Departamento de Engenharia Electrotécnica e de ...P8... · t zrrrz ∂ ∂∂∂ ... com (23)...
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Prof. Carlos R. Paiva
Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores
Instituto Superior Técnico
Abril de 2008
Feixes Ópticos 1
1. Feixes gaussianos Num meio homogéneo e isotrópico o potencial vector satisfaz a equação de onda (com
0k n k= , sendo n o índice de refracção do meio e 0 2k cω π λ= = )
2 2equação de Helmholtz 0k→ ∇ + =A A . (1)
Em coordenadas cilíndricas ( ), ,r zφ e considerando simetria azimutal, vem
2 2 2
2 22 2 2
1t z r r r z
∂ ∂ ∂ ∂∇ = ∇ + = + +
∂ ∂ ∂ ∂. (2)
Consideremos, então, um pontencial vector da forma
( ) ( ) ( )ˆ, , expr z r z i k z= ΨA a (3)
onde a é um vector unitário pertencente ao plano ( ),x y . Nestas circunstâncias, obtém-se
( )2 2
22 2 2 ,i k k r z
z z z⎛ ⎞∂ ∂ ∂
= + −⎜ ⎟∂ ∂ ∂⎝ ⎠
A A . (4)
De (1)-(4) infere-se então que
2
22equação das ondas 2 0t i k
z z∂ Ψ ∂Ψ
→ ∇ Ψ + + =∂ ∂
. (5)
Para uma variação espacial lenta, tal que ∆Ψ Ψ para z λ∆ = , deverá ter-se
2kz
z z zλ
λ π∂Ψ ∂Ψ ∂Ψ Ψ Ψ
∆Ψ ≈ ∆ = Ψ ⇒ =∂ ∂ ∂
2 Carlos R. Paiva
kz
∂Ψ∴ Ψ
∂. (6)
Analogamente
2 2
2 2
12k k
z z z z zλ π∂ Ψ ∂Ψ ∂Ψ ∂ Ψ ∂Ψ
= ⇒∂ ∂ ∂ ∂ ∂
. (7)
Podemos portanto inferir de (5) a chamada equação paraxial
2equação paraxial das ondas 2 0t i kz
∂Ψ→ ∇ Ψ + =
∂. (8)
Vamos, nesta secção, considerar a seguinte solução (ou «ansatz») de (8):
( ) ( ) ( )2«ansatz» , exp
2kr z i P z r
q z⎧ ⎫⎡ ⎤⎪ ⎪→ Ψ = +⎨ ⎬⎢ ⎥⎪ ⎪⎣ ⎦⎩ ⎭
. (9)
Note-se que se considera, aqui, uma solução particular; outras soluções poderão existir. Trata-
se, para já, de saber quais as equações que caracterizam as funções ( )P z e ( )q z que são, por
enquanto, desconhecidas. Notando que
( )2 1 ,
2k ri P r z
z q
⎡ ⎤′⎛ ⎞∂Ψ ⎢ ⎥′= + Ψ⎜ ⎟⎢ ⎥∂ ⎝ ⎠⎣ ⎦
( )1 ,ki r zr r q∂Ψ
= Ψ∂
( )2 2 2
2 2 ,k r ki r zr q q
⎛ ⎞∂ Ψ= − + Ψ⎜ ⎟∂ ⎝ ⎠
resulta de (8)
Feixes Ópticos 3
2
2 21 2 2 0k kk r i Pq q q
⎡ ⎤′⎛ ⎞ ⎛ ⎞ ⎛ ⎞⎢ ⎥ ′− − + − =⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎢ ⎥⎝ ⎠ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠⎣ ⎦.
