UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE … · participaram da minha defesa da dissertação de...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA
THIAGO BRASILEIRO DE VASCONCELOS
EFEITOS ANTIESPASMÓDICO E MIORRELAXANTE DO β-CITRONELOL EM
MÚSCULO LISO TRAQUEAL DE RATOS: POTENCIAL AÇÃO NA
HIPERREATIVIDADE APÓS DESAFIO ANTIGÊNICO E ELUCIDAÇÃO DO
MECANISMO DE AÇÃO
FORTALEZA
2013
THIAGO BRASILEIRO DE VASCONCELOS
EFEITOS ANTIESPASMÓDICO E MIORRELAXANTE DO β-CITRONELOL EM
MÚSCULO LISO TRAQUEAL DE RATOS: POTENCIAL AÇÃO NA
HIPERREATIVIDADE APÓS DESAFIO ANTIGÊNICO E ELUCIDAÇÃO DO
MECANISMO DE AÇÃO
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-graduação em
Farmacologia da Faculdade de Medicina
da Universidade Federal do Ceará, como
requisito parcial para obtenção do Título
de Mestre em Farmacologia. Área de
concentração: Farmacologia.
Orientador: Prof. Dr. Pedro Jorge Caldas
Magalhães.
FORTALEZA
2013
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará Biblioteca de Ciências da Saúde
V451e Vasconcelos, Thiago Brasileiro de.
Efeitos antiespasmódico e miorrelaxante do β-citronelol em músculo liso traqueal ratos: potencial ação na hiperreatividade após desafio antigênico e elucidação do mecanismo de ação. / Thiago Brasileiro de. Vasconcelos. – 2013.
118 f.: il. color., enc.; 30 cm. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Medicina,
Departamento de Fisiologia e Farmacologia, Programa de Pós-Graduação em Farmacologia, Mestrado em Farmacologia, Fortaleza, 2013.
Área de Concentração: Farmacologia. Orientação: Prof. Dr. Pedro Jorge Caldas Magalhães.
1. Cymbopogon. 2. Músculo Liso. 3. Broncodilatador. I. Título.
CDD 615.72
THIAGO BRASILEIRO DE VASCONCELOS
EFEITOS ANTIESPASMÓDICO E MIORRELAXANTE DO β-CITRONELOL EM
MÚSCULO LISO TRAQUEAL DE RATOS: POTENCIAL AÇÃO NA
HIPERREATIVIDADE APÓS DESAFIO ANTIGÊNICO E ELUCIDAÇÃO DO
MECANISMO DE AÇÃO
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-graduação em
Farmacologia, da Faculdade de Medicina
da Universidade Federal do Ceará, como
requisito parcial para obtenção do Título
de Mestre em Farmacologia. Área de
concentração: Farmacologia.
Aprovada em: 19/12/2013.
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________
Prof. Dr. Pedro Jorge Caldas Magalhães
Universidade Federal do Ceará - UFC
____________________________________
Prof. Dr. Daniel Freire de Sousa
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira - UNILAB
_____________________________________
Profa. Dra. Flávia Almeida Santos
Universidade Federal do Ceará - UFC
Dedico este trabalho às minhas avós Iraci
e Maria minha eterna gratidão e amor.
Ao meu pai, Enéas, que me ensinou a
superar os obstáculos com dignidade,
respeito e coragem.
À minha mãe, Lucinha, sinônimo de amor,
alegria, fé e paz.
Ao meu irmão, Yuri, companheiro, amigo
e fiel.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo dom da vida e por ser a fonte inesgotável de sabedoria.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Pedro Jorge Caldas Magalhães, pela sua orientação,
confiança e amizade. Muito obrigado pelos os ensinamentos, por ter acreditado em
mim quando eu não tinha muitas esperanças, e por me mostrar um pouco mais
sobre o que é ser um pesquisador.
Aos Profs. Drs. Rodrigo José Bezerra de Siqueira e Roberto César Pereira Lima
Júnior e a Profa. Dra. Nylane Maria Nunes de Alencar pela disponibilidade e preteza
em participarem da minha banca de qualificação.
Ao Prof. Dr. Daniel Freire de Sousa e a Profa. Dra. Flávia Almeida Santos que
participaram da minha defesa da dissertação de Mestrado, colaborando para a
conclusão deste estudo.
Ao amigo e companheiro de bancada Hélder Veras Ribeiro Filho, por ter me ajudado
na realização dos experimentos e me incentivado a buscar insistentemente novas
abordagens experimentais.
Aos colegas do Laboratório de Farmacologia do Músculo Liso e Laboratório Escola
Prof. Luís Capelo, pela torcida, convivência, troca de conhecimentos,
companheirismo e alegria durante a realização dos experimentos, isso fez toda a
diferença.
Ao Prof. Dr. Vasco Pinheiro Diógenes Bastos, a quem eu considero como meu “pai
científico” que me incentiva e apoia desde o inicio da minha história acadêmica.
Aos professores do Departamento de Fisiologia e Farmacologia.
A toda minha família pelo apoio, torcida e amor.
A todos meus amigos que torcem e vibram por mim a cada conquista.
À Ana Richelly, meu “braço esquerdo”, que tornou minha vida mais leve e feliz, pela
sua torcida, compreensão, carinho e amor.
Aos funcionários do Departamento de Fisiologia e Farmacologia e do Centro de
Biomedicina.
Aos técnicos, José Haroldo Pinheiro Ferreira e Maria Silvandira França Pinheiro pela
disponibilidade, carinho e atenção.
Às secretárias da Pós-Graduação em Farmacologia, Áurea Rhanes Yida, Márcia
Herminia Pinheiro Borges e Célia Araújo de Carvalho Gonzaga pela dedicação e
atenção.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo
apoio financeiro.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste estudo.
Muito Obrigado!
“Se eu falasse as línguas dos homens e as dos
anjos, mas não tivesse amor, eu seria como um
bronze que soa ou um címbalo que retine.
Se eu tivesse o dom de profecia, se
conhecesse todos os mistérios e toda a ciência,
se tivesse toda a fé, a ponto de remover
montanhas, mas não tivesse amor, eu nada
seria”.
1 Coríntios 13:1-2.
RESUMO
O β-citronelol é um álcool monoterpênico de ocorrência natural em vários óleos essenciais como o óleo de citronela (obtido de Cymbopogon winterianus), de ampla utilização popular por suas propriedades repelentes de insetos. Recentemente, a esta molécula tem sido atribuídas outras propriedades que envolvem atividade antibacteriana, antifúngica, antiespasmódica, hipotensora e vasorrelaxante. Sendo assim, objetivamos estudar suas possíveis ações no comportamento motor do músculo liso do sistema respiratório de ratos Wistar. Os animais considerados nesse estudo foram divididos em 04 grupos: controle, sensibilizado, desafiado e tratado, em seguida, registros isométricos, in vitro, foram obtidos a partir de anéis isolados de
traqueia. A inalação de -citronelol (300 µM) preveniu a hiperreatividade traqueal mediante a adição de K+ ou ACh em animais submetidos a um modelo de asma, no
entanto, a adição cumulativa de -citronelol (10 a 1000 µM), na cuba para órgãos isolados, não produziu alteração significativa das preparações mantidas sob tônus
basal. Em preparações de traqueia mantidas contraídas, a adição de -citronelol relaxou total e significativamente (p < 0,001; Two-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) os anéis de traqueia, com CI50 de 120,44 [73,29 - 197,91] µM para o K+
e 211,10 [114,13 – 390,46] µM para a ACh, e esse efeito não foi alterado (p > 0,05; Teste de Mann-Whitney) após o tratamento com Propranolol, L-NAME, TEA, Azul de Metileno, Ortovanadato de Sódio, Capsazepina, Indometacina e A-967079. Em
experimentos realizados com a remoção do Ca2+ e contendo EGTA, o -citronelol inibiu a contração mediante a entrada de Ca2+ preferencialmente em canais VOC, mas em altas concentrações, pôde atuar também nos canais ROC e SOC, esse efeito foi mais pronunciado (p < 0,001; Two-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) na contração promovida pela adição de Ba2+, demonstrando uma maior
especificidade em atuar nos canais de Ca2+ operados por voltagem do tipo L. O -citronelol também foi capaz de diminuir a contração induzida pela estimulação
elétrica. Esses resultados demonstram que o -citronelol caracteriza-se como uma substância antiespasmódica e miorrelaxante do músculo liso respiratório, e esse efeito está parcialmente relacionado à sua capacidade de reduzir principalmente o acoplamento eletromecânico.
Palavras-chave: Cymbopogon. Músculo Liso. Broncodilatador.
ABSTRACT
The β-citronellol is an alcoholic monoterpene of natural occurrence that is found in several essential oils, including the citronella oil (obtained from Cymbopogon winterianus). In general, it is widely used as insect repellent. Recently this molecule has been studied as antibacterial, antifungal, antispasmodic, hypotensive and vasorelaxant agent. We aimed to study the effects of β-citronellol on smooth muscle contractility of rat airways. The animals were divided in four groups namely Control, Sensitized, Challenged and Treated. Isometric recordings were obtained from
isolated preparations from tracheal tissues cut as rings. Inhalation of -citronellol (300 µM) before antigen (ovalbumin, OVA) challenge prevented development of tracheal hyperreactivity in response to K+ or ACh in tissues of OVA-sensitized
animals. In vitro, the cumulative addition of -citronellol (10 to 1000 µM) did not change basal tone in tracheal smooth muscle preparations. In tracheal rings pre-
contracted with K+ or acetylcholine (ACh), the addition of -citronellol fully relaxed (p < 0.001, Two-Way ANOVA, Holm-Sidak) tracheal rings with IC50 values of 120.44 [73.29 – 197.91] µM for K+ and 211.10 [114.13 - 390.46] µM for ACh. The relaxing effect of β-citronellol was not altered (p > 0.05, Mann-Whitney test) after treatment with propranolol, N (G)-nitro-L- arginine methyl ester (L-NAME), tetraethylammonium (TEA), methylene blue, sodium orthovanadate, capsazepine, indomethacin and A-967079. Experiments performed in Ca2+ depleted medium containing EGTA revealed
that low concentrations of -citronellol preferentially inhibited contractions induced by recruiting Ca2+ influx via voltage-operated channels (VOC), although at higher concentrations it could also inhibit either on contractions evocked with receptor-operated (ROC) or store-operated (SOC) pathways. Such effect was supported by the more pronounced inhibitory effects of β-citronellol (p < 0.001, Two-Way ANOVA, Holm-Sidak) against contractions promoted in tracheal tissues maintained in Ba2+-
containing medium. -Citronellol also decreased the contractions induced by
electrical field stimulation. These results suggest that -citronellol has antispasmodic and myorelaxant properties on airway smooth muscle, which could be partly related to its ability in inhibiting the electromechanical coupling.
Keywords: Cymbopogon. Smooth Muscle. Bronchodilator.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Substâncias químicas produzidas pelo metabolismo primário e
secundário das plantas. ....................................................................................18
Figura 2 - Plantas do gênero Cymbopogon. .....................................................20
Figura 3 - Estrutura química do β-citronelol .....................................................23
Figura 4 - Contração do músculo liso traqueal. ................................................29
Figura 5 - Canais de Ca2+. ................................................................................29
Figura 6 - Relaxamento do músculo liso traqueal. ............................................31
Figura 7 - Hiperreatividade brônquica é decorrente do ambiente inflamatório. 32
Figura 8 - Método de inalação. .........................................................................43
Figura 9 - Protocolo experimental de sensibilização, tratamento e desafio. .....44
Figura 10 - Detalhe da montagem de anéis de traqueia de rato no sistema de
contratilidade in vitro. ........................................................................................45
Figura 11 - Sistema utilizado nos experimentos de contratilidade in vitro em
traqueia de rato. ................................................................................................46
Figura 12 - Tratamento com β-citronelol previne a hiperreatividade ao K+
induzida pelo desafio antigênico em animais sensibilizados ao antígeno... ......56
Figura 13 - Tratamento com β-citronelol previne a hiperreatividade à
acetilcolina induzida pelo desafio antigênico em animais sensibilizados ao
antígeno............................................................. ................................................57
Figura 14 - Efeito inibitório do β-citronelol nas curvas concentração-efeito para
K+.. ....................................................................................................................59
Figura 15 - Curva concentração-efeito para definir a concentração do
verapamil capaz de abolir a resposta contrátil ao K+... ......................................61
Figura 16 - Eliminação da participação dos canais de Ca2+ operados por
voltagem pelo verapamil na curva concentração-efeito em resposta à ACh em
anéis de traqueia de animais naive.. .................................................................62
Figura 17 - O β-citronelol não foi capaz de inibir as curvas concentração-efeito
para ACh na presença de verapamil.... .............................................................64
Figura 18 - β-Citronelol não alterou o tônus basal de preparações de traqueia
isolada de rato... ................................................................................................66
Figura 19 - Reversão pelo β-citronelol da contração de anéis de traqueia de
rato induzidas por K+.. .......................................................................................69
Figura 20 - Reversão pelo β-citronelol da contração de anéis de traqueia de
rato induzidas por acetilcolina. ..........................................................................70
Figura 21 - Reversão da contração serotoninérgica em anéis de traqueia de
rato induzida pelo β-citronelol... ........................................................................71
Figura 22 - Reversão da contração induzida por ortovandadato de sódio pelo
β-citronelol em anéis de traqueia de ratos.. ......................................................73
Figura 23 - Efeito relaxante do β-citronelol sobre a contração de ACh em anéis
de traqueia de rato não é alterado por inibidores farmacológicos... ..................75
Figura 24 - Efeito relaxante do β-citronelol sobre a contração de ACh em anéis
de traqueia de rato não é alterado por capsazepina ou indometacina... ...........76
Figura 25 - O β-citronelol produziu relaxamento na contração de ACh na
presença de A-967079 em músculo liso traqueal de ratos. ...............................78
Figura 26 - Efeito relaxante do β-citronelol na contração de anéis de traqueia
de rato induzida conjuntamente por K+ e ACh em meio contendo Ca2+ ou
Ba2+................. ..................................................................................................81
Figura 27 - β-citronelol inibiu a contração induzida pela adição de Ca2+ em
anéis de traqueia mantidos em meio sem Ca2+ com alta concentração de K+ (60
mM).... ...............................................................................................................83
Figura 28 - β-citronelol inibiu a contração induzida pela adição de Ba2+ em
anéis de traqueia mantidos em meio sem Ca2+ com alta concentração de K+ (60
mM).... ...............................................................................................................85
Figura 29 - β-Citronelol não alterou a contração induzida por adição de Ca2+
em anéis de traqueia mantidos em meio sem Ca2+ na presença de acetilcolina
e verapamil..... ...................................................................................................87
Figura 30 - β-Citronelol inibiu a contração de anéis de traqueia causada pela
restauração extracelular de Ca2+ após esgotar estoques intracelulares com
acetilcolina e tapsigargina..... ............................................................................89
Figura 31 - O β-citronelol inibiu a contração induzida por estimulo elétrico em
anéis de traqueia isolada de ratos...... ...............................................................91
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Valores da concentração inibitória capaz de produzir efeito
miorrelaxante em 50% da resposta contrátil (CI50) induzida pelo β-citronelol na
contração sustentada de K+, ACh ou 5-HT em anéis de traqueia de ratos na
ausência e na presença de várias substancias capazes de interferir no
mecanismo de contração/relaxamento da célula muscular lisa traqueal.. .........79
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
5-HT Serotonina
ACh Acetilcolina
Al(OH)3 Hidróxido de Alumínio
AMPc Adenosina monofosfato cíclico
ANOVA Análise de variância
ATP Adenosina trifosfato
CaM Calmodulina
CCE Curva concentração–efeito
CI50 Concentração inibitória capaz de produzir 50% do efeito máximo
COX Enzima Ciclooxigenase
DAG Diacilclicerol
E.P.M. Erro padrão da média
EE Eletroestimulação
Emax Efeito Máximo
EGTA Ácido etileno-bis(β-amino-etil-éter)-N,N,N’,N’-tetracético
IL Interleucinas
IP3 Inositol 1,4,5-trifosfato
L-NAME L-nitro-arginina- metil- Ester
MLC Cadeia leve de miosina
MLCK Quinase de cadeia leve de miosina
MLCP Fosfatase de cadeia leve de miosina
NO Óxido nítrico
OVA Ovalbumina
PKA Proteína quinase A
PKC Proteína quinase C
PTP Proteína tirosina fosfatase
ROC Canal para Ca2+ operado por receptor
RS Retículo sarcoplasmático
RyR Receptor de rianodina
SERCA Bomba Ca2+-ATPase presente no retículo sarcoplasmático
SOC Canal para Ca2+ operado por estoque
TEA Tetraetilamônio
TNF- Fator de Necrose Tumoral Alfa
TRP Receptor de Potencial Transitório
TRPA1 Receptor de Potencial Transitório Anquirina do Tipo 1
TRPV1 Receptor de Potencial Transitório Vanilóide do Tipo 1
VOC Canal para Ca2+ operado por voltagem
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 15
1.1 Plantas medicinais ......................................................................................15
1.2 Óleos essenciais extraídos de plantas do gênero Cymbopogon ................17
1.3 Efeitos do β-citronelol ..................................................................................22
1.4 Músculo liso traqueal ...................................................................................24
1.5 Contratilidade do músculo liso................................................................ .....26
1.6 Asma.............................................................. ..............................................31
2 JUSTIFICATIVA ....................................................................................... 36
3 OBJETIVOS .............................................................................................. 38
3.1 Objetivo Geral .............................................................................................38
3.1 Objetivos Específicos ..................................................................................38
4 METODOLOGIA ...................................................................................... 40
4.1 Animais........................................................................................................40
4.2 Soluções e fármacos utilizados ...................................................................41
4.3 Métodos de sensibilização, desafio antigênico e tratamento.......................42
4.4 Experimentos in vitro ...................................................................................44
4.4.1 Traqueia isolada .......................................................................................44
4.5 Protocolos experimentais ............................................................................46
4.5.1 Curvas concentração-efeito ......................................................................46
4.6 Análise de dados .........................................................................................53
5 RESULTADOS ......................................................................................... 55
5.1 Inalação de β-citronelol previne a hiperreatividade traqueal induzida pelo
desafio antigênico .............................................................................................55
5.2 Efeito do β-citronelol sobre a curva concentração-efeito induzida por K+ em
anéis de traqueia ...............................................................................................58
5.3 Habilidade do β-citronelol para inibir respostas contráteis via recrutamento
de canais de Ca2+ da membrana plasmática .....................................................60
5.4 β-citronelol não altera o tônus basal de preparações de traqueia isolada de
rato ....................................................................................................................65
5.5 β-citronelol relaxa a contração sustentada induzida por K+, acetilcolina ou
serotonina (5-HT) em traqueia isolada de rato ..................................................67
5.6 Efeito inibitório do β-citronelol sobre a contração induzida por ortovanadato
de sódio em traqueia isolada de rato ................................................................72
5.7 Efeitos inibitórios do β-citronelol sobre a contração sustentada de
acetilcolina em traqueia isolada de ratos na presença de bloqueadores
farmacológicos e inibidores enzimáticos ...........................................................74
5.8 Efeito do β-citronelol em preparações isoladas de traqueia contraídas com
uma combinação de K+ e ACh em meio contendo Ca2+ ou Ba2+ .......................80
5.9 Efeitos inibitórios do β-citronelol nas curvas concentração-efeito induzidas
pela adição cumulativa de Ca2+ ou Ba2+ em preparações de traqueia mantidas
em meio sem Ca2+ despolarizadas com K+ .......................................................82
5.10 Efeitos inibitórios do β-citronelol nas curvas concentração-efeito induzidas
pela adição cumulativa de Ca2+ em preparações de traqueia mantidas em meio
sem Ca2+ estimuladas com ACh .......................................................................86
5.11 Efeito do β-citronelol na contração induzida pela adição de Ca2+ após a
depleção dos estoques intracelulares em preparações isoladas de traqueia
mantidas em meio sem Ca2+ estimuladas com ACh .........................................88
5.12 Efeito do β-citronelol na contratilidade induzida por estimulo elétrico em
traqueias isoladas de ratos................................................................................90
6 DISCUSSÃO ............................................................................................. 93
7 CONCLUSÕES ......................................................................... 101
REFERÊNCIAS .........................................................................................102
ANEXO ........................................................................................................115
INTRODUÇÃO
15
1 INTRODUÇÃO
1.1 Plantas medicinais
Desde a origem das civilizações, os vegetais são fontes de alimento e de
matéria prima para uma gama de produtos utilizados pelo homem como objetos para
defesa, vestuário, transporte, habitação, dentre inúmeros outros. Os vegetais
representaram também a principal fonte de misturas usadas em rituais religiosos
para a cura de diversos males. Há aproximadamente 10 mil anos atrás, o homem foi
deixando de ser caçador-colhedor para tornar-se um produtor, passando a
selecionar entre as plantas e animais, os tipos mais adequados às suas
necessidades (SILVA, 2010a).
