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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
INSTITUTO DE QUÍMICA
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Bioquímica)
TATIANE MALDONADO COELHO
Comparação da atividade biológica e glicosilação da Gonadotrofia Coriônica equina recombinante
(reCGββββαααα) expressa em duas linhagens celulares de mamíferos visando à geração de um biofármaco.
Versão da Tese Corrigida
São Paulo
Data de Depósito na SPG:
23/06/2014
TATIANE MALDONADO COELHO
Comparação da atividade biológica e glicosilação da Gonadotrofia Coriônica equina recombinante
(reCGββββαααα) expressa em duas linhagens de celulares de mamíferos visando à geração de um biofármaco.
Tese apresentada ao Instituto de Química da
Universidade de São Paulo para obtenção do
Título de Doutor em Ciências (Bioquímica)
Orientadora: Profa. Dr
a. Mari Cleide Sogayar
São Paulo
2014
Dedico este trabalho:
aos meus pais, Ivanir e Elaine, pelo amor incondicional;
à minha irmã, Cíntia e ao meu cunhado, Joseph, pela amizade de uma vida inteira
ao meu marido, Carlos, por ser meu companheiro nesta jornada
ao meu filho, Arthur, por ser minha alegria, minha sabedoria e minha motivação
AGRADECIMENTOS
À Profa. Dra. Mari Cleide Sogayar, por me receber em seu grupo de braços abertos há nove anos e ter me proporcionado um ambiente tão enriquecedor e acolhedor. Agradeço pela amizade, pela preocupação, pelos conselhos e pela postura ética e firme que sempre manteve ao longo de sua vida acadêmica. Por ser um exemplo de dedicação, perseverança, alegria e sensibilidade. Por ter um amor tão grande à ciência e às pessoas. Por conseguir concatenar pessoas com o mesmo brilho nos olhos e dedicação em um grupo fantástico, que tornaram o ambiente do meu doutorado inesquecível.
À Dra. Ana Claudia Carreira pela paciência, dedicação, amizade e companheirismo. Por ter me ensinado a fazer ciência de qualidade na bancada, por estar sempre disponível e por participar de tudo. Por ser co-autora deste projeto e ter somado tanto a todos os experimentos. Obrigada pela companhia diária e pelas infindáveis ajudas.
Aos meus alunos de Iniciação Científica – Nathali Guimarães Nóbrega e Gabriel Levin, a quem eu tive o prazer de orientar. À Nathali eu agradeço por ter me ajudado a ser mais organizada, por ser sempre tão alegre e companheira, por trabalhar tão bem e ter se tornado uma amiga querida. Ao Gabriel eu agradeço pela excelência e perseverança nos experimentos, por me ajudar tanto agora no final do doutorado, pelas conversas no fluxo laminar, pelos café na copinhae pela confiança depositada. Agradeço por terem me tornado um ser humano muito melhor.
Ao Professor Mike Butler, da Univerdidade de Manitoba, por ter me recebido em seu grupo para ralizar o Doutorado Sanduíche. Agradeço por ter me mostrado que é possível ser um grande cientista e ao mesmo tempo uma pessoa gentil e acolhedora. Por ter agrupado em seu laboratório pessoas com bagagens culturais e científicas tão diferentes e tão complementares. Agradeço as inúmeras sugestões e aos “Tim’s coffe n doughnuts” que sempre trazia nas reuniões semanais.
Aos nossos Postdocs: Fernando Lojudice, Marcos Demasi, Marina Trombetta Lima, Renato Astorino, Patrícia Kossugue e Thalita Souza Carmo, pela amizade gostosa, pelas discussões científicas e outras nem tanto. Agradeço desde as figurinhas do álbum da copa às inúmeras dicas de carreira e de vida. Agradeço a convivência agradável de todos os dias, as risadas e o companheirismo.
À Mariele, Camila e Ingrid, Déborah e Zizi nossas técnicas queridas, pela amizade, pela excelência, pelo altruísmo, dedicação e boa-vontade sempre! E, como não mencionar, pelo café sempre fresquinho e pelo material do lab sempre estéril e pronto para uso. Pela imensa ajuda, principalmente com os experimentos de Western blot e com o ensaio In Vivo
A todos os colegas do NUCEL, principalmente nos tempos de LBCM e UIPH no IQ-USP.
Aos colegas de pós-graduação:
À Aline, por conseguir são tão doce e tão rabugenta ao mesmo tempo. Pelas conversas de mãe, de doutorado sanduíche ede dona de casa, por me dar várias dicas de livros, filmes, séries, comidas e restaurantes, enfim, por dividir comigo muitos momentos e muitos sentimentos.
À Ana Lúcia, por ser tão descompensada e engraçada, por ter sempre uma opinião sincera, por fazer dancinhas engraçadas e falar com o melhor sotaque do mundo.
À Érika por ser a pessoa mais entusiasta da ciência e tecnologia que eu conheço. Pela viagem à SBBiotec no Guarujá, pelo Melisso, pelas risadas e ideias.
Ao Gustavo, por ser tão inteligente, por compartilhar comigo várias etapas do doutorado e por nos convidar para passar uns dias com sua família em Cruzeiro. Pela coragem, dedicação e pela ética que marcam sua personalidade.
À Ilana, por dividir os alunos da Vet comigo e com a Aline, e me fazer dar muiras risadas. Pela confiança e pela amizade muito especial que construímos.
À Letícia, por ser onipresente em todos os eventos. Por ser sempre bem informada a respeito de coisas burocráticas et al. Por todas as risadas. Por me ajudar a passar em Bioquímica Avançada.
À LuGomes, por ser uma das melhores amigas que fiz no lab e com a qual espero manter contato para toda a vida. Sempre foi a minha referência de IC espetááááculo, depois doutoranda espetááááculo e agora PostDoc espetáááculo. Você sempre foi minha idola acadêmica.
À Marina, por ser minha companheira nos tempos finais, por toda ajuda, todos os café e almoços, pelos perrengues, por toda gentileza e alegria que transbordam de sua pessoa.
À Marluce, por compartilhar tanto de sua vida comigo e ser uma amiga para todos os momentos. Por ser uma profissional tão admirável e inspirar a todos ao seu redor.
À Nanda, por ser uma cientista tão focada e tão determinada, por ser um exemplo de profissionalismo e por ser uma amiga sincera para todos os momentos/
À Roberta por sempre me fazer rir. Por ser mundana e desbocada. Por ser autênctica e divertida.
À Patty por todas as inúmeras conversas de cachorro, academia, bebês, células, tese, futebol, viagens et al Pela alegria e bom-humor diários que distribui a todos.
A todos os colegas do Mike’s Lab: Ben, Bo, Carina, Katrin, Natalie, Sarah, Venkata,Vince e Viridiana pelo auxílio e pela amizade. À Dra. Maureen Spearmann por ter me adotado cientificamente e me ajudado tanto com as análises de N-glicanos. Por ser tão competente e tão comprometida com a qualidade dos resultados. Por ser tão mãezona de todos do lab. À Bo. Carina e Nathalie pela amizade e por me fazerem sentir em casa mesmo longe dela.
À Universidade de São Paulo, ao Instituto de Química, ao Departamento de Bioquímica e ao Instituto de Biociências por proporcionarem um riquíssimo universo de possibilidades.
Aos funcionários do Departamento de Pós pelo apoio emocional e logístico na estrega da tese.
A todas as agências financiadoras que de alguma forma contribuíram para este projeto, especialmente a FAPESP, pela bolsa de doutorado no país e Bolsa Sanduíche.
Aos meus amigos da Vet 69 pela amizade de mais de 11 anos! Por compartilhare sempre os bons momentos e as vitórias de cada um.
E, principalmente,
ao meu marido, Carlos, meu maior incentivador e companheiro. Por me amar tanto, me compreender e me fazer tão feliz. Obrigada por cuidar tão bem de mim e do nosso filho. Por sempre acreditar que tudo dá certo no final – e dá mesmo!
à minha irmã Cíntia e o seu marido Joseph, “irmão” que foi agregado à minha vida, pela amizade de toda uma vida. Por me entenderem melhor do que ninguém. Por serem padrinhos maravilhosos para o Arthur. Pelas viagens, almoços, jantares e tantos outros momentos!
aos meus pais, Elaine e Ivanir (em memória) por sempre me proporcionarem condições e cuidados para que eu chegasse até aqui. Pelo amor incondicional. Pela educação. Pela minha formação como ser humano. Por abrirem mão de tantas coisas (que eu só percebi agora que sou mãe) para me fazerem feliz.
E, por fim,
ao meu filho Arthur, por ser a minha alegria de viver e meu maior estímulo para percorrer esta jornada até o fim.
“Tente outra vez”
Raul Seixas
RESUMO
Coelho, T.M. Comparação da atividade biológica e glicosilação da Gonadotrofia Coriônica equina
recombinante (reCGββββαααα) expressa em duas linhagens celulares de mamíferos visando à geração de
um biofármaco. 2014. 143 páginas. Tese de Doutorado – Programa de Pós-Graduação em Ciências
Biológicas (Bioquímica). Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo.
Atualmente, o Brasil encontra-se na privilegiada posição de maior produtor e exportador mundial de carne
bovina, tornando a pecuária uma das atividades nacionais mais importantes e rentáveis. Este dado enfatiza a
importância de pesquisa e desenvolvimento em reprodução bovina, especialmente em hormônios
estimuladores da ovulação, tais como a gonadotrofina coriônica equina (eCG). Os produtos comerciais à base
de eCG comercialmente disponíveis são purificados a partir do sangue de éguas gestantes, apresentando
variabilidade de lote para lote e presença de contaminantes. Estes fatos, juntamente com a limitação do
material de partida (sangue equino), enfatizam a necessidade de haver um sistema de expressão de eCG
recombinante passível de ser explorado comercialmente. Neste quesito, as células de mamíferos se mostram
um sistema robusto para tal finalidade, visto que são capazes de adicionar modificações pós-traducionais às
cadeias polipeptídicas, tais como a glicosilação, o que é essencial para o correto dobramento, maturação e
montagem das duas subunidades, além de interferir diretamente com a meia-vida, o reconhecimento do
receptor, a solubilidade e a atividade biológica das proteínas. No entanto, mesmo entre os sistemas de
expressão heteróloga em células de mamífero, encontra-se muita variabilidade nos padrões de glicosilação
adicionado. No presente trabalho, foi realizado um estudo comparativo através da clonagem e expressão de
uma forma fusionada de eCG (reCGβα) em duas linhagens celulares diferentes: (1) CHO-DG44, um dos
sistemas de expressão mais utilizados pelas indústrias farmacêuticas, capaz de adicionar N-glicanos
complexos; e (2) 293T, uma linhagem humana capaz de produzir glicoproteínas carreando oligossacarídeos
complexos e sialilados. Os resultados de atividade biológica (in vitro e in vivo) apontam uma maior atividade
de reCG produzido por células CHO-DG44. O perfil de N-glicosilação de reCG produzido pelas células CHO-
DG44 assemelhou-se mais à eCG selvagem, quando comparado a reCG produzido por células 293T. Por fim,
estudos clínicos foram realizados com reCG produzido em meio livre de soro fetal bovino e parcialmente
purificado, onde atividade específica de reCG produzido por células CHO-DG44 mostrou-se similar ao
produto comercial selvagem.
Palavras-Chave: 1. Biotecnologia Molecular; 2. Expressão de proteínas recombinantes em células de mamífero; 3. Hormônios reprodutivos veterinários; 4. Produção de gonadotrofina coriônica equina recombinante; 5. Análise de glicosilação.
ABSTRACT
Coelho, T.M. Comparision of the biological activity and glicosilation of recombinant Chorionic
Gonadotropin (reCGββββαααα) expressed in two mammalian cell lines, aiming at generating a
biopharmaceutical.
Brazil is currently the major beef producer and exporter, rendering to livestock one of the country´s most
economically relevant activities. This emphasizes the importance of research and development in bovine
reproduction, especially at ovulation-stimulatory hormones, such as equine gonadotropin (eCG). The
commercially available eCG-based products are purified from blood of pregnant heifers, presenting batch-to-
batch variability and the presence of contaminants. These facts, together with the limitation of the bulk
material (equine blood), emphasize the need of an eCG expression system able to be commercially explored.
In this aspect, mammalian cells are a robust system, capable of add post-translational modifications to
polypeptide chains, such as glycosylation, which is essential for the correct folding, maturation and assembly
of both eCG subunits. In addition, glycosylation directly interferes with the protein half-life, receptor
recognition, solubility and biological activity. In the present work, a comparative study was carried out by
cloning and expressing a fusion form of eCG (reCGβα) in two different mammalian cell lines: (1) CHO-
DG44, one of the most used by pharmaceutical companies expression systems, capable of add complex-type
N-glycans; and (2) 293T, a human cell line capable of produce glycoproteins carrying complex and
sialylated oligosaccharides. The in vitro and in vivo biological activity results show a higher potency of
reCG produced by CHO-DG44 cells. The N-glycosylation pattern produced by CHO-DG44 cells was more
similar to native eCG in comparison to the N-glycosylation produced by 293T cells. Finally, clinical studies
were performed with serum absent media produced and partially purified reCG, showing that the specific
activity of reCG produced by CHO cells was similar to the commercial wild type product.
Key Words: 1. Molecular Biotechnology; 2. Expression of recombinant proteins in mammalian cells; 3. Glycosylation analysis.
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1.1. Protocolos de superovulação convencionais em bovinos........................................................................24
Figura 4.1: Construção do cDNA fusionado eCGβα...................................................................................................60
Figura 4.2: Expressão de reCGreCGreCGβα por populações de células CHO-DG44 transfectadas com o plasmídeo
pNUØ-eCGβα ao longo do processo de amplificação gênica deste plasmídeo pelo tratamento com doses crescentes do quimioterápico MTX................................................................................................................................................65
Figura 4.3: Dinâmica de expressão de reCGβα pelas populações de células resistentes às doses de 1µM e 2,5µM do quimioterápico MTX.....................................................................................................................................................66
Figura 4.4: Cinética de expressão de reCGβα pelos clones superprodutores de células 293T, ao longo de três dias, na presença ou ausência de soro fetal bovino...............................................................................................................68
Figura 4.5: Cinética de expressão de reCGβα pela população CHO 2.5µM após adaptação ao crescimento na ausência de MTX, ao longo de três dias, na presença ou ausência de soro fetal bovino..............................................70
Figura 4.6: Ensaio de Atividade Biológica In Vitro de eCG ......................................................................................73
Figura 4.7: Ensaio de Atividade Biológica In Vivo.....................................................................................................76
Figura 4.8: Painel representativo contendo fotografias do ensaio de Atividade Biológica In Vivo do reCG produzido por células 293T ou CHO-DG44..................................................................................................................................79
Figura4.9: Cromatograma resultante do processo de purificação de reCGβα com a coluna HiTrapTM Mono Q....................................................................................................................................................................................81
Figura 4.10: Cromatograma resultante do processo de purificação de proteínas secretadas no meio de cultura condicionado pelo controle negativo............................................................................................................................83
Figura 4.11: Porcentagens relativas de reCGβα, dosadas por ELISA quantitativo, presente nas diferentes etapas do processo cromatográfico realizado com a coluna HiTrapTM-Mono Q..........................................................................84
Figura 4.12. Análise da purificação de reCGβα por cromatografia de troca iônica realizada com a coluna HiTrapTM Mono Q.........................................................................................................................................................................86
Figura4.13: Cromatograma resultante do processo de purificação de reCGβα com a coluna HiTrapTMConA..............................................................................................................................................................89
Figura 4.14: Porcentagens relativas de reCGβα, dosadas por ELISA quantitativo, presente nas diferentes etapas do processo cromatográfico realizado com a coluna HiTrapTM-ConA..............................................................................90
Figura 4.15: Análise da purificação de reCGβα por cromatografia de troca iônica realizada com a coluna HiTrapTM Con A............................................................................................................................................................................91
Figura 4.16: Ensaio de Atividade Biológica In Vivo do reCG parcialmente purificado pela coluna HiTrapTM Con A....................................................................................................................................................................................93
Figura 4.17: Imagens do ensaio de Atividade Biológica In Vivo do reCG parcialmente purificado pela coluna HiTrapTM Con A...........................................................................................................................................................96
Figura 4.18: Fracionamento de eCG comercial (Folligon e WHO) em gel de poliacrilamida a 12% corado com Coomassie blue.............................................................................................................................................................97
Figura 4.19: Análise de N-glicosilação do eCG comercial Folligon e do padrão internacional de eCG NIBSC-WHO.............................................................................................................................................................................99
Figura 4.20: Principais picos obtidos de N-glicanos marcados com 2-AB e seus respectivos valores em GU..........101
Figura 4.21: Perfil de HPLC de amostras de N-glicanos extraídos do eCG comercial Folligon marcados com 2-AB presentes na preparação original e após digestão com diferentes combinações de exoglicosidases............................................................................................................................................................103
Figura 4.22: Análise de N-glicosilação do reCGβα produzido por células 293T ou CHO-DG44...........................105
Figura 4.23: Perfil de N-glicosilação obtido de reCGβα produzida por células 293T ou CHO-DG44....................107
Figura 4.24: Principais picos de N-glicanos marcados com 2-AB obtidos para βα produzido por células 293T ou CHO-DG44, e seus respectivos valores em unidades de glicose(GU).......................................................................108
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 3.1. Sequências dos primers para amplificação das sequências codificadoras de reCGα
e reCGβ e engenharia genética para geração da sequência fusionada eCGβα.............................................................33
Tabela 3.2. Sequências dos primers que pareiam no vetor pGEM®-T Easy................................................................36
Tabela 3.3 – Programa de NP-HPLC utilizado para analisar glicanos de eCGβα recombinante e eCG comercial.......................................................................................................................................................................55
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BLAST®: Basic Local Alignment Search Tool®
cDNA: DNA complementar
CHO: Chinese Hamster Ovary (ovário de hamster chinês)
DHFR: diidrofolato redutase
DNA: Deoxyribonucleic Acid (ácido desoxirribonucleico – ADN)
dNTPs: 2-deoxyriboNucleotide TriPhosphate (2-desoxirribonucleotídeos trifosfatados)
ddNTPs: 2,3-dideoxyriboNucleotide TriPhosphate (2,3-didesoxirribonucleotídeos trifosfatados)
DMEM: Dulbecco’s Modified Eagle Medium (meio Dulbecco’s Modiefied Eagle)
eCG: equine Corionic Gonadotrophin (gonadotropina coriônica equina)
EDTA: Ethylenediaminetetraacetic Acid (ácido etilenodiaminotriacético)
ELISA: Enzyme-linked Immunosorbent Assay (ensaio imunoenzimático)
FBS: Fetal Bovine Serum – Soro Fetal Bovino
FSH: Follicule-Stimulating Hormone (hormônio folículo estimulante)
HEK: Human Embryonic Kidney (rim embrionário humano)
HPLC: High Performance Liquid Chromatography (cromatografia líquida de alta performance)
IRES: Internal Ribosome Entry Site (sítio de entrada interna do ribossomo)
kDa: quilodalton
L: litro
LB: Luria-Bertani; Lysogeny Broth (meio lisogênico)
MCS: Multiple Cloning Site (sítio múltiplo de clonagem)
mRNA: messenger RNA (RNA mensageiro)
m: metro
MTX: metrotexato
M: molar
NCBI: National Center for Biotechnology Information
ORF: Open Reading Frame (quadro/janela aberto/a de leitura)
pb: pares de base
PBS(A): Phosphate Buffered Saline (Absent) (solução salina tamponada com fosfato (sem cálcio ou
magnésio)
PCR: Polymerase Chain Reaction (reação em cadeia da polimerase)
RNA: Rybonucleic Acid (ácido ribonucleico – ARN)
rpm: rotações por minuto
SDS: Sodium Dodecyl Sulfate (dodecil sulfato de sódio)
SDS-PAGE: Sodium Dodecyl Sulphate-Polyacrylamide Gel Electrophoresis (eletroforese em gel de
poliacrilamida contendo SDS)
VC: volumes de coluna
v/v: volume em volume
SUMÁRIO
1. Introdução .................................................................................................................................... 21
1.1. A Família de hormônios glicoprotéicos equinos .................................................................. 21
1.2. A Gonadotrofina Coriônica/Hormônio Luteinizante equino (eCG/LH) ............................ 22
1.2.2 A estrutura de eCG/LH ................................................................................................ 22
1.2.2 A Função de eCG/LH ................................................................................................... 23
1.2.3 Aplicações de eCG ........................................................................................................ 24
2. OBJETIVOS ................................................................................................................................ 30
2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................................ 30
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................................. 30
3. MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................................... 32
3.1 Extração de RNA e síntese de cDNA a partir de uma hipófise equina ...................................... 32
3.2 Desenho dos primers (oligonucleotídeos iniciadores) ............................................................. 33
3.3 Clonagem das sequências codificadoras de eCGα e eCGβ ....................................................... 34
3.4 Engenharia Genética para a união destas duas cadeias de eCG em uma sequência única
(eCGβα)............................................................................................................................................. 38
3.5 Sequenciamento da sequência fusionada eCGβα e subclonagem no Vetor pNUØ .................. 40
3.6 Linhagens celulares ................................................................................................................ 43
3.7 Meios de cultura, soluções e condições de cultivo de células transfectadas............................ 44
3.8 Meio de cultura: ..................................................................................................................... 44
3.9 Soluções:................................................................................................................................ 45
3.10 Condições de cultivo .............................................................................................................. 45
3.11 Produção de reCGβα em Batelada : ....................................................................................... 46
3.12 Cotransfecção de células 293T ou CHO-DG44 com a construção pNUØ-eCGβα e o vetor de
seleção pX343 para geração de clones e populações celulares superexpressando eCGβα e resistentes
à higromicina (higror) ......................................................................................................................... 46
3.13 Seleção de clones de células 293T superprodutoras de reCGβα ............................................. 47
3.14 Amplificação gênica de populações de células CHO-DG44 superprodutoras de reCGβα ......... 47
3.15 Determinação da expressão de reCGαβ em meios condicionados pelos clones de 293T e por
populações celulares de CHO-DG44 superexpressoras de reCGβα através de ELISA .......................... 48
3.16 Cinética de expressão de reCGβα em células 293T e CHO-DG44, na presença e na ausência de
soro fetal bovino ............................................................................................................................... 49
3.17 Ensaio de atividade biológica in vitro ...................................................................................... 49
3.18 Ensaio de atividade biológica in vivo ....................................................................................... 50
3.19 Purificação de reCGβα por HPLC ............................................................................................ 51
3.20 Western Blot .......................................................................................................................... 53
3.21 Análise de glicosilação de reCGβα e comparação com os padrões comerciais purificados de
eCG Folligon e NISRC-WHO ................................................................................................................ 55
4. RESULTADOS ............................................................................................................................ 59
4.1 Construção de gene de fusão eCGββββα ................................................................................... 60
4.2 Cotransfecção de células 293T e CHO-DG44 com a construção pNUØeCGββββαααα juntamente com o vetor de seleção pX343 e seleção de células resistentes à higromicina................................. 64
4.3 ELISA para detectar a expressão de eCGββββαααα em meios condicionados pelos clones de 293T e populações celulares de CHO-DG44 superexpressando estas duas subunidades de reCG......... 65
4.4 Cinética de expressão de reCGββββαααα expresso na presença ou na ausência de soro fetal bovino. .............................................................................................................................................. 70
4.5 Ensaio de Atividade Biológica In Vitro de reCGββββαααα ............................................................ 74
4.6 Ensaio de Atividade Biológica In Vivo de reCGββββαααα ............................................................. 77
4.7 Purificação Parcial de reCGββββαααα secretada em meio de cultura condicionado através de cromatografia de alta perfomenaca (HPLC) .................................................................................. 85
4.7.1 Cromatografia de Troca Inônica – HiTrap Mono Q (GE lifesciences) ............................. 86
4.7.2 Concanavalina A ............................................................................................................. 93
4.8 Análise de Perfil de N-glicosilação de reCGββββαααα produzido pelas células produtoras 293T e CHO-DG44 e comparação com padrões comerciais de eCG purificados de sangue de água ..... 102
4. 8.1. Análise de N-glicosilação dos padrões comerciais de eCG purificados a partir do sangue de
éguas prenhes (Folligon e NISRC-WHO) ........................................................................................... 102
4. 8.2. Análise de N-glicosilação de reCGβα produzido por células 293T e por células CHO-
DG44 111
5. DISCUSSÃO ...................................................................................... Erro! Indicador não definido.
5.1 Obtenção do inserto reCGβα ........................................................... Erro! Indicador não definido.
5.2 Expressão de reCGβα .................................................................. Erro! Indicador não definido.
5.2 Atividade Biológica In Vitro de reCGβα ........................................ Erro! Indicador não definido.
5.3 Atividade Biológica In Vivo de reCGβα ......................................... Erro! Indicador não definido.
5.4 Purificação Parcial de reCGβα por cromatografia líquida de alta performance (HPLC) ........ Erro!
Indicador não definido.
6. CONCLUSÕES .......................................................................................................................... 143
7. PRÓXIMOS PASSOS ............................................................................................................... 144
8. PERSPECTIVAS ....................................................................................................................... 145
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 146
LISTA DE ANEXOS ................................................................................................................................ 152
ARTIGOS PUBLICADOS E/OU ACEITOS PARA PUBLICAÇÃO ......................................... 161
1. Introdução
O Brasil é um país de base agropecuária, sendo a criação e reprodução de bovinos
essencial para a movimentação da economia de nosso país. Muitos investimentos são realizados
por companhias farmacêuticas em pesquisa e desenvolvimento de novas drogas e protocolos
reprodutivos para reprodução de bovinos, visando melhorar os índices de prenhez de vacas e,
com isso, melhorar a produtividade das fazendas. Neste cenário, a gonadotrofina coriônica
equina, eCG, desponta como um hormônio indutor de ovulação peça-chave nesta cadeia
produtiva. Sua estrutura complexa e altamente glicosilada garantem uma meia-vida circulatória
longa, permitindo que uma única dose deste hormônio injetada por animal seja suficiente para
estimular o recrutamento folicular ovariano e induzir a maturação do folículo capacitado até o
estágio de ovulação. No entanto, estas peculiaridades estruturais tornam sua expressão na forma
recombinante um grande desafio.
1.1. A Família de hormônios glicoprotéicos equinos
A família de hormônios glicoprotéicos equinos, a mais estruturalmente complexa do
Reino Animal, é composta pelos hormônios folículo-estimulante (FSH), tireóide-estimulante
(TSH), luteinizante (LH) e gonadotrofina coriônica (CG), sendo os três primeiros secretados pela
adenohipófise e o último, exclusivo de primatas e equídeos, pelos cálices endometriais
placentários (Dirnberger et al., 2001; Gartner e Hiatt, 2002). Estas proteínas são heterodímeros
compostos pela associação não-covalente de uma subunidade α comum a todos e uma
subunidade β específica para cada hormônio (Pierce e Parsons, 1981). A gonadotrofina coriônica
equina (eCG) constitui uma exceção, visto que a sequência nucleotídica de sua subunidade β é
idêntica à mesma da subunidade β do hormônio luteinizante (LH), sendo, por esta razão,
chamada de Gonadotrofina Coriônica/Hormônio Luteinizante equino (eCG/LH) (Sherman et al.,
1992).
1.2. A Gonadotrofina Coriônica/Hormônio Luteinizante equino (eCG/LH)
1.2.2 A estrutura de eCG/LH
Uma exceção na família dos hormônios glicoprotéicos equinos, a subunidade β de eCG e
eLH, em contraste com as mesmas subunidades de primatas, é codificada por um único gene em
comum, compartilhando o mesmo promotor com elementos randômicos do tipo TATAA e uma
sequência de aminoácidos idêntica (Sherman et al., 1992). No entanto, o seu conteúdo de
carboidratos é diferente entre as duas sequências: o eCG é o hormônio glicoprotéico mais
pesadamente glicosilado, com 45% de seu peso molecular correspondendo a carboidratos
(Gospodarowicz, 1972) versus 30% do peso do eLH (Butnev et al., 1996).
A subunidade α, composta de 96 aminoácidos, exibe duas complexas cadeias
oligossacarídicas N-ligadas, localizadas nos resíduos de asparaginas 56 e 82. Entretanto, as
cadeias de carboidratos dos dois hormônios exibem diferenças em suas estruturas: a subunidade
α de eLH possui dois N-glicanos biantenários finalizados em N-acetilgalactosaminas sulfatadas
(SO4-4-GalNAc), enquanto que os N-glicanos anexados à subunidade α de eCG são finalizados
em ácido siálico nas ligações α2,3 e α2,6 (Damm et al., 1990), possivelmente estendido com
repetições de lactosamina (Bousfield et al., 2004).
A subunidade β, composta de 149 resíduos de aminoácidos (Sugino et al., 1987), possui
uma única cadeia de N-glicano localizada na Asn13, terminando com GalNAc sulfatada em eLH
e α2,3Gal sialilada em eCG (Smith et al., 1993; Matsui et al., 1994). Ambas subunidades β
possuem até doze O-glicanos estendidos com poli N-acetil-lactosamina sialilada (α2,3)
localizados nas serinas ou treoninas do carboxi-peptídeo terminal (CTP) de 28 resíduos de
aminoácidos (Hokke et al., 1994; Bousfield et al., 2001). O CTP possui ação fundamental na
atividade biológica in vivo da gonadotrofina coriônica e manutenção deste hormônio na corrente
sanguínea do animal (Stoebel e Moberg, 1982; Bousfield et al., 2001).
Como o eLH e a eCG possuem cadeias polipeptídicas idênticas, a diferença entre a
estrutura dos N- e O-glicanos explica a diferença entre os pesos moleculares e a atividade
biológica destes dois hormônios: eCG apresenta uma excepcional meia-vida circulatória em
comparação ao eLH (Bousfield et al., 2001). A remoção dos resíduos terminais de ácido siálico
das cadeias de glicanos da eCG diminui dramaticamente a atividade in vivo desta glicoproteína,
visto que sua meia-vida é reduzida de 48 horas para aproximadamente 1-2 horas (Martinuk et al.,
1991).
