UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DA … · Agradeço primeiramente a Deus , por...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
FACULDADE DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA
PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA
ANA JÉRSIA ARAÚJO
ESTUDO DAS PROPRIEDADES CITOTÓXICA DA NOR- β-LAPACHONA E SEU
DERIVADO NITROFENILAMINO EM CÉLULAS HL-60
FORTALEZA
2009
ANA JÉRSIA ARAÚJO
ESTUDO DAS PROPRIEDADES CITOTÓXICAS DA NOR-β-LAPACHONA E SEU
DERIVADO NITROFENILAMINO EM CÉLULAS HL-60
Dissertação submetida à Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Farmacologia, do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Farmacologia.
Orientadora: Dra. Raquel Carvalho Montenegro
Co-orientadora: Profª Dra Letícia Veras Costa Lotufo
FORTALEZA
2009
A687e Araújo, Ana Jérsia Estudo das propriedades citotóxicas da Nor-β-Lapachona e seu derivado nitrofenilamino em células HL-60 / Ana Jérsia Araújo. – Fortaleza, 2009. 95 f. : il.
Orientadora: Profa. Dra. Raquel Carvalho Montenegro Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do
Ceará. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Farmacologia, Fortaleza-Ceará, 2009 1. Leucemia Promielocítica Aguda 2. Naftoquinonas 3. Testes de Toxicidade 4. Apoptose I. Montenegro, Raquel Carvalho (orient.) II. Título. CDD: 616.99419
ANA JÉRSIA ARAÚJO
ESTUDO DAS PROPRIEDADES CITOTÓXICAS DA NOR- β-LAPACHONA E
SEU DERIVADO NITROFENILAMINO EM CÉLULAS HL-60
Dissertação submetida à coordenação do programa de Pós-graduação em
Farmacologia como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de
mestre em Farmacologia outorgado pela Universidade Federal do Ceará.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
Dra. Raquel Carvalho Montenegro (Orientadora)
Universidade Federal do Ceará
__________________________________________________
Profa. Dra. Letícia Veras Costa Lotufo (Co-orientadora)
Universidade Federal do Ceará
__________________________________________________
Profa. Dra. Ana Paula Negreiros Nunes Alves
Universidade Federal do Ceará
__________________________________________________
Profa. Dra. Geanne Matos de Andrade
Universidade Federal do Ceará
Este documento encontra-se a disposição dos interessados na biblioteca setorial a referida universidade. A citação de qualquer trecho deste trabalho é permitida, desde que seja feita em conformidade com as normas da ética científica.
À Deus e a minha família por toda a ajuda
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus , por estar presente em todos os momentos da minha vida, dando-me força nos momentos difíceis, pelos muitos momentos de alegria proporcionados e pelas vitórias conquistadas;
À Dra. Raquel Carvalho Montenegro , pela orientação neste trabalho, por todas as oportunidades ofertadas em todo este período e pelos ensinamentos que contribuíram muito para a minha formação;
À Dra. Letícia Veras Costa Lotufo pela competência e simplicidade, pelos bons conselhos, incentivo e orientação e pelos inesquecíveis momentos de descontração;
À Dra. Cláudia Pessoa , pelo incentivo em implantar novas técnicas no laboratório e pela busca por novos recursos para o mesmo;
Ao Dr. Manoel Odorico de Moraes , pelo incentivo e contribuição à pesquisa
no Laboratório de Oncologia Experimental e pelo seu bom-humor;
À Dra. Ana Paula Negreiros Nunes Alves , por sempre nos receber de braços
abertos em seu laboratório e pelos excelentes momentos de descontração;
Ao Delano , namorado dedicado e companheiro, pela ajuda nesse e em todos
os trabalhos desenvolvidos na minha vida acadêmica, pela tranqüilidade, apoio e
acima de tudo, pelo amor que sente por mim (completamente correspondido);
À minha mãe, pela torcida e por estar sempre orando por mim. Pelo apoio em
todas as minhas decisões, incentivo aos estudos e dedicação;
Aos meus “projetos” de sogro e sogra, pelo espaço sempre reservado para os
estudos, pelo carinho, torcida e apoio em todos os momentos;
Aos amigos do Laboratório de Oncologia Experimental: Adriana Carvalho,
Bruno Cavalcanti, Bruno, Carla Sombra, Cecília Carvalho, Deisy, Elthon Gois,
Germano, Hemerson Iury, Igor, Kézia Lacerda, Kristiana Mousinho, Patrícia Marçal,
Paula Abreu, Rafael, Vanessa, Venúcia, Washington Bastos, Zé Roberto e a todos
que de forma direta ou indireta me ajudaram e que proporcionaram um convívio
agradável dentro e fora do LOE. Em especial, agradeço a Evelyne Alves e Arinice
Costa , por toda a ajuda e companheirismo, Danilo Damasceno , Paula Jimenez ,
Felipe Rocha e Diego Veras , pelos ensinamentos, ajuda e pelos momentos de
descontração dentro e fora do laboratório.
Às professoras que aceitaram participar dessa banca: Dra. Geanne Matos de
Andrade, Dra. Ana Paula Negreiros Nunes Alves, Dra. Letícia Veras Costa Lotufo e
Dra. Raquel Carvalho Montenegro.
Aos professores, frutos do LOE, Márcio Roberto, Gardênia Militão, Daniel
Bezerra, Marne Vasconcellos e Paulo Michel.
As secretárias Adelânia Marinho e Sheyla por sempre estarem dispostas a
ajudar, pelo apoio e torcida para que tudo de melhor nos aconteça. Obrigada pela
dedicação e pelos bons conselhos;
Aos técnicos: Paulo , D. Fátima e em especial Erivanda França , Silvana
França e a Rogéria Montenegro pela constante ajuda dentro do laboratório e pelas
conversas agradáveis;
Aos funcionários do Departamento de Fisiologia e Farmacologia: Chiquinho ,
Alana , Carlos , Iris , Márcia e em especial a Aura Rhanes pela paciência e ajuda
em todos os momentos;
Este trabalho foi realizado graças ao auxílio das seguintes instituições:
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES
Banco do Nordeste do Brasil - BNB
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e T ecnológico - CNPq
Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP
Fundação Cearense de Amparo a Pesquisa - FUNCAP
Instituto Claude Bernard - InCb
RESUMO
O esqueleto quinona foi identificado como um importante grupo farmacofórico
para atividade citotóxica de vários compostos utilizados na clínica, constituindo ainda
uma das maiores classes de agentes anticâncer. A β-lapachona é uma das quinonas
mais estudadas nos últimos anos. Suas aplicações mais importantes estão
relacionadas às ações contra várias células tumorais. Seu derivado, nor-β-lapachona
(composto 1), tem atividade anticâncer similar. Assim, o objetivo desse trabalho foi
avaliar o mecanismo de ação envolvido na citotoxicidade do composto 1 e de seu
derivado nitrofenilamino (composto 2) em células leucêmicas HL-60. Inicialmente foi
investigado o efeito desses compostos na viabilidade de células HL-60 após 24
horas de incubação, mostrando CI50 de 2,92 e 0,48 µM para os compostos 1 e 2,
respectivamente. Acerca da seletividade celular, o composto 1 mostrou forte
seletividade para células tumorais, enquanto que o seu derivado foi apenas
parcialmente seletivo. Estudos feitos em células HL-60 indicaram que o composto 2
induz morte celular por apoptose como mostrado pelas mudanças morfológicas,
fragmentação do DNA, despolarização da membrana mitocondrial e externalização
da fosfatidilserina. Ambos compostos aumentaram a geração de espécies reativas
de oxigênio (EROs). Nossos resultados sugerem que a introdução do radical
nitrofenilamino na posição 3 do anel furano aumenta a citotoxicidade da nor-β-
lapachona em células HL-60. Esses achados apontam para o potencial dessas
quinonas sintéticas como modelo para a produção de novos compostos com
propriedades anticâncer.
Palavras-chave: Leucemia Promielocítica Aguda; Naftoquinonas; Testes de
Toxicidade; Apoptose.
ABSTRACT
The quinone moiety has been identified as an important pharmacophoric
group for cytotoxic activity of several compounds clinically used, constituting just one
of the major classes of anticancer agents. β-lapachone is one of the most studied
quinones in the last years. Its most important applications are related to its action
against several cancer cells. Its derivative, nor-β-lapachone (compound 1), has
similar anticancer activity. Thus, the aim of this work was to evaluate the mechanism
of action involved in nor-β-lapachone and its nitrophenylamino derivative (compound
2) cytotoxicity in a leukemia cells model of HL-60 cell line. Initially it was investigated
the effect of both the compounds on HL-60 cells viability after 24 hours of incubation,
showing IC50 values of 2.92 and 0.48 µM to compounds 1 and 2, respectively.
Considering the selectivity, compound 1 showed strong selectivity to cancer cells,
while its derivative was only partially selective. Studies performed in HL-60 cells, after
24 hours, indicated that compound 2 induces cell death by apoptosis as showed by
morphological changes, DNA fragmentation, mitochondrial membrane depolarization
and phosphatidylserine externalization. Both tested compounds increased generation
of reactive oxygen species (ROS). Our results suggest that a nitrophenylamino
radical introduction at position 3 of the furane ring enhances the cytotoxicity of nor-β-
lapachone in HL-60 cell line. These findings highlight the potential of these synthetic
quinones as prototypes molecules to produce new compounds with anticancer
properties.
Keywords: Leukemia Promyelocytic Acute; Naphthoquinones; Toxicity Tests;
Apoptosis.
LISTA DE FIGURAS
1 - Esquema das fases do ciclo celular......................................................... 16
2 - Esquema das fases da mitose................................................................ 18
3 - Esquema dos pontos de checagem do ciclo .......................................... 19
4 - Características morfológicas dos principais tipos de morte celular....................................................................................................... 22
5 - Esquema da via intrínsica da apoptose................................................... 26
6 - Esquema da via extrínsica da apoptose.................................................. 27
7 - Estruturas do paclitaxel e seu análogo docetaxel................................... 30
8 - Estruturas da vimblastina e vindesina..................................................... 30
9 - Estruturas da camptotecina e seus derivados irinotecano e topotecano............................................................................................... 31
10 - Estruturas de quinonas utilizadas na terapia anticâncer......................... 32
11 - Estruturas dos principais grupos de quinonas (benzo-, nafto- e antraquinona)........................................................................................... 33
12 - Estruturas do lapachol e da β-lapachona................................................ 34
13 - Ciclo redox das quinonas: redução de quinonas a semiquinonas e hidroquinonas.......................................................................................... 36
14 - Estruturas da nor-β-lapachona (composto 1) e seu derivado nitrofenilamino (composto 2)................................................................... 39
15 - Efeito dos compostos 1 e 2 na viabilidade de células leucêmicas HL-60 determinado por exclusão de azul de tripan após 24 horas de incubação................................................................................................. 53
16 - Análises morfológicas de células HL-60 por coloração de May-Grünwald-Giemsa após 24 horas de incubação como os compostos 1 e 2............................................................................................................
55
17 - Efeito dos compostos 1 e 2 na viabilidade de células HL-60 coradas com LA/BE determinado por microscopia de fluorescência após 24 horas de incubação................................................................................. 56
18 - Efeito dos compostos 1 e 2 em células HL-60 sobre a densidade celular determinada por citometria de fluxo utilizando iodeto de propídeo após 24 horas de incubação....................................................
57
19 - Efeito dos compostos 1 e 2 sobre a integridade de membrana de células leucêmicas HL-60, analisado por citometria de fluxo utilizando iodeto de propídeo, após 24 horas de incubação...................................
58
20 - Efeito dos compostos 1 e 2 sobre a fragmentação de DNA de células leucêmicas de HL-60, analisado por citometria de fluxo utilizando iodeto de propídeo, após 24 horas de incubação................................................................................................ 59
21 - Efeito dos compostos 1 e 2 sobre a distribuição do ciclo celular em células leucêmicas (HL-60) determinado por citometria de fluxo utilizando iodeto de propídeo, após 24 horas de incubação................................................................................................ 60
22 - Efeito dos compostos 1 e 2 sobre o potencial transmembrânico em células leucêmicas (HL-60) determinado por citometria de fluxo utilizando rodamina 123, após 24 horas de incubação............................ 61
23 - Efeito dos compostos 1 e 2 sobre a externalização da fosfatidilserina em células leucêmicas (HL-60) determinado por citometria de fluxo utilizando Anexina V-PE e 7-AAD, após 24 horas de incubação................................................................................................ 62
24 - Efeito dos compostos 1 e 2 sobre a geração de EROs em células HL-60 determinado por citometria de fluxo utilizando H2-DCF-DA, após 1 e 3 horas de incubação.............................................................................. 63
LISTA DE TABELAS
1 - Efeito dos compostos 1 e 2 na citotoxicidade de células leucêmicas (HL-60) e normais (CMSP) após 24 horas de incubação................................................................................................. 52
2 - Efeito dos compostos 1 e 2 sobre a incorporação do BrdU em células HL-60 após 24 horas de incubação......................................................... 54
LISTA DE ABREVIATURAS
AIF Fatores de indução de apoptose
APAF-1 Fator apoptótico ativado por protease
ANOVA Análise de variância
7AAD 7 amino-actinomicina
BrdU Bromodeoxiuridina
CMSP Células Mononucleares de Sangue Periférico
DAB Diaminobenzidina
DCF Diclorofluoresceina
DISC Complexo de sinalização indutor de morte
DMSO Dimetilsulfóxido
E.P.M. Erro Padrão da Média
EROs Espécies reativas de Oxigênio
FADD Domínio de morte associado ao Fas
H2-DCF-DA Diacetato de 2’,7’-diclorodihidrofluoresceina
IAP Inibidores de apoptose
ICAD Inibidor de DNase ativada por caspase
LA/BE Laranja de Acridina/ Brometo de Etídio
LMC Leucemia mielóide crônica
MTT 3-(4,5-dimetil-2-tiazol)-2,5-difenil-brometo de tetrazolium
NAC N-acetil-L-cisteína
NQO1 NAD(P)H: quinona oxirredutase
PARP Poli (ADP-ribose) polimerase
PBS Phosphate Buffer Solution (Tampão Fosfato)
PE Ficoertitrina
PI Iodeto de propídeo
PMA Forbol-12-miristato-13-acetato
PS Fosfatidilserina
RPMI Roswell Parrk Memorial Institute Medium
TNF Fator de necrose tumoral
TNFR Receptores do fator de necrose tumoral
U Unidade
UV Ultra-Violeta
∆Ψm Potencial transmembrânico da mitocôndria
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 16
1.1 Câncer ......................................................................................................... 16
1.2 Morte celular ............................................................................................... 21
1.3 Produtos naturais e a importância da síntese qu ímica .......................... 28
1.4 Quinonas ..................................................................................................... 32
2 OBJETIVOS ................................................................................................ 38
2.1 Geral ............................................................................................................ 38
2.2 Específicos .................................................................................................. 38
3 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................... 39
3.1 Materiais utilizados .................................................................................... 39
3.2 Metodologias experimentais ..................................................................... 39
3.2.1 Síntese das quinonas.................................................................................. 39
3.2.2 Estudo da atividade citotóxica..................................................................... 39
3.2.2.1 Avaliação da atividade citotóxica – Teste do MTT...................................... 40
3.2.2.2 Avaliação da atividade citotóxica em células normais in vitro – Alamar Blue.............................................................................................................. 41
3.2.3 Estudo do mecanismo de ação em células HL-60....................................... 42
3.2.3.1 Avaliação da atividade antiproliferativa em células leucêmicas HL-60 através da exclusão por azul de tripan......................................................... 42
3.2.3.2 Avaliação da atividade antiproliferativa através da incorporação do BrdU............................................................................................................. 43
3.2.3.3 Análise morfológica-Coloração por May-Grünwald-Giemsa...................... 44
3.2.3.4 Coloração diferencial por Brometo de Etídio/Laranja de Acridina......................................................................................................... 45
3.3 Citometria de fluxo ..................................................................................... 46
3.3.1 Determinação da integridade de membrana celular.................................... 46
3.3.2 Avaliação do ciclo celular e fragmentação de DNA..................................... 47
3.3.3 Determinação do Potencial Transmembrânico Mitocondrial....................... 48
3.3.4 Determinação da Externalização da Fosfatidilserina (PS)........................... 48
3.3.5 Geração de Espécies Reativas de Oxigênio (EROs) intracelulares................................................................................................ 49
4 RESULTADOS ............................................................................................. 51
4.1 Citotoxicidade dos compostos 1 e 2 em células H L-60.......................... 51
4.2 Mecanismo de ação dos compostos 1 e 2 ............................................... 52
4.3 Análise das mudanças morfológicas ....................................................... 54
4.4 Análise da citometria de fluxo .................................................................. 57
5 DISCUSSÃO............................................................................................... 64
6 CONCLUSÃO .............................................................................................. 72
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 73
ANEXO...................................................................................................................... 91
16
1 INTRODUÇÃO
1.1 Câncer
A integridade contínua de todo organismo depende da habilidade de seus
componentes celulares de manter a fidelidade do material genético durante a divisão
celular. A principal tarefa do ciclo celular é, portanto, permitir e garantir a replicação
do DNA livre de erros, a segregação cromossômica e a citocinese (FISCHER et al.,
2004).
