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Estudo numérico do escoamento
de fluidos newtonianos
num canal bidimensional com curvatura
João Pedro Caridade Lousinha
Dissertação do MIEM
Orientador na FEUP: Prof. Fernando Tavares de Pinho
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica
Fevereiro de 2012
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
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(Página intencionalmente deixada em branco)
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
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Resumo
Os escoamentos de fluidos newtonianos em curvas a 90º de secção circular e
quadrangular foram estudadas no passado por via numérica e por via experimental, contudo a
informação disponível na literatura clássica aborda sobretudo situações de regime turbulento,
embora muitas aplicações industriais utilizem fluidos viscosos em regime laminar. O
objectivo desta tese consiste precisamente em simular numericamente o escoamento laminar
num canal com uma curva a 90º, com especial ênfase à determinação do respectivo
coeficiente de perda de carga localizada, particularmente na vertente bidimensional,
averiguando os efeitos do número de Reynolds e do raio de curvatura. Para este fim, recorreu-
se a um código computacional baseado na metedologia dos volumes finitos, que é propriedade
do grupo de investigação onde decorreu este trabalho.
O coeficiente de perda de carga foi estudado para números de Reynolds, que variaram
entre 0.01 e 100, assim como para raios de curvatura normalizados pelo diâmetro da conduta.
Na análise de resultados, além de se comparar as previsões com resultados disponíveis na
literatura, procurou-se separar os efeitos da curva propriamente dita e do desenvolvimento do
escoamento a montante, e especialmente a jusante da mesma. Os cálculos numéricos foram
realizados numa malha muito refinada para a geometria bidimensional; contudo, no caso
tridimensional houve necessidade de utilizar malhas mais grosseiras, para que o tempo de
cálculo não ficasse proibitivo.
Os resultados mostraram que o valor de perda de carga global, para todas as curvas,
diminui quer com o aumento do número de Reynolds, quer com a redução do raio de
curvatura. mais uma vez em diferentes condições de escoamento em regime laminar.
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Abstract
The flow of Newtonian fluids in 90 degrees curves with circular and quadrangular
sections were studied in the past numerically and experimentally; nevertheless, the
information available in the classical literature mainly addresses turbulent regime situations,
even though a lot of industrial applications use viscous fluids in laminar regime. This thesis’
goal is precisely to simulate numerically the laminar flow in a channel with a 90º curve,
emphasizing specially the determination of the loss coefficient of localized charge,
particularly on a bi-dimensional slope, probing the effects of the Reynolds’ number and of the
radius of the curve’s curvature. With this purpose, we resorted to a computational code based
on the methodology of finite volumes, property of the research group that hosted this
particular investigation.
The loss coefficient of pressure was studied for the range of the Reynolds’s numbers in
a laminar regime in-between 0,01 and 100, as well as for radius of the curve’s curvature
normalized by the conduct’s diameter. In the result’s analysis, besides comparing the
predictions with the available results in the literature, we tried to separate the effects of the
curve proper and of the development of the upstream flow and, specially, of the downstream
flow. The numerical calculations were obtained through a very refined mesh for the bi-
dimensional geometry; however, in the tri-dimensional instance we had to resort to more
gross meshes, in order to avoid a prohibitive time calculation
By interpreting all the results, we managed to conclude that the loss value of the global
charge for all the different curves decreases both with the increase of the Reynold’s numbers
and with the reduction of the curvature’s radius, once more under different conditions of flow
in laminar regime.
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AGRADECIMENTOS
A todos aqueles que de uma forma directa contribuíram para o desenvolvimento deste
trabalho, o meu muito obrigado. Um agradecimento especial ao Professor Fernando Pinho por
toda a colaboração, incentivo, disponibilidade e por vezes alguma benevolência, sem os quais
seria impossível terminar este projecto. À minha família, pilar incondicional do meu percurso
como homem e estudante, e que de uma forma omnipresente sempre contribuiu para o sucesso
desta dissertação. Uma palavra de agradecimento à minha namorada, cujo conforto e apoio
foram imprescindíveis nesta caminhada. Não posso deixar também de agradecer a todos os
colegas, que de uma forma sempre prestável e solidária ajudaram na elaboração desta tese.
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ÍNDICE DE CONTEÚDOS
1 – Introdução
1.1 - Nomenclatura______________________________________________________1
1.2 - Esquema representativo______________________________________________2
1.3 - Estado da arte______________________________________________________5
1.4 - Estrutura da tese____________________________________________________6
2 – Teoria / Equações governativas
2.1 - Escoamento viscoso / Fluido newtoniano________________________________8
2.2 - Movimento Browniano_____________________________________________10
2.3 - Escoamento ao longo de uma curva____________________________________11
2.4 - Separação________________________________________________________12
2.5 - Perdas___________________________________________________________13
2.6 - Equações governativas______________________________________________17
2.7 - Método numérico__________________________________________________18
3 - Apresentação do desenvolvimento do trabalho de projecto
3.1 - Constituição das malhas_____________________________________________21
3.2 - Metodologia utilizada_______________________________________________23
4 – Incertezas / Precisão do código
4.1 - Soluções analíticas_________________________________________________25
4.2 - Refinamento da malha______________________________________________ 26
4.3 - Ordem de convergência_____________________________________________ 26
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4.4 - Extrapolação Richardson____________________________________________ 27
4.4 - Erro associado____________________________________________________ 28
4.5 - Efeito da malha na precisão do código__________________________________29
5 – Apresentação e discussão de resultados
5.1 - Malhas bidimensionais______________________________________________30
5.2 - Malhas tridimensionais_____________________________________________ 44
6 - Conclusões_____________________________________________________________46
7 - Bibliografia_____________________________________________________________48
8 - Referências_____________________________________________________________49
9 - Anexos________________________________________________________________50
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NOMENCLATURA
Símbolos latinos
A = Área (m2)
a = Comprimento longitudinal característico (m)
D = Diâmetro da curva (m)
DH = Diâmetro hidráulico (m)
Dn = Número de Dean (-)
g = Aceleração da gravidade (m/s2)
H = Altura da conduta (m)
hp = Perda de carga em linha (-)
Leq = Comprimento equivalente (m)
Kn = Número de Knudsen (-)
Lent = Comprimento da conduta de entrada (m)
Lsai = Comprimento da conduta de saída (m)
Nx = Número de células computacionais na direcção x (-)
Ny = Número de células computacionais na direcção y (-)
Nz = Número de células computacionais na direcção z (-)
q = Ordem de convergência (-)
P = Pressão do escoamento (Pa)
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R0 = Raio de curvatura da curva (m)
Re = Número de Reynolds (-)
Ux = Velocidade média na direcção x (m/s)
u = Velocidade axial (m/s)
V = velocidade do fluido (m/s)
Vy = Velocidade média na direcção y (m/s)
W = Largura da conduta (m)
Wz = Velocidade média na direcção z (m/s)
x,y,z = Coordenadas Cartesianas (-)
Símbolos Gregos
= Caminho livre médio (m)
δ 0 = Ângulo ao centro da curva (º)
δt = Avanço numérico no tempo (-)
∆P = Perda de carga (Pa)
ε = Rugosidade (mm)
λ = Coeficiente de perda de carga por atrito/ unidade de comprimento relativo da
curva (-)
µ = Viscosidade dinâmica (kg/(m*s))
ν = Viscosidade cinemática (m2/s)
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x
ξ = Coeficiente de perda de carga global da curva (-)
ξ M = Coeficiente de perda de carga localizada da curva (-)
ξ f = Coeficiente de perda de carga por atrito da curva (-)
ρ = Densidade relativa (kg/m3)
ζ = Tensão de corte do fluido (N/m2)
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1.INTRODUÇÃO
Um importante problema prático da Mecânica de fluidos, prende-se com o estudo
do escoamento em condutas, e a forma como este varia com o caudal e com a geometria
da mesma. Em quase todos os projectos de Engenharia, são encontrados sistemas de
tubulações com os mais variados componentes adicionais, nomeadamente válvulas,
derivadores, difusores, bifurcações assim como o acessório que é o objectivo deste
trabalho, as curvas. A quantidade de informação disponível é maioritariamente de
origem experimental, sendo pequeno o volume teórico, se desprezados efeitos
importantes como a viscosidade e a compressibilidade. No entanto o grande
desenvolvimento das ferramentas computacionais e dos computadores permite
actualmente efectuar cálculos precisos e realistas, desde que os escoamentos decorram
no regime laminar, pelo que a determinação numérica dos coeficientes de perda de
carga é cada vez mais frequente em geometrias simples de caracterizar. Actualmente os
cálculos em regime laminar são providos de um nível de precisão e confiabilidade
acentuada, mas isso não invalida que possa ser necessário efectuar validação
experimental. Neste trabalho, serão estudadas e pela via numérica, as características
dinâmicas do escoamento laminar em curvas com particular ênfase na determinação do
coeficiente de perda de carga localizada, usando para o efeito um programa de mecânica
dos fluidos computacional baseado na metedologia dos volumes finitos. A geometria a
estudar está tipificada na figura.1 que mostra esquematicamente uma curva a 90º.