O uso de plantas medicinais tem suas raízes nas mais antigas práticas
curativas da humanidade. Muitas plantas usadas atualmente foram utilizadas
durante milhares de anos, mesmo antes das descrições científicas de suas
propriedades terapêuticas. Arqueólogos já descreveram traços de numerosas
plantas de reconhecido valor medicinal em antigos centros funerários e habitáculos
do homem primitivo. Segundo relatos na literatura, há aproximadamente três
milênios antes de Cristo, os antigos povos orientais já faziam uso de plantas no
tratamento de diversas doenças (WAGNER; FARNSWORTH, 1990).
As plantas são fontes importantes de produtos naturais biologicamente
ativos, muitos dos quais se constituem em modelos para a síntese de fármacos.
Alguns dos constituintes isolados de folhas, raízes, flores e frutos (flavonóides,
taninos, alcalóides, cumarinas e terpenos) são os principais responsáveis pelas
ações analgésicas, anti-inflamatórias, antivirais, hipoglicemiantes, antiespasmódicas
e antialérgicas encontradas nas plantas. Estudos na área de produtos naturais
mostram resultados impressionantes pelo fato desses produtos revelarem uma
diversidade em termos de estrutura e de propriedades físico-químicas e biológicas
(GUERRA; NODARI, 2000).
Acredita-se que o Brasil seja o país com a maior diversidade genética
vegetal do mundo, com mais de 50.000 espécies catalogadas e de
16
aproximadamente 450.000 existentes. Para se ter uma melhor noção dessa
riquíssima diversidade, países como o Canadá e os Estados Unidos possuem uma
diversidade vegetal nativa de no máximo 700 espécies (FONTENELE, 2004). A
biodiversidade brasileira associada ao conhecimento etnofarmacológico,
principalmente da população indígena e rural, constituem uma vantagem no
processo de desenvolvimento de programas e projetos relacionados à plantas
medicinais (SILVA et al., 2001).
Calixto (2000); Rates (2001) e Veiga-Junior (2008) confirmam que a
diversidade genética vegetal no Brasil é bastante significativa e em seu território
encontram-se cinco biomas principais, Floresta Amazônica, Cerrado, Mata Atlântica,
Pantanal e Caatinga, sendo todos fontes importantes de produtos terapêuticos.
Ressalta-se que a utilização das plantas medicinais no Brasil foi difundida
principalmente pela cultura indígena.
Recentemente Ngo; Okogun; Folk (2013) publicaram uma revisão sobre a
pesquisa de produtos naturais e o desenvolvimento de drogas e medicamentos
tradicionais, e os mesmos destacaram que, os produtos naturais são fontes
essenciais de novos produtos farmacêuticos, principalmente devido à imensa
variedade de metabólitos secundários potencialmente relevantes de espécies
microbianas e vegetais. A tecnologia que ascendeu no século 21, possibilitou o
desenvolvimento de ferramentas poderosas de análise, baseadas na genômica,
proteômica, metabolômica, bioinformática, dentre outras tecnologias, acelerando o
processo de identificação e caracterização dos produtos naturais.
Com o avanço da tecnologia, muitas substâncias sintéticas têm sido
produzidas no intuito de prevenir, controlar e curar doenças, e consequentemente,
aumentar a estimativa de vida humana. As estruturas bioativas inovadoras podem
ser otimizadas gerando novos candidatos a fármacos úteis no tratamento de várias
doenças (CRAGG; NEWMAN, 2013). No entanto, ainda existe uma grande procura
por produtos naturais, pois possuem um custo menor do que os produtos
industrializados. Em contrapartida, a grande maioria destas fontes naturais não
possuem relatos na literatura sobre sua eficácia. Acredita-se que 25% de todos os
medicamentos modernos sejam direta ou indiretamente derivados de plantas
(CALIXTO, 2000). Neste contexto, os óleos essenciais extraídos de plantas
medicinais têm sido amplamente estudados e seu potencial terapêutico tem sido
demonstrado através de experimentos envolvendo animais (MAGALHÃES;
17
LAHLOU; LEAL-CARDOSO, 2004; SOUSA et al., 2006; PINHO et al., 2012;
GBENOU et al., 2013).
1.2 Óleos essenciais extraídos de plantas do gênero Cymbopogon
Os óleos essenciais, também conhecidos como essências, são
compostos formados ao longo do crescimento do vegetal influenciados por fatores
genéticos fixos e ambientais que são variáveis, por exemplo, a temperatura, o solo,
a luz, dentre outros. Esses compostos agem na preservação e integridade da planta
e quando testados em sistemas biológicos ou células animais, podem causar
diversos efeitos que podem ser explorados farmacologicamente (CASTELLANI,
1997; SILVA; CASALI, 2000).
Acrescenta-se que esses compostos são insolúveis em água e solúveis
em solventes orgânicos. São obtidos de diversas partes das plantas por técnicas
específicas, sendo a mais frequente a destilação por arraste com vapor d’água.
Destaca-se que a propriedade química do óleo essencial pode variar de acordo com
a parte extraída do vegetal (caule, folhas, flores, fruto, semente e raiz) (CRAVEIRO
et al., 1980; VITTI; BRITO, 2003).
Vários constituintes químicos são identificados nos óleos essenciais,
dentre eles: álcool simples e terpênicos, hidrocarbonetos terpênicos, aldeídos,
cetonas, fenóis, ésteres, éteres, óxidos, peróxidos, furanos, ácidos orgânicos, entre
outros (CRAVEIRO et al., 1981; SIMÕES et al., 2000; GONÇALVES et al., 2003;
OLIVEIRA et al., 2011). Todavia, alguns destes apresentam-se em maior
concentração e, por causa disso, são classificados como constituinte principal,
enquanto que, os que apresentam menor concentração são conhecidos como
compostos traços (VITTI; BRITO, 2003).
Segundo Peres (2004), as plantas por serem seres vivos, possuem
atividade metabólica, que compreende o conjunto de reações químicas que ocorrem
no interior das células. Em relação aos vegetais, o metabolismo é dividido em
primário (possui função essencial e está presente em todas as plantas, p. ex.
aminoácidos, carboidratos e clorofila) e secundário (não são necessários e não
possuem distribuição universal entre as plantas) (Figura 1).
18
Figura 1 - Substâncias químicas produzidas pelo metabolismo primário e secundário das plantas. Fonte: Torsell (1997).
Os óleos essenciais apresentam propriedades anti-inflamatórias (SIANI et
al., 2000; SÁ; ANDRADE; SOUSA, 2013), antibacterianas (SIANI et al., 2000),
analgésicas e antipiréticas (GBENOU et al., 2013) e vasodilatadoras (LUNA-
VÁZQUEZ et al., 2013), que muitas vezes condizem com a medicina popular. O
método de aplicação depende da fisiopatologia e do resultado desejado, é preciso
tomar cuidados de segurança com relação à toxicidade. Para o tratamento de
sintomas respiratórios e distúrbios do sistema nervoso, a inalação pode ser a melhor
forma de aplicação (SCHMITT et al., 2009), enquanto que a aplicação tópica é a
melhor maneira para tratar doenças de pele, por exemplo, as úlceras.
Diversos estudos realizados pelo nosso grupo de pesquisa - Fármacos e
Músculo Liso (CNPq), utilizando óleos essenciais obtidos de várias plantas
encontradas no Nordeste brasileiro, destacaram as suas propriedades
miorrelaxantes em tecidos isolados de traqueia de animais (MAGALHÃES, 2002;
MAGALHÃES et al., 2003; BASTOS, 2009; PINHO, 2010; DE SIQUEIRA et al.,
2012).
19
Um óleo essencial que possui efeito terapêutico é o de citronela. Ele é
produzido por espécies vegetais de gramíneas, uma das maiores familias de plantas
existentes (Família Poaceae), a qual pertence o gênero Cymbopogon e que são
conhecidas popularmente como “citronela”. Pertencente a esse, existem mais de
120 espécies originárias da Ásia tropical e amplamente distribuídas nas partes
tropicais do mundo (PEREIRA, 2009). Ela é comumente utlizada na medicina
tradicional indiana, chinesa e brasileira (SIMON; CHADWICK; CRAKER, 1984). O
cultivo de citronela no Brasil toma importante espaço no mercado de produtos
naturais, devido à grande procura por seu óleo essencial tanto no mercado interno
quanto para exportação (ROCHA; MING; MARQUES, 2000).
As espécies do gênero Cymbopogon são conhecidas popularmente como
(CASTRO; RAMOS, 2002; PRATO, 2013a; PRATO, 2013b):
Cymbopogon winterianus (Citronela, Capim-citronela, Citronela-de-
java, Citronela-do-ceilão);
Cymbopogon citratus (Capim-limão, Belgata, Belgate, Capim-cheiroso,
Capim-cidrão, Capim-cidreira, Erva cidreira, Capim-cidrilho, Capim-cidró, Capim-de-
cheiro, Capim-marinho, Capim-membeca, Capim-santo, Chá-de-caxinde, Chá-de-
estrada, Chá-de-príncipe, Chá-do-gabão, Cidró, Esquenanto, Palha-de-camelo,
Príncipe);
Cymbopogon nardus L. Rendle (Citronela, Cidró-do-paraguai).
20
Figura 2 - Plantas do gênero Cymbopogon.
A: Cymbopogon winterianus, B: Cymbopogon citratus e C: Cymbopogon nardus L. Rendle. Fontes: Silva (2009), figuras A e B; Castro; Ramos (2002), figura C.
A citronela destaca-se entre as plantas indicadas para o controle de
insetos (CASTRO; RAMOS, 2003), ela é perene e seu cultivo está presente nas
regiões tropicais e subtropicais em função das suas propriedades aromáticas
(ROCHA; MING; MARQUES, 2000; CASTRO; RAMOS, 2003). O óleo extraído de
suas folhas frescas ou parcialmente dessecadas é usado como repelente de
mosquitos e na perfumaria. Essa propriedade é atribuída à presença de substâncias
voláteis em suas folhas, como citronelal, citronelol, eugenol, geramiol e limoneno,
entre outras (SHASANY et al., 2000).
A utilização do óleo Cymbopogon nardus L. Rendle como ectoparasiticida
em bovinos leiteiros a partir de experimentações in vitro, demonstrou atividade
21
acaricida, havendo comportamento similar entre as soluções elaboradas com
produtos de diferentes fontes de produção (OLIVO et al., 2008).
Os estudos de Ghedini et al. (2002) apontam a eficácia da utilização de
capim-cidreira (Cymbopogon citratus) na formulação de xarope para combater a
tosse, gripe e febre em humanos. Carlini (1985), já destacava a utilização do chá de
suas folhas nas Ilhas Maurício e na península Malaia para o tratamento da gripe,
febre, pneumonia, problemas gástricos e também como sudorífero. Heimerdinger
(2005) acrescenta que o capim-cidreira pode ser uma forma alternativa de combate
a carrapatos em bovinos leiteiros.
Gomes; Negrelle (2003) destacam uma ampla gama de empregos
referenciados do capim-limão no Brasil, tais como: fortificante, digestivo,
antitussígeno, antigripal, analgésico, antiemético, anticardiopatias, antipirético, anti-
inflamatório de vias urinárias, diurético, antiespasmódico, diaforético e antiálgico.
Em relação ao óleo essencial de Cymbopogon winterianus (OECW),
Menezes et al. (2010) relataram suas propriedades vasodilatadoras e hipotensoras
em músculo liso vascular de ratos. Estes efeitos parecem ser mediados
principalmente por bloqueio dos canais de Ca2+ operados por voltagem. Além disso,
a maior dose de OECW induz bradicardia transitória e arritmias cardíacas devido a
uma ativação muscarínica secundária a uma descarga vagal.
Quintans-Júnior et al. (2008) estudaram os efeitos do óleo essencial das
folhas frescas de Cymbopogon winterianus e identificaram por meio da
espectrometria de massa como principais componentes do óleo: geraniol = 40,06%;
citronelal = 27,44%; citronelol = 10,45%; acetato geranil = 1,77% e limoneno =
1,58%, dentre outros. Outro estudo interessante de Oliveira et al. (2011) destacou
como componentes majoritários do óleo essencial de Cymbopogon nardus: citronelal
(34,61%), geraniol (23,18%) e citronelol (12,10%). Destacam ainda que, a maior
concentração de citronelal ocorreu, provavelmente, devido à oxidação do citronelol,
um álcool secundário, em citronelal.
Koh; Mokhtar; Iqbal (2012) acrescentam que o extrato de Cymbopogon
citratus pode ter atuado, ao menos em parte, como agente terapêutico protetor do
fígado contra danos ocasionados pelo estresse oxidativo. Contudo, antes de
considerá-lo como terapêutico, é essencial e necessário a descoberta de seus
mecanismos de ação, investigação e compreensão da sua farmacocinética e
biodisponibilidade dos seus constituintes bioativos.
22
Em 2012, Brito et al. (2012a) realizaram um levantamento de patentes
relacionadas ao citronelol (do inglês, citronellol) depositados no European Patent
Office (Espacenet), na World Intellectual Property Organization (WIPO), no United
States Patent and Trademark Office (USPTO) e no Banco de dados do Instituto
Nacional de Propriedade Industrial (INPI) do Brasil, com o objetivo de realizar um
rastreamento das pesquisas já desenvolvidas e patenteadas, avaliando-se as
diversas utilizações descritas para o citronelol. Foi verificado, então, que há um
pequeno número de patentes relacionados ao citronelol depositadas nos últimos dez
anos, porém, ressaltam que os Estados Unidos lideram o ranking de patentes entre
os países e que ainda existem poucas patentes com código A61K (preparações para
finalidades médicas, odontológicas ou higiênicas). Sendo assim, o citronelol
destaca-se como um composto de boa relevância relacionada à inovação
tecnológica, principalmente no que diz respeito a tecnologias para preparações em
saúde.
1.3 Efeitos do β-citronelol
O β-citronelol, que possui como sinônimos, 3,7 dimetil-6-octeno-1-ol e,
citronellol (LAPCZYNSKI; LETIZIA; API, 2008) (Figura 3), monoterpeno alcoólico
com peso molecular de 156,27 g/mol, é um dos constituintes majoritários do óleo
essencial de algumas plantas medicinais utilizadas na medicina popular como droga
anti-hipertensora (ABEGAZ; YOHANNES; DIETER, 1983; QUINTANS-JÚNIOR et
al., 2008), anti-inflamatória (KATSUKAWA et al., 2011; GBENOU et al., 2013),
analgésica (BRITO et al., 2012b), anticonvulsivante (SOUSA et al., 2006),
antioxidante (BRITO et al., 2012b), anti-microbiana local e acaricida (MATTOS et al.,
2000), como Cymbopogon nardus L. Rendle, Cymbopogon citratus, Cymbopogon
winterianus, Eucalyptus citriodora, Óleo de rosa e Lippia alba. Esses diversos tipos
de efeitos são atribuídos aos monoterpenos, que são os principais componentes
químicos desses óleos essenciais (SOUSA et al., 2006).
23
Figura 3 - Estrutura química do β-citronelol.
Fonte: Sebastião et al. (2011).
Vários estudos observaram que plantas produtoras de citronelol possuem
potenciais atividades farmacológicas. Por exemplo, o capim citronela (Cymbopogon
winterianus) e a Erva-cidreira-de-arbusto (Lippia alba) são plantas medicinais que
possuem o citronelol em sua composição quimica e são indicadas no combate à
febre, tosse, gripe (GHEDINI et al., 2002) e asma (BARBOSA et al., 2007).
Um estudo clínico avaliou a junção de 4 extratos de plantas medicinais
(Ganoderma lucidum – 3 mg, Codonopsis pilosula – 27,1 mg, Angelica sinensis –
64,5 mg) e Citronellol (273,6 mg), chamado de CCMH, adiministrados por 6
semanas, em forma de cápsulas, para 105 pacientes (74 mulheres e 31 homens)
como terapia coadjuvante do câncer (n = 60 mama, n = 24 colorretal, n = 14
nasofaríngeo e n = 7 pulmão), ressalta-se que o pacientes estavam em tratamento
quimioterápico e/ou radioterápico. Foi realizado um hemograma completo antes e
após as 6 semanas de tratamento. O estudo demonstrou que foi possivel diminuir a
leucopenia, neutropenia, as células exterminadoras naturais ou células NK (do
inglês, natural killer cell) e as contagens de linfócitos CD4, demonstrando que o
tratamento com CCHM poderá ter implicações clinicas importantes em pacientes
com câncer que são submetidos ao tratamento com quimioterapia e/ou radioterapia
(ZHUANG et al., 2009).
O citronelol também possui registros de seus efeitos como inseticida e de
repelência contra mosquitos e moscas (RAJA et al., 2001), atividade acaricida
(OLIVO et al., 2008), elevada ação carrapaticida (CHUNGSAMARNYART;
JIWAJINDA, 1992), antifúngico (PATTNAIK; SUBRAMANYAM; KOLE, 1996;
NAKAHARA et al., 2003), anti-inflamatório (SU et al., 2010), vasodilatador (BASTOS
et al., 2009), melhora da função imunológica (ZHUANG et al., 2009) e possível
atividade anticonvulsivante (SOUSA et al., 2006; QUINTANS-JÚNIOR et al., 2008),
24
entretanto, não existem, até o momento, estudos sobre suas atividades
farmacológicas no músculo liso traqueal.
Guimarães; Quintans; Quintans-Júnior (2013) realizaram uma revisão
sistemática buscando elucidar quais os monoterpenos (citral, citronelal, citronelol,
geranial, linalol, linalil-acetato, 1,8 cineol, timol, -terpineol, entre outros) com
atividade analgésica, para isso, pesquisaram 27 monoterpenos utilizados em
modelos de nocicepção animal. Os autores destacaram que o citronelol, alvo do
nosso estudo, é um monoterpeno alcoólico com estrutura análoga a do citronelal, e
apresenta efeitos analgésicos provavelmente mediados pela inibição de mediadores
periféricos, como o Fator de Necrose Tumoral- (TNF-) e síntese de oxido nítrico,
bem como mecanismos inibitórios centrais via receptores opióides (BRITO et al.,
2012b). Por fim, os autores ressaltam os monoterpenos como importantes
candidatos para o desenvolvimento de novos medicamentos que diminuam as
condições dolorosas dos processos patológicos.
Sá; Andrade; Sousa (2013) realizaram outra revisão interessante sobre a
atividade anti-inflamatória de vários monoterpenos (1,8-cineol; L-mentol; terpineol;
timol; carvacrol; linalol; citral; citronelol; limoneno; entre outros), e concluiram que,
eles são substancias bioativas em modelos experimentais de doenças inflamatórias,
com elevado potencial terapêutico servindo como fontes para o desenvolvimento de
novos medicamentos.
