DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO...

59
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE LEITE E DERIVADOS EMELY OSTI ZANON Londrina 2018 DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO À BASE DE PROTEÍNAS DO SORO DE LEITE ENRIQUECIDO COM β-GLUCANA

Transcript of DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO...

Page 1: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE LEITE E DERIVADOS

EMELY OSTI ZANON

Londrina 2018

DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO À BASE DE PROTEÍNAS DO SORO DE LEITE

ENRIQUECIDO COM β-GLUCANA

Page 2: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

EMELY OSTI ZANON

Cidade

ano

AUTOR

Londrina

2018

DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO À BASE DE PROTEÍNAS DO SORO DE LEITE

ENRIQUECIDO COM β-GLUCANA

Dissertação apresentada à UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciência e Tecnologia de Leite e Derivados. Orientador: Prof. Dr. Rafael Fagnani

Page 3: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Dados Internacionais de catalogação na publicação (CIP) Universidade Pitágoras Unopar Biblioteca CCBS/CCECA PIZA

Setor de Tratamento da Informação

Zanon, Emely Osti Z33d Desenvolvimento de um produto lácteo cremoso à base de proteínas do

soro de leite enriquecido com β-glucana. / Emely Osti Zanon. Londrina: [s.n], 2018.

57 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Leite e Derivados).

Universidade Pitágoras Unopar. Orientador: Prof. Dr. Rafael Fagnani. 1- Imunomodulação - Dissertação - UNOPAR 2- Produto lácteo -

Desenvolvimento 3- Proteínas do soro de leite 4- β-glucana 5- Saúde 6- Reaproveitamento I- Fagnani, Rafael; orient. II- Universidade Pitágoras Unopar.

CDD 637

Andressa Fernanda Matos Bonfim - CRB 9/1643

Page 4: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

EMELY OSTI ZANON

DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO À BASE DE

PROTEÍNAS DO SORO DE LEITE ENRIQUECIDO COM β-GLUCANA

Dissertação apresentada à UNOPAR, no Mestrado em Ciência e Tecnologia de Leite

e Derivados, área e concentração em Ciência e Tecnologia de Leite e Derivados como

requisito parcial para a obtenção do título de Mestre conferido pela Banca

Examinadora composta pelos seguintes membros:

_________________________________________ Prof. Dr. Rafael Fagnani

Universidade Pitágoras Unopar

_________________________________________ Prof. Dr. Raul Jorge Hernan Castro Gómez

Universidade Estadual de Londrina

_________________________________________ Profa. Dra. Giselle A. Nobre Costa Universidade Pitágoras Unopar

Londrina, 02 de março de 2018.

Page 5: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me proporcionado esta oportunidade, por me dar

forças para conseguir alcançar meus objetivos e por estar comigo sempre!

Nestes dois anos de muito trabalho, tive a oportunidade de passar por dois

orientadores incríveis. Muito obrigada ao Dr. Raul J. H. Castro Gómez e ao Dr. Rafael

Fagnani que me acolheram e me direcionaram com muita sabedoria. Obrigada por

todo o ensinamento compartilhado, conselhos, paciência e confiança que depositaram

em mim.

Obrigada a banca avaliadora, por dispor de seu tempo para avaliar este

trabalho.

Obrigada a todos os professores, técnicos do laboratório, alunos de iniciação

científica e a coordenação do Mestrado em Ciência e Tecnologia de Leite e Derivados,

pessoas de grande sabedoria que fizeram a diferença e me ajudaram muito.

Obrigada a minha família e namorado por sempre estarem comigo nos

momentos bons e ruins.

Obrigada aos amigos que se tornaram família participando junto desta

caminhada, me ajudando, aconselhando e principalmente estando um ao lado do

outro.

Agradeço também à CAPES, que financiou o estudo e proporcionou esta

busca por conhecimento, contribuindo para a execução deste trabalho.

Obrigada a todos!

Page 6: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota no mar. Mas

o mar seria menor se lhe faltasse uma gota”. (Madre Teresa de Calcutá).

Page 7: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

ZANON, Emely Osti. Desenvolvimento de um produto lácteo cremoso à base de proteínas do soro de leite enriquecido com β-glucana. 2018. 57 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Leite e Derivados) - Unidade Piza, Universidade Pitágoras Unopar, Londrina, 2018.

RESUMO

O soro de leite, coproduto das indústrias de laticínios, apresenta em sua composição proteínas de valor biológico. A β-glucana também possui propriedades funcionais, principalmente no sistema imunológico. Seu uso junto com proteínas do soro de leite está cada vez mais estudado, demonstrando serem moduladores de resposta imune além de melhorar as propriedades físicas dos alimentos. O objetivo deste trabalho foi desenvolver e caracterizar um alimento cremoso composto pelas proteínas do soro de leite enriquecido com β-glucana. Utilizou-se um delineamento fatorial fracionado (3³) para extrair as proteínas do soro de leite testando três variáveis sendo pH (3,8 – 4,0 – 4,6), concentração do soro de leite em pó (30% - 40% - 50%) e temperatura (85ºC – 90ºC – 95ºC) com porcentagem proteica como resposta. A melhor condição para extrair as proteínas do soro foram 4,6, concentração de soro 30% e aquecimento à 95ºC. Para a extração da β-glucana utilizou-se a levedura Saccharomyces cerevisiae comercial. As proteínas do soro formam a base do produto onde adicionou-se 1,5% de leite em pó desnatado, 0,5% de carboximetilcelulose, 1,0% de sal e 250mg/100g de β-glucana. A mesma formulação sem sal também foi produzida. A composição centesimal dos produtos com sal e sem sal respectivamente foram: proteína 19,17% e 18,67%; umidade 69,33% e 70,50%; lipídeo 0,2% e 0,2%; cinzas 3,0% e 1,95% e carboidratos totais 8,30% e 8,68%. Os produtos apresentaram boa qualidade microbiologia durante 28 dias de armazenamentos. Na análise sensorial ambas formulações tiveram um índice de aceitação de 82%. Não houve diferença significativa pelo teste de Mann-Whitney (p<0,05) entre a idade dos provadores nas notas atribuídas em aparência global, cor, sabor doce e salgado, aroma e intenção de compra, porém, em relação ao sexo, as mulheres preferiram mais a cor e o sabor salgado na formulação com sal e na formulação sem sal as mulheres preferiram mais o sabor doce do que os homens (p<0,05). Pode-se concluir que os produtos foram bem aceitos, podendo ser comercializados e agradar uma ampla faixa de consumidores. Palavras-chave: Imunomodulação. Proteico. Saúde. Reaproveitamento.

Page 8: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

ZANON, Emely Osti. Development of a “whey cream” based on serum proteins enriched with β-glucan. 2018. 57 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Leite e Derivados) - Unidade Piza, Universidade Pitágoras Unopar, Londrina, 2018.

ABSTRACT

Whey, a co-product of the dairy industry, presents in its composition proteins of biological value. β-glucan also has functional properties, mainly in the immune system. It’s use together with whey proteins is increasingly studied, demonstrating that they are modulators of immune response besides improving the physical properties of foods. The objective of this work was to develop and characterize a creamy food composed of whey proteins enriched with β-glucan. A fractionated factorial design (3³) was used to extract whey proteins by testing three variables: pH (3,8 – 4,0 – 4,6), serum whey concentration (30% - 40% - 50%) and temperature (85°C - 90°C - 95°C) with protein percentage in response. The best condition for extracting the whey proteins was pH 4,6, serum concentration 30% and heating at 95°C. For the extraction of the β-glucan the commercial Saccharomyces cerevisiae yeast. Serum proteins formed the product base where 1,5% skimmed milk powder, 0,5% carboxymethylcellulose, 1,0% salt and 250mg/100g β-glucan were added. Also the same formulation was produced without salt alone. The centesimal composition of the products with salt and without salt respectively were: protein 19,17% and 18,67%; humidity 69,33% and 70,50%; lipid 0,2% and 0,2%; ash 3,0% and 1,95% and total carbohydrates 8,30% and 8,68%. The products presented good quality microbiology during 28 day of storage presenting significant difference by the test of Kruskal-Wallis (p<0,05) only in the growth of molds and yeasts. In the sensorial analysis both formulations had an acceptance index of 82%. The Mann-Whitney test (p<0.05) did not show significant difference between the age of the testers in the scores attributed in overall appearance, color, sweet and salty taste, aroma and purchase intention. women preferred salt color and taste more in salt formulation and in salt-free formulation, women preferred sweet taste more than men (p<0.05). It can be concluded that the products were well accepted and can be marketed and please a wide range of consumers.

Key words: Immunomodulation. Protein. Health. Reuse.

Page 9: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... ........08

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................. ..........10

2.1 SORO DE LEITE............................................................................................10

2.1.1 Composição e valor nutricional....................................................................11

2.1.2 Propriedades funcionais e tecnológicas.......................................................13

2.1.3 Usos não alimentícios do soro de leite.........................................................15

2.1.4 Processos tecnológicos envolvidos no reaproveitamento do soro de

leite.......................................................................................................................17

2.2 β-GLUCANA...................................................................................................18

3 OBJETIVOS ................................................................................................ ....22

3.1 OBJETIVO GERAL.........................................................................................22

3.2 OBJETIVO ESPECÍFICO...............................................................................22

REFERÊNCIAS ............................................................................................ ......23

4 ARTIGO .......................................................................................................... .30

5 CONCLUSÃO GERAL ................................................................................ ....51

APÊNDICES .................................................................................................... ...52

APÊNCICE A - FICHAS SENSORIAIS.................................................................53

APÊNDICE B - TERMO DE CONCENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO.........54

ANEXOS ........................................................................................................... ..55

ANEXO A - RÓTULO SORO DE LEITE EM PÓ....................................................56

ANEXO B - PARECER COMITÊ DE ÉTICA..........................................................57

Page 10: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

8

1 INTRODUÇÃO

Cada vez mais, a busca por uma alimentação saudável vem ganhando espaço

no mercado, abrindo portas para o desenvolvimento de novos produtos que visam o

bem estar e a saúde dos consumidores. Portanto, a introdução de alimentos

funcionais é uma alternativa para suprir esta demanda, que além de contribuir para a

nutrição convencional, contêm substâncias com propriedades biologicamente ativas

que geram benefícios à saúde (BALDISSERA et al., 2011).

O soro de leite, coproduto das indústrias de laticínios, compõe cerca de 80%

a 90% do volume total do leite. É obtido após a fabricação convencional de queijos ou

extração da caseína e maior parte das gorduras (KOSSEVA et al., 2009). Apresenta

em sua composição proteínas de valor biológico (β-lactoglobulinas, α-lactoalbuminas,

albumina sérica e imunoglobulinas), além de possuir alto teor de aminoácidos

essenciais e de cadeia ramificada como BCAA, lisina, leucina, isoleucina, valina,

treonina, triptofano, fenilalanina, lactalbumina, fatores de crescimento IG-1 e IG-2,

metionina e cisteína (SMITHERS, 2008; OLIVEIRA; BRAVO; TONIAL, 2012).

Devido a sua elevada carga orgânica, o soro de leite descartado no meio

ambiente se torna altamente poluente, possuindo valores de DBO (Demanda

Bioquímica de Oxigênio) de 30.000 a 40.000 mg de oxigênio por litro de soro, cerca

de cem vezes mais agravante daquele apresentado pelo esgoto doméstico

(ANDRADE; NETO; LOPES, 2015).

Ao notarem o alto poder poluente do soro de leite, as autoridades reguladoras

junto com a Resolução nº 357, de 17 de março de 2005 do CONAMA proibiram a sua

eliminação em rios e esgotos, o que gerou novas oportunidade para seu devido

reaproveitamento (BRASIL, 2005). Seu uso como ingrediente em diversos alimentos

e bebidas pode atender a demanda dos consumidores por alimentos saudáveis devido

ao valor biológico das proteínas e suas propriedades funcionais, além de auxiliar na

redução do impacto ambiental (SMITHERS, 2008).

Os componentes mais valiosos presente no soro de leite são as proteínas,

porém, sua concentração no soro integral é baixa, precisando a aplicação de técnicas

para obter um produto concentrado (PAGNO et al., 2009).

Um dos processos utilizados para esta concentração é o método ácido-

térmico, que consiste em uma precipitação simples das proteínas pelo emprego de

calor e alteração do pH com a adição de um ácido orgânico (ANDRADE; NETO;

Page 11: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

9

LOPES, 2015; FLORÊNCIO et al., 2013).

Para aumentar o poder funcional, nutricional e tecnológico do soro de leite e

suas proteínas, acrescentar β-glucana se torna uma opção. As β-glucanas são

polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras, algas, bactérias e em

alguns cereais que apresentam propriedades imunomoduladoras, atuando como

antitumoral, anti-inflamatório, antimutagênico, hipocolesterolêmico e hipoglicêmico

(NEWMAN; NEWMAN, 2006; MAGNANI; CASTRO-GÓMEZ, 2008; MIRA; GRAF;

CÂNDIDO, 2009).

A extração da β-glucana mais estudada é a partir da parede celular da

Saccharomyces cerevisiae, levedura amplamente utilizada em indústrias de

panificação e cervejarias (MAGNANI; CASTRO-GÓMEZ, 2008).

O uso da β-glucana como ingrediente junto com proteínas do soro de leite vem

sendo estudado demonstrando serem moduladores de resposta imune, além de

possuir um bom potencial na melhoria de propriedades físicas dos alimentos,

apresentando ser um bom espessante, retentor de água e estabilizador de emulsões

(THAMAKITI et al., 2004; KITTISUBAN; RITTHIRUANGDEJ; SUPHANTHARIKA,

2014).

Assim, utilizou-se as proteínas do soro de leite juntamente com β-glucana para

o desenvolvimento e caracterização de um composto lácteo cremoso para ser

consumido como acompanhamento em pães e biscoitos.