Ora, como esta equação deve ser válida qualquer que seja o valor da distância r , deverá
impor-se
2
1
1 1 0
P iq
q q
⎧⎪ ′ =⎪⎪⎨
′⎪ ⎛ ⎞ ⎛ ⎞+ =⎪ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎪ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠⎩
. (10)
Façamos agora, por definição,
1 1 du du uq u d z d z q= ⇔ = . (11)
Logo, da segunda equação de (10), vem
( )2
2 0d u u z a z bd z
= ⇒ = +
( ) ( ) ( )0 00
1 10 bq q q z z qa q z z q
∴ = = → = ⇒ = ++
. (12)
Mas então, introduzindo este resultado na primeira equação de (10), tira-se que
( )
( )( )0
0
1
ln 10 0
P z iz q zP z i
qP
′ =+ ⎛ ⎞
⇒ = +⎜ ⎟⎝ ⎠=
. (13)
Agora, substituindo (12) e (13) em (9), obtém-se
4 Carlos R. Paiva
( ) ( )20
0 0
, exp2
q kr z i rq z z q
⎡ ⎤Ψ = ⎢ ⎥+ +⎣ ⎦
. (14)
Em particular virá
( ) 2
0
,0 exp2
kr i rq
⎛ ⎞Ψ = ⎜ ⎟
⎝ ⎠. (15)
Porém, deverá observar-se a seguinte restrição
( )lim ,0 0r
r→∞
Ψ = .
Esta restrição só se verifica desde que
0 0 0, 0q i z z= − >
( ) 0q z z i z∴ = −
tendo-se então
( )2
22
0 0
perfil gaussiano ,0 exp exp2
k rr rz w
⎛ ⎞ ⎛ ⎞→ Ψ = − = −⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝ ⎠ ⎝ ⎠ (16)
onde se introduziu, para o parâmetro dito confocal 0z ,
20
0parâmetro confocal2
k wz→ = . (17)
Infere-se, deste modo, que é possível reescrever (14) na forma alternativa
( ) ( )( ) ( )
20feixe gaussiano , , exp
2q k rx y z iq z q z
⎡ ⎤→ Ψ = ⎢ ⎥
⎣ ⎦. (18)
Feixes Ópticos 5
Notando que
( )( )
1
20
00
0 1 1 exp tan1 1
q zizq z zi zz z
−⎡ ⎤⎛ ⎞= = −⎢ ⎥⎜ ⎟
⎝ ⎠⎣ ⎦⎛ ⎞++ ⎜ ⎟⎝ ⎠
e definindo
( )
( )
2
00
20
1
1
zw z wz
zR z zz
⎧ ⎛ ⎞⎪ = + ⎜ ⎟⎪ ⎝ ⎠⎪⎨⎪ ⎡ ⎤⎛ ⎞= +⎪ ⎢ ⎥⎜ ⎟
⎝ ⎠⎪ ⎢ ⎥⎣ ⎦⎩
(19)
virá
( )
0
200 0
11 1 1 1
1 1
ziz
zq z z i z z zz iz z
+= = =
− ⎛ ⎞ ⎛ ⎞− +⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎝ ⎠ ⎝ ⎠
( ) ( ) ( )2
1 1 2iq z R z k w z
∴ = + . (20)
Podemos, portanto, escrever (18) na forma mais explícita
( ) ( ) ( ) ( )2
02feixe gaussiano , exp exp ,w rr z i r z
w z w z⎡ ⎤
→ Ψ = − Φ⎡ ⎤⎢ ⎥ ⎣ ⎦⎣ ⎦
(21)
em que
6 Carlos R. Paiva
( ) ( ) ( )
( )
2
1
0
,2
tan
k rr z zR z
zzz
δ
δ −
⎧Φ = −⎪
⎪⎨
⎛ ⎞⎪ = ⎜ ⎟⎪ ⎝ ⎠⎩
. (22)
A fase de ( ), ,x y zΨ é ( ),r zΦ ; a fase de ( ),r zA , por seu turno, é – de acordo com (3) –
dada por
( ) ( ) ( ) ( )2
, ,2
k rr z k z r z k z zR z
ϕ δ= +Φ = + − . (23)
No eixo do feixe, tem-se
( ) ( )0 0,r z k z zϕ δ= → = − (24)
que corresponde a duas contribuições distintas: (i) o termo k z é a fase de uma onda plana; (ii)
o termo ( )zδ , dado pela segunda equação de (22), corresponde a um desvio de fase em
relação quer a uma onda plana quer a uma onda cujo raio variável é ( )R z dado pela segunda
equação de (19).