O ciclo celular é uma seqüência intrínseca de eventos que permite o
crescimento e a replicação das células. É o mecanismo que governa o destino das
células, interpreta os sinais de crescimento recebidos e decide se a célula deve
continuar sua proliferação (FOSTER, 2008). O ciclo celular é subdividido em quatro
subfases: G1, S, G2 e M (VERMEULEN et al., 2003) (Figura 1).
Figura 1: Esquema das fases do ciclo celular
No estado de não-crescimento ou não-competência (fase G0), as células
permanecem quiescentes até que algum estímulo as induza ao estado de
competência ou crescimento, onde se inicia o processo de replicação do DNA e
culmina com a divisão celular (LOURO et al., 2002).
17
As células que estiverem aptas a se replicar movem-se da fase G0 (fase de
repouso) para a fase G1 do ciclo, entrando então na fase de síntese de DNA (fase
S). A fase S é seguida pela fase G2, onde as células se preparam para entrar na
mitose e se dividir (HARTWELL; KASTAN, 1994).
A fase G1 (primeiro intervalo) do ciclo celular precede o início da síntese de
DNA (fase S). É nesta fase que proteínas e RNA são sintetizados e que ocorre a
estimulação do crescimento celular ou a parada temporária (fase G0) da mesma. A
decisão crítica é tomada em uma fase de transição que é chamada de ponto de
restrição ou ponto R. Tendo passado o ponto de restrição no final da fase G1, a
célula entrará na fase S, onde a síntese de DNA ocorre (KING et al., 1996; LOURO
et al., 2002).
Na fase de síntese (fase S), todo o DNA deve ser fidedignamente replicado.
Após essa fase, uma célula pode estar pronta para entrar diretamente na fase M
(mitose), no entanto, a maioria das células retarda a entrada nessa fase para um
segundo intervalo (fase G2), onde o ciclo celular é interrompido para que os sistemas
de reparo do DNA possam conferir e corrigir erros, excisar adutos e substituir bases
erradas antes do prosseguimento do ciclo (LOURO et al., 2002; WEINBERG, 2008).
Assim, os processos de reorganização geral na síntese celular ocorrem durante a
fase G2, incluindo a regulação do dano não reparado do DNA (FOSTER, 2008).
Durante a mitose, as células que estão se proliferando sofrem várias
mudanças estruturais e morfológicas, que são caracterizadas por condensação da
cromatina, formação do fuso, fragmentação do envelope nuclear e reorganização do
citoesqueleto (VAKIFAHMETOGLU et al., 2008). A fase M (mitose) constitui-se
principalmente de quatro subfases distintas: prófase, metáfase, anáfase e telófase,
que culmina com a citocinese e divisão do citoplasma, resultando em duas novas
células (JACKSON et al., 2007; WEINBERG, 2008) (Figura 2).
18
Figura 2: Fases da mitose Fonte: Adaptada de Jackson et al. (2007)
Para garantir a estabilidade genética, o ciclo celular possui os pontos de
checagem, também conhecidos como checkpoints, que são mecanismos
responsáveis pelo monitoramento dos eventos celulares e impedem a proliferação
de células com algum dano não reparado (LOURO et al., 2002; FOSTER, 2008;
WEINBERG, 2008). Os pontos de checagem impõem um controle de qualidade para
assegurar que a célula tenha completado apropriadamente todos os requisitos de
uma fase do ciclo celular antes de ser autorizada a avançar para a próxima fase.
Assim, os checkpoints operam ao longo de todo o ciclo celular (FOSTER, 2008).
Atualmente, três checkpoints são descritos: Checkpoint de dano do DNA, que está
apto a bloquear o ciclo celular nas fases G1, S, G2 e mitose; Checkpoint de
replicação do DNA, que monitora a progressão através da fase S; Checkpoint do
fuso mitótico (“mitotic spindle checkpoint”), que monitora a ligação dos cromossomos
aos microtúbulos (FISCHER et al., 2004; FOSTER, 2008). (Figura 3).
19
Figura 3: Esquema dos pontos de checagem do ciclo celular
A ativação de um ponto de checagem possibilitará o reparo das lesões
detectadas. Caso o reparo não seja possível, o ciclo celular será interrompido ou a
célula será induzida a morte (FISCHER et al., 2004).
Nas células tumorais, os checkpoints são freqüentemente ignorados,
resultando em instabilidade genética e conseqüente vantagem proliferativa de
células cancerosas, quando comparadas com as células normais (FISCHER et al.,
2004). As células tumorais mostram uma perda no controle da proliferação celular
(ponto de restrição) e, muitas vezes, tornam-se independentes de sinais mitogênicos
para a sua progressão através das diferentes fases do ciclo celular (HANAHAN;
WEINBERG, 2000; LOURO et al., 2002). A perda do controle da proliferação celular
envolve mutações em genes reguladores do ciclo celular, os proto-oncogenes e
genes supressores tumorais, o que caracteriza o câncer como uma doença genética
(LOURO et al., 2002; FOSTER, 2008). Dessa forma, as alterações nos mecanismos
de regulação do ciclo celular tornam a célula apta a passar pelo ciclo celular sem a
devida checagem e, portanto fazendo com que esta acumule uma série de mutações
20
que contribuem para o surgimento das características malignas do tumor, como
auto-suficiência na sinalização de fatores de crescimento, insensibilidade aos
inibidores de crescimento, evasão da morte celular programada (apoptose),
potencial replicativo ilimitado, angiogênese e invasão tecidual e metástase
(HANAHAN; WEINBERG, 2000; LOURO et al., 2002; FOSTER, 2008). Portanto, as
células cancerosas diferem das células normais, pelo fato de continuarem a crescer
e se dividir, não obedecendo ao controle biológico natural do organismo (HANAHAN;
WEINBERG, 2000).
Mesmo após importantes avanços no entendimento das neoplasias, o câncer
apresenta-se como a segunda causa de morte por doenças no mundo, sendo
diagnosticados cerca de 10 milhões de novos casos a cada ano (SCHOTTENFELD;
BEEBE-DIMMER, 2005). Nos Estados Unidos avalia-se que metade dos homens e
um terço das mulheres irão desenvolver cânceres durante suas vidas (AMERICAN
CANCER SOCIETY, 2007). No Brasil, as estimativas para o ano de 2009 apontam
que ocorrerão cerca de 466.730 novos casos de câncer (BRASIL, 2009).
Atualmente, as terapias anticâncer mais usadas, após a cirurgia, são a
quimioterapia, a radiação ionizante, a imunoterapia e a terapia gênica (KUMAR et
al., 2004). A quimioterapia consiste em um tratamento a base de fármacos que
interferem no processo de crescimento e divisão celular de células cancerígenas
(SOUZA et al., 2007). O objetivo primário da quimioterapia é destruir as células
neoplásicas, preservando as células normais (FULDA; DEBATIN, 2004).
No entanto, apesar do considerável arsenal de drogas já existentes para o
tratamento do câncer, em muitos casos, o sucesso terapêutico não é alcançado por
causa de falhas nos esquemas terapêuticos, altos índices de recidivas, redução da
sobrevida dos pacientes e dos efeitos adversos, o que leva a uma contínua busca
por novos fármacos (SALGALLER; LODGER, 1998). O fármaco ideal deve aumentar
a especificidade, protegendo tecidos normais, minimizar o desconforto dos pacientes
e aumentar a eficácia, resultando na erradicação da massa heterogênea do tumor
(BRANNON-PEPPAS; BLANCHETTE, 2004). Diante desse quadro, é importante que
novas estratégias como o restabelecimento do controle do ciclo celular com drogas
que agem nos pontos de checagem, possam ser disponibilizadas como uma
estratégia viável na terapia anticâncer (FISCHER et al., 2004).
21
Nos últimos anos, muitos pesquisadores têm focado seus estudos para
compreender as alterações moleculares e genéticas responsáveis pela malignidade
dos tumores. Dentre as terapias mais modernas, destaca-se a terapia-alvo. Esta tem
como objetivo agir em alvos presentes somente em células tumorais, alvos estes
com o papel na carcinogênese e na sobrevida dessas células (ROSA et al., 2008).
Dentre as drogas-alvo em uso clínico podemos citar o mesilato de imatinib
(Glivec®), um inibidor de tirosina quinase (Bcr-Abl) que se destacou no tratamento de
leucemia mielóide crônica (LMC) (DRUKER et al., 2001), e ao Trastuzumab
(Herceptin®), um anticorpo monoclonal humanizado utilizado em pacientes com
câncer de mama HER2 positivo (SLAMON; PEGRAM, 2001; SLAMON et al., 2001;
PICCART-GEBHART et al., 2005; JOENSUU et al., 2006). Dessa maneira, o uso de
quimioterápicos no tratamento antineoplásico tem como finalidade induzir a morte
das células tumorais (FULDA; DEBATIN, 2004) sem, no entanto atingir as células
normais, ou que, se houver algum efeito tóxico, que este seja reduzido nas células
normais.
1.2 Morte celular
O equilíbrio entre a proliferação e a morte celular regula e controla o número
de células no organismo. A cascata de eventos, bioquímicos e fisiológicos, que leva
a mudanças na síntese de macromoléculas, na homeostase celular, na regulação do
volume celular, e finalmente na perda da viabilidade celular está intimamente
relacionada às mudanças morfológicas características de cada tipo de morte celular
(TINARI et al., 2008).
A morte celular pode ser classificada de acordo com sua aparência morfológica
(apoptose, necrose, autofagia ou catástrofe mitótica – Figura 4), critérios com base
em enzimas (com ou sem o envolvimento de nucleases ou de classes distintas de
proteases, tais como caspases, catepsinas e glutaminases), aspectos funcionais
(programada ou acidental, fisiológica ou patológica) ou características imunológicas
(imunogênicas ou não imunogênicas) (MELINO, 2001; OKADA; MAK, 2004;
GALLUZZI et al., 2007).
22
Figura 4: Características morfológicas dos principais tipos de morte celular. PS: fosfatidilserina; LC3: proteína citoplasmática que é considerada um marcador da macroautofagia. Fonte: Bruin e Medema (2008)
A morte celular programada é uma forma geneticamente controlada de
suicídio celular que é crucial para o desenvolvimento e homeostase de organismos
multicelulares (KIM et al., 2006). São descritos três tipos de morte celular
programada (BURSCH et al., 2000; KIM, 2005):
� Tipo I: é a morte celular por apoptose, que inclui mudanças morfológicas tais
como compactação celular, prolongamentos da membrana plasmática,
chamados de “blebbing”, e extensiva condensação da cromatina e
fragmentação internucleossomal de DNA.
� Tipo II: é a morte celular por autofagia. Esta é caracterizada pela formação de
vacúolos autofágicos no citoplasma de células que estão em processo de
morte.
� Tipo III: é a morte celular por necrose, onde a célula perde rapidamente a sua
integridade de membrana, extravasando seu conteúdo intracelular.
23
A expressão “catástrofe mitótica” tem sido utilizada para definir um processo
que pode levar a morte celular. Ainda não há uma definição totalmente aceita para
esse termo, no entanto alguns pesquisadores definiram catástrofe mitótica, em
termos morfológicos, como um tipo de morte celular resultante de mitose aberrante,
que geralmente culmina na formação de células grandes micronucleadas e
cromatina descondensada (SWANSON et al., 1995; IANZINI; MACKEY, 1997;
RONINSON et al., 2001).
A apoptose é caracterizada por ser uma via de morte essencial para a
homeostase do organismo, sendo responsável pelo controle da população celular
em tecidos específicos, nos órgãos e estruturas em formação (LOURO et al., 2002).
O processo de morte na apoptose ocorre de maneira altamente controlada,
permitindo a fagocitose dos componentes das células danificadas, evitando assim
uma resposta imune e subseqüente processo inflamatório (VAN CRUCHTEN; VAN
DEN BROECK, 2002).
O processo apoptótico é caracterizado por mudanças morfológicas típicas e
bem definidas, além da formação de corpos apoptóticos que contém material nuclear
e citoplasmático que são subseqüentemente fagocitados por macrófagos, não
havendo assim extravasamento de material pró-inflamatório (KERR et al., 1972)
(Figura 4). Dentre as mudanças bioquímicas características da apoptose estão a
clivagem proteolítica por caspase (RICCI; ZONG, 2006), externalização da
fosfatidilserina (PS) (FADOK et al., 1992; DENECKER et al., 2001), mudanças na
permeabilidade da membrana mitocondrial com perda do potencial de membrana
(KROEMER; REED, 2000; RICCI; ZONG, 2006), liberação de proteínas presentes
no espaço intermembranar da mitocôndria (VAN LOO et al., 2002), dentre outras.
Há duas vias distintas de sinalização molecular que levam à morte celular por
apoptose, a via intrínseca ou mitocondrial e a via extrínseca ou via do receptor de
morte (NAGATA, 1997; CORY; ADAMS, 2002; DANIAL; KORSMEYER, 2004;
GRIVICICH et al., 2007).