Page 12: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

10

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 SORO DE LEITE

Há cerca de 10.000 anos estão as primeiras evidências da exploração do leite

pelo homem junto com a domesticação de animais ungulados (VIGNE, 2011). A

fermentação, a coagulação e consequentemente, o contato com o soro de leite

também acompanham essa época e o consumo de lácteos era majoritariamente

através de queijos e iogurtes (CURRY, 2013).

O soro de leite, também conhecido como soro de queijo, soro lácteo ou lacto-

soro é atualmente um coproduto das indústrias de laticínios, sendo representado pela

fração aquosa do leite, separada das caseínas e da maior parte das gorduras. O soro

pode ser obtido através da fabricação convencional de queijos ou através da

concentração da caseína por tecnologias de membranas. Dependendo do processo

de precipitação das caseínas, o soro pode ser denominado como soro doce (pH 6-7),

proveniente da coagulação enzimática; ou soro ácido (pH <5), obtido através da

coagulação ácida (KOSSEVA et al., 2009; PAGNO et al., 2009).

O soro de leite tem sido considerado um fluxo de resíduos e incômodos para

os produtores de queijos. Basearam-se na premissa de possuir pouco valor, portanto,

encontrou-se maneiras de descarte mais econômico, como: pulverização do soro em

campos, descarrego do soro em rios lagos e oceanos, descarte no sistema de esgoto

e venda do soro de leite para alimentação animal. Mas, todas estas práticas foram

substituídas ao transformarem o soro de leite de um resíduo industrial para uma

matéria-prima de alto valor biológico (SMITHERS, 2008).

O soro descartado no meio ambiente se torna altamente poluente, devido a

sua elevada carga orgânica e pela quantidade gerada. O soro possui valores altos de

DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) e DQO (Demanda Química de Oxigênio),

sendo cerca de 30.000 a 40.000 mg de oxigênio por litro de soro, valor cem vezes

mais agravante daquele apresentado pelo esgoto doméstico (ANDRADE; NETO;

LOPES, 2015; BALDISSERA et al., 2011).

Ao notarem seu alto poder poluente, as autoridades reguladoras proibiram a

eliminação do soro de leite não tratado em rios e esgotos. A aplicação de abordagem

técnicas científicas modernas também ajudaram no entendimento das características

físicas, químicas, biológicas e nutricionais de seus componentes. Além disto,

Page 13: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

11

processos eficientes e econômicos para novos tratamentos do soro foram surgindo,

como sua concentração e desidratação, possibilitando novos usos principalmente do

mercado alimentício, pois, para atender a demanda dos consumidores por alimentos

saudáveis, gerou-se a oportunidade para a produção de ingredientes com alto teor de

soro (SMITHERS, 2008).

Segundo a última atualização da FAO, foram produzidos aproximadamente

2.6 milhões de toneladas de soro de leite no ano de 2014, quantidade relativamente

alta se não aproveitado pelas indústrias de maneira correta. Este volume de soro tem

demonstrado crescimento na mesma taxa da produção de leite, correspondendo um

aumento de 3% ao ano (FAO, 2018).

As indústrias de grande porte normalmente utilizam o soro de leite em

produção de suplementos, bebidas lácteas ou até para aprimoramento de seus

próprios produtos. Mas, estas indústrias representam apenas 15% dos produtores de

soro. A maior parte vem das indústrias de médio e pequeno porte que não possuem

estrutura para seu devido processamento (TONI et al., 2012; PITHAN-SILVA et al.,

2013).

O aproveitamento do soro de leite, como aditivo em produtos alimentícios, é

uma alternativa para reduzir os impactos gerados por este coproduto. Deste modo,

sua reutilização no desenvolvimento de novos produtos agregaria valor nutricional,

pois, é uma excelente fonte de proteínas se tornando um bom ingrediente funcional

(PELEGRINE; CARRASQUEIRA, 2008; ZAVAREZE; MORAES; SALLAS-MELLADO,

2010). Além do uso do soro de leite in natura, existem várias outras alternativas para

seu aproveitamento, como a produção de ricota, produção do soro em pó,

concentração das proteínas, e isolamento da lactose (GIROTO; PAWLOWSKY,

2001).

O uso do soro de leite na forma em pó é geralmente preferido por possuir

maior tempo de armazenamento e várias alternativas de uso, como por exemplo, ser

modificado ou misturado em produtos alimentícios.

2.1.1 Composição e valor nutricional

Cerca de 80 a 90% do volume total de leite é constituído por soro, sendo

composto por 93% de água, 0,7% - 0,9% de proteínas, 5% de lactose, 0,3% - 0,5%

de gordura, 0,6% - 1,0% de sais minerais (como o cálcio) e algumas vitaminas do

Page 14: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

12

grupo B, variando a concentração de acordo com o processo de separação das

caseínas ou da fabricação do queijo. Dos componentes presentes no soro, a lactose

e as proteínas solúveis são os que possuem maior valor agregado (LUCENA et al.,

2006; PAGNO et al., 2009).

As frações proteicas encontradas no soro de leite são compostas por β-

lactoglobulinas (5-7g/L), α-lactoalbuminas (0,6-1,7g/L), albumina sérica (0,2-0,4 g/L) e

imunoglobulinas (0,5-1,8 g/L). Encontra-se também proteínas minoritárias como a

transferrina, lactoperoxidase, lactoferrina, microglobulina e glicomacropeptídeo

(HARAGUCHI; ABREU; PAULA, 2006; SGARBIERI, 2004).

Ainda, o soro de leite apresenta alto teor de aminoácidos essenciais,

componentes que são obtidos exclusivamente pela alimentação devido à

incapacidade do organismo sintetizá-los. Entre eles estão também os aminoácidos de

cadeia ramificada (BCAA), a lisina, leucina, isoleucina, valina, treonina, triptofano,

fenilalanina, lactalbumina, fatores de crescimento IGF-1 E IGF-2 e aminoácidos

sulfurados, como metionina e cisteína (SMITHERS, 2008; OLIVEIRA; BRAVO;

TONIAL, 2012).

A fração proteica majoritária no soro é a ß-lactoglobulina, composta por 162

aminoácidos. Esta apresenta leucina em sua composição, aminoácido essencial que

ativa as proteínas celulares que são responsáveis pela síntese muscular (MARKUS;

OLIVIER; HAAN, 2002). Um estudo recente comprova que a ingestão de apenas 9g

desta proteína é suficiente para o anabolismo muscular após exercícios de resistência

(MITCHELL et al., 2017).

As proteínas do soro conferem propriedades funcionais e nutricionais

interessantes para a indústria de alimentos. Essas propriedades são medidas através

do valor biológico da proteína. O valor biológico mede a eficiência pela qual seu corpo

utiliza uma fonte específica de aminoácidos. A quantidade presente de aminoácidos

essenciais no soro (415 mg/g) é maior, quando comparada aos ovos (400mg/g), à

caseína (380 mg/g) e a soja (320 mg/g) (PASSOTTO, 2012).

Outro método de avaliar a qualidade de uma proteína é através do Índice de

Eficiência Proteica (IEP), no qual utiliza uma escala de 0 a 3,5. O IEP do soro de leite

é de 3,2, na caseína é 2,5 e no concentrado proteico de soja é 2,2. Assim, as proteínas

do soro são classificadas como excelente do ponto de vista nutricional (UDESC,

1997). Somente a partir da década de 70, as propriedades das proteínas do soro de

leite começaram a ser estudadas (HARAGUCHI; ABREU; PAULA, 2006).

Page 15: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

13

Nas últimas décadas as indústrias lácteas têm usado diversas tecnologias

para processar o soro e separar os componentes de interesse além do nutricional,

sendo utilizado também para processos biotecnológicos, como matéria-prima em

processos fermentativos e como uso em produtos médicos e farmacêuticos

(MACWAN et al., 2016; AGUIRRE-EZKAURIATZA et al., 2010).

2.1.2 Propriedades funcionais e tecnológicas

Além das propriedades nutricionais, as proteínas do soro apresentam ótimas

propriedades funcionais e tecnológicas (SGARBIERI, 2004). Estas propriedades

funcionais se dão, devido a sua estrutura e função biológica, mostrando grande

versatilidade refletindo o modo como as proteínas interagem com os componentes de

um produto alimentar e em nosso organismo (BALDISSERA et al., 2011).

Os primeiros usos do soro de leite na alimentação foi por volta de 1940, na

Europa Ocidental. Devido às propriedades funcionais já conhecidas naquela época, a

recomendação era a ingestão de 1.500g/dia de soro, principalmente usado no

tratamento de dispepsia, uremia, gota, anemia, artrite, doenças hepáticas e até

tuberculose (KOSIKOWSKI, 1979; HOLSINGER; POSATI; DEVILBISS,1974).

Com o passar dos anos, mais propriedades funcionais das proteínas do soro

de leite foram sendo descobertas, principalmente aquelas associadas à nutrição

esportiva. Portanto, uma das formas de reaproveitamento das proteínas do soro de

leite é a produção de suplementos alimentares (KLEIBEUKER, 2009; BELLOLI, 2016).

Seu uso em nutrição esportiva é devido a presença de aminoácidos

essenciais. A sua rápida absorção pelo organismo humano traz propriedades como

maior ganho de força e hipertrofia muscular, regulam o metabolismo lipídico,

auxiliando no controle de peso corporal, saúde cardíaca e melhoramento do

desempenho muscular elevando a concentração de glutationa (poderoso

antioxidante), atuando também no controle de pressão sanguínea (HARAGUCHI;

ABREU; PAULA, 2006).

As proteínas do soro de leite também podem ser administradas por atletas de

exercícios aeróbicos, demonstrando uma melhor adaptação fisiológica e elevação no

desempenho na execução de atividades (HUANG et al., 2017).

Em um estudo recente, as proteínas de soro de leite provocaram a diminuição

da massa gorda e consequentemente um aumento simultâneo da massa magra em

Page 16: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

14

camundongos com obesidade induzida pela dieta. Também demonstrou ser benéfica

ajudando a restaurar o ecossistema intestinal, diminuição do LDL e também atuando

sistematicamente ao fortalecer o organismo aumentando a massa magra e

dificultando os efeitos prejudiciais relacionados à obesidade (ŚWIĄTECKA et al.,

2017).

As proteínas do soro de leite são conhecidas pelo seu potencial

imunomodulador, por apresentar atividade antimicrobiana e antiviral, fatores de

crescimento, reconstrução e reparação de músculos e ossos, geração de energia,

proteção ao sistema cardiovascular, e ainda há estudos a respeito da prevenção de

possíveis doenças crônicas, degenerativas e doenças inflamatórias intestinais

(OLIVEIRA; BRAVO; TONIAL, 2012; SGARBIERI, 2004; OYAMA et al., 2017;

MARCONE; BELTON; FITZGERALD, 2016).

Devido a sua elevada composição de BCAA, a utilização das proteínas do

soro de leite em dietas para perdas de peso também auxilia positivamente no controle

da glicemia. A leucina em doses de 0,675g/kg/dia em camundongos sob condições

saudáveis mostrou efeito positivo na manutenção da massa corporal, além da redução

dos níveis séricos de triglicérides, colesterol total e glicemia em jejum (SANTOS et al.,

2016).

Estudos recentes mostram cada vez mais a funcionalidade das proteínas do

soro de leite promovendo melhorias de várias respostas biológicas. MOURA et al.

(2017) estudou quatro peptídeos contendo BCAA presentes na proteína do soro

hidrolisado (WPH) no qual identificou que podem modificar parâmetros importantes

após exercícios físicos intensos. Houve alterações significativas nos peptídeos

isoleucina-leucina e leucina-valina, o que pode ocasionar redução de estresse, maior

capacidade imunológica, síntese proteica facilitada e proteção de tecidos. Também

observou-se ação de inibição de diversos tumores, como câncer de mama e de

próstata, câncer hepático e leucemia com o consumo das proteínas do soro de leite.

A ação antitumoral ocorre pela produção de glutationa que estimula os linfócitos

atuando na síntese de imunoglobulinas (ZIEGLER et al., 2012).

Além das propriedades nutricionais, as proteínas do soro, conhecidas pela

elevada solubilidade e propriedades emulsificantes, apresentam propriedades

tecnológicas que se destacam quando utilizadas como ingredientes em alimentos.

Também possuem capacidade de absorção de água, aeração e geleificação, o que

permite o desenvolvimento de diversos produtos alimentícios com apelo no sabor e

Page 17: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

15

aparência (CAPITANI et al., 2005; BALDISSERA et al., 2011; KLEIBEUKER, 2009).

O soro doce é mais utilizado pela indústria alimentícia devido ao seu valor de

pH ser 6,2 a 6,4. Já o soro ácido possui uso mais restrito como ingrediente alimentar

devido ao seu sabor ácido característico. Porém, pode ser usado em bebidas lácteas

fermentadas, realçador de sabor e até como agente antioxidante em salsichas,

substituindo o uso de nitritos (WÓJCIAK; KARWOWSKA; DOLATOWSKI, 2014).

Um estudo realizado por O’Chiu e Vardhanabhuti (2017) mostrou que é

possível obter géis aerados estáveis com complexos de proteína do soro isolada

(WPI) e polissacarídeos. Estes géis podem fornecer estabilidade em alimentos como

sorvetes e suflês, sendo um bom substituto à gordura, reduzindo o teor calórico destes

alimentos.

O soro de leite é bastante utilizado no cozimento de produtos cárneos

embutidos para intensificar o desenvolvimento de cor (DAGUER; ASSIS; BERSOT,

2010), assim como atuar como veículo anti-aglutinante em misturas secas e aumentar

o volume de pães e bolos adicionando valor funcional (ZAVAREZE, MORAES,

SALLAS-MELLADO, 2010). Também utiliza-se como melhorador de textura de doces

de leite, formador de espumas estáveis e aumento de aeração em sobremesas lácteas

e sorvetes (ANTUNES, 2003; KRÜGER et al., 2008; VIOTTO; MACHADO, 2007).

Uma das maneiras mais utilizadas no Brasil para o aproveitamento de soro é

a produção de bebidas lácteas (DRAGONE et al., 2011). Podendo ser incorporado

também na produção de bebidas fermentadas e destiladas (GIROTO; PAWLOWSKY,

2001; GUEDES et al., 2013).