●
A constante efectiva de propagação longitudinal effk é tal que
( ) ( ) ( ) 1eff0
0
0, tanz zk d z k z z k z
zς ς ϕ δ − ⎛ ⎞
= = − = − ⎜ ⎟⎝ ⎠
∫ . (25)
Como
12 2tand x a
d x a x a−⎡ ⎤⎛ ⎞ =⎜ ⎟⎢ ⎥ +⎝ ⎠⎣ ⎦
Feixes Ópticos 7
infere-se que
( ) 0eff 2 2
0
constante efectiva depropagação longitudinal
zdk z k n nd z c z z cδ ω ω
→ = − = − <+
(26)
tendo-se
( ) ( )20
eff 0 2
wk k zw z
− = . (27)
Em particular, para 0z = , obtém-se
( )eff 20
20 0z k kkw
= → = − . (28)
Interpretação física: O resultado expresso em (28) tem uma explicação física interessante.
Admitindo, com efeito, que os valores típicos de xk e yk são dados por
0
2x yk k
w= ≈
infere-se que
2 2
2 2 2 220
22
x yx y z z
k kk k k k k k k
k k w+
+ + = ⇒ = − = − .
de acordo com o valor efectivo dado por (28).
Isto significa que é possível definir uma velocidade de fase (efectiva) tal que
8 Carlos R. Paiva
( ) ( ) ( ) ( )
1 1
2 2 2 2eff
2 21 1pcv z
k z k w z k k w z nω ω
− −⎡ ⎤ ⎡ ⎤
= = − = −⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎣ ⎦ ⎣ ⎦
( ) ( )2 2
21p
c nv z k w z
⎡ ⎤∴ = −⎢ ⎥
⎣ ⎦. (29)
A intensidade óptica ( ),I r z é proporcional a ( ) 2,r zΨ , i.e., tem-se
( ) ( ) ( )
22
00 2
intensidade óptica do 2, expfeixe gaussiano
w rI r z Iw z w z⎡ ⎤ ⎡ ⎤
→ = −⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎣ ⎦ ⎣ ⎦
. (30)
Na Fig. 1 representa-se graficamente a intensidade óptica normalizada 0I I em função de
0r w para diferentes valores de 0z z . Na Fig. 2, por outro lado, representa-se graficamente
0I I em função de 0z z ao longo do eixo óptico do feixe (i.e., para 0r = ). Note-se que a
potência óptica total do feixe gaussiano é finita (ao contrário de uma onda plana) e dada por
(como não há perdas, esta potência é independente do plano transversal z onde é calculada e,
portanto, pode ser calculada no plano 0z = para facilitar os cálculos)
( ) ( )2
0 0 0, 2 ,P I r z r d r d I r z r d r
πφ π
∞ ∞= =∫ ∫ ∫
2 2
20 0 02 20
0 0 0
2 1 22 exp exp2
r rP I r d r I ww w
π π∞
∞ ⎡ ⎤⎛ ⎞ ⎛ ⎞= − = − −⎢ ⎥⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝ ⎠ ⎝ ⎠⎣ ⎦∫
( )200
potência óptica dofeixe gaussiano 2
IP wπ∴ → = . (31)
Esta última expressão mostra que a potência total do feixe é igual ao produto de metade da
intensidade óptica máxima pela área (efectiva) do feixe – entendida esta última como 20A wπ= .
Feixes Ópticos 9
Figura 1 Intensidade óptica normalizada 0I I em função da distância radial (também
normalizada) 0r w para três valores diferentes da distância axial: (i) 0z = ; (ii) 0z z= ; (iii)
02z z= .
Figura 2 Intensidade óptica normalizada 0I I em função da distância axial (também
normalizada) 0z z ao longo do eixo óptico do feixe, i.e., para 0r = .