Estudar-se-ão essencialmente curvas bidimensionais, embora tenham sido realizadas
simulações para curvas tridimensionais, assim como em condutas de secção quadrada.
Uma curva colocada numa conduta ou num tubo, provoca sempre uma perda de pressão
que é superior à perda por atrito simples numa conduta a direito com o mesmo
comprimento, devido à separação do escoamento nas paredes bem como ao
aparecimento de um escoamento secundário rotativo, consequência da aceleração
centrífuga
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Fig.1 – Esquema representativo da constituição do volume de controlo utilizado.
. Fruto da crescente necessidade de procura de novos materiais por parte de
diversas indústrias, como por exemplo a da extracção e transformação de petróleo,
geração de energia, alimentar, química, nuclear, refrigeração, construção naval entre
outras, surgiram no mercado vários tipos de curvas, com as mais variadas formas,
geometrias, materiais, métodos de produção, acabamento, etc. Existem curvas de secção
circular, secção quadrada, secção rectangular e até mesmo geometrias mais complexas.
No caso concreto em que estudamos curvas de secção rectangular e a variante
simplificada de uma curva bidimensional, uma das grandes aplicações é a microfluidica,
onde os escoamentos decorrem em sistemas cuja dimensão transversal é do valor de 1 a
50 µm, como se discute de seguida.
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MICROFLUÍDICA
São sem dúvida ramos de investigação mais recentes, como a microfluídica e
nano tecnologia que maior contributo tem dado para o desenvolvimento destes
dispositivos com estas condições de escoamento (laminar). A Microfluídica é um ramo
da engenharia que trata da manipulação de quantidades de fluidos muito pequenas (10-9
a 10-18
litros) através de canais, reservatórios, válvulas e bombas de dimensões
microscópicas. As suas aplicações são principalmente nas áreas de análise e síntese
química e biológica. Pode ser definida como a ciência e engenharia de sistemas na qual
o comportamento dos fluidos difere da teoria tradicional devido às pequenas dimensões
destes sistemas. A principal vantagem destes dispositivos está na contínua busca de
novos efeitos, melhor desempenho e dimensionalidade. Estas vantagens são derivadas
das quantidades microscópicas de fluidos que tais dispositivos podem manejar.
Dispositivos microfluídicos podem ser utilizados para obter uma variedade de medidas,
como por exemplo: pH, cinética de reacções, electroforese capilar, imunoensaios,
citometria de fluxos, injecção de proteínas para analise através de espectrometria de
massa, analise de DNA, manipulação de células, e muitas outras aplicações noutras
áreas de aplicação.
A microfluídica teórica lida com a teoria de escoamento de fluidos e suspensões
em sistemas de tamanho submilimétrico, influenciados por forças exteriores. Apesar de
ser uma disciplina antiga da hidrodinâmica, foi o interesse científico e tecnológico no
desenvolvimento da microfluídica que maior contributo acrescentou ao surgimento e
desenvolvimento dos sistemas (lab-on-a-chip) assim como sistemas de micro
tecnologias de fabricação de sistemas electromecânicos, cujo início remonta ao final da
década de 80. O número de Reynolds típico neste tipo de sistemas é muito menor do
que a unidade, devido à pequena escala de comprimento transversal, o que resulta num
alto gradiente de velocidades.
Este campo científico é fundamentalmente guiado pelas aplicações tecnológicas,
com o objectivo de desenvolver laboratórios bioquímicos na superfície de chips
(silicone/polímeros). Nos últimos anos foram sobretudo os sistemas constituídos por
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polímeros que mais se desenvolveram, contribuindo assim para a obtenção de sistemas
mais baratos assim como ciclos de produção mais rápidos. Existem várias vantagens em
diminuir as configurações padrão de laboratório por um factor de 1000, ou mais, desde
uma escala decimétrica até uma escala de 100 µm. Uma vantagem óbvia é a dramática
redução na quantidade da amostra necessária. A redução linear na ordem de 103 vai
provocar uma redução de volume na ordem de 109, em vez de lidarmos com 1l ou 1ml,
o lab-on-a-chip permite facilmente manipular quantidades de 1nl ou 1pl. Além disso, os
pequenos volumes tornaram possível o desenvolvimento de sistemas compactos e
portáteis, capazes de atenuar o bio manuseamento de produtos químicos assim como
análise de sistemas.
Ao analisar as propriedades físicas dos micros sistemas, é útil introduzir o
conceito de escala de leis. Uma lei de escala expressa a variação de grandezas físicas
com o tamanho (l) do sistema ou objecto, enquanto mantém outras quantidades, assim
como o tempo, pressão, temperatura, constantes. Esta lei de escala implica que quando é
reduzida a escala dos chips (micro - escala) as forças de volume tornam-se
insignificantes, ao contrário das forças nas superfícies que aumentam o seu significado
físico, obrigando assim, a uma reconstrução da nossa intuição assim como estar
preparado para algumas surpresas no caminho
Validação da hipótese de meio contínuo
O número de Knudsen é de grande utilidade na averiguação/validade da aplicação
do modelo de meio contínuo. Se este é muito próximo ou superior a um, o caminho
livre médio de uma molécula é comparado à escala de comprimento do problema,
descartando assim a possibilidade de consideração de meio contínuo. Este mesmo
número, adimensional, é calculado da seguinte forma:
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Sendo = caminho livre médio e o L = escala de comprimento fisicamento
representativo
1.1-.ESTADO DA ARTE
Thomson (1876), foi o primeiro a observar os significativos efeitos da curvatura,
num escoamento de um canal aberto. Eustice (1876) observou as trajectórias de tinta,
introduzidas num escoamento de água através de tubos de diferentes diâmetros. Dean
(1927), foi o primeiro a estudar, usando uma perturbação técnica, o campo de
escoamento secundário a partir do escoamento de Poisueille. Alguns dos seus mais
famosos resultados incluem soluções para o fluxo secundário em tubos de curva.
Segundo Dean, existe um escoamento secundário, na forma de um par de vórtices, que
rodam em direcções opostas.
Resultados experimentais são apresentados por Cheng & Akiyama (1970), que
publicaram uma análise numérica de fluxo laminar em canais curvos de secção
quadrada e rectangular. A partir destes dados experimentais foram feitas correlações
simples que permitem a extrapolação de dados para situações reais. Em escoamento
laminar e utilizando fluidos que obedecem ao modelo de Ostwald de Waele, o
procedimento analítico para obter o perfil de velocidade para fluidos não - Newtonianos
é exactamente o mesmo que para fluidos Newtonianos, com excepção da especificação
da tensão de cisalhamento na equação de quantidade de movimento. Sob as suposições
de um escoamento laminar plenamente desenvolvido através de um tubo circular recto,
substituindo o modelo de Ostwald-de Waele, na tensão de cisalhamento, obtemos o
perfil de velocidade plenamente desenvolvido. O factor de atrito de Fanning (λ) é
definido por Garcia & Steffe (1987), onde ∆P corresponde à queda de pressão
observada em um comprimento a direito de um tubo; onde a velocidade média U é
obtida a partir da integração do perfil de velocidade. Determinações experimentais de
perda de carga em tubos circulares no escoamento laminar confirmam este pressuposto
(Tung et al., 1978). Coeficientes de perda de carga de fluidos Newtonianos em regime
laminar, também são apresentados por Kittredge & Rowley (1957). Como se constata, o
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número de trabalhos sobre o assunto é reduzido, sendo algumas referências bastante
antigas, dados experimentais para coeficientes de perda de carga foram obtidos
utilizando válvulas e acessórios em aço carbono. À luz de tais considerações, o
objectivo deste trabalho foi a determinação computacional de coeficientes de perda de
carga de fluidos newtonianos, escoando em regime laminar em vários tipos de curvas.
Acredita-se que o presente trabalho é de grande interesse prático para indústrias
envolvidas com o processamento de fluidos, uma vez que os resultados obtidos
contribuirão para optimizar projectos e processos, permitindo a utilização mais racional
de recursos e materiais.