1.2.2 A Função de eCG/LH
O eLH, secretada pela adeno-hipófise, atua em conjunto com o FSH na indução da
secreção de estrógenos pelo folículo em desenvolvimento e pela ruptura da parede folicular
quando o mesmo atinge a maturidade. O LH estimula as células intersticiais tanto nos ovários
quanto nos testículos. Nos machos, as células intersticiais (células de Leydig) produzem
andrógenos sob estímulo de LH (Hafez e Hafez, 2004).
A eCG é secretada pelo útero equino, mais especificamente pelos cálices endometriais
que são formados ao redor do quadragésimo dia de gestação, permanecendo até ao redor do
octagésimo quinto dia. A secreção deste hormônio, que possui ação biológica semelhante tanto
ao FSH quanto ao LH, estimula o desenvolvimento de folículos ovarianos na égua gestante.
Alguns destes folículos ovulam, mas a maioria transforma-se em folículos luteinizados devido à
ação semelhante ao LH. Tais corpos lúteos acessórios produzem a progesterona necessária para
manter a prenhez na égua (Hafez e Hafez, 2004).
Esta gonadotrofina única possui a capacidade de, em espécies heterólogas, ligar-se aos
receptores tanto de FSH quanto de LH e provocar o estímulo da foliculogênese (Stewart et al.,
1976; Combarnous, 1981). Sua prolongada meia-vida plasmática, decorrente de sua alta
quantidade de açúcares (Mcintosh et al., 1975), permite que uma única aplicação deste hormônio
seja eficiente para induzir ovulação, poupando, deste modo, o tempo gasto com manejo e
diminuindo possíveis estresses dos animais submetidos a tratamento superovulatório (Kimura et
al., 2007).
1.2.3 Aplicações de eCG
Nos últimos anos, a gonadotrofina coriônica equina desponta como primeira opção na
indução da ovulação em vacas em anestro gestacional, nos protocolos de Inseminação Artificial
em Tempo Fixo (IATF), visando melhorar os índices de fertilidade de fêmeas bovinas criadas em
regime extensivo (Sá Filho et al., 2010; Ferreira et al., 2013; Carvalho et al. 2013; Barreiros et
al. 2014). Atualmente, estas aplicações da eCG correspondem à maior parte do mercado do
hormônio.
A eCG também vem sido utilizada em tratamentos superovulatórios de vacas e novilhas
como uma opção eficaz de tratamento em animais irascíveis (Mapletoft et al., 2002), visto que os
tratamentos hormonais convencionais em bovinocultura empregam a utilização de oito doses de
preparações comerciais purificadas de FSH porcino - Folltropin-V©, Bioniche© (dados obtidos
na bula do produto). A eCG é especialmente utilizado em vacas de corte criadas em manejo
extensivo.
Figura 1.1 – Protocolos de superovulação convencionais em bovinos. A) eCG (gonadotrofina coriônica
equina) é aplicado 10 dias após a observação do cio, em dose única. B) pFSH (hormônio folículo-estimulante
porcino) é aplicado a partir do 10° dia após o cio, em oito doses decrescentes, durante quatro dias. Em ambos os
casos, PGF (prostaglandina F2α) é utilizada para a indução da ovulação e a IADE (inseminação artificial com
detecção de estro) é realizada nos dias 14-15, com posterior coleta de embriões nos dias 21-22. (Adaptado de Hafez
& Hafez, 2004).
Os tratamentos superovulatórios com hormônios gonadotróficos são utilizados
previamente à transferência de embriões, uma biotécnica que permite recolher diversos
embriões, obtidos através de indução da superovulação e posterior fertilização in vitro ou in vivo,
de uma mesma fêmea de qualidade genética superior (doadora), transferindo-os para fêmeas com
potencial genético inferior (receptoras) que, por sua vez, levarão a gestação a termo (Pfeifer et
al., em http://www.ufpel.tche.br/hcv; Hafez e Hafez, 2004). A importância básica da TE para a
produção animal consiste na possibilidade de uma fêmea produzir um número de descendentes
muito superior ao que seria possível obter fisiologicamente durante sua vida reprodutiva. Além
disso, trata-se de uma importante ferramenta para pois acelera e confere maior precisão no
processo de melhoramento animal (Pfeifer et al., em http://www.ufpel.tche.br/hcv).
1.3. O eCG/LH recombinante
Em bovinocultura, muitos dos tratamentos ovulatórios atuais empregam a utilização de
gonadotrofina coriônica equina purificada a partir de soro de éguas gestantes (Christakos e Bahl,
1979; Mapletoft et al., 2002). Porém, além de a extração de gonadotrofinas ser uma tarefa
laboriosa e dispendiosa, a falta de biossegurança do material resultante é bastante preocupante,
visto que qualquer tentativa de purificação que preserve os hormônios glicoprotéicos demonstra
uma limitada capacidade de destruição de vírus resistentes (Tharasanit et al., 2006). Além disso,
pelo fato de ser um extrato biológico, existe uma grande variabilidade na atividade da
glicoproteína entre os lotes de eCG, contribuindo, desta maneira, para as variabilidades na
resposta e na qualidade dos embriões obtidos (Wilson et al., 1993). Além disso, tomando-se em
consideração o fato de que a fonte de origem do material é limitada (sangue de éguas prenhes), e
que existem fatores bioéticos relacionados à obtenção deste material, procura-se uma fonte
ilimitada e ética de eCG, que assegure o fornecimento ininterrupto ao mercado consumidor
crescente deste hormônio.
De modo a solucionar estes problemas, a gonadotrofina coriônica equina recombinante
foi clonada e, então, expressa em células de inseto (Legardinier et al., 2005), secretada em leite
de coelhas transgênicas (Galet et al., 2001), expressa em células de camundongos (Galet et al.,
2000), modificada e expressa como formas deglicosiladas em células CHO (Shiota et al., 1997;
Min et al., 2004), sendo que somente para os dois primeiros sistemas foram realizados ensaios de
atividade biológica in vivo, resultando em nenhuma atividade, fato este decorrente da diferença
nas cadeias ne glicanos adicionados por estes sistemas.
As proteínas recombinantes apresentam máxima biossegurança, melhor performance nos
resultados, nenhuma interferência de outros hormônios e poucos contaminantes, sendo, desta
maneira, usadas largamente na medicina reprodutiva humana e representando grande interesse
para produção assistida veterinária. A tecnologia recombinante provou ser possível a produção
de proteínas complexas de modo reprodutível. No entanto, a estrutura das gonadotrofinas é de
difícil reprodução, pois, além da presença das já comentadas modificações pós-traducionais, as
gonadotrofinas são compostas por duas cadeias transcritas e traduzidas de maneira independente,
as quais são combinadas subseqüentemente (Loumagel et al., 1995).
1.4. A expressão de proteínas recombinantes no sistema de células de mamíferos
O sistema de expressão de proteínas recombinantes em células de mamíferos possui a
grande vantagem de possuir o aparato para a adição de N- e O-glicanos nas cadeias recém-
sintetizadas, o que é absolutamente essencial para a correta apresentação da estrutura terciária de
cada subunidade, que, por sua vez, representa um pré-requisito para sua montagem com a contra-
subunidade (Strickland e Pierce, 1983; Strickland et al., 1985). Este processo facilita a formação
das pontes dissulfídicas, que é um evento crítico para o dobramento e a maturação da subunidade
funcional do hormônio (Beebe et al., 1990; Bedows et al., 1993; Feng et al., 1995). Além disso,
a glicosilação interfere diretamente na meia-vida da molécula na circulação, no reconhecimento
da molécula por seus receptores, exposição do hormônio a mecanismos regulatórios in vivo
(Lunenfeld, 2004), além de interferir na solubilidade, proteger contra proteases e inativação
térmica (Goochee, 1992); portanto, a adição de glicanos causa grande impacto nas propriedades
biológicas dos hormônios glicoprotéicos (Baenziger, 1996; Dirnberger et al., 2001).
A tarefa de elucidar padrões de glicosilação adiconados às proteínas é desafiadora, pois
esta modificação pós-traducional apresenta variabilidade tanto na ocupação dos sítios de
glicosilação (macroheterogeneidade) quanto nas glicoformas presentes em cada sítio
(microheterogeneidade) (Walsh e Jefferi 2006; Walsh, 2010; Werner et al. 2007). A glicosilação
das proteínas ocorre e uma série de processos enzimáticos que iniciam-se no retículo
endoplasmático e progridem ao longo do complexo de Golgi (Kornfeld e Kornfeld, 1985; Wurm,
2004; Ohtsubo e Marth et al., 2006), onde o processo é finalizado e a proteína é encaminhada a
seu destino final, que pode ser tanto permanecer intracelular, quanto ser transportada até a
membrana, quanto ser secretada. Sendo assim, o perfil de glicosilação presente em uma
glicoproteína reside na atividade das enzimas ativas presentes no complexo de Golgi
(glicosiltransferases, glicosidades e enzimas transportadoras), enzimas estas que variam de
acordo com o organismo, órgão e condição metabólica (Kornfeld e Kornfeld, 1985; Brooks,
2006).
Uma das formas mais efetivas de produção de glicoproteínas farmaceuticamente ativas é
utilizar o sistema de expressão CHO (Chinese Hamster Ovary), que possui uma variada gama de
glicosiltransferases, sendo capaz de adicionar N-glicanos bi e tri-antenários do tipo complexo e
sialilados a cadeias polipeptídicas sintetizadas, apresentando deficiências, no entanto, em
adicionar sulfatação e não realizando sialilação do tipo α2,6 terminais (Szkudlinski et al.,1993 ;
Paulson et al., 1989; Devasahayam, 2007). Comparativamente, a linhagem celular HEK293
(Human Embryonic Kidney) e as linhagens derivadas desta, como a 293T, são capazes de
produzir glicoproteínas carreando oligossacarídeos complexos e completos, com a presença de
sialilações do tipo α2,6, que podem ser importantes na manutenção da meia-vida de eCG
(Chitlaru et al., 1998).
Por estes motivos, propõe-se, neste trabalho, a clonagem da gonadotrofina coriônica
equina e sua expressão nos diferentes sistemas de células de mamíferos citadas acima: uma
linhagem murina, CHO-DG44-dhfr-/-, e uma linhagem humana, 293T, de modo a comparar
níveis de expressão, estruturas dos N-glicanos e atividade biológica da reCGβα expressa por
cada uma destas linhagens com o eCG comerialmente disponível no mercado. Assim, pretende-
se determinar o sistema de expressão de reCG mais eficiente e, por conseguinte, transferir o
processo de produção para uma indústria farmacêutica veterinária, de modo a preencher esta
lacuna na cadeia agropecuária nacional, que é a falta de um hormônio indutor da ovulação de
performance consistente, advindo de uma fonte ética, controlada e ilimitada.
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Obter uma construção contendo ambas as cadeias da gonadotrofina coriônica equina
(eCG) fusionadas e expressar a proteína reCGβα biologicamente ativa em duas linhagens
diferentes de células de mamíferos: CHO-DG44 e 293T e correlacionar esta atividade com o
perfil de glicosilação obtido desta proteína expressa entre as duas linhagem e também em relação
ao tipo selvagem, disponível comercialmente.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Amplificar os fragmentos de cDNAs referentes às cadeias α e β de eCG a partir de
cDNA de hipófise equina;
- Unir os fragmentos gênicos das duas cadeias em uma única sequência codificadora por
técnicas de engenharia genética e clonar esta sequência no vetor de expressão pNU-Ø;
- Obter clones celulares da linhagem 293T e populações celulares da linhagem CHO-
DG44 expressando reCGβα;
- Comparar a dinâmica de expressão de reCGβα entre as duas linhagens ao longo do
tempo;
- Comparar a expressão de reCGβα pelas células superprodutoras cultivadas na presença
ou na ausência de soro fetal bovino;
- Comparar a atividade biológica in vitro de reCGβα expressa pelas duas linhagens
celulares com a eCG selvagem, utilizando uma linhagem celular responsiva;
- Comparar a atividade biológica in vivo de reCGβα expressa pelas duas linhagens
celulares com a eCG selvagem, utilizando ratas pré-púberes;
- Purificar parcialmente a reCGβα expressa pelas duas linhagens celulares
- Comparar o perfil de glicosilação presente na reCGβα expressa pelas duas linhagens
celulares com a eCG selvagem;
- Correlacionar a atividade biológica desempenhada por reCGβα expresso por cada uma
das linhagens com o respectivo perfil de glicosilação obtido;
- Transferir o sistema de expressão considerado mais eficiente para uma indústria
farmacêutica veterinária, visando à produção comercial de reCG.
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Extração de RNA e síntese de cDNA a partir de uma hipófise equina
Uma glândula hipófise foi obtida através da necrópsia de um cavalo (Equus caballus),
macho, raça meio-sangue árabe, de 19 anos. Esta hipófise foi imediatamente acondicionada em
RNAholder (Bioagency© Biotecnologia), a 4 °C, até ser macerada em nitrogênio líquido,
utilizando-se cadinho e pistilo.
O RNA total foi extraído deste macerado de hipófise utilizando-se o Illustra RNAspin
Mini RNA Isolation Kit (GE Healthcare®, Buckinghamshire, England), seguindo as
recomendações do fabricante. A concentração de RNA em cada preparação foi determinada
através de quantificação em nanoespectrofotômetro (ND-1000 Spectrophotometer, NanoDrop
Technologies Inc., Wilmington, EUA) e leitura de absorbância a 260 ηm. O grau de pureza do
RNA total foi estimado pela relação Abs260/Abs280 (contaminação por proteínas) e Abs260/Abs230
(contaminação por compostos orgânicos), admitindo-se, respectivamente, os valores de
aproximadamente 2,0 e entre 1,8 e 2,2, respectivamente, como ideais.
Uma vez consideradas satisfatoriamente puras, as amostras de RNA foram submetidas a
reações de transcrição reversa. Para tal, uma alíquota de 1,0 µg de cada RNA total foi incubada
por 10 min a 37 °C com 2,0 U de DNase I (Thermo Fisher Scientific Inc., Waltham, EUA), em
solução contendo 1,25 mM de MgCl2 (Thermo Fisher Scientific Inc., Waltham, EUA) e 20 U de
RNase OUTTM (Thermo Fisher Scientific Inc., Waltham, EUA). Posteriormente, esta enzima foi
inativada por aquecimento a 75 °C por 5 min. A cada amostra de RNA previamente tratado,
foram adicionados 250 ng de Oligo dT (Thermo Fisher Scientific Inc., Waltham, EUA), 50 ng de
Random Primer (Thermo Fisher Scientific Inc., Waltham, EUA), 1,3 mM de dNTPs (Thermo
Fisher Scientific Inc., Waltham, EUA) e 1,0 µL de água deionizada (Milli-Q®, Millipore,
Billerica, MA, EUA), que foram incubados a 65 °C por 10 min e imediatamente colocadas no
gelo. Em seguida, foi adicionado 1X tampão de síntese de primeira fita para a enzima ImPromTM
-II RT (Promega Corporation, Madison, EUA), 5,0 mM de ditiotreitol (DTT, Thermo Fisher
Scientific Inc., Waltham, EUA), 20 U de RNase OUTTM, 1,0 µL da enzima ImPromTM -II RT
(Promega Corporation, Madison, EUA) e 0,5 µL de água deionizada, para um volume final de
reação de 20,0 µL. As amostras foram incubadas a 25 °C por 10 min para pareamento dos
oligonucleotídeos e, posteriormente, a 42 °C por 2 h, para síntese dos cDNAs. Em seguida, a
enzima transcriptase reversa foi inativada por meio da incubação das amostras a 75 °C por 15
min. Para a degradação das moléculas de RNA molde, adicionou-se 1,0 µL de RNase H (5 U/µL,
Thermo Fisher Scientific Inc.). As amostras foram incubadas a 37° C por 30 min e,
posteriormente, a 72 °C por 10 min para inativação da enzima. Em seguida as amostras foram
diluídas 3 vezes em água deionizada, obtendo-se um volume final de 60 µL e estocadas a – 80
ºC.
3.2 Desenho dos primers (oligonucleotídeos iniciadores)
Os primers utilizados para amplificação das sequências de cDNA foram desenhados
baseando-se nas sequências codificadoras completas de cada uma das duas subunidades de eCG
contidas na base de dados do NCBI (http://www.ncbi.nlm.nih.gov; National Center for
Biotechnology Information, U. S. NLM - U. S. National Library of Medicine, Bethesda, EUA
(NM_access number α: 001099763.1, β: 001490342.2). Não se fez uso de um programa
computacional para o desenho dos oligonucleotídeos. Todos os primers foram sintetizados pela
empresa Thermo Fisher Scientific Inc., Waltham, EUATM /Thermo Fisher Scientific Inc.. Os
primers liofilizados foram reconstituídos em solução tampão 10 mM Tris-Cl (pH 8,0) para gerar
uma solução estoque a 100 µM e soluções de uso a 10 µM.
As sequências dos primers utilizados na amplificação dessas cadeias e seus
intermediários obtidos nos passos de Engenharia Genética estão discriminadas na Tabela 3.1
abaixo:
Tabela 3.1. Sequências dos primers para amplificação das sequências codificadoras de reCGαααα e reCGββββ e engenharia genética para geração da sequência fusionada eCGββββαααα
Oligonucleotídeos Sequências (5’- 3’)
1 – eCGb F 5’-ATGGAGACGCTCCAGGGGCT- 3’
2 – eCGb R 5’-AGAAGTCTTTATTGGGAGGGGATGAGAG- 3’
3 – eCGa F 5’-TTTCCTGATGGAGAGTTTACAACGCAG- 3’
4 – eCGa R 5’-TTAAATCTTGTGGTGATAGCACGTGCTG-3’.
5 – Mut eCGa R NotI 5’-GCGCGGCCGCTTAAATCTTGTTGTGGTG-3’
6 – Mut eCGb F EcoRI 5’-CGGAATTCGCCACCATGGAGACGCTC-3’
7 – union F
8 – union R
5´-CCCAATAAAGACTTCTTTTCCTGATGGAGAG-3’
5’- CTCTCCATCAGGAAAAGAAGTCTTTATTGGG-3’.
Negrito: sítios de restrição para as enzimas EcoRI (primer forward) e NotI (primer reverse); Sublinhado: sequência consenso de Kozak
3.3 Clonagem das sequências codificadoras de eCGα e eCGββββ
O cDNA total de tecido hipofisário equino foi utilizado para a amplificação das
sequências codificadoras de ambas as subunidades de eCG. Utilizamos a estratégia descrita por
Jablonka-Shariff e colaboradores (Jablonka-Shariff et al., 2007) de gerar uma cadeia única
codificadora para ambas as subunidades de eCG, que serão, desta maneira, expressas de forma
covalente. Como a sequência codificadora para eCGβ precede a sequência codificadora para
eCGα nesta construção, os primers (1) e (2) foram utilizados para amplificar a sequência
codificadora de eCGβ sem o códon de parada. Já a sequência codificadora de eCGα foi
amplificada sem o peptídeo sinal, visto que este já estava presente no início da cadeia beta,
utilizando-se os primers (3) e (4). Para a amplificação, as reações de polimerase em cadeia
(PCR) foram realizadas utilizando-se a enzima High Fidelity Platinum Taq DNA Polymerase
(Thermo Fisher Scientific Inc., Waltham, EUATM), seguindo o seguinte protocolo: a 100 ng de
amostras de cDNA de hipófise equina foram adicionados 1X tampão High Fidelity PCR Buffer
(Thermo Fisher Scientific Inc., Waltham, EUA), 0,2 mM de dNTPs (Thermo Fisher Scientific
Inc., Waltham, EUA), 2mM de MgSO4 (Thermo Fisher Scientific Inc., Waltham, EUA), 400 nM
de primer Forward (Thermo Fisher Scientific Inc., Waltham, EUA), 400nM de primer Reverse
(Thermo Fisher Scientific Inc., Waltham, EUA), 1,0 U da enzima DNA polimerase descrita
acima e água deionizada para completar 50,0 µL de volume de reação. As seguintes condições
foram utilizadas: 94 ºC por 1 min; 35 ciclos de: 94 ºC por 30 seg, 55 ºC (eCGα) ou 58 ºC (eCGβ)
por 30 seg e 68 ºC por 1 min; extensão final a 68 ºC por 2 min.
Os amplicons foram detectados através de geis de agarose a 2,0% corado com 0,5µg/mL
de brometo de etídeo. Foram aplicados 30uL de cada reação de PCR e 10µL do marcador de
tamanho molecular GeneRulerTM 100bp DNA Ladder (Thermo Fisher Scientific Inc., Waltham,
EUA). Após aplicação das amostras, os geis foram submetidos a uma diferença de potencial de
100 V em tampão de corrida 1x TAE em cuba eletroforética horizontal Midigel 2 (APELEX,
Massy, França), por 90min. Para verificar a presença de bandas nos geis, estes foram expostos à
luz ultravioleta em um aparelho fotodocumentador MiniBIS Pro (DNR Bio-Imaging Systems,
Jerusalém, Israel). Bandas de tamanho correto foram removidas dos geis com bisturis
descartáveis e o DNA nelas presente foi isolado utilizando-se o GFX DNA and Band
Purification Kit (GE Healtcare, Carlsbad, CA, EUA), seguindo-se as orientações do fabricante. A
concentração de DNA em cada amostra foi determinada por leitura em nanoespectrofotômetro a
260 ηm. A partir deste momento, os produtos foram trabalhados separadamente.
Os amplicons purificados foram então clonados no vetor pGEM®-T, utilizando-se os
reagentes fornecidos pelo Promega pGEM®-T Easy System (Promega Corporation, Madison,
EUA). Para cada 50ng deste vetor, adicionou-se 25ng de cada fragmento purificado ou 2µL do
Control DNA Insert, 1X Rapid Ligation Buffer, 3U de T4 DNA ligase e água deionizada para
completar 12,0 µL de reação. As reações foram incubadas a 4 ºC por 16 h.
Bactérias Escherichia coli, cepa XL-1 Blue (genótipo: recA1 endA1 gyrA96 thi-1
hsdR17 supE44 relA1 lac [F´ proAB lacIqZ∆M15 Tn10 (Tetr)], Agilent Technologies, Santa
Clara, EUA) foram escolhidas para o procedimento de transformação bacteriana. Para tal, 10,0
µL de cada amplicon previamente dialisado foi adicionado a 40,0 µL de suspensão bacteriana em
solução de glicerol 10% de baixa força iônica. O método de transformação escolhido foi
eletroporação por pulso elétrico curto de alto voltagem. A mistura foi, então, adicionada à cubeta
para eletroporação de bactérias com espaço de 0,1 cm (Gene Pulser® Cuvetter E. coli Pulser®
Cuvette, Bio-Rad Laboratories, Hercules, EUA) e submetida a 2,8 kV de diferença de potencial,
utilizando-se um eletroporador Gene Pulser XcellTM (Bio-Rad). Imediatamente após o
eletrochoque, as bactérias foram incubadas em meio de cultura S.O.C. (Thermo Fisher Scientific
Inc., Waltham, EUATM) a 37 ºC por 1 hora. Em seguida, a suspensão de bactérias transformadas
foi plaqueada sobre solução gelatinosa de meio lisogênico LB (Luria-Bertani/Lysogeny Broth;
Becton, Dickinson and Company, Franklin Lakes, EUA) e ágar (Select Agar®, Thermo Fisher
Scientific Inc., Waltham, EUATM) previamente tratada com isopropil β-D-1-
tiogalactopiranosídeo (IPTG, 0,5 mM Thermo Fisher Scientific, Inc.) e 5-bromo-4-cloro-indolil-
β-D-galactopiranosídeo (X-gal, 80 µg/mL, Thermo Fisher Scientific Inc., Waltham, EUATM),
permitindo visualizar colônias de bactérias contendo as construções pGEM®-eCGα, pGEM®-
eCGβ ou pGEM®-inserto controle (colônias brancas) ou somente o vetor pGEM®-T Easy
(colônias azuis). Depois de plaqueadas, as bactérias foram incubadas em estufa a 37ºC por 16 h.
As colônias de bactérias de coloração branca referentes às construções pGEM®-eCGβα foram
isoladas com o auxílio de um palito de madeira estéril, inoculadas em meio LB (Becton,
Dickinson and Company) e incubadas a 37 º por 16 h.
Para verificar as construções que de fato possuíam os insertos de tamanho predito, as
suspensões bacterianas referentes a cada colônia isolada foram submetidas à PCR de colônias
com primers que pareiam no vetor pGEM®-T Easy (sequências e temperaturas estimadas de
desnaturação na Tabela 3.2).
Tabela 3.2. Sequências dos primers que pareiam no vetor pGEM®-T Easy.
Oligonucleotídeo Sequência (5'-3') Tm (ºC)
pGEM®-F CCAGGGTTTTCCCAGTCAGGAC 65,14
pGEM®-R TTTCACACAGGAAACAGCTATGAC 59,50
Para esta reação, foram aliquotados 800 nM de dNTPs (Thermo Fisher Scientific Inc.),
2,0 mM de MgCl2 (Themor Fisher Scientific Inc.), 1X de tampão de reação com NH4 (Thermo
Fisher Scientific Inc.), 170 nM do primer pGEM®-F (Thermo Fisher Scientific Inc.), 170 nM do
primer pGEM®-R Thermo Fisher Scientific Inc.), 3,75 U de enzima Taq DNA polimerase
(Thermo Fisher Scientific Inc.), 0,3 µL de suspensões bacterianas e volume de água deionizada
para completar 15,0 µL de volume de reação. As seguintes condições foram utilizadas na reação:
95 ºC por 4 min; 40 ciclos de 95 ºC por 45 seg, 55 ºC por 45 seg e 72 ºC por 30 seg; 72 ºC por 5
min. Os amplicons foram detectados através de geis de agarose a 1,5%, análogo ao que já foi
descrito anteriormente neste ítem. Pela análise do tamanho predito das bandas, foi possível
selecionar clones bacterianos contendo as sequências corretas, que foram então expandidos em
meio lisogênico LB e estocados a – 80 ºC em meio de congelamento composto de ½ volume de
solução de glicerol 30% em água (v/v) e ½ volume de meio lisogênico LB (Becton, Dickinson
and Company).
3.4 Engenharia Genética para a união destas duas cadeias de eCG em uma
sequência única (eCGββββαααα)
Os clones bacterianos positivos contendo os insertos eCGα ou eCGβ foram inoculados
em meio lisogênico LB (Becton, Dickinson and Company) a 37 º C por 16 h sob agitação orbital
a 300 rotações por minuto (rpm). Para isolamento de DNA plasmidial, utilizou-se o GeneJET
Plasmid Miniprep Kit (Thermo Fisher Scientific Inc, Waltham, EUA.), seguindo-se as
orientações do fabricante. A concentração das amostras foi determinada por quantificação em
nanoespectrofotômetro (ND-1000 Spectrophotometer, NanoDrop Technologies Inc.) e leitura a
260 ηm. Os produtos purificados foram utilizados como templates para a obtenção da sequência
eCGβα, através de três rounds de PCRs mutagênicas subsequentes.
O primeiro round de PCRs visou a adição de sítios de restrição ao final da sequência
eCGα (NotI), utilizando os primers (3) e (5), e ao início da sequência eCGβ (EcoRI), utilizando
os primers (2) e (6). Para a adição destes sítios, as PCRs foram realizadas utilizando-se a enzima
Long Range (Thermo Fisher Scientific Inc., Waltham, EUA), através do seguinte protocolo: a
100 ng das preparações plasmideais, contendo as sequências eCGβ ou eCGα, foram adicionados
1X tampão High Fidelity PCR Buffer (Thermo Fisher Scientific Inc., Waltham, EUA), 0,2 mM
de dNTPs (Thermo Fisher Scientific Inc., Waltham, EUA), 2mM de MgSO4 (Thermo Fisher
Scientific Inc., Waltham, EUA),400 nM de primer Forward (Thermo Fisher Scientific Inc.,
Waltham, EUA), 400nM de primer Reverse (Thermo Fisher Scientific Inc., Waltham, EUA), 1,0
U da enzima DNA polimerase descrita acima e água deionizada para completar 50,0 µL de
volume de reação. As seguintes condições foram utilizadas: 94 ºC por 1 min; 35 ciclos de: 94 ºC
por 30 seg, 55 ºC (eCGα) ou 58 ºC (eCGβ) por 30 seg e 68 ºC por 1 min; extensão final a 68 ºC
por 2 min. Os produtos obtidos foram fracionados em gel de agarose e então, em procedimento
similar ao descrito no parágrafo acima, purificados do gel de agarose para servirem de template
no próximo round de reações mutagênicas.
No segundo round de PCRs, foram adicionados, a ambos amplicons, fragmentos gênicos
complementares à sequência da contra-subunidade, de maneira que ambas subunidades
pudessem ser unidas através destes fragmentos. O fragmento complementar inicial da cadeia
eCGα foi adicionado ao final da cadeia eCGβ modificada em uma reação que utilizou os primers
(6) e (7), enquanto que o fragmento complementar final da cadeia eCGβ foi adicionado ao início
da cadeia eCGα e ao início da sequência eCGβ (EcoRI), utilizando-se os primers (5) e (8). Para
este segundo round de PCRs mutagênicos, os mesmos reagentes e concentrações do primeiro
round foram utilizadas, nas seguintes condições de ciclagem: 94 ºC por 1 min; 35 ciclos de 94
ºC por 30 seg, 62ºC por 30 seg e 68 ºC por 1 min; extensão final a 68 ºC por 2 min. Novamente,
os produtos destas reações foram purificados do gel de agarose e usados como template para o
ultimo round de mutações.
O terceiro round de PCRs mutagênicos teve, como objetivo, unir as duas cadeias
previamente mutadas em uma cadeia única, que será chamada daqui para frente de eCGβα. Para
este fim, os templates purificados do round anterior foram adicionados em uma reação de PCR
realizada com os primers (5) e (6) e os mesmos reagentes e concentrações descritos, sob as
seguintes condições: 94 ºC por 1 min; 35 ciclos de 94 ºC por 30 seg, 65 ºC por 30 seg e 68 ºC for
1 min; extensão final a 68 ºC por 2 min.
Os amplicons foram detectados através de geis de agarose a 2,0%. corado com 0,5µg/mL
de brometo de etídeo, e o produto de tamanho esperado foi isolado com bisturi e purificado
através do GFX DNA and Band Purification Kit (GE Healtcare, Carlsbad, CA, EUA), como
descrito anteriormente.