10 Carlos R. Paiva
A largura do feixe é caracterizada pela função ( )w z , tal como se ilustra na Fig. 3. Para 0z =
esta largura assume o seu valor mínimo 0w que se designa por cintura do feixe e que
caracteriza, como se viu, a sua área efectiva. O efeito da difracção (ou dispersão) espacial é,
assim, caracterizado pelo alargamento de ( ) 0w z w tal como se indica na Fig. 3. Note-se que,
de acordo com a primeira equação de (19), um feixe gaussiano de cintura 0w apresenta uma
divergência espacial que está assimptoticamente contida num cone cujo ângulo 0θ é tal que
( )2 2 0 00 0
0 0 0
2tanw wz z w z zz z kw
θ⇒ ≈ ⇒ = =
2 20
0 0
cone wr z x y zz n w
λπ
→ = ⇒ + =
10
0 0
tann w n wλ λθπ π
− ⎛ ⎞∴ = ≈⎜ ⎟
⎝ ⎠. (32)
Na Fig. 4 representa-se a desfasagem ( )zδ introduzida na segunda equação de (22).
●
A função ( )R z , que se representa graficamente na Fig. 5, caracteriza o raio de curvatura da
frente de onda do feixe gaussiano. Com efeito, as superfícies de fase constante satisfazem a
equação (com q inteiro) ( ), 2r z qϕ π= , ou seja,
( ) ( )2
superfícies de fase constante 22
rk z z qR z
δ π⎡ ⎤
→ + − =⎢ ⎥⎣ ⎦
.
Como as funções ( )R z e ( )zδ variam lentamente com z , podemos considerar que elas são
aproximadamente constantes nas superfícies de fase constante. Assim, como 0k n k= e
0 2k π λ= , as superfícies de fase constante são superfícies de um parabolóide
Feixes Ópticos 11
2superfície de um parabolóide
de raio de curvatura 2 2rz c c q
R R nλ δ
π⎛ ⎞
→ + = ← = +⎜ ⎟⎝ ⎠
(33)
tal como se indica na Fig. 6 para diferentes valores de R e admitindo que δ não varia.
Figura 3 Largura normalizada ( ) 0w z w do feixe gaussiano em função da distância axial
normalizada 0z z . Para 0z z= ± a largura reduz-se ao seu valor mínimo – a cintura 0w w= .
Note-se que, para uma onda esférica, se tem
2 2 2 2
2 2 2 2 22 21 1
2x y r rr z R x y z z z z
z z z+
→ = + + = + = + ≈ +
( ) ( )21 1onda esférica exp exp exp2ki k R i r i k z
R R R⎛ ⎞
→ ≈ ⎜ ⎟⎝ ⎠
. (34)
Ao comparar a fase da onda esférica em (34) com (23) entende-se melhor o significado de
( )R z num feixe gaussiano.
12 Carlos R. Paiva
Figura 4 Desfasagem ( )zδ em função da distância axial normalizada 0z z .
Figura 5 Raio de curvatura normalizado ( ) 0R z z das frentes de onda de um feixe gaussiano
em função da distância axial normalizada 0z z .
Feixes Ópticos 13
Figura 6 Superfície de um parabolóide caracterizado por (33) para diferentes valores da
curvatura R e considerando fixo o valor de c .
Exemplo numérico: A saída de uma cavidade laser é um feixe gaussiano. Considerando um
feixe gaussiano com uma cintura 0 1 mmw = , para um comprimento de onda 1.06 mλ = µ ,
infere-se que o parâmetro confocal é 0 3mz = . Para uma distância 10 mz = , tem-se
( ) 3.5 mmw z = , ( ) 10.9 mR z = e um ângulo de divergência espacial 0 0.02θ = .