1.4 Músculo liso traqueal
O músculo liso está presente em vários sistemas do organismo humano,
particularmente no revestimento de órgãos como os vasos sanguíneos, estômago,
intestino, traqueia, útero, pele, dentre outros, sendo um importante alvo para estudos
relacionados à fisiologia e farmacologia de diversos produtos naturais
(SILVERTHORN, 2010).
Em relação à traqueia, ela possui forma cilindróide sendo constituída, em
suas partes anterior e laterais, por 16 a 20 anéis de cartilagem hialina ovais,
revestidas por peritônio e unidos entre si por tecido conjuntivo frouxo e feixes
musculares lisos que lhe propiciam rigidez ao colabamento. A parte posterior é plana
25
e formada por miofibrilas lisas que constituem o músculo liso traqueal. Toda a
traqueia é envolvida por camadas: mucosa, submucosa, cartilaginosa e adventícia
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008).
Um dos mais importantes problemas em todas as vias respiratórias é
mantê-las abertas e permitir o fluxo livre de ar para os alvéolos e a partir deles. Para
evitar o colabamento da traqueia, múltiplos anéis cartilaginosos estendem-se por
cinco sextos do diâmetro traqueal. Nas paredes brônquicas, placas cartilaginosas
encurvadas menos extensas mantêm a rigidez de forma razoável, embora permitam
mobilidade suficiente para a expansão e contração dos pulmões. Em todas as áreas
da traqueia e brônquios ocupadas por placas cartilaginosas, as paredes são
compostas principalmente por músculo liso (GUYTON; HALL, 2011).
A túnica interna da traqueia é formada por epitélio pseudo-estratificado
cilíndrico e ciliado e uma lâmina própria. A célula ciliada é rica em mitocôndrias, no
pólo apical, e contém, aproximadamente, 270 cílios (JUNQUEIRA; CARNEIRO,
2008; GUIMARÃES, 2006).
As fibras parassimpáticas derivadas do nervo vago penetram no
parênquima pulmonar. Esses nervos secretam acetilcolina e quando ativados
causam constrição dos bronquíolos, de forma reflexa, com característica leve à
moderada. O sistema parassimpático é uma das principais vias responsivas à
irritação da membrana epitelial, que pode ser iniciada por: gases nocivos, poeira,
fumaça de cigarro ou infecção brônquica (GUYTON; HALL, 2011).
Johnson (2000); Junqueira; Carneiro (2008) destacam também, que a
traqueia possui além da função condutora a função protetora, através de dois
sistemas de defesa contra o meio externo; a barreira mucosa e a linfocitária, de
função imunitária, que se distribui ao longo de toda sua estrutura, assim como o
músculo liso traqueal.
O músculo liso é controlado involuntariamente e possui dois tipos de
contração: a tônica (resposta contrátil vagarosa e sustentada no tempo) e a fásica
(contrações súbitas e de curta duração). O músculo liso apresenta outra
característica peculiar, a possibilidade de contrair-se sincronicamente, através de
ligações entre si, facilitando a transmissão elétrica entre suas células (DOUGLAS,
2006).
26
1.5 Contratilidade do músculo liso
O músculo liso é encontrado principalmente na parede dos tubos e órgãos
ocos, e quando submetido a uma contração, ocorre uma alteração no formato do
órgão, mecanismo importante para a manutenção da homeostase corporal. Nos
humanos, o músculo liso pode ser dividido em 6 grupos principais: vascular,
gastrintestinal, urinário, respiratório, genital e ocular (SILVERTHORN, 2010).
Particularmente no músculo liso, o seu potencial de membrana está
sujeito a muitas influências externas e internas (RHOADES; TANNER, 2005). A
contratilidade dos músculos esquelético e liso são semelhantes no tocante à
ativação pelo aumento intracelular dos íons Ca2+, entretanto, em vez da troponina as
células musculares lisas possuem outra proteína reguladora chamada de
calmodulina. A calmodulina é uma proteína que possui 4 sítios de ligação para o
Ca2+ e compõe um importante papel de alvo intracelular (MANI; KAY, 1996). Para
fornecer energia para contração o trifosfato de adenosina (ATP) é degradado em
difosfato de adenosina (ADP) (GUYTON; HALL, 2011).
O músculo liso traqueal utiliza fontes extra e intracelulares de Ca2+ para
contrair-se. O Ca2+ pode entrar do meio externo através dos canais de Ca2+
operados por voltagem (VOC), chamado de acoplamento eletromecânico, ou pelos
canais de Ca2+ operados por receptor (ROC), chamado de acoplamento
farmacomecânico. Ambos os canais estão presentes na membrana, além de
inúmeros outros canais que se apresentam como alvos atrativos para abordagens
terapêuticas no tocante à asma (receptor de potencial transitório, canais ativados por
K+; canais de Ca2+ operados por estoque, entre outros) (RUSSEL, 1986; PEREZ-
ZOGHBI et al., 2009).
O aumento na concentração intracelular de Ca2+, ocasionada pela
abertura dos canais de Ca2+ ou pelo Ca2+ armazenado no retículo sarcoplasmático,
faz com que o Ca2+ se ligue a calmodulina (complexo Ca2+-calmodulina),
obedecendo a lei de ação das massas, e ativa a enzima quinase da cadeia leve de
miosina (MLCK do inglês, myosin light chain kinase), mecanismo conhecido como
sensibilização ao Ca2+. Em seguida, esta quinase começa a fosforilar a cadeia leve
da miosina (MLC do inglês, myosin light chain) permitindo a interação entre a
molécula de miosina com a de actina. Após a interação molecular ocorre a formação
27
das pontes cruzadas e clivagem de ATP pela ativação da ATPase (SOMLYO;
SOMLYO, 1968; WEBB, 2003).
A seguir destacamos os principais processos que ocorrem durante a
contração do músculo liso (SILVERTHORN, 2010):
1. Inicio da contração pelo aumento do Ca2+ no citosol;
2. O Ca2+ liga-se a calmodulina;
3. A ligação do Ca2+ com a calmodulina inicia uma sequência que termina na
fosforilação da miosina;
4. A fosforilação da miosina aumenta a atividade da ATPase da miosina e
resulta na contração.
A entrada de Ca2+ pela via VOC, ocorre após a despolarização da
membrana, que pode ser ocasionada de forma direta, pelo aumento da
concentração externa de K+, ou de forma indireta, pela ativação de ROC’s, abrindo
canais de Ca2+ (Figura 4 e 5). É importante ressaltar que essa entrada de Ca2+
ocorre de forma rítmica, aumentando e diminuindo continuamente, sendo essa
oscilação relacionada diretamente à concentração da substância contraturante
utilizada (PEREZ-ZOGHBI et al., 2009). Os VOC’s tipo L destacam-se no músculo
liso traqueal. Eles são sensíveis a dihidropiridinas (DHP) e estão presentes também
no músculo esquelético (CATTERALL, 1988).
A entrada de Ca2+ via ROC promove ativação da proteína G (tipo Gαq)
originando 2 segundos mensageiros, gerados na via da fosfolipase C, potentes a
partir do fosfolipídio de membrana fosfatidilinositol 4,5-bifosfato (PIP2): o inositol
1,4,5-trifosfato (IP3), que sinaliza receptores de membrana de IP3, mobilizando o
Ca2+ proveniente do retículo sarcoplasmático para o citosol, aumentando a
concentração de Ca2+ no meio intracelular, e o diacilglicerol (DAG), que ativa a
proteína quinase C (PKC), que fosforila proteínas alvo especificas. Sendo assim,
tanto a mobilização do Ca2+ como a ativação da PKC desempenham papeis críticos
e importantes no processo de broncoconstrição das vias aéreas (WEEB, 2003;
DOUGLAS, 2006; SILVERTHORN, 2010).
O Ca2+ pode ser liberado do retículo sarcoplasmático através de dois
mecanismos: pelo receptor de IP3 (IP3R), mencionado anteriormente, e pelos
recetores sensíveis à rianodina, denominados de receptores de rianodina (RyR),
esse receptor também pode ser ativado pelo próprio Ca2+, mecanismo chamado de
liberação do Ca2+ induzida por Ca2+ (CICR do inglês, calcium-induced calcium
28
release) (WRAY; BURDYGA, 2010). A resposta contrátil ocasionada pelo
acoplamento farmacomecânico pode promover, também, o aumento do Ca2+ por
ativação do trocador Na+/Ca2+ reverso (JACKSON, 2000). Já foi relatado também a
importância dos RyR na manutenção da contração atuando em conjunto com o IP3
(SANDERSON et al., 2008).
A participação da via adrenérgica, relacionada ao sistema nervoso
simpático, no músculo liso repiratório é pequena. Alguns autores afirmam até
mesmo a sua inexistência, mas é de conhecimento geral o papel importante dos
receptores adrenérgicos (tipo β2) no relaxamento bronquial mediado pelo aumento
do AMPc (3,5adenosina monofosfato cíclico) que ativa a proteína quinase A (PKA)
desviando a MLCK e promovendo a redução intracelular de Ca2+, mecanismo oposto
à via colinérgica, que provém do sistema nervoso parassimpático. Os receptores
colinérgicos muscarínicos (tipo M3) são os principais mediadores da contração em
vias aéreas ativando os canais ROC, essa via é a responsavel pela manutenção do
controle motor do músculo liso traqueal (WEBB, 2003; RANG et al., 2005).
Nas células musculares da via aérea existem também os canais de Ca2+
operados por estoque (SOC), que são ativados após a depleção dos estoques
intracelulares de Ca2+ provenientes do retículo sarcoplasmático (SWEENEY et al.,
2001). A superfamília de TRP’s também auxiliam a entrada de Ca2+ pelos canais
SOC, ela é composta por três sub-famílias: TRPC (canal de cátions clássico,
incluindo os 7 membros), TRPV (vanilóide) e TRPM (melastatina) (MARTHAN,
2004).
29
Figura 4 - Contração do músculo liso traqueal.
1. Ligação do agonista ao receptor de membrana. 2. Estimulação da fosfolipase C pela subunidade α da proteína G. 3. Clivagem do lipídio de membrana. 4. Geração de IP3 e DAG. 5. Ligação do IP3 a receptores específicos no Retículo Sarcoplasmático (IP3R) e atuação do DAG em diferentes mecanismos. 6. O aumento do Ca
2+ citosólico estimula a abertura dos canais receptores de rianodina
(RyR). 7. Ca2+
ligando-se à CaM. 8. Complexo CaM-4Ca2+
ativa a quinase de cadeia leve de miosina (MLCK). 9. MLCK fosforila a cadeia leve de miosina (MLC). 10. A fosforilação da MLC ocasionando contração. Fonte: Figura gentilmente cedida por Kennedy-Feitosa (2012).
Figura 5 - Canais de Ca2+.
30
A hiperpolarização da membrana é o mecanismo eletromecânico
envolvido no processo de relaxamento muscular, que pode ser desencadeada por
diversos fatores (KOMALAVILAS; LINCOLN, 1996). No acoplamento
farmacomecânico para a contração ser encerrada ou ocorrer relaxamento, é
necessário a remoção do estímulo contrátil ou ação de uma substância que estimule
a inibição do mecanismo contrátil. As concentrações intracelulares de Ca2+
começam a diminuir e se dissociar da calmodulina, indo em direção ao meio
extracelular ou captado para os estoques intracelulares (ativação da bomba Ca2+-
ATPase, a SERCA do inglês, sarcoplasmic endoplasmic reticulum calcium ATPase),
inativando a MLCK. Esse processo de relaxamento acontece através da fosfatase da
cadeia leve de miosina (MLCP do inglês, myosin light chain phosphatase) que
desfosforila a cadeia leve da miosina (Figura 6) (SOMLYO; SOMLYO, 1968; WEBB,
2003; PEREZ-ZOGHBI et al., 2009).
Interessante o destaque com relação ao nível molecular, indicado por
Sanderson et al. (2008), que informaram que a contração das vias aéreas é
fundamentalmente regulada pelas atividades antagônicas da miosina de cadeia leve
quinase (MLCK) e fosfatase (MLCP).
Segundo Silverthorn (2010), pela lei de ação das massas, um decréscimo
do Ca2+ livre no citosol determina que ele se desligue da calmodulina, na ausência
da ligação Ca2+-calmodulina a enzima quinase da cadeia leve de miosina é
inativada. A função de armazenamento de Ca2+ no retículo sarcoplasmático pode ser
suplementada pelas cavéolas, pequenas vesículas próximas à membrana celular.
31
Figura 6 - Relaxamento do músculo liso traqueal. 1. Dissociação do agonista do receptor de membrana. 2. Retorno da subunidade α. Os canais para membrana fecham-se em resposta à diminuição dos estímulos contráteis. Antiportador Na+-Ca
2+,
bombas de Ca2+
da membrana celular e do retículo sarcoplasmático retiram o Ca2+
do citosol. Na+-K
+-
ATPase restabelece o potencial de membrana. Os estoques intracelulares do Ca2+
são repostos. 3. Fosfatase de cadeia leve de miosina (MLCP) desfosforila a MLC ocasionando relaxamento. Fonte: Figura gentilmente cedida por Kennedy-Feitosa (2012).
1.6 Asma
A asma é uma das doenças crônicas mais comuns, presente em todos os
países, independente do grau de desenvolvimento em que estes se encontram.
Clinicamente ela pode ser dividida em: extrínseca, causada pela exposição a fatores
ambientais (estímulos químicos e físicos, exercícios, reações antígeno-anticorpo e
fumaça de cigarro) e intrínseca, não relacionada à alérgenos e menos responsiva à
terapia broncodilatadora (POLOSA et al., 1998; CARRIERE et al., 2007).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que
235 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de asma, com perspectiva de
aumento dessas taxas em 20% nos próximos 10 anos, além de ser a doença crônica
mais comum entre as crianças. Mais de 80% das mortes por asma ocorrem em
países de baixa e média-baixa renda, ela é comumente sub-diagnosticada e sub-
32
tratada, criando um ônus substancial aos indivíduos, famílias e governo (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 2013).
As causas da asma ainda não são completamente compreendidas. Os
fatores de risco mais fortes para o seu desenvolvimento são uma combinação de
predisposição genética com exposição ambiental às substâncias e partículas que
podem provocar reações alérgicas ou irritar as vias aéreas: alérgenos presentes em
ambientes interiores (ácaros em roupas de cama, tapetes e móveis estofados,
poluição e pêlos de animais); alérgenos presentes em ambientes exteriores (pólen,
fumaça de cigarro; irritantes quimicos do local de trabalho e poluição atmosférica)
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2013).
A asma é classificada como sendo uma doença inflamatória crônica,
caracterizada por limitação ao fluxo aéreo, que pode ser parcialmente ou
completamente revertida espontaneamente ou com tratamento específico. A
inflamação está associada à hiperresponsividade brônquica com estreitamento das
vias aéreas (diminuição do lúmen traqueal) em resposta a estímulos diversos (Figura
7), manifestando-se com sibilância, dispnéia, aperto no peito e tosse (MAUAD et al.,
2000; LIRA; SILVA, 2005). Com a progressão da obstrução ao fluxo aéreo na crise
asmática grave, pode ocorrer a insuficiência respiratória em consequência ao
aumento do trabalho respiratório, da troca gasosa ineficaz e da exaustão dos
músculos respiratórios (FITZGERALD; GRUNFELD, 2001; RODRIGO; RODRIGO;
HALL, 2004).
Figura 7 - Hiperreatividade brônquica é decorrente do ambiente inflamatório.
Fonte: Wikimedia Commons.
Aide et al. (2001) afirmam que uma das características principais da asma
é o seu carater inflamatório, apresentando alterações importantes nas vias aéreas
com a participação de vários tipos celulares e liberação de mediadores pró-
Vias aéreas normais
Vias aéreas inflamadas
33
inflamatórios, principalmente, mastócitos (histamina, leucotrienos, triptase e
prostaglandinas), macrófagos (TNF-, IL-6, óxido nítrico), eosinófilos (proteína
básica principal, proteína catiônica eosinofílica, peroxidase eosinofílica, mediadores
lipídicos e citocinas) e linfócitos T (IL-2, IL-3, IL-4, IL-5, fator de crescimento de
colônia de granulócitos), pelos neutrófilos (elastase) e pelas células epiteliais
(endotelina-1, mediadores lipídicos, óxido nítrico) a inflamação também provoca
hiperresponsividade brônquica a uma serie de estímulos.
Com o avanço científico e tecnológico foram descobertos vários
medicamentos que atuam no tratamento da asma, entre eles, destacam-se os
antagonistas muscarínicos, por exemplo, o brometo de ipratrópio (Atrovent®) e
brometo de tiotrópio (Spiriva®), e os agonistas 2-adrenégicos, no caso o salbutamol
(Aerolin®) destaca-se entre os demais por sua larga comercialização mundial, tendo
seu lançamento realizado em 1968. Apesar do alivio dos sintomas, os fármacos
broncodilatadores desempenham sua função em associação com anti-inflamatórios,
essa combinação é a terapia mais eficiente no manejo da asma (CORRÊA; MELO;
COSTA, 2008).
Outra forma de tratamento da asma é a administração de corticosteróides
inalatórios, eles são os principais medicamentos utilizados na manutenção e
profilaxia anti-inflamatória, tanto para adultos como em crianças. O tratamento
contínuo reduz a frequência, gravidade das exacerbações, número de
hospitalizações e dos atendimentos de emergência (IV DIRETRIZES BRASILEIRAS
PARA O MANEJO DA ASMA, 2006), porém, Ribeiro; Toro; Baracat (2006); Irwin;
Richardson (2006); Cerasoli (2006) destacam que o uso contínuo da associação
entre broncodilatadores 2-agonistas e corticosteróides inalatórios pode ocasionar
alguns efeitos adversos, dentre eles, candidíase oral, tolerância, alterações visuais
(glaucoma e catarata) e do crescimento (redução da densidade mineral óssea),
arritmias e aumento dos riscos cardiovasculares.
Vários estudos (MAGALHÃES, 2002; MAGALHÃES et al., 2003;
BASTOS, 2009; PINHO, 2010; BASTOS et al., 2011; BOSKABADY et al., 2011; DE
SIQUEIRA et al., 2012) foram realizados com o intuito de analisar os efeitos de óleos
essenciais em modelos experimentais de asma. Tais modelos utilizam o antígeno
ovalbumina, que mimetiza em animais as condições presentes na doença humana,
por exemplo, a hiperreatividade brônquica, aumento da secreção no trato
34
respiratório e dificuldade ventilatoria, sendo portanto, um modelo interessante
quando se deseja produzir as caracteristicas da asma em animais (KEIR; PAGE,
2008).
Segundo Gualdi et al. (2010), é essencial a utilização de animais em
modelos de asma com o intuito de compreender melhor o mecanismo da doença e
testar novos fármacos. A ovalbumina é o antígeno mais popular em experimentos
relacionados à asma, principalmente por sua disponibilidade comercial, facilidade de
manipulação e pelos animais não possuirem contato ambiental com a mesma.
35
JUSTIFICATIVA
36
2 JUSTIFICATIVA
-Citronelol é um dos constituintes majoritários do óleo essencial de
várias plantas medicinais utilizadas na medicina popular, às quais foram atribuídas
propriedades miorrelaxantes em músculo liso vascular e hipotensora (BASTOS et
al., 2009), anti-inflamatórias (SU et al., 2010; SÁ; ANDRADE; SOUSA, 2013),
antioxidantes (QUINTANS-JÚNIOR et al., 2011), analgésicas (GUIMARÃES;
QUINTANS; QUINTANS-JÚNIOR, 20122013; BRITO et al., 2012b), antifúngicas
(PATTNAIK; SUBRAMANYAM; KOLE, 1996; NAKAHARA et al., 2003) e
anticonvulsivantes (SOUSA et al., 2006; QUINTANS-JÚNIOR et al., 2008). Por outro
lado, ainda são escarsas na literatura informações detalhadas sobre a eficácia desse
constituinte na mediação dessas ações, em especial em tecidos musculares lisos
oriundos das vias aéreas. Tal abordagem torna-se necessária dada a significativa
utilização popular do óleo de citronela como repelente de insetos e também em
velas aromáticas e incensos, procedimentos que frequentemente podem expor
indivíduos à inalação desses produtos a diferentes concentrações ambientais.