O presente trabalho está estruturado da seguinte forma, depois de apresentados
todos os estudos e investigações relacionadas com o tema deste trabalho, inicia-se um
capítulo dois, constituído pela análise de um escoamento ao longo de uma curva, do
estudo das perdas associadas a esta abordagem, respectivas equações governativas
assim como o método numérico utilizado. Depois de aprofundada e investigada toda a
teoria relacionada com este estudo, iniciou-se um terceiro capítulo onde é apresentado a
constituição de todas as malhas estudadas e todo o procedimento e metodologia seguida.
Numa fase seguinte é abordada a incerteza associada ao grau de refinamento das malhas
e a precisão do código desenvolvido. Depois de apresentados e discutidos todos os
valores de perda de carga obtidos para todas as geometrias estudadas e diferentes
condições de escoamento, foi possível tirar todas as conclusões inerentes a este estudo.
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2.-TEORIA E EQUAÇÕES GOVERNATIVAS
Quando por exemplo um líquido flui numa canalização, parte da energia inicial
dissipa-se sob a forma de calor, junto à parede dos tubos não há movimento do fluido, a
velocidade eleva-se de zero até o seu valor máximo junto ao eixo do tubo. Pode-se
assim imaginar uma série de camadas em movimento, com velocidades diferentes e
responsáveis pela dissipação de energia. Quando o escoamento se faz em regime
turbulento, a resistência é o efeito combinado das forças devidas à viscosidade e à
inércia. Neste caso, a distribuição de velocidades na canalização depende da
turbulência, maior ou menor, e esta é influenciada pelas condições das paredes. A
experiência tem demonstrado que, enquanto no regime laminar a perda por resistência é
uma função da primeira potência da velocidade, no movimento turbulento ela varia,
aproximadamente, com a segunda potência da velocidade.
Na prática, as canalizações não são constituídas exclusivamente por tubos
rectilíneos e nem sempre compreendem tubos de mesmo diâmetro, além de terem
também peças especiais, tais como, curvas, reduções, derivações e afins, todas elas
responsáveis por novas perdas. Devem ser então consideradas, dois tipos de perdas. As
perdas por resistência ao longo da conduta, ocasionada pelo movimento da água na
própria tubulação, admitem-se que essas perdas sejam uniformes em qualquer trecho de
uma canalização de dimensões constantes, independentemente da posição da
canalização; e as perdas locais, localizadas, provocadas pelas peças especiais e demais
singularidades de uma instalação. Essas perdas são relativamente importantes no caso
de canalizações curtas com peças especiais; nas canalizações longas, o seu valor
frequentemente é desprezável, comparado ao da perda de carga pela resistência ao
escoamento. As dificuldades que se apresentam ao estudo analítico da questão são
tantas que levaram os pesquisadores às investigações experimentais. Assim foi que,
após inúmeras experiências conduzidas por Darcy e outros investigadores, com tubos de
secção circular, concluiu-se que a resistência ao escoamento da água é directamente
proporcional ao comprimento da canalização; inversamente proporcional a uma
potência do diâmetro; função de uma potência da velocidade e variável com a natureza
das paredes dos tubos.
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A teoria do escoamento viscoso, foi disponibilizada mas não explorada, depois de
Navier (1785-1836) e Stokes (1819-1903) acrescentarem com sucesso os termos
viscosos newtonianos às equações do movimento. Foi grande o contributo trazido por
Prandtl, ao observar que escoamentos de fluidos de baixa viscosidade, como por
exemplo água ou ar, podem ser divididos numa fina camada viscosa (camada limite),
próxima das superfícies sólidas ou nas interfaces, e numa camada externa
aproximadamente não - viscosa, na qual as equações de Euler e Bernoulli se podem
aplicar. Definimos um fluido como uma classe de materiais que não suporta uma tensão
de corte sem que se deforme continuamente. Estudaremos um modelo especial de fluido
em que as tensões viscosas são proporcionais às taxas de deformação e ao coeficiente de
viscosidade, (fig.2)
Fig.2 - Tensão de corte versus gradiente de velocidade (taxa de deformação).
Então, a tensão de corte aplicada pode ser representada na seguinte forma, (eq.1).
(1)
Existe um conceito de grande importância na análise de escoamentos, que define
camada de velocidade igual a zero junto às paredes da conduta, (Fig.3).
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Fig.3 - Perfis de velocidade em desenvolvimento numa conduta, (White, 1979).
A resistência é função das tensões tangenciais que promovem a transferência da
quantidade de movimento. Tanto no regime laminar como no turbulento, além do
fenómeno descrito acima, existe ainda perda de energia nos choques moleculares
oriundos do movimento desordenado das partículas, conhecido por movimento
Browniano, (Fig.4).
Fig.4- Demonstração do movimento Browniano (http://br.geocities.com).
O movimento Browniano é o movimento aleatório de partículas macroscópicas num
fluido como consequência dos choques das moléculas do fluido nas partículas.
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2.3 - ESCOAMENTO AO LONGO DE UMA CURVA
O objectivo deste estudo está relacionado com curvas e com as respectivas perdas,
sempre maiores do que a perda em linha, consequência da separação do escoamento nas
paredes, assim como do aparecimento de um escoamento secundário rotativo que surge
da aceleração centrípeta. A perda de carga em linha, consequência do comprimento
axial da curva, deve ser calculado separadamente, ou seja ao comprimento rectilíneo do
tubo deve-se adicionar o comprimento da curva, (Fig.5).
Fig.5 - Comprimento característico de uma curva.
Sempre que o sentido do fluxo é mudado numa curva, a distribuição da velocidade
através da tubulação é alterada. Um efeito centrífugo faz com que a velocidade máxima
ocorra para a parte externa da curvatura, por sua vez, no interior da curva o fluxo é
retardado ou invertido. Estabelecendo-se assim um fluxo secundário, segundo ângulos
normais à secção transversal da tubulação, o que aumenta o gradiente da velocidade e
consequentemente a tensão de corte junto da parede. A figura ilustra o padrão do
escoamento (Fig.6).
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
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Fig.6 - Escoamento ao longo de uma curva (Idelcik, 1971).
O movimento em espiral duplo produzido surge em consequência do
encurvamento gradual numa passagem fechada de uma massa líquida. Durante o
escoamento a força centrífuga gera um gradiente de pressão na direcção
transversal/radial, nas partículas mais próximas das superfícies, a estabilidade é abalada,
o que produz a redução da força centrífuga que actua sobre as partículas, resultando
numa pressão menor. A estabilidade ocorrerá no escoamento ideal quando o gradiente
de pressão for contra balanceado pelas forças centrífugas e centrípetas que actuam sobre
as partículas. A energia no escoamento secundário é obtida pela energia disponível do
fluido, que ficará indisponível sobre o corpo sólido.
A separação (Fig.7), é um fenómeno predominante do fluido quando escoa por
condutas com curvas. As linhas de corrente de separação, dividem camadas de linhas de
corrente principal dos redemoinhos, onde as velocidades são maiores e onde haverá
grande tensão de corte. A separação tem grande influência no desempenho de certos
sistemas, produzindo séria degradação da eficiência das máquinas.
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
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Fig.7 - Escoamento sobre uma superfície curva com
separação.(https://dspace.utl.pt/bitstream).
À uma certa altura, representada na figura pelo ponto D, em que o fluido junto à parede
é levado a um estado de repouso. Este ponto é normalmente chamado de ponto de
separação. A jusante desse ponto, as velocidades junto às paredes são negativas e o
fluido descola das mesmas, a este fenómeno chama-se separação. Fenómeno este, que
vai ser constatado e apresentado no capítulo 5. A separação só ocorre, quando existe um
gradiente de pressões adverso, que vai provocar não só uma zona de recirculação, como
também um consequente aumento da espessura da camada limite e da dissipação de
energia. A separação pode ocorrer tanto em escoamentos laminares como turbulentos,
contudo é mais fácil de ocorrer em regime laminar, uma vez que, o aumento da
velocidade com a distância à parede e junto a ela é feito de uma forma mais gradual do
que em regime turbulento.
