UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PROGRAMA DE PÓS … · - A espectroscopia no infravermelho se...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
QUÍMICA INORGÂNICA AVANÇADA
O uso da técnica de IV para caracterizar complexos
do bloco d – fundamentos e exemplos.
Prof.: Dr. Antônio Reinado Cestari
Aluna: Marília Fernanda Chaves Sampaio
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λ= comprimento de onda c = velocidade da luz ν = frequência
h = constante de Planck 2
http://pt.wikipedia.org/wiki/Espectro_eletromagn%C3%A9tico
- Pode referir-se à radiação na região do infravermelho vibracional do espectro
eletromagnético em termos de uma unidade chamada número de onda (ṽ), em vez de
comprimento de onda.
- O número de onda é muitas vezes chamado de frequência, por ser diretamente
proporcional:
- Diretamente proporcional à energia ( um número de onda maior corresponde a maior
energia);
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ṽ = 𝑣𝑐
ṽ =1
λ
- A radiação no IV, no entanto, como possui maior λ (comprimento de onda),
apresenta menor energia. Dessa forma, esse tipo de radiação, quando interage com
moléculas, é suficiente apenas para causar alterações em modos vibracionais das
moléculas.
- A espectroscopia no infravermelho se baseia no fato de que as ligações
químicas das substâncias possuem frequências de vibração específicas, as quais
correspondem a níveis de energia da molécula (chamados nesse caso de níveis
vibracionais);
- Se a molécula receber radiação eletromagnética com 'exatamente' a mesma
energia de uma dessas vibrações, então a radiação será absorvida;
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- No processo de absorção da radiação são absorvidas as frequências
vibracionais naturais da moléculas em questão, e a energia absorvida
serve para aumentar a amplitude dos movimentos vibracionais das
ligações da molécula;
- Contudo, nem todas as ligações em uma molécula são capazes de
absorver energia no IV. APENAS as ligações que têm um momento
de dipolo que muda em função do tempo são capazes de absorver
radiação no IV;
Exemplo: ligações simétricas como as do H2 e Cl2, não absorvem
radiação no IV:
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- Os tipos mais simples, ou modos, de movimento vibracional em uma
molécula, ativos no infravermelho -que dão origem as absorções - são
os modos de estiramento e dobramento;
- Em geral, as vibrações de estiramento ocorrem em frequências mais
altas do que vibrações de dobramento;
Estiramento simétrico
Estiramento assimétrico
Tesoura (Scissoring)
Rocking
VIBRAÇÕES DE ESTIRAMENTO VIBRAÇÕES DE DOBRAMENTO
Wagging
Twisting
http://pt.wikipedia.org/wiki/Espectroscopia_de_infravermelho
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Propriedades de ligação e seus reflexos na absorção no infravermelho
Como a força da ligação e as massas dos átomos ligados afetam a frequência de
absorção?
A força K é uma constante que varia de uma ligação para outra
Ligações mais fortes têm constante de força K maior e vibram em frequências mais
altas do que ligações mais fracas
Ligações entre átomos de massas maiores vibram em frequências mais baixas do
que ligações entre átomos mais leves envolvendo o mesmo tipo de ligação
PAVIA, Donald et al. Introduction to Spectroscopy. 4 ed. Brooks Cole, 2008.
Massa reduzida (µ)
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Ligações mais fortes têm constante de força K maior e vibram em frequências mais altas do
que ligações mais fracas
Em geral, ligações triplas são mais fortes do que duplas ou simples entre os mesmos
dois átomos e têm frequências de vibração mais altas (número de onda maiores).
Exemplo:
C≡C C=C C—C
2150 cm-1 1650 cm-1 1200 cm-1
K aumentando
Ligações entre átomos de massas maiores (massas reduzidas maiores) vibram em frequências
mais baixas do que ligações entre átomos mais leves envolvendo o mesmo tipo de ligação
O estiramento C—H ocorre em aproximadamente 3000 cm-1. Com o aumento da
massa do átomo ligado ao carbono, a massa reduzida (µ) aumenta e a frequência da
vibração diminui (número de onda fica menor). Exemplo:
C—H C—C C—O C—Cl C—Br C—I
3000 cm-1 1200 cm-1 1100 cm-1 750 cm-1 600 cm-1 500 cm-1
µ aumentando
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Espectrômetro de Infravermelho (IV)
- Dois tipos: instrumentos dispersivos e de transformada de Fourier (FT). Ambos
fornecem espectros de compostos em uma faixa comum de 4000 a 400 cm-1 .