2.1.3 Usos não alimentícios do soro de leite

Através de vários processos já estudados, as proteínas do soro de leite podem

ser reutilizadas como aditivos alimentares ressaltando suas inúmeras funcionalidades

para favorecer a saúde. Porém, um dos obstáculos encontrados na separação das

proteínas do soro é a grande quantidade de lactose presente no resíduo separado, o

qual possui baixa solubilidade, baixo poder adoçante e pouca digestibilidade quando

utilizada como alimento. Portanto, uma das maneiras de reutilização da lactose gerada

é na produção de etanol partindo da fermentação alcoólica (ANDRADE; NETO;

LOPES, 2015).

A lactose presente no soro serve como substrato para leveduras selecionadas

Page 18: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

16

durante o processo de fermentação. A levedura mais comum é a Kluyveromyces

marxianus, que possui a capacidade de utilizar diretamente a lactose como fonte de

carbono para a fermentação (GABARDO; RECH; AUYB, 2012; ZAFAR; OWAIS, 2006;

SANSONETTI et al., 2009). Também é realizado estudos com outras leveduras como

Kluyveromyces flagilis (DRAGONE et al., 2011), Saccharomyces flagilis IZ 275

(COLOGNESI et al., 2017) e Saccharomyces cerevisiae, embora esta última necessite

da enzima β-galactosidase para a utilização do carbono ou uma segunda fonte como

adição de sacarose, assim como a utilização de células recombinantes para a mesma

finalidade (ANDRADE; NETO; LOPES, 2015; GUIMARÃES et al., 2008).

O etanol obtido da fermentação alcoólica do soro de leite pode ser aproveitado

como matéria-prima para outros produtos, como na indústria de cosméticos, alimentos

e bebidas, fármacos e biocombustíveis (GUIMARÃES; TEIXEIRA; DOMINGUES,

2010).

A lactose utilizada na indústria farmacêutica é um diluente que possui

características aglutinantes e desagregantes. É comumente usada nas formulações

como excipientes em cápsulas e comprimidos. Porém, é contra indicado o uso de tais

fármacos pacientes intolerantes a lactose, devido a reações alérgicas que podem

apresentar (ORDOÑES, 2005; BALBANI; STELZER; MONTOVANI, 2006).

A produção de ácido lático é outro foco importante e vantajoso para o

reaproveitamento da lactose após a separação das proteínas do soro de leite. Estudos

encontraram ótimas concentrações de ácido lático (9,7g/L) utilizando Lactobacillus

helveticus cultivado em permeado de soro de leite com licor de milho como fonte de

nitrogênio (MOLLEA; MARMO; BOSCO, 2013; AMRANE; PRIGENT, 1998; AMRANE,

2003). Também utilizou-se Lactobacillus casei para o mesmo proposito onde resultou

em alta conversão de lactose para ácido lático (33,73 g/L) em 36 horas de incubação

(PANESAR et al., 2010).

A produção de biogás por bactérias anaeróbicas metanogênicas e biomassa

microbiana para suplemento e alimentação animal também são usos possíveis

conhecidos (SISO, 1996; KOSIKOWSKI, 1979). Outro estudo relacionado ao

reaproveitamento e uso do soro de leite diz respeito a produção do

polihidroxialcanoatos (PHA) (poliésteres produzidos por bactérias como reserva de

carbono e energia). Possuem propriedades termoplásticas, biocompatíveis

e biodegradáveis a partir de permeados de soro de leite utilizando culturas puras de

Page 19: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

17

micro-organismos selvagens ou recombinantes como Haloferax mediterranei

(KOLLER et al., 2007).

O soro de leite também age como agente antimicrobiano, como mostra o

estudo realizado por Verma et al. (2017), onde utilizou pediocina PA-1 contendo soro

de leite fermentado como bio-conservante na redução da carga microbiana total no

leite de búfala cru.

2.1.4 Processos tecnológicos envolvidos na obtenção do soro de leite

O soro é obtido após os processos de corte, agitação, aquecimento,

enformagem e prensagem dos queijos. Há dois tipos básicos de soro fluido obtidos, o

soro doce e ácido. O soro ácido é obtido através da coagulação das caseínas pela

adição de um ácido orgânico no qual provem da fabricação de queijos tipo cottage e

fabricação da caseína comercial. O soro doce é obtido através da coagulação

enzimática das caseínas normalmente derivado da fabricação de queijos maturados

(cheddar, suíço, provolone) (ANTUNES, 2003; KOSSEVA et al., 2009).

O soro pode ser utilizado de três formas para seu reaproveitamento: forma

líquida, condensada ou em pó.

O soro liquido possui vida útil muito curta devido a seu alto poder de

proliferação microbiana. Também deve-se evitar seu consumo direto devido a altas

concentrações de lactose presente, podendo provocar intolerância em alguns

indivíduos (ANTUNES, 2003).

Devido à alta concentração de lactose ainda presente no soro em pó,

obtiveram-se novos produtos como o soro em pó deslactosado, para usos no qual

requerem um produto com menor teor de lactose e maior concentração de proteínas.

Também utiliza-se processos como a eletrodiálise para diminuir os teores de minerais

obtendo também soro em pó desmineralizado, amplamente utilizado em fórmulas

infantis (ANTUNES, 2003).

Os componentes mais valiosos presente no soro são as proteínas. Porém, a

concentração encontrada no soro integral é reduzida, podendo aplicar técnicas para

concentração das mesmas e assim, aumentar suas funcionalidades. Quando reduz-

se o teor de lactose, obtém-se um produto com alto teor de proteínas, conhecido como

“whey protein”. Os produtos que podem ser obtidos através desta separação são

concentrado proteico de soro (do inglês – Whey Protein Concentrate – WPC) e isolado

Page 20: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

18

proteico de soro (do inglês – Whey Protein isolate – WPI) (KLEIBEUKER, 2009,

PAGNO et al., 2009).

O WPC varia a sua composição proteica de 35% a 80% em base seca.

Quando a composição proteica passa de 90% em base seca torna-se denominado

como WPI. As técnicas utilizadas para a obtenção do WPC e WPI são conhecidas

como ultrafiltração (UF), diafiltração (DI) e tratamento ácido-térmico (PAGNO et al.,

2009; BRANS et al., 2004).

A ultrafiltração é a mais utilizada para obtenção do WPC. A técnica consiste

em separar os componentes de baixo peso molecular como água, sais minerais e

lactose através de uma membrana, moléculas estas chamadas de permeadas. As

proteínas, por sua vez, possuem peso molecular maior e ficam retidas. Assim, ocorre

uma separação parcial e física dos componentes do soro de leite. Já a diafiltração é

mais utilizada para obter concentrações maiores de proteínas, como o WPI,

permitindo assim, a purificação das proteínas atribuindo maior desempenho no

processo (BALDASSO; BARROS; TESSARO, 2011).

Por outro lado, o método ácido-térmico consiste em uma precipitação simples

na remoção das proteínas pelo emprego de calor e alteração do pH para 4,6 com

adição de um ácido orgânico (ANDRADE; NETO; LOPES, 2015; FLORÊNCIO et al.,

2013). As proteínas possuem cargas positivas e negativas ao longo da sua cadeia.

Quando há excesso de um tipo de carga a estrutura da cadeia proteica abre devido a

repulsão existente entre cargas iguais. Ao acidificar o meio próximo ao ponto

isoelétrico das partículas (4,6) conjunto com o emprego de calor, ocorre um aumento

na taxa de colisão das partículas onde as cargas elétricas se unem formando um

coágulo, atingindo o equilíbrio final da reação quando a proteína é separada (LEMAN;

KINSELLA, 1989; SINGH, 2004).

2.2 β-GLUCANA

As β-glucanas são polissacarídeos encontrados na parede celular de

leveduras, algas, bactérias e em alguns cereais, como cevada, trigo e aveia. São

diferenciadas pelo tipo de ligação entre glicoses e presença de ramificações

(MAGNANI; CASTRO-GÓMEZ, 2008). Atualmente está sendo muito estudado por

suas propriedades imunomoduladoras, assim como sua atuação antitumoral, anti-

inflamatória, antimutagênica, hipocolesterolêmica e hipoglicêmica (NEWMAN;

Page 21: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

19

NEWMAN, 2006; MAGNANI; CASTRO-GÓMEZ, 2008; MIRA; GRAF; CÂNDIDO,

2009).

A estrutura de β-glucana oriunda da parede celular de leveduras e fungos

consistem em glicopiranosilos ligados na posição β1,3 com ramificações na posição

β1,6. Os cereais possuem cadeias não ramificadas com glicopiranosilos ligados na

posição β1,3 e β1,4. Já as β-glucanas de origem bacteriana possuem glicopiranosilos

ligados a β1,3 não ramificados (figura 1). Além destas diferenciações na cadeia

molecular, é possível observar variações em relação a solubilidade, massa molecular,

grau de ramificação, carga de polímero e conformação da solução. Estas

características podem influenciar significativamente seus efeitos moduladores

(VOLMAN; RAMAKERS; PLAT, 2008; ZHU; DU; XU, 2015).

Figura 1. Estrutura da β-glucana de cereais e leveduras.

Fonte: Volman, Ramakers e Plat, 2008.

A extração da β-glucana a partir da parede celular de Saccharomyces

cerevisiae, levedura conhecida pelo seu uso em processos de panificação e produção

de etanol, tem sido a mais estudada. A estrutura desta parede celular é composta por

mananas, quitinas e glucanas, sendo as glucanas de 48% a 60% de sua matéria seca

(MAGNANI; CASTRO-GÓMEZ, 2008).

As β-glucanas encontradas na parede celular de S. cerevisiae possuem uma

parte insolúvel representada por 30% a 36% de ramificações β(1-6) e outra solúvel

que representa 15% a 22% das β-glucanas presentes na parede celular. Esta

estrutura é semelhante a parte insolúvel, mas com maior número de ramificações β(1-

6) (AKRAMIENÉ et al., 2007; MAGNANI; CASTRO-GÓMEZ, 2008; PENGKUMSRI et

al., 2017).

Page 22: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

20

Uma maneira de aumentar a solubilidade da β-glucana é a derivação da

molécula de glucana para carboximetil-glucana (CM-G), um dos seus derivados mais

estudados (ARAÚJO et al., 2015; SLAMENOVÁ et al., 2003).

As β-glucanas possuem efeitos de imunomodulação que são designados como

modificador de resposta biológica. Após seu reconhecimento pelo organismo, ocorre

a ativação de células imunitárias (macrófagos e linfócitos polimorfonucleares) por

receptores específicos de superfície celular, assim, o sistema imune é ativado

entrando em ação contra situações prejudiciais ao indivíduo (BATBAYAR; LEE; KIN,

2012; MAGNANI; CASTRO-GÓMEZ, 2008).

Cada vez mais estudos in vitro vem demonstrando a eficiência da β-glucana

com relação as respostas imunológicas. Em geral, β-glucanas de várias fontes

aumentam a resposta imune de leucócitos e células epiteliais, principalmente através

da modulação de produção de citocinas (VOLMAN; RAMAKERS; PLAT, 2008;

ZEKOVIC et al., 2005).

Segundo a Resolução nº2 de 7 de janeiro de 2002, a ANVISA (Agência

Nacional de Vigilância Sanitária) regulamentou substâncias com alegação de

propriedades funcionais, na qual incluiu a β-glucana (BRASIL, 2002).

No estudo realizado por Pilarski et al. (2017) desenvolveram duas amostras de

β-glucana usando processos biotecnológicos de obtenção diferenciados. Alimentaram

tilápias do Nilo com estas duas moléculas de β-glucana durante 30 dias antes da

infecção bacteriana por Streptococcus agalactiae. Os resultados demostraram que as

diferentes amostras de β-glucana apresentaram comportamentos biologicamente

diferentes, mas ambos aumentaram a resistência contra a infecção bacteriana.

Acredita-se que uma boa alimentação pode manter a saúde e contribuir para a

prevenção ou atraso de aparecimento de doenças. A ingestão da β-glucana tem

demonstrado esta função ao ser atribuída na alimentação (BELL et al., 1999).

A β-glucana derivada da levedura S. cerevisiae é um ingrediente que

demonstrou bom potencial na melhoria de propriedades físicas dos alimentos como

sopa, molhos, sobremesas e molhos para salada apresentando ser um bom

espessante, retentor de água, estabilizador emulsionante ou agente de ligação a óleo

(THAMAKITI et al., 2004).

Kittisuban, Ritthiruangdej e Suphantharika (2014) avaliaram as propriedades

físicas de pães sem glúten assados a partir de fórmulas à base de amido de arroz

variando as concentrações dos ingredientes hidroxipropilmetilcelulose (HPMC), β-

Page 23: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

21

glucana de levedura e proteína de soro isolada (WPI). O pão com adição de 4,35%

de HPMC, 1% de β-glucana e 0,37% de WPI foi o melhor aceito em relação a

qualidade comparada com um pão de trigo tradicional e pela análise sensorial.

Deste modo, é possível incorporar a β-glucana em qualquer alimento para

agregar valor nutricional e funcional à sua formulação. Além disso, a utilização das

proteínas do soro de leite juntamente com β-glucana pode também reduzir o impacto

ambiental gerado tanto pelos laticínios quanto pelas cervejarias, utilizando o descarte

de levedura S. cerevisiae como matéria-prima para a extração da β-glucana,

atendendo assim as necessidades da indústria de alimentos bem como aos

consumidores que buscam uma alimentação saudável.

Page 24: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

22

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Desenvolver e caracterizar um composto lácteo à base de proteínas do soro

de leite e β-glucana.

3.2 OBJETIVO ESPECÍFICO

-Definir as melhores condições de separação da proteína do soro de leite pelo método

ácido-térmico;

-Definir a formulação e tecnologia de produção do composto lácteo;

-Avaliar as características físico-químicas e microbiológicas do produto;

-Avaliar a vida útil do produto;

-Avaliar a aceitação sensorial e intenção de compra do produto.