2.5-PERDAS
A perda de carga está directamente relacionada com a turbulência que ocorre na
conduta, posto isto é possível imaginar que, numa tubulação rectilínea, a perda de carga
seja menor se comparada com uma tubulação semelhante, mas com uma série de peças
especiais, tais como, curvas, cotovelos, etc. As peças especiais provocam perdas
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localizadas pela maior turbulência na região da peça, pois alteram o paralelismo das
linhas de corrente. Além da perda de carga por atrito, consequência do comprimento dos
tubos, existem pois, outro tipo de perdas adicionais, chamadas localizadas. Estas surgem
em consequência de perturbações provocadas pelas entradas e saídas dos tubos,
contracções ou expansões nos mesmos, curvas, cotovelos, válvulas, etc. As perdas
localizadas podem ter alguma relevância, contudo como o padrão de escoamento é
bastante complexo, existe pouca teoria disponível, usualmente as perdas são medidas
experimentalmente e correlacionadas com os parâmetros de escoamento em tubos.
Existem dois procedimentos básicos para o cálculo da perda de energia por atrito
que ocorre nas curvas e noutros equipamentos na linha de processo, o primeiro
denomina-se método do coeficiente de perda de carga localizada, o segundo, método do
comprimento equivalente.
Experimentalmente observa-se que a perda de carga em regime turbulento tem
uma relação linear com o termo da energia cinética, representado na figura, (Fig.8).
Fig.8 - Comportamento da perda de carga de um
acessório em função do regime de escoamento.
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Estas perdas, são medidas como a razão entra a perda através do dispositivo,
e
a altura de velocidade
do sistema de tubos associados. O coeficiente de perda
localizada pode ser representado da seguinte forma, (eq.2).
(2)
No regime laminar, como não há uma relação linear, a determinação do é mais
complexa e necessita de constatação experimental a diferentes números de Reynolds.
Foi necessário determinar o diâmetro hidráulico (eq.3), uma vez que a conduta em
estudo é de secção não circular, para posteriormente calcular o número de Reynolds
(eq.4)
(3)
(4)
Apesar de ser adimensional, existem poucas referências na literatura, de correlações
com o número de Reynolds e com a rugosidade relativa, existem sim algumas para
condições de escoamento turbulento.
É importante também referir, que é possível considerar um procedimento
alternativo, que defende que a perda de carga por atrito é consequência de um
comprimento equivalente Leq (comprimento do tubo que apresentaria perda de carga
igual à do acessório em questão), que satisfaz a equação de Darcy
(5)
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A separação do escoamento nas paredes e o escoamento secundário rotativo, que
surge da aceleração centrípta, induzem uma perda de carga por atrito, esta, fruto do
comprimento axial da curva deve ser calculada separadamente, ou seja, tem que se
somar o comprimento da curva ao comprimento rectilíneo da curva. O cálculo do factor
de fricção (λ) foi efectuado da seguinte forma, (eq.8).
(6)
(7)
Com este valor calculado, a partir dos dados obtidos computacionalmente, foi possível
calcular o coeficiente de perda de carga por atrito, (eq.10) ou fricção das curvas em
estudo
(8)
(9)
Posto isto, foi calculado o valor de perda de carga global da curva, resultado da soma
algébrica das duas componentes, (eq.11)
(10)
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De seguida será apresentado um gráfico, (Fig.9) com valores de coeficientes de perda de
carga localizadas para vários tipos de curva, encontrados na literatura, É de ressalvar,
que a maioria destes dados foi obtida experimentalmente.
Fig.9 - Coeficientes de perda de carga localizada de várias curvas. (White,1979).
O número de Dean, número adimensional que dá a relação entre a força da
viscosidade que actua sobre um fluído que flui por um tubo curvado, e a força
centrífuga. É portanto igual ao número de Reynolds multiplicado pela raíz quadrada
entre o raio da curva e o raio de curvatura da mesma, (eq.12).
(
)
(11)
2.6- EQUAÇÕES GOVERNATIVAS
Para um fluido newtoniano com viscosidade e massa volúmica constantes, a
equação diferencial da quantidade de movimento pode ser escrita da seguinte forma:
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
18
(
)
(12)
(
)
(13)
(
)
(14)
As equações de Navier - Stokes, são equações parciais, não lineares de segunda ordem,
com alguma complexidade, mas de grande utilidade. Terão contudo que ser conjugadas
com a relação de continuidade incompressível, onde as variações de massa volúmica
são desprezadas.
A equação diferencial parcial que envolve derivadas da massa volúmica e da
velocidade é vulgarmente conhecida como equação da continuidade, comprovando a
conservação da massa num volume infinitesimal.
(15)
2.7 - MÉTODO NUMÉRICO
Para a determinação da perda de carga localizada da curva, a partir do cálculo das
equações de Navier-Stokes, foi utilizado um método númerico já comprovado e testado
por Oliveira e Pinho (1997), onde foram comparados dados experimentais e numéricos.
A resolução numérica das equações de Navier-stokes foi efectuada com o auxílio de um
método numérico, o método dos volumes finitos, onde foram usadas células não -
ortogonais. Os métodos de discretização e interpolação utilizados foram todos de
segunda ordem de precisão. Para aproximar as primeiras derivadas dos termos
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
19
convectivos utilizou-se o esquema de montante linear (também designado por esquema
de montante de segunda ordem), enquanto para os termos difusivos usou-se o esquema
das diferenças centradas. Algumas características de cálculo e geração das malhas
computacionais, foram particularmente testadas com variações de raio de curvatura e
condições de escoamento diferentes. O refinamento da malha mostrou que o aumento da
precisão só acontece com a diminuição do tamanho do volume de controlo (célula
computacional), imediatamente antes e depois da curva em estudo.
O método de volumes finitos, ao contrário do das diferenças finitas, tem base
física, como já foi referido, uma grande parte dos modelos matemáticos utilizados em
Engenharia são baseados nos princípios de conservação. Estes princípios quando são
expressos de uma forma matemática para uma região infinitesimal, obtém-se uma
equação diferencial, que é a chamada equação de conservação da grandeza envolvida.
Este método numérico, aplica a equação diferencial de conservação a subdomínios de
uma determinada malha através da sua integração em cada volume. Os termos de
transporte convectivo são os responsáveis pelas maiores dificuldades numéricas na
solução de equações diferenciais parciais onde funções de interpolação devem ser
aplicadas. Esta aproximação pode ser obtida de duas formas, na primeira forma é
utilizado o balanço da propriedade conservada para cada um dos subdomínios, no
segundo modo é a integração da equação de conservação, na forma conservativa, no
volume do subdomínio. Considerando a equação da continuidade em duas dimensões
espaciais, utilizando a geometria cartesiana, um subdomínio do domínio bidimensional
da equação e onde está descrita a nomenclatura de determinados pontos dentro e à
superfície deste subdomínio. O principal objectivo da aproximação discreta de uma
equação de conservação, pelo método dos volumes finitos é dividir o domínio de
cálculo em vários subdomínios, nos quais a lei física de conservação é verificada, com
um certo grau de aproximação. A aproximação discreta é obtida pelos dois
procedimentos, normalmente, e porque é mais fácil, obtêm-se a equação aproximada
através da integração da equação de conservação na forma divergente. Contudo a
equação discretizada já não é necessariamente uma expressão exacta para a conservação
de massa no volume em questão. A introdução do erro de aproximação numérica é
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
20
consequência da aproximação destas grandezas utilizando os seus valores em pontos
discretos da malha, num dado instante.
3.APRESENTAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO DE PROJECTO
Numa primeira fase foi estudado o caso de um só bloco, correspondendo ao
estudo de um típico exemplo de escoamento entre placas paralelas, (Fig.10) foram
construídos gráficos de perfil de velocidade e comparados os resultados obtidos com os
valores da teoria; em seguida uma expansão súbita 2D; um escoamento em torno de
cilindro colocado no interior de um canal 2D, e por fim o estudo de uma curva L.
Fig.10 – Representação de um escoamento através de duas placas paralelas
(http://www2.peq.coppe.ufrj.br/Pessoal/Professores/Arge/COQ862/
trabalhos/COQ862_2010_Thais.pdf)
Numa segunda fase, e com o objectivo de constatar de que forma é que o
refinamento da malha contribua para um valor de perda de carga mais preciso, ou seja
para uma menor do erro computacional, foram geradas 4 malhas (A.B.C.D), (Tab.1).
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
21
Tab.1 - Constituição das 4 malhas.
Malha Nº total de células computacionais
A 1540
B 6600
C 27652
D 112644
Será agora apresentado um esquema, referente à malha A, onde é possível observar as
características dimensionais deste exemplo, assim como o número de blocos em que o
volume de controlo foi dividido, e as respectivas constituições no que diz respeito ao
número de células computacionais de cada bloco (x,y,z), (Fig.11).
