Post on 22-Apr-2015
IMUNOEXPRESSÃO DA PROTEÍNA GSK3β EM TECIDOS DE CARCINOMA COLORRETAL
HUMANO PREPARADOS POR TISSUE MICROARRAY (TMA)
VII CICI – CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO IAMSPE
Ac. Caio Dal Moro AlvesOrientador: Prof. Dr. Jaques Waisberg
Câncer colorretal (CCR): doença das mais prevalentes entre a população mundial. No Brasil terceira neoplasia mais frequente no sexo masculino e a segunda no sexo feminino;
(Instituto Nacional de Cancer – INCA. Estimativa 2012 incidência de câncer no Brasil: câncer do cólon e reto)
A alta incidência de câncer no epitélio gastrintestinal como um todo está relacionada à rápida e contínua renovação celular deste tecido sujeito a controle genético e exposto a toxinas dietéticas;
(Leedham SJ, at al. From gene mutations to tumours--stem cells in gastrointestinal carcinogenesis. Cell Prolif. 2005; 38(6):387-405.)
Interrupção da homeostase celular processo de malignização com comportamento agressivo perda de características epiteliais e aquisição de fenótipo migratório
Transição Epitelial-mesenquimal (TEM)
TEM: evento crucial no processo de malignização
Regulada por vias embriônicas como Wnt
(Shih IM, et al. Top-down morphogenesis of colorectal tumors. Proc Natl Acad Sci U S A. 2001; 98(5):2640-5.)
(Takayama T, et al. Analysis of K-ras, APC, and beta-catenin in aberrant crypt foci in sporadic adenoma, cancer, and familial adenomatous polyposis. Gastroenterology. 2001; 121(3):599-611. )
GSK3-β
Teoria:
1- Fisiologicamente: atua como chave inibitória da via Wnt (Wnt/ β-catenina) por fosforilar a β-catenina marcando-a para degradação proteassomal (por Axina, CK-1, APC)
2- Patologicamente: ativação secundária a mutações inativa processo desestabilizador da β-catenina acumula no citoplasma celular núcleo transcrição de genes de proliferação celular (c-myc, ciclina D, VEGF)
GSK3-β
Trabalhos: elevação de GSK3β é frequente em Neoplasias gastrointestinais1- Gosh e Altieri, 2005, trabalhando com cultura de células de CCR concluíram que a ablação aguda do gene GSK3β, ativa o gene p-53 apoptose dependente e antagoniza o crescimento tumoral. Esses autores sugeriram que este achado poderia servir como base racional para o tratamento do CCR.
2- Shakaoori et al., 2009, mostraram que a inibição da proteína GSK3β pelo uso do dimetil sulfóxido (DMSO) atenuava a proliferação de células de CCR humano enxertadas em peritônio de ratos.
3- Mai et al., 2009, estudaram células de diversos tumores gastrintestinais e concluíram que, na maioria deles, a expressão da proteína GSK3β está aumentada em contraposição às células não neoplásicas.
4- Wang et al., 2009, compararam a expressão da proteína GSK3β em tumores de cólon de crescimento lateral e tumores de cólon do tipo protuso e sugeriram que a inativação da proteína GSK3β era mais claramente identificada no primeiro tipo.
Avaliar a imunoexpressão da proteína GSK3β no carcinoma colorretal e na mucosa adjacente não neoplásica, comparando estes resultados entre si.
MATERIAIS E MÉTODOS
Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo (IAMSPE) (parecer no 043/09) e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-UNIFESP) (parecer no 815/09) e obedeceu às normas da Declaração de Helsinki de 1964 e emendada em 1986.
Analisamos 64 doentes com CCR operados com intenção curativa ou paliativa no Serviço de Gastroenterologia Cirúrgica do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) do IAMSPE – Setembro/2009 a Abril/2010
Critérios de Exclusão: menores de 18 anos de idade, doentes com CCR hereditário ou associado às doenças inflamatórias intestinais, enfermos submetidos à operação de urgência e deficiência do material histológico utilizado no estudo imuno-histoquímico.
Divididos em grupos:
1) 54 pacientes (10 excluídos por insuficiência de material para imuno-histoquímica) cujas amostras foram obtidas do tumor
2) 54 pacientes (10 excluídos por insuficiência de material para imuno-histoquímica) cujas amostras foram obtidas do da mucosa colorretal adjacente não neoplásica.