Page 25: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

23

REFERÊNCIAS

AGUIRRE-EZKAURIATZA E. J.; AGUILAR-YÁÑEZ J. M.; RAMÍREZ-MEDRANO A.; ALVAREZ M. M. Production of probiotic biomass (Lactobacillus casei) in goat milk whey: Comparison of batch, continuous and fed-batch cultures. Bioresource Technology, Mexico, v. 101, n. 8, p. 2837-2844, apr. 2010. AKRAMIENĖ, D.; KONDROTAS, A.; DIDŽIAPETRIENĖ, J.; KĖVELAITIS, E. Effects of b-glucans on the immune system. Medicina, Kaunas, v. 43, n. 8, p. 597-606, feb. 2007. AMRANE, A. Seed culture and its effect on the growth and lactic acid production of Lactobacillus helveticus. Journal of General and Applied Microbiology, Tokyo, v. 49, n. 1, p. 21-27, feb. 2003. AMRANE, A.; PRIGENT, Y. Infuence of yeast extract concentration on batch cultures of Lactobacillus helveticus: growth and production coupling. World Journal of Microbiology and Biotechnology, Oxford, v. 14, n. 4, p. 529-534, july 1998. ANDRADE, R. S.; NETO, J. A. de A.; LOPES, R. de C. S. de Q. Valorização biotecnológica de soro de leite por fermentação utilizando Saccharomyces cerevisiae. Estudos Tecnológicos em Engenharia, São Leopoldo, v. 11, n. 2, p. 82-91, jul./dez. 2015. ANTUNES, A. J. Funcionalidade de proteínas do soro de leite bovino. São Paulo: Editora Manole Ltda, 2003. 135 p. ARAÚJO, V. B. da S.; MELO, A. N. F. de.; SOUZA, N. T. de.; SILVA, V. M. B. da.; CASTRO-GÓMEZ, R. H.; SILVA, A. S.; SOUZA, E. L. de.; MAGNANI, M. Oral Intake of Carboxymethyl-Glucan (CM-G) from Yeast (Saccharomyces uvarum) Reduces Malondialdehyde Levels in Healthy Men. Molecules, Basel, v. 20, n. 8, p. 14950-14958, aug. 2015. BALBANI, A. P. S.; STELZER, L. B.; MONTOVANI, J. C. Excipientes de medicamentos e as informações da bula. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, Rio de Janeiro, v. 72, n. 3, p. 400-406, maio/jun. 2006. BALDASSO, C.; BARROS, T. C.; TESSARO, I. C. Concentrarion and purification of whey proteins by ultrafiltration. Desalination, Amsterdam, v. 278, n. 1-3, p. 381-386, sep. 2011. BALDISSERA, A. C.; BETTA, F. D.; PENNA, A. L. B.; LINDNER, J. de D. Alimentos funcionais: uma nova fronteira para o desenvolvimento de bebidas proteicas a base de soro de leite. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 32, n. 4, p. 1497-1512, out./dez. 2011. BATBAYAR, S.; LEE, D. H.; KIM, H. W. Immunomodulation of Fungal b-Glucan in Host Defense Signaling by Dectin-1. Biomolecules & Therapeutics, Seoul, v. 20, n. 5, p. 433-445, sep. 2012.

Page 26: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

24

BELL, S.; GOLDMAN, V. M.; BISTRIAN, B. R.; ARNOLD, A. H.; OSTROFF, G.; FORSE, R. A. Effect of β-Glucan from Oats and Yeast on Serum Lipids. Critical Reviews in Food Science and Nutrition, Boca Raton, v. 39, n. 2, p. 189-202, mar. 1999. BELLOLI, O. B. Desenvolvimento de um suplemento alimentar com propriedades funcionais à base de isolado proteico do soro de leite, probiótico e β-glucana. 2016. 65 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Leite e Derivados) – UNOPAR, Londrina, 2016. BRANS, G.; SCHROEN, C. G. P. H.; SMAN, R. G. M. van der.; BOOM, R. M. Membrane fractionation of milk: state of the art and challenges. Journal of Membrane Science, Amsterdam, v. 243, n. 1-2, p. 263-272, nov. 2004. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução n. 2, de 7 de janeiro de 2002. Aprova o Regulamento Técnico de Substâncias Bioativas e Probióticos Isolados com Alegação de Propriedades Funcional e ou de Saúde. Diário Oficial [da] União, Poder Executivo, Brasília, DF, 9 Jan. 2002. Seção 1, p. 191-192. BRASIL. Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Diário Oficial [da] União, Poder Executivo, Brasília, DF: Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), 2005. CAPITANI, C. D.; PACHECO, M. T. B.; GUMERATO, H. F. VITALI, A.; SCHMIDT, F. L. Recuperação de proteínas do soro de leite por meio de coacervação com polissacarídeo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 40, n. 11, p. 1123-1128, nov. 2008. COLOGNESI, G. O. S.; PEDRINHO, D. R.; SANDRA, G.; MORIOKA, L. R. I.; SUGUIMOTO, H. H. Fermentation of deproteinized cheese whey by Saccharomyces fragilis IZ 275 for ethanol production on pilot scale. African Journal of Biotechnology, Nairobi, v. 16, n. 42, oct. 2017. CURRY, A. The milk revolution. Nature, London, v. 500, n. 7460, p. 20-22, aug. 2013. DAGUER, H.; ASSIS, M. T. Q. M.; BERSOT, L. dos S. Controle da utilização de ingredientes não cárneos para injeção e marinação de carnes. Ciência Rural, Santa Maria, v. 40, n. 9, p. 2037-2046, set. 2010. DARPOSSOLO, F. P. B.; QUINTANA, L. R.; MAGNANI, M.; OBA, A.; VENÂNCIO, E. J.; CASTRO-GÓMEZ, R. J. H. Avaliação do potencial imunoestimulante da Carboximetil-glucana de Saccharomyces cerevisiae em frangos de corte (Gallus domesticus). Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 31, n. 1, p. 231-240, jan./mar. 2010. DRAGONE, G.; MUSSATTO, S. I.; SILVA, J. B. A.; TEIXEIRA, J. A. Optimal fermentation conditions for maximizing the ethanol production by Kluyveromyces fragilis from cheese whey poder. Biomass and Bioenergy, Oxford, v. 35, n. 5, p.

Page 27: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

25

1977-1982, may 2011. Food and Agriculture Organization of the United Nations. FAOSTAT, Indicator of Livestock Processed - Dry Whey, 2017. Disponível em: <http://www.fao.org/faostat/en/#data>. Acesso em: 06 abr. 2018. FLORÊNCIO, I. M.; FLORENTINO, E. R.; SILVA, F. L. H. da.; MARTINS, R. S.; CAVALCANTI, M. T.; GOMES, J. P. Produção de etanol a partir de lactossoro industrial. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 17, n. 10, p. 1088-1092, out. 2013. GABARDO, S.; RECH, R.; AYUB, M. A. Z. Performance of different immobilized-cell systems to efficiently produce ethanol from whey: fluidized batch, packed-bed and fluidized continuous bioreactors. Journal of Chemical Technology and Biotechnology, Chichester Sussex, v. 87, n. 8, p. 1194-1201, aug. 2012. GIROTO, G. M.; PAWLOWSKY, U. O soro de leite e as alternativas para o seu beneficiamento. Brasil Alimentos, São Paulo, n. 10, p. 43-46, set./out. 2001. GUEDES, A. F. L. M.; MACHADO, E. C. L.; FONSECA, M. C.; ANDRADE, S. A. C.; STAMFORD, T. L. M. Aproveitamento de soro lácteo na formulação de bebidas com frutas e hortaliças. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v. 65, n. 4, p. 1231- 1238, ago. 2013. GUIMARÃES, P. M. R.; FRANÇOIS, J.; PARROU, J. L.; TEIXEIRA, J. A.; DOMINGUES, L. Adaptive Evolution of a Lactose-Consuming Saccharomyces cerevisiae Recombinant. Applied and Environmental Microbiology, Washington, v. 74, n. 6, p. 1748-1756, mar. 2008. GUIMARÃES, P. M. R.; TEIXEIRA, J. A.; DOMINGUES, L. Fermentation of lactose to bio-ethanol by yeasts as part of integrated solutions for the valorisation of cheese whey. Biotechnology Advances, New York, v. 28, n. 3, p. 375-384, may/june 2010 HARAGUCHI, F. K.; ABREU, W. C. de.; PAULA, H. de. Proteínas do soro do leite: composição, propriedades nutricionais, aplicações no esporte e benefícios para a saúde humana. Revista de Nutrição, Campinas, v. 19, n. 4, p. 479-488, jul,/ago. 2006. HOLSINGER, V. H.; POSATI, L. P.; DEVILBSS, E. D. Whey Beverages: A Review. Journal of Dairy Science, Champaign, v. 57, n. 8, p. 849-859, aug. 1974. HUANG, W. C.; CHANG, Y. C.; CHEN, Y. M.; HSU, Y. J.; HUANG, C. C.; KAN, N. W.; CHEN, S. S. Whey Protein Improves Marathon-Induced Injury and Exercise Performance in Elite Track Runners. International Journal of Medical Sciences, Blue Haven, v. 14, n. 7, p. 648-654, jun. 2017. KITTISUBAN, P.; RITTHIRUANGDEJ, P.; SUPHANTHARIKA, M. Optimization of hydroxypropylmethylcellulose, yeast b-glucan, and whey protein levels based on physical properties of gluten-free rice bread using response surface methodology. LWT - Food Science and Technology, London, v. 57, n. 2, p. 738-748, jul. 2014.

Page 28: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

26

KLEIBEUKER, J. Whey, the way of innovation in the dairy sector. International Dairy Magazine, Madison, v. 9, n. 15, p. 30-31, 2009. KOLLER, M.; HESSE, P.; BONA, R.; KUTSCHERA, C.; ATLIC, A.; BARUNEGG, G. Potential of Various Archae- and Eubacterial Strains as Industrial Polyhydroxyalkanoate Producers from Whey. Macromolecular Bioscience, Weinheim, v. 7, n. 2, p. 218-226, feb. 2007. KOSIKOWSKI, F. V. Whey Utilization and Whey Products. Journal of Dairy Science, Champaign, v. 62, n. 7, p. 1149-1160, july 1979. KOSSEVA, M. R.; PANESAR, P. S.; KAUR, G.; KENNEDY, J. F. Use of immobilised biocatalysts in the processing of cheese whey. International Journal of Biological Macromolecules, Guildford, v. 45, n. 5, p. 437-447, dec. 2009. KRÜGER, R.; KEMPKA, A. P.; OLIVEIRA, D. de.; VALDUGA, E.; CANSIAN, R. L.; TREICHEL, H.; LUCCIO, M. D. Desenvolvimento de uma bebida láctea probiótica utilizando como substratos soro de leite e extrato hidrossolúvel de soja. Alimentos e Nutrição, Araraquara, v. 19, n. 1, p. 43-53, jan./mar. 2008. LEMAN, J.; KINSELLA, J. E. Surface activity, film formation, and emulsifying properties of milk proteins. Critical Reviews in Food Science and Nutrition, Boca Raton, v. 28, n. 2, p. 115-138, sep. 1989. LUCENA, M. E.; ALVAREZ, S.; MENÉNDEZ, C.; RIERA, F. A.; ALVAREZ, R. Beta-lactoglobulin removal from whey protein concentrates production of milk derivatives as a base for infant formulas. Separation and Purification Technology, v. 52, n. 2, p. 310-316, dec. 2006. MACWAN, S.; DABHI, B. K.; PARMAR, S. C.; APARNATHI, K. D. Whey and its utilization. International Journal of Current Microbiology and Applied Sciences, Kanchipuram, v. 5, n. 8, p. 134-155, aug. 2016. MAGNANI, M.; CASTRO-GÓMEZ, R. J. H. β-glucana de Saccharomyces cerevisiae: constituição, bioatividade e obtenção. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 29, n. 3, p. 631-650, jul./set. 2008. MARCONE, S.; BELTON, O.; FITZGERALD, D. J. Milk-derived bioactive peptides and their health promoting effects: a potential role in atherosclerosis. British Journal of Clinical Pharmacology, London, v. 83, n. 1 p. 152-162, june 2017. MARKUS, C. R.; OLIVIER, B.; HAAN, E. H. F. de. Whey protein rich in α-lactalbumin increases the ratio of plasma tryptophan to the sum of the other large neutral amino acids and improves cognitive performance in stress-vulnerable subjects. American Journal of Clinical Nutrition, Bethesda, v. 75, n. 6, p. 1051-1056, june 2002. MIRA, G. S.; GRAF, H.; CÂNDIDO, L. M. B. Visão retrospectiva em fibras alimentares com ênfase em beta-glucanas no tratamento de diabetes. Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences, São Paulo, v. 45, n. 1, p. 11-20, jan./mar., 2009.