Fig.11 – Blocos e número de células computacionais (Nx,Ny) da malha A.
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
22
Foram obtidos gráficos de perfis de velocidade, gráficos de variação de perda de carga
ao longo de toda a conduta, gráficos de evolução de velocidades nas paredes e no centro
da conduta e calculados os valor de perda de carga localizada das curvas.
Numa terceira fase foram geradas oito malhas, todas elas com parâmetros
dimensionais iguais, excepto no valor do raio de curvatura dos oito exemplos.
Assegurou-se o total desenvolvimento do escoamento, com comprimento da conduta de
entrada como o da saída, igual a 3000mm, foi utilizado um valor de 200mm para o
diâmetro de toda a instalação assim como valores de raio de curvatura das curvas, iguais
a: 750, 500, 250, 200, 150, 100, 50, 25.
Foram efectuados cálculos computacionais para nove situações de escoamento
distintas, com os seguintes valores de Reynolds: 100, 50, 10, 5, 2, 1, 0.5, 0.1, 0.01.
Posteriormente foi calculado o valor da perda de carga, através dos valores de ∆P da
curva, de todas as situações simuladas. O valor de pressão utilizado foi obtido a partir
da extrapolação de duas rectas, aproximadas aos valores das zonas de escoamento
desenvolvido (conduta de entrada e saída), interceptadas com o plano médio da curva.
Além dos cálculos efectuados, verdadeiro objectivo deste estudo, foram também
construídos vários gráficos de evolução não só do ∆P, como também de velocidades,
nas paredes e no eixo da curva. Na interpretação desses mesmos gráficos foi possível
identificar algumas zonas de refluxo ou descolamento do fluído junto das paredes. Por
fim, foram geradas 5 malhas tridimensionais, (Tab.2).
Tab.2. Constituição das malhas tridimensionais.
Malha Nº de células da curva nas 3
direcções (x,y,z)
Nº total de células
computacionais
Z1 7, 7, 7 6076
Z2 15, 15, 7 16380
Z3 15, 15, 15 35100
Z4 21, 21, 15 56700
Z5 31, 31, 15 102300
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
23
3.2- METODOLOGIA UTILIZADA
Se a conduta é não-circular, a análise do escoamento totalmente desenvolvido
segue a análise do tubo circular. Uma vez que todo o estudo será feito em regime
laminar, com Reynolds compreendido entre valores de 0.01 e 100, será suficiente a
resolução das equações exactas da continuidade e da quantidade de movimento. No
âmbito deste trabalho foi facultado diverso material computacional já existente e
ferramentas numéricas, imprescindíveis para o estudo desta investigação. Um desses
programas, foi o gerador de malha tridimensional MESH3d. Esta aplicação, depois de
estudada, permitiu subdividir o volume de controlo em estudo, constituído por uma
conduta de entrada, uma curva e uma conduta de saída, em blocos constituídos por
células nas direcções x, y e z. Permitindo assim obter valores de velocidade e pressão
em todas as células computacionais do volume de controlo em todos os pontos de
interesse fulcral, no estudo do objectivo deste trabalho. As malhas geradas, foram
visualizadas com o recurso a um programa comercial para pós-processamento, de nome
Tecplot. Numa primeira abordagem o cálculo realizado foi 2D (plano x-y)
(bidimensional), contudo em termos de geração de malha estas só se apresentam em
forma 3D, este problema contornou-se com a aplicação de uma célula computacional na
direcção z, com planos de simetria em bottom e top. As células geradas
computacionalmente são hexaedros (6 faces), com o objectivo de reduzir ao máximo o
erro numérico, estas não deveram ter tamanhos muito diferentes, nem muito compridas
nem muito largas, assim como foi de evitar também, células em forma de charuto nas
direcções em que houve cálculo. Foi também importante assegurar que a passagem de
um bloco para o subsequente não apresentasse espessuras muito diferentes, isto porque
variações bruscas nas dimensões das células, levam a um aumento da incerteza
numérica. Antes de se escrever o mesh3d.dat foi planeado que tipos de malhas se
pretendiam, domínio de cálculo, características dimensionais, número de células nas
várias direcções, factores de compressão e de expansão, espaçamento, etc. Foram
também fornecidos códigos para conversão para Tecplot, um código de cálculo de
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
24
escoamentos, e um código de pós-processamento. O ficheiro mesh3d.dat é criado a
partir de um algoritmo, (que foi profundamente modificado) que ajudou a automatizar a
geração de malha, respondendo assim às necessidades pretendidas. Trata-se de um
programa para gerar o ficheiro de input do gerador de malha. Depois de familiarizado
com o código na perspectiva do utilizador, foram simulados alguns casos propostos e
não só, posteriormente tratados e comparados com soluções analíticas. Foram
implementadas diversas geometrias com diferentes curvas, em condições de escoamento
diferentes com o objectivo de obter o coeficiente de perda de carga. Foram garantidos
comprimentos de entrada e saída suficientemente longos, assegurando assim uma região
bem definida do escoamento desenvolvido. Com os valores de pressão e velocidade
obtidos calculou-se não só ξ, como também se comparou os perfis de velocidade e o
factor de fricção local com os valores da literatura.
4.1-OBTENÇÃO DE SOLUÇÔES ANALÍTICAS
O código criado, para a situação de escoamento bidimensional numa curva,
permitiu automatizar o processo de geração de malha, com as seguintes variáveis
constitutivas: comprimento da conduta de entrada; diâmetro da conduta; raio de
curvatura da curva; comprimento da conduta de saída; nº de blocos na conduta de
entrada, curva e saída, nº de células computacionais nas 3 direcções (x, y, z) de todos os
blocos; assim como factores de compressão e expansão de todas as células. Foi possível
definir o tipo de escoamento, os respectivos valores das componentes da velocidade (Ux,
Vy, Wz), a viscosidade, o intervalo de iteração, o critério de paragem do método
computacional, condições de fronteira (entrada, saída, planos de simetria, paredes) e não
só. Depois de assegurar a convergência do processo iterativo, foi possível recolher
dados que foram posteriormente utilizados no cálculo do coeficiente de perda de carga
da curva (Idelcik, 1971). A obtenção de perfis de velocidade parabólicos nas zonas de
escoamento totalmente desenvolvido, tanto à entrada como à saída da conduta, e os
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
25
valores de pressão em todas as células do volume de controlo, permitiram confirmar a
versatilidade, assertividade, e eficácia do código utilizado. A metodologia utilizada no
cálculo do coeficiente de perda de carga chegou a resultados credíveis, quando
comparados com a escassa literatura disponível.
Soluções analíticas, placas paralelas
Admite-se que as placas estão separadas por uma distância a, e que são
consideradas infinitas na direcção z (perpendicular ao plano do papel), sem a variação
de qualquer propriedade do fluido nessa mesma direcção. O volume de controlo
diferencial utilizado, possui um volume dV=dx*dy*dz. Sabe-se também que a
componente Ux da velocidade, deve ser zero tanto na placa superior como na inferior,
consequência da condição de não - escorregamento nas paredes, (Fox, 1998). Para que
ocorra este escoamento é necessário que exista uma diferença de pressão entre os pontos
inicial e final do escoamento. Assim, o aparecimento de uma camada - limite implica
numa aceleração da velocidade na região central da conduta, esta é a forma do
escoamento obedecer a lei da conservação da massa.
Para o escoamento incompressível, a conservação da massa exige que a
velocidade na linha de centro do tubo aumente com a distância em relação à entrada. A
velocidade média, em qualquer secção do trajecto deve ser igual à velocidade de
entrada. Para realizar as simulações, foi calculado o comprimento de entrada, ou seja, a
distância a partir da qual o escoamento fica completamente desenvolvido e onde o perfil
de velocidades não muda mais na direcção x. É nessa região que deve entrar o perfil de
velocidades que será comparado com a solução analítica.
Primeiramente, é necessário verificar se o número de Reynolds é = 2000,
caracterizando um escoamento laminar. Para o escoamento laminar, o comprimento de
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
26
entrada, (Le), é função do número de Reynolds, obedecendo à expressão apresentada por
Fox (1998), (eq.16).
(16)
A velocidade máxima do escoamento é encontrada em
, com
. O valor
de
é obtido através do gráfico de pressão ao longo da direcção do escoamento, como
este apresenta um comportamento praticamente linear, esse valor corresponde ao
próprio declive da recta.