- Um feixe de radiação no infravermelho é produzido e dividido em dois feixes
separados. Um passa pela a amostra, e o outro por uma referência que é
normalmente a substância na qual a amostra está dissolvida ou misturada. Ambos os
feixes são refletidos de volta ao detector, porém primeiro eles passam por divisor
que rapidamente alterna qual dos dois feixes entra no detector. Os dois sinais são
comparados e então os dados são coletados.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Espectroscopia_de_infravermelho
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Química de Coordenação, fundamentos e atualidades- Robson Fernandes de
Farias
“Para a espectroscopia de infravermelho, a obtenção dos espectros é
simplicada pelo fato de ser um instrumento relativamente fácil de ser
encontrado nos Departamentos de Química. O único inconveniente é que a
região que contém as informações sobre vibrações do esqueleto metal-
ligante é a região de frequências baixas ( 50-400 cm-1). Embora seja
facilmente acessível pela maioria dos espectrômetros Raman, os
espectrômetros de infravermelho comuns não conseguem acessar essa
região devido às limitações impostas principalmente pela óptica e pelo
detector, havendo a necessidade de se empregar instrumentos um pouco
mais especializados.”
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São analisados espectros de
complexos com :
-Diferentes ligantes
- NH3 - Halogênios
pirazina
-Diferentes metais
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A: Espectro do [CoCl2pyz]
ν 201 e 177 cm-1 Co-Cl
ν 247 cm-1 Co-N
B: Espectro do [CoBr2pyz]
ν 156 e 137 cm-1 Co-Br
ν 243 e 213 cm-1 Co-N
C: Espectro do [CoI2pyz]
ν 137 e 120 cm-1 Co-I
ν 227 e 196 cm-1 Co-N
-A caracterização da
presença de halogênios não
é muito fácil, embora suas
bandas de estiramento M-X
(halogênio) sejam
geralmente intensas;
- Ligações entre átomos de
massas maiores vibram em
frequências mais baixas do
que ligações entre átomos
mais leves envolvendo o
mesmo tipo de ligação.
ν : estiramento simétrico ou assimétrico
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D: Espectro do [NiCl2(NH3)2]
ν 214 e 192 cm-1 Ni-Cl
ν 260 cm-1 Ni-N
E: Espectro do [NiBr2(NH3)2]
ν 180 e 150 cm-1 Ni-Br
ν 252 e 230 cm-1 Ni-N
F: Espectro do [NiI2(NH3)2]
ν 162 e 132 cm-1 Ni-I
ν 234 e 204 cm-1 Ni-N
-Tamanho: Cl<Br<I
-Eletronegatividade Cl>Br>I
-Ligações entre átomos de
massas maiores vibram em
frequências mais baixas do
que ligações entre átomos
mais leves envolvendo o
mesmo tipo de ligação.
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A: [CoCl2pyz]
ν 201 e 177 cm-1 Co-Cl
B: [CoBr2pyz]
ν 156 e 137 cm-1 Co-Br
C: [CoI2pyz]
ν 137 e 120 cm-1 Co-I
D: [NiCl2(NH3)2]
ν 214 e 192 cm-1 Ni-Cl
E: [NiBr2(NH3)2]
ν 180 e 150 cm-1 Ni-Br
F: [NiI2(NH3)2]
ν 162 e 132 cm-1 Ni-I
- Ligações entre átomos de massas maiores
(Co>Ni) vibram em frequências mais baixas do
que ligações entre átomos mais leves envolvendo o
mesmo tipo de ligação.
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1: [Ru(NH3)5Cl]Cl2
ν 485, 463 e 451 cm-1 Ru-N
ν 301 cm-1 Ru-Cl
2: [Ru(NH3)5Br]Br2
ν 479, 459 e 448 cm-1 Ru-N
Ru-Br aparece em regiões abaixo de
300 cm-1 3: [Ru(NH3)5I]I2
ν 468, 450 e 442 cm-1 Ru-N
Ru-I aparece em regiões abaixo de
300 cm-1
Espectro de baixa frequência: 1:[Ru(NH3)5Cl]Cl2 ;
2: [Ru(NH3)5Br]Br2 ; 3: [Ru(NH3)5I]I2
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Observe que :
-As bandas das ligações
M-L caem em regiões de
baixo número de onda;
- Tamanho:
Cu<Ni<Co<Mn
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Os espectros de infravermelho de uma série de complexos cis e trans de paládio (II),
do tipo PdL2Cl2 foram registrados entre 600-250 cm-1. As frequências de estiramento
Pd-Cl foram muito intensas e variaram de 360-287 cm-1. As frequências de
estiramento Pd – N variaram muito em intensidade, em uma faixa de 528-436 cm-1.
