D-galactosidase by Kluyveromyces marxianus.

Biotechnology Letters, v.22, p.589-593, 2000.

GÄNZLE; M.G.; HAASE, G.; JELEN, P. Lactose: crystallization, hydrolysis and value-

added derivatives. Int Dairy J , 18, p. 685–94. 2008.

GÉKAS, V.; LOPEZ-LEIVA, M. Hidrolysis of lactose: A Literature Review Process

Biochemistry, v. 20, p. 2-12. 1985.

GENARI, A. N. Configuração de um biorreator de leito fixo para hidrólise da lactose.

Dissertação de Mestrado. Engenharia Química, 2000.

Page 89: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 89

GIACOMINI, C., IRAZOQUI G., BATISTA-VIERA, F., BRENA, B. M. Influence of the

immobilization chemistry on the properties of immobilized β-gactosidases Journal of

Molecular Catalysis B: Enzymatic , v. 11, p. 597–606. 2001.

GIACOMINI, C.; VILLARINO, A.; FRANCO-FRAGUAS, L.; BATISTA-VIEIRA, F.

Immobilization of β-galactosidase from Kluyveromyces lactis on silica and agarose:

comparison of different methods. Journal of Molecular Catalysis B: Enzymatic, v.4, p.313-

327, 1998.

GONÇALVES, V. L.; LARANJEIRA, M. C. M.; FÁVERE, V. T.; PEDROSA, R. C.;

Polímeros: Ciência e Tecnologia, v.15, p. 650, 2005.

GREENBERG, N. A.; MAHONEY, R. R. Production and characterization of β-galactosidase

from Streptococcus thermophilus. Journal of Science, v.47, p.1824-1828, 1982.

GROSOVÁ, Z. ; ROSENBERG, M.; REBROS, M. Perspectives and applications of

Immobilised β-galactosidase in Food Industry – A Review. Czech Journal of Food Sciense,

Praha, v. 26, n1, p.1-14, 2008.

GUIMARÃES, P. M. R.; TEIXEIRA, J. A.; DOMINGUES, L. Fermentation of lactose to bio-

ethanol by yeasts as part of integrated solutions for the valorisation of cheese whey.

Biotechnology Advances, v.28, p. 375–384, 2010.

GUPTA, K. C.; JABRAIL, F. H. Carbohydr. Polym.,v. 66,p. 43, 2006.

HAIDER, T.; HUSAIN, Q. Preparation of lactose free milk by using salt fractionated almond

(Amygdalus communis) β-galactosidase. J. Sci. Food Agric., v. 87, p.1278–1283, 2007.

HARADA M, INOHARA M, NAKAO M, NAKAYAMA T, KAKUDO A, SHIBANO Y,

AMACHI T. Divalent metal ion requirements of a thermostable multimetal β-galactosidase

from Saccharopolyspora rectivirgula. J Biol Chem. v.35, p. 22021-26, 1994.

Page 90: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 90

HATZINIKOLAOU, D. G.; KATSIFAS, E.; MAMMA, D.; KARAGOUNI, A. D.;

HOSSEINI, M.; SHOJAOSADATI, S. A.; TOWFIGHI, J. Application of a bubble-column

reactor for the production of a single-cell protein from cheese whey. Industrial Chemical

Research, v. 42, p. 764-766, 2003.

HOYOUX, A. D.; JENNES, I.; DUBOIS, P. G. S. Adapted β-galactosidase from the Antarctic

psychrophile Pseudo alteromonashalo planktis. Appl Environ Microbiol , v.67, p.4. 2001.

HUSAIN Q. Β galactosidases and their potential applications: a review. Crit Rev Biotechnol,

30, p. 41–62, 2010.

INCHAURRONDO, V. A.; YANTORNO, O. M.; VOGET, C. E. Yeast growth and β-

galactosidase production during aerobic bath cultures in lactose-limited synthetic medium.

Process Biochemistry, v. 29, p. 47-54, 1994.

ITOH, K., TOBA, T.; Adachi, S. Properties of β-gactosidase of Lactobacillus kefiranofaciens

K-1 isolated from kefir grains. Letters in Applied Microbiology , v.15, p. 232-234, 1992.

JACOBSON R. H.; ZHANG X. J.; DU BOSE R. F. MATTHEWS B. W. Three-dimensional

structure of β-galactosidase from E. coli. Nature, v.6, p. 369-761, 1994.