4.2- REFINAMENTO DA MALHA
Em consequência da literatura inexistente, no que se refere a soluções analíticas
para um escoamento numa curva, efectuaram-se cálculos em malhas progressivamente
mais refinadas e estimou-se um valor “correcto” pelo método extrapolação de
Richardson. Depois de determinado este valor, foi comparado com os demais valores
calculados com as diferentes malhas. Vão ser apresentados no capítulo seguinte,
resultados que quantificam a incerteza numérica e a variação da incerteza com o grau de
refinamento da malha. Sejam as soluções computacionais B, C e D, referentes às
malhas B, C e D respectivamente.
4.3- ORDEM DE CONVERGÊNCIA
A ordem de convergência q das soluções numéricas com o nível de refinamento da
malha estima-se por (Ferziger e Peric, 1996), foi calculado da seguinte forma:
(
)
(17)
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
27
Sendo n a dimensão característica da malha mais refinada, D. A incerteza associado a
esta solução pode estimar-se por:
(18)
4.4- EXTRAPOLAÇÂO DE RICHARDSON
Face à ordem de convergência verificada, os valores de incerteza apresentados
neste trabalho referem-se simplesmente à diferença entre o valor obtido pela técnica de
extrapolação de Richardson (Fig.12) e o valor produzido pela mais refinada das malhas
usadas na simulação deste escoamento.
(19)
a
(20)
c
(21)
b
Fig.12- Demonstração da extrapolação de Richardson.
Vai ser demonstrada a aplicação do método para a situação de Re=10, com ζ 1 = 8.8304,
ζ 2 =8.1218 e ζ 3 =8.094.
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
28
(22)
(23)
(24)
4.5- ERRO ASSOCIADO
O cálculo do erro associado foi realizado da seguinte forma:
(25)
(26)
Ainda em relação à estrutura de malha usada, refira-se a dificuldade verificada em se
estimar o avanço numérico no tempo (δt) capaz de proporcionar um processo de cálculo
convergente. Uma relação minimamente óbvia entre uma dimensão característica do
escoamento e esse parâmetro numérico δt, tudo o resto igual, não foi encontrada. Isto
sugere uma dependência de factores geométricos inerentes à estrutura da malha
computacional. Verifica-se assim que o cálculo se revela dependente da malha. A
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
29
adequação do código a malhas não estruturadas surge assim de especial interesse na
resolução de escoamentos com fronteiras claramente definidas.
4.6- MALHAS E SEU EFEITO NA PRECISÃO DO CÓDIGO
Pretende-se neste capítulo avaliar o nível de incerteza do cálculo em função do
grau de refinamento da malha com base em simulações de situações limite para as quais
são conhecidas soluções teóricas e numéricas de referência. O objectivo desta tese não
passa por desenvolver soluções de referência do escoamento 3D ao longo de uma curva
de 90º. Tal seria praticamente impossível no tempo limitado disponível à concretização
deste trabalho. Pretende-se antes tipificar correlações físicas entre parâmetros
geométricos e dinâmicos do escoamento. Em consequência, a quantificação precisa da
incerteza associada a resultados específicos não é de grande relevância; note-se a
inexistência na literatura de soluções para este tipo de escoamento padrão a três
dimensões no que respeita aos aspectos estudados. Contudo, a pertinência de
caracterizar o nível de confiança nos resultados produzidos é inquestionável. A
capacidade preditiva do código numérico usado nesta tese, no estudo deste e de outros
tipos de escoamentos 2D, revelou-se muito assertiva, contudo, neste estudo em
particular as malhas 3D usadas são manifestamente grosseiras do ponto de vista
bidimensional (projecção sobre o plano z=0). O objectivo deste capítulo é assim o de
definir o nível de confiança quanto ao número e distribuição das células da malha no
plano da secção da conduta, e verificar a adequação desse número à caracterização de
escoamentos estacionários em canais curvos para diferentes geometrias. A aferição do
grau de confiabilidade é aqui realizada pela comparação de resultados numéricos com
os que decorrem da solução analítica, pela comparação de soluções bidimensionais em
malhas refinadas com soluções 3D geradas. O refinamento das malhas, contribuiu
significativamente para a precisão do código utilizado, como comprovam os valores de
incerteza calculados, foi também constatado que maiores números de Reynolds, ou seja
velocidades superiores, originam menores erros. Foi a situação de compromisso entre a
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
30
velocidade de iteração, convergência e incerteza/erro associado que regulou todo o
processo prático.
5. - APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS
Numa primeira fase, como já foi referido, foi estudado o efeito do refinamento da
malha, nos valores de perda de carga obtidos algebricamente. Para tal, foram geradas 4
malhas com as características expressas na seguinte tabela, (Tab.3). É importante
também referir que estas malhas são constituídas por dois blocos exactamente iguais na
conduta de entrada, 4 na curva e 2 na conduta de saída. Em todos estes quatro exemplos
foi considerado um comprimento de entrada igual a 1 m, e o de saída igual a 3 m, assim
como um diâmetro de conduta igual a 200 mm e um raio de curvatura igual a 250 mm. O
comprimento de entrada foi suficientemente longo para que do ponto de vista do
desenvolvimento do escoamento (totalmente desenvolvido), se tenha obtido um perfil
de velocidades parabólico, comprovando assim este pressuposto.
Tab.3- Número de células nas duas direcções (Nx,Ny), em todos os blocos.
Conduta entrada Curva Conduta saida
N x N y N x N y N x N y
Nº total de
células
computacionais
Malha A 24 7 7 7 7 72 1540
Malha B 48 15 15 15 15 144 6660
Malha C 96 31 31 31 31 288 27652
Malha D 192 63 63 63 63 576 112644
Depois de geradas as 4 malhas e escolhidos os 3 valores de Reynolds para o escoamento
e os respectivos valores de velocidade média (0.025 m/s; 0.125 m/s; 0.25 m/s), deu-se
início à recolha dos dados de simulação ou computacionais e posterior tratamento dos
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
31
mesmos, com o objectivo de calcular a perda de carga da curva em questão. É
importante também salientar que foram os valores de velocidade média, assim como os
valores de pressão (resultado da extrapolação e intercepção com o plano médio da
curva), (Tab.4) que foram utilizados para o cálculo do nosso objectivo de estudo.
Tab.4- Valores obtidos para as 3 malhas.
∆ Pressão * = Valor extrapolado e interceptado com o plano médio da curva
ε = Erro associado à medição do coeficiente de perda de carga relacionado com o refinamento
da malha
Nº células Nº Reynolds ∆ Pressão * ζ curva Erro (ε) Incerteza
Malha B 6660 10 0.6129 8.8304 8.84% 8.1138
Malha C 27652 10 0.3928 8.1218 0.10% 8.1127
Malha D 112644 10 0.3878 8.094 0.23% 8.0837
Nº células Nº Reynolds ∆ Pressão * ζ curva Erro (ε) Incerteza
Malha B 6660 50 4.8506 2.9803 10.55% 1.8397
Malha C 27652 50 3.213 2.6944 0.06% 1.8394
Malha D 112644 50 3.0789 2.6868 0.34% 1.8277
Nº células Nº Reynolds ∆ Pressão * ζ curva Erro (ε) Incerteza
Malha B 6660 100 14.0021 2.1989 17.39% 1.8735
Malha C 27652 100 10.9355 1.8648 0.44% 1.8733
Malha D 112644 100 10.728 1.8597 0.71% 1.8597
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
32
Fig.13- Esquema representativo do procedimento de obtenção do ∆P perdas loc.
Como já foi referido anteriormente, o cálculo do ξM foi efectuado da seguinte forma:
(27)
Contudo, existia também um outro processo alternativo, (eq.28) para a determinação de
ξM:
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
33
(28)
A partir da análise dos dados obtidos, foi possível observar que foi com número
Reynolds igual a 10, que foram obtidas maiores diferenças do valor de perda de carga,
entre a malha com menos e a malha com mais células computacionais. Todos os valores
de perda de carga calculados, diminuíram com o aumento de Reynolds, aliás como era
expectável e constatável na literatura existente. Através dos resultados, é bem visível o
efeito do refinamento da malha, nos valores obtidos experimentalmente. Todos os
valores de ∆P, retirados e posteriormente tratados, para os três números de Reynolds
estudados, diminuíram ligeiramente, com aumento do número de células totais de cada
malha. A queda de pressão provocada pela introdução da curva no escoamento é
expressa no gráfico abaixo (Fig.14), em função do comprimento de toda a instalação.
Ao fim de um metro, correspondente ao comprimento de entrada, foi constatável em
todos os gráficos realizados, um queda abrupta de pressão consequência da mudança de
direcção do escoamento assim como a todo o processo de adaptação do fluído as
paredes da curva.