3.5 Sequenciamento da sequência fusionada eCGββββαααα e subclonagem no Vetor
pNUØ
O fragmento eCGβα purificado foi então clonado no vetor pGEM®-T Easy, clones
bacterianos foram obtidos com esta construção e examinados quanto à presença do inserto. Dez
clones positivos foram submetidos a sequenciamento de DNA pelo método de Sanger. Assim,
em uma microplaca para PCR de 96 poços (PCR® Microplate, Axygen Scientific Inc., Union
City, EUA), 3,0 µL de reação de PCR de colônias foram adicionados a 4,0 µL de tampão 5x de
sequenciamento (BigDye Terminator v3.1 Sequencing Buffer, Thermo Fisher Scientific Inc.,
Waltham, EUA), 0,5 µL do primer pGEM®-F ou pGEM®-R (10 µM, Thermo Fisher Scientific
Inc., Waltham, EUA), 2,0 µL de Big Dye Mix (Thermo Fisher Scientific Inc., Waltham, EUATM)
e volume de água deionizada para completar 20,0 µL de volume de reação. As seguintes
condições foram utilizadas: 40 ciclos de 96 ºC por 10 seg (desnaturação), 53 ºC por 20 seg
(pareamento) e 60 ºC por 4 min (extensão). Para cada amostra, as reações foram feitas em
duplicata com cada primer independentemente. Depois da termociclagem, todas as amostras
foram submetidas à precipitação. A cada poço foram adicionados: 20,0 µL de água deionizada e,
em seguida, 60,0 µL de isopropanol (Merck KGAa). As amostras foram homogeneizadas por
vortexing e centrifugadas a 700 × g. A placa foi então protegida da luz, incubada a temperatura
ambiente por 15 min e centrifugada a 3.000 × g a 20 ºC por 30 min. O sobrenadante foi
descartado por inversão da placa e a placa foi centrifugada até 700 × g. 150 µL de solução 70%
isopropanol foram adicionados por poço, seguido de centrifugação a 3.000 × g a 20 ºC por 30
min e novamente inversão e centrifugação até 700 × g. A placa foi então incubada a 37 ºC por 10
min para que todo o isopropanol evaporasse. Uma vez precipitadas, as amostras foram
submetidas à eletroforese capilar em um aparelho Abi Prism 3700 DNA Analyzer (Thermo
Fisher Scientific Inc., Waltham, EUATM). Através dos cromatogramas originados, foram gerados
segmentos de DNA sobrepostos (contigs) pela ferramenta Phrap, seguido da análise de qualidade
pelo programa Phred.
Uma vez geradas, as sequências foram alinhadas contra sequências previamente
depositadas em bancos de dados através da ferramenta BLAST®
(http://blast.ncbi.nlm.nih.gov/Blast.cgi; Basic Local Alignment Search Tool®, NCBI, U. S.
NLM). Primeiramente, se fez uso do programa nucleotide blast (ou blastn), para nucleotídeos, e
somente as sequências que apresentaram 100% de identidade e 0% de lacunas quando
comparadas com as sequências codificadoras depositadas para eCGα e eCGβ foram
consideradas. Os clones bacterianos contendo as sequências corretas foram expandidos em meio
lisogênico LB e estocados a – 80 ºC em meio de congelamento composto de ½ volume de
solução de glicerol 30% em água (v/v) e ½ volume de meio lisogênico LB (Becton, Dickinson
and Company).
Os clones bacterianos contendo a construção pGEM®-eCGβα dotados de sequências
corretas foram inoculados em meio lisogênico LB (Becton, Dickinson and Company) a 37 º C
por 16 h sob agitação orbital a 300 rpm. Para isolamento de DNA plasmideal, utilizou-se o
GeneJET Plasmid Miniprep Kit (Thermo Fisher Scientific Inc.), seguindo-se as orientações do
fabricante. A concentração das amostras foi determinada por quantificação em
nanoespectrofotômetro (ND-1000 Spectrophotometer, NanoDrop Technologies Inc.) e leitura a
260 ηm.
O produto final eCGβα foi purificado do gel de agarose, conforme descrito
anteriormente, e digerido com as enzimas de restrição EcoRI e NotI (Thermo Fisher Scientific
Inc.) a 37 ºC por 2 h, e inativação da enzima a 65 ºC por 20 min e então subclonado em um vetor
plasmideal especialmente construído por nosso grupo denominado pNUØ. Este vetor plasmideal
de expressão em células de mamífero é derivado do pUC18 (Messing e Vieira, 1982)e possui
um cassete de clonagem MCS contendo diversos sítios para enzimas de.restrição sob o controle
de um promotor híbrido contendo elemento enhancer de citomegalovírus e promotor de beta-
actina de galinha, bem como o cDNA codificador da enzima dihidrofolato redutase (dhfr) à
jusante de um sítio interno para entrada de ribossomos (IRES – internal ribosomal entry site).
Esta estrutura permite a expressão concomitante do inserto clonado no MCS, no caso o eCGβα,
e do dhfr, em uma estratégia que visa a complementação gênica de células CHO duplo negativo
para o gene dhfr , que, por sua vez, permite a seleção de células expressando altas quantidades
do produto de interesse após amplificação gênica, realizada através de tratamento com doses
crescentes do inibidor de dhfr, Metotrexato (MTX).
Para a subclonagem, o vetor foi previamente linearizado por ação das enzimas EcoRI e
NotI, gerando extremidades 5’ e 3’ coesivas e complementares ao inserto eCGβα. Utilizou-se a
razão molar inserto:vetor de 3:1 (MI = 3 x MV x TI/TV, onde MI = massa inserto, MV = massa
vetor, TI = tamanho inserto e TV = tamanho vetor). À mistura inserto-vetor, foram adicionados
tampão 10x T4 DNA Ligase Buffer (New England Biolabs® Inc., Ipswish, MA, EUA), 4,00 U
T4 DNA Ligase (New England Biolabs® Inc.) e água deionizada suficiente para completar 20
µL. A reação se deu a 16 ºC por 18 h. A partir daqui, esse vetor será denominado pNUØ-eCGβα.
A obtenção de clones bacterianos positivos de Escherichia coli, cepa XL-1 Blue, contendo este
vetor, foram mantidos em soluções glicerinadas a -80 °C, conforme descrito anteriormente.
Preparações plasmideais em média escala de um clone positivo foram obtidas , através do
QIAGEN Plasmid Midi Kit (QIAGEN), seguindo-se as orientações do fabricante, sendo a
concentração das amostras determinada por quantificação em nanoespectrofotômetro (ND-1000
Spectrophotometer, NanoDrop Technologies Inc.) e leitura a 260 ηm.
3.6 Linhagens celulares
Células da linhagem 293T, de rim embrionário humano, foram adquiridas da American
Type Culture Colection (ATCCTM – Número ATCC®: CRL-3216TM) e cultivadas em meio
DMEM (Thermo Fisher Scientific Inc., Waltham, EUATM) suplementado com 10 % (v/v) SFB
(Vitrocell Embriolife) em cultura aderente.
Células da linhagem CHO-DG44-dhfr-/-, de ovário de Hamster Chinês, foram adquiridas
da American Type Culture Colection (ATCCTM – Número ATCC®: PTA-3356TM) e cultivadas
em meio α-MEM (Thermo Fisher Scientific Inc., Waltham, EUATM) suplementado com 7 %
(v/v) SFB (Vitrocell Embriolife) em cultura aderente.
Células da linhagem MLTC-1, de células de Leydig de camundongo superexpressando o
receptor para gonadotrofinas, foram adquiridas da American Type Culture Colection (ATCCTM –
Número ATCC®: CRL-2065TM) e cultivadas em meio RPMI (Thermo Fisher Scientific Inc.,
Waltham, EUATM) suplementado com 10% (v/v) SFB (Vitrocell Embriolife) em cultura
aderente.
As células foram sempre incubadas em atmosfera úmida a 37 ºC e 2% CO2 / 98% ar. O
estoque de células foi mantido através do congelamento em meio de cultura suplementado com
10% DMSO (Sigma-Aldrich Co., St. Louis, MO, EUA) e armazenamento em nitrogênio líquido.
3.7 Meios de cultura, soluções e condições de cultivo de células transfectadas
3.8 Meio de cultura:
293T: DMEM (Thermo Fisher Scientific Inc., Waltham, EUATM) suplementado com 10
% (v/v) SFB (Thermo Fisher Scientific Inc.).
CHO-DG44: α-MEM sem nucleosídeos (Thermo Fisher Scientific Inc., Waltham,
EUATM) suplementado com 7 % (v/v) SFB (Thermo Fisher Scientific Inc.) dialisado.
MLTC-1: RPMI (Thermo Fisher Scientific Inc., Waltham, EUATM) suplementado com 10
% (v/v) SFB (Thermo Fisher Scientific Inc.).
Antibióticos adicionados a todos os meios de cultura: 25 mg/mL ampicilina (Sigma-
Aldrich Co.) e 100 mg/mL estreptomicina (Sigma-Aldrich Co.)
3.9 Soluções:
Solução salina: PBSA (Phosphate Buffered Saline Absent – sem cálcio ou magnésio),
solução salina tamponada (pH 7,2), composta por NaCl 140 mM, KCl 2,7 mM, Na2HPO4 8 mM
e KH2PO4 1,5 mM.
Tripsina: solução 0,1% de tripsina (Thermo Fisher Scientific Inc., Waltham, EUATM) em
PBSA contendo 1 mM EDTA (pH 8,0).
3.10 Condições de cultivo
As células foram mantidas em frascos T ou placas de cultivo tratadas, próprias para o
cultivo de células em aderência (Thermo Fisher Scientific Inc.; Becton, Dickinson and
Company; Corning Inc., Corning, EUA; ou TPP Techno Plastic Products, Trasadingen, Suíça),
incubadas em atmosfera úmida a 37 ºC e 2% CO2 / 98% ar. O meio de cultura foi trocado a cada
dois ou três dias. Ao atingirem confluência maior ou igual a 80%, as células foram
subcultivadas, sendo lavadas com solução salina PBSA, seguida de adição de solução de 0,1%
tripsina e inativação da mesma com meio de cultivo contendo SFB.
3.11 Produção de reCGββββαααα em Batelada :
As células superprodutoras de reCGβα foram cultivadas em monocamadas, conforme
descrito no item anterior, até que atingissem 95% de confluência, quando então foram lavadas
2X com solução de PBSA e tiveram seu meio de cultivo trocado para o mesmo meio (DMEM ou
α-MEM sem nucleosídeos), porém sem SFB. As garrafas ou placas carenciadas foram incubadas
nas mesmas condições já descritas durante 48h, quando então o meio de cultura, agora
denominado Meio Condicionado, contendo reCGβα, foi coletado, centrifugado a 1.200g por
5min para remover células soltas e debris, filtrados em membranas de 0,22µm (Millipore®),
transferido para frascos estéreis e mantido congelado a -20 °C por não mais do que 1 mês. Estes
meios condicionados foram utilizados em diversos experimentos ao longo do trabalho.
3.12 Cotransfecção de células 293T ou CHO-DG44 com a construção pNUØ-
eCGββββαααα e o vetor de seleção pX343 para geração de clones e populações
celulares superexpressando eCGββββαααα e resistentes à higromicina (higror)
Para a geração de clones celulares expressando estavelmente a proteína fusionada
eCGβα, células 293T e CHO-DG44 cultivadas em placas de 60 mm de diâmetro (P60), foram
independentemente cotransfectadas com a construção pNUØ-eCGβα e com o vetor de seleção
pX343, que confere resistência ao antibiótico higromicina B, usando uma razão de massa de
DNA de 40:1 (8ug do plasmídeo de interesse para 200ng do plasmídeo de resistência à
higromicina), como previamente descrito (Armelin et al., 1984). Os plasmídeos foram
primeiramente misturados com 16 µL do reagente de transfecção FuGENE HD Transfection
Reagent (Hoffmann-La Roche Ltd.) em meio de cultura na ausência de SFB para formação dos
complexos DNA-lipossomo. As células 293T ou CHO-DG44 foram incubadas com os
complexos e o meio de cultura foi trocado depois de 24 h.
3.13 Seleção de clones de células 293T superprodutoras de reCGββββαααα
48h após a transfecção, as células 293T foram diluídas nas proporções 1:10, 1:25, 1:50 e
1:100 e passaram a ser tratadas com 200 µg/mL higromicina B (Life TehnologiesTM) para
seleção de colônias celulares higror. O meio de cultura foi trocado a cada 48 h e a seleção foi
conduzida por duas semanas até que a maioria das células morressem e pequenas colônias
fossem visualizadas. Essas colônias foram isoladas com uma ponteira estéril para cada uma e
transferidas para poços de bandejas de 48 poços para estabelecimento dos clones celulares. O
tratamento com higromicina B foi mantido por duas semanas e os clones obtidos foram
congelados em nitrogênio líquido.
3.14 Amplificação gênica de populações de células CHO-DG44 superprodutoras
de reCGββββαααα
48h após a transfecção, as células CHO-DG44, diferentemente das células 293T, não
foram diluídas e passaram a ser tratadas com 200 µg/mL higromicina B (Life TehnologiesTM)
para seleção de células resistentes em meio à população transfectada, por duas semanas, até que
a seleção de uma sub-população resistente, quando, então, passaram a ser tratadas com
concentrações crescentes do quimioterápico MTX em meio de cultura sem nucleosídeos. O
tratamento foi iniciado com 30nM de MTX adicionado ao meio de cultivo. As células foram
cultivadas por aproximadamente duas semanas, com troca de meio a cada 48h para remoção de
células mortas, até que a cultura atingisse 90% de confluência, quando, então, aumentava-se a
concentração de MTX. O tratamento seguiu por aproximadamente seis meses, com aumento
gradual da concentração de MTX a cada vez que a cultura atingia 90% de confluência, sendo que
cada fase do tratamento durou de duas a três semanas.
3.15 Determinação da expressão de reCGααααββββ em meios condicionados pelos clones
de 293T e por populações celulares de CHO-DG44 superexpressoras de
reCGββββαααα através de ELISA
106 células de cada um dos clones de células 293T e das populações de CHO-DG44
superprodutores de reCGβα foram plaqueadas em 1mL de meio de cultura específico para cada
linhagem, na presença de FCS, em bandejas de seis poços (B6). O plaqueamento foi realizado
em duplicata, e as bandejas foram mantidas nas condições de cultivo descritas no item 35. 24h
após o plaqueamento, o meio de cultura foi descartado, as culturas aderentes foram lavadas com
PBSA e receberam meio de cultura fresco. O meio de cada clone/população foi coletado após
48h de condicionamento e utilizado para dosagem de reCGβα através de um ELISA específico
(PMSG ELISA – ALPCO Diagnostics), seguindo o manual provido pelo fabricante. Foram
realizadas algumas diluições de cada meio condicionado coletado (1:10, 1:25, 1:50 e 1:100), de
modo a obter valores de reCGβα dentro da curva de calibração do kit. Após o procedimento, os
valores de absorbância foram determinados a 460nm por leitura em um espectrofotômetro de
placa (SpectraMax M2 - Molecular Devices). Uma curva padrão, fornecida pelo kit, foi utlizada
como referência para uma análise logística de 4-parâmetros, realizada pelo software GraphPad
Prisma 5.00 for Windows (GraphPad Software, San Diego California USA,
www.graphpad.com). Os valores obtidos para cada clone/população foram considerados na
seleção de um candidato de cada um dos dois tipos celulares para a continuação dos
experimentos referentes a este projeto.
3.16 Cinética de expressão de reCGββββαααα em células 293T e CHO-DG44, na presença
e na ausência de soro fetal bovino
Os clones de células 293T e a população de CHO-DG44 com maior expressão de
reCGβα, selecionados no item anterior, foram submetidos a uma dinâmica de expressão de
reCGβα determinada por ELISA quantitativo. Para isso, 106 células destas células foram
plaqueadas em bandejas B6, da mesma maneira descrita no item anterior, porém adionou-se
meio de cultura contendo ou não SFB. Os meios condicionados foram coletados 24, 48 e 72h
após a troca, diluídos (1:10, 1:25 e 1:50) e submetidos ao ELISA para PMSG, exatamente da
mesma forma realizada no item anterior. O nível de expressão de reCGβα ao longo do tempo foi
determinado novamente por uma análise logística de 4-parâmetros, realizada pelo software
GraphPad Prism 5.00.
3.17 Ensaio de atividade biológica in vitro
Para determinar a atividade biológica in vitro do reCGβα produzido pelas células
superprodutoras, utilizou-se a linhagem celular MLTC-1 (Mouse Leydig Tumoral Cell – ATCC-
CRL2065), obtida da ATCC, que superexpressa receptores de gonadotrofinas (hCG e hFSH), e
um protocolo adaptado de Legardinier et al. 2005. Esta célula responde ao tratamento com eCG
produzindo e secretando progesterona de maneira dose-dependente. Resumidamente, 105 células
MLTC-1 foram plaqueadas em bandejas de 24 poços, utilizando-se 500µL de meio de cultura
RPMI (Gibco®) suplementado com 10% SFB.Ao alcançarem 80% de confluência, estas culturas
foram lavadas 2X com PBSA e carenciadas de SFB por 2h, para, então, serem tratadas por mais
2h com diversas diluições de meios de cultura condicionados contendo doses crescentes de
reCGβα e de eCG comercial (Folligon – Intervet®). Após os tratamentos, estes meios de cultura
condicionados pelas células MLTC-1 foram coletados e estocados a -20° C até serem
encaminhados para dosagem de progesterona. A atividade biológica in vitro foi determinada pela
quantidade de progesterona contida nas amostras, a que foi mensurada pela técnica de
cromatografia de alta performance, realizada pela empresa Nanocore Biotecnologia S/A. Dois
experimentos independentes foram realizados para cada amostra.
3.18 Ensaio de atividade biológica in vivo
A atividade fisiológica da proteína eCGβα obtida das células 293T e CHO-DG44- foi
determinada através do aumento de peso dos ovários e úteros de ratas pré-púberes tratadas com
preparações contendo doses cresccentes de reCGβα, através do ensaio recomendado pela
Farmacopeia Britânica, descrito por Cole & Erway (Cole and Erway, 1941). Todos os
experimentos envolvendo animais, bem como métodos adotados para criação e formas de
manutenção e experimentação, seguiram as normas do Comitê de Ética em Experimentação
Animal (CEUA) do Instituto de Química da USP Ratas Sprague-Dawley de 25 dias de idade,
obtidas no Biotério de Experimentação Animal do Instituto de Química-Faculdade de Ciências
Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, foram organizadas em grupos de 5 a 10 animais
por caixa, recebendo água e ração at libitum e mantidas em períodos de 12h de luz e 12h de
escuridão, a 22 °C constantes. Cem animais foram divididos entre grupos controle negativo (que
receberam PBSA ou meio de cultura condicionado por células não-produtoras de reCGβα),
grupo controle positivo (que receberam Folligon®) e grupos experimentais, estes últimos
contendo as condições FCS (meios de cultura condicionados por células superprodutoras de
reCGβα contendo 10% FCS) ou SFM (meios de cultura condicionados por células
superprodutoras de reCGβα na ausência de FCS). Cada grupo experimental, bem como o
controle positivo, compreende cinco pontos (2,5UIs; 5,0UIS; 10UIs; 20UIs e 40UIs). O N
experimental praticado foi de cinco animais por grupo.
Cada animal recebeu uma única dose de 200uL, via injeção subcutânea, de uma
preparação filtrada, através de filtros com poros de 0,22µm, contendo algum dos tratamentos
descritos acima. Três dias após a injeção, os animais foram eutanasiados, utilizando-se câmara
de CO2, e os ovários e úteros de cada animal foram removidos, dissecados e pesados. O aumento
no peso destes órgãos, comparativamente aos controles negativos, corresponde à resposta
biológica do animal ao estímulo com eCG. A resposta final para cada dose foi obtida através da
média aritmética do peso dos órgãos (ovários ou úteros) dos cinco animais de cada ponto. A
comparação da resposta entre as doses do controle positivo (Folligon®) e do reCGβα nos
permitiu traçar um paralelo entre as potências do primeiro e do último.
3.19 Purificação de reCGββββαααα por HPLC
Devido à sua natureza altamente glicosilada e ao seu PI baixo, duas estratégias foram
utilizadas para a purificação do reCGβα contido nos meios de cultura condicionados de células
superprodutoras, a saber: a) utilizando-se uma coluna cromatográfica na qual a fase estacionária
possui a leptina de feijão Concanavalina A aderida (HiTrapTM ConA 4B, GE Healthcare) de 1
mL; b) uma coluna de troca iônica contendo o forte trocador aniônico amônia quartenária
(HiTrapTM Capto Q, GE Healthcare) de 1 mL.
O sistema Äkta Purifier UPC-100 (GE Healthcare), de cromatografia líquida de alta
performance (HPLC, High Performance Liquid Chromatography), associado a cada uma das
colunas de cada vez, foi utilizado na otimização da purificação de reCGβα, em procedimentos
independentes. O fluxo constante de 2 mL/min foi utilizado durante todo o processo, para ambas
as colunas.
Para as purificações realizadas com a coluna HiTrapTM ConA 4B, equilibrou-se a coluna
com 3VC do tampão A (500 mM NaCl, 20 mM tris-HCl, 1mM MgCl2, 1mM CaCl2, pH 7,4). Em
seguida, 50 mL de meio condicionado contendo reCGβα obtido através do processo de
fermentação, ou meio de cultura condicionado controle negativo, foram independentemente
diluídos 2X em tampão de diluição (890mM NaCl, 40mM Tris-HCl, 2mM MgCl2, 0,2mM
CaCl2, pH 7,4), filtrados através de filtros com poros de 0,45µm e aplicados à coluna, seguido de
lavagem da coluna (2 VC) com o tampão A. Para a eluição, um gradiente linear de concentração
de metil-α-D-glucopiranosídeo (Sigma-Aldrich®) foi aplicado, iniciando-se em 20 mM e
finalizando-se em 300 mM (diluído em tampão A), em um intervalo de 8 VC. As frações de
permeado e lavado foram coletadas, bem como as frações dos eluatos, e mantidas a 4 ºC para
futuras análises.
Para as purificações realizadas com a coluna HiTrapTM Mono Q, equilibrou-se a coluna
com 3VC do tampão A (10 mM NaCl, 100 mM Acetato de Sódio, pH 4,5). Em seguida, 20 mL
de meio condicionado contendo reCGβα ou meio condicionado controle negativo foram
independentemente diluídos 10X em tampão A, filtrados em em filtros de 0,45µm e aplicados à
coluna, seguido de lavagem da coluna (2 VC) com o tampão A. Para a eluição, gradientes
isocráticos de tampão B (1M NaCl, 100mM Acetato de Sódio, pH 4,5) foram aplicados: 0-11mM
NaCl; 11-19mM NaCl; 19-40mM NaCl e finalizado em 1M NaCl, em um intervalo de 12 VC.
As frações de permeado e lavado foram coletadas, bem como as frações dos eluatos, tiveram o
pH ajustado para 7,4 com uso de solução NaOH 100mM e foram mantidas a 4 ºC para futuras
análises.
Para os dois tipos de cromatografia realizadas, as frações, permeado, lavagens e eluatos
foram diluídos e submetidos à detecção de reCGβα por ELISA (PMSG ELISA Kit, ALPCO),
seguindo-se o protocolo do fabricante. As frações ativas foram concentradas, utilizando-se filtros
com corte de 10kDa (CentriconTM – Millipore®) e utilizadas para análises em geis de
poliacrilamida, utilizando-se o corante Coomassie Brilliant Blue e também análises de Western
blot.
3.20 Western Blot
As células superprodutoras de reCGβα foram mantidas em cultura aderente e submetidas
ao processo de fermentação descrito no item 3.10. Os meios condicionados obtidos foram ou
purificados como descrito no item anterior ou concentrados 10X utilizando-se filtros Centricon
com corte de 10kDa (Millipore®). Às amostras foi adicionado tampão de amostras redutor para
proteínas de Laemmli (Laemmli, 1970) (50mM Tris-Cl pH 6,8; 2,0 % SDS; 10 % glicerol; 0,1 %
azul de bromofenol; 700 mM β-mercaptoetanol), estas foram então fervidas por 7 min a 95 ºC e
transferidas imediatamente para o gelo. Estas amostras foram então aplicadas em minigeis de
poliacrilamida (SDS-PAGE) a 12% submergidos em tampão de corrida (0,3% de Tris; 1,44% de
glicina; 0,1% de SDS (Sigma-Aldrich Co.) e fracionados por eletroforese a corrente elétrica de
100 V, 100 W e 350 mA por aproximadamente 4h, utilizando o sistema MiniProtean III
electrophoresis system (BioRad®). O marcador de massa molecular BenchMarkTM Pre-Stained
Protein Ladder (Thermo Fisher Scientific Inc., Waltham, EUA) foi usado como referência na
determinação do tamanho das bandas encontradas. As proteínas foram então transferidas para
membranas de nitrocelulose Hybond ECL Nitrocellulose (HybondTM-C Extra, GE Healthcare®)
usando o Mini-Trans-Blot Electrophoretic Transfer Cell (BioRad®) por eletroblotting, aplicando-
se uma corrente elétrica 100 V, 100 W e 350 mA por 1,5h em cubas contendo tampão de
transferência (0,3% de Tris; 1,44% de glicina; 0,1% de SDS e 20% metanol). Todas as
incubações e lavagens a seguir foram feitas sob agitação. As membranas foram bloqueadas com
solução 7,5% leite desnatado em TBS 0,1% Tween® 20 (Sigma-Aldrich Co.) por 16h a
temperatura ambiente. Em seguida, as membranas foram lavadas 5X por 5min com solução TBS
0,1% e a seguir incubadas por 4h a temperatura ambiente com anticorpo primário policlonal de
coelho anti-eCG (gentilmente cedido pelo Professor Yves Combarnous, do Departamento de
Fisiologia da Reprodução e do Comportamento, INRA UMR, Nousille, França), diluído
1:20.000 na mesma solução de bloqueio. Em seguida, foram novamente lavadas 5X por 5 min
com solução TBS 0,1% e, a seguir, incubadas por 4h a temperatura ambiente com o anticorpo
secundário anti-IgG de coelho 1:1.000 (Vector Laboratories, Inc., Burlingame, EUA) também
diluído na mesma solução de bloqueio. As membranas foram novamente lavadas 5X por 5 min
com solução TBS 0,1%, seguido de uma lavagem de 5 min somente com TBS. Em seguida,
aplicou-se o reagente Immobilon Western Chemiluminescent HRP Substrate (EMD Millipore
Corporation, Billerica, EUA). Para que fossem reveladas por quimiluminescência, as membranas
foram expostas a filmes Amersham Hyperfilm ECL Films (GE Healthcare) usados para
autoradiografia por intervalos de tempo que variaram de 1 a 10 minutos. Para todos os
experimentos de Western blot, Folligon® foi utilizado como controle positivo, ao passo que o
meio condicionado por células 293T ou CHO-DG44 que não expressam eCGβα foi utilizado
como controle negativo.
3.21 Análise de glicosilação de reCGββββαααα e comparação com os padrões comerciais
purificados de eCG Folligon e NISRC-WHO
Para traçar um paralelo entre a atividade biológica observada pela reCGβα produzida
tanto pelas células 293T quanto pelas células CHO-DG44 e as modificações pós-traducionais
adicionadas por cada tipo celular à esta proteína, procedeu-se à análise comparativa do perfil de
glicosilação de preparações parcialmente purificadas de reCGβα e de eCG purificado comercial
Folligon® (intervet®) e padrão internacional de eCG (NIBSC/WHO).
As frações enriquecidas para reCGβα obtidas no item 3.18 foram concentradas em torno
de 100X utilizando-se o dispositivo Centricon com corte de 10kDa (Millipore®) e aplicadas em
geis de SDS-PAGE, conforme descrito no item 3.19. Amostras de 20UIs de Folligon e 20UIs do
padrão internacional de eCG também foram aplicados em geis de SDS-PAGE de modo a realizar
a comparação proposta. Os geis contendo as amostras a serem analisadas foram todos realizados
em paralelo (dois geis idênticos por conjunto de amostras), sendo que um gel de cada par foi
destinado à Western blot (item 3.19) e o outro gel de cada par foi destinado à coloração por
Comassie Blue (1,25g de Coomassie R-250 Brilliant Blue diluído em 250mL de metanol, 50mL
de ácido acético glacial e 200mL de água destilada) por 16h. Estes geis foram lavados e
descorados, sob agitação, por 3X de 2h com solução de contendo 7,5% ácido acético e 15%
metanol em água destilada. Após a descoloração, as bandas presentes na faixa de tamanho do
eCG que apresentaram correspondência no Western blot, realizado paralelamente, foram
excisadas do gel, cortadas individualmente com um bisturi, secadas por 8h em centrífuga à vácuo
a 30 °C (SpeedVac) e enviadas ao laboratório do Professor Michael Butler, da University of
Manitoba, onde foram processadas através de um protocolo adaptado de Royle et al, 2006.
Resumidamente, este protocolo consiste na liberação dos glicanos do SDS-PAGE com
uma digestão in gel realizada com PNGaseF e marcação destes com 2-aminobenzeno (Glyko
Signal 2-AB labeling kit, Prozyme®). Estas amostras de glicanos marcados foram então
aplicadas em uma coluna de amida (Waters X-Bridge 3.5um amide column of 4.6 X 250mm),
acoplada à uma bomba (Waters Binary pump 1525u) e submetidas à cromatografia de fase
normal utilizando-se o sistema Waters 2475, sendo detectadas através de um detector de
fluorescência (Waters multi wavelength fluorescent detector, excitação a 330nm e emissão a
420nm). Todas as amostras marcadas a serem analizadas, bem como o padrão de unidades de
glicose (2-AB glucose ladder - Prozyme®) e o branco (Água Ultrafiltrada, Milli-Q – Millipore®)
foram diluídos 5X em Acetonitrila antes da aplicação na coluna de amida. O programa utilizado
encontra-se sumarizado na tabela abaixo:
Tempo (minutos) Fluxo (mL/min) Tampão A Tampão B
0 0,86 20 80
48 0,86 50 50
49 0,86 100 0
53 0,86 100 0
55 0,86 20 80
63 0,86 20 80
64 0 20 80
Tabela 3.3 – Programa de NP-HPLC utilizado para analisar glicanos de eCGββββαααα recombinante e eCG
comercial. Tampão A: Formato de Amônio 50mM, pH 4.4. Tampão B: Acetonitrila. Volume da coluna: 1mL.