A via intrínseca é geralmente ativada em resposta a sinais de estresse intra
e/ou extracelulares. Os sinais de estresse intracelulares tais como danos ao DNA,
altos níveis de espécies reativas de oxigênio (EROs), hipoxia, infecção viral e
24
ativação de oncogenes (HENGARTNER, 2000; RICCI; ZONG, 2006; BRUIN;
MEDEMA, 2008) levam à permeabilização da membrana mitocondrial externa.
Além da função de produzir energia na forma de ATP, a mitocôndria atua em
um papel crítico na regulação da morte celular por apoptose. A permeabilização da
membrana mitocondrial induz a formação de poros por onde são liberadas pequenas
moléculas do seu espaço intermembranar (PARONE et al., 2002; KIM et al., 2006).
Essas moléculas são proteínas apoptogênicas que incluem citocromo c (LIU et al.,
1996), Smac/DIABLO (DU et al., 2000), AIF (Fatores de indução de apoptose)
(SUSIN et al., 1999) e endonuceases (LI et al., 2001), resultando em apoptose
caspase dependente e caspase independente (DONOVAN; COTTER, 2004).
Um dos reguladores mais importantes da abertura desses poros são
membros da família de proteínas Bcl-2 anti- e pró-apoptóticas, tais como Bcl-2/BclXL
e Bax/Bak, respectivamente. Estas proteínas atuam na membrana externa da
mitocôndria e são responsáveis pelo controle do fluxo de proteínas apoptogênicas
através de canais especializados. Esses canais regulam a saída do citocromo c bem
como de outras proteínas que são liberadas da mitocôndria para o citosol (ROSSÉ
et al., 1998; WEINBERG, 2008). O citocromo c fica aprisionado no espaço
intermembranar da mitocôndria, onde atua na transferência de elétrons como parte
da fosforilação oxidativa (HIRSCH et al., 1997; WEINBERG, 2008).
Durante o processo de apoptose, as moléculas de citocromo c são liberadas
para o citosol (HIRSCH et al., 1997) onde se associa a proteína Apaf-1 (fator
apoptótico ativado por protease), ATP e a procaspase 9 para formar um complexo
denominado apoptossomo (LI et al., 1997; BUDIHARDJO et al., 1999; ACEHAN et
al., 2002). Diferente das outras caspases, a procaspase 9 não é ativada por uma
simples clivagem, ela precisa estar ligada à Apaf-1 para ser ativada (RODRIGUEZ;
LAZEBNIK, 1999; STENNICKE et al., 1999; ZOU et al., 1999). O apoptossomo pode
então recrutar a procaspase 3, que é clivada e ativada pela caspase 9 ativa. A
caspase 3 então ativa outras caspases executoras constituindo uma cascata de
sinalização que culmina com a clivagem de vários substratos de morte tais como
ICAD (inibidor de DNase ativada por caspase), laminas da superfície interna da
membrana nuclear, proteínas do citoesqueleto, como a actina, plectina e vimentina,
25
que leva as conhecidas mudanças morfológicas da apoptose ocorrendo a morte
celular (Figura 5) (LI et al., 1997; REED, 1997; WEINBERG, 2008).
Enquanto o citocromo c atua na ativação de caspases, outra proteína
conhecida como Smac/DIABLO que também é liberada da mitocôndria juntamente
com o citocromo c, atua inibindo um grupo de proteínas antiapoptóticas chamadas
de IAPs (inibidores de apoptose). Proteínas da família IAP podem se ligar e inibir
sítios ativos das caspases 3, 6 e 7, bloqueando-as ou pela inibição da atividade
proteolítica das caspases ou por degradá-las. Entretanto, quando a Smac/DIABLO é
liberada da mitocôndria, ela é capaz de antagonizar esses IAPs protegendo as
caspases da inibição por essas moléculas, permitindo a continuidade do processo
apoptótico (Figura 5) (DU et al., 2000; VERHAGEN et al., 2000; EKERT et al., 2001;
SUZUKI et al., 2001; WEINBERG, 2008).
26
Figura 5: Esquema da via intrínseca da apoptose. Fonte: Weinberg (2008)
A via extrínseca é induzida por receptores de morte que estão localizados na
superfície da célula (VAN CRUCHTEN; VAN DEN BROECK, 2002). Tais receptores
de morte pertencem a família dos receptores do fator de necrose tumoral (TNFR)
que incluem Fas, TNFR1, DR3, DR4 e DR5 (Figura 7) (LOCKSLEY et al., 2001) e
estão envolvidos na transdução de sinais que resultam na morte celular
(ZIMMERMANN et al., 2001).
Os ligantes dos receptores de morte são membros da família de proteínas do
fator de necrose tumoral (TNF), que inclui TNF-α, TRAIL e ligante Fas (FasL). Uma
27
vez ativados pela ligação de seus ligantes, os domínios de morte desses receptores
ligam-se e ativam uma proteína associada denominada FADD (domínio de morte
associado à Fas) no citoplasma (CHINNAIYAN et al., 1995; CHINNAIYAN et al.,
1996). O complexo resultante é chamado DISC (complexo de sinalização indutor de
morte) que atua na conversão das procaspases iniciadoras (8 e/ou 10) em suas
respectivas caspases ativas através de clivagem autoproteolítica (Figura 6)
(DONEPUDI et al., 2003; WEINBERG, 2008). Após ativação das procaspases 8 e
/ou 10 em suas caspases ativas, estas últimas convergem na cascata apoptótica
intrínseca clivando e ativando as caspases executoras (3, 6 e 7) culminando assim
com morte celular por apoptose (BUDIHARDJO et al., 1999; WEINBERG, 2008).
Figura 6: Esquema da via extrínseca da apoptose Fonte: Weinberg (2008)
Ao contrário da apoptose, a necrose tem sido considerada como uma forma
descontrolada de morte celular (BRUIN; MEDEMA, 2008), no entanto trabalhos
28
recentes sugerem que a necrose também pode ocorrer através de uma morte celular
programada (BURSCH et al., 2000; KIM, 2005). Esse processo constitui uma forma
de morte celular passiva e independente de energia (PROSKURYAKOV et al.,
2003). Os marcos desse tipo de morte envolve alterações dramáticas na
mitocôndria, incluindo despolarização mitocondrial, depleção de ATP, geração de
EROs (espécies reativas de oxigênio), perda da homeostase de cálcio, além de
causar vacuolização citoplasmática, perda de integridade da membrana, inchaço da
célula seguido de lise completa, sem formações de vesículas, e desintegração das
organelas. O rompimento brusco da membrana plasmática causa extravasamento
de mediadores inflamatórios como citocinas e pirógenos desencadeando o processo
inflamatório (LOURO et al., 2002; RODRIGUES et al., 2006; ZONG; THOMPSON,
2006). A necrose não é observada durante o processo normal de eliminação celular,
que ocorre durante o desenvolvimento e a homeostase de tecidos normais
(SCHWARTZ; OSBORNE, 1993). A necrose ocorre tipicamente em grupos de
células adjacentes expostas as mesmas condições não fisiológicas, levando a uma
amplificação da lesão ao tecido afetado (DUVALL; WYLLIE, 1986).
Zong e Thompson (2006) sugeriram que algumas formas de necrose não são
processos passivos, mas uma via bastante regulada, semelhante a apoptose. Esse
tipo de necrose estaria presente nas doenças neurodegenerativas, doenças
inflamatórias, infecções e câncer, bem como em outros processos. Dentre as
características morfológicas da necrose programada estão a despolarização
mitocondrial, ativação de proteases (não-caspase), perda da homeostase de cálcio,
depleção de ATP e geração de espécies reativas de oxigênio (EROs).
1.3 Produtos naturais e a importância da síntese qu ímica
Os recursos naturais renováveis como plantas, microorganismos,
invertebrados e vertebrados, de uma forma geral, são fontes extremamente
importantes de compostos bioativos (MANN, 2002). E, apesar do interesse na
modelagem molecular, na química combinatória e outras técnicas de síntese
química pelas instituições de pesquisa e indústrias farmacêuticas, os produtos
naturais são uma importante fonte de novos agentes terapêuticos contra doenças
infecciosas, câncer, dislipidemias e imunomodulação (ROCHA et al., 2001;
NEWMAN et al., 2003; BUTLER, 2004). Em 1982, Hartwell listou mais de 3000
29
espécies de plantas que tinham sido usadas no tratamento de cânceres
(HARTWELL, 1982).
A importância da diversidade química dos produtos naturais e seus derivados
para a descoberta de novos fármacos têm despertado interesse da indústria
farmacêutica. Em 2005, a Sociedade Americana de Química destacou uma lista de
46 fármacos que tiveram um enorme impacto na saúde, onde, dentre estas 80% são
compostos sintéticos, que vão desde a aspirina (ácido acetil salicílico), com
estrutura química simples, sendo o analgésico mais utilizado no mundo, ao taxol
(paclitaxel) com estrutura química complexa, usado no tratamento de neoplasias,
entre outros (DAEMMRICH; BOWDEN, 2005).
Nos últimos 50 anos, as pesquisas de novas moléculas levaram a descoberta
de mais de 100 novos fármacos que adentraram ao arsenal para o tratamento de
neoplasias malignas, sendo, na sua maioria, derivados ou protótipos de produtos
naturais (WAGNER-DÕBLER et al., 2002). O paclitaxel (Taxol), um diterpeno
isolado inicialmente da Taxus brevifloria Nutt. (Taxaceae) como agente citotóxico
(KINGSTON, 1996; KINGSTON, 2005) atuando como inibidor do crescimento celular
impedindo a despolimerização dos microtúbulos (BARREIRO; FRAGA, 2002), é um
exemplo interessante que demonstra a importância da síntese ou semi-síntese
química na descoberta de novos agentes anti-neoplásicos. Devido à dificuldade de
isolamento e baixo rendimento, somente após 20 anos de sua descoberta, o
Paclitaxel foi utilizado para testes clínicos. No entanto, para produzir 360g do
composto, cerca de 4000 árvores foram sacrificadas, tornando inviável seu uso
(MANN, 2002). Este problema somente foi solucionado quando Potier e seus
colaboradores descobriram que das folhagens de Taxus baccata poderia se extrair
uma quantidade maior de um precursor, 10-deacetilcaccatin III, que facilmente
poderia ser convertido em Paclitaxel e em análogos mais potentes como o Docetaxel
(Taxotere) (GUERITTE-VOEGELIN et al., 1991). Este último é um taxóide, semi-
sintético, duas vezes mais potente que o composto natural (Figura 7) (BARREIRO;
FRAGA, 2002).
30
Figura 7: Estrutura do paclitaxel e seu análogo docetaxel
De fato, o melhor impacto de compostos isolados de plantas como protótipo
para novas drogas é percebido na área do tratamento de neoplasias (NEWMAN et
al., 2003). Neste aspecto, pode-se citar além do paclitaxel, a vimblastina e vincristina
(Catharanhtus roseus G. Don) com o análogo vinorelbina e vindesina (Figura 8)
(JOHNSON et al., 1996), Camptotecina (Camptotheca acuminata Decne) com os
análogos irinotecano e topotecano (Figura 9), entre outros, todos usados no
tratamento de diferentes tipos de câncer (SCHWARTSMANN et al., 2002). O
sucesso terapêutico dessas substâncias estimula a procura de novos agentes
quimioterápicos derivados de produtos naturais mais ativos e com menos efeitos
colaterais. Assim, há uma maior probabilidade de se encontrar uma droga
promissora no âmbito terapêutico e/ou preventivo do câncer.
Figura 8: Estruturas da vimblastina e do seu derivado vindesina
31
Figura 9: Estruturas da camptotecina e dos derivados irinotecano e topotecano
Como dito anteriormente, os produtos naturais de uma forma direta ou
indiretamente constituem um potente arsenal na busca de novas drogas com
atividade antitumoral. Nesse contexto, as quinonas se apresentam como um
composto químico de grande interesse para indústria farmacêutica. Dentre as várias
quinonas utilizadas na terapia anticâncer podemos citar a daunorrubicina, a
doxorrubicina e a mitoxantrona (ASCHE, 2005) (Figura 10).
32
Figura 10: Estruturas quinonas utilizadas na terapia anticâncer
1.4 Quinonas
As quinonas representam uma importante classe de compostos de ocorrência
natural ou produto de síntese com uma grande variedade de funções (THOMSON,
1987; ASCHE, 2005). O esqueleto quinona foi identificado como um importante
grupo farmacofórico para a atividade citotóxica de vários compostos utilizados na
clínica (DRISCOLL et al., 1974; LIU et al., 2004), constituindo ainda uma das
maiores classes de agentes anti-tumorais (ASCHE, 2005).
As quinonas são compostos orgânicos que podem ser considerados como
produtos da oxidação de fenóis; da mesma forma, a redução de quinonas pode
também originar os correspondentes fenóis, sendo uma reação de dois sentidos.
Sua principal característica é a presença de dois grupos carbonílicos que formam
um sistema conjugado com pelo menos duas ligações duplas C-C. Assim, em
função do ciclo no qual o sistema de duplas e cetonas conjugadas está inserido,
têm-se os três grupos principais de quinonas: benzoquinonas – um anel benzênico;
33
naftoquinonas - um anel naftalênico; antraquinonas - um anel antracênico (Figura
11) (SIMÕES et al., 2002).
Figura 11: Estruturas dos principais grupos de quinonas: benzoquinona (A), naftoquinona (B) e antraquinona (C)
As quinonas representam uma ampla e variada família de metabólitos de
distribuição natural. Em estudos farmacológicos, as quinonas mostram variadas
atividades destacando-se, dentre outras, as propriedades microbicidas, anti-
inflamatórias e antitumorais (MONKS et al., 1992).
Drogas que possuem um grupamento quinona tais como antraquinonas e
mitoxantronas apresentam uma excelente atividade anti-neoplásica na clínica
oncológica, sendo bastante aceito que a citotoxicidade de quinonas esteja
relacionada à geração de espécies reativas de oxigênio, além da inibição da enzima
topoisomerase-II, levando a quebra da molécula de DNA (MATES; SÁNCHEZ-
JIMÉNEZ, 2000). No entanto, a contribuição exata da subestrutura quinona para
seu efeito antitumoral permanece incerta (ASCHE, 2005).
O lapachol e seus derivados estão associadas com numerosas atividades
biológicas como bactericida, fungicida, anti-malária, tripanossomicida e antitumoral
(GUIRAUD et al., 1994; de ANDRADE-NETO et al., 2004; RAVELO et al., 2004;
FERREIRA et al., 2006).
A β-lapachona (3,4-diidro-2,2-dimetil-2H-naftol [1,2-b] piran-5,6-diona) é o
derivado mais importante do lapachol com atividade antitumoral promissora (Figura
12). β-lapachona é uma orto-naftoquinona naturalmente obtida de uma árvore nativa
da América do Sul, Tabebuia avellanedae (SCHAFFNER-SABBA, 1984). Este
composto apresenta um amplo leque de atividades farmacológicas, tais como
34
atividades antibacteriana, antifúngica, tripanossomicida, anti-retroviral e
antiinflamatória (LOPES et al., 1978; SCHUERCH; WEHRLI, 1978; GOIJMAN;
STOPPANI, 1985; GUIRAUD et al., 1994; MANNA et al., 1999). Além disso, a β-
lapachona é um potente agente anticâncer, sendo efetivo contra uma variedade de
células tumorais humanas (SCHAFFNER-SABBA, 1984; PLANCHON et al., 1995;
2001; LI et al., 1999a, PINK et al., 2000a, 2000b), inibindo até mesmo tumores
resistentes a terapias convencionais (LI et al., 1995; PLANCHON et al., 1995; OUGH
et al., 2005).