Fig.14- Queda de pressão ao longo da malha C (27652 células) com Re=10.
-5,0
-4,5
-4,0
-3,5
-3,0
-2,5
-2,0
-1,5
-1,0
0 1 2 3 4 5
Pre
ssão
Comprimento da instalação (metros)
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
34
Construíram-se para todos os 4 exemplos, gráficos da velocidade junto às paredes de
toda a instalação, com o objectivo de ver a evolução da mesma em cada ponto de
interesse para o meu estudo. De seguida é apresentado um gráfico com a evolução dos
perfis de velocidade retirados em vários pontos da conduta de entrada, (fig.19) e de
saída da malha C (Fig.15), com Re = 50. É bem visível a evolução de um perfil não
desenvolvido, referente à entrada da conduta, até uma situação de escoamento
completamente desenvolvido (identificado pelo perfil de velocidades parabólico), até
uma situação final de distorção do próprio perfil (vermelho), antevendo o início da
curva.
Fig.15- Evolução dos perfis de velocidade da malha C na conduta de entrada.
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
-1 -0,8 -0,7 -0,6 -0,5 -0,3 -0,2 -0,1 0,1 0,2 0,3 0,5 0,6 0,7 0,8 1
ux
( m
/s )
y'
Evolução dos perfis de velocidade
na conduta de entrada
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
35
Fig.16- Evolução dos perfis de velocidade na conduta de saída da malha C.
De seguida serão apresentados gráficos da evolução do valor de velocidade junto
à parede superior e inferior das condutas de entrada, da malha A (1540 células), com um
número de Reynolds = 10 (Fig.17/18). Os valores de velocidade obtidos, correspondem
ao valor das células computacionais mais próximas das paredes, e estes são,
logicamente função do grau de refinamento das malhas. É possível observar que na
conduta de entrada (parede inferior), a velocidade decresce ao longo da conduta até um
ponto, (antecedendo o inicio da curva) em que a velocidade aumenta; logo a seguir ao
fim da curva (parede inferior), é observável uma queda de velocidade abrupta, seguida
de um aumento significativo até uma situação de valor constante.
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
-1 -0,8 -0,7 -0,6 -0,5 -0,3 -0,2 -0,1 0,1 0,2 0,3 0,5 0,6 0,7 0,8 1,0
vy(
m /
s )
y'
Evolução dos perfis de velocidade
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
36
Fig.17- Evolução da velocidade junto à parede inferior na conduta de entrada.
Fig.18- Evolução da velocidade junto à parede inferior na conduta de saída.
Serão agora apresentados os mesmos gráficos, só que desta vez referentes à
parede superior, da conduta de entrada e de saída, (fig.19/20). Neste caso a velocidade
na conduta de entrada vai decrescendo gradualmente até o início da curva, o
comportamento da velocidade na conduta de saída é contrário ao que foi descrito na
0,010
0,012
0,014
0,016
0,018
0,020
0,022
0,024
0,026
-1,0
-0,9
-0,9
-0,9
-0,8
-0,8
-0,7
-0,7
-0,7
-0,6
-0,6
-0,5
-0,5
-0,4
-0,4
-0,4
-0,3
-0,3
-0,2
-0,2
-0,2
-0,1
-0,1
0,0
Ux
(m/s
)
Comprimento conduta de entrada
Parede inferior / conduta de entrada
0,008
0,008
0,009
0,009
0,010
0,010
0,011
0,0
-0,1
-0,3
-0,4
-0,5
-0,6
-0,8
-0,9
-1,0
-1,1
-1,3
-1,4
-1,5
-1,6
-1,8
-1,9
-2,0
-2,1
-2,3
-2,4
-2,5
-2,6
-2,8
-2,9
Vy
(m/s
)
Comprimento conduta saída
Parede inferior / conduta de saída
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
37
parede inferior, ou seja depois de um pequeno aumento de velocidade logo apôs o fim
da curva, verifica-se uma redução abrupta do valor de velocidade até uma situação de
valor constante.
Fig.19- Evolução das velocidades na parede superior, da conduta de entrada.
Fig.20- Evolução das velocidades na parede superior, da conduta de saída.
Numa segunda fase foi construído um volume de controlo com condutas de
entrada e saída iguais a 3 metros, com um diâmetro das mesmas, igual a 200mm. Foram
0,003
0,008
0,013
0,018
0,023
0,028
-1,0
-0,9
-0,9
-0,9
-0,8
-0,8
-0,7
-0,7
-0,7
-0,6
-0,6
-0,5
-0,5
-0,4
-0,4
-0,4
-0,3
-0,3
-0,2
-0,2
-0,2
-0,1
-0,1
0,0
Ux
(m
/s)
Comprimento conduta de entrada
Parede superior / conduta de entrada
0,010
0,011
0,011
0,012
0,012
0,013
0,013
0,014
0,014
0,015
0,0
-0,2
-0,3
-0,4
-0,6
-0,7
-0,9
-1,0
-1,2
-1,3
-1,5
-1,6
-1,8
-1,9
-2,1
-2,2
-2,3
-2,5
-2,6
-2,8
-2,9
Vy (
m/s
)
Comprimento conduta de saída
Parede superior / conduta de saída
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
38
testados raios de curvatura iguais a 750, 500, 250, 200, 150, 100, 50 e 25mm e a
influência de vários números de Reynolds (0.01, 0.1, 0.5, 1, 2, 5, 10, 50 e 100) no
cálculo da perda de carga das oito curvas. A fim de facilitar cálculos e estudos, foi
introduzida uma noção de comprimento equivalente. As perdas de carga em linha e
localizadas são convertidas para um Leq, com o mesmo valor de perda de carga.
Os valores de pressão utilizados foram obtidos da seguinte forma; para o cálculo
do ζM escolheram-se duas zonas de escoamento totalmente desenvolvido na conduta de
entrada e na de saída, onde foram aproximadas duas rectas, da extrapolação destas duas
rectas com o valor do plano médio da curva foi obtido o ∆P loc. Para o cálculo de ζf
(Fig.21), a metodologia foi diferente, o valor de ∆P utilizado correspondia ao declive da
recta aproximada na conduta de entrada, numa zona totalmente desenvolvida.
Fig.21- Metodologia utilizada na obtenção de ∆ Pressão (λ).
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
39
Todos os valores de velocidade e pressão retirados das simulações, assim como os
valores calculados de perda de carga das curvas estão apresentados nos anexos, com a
excepção da malha H, apresentada na seguinte tabela, (Tab.5).
Tab.5- Valores calculados para a malha H (17732 células) em função de Re.
Nº células Diâmetro R curvatura Rey ∆ Pressão loc ∆P (cálculo de λ) ζ Curva ζ =λ*L/D
Malha H 17732 200 150 0.01 0.0000057 0.0005 21410.4302 3200
Malha H 17732 200 150 0.1 0.00115 0.0055 2389.9409 352
Malha H 17732 200 150 0.5 0.0053 0.0274 475.7008 70.144
Malha H 17732 200 150 1 0.0108 0.0549 238.3422 35.136
Malha H 17732 200 150 2 0.0212 0.1100 119.353 17.6
Malha H 17732 200 150 5 0.0434 0.2752 47.6526 7.0451
Malha H 17732 200 150 10 0.0465 0.5499 23.6759 3.5194
Malha H 17732 200 150 50 1.8809 2.8620 5.1387 0.7327
Malha H 17732 200 150 100 10.546 6.7147 3.2103 0.4297
Numa primeira observação dos valores obtidos, foi possível dizer que o aumento
do Nº de Reynolds provoca sempre uma diminuição do valor de ξ, em consequência da
forma como a dimensionalização foi feita, por outro lado podemos dizer que o valor do
coeficiente de perda de carga varia inversamente com o valor de velocidade média do
escoamento. Quanto maiores são os raios de curvatura, menores são as diferenças entre
os valores de ξ calculados pelos dois métodos, o que é compreensível, uma vez que,
quanto mais lenta e suave é a mudança de direcção (maiores raios de curvatura), mais
tempo tem o fluído de se adaptar as mudanças geométricas, aproximando - se muito
mais da hipótese de que a perda de carga, pode ser considerada apenas pelo valor de
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
40
perda em linha. Logicamente quanto maiores os números de Reynolds, maiores as
velocidades à entrada da curva, assim como valores superiores de variação de pressão
das curvas. Depois de calculados os valores de ξ, foi possível perceber que para valores
de Reynolds inferiores a 0.1, não há alteração significativa do valor de perda de carga,
isto mesmo foi testado com Re = 0.01. O mesmo aconteceu com raios de curvatura
superiores a 500mm, os cálculos efectuados demonstraram que a partir deste raio não há
alteração significativa do valor de perda. No seguinte gráfico, (Fig.22) são comparados
os valores obtidos para os 6 raios de curvatura em função dos números de Reynolds
estudados.