O cálculo de unidades de glicose (GU) correspondentes a cada pico obtido foi realizado
comparando-se o tempo de retenção destes contra a curva do padrão de glicose (nove pontos),
em uma distribuição de quinta ordem polinomial. Desta forma, foi possível determinar GUs para
cada tempo de retenção obtido correspondente a cada pico de cada amostra.
Alíquotas do pool de glicanos obtidos para cada amostra foram secos por centrifugação à
vácuo e ressuspendidos em 2µL do tampão 5X de glicosidases (Prozyme®), adicionados de 1µL
de um array de glicosidases e água q.s.p. 10µL. A seguinte combinação de glicosidases, em uma
incubação a 37 °C por 16h, foi utilizada para digerir as amostras de glicanos até suas estruturas
basais:
1) Sialidase (Glyko Sialidase A TM – A. Urefaciens – Prozyme);
2) Sialidase + Fucosidase (Glyko β-FucosidaseTM – Bovine Testis – Prozyme);
3) Sialidase + Fucosidase + Galactosidase (Glyko β-GalactosidaseTM – Bovine Testis –
Prozyme) e
4) Sialidase + Fucosidase + Galactosidase + Hexosaminidase (Glyko HexosaminidaseTM
– Jack Bean – Prozyme).
Após a digestão, estas amostras foram purificadas em cartucho de purificação de glicanos
(Glyko clean S - Prozyme) e submetidas novamente à HPLC, nas mesmas condições descritas
acima.
Comparações entre estruturas putativas de glicanos presentes em eCG descritas na
literatura, estruturas pré-caracterizadas disponíveis em um banco on line (Glycobase 3.2) e as
GUs obtidas por HPLC permitiram uma análise quantitativa e qualitativa dos glicanos liberados
pelas sucessivas digestões realizadas.
4. RESULTADOS
4.1 Construção de gene de fusão eCGββββαTrês estapas de PCR mutagênicos foram
necessárias para alcançar a contrução final eCGβα. A primeira etapa de reações de PCR
mutagênicas, representadas na figura 4.1A, consistiu na clonagem da sequência de eCGβ sem o
stop codon e na clonagem da sequência de eCGα sem a sequência do peptídeo sinal, gerando
produtos de 510pb e 288pb, respectivamente. Na segunda etapa, representada na figura 4.1B,
adicionou-se o sítio para a enzima NotI na extremidade 3’ da sequência codificadora de eCGα,
gerando um produto de 298pb (figura 4.1B, banda a), enquanto que em uma reação, realizada em
paralelo, adicionou-se o sítio da enzima de restrição EcoRI e o fragmento de Kozac na
extremidade 5’ da sequência codificadora de eCGβ em uma reação de PCR, gerando um produto
de 524pb (figura 4.1B, banda b). O terceiro e último passo, representado na figura 4.1B e C,
consistiu na adição de um fragmento da contrasubunidade a cada sequência codificadora mutada,
de modo que estas pudessem ser unidas por complementariedade destes fragmentos, em um PCR
final. A adição do fragmento 3’ da cadeia β à extremidade 5’ da cadeia α gerou um fragmento de
317pb (figura 4.1B, banda c), enquanto que a adição do fragmento 5’da cadeia α à extremidade
3’da cadeia β gerou um fragmento de 536pb (figura 4.1B, banda d). O produto final,
correspondente ao gene fusionado eCGβα, de tamanho 822pb, foi sequenciado e sub-clonado no
vetor pNUØ de expressão em células de mamífero, como mostra a figura 4.1D.
Figura 4.1: Construção do cDNA fusionado eCGβα. (A) Amplificação da sequência codificadora de
eCGα sem o peptídeo sinal (α: 288 pb) e da sequência codificadora de eCGβ sem o stop codon (β: 510 pb).
(B) Construções intermediárias obtidas. (a) e (b): produtos do primeiro round de PCRs mutagênicos. (c) e
(d): produtos do segundo round de PCRs mutagênicos. (C) Diagrama esquemático representando os passos
de Engenharia Genética realizados para a obtenção do inserto final eCGβα. (1): representação da figura
(1A); (2): representação da figura (1B, a e b); (3): representação da figura (1B, c e d); (4): representação do
produto final eCGβα. (D) Digestão do plasmídeo pNUØ-eCGβα com as enzimas de restrição EcoRI e NotI,
onde é possível visualizar o vetor pNUØ (7.6 Kbp) e o inserto (822 pb), presente em clones bacterianos
distintos. SP: Peptídeo sinal. TAA: stop codon. EcoRI e NotI: sítio para as enzimas de restição EcoRI
eNotI.
Um esquema representando os quatro passos de PCRs mutagênicos para obter o produto
final eCGβα encontra-se na figura 4.1C, onde os itens 1, 2, 3 e 4 referem-se aos passos 1, 2, 3 e
final de PCRs mutagênicos, descritos no item 3.4, da metodologia. Estes passos de PCR
mutagênicos podem ser analisados nas imagens A, B e D da figura 4, onde os fracionamentos de
- 800
D
eCGβα
pNUØ
pb
C
α β
eCG
500 - 400 -
300 - 250 -
bp
A
500 - 400 - 300 -
pb
B
a b c d
eCGβ SP eCGα TAAA
eCGβ SP EcoRI NotI eCGα TAA
eCGβ SP EcoRI
NotI eCGα TAAA eCGα eCGβ
eCGβ SP EcoRI NotI
eCGα TAA
1 -
2 -
3 -
4 -
geis de agarose permitem confirmar o tamanho de cada amplicon gerado nos passos
intermediários e no passo final, como foi detalhado no parágrafo acima.
Os cromatogramas gerados foram compilados e transformados em contigs utilizando-se a
ferramenta Phrap, tendo, em seguida, a qualidade analisada com o programa Phred. A sequência
codificadora completa referente ao gene de fusão eCGβα encontra-se abaixo, detalhando-se na
legenda os fragmentos pertencentes a cada cDNA, bem como os sítios para enzimas de restrição
e a sequência consenso de Kozac:
>Contig eCGβα CGGAATTCGCCACCATGGAGACGCTCCAGGGGCTGCTGCTGTGGATGCTGCTGAGTGTTGGCGGGGTCTGGGCATCCAGGGGGCCA
CTGCGGCCACTGTGCCGGCCCATCAACGCCACTCTGGCTGCTGAGAAGGAGGCCTGCCCCATCTGCATCACCTTCACCACCAGCAT
CTGTGCCGGCTACTGCCCCAGCATGGTGCGGGTGATGCCAGCTGCCCTGCCGGCCATTCCCCAGCCAGTGTGCACCTACCGTGAGC
TGCGCTTTGCTTCCATCCGGCTCCCCGGCTGCCCGCCTGGTGTGGACCCCATGGTCTCCTTCCCCGTGGCCCTCAGTTGTCACTGC
GGGCCCTGCCAGATCAAGACCACTGACTGCGGGGTTTTCAGAGACCAGCCCTTGGCCTGTGCCCCCCAGGCCTCCTCTTCCTCTAA
GGATCCCCCATCCCAACCTCTCACATCCACATCCACCCCAACTCCTGGGGCCAGCAGACGTTCCTCTCATCCCCTCCCAATAAAGA
CTTCTTTTCCTGATGGAGAGTTTACAACGCAGGATTGCCCAGAATGCAAGCTAAGGGAAAACAAGTACTTCTTCAAACTGGGCGTC
CCGATTTACCAGTGTAAGGGCTGCTGCTTCTCCAGAGCGTACCCCACTCCAGCAAGGTCCAGGAAGACAATGTTGGTCCCAAAGAA
CATCACCTCAGAATCCACATGCTGTGTGGCCAAAGCATTTATCAGGGTCACAGTGATGGGAAACATCAAGTTGGAGAACCACACCC
AGTGCTATTGCAGCACTTGCTATCACCACAAGATTTAAGCGGCCGCGC
Figura 4.2: Sequência contig (formato FASTA) obtida após submeter os cromatogramas do
sequenciamento de um dos clones bacterianos contendo a construção pNUØeCGβα ao sequenciamento
automatizado, utilizando-se o método de Sanger. Em verde: sítio para a enzima de restrição EcoRI; em fúccia
fragmento de kozac; em azul: cadeia β sem o stop codon; em amarelo: cadeia α sem o peptídeo sinal; em roxo:sítio
para a enzima de restrição NotI. Total da construção: 822pb.
O alinhamento desta sequência contra as sequências das subunidades independentes de
eCG obtidas na base de dados do NCBI através da ferramenta BLAST® segue abaixo, em
formato FASTA, com todas as informações obtidas deste pareamento resumidas no cabeçalho,
podendo-se verificar a ocorrência de 100% de identidade entre a sequência eCGβα clonada e as
sequências codificadoras de eCGα e eCGβ:
NM_001099763.1| Equus caballus gonadotropin alpha 1subunit (CG), mRNA Length: 387 Score: 532 bits (288), Expect: 5e-148 Identities: 288/288 (100%), Gaps: 0/288 (0%)
Query 1 CCTGATGGAGAGTTTACAACGCAGGATTGCCCAGAATGCAAGCTAAGGGAAAACAAGTAC 60
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Sbjct 85 CCTGATGGAGAGTTTACAACGCAGGATTGCCCAGAATGCAAGCTAAGGGAAAACAAGTAC 144
Query 61 TTCTTCAAACTGGGCGTCCCGATTTACCAGTGTAAGGGCTGCTGCTTCTCCAGAGCGTAC 120
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Sbjct 145 TTCTTCAAACTGGGCGTCCCGATTTACCAGTGTAAGGGCTGCTGCTTCTCCAGAGCGTAC 204
Query 121 CCCACTCCAGCAAGGTCCAGGAAGACAATGTTGGTCCCAAAGAACATCACCTCAGAATCC 180
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Sbjct 205 CCCACTCCAGCAAGGTCCAGGAAGACAATGTTGGTCCCAAAGAACATCACCTCAGAATCC 264
Query 181 ACATGCTGTGTGGCCAAAGCATTTATCAGGGTCACAGTGATGGGAAACATCAAGTTGGAG 240
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Sbjct 265 ACATGCTGTGTGGCCAAAGCATTTATCAGGGTCACAGTGATGGGAAACATCAAGTTGGAG 324
Query 241 AACCACACCCAGTGCTATTGCAGCACTTGCTATCACCACAAGATTTAA 288
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Sbjct 325 AACCACACCCAGTGCTATTGCAGCACTTGCTATCACCACAAGATTTAA 372
XM_001490342.2| PREDICTED: Equus caballus luteinizing hormone beta polypeptide (LHB),
mRNA. Length=520
Score = 939 bits (508), Expect = 0.0
Identities = 508/508 (100%), Gaps = 0/508 (0%)
Query 15 ATGGAGACGCTCCAGGGGCTGCTGCTGTGGATGCTGCTGAGTGTTGGCGGGGTCTGGGCA
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Sbjct 1 ATGGAGACGCTCCAGGGGCTGCTGCTGTGGATGCTGCTGAGTGTTGGCGGGGTCTGGGCA
Query 75 TCCAGGGGGCCACTGCGGCCACTGTGCCGGCCCATCAACGCCACTCTGGCTGCTGAGAAG
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Sbjct 61 TCCAGGGGGCCACTGCGGCCACTGTGCCGGCCCATCAACGCCACTCTGGCTGCTGAGAAG
Query 135 GAGGCCTGCCCCATCTGCATCACCTTCACCACCAGCATCTGTGCCGGCTACTGCCCCAGC
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Sbjct 121 GAGGCCTGCCCCATCTGCATCACCTTCACCACCAGCATCTGTGCCGGCTACTGCCCCAGC
Query 195 ATGGTGCGGGTGATGCCAGCTGCCCTGCCGGCCATTCCCCAGCCAGTGTGCACCTACCGT
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Sbjct 181 ATGGTGCGGGTGATGCCAGCTGCCCTGCCGGCCATTCCCCAGCCAGTGTGCACCTACCGT
Query 255 GAGCTGCGCTTTGCTTCCATCCGGCTCCCCGGCTGCCCGCCTGGTGTGGACCCCATGGTC
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Sbjct 241 GAGCTGCGCTTTGCTTCCATCCGGCTCCCCGGCTGCCCGCCTGGTGTGGACCCCATGGTC
Query 315 TCCTTCCCCGTGGCCCTCAGTTGTCACTGCGGGCCCTGCCAGATCAAGACCACTGACTGC
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Sbjct 301 TCCTTCCCCGTGGCCCTCAGTTGTCACTGCGGGCCCTGCCAGATCAAGACCACTGACTGC
Query 375 GGGGTTTTCAGAGACCAGCCCTTGGCCTGTGCCCCCCAGGCCTCCTCTTCCTCTAAGGAT
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Sbjct 361 GGGGTTTTCAGAGACCAGCCCTTGGCCTGTGCCCCCCAGGCCTCCTCTTCCTCTAAGGAT
Query 435 CCCCCATCCCAACCTCTCACATCCACATCCACCCCAACTCCTGGGGCCAGCAGACGTTCC
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Sbjct 421 CCCCCATCCCAACCTCTCACATCCACATCCACCCCAACTCCTGGGGCCAGCAGACGTTCC
Query 495 TCTCATCCCCTCCCAATAAAGACTTCTT 522
||||||||||||||||||||||||||||
Sbjct 481 TCTCATCCCCTCCCAATAAAGACTTCTT 508
4.2 Cotransfecção de células 293T e CHO-DG44 com a construção pNUØeCGββββαααα
juntamente com o vetor de seleção pX343 e seleção de células resistentes à
higromicina Uma vez que um clone bacteriano contendo a construção
pNUØeCGβα correta foi identificado, pôde-se realizar preparações plasmideais desta construção
para a transfecção de células 293T e CHO-DG44, visando à produção da proteína eCGβα.
Optou-se pela estratégia de cotransfecção para seleção de clones e populações celulares
expressando maior quantidade de eCGβα, como descrito no item 3.11, onde uma parte (8µg) da
construção pNUØeCGβα foi cotransfectada com massa 40 vezes menor do vetor plasmidial
pX343 (200ng), que confere resistência ao antibiótico higromicina B. Dessa forma, as células
selecionadas por serem resistentes à higromicina, devido à presença de pelo menos uma cópia do
vetor pX343, teriam probabilidade de conter uma quantidade muito maior da construção de
interesse e, consequentemente, uma alta expressão da proteína eCGβα.
Após a transfecção, procedeu-se com a diluição da população celular 293T e o tratamento
com 200µg/mL de higromicina B, por duas semanas, quando houve uma diminuição acentuada
do número de células viáveis, até que somente umas poucas número células permaneceram
vivas. Estas células vivas proliferaram e formaram pequenas colônias isoladas, o que possibilitou
o isolamento, nas diluições celulares 1:50 e 1:100, de 12 clones celulares de células 293T, que
foram expandidos individualmente em garrafas T25 e congelados a -80 °C de modo a formar
uma banco de células-mãe.
A população de células CHO-DG44 resistentes à higromicina não foi diluída, tendo sido
tratada primeiramente com este antibiótico para, num segundo momento, iniciar-se o processo de
amplificação gênica desta subpopulação através do tratamento com doses crescentes do
quimioterápico metotrexato (MTX) adicionado ao meio de cultura ausente de nucleosídeos,
como descrito no item 3.13. O tratamento desta população celular transfectante seguiu por
aproximadamente seis meses, com a morte de muitas células em cada etapa do tratamento,
células estas que devem ter menor resistência ao quimioterápico provavelmente devido a uma
menor quantidade de moléculas da enzima dihidrofolato redutase (DHFR), cuja sequência
codificadora encontra-se no plasmídeo pNUØeCGβα. Assim, a cada etapa de seleção, exercia-se
uma pressão seletiva nas células de modo a aumentar o número de cópias do plasmídeo de
interesse, permitindo, assim, a sobrevivência e proliferação da cultura celular. Cada vez que a
cultura atingia 90% de confluência, aumentava-se a concentração de MTX adicionado ao meio
de cultivo. Cada fase do tratamento durou de duas a três semanas, sendo que, após
aproximadamente seis meses, uma população resistente a 2,5µM de MTX foi obtida, expandida e
congelada em Nitrogênio líquido. A partir deste momento, foram realizadas fermentações desta
população para expansão das mesmas e realização de ensaios de atividade biológica.
4.3 ELISA para detectar a expressão de eCGββββαααα em meios condicionados pelos
clones de 293T e populações celulares de CHO-DG44 superexpressando estas
duas subunidades de reCGOs níveis de reCGrβα expressos por cada clone
celular de 293T e pela população celular de CHO-DG44 obtidos, foram determinados através de
um ELISA específico (PMSG ELISA – ALPCO Diagnostics), como descrito no item 3.14. Esta
proteína recombinante possui peptídeo sinal, portanto, é esperado que seja secretada para o meio
de cultura das células que a produzem.
Desta forma, 106 células de cada um dos clones de 293T, na passagem sete após seu
isolamento, foram plaqueadas, e os meios de cultura condicionados durante 48h foram coletados
e utilizados para dosagem de -reCGβα. Para isso, diluições seriadas foram realizadas (1:5; 1:10;
1:25; 1:50 e 1:100) e as amostras foram dosadas utilizando-se o kit PMSG ELISA (ALPCO
Diagnostics). Para estes clones, os valores de reCGβα expressos no meio de cultura variaram
entre 3,5 e 12UIs/mL (dado não mostrado). A partir deste resultado, selecionamos três dos clones
que apresentavam maior expressão de reCGβα para realizar uma cinética de expressão desta
proteína ao longo do tempo.
As populações de células CHO-DG44 foram ensaiadas ao longo do processo de
amplificação gênica por MTX (descrito no item 3.13), sendo plaqueadas as populações
resistentes à 100ng, 250ng, 1µM e 2.5µM, nas condições mencionadas no item 3.14, e os meios
de cultura condicionados por estas populações celulares foram diluídos e submetidos à dosagem
pelo PMSG ELISA (ALPCO Diagnostics). O aumento da expressão de reCGβα no meio de
cultura ao longo do tratamento com doses crescentes de MTX pode ser observado na figura 4.2,
abaixo:
CHO pop 1
00nM
CHO pop 2
50nM
CHO pop 5
00nM
CHO pop 1
uM
CHO pop 2
.5uM
0
10
20
30
40
50
***
***
Populações CHODG44 expressando r-eCGba tratadas com MTX
r-eC
Gb
a (U
Is/m
L)
Figura 4.2: Expressão de reCGreCGreCGββββαααα por populações de células CHO-DG44 transfectadas com o plasmídeo pNUØ-eCGββββαααα ao longo do processo de amplificação gênica deste plasmídeo pelo tratamento com doses crescentes do quimioterápico MTX. Abscissa: Populações de células CHO-DG44 superexpressando
reCGβα as quais são resistentes a doses crescentes de MTX; Ordenada: concentração de reCGβα (UIs/mL) presente no meio de cultura condicionado durante 48h por cada população celular. Pode-se verificar um aumento
significativo no nível de expressão de reCGβα a partir de 1µM de MTX. (P<0.001). Número de replicatas experimentais: 4.
Neste gráfico, é possível verificar que a expressão de reCGβα mantem-se em níveis
similares àqueles observados para alguns clones celulares de 293T até o tratamento com 500nM
de MTX, aumentando dramaticamente para 23,1UIs e 41,3UIs de reCGβα sendo expressos nas
populações de células CHO-DG44 transfectantes submetidas ao crescimento na presença de 1µM
e 2.5µM de MTX, respectivamente. Os dados foram analizados por One-Way ANOVA
(GraphPad Prism), seguido de teste pós-Hoc Tukey, verificando-se significância estatística no
aumento da expressão de reCG pelas populações 1µM e 2,5µM MTX, em relação à população
100nM (r2= 0,9875). A partir deste momento, estas duas últimas populações foram selecionadas
para realizar uma dinâmica comparativa da expressão de reCGβα ao longo do tempo (48 e 72h).
Para isso, plaqueamentos foram realizados da mesma maneira descrita acima, e os meios de
cultura condicionados foram coletados após 48 e 72h e ensaiados quanto à concentração de
reCGβα pelo kit PMSG-ELISa (ALPCO Diagnostics). A dinâmica de expressão de reCGβα
pode ser verificada na figura 4.3:
CHO 1uM 48
h
CHO 1uM 72
h
CHO 2.5u
M 48h
CHO 2.5u
M 72h
0
20
40
60
Curva de expressão de r-eCG produzido por populações de células CHO na presença de MTX
r-eC
Gb
a (U
Is/m
L)
Figura 4.3: Dinâmica de expressão de reCGββββαααα pelas populações de células resistentes às doses de 1µµµµM e 2,5µµµµM do quimioterápico MTX. Abscissa: Populações de células CHO-DG44 resistentes à 1µM e 2.5µM de MTX, em dois momentos distintos de condicionamento do meio de cultura: 48 e 72h; Ordenada: concentração de
reCGβα (UIs/mL) presente no meio de cultura condicionado durante 48h por cada população. Não é possível
verificar diferenças estatisticamente significantivas no nível de expressão de reCGβα entre as duas populações. Número de replicatas experimentais: 2.
Neste gráfico, pode-se verificar que a expressão de reCGβα mostrou-se similar entre as
populações de células CHO-DG44 transfectantes resistentes à 1µM e 2.5µM de MTX, não sendo
possível observar aumento na expressão entre 48h e 72h, para ambas as células. Os dados foram
analizados por Two-Way ANOVA (GraphPad Prism), seguido de teste pós-Hoc Bonferroni, os
quais mostraram que não há significância estatística entre os dados. A partir deste momento,
selecionamos a população de células CHO-DG44 resistente a 2,5µM para experimentos futuros.
4.4 Cinética de expressão de reCGββββαααα expresso na presença ou na ausência de
soro fetal bovino.O experimento acima nos permitiu selecionar três clones
celulares de 293T que mais expressavam reCGβα (em torno de 10UIs) na passagem 7.
Decidimos avaliar tanto a estabilidade da expressão de reCGβα após 10 passagens quanto o nível
da expressão desta proteína quando as células superprodutoras foram cultivadas tanto na
presença (condição FBS) quanto na ausência de soro fetal bovino (condição serum free media –
SFM). Para tanto, os clones celulares de 293T foram cultivados como descrito no item 3.9 por 10
passagens adicionais, quando foram plaqueados conforme os itens 3.14 e 3.15 e submetidos a
ELISA para determinar o nível de expressão de reCGβα ao longo do tempo. A curva de
expressão de reCGβα dos três clones na presença de SFB pode ser vizualizada na figura 4.4
abaixo:
293T Clone 1
24h
48h
72h
24h
48h
72h
0
5
10
15
20
25FBS
SFM
**
*
A
Curva de expressão (horas)
r-eC
Gb
a (U
I/m
L)
293T Clone 3
24h
48h
72h
24h
48h
0
5
10
15FBS
SFM
***
B
Curva de expressão (horas)
r-eC
Gb
a (U
I/m
L)
293T Clone 5
24h
48h
72h
24h
48h
0
5
10
15
20FBS
SFM
***
*
C
Curva de expressão (horas)
r-eC
Gb
a (U
I/m
L)
Figura 4.4: Cinética de expressão de reCGββββαααα pelos clones superprodutores de células 293T, ao longo de três dias, na presença ou ausência de soro fetal bovino. Abscissa: Pontos (24h, 48h ou 72h) de determinação da
concentração de reCGβα presente no meio condicionado, com ou sem soro fetal bovino (FBS). Ordenada:
concentração de reCGβα (UIs/mL) presente no meio de cultura condicionado 48h por cada população. FBS: meio de cultura condicionado na presença de SFB. SFM: meio de cultura condicionado em ausência de FBS (serum free
media). Resultados referentes aos clones celulares denominados 1 (painel A), 3 (painel B) e 5 (painel C) obtidos de células 293T transfectantes. Podemos verificar significância estatística entre as duas condições (FBS e SFM) de cultivo de um mesmo clone celular na maioria dos pontos (horas). *: p<0,05. **: p<0,01. ***: p<0,001. Número de replicatas biológicas: 2. Número de replicatas experimentais: 2.
Nesta figura, podemos verificar que a expressão de reCGβα pelos clones 293T
selecionados mostrou-se crescente ao longo dos três pontos (24, 48 e 72h) escolhidos para o
ensaio, o que se mostrou verdadeiro para ambas as condições (FBS, representado por barras
pretas e SFM, barras brancas) aplicadas para todos os clones (1, 3 e 5), com exceção dos pontos
72h dos clones 3 e 5 (painéis 4.4 B e C) devido ao fato da concentração destes estar acima do
ponto mais diluído da curva de ELISA, não permitindo, portanto, determinar a expressão de
reCGβα nestas duas condições. Comparando o nível de expressão da proteína de interesse entre
as condições FBS e SFM, é possível afirmar que a condição SFM apresentou maior expressão de
reCGβα passível de ser determninada por ELISA. Uma análise estatística dos dados, realizada
por Two-Way ANOVA (GraphPad Prism), seguido de teste pós-Hoc Bonferroni, mostrou
significância estatística (p<0,05) para este fenômeno nos pontos 24h de todos os clones (paineis
4.4 A, B e C) e também no ponto 48h do clone 1 (painel 4.4 A). Uma diferença com
significância mais estringente (p<0,01) entre as condições FBS e SFM foi observada no ponto
48h do clone 3 (painel 4.4 B), e a diferença maior (p<0,001) foi observada no ponto 48h do clone
5 (painel 4.4 C). Estes resultados nos permitem ainda afirmar que os níveis de expressão de
reCGβα para os três clones se mantiveram no mesmo nível de grandeza que observados
anteriormente, mesmoa após 10 passagens, o que denota estabilidade da expressão proteica do
produto recombinante. A partir deste momento, tomando como base os dados acima,
selecionamos o clone 293T 5 para prosseguir nas próximas etapas do trabalho por demonstrar
maior expressão de reCGβα na condição 48h SFM.
A população de CHO-DG44 superprodutora resistente à dose de 2.5µM de MTX foi
depletada do quimioterápico MTX e mantida na ausência deste, nas condições de cultivo
mencionadas anteriormente (item 3.14) por 10 passagens adicionais, quando foi submetida à
curva de expressão na presença (SFB) e ausência (SFM) de soro fetal bovino por 24, 48 e 72h,
nas mesmas condições descritas para os clones de 293T. Abaixo, na figura 4.5, podemos
verificar a concentração de reCGβα encontrada para cara condição:
24h
48h
72h
24h
48h
72h
0
10
20
30FBS
SFM
***
**
r-eC
Gb
a (U
Is/m
L)
Figura 4.5: Cinética de expressão de reCGββββαααα pela população CHO 2.5µµµµM após adaptação ao crescimento na ausência de MTX, ao longo de três dias, na presença ou ausência de soro fetal bovino. Abscissa: Pontos (24h,
48h ou 72h) de determinação da concentração de reCGβα presente no meio condicionado, com ou sem soro fetal
bovino (FBS). Ordenada: concentração de reCGβα (UIs/mL) presente no meio de cultura condicionado 48h por cada condição. FBS: meio de cultura condicionado na presença de SFB. SFM: meio de cultura condicionado em
ausência de FBS (serum free media). Resultados referentes à população CHO-DG44 resistente à dose de 2.5µM de MTX adaptada ao crescimento na ausência desta droga por 10 passagens. Podemos verificar significância estatística entre as duas condições (FBS e SFM) de cultivo de um mesmo clone celular em todos os pontos (horas). *: p<0,05. **: p<0,01. Número de replicatas biológicas: 1. Número de replicatas experimentais: 2.
Nesta figura, podemos verificar que a expressão de reCGβα pela população resistente a
2,5µM de MTX diminuiu após 10 passagens da remoção da pressão seletiva exercida pelo MTX.
Tomando o ponto 48 como parâmetro de comparação, esta diminuição foi na ordem de 2X (de
~40UIs/mL com MTX para ~20UIs sem MTX) quando as células foram cultivadas na condição
FBS, e na ordem de 4X (de ~40UIs com MTX para ~10UIs sem MTX) quando as células foram
cultivadas na condição SFM. No entanto, esta expressão é equiparável àquela dos clones
celulares 293T. Comparando o nível de expressão da proteína de interesse entre as condições
FBS e SFM, é possível afirmar que a condição FBS apresentou maior expressão de reCGβα
passível de ser determninada por ELISA. Uma análise estatística dos dados, realizada por Two-
Way ANOVA (GraphPad Prism), seguido de teste pós-Hoc Bonferroni, mostrou significância
estatística (p<0,05) para este fenômeno no ponto 24h e uma diferença com significância mais
estringente (p<0,01) entre as condições FBS e SFM foi observada nos pontos 48h e 72h desta
população.
A partir deste momento, ensaios de atividade biológica foram realizados para determinar
a atividade específica da proteína reCGβα produzida por ambas as células.