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317 cm-1 vibração de dobramento
536 cm-1 vibração de estiramento
583 cm-1 vibração de dobramento
602 cm-1 presença de água
531 cm-1 vibração de estiramento
M-L
621 cm-1 e 461 cm-1 vibração de
estiramento SO4-2
526 cm-1 vibração de estiramento
583 cm-1 vibração de dobramento
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510 cm-1 vibração de estiramento M-L
297 cm-1 vibração de dobramento no
plano
235 cm-1 vibração de dobramento fora
do plano
122 cm-1 vibração de dobramento
491 cm-1 vibração de estiramento M-L
295 cm-1 vibração de dobramento no
plano
232 cm-1 vibração de dobramento fora
do plano
105 cm-1 vibração de dobramento
Semelhantes
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1º Espectro: trans-[PdCl2(NH3)2]
505 cm-1 vibração de estiramento
assimétrico Pd-N
327 cm-1 vibração de estiramento
assimétrico Pd-Cl
248 cm-1 Pd-NH3 e 156 cm-1 Pd-Cl
vibração de dobramento no plano
235 cm-1 Pd-NH3 e 136 cm-1 Pd-Cl
vibração de dobramento fora do plano
2º Espectro: trans-[PtCl2(NH3)2]
496 cm-1 vibração de estiramento
assimétrico Pt-N
322 cm-1 vibração de estiramento
assimétrico Pt-Cl
245 cm-1 Pt-NH3 e 162 cm-1 Pt-Cl
vibração de dobramento no plano
220 cm-1 Pt-NH3 e 135 cm-1 Pt-Cl
vibração de dobramento fora do plano
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1º Espectro:
508 cm-1 vibração de estiramento Pt-N
320 cm-1 vibração de estiramento Pt-Cl
248 cm-1 NPtN, 210 cm-1 ClPtN e 156 cm-1
ClPtCl
2º Espectro:
508 cm-1 vibração de estiramento Pt-N
236 cm-1 vibração de estiramento Pt-Br
250 cm-1 NPtN, 187 cm-1 BrPtN e 116 cm-1
BrPtBr
Bromo maior do que o Cloro aparece em frequências menores
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A
B
C
A: histamina ; B: [Pd(hm)2]Cl2 ; C: [Pd(hm)2]Br2
B: [Pd(hm)2]Cl2
464 cm-1 Pd-NH2
311 cm-1 Pd-N
227 cm-1 N-Pd-N’
C: [Pd(hm)2]Br2
465 cm-1 Pd-NH2
309 cm-1 Pd-N
218 cm-1 N-Pd-N’
A: histamina
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D
E
D: [Pd(hm)2Cl2]; E: [Pd(hm)2Br2]
ν : estiramento
δ : dobramento no plano
γ : dobramento fora do plano
D: [Pd(hm)2Cl2]
ν 472 cm-1 Pd-NH2
ν 326 cm-1 Pd-N
γ 105 cm-1 Pd-Cl
E: [Pd(hm)2Br2]
ν 461 cm-1 Pd-NH2
ν 281 cm-1 Pd-N
γ 78 cm-1 Pd-Br
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A
B
C
D
E
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Composto Frequência (cm-1) Estado de Oxidação
C=O 2143
[Mn(CO)6]+ 2090 +1
[Cr(CO)6] 2000 0
[V(CO)6]- 1860 -1
[Ti(CO)6]- 1748 -2
[Ni(CO)4] 2060 0
[Co(CO)4]- 1890 -1
[Fe(CO)4]2- 1790 -2
Ligações π em carbonil-complexos
Os resultados indicam que quanto mais elevado estado de oxidação do metal
(maior deficiência eletrônica) menor é sua capacidade de efetuar a retrodoação
eletrônica. A situação inversa também é observada.
Desta forma é possível, através da
técnica de IV, inferir sobre a ordem de
ligação do sistema M–C–O de maneira
indireta.
Sem retrodoação: CO com
maior caráter de tripla;
Maior νC-O no IV
Com retrodoação: CO com
maior caráter de dupla;
Menor νC-O no IV
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Conclusões
• Ligações entre átomos de massas maiores vibram em frequências mais baixas
o que ligações entre átomos mais leves envolvendo o mesmo tipo de ligação;
• Ligações mais fortes têm constante de força K maior e vibram em frequências
mais altas do que ligações mais fracas;
• Quanto mais elevado estado de oxidação do metal (maior deficiência
eletrônica) menor é sua capacidade de efetuar a retrodoação eletrônica,
resultando em frequências mais altas para a ligação C-O;
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Referências:
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Espectroscopia_de_infravermelho
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Espectro_eletromagn%C3%A9tico
• SILVERSTEIN, R. et al. Identificação Espectrométrica de Compostos Orgânicos. 7 ed. LTC,
2006.
• PAVIA, Donald et al. Introduction to Spectroscopy. 4 ed. Brooks Cole, 2008.
• GOLDSTEIN, M., UNSWORTH, W. D. The Far-infrared Spectra (450 - 80 cm-1 ) of
Octahedral Halogen-bridged Transition Metal(II) Complexes. Inorganica Chimica
Acta,September, 1970.
• DURIG, J. R. et al. Far infrared spectra of palladium compounds. The influence of ligands
upon the palladium chloride stretching frequency. Spectrochimica Acta, 1865, Vol. 21, pp.
1367 to 1378.
• ALLEN, A. D., SENOBF, C. V. Preparation and infrared spectra of some ammine complexes
of ruthenium(II) and ruthenium(III). Canadian journal of chemistry. Vol. 45, 1987.
• DROZDZEWSKI, P., KORDON, E. Isotope effects in the far-infrared spectra of histamine
complexes with palladium (II). Vibrational Spectroscopy 24 2000 243–248.
• HIRAISHI, J. , NAKAGAWA, I., SHIMANOUCHI, T. Far infra-red spectra and force of
ammine complexes of Pt(IV), Pt(II) and Pd(II) . Spectmchimica Acta, Vol. 24A, pp. 819 to
832.
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