14 Carlos R. Paiva
2. Difracção de Fresnel Em (1) a constante de propagação longitudinal k é tal que
2
2 2 2 2 2 20
2x y z
nk k k k n k πλ
⎛ ⎞+ + = = = ⎜ ⎟⎝ ⎠
. (35)
A solução geral da equação de onda (1), fazendo
( ) ( )ˆ, , , ,x y z u x y z=A a (36)
em vez de (3), é dada pelo feixe óptico
( ) ( ) ( )0
feixe, , , exp
óptico x y x yu x y z U k k i d k d k∞ ∞
−∞ −∞→ = ⋅⎡ ⎤⎣ ⎦∫ ∫ k r (37)
em que
x y zk x k y k z⋅ = + +k r . (38)
Como sempre omite-se, estando contudo subentendida, a variação temporal com ( )exp i tω− .
Nota: Não é por acaso que, em (36), ( ), ,u x y z se refere ao potencial vector A e não, por
exemplo, ao campo eléctrico. Podemos, portanto, colocar a seguinte questão: seria possível
escrever, em vez de (36), ( ) ( )ˆ, , , ,x y z u x y z=E a ? A resposta é: em geral, não. Porque, num
meio homogéneo e isotrópico, se tem 0∇⋅ =E e daí que, no caso geral, deveria ser
( )ˆ ˆ 0u u∇⋅ = ⋅∇ =a a o que não é verdade. No caso do potencial vector é possível considerar,
por outro lado, que 0∇⋅ ≠A . É essa a razão para a escolha do potencial vector em (36).
Assim, de acordo com (35), podemos ainda escrever (37) na forma alternativa
Feixes Ópticos 15
( ) ( ) ( )0 0ˆ , , , expx y x yu x y z U k k i nk d k d kζ ζ
∞ ∞
−∞ −∞= ⋅ → = ∫ ∫k r . (39)
Nota importante: De acordo com (35) não é necessária a integração em zk na equação (37).
Com efeito, tem-se
( )2 2
2 2 221 x y
z x y
k kk k k k k
k+
= − + = − . (40)
Isto significa que, com base em (35), zk fica determinado desde que se conheçam xk , yk e k .
O caso em que se quer, apenas, conhecer o perfil do feixe óptico no plano 0z = resulta então
imediatamente de (37): fazendo ( ) ( )0 , , ,0u x y u x y= , vem
( ) ( ) ( )0 00 , , expx y x y x yz u x y U k k i k x k y d k d k∞ ∞
−∞ −∞⎡ ⎤= → = +⎣ ⎦∫ ∫ . (41)
Note-se que esta última equação tem a forma de um integral bi-dimensional de Fourier. A sua
transformada inversa será dada por
( )( )
( ) ( )0 02
amplitude 1, , expespectral 2x y x yU k k u x y i k x k y d x d y
π
∞ ∞
−∞ −∞⎡ ⎤→ = − +⎣ ⎦∫ ∫ .(42)
Só no caso particular em que ( )0 0,x yU k k U= é que resulta de (39) a solução especial
( ) ( ) ( )0 0 0
onda plana e, , exp exp
monocromáticau x y z U i U i n k ζ→ = ⋅ =k r (43)
que tem associada uma energia infinita – daí que a sua existência física individual não seja
possível; um feixe óptico, por outro lado, é fisicamente realizável de acordo com (31).
Consideremos, agora, o caso em que
16 Carlos R. Paiva
( )0
1, e ,
0, ou x a y b
u x yx a y b
⎧ ≤ ≤⎪= ⎨ > >⎪⎩. (44)
De acordo com (42) vem, para este caso,
( ) ( ) ( )( ) ( )
( ) ( )0
sin
,sin
xa x
xx y a x b y
yb y
y
k aaU kk a
U k k U k U kk bbU k
k b
π
π
⎧=⎪
⎪= → ⎨
⎪=⎪
⎩
. (45)
Na Fig. 7 representa-se graficamente ( ) /a xU k aπ em função de xk a π ; a função
( ) /b yU k bπ tem um andamento semelhante.
Figura 7 Transformada de Fourier (normalizada) ( ) /a xU k aπ em função de xk a π . A
envolvente assinalada corresponde à função 1 xk a .