JEGANNATHAN, K. R.; ABANG, S.; PONCELET, D.; CHAN, E. S.; RAVINDRA, P.

Production of biodiesel using immobilized lipasea critical review. Crit. Rev. Biotechnol,

v.28, p.253, 2008.

JOCHEMS, P.; SATYAWALI, Y.; VAN ROY, S.; DOYEN, W.; DIELS, L.; DEJONGHE

W. Characterization and optimization of β-galactosidase immobilization process on a mixed-

matrix membrane. Enzyme MicrobTechnol; v.49, p.580-588, 2011.

JURADO, E.; CAMACHO, F.; LUZÓN, G.; VICARIA, J. M. A new kinetic model proposed

for enzymatic hydrolysis of lactose by a β-galactosidase from Kluyveromyces fragilis.

Enzyme and Microbial Technology, 31, p.300–309, 2002.

Page 91: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 91

JURADO, E.; CAMACHO, F.; LUZÓN, G.; VICARIA, J. M. Kinetic and enzymatic

adsorption model in a recirculation hollow-fibre bioreactor, Bioprocess Biosyst. Eng. v. 28,

p. 27–36, 2005.

KLEIN, M. P. Imobilização de β-galactosidase para obtenção de produtos lácteos com

baixo teor de lactose Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos Universidade Federal

do Rio Grande do Sul. 2010.

KOSSEVA, M. R.; PANESAR, P.S.; KAUR G.; KENNEDY, J.F. Use of immobilised

biocatalysts in the processing of cheese whey. Int Journal Biol Macromol , v. 45, p. 437–47,

2009.

KRAJEWSKA, B. Application of chitin- and chitosan-based materials for enzyme

immobilizations: a review. Enzyme and Microbial Technology, v. 35, p. 126-139, 2004.

KUMAR, M. N. V. R.; MUZZARELLI, R. A. A.; MUZZARELLI, C.; SASHIWA, H.;

DOMB, A. J. Chitosan chemistry and pharmaceutical, Chemical Reviews, v. 104, n.12, p.

6017-6084, 2004.

LADERO M.; RUIZ G., PESSELA B. C. C.; A. VIAN, SANTOS, A.; GARCIA-OCHOA F.

Thermal and pH inactivation of an immobilized thermostable β-galactosidase from Thermus

sp. strain T2: Comparison to the free enzyme. Biochemical Engineering Journal, vol. 31,

p.14-24, 2006.

LADERO, M.; SANTOS, A.; GARCI´A-OCHOA, F. Kinetic modeling of lactose hydrolysis

with an immobilized β-gactosidase from Kluyveromyces fragilis, Enzyme and Microbial

Technology, 27, p.583–592, 2000.

LEHNINGER, A. L. Bioquímica. 7ª reimp. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 1997. v. 1:

Componentes moleculares das células.

LIMA, A. F. Imobilização de uma β-galactosidase produzida por Kluyveromyces lactis

NRRL Y-1564 cultivada em soro de leite. Tese de Doutorado, Programa de Pós-graduação

em Biotecnologia, Universidade Federal do Ceará, 2012.

Page 92: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 92

LIMA, A. F.; RODRIGUES, T. H.S.; ROCHA, M. V. P.; CAVALCANTE, K. F.;

GONÇALVES, L. R. B. Seleção de espécies de Kluyveromyces para a produção de β-

galactosidase em soro de leite. In: Simpósio Nacional de Bioprocessos 18., 2011. Caxias do

Sul. Anais do XVIII Simpósio Nacional de Bioprocessos, Caxias do Sul, 2011.

LIMA, U. A. Biotecnologia dos processos fermentativos e enzimáticos. Editora Edgar

Blucher ;V. 3, 2001.

MACARIO, A.; MOLINER, M; CORMA, A.; GIORDANO, G.. Increasing stability and

productivity of lipase enzyme by encapsulation in a porous organic–inorganic system.

Microporous and Mesoporous Materials, v. 118, p. 334–340, 2009.

MAMMARELLA E.J.; Rubiolo A.C.; Predicting the packed bed reactor performance with

immobilized microbial lactase, Process Biochem., 41, p.1627–1636, 2006.

MANERA, A. P.; ORES, J. C., RIBEIRO, V. A.; BURKERT, C. A. V. ; KALIL, S. J.