Page 29: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

27

MITCHELL, C. J.; ZENG, N.; D’SOUZA, R. F.; MITCHELL, S. M.; AASEN, K.; FANNING, A. C.; POPPITT, S. D.; CAMERON-SMITH, D. Minimal dose of milk protein concentrate to enhance the anabolic signalling response to a single bout of resistance exercise; a randomised controlled trial. Journal of the International Society of Sports Nutrition, Woodland Park, v. 14, n. 17, p. 1-11, june 2017. MOLLEA, C.; MARMO, L. M.; BOSCO, F. Valorisation of Cheese Whey, a By-Product from the Dairy Industry. In: MUZZALUPO, I. Food Industry. London: InTech, jan. 2013, p. 549-558. MOURA, C. S.; LOLLO, P. C. B.; MORATO, P. N.; RISSO, E. M.; AMAYA-FARFAN, J. Bioactivity of food peptides: biological response of rats to bovine milk whey peptides following acute exercise. Food & Nutrition Research, London, v. 61, n. 1, p. 1-11, mar. 2017. NEWMAN, C. W.; NEWMAN, R. K. A brief history of barley foods. Cereal Foods World, Saint Paul, v. 51, n. 1, p. 4-7, jan./feb. 2006. O’CHIU, E.; VARDHANABHUTI, B. Utilizing whey protein isolate and polysaccharide complexes to stabilize aerated dairy gels. Journal of Dairy Science, Champaign, v. 100, n. 5, p. 1-9, may 2017. OLIVEIRA, D. F. de; BRAVO, C. E. C.; TONIAL, I. B. Soro de leite: um subproduto valioso. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, Juiz de Fora, v. 67, n. 385, p. 64-71, mar./abr. 2012. ORDÓÑEZ, J. A. Tecnologia de Alimentos. São Paulo: Artmed, 2005. 279p. OYAMA, M.; HUNG, T. V.; YODA, K.; HE, F.; SUZUKI, T. A novel whey tetrapeptide IPAV reduces interleukin-8 production induced by TNF-a in human intestinal Caco-2 cells. Journal of Functional Foods, London, v. 35, n. 12, p. 376-383, aug. 2017. PAGNO, C. H.; BALDASSO, C.; TESSARO, I. C.; FLORES, S. H.; JONG, E. V. de. Obtenção de concentrados proteicos de soro de leite e caracterização de suas propriedades funcionais tecnológicas. Alimentos e Nutrição, Araraquara, v. 20, n. 2, p. 231-239, abr./jun. 2009. PANESAR P. S.; KENNEDY, J. F.; KNILL, C. J. KOSSEVA, M. Production of L(+) Lactic Acid using Lactobacillus casei from Whey. Brazilian Archives of Biology and Technology, Curitiba, v. 53, n. 1, p. 219-226, jan./feb. 2010. PASSOTTO, J. A. Dossiê proteínas: proteínas lácteas aplicações e funcionalidades. Food Ingredients Brasil, São Paulo, v. 22, p. 80-82, 2012. PELEGRINE, D. H. G.; CARRASQUEIRA, R. L. Aproveitamento do soro do leite no enriquecimento nutricional de bebidas. Brazilian journal of food technology, Campinas, Edição Especial VII BMCFB, p. 145-151, dez. 2008. PENGKUMSRI, N.; SIVAMARUTHI, B. S.; SIRILUN, S.; PEERAJAN, S.; KESIKA, P.; CHAIYASUT, K.; CHAIYASUT, C. Extraction of β-glucan from Saccharomyces

Page 30: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

28

cerevisiae: Comparison of different extraction methods and in vivo assessment of immunomodulatory effect in mice. Food Science and Technology, Campinas, v. 37, n. 1, p. 124-130, jan./mar. 2017. PILARSKI, F.; OLIVEIRA, C. A. F. de; SOUZA, F. P. B. D. de; ZANUZZO, F. S. Different β-glucans improve the growth performance and bacterial resistance in Nile 2 tilapia. Fish and Shellfish Immunology, London, v. 70, p. 25-29, nov. 2017. PITHAN-SILVA, R. de O.; SÁ, P. B. Z. R. de.; AMARAL, A. M. P.; BUENO, C. R. F. Aspectos das Importações de Soro de Leite no Brasil. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 8, n. 7, p. 1-7, jul. 2013. SANSONETTI, S.; CURCIO, S.; CALABRO, V.; IORIO, G. Bio-ethanol production by fermentation of ricotta cheese whey as an effective alternative non-vegetable source. Biomass and Bioenergy, Oxford, v. 33, n. 12, p. 1687-1692, dec. 2009. SANTOS, A. C. A. dos.; CARVALHO-MARTINS, M. do C. de C.; PEREIRA, L. de A. C.; BARROS, N. dos S.; CARVALHO, M. L. Efeitos da Suplementação Alimentar com Whey Protein e Leucina em Ratos Normais. Journal of Health Science, Londrina, v. 18, n. 2, p. 121-128, mês. 2016. SGARBIERI, V. C. Propriedades fisiológicas-funcionais das proteínas do soro de leite. Revista de Nutrição, Campinas, v. 17, n. 4, p. 397-409, out./dez. 2004. SINGH, H. Heat stability of milk. International Journal of Dairy Technology, Huntingdon, v. 57, n. 2-3, p. 111-119, may/aug. 2004. SISO, M. I. G. The biotechnological utilization of cheese whey: a review. Bioresource Technology, New York, v. 57, n. 1, p. 1-11, july 1996. SLAMENOVÁ, D.; LÁBAJA, J.; KRIZKOVÁ, L.; KOGANC, G.; SANDULAC, J.; BRESGEND, N.; ECKLD, P. Protective effects of fungal (1-3)-β-D-glucan derivatives against oxidative DNA lesions in V79 hamster lung cells. Cancer Letters, Virginia, v. 198, n. 2, p. 153-160, aug. 2003. SMITHERS, G. W. Whey and whey proteins — From ‘gutter-to-gold’. International Dairy Journal, Barking, v. 18, n. 7, p. 695-704, july 2008. ŚWIĄTECKA, D.; ZŁOTKOWSKA, D.; MARKIEWICZ, L. H.; SZYC, A. M.; WRÓBLEWSKA, B. Impact of whey proteins on the systemic and local intestinal level of mice with diet induced obesity. Food & Function, Cambridge, v. 8, n. 4, apr. 2017. THAMMAKITI, S.; SUPHANTHARIKA, M.; PHAESUWAN, T.; VERDUYN, C. Preparation of spent brewer’s yeast b-glucans for potential applications in the food industry. International Journal of Food Science and Technology, Oxford, v. 39, n. 1, p. 21-29, jan. 2004. TONI, J. C. V.; IMAMURA, K. B.; DORTA, C. Reaproveitamento do soro de leite bovino para produção de biomassa por Kluyveromyces Marxianus 229. Revista Alimentus, São Paulo, v. 1, n. 2, p. 36-57 abr. 2012.

Page 31: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

29

UDESC - UNITED STATES DAIRY EXPORT COUNCIL. Manual de referência para produtos de soro dos EUA. Arlington, 1997. VERMA S. K.; SOOD, S. K.; SAINI, R. K.; SAINI, N. Pediocin PA-1 containing fermented cheese whey reduces total viable count of raw buffalo (Bubalis bubalus) milk. LWT - Food Science and Technology, London, v. 83, p. 193-200, sep. 2017. VIGNE, J. D. The origins of animal domestication and husbandry: a major change in the history of humanity and the biosphere. Comptes Rendus Biologies, Paris, v. 334, n. 3, p. 171-181, mar. 2011. VIOTTO, W. H.; MACHADO, L. M. P. Estudo sobre a cristalização da lactose em doce de leite pastoso elaborado com diferentes concentrações de soro de queijo e amido de milho modificado. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, Juiz de Fora, v. 62, n. 4, p.16-21, 2007. VOLMAN, J. J.; RAMAKERS, J. D.; PLAT, J. Dietary modulation of immune function by β-glucans. Physiology & Behavior, Elmsford, v. 94, n. 2, p. 276-284, may 2008. WÓJCIAK, K. M.; KARWOWSKA, M.; DOLATOWSKI, Z. J. Use of acid whey and mustard seed to replace nitrites during cooked sausage production. Meat science, Barking, v. 96, n. 2, p. 750-756, feb. 2014. ZAFAR, S.; OWAIS, M. Ethanol production from crude whey by Kluyveromyces marxianus. Biochemical Engineering Journal, Amsterdam, v. 27, n. 3, p. 295-298, jan. 2006 ZAVAREZE, E. da R.; MORAES, K. S.; SALAS-MELLADO, M. de L. M. Qualidade tecnológica e sensorial de bolos elaborados com soro de leite. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 30, n. 1, p. 100-105, jan./mar. 2010. ZEKOVIC, D. B.; KWIATKOWSKI, S.; VRVIC, M. M.; JAKOVLJEVIC, D.; MORAN, C. A. Natural and Modified (1→3)-β-D-Glucans in Health Promotion and Disease Alleviation. Critical Reviews in Biotechnology, Boca Raton, v. 25, n. 4, p. 205-230, oct. 2005. ZHU, F.; DU, B.; XU, B. A critical review on production and industrial applications of beta-glucans. Food Hydrocolloids, Oxford, v. 52, p. 275-288, jan. 2016. ZIEGLER, F. L. F.; CASTRO, G. A.; MORENO, Y. M. F.; OYA, V.; VILELA, M. M. dos S.; SGARBIERI, V. C. Partial chemical and functional characterization of milk whey products obtained by different processes. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 32, n. 1, p. 56-64, jan./mar. 2012.

Page 32: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

30

4 ARTIGO

Desenvolvimento e caracterização de um produto lácteo cremoso à base de proteínas do soro de leite enriquecido com β-glucana

Emely Osti Zanon¹, Raul Jorge Hernan Castro Gomez¹, Rafael Fagnani¹*

¹ Universidade Norte do Paraná – UNOPAR – Mestrado em Ciência e Tecnologia de Leite e Derivados, Rua Marselha, 591, Jardim Piza, 86041-140, Londrina, PR, Brasil. * Autor para correspondência: Rafael Fagnani E-mail: [email protected] RESUMO O soro de leite, coproduto das indústrias de laticínios, apresenta em sua composição proteínas de valor biológico. A β-glucana também possui propriedades funcionais, principalmente no sistema imunológico. O objetivo foi desenvolver e caracterizar um alimento cremoso composto pelas proteínas do soro de leite enriquecido com β-glucana. Utilizou-se um delineamento fatorial fracionado (3³) para extrair as proteínas do soro de leite onde as melhores condições foram pH 4,6, concentração de soro 30% e aquecimento à 95ºC. Para a extração da β-glucana utilizou-se a levedura Saccharomyces cerevisiae comercial. As proteínas do soro formam a base do produto onde adicionou-se 1,5% de leite em pó desnatado, 0,5% de carboximetilcelulose, 1,0% de sal e 250mg/100g de β-glucana. Também produziu-se a mesma formulação apenas sem sal. A composição centesimal dos produtos com sal e sem sal respectivamente foram: proteína 19,17% e 18,67%; umidade 69,33% e 70,50%; lipídeo 0,2% e 0,2%; cinzas 3,0% e 1,95% e carboidratos totais 8,30% e 8,68%. Os produtos apresentaram boa qualidade microbiologia durante 28 dias de armazenamento. Na análise sensorial ambas formulações tiveram um índice de aceitação de 82%. Não houve diferença significativa pelo teste de Mann-whitney (p<0,05) entre a idade dos provadores nas notas atribuídas em aparência global, cor, sabor doce e salgado, aroma e intenção de compra, porém, em relação ao sexo, as mulheres preferiram mais a cor e o sabor salgado na formulação com sal e na formulação sem sal as mulheres preferiram mais o sabor doce do que os homens. Pode-se concluir que os produtos foram bem aceitos, podendo ser comercializados e agradar uma ampla faixa de consumidores. Palavras chave: Imunomodulação. Proteico. Saúde. Reaproveitamento.

1 INTRODUÇÃO

As indústrias do gênero alimentício passam por uma crescente exigência dos

consumidores pela busca por alimentos cada vez mais saudáveis com características

sensoriais agradáveis aliadas a prevenção de doenças. Esta mudança incentiva a

pesquisa de novos produtos e ingredientes com tais propriedades, destacando-se os

Page 33: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

31

alimentos funcionais, que contribuem para a saúde e bem estar de quem os consome

(BALDISSERA et al., 2011).

O soro de leite apresenta em sua composição proteínas de alto valor biológico

e nutricional (β-lactoglobulinas, α-lactoalbuminas, albumina sérica e imunoglobulinas)

podendo ser amplamente utilizado na formulação de alimentos e bebidas (PAGNO et

al., 2009; OLIVEIRA; BRAVO; TONIAL, 2012).

Algumas de suas principais funções biológicas são: reparação celular de

músculos e ossos, geração de energia, atividade antimicrobiana e antiviral, proteção

ao sistema cardiovascular e potencial imunomodulador (OLIVEIRA; BRAVO; TONIAL,

2012; OYAMA et al., 2017).

Para aumentar o poder funcional, nutricional e tecnológico do soro de leite e

suas proteínas, acrescentar β-glucana se torna uma opção. As β-glucanas são

polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras, algas, bactérias e em

alguns cereais que apresentam ótimas propriedades imunomoduladoras, atuando

como efeito antitumoral, anti-inflamatório, antimutagênico, hipocolesterolêmico e

hipoglicêmico (NEWMAN; NEWMAN, 2006; MAGNANI; CASTRO-GÓMEZ, 2008;

MIRA; GRAF; CÂNDIDO, 2009).

A extração mais estudada de β-glucana é a partir da parede celular da

Saccharomyces cerevisiae, levedura amplamente utilizada em indústrias de

panificação e cervejarias (MAGNANI; CASTRO-GÓMEZ, 2008).

Estudos in vitro realizados por Bacha et al. (2017), confirmam que a β-glucana

extraída de levedura é efetiva contra alguns marcadores de estresse inflamatórios e

oxidativos. Testaram duas concentrações, 2% e 4% de β-glucana, na qual se destaca

a menor concentração. Assim, concluem que a utilização da β-glucana como

ingrediente alimentar inovador é uma opção funcional.

Seu uso como ingrediente junto com proteínas séricas está cada vez mais

estudado demonstrando serem ótimos moduladores de resposta imune, além de

possuir um bom potencial na melhoria de propriedades físicas dos alimentos,

apresentando ser um bom espessante, retentor de água e estabilizador emulsionante

(THAMAKITI et al., 2004; KITTISUBAN; RITTHIRUANGDEJ; SUPHANTHARIKA,

2014; BELLOLI, 2016).

A utilização das proteínas do soro de leite juntamente com β-glucana são

ótimos ingredientes para a produção de um creme alimentício de proteína, podendo

ser consumido puro ou usado como acompanhamento em pães e biscoitos. Deste

Page 34: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

32

modo, o objetivo do estudo foi desenvolver e caracterizar um alimento cremoso

composto por proteínas do soro de leite extraídas pelo método ácido-térmico e β-

glucana de Saccharomyces cerevisiae comercial.