Figura 12: Estruturas do lapachol e da β-lapachona.
O mecanismo exato do efeito citotóxico desse composto permanece
desconhecido, no entanto, alguns estudos mostraram que a β-lapachona causa
parada em fases específicas do ciclo celular podendo levar à apoptose (LI et al.,
1993; PLANCHON et al., 1995; LI et al., 1995; LI et al., 1999b) ou à necrose (LI et
al., 1999b) dependendo da célula alvo, tempo e da dose testada (WELLER et al.,
1997). O processo de morte induzido por esta quinona é independente de dano
direto ao DNA (PARDEE et al., 2002).
Suas atividades podem ser atribuídas a geração de espécies reativas de
oxigênio (EROs), que é conhecido por causar apoptose em células de leucemia
humana (PLANCHON et al., 1995; PINK et al., 2000b; TAGLIARINO et al., 2001),
desprogramar a síntese de DNA (KUMAR; HARVEY, 1995) e inibir enzimas como
topoisomerases I (LI et al., 1993) e II (FRYDMAN et al., 1997), causar clivagem da
35
poli (ADP-ribose) polimerase (PARP) e caspase 3 e aumentar a atividade proteolítica
da procaspase 9 (GUPTA et al., 2002).
A geração de EROs intracelular é um processo inevitável e muitas vezes
fisiologicamente importantes (SKULACHEV, 1996). As EROs podem ser produzidas
durante a respiração celular na mitocôndria e por sistemas enzimáticos distintos,
incluindo aquelas dos peroxissomos e a oxidação espontânea de lipídeos
(KAMATA; HIRATA, 1999; WEINBERG, 2008). Dentre as EROs liberadas da
mitocôndria estão o íon superóxido (O2 •–), o oxigênio singlet, o peróxido de
hidrogênio (H2O2) e radicais hidroxilas (•OH) (WEINBERG, 2008).
As EROs possuem papéis bastante controversos. Em situações de não
estresse elas atuam promovendo a proliferação celular, no entanto, na presença de
estresse, parecem ativar e modular a morte celular via apoptose e/ou necrose.
Segundo Jabs (1999), os níveis de EROs são aumentados em células expostas a
situações de estresse, incluindo o tratamento com drogas anticâncer que irão
promover a ativação de proteínas pró-apoptóticas, induzindo a morte celular
(BENHAR et al., 2001; DAVIS et al., 2001; TOBIUME et al., 2001). As Eros também
podem atuar diretamente na maquinaria apoptótica por acelerar a despolarização
mitocondrial e disfunção durante a fase efetora da apoptose (JABS, 1999). Assim, a
mitocôndria é a maior fonte de EROs durante o curso da apoptose (CAI; JONES,
1999).
Um dos campos de pesquisa bastante explorado atualmente para o
tratamento de diversos tipos de câncer, consiste no desenvolvimento de novas
drogas que sejam capazes de promover a geração de EROS (VERMA, 2006;
RIDNOUR et al., 2006), tais como quinonas (KOVACIC; SOMANATHAN, 2006),
compostos nitroaromáticos (TOCHER, 1997) e sais imino (KOVACIC; BECVAR,
2000; KOVACIC; COOKSY, 2005). Estudos anteriores mostraram que alguns tipos
de câncer apresentam-se em um elevado estado de estresse oxidativo, mesmo
quando sua maquinaria antioxidante trabalha em capacidade máxima. Alguns
autores sugerem que em níveis mais elevados de EROs, as células tumorais sofrem
danos que podem levá-las à morte, enquanto que células normais não são afetadas.
Assim, compostos geradores de EROs podem mostrar seletividade para alguns tipos
de células tumorais (PELICANO et al., 2004; GUPTE; MUMPER, 2007).
36
A enzima NAD(P)H: quinona oxirredutase (NQO1), uma flavoproteína
encontrada na maioria das células eucarióticas, é também chave para a ação da β-
lapachona (PINK et al., 2000b). A NQO1 catalisa uma redução de dois elétrons de
quinonas, como β-lapachona ou menadiona, usando ou NADH ou NADPH como
doador de elétrons. As quinonas são diretamente reduzidas a hidroquinonas pelo
NQO1, evitando o seu estado intermediário (instável e altamente reativo) de
semiquinona (Figura 13). As semiquinonas são excelentes geradores de radicais
livres, iniciando o ciclo redox que resulta na geração de superóxidos (PINK et al.,
2000a, 2000b). A redução da β-lapachona pela NQO1 aumenta sua ação citotóxica,
incluindo inibição do crescimento e apoptose. Essa enzima é superexpressa em
tumores de mama, cólon, pulmão e próstata (MALKINSON et al., 1992; MARIN et al.,
1997; OUGH et al., 2005) o que torna o grupo quinona assim como seus derivados,
potentes agentes terapêuticos para esses tipos de tumores (ASHWELL et al., 2006).
Entretanto, esse mecanismo não parece ser exclusivo visto que também é
observado a indução de apoptose pela β-lapachona em células deficientes em
NQO1, como células HL-60 e MDA-MB-468 (PINK et al., 2000b). Com isso, tem sido
sugerido que a atividade antitumoral da β-lapachona está relacionada a diferentes
mecanismos de ação dependendo do tipo de célula estudada.
Figura 13: Ciclo redox das quinonas: redução de quinonas a semiquinonas e hidroquinonas Fonte: Asche (2005)
37
Substâncias que promovam o estresse oxidativo produzindo EROs
diretamente nas células, inibindo o aparato antioxidativo (KONG; LILLEHEI, 1998),
causando desequilíbrio no estado redox intracelular ou atuando como catalisadores
na toxicidade das EROs (FRY; JACOB, 2006) são bons candidatos para o
tratamento do câncer (HILLARD et al., 2008).
É sabido que a grande maioria dos quimioterápicos usados na prática clínica,
não possui especificidade para as células tumorais, levando a toxicidade também
para as células normais. As células com alta taxa de proliferação como as das
mucosas e cabelo, são uma das células mais prejudicadas, desencadeando efeitos
colaterais como mucosite e alopecia. Assim, a indústria farmacêutica procura cada
vez mais fármacos que sejam mais eficazes e mais seletivos. A β-lapachona,
diferente de muitas drogas utilizadas na quimioterapia convencional, induz apoptose
em células transformadas, mas não em células com taxa de proliferação normal
(CHAU et al., 1998; LI et al., 2003). No entanto, apesar da grande seletividade desse
composto para células tumorais, estudos mostraram que a dose máxima tolerada,
quando administrada via oral diariamente por um mês, é de 200mg/kg em ratos e
100mg/kg em cachorros. Em doses mais elevadas, a β-lapachona causa ulceração
gástrica e perda de eritrócitos, mas sem sinais de supressão da medula óssea (LI et
al., 1995).
Nesse âmbito, a remodelagem de compostos a partir da β-lapachona pode
aumentar a eficácia dessa classe de compostos e diminuir os seus efeitos adversos.
A nor-β-lapachona (composto 1) é um derivado da β-lapachona que mostrou
citotoxicidade em algumas linhagens de carcinoma humano, com CI50 variando de 2
a 2,5 µM (KONGKATHIP et al., 2003). Já o seu derivado nitrofenilamino (composto
2) foi anteriormente descrito como um composto com forte atividade citotóxica contra
várias linhagens de células tumorais, após 72 h de incubação, apresentando CI50
abaixo de 1µg/mL (da SILVA Jr et al., 2007).
Neste contexto, o objetivo desse trabalho é avaliar a atividade citotóxica e o
possível mecanismo de ação dos compostos 1 e 2.
38
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
O objetivo desse trabalho foi avaliar as propriedades citotóxicas e possíveis
mecanismo de ação da 2,2-dimetil-3-(3-nitrofenilamino)-2,3-di-hidronafto [1,2-b]
furan-4,5-diona (composto 2) e de seu protótipo, nor-β-lapachona (composto 1) em
células leucêmicas humanas (HL-60), visando avaliar o mecanismo de ação.
2.2 Objetivos Específicos
� Determinar o potencial citotóxico in vitro dos compostos 1 e 2 em linhagem
leucêmica humana (HL-60) após 24 horas de exposição;
� Determinar a seletividade dos compostos 1 e 2 utilizando células
mononucleares de sangue periférico de voluntários saudáveis;
� Avaliar os possíveis mecanismos envolvidos na citotoxicidade induzida pelos
compostos 1 e 2 em células leucêmicas (HL-60) após 24 horas de incubação
utilizando diversas metodologias como análises morfológicas, integridade de
membrana celular, fragmentação de DNA, análise do ciclo celular, despolarização
mitocondrial, externalização da fosfatidilserina e geração de espécies reativas de
oxigênio.
39
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Materiais utilizados
Os equipamentos, soluções, reagentes e fármacos utilizados estão listados no
anexo A.
3.2 Metodologia Experimental
3.2.1 Síntese das quinonas
O derivado nitrofenilamino da nor-β-lapachona (composto 2) foi sintetizado
(da SILVA Jr et al., 2007) e cedido pelo Prof. Dr. Vítor Francisco Ferreira da
Universidade Federal Fluminense e seu aluno Eufrânio Nunes da Silva Júnior, em
colaboração com a Profa. Dra Marília Oliveira Fonseca Goulart da Universidade
Federal de Alagoas. As amostras foram mantidas a - 20ºC em soluções estoque de
DMSO a 1mg/mL.
Figure 14: Estruturas dos compostos estudados: (1): 2,3-dihidro-2,2-dimetilnafto [1,2-b] furan- 4,5-diona (nor-β-lapachona) e (2): 2,2-dimetil-3-(3-nitrofenilamino)-2,3-di-hidronafto [1,2-b] furan-4,5-diona.
3.2.2 Estudo da atividade citotóxica
Cultivo da Linhagem tumoral
Células leucêmicas (HL-60) foram cultivadas em frascos plásticos para cultura
(Corning, 75 cm2, volume de 250 mL para células em suspensão); utilizando o meio
de cultura RPMI 1640 suplementado com 10% de soro fetal bovino e 1% de
antibióticos (penicilina/estreptomicina). As células foram incubadas em estufa a 37°C
(1) (2)
40
com atmosfera de 5% de CO2, seguido da observação do crescimento celular com
ajuda de microscópio de inversão a cada 24 horas (BUTLER; DAWSON, 1992).
3.2.2.1 Avaliação da atividade antiproliferativa em linhagens de células tumorais in
vitro - Teste do MTT
Princípio do Teste
O ensaio consiste em uma análise colorimétrica baseada na conversão do sal
3-(4,5-dimetil-2-tiazol)-2,5-difenil-2-H-brometo de tetrazólio (MTT) para formazan,
pela atividade da enzima succinil-desidrogenase presente na mitocôndria da célula
viável (MOSMANN, 1983), permitindo, dessa maneira, quantificar a porcentagem de
células vivas.
Procedimento Experimental
As células foram distribuídas em multiplacas de 96 cavidades numa
densidade de 3 x 105 células/mL. As substâncias testes (0,009 – 5 µg/mL) foram
incubadas durante 21 horas juntamente com a suspensão de células. Após o
período de incubação, as placas foram centrifugadas (1500 rpm/15 min), e o
sobrenadante foi descartado. Cada cavidade recebeu 150 µL da solução de MTT
(10% em meio RPMI 1640) e foi reincubada durante 3 horas, em estufa a 37°C e a
5% CO2. Após esse período, as placas foram novamente centrifugadas (3000
rpm/10 min), o sobrenadante foi desprezado, e o precipitado foi ressuspendido em
150µL de DMSO para a quantificação do sal reduzido nas células vivas. As
absorbâncias foram lidas com o auxílio do espectrofotômetro de placa, no
comprimento de onda de 595 nm.
Análise dos Dados
Os experimentos foram analisados segundo suas médias e respectivos erros-
padrão. O gráfico absorbância x concentração foi registrado e determinado a sua
concentração inibitória média capaz de provocar 50% do efeito máximo (CI50) e seus
respectivos intervalos de confiança de 95% (IC 95%) realizado a partir de regressão
não-linear no programa GraphPad Prism Software versão 5.0.
41
3.2.2.2 Avaliação da atividade antiproliferativa em células mononucleares de sangue
humano periférico (CMSP) – Ensaio do Alamar Blue
Princípio do Teste
Com o objetivo de estudar a seletividade dos compostos em estudo na
proliferação de células normais, o ensaio do alamar blue foi realizado com célula
mononucleares de sangue periférico (CMSP), que inclui linfócitos e monócitos. O
alamar blue, recentemente identificado como resazurina (O'BRIEN et al., 2000), é
um indicador fluorescente/colorimétrico, onde em sua forma oxidada apresenta uma
coloração azul (não fluorescente/célula não viável) e em sua forma reduzida uma
coloração rósea (fluorescente/célula viável). Assim como o MTT, o alamar blue
reduz-se em células vivas, e assim pode ser quantificado e utilizado para avaliar a
viabilidade celular (AHMED et al., 1994).
Procedimento Experimental
As células mononucleares foram isolados a partir de uma amostra de cerca
de 5 mL de sangue periférico de voluntários sadios, acrescida de 5 mL de PBS. As
etapas até o isolamento incluíram a adição de 3 mL de Ficoll, seguida por 30
minutos de centrifugação a 1500rpm, e feita aspiração das células mononucleares
presentes na região intermediária entre as hemácias e o soro (“nuvem de linfócitos”).
A suspensão de linfócitos foi transferida para um outro tubo ao qual foi acrescido
PBS até o volume de 11 mL, sendo centrifugado por 20 min a 1000 rpm. O
sobrenadante foi descartado e o pellet de linfócitos foi ressuspendido em 2 mL de
meio RPMI 1640 suplementado com 20% de soro fetal bovino, 100 U/mL penicilina,
100 µg/mL estreptomicina para uma concentração final de final 3 x 105 células/mL.
Fitohemaglutinina (3%) foi adicionada para induzir a proliferação dos linfócitos. Após
24 horas de incubação das células, as substâncias em estudo foram adicionadas em
concentrações seriadas (0,009 - 5 µg/mL) juntamente com 10 µL da solução estoque
(0,312 mg/mL) de alamar blue e incubadas por 24 horas em estufa a 37°C com
atmosfera de 5% de CO2 e 95 % de umidade. A doxorrubicina (0,009 - 5 µg/mL) foi
utilizada como controle positivo. Após o período de incubação as absorbâncias
foram medidas no espectrofotômetro de placa, no comprimento de onda de 570 nm
(reduzido) e 595 nm (oxidado).