4.5 Ensaio de Atividade Biológica In Vitro de reCGββββααααForam realizados dois
ensaios independentes, em duplicata experimental, para determinar a atividade biológica in vitro
de reCGβα produzido pelas células superprodutoras. Para tal finalidade, utilizamos a linhagem
celular MLTC-1 (Mouse Leydig Tumoral Cell – ATCC-CRL2065) que superexpressa receptores
de gonadotrofinas (hCG e hFSH), em um protocolo adaptado de Legardinier et al. 2005 e
descrito no item 3.16. Utilizamos preparações contendo doses crescentes de reCGβα advindo de
células 293T ou CHO-DG44 cultivadas nas condições FBS ou SFM como condições
experimentais. Como controle negativo, utilizamos meio de cultura condicionado por células
CHO-DG44 ou 293T não produtoras de reCGβα, e como controle positivo utilizamos o eCG
comercial Folligon (Intervet). Esta célula responde ao tratamento com eCG produzindo e
secretando progesterona de maneira dose-dependente, e os meios de cultura condicionados por
estas após os tratamentos foram encaminhados para dosagem de progesterona, realizado pela
técnica de HPLC pela empresa Nanocore Biotecnologia S/A. A atividade biológica in vitro
obtida para cada condição ensaiada pode ser verificada na figura 4.6 abaixo:
FBS
Controle
Neg
ativ
o
0.25
UI
0.5
UI
1.0
UI
2.0
UI
4.0
UI
Controle
Neg
ativ
o
0.25
UI
0.5
UI
1.0
UI
2.0
UI
4.0
UI
Controle
Neg
ativ
o
0.25
UI
0.5
UI
1.0
UI
2.0
UI
4.0
UI0
100
200
300
400
CHO FBS
293T FBS
Folligon
******
***
A
Tratamentos (doses de eCG)
Pro
ges
tero
na
(ng
/mL
)
SFM
Controle
Neg
ativ
o
0.25
UI
0.5
UI
1.0
UI
2.0
UI
4.0
UI
Controle
Neg
ativ
o
0.25
UI
0.5
UI
1.0
UI
2.0
UI
4.0
UI
Controle
Neg
ativ
o
0.25
UI
0.5
UI
1.0
UI
2.0
UI
4.0
UI0
50
100
150
200
250
CHO SFM
293T SFM
Folligon
****** ***
***B
Tratamentos (doses de eCG)
Pro
ges
tero
na
(ng
/mL
)
Figura 4.6: Ensaio de Atividade Biológica In Vitro de eCG Resposta de progesterona secretada pelas células
MLTC-1 após tratamento com doses crescentes de Folligon ou reCGβα produzido na presença (A) ou ausência de soro fetal bovino (B). Abscissa: Tratamentos realizados, que consistiram em doses crescentes (0,25UI; 0,5UI; 1UI;
2UI e 4UI) de reCGβα ou Folligon. Ordenada: concentração de Progesterona (ng/mL) secretada no meio de cultura
condicionado pelas células MLTC-1. Resultados obtidos de reCGβα produzido a partir de 106 células, cultivadas nas condições FBS ou SFM por 48h. Podemos verificar significância estatística (***: p<0,001) quando comparamos os resultados do tratamento com o controle negativo e dos tratamentos com as preparações hormonais de interesse, em todas as condições. Não houve diferenças estatisticamente relevantes entre os tratamentos realizados com
reCGβα FBS, reCGβα SFM e Folligon, para uma mesma dose. Número de replicatas biológicas: 2. Número de replicatas experimentais: 2.
O ensaio de atividade biológica in vitro foi realizado em duas condições principais:
reCGβα produzido por células 293T (em verde) ou CHO-DG44 (em azul) na presença de soro
fetal bovino (A) ou na ausência deste (B). Para ambos os gráficos, os resultados do controle
positivo Folligon (em cinza) foram adicionados como forma de comparação. O teste de variância
two-way ANOVA, com análise pós-Hoc Bonferroni foi empregado, sendo que a análise foi feita
no programa GraphPad Prism versão 5.0. Os resultados apresentados nesta figura evidenciam
não haver diferença na resposta a uma mesma dose de eCG advinda de diferentes preparações
(FBS ou SFM; CHO-DG44, 293T ou Folligon). Todos os pontos apresentaram diferença
estatística (p < 0,001) em relação ao controle negativo.
4.6 Ensaio de Atividade Biológica In Vivo de reCGββββααααForam realizados dois
ensaios independentes, em triplicata experimental, para determinar a atividade biológica in vivo
de reCGβα produzido pelas células superprodutoras. Cinco doses crescentes de reCGβα, bem
como do controle positivo Folligon (Intervet), foram injetadas, subcutaneamente, em ratas pré-
púberes com idades entre 23 e 25 dias, como descrito no item 3.17. Utilizamos como controle
negativo solução salina (PBSA) e também meio de cultura condicionado por células CHO-DG44
que não expressam βα. Como resultado, podemos observar nos gráficos abaixo (Figura 4.7) o
aumento no peso dos ovários (Figura 4.7 A) e dos úteros (Figura 4.7 B) dos animais tratados:
Ovários
PBSA
Mei
o CHO C
ontro
le N
egat
ivo
CHO SFM
2.5
UI
CHO SFM
5.0
UI
CHO SFM
10.
0UI
CHO SFM
20.
0UI
CHO SFM
40.
0UI
293T
SFM
2.5
UI
293T
SFM
5.0
UI
293T
SFM
10.
0UI
293T
SFM
20.
0UI
293T
SFM
40.
0UI
Folligon 2
.5UI
Folligo
n 5.0
UI
Folligon 1
0.0U
I
Folligo
n 20,
0UI
Follign 4
0,0U
I0
20
40
60
150
200
250
a
a
a
b
b
b
c
c
c
A
Grupos Experimentais (Curva)
pes
o (
mg
)
Útero
PBSA
Mei
o CHO C
ontrole
Neg
ativ
o
CHO SFM
2.5
UI
CHO SFM
5.0
UI
CHO SFM
10.
0UI
CHO SFM
20.
0UI
CHO SFM
40.
0UI
293T
SFM
2.5
UI
293T
SFM
5.0
UI
293T
SFM
10.
0UI
293T
SFM
20.
0UI
293T
SFM
40.
0UI
Folligon 2
.5UI
Folligon 5
.0UI
Folligon 1
0.0U
I
Folligon 2
0.0U
I
Follign 4
0.0U
I0
50
100
150
200
a
a,db
b,e
c
c,fd
ef
**
***
B
**
******
Grupos Experimentais (Curva)
pes
o (
mg
)
Figura 4.7: Ensaio de Atividade Biológica In Vivo. Resposta ovariana (A) e uterina (B) de ratas pré-púberes de 23
a 25 dias após tratamento com doses crescentes de Folligon ou reCGβα produzido na ausência de soro fetal bovino.
Abscissa: Tratamentos realizados, que consistiram em doses crescentes (2,5UI; 5UI; 10UI; 20UI e 40UI) de reCGβα
ou Folligon, bem como os controles negativos PBSA e CHO-DG44 não produtora de βα. Ordenada: peso (mg) dos
órgãos reprodutores dissecados no quarto dia após o tratamento. Resultados obtidos de reCGβα produzido no processo descrito em metodologia. A: Resposta dos ovários ao estímulo hormonal. Podemos verificar significância estatística (a: p<0,01; b e c: p<0,001) quando comparamos os resultados dos tratamentos com o eCG recombinante com os tratamentos com Folligon. Não houve diferenças estatisticamente relevantes entre os tratamentos realizados
com reCGβα e os grupos controle, apesar de haver uma tendência de resposta. B: Resposta dos úteros ao estímulo hormonal. Podemos verificar significância estatística (b: p<0,01 e c: p<0,001) quando comparamos os resultados dos tratamentos com o eCG recombinante produzido pela célula CHO-DG44 com aquele produzido pela célula
293T. Quando comparamos os resultados do reCGβα com os tratamentos realizados com Folligon, não encontramos diferenças estatísticas para as mesmas doses, com excessão da dose 10UI (a<0,05). Houve diferenças
estatisticamente relevantes entre os tratamentos realizados com reCGβα produzido pela célula 293T e por Folligon (d, e e f: p<0,001). Das condições de interesse, somente as doses de 20 e 40UIs apresentaram diferenças estatísticas dos grupos controle (**: p<0,01 e ***: P< 0,001). Folligon apresentou diferença estatística dos controles negativos nas doses 10UI, 20UI e 40UI (**: p<0,01 e ***: P< 0,001). Número de experimentos independentes: 2. Número de replicatas biológicas: 3.
O ensaio de atividade biológica in vivo foi realizado em duas condições principais:
reCGβα produzido por células 293T (em verde) ou CHO-DG44 (em azul) na ausência de soro
fetal bovino. Em cinza, encontram-se os resultados do controle positivo Folligon (Intervet), e em
branco os controles negativos (PBSA e meio de cultura condicionado por células CHO não
produtoras de reCGβα). Em (A) verificamos o aumento no peso dos ovários em resposta aos
tratamentos hormonais administrados, que consiste numa resposta direta dos animais ao
estímulo. O teste de variância One-way ANOVA, com análise pós-Hoc Tukey foi empregado,
evidenciando que neste órgão o tratamento com Folligon tornou os ovários significativamente
mais pesados do que aqueles tratados com reCGβα (a: p<0,01; b e c: p<0,001). Apesar de não
haver diferença estatística entre os tratamentos realizados com reCGβα e os grupos controle, o
hormônio produzido pelas células CHO-DG44 apresentou uma tendência de resposta, o que não
pode ser observado para a célula 293T. Em (B) verificou-se o aumento no peso dos úteros em
resposta aos tratamentos hormonais, sendo a resposta ao estímulo indireta neste órgão. O teste de
variância One-way ANOVA, com análise pós-Hoc Tukey foi novamente empregado,
evidenciando que neste órgão os tratamentos com o reCGβα produzido pelas células CHO
apresentou resultados significativamente melhores do que as mesmas doses do reCGβα
produzido pelas células 293T (b: p<0,01 e c: p<0,001) e semelhantes àqueles observados para
Folligon (d, e e f: p<0,001), com excessão da dose 10UI. Quando comparados aos controles
negativos, as três últimas doses de Folligon e as duas últimas doses de reCGβα apresentaram
aumentos de peso significativos (**: p<0,01 e ***: P< 0,001).
A Figura 4.8 apresenta as regressões lineares dos dados apresentados na figura anterior,
referentes às doses-respostas dos ovários (Figura 4.8 A) e dos úteros (Figura 4.8 B) dos animais
tratados:
Figura 4.8: Regressão linear referente aos dados obtidos do ensaio de Atividade Biológica In Vivo. Resposta ovariana (A) e uterina (B) de ratas pré-púberes de 23 a 25 dias após tratamento com doses crescentes de Folligon ou
reCGβα produzido na ausência de soro fetal bovino. Abscissa: Doses injetadas (2,5UI; 5UI; 10UI; 20UI e 40UI) de
Regressão Linear Ovários
0 10 20 30 40 500
50
100
150
200
250PBSA
Meio CHO Controle Negativo
CHO SFM
293T SFM
Folligon
Dose (UI/animal)
Pes
o (
mg
)
Regressão Linear Útero
0 10 20 30 40 500
50
100
150
200PBSA
Meio CHO Controle Negativo
CHO SFM
293T SFM
Folligon
Dose (UI/animal)
Pes
o (
mg
)A
B
reCGβα ou Folligon, ou controles negativos PBSA e CHO-DG44 não produtora de βα. Ordenada: peso (mg) dos
órgãos reprodutores dissecados no quarto dia após o tratamento. Resultados obtidos de reCGβα produzido no processo descrito em metodologia. A: Resposta dos ovários ao estímulo hormonal. Podemos verificar que s os os tratamentos com o eCG recombinante provocaram uma resposta mais discreta do que os tratamentos com Folligon. B: Resposta dos úteros ao estímulo hormonal. Podemos verificar que o tratamento com o eCG recombinante produzido pela célula CHO-DG44 apresentou uma curva de regressão linear bastante íngreme em relação à curva obtida do tratamento com Folligon, sendo que ambos os tratamentos alcançaram a mesma dose-resposta no último ponto (40UI).
Nesta figura encontram-se os dados de regressão linear para ovários (4.8 A) e úteros (4.8
B) referentes à resposta biológica in vivo a preparações à base de eCG: reCGβα produzido por
células 293T (em verde) ou CHO-DG44 (em azul); eCG selvagem controle positivo Folligon
(em vermelho). Os controles negativos (PBSA e meio de cultura condicionado por células CHO
não produtoras de reCGβα) encontram-se em preto. No painel (A) observa-se a regressão linear
referente à resposta ovariana aos tratamentos hormonais administrados. Nesta análise, o slope da
curva obtido para Folligon foi 4.160 ± 0.3949, enquanto que para reCGβα produzido por células
CHO-DG44 foi em torno de uma ordem de grandeza menor, 0.4539 ± 0.08040, e para reCGβα
produzido por células 293T foi 0.2585 ± 0.05656 ( p<0,001 para os três casos). Os controles não
apresentaram slopes significativos. Novamente, o hormônio produzido pelas células CHO-DG44
apresentou uma tendência de resposta, o que não pode ser observado para a célula 293T. No
painel (B) verificou-se a regressão linear referente à resposta uterina aos tratamentos hormonais
administrados. Nesta análise, o slope da curva obtido para Folligon, 0.7263 ± 0.3767 (p=0.0718)
não foi considerado significante, enquanto que o slope obtido para a resposta a reCGβα
produzido por células CHO-DG44 foi mais consistente, 2.415 ± 0.4049 1134 (p<0,0001) , e para
reCGβα produzido por células 293T foi o menor de todos, 0.3502 ± 0.1134 (p=0,0054). Os
controles não apresentaram slopes significativos. Nesta análise, o hormônio recombinante
produzido pelas células CHO-DG44 apresentou uma tendência de dose-resposta melhor do que o
produto comercial, Folligon, o que não pode ser observado para a célula 293T. A última dose
(40UI) de reCGβα apresentou uma resposta similar ao Folligon.
Na Figura 4.9, é possível analisar qualitativamente a resposta de úteros e ovários aos
tratamentos descritos:
Figura 4.9: Painel representativo contendo fotografias do ensaio de Atividade Biológica In Vivo do reCG produzido por células 293T ou CHO-DG44. Resposta ovariana e uterina de ratas pré-púberes de 23 a 25 dias após
tratamento com o reCGβα produzido na ausência de soro fetal bovino No Painel A é possível analisar
qualitativamente a resposta ao tratamento com 10 e 20UIs de Folligon (primeira coluna), 10, 20 e 40UIs de reCGβα
produzido pelas células 293T (segunda coluna) e 10, 20 e 40UIs de reCGβα produzido pelas células CHO-DG44 (terceira coluna) em comparação com o tratamento com PBSA. Observa-se que o tratamento com o hormônio recombinante produzido pelas células CHO-DG44 levou a um aumento no tamanho do útero e dos ovários, bem como um aumento na vascularização destes últimos, o que não foi obervado nem no tratamento com o controle negativo PBSA e nem com a condição 293T. No painel B encontram-se os ovários tratados com a condição CHO-DG44, onde é possível observar os folículos ovarianos e a vascularização induzidas por este tratamento.
Nesta figura estão exibidos um conjunto de órgãos (ovários e útero) referentes às
condições controle negativo (PBSA), duas doses (10UIs e 20UIS) de Folligon (primeira coluna)
e três doses (10UIS, 20UIS e 40UIS) do reCGβα produzido pelas células 293T (segunda coluna)
ou CHO-DG44 (terceira coluna). Estas imagens permitem uma análise qualitativa da resposta
dos animais aos tratamentos, onde é evidente a resposta ao Folligon e também ao hormônio
produzido pela célula CHO-DG44. Este último tratamento, especialmente na dose 40UIs, induziu
um aumento no tamanho destes órgãos (Painel A) e uma importante vascularização nos ovários e
a presença de folículos (Painel B).
4.7 Purificação Parcial de reCGββββαααα secretada em meio de cultura condicionado
através de cromatografia de alta perfomenaca (HPLC)Visando alcançar maior
massa e pureza da proteína de interesse, submeteu-se os meios de cultura condicionados
contendo reCGβα, coletados de acordo com a batelada de produção descrita no item 3.10, a dois
tipo distintos de cromatografia: troca iônica e cromatografia de afinidade. Nos itens a seguir
descrevemos detalhadamente os resultados obtidos para cada tipo de cromatografia praticada:
4.7.1 Cromatografia de Troca Inônica – HiTrap Mono Q (GE lifesciences)
Visando explorar a característica de baixo PI de eCG (ao redor de 1.8), utilizou-se a
coluna HiTrapTM Capto Q (GE Healthcare), que possui o trocador aniônico amônia quartenária
com habilidade para ligação de proteínas com domínios de carga negativa. Diluiu-se 10mL do
meio condicionado 10X em tampão A, como foi descrito em metodologia (item 3.18), de modo a
otimizar a ligação de reCGβα na coluna. Três gradientes de eluição contendo quantidades
crescentes de tampão B foram utilizados (1) 0-11mM NaCl para eluir proteínas contaminantes;
(2) 11-19mM NaCl e (3) 19-40mM NaCl para enriquecer eluato em reCGβα; e por fim 40-
1000mM NaCl para limpeza da coluna. Após 3VC de lavagem, os eluatos foram coletados em
11VC (A11-B10). O cromatograma resultante deste experimento encontra-se abaixo:
Figura4.10: Cromatograma resultante do processo de purificação de reCGββββαααα com a coluna HiTrapTM Mono Q. Neste gráfico podemos vizualizar, no eixo das abscissas, as frações eluídas na cromatografia realizada com o meio de cultura condicionado descrito, enquanto que no eixo das ordenadas (linha azul) é possível verificar a absorbância obtida, a 280nm, das frações eluídas (mAU). A condutividade de sal (NaCl) injetada a cada etapa é representada pela linha pontilhada marrom (mS/cm). O pico visualizado após o permeado corresponde às frações B2 a B10 (7,5 a 40mS de NaCl).
Como a cromatografia de troca inônica é um método inespecífico de purificação, decidiu-
se comparar o perfil cromatográfico das proteínas secretadas pela linhagem celular não produtora
de reCGβα com aquele advindo de preparações contendo a proteína de interesse. Para isso, 13
mL de meio de cultura condicionado por células não transfectadas com o vetor pNUØ-eCGβα
(controle negativo) foram diluídos 10X com tampão A e submetidos à cromatografia de troca
aniônica, exatamente nas mesmas condições descritas acima. No gráfico abaixo (Figura 4.11), é
perceptível a semelhança entre o padrão de eluição obtido para esta amostra (controle negativo) e
a amostra de interesse acima (Figura 4.10), sendo um pico marjoritário eluído entre 7,5 e 40mS
de NaCl:
Figura 4.11: Cromatograma resultante do processo de purificação de proteínas secretadas no meio de cultura condicionado pelo controle negativo. Neste gráfico podemos vizualizar, no eixo das abscissas, as frações eluídas na cromatografia realizada com o meio de cultura controle negativo, enquanto que no eixo das ordenadas (linha azul) é possível verificar a absorbância obtida, a 280nm, do eluato (mAU). A condutividade de sal (NaCl) injetada a cada etapa é representada pela linha pontilhada marrom (mS/cm). O pico visualizado após o permeado corresponde às frações B7 a C2 (7,5 a 40mS de NaCl).
Após o processo cromatográfico, as frações resultantes da cromatografia do meio
condicionado contendo reCGβα, bem como o permeado foram coletados, diluídos e dosados por
ELISA quantitativo. Um gráfico representativo foi gerado com as porcentagens de reCG
liberadas a cada fração, onde podemos observar que, embora aproximadamente 49% de reCG
tenha sido perdido no permeado, foi possível recuperar o reCG remanescente em algumas
frações bem definidas, correspondentes ao pico observado (em mAU) na Figura 4.10, sendo que
a maior porcentagem de reCG foi liberado entre as frações B1 e B5, correspondentes ao primeiro
e segundo gradientes de eluição (7,5-19mS NaCl). Para o controle negativo (Figura 4.11), o
eluato correspondente ao pico observado (7,5-40mS NaCl) não apresentou resposta no ELISA
quantitativo, como esperado (dado não mostrado). O resultado do ELISA realizado encontra-se
na Figura 4.12 abaixo:
Figura 4.12: Porcentagens relativas de reCGββββαααα, dosadas por ELISA quantitativo, presente nas diferentes
etapas do processo cromatográfico realizado com a coluna HiTrapTM-Mono Q. No eixo das ordenadas
encontram-se os valores, em %, de reCGβα presente em cada etapa, enquanto que no eixo das abscissas identifica-se
cada uma destas. Meio Original: meio de cultura condicionado diluído 10X em tampão A; FlowThrough: permeado;
Frações A9 e A10: lavagem; Frações A11 a B10: eluatos. Analisando este gráfico, podemos observar que 49% de
reCGβα foi liberado no permeado e o restante do reCGβα que ficou retido na coluna cromatográfica foi eluído entre
0
20
40
60
80
100
120
Me
io O
rig
ina
l
Flo
wT
hro
ug
h
Fra
ção
A9
Fra
ção
A1
0
Fra
ção
A1
1
Fra
ção
A1
2
Fra
ção
B1
Fra
ção
B2
Fra
ção
B3
Fra
ção
B4
Fra
ção
B5
Fra
ção
B6
Fra
ção
B7
Fra
ção
B8
Fra
ção
B9
Fra
ção
B1
0% de r-eCG
% de r-eCG
as frações B1 e B5, que correspondem ao primeiro e segundo gradientes de eluição, equivalentes à condutância entre
7,5 e 19mS de NaCl.
O meio de cultura condicionado pelas células superprodutoras e as frações resultantes
ativas para reCGβα (B1, B2 e B3 equivalentes à condutividade de 7,5 a 17mS de NaCl, Figura
4.10) foram concentrados 5X em centricon com corte de 10kDa (Millipore) seguido de
fracionamento eletroforético em dois geis idênticos de poliacrilamida a 12% , visando análise
qualitativa das proteínas eluídas. Nestes mesmos geis foram aplicados 40 UIs do controle
positivo Folligon (Intervet), e as frações eluídas à condutividade de 7,5 a 13mS de NaCl do
controle negativo (Figura 4.11), de modo a comparar as proteínas presentes no eluato de
interesse com (1) aquelas presentes no eluato do controle negativo e (2) o controle positivo. Estes
dois geis idênticos foram processados de maneira distinta, sendo que o primeiro foi corado com
Coomassie blue para visualização das bandas proteicas (Figura 4.13 Painel A) enquanto que o
segundo foi submetido à técnica de western blot para identificar a presença da proteína de
interesse (Figura 4.13 Painel B):
Figura 4.13. Análise da purificação de reCGββββαααα por cromatografia de troca iônica realizada com a coluna HiTrapTM Mono-Q. A: SDS-PAGE 12% (condição não redutora) corado com Coomassie blue contendo amostras de frações enriquecidas para reCGβα, controle positivo (Folligon) e controle negativo (frações similares obtidas da
cromatografia do meio de cultura controle negativo). As frações com atividade para reCGβα determinada por
ELISA (7,5-17mS/cm) foram concentradas 5X em filtros de celulose Centricon® com limite de massa molecular de
10 kDa. De modo a comparar a preparação enriquecida para reCGβα com proteínas contaminantes presentes no meio de cultura condicionado, utilizou-se como controle negativo frações similares (mesmas condições de eluição) advindas de cromatografia de meio de cultura de células não produtoras de reCGβα. Como controle positivo para referência, utilizou-se a preparação comercial de eCG purificada Folligon. B: Western blot referente às amostras do painel A, realizado com anticorpo específico para eCG. As bandas que apresentaram tamanhos correspondentes
àqueles preditos para a proteína de interesse estão indicadas com setas. Padrão de massa molecular: BenchMarkTM
Pre-Stained Protein Ladder. kDa: quilodaltons.
No painel A da Figura 4.13 é possível comparar o padrão de bandas resultante do
fracionamento protéico da condição de interesse (meio de cultura condicionado contendo
reCGβα (quarta amostra) e frações enriquecidas para reCGβα (quinta, sexte e sétima amostras)
com o padrão resultantes do controle negativo (frações eluídas de células não produtoras de
reCGβα) e do controle positivo (Folligon). Este experimento foi realizado em condições não-
desnaturantes. Para a primeira amostra (Folligon), é possível visualizar uma fraca banda de
60kDa referente ao dímero de eCG totalmente glicosilado, uma banda de 80 kDa referente a um
agregado desta proteína e um smear na região de 40kDa referente a glicoformas desta proteína.
Para o meio de cultura condicionado por células superprodutoras de reCGβα (quarta amostra), a
coloração por Coomassie blue indicou a presença de diversas bandas, não sendo possível detectar
reCGβα em meio às demais proteínas. Para as frações obtidas após a cromatografia de troca
iônica evidencia-se a presença de uma banda na altura de 64 kDa tanto na condição controle
negativo quanto na condição de interesse, não sendo possível a visualização de uma proteína no
tamanho de eCG por esta técnica.
No painel B desta figura, oWestern blot evidenciou que as bandas de tamanhos de
aproximadamente 50 e 60 kDa estavam presentes nos eluatos e no meio de cultura condicionado
da condição de interesse, enquanto que não foram observadas no controle negativo. Bandas de 80
kDa também foram identificadas pelo anticorpo, que correspondem provavelmente a agregados
de reCGβα. Na primeira coluna, bandas de 45 e 60 kDa correspondentes a glicoformas de eCG
comercial, bem como uma banda de 80 kDa correspondente a um agregado desta proteína
também se mostraram imunorreativas.
4.7.2 Concanavalina A
Visando explorar a característica de alta glicosilação de eCG (modificação pós-
traducional que pode alcançar até 45% de sua massa molecular), utilizou-se a a coluna HiTrapTM
ConA 4B, que possui a Lectina Concanavalina A como ligante de afinidade para proteínas
glicosiladas. Diluiu-se 50mL do meio condicionado 2X em tampão de diluição, de modo a
ajustar a concentração de NaCl, CaCl e MgCl, como foi descrito em metodologia (item 3.18),
para otimizar as condições de ligação de reCGβα nesta coluna. Um gradiente linear iniciando-se
em 30 e finalizando-se em 300 mM do competidor metil-�-D-glucopiranosídeo (Sigma-
Aldrich®) foi aplicado na eluição, em 10VC. O gráfico obtido para esta cromatografia encontra-
se na Figura 4.14 abaixo:
Figura4.14: Cromatograma resultante do processo de purificação de reCGββββαααα com a coluna HiTrapTMConA. Neste gráfico podemos vizualizar, no eixo das abscissas, as frações eluídas na cromatografia realizada com o meio de cultura condicionado descrito, enquanto que no eixo das ordenadas (linha azul) é possível verificar a absorbância obtida, a 280nm, das frações eluídas (mAU). A condutividade de sal (NaCl) injetada a cada etapa é representada pela linha pontilhada marrom (mS/cm). Não foi possível observar picos na eluição, apenas uma discreta elevação na abosrbância ao longo de todas as frações eluídas.
Observando este gráfico, é possível inferir que poucas proteínas ligaram-se à coluna
devido ao discreto aumento na absorbância observada na etapa de eluição e à alta quantidade de
proteínas saindo no permeado. O meio de cultura condicionado, as frações, o permeado e a
lavagem foram submetidos à detecção de reCGβα por ELISA (PMSG ELISA Kit, ALPCO), e os
resultados encontram-se organizados na Figura 4.15 abaixo:
Figura 4.15: Porcentagens relativas de reCGββββαααα, dosadas por ELISA quantitativo, presente nas diferentes
etapas do processo cromatográfico realizado com a coluna HiTrapTM-ConA. No eixo das ordenadas encontram-
se os valores, em %, de reCGβα presente em cada etapa da purificação, enquanto que no eixo das abscissas
identifica-se cada uma destas. Meio Original: meio de cultura condicionado diluído 2X em tampão A; FlowThrough:
permeado; 30-100mM, 100-200mM e 200-300mM: Frações agrupadas por faixa de concentração do competidor
metil-α-D-glucopiranosídeo (Sigma) presente no momento da eluição. Analisando este gráfico, podemos observar
que boa parte (57,7%) de reCGβα foi liberado no permeado e o restante do reCGβα que ficou retido na coluna
cromatográfica foi eluído de forma constante ao longo do gradiente de α-D-glucopuranosídeo (Sigma).
Todas as frações do eluato se mostraram ativas para reCGβα segundo o ensaio de ELISA.
As frações eluídas entre 20 e 200mM de metil-α-D-glucopiranosídeo foram unidas, concentradas
100X utilizando-se colunas com corte de 10kDa (CentriconTM – Millipore®) e utilizadas para
análises em geis de poliacrilamida, utilizando o corante Coomassie Brilliant Blue e também
análises de Western blot:
0
20
40
60
80
100
120
% de r-eCGba
% de r-eCGba
Figura 4.16: Análise da purificação de reCGββββαααα por cromatografia de troca iônica realizada com a coluna HiTrapTM Con A. A: SDS-PAGE 12% (condição redutora) corado com Coomassie blue contendo amostras de meio de cultura condicionado contendo controle positivo (Folligon – primeira coluna), meio de cultura condicionado de células controle negativo (segunda coluna), meio de cultura condicionado de células superprodutoras de reCGβα (terceira coluna), permeado (quarta coluna) e frações enriquecidas para reCGβα (última coluna), O permeado e as frações com atividade para reCGβα eluídas entre 20 e 200mM de metil-α-D-glucopiranosídeo foram concentradas
100X em filtros de celulose Centricon® com limite de massa molecular de 10 kDa antes de serem aplicadas no gel.
Os meios de cultura condicionados de interesse e controle negativo foram concentrados 5X. B: Western blot referente às amostras do painel A, realizado com anticorpo específico para eCG. As bandas que apresentaram tamanhos correspondentes àqueles preditos para a proteína de interesse estão indicadas com seta brancas. As setas pretas apontam para uma banda inespecífica imunoreativa que aparece tanto no controle negativo como no meio de cultura condicionado contendo reCGβα, porém deixa de aparecer nas frações eluídas. Padrão de massa molecular:
BenchMarkTM
Pre-Stained Protein Ladder. kDa: quilodaltons.
No painel A da Figura 4.16 é possível notar que o padrão de bandas resultante do
fracionamento protéico da condição de interesse (meio de cultura condicionado contendo
reCGβα (terceira coluna amostra) e das frações enriquecidas para reCGβα (quinta coluna) é
muito similar àquele resultante do controle negativo (meio de cultura condicionado por células
não produtoras de reCGβα, segunda coluna), não sendo possível, novamente, detectar
especificamente o. reCGβα em meio às demais proteínas. Para a primeira amostra (Folligon), é
possível visualizar uma fraca banda de 60kDa referente ao dímero de eCG totalmente glicosilado
e um smear na região de 40kDa referente a glicoformas desta proteína. Para os meios de cultura
condicionados, evidencia-se a presença de uma banda intensa na altura de 64 kDa tanto na
condição controle negativo quanto na condição de interesse, banda esta que também aparece no
permeado e diminui bastante de intensidade nas frações eluídas.
No painel B desta figura, o Western blot evidenciou que as bandas de tamanhos de
aproximadamente 55kDa estavam presentes nos eluatos e no meio de cultura condicionado da
condição de interesse, enquanto que não foram observadas no controle negativo. Uma banda
inespecífica de aproximadamente 35kDa foi identificadas pelo anticorpo nas amostras de meios
de cultura condicionados de interesse e controle negativo. Na primeira coluna, bandas de 40 a 65
kDa correspondentes a glicoformas de eCG comercial se mostraram imunorreativas.