Portanto, a presente abordagem pretende estabelecer o perfil farmacológico da
interação citronelol – célula muscular lisa traqueal mediante avaliação de parâmetros
contráteis do músculo liso das vias aéreas mantidos em diferentes condições
experimentais (sob tônus basal, sob ativação contrátil por meio de substâncias
classicamente conhecidas, ou sob condições que envolvem hiperreatividade
traqueal em animais submetidos a desafio com o antígeno sensibilizante). Dentre as
potenciais propriedades farmacológicas desse composto, pretendemos esclarecer
se e como essa substância exerce efeito miorrelaxante em tecidos traqueais,
revelando também potencial ação anti-inflamatória, especialmente em animais que
simulam as condições típicas do processo asmático.
37
OBJETIVOS
38
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Caracterizar as propriedades farmacológicas do β-citronelol em vias
aéreas de ratos Wistar.
3.2 Objetivos Específicos
1. Verificar, in vitro, o efeito do β-citronelol na resposta contrátil de traqueia
isolada de ratos Wistar sensibilizados e desafiados com antígeno.
2. Avaliar o efeito provocado pela presença do β-citronelol, in vitro, em anéis
de traqueia de rato mantidos sob tônus basal.
3. Caracterizar o efeito do β-citronelol, in vitro, em anéis de traqueia de rato
sob estímulo contrátil induzido por agonistas classicamente conhecidos.
4. Investigar a participação dos diferentes canais para Ca2+ como parte dos
efeitos induzidos pelo β-citronelol em anéis de traqueia de rato in vitro.
39
METODOLOGIA
40
4 METODOLOGIA
4.1 Animais
Neste trabalho foram utilizados ratos Wistar, pesando entre 200 – 280 g
provenientes do biotério central da Universidade Federal do Ceará (UFC) e mantidos
no Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Faculdade de Medicina da UFC.
Os animais foram tratados com respeito às normas de cuidado e bem estar animal
preconizadas pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA). O
presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Animal da UFC
(CEPA), sob número de protocolo 28/12 (Anexo A).
Os experimentos foram realizados no Laboratório de Farmacologia do
Músculo Liso (LAFARMULI) do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da
Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará.
Os animais foram alojados no Biotério setorial do Departamento de
Fisiologia e Farmacologia da Faculdade de Medicina da UFC durante o período que
precedeu a pesquisa em gaiolas plásticas, com medidas de 41 x 34 x 16 cm e
capacidade para 6 ratos. Durante o alojamento, a manipulação dos animais consistiu
apenas dos procedimentos necessários para troca de ração, água, limpeza e
higienização das gaiolas. Sendo água e ração fornecidas ad libitum, ressalta-se que
os animais foram mantidos em condições de temperatura constante (22 ± 2°C), com
um ciclo de 12 horas claro/escuro e, após sacrifício (exsanguinação pela artéria
carótida esquerda) e remoção dos tecidos para estudo, suas carcaças foram
encaminhadas para coleta seletiva sob responsabilidade da instituição.
Os animais considerados nesse estudo foram divididos em 04 grupos
principais:
Controle: Ratos naive, isto é, não submetidos a qualquer tratamento.
Sensibilizado: Ratos tratados com o antígeno sensibilizante, e
posteriormente desafiados pela inalação de aerossol de solução salina.
41
Desafiado: Ratos tratados com o antígeno sensibilizante e
posteriormente desafiados com inalação de aerossol de solução
contendo o antígeno sensibilizante.
Tratado
1. In vivo - Ratos tratados com o antígeno sensibilizante, e que
inalaram β-citronelol (300 µM) previamente ao desafio mediante
inalação do antígeno sensibilizante.
2. In vitro - Ratos submetidos ao tratamento com a adição de β-
citronelol na cuba para órgão isolado.
4.2 Soluções e fármacos utilizados
Utilizou-se a solução nutridora de Krebs-Henseleit com a seguinte
composição (nmol/L): NaCl = 118; K+ = 4,7; Ca2+ = 2,5; MgSO4 = 1,2; NaHCO3 = 25;
KH2PO4 = 1,2 e glicose = 10. A solução sem Ca2+ foi preparada com a retirada do
Ca2+ da solução de Krebs adicionando-se ácido etileno-bis (β-amino-etil-éter)-
N,N,N',N'-tetracético (EGTA).
O -citronelol foi preparado diariamente antes de cada experimento,
sendo dissolvido diretamente em Krebs-Henseleit e Tween 80 (2%, v/v para a
solução-mãe), sendo sonicado imediatamente antes da utilização. A máxima
porcentagem de Tween 80 na câmara de banho foi de 0,008% (v/v), não
apresentando efeito significativo sobre as preparações. As substâncias foram
preparadas como soluções estoque, dissolvidas conforme indicação do fabricante, e
foram adicionadas ao volume com solução de Krebs, a fim de obter uma
concentração desejada na câmara de banho.
Sais e drogas (todos de grau de pureza analítica) destacados abaixo
foram adquiridos da Sigma Chemical (Saint Louis, MO, E.U.A.), com exceção do
Hidróxido de Alumínio e Pentobarbital Sódico :
β-citronelol;
A-967079;
Atropina;
Azul de Metileno;
Cloreto de Potássio;
42
Cloridrato de cloreto de
acetilcolina;
Hidróxido de Alumínio (União
Química Farmacêutica
Nacional, SP, Brasil);
Indometacina;
L-NAME;
Ortovanadato de Sódio;
Ovalbumina;
Pentobarbital Sódico (Cristália
Produtos Químicos e
Farmacêuticos, SP, Brasil);
Tapsigargina;
Tetraetilamônio;
Verapamil.
4.3 Métodos de sensibilização, desafio antigênico e tratamento
A sensibilização dos animais foi obtida de forma ativa mediante
aplicações de injeções intraperitoneais do antígeno sensibilizante (ovalbumina –
OVA; chicken egg albumin, grade II, Sigma Chemical®, 10 mg/kg, 3 aplicações em
dias alternados – nos dias 1, 3 e 5) de acordo com adaptação do método descrito
por Weinreich; Undem (1987), mas com a adição de 1 mg/mL de Al(OH)3 como
adjuvante em solução salina (NaCl 0,9%) (MOURA 2004; REZENDE et al. 2008;
GUALDI et al. 2010; SHIN et al. 2013). Os animais foram utilizados após um período
mínimo de 21 dias e não mais que 50 dias após a última injeção aplicada no período
de sensibilização.
Em alguns grupos de animais submetidos ao processo de sensibilização
ocorreu o desafio antigênico, broncoprovocação, por meio da inalação de
ovoalbumina, que deve ser realizada entre os dias 21 e 50 pós-sensibilização,
impreterivelmente 12 horas antes da realização dos experimentos in vitro, no
presente estudo os animais foram desafiados no 25º dia após a sensibilização. Para
tal, os animais foram colocados em uma caixa de acrílico medindo 30 x 16,6 x 19,8
cm. Na parte superior da caixa existe uma tampa removível para introdução dos
animais. Nas porções laterais existem dois orifícios: um para acoplar o nebulizador
ultra-sônico (Respira Max® Inalador ultra-sônico, NS Indústria de Aparelhos Médicos
Ltda., SP, Brasil), por meio do qual foi realizada a nebulização de solução com o
43
antígeno sensibilizante (desafio antigênico) e o outro serviu de escape, evitando a
reinalação do ar expirado (Figura 8) (BASTOS, 2009; PINHO, 2010).
Figura 8 - Método de inalação.
Para a nebulização do antígeno sensibilizante, a ovalbumina foi diluída
em solução salina mantida à temperatura ambiente imediatamente antes da
inalação. Em seguida, a solução contendo ovalbumina foi colocada no nebulizador
que foi acoplado à caixa de acrílico para iniciar o processo de nebulização do
antígeno. Após a colocação do animal na caixa de acrílico, foi iniciado o processo de
inalação com duração de 30 minutos: 15 minutos na concentração de 1 mg/mL e 15
minutos com a concentração de 5 mg/mL de OVA (BASTOS et al., 2011; BEZERRA
et al., 2013). Durante o processo de desafio antigênico os animais foram observados
quanto ao aparecimento de alterações respiratórias (tiragem intercostal, desconforto
respiratório, epistaxe, aumento do ritmo respiratório ou tosse associada à coriza
intensa), se confirmadas, a inalação foi interrompida, pois a sobrevivência do animal
poderia ser comprometida.
Os animais sensibilizados utilizados como controle inalaram solução
salina (NaCl 0,9%) por 30 minutos e os animais do grupo tratado foram submetidos
ao pré-tratamento com a inalação de -citronelol na concentração de 300 µM
(escolhida através de experimentos preliminares por ser capaz de gerar entre 50-
75% do efeito miorrelaxante máximo em tecidos isolados), diluído em solução salina
(NaCl 0,9%) por 15 minutos antes do desafio antigênico (Figura 9). Ressalta-se que
o modelo de inalação com nebulizador ultra-sônico, descrito anteriormente, também
44
foi utilizado para a inalação de solução salina ou -citronelol, porém, foram
diferenciadas as caixas de acrílico e os nebulizadores de acordo com a divisão dos
grupos.
Figura 9 - Protocolo experimental de sensibilização, tratamento e desafio.
4.4 Experimentos in vitro
4.4.1 Traqueia isolada
Para os experimentos in vitro envolvendo a contratilidade traqueal os
animais foram anestesiados com pentobarbital sódico (40 mg/kg, i.p.) e
posteriormente exsanguinados pela secção da artéria carótida esquerda. Em
seguida, após incisão mediana ventral, a traqueia foi rapidamente cortada em
segmento único de aproximadamente 10 - 12 mm conforme descrição literal em
BASTOS (2009). A seguir o segmento cortado, foi transportado para uma placa de
Petri contendo solução de Krebs-Henseleit à temperatura ambiente. Após a remoção
do excesso de tecido adjacente, a traqueia foi cortada em 3 ou 4 segmentos
cilíndricos e montada sob a forma de anéis. Estes foram mantidos em uma cuba
45
para órgão isolado contendo 5 mL de solução fisiológica de Krebs-Henseleit, pH =
7,4 à temperatura de 37C, mantida constante pela circulação de água proveniente
de banho maria (térmico) com propulsão, e continuamente aerados com mistura
carbogênica (95% de O2 e 5% de CO2). A luz dos anéis traqueais foi atravessada
por duas peças metálicas confeccionadas em fino aço inoxidável, sem
intercruzamentos (Figura 10), as quais foram atados a dois pontos, um fixo na
câmara e outro conectado à unidade transdutora de força (ML870B60/C-V, AD
Instruments, Austrália) apropriada para o registro das contrações isométricas e
conectado a sistema de aquisição de dados (PowerLab™ 8/30, AD Instruments,
Austrália), como esquematizado na figura 11. A tensão inicial aplicada a cada
segmento traqueal foi ajustada em 1g. O período de equilíbrio foi de 1 hora com
troca do líquido de incubação a cada 15 minutos.
Os experimentos foram realizados de forma pareada, ou seja, a cada
sessão experimental foram montadas quatro traqueias em quatro cubas separadas,
sendo duas experimentais e duas controles. Este procedimento visou homogeneizar
ao máximo os procedimentos, tendo em vista que o líquido de incubação, e todas as
drogas utilizadas foram preparadas naquele momento, sendo, portanto utilizadas de
forma equânime nas traqueias controle e experimental. As soluções com os
fármacos foram preparadas pela adição da substância pura diretamente na solução
fisiológica e armazenadas em freezer em concentrações 100 a 1000 vezes maiores
que aquelas usadas na câmara durante os experimentos.
Figura 10 - Detalhe da montagem de anéis de traqueia de rato no sistema de contratilidade in vitro. Alterações no diâmetro da luz traqueal promovem contração (estreitamento da luz traqueal) ou relaxamento (aumento da luz traqueal). 1: Circulação de água destilada (37ºC); 2: Fio de algodão; 3: Transdutor de força; 4: Aeração com mistura carbogênica; 5: Descarte e 6: Anel de traqueia preso em peças triangulares de aço inoxidável. Fonte: Laboratório de Farmacologia do Músculo Liso (LAFARMULI).
46
Figura 11 - Sistema utilizado nos experimentos de contratilidade in vitro em traqueia de rato. Fonte: Laboratório de Farmacologia do Músculo Liso (LAFARMULI).
4.5 Protocolos experimentais
4.5.1 Curvas concentração-efeito
Para avaliar a viabilidade do tecido no início dos experimentos, as
preparações foram expostas a soluções despolarizantes com 60 mM de K+ até que
fossem obtidas duas respostas de mesma amplitude (esse período foi de
aproximadamente 30 a 60 minutos além do tempo necessário para o equilíbrio da
preparação). Após a confirmação da integralidade do tecido, os mesmos foram
expostos a diferentes estímulos contraturantes que serviram de referência para
expressar os resultados, sendo medidos pela diferença entre o pico da deflexão
positiva e o valor registrado no traçado de tensão basal antes da adição do agente
47
contrátil. Nos experimentos relacionados ao processo asmático utilizamos os pesos
dos tecidos para expressar os resultados, sendo assim, após o termino de cada
experimento os tecidos foram cuidadosamente retirados e colocados em estufa
durante 24 horas, após esse período foram mensurados os pesos de cada anel
traqueal, e os mesmos foram expressos em grama força por miligrama de tecido
(gF/mg de tecido).
Inicialmente foi avaliado os efeitos do -citronelol em um modelo que
simula a asma. Para isso, foram comparadas as respostas contráteis por meio de
curvas concentração-efeito (CCE) para K+ e para ACh em animais sensibilizados,
desafiados ou tratados com -citronelol.
As próximas series de experimentos foram realizadas em animais naive,
inicialmente buscamos analisar os possíveis efeitos inibitórios do β-citronelol, para
tanto, o composto foi adicionado na cuba para órgão isolado, antes da administração
de substâncias contráteis (K+ ou ACh). Para quantificar a inibição da contração
muscular, as preparações foram expostas inicialmente ao β-citronelol por 12
minutos, tempo estipulado após experimentos preliminares com confecção de curvas
dose-resposta, e então, estimuladas com um agente indutor de contração, ainda na
presença do β-citronelol.
Avaliou-se em seguida os efeitos do -citronelol sobre o tônus muscular,
para isso, duas peças adjacentes de tecido traqueal foram montadas e somente uma
foi exposta ao β-citronelol por 12 minutos. Nesse caso, o resultado foi considerado
pela diferença entre a linha de base da preparação experimental daquela da
preparação controle.
Em seguida, buscou-se compreender a atuação do -citronelol em
preparações pré-contraídas. As curvas concentração-efeito para determinar o efeito
miorrelaxante do β-citronelol foram obtidas pela exposição da preparação a
concentrações aumentadas deste, após o estimulo contrátil, de forma cumulativa no
banho, com intervalos sequenciais de 12 minutos para observar a resposta platô, em
alguns protocolos quando a contração do agonista não era sustentada foi necessário
a adoção do tempo de 3 ou 5 minutos de intervalo entre as concentrações de β-
citronelol.
Foram, também, realizados protocolos destinados à exploração
farmacológica do mecanismo de ação do β-citronelol, para tanto, diversos
48
antagonistas (Propranolol, L-NAME, TEA, Azul de Metileno, Ortovanadato,
Capsazepina, Indometacina e A-967079) foram utilizados com o intuito de observar
o efeito produzido pelo β-citronelol na presença desses bloqueadores. O β-citronelol
foi adicionado na cuba após a administração do antagonista e adição subsequente
de ACh, respeitando o intervalo de 12 minutos entre as concetrações do β-citronelol.
Para investigar a participação dos diferentes canais para Ca2+ nos efeitos
induzidos pelo β-citronelol em traqueia de ratos, foi trocado o liquido de incubação
por um modificado contendo zero Ca2+, substituído por EGTA. Em seguida, foram
adicionadas concentrações cumulativas de Ca2+ ou Ba2+, de forma pareada foram
utilizadas diferentes concentrações do -citronelol antes da adição de Ca2+ ou Ba2+ e
comparadas as respostas provenientes dos canais de Ca2+ operados por voltagem
(estimulados pela adição de K+) ou dos canais de Ca2+ operados por receptores
(estimulados pela adição de ACh em associação com o verapamil). Em outra serie
experimental, adicionou-se a tapsigargina com o intuito de avaliar a atuação do β-
citronelol na entrada de Ca2+ mediada por ativação de canais de Ca2+ operados por
estoques.
Efeito do β-citronelol sobre a hiperreatividade traqueal em animais controle ou
desafiados
No grupo controle o -citronelol foi adicionado nas cubas para órgão
isolado, e após 12 minutos foram confeccionadas CCE´s para as substâncias
contráteis (K+ e ACh). Para avaliação dos efeitos do -citronelol em inibir a
hiperreatividade traqueal, realizamos CCE´s com a adição cumulativa e crescente
das substâncias contraturantes K+ e ACh, que medeiam suas respostas em canais
VOC e ROC, respectivamente, respeitando o intervalo de 3 minutos entre as
concentrações.
No grupo de animais sensibilizados, desafiados ou tratados os
experimentos de contratilidade foram realizados após 12 horas da ultima inalação:
Grupo Sensibilizado - NaCl 0,9% durante 15 minutos; Grupo Desafiado –
ovalbumina por 15 minutos na concentração de 1mg/mL e 15 minutos com a de 5
mg/mL e Grupo Tratado - pré-tratamento com inalação de -citronelol por 15 minutos
na concentração de 300µM e em seguida desafiados.
49
Após a realização dos experimentos relacionados ao modelo de asma, os
anéis de traqueia dos animais sensibilizados, desafiados ou submetidos ao pré-
tratamento com -citronelol foram lavados com solução de Krebs-Henseleit
retornando as condições basais, em seguida, foi realizada a adição de OVA (10
µg/mL) na cuba para observarmos a reação de Schultz-Dale, que confirmou o
processo de sensibilização quando os tecidos apresentaram uma contração imediata
(tipo fásica), vigorosa e não sustentada.
Efeito do β-citronelol sobre o tônus basal em traqueia isolada de ratos
Para avaliar os efeitos do β-citronelol no tônus basal em traqueia isolada
de ratos, foram confeccionadas CCE’s com a adição cumulativa e crescente de β-
citronelol nas concentrações de 10, 30, 100, 200, 300, 600 e 1000 µM à solução
fisiológica nutridora normal na cuba para órgão isolado, respeitando o intervalo de
12 minutos entre as concentrações. O tônus basal foi avaliado mediante a subtração
entre a linha de base obtida ao final de cada período de exposição ao β-citronelol
com a linha de base obtida na ausência do mesmo, expressa como percentual (%)
da resposta controle obtida pela contração do K+ (60 mM). Após a adição da maior
concentração de β-citronelol, o tecido foi lavado mediante trocas sucessivas e
completas da solução fisiológica presente na cuba. Outro parâmetro avaliado que
indica a integridade do tecido ao final do experimento foi a repetição de uma
contração induzida pela adição de K+ (60 mM).
Efeito do β-citronelol sobre a contração sustentada de K+ ou ACh em traqueia
isolada de ratos
Este protocolo foi realizado com o intuito de avaliar qual a ação do β-
citronelol sobre um estimulo mediado pelo acomplamento eletromecânico (K+) ou
farmacomecânico (ACh), sendo assim, adicionou-se K+ (60 mM) ou ACh (5 µM) ao
meio de incubação dos anéis de traqueia isolada e após a resposta contrátil atingir o
platô, foram confeccionadas CCE´s com a adição cumulativa de β-citronelol nas
mesmas concentrações relatadas anteriormente, com o intervalo de 12 minutos
entre as concentrações. Experimentos similares foram realizados utilizando apenas
50
o veículo Tween 80 (2%, v/v) em concentrações equivalentes às utilizadas para
dissolver o β-citronelol.