42
Análise dos Dados
A proliferação celular foi calculada utilizando a seguinte fórmula: %
proliferação = ALW – (AHW x R0) x 100. Onde, ALW e AHW são as absorbâncias no
menor e maior comprimento de onda, respectivamente. O R0 foi calculado utilizando
a seguinte fórmula: R0=AOLW/AOHW. Onde, AOLW e AOHW são as absorbâncias do
meio adicionado ao alamar blue subtraído das absorbâncias do meio isolado nos
comprimentos de onda menor e maior, respectivamente. A absorbância foi medida
usando um leitor de multiplacas (DTX 880 Multimode Detector, Beckman Coulter,
Inc. Fullerton, Califórnia, EUA). O efeito da droga foi quantificado como a
porcentagem da absorbância controle a 570 nm e a 595 nm. Os compostos foram
testados em diluição seriada, em duplicata ou triplicata, e suas CI50 (concentração
inibitória média capaz de provocar 50% do efeito máximo) e respectivos intervalos
de confiança de 95% (IC 95%) foram determinados a partir de regressão não-linear
utilizando o programa Prism versão 5.0 (GraphPad Software).
3.2.3 Estudo do Mecanismo de Ação em células leucêmicas (HL-60)
Células da linhagem HL-60, na concentração de 3 x 105 células/mL, foram
incubadas por 24 horas e examinadas ao microscópio óptico de inversão. As
concentrações das drogas utilizadas foram estimadas a partir do valor da CI50 do
composto 2 encontrada no método do MTT para esta mesma linhagem celular após
incubação por 24 horas. Assim as concentrações escolhidas foram de 1,0 e 2,0 µM
para a nor-β-lapachona (composto 1) e 0,5; 1,0; 2,0 µM para o composto 2. Os
grupos do controle negativo receberam a mesma quantidade de DMSO. A
doxorrubicina (0,5 µM) foi utilizada como controle positivo (VERAS et al, 2004).
3.2.3.1 Teste de citotoxicidade in vitro – Viabilidade celular por Exclusão do azul de
tripan
Princípio do Teste
O teste de exclusão por azul de tripan permite quantificar separadamente as
células viáveis das células mortas pela substância testada. O corante penetra em
todas as células, porém somente as células viáveis conseguem bombear o tripan
43
para fora, sendo possível dessa maneira, observar uma coloração azulada nas
células metabolicamente inativas (PERES; CURI, 2005).
Procedimento Experimental
A uma alíquota de 90µL da suspensão de células foi adicionado 10µL do
corante azul de tripan (0,4%). As células viáveis e as não viáveis foram
diferenciadas e contadas em câmara de Newbauer, contando-se as células de dois
quadrantes diagonalmente opostos. A Doxorrubicina (0,5 µM) foi usada como
controle positivo (VERAS et al., 2004).
Análise dos Dados
Os dados foram analisados a partir da média e do erro padrão da média de 3
experimentos. Para verificação da ocorrência de diferenças significativas entre os
diferentes grupos, os dados foram comparados por análise de variância (ANOVA)
seguida do teste de Dunnet, com nível de significância de 5% (p<0,05).
3.2.3.2 Ensaio antiproliferativo - Incorporação do BrdU
Princípio do Teste
A bromodeoxiuridina (BrdU) é uma base nitrogenada análoga a timina. Assim,
quando as células estão sintetizando seu DNA, o BrdU é incorporado no lugar da
timina. A detecção do BrdU incorporado nas células é feita por técnicas
imunohistoquímicas (PERA et al., 1977).
Procedimento Experimental
O BrdU foi adicionado 3h antes do término do período de incubação com a
droga (21h), para que seja incorporado ao DNA das células em mitose. Após o
período de três horas, lâminas foram preparadas e colocadas para secar ao ar livre
por 2h. Após o período de secagem foram fixadas em metanol por 1 minuto. As
células foram lavadas com tampão Tris (TBS) e incubadas em solução desnaturante
(formamida) por 90 minutos a 70ºC e pH 7,4. Após uma segunda lavagem com TBS,
as células foram circuladas com caneta hidrofóbica e incubadas com anticorpo
44
primário por 120 minutos em estufa bacteriológica em câmara úmida. As células
foram incubadas com anticorpo secundário biotinado por 20 minutos e, em seguida,
com a solução de estreptavidina-fluoresceína por mais 20 minutos. Foi adicionado o
cromógeno diaminobenzidina (DAB) por aproximadamente 1minuto e em seguida,
removido com água destilada. A contracoloração foi realizada com hematoxilina de
Harrys a 0,1% (PERA et al., 1977).
Análise dos Dados
Duzentas células foram contadas, diferenciando-as entre núcleo marrom
(incorporaram o BrdU) e não-marrom (não incorporam o BrdU). Os dados foram
expressos como da média ± E.P.M. de experimentos independentes (n = 2). A
proporção de células marcadas em marrom e não-marcadas entre os diferentes
grupos foi comparada pelo teste ANOVA com nível de significância de 5 % (p < 0,05)
usando o programa GraphPad (Intuitive Software for Science, San Diego, CA).
3.2.3.3 Análise morfológica - Coloração por May-Grünwald-Giemsa
Princípio do Teste
A coloração utilizada nesse experimento se baseia em interações
eletrostáticas entre os corantes e moléculas-alvo. Essa coloração possui azul de
metileno (corante básico), eosina (corante ácido), entre outros componentes básicos
que permite distinguir o citoplasma e o núcleo, sendo possível analisar a célula
quanto a sua integridade nuclear, bem como alterações no citoplasma. Essa técnica
é bastante indicada para estudo do padrão de morte celular (apoptose/necrose).
Procedimento Experimental
Células da linhagem HL-60, plaqueadas na concentração de 3 x 105
células/mL foram incubadas por 24 horas com as drogas e examinadas ao
microscópio de inversão. Para observar a morfologia, 50µL da suspensão de células
foram adicionadas à centrífuga de lâmina (cytospin). Após a adesão das células na
lâmina, a fixação foi feita com metanol por 1 minuto e a coloração por May-
Grunwald, por 10 segundos, seguida pelo Giemsa por mais 10 segundos.
45
Análise dos Dados
As lâminas contendo as células coradas foram levadas ao microscópio para
avaliação das suas características morfológicas e comparadas ao controle (não-
tratadas). O registro das alterações celulares foi feito por fotografia em microscopia
óptica.
3.2.3.4 Análise morfológica – Coloração diferencial por Laranja de Acridina /
Brometo de Etídio
Princípio do Teste
O método de contagem diferencial laranja de acridina /brometo de etídio
permite diferenciar células viáveis daquelas em processo de morte por apoptose ou
necrose através da contagem diferencial por fluorescência com base em alterações
morfológicas nucleares e citoplasmáticas (MCGAHON et al., 1995). Este método
baseia-se na revelação das células (controle e tratadas) com a coloração por
brometo de etídio (BE) e laranja de acridina (LA) no núcleo. A LA intercala-se ao
DNA, conferindo aparência verde ao núcleo celular, sendo capaz de atravessar
membranas intactas. O brometo de etídio é incorporado majoritariamente por células
não viáveis (com instabilidade de membrana), intercalando-se ao DNA corando-o de
laranja; ligando-se fracamente ao RNA, que se mostrará com uma coloração
vermelha. As células viáveis com membrana intacta apresentam núcleo
uniformemente corado de verde pela LA. O BE marca muito fracamente e às vezes
não marca, pois não atravessa a membrana íntegra. As células em apoptose inicial
(membrana ainda intacta) apresentam manchas verdes brilhantes no núcleo
(condensação da cromatina) e não são marcadas por BE. Podem ser observadas as
alterações da membrana em decorrência da formação de corpúsculos apoptóticos.
As células em necrose (lesão na membrana) apresentaram um padrão de coloração
uniforme, laranja-avermelhada e não há formação de corpos apoptóticos (CURY-
BOAVENTURA et al., 2003).
Procedimento Experimental
A suspensão de células controle ou tratadas com os compostos 1 e 2 foi
transferida para um tubo eppendorf e centrifugada por 5 min em baixa rotação. O
46
sobrenadante foi descartado e as células foram ressuspendidas em 20 µL de
solução de PBS. Em seguida, 1 µL da solução de LA/BE foi adicionado a cada tubo
e uma alíquota dessas células foi transferida para uma lâmina e montado com
lamínula para, em seguida, ser contada considerando cada evento celular de
interesse (GENG et al., 2003).
Análise dos Dados
Foram contadas 300 (trezentas) células, em duplicata, cada amostra para
quantificação percentual de cada evento celular (viáveis, necróticas e apoptóticas).
As lâminas foram montadas e fotografadas para registro visual dos efeitos. Para
verificação de ocorrência de diferenças significativas entre os diferentes grupos, os
dados foram comparados por análise de variância (ANOVA) seguida por teste de
Dunnett (p<0,05).
3.3 Citometria de Fluxo
A citometria de fluxo é uma técnica utilizada para se determinar diferentes
características das partículas biológicas. Os citômetros analisam as células ou
partículas em meio líquido que passam através de uma fonte de luz. O desvio da luz,
que está relacionado diretamente com a estrutura e morfologia das células, e a
fluorescência são determinados para cada partícula que passa pela fonte de
excitação. Após a aquisição do desvio da luz e fluorescência de cada partícula, a
informação resultante pode ser analisada utilizando-se um computador com
programa específico acoplado ao citômetro (SHAPIRO, 1995).
Para todos os compostos testados, cinco mil eventos foram avaliados por
experimento e os debris celulares foram omitidos da análise. A fluorescência de
células de HL-60 foram então determinadas por citômetro de fluxo Guava EasyCyte
Mine usando o software Guava Express Plus após 24 horas de incubação. Cinco mil
eventos foram analisados para cada replicata em três experimentos independentes.
3.3.1 Determinação da integridade da membrana celular - viabilidade celular
Princípio do Teste
47
O teste baseia-se na capacidade do iodeto de propídeo penetrar nas células
cuja membrana esteja rompida e após a ligação ao DNA emitir alta fluorescência
quando é excitado pelo laser. As células com membrana íntegra emitem baixa
fluorescência (SHAPIRO, 1995).
Procedimento Experimental
Uma alíquota de 100µL de suspensão de células tratadas e não tratadas foi
incubada com 100µL de uma solução de PI a 50µg/mL (diluído em tampão fosfato).
Após 5 minutos as amostras foram analisadas por citometria de fluxo. Foram obtidas
informações sobre morfologia celular (espalhamento frontal e lateral da luz, o que
corresponde ao tamanho e granulosidade relativa entre as células, respectivamente)
e integridade de membrana utilizando-se o filtro para o espectro do vermelho
(DARZYNKIEWICZ et al., 1992).
3.3.2 Análise do ciclo celular e da fragmentação do DNA por citometria de fluxo
Princípio do Teste
Esse teste baseia-se na capacidade do iodeto de propídeo ligar-se ao DNA.
Inicialmente a membrana plasmática das células foram lisadas por um detergente,
permitindo que o iodeto de propídeo (PI) ligue-se ao DNA de todas as células.
Células com o DNA íntegro emitirão alta fluorescência, já núcleos com condensação
da cromatina e DNA fragmentado incorporam menos PI e por isso emitem menor
fluorescência, sugestivo de apoptose. Além disso, o PI consegue intercalar
proporcionalmente a quantidade de DNA da célula, podendo então mensurar as
fases do ciclo celular, através da quantidade de DNA presente em cada fase do ciclo
celular.
Procedimento Experimental
Uma alíquota de 100µL de suspensão de células tratadas e não tratadas foi
incubada com 100µL de uma solução de lise (0,1% de citrato de sódio, 0,1 % de
Triton X-100 e 2 µg/mL iodeto de propídio em PBS). Após um período de 30
minutos, onde os tubos permaneceram no escuro, as amostras foram analisadas no
citômetro de fluxo (NICOLETTI et al., 1991).
48
3.3.3 Determinação do potencial transmembrânico da mitocôndria por citometria de
fluxo
Princípio do Teste
Esse teste baseia-se na capacidade da mitocôndria seqüestrar um corante
fluorescente, rodamina 123. Quando esta organela apresenta potencial
transmembrânico inalterado, as células que seqüestraram a rodamina emitem alta
fluorescência quando atingidas pelo laser. Alterações no potencial mitocondrial
transmembrânico levam ao efluxo da rodamina de dentro da mitocôndria, gerando
eventos que emitirão menor fluorescência comparado com as células que possuem
mitocôndrias normais.
Procedimento Experimental
Uma alíquota de 100µL de suspensão de células tratadas e não tratadas foi
incubada com 200µL de uma solução de solução de rodamina 1 µg/mL. Após 15
minutos de incubação no escuro, as amostras foram centrifugadas a 2000rpm/5min.
O sobrenadante foi então descartado e 100 µL de PBS foi adicionado em cada
amostra. Após um período de 30 minutos incubadas no escuro, as amostras foram
analisadas no citômetro de fluxo (CURY-BOAVENTURA et al., 2004).
Análise dos dados
Os dados foram analisados a partir da média e do erro padrão da média de 3
experimentos independentes. Para verificação da ocorrência de diferenças
significativas entre os diferentes grupos, os dados foram comparados por análise de
variância (ANOVA) seguida por Teste de Dunnet, com nível de significância de 5%
(p < 0,05).
3.3.4 Determinação da Externalização da Fosfatidilserina – Anexina V
Princípio do Teste
Um dos principais processos que ocorrem na apoptose é a perda da
assimetria da membrana fosfolipídica com a translocação da fosfatidilserina da
membrana interna da bicamada lipídica para superfície celular. A externalização da
49
PS ainda continua como um processo não totalmente conhecido, mas sabe-se que a
externalização da fosfatidilserina funciona como um sinal da célula para que os
macrófagos as fagocitem, antes da perda da integridade da membrana celular
(VERMES et al., 1995).
Procedimento Experimental
A externalização da fosfatidilserina foi analisada por citometria de fluxo após
coloração da fosfatidilserina com a anexina V (VERMES et al., 1995). Foi utilizado o
kit Guava Nexin para determinar apoptose inicial e tardia. Células foram lavadas
duas vezes com PBS gelado e ressuspendidas em 135 µL de PBS com 5 µL de 7-
amino-actinomicina (7AAD) e 10 µL de anexina V conjugada com ficoeritrina (PE).
As células foram gentilmente agitadas e incubadas por 20 minutos em temperatura
ambiente (20–25°C) no escuro. Posteriormente, as células foram analisadas por
citometria de fluxo (EasyCyte/Guava Technologies). Anexina V é uma proteína
ligada a um fosfolipídio que tem alta afinidade por PS. 7AAD, é um corante
hidrofílico impermeável em células intactas, e é utilizado como um indicador da
integridade da membrana celular. A fluorescência da anexina V conjugada com a
ficoeritrina foi mensurada por fluorescência amarela-583nm e o 7AAD na
fluorescência vermelha a 680nm. A percentagem de células viáveis e de células
apoptóticas inicial e tardia foi calculada.
Análise dos Dados
Os dados foram analisados a partir da média e do erro padrão da média de 2
experimentos realizados em triplicata. Para verificação da ocorrência de diferenças
significativas entre os diferentes grupos, os dados foram comparados por análise de
variância (ANOVA) seguida por Teste de Dunnett, com nível de significância de 5%
(p < 0,05).