Duas novas cromatografias foram realizadas, utilizando 50mL de meio de cultura
condicionado das células 293T ou das células CHO-DG44 superprodutoras de reCGβα, seguindo
os mesmos passos descritos e documentados acima. As frações eluídas entre 20 e 200mM de
metil-α-D-glucopiranosídeo contendo o equivalente a 80UIs de reCGβα foram unidas,
concentradas 100X utilizando-se colunas com corte de 10kDa (CentriconTM – Millipore®) e
utilizadas para um ensaio de atividade biológica in vivo, como descrito no item 3.17. Para isso,
um único experimento foi realizado utilizando-se 4 animais para cada condição de interesse
(20UIs de reCGβα produzido por células 293T ou por células CHO-DG44), 4 animais para cada
controle positivo (Folligon 10 ou 20UI) e 4 animais como controle negativo (PBSA). O resultado
deste ensaio pode ser visualizado na figura abaixo:
Ovários
PBSA
Folligon 1
0UI
Folligon 2
0UI
293T
20U
I
CHO 20U
I0
50
100
150
*
***
Tratamentos
Pes
o (
mg
)
Útero
PBSA
Folligon 1
0UI
Folligon 2
0UI
293T
20U
I
CHO 20U
I0
50
100
150
*** *** ***
Tratamentos
Pes
o (m
g)
Figura 4.17: Ensaio de Atividade Biológica In Vivo do reCG parcialmente purificado pela coluna HiTrapTM Con A. Resposta ovariana (A) e uterina (B) de ratas pré-púberes de 25 dias após tratamento com Folligon ou
reCGβα produzido na ausência de soro fetal bovino e parcialmente purificado pela coluna HiTrapTM Con A. Abscissa: Tratamentos realizados, que consistiram em duas doses (10UI e 20UI) do controle positivo Folligon,
controle negativo PBSA ou uma dose (10UIs) de reCGβα produzido pelas células CHO-DG44 ou 293T e
parcialmente purificado. Ordenada: peso (mg) dos órgãos reprodutores dissecados no quarto dia após o tratamento. A: Resposta dos ovários ao estímulo hormonal. Podemos verificar significância estatística (*: p<0,05 e ***: p<0,001) quando comparamos os resultados dos tratamentos com o eCG comercial Folligon (doses 10UI e 20UI, respsctivamente) com o controle negativo PBSA. Não houve diferenças estatisticamente relevantes entre os
tratamentos realizados com reCGβα e os grupos controle, apesar de haver uma tendência de resposta para a célula CHO-DG44. B: Resposta dos úteros ao estímulo hormonal. Podemos verificar significância estatística (***: p<0,001) quando comparamos os resultados dos tratamentos com as duas doses do controle positivo Folligon e com
o eCG recombinante produzido pela célula CHO-DG44 em relação ao controle negativo. O reCGβα produzido pela célula 293T não apresentou diferença estatística do controle negativo. Quando comparamos os resultados do
tratamento de 20UIs com o reCGβα produzido por CHO-DG44 com o tratamento de 20UIs realizado com Folligon, não encontramos diferenças estatísticas. Número de experimentos independentes: 1. Número de replicatas biológicas: 4.
Este ensaio de atividade biológica in vivo foi realizado em cinco condições: Controle
negativo PBSA (branco), 10 e 20UIs do controle positivo Folligon (Intervet) e 20UIs de reCGβα
parcialmente purificado por cromatografia de afinidade (HiTrapTM Con A) produzido por células
293T (em verde) ou CHO-DG44 (em azul) na ausência de soro fetal bovino. No painel A
verificou-se o aumento no peso dos ovários em resposta aos tratamentos hormonais
administrados (resposta direta). O teste de variância One-way ANOVA, com análise pós-Hoc
Tukey foi empregado, evidenciando que neste órgão os tratamentos com 10UIs e 20UIs Folligon
tornou os ovários significativamente mais pesados do que aqueles tratados com reCGβα (*:
p<0,01 e ***: p<0,001, respectivamente). Apesar de não haver diferença estatística entre os
tratamentos realizados com reCGβα parcialmente purificado e os grupos controle, o hormônio
parcialmente purificado produzido pelas células CHO-DG44 apresentou uma tendência de
resposta, o que não pode ser observado para a célula 293T. No painel B está representado o
aumento no peso dos úteros em resposta aos tratamentos hormonais (resposta indireta). O teste
de variância One-way ANOVA, com análise pós-Hoc Tukey foi novamente empregado,
evidenciando que neste órgão o tratamento com o reCGβα parcialmente purificado produzido
pelas células CHO-DG44 apresentou resultados significativamente semelhantes àqueles
observados para Folligon, enquanto que o reCGβα parcialmente purificado produzido pela célula
293T não apresentou diferença estatística do controle negativo PBSA. Na Figura 4.18 abaixo, é
possível analisar qualitativamente a resposta de úteros e ovários do controle negativo PBSA e
das condições de interesse (reCGβα produzido por células 293T ou CHO-DG44):
Figura 4.18: Imagens do ensaio de Atividade Biológica In Vivo do reCG parcialmente purificado pela coluna HiTrapTM Con A. Resposta ovariana e uterina de ratas pré-púberes de 25 dias após tratamento com o reCGβα produzido na ausência de soro fetal bovino e parcialmente purificado pela coluna HiTrapTM Con A. No Painel A é
possível analisar qualitativamente a resposta ao tratamento com reCGβα parcialmente purificado em comparação com o tratamento com PBSA, sendo que o tratamento com o hormônio recombinante produzido pelas células CHO-DG44 levou a um aumento no tamanho do útero e dos ovários, bem como um aumento na vascularização destes últimos, o que não foi obervado nem no tratamento com o controle negativo PBSA e nem com a condição 293T. No painel B encontram-se os ovários tratados com a proteína parcialmente purificada de células CHO-DG44 produtoras de reCG, onde é possível observar os folículos ovarianos e a vascularização induzidas por este tratamento.
Nesta figura estão exibidos um conjunto de órgãos (ovários e útero) referentes às
condições controle negativo (PBSA), reCGβα produzido pelas células 293T ou CHO-DG44 e
parcialmente purificado pela coluna Con A. Estas imagens permitem uma análise qualitativa da
resposta dos animais aos tratamentos, onde é evidente a resposta da proteína produzida pelas
células CHO-DG44, que apresentou aumento no tamanho destes órgãos (Figura 4.18, Painel A) e
uma importante vascularização nos ovários, além da presença de folículos ovarianos neste órgão
(Figura 4.18, Painel B).
4.8 Análise de Perfil de N-glicosilação de reCGββββαααα produzido pelas células
produtoras 293T e CHO-DG44 e comparação com padrões comerciais de eCG
purificados de sangue de águaPara comparar as estruturas de N-glicanos do reCGβα
produzido pelas células CHO-DG44 e 293T com aquelas presentes no eCG selvagem (purificado
de sangue de éguas) foi necessário extrair os N-glicanos destas amostras. A análise (item 3.20 da
metodologia) foi realizada em colaboração com o grupo do Professor Michael Butler, da
University of Manitoba no Canadá. As amostras são fracionadas em geis de poliacrilamida e as
bandas correspondentes à(s) proteína(s) de interesse passam por uma digestão in gel com a
exoglicosidase PNGaseF, de modo a remover os glicanos N-ligados à cadeia polipeptídica na
altura da base (Royle et al. 2007). Nos itens a seguir são apresentados os resultados obtidos para
cada uma das amostras analisadas.
4. 8.1. Análise de N-glicosilação dos padrões comerciais de eCG purificados a partir
do sangue de éguas prenhes (Folligon e NISRC-WHO)
Para obter o padrão de N-glicosilação presente nas amostras de eCG selvagem,
utilizamos duas preparações de eCG comercialmente disponíveis, sendo a primeira o Folligon
(Intervet), uma preparação 95% pura de eCG purificado do sangue de éguas prenhes, e a segunda
o padrão de eCG internacional obtido do “National Institute for Biological Standards and
Control” (NIBSC-WHO), uma preparação 99,9% pura obtida de amostras de sangue de éguas
prenhes advindas de diversas fontes. Estas amostras foram aplicadas em um gel de
poliacrilamida, o qual foi posteriormente corado com Coomassie blue (Figura 4.19 abaixo):
Figura 4.19: Fracionamento de eCG comercial (Folligon e WHO) em gel de poliacrilamida a 12% corado com Coomassie blue. Nesta figura observa-se as amostras referentes a uma curva com concentrações crescentes de Folligon (linhas 2 a 5) e amostras referentes a concentrações crescentes do padrão internacional de eCG NIBSC (linhas 7 a 9). Nas linhas 1 e 10 foi aplicado o padrão de massa molecular (MM) Prestained Precision Plus
TM (BioRad). As bandas referentes a eCG foram recortadas do gel e submetidas à extração e análise de N-glicanos.
Neste gel é possível identificar o padrão de bandas proteicas apresentado pelos padrões
comerciais de eCG. Nota-se que o padrão Folligon possui maior massa proteica quando
comparado com a mesma quantidade, em UIs, do padrão NIBSC-WHO. As bandas referentes ao
eCG cadeias separadas (22kDa para eCGα e 44kDa para eCGβ) e dímero (61kDa), destacadas
por retângulos vermelhos, foram recortadas e processadas para extração de N-glicanos. Estes
foram marcados com o fluoróforo 2-aminobenzeno e submetidos à cromatografia de fase normal
realizada em coluna de amida, sendo detectadas através de um detector de fluorescência. O
padrão de picos obtidos na eluição das amostras de eCG selvagem (uma mistura de diversos N-
glicanos presentes nas diversas glicoformas de cada proteína de interesse) bem como o tempo de
retenção referente a cada um destes picos pode ser observado na Figura 4.20:
6.9
34
12
.33
8
18
.86
1
24
.84
6
29
.89
1
34
.13
8
37
.75
2
40
.86
6
43
.58
8
45
.99
6
48
.13
8
50
.05
8
51
.83
7
EU
0.00
200.00
400.00
600.00
Minutes
10.00 15.00 20.00 25.00 30.00 35.00 40.00 45.00 50.00
Dextran Ladder
GU Units Retention Time Area % Area
1 6.934 71097947 22.99
2 12.338 53115865 17.17
3 18.861 38780430 12.54
4 24.846 31553536 10.2
5 29.891 25907263 8.38
6 34.138 21283863 6.88
7 37.752 17362808 5.61
8 40.866 14081865 4.55
9 43.588 11251355 3.64
10 45.996 8847789 2.86
11 48.138 6852531 2.22
12 50.058 5288917 1.71
13 51.837 3885831 1.26
A
B
20
.68
221
.05
821
.66
42
2.0
61
22
.948
24
.02
82
4.5
97
25
.088
25.6
40
26
.16
426
.63
226
.81
4
28
.34
5
29
.39
32
9.7
78
30.4
73
30
.97
6
31
.665
32.5
88
33
.14
73
3.4
67
34.2
18
34
.72
1
35
.67
93
6.1
88
37
.25
43
7.6
09
37.9
74 38.4
89
39.1
18
39
.853
40
.332
41.0
64
41
.46
3
42
.516
43
.02
1
43
.739
44.2
82
44.8
51
45
.51
2
46
.216
46.5
80
47
.356
48
.06
6
EU
0.00
50.00
100.00
150.00
200.00
Minutes
20.00 25.00 30.00 35.00 40.00 45.00 50.00
Retention Time Area % Area GU value
Retention Time Area % Area GU value
Retention Time Area % Area GU value
1 20.682 334852 0.16 3.29784992 15 29.778 372748 0.18 4.9686559 30 39.118 33424635 16.44 7.4238939
2 21.058 2686352 1.32 3.358391288 16 30.473 61918 0.03 5.1201437 31 39.853 6837468 3.36 7.662698
3 21.664 198865 0.1 3.45701082 17 30.976 934761 0.46 5.2324514 32 40.332 7635100 3.75 7.8226202
4 22.061 69514 0.03 3.522379749 18 31.665 1371277 0.67 5.3900649 33 41.064 8369733 4.12 8.073791
5 22.948 265377 0.13 3.670847149 19 32.588 1165840 0.57 5.6083327 34 41.463 41330997 20.33 8.2142547
6 24.028 185160 0.09 3.856659567 20 33.147 561840 0.28 5.7446547 35 42.516 9970484 4.9 8.597493
7 24.597 336650 0.17 3.957025029 21 33.467 711228 0.35 5.8241423 36 43.021 8215726 4.04 8.7879801
8 25.088 60897 0.03 4.04511232 22 34.218 2796358 1.38 6.0149607 37 43.739 15831911 7.79 9.0666061
9 25.64 578558 0.28 4.145869954 23 34.721 3288418 1.62 6.1462114 38 44.282 4034359 1.98 9.2836067
10 26.164 76649 0.04 4.243291072 24 35.679 4429424 2.18 6.4041415 39 44.851 7733490 3.8 9.5170111
11 26.632 135812 0.07 4.331828366 25 36.188 3948916 1.94 6.5455781 40 45.512 3780719 1.86 9.7961482
12 26.814 125912 0.06 4.36666153 26 37.254 5266605 2.59 6.8521236 41 46.216 2528534 1.24 10.103253
13 28.345 61964 0.03 4.669109377 27 37.609 4660018 2.29 6.9574226 42 46.58 1912162 0.94 10.266143
14 29.393 679021 0.33 4.886522177 28 37.974 2145695 1.06 7.0674155 43 47.356 1221435 0.6 10.623083
29 38.4891258318
2 6.19 7.2256565 44 48.066 417557 0.21 10.961638
C
D
20.2
06
20.6
08
21.0
89
21.5
98
21.9
98
22.5
65
22.9
55
24.0
13
24.5
96
25.0
42 2
5.6
44
26.0
48
26.6
63
28.0
02
28.5
59
29.3
84
30.1
50
31.5
22
32.6
03
33.1
39
33.5
32
33.7
38
34.0
50
34.1
61
34.7
39
35.5
18
36.3
04
36.7
27
37.1
78
37.6
18
37.9
71
38.4
41
39.1
74
39.8
09
40.5
05
41.0
22
41.4
78
42.1
18
42.6
91 43.7
34
44.1
21
44.6
80
45.4
88
45.8
80
46.2
36
47.3
36
47.8
39
48.4
67
48.7
52
EU
2.00
4.00
6.00
8.00
10.00
Minutes
20.00 22.00 24.00 26.00 28.00 30.00 32.00 34.00 36.00 38.00 40.00 42.00 44.00 46.00 48.00 50.00
E
F
WHO Standard
Retention
Time Area % Area GU values
Retention
Time Area % Area
GU
values
Retention
Time Area % Area
GU
values
1 20.206 38634 0.49 3.22 17 30.15 24502 0.31 5.05 33 39.174 248390 3.15 7.44
2 20.608 98958 1.25 3.29 18 31.522 102830 1.3 5.36 34 39.809 354277 4.49 7.65
3 21.089 1417794 17.97 3.36 19 32.603 196742 2.49 5.61 35 40.505 138266 1.75 7.88
4 21.598 134741 1.71 3.45 20 33.139 22512 0.29 5.74 36 41.022 549468 6.97 8.06
5 21.998 52902 0.67 3.51 21 33.532 17660 0.22 5.84 37 41.478 419868 5.32 8.22
6 22.565 45236 0.57 3.61 22 33.738 24714 0.31 5.89 38 42.118 368405 4.67 8.45
7 22.955 55355 0.7 3.67 23 34.05 2835 0.04 5.97 39 42.691 558841 7.08 8.66
8 24.013 173192 2.2 3.85 24 34.161 12174 0.15 6.00 40 43.734 614834 7.79 9.06
9 24.596 22991 0.29 3.96 25 34.739 54231 0.69 6.15 41 44.121 151663 1.92 9.22
10 25.042 8189 0.1 4.04 26 35.518 147602 1.87 6.36 42 44.68 418667 5.31 9.45
11 25.644 256193 3.25 4.15 27 36.304 55154 0.7 6.58 43 45.488 63096 0.8 9.79
12 26.048 41490 0.53 4.22 28 36.727 66409 0.84 6.70 44 45.88 17159 0.22 9.96
13 26.663 24600 0.31 4.34 29 37.178 54588 0.69 6.83 45 46.236 42707 0.54 10.11
14 28.002 20304 0.26 4.60 30 37.618 55799 0.71 6.96 46 47.336 6884 0.09 10.61
15 28.559 6353 0.08 4.71 31 37.971 204778 2.6 7.07 47 47.839 13794 0.17 10.85
16 29.384 236675 3 4.88 32 38.441 224055 2.84 7.21 48 48.467 3906 0.05 11.16
49 48.752 17651 0.22 11.30
Figura 4.20: Análise de N-glicosilação do eCG comercial Folligon e do padrão internacional de eCG NIBSC-WHO. Painéis (A) e (B) são referentes à curva de calibração (padrão de Unidades de Glicose marcadas com 2-AB) aplicada no início da corrida, contra a qual as amostras marcadas de interesse são comparadas. (A): Tempos de eluição de cada um dos picos obtidos pela curva de unidades de glicose; (B): Picos obtidos para a curva de calibração. Painéis (C) e (D) são referentes aos N-glicanos extraídos de Folligon, sendo que em (C) encontram-se os tempos de eluição obtidos para cada pico observado no gráfico (D). Painéis (E) e (F) são referentes aos N-glicanos extraídos do padrão internacional de eCG NIBSC-WHO, onde identificam-se os tempos de eluição obtidos para cada pico (E) observado no gráfico (F). Nos gráficos (Painéis B, D e F), o eixo das ordenadas corresponde às unidades de absorbância da fluorescência (EU) emitida pelas amostras marcadas com 2-AB e o eixo das abscissas corresponde ao tempo (minutos) no qual estas amostras foram eluídas. As tabelas (Painéis A, C e E) mostra os tempos de retenção de cada pico observado, a área ocupada por cada pico, a % da área ocupada por cada pico em relação à área total de todas as amostras de N-glicanos e, por fim, o valor, em GUs (Unidades de Glicose) obtido para cada amostra após comparação (regressão polinomial de cinco parâmetros) com a curva de calibração (Padrão de glicanos – GUs).
A Figura 4.20 mostra os dados obtidos após a eluição das amostras de interesse marcadas com
2-AB. As tabelas (Painéis A, C e E) geradas pelo software Empower GPC HPLC (Waters) detalham os
dados obtidos do cromatograma, como tempo de retenção de cada N-glicano contido na amostra
(picos), área ocupada (indicativo de abundância daquela estrutura encontrada) e % da área do pico em
relação à área total. Este software ainda calcula o valor de Unidades de Glicose (GU) obtido para cada
N-glicano (pico), baseado em uma regressão linear utilizando os dados da curva de calibração (dextran
ladder). Após substituir os valores de retenção por valores de GU para os principais picos, os gráficos
foram refeitos:
Figura 4.21: Principais picos obtidos de N-glicanos marcados com 2-AB e seus respectivos valores em GU. Ordenadas:
absorbância obtida para cada pico, indicando abundância de cada estrutura identificada. Abscissas: Valores de unidades de
glicose (GU values) obtidos ao longo da eluição.
Os picos obtidos indicam glicoformas putativas presentes nas preparações de interesse. É
possível observar que os valores de GU obtidos para os principais picos (aqueles com maior área) são
altos (>7 GUs), indicando a presença de glicanos altamente complexos anexados ao eCG comercial. A
maior parte das estruturas putativas com valores de GU acima de oito correspondem a estruturas bi-
antenárias de N-glicanos do tipo complexo, galactosilado e com a presença de um ou mais resíduos de
ácido siálico.
A partir deste momento, decidiu-se utilizar os dados obtidos para o eCG comercial Folligon.
Foi necessário realizar digestões com exoglicosidases para desconstruir as cadeias das estruturas
putativas e, assim, confirmar suas sequências. O perfil de N-glicanos obtidos após digestão com
diferentes combinações de exoglicosidades (descritas no item 3.20) encontra-se na Figura 4.22 abaixo:
Figura 4.22: Perfil de HPLC de amostras de N-glicanos extraídos do eCG comercial Folligon marcados com 2-AB
presentes na preparação original e após digestão com diferentes combinações de exoglicosidases. A: Perfil de HPLC
original obtido para os N-glicanos de Folligon; B-E: perfil de HPLC de N-glicanos após digestão com diferentes
combinações de exoglicosidases: Sialidase (B); Sialidase + Fucosidase (C); Sialidase + Fucosidase + Galactosidase (D);
Sialidase + Fucosidase + Galactosidase + Hexosaminidase (E).
Primeiramente, digeriu-se a preparação de N-glicanos obtidos do eCG comercial Folligon com
sialidase (Figura 4.22 B), visando eliminar os possíveis resíduos de ácido siálico presentes nas antenas
de N-glicanos de eCG. Verificou-se que os picos com valores de GU mais altos deram lugar a picos
com valores de GU mais baixo (estruturas que não mais apresentam ácido siálico). A digestão
combinada de Sialidase com Fucosidase (Figura 4.22 C) revelou um padrão de picos muito similar
àquele obtido após digestão somente com a Sialidase, indicando a ausência deste resíduo nas estruturas
isoladas de N-glicanos presentes em Folligon. A terceira combinação de enzimas (Sialidase +
Fucosidase + Galactosidase) mostrada na Figura 4.22 D mostrou um novo decréscimo nos valores de
GU dos picos obtidos, indicando a presença de resíduos de galactosidase nas estruturas (N-glicanos)
analisados. A digestão final (Figura 4.22 E), realizada com todas as enzimas utilizadas acima, com
adição da enzima Hexosaminidase, visou reduzir as antenas de N-glicanos obtidas para Folligon à
estrutura M3 (Manose 3), porém outros picos foram visualizados além do pico referente a M3,
indicando a presença de estruturas que não foram suceptíveis à digestão total com as combinações
enzimáticas utilizadas.
4. 8.2. Análise de N-glicosilação de reCGββββαααα produzido por células 293T e por
células CHO-DG44Para obter o padrão de N-glicosilação presente nas amostras de
reCGβα produzidas por células 293T ou CHO-DG44 na ausência de soro FBS, utilizamos
bandas de geis de poliacrilamida na faixa de 55kDa referentes à purificação desta proteína na
coluna HiTrapTM Mono Q, que foram imunorreativas no Western blot. Estas bandas foram
processadas e digeridas com PNGase F de modo a liberar os N-glicanos presentes nesta amostra.
Estes N-glicanos foram marcados com 2-AB e submetidos à cromatografia de fase normal
utilizando coluna de amida, como descrito acima para o eCG comercial Folligon. As tabelas
resultantes da cromatografia podem ser visualizados na Figura 4.23 abaixo, onde é possível
comparar os picos obtidos para as células 293T e CHO-DG44:
Figura 4.23: Análise de N-glicosilação do reCGββββαααα produzido por células 293T ou CHO-DG44. Estas tabelas mostram os tempos de retenção de cada pico observado, a área ocupada por cada pico, a % da área ocupada por cada pico em relação à área total de todas as amostras de N-glicaos e, por fim, o valor, em GUs (Unidades de Glicose) obtido para cada amostra após comparação (regressão polinomial de cinco parâmetros) com a curva de calibração (Padrão de glicanos – GUs – dado não mostrado). O Painel à esquerda contém N-glicanos obtidos das células 293T, enquanto que o Painel à direita mostra os N-glicanos obtidos para células CHO-DG44.
A Figura 4.23 mostra os dados obtidos após a eluição das amostras de interesse marcadas com
2-AB. As tabelas geradas pelo software Empower GPC HPLC (Waters) detalham os dados obtidos do
cromatograma, como: tempo de retenção de cada N-glicano contido na amostra (picos), área ocupada
(indicativo de abundância daquela estrutura encontrada) e % da área do pico em relação à área total.
Este Software ainda calcula o valor de Unidades de Glicose (GU) obtido para cada N-glicano (pico),
baseado em uma regressão linear utilizando os dados da curva de calibração (dextran ladder). Abaixo,
na Figura 4.24, encontram-se os cromatogramas obtidos para N-glicanos marcados com 2-AB que
foram extraídos de reCGβα produzido pelas células 293T (Painel A) ou CHO-DG44 (Painel B):
Figura 4.24: Perfil de N-glicosilação obtido de reCGββββαααα produzida por células 293T ou CHO-DG44. No Painel
A exibe-se o perfil de N-glicanos extraídos de reCGβα produzido pelas células 293T e no Painel B encontra-se o
perfil obtido para reCGβα produzido pelas células CHO-DG44. Nestes gráficos, o eixo das ordenadas corresponde às unidades de absorbância da fluorescência (EU) emitidas por cada amostra marcada com 2-AB enquanto o eixo das abscissas corresponde ao tempo (minutos) de eluição das amostras.
Após substituir os valores de retenção por valores de GU para os principais picos, os gráficos
foram refeitos, como pode ser observado na Figura 4.25 abaixo:
Figura 4.25: Principais picos de N-glicanos marcados com 2-AB obtidos para ββββαααα produzido por células 293T ou CHO-
DG44, e seus respectivos valores em unidades de glicose(GU). No painel A é possível indentificar os principais picos
obtidos para reCGβα produzido por células 293T, com seus respectivos valores de GU, enquanto que no painel B encontram-
se os picos obtidos para reCGβα produzido por células CHO-DG44, com seus respectivos GUs. Ordenadas: absorbância obtida
para cada pico, indicando abundância de cada estrutura identificada. Abscissas: Valores de unidades de glicose (GU values)
obtidos ao longo da eluição.
Os picos obtidos indicam glicoformas putativas presentes nas preparações de interesse. É
possível observar que a intensidade (EU) dos picos principais localizados nas regiões de GU mais altas
(>7 GUs) é relativamente mais baixa, quando comparado com Folligon, indicando a presença de
menor massa de glicanos altamente complexos extraídos das amostras de interesse. No entanto, nota-se
uma grande variedade de glicoformas complexas presentes para ambas as condições de interesse
(reCGβα expresso por células 293T ou CHODG-44), correspondentes a estruturas bi-antenárias de N-
glicanos do tipo complexo, galactosilado e com a presença de um ou mais resíduos de ácido siálico.
Comparando-se os picos obtidos para N-glicanos de reCGβα expresso por células 293T com
aqueles obtidos para o reCGβα expresso por células CHO-DG44, é possível notar que, no primeiro
caso, os N-glicanos concentram-se principalmente nas regiões acima de oito unidades de glicose,
enquanto que para o segundo caso, a distribuição dos N-glicanos concentra-se nas regiões equivalentes
a seis e 10 unidades de glicose. As estruturas putativas correspondentes a cada pico são sugeridas no
item Discussão deste trabalho.
5 Discussão
As preparações de eCG atualmente disponíveis no mercado são produzidas através da
purificação desta molécula a partir do sangue de éguas gestantes, as quais são criadas em outros países.
Assim, diversos fatores atuam conjuntamente como barreiras na expansão das técnicas reprodutivas
mencionadas acima. Dentre estes fatores, o custo com a importação e a disponibilidade da matéria
prima, questões éticas importantes relacionadas ao bem-estar animal, a variabilidade entre lotes e a
presença de contaminantes nas partidas purificadas são alguns dos principais pontos que levam à
necessidade urgente de uma preparação alternativa de eCG, como o eCG recombinante desenvolvido
neste trabalho.
Como o eCG é uma molécula complexa, apresentando em torno de 45% de sua massa
molecular consistindo de modificações pós-traducionais (glicosilação), faz-se necessário o uso de um
sistema de expressão robusto que permita a produção de um eCG recombinante o mais similar possível
em comparação com o selvagem. O sistema de expressão heterólogo em células de mamíferos foi
escolhido para a produção de reCG por permitir o processamento correto de cadeias polipeptídicas
recém-sintetizadas, o dobramento e a montagem de suas subunidades α e β, além da adição de cadeias
glicosiladas do tipo complexo, o que é fundamental para que o eCG recombinante produzido tenha
atividade biológica. No entanto, existe muita variabilidade nos padrões de glicosilação entre diferentes
células de mamíferos devido ao fato da maquinaria enzimática de adição de oligossacarídeos às
proteínas diferir entre as linhagens celulares, gerando glicoformas com diferentes graus e tipos de
glicosilação e atividades biológicas distintas. Um dos sistemas de expressão mais aceitos pelas
indústrias farmacêuticas é a linhagem celular CHO (Chinese Hamster Ovary), que possui uma variada
gama de glicosiltransferases, as quais são capazes de adicionar N-glicanos do tipo complexo. No
entanto, esta linhagem celular é deficiente em adicionar sialilações do tipo α2,6, que tem papel
importante na atividade biológica da proteína em questão. Comparativamente, a linhagem celular HEK
(Human Embryonic Kidney), da qual foi derivada a linhagem 293T, é capaz de produzir glicoproteínas
carreando oligossacarídeos complexos contendo resíduos de ácido siálico nesta conformação, sendo,
portanto, um modelo de estudo interessante. Sendo assim, o presente trabalho apresenta dados inéditos
de um estudo comparativo no qual correlaciou-se o perfil de glicosilação destas duas linhagens
celulares com a atividade biológica desempenhada pela gonadotrofina coriônica equina expressa pelas
mesmas.
5.1 Obtenção do inserto reCGββββαααα
A gonadotrofina coriônica equina é um dímero hormonal de estrutura complexa, com
aproximadamente 45% de sua massa molecular composta por cadeias glicosiladas, sendo considerada
o mais complexo de todos os hormônios glicoprotéicos (Gospodarowicz, 1972; Legardinier et al.
2005). O estabelecimento de pontes dissulfeto na aquisição da estrutura quaternária global relaciona-se
com a eficiência de glicosilação (Moriwaki et al., 1997) permitindo a formação de um dímero αXβ
com uma estrutura estável que proporciona sua secreção eficiente (Furuhashi et al., 1996; Moriwaki et
al., 1997). Alguns autores escolheram expressar gonadotrofinas como moléculas de cadeia única,
alegando que alguns hormônios (FSH e LH) encontraram dificuldades na dimerização quando
expressos em sistemas heterólogos (Corless et al.¸1987; Matzuk et al., 1988; Keene et al.¸1989;
Jablonka-Sheriff et al., 2007). Seguindo esta linha, Legardinier e colaboradores demonstraram a
expressão de um heterodimero de eCG ativo biologicamente in vitro (Legardinier et al. 2008). Estes
autores observaram que os níveis de reCGβα secretados, bem como sua atividade biológica, eram
inferiores ao eCG heterodimérico selvagem, porém o sistema escolhido para a expressão das cadeias
fusionadas de eCG foi a infecção de células de inseto SF9 com baculovírus recombinantes, mesmo
sabendo-se que estas células adicionam cadeias de N-glicanos muito diferentes daquelas encontradas
no eCG selvagem. Estes dados, no entanto, estão em desacordo com o observado por outros autores,
que demonstraram que cadeias fusionadas de gonadotrofinas humanas foram expressas em níveis
semelhantes a heterodímeros e apresentaram, ainda, maior atividade biológica tanto n vitro quanto in
vivo (Furuhashi et al. 1995; Narayan et al. 1995; Sugahara et al. 1995; Sugahara et al. 1996).