Efeito do β-citronelol sobre a contração de 5-HT em traqueia isolada de ratos
Este protocolo foi realizado com o intuito de avaliar qual a ação do β-
citronelol sobre um estimulo contrátil mediado pelo neurotransmissor 5-HT, para
isso, estimulamos uma contração induzida por 5-HT (10 µM) em traqueia isolada de
ratos e após a obtenção do platô, foram confeccionadas CCE´s com a adição
cumulativa com o tempo de 3 minutos entre as concentrações de β-citronelol (10,
100, 300, 600 e 1000 µM) de forma pareada. A resposta à 5-HT não produziu uma
contração sustentada, por isso foi necessário a diminuição do tempo estipulado para
a adição do β-citronelol.
Efeito do β-citronelol sobre a contração de Ortovanadato de Sódio em traqueia
isolada de ratos
Este protocolo foi realizado com o intuito de observar qual a ação do β-
citronelol após o bloqueio da proteína responsável pelo mecanismo de relaxamento
do músculo liso traqueal (Proteína Tirosina Fosfatase), para isso, estimulamos uma
contração induzida por Ortovanadato de Sódio (0,3 mM) em traqueia isolada de
ratos e após a obtenção do platô, foram confeccionadas CCE´s com a adição
crescente e cumulativa de β-citronelol (10-1000 µM) de forma pareada, respeitando
o intervalo de 5 minutos entre as concentrações.
Participação dos Receptores β-Adrenérgicos, Óxido Nítrico, Canal de Potássio,
Guanilato Ciclase, Proteína Tirosina Fosfatase, Receptor TRPV-1, Enzima
Ciclooxigenase e Receptor TRPA-1 no efeito miorrelaxante do β-citronelol
sobre a contração de ACh em traqueia isolada de ratos
A fim de analisar farmacologicamente o efeito miorrelaxante do β-
citronelol em traqueia isolada de ratos, foi realizada a adição de bloqueadores
farmacológicos na cuba para órgão isolado, com um tempo mínimo de atuação de 5
minutos para cada droga, sendo assim, utilizou-se o Propranolol (10 µM),
51
bloqueador não-seletivo dos receptores β-adrenérgicos (MOREIRA, 2013), L-NAME
(50 µM), inibidor da enzima óxido nítrico sintase (BASTOS et al., 2009), TEA (5 mM),
bloqueador inespecífico de canais de K+ (SOUSA et al., 2010), Azul de Metileno (50
µM), inibidor da enzima guanilato ciclase (HWANG; WU; TENG, 1998),
Ortovanadato de Sódio (0,3 mM), inibidor não-seletivo de proteínas tirosina fosfatase
(YU et al., 2004), Capsazepina (30 µM), antagonista do receptor de potencial
transitório vanilóide - TRPV1 (ANDRE et al., 2006), Indometacina (10 µM), inibidor
não seletivo da enzima ciclooxigenase (COX) (MENEZES et al., 2010) e A-967079
(10 µM), bloqueador do receptor de potencial transitório anquirina 1 - TRPA1
(MCGARAUGHTY et al., 2010), em seguida foi produzida uma contração induzida
pela adição de ACh (5 µM) e após a resposta contrátil atingir um platô foram
confeccionadas CCE´s com o tempo de 12 minutos entre as concentrações
crescentes e cumulativas de β-citronelol (10-1000 µM).
Efeito do β-citronelol em preparações isoladas de traqueia contraídas com
uma combinação de K+ e ACh em meio contendo Ca2+ ou Ba2+
Com o objetivo de avaliar os efeitos do β-citronelol na entrada de Ca2+
através de canais VOC, preparações de traqueia foram estimuladas com 100 mM de
K+ na presença de solução contendo Ca2+ (2 mM) ou Ba2+ (2 mM). Após a contração
atingir um platô, a concentração de K+ foi aumentada em intervalos de 20 mM e 30
mM até atingir a concentração de 150 mM, promovendo uma contração máxima
oriunda dos canais VOC. Quando a concentração de K+ (150 mM) atingiu um platô,
adicionamos 60 µM de ACh na presença de altas concentrações de K+. Nessas
condições, o β-citronelol (10-1000 µM) foi adicionado às preparações respeitando
um intervalo de 12 minutos entre as concentrações de β-citronelol.
Efeito do β-citronelol nos canais de Ca2+ operados por voltagem, receptor ou
por estoque
Nas mesmas condições descritas acima, avaliou-se os efeitos do β-
citronelol sobre a liberação de Ca2+ do meio extra e intracelular. Inicialmente, após o
período de equilíbrio da preparação, foi modificada a solução fisiológica excluindo o
Ca2+ da solução e adicionando o EGTA (4 mM), um agente quelante de Ca2+, por 5
52
minutos. Em seguida as preparações foram estimuladas com K+ (60 mM), para ativar
canal de Ca2+ dependentes de voltagem, ou ACh (60 µM) na presença de Verapamil
(10 µM), para ativar canal de Ca2+ operados por receptor. Nessas condições os
anéis de traqueia não produziram contrações, ou quando produziram essa se
caracterizou por não ser sustentada, em seguida, após o estabelecimento de uma
tensão estável semelhante aos níveis basais, curvas concentração-efeito
cumulativas para o Ca2+ (0,1 - 50 mM), na presença de K+ ou ACh, ou Ba2+ (0,1 - 50
mM) na presença de K+, foram obtidas na ausência ou na presença de β-citronelol
(30, 100, 200 e 600 µM). A resposta máxima de Ca2+ foi considerada quando
determinado aumento na concentração não desenvolveu um aumento significativo
de força. A amplitude destas contrações foi registrada como percentual da contração
inicial induzida por K+ (60 mM).
Para a análise dos efeitos do β-citronelol em canais de Ca2+ operados por
estoque, adicionamos EGTA (4 mM) e Tapsigargina (1 µM), substância capaz de
inibir a bomba de Ca2+ do retículo sarcoplasmático (SERCA) (PAREKH; PUTNEY,
2005), esperamos o tempo de 5 minutos, e em seguida, adicionamos ACh (60 µM),
esse procedimento foi repetido por 2 ou 3 vezes até a ausência de contração
demonstrando o esgotamento dos estoques intracelulares de Ca2+, e assim, ativando
consequentemente os canais SOC.
Então, após nova lavagem da preparação com solução sem Ca2+ para
remoção da ACh, e posterior adição de Tapsigargina (1 µM), o Ca2+ (2,5 mM) foi
adicionado para produzir um efeito contrátil promovido pela entrada capacitativa
desse íon via SOC, na ausência ou na presença de β-citronelol (30, 100, 200 e 600
µM). Como controle negativo, pré-tratamos os anéis de traqueia com Verapamil (1
µM) em substituição ao β-citronelol, mantendo as mesmas condições descritas
acima.
Efeito do β-citronelol na contratilidade induzida por estimulo elétrico em
traqueias isoladas de ratos
Avaliamos os efeitos do β-citronelol (100, 200 e 600 µM) sobre a
contratilidade traqueal de ratos induzida por estimulo elétrico. A luz dos anéis
traqueais foi atravessada por uma peça metálica confeccionada em fino aço
inoxidável, e atada a dois pontos, um fixo na câmara conectado ao estimulador
53
elétrico (PanLab Instruments, Barcelona, Espanha) e outro conectado à unidade
transdutora de força (ML870B60/C-V, AD Instruments, Austrália) apropriada para o
registro das contrações isométricas e conectado a sistema de aquisição de dados
(PowerLab™ 8/30, AD Instruments, Austrália).
Após o período de estabilização e adição de K+ (60 mM) para testar a
integridade do tecido, foram realizadas estimulações elétricas (duração do estímulo
de 5 segundos, frequência de 5 Hertz, intervalo entre os pulsos de 5 milisegundos e
tensão de 50 Volts) que induziram contração, em seguida, adicionamos β-citronelol
na preparação, respeitando o tempo de 12 minutos, e novamente estimulamos os
tecidos com os mesmos parâmetros descritos acima, respeitando o intervalo de 7
minutos entre os 3 estímulos.
4.6 Análise dos dados
As respostas experimentalmente observadas foram consideradas através
das deflexões dos traçados originais obtidos pelo sistema de aquisição de dados e
foram analisadas conforme cada situação apropriada. Elas foram expressas em
grama força por miligrama de tecido (gF/mg de tecido) ou em percentual (%) da
resposta média das contrações de referência induzidas por K+ (60 mM), obtida no
início de cada experimento. Alguns dados foram expressos como o percentual (%)
da contração do agonista na ausência do β-citronelol ou percentual da contração
inicial ocasionada pelo estimulo elétrico. Utilizamos as médias aritméticas ± erro
padrão da média (E. P. M.) para demonstrar os valores observados, com a
representação do número de observações experimentais (n). Alguns parâmetros,
como os valores médios de concentração inibitória (CI50) ou os valores médios de
concentração efetiva (CE50) calculados por interpolação semi-logarítmica, foram
expressos como a média geométrica e o intervalo de confiança 95%. A significância
estatística foi considerada quando a probabilidade de ocorrência da hipótese de
nulidade for menor que 5% (p < 0,05), o que foi avaliado através de análise de
variância (ANOVA) seguida de um teste de múltipla comparação (teste de Mann-
Whitney, Holm-Sidak e Dunn´s), conforme apropriado. Os testes e os gráficos foram
realizados através do programa de computador SigmaPlot 11.0.
54
RESULTADOS
55
5 RESULTADOS
5.1 Inalação de β-citronelol previne a hiperreatividade traqueal induzida pelo
desafio antigênico
Em animais previamente sensibilizados, a reapresentação do antígeno
sensibilizante simula várias condições que ocorrem no processo de asma (p.ex.
hiperreatividade, desconforto respiratório e tosse). Nesse modelo, foram avaliadas
as respostas contráteis de anéis de traqueia obtidos de animais submetidos 12 h
antes ao processo de desafio antigênico que consistiu de inalação de solução de
ovalbumina (1-5 mg/mL), grupo aqui referido como desafiado, ou inalação de
solução contendo β-citronelol (300 µM; grupo β-citronelol) conforme descrição
anterior. Os animais do grupo referido como Sensibilizado foram submetidos a 2
sessões subsequentes de inalação apenas de salina pelo mesmo período dos
demais animais. Como pode ser visto na Figura 12, o processo de desafio causou
aumento da resposta contrátil (considerada aqui como hiperreatividade) em função
da adição cumulativa de K+ (10 a 120 mM), cujos valores foram significativamente
maiores que nos tecidos obtidos de animais do grupo Sensibilizado (p < 0,001; Two-
Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak). Essa resposta contrátil aumentada não
foi observada nos tecidos obtidos de animais previamente tratados com β-citronelol
(300 µM).
Na Figura 13, vê-se que os tecidos traqueais de animais desafiados
também se mostraram hiperreativos à acetilcolina (10 nM a 3 mM) uma vez que os
valores de Emax foram significativamente maiores que em tecidos de animais
sensibilizados (52,56 ± 5,9 vs. 38,14 ± 4,7 gF/mg de tecido, respectivamente). Da
mesma forma que nos experimentos com estímulo potássico (Fig. 12), o tratamento
dos animais com β-citronelol antes do desafio antigênico preveniu o surgimento
dessa hiperreatividade (Figura 13). Foi observado na Figura 13, que o grupo de
animais expostos à inalação prévia de -citronelol (300 µM) produziu resposta
contrátil significativamente menor do que o grupo sensibilizado (p < 0,001; Two-Way
ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak).
56
K+ (mM)
0 20 40 60 80 100 120 140
Co
ntr
açã
o (
gF
/mg
de t
ec
ido
)
-10
0
10
20
30
40
Sensibilizado (n = 13)
Desafiado (n = 15)
-citronelol (300 uM) (n = 10)
#
Figura 12 - Tratamento com β-citronelol previne a hiperreatividade ao K+ induzida pelo desafio antigênico em animais sensibilizados ao antígeno. Gráfico com curvas concentração-efeito para K
+ (10 a 120 mM) obtidas de tecidos isolados de
traqueia de animais sensibilizados submetidos a desafio apenas com salina (circulo branco), ou com solução de ovalbumina (1 e 5 mg/mL) precedido (triângulo cinza) ou não (circulo preto) pela inalação de β-citronelol (solução com 300 µM por 15 min); dados expressos em média ± E. P. M., n = número de experimentos.
#p < 0,001 (Two-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) em comparação com a
curva do grupo sensibilizado ou tratado. As curvas foram construídas respeitando intervalo de 3 minutos entre as concentrações de K
+.
57
ACh (µM)
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000 10000
Co
ntr
aç
ão
(g
F/m
g d
e t
ec
ido
)
0
10
20
30
40
50
60
Sensibilizado (n = 13)
Desafiado (n = 15)
-citronelol (300 uM) (n = 10)
# #
@
Figura 13 - Tratamento com β-citronelol previne a hiperreatividade à acetilcolina induzida pelo desafio antigênico em animais sensibilizados ao antígeno. Gráfico com curvas concentração-efeito para ACh (10 nM a 3 mM) obtidas de tecidos isolados de traqueia de animais sensibilizados submetidos a desafio apenas com salina (circulo branco), ou com solução de ovalbumina (1 e 5 mg/mL) precedido (triângulo cinza) ou não (circulo preto) pela inalação de β-citronelol (solução com 300 µM por 15 min); Dados expressos como média ± E. P. M., n = número de experimentos.
#p < 0,001 (Two-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) em
comparação com a curva do grupo sensibilizado ou tratado. @
p < 0,001 (Two-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) em comparação com a curva do grupo sensibilizado. As curvas foram construídas respeitando intervalo de 3 minutos entre as concentrações de ACh.
58
5.2 Efeito do β-citronelol sobre a curva concentração-efeito induzida por K+ em
anéis de traqueia
Inicialmente, foi avaliado o efeito do β-citronelol (30, 200 ou 600 µM) na
CCE para K+ (10 a 120 mM) construída em preparações isoladas de traqueia de
ratos Wistar, e observamos que, nas concentrações de 200 e 600 µM, mas não com
30 µM, o β-citronelol foi capaz de inibir a resposta máxima do K+ (p < 0,001; Two-
Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) para 52,26 ± 6,7% de contração
induzida por 60 mM K+ que serviu como referência. Na concentração de 600 µM, β-
citronelol inibiu por completo o efeito contraturante da adição de K+.
Nos tecidos tratados com β-citronelol na concentração de 200 µM, o
primeiro efeito contraturante significativo em resposta ao K+ (p < 0,001; One-Way
ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) foi observado na concentração de 60 mM
com magnitude correspondente a 31,7 ± 9,7% da resposta controle na ausência de
β-citronelol (Figura 14), enquanto que nas preparações controle (assim como
naquelas tratadas com 30 µM de β-citronelol) o primeiro efeito significativo foi
observado na concentração de 40 mM.
59
(A)
* L = Lavagem
(B)
K+ (mM)
0 20 40 60 80 100 120
% d
e c
on
tra
çã
o K
+ (
60
mM
)
-20
0
20
40
60
80
100
120
Controle (n = 8)
-citronelol (30 µM) (n = 5)
-citronelol (200 µM) (n = 5)
-citronelol (600 µM) (n = 6)
*
#
#
*
*
Figura 14 - Efeito inibitório do β-citronelol nas curvas concentração-efeito para K+. (A) Traçado típico do protocolo experimental demonstrando efeito inibitório na curva de K
+ induzida
pela adição de β-citronelol (L = lavagem; K+ = contração induzida por 60 mM K
+).
(B) Gráfico com valores da resposta contrátil obtida em anéis de animais naive em função da adição cumulativa de K
+ (10 a 120 mM) na ausência (Controle; circulo preto) e na presença de β-citronelol
(µM) nas concentrações de 30 (quadrado branco), 200 (triangulo preto) ou 600 (losango branco) µM. O composto-teste foi adicionado previamente à preparação por 12 minutos para que a primeira concentração de K
+ fosse adicionada. Dados expressos como média ± E. P. M., n = número de
experimentos. *p < 0,001 (One-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) primeiro efeito significativo.
#p < 0,001 (Two-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak). Cada curva foi construída
respeitando intervalo de 3 minutos entre as concentrações de K+.
60
5.3 Habilidade do β-citronelol para inibir respostas contráteis via recrutamento
de canais de Ca2+ da membrana plasmática
Para estudar os mecanismos envolvidos nos efeitos inibitórios do β-
citronelol, tivemos a intenção de estudar a participação dos canais de Ca2+ operados
por voltagem ou operados por receptor. Para avaliarmos estes mecanismos,
selecionamos inicialmente a concentração de verapamil capaz de inibir totalmente a
resposta contrátil induzida por K+ (60 mM) em anéis de traqueia de ratos naives
conforme representada na curva concentração-efeito para reversão da contração
potássica por este bloqueador de canais de Ca2+ dependentes de voltagem. Como
pode ser visto na Figura 15, essa concentração corresponde a 1 µM. Em seguida,
verificamos como se comporta a resposta contrátil induzida por ACh na presença da
concentração escolhida de verapamil a fim de eliminarmos da resposta colinérgica
qualquer influxo mediante abertura de canais de Ca2+ dependentes de voltagem.
A Figura 16 mostra a CCE para a ACh (0,01 a 104 µM) na ausência e na
presença de verapamil (1 µM). Observamos deslocamento da curva em paralelo
para a direita, efeito constatado pelo aumento significativo (p < 0,05; teste de Mann
Whitney) da CE50 da ACh (0,73 [0,54 – 1] µM na ausência e 7,3 [3,31 – 16] µM na
presença de verapamil; n = 8 e n = 9, respectivamente). A Figura 16 mostra também
que se a concentração de verapamil for aumentada para 10 µM, não há desvio à
direita adicional na CCE em resposta à ACh (CE50 = 11,02 [2,01 – 60,35] µM; p >
0,05; teste de Mann Whitney), indicando que os canais de Ca2+ operados por
voltagem realmente não mais participam da contração colinérgica nessas condições
(Figura 16).
61
Verapamil (µM)
0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10
% d
e c
on
tra
çã
o K
+ (
60
mM
)
-20
0
20
40
60
80
100
120
Verapamil (n = 8)
*
Figura 15 - Curva concentração-efeito para definir a concentração do verapamil capaz de abolir a resposta contrátil ao K+. Gráfico mostrando a curva concentração-efeito para o efeito relaxante do verapamil (0,001 a 1 µM) adicionado ao platô da contração sustentada induzida por K
+ (60 mM) em anéis de traqueia de ratos
naive. Dados expressos como média ± E. P. M., n = número de experimentos. *p < 0,001 (One-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) primeiro efeito significativo. Curva construída respeitando intervalo de 5 minutos entre as concentrações de Verapamil.
62
ACh (µM)
0,01 0,1 1 10 100 1000 10000
% d
e c
on
tração
K+
(6
0 m
M)
-50
0
50
100
150
200
250 Controle (n = 8)
Verapamil (1 µM) (n = 9)
Verapamil (10 µM) (n = 4)
* *
Figura 16 - Eliminação da participação dos canais de Ca2+ operados por voltagem pelo verapamil na curva concentração-efeito em resposta à ACh em anéis de traqueia de animais naive. Gráfico das curvas concentração-efeito em resposta à acetilcolina (ACh; 10 nM a 10
mM) obtidas em
anéis de traqueia de ratos naive na ausência (Controle; círculo preto) ou na presença de 1 (círculo branco) ou 10 µM (hexágono cinza) de verapamil. Dados expressos como média ± E. P. M., n = número de experimentos. *p < 0,001 (One-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) primeiro efeito significativo. Cada curva foi construída respeitando intervalo de 5 minutos entre as concentrações de ACh.