3.3.5 Determinação da geração de espécies reativas de oxigênio intracelulares
Princípio do Teste
As espécies reativas de oxigênio intracelulares foram monitoradas utilizando o
diacetato de 2’7’-diclorohidrofluoresceina (H2-DCF-DA), que é convertido em um
50
produto altamente fluorescente denominado de diclorofluoresceína (DCF) na
presença de espécies reativas de oxigênio intracelulares (LEBEL et al., 1992).
Procedimento Experimental
No final do tratamento de 1 e 3 horas com as amostras teste, as células foram
incubadas a 20 µM de H2-DCF-DA e mantidas a 37°C por 30 minutos no escuro.
Após terminar o período total de incubação as células foram centrifugadas por duas
vezes, lavadas e ressuspendidas em tampão PBS e analisadas imediatamente
utilizando citometria de fluxo com comprimento de onda de excitação e emissão de
490 e 530 nm, respectivamente. PMA (Forbol-12-miristato-13-acetato) foi utilizado
como controle positivo.
Análise dos dados
Em cada experimento foram contados 5000 eventos. Os dados foram
expressos como a média ± erro padrão da média de três experimentos
independentes realizados em triplicata. Para verificação da ocorrência de diferenças
significativas entre os diferentes grupos, os dados foram comparados por análise de
variância (ANOVA) seguida por Teste de Dunnett, com nível de significância de 5%
(p < 0,05).
51
4 RESULTADOS
4.1 Atividade citotóxica da nor- β-lapachona (composto 1) e seu derivado
nitrofenilamino (composto 2) pelo ensaio do MTT e e nsaio de seletividade pelo
método do Alamar blue
Inicialmente, foi determinado o efeito citotóxico dos compostos 1 e 2 sobre o
crescimento de células leucêmicas (HL-60) e em células mononucleares de sangue
periférico de voluntários saudáveis. Os valores de CI50, determinados após 24 horas
de exposição com as substâncias estão representados na tabela 1.
Como apresentado na tabela 1, ambos os compostos testados exibiram forte
efeito inibitório na proliferação das células HL-60 após 24 horas de incubação.
Baseado nos dados obtidos de dois experimentos independentes realizados em
duplicata, os valores de CI50 dos compostos 1 e 2 foram de 2,92 µM e 0,48 µM,
respectivamente (Tabela 1). Esses dados mostram que a adição do radical
nitrofenilamino na posição três do anel furano da nor-β-lapachona aumentou o efeito
citotóxico sobre células HL-60.
Para analisar a seletividade dos compostos testados sobre as células
tumorais, foi realizado o ensaio antiproliferativo do alamar blue com células
mononucleares de sangue periférico de voluntários sadios (CMSP). Comparando os
valores de CI50 dos compostos testados em células HL-60 e CMSP podemos
verificar que o composto 1 apresentou maior seletividade para células tumorais
quando comparado ao seu derivado nitrofenilamino (Tabela 1), apresentando CI50
maior que 17µM, enquanto o composto 2 apresentou CI50 de 3,02 µM. Assim
podemos observar que a modificação estrutural do composto 1, com a adição do
radical nitrofenilamino na posição 3, aumenta a atividade citotóxica em ambas
células tumorais e normais.
52
Tabela 1: Efeito da nor-β-lapachona (composto 1) e do seu derivado nitrofenilamino (composto 2) na citotoxicidade de células leucêmicas (HL-60) e normais (CMSP) após 24 horas de incubação, respectivamente.
MTT
(HL-60)
Alamar blue
(CMSP) Compostos
CI50 µµµµg/mL ( µµµµM) CI50 µµµµg/mL ( µµµµM)
Composto 1 0,84 (2,92)
(0,73 - 0,97) > 5 (17,38)
Composto 2 0,17 (0,48)
(0,15 - 0,20)
1,07 (3,02)
(0,88 – 1,31)
Doxorrubicina 0,3 (0,5)
(0,2 - 0,4) > 5 (8,3)
Nota: Os resultados são apresentados em valores de CI50 com um intervalo de confiança de 95% obtido por regressão não-linear a partir de três experimentos independentes, feitos em duplicata.
4.2 Mecanismo de ação envolvido na citotoxicidade d os compostos 1 e 2
A fim de investigar os possíveis mecanismos envolvidos na citotoxicidade dos
compostos 1 e 2, células HL-60 foram utilizadas como modelo. As concentrações
testadas foram baseadas nos valores de CI50 do composto 2 após 24 horas de
incubação. A doxorrubicina, na concentração de 0,5 µM, foi utilizada como controle
positivo.
4.2.1 Viabilidade celular pelo método de exclusão por azul de tripan
Como dito anteriormente, esse ensaio é um método direto de avaliação do
potencial citotóxico de substâncias. A análise da viabilidade celular na linhagem
leucêmica HL-60 por exclusão de azul de tripan, após 24 horas de exposição,
demonstrou que o composto 2, nas maiores concentrações testadas (1,0 e 2,0 µM),
reduziu significativamente o número de células viáveis quando comparadas ao
controle negativo. Apenas na concentração de 2,0 µM foi observado um pequeno
aumento no número de células não-viáveis. Já o composto 1 não apresentou
alterações significativas quando comparadas ao controle negativo. A doxorrubicina,
utilizada como controle positivo, diminuiu consideravelmente o número de células
viáveis, aumentando discretamente o número de células não-viáveis (Figura 15).
53
0
20
40
60
80
Composto 1 Composto 2
*
*
*
*
*
(µµµµM)
Células viáveis Células não viáveis
Controle Dox 1,01,0 2,0 2,00,5
Núm
ero
de c
élul
as(x
10
4cé
ls/m
L)
Figura 15: Efeito da nor-β-lapachona (composto 1) e do seu derivado nitrofenilamino (composto 2) na viabilidade de células leucêmicas HL-60 determinado por exclusão de azul de tripan depois de 24 horas de incubação. O controle negativo (Controle) foi tratado apenas com o veículo utilizado para a diluição da substância (DMSO). A doxorrubicina (0,5 µM) foi utilizada como controle positivo (Dox). Os dados correspondem a média ± E.P.M. de experimentos independentes (n = 3). *p < 0,05 comparado ao controle por ANOVA, seguida de Dunnett.
4.2.2 Inibição da proliferação celular através da incorporação de BrdU
Posteriormente, para relacionar a atividade antiproliferativa dos compostos
testados à inibição da síntese de DNA, foi realizado o ensaio de incorporação do
BrdU. Neste ensaio foi observado que células HL-60 tratadas com o derivado
nitrofenilamino (composto 2) , na maior concentração (2µM), foi capaz de inibir cerca
de 30% a proliferação celular, como mensurado pela incorporação do BrdU após 24
horas de incubação (p < 0,05). Já as células tratadas com o seu protótipo, composto
1 (2,0 µM), não mostraram diferença estatística quando comparadas ao controle
negativo. A doxorrubicina, utilizada como controle positivo, causou 33% de inibição
da proliferação celular (Tabela 2).
54
Tabela 2: Efeito da nor-β-lapachona (composto 1) e do seu derivado nitrofenilamino (composto 2) sobre a incorporação do BrdU expresso em porcentagem do número de células, avaliada através da incorporação do 5-bromo-2´-deoxyuridina (BrdU) em células leucêmicas HL-60 após 24 horas de incubação. O controle negativo (C) foi tratado apenas com o veículo utilizado para a diluição da substância (DMSO). Doxorrubicina (0,5µM) foi usado como controle positivo.
Compostos Concentração (µM) BrdU positivo (%) T/C
Controle - 56,71 -
Doxorrubicina 0,5 38,17* 0,67
Composto 1 2,0 53,50 0,94
0,5 57,00 1,0
1,0 49,00 0,86 Composto 2
2,0 39,75* 0,7
Nota: Os dados correspondem à média ± E.P.M. de experimentos independentes (n = 2). * p < 0,05, ANOVA, seguida de Dunnett. 4.3 Análise das mudanças morfológica 4.3.1 Coloração diferencial por May-Grünwald-Giemsa
A análise por microscopia de luz das células HL-60 coradas com May-
Grünwald-Giemsa revelou diversas mudanças morfológicas induzidas pelas
substâncias testadas. Após 24 horas em cultura, células HL-60 do grupo controle
negativo (não-tratadas) exibiram uma morfologia típica de células não aderidas, tais
como, membrana íntegra, células pleomórficas, nítida visualização tanto da
membrana plasmática quanto nuclear (Figura 16 A). As células tratadas com o
protótipo, composto 1, nas concentrações de 1,0 e 2,0 µM, assim como as células
tratadas com a menor concentração do composto 2 (0,5 µM) não apresentaram
mudanças morfológicas quando comparadas ao controle negativo (Figuras 16 C, 16
D e 16 E). Por outro lado, células tratadas com o composto 2, nas concentrações de
1,0 e 2,0 µM, apresentaram morfologia consistente com células em processo de
apoptose, incluindo redução do volume celular, condensação da cromatina e
fragmentação nuclear (Figuras 16 F e 16 G). Na maior concentração testada (2,0
µM), o composto 2 também levou ao aparecimento de características de necrose,
como eosinofilia e perda da integridade de membrana (Figura 16 G). A doxorrubicina
55
(0,5µM), utilizada como controle positivo, induziu redução do volume celular,
condensação da cromatina e fragmentação nuclear em células de HL-60, todas as
características condizentes com apoptose (Figura 16 B).
Figura 16: Análise morfológica de células da linhagem HL-60 (leucemia) após 24 horas de incubação, coradas por May-Grünwald-Giemsa e visualizadas por microscopia óptica. (A): controle negativo tratado apenas com o veículo utilizado para diluir as substâncias. (C) e (D): células tratadas com nor-β-lapachona (composto 1) nas concentrações de 1,0µM e 2,0µM, respectivamente. (E), (F) e (G): células tratadas com o derivado nitrofenilamino (composto 2) nas concentrações 0,5 µM, 1,0µM e 2,0µM, respectivamente. (B): controle positivo tratado com doxorrubicina (0,5µM). Células em apoptose indicadas pelas setas pretas e célula em necrose indicada pela seta vermelha.
4.3.2 Coloração diferencial por Laranja de Acridina / Brometo de Etídio
Para confirmar que a atividade antiproliferativa do composto 2 relaciona-se
com a indução de apoptose e necrose, a análise morfológica das células tratadas
com as substâncias teste foi investigada utilizando a coloração diferencial de laranja
56
de acridina e brometo de etídio (LA/BE) por microscopia de fluorescência. O
percentual de células viáveis, apoptóticas e necróticas foi então calculado. Células
viáveis, com coloração verde uniforme e morfologia normal, foram observadas em
células HL-60 do grupo controle negativo, atingindo mais de 85% das células
contadas. O tratamento das células com o composto 1, em ambas as concentrações
testadas, não causou alterações significativas no padrão morfológico de células HL-
60 quando comparadas ao controle negativo. No entanto, na concentração
intermediária do composto 2 (1,0 µM) foi observado um aumento de 19,1% na
porcentagem de células em processo de apoptose (Figura 17). Já na maior
concentração (2,0 µM) o composto 2 causou uma redução da porcentagem de
células viáveis para 61,33% (p < 0,05). Essa redução foi acompanhada por um
aumento de 36,17% de células com características de apoptose e apenas um
discreto aumento de 2,5% de células em necrose. Já a doxorrubicina, utilizada como
controle positivo, causou 82,17% de apoptose, diminuindo drasticamente o
percentual de células viáveis (Figura 17).
Figura 17: Efeito da nor-β-lapachona (composto 1) e do seu derivado nitrofenilamino (composto 2) na viabilidade de células leucêmicas HL-60 coradas com Laranja de acridina/Brometo de etídeo determinado por microscopia de fluorescência após 24 horas de incubação. O controle negativo (Controle) foi tratado com o veículo utilizado para diluir as substâncias testadas. Doxorrubicina (0,5µM) foi utilizada como controle positivo (Dox). *p < 0,05. Os dados foram comparados por análise de variância (ANOVA) seguida por Teste de Dunnet.
57
4.4 Análises da citometria de fluxo
4.4.1 Integridade de membrana celular e concentração de células determinada por
citometria de fluxo
A integridade da membrana celular e a concentração de células foram
determinadas por citometria de fluxo após 24 horas de incubação com as amostras
teste. O corante iodeto de propídio foi utilizado para corar o núcleo de células com
dano na membrana celular.
Como observado na figura 18, ambos os compostos causaram diminuição na
concentração de células de maneira dose-dependente.
Figura 18: Efeito da nor-β-lapachona (composto 1) e do seu derivado nitrofenilamino (composto 2) sobre a densidade de células leucêmicas HL-60, analisado por citometria de fluxo utilizando iodeto de propídeo, após 24 horas de incubação. O controle negativo (Controle) foi tratado com o veículo utilizado para diluir as substâncias testadas. Doxorrubicina (0,5µM) foi utilizada como controle positivo (Dox). Os dados correspondem à média ± E.P.M. de três experimentos independentes. Cinco mil eventos foram contados em cada experimento. *, p < 0,05 comparado com o controle negativo por ANOVA seguido pelo teste de Dunnett.
Entretanto, na avaliação da integridade de membrana utilizando iodeto de
propídeo, corante hidrofílico permeável somente em células com membrana
rompida, mostrou que somente na maior concentração do composto 2 (2,0µM)
houve uma pequena perda na integridade da membrana celular (92,27%) (Figura
58
19). Esses dados que corroboram com os resultados dos experimentos
anteriormente descritos. Já as células tratadas com o composto 1 e o controle
positivo (doxorrubicina) não apresentaram diferenças estatísticas quando
comparadas ao controle negativo (Figura 19).
Figura 19: Efeito da nor-β-lapachona (composto 1) e do seu derivado nitrofenilamino (composto 2) sobre a integridade de membrana de células leucêmicas HL-60, analisado por citometria de fluxo utilizando iodeto de propídeo, após 24 horas de incubação. O controle negativo (Controle) foi tratado com o veículo utilizado para diluir as substâncias testadas. Doxorrubicina (0,5µM) foi utilizada como controle positivo (Dox). Os dados correspondem à média ± E.P.M. de três experimentos independentes. Cinco mil eventos foram contados em cada experimento. *, p < 0,05 comparado com o controle negativo por ANOVA seguido pelo teste de Dunnett.
4.4.2 Análise do ciclo celular e da fragmentação de DNA determinada por citometria
de fluxo
A progressão do ciclo celular e a fragmentação internucleossomal do DNA
das células HL-60 tratadas com os compostos 1 e 2 foram realizadas por citometria
de fluxo e analisadas através do programa ModFit LT 3.1. Os resultados mostraram
que tanto o controle positivo (doxorrubicina) quanto as duas maiores concentrações
do composto 2 causaram aumento significante na fragmentação de DNA (p < 0,05).