Considerando o sucesso obtido por estes autores em expressar altos níveis de gonadotrofinas
fusionadas em células de mamífero, com atividade biológica, e considerando que Legardinier e
colaboradores observaram atividade biológica in vitro na cadeia fusionada de reCG (um forte
indicativo de dobramento correto), escolhemos a estratégia de gerar uma construção gênica na qual as
duas cadeias de eCG se encontram fusionadas.
Para tanto, as sequências codificadoras das cadeias α e β foram clonadas a partir de cDNA de
hipófise equina, visto que tanto a sequência codificadora da cadeia α, comum à todas as
gonadotrofinas, quanto a sequência para a cadeia β de LH/CG são expressas neste órgão (Sherman
1992). Os primers utilizados na amplificação das sequências codificadoras para ambas as cadeias de
eCG por RT-PCR foram desenhados com base nas sequências depositadas na base de dados de
nucleotídeos do NCBI. Os amplicons de eCGβα gerados, conforme descrito na seção de Resultados,
foram subclonados no vetor plasmideal de expressão pNUØ, construído por nosso grupo para
expressão de produtos gênicos em células de mamíferos, através do sistema de complementação gênica
por DHFR, que funciona da seguinte maneira: células deficientes na produção da enzima DHFR, como
as células CHO-DG44 dhfr-/-, não conseguem sobreviver quando cultivadas na ausência de
nucleosídeos, visto que esta enzima catalisa a redução de ácido fólico a diidrofolato e, em níveis mais
significativos, de diidrofolato a tetraidrofolato. Estes subprodutos, vitais para as células, participam de
diferentes vias biossintéticas, incluindo a síntese de purinas (Cario et al., 2011). Assim, quando estas
células são transfectadas com construções obtidas a partir do vetor pNUØ, que possui a sequência
gênica correspondente à enzima DHFR, podendo, assim, crescer na ausência de nucleosídeos. Como o
cassete de expressão de DHFR e o MCS do vetor estão sob o controle transcricional do mesmo
promotor, o produto de interesse clonado no MCS deste vetor é expresso na mesma proporção quando
comparado com o dhfr. A amplificação gênica deste vetor pode ser obtida ao se tratar as células CHO-
DG44 com concentrações crescentes do inibidor químico da enzima (MTX, ou metotrexato), o que
potencializa a seleção de células com maior produção de DHFR e, consequentemente, do gene de
interesse (Lucas et al., 1996). Apesar deste vetor ser desenhado para altos níveis de expressão em
células deficientes em dhfr, ele pode ser utilizado, também, em outras linhagens celulares. Porém,
neste caso, outras estratégias de seleção, que não a complementação gênica, devem ser exploradas.
A estratégia de cotransfecção com um vetor de resistência ao antibiótico higromicina B foi
adotada para obter transfectantes de ambas as linhagens celulares escolhidas (293T e CHO-DG44). O
plasmídeo pX343 (que possui o cassete de resistência hygror) foi cotransfectado numa proporção de
1:40, ou seja, um número 40 vezes maior da construção pNUØ-eCGβα, visando à inserção de um alto
número de cópias do plasmídeo de interesse no genoma celular. Esta estratégia, adotada por nosso
grupo há 30 anos (Armelin et al., 1984), parte do pressuposto que, se a célula sobrevive ao tratamento
com higromicina, ela deve ter integrado pelo menos uma cópia do plasmídeo de resistência (no caso, o
pX343), portanto, deve possuir um número de cópias muito maior do plasmídeo de interesse (pNU)-
eCGβα. Esta estratégia foi adotada em diversos projetos biotecnológicos do nosso grupo (Bustos-
Valenzuela JC et al. 2011; Belchior et al., in prep.; Carreira et al.in prep; Coelho TM et al. in prep.),
tendo se mostrado bastante eficiente para diversas proteínas. Esta estratégia permitiu isolar clones
celulares de 293T resistentes à higromicina B e uma população de células CHO-DG44 resistente a este
antibiótico, a qual foi, então, submetida à dupla seleção através de diversas etapas de amplificação
gênica sob ação di quimioterápico MTX, gerando diversas subpopulações celulares.
5.2 Expressão de reCGββββαααα
O sistema de expressão escolhido para este trabalho foi o de células de mamíferos, devido à
alta complexidade estrutural das glicosilações presentes na proteína eCG, que interferem diretamente
na meia-vida circulatória e atividade biológica de eCG (Min et al., 2004; Legardinier et al., 2008).
Células de mamífero são capazes de processar corretamente e adicionar modificações pós-traducionais,
tais como glicosilação, as quais são essenciais para o correto dobramento, estabilidade e atividade
biológica das proteínas (Strickland e Pierce, 1983; Thomason et al., 1985; Beebe et al., 1990; Huth et
al., 1993; Feng et al., 1995; Devashayam, 2007). No entanto, grande variabilidade no perfil de
glicosilação adicionado é encontrada entre as diferentes espécies e tecidos das quais as linhagens de
mamífero advêm, o que se deve ao perfil diferenciado de glicosiltransferases ativas em cada linhagem
celular (Paulson et al.¸1989; Devashayam, 2007).
A escolha da linhagem celular é uma importante decisão quando se decide expressar um
biofármaco, pois pode definir se a proteína expressa apresentará (ou não) atividade biológica e
estabilidade (Jianwei Z 2012; Walsh G 2006). Um dos sistemas de expressão mais populares e mais
utilizados para a expressão de biofármacos é a célula de ovário de hamster chinês CHO (Kildegaard et
al., 2013), as quais contêm um vasto repertório de enzimas da via de glicosilação, permitindo a adição
de uma grande variedade de glicanos do tipo complexo, di ou tri-antenados (Davidson e Castellino,
1991; Hossler et al. 2009) Apesar de não adicionarem sialilações do tipo α2,6, presentes em eCG
(Paulson et al., 1989; Devasahayam, 2007), células CHO foram utilizadas por diversos grupos para
produzir esta e outras gonadotrofinas com atividade biológica (Min et al. 1996; keene et al., 1989;
Garcia-Campayo et al., 2004; Fares et al., 2007; Jablonka-Shariff et al., 2007; Takur et al., 2009; Kim
et al., 2010). Comparativamente, selecionamos a linhagem humana 293T de rim embrionário,
modificada com o antígeno Large T de SV40, para a expressão de reCGβα. Células HEK293 são
sabidamente um sistema robusto para expressão de glicoproteínas (Henry e Durocher 2011), sendo
capazes de produzir glicoproteínas contendo oligossacarídeos do tipo complexos, biantenários e
sialilados (Chitlaru et al., 1998). Huang e colaboradores descreveram que células HEK293T
transformadas com o antígeno Large T de SV40 apresentaram um aumento de sete vezes nos níveis de
expressão do receptor de glutamato GluR2 (Huang et al., 2005), em relação à linhagem parental
HEK293. Estes trabalhos reforçam a hipótese de que as células 293T escolhidas para o presente
trabalho são boas candidatas para a expressão de altos níveis da glicoproteína de interesse, mantendo
sua atividade biológica e um padrão glicosilação similar à proteína selvagem. Além disso, até o
presente momento, não existe relato na literatura de produção de eCG em células 293T, sendo os
resultados aqui obtidos inéditos.
Os clones superprodutores obtidos de 293T e as populações resistentes à doses crescentes do
quimioterápico MTX, obtidas a partir de células CHO-DG44, foram testados quanto aos seus níveis de
expressão de reCGβα por um ELISA específico para eCG. Para os clones celulares de 293T,
obtivemos valores de reCGβα expressos no meio de cultura variando entre 3,5 e 12UIs/mL, enquanto
para células CHO-DG44, os níveis de reCGβα expressos no meio de cultura aumentavam
proporcionalmente a cada etapa de tratamento com doses crescentes de MTX. Para populações tratadas
com até 500nM de MTX, a expressão de eCGβα encontrada estava no mesmo nível de grandeza
daquela observada para as células 293T. A expressão desta proteína elevou-se para ao redor de
40UIs/mL quando a dose de MTX subiu para 2.500nM. No entanto, vale a pena ressaltar que, após 10
passagens da remoção da pressão seletiva, a expressão de reCGβα caiu em aproximadamente 50%. A
literatura descreve, em diferentes sistemas, os níveis de expressão de reCG βα. Min e colaboradores
obtiveram aproximadamente 2µg/mL (equivalentes a 2UI/mL) de reCG selvagem e 1µg/mL
(equivalente a 1UI/mL) de reCGβα expressos em células CHO-K1 (Min et al., 2004). Legardinier e
colegas expressaram eCGβα em células COS-7, obtendo 0,094ng eCGβα/mL (94mUI/mL), e em
células de inseto SF9 e MimicTM , obtendo 4,1 e 5,3µg eCGβα/mL, respectivamente. Galet e colegas,
por sua vez, expressaram eCGβα em leite de coelhas transgênicas, obtendo 21,4µg eCGβα/mL. Estes
dados, gerados por outros pesquisadores, mostram que os nossos níveis de expressão, tanto para 293T
quanto para CHO-DG44, foram muito maiores do que aqueles obtidos para sistemas de expressão
similares (CHO-K1 e COS-7), se mostrando resultados maiores ou iguais àqueles obtidos em células
de inseto e, para as populações de células CHO-DG44 superexpressoras de reCGβα geradas neste
trabalho, os níveis de expressão desta proteína foi comparável àqueles obtidos para animais
transgênicos. Ainda, Crosset e colaboradores demonstraram que o nível de expressão de proteínas
recombinantes nestas duas linhagens celulares estudadas foi de 1,5 a 23µg/mL para células HEK
(precursora de 293T) e de 1,4 a 11 para CHO (precursora de CHO-DG44) (Crosset et al. 2012). Em
conjunto, esses dados enfatizam a eficiência do conjunto de técnicas aqui utilizadas (vetor de
expressão, estratégia de cotransfecção e amplificação gênica) na expressão de altos níveis de reCGβα
no meio de cultura condicionado pelas células superprodutoras geradas.
Dinâmicas de expressão de reCGβα expresso em meio de cultura condicionado na presença
ou na ausência de soro fetal bovino, após 24, 48 e 72h, mostraram que períodos mais longos
permitiram, de fato, maior acúmulo das proteínas secretadas para o meio de cultura. Os resultados
obtidos para células 293T mostram que a condição de ausência de soro fetal bovino (FBS) apresentou
melhores resultados, em termos de níveis de expressão, quando comparado com a produção da
proteína na presença de soro. Isso pode ser explicado por algumas hipóteses, como: a presença de
proteases no soro fetal bovino ou a agregação de reCG, que é uma proteína plasmática, a proteínas
presentes no soro, tais como a albumina. No entanto, para as células CHO-DG44, os resultados foram
invertidos, ou seja, a depleção de soro na cultura diminuiu o ritmo de secreção de eCGβα. De fato,
células superprodutoras de biofármacos encontram no cultivo em meio sem soro uma barreira
importante para maior produtividade (Rodrigues et al., 2013). Por outro lado, a falta de soro pode
acarretar perda ou diminuição da estabilidade da proteína.
O fato das células transfectantes manterem a capacidade de expressão da proteínas
reCGβα na ausência de soro merece destaque. Apesar de extensamente utilizado na manutenção
de células de mamíferos, o soro bovino passou a ser evitado na área de produção de biofármacos
devido ao perigo de contaminação dos produtos recombinantes com vírus e príons de origem
bovina. Hidrolisados peptídicos de plantas e microorganismos, utilizados amplamente na
indústria alimentícia, constituem, atualmente, fontes valiosas de componentes não animais para
promover o crescimento de células de mamíferos em cultura. Meios quimicamente definidos são
ainda mais interessantes por terem uma composição pré-determinada conhecida permitindo não
só evitar as possíveis contaminações, como, também, um maior controle da formulação do meio
de cultura, diminuindo a possível variação entre lotes (Butler & Meneses-Acosta, 2012), o que
pode comprometer a produção das proteínas em larga escala. Estes dados são indicativos de que
reCGβα poderia ser expresso em níveis semelhantes caso as células fossem cultivadas em meio
definido na ausência total de soro fetal bovino.
5.2 Atividade Biológica de reCGββββαααα In Vitro
Ensaios de atividade biológica in vitro são ferramentas potentes utilizadas para avaliar a
atividade biológica de proteínas de interesse, evitando o uso direto de animais de experimentação para
obter estas informações. No caso do eCG, por se tratar de um ensaio de estímulo-resposta envolvendo
receptores específicos, esta ferramenta é indicativa de algumas características da proteína
recombinante ensaiada, como seu dobramento correto e grau de estabilidade. Para avaliar a atividade
biológica in vitro do reCGβα, utilizamos a linhagem celular MLTC-1 (ATCC CRL-2061), obtida de
células de Leydig de camundongos, que superexpressa receptores de gonadotrofinas (hCG e hFSH)
que responde de maneira dose-dependente ao estímulo com eCG, produzindo e secretando
progesterona para o meio de cultura. Os resultados observados indicaram não haver diferenças
estatísticas na resposta a uma mesma dose de reCG advinda de diferentes preparações (CHODG-44 ou
293T, FCS ou SFM) e a uma mesma dose de Folligon. No entanto, ao observar-se cautelosamente os
gráficos, é possível notar uma tendência a uma resposta menos robusta nas condições de meio sem
soro (SFM), quando comparadas às mesmas doses na presença de soro. Este resultado é muito
positivo, pois indica que o reCGβα produzido por nossas células transfectantes possui atividade
biológica in vitro similar ao produto comercialmente disponível, Folligon, mesmo quando produzida
na ausência de soro fetal bovino. Legardinier e colaboradores (Legardinier et al., 2005) utilizaram o
mesmo ensaio para determinar a atividade biológica in vitro desempenhada por reCG heterodimérico e
por reCGβα produzido em células de inseto. Este autor verificou que, no caso do reCG heterodímero,
a resposta de produção de progesterona foi ligeiramente menor, quando comparada ao eCG selvagem,
enquanto que para a proteína fusionada (reCGβα), a resposta foi 50% menor. No entanto, estes
pesquisadores adotaram a estratégia de expressão em células de inseto, que adicionam N-glicanos
aberrantes à esta proteína, o que interferiu na estabilidade e na habilidade de reconhecimento do
receptor da proteína eCG. Min e colegas (Min et al., 2004) utilizaram culturas primárias de células da
granulosa para ensaiar a atividade biológica de FSH das proteínas reCGβα e reCG heterodimérico, e
culturas primárias de células de Leydig para ensaiar a atividade biológica de LH destas mesmas
proteínas recombinantes. Estes pesquisadores verificaram que a molécula fusionada apresentou
atividade biológica ligeiramente menor do que a molécula heterodimérica, para ambos os ensaios.
Os resultados obtidos por nosso grupo,discutidos até aqui, apresentam fortes indícios de que a
estratégia de expressão de uma molécula de eCG fusionada, adotada aqui, foi adequada nos quesitos
nível de expressão, dobramento e atividade biológica in vitro.
5.3 Atividade Biológica de reCGββββαααα In Vivo
A atividade biológica in vivo desempenhada por reCG βα secretado para o meio de cultura
das células superprodutoras foi investigada através do ensaio de gonadotrofinas de Cole & Erway
(Cole e Erway, 1941), recomendado pela Farmacopéia Britânica para gonadotrofinas, que permite a
determinação da atividade biológica de preparações contendo eCG (eCG comercial ou reCGβα)
através do estímulo da função ovariana e uterina em ratas pré-púberes, a qual se traduz em aumento do
peso destes órgãos após o estímulo hormonal.
Os resultados obtidos para a resposta ovariana evidenciaram pouca diferença entre os
tratamentos realizados com reCGβα, quando comparados com os controles negativos, em termos
de aumento no peso ovariano, apesar da curva dose-resposta do reCGβα produzido por células
CHO-DG44 ter apresentado tendência de aumento, o que não pode ser observado para as células
293T. Este dado é observado novamente na análise de regressão linear destes dados, que mostra
tendência de resposta positiva para o reCGβα neste órgão. No entanto, a figura 4.10, que permite
uma análise qualitativa da resposta aos tratamentos, evidencia a resposta ovariana ao hormônio
produzido pela célula CHO-DG44, notado pela presença de folículos ovarianos e vascularização
nestes órgãos, quando tratados com as maiores doses de reCGβα presentes na curva (20 e 40UI),
o que é corroborado por dados publicados por Witt e colaboradores, que relatam um aumento no
fluxo sanguíneo ovariano e uterino relacionado com a eficácia da resposta ao tratamento
estimulatório (Witt et al. 2012).
Recentemente, Lecompte e colaboradores publicaram um trabalho no qual demonstram
que a resposta uterina à eCG é indireta, atuando através do eixo hipotálamo-pituitário-gonadal,
num mecanismo que envolve um aumento no número de receptores de FSH presentes neste
órgão e a secreção de FSH pela hipófise. Esta resposta indireta ocorre em concentrações menores
de eCG do que a resposta ovariana (resposta direta do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal). A
resposta uterina observada quando do tratamento com reCGβα produzido por células CHO-
DG44 foi, de fato, bastante similar àquela observada para Folligon. Os dados de regressão linear
demonstram uma resposta mais consistente de reCGβα produzida pelas células CHO-DG44 em
comparação com o Folligon. Para o reCGβα produzido pelas células 293T, os resultados
indicam, novamente, baixa atividade desta preparação. No mesmo trabalho, Lecompte e
colaboradores correlacionaram tratamentos com hCG à uma alta resposta uterotrópica exibida
por este hormônio, a qual se apresentou mais discreta nos tratamentos com eCG. Os autores
concluem que o ensaio uterotrópico realizado em ratas sexualmente imaturas é um ensaio
sensível e conveniente para gonadotrofinas coriônicas humana e equina (Lecompte et al. 2010).
No entanto, ao analisar os dados da resposta uterotrópica obtida, em conjunto com os dados de
resposta ovariotrópica, observa-se que reCGβα possui menor potência do que o eCG
heterodimerico selvagem.
Vale ressaltar que este é o primeiro relato de um eCG recombinante com atividade
biológica comprovada in vivo, visto que os trabalhos de outros autores nos quais reCG é expresso
em sistema de células de mamífero (Min et al., 2004 e Choppineau et al. 2000), não mostram
avaliam a atividade hormonal in vivo, e os trabalhos nos quais eCG é expresso em outros
sistemas, tais como células de inseto (Legardinier et al. 2005), e em leite de coelhas transgênicas
(Galet et al., 2001), este hormônio não apresentou atividade biológica in vivo, mas somente in
vitro.
5.4 Purificação Parcial de reCGββββαααα por cromatografia líquida de alta
performance (HPLC)
A característica de baixo PI do eCG (em torno de 1,8) já foi explorada por outros autores em
processos de purificação desta proteína a partir do sangue de éguas prenhes, que utilizaram a
cromatografia de troca iônica como estratégia de purificação desta proteína (Moore e Ward, 1980;
González et al., 1997). A coluna HiTrapTM Capto Q (GE Healthcare), que possui o trocador aniônico
amônia quaternária, foi utilizada nos procedimentos de purificação de reCGβα a partir de meio de
cultura condicionado, na ausência de soro fetal bovino, de células CHO-DG44 e 293T
superprodutoras. Foi necessário diluir o meio de cultura condicionado dez vezes com tampão de
equilíbrio A (NaAc 100mM pH 4.5) de modo a diminuir a concentração de NaCl presente no meio de
cultura (a concentração de NaCl em meios de cultura como o DMEM e α-MEM é em torno de 110mM
de NaCl) e, desta forma, otimizar a ligação de reCGβα à coluna de troca iônica. Esta estratégia foi
adotada pois González e colaboradores observaram que, devido ao fato de poucas proteínas
apresentaram carga negativa em pH ácido, ocorre uma ligação preferencial de proteínas com PIs
baixos. No entanto, existe um limite para a seleção de pH, sendo eCG se mantém estável e
biologicamente ativa no intervalo de pH entre 4,0 e 8,0 (González et al., 1997). González e
colaboradores obtiveram maior atividade específica de eCG eluída com concentrações de NaCl entre
60 e 80mM. Nós adotamos esta estratégia, porém sem sucesso (dado não mostrado). Uma curva
utilizando concentrações de NaCl de 0 a 100mM foi realizada, verificando-se, por ELISA específico,
que a maior parte de reCGβα foi eluída entre 10 e 40mM de NaCl (dado não mostrado). Sendo assim,
três gradientes de eluição contendo quantidades crescentes de tampão B foram adotados, sendo o
primeiro de 0 a 11mM NaCl, objetivando eluir proteínas contaminantes, e segundo de 11 a 19mM
NaCl e o terceiro de 19 a 40mM NaCl, objetivando enriquecer o eluato em reCGβα. Um gradiente
final de 40 a 1.000mM NaCl foi adotado para limpeza da coluna. Uma recuperação de
aproximadamente 48% de reCGβα foi alcançada entre as concentrações de 11 a 40mM de NaCl.
González e colaboradores conseguiram recuperação de 90%, porém o material de partida utilizado por
este grupo era plasma equino e as condições cromatográficas utilizadas foram diferentes (adsorção de
eCG selvagem em bateladas contendo a resina). Moore e Ward apresentaram resultados de purificação
de eCG utilizando a coluna Mono-Q como estratégia de captura eficiente, seguida de uma
cromatografia de refinamento com Hidroxiapatita (Moore e Ward, 1980).
Os perfis cromatográficos obtidos para a purificação de reCGβα proveninente de meio de
cultura condicionado de células 293T ou de células CHO-DG44 e para a cromatografia realizada para
o controle negativo foram muito semelhantes, não sendo possível identificar o pico referente a eCG
nos cromatogramas obtidos. Análises de SDS-PAGE comparando as frações eluídas contendo reCGβα
e as frações eluídas nas mesmas condições utilisadas para o controle negativo não mostraram
diferenças no perfil de bandas observado, provavelmente porque reCGβα estava pouco abundante na
massa de proteína total eluída. No entanto, ensaios de Western blot revelam a presença de uma banda
de aproximadamente 55 kDa, eluída nas condições de interesse, a qual não apareceu no controle
negativo. Esta banda possui um tamanho ligeiramente inferior ao esperado para eCG, quando
comparada com o produto comercial Folligon (60 kDa). O meio condicionado não-purificado
apresentou um smear imunoreativo de 45 a 60 kDa, indicando que o processo de purificação parcial de
reCGβα, desenvolvido na coluna HiTrapTM Capto Q, selecionou uma glicoforma dentre aquelas
presentes no meio de cultura original.
Diversos grupos expressaram eCG na forma recombinante adicionando Tags de Histidina de
forma a possibilitar a cromatografia de afinidade para a sua purificação (Matsui et al., 1994;
Legardinier et al. 2008). Estes grupos obtiveram preparações puras e altamente concentradas de reCG,
o que facilitou as análises posteriores realizadas com esta proteína através de MS, SDS-PAGE e perfil
de glicosilação. O intuito de nosso grupo, no entanto, era expressar esta proteína na forma
recombinante sem a presença de Tags, visto que estes podem alterar a estrutura e a atividade biológica
da proteína em questão. No entanto, apesar de gerar dados novos de purificação de eCG recombinante,
a a purificação de reCGβα por esta metodologia se apresentou muito mais desafiadora, uma vez que,
apesar da obtenção de resultados razoáveis em termos de rendimento, ainda se detecta a presença de
muitas proteínas ínespecíficas nas análises de SDS-PAGE realizadas, destacando-se uma proteína
contaminante majoritária de 60kDa, portanto, a purificação obtida para reCGβα utilizando esta
metodologia foi considerada parcial.
Alternativamente, no presente trabalho, explorou-se a estrutura altamente glicosilada de eCG
para purificar esta molécula, utilizando-se cromatografia de afinidade por lectina. A coluna coluna
HiTrapTM Con A (GE Healthcare), que possui a lectina Concanavalina A, foi utilizada nos
procedimentos de purificação de reCGβα a partir de meio de cultura condicionado, na ausência de soro
fetal bovino, de células CHO-DG44 e 293T superprodutoras. Esta coluna foi selecionada por
apresentar afinidade a eCG (Murphy e Martinuck, 1991) e a hCG (Manjunath e Sairam, 1982). Foi
necessário ajustar a concentração de NaCl, MgCl2 e CaCl2 no meio de cultura condicionado para
otimizar a ligação de reCGβα à coluna de afinidade. A estratégia de eluição escolhida foi baseada na
tese de doutorado do Dr. Luis Augusto Ferreira Rossa (2009), na qual duas estratégias de
cromatografia de afinidade foram utilizadas em sequência (Blue-Sepharose seguida de Concanavalina
A), obtendo rendimento de aproximadamente 70% no processo.
Os resultados obtidos demonstram que a recuperação de reCGβα eluída por esta coluna foi
ligeiramente inferior (40% vs 50%) àquela obtida pela coluna HiTrap, para ambas as condições
ensaiadas (293T e CHO-DG44). No entanto, o reCGβα foi eluído da coluna ao longo de quase a
totalidade do gradiente de eluição com o competidor metil-α-D-glucopiranosídeo (20 a 200mM), o que
evidenciou a formação de um pico achatado de reCGβα. Ainda, observando o gráfico da eluição, é
possível inferir que poucas proteínas ligaram-se à coluna devido ao discreto aumento na absorbância
observada na etapa de eluição e à alta quantidade de proteínas saindo no permeado.
Quando as frações eluídas foram comparadas ao meio de cultura original, ao permeado e ao
controle negativo por meio de um gel de SDS-PAGE, notou-se a presença de um bandas
contaminantesna fração eluída, e uma ligeira diminuição na intensidade da proteína contaminante
majoritária, de 60 kDa. No entanto, assim como ocorreu para o reCGβα purificado por HiTrapTM
Capto Q, não foi possível observar a banda referente a reCGβα em meio às demais proteínas presentes
no fracionamento. No entanto, proteínas do tamanho de 55 kDa mostraram-se imunoreativas no
experimento de Western blot, evidenciando que foi possível enriquecer as frações eluídas na proteína
de inteeresse, obtendo-se uma purificação parcial.
As frações que apresentaram atividade por ELISA neste último experimento de purificação
por cromatografia de afinidade por concanavalina A foram concentradas utilizando-se filtros Centricon
com corte de 10 kDa e utilizadas em um ensaio de atividade biológica in vivo em ratas pré-púberes,
conforme descrito em Material e Métodos. Interessantemente, o reCGβα parcialmente purificado
obtido do meio de cultura de células CHO-DG44 apresentou atividade uterogênica estatisticamente
semelhante ao eCG comercial Folligon, tendo sido possível notar a presença de vascularização e de
folículos ovarianos desenvovidos e repletos de líquido folicular, indicando que o processo de
purificação desenvolvido, mesmo que parcial, preservou as propriedades biológicas de reCGβα. Este
resultado é inédito na literatura, pois nenhum autor publicou, até o momento, uma estratégia de
purificação de reCG (por cromatografias que não envolvam a presença de tags de afinidade), mantendo
a atividade biológica da proteína in vivo.
5.5 Comparação dos perfis de glicosilação obtidos para reCGββββαααα e eCGs comerciais.
Num primeiro momento, foi realizada a extração e análise do perfil de N-glicanos presentes
no eCG selvagem comercialmente disponível (Folligon) e no padrão internacional de eCG
(NIBSC/WHO). A maioria das estruturas presentes apresentou valores de GU acima de 7, indicando a
presença de estruturas do tipo complexa e multiantenárias e, possivelmente, sialiladas para ambos os
eCGs analisados.
De acordo com a base de dados de glicanos Glycobase, os valores de GU obtidos nos
forneceram diversas opções de estruturas para cada pico. Após comparar com dados da literatura e
realizar diversas digestões enzimáticas, foi possível inferir estruturas putativas de N-glicanos para cada
pico obtido. O padrão internacional de eCG (NIBSC/WHO) apresentou picos muito baixos, assim
portanto, optou-se por analisar somente o perfil de Folligon, que apresentou resultados mais robustos.
A Figura 5.1 abaixo contém as estruturas putativas selecionadas para cada pico, após se comparar o
padrão da digestão realizada com exoglicosidades:
Figura 5.1: Estruturas de N-glicanos obtidas para o eCG comercial Folligon após digestão realizada com com
combinações de exoglicosidades. No eixo das abscissas encontram-se os valores relativos de unidades de glicose (GU)
obtidos para cada cromatografia, enquanto que no eixo das ordenadas encontram-se a intensidade dos picos eluídos (EU). É
possível identificar as estruturas de N-glicanos atribuídas a cada pico e acompanhar a progressiva diminuição dos valores
de GUs dos picos após serem realizadas digestões com conjuntos de enzimas progressivos. No painel A, encontram-se as
estruturas não digeridas., e nos painéis B, C e D encontram-se as estruturas obtidas após digestão com sialidase, sialidase +
galactosidade + fucosidase e sialidase + galactosidase + fucosidase + hexosaminidase, respectivamente.
A análise do padrão de estruturas digeridas com diferentes enzimas nos permite correlacionar
as estruturas presentes na amostra antes e após cada etapa da digestão. Partindo-se de estruturas
completas, já descritas na literatura para eCG, e proteínas da mesma família (hCG, eLH), é possível
traçar um paralelo entre a estrutura obtida na amostra não-digerida (uma cadeia com duas antenas
finalizada em ácido siálico, por exemplo) com a mesma estrutura após a digestão com sialidase (uma
cadeia com duas antenas finalizadas com galactose).