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 DETERMINAÇÃO DAS MELHORES CONDIÇÕES DE OBTENÇÃO DA

PROTEÍNA DO SORO DE LEITE EM PÓ PELO MÉTODO ÁCIDO-TÉRMICO

Para a separação das proteínas do soro de leite pelo método ácido-térmico, foi

utilizado o soro de leite em pó integral (CONFEPAR®, Londrina-PR) (ANEXO A). Este

produto foi obtido nos laboratórios do Programa de Pós-Graduação em Ciência e

Tecnologia de Leite e Derivados, da Universidade Pitágoras Unopar, Unidade Piza,

Londrina – PR.

O soro de leite em pó foi reconstituído em água destilada nas concentrações

30%, 40% e 50% (p/v). O pH foi corrigido com ácido lático 85% (DINÂMICA Química

Contemporânea Ltda.®, São Paulo-SP) para 3,4, 4,0 e 4,6. Após passar por tratamento

térmico nas temperaturas de 85ºC, 90ºC e 95ºC durante 15 minutos em banho-Maria,

o precipitado de soro de leite foi resfriado em banho de gelo por mais 30 minutos e

separado através de filtração à vácuo com fibra de nylon 200 micra.

As variáveis foram submetidas ao delineamento fatorial fracionado com três

níveis de variação para cada fator (3³) (tabela 1), tendo como resposta a variável

porcentagem proteica no precipitado de proteínas. O método utilizado para quantificar

as proteínas foi Micro-Kjeldhal com fator de conversão 6,38 (AOAC, 2005).

Tabela 01. Delineamento estatístico Box-Behnken 3³ para obtenção da proteína do soro de leite em

pó. (Continua).

Corridas

Variáveis Respostas

X1 X2 X3 Proteína (%)

pH Temperatura

(ºC)

Concentração do soro de

leite em pó (% p/v)

Experimental Preditiva

1 -1 (3,4) -1 (85) -1 (30) 16,9 16,9 2 -1 (3,4) 0 (90) +1 (50) 31,3 28,1 3 -1 (3,4) +1 (95) 0 (40) 26,7 29,9

Page 35: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

33

Tabela 01. Delineamento estatístico Box-Behnken 3³ para obtenção da proteína do soro de leite em

pó. (Conclusão).

4 0 (4,0) -1 (85) +1 (50) 36,1 39,3

5 0 (4,0) 0 (90) 0 (40) 35,8 35,8

6 0 (4,0) +1 (95) -1 (30) 53,3 50,1

7 +1 (4,6) -1 (85) 0 (40) 34,1 30,9

8 +1 (4,6) 0 (90) -1 (30) 36,9 40,1

9 +1 (4,6) +1 (95) +1(50) 26,6 26,6

Fonte: da autora (2018).

O modelo matemático para a função de resposta (y = porcentagem proteica) foi

expresso na equação 1:

𝐴 = 𝛽0 + ∑ 𝛽𝑖 𝑛𝑖=1 𝑋𝑖 + ∑ 𝛽𝑖𝑖

𝑛𝑖=1 𝑋²𝑖 (1)

Onde β0 são os coeficientes estimados na superfície de resposta e Xi são

variáveis reais na variável dependente. A análise estatística do modelo matemático foi

realizada utilizando ANOVA (p <0,05) e análise de regressão utilizando o software

“Statistica 13” (Statsoft®, USA). A superfície de resposta foi gerada para avaliar a

resposta.

2.2 OBTENÇÃO DA β-GLUCANA

A β-glucana foi obtida nos laboratórios do Programa de Pós-Graduação em

Ciência e Tecnologia de Leite e Derivados, da Universidade Pitágoras Unopar,

unidade Piza, Londrina – PR.

A obtenção da β-glucana foi realizada de acordo com Darpossolo et al. (2010).

Utilizou-se levedura úmida Saccharomyces cerevisiae (FLEISCHMANN® - Rio de

Janeiro-RJ) adquirida no comércio local de Londrina- PR.

O precipitado úmido foi lavado, liofilizado e mantido em geladeira até seu uso.

2.3 FORMULAÇÃO DO ALIMENTO CREMOSO

Para a formulação do alimento cremoso utilizou-se os seguintes ingredientes:

proteína do soro de leite extraída pelo método ácido-térmico, β-glucana liofilizada

obtida da parede celular de Saccharomyces cerevisiae, sal (CISNE® - São Paulo-SP),

carboximetilcelulose (CMC) (VIAFARMA® - São Paulo-SP) e leite desnatado em pó

Page 36: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

34

(MOLICO® - Nestlé – São Paulo-SP).

Produziu-se duas formulações, uma com a adição de sal e outra sem adição

de sal.

A proporção leite em pó:CMC foi definida buscando uma viscosidade próxima

à 20 Pa.s(+5) que corresponde a viscosidade de cream cheese comercial.

A quantidade de β-glucana adicionada foi de 250mg/dia de acordo com a

recomendação de Talbott, Talbott (2012), significando um consumo de

aproximadamente 8,0g de produto por dia.

2.4 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS

Para as duas formulações, todas as análises físico-químicas foram realizadas

em triplicata e todos os reagentes utilizados neste trabalho foram de grau analítico

alimentício.

O teor de proteínas foi determinado pelo método de Micro-Kjeldahl, usando

6,38 como fator de conversão. Extrato seco total e umidade foram determinados por

secagem em estufa a 105°C/4h. Cinzas por determinação de resíduo por incineração

em mufla à 550°C/4h. A acidez foi determinada por titulação com solução Dornic

expresso em porcentagem de ácido lático. O percentual de lipídeos foi determinado

pelo método de Soxhlet (AOAC, 2016).

O pH foi determinado através de um potenciômetro de bancada (Modelo Q-

400ª, Quimis), introduzindo-se o eletrodo diretamente nas amostras diluídas em água

destilada na proporção 1:10.

O percentual de glicídios foi determinado pela equação (2) a seguir de acordo

com a RDC nº360 do Ministério da Saúde, 2003 (BRASIL, 2003):

%glicídios = 100 − %lipídeo − %proteínas − %cinzas (2)

As análises de viscosidade do produto foram realizadas no Viscosímetro Lamy

Rheology RM100. Utilizou-se o disco ASTM n°7 com velocidade de 50 rpm por 180

segundos na programação ASTM7. Todas as amostras foram analisadas em

temperatura de refrigeração 7°C.

O método utilizado para determinar lactose foi descrito por Nickerson, Vujicic e

Lin (1976) que é baseado na reação colorimétrica da lactose com a metilamina em

Page 37: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

35

uma solução alcalina quente, formando um composto vermelho. A leitura foi realizada

em espectrofotômetro (Fento, espectrofotômetro 700 plus) com um comprimento de

onda de 540nm.

A análise estatística utilizada foi o método de estatística descritiva.

2.5 ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS

As análises microbiológicas foram realizadas após a produção, durante o

armazenamento e antes da disponibilização do produto para consumo em análise

sensorial. Os micro-organismos avaliados foram: aeróbios mesófilos, psicrotróficos,

bolores e leveduras, coliformes a 35ºC, Escherichia coli e Salmonella spp.

Para todas as análises pesou-se 25g da amostra em bolsa plástica estéril

(Nasco®, Canadá) para posterior diluição em 225 mL de solução salina 0,85%,

representando a diluição -1. A bolsa foi levada ao stomacher durante 5 minutos para

homogeneização.

A metodologia para enumeração de aeróbios mesófilos foi a contagem de

Unidades Formadoras de Colônias (UFC/g) em placa de Petri com meio de cultura

Plate Count Agar (PCA) (HIMEDIA®, U.S.A.). A semeadura das amostras foi feita em

profundidade, com incubação em estufa a 35°C + 1/48h (APHA, 2004).

A determinação de psicrotróficos foi pela contagem de Unidades Formadoras

de Colônias (UFC/g) em placa de Petri com meio Plate Count Agar (PCA) (HIMEDIA®,

U.S.A.) por superfície incubadas em estufa a 7ºC+1/10 dias.

Para determinação da contagem total de bolores e leveduras (UFC/g) foi

utilizado o método de inoculação da amostra em meio Potato Dextrose Agar (PDA)

(HIMEDIA®, U.S.A.) por superfície e incubação à 22˚C+1/3-5 dias (APHA, 2004).

As análises de coliformes totais e E. coli (UFC/g) foram feitas com incubação

da amostra inoculadas em PetrifilmTM EC (Petrifilm 3MTM), à 35°C+1/24h e 35°C+1/48h.

A detecção de Salmonella spp. foi feita a partir do teste rápido Reveal

Salmonella 2.0 (Neogen Corporation), um imunoensaio aplicável à detecção de

Salmonella spp. em amostras alimentares e ambientais (HOERNER et al., 2011).

2.6 QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO PRODUTO NO ARMAZENAMENTO

As análises foram realizadas nos dias 1 (dia da produção), 14 e 28 do produto

Page 38: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

36

armazenado sob refrigeração a 7°C, nas duas formulações.

O critério para estabelecer a qualidade do produto no armazenamento foi

baseado nos resultados das análises microbiológicas (aeróbios mesófilos,

psicrotróficos, bolores e leveduras, coliformes totais) e no teor de umidade do produto.

2.7 ANÁLISE SENSORIAL

Somente após os resultados microbiológicos estarem dentro do preconizado

para queijos de alta umidade (sem bactérias lácticas viáveis) o produto foi

disponibilizado para os avaliadores sensoriais. Os parâmetros microbiológicos são

baseados na Portaria 146 do Ministério da Agricultura, dispondo sobre o regulamento

técnico de identidade e qualidade de queijos (BRASIL, 1996). Os requisitos são no

máximo 103 UFC/g para coliformes à 30º C, 5x102 UFC/g para coliformes à 45º C e

ausência de Salmonella spp. em 25g.

Durante o período de análise, o produto foi mantido à 7ºC em potes de

polipropileno de 50 ml com tampa (Higipack, São Paulo).

A análise sensorial foi realizada no Laboratório de Análise Sensorial da

Universidade Pitágoras Unopar, unidade Piza, Londrina – PR, em cabines

individualizadas iluminadas com luz branca artificial. Antes da avaliação, os

provadores receberam um termo de consentimento livre e esclarecido contendo todas

as informações cabíveis sobre a pesquisa e sobre o produto (APÊNDICE B).

Após a assinatura do termo, foram servidas amostras em potes de

polipropileno de 50 ml, com temperatura média de 7°C, em mesa branca,

acompanhados de uma faca plástica descartável, um biscoito água e sal e um copo

de água, aplicando-se a ficha de avaliação sensorial apropriada.

O teste de aceitação de cada formulação foi realizado com 100 provadores

não treinados, voluntários do Campus da Universidade, sem distinção de gênero,

idade ou profissão.

A avaliação sensorial foi realizada em relação à impressão global, sabor

salgado ou doce, aroma e cor do produto produzido, utilizando uma escala hedônica

de nove pontos, variando de 1 (desgostei muitíssimo) a 9 (gostei muitíssimo). Também

foi realizada a avaliação de intenção de compra com escala de 1 (decididamente não

compraria) a 5 (certamente compraria) (APÊNDICE A). Para a avaliação, cada

provador recebeu aproximadamente 15 g do produto. Ao apresentar o produto,

Page 39: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

37

voluntários foram instruídos a prova-lo junto com o biscoito, e assim avaliar suas

características.

Para o cálculo do Índice de Aceitabilidade do produto adotou-se a equação (3)

a seguir:

IA(%) = A ×100

B (3)

Na qual A: nota média obtida para o produto, e B: nota máxima dada ao produto.

O teste de Mann-Whitney foi utilizado com significância de 0,05. As análises

foram feitas no programa “Statistica 13” (Statsoft®, USA).

Os provadores foram categorizados em função do gênero (masculino e

feminino) e idade (menores de 22 anos e maiores de 22 anos).

A análise sensorial foi realizada mediante envio e aprovação do Comitê de Ética

e Pesquisa da Universidade Pitágoras Unopar, mediante ao Parecer de aprovação

2.183.472, versão 2, CAAE: 69625817.0.0000.0108 (ANEXO B).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 DETERMINAÇÃO DAS MELHORES CONDIÇÕES DE OBTENÇÃO DA

PROTEÍNA DO SORO DE LEITE EM PÓ PELO MÉTODO ÁCIDO-TÉRMICO

A porcentagem de proteína obtida variou de 16,9% a 53,3%. Os efeitos do pH,

temperatura e concentração do soro de leite foram avaliados quantitativamente

usando curvas de superfície de resposta (tabela 2). Os níveis previstos de

porcentagem proteica usando a Equação (4) são apresentados na Tabela 1

juntamente com dados experimentais.

𝑦 = 33,08 + 7,57𝑋1 + 6,50𝑋2 − 4,37𝑋3 + 12,98𝑋12 + 2,38𝑋2

2 − 1,32𝑋32 (4)

Tabela 2. Efeitos estimados encontrados a partir da porcentagem proteica. (Continua).

Efeito Erro Padrão Valor de p

Média 33,08 3,792064 0,01

pH (L) 7,57 9,29 0,50

Page 40: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

38

Tabela 2. Efeitos estimados encontrados a partir da porcentagem proteica. (Conclusão).

pH (Q) 12,98 8,04 0,25

Temperatura (ºC) (L)

6,50

9,29

0,56

Temperatura (ºC) (Q)

2,38

8,04

0,79

Concentração do soro em pó (%) (L)

-4,37

9,29

0,68

Concentração do soro em pó (%)

(Q)

-1,32

8,04

0,89

Fonte: da autora (2018).

Através dos gráficos de superfície e resposta, pode-se verificar que na figura

1 (a), as variáveis pH e temperatura (em concentração 30%) apresentam efeito sobre

a resposta em pH 3,5 e 88ºC.

Figura 1. Efeitos na variação do pH, temperatura (ºC) e concentração na extração das proteínas do

soro de leite.