Optimization of the Culture Medium for the Production of β-Galactosidase from

Kluyveromyces marxianus CCT 7082. Food Technol. Biotechnol, 2008.

MARIOTTI, M. P.; YAMANAKA, H.; ARAUJO, A. R.; TREVISAN, H. C.Hydrolysis of

Whey Lactose by Immobilized β-Galactosidase. Brazilian Archives Of Biology And

Technology., vol. 51, n. 6 p.1233-1240, 2008.

MARTINEZ-BILBAO M.; GAUNT M.T.; HUBER R. E. E461H-β-galactosidase

(Escherichia coli): altered divalent metal specificity and slow but reversible metal

inactivation. Biochemistry, v. 34 (41), p. 13437-42, 1995.

MATEO, C.; BΒNCOR, L.; LÓPEZ-GALLEGO, F.; HIDALGO, A.; ALONSO-MORALES,

N.; DELLAMORA-ORTIZ, G.; FERNÁNDEZ-LAFUENTE, R.; GUISÁN, M.J. Different

mechanisms of protein immobilization on glutaraldehyde activated supports: Effect of support

activation and immobilization conditions. Enzyme and Microbial Technology, v.39, p.877-

882, 2006.

Page 93: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 93

MATEO, C.; PALOMO, J. M.; FERNANDEZ-LORENTE, G.; GUISAN, J. M.;

FERNANDEZ-LAFUENTE-FERNANDEZ, R. Improvement of enzyme activity, stability

and selectivity via immobilization techniques. Enzyme Microb. Technol, v.40, p.1451, 2007.

MATHEUS, A. L. R. ; RIVAS, N. Producción y caracterización parcial de β-galactosidase de

Kluyveromyces lactis propagada en suero de leche desproteinizado. Archivos

Latinoamericanos de Nutrición, v. 53, n.2, p., 2003.

MAULLU, C.; LAMPIS, G.; DESOGUS, A.; INGIANNI, A.; ROSSOLINI, G. M.; POMPEI,

R. High-level production of heterologous protein by engineered yeasts grown in cottage

cheese whey. Appl Environ Microbiol ., v 65, 2745–7, 1999.

MEDEIROS, F. O. ; ALVES, F. G.; LISBOA, C. R.; MARTINS, D. S.; BURKERT, C. A. V.;

KALIL, S. J. Ondas ultrassônicas e pérolas de vidro: um novo método de extração de β-

galactosidase para uso em laboratório. Química Nova, v.31, p. 336-339, 2008.

MENDES, A. A. Seleção de suportes e protocolos de imobilização de lipases para a

síntese enzimática de biodiesel. Tese de doutorado. Universidade Federal de São Carlos,

Brazil, 2009.

MENDES, A. A.; CASTRO, H. F.; RODRIGUES, D. S.; ADRIANO, W. S.; TARDIOLI, P.

W.; MAMMARELLA, E. J.; GIORDANO, R. C.; GIORDANO, R. L. C. Multipoint covalent

immobilization of lipase on chitosan hybrid hydrogels: influence of the polyelectrolyte

complex type and chemical modification on the catalytic properties of the biocatalysts. J. Ind.

Microbiol. Biotechnol., v.38, p.1055, 2011.

MENDES, A.; OLIVEIRA P. C.; CASTRO H. F.; GIORDANO R. L. C. Aplicação

de quitosana como suporte para a imobilização de enzimas de interesse industrial.

Quím. Nova, v.34, 2011.

MIEZELIENE, A.; ZUBRIENE, A., BUDRIENE, S.; DYENIS, G.; SEREIKATE, J. Use of

native and immobilized β-galactosidase in the food industry. Food Biotechnology. p. 171-

175, 2000.

Page 94: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 94

MILETIC, N.; VUKOVI, Z.; NASTOSOVI, A.; LOOS, K. Macroporous poly (glycidyl

methacrylate-ethylene glycol dimethacrylate) resins-versatile immobilization supports for

biocatalysts. Journal of the Molecular Catalysis. B, Netherlands, v. 56, n. 1, p. 196-201,

2009.

MUZZARELLI, R. A. A. Genipin-crosslinked chitosan hydrogels as biomedical and

pharmaceutical aids. Carbohydr. Polym., v.1, p.77, 2009.