Após digestão total, a glicoestrutura mais abundante esperada para eCG é M3 (referente a 3
resíduos de Manose), a estrutura de base de N-glicanos após a digestão de todos os resíduos presentes
na antena (Matsui et al., 1994). Por alguma razão que ainda não foi identificada, nós obtivemos alguns
picos resultantes da digestão incompleta com as quatro enzimas (Figura 5, Painel D), sendo uma destas
estruturas consistente com uma estrutura A3 (três resíduos de GlucNAc, presentes no início de
estruturas tri-antenárias). Considerando que o mesmo conjunto de enzimas foi utilizado em
experimentos paralelos nos quais todas as estruturas convergiram para M3 após tratamento com esta
combinação de exoglicosidases, foi possível inferir que algum radical está bloqueando a ação de
alguma das enzimas utilizadas (provavelmente a hexoxaminidase). De fato, a literatura mostra que
muitas moléculas de eCG possuem N-glicanos contendo GalNac sulfatadas e uma ou mais repetições
de LacNAc (Bousfield et al., 2004), o que pode bloquear a ação de hexoxaminidase. Outro pico foi
observado no valor de GU de 7,465, porém uma estrutura não pode ser sugerida baseando-se somente
em digestões enzimáticas. Esta estrutura, no entanto, provavelmente é resultante de uma digestão
incompleta de um N-glicano de duas ou três antenas.
Considerando o conjunto de digestões enzimátics realizadas com as enzimas Sialidase +
Fucosidase + Galactosidase (Figura 5.1 Painel C), e o perfil obtido pela digestão do Painel D, foi
possível identificar estruturas biantenárias (A2) ou biantenárias com a presença de um GlucNAc
bissetriz, ligado diretamente ao primeiro resíduo de manose (A2B), o que está de acordo com os dados
encontrados na literatura. Matsui e colaboradores descreveram que 46,6% dos N-glicanos presentes em
eCG são bi-antenários (A2) e 14% são biantenários bissetrizes (A2B). Neste painel foi possível
identificar, ainda, a presença de resíduos de N-glicanos tri-antenários (A3) e tri-antenários bissetrizes
(A3B), os quais Matsui e colaboradores descreveram como sendo 13% dos N-glicanos de eCG. Alguns
autores (Damm et al, 1989; Karmeling et al, 1989; Smith et al, 1992; Legardinier et al, 2005 and
2008) descreveram os N-glicanos de eCG como sendo principalmente bi-antenários, porém não
mencionaram porcentagens.
Dados da literatura sugerem a presença de resíduos de fucose ligados à estrutura de base dos N-
glicanos de eCG. No entanto, diferentes autores discordam sobre a proporção de resíduos de fucose,
que foram estimados entre 5% e 90% (Damm et al, 1989; Matsui et al 1994; Bousfield et al, 2004).
Nossos dados sugerem que a porcentagem de resíduos de fucose em eCG selvagem é bastante
reduzida, pois não foram encontradas diferenças nos perfis de digestão realizados após digestão com
Sialidase + Fucosidase e Sialidase apenas.
Na digestão realizada com sialidase + fucosidase (Painel B da Figura 5.1) é possível identificar
um decréscimo no valor de GU dos picos observados nas amostras não-digeridas (Painel A),
demonstrando a presença de ácido siálico na maioria das antenas. Os valores de GU obtidos indicam
que boa parte dos N-glicanos presentes em Folligon são do tipo completo por apresentaram resíduos de
GalNAc em todas as antenas, sendo a maioria das estruturas bi-antenárias bissetrizes ou não (A2G2 e
A2BG2) e uma menor proporção de N-glicanos tri-antenários bi-galactosilados (A3G2) e tri-antenários
bissetrizes tri-galactosilados (A3BG3). A literatura mostra que a maioria dos N-glicanos de eCG são
bi-antenários e bi-galactosilados, podendo ser bissetrizes ou não. Os N-glicanos tri-antenários, por sua
vez, podem ser tanto bi- quanto tri-galactosilados (Matsui et al 1994; Bousfield et al, 2004). Foi
encontrada uma estrutura, com GU de 7,093, que corresponde ao tamanho de uma N-
acetyllactosamina, presente numa estrutura bi-antenária, o que foi extensivamente descrito na literatura
por outros autores, embora nenhum deles tenha atribuído uma porcentagem assertiva sobre a
quantidade destas estruturas encontradas em eCG (Bousfield et al, 2004; Legardinier et al, 2005).
O Painel A da Figura 5.1 mostra as estruturas encontradas para o eCG não-digerido.
Considerando as estruturas digeridas citadas acima, é possível inferir estruturas putativas completas de
N-glicanos presentes no eCG selvagem, e compará-las com aquelas encontradas nas amostras de eCG
recombinante. A maioria dos N-glicanos obtidos são bi-antenários, bissetrizes ou não, e mono ou bi-
sialilados, o que está de acordo com o descrito na literatura até o momento (Matsui et al 1994;
Bousfield et al, 2004; Legardinier et al, 2005, Legardinier Legardinier et al, 2008). Alguns picos
possuem valores de GU correspondentes à uma única antena (GU 7,424 e GU 8,074), o que está em
desacordo com os resultados da digestão, nos quais estruturas bi- e tri- antenárias foram as mais
abundantes. Porém, estes resultados não são absolutos, visto que estas estruturas putativas são aquelas
que se alinharam com as estruturas depositadas no banco de dados Glycobase, que não possui as
estruturas lactosamina (Lac) e N-acetillactosamina (LacNAc), bem como de N-glicanos sulfatados.
Estas três últimas estruturas foram descritas, em diferentes porcentagens, tanto em eCG quanto em
eLH (Damm et al 1989; Matsui et al 1994; Bousfield et al, 2004). Portanto, se faz necessário um
tratamento destas amostras com sulfatase e outras enzimas para remover os possíveis resíduos de
LacNaAc e Lac possivelmente presentes nestas amostras (Sialidase + Hexoxaminidase, por exemplo),
para confirmar a identidade destas estruturas.
O reCGβα expresso por células 293T ou CHO-DG44 foi parcialmente purificado por HiTrapTM
Capto Q e submetido à análises de glicosilação. Os resultados encontrados mostram perfis de N-
glicanos distintos encontrados nas frações enriquecidas para reCGβα expressos pelas duas linhagens
celulares. A Figura 5.2 abaixo contém as estruturas putativas para os principais picos encontrados na
análise:
Figura 5.2: Estruturas Putativas de N-glicanos obtidas em frações enriquecidas em reCGββββαααα. No eixo das abscissas
encontram-se os valores relativos de unidades de glicose (GU) obtidos para cada cromatografia, enquanto que no eixo das
ordenadas encontram-se a intensidade dos picos eluídos (EU). As setas indicam possíveis estruturas de N-glicanos
atribuídas a cada pico. A: perfil obtido para reCGβα expresso na linhagem 293T; B: perfil obtido para reCGβα expresso na
linhagem CHO-DG44.
A intensidade dos picos obtidos foi baixa em comparação com Folligon, muito provavelmente
devida à baixa massa de proteína parcialmente purificada imunorreativa submetida à digestão com
PNGase. No entanto, foi possível realizar uma análise preliminar através do Software Glicobase 3.2
versão 3.2, que indicou a presença de glicoestruturas bastante ricas para ambas as linhagens estudadas.
Muitas estruturas com valores de GU baixo (4 a 6) foram encontradas. Este fenômeno pode ser
atribuído à degradação dos N-glicanos. Algumas hipóteses foram levantadas, tais como: degradação
por glicosidases presentes no meio de cultura condicionado das células, degradação durante o processo
de purificação ou de processamento das bandas de SDS-PAGE para extração os N-glicanos. Novas
amostras estão em preparo para se obter maior massa de N-glicanos e com maior qualidade para uma
amostra definitiva. Não foi possível, devido à baixa quantidade de N-glicanos disponível, realizar as
digestões por exoglicosidases. Portanto, a análise das estruturas encontradasé é, putativa, sendo
necessários novos experimentos para confirmar as estruturas aqui encontradas.
Os valores de GU encontrado indicam a presença de diversas glicoformas do tipo complexas e
multiantenárias, contendo um a dois resíduos de ácido siálico para ambas as linhagens celulares
superprodutoras de reCGβα. Após se comparar com dados da literatura e com o resultado obtido aqui
para Folligon, foi possível inferir as estruturas putativas que serão discutidas a seguir.
As estruturas de N-glicanos encontradas para as células 293T apresentaram menor intensidade
de picos (equivalente a menor massa de cada estrutura) e maior variabilidade em comparação com as
estruturas encontradas para as células CHO-DG44. Para 293T, foram encontrados três picos
importantes de base A1:A1, que é provavelmente produto de degradação, A1G1 e A1G1S1, indicando
a presença de N-glicanos mono-antenários. Apenas três estruturas de base A2 (A2G1 e A2G2S1 e
F(6)A2G2S1) com áreas totais somando 3,11% foram identificadas, mostrando que os N-glicanos bi-
antenários são pouco representativos neste modelo. Este dado destoa dos N-glicanos bi-antenários
obtidos para Folligon (correspondentes à maioria das estruturas) e para eCG descritos na literatura
(Matsui et al 1994; Bousfield et al, 2004; Legardinier et al, 2005, Legardinier Legardinier et al, 2008)
podendo explicar a baixa atividade biológica encontrada para o reCGβα expresso por esta linhagem.
Diversas glicoformas tri- e tetra-antenárias sialiladas, com pelo menos duas antenas ocupadas por
ácidos siálicos foram encontradas, totalizando 12% do total e boa parte das estruturas mais complexas
obtidas (GU>7), o que está de acordo com o perfil encontrado para glicoproteínas expressas por estas
células. Chitlaru e colaboradores observaram sialilações do tipo α2,6 incompletos em uma proteína
recombinante expressa em células HEK293, mas atribuiu este fenômeno à incapacidade das
sialiltransferases presentes no complexo de Golgi destas células em adicionar estes resíduos quando
taxas muito altas de proteínas são expressas, como é o caso de biofármacos e outras proteíinas
recombinantes (Chitlaru et al., 1998).
As estruturas encontradas nas frações enriquecidas para reCGβα expresso nas células CHO-
DG44 foram de maior intensidade EU (denotando maior massa de cada estrutura presente na
preparação) quando comparadas com aquela proveniente das células 293T. Estas células apresentaram
N-glicanos com menor grau de degradação e maior proporção de estruturas bi-antenárias: somando-se
a área dos picos de todas as estruturas de base A2, obtêm-se 28,17%. N-glicanos tri e tetra-antenários,
por sua vez, somaram 36,72% das estruturas totais. Estes dados corroboram os dados obtidos pelo
ensaio de atividade biológica realizado in vivo , visto que, dentre as duas linhagens utilizadas no
estudo, os N-glicanos adicionados pelas células CHO-DG44 são os que mais se assemelham àqueles
encontrados em Folligon. A literatura suporta este resultado, visto que Croset e colegas demonstraram
que proteínas expressas em células CHO possuem maior quantidade e variedade de glicanos sialilados,
quando comparadas com aquelas produzidas na linhagem CHO (Crosset et al., 2012).
Novos experimentos estão em andamento, a fim de adaptar as células superprodutoras em meio
quimicamente definido à cultura em suspensão utilizando-se biorreatores spinners, de modo a
aumentar a expressão de reCGβα e diminuir a presença de contaminantes. Esta estratégia permitirá
purificar maior quantidade de reCGβα e com maior facilidade, o que tornará viável uma análise mais
apurada de N-glicanos expressos por cada linhagem celular aqui estudada. Por fim, a digestão com
exoglicosidases será realizada num futuro próximo de modo a confirmar as estruturas preditas no
presente trabalho.
No presente momento, o sucesso na produção de uma molécula de eCG recombinante com
atividade biológica levou levou nosso grupo a elaborar um convênio visando a parceria entre o nosso
grupo de pesquisa e a indústria farmacêutica veterinária de grande porte Ourofino Agronegócio. Este
convênio, quando celebrado, permitirá a transferência da tecnologia aqui desenvolvida para a indústria,
uma das nossas maiores metas.
Um ensaio clínico utilizando trinta vacas foi realizado a campo em parceria com a empresa
Ourofino, utilizando meios de cultura condicionados obtidos por células superprodutoras de reCGβα
na ausência de soro fetal bovino (dados não mostrados). Os dados obtidos deste ensaio são sigilosos e
de porte da empresa, no entanto, foi possível constatar a plena atividade biológica de reCGβα na
espécie-alvo, em níveis semelhantes ao produto comercial purificado.
5. CONCLUSÕES
Os resultados obtidos no presente trabalho permitem concluir que foi possível gerar
clones superprodutores de reCGβα tanto em células 293T quanto em células CHO-DG44.
A reCGβα produzida pelas células CHO-DG44 apresentou atividade biológica In Vivo,
sendo capaz de estimular a função ovariana e uterina em ratas pré-púberes.
Foi possível estabelecer um protocolo de purificação parcial de reCGβα por
cromatografia líquida de afinidade (Concanavalina A), onde as frações enriquecidas para
reCGβα apresentaram atividade biológica In Vivo.
Foi possível realizar análise do perfil de N-glicosilação de reCGβα produzido tanto por
CHO-DG44 quanto por 293T e comparar os resultados com o eCG comercial Folligon, sendo
que o perfil obtido pelas células CHO-DG44 ficou mais parecido com o obtido pelo Folligon, o
que corrobora os dados de atividade biológica.
O produto reCGβα possui atividade na espécie-alvo (fêmeas bovinas) similar àquela
desempenhada pelo produto purificado disponível no mercado.
.
6. PRÓXIMOS PASSOS
Os resultados gerados no presente projeto sugerem algumas abordagens futuras de
destaque para continuação do estudo:
a) Otimizar e padronizar a purificação de reCGβα, provavelmente utilizando duas
abordagens complementares;
b) Realizar análises de N-glicosilação de re-CGβα utilizando digestão por
exoglicosidases;
c) Realizar análise de expressão gênica de mRNA codificante para enzimas da via de
N-glicosilação presentes nas células CHO e 293T produtoras de eCG
recombinante versus não-produtoras, correlacionando estes dados com a atividade
específica destas enzimas (perfil de N-glicanos de reCG);
d) Subclonar o inserto contendo as cadeias fusionadas de eCG e os insertos
referentes às cadeias separadas no vetor patenteável pNU-1 e gerar novos clones
superprodutores de reCGβα produzidos por células em suspensão em meio
quimicamente definido.
7. PERSPECTIVAS
Considerando o sucesso do presente trabalho e a importância do hormônio eCG, nossa
intenção é patentear o processo de produção de eCG recombinante em células de mamífero
utilizando a estratégia de co-transfecção e otimização da expressão gênica descritos e transferir o
processo para uma Indústria Farmacêutica Veterinária.
Em termos de novos dados acadêmicos gerados, pretende-se publicar dois artigos
referentes a este trabalho:
- O primeiro comparando a atividade biológica de reCG expressa em CHO-DG44 e 293T;
- O segundo correlacionando o perfil de glicosilação adicionado por células humanas e
por células de hamster em eCG recombinante e a atividade biológica desempenhada por esta
molécula; incluindo os dados de perfil de expressão gênica de mRNAs codificantes para enzimas
da via de N-glicosilação.
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Sugahara T, Pixley MR, Minami S, Perlas E, Ben-Menahem D, Hsueh AJ, Boime I. Biosynthesis of a biological active single peptide chain containing the human common α and chorionic gonadotropin β subunits in tandem. Proc Natl Acad Sci USA 1995; 92:2041-2045. Sugahara T, Sato A, Kudo M, Ben-Menahem D, Pixley MR, Hsueh AJ, Boime I. Expression of biological active fusion genes enconding the common alpha subunit and the follicle-stimulating hormone beta subunit: Role of a linker sequence. J Biol Chem 1996: 271: 10445-10448. Sugino, H., G. R. Bousfield, et al. Structural studies on equine glycoprotein hormones. Amino acid sequence of equine chorionic gonadotropin beta-subunit. J Biol Chem, v.262, n.18, Jun 25, p.8603-9. 1987.
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Thakur D, Rejtar T, Karger BL, Washburn N, Bosques CJ, Gunay NS, Shriver Z and Venkataraman G Profiling of the Glycoforms of the Intact α Subunit of Recombinant Human Chorionic Gonadotropin by High Resolution CE/MS Anal Chem. 2009 November 1; 81(21): 8900–8907.
Tharasanit, T., B. Colenbrander, et al. Effects of recombinant human follicle stimulating hormone on follicle development and ovulation in the mare. Theriogenology, v.65, n.6, Apr 1, p.1071-81. 2006.
Thibier, M. e D. A. Stringfellow. Health and Safety Advisory Committee (HASAC) of the International Embryo Transfer Society (IETS) has managed critical challenges for two decades. Theriogenology, v.59, n.3-4, Feb, p.1067-78. 2003.
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Wilson, J. M., A. L. Jones, et al. Superovulation of cattle with a recombinant-DNA bovine follicle stimulating hormone. Animal Reproduction Science (Netherlands), v.v. 33(1-4) n.(1-4) p.p. 71-82. 1993.
Witt MC, Bollwein H, Probst J, Baackmann C, Squires EL, Sieme H. Doppler sonography of the uterine and ovarian arteries during a superovulatory program in horses. Theriogenology 2012 Apr 15 77(7): 1406-14
Wurm FM. Production of recombinant protein therapeutics in cultivated mammalian cells. Nat Biotechnol 2004 Nov;22(11):1393-8. Review.
LISTA DE ANEXOS
A – COMITÊ DE ÉTICA EM EXPERIMENTAÇÃO E USO DE ANIMAIS (CEUA)
B – SÚMULA CURRICULAR
C− ARTIGOS PUBLICADOS E/OU ACEITOS PARA PUBLICAÇÃO
SÚMULA CURRICULAR
Tatiane Maldonado Coelho
Brasileira, casada, 30 anos
Formação Acadêmica
� Doutorado Direto em Bioquímica – Departamento de Bioquímica, Instituto de Química, Universidade de São
Paulo, SP, Brasil
Início: 03/2008 Conclusão prevista: 1º Semestre/2014
� Doutorado Sanduíche – Microbiology Department, University of Mnitoba, MB, CA
Início: 11/2011 Conclusão: 04/2012
� Iniciação Científica em Bioquímica – Departamento de Bioquímica, Instituto de Química, Universidade de
São Paulo, SP, Brasil
Início: 04/2005 Conclusão: 12/2007
� Graduação em Medicina Veterinária – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São
Paulo, SP, Brasil
Início: 03/2003 Conclusão: 11/2007
Qualificações/Expertise
� Técnicas de Biologia Celular, Biologia Molecular e Bioquímica
� PCR, RT-PCR, qRT-PCR, clonagem, eletroforese em gel de agarose e poliacrilamida (DNA e proteína), sequenciamento de DNA, isolamento de ácidos nucleicos e proteínas, etc.
� Cultura de células � Expressão de proteínas recombinantes em células de mamíferos
� Purificação cromatográfica de proteínas
� Ensaios in vitro e in vivo (animais vertebrados)
� Ensaios de atividade biológica � Análise de N-glicosilação de proteínas
� Professora de Inglês na ONG - Centro Profissionalizante Chico Xavier por oito meses (2011)-
� Elaboração de um Plano de Trabalho para uma empresa Farmacêutica Veterinária Parceira referente a um ensaio clínico de eCG recombinante
� Ética, objetividade, audácia e criatividade para desenvolver projetos com aplicação comercial
Aspirações Profissionais
� Cargos relacionados a Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
� Cargos relacionados a Especialista de Produtos e Insumos dedicados à pesquisa e inovação � MBA em gestão de projetos
Projetos de Pesquisa/Bolsas
� Avaliação da atividade biológica da Gonadotrofina Coriônica equina recombinante (reCG) expressa em três diferentes tipos de célula de mamífero (09/2008 – 11/2013). Bolsista de Doutorado Direto - Fundação de Apoioà Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Instituto de Química, Departamento de Bioquímica, USP. Orientador: Profa. Dra. Mari Cleide Sogayar
� � Produção de FSH bovino recombinante (rbFSH) em células de mamífero (07/2006 – 12/2007) – Bolsista de
Iniciação Científica –Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Instituto de Química, Departamento de Bioquímica, USP. Orientador: Profa. Dra. Mari Cleide Sogayar
Idiomas
� Português: Língua mãe
� Inglês: Avançado – fala, escrita, leitura, tradução (TOEFL ITP) � Francês: Nível Básico (2 semestres de curso na Wizard Idiomas. São Paulo, Brasil)
Experiência Profissional
� Estagiária no Hospital de Ruminantes – VCM -FMVZ-USP � Início: 04/2003 Conclusão: 05/2003
� -Estagiária na clínica veterinária PuppyBrazil (Santo André – SP) Início: 01/2004 Conclusão: 02/2004
� -Estagiária no Núcleo de Apoio à Pesquisa da Glândula Mamária (NAP-GAMA) VPS-FMVZ-USP Início: 07/2004 Conclusão: 11/2004
� Estagiária na de Morfofisiologia Molecular e Desenvolvimento (LMMD) FZEA-USP Início: 12/2004 Conclusão: 02/2005
� Estagiária no Laboratório de Biologia Molecular empresa Nanocore Biotecnologia S/A – Setor de Biologia Celular e Biotecnologia Início: 08/2007 Conclusão: 12/2007
Experiência Acadêmica
Supervisões
� Gabriel Levin. Avaliação da modulação da expressão de MMPs e TIMPs por RECK e SPARC durante o desenvolvimento ovariano, foliculogênese e superovulação em ratas 2011-2014 (Concluída). Iniciação Científica (Graduando em Biologia) - Universidade de São Paulo
� Nathali Guimarães Nóbrega. Avaliação da modulação da expressão de MMPs e TIMPs por RECK e SPARC durante o desenvolvimento ovariano, foliculogênese e superovulação em ratas 2011-2014 (Concluída). Iniciação Científica (Graduando em Biologia) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Organização de Cursos, Cursos Ministrados e Monitoria
� A Caminho da Biotecnologia (2013). Curso teórico-prático/workshop ministrado a alunos do Ensino Fundamental II das escolas See-Saw/Panamby Bilingual School, Nossa Escola Perdizes e Escola de Aplicação da USP. Docente responsável: Profa. Dra. Mari Cleide Sogayar. Carga horária: 16 h. Vínculo: organizador e monitor pleno (voluntário)
� Biologia Molecular da Transformação Maligna - QBQ5717 (2011). Disciplina de Pós-Graduação ministrada junto ao Departamento de Bioquímica do Instituto de Química da USP. Docente responsável: Profa. Dra. Mari Cleide Sogayar. Carga horária: 210 h. Vínculo: responsável por alguns experimentos e colóquios
� Biologia Molecular do Gene - QBQ0126 (2011). Disciplina de graduação ministrada a alunos de curso de Medicina Veterinária da USP junto ao Departamento de Bioquímica do Instituto de Química da USP Docente responsável: Prof. Dr. Frederico Gueiros Filho. Carga horária: 60 h. Vínculo: organizador e monitor pleno (remunerado)
� Bioquímica: Estrutura de Biomoléculas e Metabolismo – QBQ0213 (2010). Disciplina de graduação ministrada a alunos do curso de Nutrição da USP junto ao Departamento de Bioquímica do Instituto de
Química da USP Docente responsável: Prof. Dr. Deborah Schetmann. Carga horária: 120 h. Vínculo: monitor pleno (remunerado)
� A Caminho da Biotecnologia (2010). Curso teórico-prático/workshop ministrado a alunos do Ensino Fundamental II das escolas See-Saw/Panamby Bilingual School, Nossa Escola Perdizes e Escola de Aplicação da USP. Docente responsável: Profa. Dra. Mari Cleide Sogayar. Carga horária: 16 h. Vínculo: responsável por algumas aulas. Monitor Suplente.
� XIV Semana da Bio. Participação da XIV Semana Temática do curso de Ciências Biológicas da UNESP
campus Botucatu, como palestrante do curso “Princípios e Aplicações da Engenharia Genética Moderna”, realizado entre os dias 20 e 21 de Agosto de 2010, em Botucatu, São Paulo. Vínculo – Organizador e Ministrante
� Biologia Molecular do Gene - QBQ0126 (2009). Disciplina de graduação ministrada a alunos de curso de
Medicina Veterinária da USP junto ao Departamento de Bioquímica do Instituto de Química da USP Docente responsável: Prof. Dra. Mari Cleide Sogayar. Carga horária: 120 h. Vínculo: organizador e monitor pleno (remunerado)
� Biologia Molecular do Gene - QBQ0126 (2008). Disciplina de graduação ministrada a alunos de curso de Medicina Veterinária da USP junto ao Departamento de Bioquímica do Instituto de Química da USP Docente responsável: Prof. Dra. Mari Cleide Sogayar. Carga horária: 120 h. Vínculo: organizador e monitor pleno (voluntário)
� Biologia Molecular da Transformação Maligna - QBQ5717 (2008). Disciplina de Pós-Graduação ministrada junto ao Departamento de Bioquímica do Instituto de Química da USP. Docente responsável: Profa. Dra. Mari Cleide Sogayar. Carga horária: 210 h. Vínculo: Organizador e Monitor Pleno.
Produção Bibliográfica
Artigos Publicados em Periódicos
1. BELCHIOR, GG, SOGAYAR, MC, GRIKSCHEIT, TC. Stem cells and biopharmaceuticals: vital roles in
the growth of tissue-engineering small intestine. Seminars in Pediatric Surgery. Accepted for publication.
2. CARREIRA, ACO, LEVIN, G, COELHO, TM, BELCHIOR, GG, SOGAYAR, MC. Biofármacos: sua
importância e as técnicas utilizadas em sua produção. Genética na Escola, 2013. 8(2):168-177.
Resumos em Anais de Congresso
1. COELHO, TM; Carreira, ACO, Butler, M; SOGAYAR, MC. Comparative Study of recombinant equine
Chorionic Gonadotropin expressed in three different mammalian cells: correlation between glycosylation and
biological activity. Protein Expression in Animal Cells PEACe 2013. Kananaskis, BC, Canada
2. COELHO, TM; Carreira, ACO, Butler, M; SOGAYAR, MC. Comparative Study of recombinant equine
Chorionic Gonadotropin expressed in three different mammalian cells: correlation between glycosylation and
biological activity. 4°°°° Congresso Brasileiro de Biotecnologia. 2012. Guarujá, São Paulo – Brasil..
3. COELHO, TM; Carreira, ACO, Butler, M; SOGAYAR, MC. Comparative Study of recombinant equine
Chorionic Gonadotropin expressed in three different mammalian cells: correlation between glycosylation and
biological activity. Canadian Society for Chemical Engineering. 2011. London, ON, Canada.
4. CARREIRA, ACO; SODRE, FCM; BELCHIOR, GG; COELHO, TM; SOGAYAR, MC. Production of
Biopharmaceuticals and Cell Therapy for Tissue Repair and Wound Healing. In: XL Reunião Anual da
Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq), 2011, Foz do Iguaçu, Brasil
5. Carreira, ACO, Belchior, GG, Sodré, FMC, COELHO, TM; SOGAYAR MC. The use of Recombinant
Human Growth Factors expressed in mammalian cell systems as an Alternative Therapeutical Approach
to Wound Healing Process XV Congresso da Sociedade Brasileira de Biologia Celular. 2011. São Paulo – SP
6. CARREIRA, ACO; SODRE, FCM; BELCHIOR, GG; CRUZ, LO; COELHO, TM; SOGAYAR, MC .
Recombinant Human Growth Factors as an Alternative Therapeutical Approach to Wound Healing Process.
XXXIX Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq), 2010, Foz do
Iguaçu, Brasil
7. PEREIRA TM, Colin, C; Figueira, RCS; Corrêa, R. Production of Recombinant Bovine FSH (Follicle
Stimulating Hormone) in Mammalian Cells. XXXV Reunião Anual da SBBq, 2007, Águas de Lindoia.
Brasil.
8. PEREIRA, TM, Colin, C; Figueira RCS; SOGAYAR, MC. Production of Recombinant Bovine FSH (Follicle
Stimulating Hormone) in Mammalian Cells. XIV Simpósio Internacional de Iniciação Científica da USP
(SIICUSP), 2006, Ribeirão Preto, Brasil
9. PEREIRA, TM, Colin, C; Figueira RCS, SOGAYAR, MC. Cloning and expression of Recombinant Bovine
FSH (Follicle Stimulating Hormone). XIV Simpósio Internacional de Iniciação Científica da USP
(SIICUSP), 2006, Ribeirão Preto, Brasil
Apresentação Oral de Trabalhos
1. COELHO, TM; Carreira, ACO, Butler, M; SOGAYAR, MC. Comparative Study of recombinant equine
Chorionic Gonadotropin expressed in three different mammalian cells: correlation between glycosylation and
biological activity. Protein Expression in Animal Cells PEACe 2013. Kananaskis, BC, Canada
2. COELHO, TM; Carreira, ACO, Butler, M; SOGAYAR, MC. Comparative Study of recombinant equine
Chorionic Gonadotropin expressed in three different mammalian cells: correlation between glycosylation and
biological activity. Canadian Society for Chemical Engineering. 2011. London, ON, Canada.
Palestras anuais nos Ciclos de Seminários Temáticos de Controle da Proliferação Celular e Origem de
Neoplasias de 2012, 2012, São Paulo, Brasil
Prêmios
� 1º lugar por apresentação de trabalho (pôster). Vínculo: primeiro autor. 4º Congresso Brasileiro de
Biotecnologia, 2012. Guarujá, Brasil
Participação em Eventos
� XXXVIII Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq), 2009.
Ouvinte. Águas de Lindóia, Brasil
� XXXVII Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq), 2008.
Ouvinte. Águas de Lindóia, Brasil
� XIV Congresso da Sociedade Brasileira de Biologia Celular (SBBC), 2008. Apresentação de trabalho.
São Paulo, Brasil
� Curso: Biologia do RNA. XIV Congresso da Sociedade Brasileira de Biologia Celular (SBBC), 2008.
Ouvinte. São Paulo, Brasil
� XV Simpósio Internacional de Iniciação Científica da USP (SIICUSP), 2007. Apresentação de trabalho.
São Paulo, Brasil
� XXXV Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq), 2006.
Apresentação de Trabalho. Foz do Iguaçu, Brasil
� XIV Simpósio Internacional de Iniciação Científica da USP (SIICUSP), 2006. Apresentação de trabalho.
São Paulo, Brasil
ARTIGOS PUBLICADOS E/OU ACEITOS PARA PUBLICAÇÃO
1. Publicado: Genética na Escola. 8(2):168-177
2. Publicado: Molecular Biotechnology. 39(2):89-95. 2008.