Notemos que: (i) para xk aπ> a amplitude espectral ( )a xU k pode ser considerada
desprezável; (ii) a constante de propagação é zk k≈ para 2 2 2x yk k k+ . Então, de acordo com
Feixes Ópticos 17
a Fig. 8, uma estimativa razoável para o ângulo de divergência espacial deste feixe óptico será
dada por
tan2
xx x
z
kk k a n a
π λθ θπ
= ≈ ⇒ ≈ (46)
tendo-se, analogamente,
2y n bλθπ
≈ . (47)
Figura 8 Estimativa da divergência espacial de um feixe óptico segundo o eixo transversal
x . Considera-se a situação descrita em (44)-(47). Considerações análogas poderiam ser
feitas para a divergência espacial segundo o outro eixo transversal, i.e., o eixo y .
●
A solução apresentada na equação (37) pode ser reescrita na forma
( ) ( ) ( ) ( )0, , , exp expx y x y z x yu x y z U k k i k x k y i k z d k d k∞ ∞
−∞ −∞⎡ ⎤= +⎣ ⎦∫ ∫ . (48)
xkaπ
≈
0zk k n k≈ =
xθ
18 Carlos R. Paiva
Comentário: Note-se, assim, que é possível determinar ( ), ,u x y z para 0z > a partir de
( )0 ,u x y . Basta começar por calcular a amplitude espectral ( )0 ,x yU k k a partir de (42) e, de
seguida, calcular o integral em (48) tendo (40) em consideração. Este cálculo, porém, é – pelo
menos do ponto de vista analítico – em geral complicado.
Para um feixe óptico paraxial, em que se pode considerar que ( )0 ,x yU k k só assume valores
significativos para ,x yk k k , podemos aproximar a expressão (40) por
2 2 2 2 2 2
2 2
aproximação1 1
paraxial 2 2x y x y x y
z
k k k k k kk k k k
k k k⎛ ⎞+ + +
→ = − ≈ − = −⎜ ⎟⎜ ⎟⎝ ⎠
. (49)
No âmbito desta aproximação é possível reformular (48) como segue
( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( )2 2
0
, , , , exp
, , , exp exp2
x yx y x y x y
u x y z x y z i k z
k kx y z U k k i z i k x k y d k d k
k∞ ∞
−∞ −∞
⎧= Ψ⎪
⎪⎨
⎛ ⎞+⎪ ⎡ ⎤Ψ = − +⎜ ⎟⎪ ⎣ ⎦⎜ ⎟⎝ ⎠⎩
∫ ∫ (50)
de modo que, se se introduzir a função de transferência ( ), ;x yk k z[ tal que
( ) ( ) ( )
( )
0
2 2
, ; , ; ,
, ; exp2
x y x y x y
x yx y
U k k z k k z U k k
k kk k z i z
k
⎧=⎪
⎪⎨
⎛ ⎞+⎪ = −⎜ ⎟⎪ ⎜ ⎟⎝ ⎠⎩
[
[
(51)
vem ainda
( ) ( ) ( ), , , ; expx y x y x yx y z U k k z i k x k y d k d k∞ ∞
−∞ −∞⎡ ⎤Ψ = +⎣ ⎦∫ ∫ . (52)
Feixes Ópticos 19
Em síntese: Para calcular, na aproximação paraxial, ( ), ,x y zΨ a partir de
( ) ( )0 0, ,x y u x yΨ = basta começar por calcular ( )0 ,x yU k k usando (42); calcular,
seguidamente, ( ), ;x yU k k z de acordo com (51); aplicar, finalmente, (50) tendo em
consideração a equação (52).
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )0 0 0, , , , ; , , , ,x y x yu x y x y U k k U k k z x y z u x y z= Ψ → → →Ψ →
Substituindo (42) em (52) , tendo ainda em consideração as equações (51), obtém-se então
( )( )
( ) ( ) ( )0 0 0 1 0 2 0 0 021, , , , , , ,
2x y z x y J x x z J y y z d x d y
π
∞ ∞
−∞ −∞Ψ = Ψ∫ ∫ (53)
onde se introduziram as funções
( ) ( )
( ) ( )
2
1 0 0
2
2 0 0
, , exp exp2
, , exp exp2
xx x
yy y
kJ x x z i z i k x x d kk
kJ y y z i z i k y y d k
k
∞
−∞
∞
−∞
⎧ ⎛ ⎞= − −⎡ ⎤⎪ ⎜ ⎟ ⎣ ⎦
⎝ ⎠⎪⎨
⎛ ⎞⎪ ⎡ ⎤= − −⎜ ⎟⎪ ⎣ ⎦⎜ ⎟⎝ ⎠⎩
∫
∫.