NERI D. F. M, BALCÃO, V. M.; CARNEIRO C., M G; CARVALHO Jr. L. B., TEIXEIRA

J. A. Immobilization of β-gactosidase from Kluyveromyceslactis onto a polysiloxane-

polyvinyl alcohol magnetic (mPOS–PVA) composite for lactose hydrolysis. Catalysis

Communications, v.9, p.2334–2339, 2008.

NICHELE, V.; SIGNORETTO, M.; GHEDNI E. β-galactosidase entrapment in silica gel

matrices for a more effective treatment of lactose intolerance, Journal of Molecular

Catalysis B: Enzymatic, 71, p. 10–15, 2011.

NUMANOĞLU, Y.; SUNGUR, S. β-Galactosidase from Kluyveromyces lactis cell disruption

and enzyme immobilization using a cellulose–gelatin carrier system. Process Biochemistry,

v. 39, p. 703–709, 2004.

OLIVEIRA, E. A. Imobilização da enzima frutosiltrasnferase extracelular de

rhodotorula e aplicação na produção de frutooligossacarídeos. Dissertação de Mestrado.

Mestrado em Engenharia de Alimentos, 87. Campinas, 2007.

ORDONEZ, J. A. Alimentos de Origem Animal. In:Tecnologia de Alimentos v. 2, p. 13-

125, 2005.

ORNELAS, A. P; SILVEIRA, W. B; SAMPAIO, F. C; PASSOS, F. M. The activity of β-

galactosidase and lactose metabolism in Kluyveromyces lactis cultured in cheese whey as a

function of growth rate. Journal Appl Microbiol , 2008.

Page 95: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 95

PANDIT, A. B.; HARRISON, S.; FARKADE, V. D. Heat induced translocation of proteins

and enzymes within the cell: an effective way to optimize the microbial cell disruption

process. Biochem.Eng. Journal, v.23, p. 247, 2005.

PANESAR P. S.; PANESAR R., SINGH R.S.; KENNEDY J. F.; KUMAR H. Microbial

production, immobilization and applications of β-D-galactosidase. J Chem Tech Biotech, 81,

p. 530-543, 2006.

PEDRO M. R.; GUIMARÃES, J. A.; TEIXEIRA, L. D. Fermentation of lactose to bio-

ethanol by yeasts as part of integrated solutions for the valorization of cheese whey,

Biotechnology Advances, Braga, v.28, p. 375-384, 2010.

PEDROCHE J., YUST M. M.; MATEO, C.; FERNANDEZ-LAFUENTE, R.; IRONCALLE,

J. ALAIZ, M.; VIOQUE, J.;GUISÁN, J.M., MILÁN, F. Effect of the support and xperimental

conditions in the intensity of the multipoint covalent attachament of protein on glyoxyl-garose

supports: correlation between enzyme support linkages and thermal stability, Enzyme and

Microbial Technology, v.40, 2007.

PERSIKE, D. S.; BONFIM, T. M.; SANTOS, M. H. R.; LYNG, S. M. O.; CHIARELLO, M.

D.; FONTANA, J. D. Invertase and urease activies in the carotenogenic yeast

Xanthophyllomyces dendrorhous (formerly Phaffia rhodozyma). Bioresour. Technol, v.82,

p.79, 2002.

PESSELA, C. C. B.; MATEO, C. ; FUENTES, M.; VIAN, A.; GARCIA, L. J.;

CARRACOSCA, V. A.; GUISÁN, M. J., FERNANDES-LAFUENTEL., R. The

immobilizacion of a thermophilic β-galactosidase on Sepabeads supports decrease product

inhibition complete hydrolysis of lactose in dairy products. Enzyme and Microbial and

Technology, v. 33, p. 199-205, 2003.

PESSOA JÚNIOR, A. Purificação de produtos biotecnológicos. Barueri: Manole, 2005.

440 p.

Page 96: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 96

PRICE, N., STEVENS, L. An introduction to enzyme kinetics. In: Price, N., Stevans,L.

(Eds.), Fundamentals of Enzymology: The Cell and Molecular Biology of Catalytic Proteins,

Oxford University Press, p. 135, 2000.

RAJOKA, M. I.; LATIF, F.; KHAN, S.; SHAHID, R. Kinetics of improved productivity of β-

galactosidase by a cycloheximide-resistant mutant of Kluyveromyces marxianus.