63
Considerando que a presença de verapamil (1 µM) é eficaz em anular o
recrutamento de canais de Ca2+ operados por voltagem, as curvas concentração-
efeito para ACh (10 nM a 10 mM) apresentadas a seguir foram realizados na
presença dessa concentração (1 µM) de verapamil, assumindo então que a força
contrátil envolve recrutamento dos canais de Ca2+ ativados por receptor. Assim, a
Figura 17 mostra que, mesmo na concentração de 600 µM, o -citronelol não foi
capaz de reduzir a resposta máxima para ACh na presença de verapamil. Ocorreu
deslocamento da curva para a direita em paralelo e aumento da CE50 - ACh 0,73
[0,54 – 1] µM na ausência e 7,9 [2,30 – 27,12] µM na presença de β-citronelol (600
µM) + verapamil (1 µM); n = 8 e n = 6, respectivamente (p < 0,05; teste de Mann
Whitney). O primeiro efeito significativo (p < 0,001; One-Way ANOVA, seguido do
teste Holm-Sidak) da ACh foi observado na concentração de 0,3 µM nas
preparações controle, e esse efeito só foi alcançado com 1 e 3 µM nos tecidos
tratados com β-citronelol (com 200 e 30 µM, respectivamente). Já na concentração
de 600 µM de β-citronelol, assim como na curva de ACh na presença de verapamil,
o primeiro efeito contraturante significativo foi observado na concentração de 10 µM
(p < 0,001; One-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak). Como controle positivo,
o tratamento das preparações com atropina (1 µM) aboliu a resposta contrátil
colinérgica.
64
(A)
* L = Lavagem; V = Verapamil (1 µM).
(B)
ACh (µM)
0,01 0,1 1 10 100 1000 10000
% d
e c
on
tração
K+
(60 m
M)
-50
0
50
100
150
200
250
Controle (n = 8)
-citronelol (30 µM) (n = 7)
-citronelol (200 µM) (n = 6)
-citronelol (600 µM) (n = 6)
Verapamil (1 µM) (n = 7)
Atropina (1 µM) (n = 3)
@
#
**
**
*
Figura 17 - O β-citronelol não foi capaz de inibir as curvas concentração-efeito para ACh na presença de verapamil. (A) Traçado típico do protocolo experimental demonstrando efeito inibitório na curva de ACh induzida pela adição de β-citronelol (L = lavagem; K
+ = contração induzida por 60 mM K
+; V = Adição de
Verapamil). (B) Gráfico com as curvas concentração-efeito para a contração de ACh (10 nM a 10
mM) em anéis
de traqueia obtidos de ratos naive na ausência (Controle; circulo preto) ou na presença de 30 (losango branco), 200 (losango verde) ou 600 µM (losango azul) de β-citronelol. Dados expressos como média ± E. P. M., n = número de experimentos. Como bloqueadores utilizamos o verapamil 1 µM (triângulo vermelho) e atropina 1 µM (quadrado cinza). *p < 0,001 (One-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) primeiro efeito significativo.
#p < 0,001 (Two-Way ANOVA, seguido do teste Holm-
Sidak) em comparação com a curva do grupo controle. @
p < 0,001 (Two-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) em comparação com a atropina. Intervalo de 3 minutos entre as concentrações de ACh.
65
5.4 β-citronelol não altera o tônus basal de preparações de traqueia isolada de
rato
Após os procedimentos normais que determinam a estabilização da
preparação experimental, concentrações cumulativas de β-citronelol (10 a 1000 µM)
foram adicionadas à solução de banho da preparação com intervalos de 12 minutos
entre as concentrações. Não observamos qualquer efeito significativo (p > 0,05,
ANOVA) induzido pelo β-citronelol nas preparações de traqueia mantidas sob tônus
basal (Figura 18). Ao final do experimento, foram realizadas lavagens sucessivas
(durante 20 min.) com solução fisiológica para retirada do β-citronelol e, em seguida,
a preparação foi novamente estimulada com K+ (60 mM). Observamos que o
desenvolvimento de contração potássica após a exposição ao β-citronelol ocorreu de
forma semelhante à do início dos experimentos indicando que o tecido ainda
permanecia responsivo ao agente contraturante.
66
(A)
* L = Lavagem
(B)
-citronelol [µM]
10 100 1000
% d
e c
on
tração
K+
[60
mM
]
-60
-40
-20
0
20
40
60
citronelol (n = 6)
Figura 18 - β-Citronelol não alterou o tônus basal de preparações de traqueia isolada de rato. (A) Traçado típico do protocolo experimental demonstrando ausência de efeito sobre o tônus basal após a adição de β-citronelol. Note no final do traçado a recuperação da contração induzida por K
+
após o período de exposição ao β-citronelol (L = lavagem; K+ = contração induzida por 60 mM K
+).
(B) Gráfico com valores do tônus basal na presença de β-citronelol (10 a 1000
µM) em anéis de
traqueia isolada de ratos. Dados expressos como média ± E. P. M. n = número de experimentos. A curva foi construída respeitando intervalo de 12 minutos entre as concentrações.
67
5.5 β-citronelol relaxa a contração sustentada induzida por K+, acetilcolina ou
serotonina (5-HT) em traqueia isolada de rato
Os resultados dessa seção serão apresentados nas Figuras 19 a 21. Uma
vez estabelecido o perfil do deslocamento de uma dada concentração de β-citronelol
nas curvas concentração-efeito em resposta ao estímulo potássico ou colinérgico,
conforme descrito nas seções anteriores, agora optou-se por avaliar qual o perfil da
resposta inibitória do β-citronelol após o estabelecimento da fase estável de
contrações sustentadas na musculatura lisa respiratória. Para isso, foi adotado a
contração induzida por 60 mM de K+ (Fig. 19), por 5 µM de ACh (Fig. 20), ou por 10
µM de serotonina (5-HT; Fig. 21), todas submaximais em traqueia de rato nas
nossas condições experimentais.
Após o estabelecimento do platô da contração em resposta a 60 mM de
K+, a adição cumulativa de β-citronelol (10 a 1000 µM) reverteu totalmente a resposta
contrátil de maneira dependente de concentração (p < 0,001, ANOVA), sendo esse
relaxamento significativamente diferente (p < 0,001; Two-Way ANOVA, seguido do
teste Holm-Sidak) das alterações registradas nas preparações tratadas apenas com
o veículo Tween 80 (Figura 19). O efeito relaxante do β-citronelol foi significativo a
partir da concentração de 100 µM (p < 0,001; One-Way ANOVA, seguido do teste
Holm-Sidak), que relaxou a contração potássica para 59,8 ± 7,7% do valor
observado na ausência de β-citronelol. A concentração necessária de β-citronelol
capaz de produzir 50% de inibição da resposta contrátil (CI50) foi 120,4 [73,3 - 197,9]
µM (Tabela 1).
Nas contrações causadas por ACh (5 µM; Fig. 20), o β-citronelol (10 a
1000 µM) também reverteu totalmente a resposta contrátil de maneira dependente
de concentração (p < 0,001, ANOVA), sendo esse efeito diferente (p < 0,001; Two-
Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) em comparação com as alterações
registradas nas preparações tratadas apenas com o veículo Tween 80. O efeito
relaxante do β-citronelol foi significativo (p < 0,001; One-Way ANOVA, seguido do
teste Holm-Sidak) a partir da concentração de 100 µM, que relaxou para 64,72 ±
4,96% do valor observado na ausência de β-citronelol (Figura 20). A concentração
necessária de β-citronelol capaz de produzir 50% de inibição da resposta contrátil
(CI50) foi de 211,1 [114,1 – 390,5] µM (Tabela 1).
68
Contrações estabelecidas pela adição de 5-HT (10 µM; Fig. 21), a adição
cumulativa de β-citronelol (10 a 1000 µM), respeitando o intervalo de 3 minutos entre
as concentrações, reverteu totalmente a resposta contrátil de maneira dependente
de concentração (p < 0,001; ANOVA), sendo esse relaxamento diferente
significativamente (p < 0,001; Two-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) da
resposta controle de 5-HT. O efeito relaxante do β-citronelol foi significativo a partir
da concentração de 100 µM (p < 0,001; One-Way ANOVA, seguido do teste Holm-
Sidak), que relaxou para 49 ± 5,5% do valor observado na ausência de β-citronelol
(Figura 21). A concentração necessária de β-citronelol capaz de produzir 50% de
inibição da resposta contrátil (CI50) foi de 98,76 [53,82 - 181,24] µM, não ocorrendo
diferença significativa (p > 0,05; teste de Mann-Whitney) em comparação com a
curva controle de ACh (Tabela 1).
69
(A)
(B)
-citronelol (µM)
10 100 1000
% d
e c
on
traç
ão
K+
(60
mM
)
-20
0
20
40
60
80
100
120
citronelol (n = 6)
Tween (n = 6)
*
#
*
0,0002 0,0004 0,0014 0,002 0,002 0,006 0,008
Tween 80 (% v/v)
Figura 19 - Reversão pelo β-citronelol da contração de anéis de traqueia de rato induzidas por K+. (A) Traçado típico do protocolo de reversão da contração sustentada induzida por K
+ pela adição de
β-citroneol nas concentrações indicadas na figura. (B) Gráfico com valores médios da contração de K
+ (60 mM) após a adição de diversas
concentrações de β-citronelol (10 a 1000
µM; circulo preto). Dados expressos como média ± E. P. M.,
n = número de experimentos. *p < 0,001 (One-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) primeiro efeito significativo.
#p < 0,001 (Two-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak), em comparação com
a curva de Tween (círculo branco). Curvas construídas respeitando intervalo de 12 minutos entre as concentrações. No eixo x, veem-se as concentrações de veículo correspondente na curva onde apenas o Tween foi adicionado, às quais são as mesmas da curva de β-citronelol.
70
(A)
(B)
10 100 1000
% d
e c
on
tra
çã
o A
Ch
(5
M
)
0
20
40
60
80
100
-citronelol (n = 6)
Tween (n = 6)
**
#
-citronelol (µM)
0,0002 0,0004 0,0014 0,002 0,002 0,006 0,008
Tween 80 (% v/v)
Figura 20 - Reversão pelo β-citronelol da contração de anéis de traqueia de rato induzidas por acetilcolina. (A) Traçado típico do protocolo experimental de reversão da contração induzida por acetilcolina (ACh) pelo β-citronelol nas concentrações indicadas na figura. (B) Gráfico com valores médios da contração sustentada de ACh (5 µM) após a adição de diversas concentrações de β-citronelol (10
a 1000
µM; circulo preto). Dados expressos como média ± E.P.M., n
= número de experimentos. *p < 0,001 (One-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) primeiro efeito significativo.
#p < 0,001 (Two-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak), em comparação com
a curva de Tween (circulo branco). Curvas construídas respeitando intervalo de 12 minutos entre as concentrações. No eixo x, veem-se as concentrações de veículo correspondente na curva onde apenas o Tween foi adicionado, às quais são as mesmas da curva de β-citronelol.
71
-citronelol (µM)
10 100 1000
% d
e c
on
traç
ão
5-H
T (
10
M
)
0
20
40
60
80
100 citronelol (n = 6)
Ausência de -citronelol (n = 6)
*
#
*
Figura 21 - Reversão da contração serotoninérgica em anéis de traqueia de rato induzida pelo β-citronelol. Gráfico com valores médios da contração de 5-HT (10 µM) após a adição de diversas concentrações de β-citronelol (10
a 1000
µM; circulo preto). Para esse experimento as preparações controle
(ausência de β-citronelol) foram contraídas com 5-HT e assim mantidas sem a adição de β-citronelol ou veículo em virtude da contração apresentar gradual decaimento; assim, os valores da curva controle correspondem à magnitude absoluta da contração observada no mesmo tempo em que as preparações teste recebiam a adição correspondente de uma dada concentração de β-citronelol. Dados expressos como média ± E. P. M., n = número de experimentos. *p < 0,001 (One-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) primeiro efeito significativo.
#p < 0,001 (Two-Way ANOVA,
seguido do teste Holm-Sidak), em comparação com a curva controle de 5-HT (circulo branco). Curvas construídas respeitando intervalo de 3 minutos entre as concentrações.
72
5.6 Efeito inibitório do β-citronelol sobre a contração induzida por
ortovanadato de sódio em traqueia isolada de rato
A adição de ortovanadato de sódio (0,3 mM) contraiu anéis de traqueia de
rato que se caracterizou como contração sustentada quando a preparação foi
mantida na presença contínua de ortovanadato de sódio (Figura 22; p = 0,26; One-
Way ANOVA). Após atingir a estabilidade da contração, a adição cumulativa de β-
citronelol (10 a 1000 µM), reverteu quase que totalmente a resposta contrátil de
maneira dependente de concentração (p < 0,001; ANOVA). O efeito relaxante do β-
citronelol foi significativo (p < 0,001; One-Way ANOVA, seguido do teste Holm-
Sidak) a partir da concentração de 200 µM que relaxou para 66,1 ± 5,5% a
contração inicial induzida por ortovanadato de sódio, enquanto que na concentração
de 1000 µM, promoveu efeito relaxante da musculatura lisa traqueal correspondente
a 91,8 ± 6,6% da contração induzida por ortovanadato de sódio na ausência de β-
citronelol (Figura 22). A concentração necessária de β-citronelol capaz de produzir
50% de inibição da resposta contrátil (CI50) foi de 280,7 [183,9 – 428,6] µM, não
ocorrendo diferença significativa (p > 0,05; teste de Mann-Whitney) em comparação
com a curva de ACh (Tabela 1).
73
-citronelol (µM)
10 100 1000
% d
e c
on
tra
çã
o O
rto
va
na
da
to (
0,3
mM
)
0
20
40
60
80
100
120
Ausência de -citronelol(n = 6)
-citronelol(n = 6)
#
*
Figura 22 - Reversão da contração induzida por ortovandadato de sódio pelo β-citronelol em anéis de traqueia de ratos. Efeito miorrelaxante do β-citronelol (10
a 1000
µM; (círculo preto) sobre a contração sustentada de
ortovanadato de sódio em comparação com a curva controle (circulo branco). Para esse experimento as preparações controle (ausência de β-citronelol) foram contraídas com ortovanadato de sódio (0,3 mM) e assim foram mantidas pelo mesmo tempo de experimento em que outras preparações recebiam β-citronelol para construção da curva concentração-efeito. Assim, os valores da curva controle correspondem à magnitude absoluta da contração de ortovanadato de sódio observada no mesmo tempo em que as preparações teste recebiam a adição correspondente de uma dada concentração de β-citronelol. Dados expressos como média ± E. P. M., n = número de experimentos. *p < 0,001 (One-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) primeiro efeito significativo.
#p < 0,001
(Two-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak), em comparação com a curva controle de ortovanadato de sódio. Curvas construídas respeitando intervalo de 5 minutos entre as concentrações.
74
5.7 Efeitos inibitórios do β-citronelol sobre a contração sustentada de
acetilcolina em traqueia isolada de ratos na presença de bloqueadores
farmacológicos e inibidores enzimáticos
Já foi descrito anteriormente que a adição cumulativa de β-citronelol (10 a
1000 µM) reverte totalmente a contração sustentada induzida por ACh (5 µM). Na
presente série de experimentos objetivou-se avaliar quais as possíveis vias de
sinalização que poderiam estar envolvidas com os efeitos inibitórios do β-citronelol.
Para isso, anéis de traqueia foram mantidos inicialmente por 5 minutos na presença
de um dos seguintes compostos: propranolol (10 µM), L-NAME (50 µM),
tetraetilamônio (TEA; 5 mM), azul de metileno (50 µM) ou ortovanadato de sódio (0,3
mM) e só então foram estimulados a contrair com ACh (5 µM), após atingir o platô
da contração, o efeito relaxante do β-citronelol (10 a 1000 µM) foi avaliado. Como
pode ser visto na Figura 23, nenhum dos tratamentos alterou de maneira
significativa a curva concentração-efeito em reposta ao β-citronelol. Em geral, na
presença desses compostos, o primeiro efeito significativo (p < 0,001; One-Way
ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) foi observado na concentração de 100 µM de
β-citronelol, e a magnitude da contração induzida por ACh correspondeu a:
propranolol = 70,6 ± 6,3%; L-NAME = 67,0 ± 2,2%; TEA = 75,3 ± 3,0%; azul de
metileno = 80,8 ± 4,8% e ortovanadato de sódio = 81,9 ± 2,4% da magnitude
registrada na ausência de β-citronelol. Observamos que não ocorreram diferenças (p
> 0,05; teste de Mann-Whitney) entre as concentrações necessárias de β-citronelol
para produzir 50% de inibição da resposta contrátil (CI50) de ACh (Tabela 1).
75
-citronelol (µM)
10 100 1000
% d
e c
on
traç
ão
AC
h (
5
M)
0
20
40
60
80
100
120
Controle (n = 6)
Propranolol (10 µM) (n = 6)
L-NAME (50 µM) (n = 6)
TEA (5 mM) (n = 6)
Azul de Metileno (50 µM) (n = 6)
Ortovanadato (0,3 mM) (n = 6)
*
Figura 23 - Efeito relaxante do β-citronelol sobre a contração de ACh em anéis de traqueia de rato não é alterado por inibidores farmacológicos. Gráfico com as curvas concentração-efeito para a reversão de contração sustentada induzida por ACh (5 µM) após a adição cumulativa de β-citronelol (10
a 1000
µM) na ausência (círculo preto) ou na
presença de propranolol (quadrado branco), L-NAME (triângulo cinza), TEA (hexágono verde), azul de metileno (losango vermelho) e ortovanadato de sódio (hexágono azul). A concentração de cada agente é mostrada no gráfico. Dados expressos como média ± E. P. M., n = número de experimentos. *p < 0,001 (One-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) indica primeiro efeito significativo para todas as curvas. Curvas foram construídas respeitando intervalo de 12 minutos entre as concentrações de β-citronelol.
76
Em outra série de experimentos, os anéis de traqueia foram previamente
tratados com capsazepina (30 µM) ou indometacina (10 µM) por 5 minutos para
serem, então, contraídos com ACh (5 µM). Tais tratamentos também não alteraram
o perfil da curva concentração-efeito para o efeito miorrelaxante do β-citronelol (10 a
1000 µM; Figura 24). O efeito relaxante do β-citronelol na presença de capsazepina
ou indometacina foi significativo a partir da concentração de 100 µM (p < 0,001; One-
Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak), que relaxou a contração sustentada da
ACh para valores de 62,2 ± 3,7% e 70,5 ± 2,0% da magnitude inicial da contração
induzida por ACh na ausência de β-citronelol, respectivamente. A Tabela 1 indica as
concentrações necessárias de β-citronelol para produzir 50% de inibição da resposta
contrátil (CI50) à ACh. Observamos que não ocorreram diferenças (p > 0,05; teste de
Mann-Whitney) na CI50 em comparação com a curva controle de ACh.
-citronelol (µM)
10 100 1000
% d
e c
on
tração
AC
h (
5
M)
0
20
40
60
80
100
120
Controle (n = 7)
Capsazepina (30 µM) (n = 9)
Indometacina (10 µM) (n = 6)
*
Figura 24 - Efeito relaxante do β-citronelol sobre a contração de ACh em anéis de traqueia de rato não é alterado por capsazepina ou indometacina. Gráfico com as curvas concentração-efeito para a reversão de contração sustentada induzida por ACh (5 µM) após a adição cumulativa de β-citronelol (10
a 1000
µM) na ausência (círculo preto) ou na
presença de capsazepina (30 µM; triangulo cinza) ou indometacina (10 µM; quadrado branco). Dados expressos como média ± E. P. M., n = número de experimentos. *p < 0,001 (One-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) indica primeiro efeito significativo em cada curva. Curvas foram construídas respeitando intervalo de 12 minutos entre as concentrações de β-citronelol.
77
Grupo separado de anéis de traqueia foram tratados previamente por 5
minutos com A-967079 (10 µM), bloqueador seletivo de canais TRPA1, para serem
em seguida contraídos com ACh (5 µM). Adicionado ao platô da contração
sustentada de ACh, o β-citronelol (30, 100, 300 e 600 µM) relaxou totalmente a
contração colinérgica de forma independente da presença do antagonista A-967079.