Estas funções podem ser calculadas com base no integral
( )2
2exp exp4bax bx d x
a aπ∞
−∞
⎛ ⎞⎡ ⎤− + = ⎜ ⎟⎣ ⎦ ⎝ ⎠∫ . (54)
Vem então
( ) ( )
( ) ( )
20
1 0
20
2 0
2, , exp2
2, , exp2
k x xkJ x x z ii z z
k y ykJ y y z ii z z
π
π
⎧ ⎡ ⎤−⎪ = ⎢ ⎥⎪ ⎢ ⎥⎪ ⎣ ⎦⎨
⎡ ⎤−⎪= ⎢ ⎥⎪
⎢ ⎥⎪ ⎣ ⎦⎩
. (55)
20 Carlos R. Paiva
Logo, substituindo estas expressões em (53), obtém-se o integral de Fresnel
( ) ( ) ( ) ( )2 20 0 0 0 0 0 0
Integral de difracção de Fresnel:
, , , exp2
i kx y z x y i x x y y d x d yz zλ
∞ ∞
−∞ −∞
⎧ ⎫⎡ ⎤Ψ = − Ψ − + −⎨ ⎬⎣ ⎦⎩ ⎭∫ ∫
. (56)
Este integral de difracção permite calcular ( ), ,x y zΨ a partir do conhecimento da
distribuição ( )0 ,x yΨ sobre o plano 0z = . O feixe óptico total ( ), ,u x y z pode então ser
calculado usando a primeira equação de (50). A resposta impulsiva ( ), ,h x y z (ou o kernel de
Fresnel) para
( ) ( ) ( )0 ,x y x yδ δΨ = (57)
é dada por
( ) ( )2 2kernel de Fresnel , , exp2
i kh x y z i x yz zλ
⎡ ⎤→ = − +⎢ ⎥
⎣ ⎦. (58)
Note-se que, deste modo, o integral de difracção de Fresnel pode ser escrito como a
convolução de ( ), ,h x y z com ( )0 ,x yΨ :
( ) ( ) ( )0convolução , , , , ,x y z h x y z x y→ Ψ = Ψ . (59)
●
Consideremos agora, como exemplo de aplicação, a distribuição
( )2 2
0 20
perfil gaussiano , exp x yx yw
⎛ ⎞+→ Ψ = −⎜ ⎟
⎝ ⎠. (60)
Feixes Ópticos 21
Note-se que, neste caso, resulta de (42) que
( ) ( ) ( )( )
( )
20
0
0 20
0
exp2
,
exp2
xa x
x y a x b y
yb y
k wU k w
U k k U k U kk w
U k w
π
π
⎧ ⎡ ⎤⎛ ⎞⎪ = −⎢ ⎥⎜ ⎟⎪ ⎝ ⎠⎢ ⎥⎣ ⎦⎪= → ⎨⎡ ⎤⎪ ⎛ ⎞
= −⎢ ⎥⎪ ⎜ ⎟⎢ ⎥⎝ ⎠⎪ ⎣ ⎦⎩
(61)
onde se recorreu, mais uma vez, a (54). Considerando que, para 0, 2x yk k w> , a amplitude
espectral ( )0 ,x yU k k é desprezável, infere-se que uma estimativa razoável do ângulo 0θ de
divergência espacial é dada por
0 00 0
2tan yx
z z
kkk k k w n w
λθ θπ
= = ≈ ∴ ≈ (62)
o que está de acordo com o resultado (32) obtido anteriormente através de um método
diferente. Após substituir o perfil (60) em (56), obtém-se
( ) ( ) ( ), , , ,a bix y z J x z J y zzλ
Ψ = − (63)
em que
( ) ( )
( ) ( )
220
0 020
220
0 020
, exp exp2
, exp exp2
a
b
x kJ x z i x x d xw z
y kJ x z i y y d yw z
∞
−∞
∞
−∞
⎧ ⎛ ⎞ ⎡ ⎤= − −⎪ ⎜ ⎟ ⎢ ⎥
⎣ ⎦⎪ ⎝ ⎠⎨
⎛ ⎞ ⎡ ⎤⎪ = − −⎜ ⎟ ⎢ ⎥⎪ ⎣ ⎦⎝ ⎠⎩
∫
∫.