Biotechnology Letters, v. 26, p. 741-746, 2004.

RODRIGUES, R. S. B. Produção e caracterização de um biocatalisador heterogêneo para

ser utilizado em aplicações industriais. Doutorado em Biologia Celular e Molecular.

Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Rio Grande do Sul. 2009.

RODRIGUES, S. D.; MENDES, A. A.; ADRIANO, S. W.; GONÇALVES, B. R. L.;

GIORDANO, C. L. R. Multipoint covalent immobilization of microbial lipase on chitosan

and agarose activated by different methods. Journal of Molecular Catalysis b: Enzymatic,

v.51, p.100-109, 2008.

ROY, I; GUPTA M N. Lactose hydrolysis by Lactozym TM immobilized on cellulose beads

in batch and fluidized bed modes. ProcessBiochemistry. v.39, p.325-332, 2003.

RUBIO-TEXEIRA, M. A. Comparative analysis on the Gal genetic switch between not so

distant cousins - Saccharomyces cerevisiae versus Kluyveromyces lactis. Feems Yeast

Research, v. 5, p. 1115-1128, 2006.

SANTIAGO, P. A. Contribuição ao estudo da produção de β-galactosidas por

fermentação de soro de queijo com Kluyveromyces marxianus. Dissertação de Mestrado

em Engenharia Química. Faculdade de Engenharia Química. Universidade Federal de

Uberlândia. Minas Gerais. 2002.

SANTIAGO, P. A.; MARQUEZ, L. D. S.; CARDOSO, V. L.; RIBEIRO, E. J. Estudo da

produção de β-galactosidase por fermentação de soro de queijo com Kluyveromyces

marxianus. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 24, n. 4, p. 567-572, 2004.

Page 97: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 97

SANTOS, W. O. Participação de β-galactosidade em sistemas aquosos bifásicos

constituídos por polietileno glicol e poliacrilato de sódio. Mestrado em Engenharia de

Alimentos. Programa de Pós‐Graduação da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia,

2011.

SCHIMIDEL, W. Biotecnologia dos processos fermentativos. In: Engenharia bioquímica

Editora Edgar Blucher, v. 2, 2001.

SHELDON, R. A. Enzyme Immobilization: The Quest for Optimum Performance. Adv.

Synth. Catal., v.349, p.1289, 2007.

SPASSOV, V. Z.; KARSHIKOFF, A. D.; LADENSTEIN, R. The optimization of protein

solvent interactions: thermostability and the role of hydrophobic and electrostatic interactions.

Protein Science. 4, 1516–1527, 1995.

SUTENDRA G, WONG S, FRASER ME, HUBER RE. β- galactosidase( Escherichia coli )

has a second catalyt ically galactosidase (Escherichia coli), important Mg2+ site . Biochem

Biophys Research Communications , v.352(2), p.566-70, 2007.

TAN, W. S.; KAMARUDDIN, S.; LING, T. C.; CHEW, T. K.; WOI Ho, C. Process

Biochem, v. 41, p. 1829, 2006.

TANAKA, A.; KAWAMOTO, T. Cell and Enzyme Immobilization. American Society for

Microbiology. Washington: 94, 1999.

TARDIOLI, P. W.; PEDROCHE, J.; GIORDANO, R. L. C.; FERNÁNDEZ-LAFUENTE, R.;

GUISÁN, J. M. Hydrolyses of proteins by immobilized-estabilized alcalase glyoxyl agarose.

Biotechnology Progress, v.19, p.352-360, 2003.

TELLO-SOLÍS, S. R.; JIMÉNEZ-GUZMÁN, J.; SARABIA-LEOS, C.; GÓMEZ-RUÍZ, L.;

CRUZGUERRERO, A. E.; RODRÍGUEZ-SERRANO, G. M.; GARCÍA-GARIBAY, M.

Determination of the Secondary Structure of Kluyveromyces lactis β-Galactosidase by

Page 98: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 98

Circular Dichroism and its Structure-Activity Relationship as a Function of the pH. J. Agric.

Food Chem. v. 53 n. 26, p. 10200-10204, 2005.

THARANATHAN R.N. AND PRASHANTH K.V. H. Chitin/chitosan: modifications and

theirunlimited application potentialdan overview. Trends in Food Science & Technology,

v.18, p.117-131, 2007.