Após 24 horas de exposição, células não tratadas apresentaram 18,9% de
fragmentação, enquanto as células tratadas com o composto 2 nas concentrações
de 1,0 µM e 2,0 µM causaram 47,2% e 83,5% de fragmentação de DNA,
respectivamente. O composto 1, em ambas as concentrações testadas, não causou
fragmentação significativa do DNA. Já a doxorrubicina, utilizada como controle
59
positivo, mostrou que 94,2% das células apresentavam DNA fragmentado (Figura
20).
Figura 20: Efeito da nor-β-lapachona (composto 1) e do seu derivado nitrofenilamino (composto 2) sobre a fragmentação de DNA de células leucêmicas de HL-60, analisado por citometria de fluxo utilizando iodeto de propídeo, após 24 horas de incubação. O controle negativo (Controle) foi tratado com o veículo utilizado para diluir as substâncias testadas. Doxorrubicina (0,5µM) foi utilizada como controle positivo (Dox). Os dados correspondem à média ± E.P.M. de três experimentes independentes. Cinco mil eventos foram contados em cada experimento. *, p < 0,05 comparado com o controle negativo por ANOVA seguido pelo teste de Dunnett.
Quanto à progressão das fases do ciclo celular, nenhum dos compostos
testados interferiu em fases específicas do ciclo celular, sugerindo um mecanismo
ciclo-independente. Pôde-se observar uma tendência de diminuição da fase G2/M
nas células tratadas com a maior concentração do composto 2, no entanto não foi
estatisticamente significante (Figura 21). A doxorrubicina, utilizada como controle
positivo, reduziu da porcentagem de células em G2/M (Figura 21).
60
Figura 21: Efeito da nor-β-lapachona (composto 1) e do seu derivado nitrofenilamino (composto 2) sobre a distribuição do ciclo celular em células leucêmicas (HL-60) determinado por citometria de fluxo utilizando iodeto de propídeo, após 24 horas de incubação. O controle negativo (Controle) foi tratado com o veículo utilizado para diluir as substâncias testadas. Doxorrubicina (0,5µM) foi utilizada como controle positivo (Dox). Os dados correspondem à média ± E.P.M. de três experimentes independentes. Cinco mil eventos foram contados em cada experimento. *, p < 0,05 em G2/M comparado com o controle negativo por ANOVA seguido pelo teste de Dunnett.
4.4.3 Determinação do Potencial Transmembrânico de Mitocôndria
Para avaliar o papel da mitocôndria na apoptose induzida pelos compostos
testados, a capacidade de induzir alterações no potencial transmembrânico da
mitocôndria (∆Ψm) foi avaliada por citometria de fluxo através da incorporação do
corante Rodamina 123. Como observado na figura 22, o controle positivo
(Doxorrubicina) e o composto 2, nas concentrações de 1,0 e 2,0 µM, induziram
despolarização mitocondrial em células de HL-60. Células tratadas com o composto
2, nas concentrações de 1,0 e 2,0 µM, apresentaram 21,71% e 33,94% de
despolarização mitocondrial, respectivamente, enquanto que o controle negativo
apresentou apenas 7,45%. Por outro lado, o composto 1 não apresentou efeito
significativo quando comparado ao controle negativo (Figura 22). A doxorrubicina,
utilizada como controle positivo, causou 74,86% de despolarização mitocondrial
(Figura 22).
61
Figura 22: Efeito da nor-β-lapachona (composto 1) e do seu derivado nitrofenilamino (composto 2) sobre o potencial transmembrânico em células HL-60 determinado por citometria de fluxo utilizando rodamina 123, após 24 horas de incubação (H). (A): controle negativo tratado apenas com o veículo utilizado para diluir as substâncias. (C) e (D): células tratadas com o composto 1 nas concentrações de 0,5 µM, 1,0µM e 2,0µM, respectivamente. (E), (F) e (G): células tratadas com o composto 2 nas concentrações 1,0µM e 2,0µM, respectivamente. (B): controle positivo tratado com doxorrubicina (0,5µM). Os dados correspondem à média ± E.P.M. de três experimentes independentes. Cinco mil eventos foram contados em cada experimento. *, p < 0,05 comparado com o controle negativo por ANOVA seguido pelo teste de Dunnett. 4.4.4 Determinação da Externalização da fosfatidilserina
A fim de confirmar o tipo de morte celular induzida pelo composto, a
externalização da fosfatidilserina foi avaliada por citometria de fluxo. Como
observado na figura 23, ambos os compostos testados reduziram a porcentagem de
células viáveis e aumentaram o percentual de células em apoptose inicial e tardia,
62
no entanto, somente o composto 2 aumentou o percentual de células em processo
tardio de necrose. A doxorrubicina apresentou aumento significativo na porcentagem
de células em apoptose inicial e um pequeno aumento de células com apoptose
tardia (Figura 23).
Figura 23: Efeito da nor-β-lapachona (composto 1) e do seu derivado nitrofenilamino (composto 2), na concentração de 2,0µM, sobre a externalização da fosfatidilserina em células leucêmicas (HL-60) determinado por citometria de fluxo utilizando Anexina V-PE e 7-AAD, após 24 horas de incubação. O controle negativo (C) foi tratado com o veículo utilizado para diluir as substâncias testadas. Doxorrubicina (0,5µM) foi utilizada como controle positivo (Dox). Os dados correspondem à média ± E.P.M. de três experimentes independentes. Cinco mil eventos foram contados em cada experimento. *, p < 0,05 comparado com o controle negativo por ANOVA seguido pelo teste de Dunnett.
4.4.5 Determinação da geração de espécies reativas de oxigênio
A produção intracelular de espécies reativas de oxigênio (EROs) foi
determinada por citometria de fluxo utilizando o corante fluorescente diacetato de
2,7-diclorodihidrofluoresceína (H2-DCF-DA) após 1 e 3 horas de incubação com as
amostras teste. Como observado na figura 24, em ambos os tempos, tanto o
composto 1 quanto o composto 2 induziram a produção de EROs em células HL-60.
Essa geração de EROs aumentou de maneira dose-dependente e foi reduzida de
63
maneira tempo-dependente (Figura 24). Assim a produção de EROs na primeira
hora de incubação foi bem maior que após 3 horas de exposição, sugerindo que os
efeitos pró-apoptóticos do composto 2 observado em todos os testes já descritos
pode ser causado por um rápido estresse oxidativo, levando as células a morte por
apoptose seguida por necrose.
Figura 24: Efeito da nor-β-lapachona (composto 1) e do seu derivado nitrofenilamino (composto 2) sobre a geração de EROs em células leucêmicas (HL-60) determinado por citometria de fluxo utilizando H2-DCF-DA, após 1 e 3 horas de incubação. O controle negativo (Controle) foi tratado com o veículo utilizado para diluir as substâncias testadas. Forbol-12-miristato-13-acetato (PMA) na concentração de 1,0 µM foi utilizado como controle positivo. Os dados correspondem à média ± E.P.M. de três experimentes independentes. Cinco mil eventos foram contados em cada experimento. *, p < 0,05 comparado com o controle negativo por ANOVA seguido pelo teste de Dunnett.
64
5 DISCUSSÃO
Os agentes anticâncer são, em grande parte, obtidos direta ou indiretamente
de produtos naturais, e atuam na inibição do crescimento de células tumorais
(CRAGG et al., 2005; NEWMAN et al., 2003). Estes agentes não precisam ser
necessariamente o melhor composto para o uso farmacêutico (KINGSTON, 1996),
podendo ser utilizados como protótipos para a síntese de análogos mais
promissores. A obtenção de análogos é um processo comumente utilizado para
descobrir os grupamentos essenciais à atividade biológica, e isso pode ser feito
através de estudos da relação entre a estrutura e atividade biológica servindo de
base para a otimização molecular (GARRETT; WORKMAN, 1999; WILSON;
DANISHEFSKY, 2007). Neste processo, tem-se por objetivo o desenho racional e o
desenvolvimento de uma segunda geração de agentes com características
melhoradas, tais como o aumento da eficácia e da estabilidade, a melhora das
propriedades farmacocinéticas e a diminuição dos efeitos colaterais (ORTHOLAND;
GANESAN, 2004).
As quinonas representam uma ampla e variada família de metabólitos de
distribuição natural ou produto de síntese com uma grande variedade de funções em
sistemas biológicos (ASCHE, 2005). Esses são de interesse tanto farmacológico
quanto toxicológico uma vez que vários fármacos clinicamente importantes na
terapia do câncer contêm o núcleo quinona (como as antraciclinas, mitoxantrona e
saintopina) apresentando excelente atividade anti-câncer (FOYE, 1995; MONKS;
JONES, 2002). Nos últimos anos intensificou-se o interesse nestas substâncias, não
só devido à sua importância nos processos bioquímicos vitais, como também ao
destaque cada vez maior que apresentam em variados estudos farmacológicos
(SILVA et al., 2003).
Muitos análogos estruturalmente relacionados às naftoquinonas de origem
natural e sintética, tais como plumbagina, lapachol, menadiona e seus derivados,
estão sendo estudados devido ao seu potencial anticâncer contra várias linhagens
de células tumorais in vitro e in vivo (NOTO et al., 1989; NGO et al., 1991; SRINIVAS
et al., 2004; HSU et al., 2006; ESTEVES-SOUZA et al., 2007). Dentre as
naftoquinonas com potencial citotóxico, a β-lapachona tem sido uma das mais
estudadas nos últimos anos (da SILVA Jr et al., 2007), sendo que as implicações
65
mais importantes desse composto estão relacionadas à sua atividade citotóxica
contra várias linhagens de células tumorais humanas e baixa citotoxicidade para
células normais, indicando que a β-lapachona atua seletivamente em células
tumorais. (LI et al., 2000; PARDEE et al., 2002; LI et al., 2003; da SILVA Jr et al.,
2007). A nor-β-lapachona (composto 1), derivada da β-lapachona, também possui
potencial anticâncer (KONGKATHIP et al., 2003; da SILVA Jr et al., 2007) e vários
derivados arilaminos da nor-β-lapachona têm sido descritos, apresentando forte
atividade citotóxica contra diversas linhagens de células tumorais humanas (da
SILVA Jr et al., 2007). Desse modo, o presente trabalho teve como objetivo
investigar o mecanismo citotóxico do composto 1 e de seu derivado nitrofenilamino
(composto 2) em células leucêmicas HL-60 após 24 horas de exposição.
Inicialmente, o potencial citotóxico dos compostos em estudo foram
determinadas através do ensaio do MTT após 24 horas de incubação. Os resultados
apresentados acima mostram que a introdução do grupamento nitrofenilamino
(composto 2) na posição 3 do anel furano aumenta a citotoxicidade da nor-β-
lapachona (composto 1) contra células HL-60 em aproximadamente 6 vezes,
apresentando valores de CI50 de 2,92 µM e 0,48 µM para o composto 1 e 2,
respectivamente.
Esses dados corroboram com o estudo feito em 2007 por da Silva Jr e
colaboradores, onde foi demonstrado que os compostos 1 e 2 possuem potencial
citotóxico contra diversas linhagens de células tumorais, apresentando valores de
CI50 de 1,75 µM e 0,33 µM, respectivamente em células HL-60 após 72 horas de
exposição.
Alguns trabalhos sugerem que a incorporação de esqueletos ariloaminos,
arilotióis ou halogenados em quinonas contribuem para a melhoria da eficácia
biológica (TANDON et al., 2004; RYU et al., 2003), o que foi condizente com nosso
trabalho.
Muitos fármacos atualmente utilizados no tratamento do câncer agem inibindo
a progressão do ciclo celular, e como conseqüência inibem a proliferação celular
(ANAZETTI et al., 2003). Um dos grandes problemas evidenciados no tratamento do
câncer, utilizando quimioterápicos, são os seus efeitos colaterais. Grande parte
66
desses efeitos deve-se, principalmente, a baixa seletividade desses fármacos por
células tumorais, onde as células normais mais afetadas são as que se proliferam
rapidamente, como as células da pele, do trato gastrintestinal e do sangue
(ANAZETTI et al., 2003). Assim, a busca por novos quimioterápicos tem como
objetivo principal aumentar a seletividade e a efetividade dessas substâncias,
procurando eliminar apenas as células tumorais e preservando as células normais.
Ao considerar os efeitos colaterais da quimioterapia, é de grande importância
verificar se a droga teste causa danos a células que estão se dividindo normalmente,
tais como linfócitos (ZUCO et al., 2002; ANAZETTI et al., 2003). Desse modo,
células mononucleares de sangue periférico de voluntários saudáveis foram
utilizadas para avaliar a seletividade os compostos 1 e 2 para células tumorais.
Como observado, o composto 1 mostrou forte seletividade para as células tumorais.
Essa seletividade também foi observada em células mononucleares de sangue
periférico (CMSP) estimulado por fitohemaglutinina tratadas com β-lapachona (LI et
al., 2003). No entanto, a presença do radical nitrofenilamino inibiu parcialmente essa
seletividade, apresentando CI50 aproximadamente seis vezes maior quando
comparado a CI50 em células HL-60, no mesmo período de exposição.
Os resultados dos testes antiproliferativos de exclusão por azul de tripan e
inibição da incorporação do BrdU corroboraram com o ensaio do MTT, onde o
composto 2 apresentou maior atividade antiproliferativa que seu protótipo (composto
1) nas concentrações testadas. A atividade antiproliferativa mensurada pela
incorporação do BrdU mostrou que o composto 2 age de maneira dose-dependente
sugerindo que o mecanismo de ação envolvido na citotoxicidade desse composto
está relacionado à inibição da proliferação celular que foi mensurada pela inibição da
síntese de DNA. Muitas substâncias utilizadas na terapia do câncer apresentam
essa característica, onde o seu derivado apresenta maior atividade, como o
etoposídeo que foi obtido da modificação estrutural do principal constituinte da
Podophyllum peltada, a podofilotoxina. Esta última apresenta atividade citostática
moderada, enquanto seu análogo, etoposídeo, possui efeitos anti-câncer (CHEN et
al., 1984).
Drogas que induzem morte celular por apoptose em linhagens de células
tumorais podem ser úteis na quimioterapia (ZAMAI et al., 2001; LOS et al., 2003;
67
BRADY, 2004). Apoptose é uma forma de morte celular de fundamental importância
em vários sistemas biológicos, pois desempenha um papel essencial no
desenvolvimento dos tecidos e órgãos, na regulação da resposta imune, na
eliminação de células senescentes e na morte celular induzida por quimioterápicos
(HU; KAVANAGH, 2003; VERMEULEN et al., 2005). A morte celular via apoptose
pode ser identificada por uma série de alterações morfológicas na célula como
diminuição do volume celular, condensação da cromatina, fragmentação nuclear,
formação de corpos apoptóticos e de prolongamentos da membrana plasmática
(“blebs”). Já a necrose ocorre por uma ação rápida da droga na célula e é
caracterizada pelo aumento do volume celular inicial e perda da integridade da
membrana plasmática (KERR et al., 1972; DARZYNKIEWICZ et al., 1992;
STRASSER et al., 2000).