> 50 < 48 < 38 < 28 < 18 < 8 < -2

3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 4,2 4,4 4,6 4,8

pH

84

86

88

90

92

94

96

Te

mp

era

tura

ºC

> 50 < 48 < 38 < 28 < 18 < 8

3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 4,2 4,4 4,6 4,8

pH

28

30

32

34

36

38

40

42

44

46

48

50

52

Concentr

ação (

%)

(a) (b)

Page 41: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

39

> 55 < 54 < 49 < 44 < 39 < 34 < 29

84 86 88 90 92 94 96

Temperatura ºC

28

30

32

34

36

38

40

42

44

46

48

50

52

Concentr

ação (

%)

Fonte: da autora (2018).

Deste modo, aplicou-se “predict dependent variables value”, para predizer

valores da porcentagem proteica dentro da faixa testada. Os valores estão

demonstrados na tabela 3 a seguir.

Tabela 3. Valores preditos das variáveis pH, Temperatura e concentração.

pH Temperatura (ºC) Concentração (%)

Proteína (%) Valores preditos

3,5 90 30 37,10 3,8 90 30 46,56 4,1 90 30 49,54 4,2 90 30 49,09 4,1 85 30 45,56 4,1 90 35 39,98 4,1 91 30 49,76 4,1 92 30 49,79 4,1 93 30 49,63 4,0 95 30 50,13

Fonte: da autora (2018).

Assim, conclui-se que a combinação de pH 4,0, temperatura 95ºC e

concentração 30% resulta a máxima concentração de proteínas sob as condições

testadas. Avaliando a figura 2 pode-se confirmar esta afirmação.

(c)

Page 42: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

40

Figura 2. Perfil para valores preditos e desejáveis.

pH

-150,0

35,800

200,00

Temperatura ºC Concentração (%) Desirability

0,,5

1,

16,9

00

35,1

0053,3

00

Pro

teín

a (

%)

0,,5

1,

3,4 4, 4,6

,51923

85, 90, 95, 30, 40, 50,

Desir

abili

ty

Fonte: da autora (2018).

Na figura 2 se confirma a determinação da melhor condição de processo via

“Predict Dependant Variables Value” no qual se aplica a equação de correlação do

modelo. De acordo com ANOVA o modelo apresenta um R2 de 0,92371 que significa

que 92,371% da resposta é explicada pelo modelo. Assim, no primeiro gráfico se

observa que o pH ideal é 4,0. No segundo gráfico se verifica que a melhor temperatura

é entre 90ºC a 95ºC e no ultimo gráfico se confirma que diminuindo a concentração

para 30% se obtém maior valor da variável dependente (% de proteínas).

O tempo de tratamento térmico foi fixo em 15 minutos. Tempo necessário para

que todas as proteínas se precipitassem com consistência cremosa.

3.2 COMPOSIÇÃO CENTESINAL

As proteínas do soro formam a base do produto onde adicionou-se 1,5% de

leite em pó desnatado, 0,5% de carboximetilcelulose, 1,0% de sal e 250mg/100g de

β-glucana permitindo uma viscosidade média para ambas as formulações de 21,4

Pa.s(+5).

Page 43: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

41

Nessas condições a composição centesimal média de ambas as formulações

estão apresentadas na tabela 4 e 5.

Tabela 4. Caracterização centesimal do “whey cream” composto por proteínas séricas enriquecido com

β-glucana – Com sal.

Média Mínimo Máximo Desvio Padrão

Proteína (%) 19,17 18,00 20,00 0,75 Umidade (%) 69,33 68,00 71,00 1,21 Lipídio (%) 0,20 0,10 0,30 0,11 Cinzas (%) 3,00 3,00 3,00 0

Carboidrato total (%) 8,30 5,90 10,70 1,78 Sólidos Totais (%) 30,67 29,00 32,00 1,21

pH 4,74 4,68 4,82 0,05 Acidez (%ac.lat.) 0,86 0,82 0,88 0,03

Lactose (%) 1,61 15,00 17,00 0,98 Viscosidade (Pa.s) 22,05 21,80 22,30 0,21

Fonte: da autora (2018).

Tabela 5. Caracterização centesimal do “whey cream” composto por proteínas séricas enriquecido com

β-glucana - Sem sal.

Média Mínimo Máximo Desvio Padrão

Proteína (%) 18,67 17,00 20,00 1,21 Umidade (%) 70,50 70,00 71,00 0,55 Lipídio (%) 0,20 0,10 0,30 0,11 Cinzas (%) 1,95 1,80 2,20 0,14

Carboidrato total (%) 8,68 7,00 10,70 0,54 Sólidos Totais (%) 29,50 29,00 30,00 0,55

pH 4,80 4,71 4,91 0,09 Acidez (%ac.lat.) 0,94 0,92 1,01 0,03

Lactose (%) 1,56 15,00 16,00 0,52 Viscosidade (Pa.s) 20,82 20,00 21,20 0,43

Fonte: da autora (2018).

De acordo com a RDC nº54 de 12 de novembro de 2012, um alimento pode

ser rotulado com alto teor de proteína quando oferece 12g de proteínas por 100g do

produto final (BRASIL, 2012). O teor de proteína obtido foi de 19% para ambos os

produtos, satisfazendo esse quesito da Resolução. Porém, para atender

completamente a classificação de alto teor de proteína, a ANVISA estabelece

quantidades de aminoácidos essenciais, os quais estão presentes no soro, mas não

foram quantificados nesta pesquisa.

Em um estudo realizado por Witard et al. (2014), concluíram que uma dose

diária de 20 g de proteína de soro de leite é suficiente para estimular a síntese

muscular proteica miofibrilar no musculo treinado e descansado de homens jovens.

Page 44: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

42

Também notaram a estimulação de oxidação e ureagênese na síntese dos

aminoácidos. Em outro estudo realizado recentemente, durante 12 semanas um grupo

de pacientes consumiram 1,2 g/ kg / dia de proteína suplementado de 25% com

proteína de soro. Após o tempo de tratamento notou-se a diminuição da pressão

arterial em pacientes hipoalbuminêmicos de diálise peritoneal em relação ao grupo

controle (HASSAN; HASSAN, 2017). Com esses resultados é possível inferir que o a

ingestão diária e regular de 100g do alimento desenvolvido no presente estudo é

suficiente para obter o efeito funcional fornecido pelo consumo de 20g de proteínas

do soro de leite. Além de conter boa dose de proteínas, o produto formulado pode ser

um estimulador energético, baseado na quantidade de carboidrato.

3.3 QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO PRODUTO NO ARMAZENAMENTO

Ao observar a figura 3, nota-se que as médias das contagens de

psicrotróficos, coliformes totais e E.coli não variaram durante os 28 dias de

armazenamento nas duas formulações. Dessa forma, as condições sanitárias durante

o processamento do alimento foram adequadas e permaneceram durante todo o

armazenamento. Também foi possível notar decréscimo na contagem total de

aeróbios mesófilos, o que indica que alguns fatores extrínsecos e intrínsecos do

alimento serviram como barreira para a multiplicação desses grupos de micro-

organismos, como o pH, a atividade de água e a temperatura de armazenamento.

Por sua vez, houve aumento das contagens médias de bolores e leveduras

para ambas formulações. A multiplicação desse grupo de micro-organismo ocorre

mesmo em alimentos com baixo pH e atividade de água. Portanto, as contagens de

bolores e leveduras são fatores limitantes para a vida útil do alimento desenvolvido

nesse estudo. Mesmo assim, as contagens médias aos 28 dias foram baixas, com

médias inferiores a 109 UFC g-1 do alimento em ambas as formulações.

A umidade aumentou aos 14 dias de armazenamento e depois manteve-se

constante, sendo mais expressivo na formulação sem a adição de sal. Essa

característica higroscópica é um fator que deve ser levado em consideração na

escolha da embalagem na qual o alimento será apresentado, uma vez que pode ser

um fator restritivo durante a vida útil.

Page 45: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

43

Figura 3. Contagem de micro-organismos indicadores e porcentagem de umidade ao longo do

armazenamento refrigerado de 28 dias.

Fonte: da autora (2018).

Os bolores e leveduras normalmente se multiplicam em ambientes mais

ácidos (FRANCO; LANDRGRAF, 2005). Devido a esta característica, nota-se o

crescimento destes micro-organismos, pois o produto se torna um ambiente em

condições favoráveis.

A contagem de mesófilos indica contaminações gerais de um alimento e é

utilizada como indicador de qualidade higiênica na qual fornece ideia do seu tempo

útil de conservação (FOX, 2004).

Sabe-se que a temperatura de refrigeração é favorável aos psicrotróficos

causando a deterioração dos alimentos (FRANCO; LANDRGRAF, 2005), porém, não

são susceptíveis a meios ácidos.

Deste modo, o produto apresentou baixas contagens de micro-organismos

indicadores de qualidade desde seu processamento até seu armazenamento aos 28

dias. Sendo, portanto, um produto viável do ponto de vista microbiológico e que requer

precaução em relação à umidade e à contagem de bolores e leveduras.

3.4 ANÁLISE SENSORIAL

Os resultados das análises microbiológicas para coliformes à 35ºC, coliformes

à 45ºC e Salmonella spp. foram dentro do preconizado com ausência de crescimento

em todos os testes.

As características dos provadores das duas formulações estão apresentadas

na figura 4. Houve homogeneidade da população amostral em relação ao gênero e

Page 46: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

44

idade, com 36% dos provadores do sexo masculino e 64% do sexo feminino para a

formulação com sal e 37% do sexo masculino e 63% do sexo feminino para a

formulação sem sal. A idade média dos participantes foi de 27 anos (18 – 64 anos)

para a formulação com sal e 26 anos (18 – 58 anos) para a formulação sem sal.

Figura 4. Frequência relativa do sexo e da idade de 200 provadores participantes da análise sensorial

do “whey cream” categorizados em duas formulações (sem sal e com sal).

Fonte: da autora (2018).

O Índice de Aceitabilidade (IA) da aparência global do produto sem sal foi de

82%, com 90% dos escores acima da classificação 6 “gostei ligeiramente”. O IA para

cor, sabor doce e aroma foram 80%, 75% e 72% respectivamente.

O IA da aparência global do produto com sal também foi de 82%, com 91%

dos escores acima da classificação 6 “gostei ligeiramente”. O IA para cor, sabor

salgado e aroma foram 81%, 78% e 78% respectivamente.

Para que um produto tenha boa aceitação sensorial, sua frequência de

respostas positivas, desde gostei ligeiramente a gostei muitíssimo deve ser superior

a 70% (FERREIRA et al., 2000). Sendo assim, os dois produtos analisados foram bem

aceitos pelos provadores mostrando ser um produto versátil, com boa aceitação tanto

em sua formulação salgada quanto natural (adocicado).

A intenção de compra para as duas formulações está demonstrado na figura

5. As proporções para cada categoria/nota não foram diferentes entre si (p<0,05),

demonstrando que as duas formulações foram igualmente aceitas e que a atitude de

compra dos provadores para ambas foi “provavelmente eu compraria”.

64 %

36 %

57 %43 %

63 %

37 %

59 %41 %

Feminino Masculino idade >22 idade <22

Perfíl demográfico dos provadores

com sal sem sal

Page 47: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

45

Figura 5. Frequência relativa das notas atribuídas a Intenção de compra do “whey cream” sem sal e

com sal.

*letras iguais em cada categoria não indicam diferença estatística no teste de chi-quadrado p<0,05.

Fonte: da autora (2018).

Em relação a idade dos provadores, notou-se que não houve diferença

significativa pelo teste de Man-Whitney (p<0,05) entre as notas de aparência global,

cor, sabor salgado, sabor doce, aroma e intenção de compra para ambas as

formulações. Já em relação ao sexo houve diferença, sendo que o sabor de ambas

as formulações agradou mais as mulheres em comparação aos homens. Ainda, a cor

da formulação salgada foi melhor aceita entre as mulheres (figura 6 e 7).

Figura 6. Mediana, quartis (25%-75%) e intervalo mínimo e máximo das notas atribuídas a aparência

global, cor, sabor salgado, aroma e intenção de compra em relação ao sexo e grupo etário para a

formulação com sal.

*letras diferentes na mesma categoria diferiram entre si no teste de Mann-Whitney (p<0,05). Fonte: da autora (2018).

19% a

37% a31% a

13% a

0%

15% a

42% a

31% a

12% a

0%

1-decididamenteeu compraria

2-provavelmenteeu compraria

3- talvezsim/talvez não

4-provavelmente

eu nãocompraria

5-decididamente

eu nãocompraria

Intenção de compra

COM SAL SEM SAL

Page 48: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

46

Figura 7. Mediana, quartis (25%-75%) e intervalo mínimo e máximo das notas atribuídas a aparência

global, cor, sabor doce, aroma e intenção de compra em relação ao sexo e grupo etário para a

formulação sem sal.

*letras diferentes na mesma categoria diferiram entre si no teste de Mann-Whitney (p<0,05). Fonte: da

autora (2018).

Deste modo, o produto foi bem aceito por ambos os sexos e por toda a faixa

etária participante.

Page 49: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

47

4 CONCLUSÃO

O uso das proteínas do soro de leite junto com a β-glucana extraída da

levedura Saccharomyces cerevisiae, mostraram ser ótimos ingredientes para o

desenvolvimento de novos produtos.

As melhores condições encontradas para a extração da proteína do soro de

leite foram pH 4,0, 95ºC em concentração 30% (p/v) de soro de leite em pó. Sua

formulação ficou definida com 1,5% de leite em pó desnatado, 0,5% de CMC, 1,0%

sal e 250mg/100g de β-glucana.

O produto formulado apresentou boa qualidade microbiológica, com aumento

nas contagens de bolores e leveduras. Desta forma, foi possível armazenar o produto

durante 28 dias sob refrigeração garantindo segurança microbiológica e mantendo

suas qualidades físico-químicas.