Notando que
( )( )
2 2 20 0 0
2 2 20 0 0
2
2
x x x x x x
y y y y y y
⎧ − = + −⎪⎨
− = + −⎪⎩
22 Carlos R. Paiva
infere-se
( )
( )
22 00 02
0
22 00 02
0
1, exp exp exp2 2
1, exp exp exp2 2
a
b
k xxk x kJ x z i i x i d xz w z z
k y yk y kJ y z i i y i d yz w z z
∞
−∞
∞
−∞
⎧ ⎡ ⎤⎛ ⎞⎛ ⎞ ⎡ ⎤= − + −⎪ ⎢ ⎥⎜ ⎟⎜ ⎟ ⎢ ⎥⎣ ⎦⎝ ⎠ ⎝ ⎠⎪ ⎣ ⎦⎨
⎡ ⎤⎛ ⎞⎛ ⎞⎪ ⎡ ⎤= − + −⎢ ⎥⎜ ⎟⎜ ⎟⎪ ⎢ ⎥⎣ ⎦⎝ ⎠ ⎝ ⎠⎣ ⎦⎩
∫
∫. (64)
Este integrais podem, novamente, ser calculados através de (54). Atendendo a que
( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( )
2 20
0
2 20
0
, exp exp2 2
, exp exp2 2
a
b
zz k x k xJ x z w iq z z q z z
zz k y k yJ y z w iq z z q z z
π
π
⎧ ⎡ ⎤ ⎛ ⎞= −⎪ ⎢ ⎥ ⎜ ⎟
⎝ ⎠⎪ ⎣ ⎦⎨
⎡ ⎤ ⎛ ⎞⎪ = −⎢ ⎥ ⎜ ⎟⎪⎝ ⎠⎣ ⎦⎩
resulta então de (63) que
( ) ( )( ) ( )
20feixe gaussiano , , exp
2q k rx y z iq z q z
⎡ ⎤→ Ψ = ⎢ ⎥
⎣ ⎦. (65)
Esta equação coincide com o resultado obtido previamente – a equação (18) – usando um
método completamente diferente.
Conclusão: O integral da difracção de Fresnel permite determinar a evolução espacial de um
feixe óptico paraxial como o feixe gaussiano. A evolução espacial de um feixe gaussiano
tinha sido obtida anteriormente por um método alternativo baseado na resolução da equação
paraxial de onda supondo, como solução particular, o «ansatz» (9).
Feixes Ópticos 23
Bibliografia Básica
Bahaa E. A. Saleh and Malvin Carl Teich, Fundamentals of Photonics. Hoboken, NJ:
Wiley, 2nd ed., 2007 (Chapter 3: pp. 74-101).
Bibliografia Complementar
Amnon Yariv and Pochi Yeh, Photonics: Optical Electronics in Modern
Communications. New York: Oxford University Press, 6th ed., 2007 (Chapter 2: pp. 66-
109).
Hermann A. Haus, Waves and Fields in Optoelectronics. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-
Hall, 1984 (Chapters 4-5: pp. 81-157).
Anthony E. Siegman, Lasers. Sausalito, CA: University Science Books, 1986 (Chapters
14-23: pp. 558-922).
Peter W. Milonni and Joseph H. Eberly, Lasers. New York: Wiley, 1988 (Chapter 14: pp.
469-531).