Estudo Histológico
Amostras fixadas em formalina 10% e processadas em parafina
Lâminas coradas com hematoxilina-eosina(HE), para confirmação de diagnóstico
Excluídos: áreas de necrose, hemorragia, desmoplasia e áreas com baixa celularidade ou acelulares
Construção do TMA
O bloco de TMA foi elaborado usando aparelho de Beecher™ (Beecher Instruments, Silver Spring, MD, EUA)
Etapas:1- marcação da área selecionada no respectivo bloco de parafina;
2- construção da "casela" no bloco receptor;
3- extração de 1 mm de tecido do bloco doador da área de interesse previamente selecionada;
4- obtenção do tecido do cilindro de transferência a partir de bloco doador e sua colocação na "casela" anteriormente criada no bloco receptor;
5- progressão para as novas posições dentro do bloco receptor criando assim, um conjunto de amostras de tecido em matriz e avaliação da qualidade do bloco final para o armazenamento.
Fotografias do aparelho utilizado para a obtenção dos blocos de tissue microarray (TMA). Fonte: Laboratório de Patologia Molecular da UNIFESP/EPM
Cilindros de tissue microarray (TMA) corados com a técnica de hematoxilina-eosina. Fonte: Laboratório de Patologia Molecular UNIFESP/EPM
Estudo Imiuno-Histoquímico
Lâminas pré-tratadas, desparafinizadas com xilol e etanol
anticorpo primário: anticorpo de coelho policlonal primário anti-GSK3β (H-76), lote B1009 (Santa Cruz Biotechnology, Santa Cruz, CA, USA) em concentração de 1:100
anticorpo secundário: biotinilado (LSAB-kit DakoCytomation, CA, USA)
Controle Positivo: utilizada lâmina contendo cortes histológicos de adenocarcinoma colorretal em tecido humano, comprovada como positiva para o anticorpo estudado.
Controle Negativo: lâmina similar à positiva subtraindo o anticorpo primário da reação.
Estudo da expressão imuno-histoquímica: método Hao et al.
- positividade e intensidade da coloração acastanhada (reação positiva)
- cálculo do escore final da imunoexpressão
Positividade: - grau 0: >5% células coradas
- grau 1: 5-25% células coradas
- grau 2: 26-50% células coradas
- grau 3: 51-75% células coradas
- grau 4: >75% células coradas
Intensidade: - grau 0: negativa
- grau 1: intensidade fraca
- grau 2: intensidade moderada
- grau 3: intensidade forte
Escore final: variou de 0 a 12 (intensidade X positividade)
- 0 a 8: reduzido
- 9 a 12: forte
Fotomicrografias da imunoexpressão positiva do anticorpo GSK3β no citoplasma das células de carcinoma colorretal (imuno-histoquímica: A 100x; B 400x). Fonte: Laboratório de Patologia Molecular UNIFESP/EPM
A(100X) B(400X)
Análise Estatística
Correlação de Spearman: escores de imunoexpressão da proteína GSK3β
Teste t Student: significância de parâmetros clinico-patológicos
Testes do qui-quadrado e de Mann-Whitney: demais parâmetros
Testes de qui-quadrado e Exato de Fischer: associação da positividade na marcação das proteínas
Teste de McNemar: comparação da imunoexpressão da proteína GSK3β na mucosa adjacente não neoplásica e no carcinoma colorretal (dados pareados) p=1,00
SPSS versão 15.0 (The Predictive Analytics Company, Chicago, IL, USA)
Todas as amostras de carcinoma colorretal e de mucosa adjacente não neoplásica apresentaram percentagem de coloração acima de 50%
positividade da imunoexpressão da proteína GSK3β na mucosa adjacente não neoplásica: forte em 81,5% das amostras
positividade da imunoexpressão da proteína GSK3β no CCR: forte em mais de 80% das amostras
Intensidade N (%)
Fraca 0 (0%)
Moderada 10 (18,5%)
Forte 44 (81,5%)
Tabela 1 - Intensidade da imunoexpressão da proteína GSK3β na mucosa colorretal adjacente não neoplásica nos doentes com adenocarcinoma colorretal
Intensidade N (%)
Fraca 1 (1,9%)
Moderada 8 (14,8%)
Forte 45 (83,3%)
Tabela 2 - Intensidade da imunoexpressão da proteína GSK3β nos casos de adenocarcinoma colorretal.
Nas condições desse estudo, os resultados obtidos permitiram concluir que, de fato, a imunoexpressão da proteína GSK3β teve comportamento praticamente idêntico na mucosa adjacente não neoplásica e no CCR.