A análise sensorial realizada, mostrou um índice de aceitabilidade ótimo para

ambas as formulações, sendo de 82%, acima do estabelecido para que um produto

seja bem aceito (70%). Os resultados mostraram uma preferência maior entre as

mulheres nos quesitos de cor e sabor salgado na formulação com sal e sabor doce na

formulação sem sal. Porém, não houve diferença significativa na intenção de compra

para os sexos e idade, demonstrando ser bem aceito tanto para mulheres e homens

menores e maiores de 22 anos.

Conclui-se então, que o produto apresentou bons resultados em todas as

análises, abrindo espaço para trabalhos futuros com o intuito de analisar sua vida útil

além dos 28 dias testados e avaliar os efeitos funcionais que pode proporcionar aos

seus consumidores devido a sua elevada composição proteica e o uso da β-glucana.

Page 50: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

48

REFERÊNCIAS

AOAC. Association of official analytical chemists. Official Methods of Analyses of AOAC International.18 ed. Gaithersburg, 2016. APHA - AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION (APHA). Standard methods for the examination of dairy products. 17ª ed. Washington, 2004. BACHA, U.; NASIR, M.; IQBAL, S.; ANJUM, A. A. Nutraceutical, Anti-inflammatory, and Immune Modulatory Effects of β-glucan Isolated from Yeast. BioMed Research International, London, v. 2017, p. 1-14, 2017. BALDISSERA, A. C.; BETTA, F. D.; PENNA, A. L. B.; LINDNER, J. de D. Alimentos funcionais: uma nova fronteira para o desenvolvimento de bebidas proteicas a base de soro de leite. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 32, n. 4, p. 1497-1512, out./dez. 2011. BELLOLI, O. B. Desenvolvimento de um suplemento alimentar com propriedades funcionais à base de isolado proteico do soro de leite, probiótico e β-glucana. 2016. 65 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Leite e Derivados) – UNOPAR, Londrina, 2016. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria n. 146, de 7 de março de1996. Regulamento técnico de identidade e qualidade de queijos. Diário Oficial [da] União, Poder Executivo, Brasília, DF, 07 mar. 1996. Seção 1, p. 1-101. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n. 360, de 23 de dezembro de 2003. Regulamento técnico sobre rotulagem nutricional de alimentos embalados. Diário Oficial [da] União, Poder Executivo, Brasília, DF, 23 dez. 2003. Seção 1, p. 33-144. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n. 54, de 12 de novembro de 2012. Regulamento técnico Mercosul sobre informação nutricional complementar. Diário Oficial [da] União, Poder Executivo, Brasília, DF, 12 nov. 2012. Seção 1, p. 122-232. DARPOSSOLO, F. P. B.; QUINTANA, L. R.; MAGNANI, M.; OBA, A.; VENÂNCIO, E. J.; CASTRO-GÓMEZ, R. J. H. Avaliação do potencial imunoestimulante da Carboximetil-glucana de Saccharomyces cerevisiae em frangos de corte (Gallus domesticus). Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 31, n. 1, p. 231-240, jan./mar. 2010. FERREIRA, V. L. P. Análise sensorial: testes discriminativos e afetivos. Sociedade brasileira de ciência e tecnologia de alimentos, Campinas-SP, 2000. 127 p. FOX, P. F. Cheese: chemistry, physics and microbiology. 3 ed. v. 2. Elsevier Academic Press: London, 463 p., 2004. FRANCO, B. D. G. M.; LANDGRAF, M. Microbiologia dos Alimentos. São Paulo: Atheneu, 1996. p.183.

Page 51: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

49

HASSAN, K.; HASSAN, F. Does whey protein supplementation affect blood pressure in hypoalbuminemic peritoneal dialysis petients? Therapeutics and Clinical Risk Management, Auckland, v. 13, p. 989-997, aug. 2017. HOERNER, R.; FELDPAUSCH, J.; GRAY, R. L.; CURRY, S.; ISALAM, Z.; GOLDY, T.; KLEIN, F.; TADESE, T.; RICE, J.; MOZOLA, M. Reveal Salmonella 2.0 test for detection of Salmonella spp. in foods and environmental samples: Performance Tested Method 960801. Journal of AOAC International, Arlington, v. 94, n. 5, p. 1467-1480, sep./oct. 2011. KITTISUBAN, P.; RITTHIRUANGDEJ, P.; SUPHANTHARIKA, M. Optimization of hydroxypropylmethylcellulose, yeast b-glucan, and whey protein levels based on physical properties of gluten-free rice bread using response surface methodology. LWT - Food Science and Technology, London, v. 57, n. 2, p. 738-748, jul. 2014. MAGNANI, M.; CASTRO-GÓMEZ, R. J. H. β-glucana de Saccharomyces cerevisiae: constituição, bioatividade e obtenção. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 29, n. 3, p. 631-650, jul./set. 2008. MIRA, G. S.; GRAF, H.; CÂNDIDO, L. M. B. Visão retrospectiva em fibras alimentares com ênfase em beta-glucanas no tratamento de diabetes. Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences, São Paulo, v. 45, n. 1, p. 11-20, jan./mar., 2009. NEWMAN, C. W.; NEWMAN, R. K. A brief history of barley foods. Cereal Foods World, Saint Paul, v. 51, n. 1, p. 4-7, jan./feb. 2006. NICKERSON, T. A.; VUJICIC, I. F.; LIN, A. Y. Colorimetric estimation of lactose and it’s hydrolytic products. Journal of Dairy Science, Champaign, v. 59, n. 3, p. 386-390, mar. 1976. OLIVEIRA, D. F. de; BRAVO, C. E. C.; TONIAL, I. B. Soro de leite: um subproduto valioso. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, Juiz de Fora, v. 67, n. 385, p. 64-71, mar./abr. 2012. OYAMA, M.; HUNG, T. V.; YODA, K.; HE, F.; SUZUKI, T. A novel whey tetrapeptide IPAV reduces interleukin-8 production induced by TNF-a in human intestinal Caco-2 cells. Journal of Functional Foods, London, v. 35, n. 12, p. 376-383, aug. 2017. PAGNO, C. H.; BALDASSO, C.; TESSARO, I. C.; FLORES, S. H.; JONG, E. V. de. Obtenção de concentrados proteicos de soro de leite e caracterização de suas propriedades funcionais tecnológicas. Alimentos e Nutrição, Araraquara, v. 20, n. 2, p. 231-239, abr./jun. 2009. TALBOTT, S. M.; TALBOT, J. A. Baker's Yeast Beta-Glucan Supplement Reduces Upper Respiratory Symptoms and Improves Mood State in Stressed Women. Journal of the American College of Nutrition, New York, v. 31, n. 4, p. 295-300, 2012. THAMMAKITI, S.; SUPHANTHARIKA, M.; PHAESUWAN, T.; VERDUYN, C. Preparation of spent brewer’s yeast b-glucans for potential applications in the food industry. International Journal of Food Science and Technology, Oxford, v. 39, p.

Page 52: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

50

21-29, 2004. WITARD, O. C.; JACKMAN, S. R.; BREEN, L.; SMITH, K.; SELBY, A.; TIPTON, K. D. Myofibrillar muscle protein synthesis rates subsequent to a meal in response to increasing doses of whey protein at rest and after resistance exercise. American Journal of Clinical Nutrition, Bethesda, v. 99, p. 86-95, 2014.

Page 53: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

51

CONCLUSÃO GERAL

Produzir um produto com a utilização das proteínas do soro de leite é uma

ótima alternativa para o reaproveitamento das mesmas, usufruindo de seu ótimo

potencial nutricional e funcional ajudando a reduzir o seu descarte. A β-glucana

incorporada no produto otimizou estas funcionalidades, atribuindo valor e chamando

atenção para a saúde dos consumidores. O produto apresentou boa qualidade

microbiológica e físico-química, garantindo assim uma boa aceitação entre os

provadores da análise sensorial realizada, obtendo 82% de aceitação. Deste modo,

pode-se afirmar que o produto é uma boa alternativa tecnológica de reaproveitamento

do soro de leite descartado pelas indústrias de laticínios, além de suas ótimas

qualidade nutricionais.

Page 54: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

52

APÊNDICES

Page 55: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

53

APÊNDICE A – FICHAS SENSORIAIS Nome:________________________________________________________Data: __/__/__ Você está recebendo um creme de “whey protein”. Por favor, prove, avalie e indique o quanto você gostou ou desgostou na escala abaixo da APARÊNCIA GLOBAL, COR, SABOR SALGADO e AROMA do produto. 9- gostei muitíssimo APARÊNCIA GLOBAL: _________ 8- gostei muito COR:________ 7- gostei moderadamente SABOR SALGADO:_________ 6- gostei ligeiramente AROMA:________ 5- nem gostei / nem desgostei 4- desgostei ligeiramente 3- desgostei moderadamente 2- desgostei muito 1- desgostei muitíssimo Se você encontrasse este produto a venda, qual seria sua atitude? 1- decididamente eu compraria 2- provavelmente eu compraria 3- talvez sim / talvez não 4- provavelmente eu não compraria 5- decididamente eu não compraria Comentários:_______________________________________________________________ Nome:________________________________________________________Data: __/__/__ Você está recebendo um creme de “whey protein”. Por favor, prove, avalie e indique o quanto você gostou ou desgostou na escala abaixo da APARÊNCIA GLOBAL, COR, SABOR DOCE e AROMA do produto. 9- gostei muitíssimo APARÊNCIA GLOBAL: _________ 8- gostei muito COR:________ 7- gostei moderadamente SABOR DOCE:_________ 6- gostei ligeiramente AROMA:________ 5- nem gostei / nem desgostei 4- desgostei ligeiramente 3- desgostei moderadamente 2- desgostei muito 1- desgostei muitíssimo Se você encontrasse este produto a venda, qual seria sua atitude? 1- decididamente eu compraria 2- provavelmente eu compraria 3- talvez sim / talvez não 4- provavelmente eu não compraria 5- decididamente eu não compraria Comentários:_______________________________________________________________

Page 56: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

54

APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

I. DADOS SOBRE A PESQUISA Você está sendo convidado (a) a participar da pesquisa intitulada “Desenvolvimento de um alimento tipo creme à base de proteína de soro de leite enriquecido com β-glucana” que tem a finalidade de avaliar as características sensoriais de um produto cremoso composto de whey protein produzido no Laboratório do Mestrado de Ciência e Tecnologia dos Leites e Derivados. Essa pesquisa está sendo realizada pela aluna do mestrado Emely Zanon (bacharel em química), sob orientação do Prof. Dr. Rafael Fagnani (Médico Veterinário), do Programa de Mestrado em Ciência e Tecnologia do Leite e Derivados da Universidade Norte do Paraná, UNOPAR, unidade Piza. II. EXPLICAÇÕES DOS PESQUISADORES Para participar desta análise, você deve ter mais de 18 anos, ser consumidor de lácteos, sem nenhum tipo de manifestação de alergia ou intolerância ao leite, lactose ou proteínas do leite, além de não poder estar gripado, resfriado ou indisposto. Atendendo a esses requisitos, você terá a oportunidade de participar da análise sensorial provando o produto cremoso. Essa pesquisa contará com a participação de 100 provadores e oferece um risco mínimo de probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano como consequência imediata ou tardia do estudo. A análise consiste em 1 etapa onde você irá provar o produto e irá responder a questões referentes a características gerais, o sabor, aroma, cor, doçura e salgado. Você poderá expor as impressões obtidas nessa pesquisa em formulários próprios, no laboratório de análise sensorial da UNOPAR. III. ESCLARECIMENTOS Informamos que é de livre escolha a participação nesse estudo, não havendo remuneração financeira para os participantes da análise. O senhor(a) não terá nenhum tipo de despesa por participar da pesquisa. Ao participar desta pesquisa o senhor(a) não terá benefício direto, mas esperamos que este estudo traga informações importantes sobre os leites com baixa lactose comerciais. O senhor(a) tem a liberdade de desistir de participar da análise a qualquer momento, sem nenhum ônus. Todas as informações coletadas nesse estudo são confidenciais e somente os pesquisadores terão acesso aos dados individualmente e os mesmos serão divulgados de forma conjunta, sem citar nomes de participante, garantindo a privacidade dos provadores. As informações serão apresentadas no trabalho sem que haja a possibilidade de você ser identificado. Caso o provador queira saber mais informações sobre a pesquisa, nosso grupo de pesquisa estará à disposição para dar explicações a respeito ou fornecer literatura científica apropriada sobre o assunto. IV. CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO “Após a leitura do documento e de ter tido a oportunidade de conversar com as pesquisadoras responsáveis para esclarecer todas as minhas dúvidas, declaro estar ciente do objetivo da análise, não apresento reação alérgica ou intolerância ao produto analisado, tenho mais de 18 anos, costumo ingerir lácteos, não tenho nenhuma doença crônica, não estou fazendo tratamento médico e aceito participar dessa análise. Confiro que recebi cópia deste termo de consentimento, e autorizo a execução do trabalho de pesquisa e a divulgação dos dados obtidos neste estudo”. Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, de forma livre, esclarecida e espontânea, manifesto meu consentimento em participar da pesquisa. Obs: Não assine esse termo se ainda tiver dúvida a respeito.

Nome do participante:__________________________________________________ Idade:_____anos

Sexo: ( )M ( )F Telefone: ( )_____-_____Documento de Identidade nº:_______________________

_____________________________Assinatura do participante ou responsável legal _______________________________ Assinatura do pesquisador* ________________________________ Assinatura do orientador da pesquisa** * Emely Zanon - Bacharel em Química pela Unopar. Telefone: (43)9984-1628. E-mail: [email protected]; ** Prof. Dr. Rafael Fagnani – Mestrado em Ciência e Tecnologia do Leite e Derivados. E-mail: [email protected]. Av. Paris, 675, Jardim Piza, Londrina – PR. CEP: 86041-120.

Page 57: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

55

ANEXOS

Page 58: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

56

ANEXO A – RÓTULO SORO DE LEITE EM PÓ

Page 59: DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO LÁCTEO CREMOSO …repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/19281/1/DEFESA... · polissacarídeos encontrados na parede celular de leveduras,

57

ANEXO B – PARECER COMITÊ DE ÉTICA