As células em apoptose mantêm suas membranas íntegras durante quase
todo o processo até a sua morte, diferentemente daquelas necróticas. Confirmando
os resultados do MTT e do teste de exclusão por azul de tripan, os compostos 1 e 2
reduziram significantemente a concentração de células de maneira dose-
dependente. Na análise da integridade de membrana, somente as células tratadas
com 2,0 µM do composto 2 sofreram perda da integridade de membrana, dados
estes que corroboram com os resultados obtidos pelo colorações por May-Grünwald
Giemsa e LA/BE.
Vários estudos demonstraram que β-lapachona induz apoptose em diferentes
tipos de células (PLANCHON et al., 1995; HUANG; PARDEE, 1999; LEE et al.,
2006; LIEN et al., 2008; SHAH et al., 2008). Essa quinona é descrita por induzir
seletivamente apoptose em células transformadas, mas não em células de
proliferação normal. Propriedade essa distinta e não compartilhada com os demais
agentes quimioterápicos convencionais (LI et al., 2003). Dessa forma, a introdução
de um grupo nitrofenilamino aumentou a atividade citotóxica do composto 1 e
manteve o mesmo padrão de morte celular que o observado pela β-lapachona, sem,
no entanto, manter a seletividade para células tumorais (PLANCHON et al., 1995;
HUANG; PARDEE, 1999; LEE et al., 2006; LIEN et al., 2008; SHAH et al., 2008).
A apoptose também pode ser caracterizada pela condensação e quebra do
68
DNA, que é detectada em uma fração denominada sub-G1 na citometria de fluxo, e
por mudanças na membrana plasmática, bem caracterizada pela externalização da
fosfatidilserina (RAFFRAY; COHEN, 1997).
A análise da fragmentação do DNA feita por citometria de fluxo, confirmou as
observações morfológicas feitas tanto por May-Grünwald-Giemsa quanto por LA/BE,
mostrando que o grupo nitrofenilamino aumenta a atividade do composto 2. Como
mostrado no ensaio de fragmentação nuclear por citometria de fluxo, o composto 1
não foi capaz de causar uma fragmentação significativa do DNA nas concentrações
testadas. No entanto, com as mesmas concentrações do protótipo, o composto 2
causou mais de 80% de fragmentação do DNA na maior concentração testada
(Figura 19). Efeito este semelhante ao observado nas células tratadas com a
doxorrubicina (controle positivo), droga bastante empregada no tratamento clínico de
leucemias (ASCHE, 2005). Dessa forma, uma diminuição no número de células
pode ser interpretado como uma diminuição na proliferação, entretanto a
manutenção da integridade da membrana celular aliado a fragmentação de DNA
leva a conclusão de que o composto 2 induz apoptose nas células HL-60.
Muitas drogas anticâncer atuam interferindo no ciclo celular. Algumas são
fase-específica e outras fase-inespecífica (de ALMEIDA et al., 2005). O mecanismo
envolvido na interação da β-lapachona no ciclo celular não está completamente
esclarecido e parece estar relacionado com o tipo celular, uma vez que a parada em
uma fase específica do ciclo celular depende da célula testada (PLANCHON et al.,
1995; LI et al., 1995; HUANG; PARDEE, 1999; LI et al., 2003). Em células
leucêmicas HL-60 e em algumas linhagens tumorais de próstata, por exemplo, a β-
lapachona causa um aparente bloqueio na fase G0/G1 (PLANCHON et al., 1995). Já
em células de hepatoma (HepA2) o bloqueio é feito na fase S (LAI et al., 1998).
Apesar da ação da β-lapachona sobre as fases do ciclo celular, a citotoxicidade de
seus derivados (compostos 1 e 2), no tempo e nas concentrações testadas, não está
relacionada a uma fase específica do ciclo celular. Apenas o composto 2, na
concentração de 2µM, demonstrou uma tendência à diminuição de G2/M. Como a
β-lapachona, seus derivados podem ter ações diferentes em diferentes linhagens,
sendo necessário mais estudos para a elucidação do mecanismo de ação.
69
Outro parâmetro analisado foi a despolarização da membrana mitocondrial. A
mitocôndria atua em papel central na regulação da sinalização apoptótica (GREEN,
1998; GOGVADZE; ORRENIUS, 2006). Mudanças no potencial de membrana
mitocondrial são eventos iniciais que ocorre após a indução da apoptose,
principalmente pela via intrínseca ou via mitocondrial (HAN et al., 2006; ORRENIUS,
2004). Assim, quando proteínas pró-apoptóticas são liberadas do espaço
intramembranar da mitocôndria, através de um poro formado na membrana externa,
haverá também a saída de H+, causando despolarização mitocondrial
(HENGARTNER et al., 2000). A alteração no potencial transmembrânico
mitocôndrial é um modo para verificação indireta da ativação da via intrínseca
(ORRENIUS, 2004). Assim, as células HL-60 tratadas com o composto 2
apresentaram significante despolarização mitocondrial quando tratadas com 1,0 µM
e 2,0 µM, sugerindo que esse composto induz ativação da via intrínseca da
apoptose. Estudos realizados com a β-lapachona demonstram que a via intrínseca
está envolvida na morte celular por apoptose (LI et al., 1999b), o que corrobora com
os dados dos compostos 2.
Um dos principais processos que ocorrem na apoptose é a perda da
assimetria da membrana fosfolipídica com a translocação da fosfatidilserina da
membrana interna da bicamada lipídica para superfície celular (VERMES et al.,
1995). A fosfatidilserina é um fosfolipídio interno de membrana, que ao ser
externalizado sinaliza para os macrófagos que a célula seja fagocitada, evitando a
liberação do conteúdo celular no meio (ZIMMERMANN et al., 2001). A indução de
apoptose foi mensurada através da externalização da fosfatidilserina, utilizando uma
dupla coloração com 7-AAD e Anexina V conjugada a ficoeritrina (PE), onde os
compostos 1 e 2 induziram a externalização da fosfatidilserina na dose de 2µM,
sendo que o derivado apresentou atividade significantemente maior que seu
protótipo.
Os parâmetros analisados por citometria e coloração diferencial confirmam as
alterações morfológicas compatíveis com apoptose de células tratadas com o
composto 2, que também são observadas em células tratadas com a β-lapachona
(GUPTA et al., 2002; LI et al., 2000; LI et al., 1999a; LI et al., 1999b), mas não com
composto 1 nas concentrações de 1,0 e 2,0 µM. Apesar do aumento de células
70
necróticas observadas na dose de 2µM, esse evento é, possivelmente, secundário à
apoptose, visto que na apoptose, quando não há a completa fagocitose dos corpos
apoptóticos, haverá a degradação dos seus constituintes intracelulares levando a
célula à necrose, sendo este processo denominado necrose secundária (ZIEGLER;
GROSCURTH, 2004).
É conhecido que as quinonas geram espécies reativas de oxigênio e que
estes podem ativar vias intracelulares que levam à apoptose (RICCI; ZONG, 2006).
As espécies reativas de oxigênio (EROs) são constituídas por uma variedade de
moléculas e radicais livres derivados do oxigênio molecular (TURRENS, 2003). Já o
conjunto de processos deletérios resultantes de um desbalanço entre a formação
excessiva de EROs e o sistema de defesa antioxidante é denominado estresse
oxidativo (TURRENS, 2003; ANDREYEV et al., 2005).
As EROs são conhecidas não somente por atacar o DNA, mas por afetar
componentes celulares tais como proteínas e lipídios (EVANS et al., 2004). As EROs
tem sido consideradas moléculas chave que podem seletivamente modificar
proteínas e portanto regular a sinalização celular, incluindo a apoptose. Uma
variedade de agentes anticâncer induzem apoptose através da geração de EROs
(MIZUTANI et al., 2002; KIM et al., 2005; MIZUTANI et al., 2005). O mecanismo
citotóxico de muitas naftoquinonas, como a juglona, a plumbagina e a menadiona,
tem sido associado à excessiva geração de EROS tais como radicais superóxido,
oxigênio singlet e peróxido de hidrogênio (INBARAJ; CHIGNELL, 2004; CHUNG et
al., 1999; SEUNG et al., 1998). De acordo com os resultados, a citotoxicidade dos
compostos testados pode estar relacionada com a geração de espécies reativas de
oxigênio (EROs), visto que os níveis intracelulares de Eros aumentou nas células
tratadas com os compostos 1 e 2.
Muitas drogas utilizadas na terapia do câncer tais como daunorrubicina,
doxorrubicina, mitoxantrona, bleomicina e cisplatina promovem estresse oxidativo
pela produção de EROs (RUSSO et al., 1984; NOVAK; KHARASCH, 1985;
MANSAT-de MAS et al., 1999; MINOTTI et al., 2001; BAEK et al., 2003). O estresse
oxidativo é conhecido por afetar um número de funções celulares incluindo a
integridade de membrana celular (CEJAS et al., 2004) e causar instabilidade
genômica induzindo danos ao DNA (HIGUCHI, 2003).
71
O tratamento de células leucêmicas HL-60 com ambos compostos testados
levaram a um aumento dos níveis intracelulares de EROs de maneira concentração-
dependente, chegando a níveis máximos de 70,6% e 89% em células tratadas com
os compostos 1 e 2 na concentração de 2,0 µM, respectivamente na primeira hora
de exposição. Vários trabalhos demonstraram que a β-lapachona promove elevação
dos níveis de H2O2 e O2•– em células deficientes em NAD(P)H: quinona oxirredutase
(NQO1), como células de leucemia HL-60. Esse aumento nos níveis de EROs induz
a apoptose em estágios posteriores (SHIAH et al., 1999; PINK, et al., 2000),
Indicando que o mecanismo de indução de apoptose observado pelo tratamento do
composto 2 pode estar parcialmente relacionado a geração de EROs em HL-60,
visto que também há uma indução de EROS pelo composto 1 sem no entanto levar
a célula à apoptose. Portanto, novos estudos devem ser realizados para elucidação
do mecanismo de ação dos compostos testados e o envolvimento das EROS na
indução da apoptose.
72
6 CONCLUSÃO
Os resultados sugerem que a introdução do radical nitrofenilamino na posição
3 do anel furano (composto 2) aumenta a citotoxicidade da nor-β-lapachona
(composto 1) contra células HL-60 em aproximadamente seis vezes, no entanto,
essa aumento da citotoxicidade vem acompanhado pela perda parcial da
seletividade para células tumorais. O composto 2 induz morte celular por apoptose,
além de aumentar os níveis de espécies reativas de oxigênio. Esses achados
apontam para o potencial de quinonas sintéticas como protótipo para a produção de
novos compostos com propriedades anticâncer.
73
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ANEXO A – MATERIAIS UTILIZADOS
Equipamentos
Agitador de placa Shaker PSU – 2T plus
Agitador de placa, MLW Modelo Thys 2
Agitador de tubo, Donner AD 8850
Banho-maria, DELLTA Modelo 105Di
Centrífuga Centimicro FANEN Modelo 212
Centrífuga de lâminas, Serocito®, Centrifuge Mod. 2400, FANEM®
Centrífuga de placas, Eppendorf Modelo Centrifuge 5403
Centrífuga Excelsa Baby I FANEN Modelo 206
Citômetro de fluxo Guava EasyCyte Mine
Espectrofotômetro de placa, DTX 880 Multimode Detector, Beckman Coulter, Inc. Fullerton, California, USA
Estufa de secagem e esterilização FANEM Modelo 315 SE
Fluxo laminar VECO
High Throughput Screening (HTS)/Laboratory Automation Workstation, Biomek 3000, Beckman Coulter
Incubadora de células (CO2 Water-Jacket Incubator) NUAIRE TS Autoflow
Máquina fotográfica digital, Olympus C-7070
Microondas, Panasonic
Microscópio de fluorescência, Olympus Modelo BX41
Microscópio óptico de inversão, Nikon Diaphot
Microscópio óptico OPTON TNB-04T-PL/PZO-Labimex Modelo Studar lab
pHmetro, Micronal B474
Pipetas automáticas, Gilson
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3.1.2. Soluções e Reagentes
NOMES CONCENTRAÇÕES MARCA
Alamar Blue 0,312 mg/mL Sigma
Álcool Etílico 70% Vetec
0,2 g Eosina-Azul de Metileno
(May- Grunwald) Metanol q.s.p. 100 mL de solução
Reagen
Giemsa - Bioclin
1mg de iodeto de propídeo Boehringer
Iodeto de propídeo 1mg/mL
PBS q.s.p. -
Meio de cultura de células RPMI 1640
Diluído em água deionizada e esterelizada, filtrado em filtro millipore – 0,22 mm – e complementado com 10% SBF, 1% de glutamina, 1% de antibióticos, 1% de bicarbonato de sódio (0,75%) e 25 mM de HEPES
Cultilab
20 mg de MTT Sigma
MTT
PBS q.s.p. 100 mL de solução -
Penicilina 10.000 U.I./mL Cultilab
Penicilina - estreptomicina
Estreptomicina 10 mg/mL Cultilab
8,5 g de Cloreto de sódio (0,85%) Labsynth
1,11 g de Cloreto de cálcio (10 mM) Reagen
Solução salina (para
hemólise)
H2O q.s.p 1 L de solução -
93
Soro fetal bovino - Cultilab
8,766 g de Cloreto de sódio Labsynth
2,14 g de NaHPO4.7H2O Labsynth
0,276 g de NaHPO4.H20 Labsynth
Tampão fosfato (PBS)
H20 q.s.p. 1 L de solução(pH = 7,2) -
DMSO Vetec
1 µL de anticorpo anti-BrdU Sigma® Anticorpo anti-BrdU
BSA 5 % q.s.p. 500 µL de solução Dako
Anticorpo biotinilidado anti-imunoglobulina de camundongo
1 µL de anticorpo anti-imunoglobulina
BSA 5 % q.s.p. 100 µL de solução
Sigma®
BrdU 10mM - Sigma®
1mg de brometo de etídeo Sigma® Brometo de Etídio 100 µg/mL PBS q.s.p 10 mL de solução -
Citrato de Sódio - Grupo Química
Cloreto de Sódio (NaCl) - Labsynth®
EDTA - Qeel
1 µL de Estreptavidina – peroxidase Sigma® Estreptavidina – peroxidase
BSA 5 % q.s.p. 100 µL de solução Dako®
5 µL de DAB Immunotech
1 mL de Tris-HCl (Tris 0,05M) pH= 7,6
Proquímios Diaminobenzidina (DAB)
2 µL de H2O2 Proquímios
Cloreto de sódio 1,5 M - SSC 10X
Citrato de sódio 0,15 M
94
H2O
8,766 g de Cloreto de sódio Labsynth®
2,14 g de NaHPO4.7H2O Labsynth®
0,276 g de NaHPO4.H20 Labsynth® Tampão fosfato (PBS)
H20 q.s.p. 1 L de solução (pH = 7,2) -
Cloreto de sódio 1,5 M Labsynth®
Tris 0,5 M (pH= 7,6) Proquímios®
Tampão Tris (TBS) 10X
H2O -
50 mL de Tripsina 2,5 % Cultilab®
0,125 g de EDTA Proquímios® Tripsina 0,25%
450 mL de PBS -
Triton X -100 - Isofar
Fármaco
Doxorrubicina Zodiac (fornecida pela farmácia do Instituto do Câncer do Ceará –
ICC).