Observamos que a CCE obtida na presença do A-967079 não diferiu
estatisticamente (p > 0,001; Two-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) da
CCE para ACh. O efeito relaxante do β-citronelol na presença de A-967079 foi
significativo a partir da concentração de 100 µM (p < 0,001; One-Way ANOVA,
seguido do teste Holm-Sidak), que produziu relaxamento de: 56 ± 4,7% da contração
induzida por ACh na ausência de β-citronelol, e na concentração de 1000 µM,
promoveu efeito relaxante da musculatura lisa traqueal correspondente a 83,81 ±
6,16% da contração induzida por ACh na ausência de β-citronelol (Figura 25).
A concentração necessária de β-citronelol capaz de produzir 50% de
inibição da resposta contrátil (CI50) foi de 158,53 [70,55 – 356,24] µM, não ocorrendo
diferença significativa (p > 0,05; teste de Mann-Whitney) em comparação com a
curva controle de ACh (Tabela 1). Em todos os tratamentos propostos, o efeito
miorrelaxante do β-citronelol não foi alterado.
78
#
*
*
30 100 300 600
% d
e c
on
tra
çã
o A
Ch
(5
M
)
0
20
40
60
80
100
120Controle (n = 5)
A-967079 (10 µM) (n = 6)
-citronelol (µM)
*
Figura 25 - O β-citronelol produziu relaxamento na contração de ACh na presença de A-967079 em músculo liso traqueal de ratos. Efeito miorrelaxante do β-citronelol (30, 100, 300
e 600
µM) sobre a contração sustentada da ACh
(círculo preto) na presença de A-967079 (circulo branco). Dados expressos em média ± E. P. M., n = número de experimentos. *p < 0,001 (One-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) primeiro efeito significativo. Curvas foram construídas respeitando intervalo de 12 minutos entre as concentrações de β-citronelol.
79
Tabela 1 - Valores da concentração inibitória capaz de produzir efeito miorrelaxante em 50% da resposta contrátil (CI50) induzida pelo β-citronelol na contração sustentada de K+, ACh ou 5-HT em anéis de traqueia de ratos na ausência e na presença de várias substancias capazes de interferir no mecanismo de contração/relaxamento da célula muscular lisa traqueal.
Droga
Acoplamento Excitação – Contração
CI50 (µM) n
K+ 120,44 [73,29 – 197,91] 6
5-HT
ACh
Propranolol
98,76 [53,82 - 181,24]
211,10 [114,13 – 390,46]
159,30 [112,88 – 224,82]
6
6
6
L-NAME 201,08 [154,06 – 262,45] 6
TEA 210,15 [168,71 – 261,76] 6
Azul de Metileno 294,98 [260,90 – 333,53] 6
Ortovanadato
Capsazepina
Indometacina
A-967079
243,04 [190,24 – 310,50]
133,87 [107,96 – 165,99]
173,96 [140,51 – 215,39]
158,53 [70,55 – 356,24]
6
9
6
6
CI50 representa média geométrica (intervalo de confiança de 95%) e n = número de experimentos; p > 0,05 (Teste de Mann-Whitney) em relação à curva controle de ACh.
80
5.8 Efeito do β-citronelol em preparações isoladas de traqueia contraídas com
uma combinação de K+ e ACh em meio contendo Ca2+ ou Ba2+
Preparações traqueais foram mantidas inicialmente em solução contendo
2 mM de Ca2+ ou Ba2+, e uma resposta contrátil máxima foi evocada com adições
cumulativas e saturantes de K+ (100, 120 e 150 mM). Ainda na presença da mais
alta concentração de K+, adicionou-se subsequentemente ACh (60 µM) a fim de
ativar as vias de contração muscular lisa recrutando ao mesmo tempo os canais de
Ca2+ operados por voltagem e os operados por receptor. Em geral, a adição de ACh
nessa etapa produziu incremento significativo da contração iniciada e sustentada
com alta concentração de K+ (p < 0,001; One-Way ANOVA, seguido do teste Holm-
Sidak), alcançando valores entre 127 ± 3,7% a 138,6 ± 11,5% em comparação com
a contração obtida com 100 mM de K+ em meio contendo Ca2+ e Ba2+,
respectivamente. A adição cumulativa de β-citronelol (10 a 1000 µM) no pico da
contração induzida pela mistura K+ e ACh promoveu relaxamento de forma
dependente de concentração (p < 0,001, ANOVA) nas preparações mantidas em
meio contendo Ca2+ ou Ba2+, porém, observamos que nas preparações mantidas em
meio com Ca2+ o primeiro efeito significativo foi observado na concentração de 200
µM de β-citronelol (p < 0,001; One-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak),
enquanto que em meio contendo Ba2+ o primeiro efeito significativo foi observado na
concentração de 100 µM de β-citronelol (p < 0,001; One-Way ANOVA, seguido do
teste Holm-Sidak) (Figura 26).
81
(A)
(B)
% d
e c
on
tração
K+
(100 m
M)
-200
-100
0
100
200
Cálcio (2 mM) (n = 6)
Bário (2 mM) (n = 5)
10 30 100 200 300 600 1000K+(100 mM)
K+ [120 mM]
K+ (150 mM)
ACh (60 µM)
-citronelol (µM)
#
**
Figura 26 - Efeito relaxante do β-citronelol na contração de anéis de traqueia de rato induzida conjuntamente por K+ e ACh em meio contendo Ca2+ ou Ba2+. (A) Traçados típicos do protocolo experimental em que os tecidos foram inicialmente expostos a altas concentrações de K
+ (100, 125 e 150 mM) e, logo após, também foram estimulados com alta
concentração de ACh (60 µM) em meio com Ca2+
(traçado superior) ou Ba2+
(traçado inferior). (B) Gráfico mostrando os valores registrados da força contrátil antes e após a adição cumulativa de β-citronelol (10
a 1000
µM) no pico da contração sustentada de K
+ e ACh em meio contendo Ca
2+ (2
mM; coluna preta) ou Ba2+
(2 mM; coluna cinza). Dados expressos como média ± E. P. M., n = número de experimentos. *p < 0,001 (One-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) indica primeiro efeito significativo.
#p < 0,001 (One-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak), em comparação com
K+
(100 mM) em ambas as curvas. A construção da curva respeitou intervalo de 12 minutos entre as concentrações de β-citronelol.
82
5.9 Efeitos inibitórios do β-citronelol nas curvas concentração-efeito induzidas
pela adição cumulativa de Ca2+ ou Ba2+ em preparações de traqueia mantidas
em meio sem Ca2+ despolarizadas com K+
Em preparações de anéis de traqueia mantidas em solução normal, a
adição de K+ (60 mM) produz contração sustentada como mencionado
anteriormente, a substituição da solução fisiológica por outra sem Ca2+ (contendo
EGTA 4 mM) e estimulada novamente com K+ (60 mM), não produz contração.
Mantendo-se a concentração alta de K+, a adição subsequente de concentrações
crescentes de Ca2+ (0,1 a 10 mM) provocou contração de forma dependente da
concentração, efeito que se tornou significativo na concentração de 0,5 mM de Ca2+
(p < 0,001; One-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) e atingiu o valor
máximo de 118 ± 9,1% da contração de referência na concentração de 10 mM de
Ca2+ (Figura 27). Após lavagens sucessivas da preparação com solução fisiológica,
uma nova CCE de Ca2+ nas mesmas condições descritas acima foi construída, mas
na presença de β-citronelol (30, 100, 200 ou 600 µM). Como pode ser observado na
Figura 27, o β-citronelol reduziu significativamente o efeito máximo induzido pela
adição de Ca2+ em comparação com o grupo controle (p < 0,001; Two-Way ANOVA,
seguido do teste Holm-Sidak). Nos tecidos expostos ao β-citronelol (200 e 600 µM) a
resposta contrátil foi incipiente ou abolida, respectivamente (Figura 27).
83
(A)
* L = Lavagem; 1 = Meio contendo ɸ Ca2+ + EGTA (4 mM) + K+ (60 mM); 2 = Curva
de Ca2+ (mM); 3 = Meio contendo ɸ Ca2+ + EGTA (4 mM) + K+ (60 mM); 4 = -citronelol (µM) e 5 = Curva de Ca2+ (mM).
(B)
Ca2+
(mM)
0,1 1 10
% d
e c
on
tração
K+
(60 m
M)
-20
0
20
40
60
80
100
120
140
Controle (n = 7)
-citronelol (30 µM) (n = 6)
-citronelol (100 µM) (n = 6)
-citronelol (200 µM) (n = 5)
-citronelol (600 µM) (n = 6)
*
#
##
#
*
*
Figura 27 - β-citronelol inibiu a contração induzida pela adição de Ca2+ em anéis de traqueia mantidos em meio sem Ca2+ com alta concentração de K+ (60 mM). (A) Traçado típico do protocolo experimental demonstrando o efeito inibitório do β-citronelol nas curvas concentração-efeito produzidas pela adição cumulativa de Ca
2+ em anéis de traqueia mantidos
em meio inicialmente sem Ca2+
e despolarizado por alto K+.
(B) Gráfico mostrando os valores registrados de força contrátil induzida pela adição cumulativa de Ca
2+ (0,1 a 10 mM) antes e após a adição do β-citronelol (30, 100, 200 ou 600 µM) em meio sem Ca
2+
e com alta concentração de K+. Dados expressos como média ± E. P. M., n = número de
experimentos. *p < 0,001 (One-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) primeiro efeito significativo.
#p < 0,001 (Two-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak), em comparação com a
curva controle de Ca2+
. Curvas construídas respeitando intervalo de 3 min entre as concentrações de Ca
2+.
84
Resultados semelhantes aos descritos na seção anterior foram obtidos na
construção de curvas concentração-efeito em resposta à adição de Ba2+ em lugar de
Ca2+. Em suma, anéis de traqueia foram mantidos em solução de Krebs-Henseleit
modificada sem Ca2+ e contendo EGTA (4 mM), utilizamos o K+ (60 mM) para induzir
despolarização e adicionamos subsequentemente concentrações cumulativas de
Ba2+ (0,1 a 50 mM) na ausência ou na presença de β-citronelol (30, 100, 200 ou 600
µM). De acordo com a Figura 28, a contração induzida por Ba2+ na ausência de β-
citronelol atingiu valor máximo de 136,3 ± 8,9% da contração de referência de K+ (60
mM). É possível ver também na figura 28 que todas as concentrações de β-citronelol
foram capazes de reduzir o efeito máximo da curva de Ba2+ (p < 0,001; Two-Way
ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak), para valores de: (30 µM) = 53,04 ± 13,60%;
(100 µM) = 58,21 ± 13,77%; (200 µM) = 15,52 ± 4,31%, sendo a resposta abolida
com 600 µM de β-citronelol. Ressaltamos que nas preparações tratadas com 200
µM de β-citronelol não constatamos efeitos contráteis significativos na CCE apesar
do ligeiro aumento do tônus muscular (Figura 28). A redução dos valores máximos
na curva de Ba2+, ocasionada pela adição de β-citronelol em traqueia estimulada
com K+, foi significativamente maior do que a redução obtida na curva de Ca2+ (p <
0,001; Two-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak).
85
(A)
* L = Lavagem; 1 = Meio contendo ɸ Ca2+ + EGTA (4 mM) + K+ (60 mM); 2 = Curva
de Ba2+ (mM); 3 = Meio contendo ɸ Ca2+ + EGTA (4 mM) + K+ (60 mM); 4 = -citronelol (µM) e 5 = Curva de Ba2+ (mM).
(B)
Ba2+
[mM]
0,1 1 10 100
% d
e c
on
tra
çã
o K
+ (6
0 m
M)
-40
-20
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Controle (n = 8)
-citronelol (30 µM) (n = 5)
-citronelol (100 µM) (n = 6)
-citronelol (200 µM) (n = 5)
-citronelol (600 µM) (n = 6)
**
# #
#
#
*
Figura 28 - β-citronelol inibiu a contração induzida pela adição de Ba2+ em anéis de traqueia mantidos em meio sem Ca2+ com alta concentração de K+ (60 mM). (A) Traçado típico do protocolo experimental demonstrando o efeito inibitório do β-citronelol nas curvas concentração-efeito produzidas pela adição cumulativa de Ba
2+ em anéis de traqueia mantidos
em meio inicialmente sem Ca2+
e despolarizado por alto K+.
(B) Efeito inibitório do β-citronelol (30, 100, 200 e 600 µM) nas curvas concentração-efeito produzidas pela adição cumulativa de Ba
2+ (0,1 a 50 mM) em anéis de traqueia mantidos em meio inicialmente
sem Ca2+
e despolarizado por alto K+. Dados expressos como média ± E. P. M., n = número de
experimentos. *p < 0,001 (One-Way ANOVA, teste Holm-Sidak) primeiro efeito significativo. #p <
0,001 (Two-Way ANOVA, teste Holm-Sidak), em comparação com a curva controle de Ba2+
. Curvas construídas respeitando intervalo de 3 minutos entre as concentrações de Ba
2+.
86
5.10 Efeitos inibitórios do β-citronelol nas curvas concentração-efeito
induzidas pela adição cumulativa de Ca2+ em preparações de traqueia
mantidas em meio sem Ca2+ estimuladas com ACh
Seguindo os mesmos procedimentos descritos na seção anterior, anéis
de traqueia foram mantidos em solução de Krebs-Henseleit modificada sem Ca2+, na
presença de EGTA (4 mM) e verapamil (10 µM). Nessas condições, foi adicionada
ACh (60 µM), condição que produziu contração transitória, voltando o traçado
rapidamente para os mesmos valores observados na tensão basal. Nessa condição,
a adição cumulativa de Ca2+ (0,1 a 50 mM) produziu contração sustentada de forma
dependente de concentração (p < 0,001, ANOVA) com primeiro efeito significativo (p
< 0,001; One-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) sendo registrado na
concentração de 0,5 mM de Ca2+, atingindo maior efeito correspondente a 81,7 ±
9,3% com 50 mM Ca2+ (Figura 29). Na presença de β-citronelol (30, 100, 200 ou 600
µM), não foram detectadas mudanças significativas do perfil da curva concentração-
efeito para a adição de Ca2+, como pode ser visto na Figura 29.
87
(A)
* L = Lavagem; 1 = Meio contendo ɸ Ca2+ + EGTA (4 mM) + Verapamil (10 µM) + ACh (60 µM); 2 = Curva de Ca2+ (mM); 3 = Meio contendo ɸ Ca2+ + EGTA (4 mM) +
Verapamil (10 µM) + ACh (60 µM); 4 = -citronelol (µM) e 5 = Curva de Ca2+ (mM).
(B)
Ca2+[mM]
0,1 1 10 100
% d
e c
on
tra
çã
o K
+ (
60
mM
)
-20
0
20
40
60
80
100
120
140 Controle (n = 6)
-citronelol (30 µM) (n = 5)
-citronelol (100 µM) (n = 5)
-citronelol (200 µM) (n = 6)
-citronelol (600 µM) (n = 6)
*
*
*
*
*
Figura 29 - β-citronelol não alterou a contração induzida por adição de Ca2+ em anéis de traqueia mantidos em meio sem Ca2+ na presença de acetilcolina e verapamil. (A) Traçado típico do protocolo experimental demonstrando que o β-citronelol não produz efeitos significativos nas curvas concentração-efeito ao Ca
2+ em anéis de traqueia mantidos em meio
inicialmente sem Ca2+
e estimulado com ACh na presença de verapamil. (B) Curvas concentração-efeito produzidas pela adição cumulativa de Ca
2+ (0,1 a 50 mM) em anéis de
traqueia mantidos em meio inicialmente sem Ca2+
e estimuladas com ACh (60 µM) na presença de verapamil (10 µM). Dados expressos como média ± E. P. M., n = número de experimentos. *p < 0,001 (One-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) primeiro efeito significativo.
#p < 0,001 (Two-Way
ANOVA, teste seguido do teste Holm-Sidak), em comparação com a curva controle de Ca2+
. Curvas construídas respeitando intervalo de 3 minutos entre as concentrações de Ca
2+.
88
5.11 Efeito do β-citronelol na contração induzida pela adição de Ca2+ após a
depleção dos estoques intracelulares em preparações isoladas de traqueia
mantidas em meio sem Ca2+ estimuladas com ACh
Com o intuito de avaliar qual o efeito do β-citronelol sobre a entrada de
Ca2+ por meio dos canais de Ca2+ operados por estoques, anéis de traqueia foram
mantidos em solução de Krebs-Henseleit modificada sem Ca2+ contendo EGTA (4
mM) e tapsigargina (1 µM). Após intervalo de 5 minutos, adicionamos ACh (60 µM),
condição que produz contração transitória, cuja amplitude diminui até não ser mais
detectada, à medida que esse procedimento foi repetido várias vezes, momento em
que se considerou alcançado o esgotamento dos estoques intracelulares de Ca2+.
Então, após nova lavagem da preparação com solução modificada sem Ca2+ para
remoção da ACh (mas mantendo-se a tapsigargina 1 µM na cuba), a restauração
dos níveis extracelulares pela adição de Ca2+ (2,5 mM) produziu efeito contrátil
vigoroso que atingiu magnitude correspondente a 45,9 ± 11,3% da contração de
referência induzida no início dos experimentos com 60 mM K+. Quando esse
procedimento de restauração do Ca2+ extracelular foi realizado na presença de β-
citronelol (30, 100, 200 ou 600 µM), observamos diminuição da resposta contrátil
com diferença estatisticamente significativa na concentração de 600 µM de β-
citronelol (p < 0,05; Método de Dunn) (Figura 30), atingindo valor de 3,4 ± 1,9% da
contração de referência induzida por K+ (60 mM). Como controle negativo, pré-
tratamos os anéis de traqueia com verapamil (1 µM) em substituição ao β-citronelol,
mantendo as mesmas condições descritas acima, e observamos que, o verapamil
não influenciou a contração de Ca2+ mediada por estoques em comparação com o
grupo controle (p > 0,05; Método de Dunn; Figura 30).
89
(A)
* L = Lavagem; 1, 2 e 3 = Meio contendo ɸ Ca2+ + EGTA (4 mM) + Tapsigargina (1 µM); 4 = Tapsigargina (1 µM).
(B)
% d
e c
on
tra
çã
o K
+ (
60
mM
)
0
10
20
30
40
50
60
70
Controle (n = 6)
-citronelol (30 µM) (n = 7)
-citronelol (100 µM) (n = 7)
-citronelol (200 µM) (n = 6)
-citronelol (600 µM) (n = 6)
Verapamil (1 µM) (n = 6)
-citronelol
Cálcio (2,5 mM)
*#@
Figura 30 - β-Citronelol inibiu a contração de anéis de traqueia causada pela restauração extracelular de Ca2+ após esgotar estoques intracelulares com acetilcolina e tapsigargina. (A) Traçado típico do protocolo experimental para esgotamento dos estoques intracelulares de Ca
2.
Note que o terceiro estímulo consecutivo com ACh em meio sem Ca2+
com tapsigargina já não induz mais resposta contrátil e que, após remoção do agente colinérgico, mas mantendo a tapsigargina, a reapresentação de Ca
2+ (2,5 mM) induz contração registrada na parte final do traçado.
(B) Gráfico demonstrando efeito inibitório do β-citronelol aplicado antes da reapresentação de Ca2+
, o qual foi significativo na concentração de 600 µM. Dados expressos como média ± E. P. M., n = número de experimentos. *p < 0,05 (Método de Dunn) em comparação com o controle.
@p < 0,05
(Método de Dunn) em comparação com -citronelol (30 µM). #p < 0,05 (Método de Dunn) em
comparação com o verapamil (1 µM).