TOSTES, A. A. M.d. Estudo da Hidrólise enzimática em soro de queijo utilizando

lactases Prozyn e Lactozyn. 2006. 61 f. Dissertação de Mestrado em Engenharia Química,

Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2006.

TSIGOS, I.; MARTINOU, A.; KAFETZOPOULOS, D.; BOURIOTIS, V. Chitin

deacetylases: new, versatile tools in biotechnology Trends Biotechnol., v.18, p.305, 2000.

USTOK F. I. ; TARI C.; HARSA S. Biochemical and thermal properties of b-galactosidase

enzymes produced by artisanal yoghurt cultures. Food Chemistry, v.119, p. 1114–1120,

2010.

VAN OOYEN A. J.; DEKKER P.; HUANG M.; OLSTHOORN M. M.; JACOBS DI.;

COLUSSI P. A.; TARON C. H.; Heterologous protein production in the yeast Kluyveromyces

lactis. FEMS Yeast Res v.6, p. 381–392, 2006.

VERMA, M. L.; BARROW C. J.; KENNEDY J. F.; PURI, M. Immobilization of β-d-

galactosidase from Kluyveromyces lactis on functionalized silicon dioxide nanoparticles:

Characterization and lactose hydrolysis. Int. J. Biol.Macromol , v. 50, 432– 7, 2012.

VIEIRA, D. C. Imobilização da enzima β-galactosidase de Kluyveromyces fragilis em

agarose e quitosana utilizando diferentes protocolos de ativação. Dissertação de mestrado

em Engenharia Química. Universidade Federal de São Carlos, SP – Brasil, 2009.

WAINWRIGHT, M. Introducción a la biotecnologia de los hongos. Zaragoza: Editorial

Acribia, 1995.

Page 99: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 99

WIBOWO, A.; VELAZQUEZ, G.; SAVANT, V.; TORRES, J. A. Effect of chitosan type on

proteis and water recovery efficiency from surimi wash watertreated with chitosan-alginate

complexes. Bioresource Technology, v.98, n 3, p. 539 – 545, 2007.

XUEMEI, LI A; QUINN Z. K.; ZHOUA, X.; CHENA, D. A Pilot-scale lactose hydrolysis

using galactosidase immobilized on cotton fabric. Food and bioproduct processing research

received, v.10, 2006.

ZACARCHENCO, P. B.; VAN DENDER, A. G.; SPADOTI, L. M.; MORENO, I. Soro de

leite: de problema ambiental a solução para tratamento de doenças. Revista Leite e Derivados

n.106, p.1807-9733, 2000

Page 100: MARIA DE FÁTIMA MATOS DE FREITAS

Freitas, M. F. M 100

ANEXOS Anexos A

Tabela A. 1 - Análise de Variância para o estudo de inibição dos solventes na atividade da enzima β-galactosidase.

Grau de Liberdade

Soma Quadrática

Média Quadrática

Valor de F

Prob>F

Modelo 3 12,57352 4,19117 15,11638 0,00117 Erro 8 2,21808 0,27726 Total 11 14,7916

Coeficiente de Ajuste (R2) = 0,8500 Com um nível de 0,05, a média dos dados são significativamente diferente.

Tabela A. 2 - Teste de Tukey para a avaliação do teste de inibição dos solventes na atividade da enzima β-galactosidase

Comparações Diferença MD Valor de q Prob Erro

Sig LCL UCL

Tolueno + Etanol com Sem solvente -0,9336 0,4299 3,071 0,21067 0,05 0

-2,3104 0,4432

Tolueno com Sem solvente -1,8461 0,4299 6,072 0,01128 0,05 1

-3,2229 -0,4693

Tolueno com Tolueno + Etanol -0,9125 0,4299 3,002 0,2249 0,05 0

-2,2893 0,4643

Etanol com Sem sovente 0,8944 0,4299 2,942 0,23777 0,05 0

-0,4824 2,2712

Etanol com Tolueno + Etanol 1,8280 0,4299 6,013 0,01192 0,05 1 0,4512 3,2048

Etanol com Tolueno 2,7405 0,4299 9,015 9,73E-

04 0,05 1 1,3637 4,1173 Nota: MD: Média Quadrática.

O Sig igual a 1, significa que houve diferença significativa na tolerância de 5%.

O Sig igual a 0, significa que não houve diferença significativa na tolerância de 5%.