90
5.12 Efeito do β-citronelol na contratilidade induzida por estimulo elétrico em
traqueias isoladas de ratos
Nessa serie de experimentos buscamos analisar qual o efeito do β-
citronelol na contração induzida pela aplicação de estimulo por campo elétrico. Para
isso, foram realizadas 3 estimulações (duração do estímulo = 5 segundos;
frequência = 5 Hertz; intervalo entre os pulsos = 5 milisegundos e tensão = 50 Volts)
respeitando o intervalo de 7 minutos entre os estímulos. A contração na ausência de
β-citronelol foi utilizada como referencial e, ao adicionarmos em seguida o β-
citronelol (100, 200 ou 600 µM) nas memas condições descritas acima, foi repetido o
mesmo estimulo elétrico utilizado anteriormente e observamos que, o β-citronelol
reduziu significativamente a contratilidade traqueal de maneira dependente de
concentração (p < 0,001; One-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak). O efeito
passou a ser significante a partir da concentração de 200 µM, cuja contração nessa
condição foi de 57,9 ± 2,7% da contração mediada pelo estimulo elétrico. Na
concentração de 600 µM, a contração em resposta ao estímulo elétrico foi de
apenas 13,8 ± 1,4% da contração inicial ocasionada pela estimulação elétrica na
ausência de β-citronelol (Figura 31).
91
% d
a c
on
tração
de E
E
0
20
40
60
80
100
Controle (n = 6)
-citronelol (100 µM) (n = 6)
-citronelol (200 µM) (n = 6)
-citronelol (600 µM) (n = 6)
*
*
Figura 31 - O β-citronelol inibiu a contração induzida por estimulo elétrico em anéis de traqueia isolada de ratos. Efeito inibitório do β-citronelol nas concentrações de 100 µM (coluna preta), 200 µM (coluna cinza) e 600 µM (coluna cinza escuro) na contração induzida por estimulação elétrica em traqueia isolada de ratos. Dados expressos como média ± E. P. M., n = número de experimentos. *p < 0,001 (One-Way ANOVA, seguido do teste Holm-Sidak) em comparação com o controle.
92
DISCUSSÃO
93
6 DISCUSSÃO
O presente estudo demonstrou que o β-citronelol possui efeito
antiespasmódico e miorrelaxante em traqueia isolada de ratos Wistar. Observamos
que esse efeito inibitório é dependente de concentração e está relacionado à sua
seletividade em atuar nos mecanismos contráteis relacionados à ativação de canais
de Ca2+ operados por voltagem, porém, em altas concentrações o β-citronelol atua
também inibindo a ação dos canais de Ca2+ operados por receptor ou por estoque,
além de diminuir a sensibilidade dos elementos contráteis ao Ca2+. Tais efeitos
parecem não estar relacionados a efeitos tóxicos na célula visto que, após a
realização de cada experimento, submetemos a preparação a estimulo
eletromecânico a fim de avaliarmos sua recuperação funcional, e constatamos que
os efeitos do β-citronelol são reversíveis, excluindo, ao menos em parte, a
possibilidade de que os efeitos inibitórios no comportamento contrátil do músculo liso
traqueal tenham sido decorrentes de eventual toxicidade.
A respeito, mediante ensaio de lactato desidrigenase (LDH), Silva (2009)
avaliou os possíveis efeitos tóxicos de dois óleos essenciais que apresentam o -
citronelol como um dos seus contituintes, o Cymbopogon citratus e o Cymbopogon
winterianus, e destacou que não foi constatado citotoxidade em nenhuma das
concentrações utilizadas, corroborando com nossos resultados. Gbenou et al. (2013)
acrescentam que concentrações ≤ 2.500 e 3.000 mg/kg, os óleos essenciais de
Cymbopogon citratus e Eucalyptus citriodora não são letais para animais, não
alteram a tolerância gástrica e a arquitetura histológica de alguns órgãos (estômago,
fígado), entretanto, ocorrendo letalidade apenas em concentrações maiores que
estas.
No presente estudo buscamos inicialmente caracterizar o efeito do β-
citronelol em um modelo animal que simula a asma humana e constatamos que,
quando administrado por inalação, o β-citronelol é agente protetor do
desenvolvimento de hiperreatividade traqueal típica após condições que envolvem
desafio antigênico. No estudo de Brito et al. (2012b) o citronelol apresentou
propriedades anti-inflamatórias em camundongos por diminuir a migração de
neutrófilos induzida pela carragenina, sendo esse efeito explicado pela sua
94
capacidade de inibir a sintese de mediadores inflamatórios, como o TNF-além de
seu efeito antioxidante (receptores opióides centrais) in vitro
Katsukawa et al. (2011) mostraram que o citronelol e o geraniol suprimem
a expressão da ciclooxigenase tipo 2 (COX-2) e ativam receptores ativados por
proliferadores de peroxissoma (PPAR, em inglês, peroxisome proliferators-activated
receptors) eem cultura de células BAEC (células endoteliais de aorta
bovina)sendo um achado importante para a compreensão da sua propriedade anti-
inflamatória. Esse mesmo resultado, associando seus efeitos como agonista seletivo
de PPAR foi comprovado pelo estudo de Oliveira (2012), que verificou uma
diminuição nos valores de leucócitos totais, assim como na concentração de
citocinas de perfil inflamatório (TNF-α e IL-6) no fígado de camundongos Balb/c
obesos submetidos ao tratamento com óleo essencial de Xylopia aromatica (Lam.)
Mart.
Os efeitos relatados no presente estudo na prevenção de hiperreatividade
traqueal após o tratamento com β-citronelol podem ser devidos ao potencial efeito
anti-inflamatório desse composto, fato não investigado no presente estudo. A asma
é uma doença pulmonar inflamatória com altas taxas de prevalência e mortalidade
em todo o mundo, reversível espontaneamente ou com tratamento. Existem
inúmeras causas para seu aparecimento, por exemplo, exposição a substâncias
alérgicas, infecções virais ou bacterianas, poluição do ar e estilo de vida (JOACHIM
et al., 2004; SILVA; SILVA, 2013). Ao ser administrado previamente por inalação, o
β-citronelol apresentou efeito inibitório significativo no desenvolvimento de
hiperreatividade traqueal em resposta ao K+ ou ACh, tipicamente hiperreativos nos
tecidos de animais não tratados com o composto.
Esses achados foram interessantes para a continuação do estudo
objetivando entender melhor suas propriedades. Para isso, passamos a investigar os
efeitos desse composto na contratilidade traqueal em animais naive, não submetidos
ao processo de desafio antigênico. Esses tecidos foram submetidos tanto a
estímulos eletromecânicos (estímulo com K+) quanto farmacomecânicos (com
ênfase pela ACh). Submetemos também os anéis de traqueia de ratos à estimulação
por campo elétrico, e observamos que a exposição prévia por 12 minutos com β-
citronelol inibiu as contrações induzidas por esse tipo de estimulo elétrico. Segundo
Nagtegaal et al. (1995); Lima et al. (2011); Aguiar et al. (2012), a estimulação com
95
pulsos de duração curta, por exemplo 0,5 ms, geram uma contração relacionada à
estimulação colinérgica pós-ganglionar e promovem liberação de ACh, corroborando
com nossos resultados sobre a atuação do -citronelol na via colinérgica.
Buscamos então compreender se os efeitos inibitórios do β-citronelol
envolvem participação dos canais de Ca2+. Em anéis de traqueia sob tônus basal,
não foram observados efeitos relaxantes do -citronelol, porém, em preparações de
músculo liso traqueal pré-contraídas por estímulos eletromecânicos ou
farmacomecânicos, o -citronelol foi capaz de reverter totalmente a contração com
valores de CI50 que, embora não tenham sido significativos estatisticamente, foram
ligeiramente menores para as contrações induzidas por K+. Isso remete a provável
atuação do -citronelol nas duas principais vias de sinalização de Ca2+ na célula.
A adição de K+ em preparações de músculo liso traqueal ocasiona
ativação dos canais de Ca2+ operados por voltagem (VOC), e quando adicionamos
ACh, ativamos preferencialmente canais de Ca2+ operados por receptor (ROC),
estes geralmente acoplados a proteínas G, desencadeando subsequentemente uma
série de eventos intracelulares que culminam com a liberação do Ca2+ presente no
retículo sarcoplasmático (SOMLYO; SOMLYO, 1968; WEBB, 2003). Esses dois
mecanismos de ativação dos canais de Ca2+ geram contração da musculatura lisa
traqueal (BEZERRA et al., 2013). Menezes et al. (2010) investigaram os efeitos
cardiovasculares do óleo essencial de Cymbopogon winterianus em ratos, composto
principalmente por geraniol, citronelol e citronelal. Esses autores obervaram que
após a incubação com o óleo essencial, a curva de Ca2+ foi deslocada para a direita
com redução do efeito máximo de maneira dependente de concentração, sendo
caracterizado como um antagonismo não competitivo.
Na contração mediada por ativação de canais ROC (protocolo com ACh
na presença da concentração de verapamil selecionada a partir dos resultados na
Fig.15, os quais foram confirmados com os resultados das Fig. 16 e 17) a curva
concentração-efeito para a ACh se deslocou em paralelo e para a direita nas
concentrações mais baixas, enquanto que também diminuiu o Emax nas
concentrações mais altas (particularmente na concentração de 1 µM de Verapamil).
A estimulação dos receptores colinérgicos (tipo M3) é um dos principais
determinantes do tônus muscular liso das vias aéreas, o primeiro pico da entrada de
Ca2+ ocorre através da mobilização intracelular originada pela liberação de IP3 e
96
DAG, segundos mensageiros da estimulação do receptor muscarínico que vão ativar
a proteína quinase C (ROUX et al., 1997). Se compararmos a mesma concentração
de 600 µM de -citronelol, vemos que quando os anéis de traqueia foram
estimulados com diversas concentrações de K+ (Fig. 14), não foram detectadas
contrações significativamente mensuráveis nesses tecidos. Por outro lado, os
resultados dos experimentos recrutando ROC mostram que nessa mesma
concentração, os efeitos inibitórios do β-citronelol foram abolidos indicando que a
ação preferencial desse composto se dá por inibição ligeiramente preferencial sobre
canais Ca2+ operados por voltagem.
O desenvolvimento de contração no músculo liso traqueal está
relacionado a fontes de Ca2+ dos meios extracelular e intracelular, possuindo duas
vias principais para a sua entrada: os canais de Ca2+ operados por voltagem e os
canais de Ca2+ operados por receptor (YAMAKAGE et al., 2001). De posse dessas
informações, foi proposto avaliar qual seria a atuação do β-citronelol em
preparações isoladas de traqueia após a contração combinada de K+ (VOC) e ACh
(ROC) em meio contendo Ca2+ ou Ba2+, e observamos que o β-citronelol promoveu
relaxamento independente do meio Ca2+ ou Ba2+, porém, observamos uma ação
miorrelaxante mais evidente em meio contendo Ba2+. Essa maior capacidade de
atuação em meio contendo Ba2+, íon que possui permeabilidade por canais de Ca2+
operados por voltagem como forma de ativar o mecanismo contrátil (EVANGELISTA
et al., 2007; MENEZES et al., 2010; SILVA, 2010b; PINHO et al., 2012; DE
SIQUEIRA et al., 2012) reforça a hipótese de que o β-citronelol atua
preferencialmente em mecanismos contráteis que recrutam canais de Ca2+ operados
por voltagem. Igualmente, a redução significativa do efeito máximo induzido pela
adição de Ca2+ em meio sem Ca2+ e despolarizado com o K+, e também a redução
da curva de contração quando utilizamos o Ba2+ em substituição ao Ca2+ suportam
essa hipótese.
Para estudarmos se os efeitos inibitórios do β-citronelol envolvem os
canais para Ca2+ operados por estoque (SOC), anéis de traqueia foram mantidos em
solução de Krebs-Henseleit modificada sem Ca2+ contendo EGTA para produzir
quelação de Ca2+ livre e tapsigargina para inibir sua recaptação para os estoques
internos. Ao mesmo tempo, adicionamos ACh em alta concentração (60 µM) para
estimular a liberação do Ca2+ armazenado até o esgotamento dos estoques
intracelulares, este protocolo foi embasado no estudo de De Siqueira (2011), que
97
avaliou os efeitos do -bisabolol em várias preparações do músculo liso (traqueia,
aorta, mesentérica, fundo de estômago, bexiga, duodeno e cólon), particularmente
na aorta, o autor propôs avaliar os canais SOC utilizando o ácido ciclopiazônico
outro bloqueador da SERCA (WEBB, 2003) e provocou depleção dos estoques
intracelulares de Ca2+ com adições sucessivas de fenilefrina (agonista 1-
adrenérgico).
O esgotamento dos estoques intracelulares de Ca2+, foi constatado pela
não detecção de resposta contrátil após adição de ACh. Sabe-se que nessa
condição a célula muscular lisa ativa os canais de Ca2+ operados por estoque, o qual
provoca contração quando o Ca2+ é reapresentado através da ativação do que se
denominou entrada “capacitativa” (PUTNEY, 1990). Esses procedimentos de
ativação de corrente “capacitativa” também foram realizados na presença de β-
citronelol, adicionado imediatamente antes da adição de Ca2+, e observamos que o
β-citronelol inibe a resposta contrátil induzida por essa via de entrada de Ca2+ pelos
canais operados por estoque, principalmente na concentração de 600 µM de β-
citronelol semelhante à concentração de atuação nos protocolos direcionados à
ativação de canais VOC. Como controle negativo, utilizamos o verapamil numa
concentração (1 µM) que inibe totalmente a contração potássica, mas que não inibe
a resposta contrátil induzida pelos canais SOC. Isso nos permite concluir que,
apesar de agir preferencialmente em mecanismos que recrutam canais de Ca2+
dependentes de voltagem, não é possível caracterizá-lo como bloqueador desses
canais como o faz o verapamil. Isso diferencia o β-citronelol de outros compostos
quimicamente relacionados.
De Siqueira et al. (2012) já relataram que o -bisabolol, um dos
constituintes da Matricaria recutita, age preferencialmente em mecanismos que
ativam canais VOC, assim como Evangelista et al. (2007) mostraram que os efeitos
inibitórios do óleo essencial de Pterodon polygalaeflorus estariam relacionados à
inibição do acoplamento eletromecânico, o estudo de Lima et al. (2011) demonstra
que o eugenol (Syzygium aromaticum) bloqueou os canais VOC e ROC, além de
reduzir a sensibilidade das proteínas contráteis do Ca2+. Assim, a propriedade de
interferir em mecanismos que envolvem ativação de canais de Ca2+ não se restringe
apenas ao β-citronelol, e que agentes terpênicos parecem possuir relativa
seletividade para exercer seus efeitos antiespasmódicos.
98
Após a descrição do efeito relaxante do β-citronelol, despertou-nos o
interesse em pesquisar outros mecanismos de ação, por exemplo, a possível
diminuição da sensibilização dos elementos contráteis ao Ca2+, sendo assim,
adicionamos em nossos experimentos o ortovanadato de sódio, agente capaz de
provocar contração caracterizada por ser mediada por interferência com os níveis de
fosforilação de tirosina por inibir a tirosina fosfatase (YU et al., 2004). A oscilação
entre a fosforilação e a desfosforilação de proteínas atua como controle de diversos
eventos biológicos, por exemplo, divisão, diferenciação, contração, aprendizado,
dentre outros (AOYAMA et al., 2003). Moreira (2013) destacou que o citral, um
monoterpeno majoritário do óleo essencial de Cymbopogon citratus, análogo do
citronelol, diminuiu a sensibilidade dos elementos contráteis ao Ca2+ por inibir o
efeito contraturante do ortovanadato de sódio. Assim, após adicionarmos β-citronelol
observamos reversão completa da resposta contrátil indicando que as atividades
inibitórias desse composto são capazes de diminuir as contrações que recrutam
esse mecanismo.
Investigando ainda qual seria o possível mecanismo de ação do -
citronelol, buscamos bloquear algumas vias que poderiam estar influenciando na sua
propriedade relaxante. Considerando que o tratamento com as substâncias a seguir
(propranolol, L-NAME, TEA, azul de metileno ou indometacina), aplicadas
isoladamente, e que as concentrações adotadas são rotineiramente usadas como
eficazes em suas respectivas vias metabólicas, podemos considerar que os efeitos
relaxantes do β-citronelol independem: (i) da ativação de receptores adrenérgicos;
(ii) da atividade da enzima óxido nítrico sintetase; (iii) da abertura de canais de K+;
(iv) da atividade da enzima guanilato ciclase ou (v) da atividade da enzima
ciclooxigenase.
Em estudo recente, o β-citronelol tem sido apontado como agonista de
receptores TRPV1 (OHKAWARA et al., 2010), enquanto que seu análogo citronelal é
agonista de receptores TRPA1 (KWON et al., 2010). Proteínas TRP’s (p.ex. TRPV1
do inglês, transient receptor potential vanilloid subtype 1), podem ser canais iônicos
da membrana celular, alguns não seletivos para cátions, mas quando ativados
ocorre influxo predominantemente de Ca2+. Caceres et al., (2009) destacam que os
receptores TRPV1 e TRPA1 atuam como importantes mediadores na inflamação
alérgica das vias aéreas, portanto, eles podem ser alvos farmacológicos promissores
para o tratamento das doenças alérgicas inflamatórias, incluindo a asma. Tomando
99
como base essa linha de raciocínio, bloqueamos o canal TRPV1 com capsazepina e
estimulamos os anéis de traqueia à uma contração com ACh, em seguida após a
curva atingir um platô, adicionamos concentrações cumulativas do -citronelol que
relaxou o tecido, porém, não observarmos diferenças em relação a curva controle,
indicando que o -citronelol não atua em traqueia de ratos como agonista TRPV1.
Vasconcelos-Rios et al. (2013) avaliaram a administração oral de citronelil
acetato, um monoterpeno presente em diversas plantas, dentre elas, as do gênero
Cymbopogon citratus, e indicaram seu poder de atuação como uma substância com
atividade antinociceptiva em modelos de nocicepção aguda (acido acético,
formalina, capsaicina, mentol, salina ácida, acetato miristato de forbol, 8-bromo
monofosfato de adenosina cíclica e glutamato) em camundongos, porém, esses
efeitos não foram mediados pela via TRPA1. Neste trabalho, usamos a substância
A-967079, bloqueador do canal TRPA1, e verificamos que o efeito miorrelaxante do
β-citronelol não foi alterado.
Em resumo, evidenciamos que o β-citronelol possui propriedades
antiespasmódicas em músculo liso respiratório, sendo potencialmente agente anti-
inflamatório capaz de prevenir o surgimento de hiperreatividade em modelo animal
de asma. A ação farmacológica desse composto parece se dar em mecanismos que
são intracelulares na interferência com a capacidade da célula muscular produzir
força contrátil.
100
CONCLUSÕES
101
7 CONCLUSÕES
O β-citronelol possui efeito antiespasmódico e miorrelaxante em músculo liso
traqueal de ratos Wistar.
A administração prévia de β-citronelol, por via inalatória, preveniu a
hiperreatividade traqueal ocasionada pela adição de estímulos
eletromecânicos (K+) e farmacomecânicos (ACh), sendo potencialmente
agente anti-inflamatório em animais que mimetizam a asma.
Seus efeitos inibitórios, em animais naive, não foram influenciados após o
tratamento com antagonistas (propranolol, L-NAME, TEA, azul de metileno,
ortovanadato de sódio, capsazepina, indometacina e A-967079), porém,
observamos que seu efeito miorrelaxante é dependente de concentração.
O mecanismo envolvido inicialmente no efeito relaxante parece ser
intracelular visto que inibe as respostas contráteis mediadas pela abertura dos
canais VOC, mas em concentrações ligeiramente mais altas, o β-citronelol
também é capaz de atuar inibindo a contração mediada pela abertura dos
canais ROC e SOC.
102
REFERÊNCIAS
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ANEXO
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Anexo A – Termo de Aprovação pela Comissão de Ética em Pesquisa Animal (CEPA/UFC)