Fig.22- Coeficiente de perda de carga localizada das curvas estudadas
Vamos analisar com mais detalhe e cuidado a malha H, que tem um raio de curvatura
igual a 150 mm e um número total de células computacionais igual a 17732, (Tab.6).
1
10
100
1000
10000
100000
0 20 40 60 80 100
ζ curv
a
Re
R curvatura=500mm
R curvatura=200mm
R curvatura=150mm
R curvatura=100mm
R curvatura=50mm
R curvatura=25mm
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
41
Tab.6- Valores calculados para a malha H (17732 células) em função de Re.
Nº células
Nº
Reynolds
ζ curva
(total)
Desvio
Padrão ζ =λ*L/D
Malha H 17732 0.01 3105.0594 1397.15 1032.2802
Malha H 17732 0.1 310.7596 124.18 103.3124
Malha H 17732 0.5 62.3962 15.51 20.7437
Malha H 17732 1 31.374 7.72 10.4303
Malha H 17732 2 15.9256 4.59 5.2945
Malha H 17732 5 6.7476 1.50 2.2432
Malha H 17732 10 3.7393 1.17 1.2433
Malha H 17732 50 1.4045 0.48 0.467
Malha H 17732 100 0.4393 ---- 0.0955
De seguida serão apresentados gráficos (fig.23/24) referentes à malha H, da evolução
das componentes da velocidade, em x e em y na curva em questão, assim como um
pequeno esquema demonstrativo das zonas onde foram retirados estes mesmos perfis de
velocidade
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
42
Fig.23- Evolução dos perfis de velocidade (Ux) em 4 posições consequentes da curva.
Fig.24- Evolução dos perfis de velocidade (Vy) em 4 posições consequentes da curva.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
-1,0 -0,8 -0,7 -0,6 -0,5 -0,3 -0,2 -0,1 0,1 0,2 0,3 0,5 0,6 0,7 0,8 1,0
U'x ( m
/s )
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
-1,0 -0,8 -0,7 -0,6 -0,5 -0,3 -0,2 -0,1 0,1 0,2 0,3 0,5 0,6 0,7 0,8 1,0
Vy
( m
/s )
1
2
3
4
1
2
3
4
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
43
Sendo os dois gráficos apresentados em cima, valores das componentes de velocidade
(Ux,Vy), vamos calcular a norma da velocidade da seguinte forma √ , e
apresentar a evolução do perfil de velocidade da mesma ao longo da curva, (Fig.25)
Fig.25 – Evolução do perfil de velocidades (total) ao longo da curva.
Serão de seguida apresentados dois gráficos, das duas componentes da velocidade num
escoamento bidimensional com curvatura, cujo raio é igual 50mm e Re = 100, (Fig.26).
Neste mesmo exemplo é possível identificar zonas onde existe recirculação, ou seja
valores de velocidade com sinais opostos na parede inferior da curva, comprovando
assim os pressupostos apresentados na introdução.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
-1 -0,8 -0,7 -0,6 -0,5 -0,3 -0,2 -0,1 0,1 0,2 0,3 0,5 0,6 0,7 0,8 1
Vto
tal (
m/s
)
1
2
3
4
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
44
Fig.26- Componentes da velocidade (Vy) numa malha com Rcurvatura=50 e Re=100.
Fig.27- Componentes da velocidade (Ux) numa malha com Rcurvatura=50 e Re=10.
Numa fase final foi efectuado o mesmo estudo, mas considerando o volume de
controlo tridimensional, ou seja com células na direcção z, superior ao valor unitário. As
-0,1
0,1
0,3
0,5
0,7
0,9
1,1
-1,0 -0,8 -0,7 -0,6 -0,5 -0,3 -0,2 -0,1 0,1 0,2 0,3 0,5 0,6 0,7 0,8 1,0
Vy(
m/s
)
-0,1
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
-1 -0,8 -0,7 -0,6 -0,5 -0,3 -0,2 -0,1 0,1 0,2 0,3 0,5 0,6 0,7 0,8 1
Ux
( m
/s )
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
45
cinco malhas geradas têm todas, as mesmas características geométricas, ou seja,
comprimento da conduta de entrada e de saída igual a 3 metros, diâmetro da conduta
igual a 200 mm, raio de curvatura igual a 50 e Número de Reynolds igual a 10. Os
valores obtidos estão representados na tabela a baixo, (Tab.7). As cinco malhas, tem
respectivamente um número total de células igual a: 6076, 16380, 35100, 56700 e
102300.
Tab.7- Malhas tridimensionais geradas e respectivos cálculos de perdas.
Nx; Ny; Nz
(curva )
Nº células
total
Raio de
curvatura
Nº
Reynolds ∆P loc ∆P (λ) λ ζ M ζ f ζ curva ζ=λ*L/D
Malha
Z.1 7 ; 7 ; 7 6076 50 ( mm ) 10 0.9177 4.0585 50.9502 2.9366 10.0308 12.9675 25.9744
Malha
Z.2 15 ; 15 ; 7 16380 50 ( mm ) 10 0.7911 4.1845 52.5319 2.5315 10.3422 12.8738 26.7808
Malha
Z.3 15 ; 15 ; 15 35100 50 ( mm ) 10 0.9201 4.2622 53.5074 2.9443 10.5343 13.4786 27.2781
Malha
Z.4 21 ; 21 ; 15 56700 50 ( mm ) 10 0.2763 0.7551 9.4795 0.8842 1.8663 2.7504 4.8326
Malha
Z.5 31 ; 31 ; 15 102300 50 ( mm ) 10 0.2715 0.7566 9.4983 0.8688 1.8699 2.7388 4.8422
Nx, Ny, Nz = Número de células nas 3 direcções da curva
∆ Pressão loc = Diferença de pressão utilizada no cálculo de ζM
∆ Pressão (λ) = Diferença de pressão utilizada no cálculo de λ
ξ M = Coeficiente de perda de carga localizada
ξ f = Coeficiente de perda de carga em linha
ξ curva = Coeficiente de perda de carga global da curva
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
46
6.-CONCLUSÕES
Uma considerável quantidade de dados numéricos foram calculados, para fluídos
Newtonianos que passam por uma curva, com raios de curvatura compreendidos entre
25 mm e 750 mm, em regime laminar, tendo sido variado o Nº de Reynolds entre 0.01 e
100, com o objectivo de chegarmos aos valores de perda de carga de todas as curvas em
estudo, valores estes apresentados na tab.5. Existe uma grande influência do número de
Reynolds nos valores de , isto é, quanto maior é a desorganização do escoamento,
menor é o valor de perda carga global de cada curva, contudo, diminuindo o raio da
curvatura da curva, diminuímos o valor de perda de carga de uma forma significativa.
Foi claramente observável a influência do refinamento da malha na precisão de cálculo
do valor de perda de carga da curva. Assim como o peso de cada uma das perdas, em
linha e localizada no valor final global de cada curva em questão. A partir de gráficos de
velocidade construídos, em localizações chave, foi possível concluir em que zonas da
curva existe descolamento do líquido (junto as paredes), ou seja, zonas de recirculação
do fluído. Resultados obtidos a partir da extrapolação de Richardson, permitiram
concluir que o erro associado diminuía com o aumento do grau de refinamento, em
todas as situações de escoamento estudadas (Re=5; 10; 100), foi a malha C que
apresentou menor erro quando comparado com o valor óptimo. O valor de incerteza
associada a cada medição diminuiu com grau de refinamento das malhas em estudo. Foi
comprovada também a mais-valia da análise tridimensional comparativamente à 2D.
Em consequência da escassa literatura existente, não é possível concluir a verdadeira
assertividade e rigor dos valores calculados. Contudo, é importante também referir que
alguns valores obtidos saíram da cadência de resultados expectável, contudo foram
satisfatórios e futuramente possibilitarão análises comparativas com resultados
simulados através da fluido dinâmica computacional. A simulação deste escoamento
pelo método dos volumes finitos parece tão válida a duas dimensões quanto o é a três. O
problema do perfil de tensão de corte, manifesta-se igualmente nas duas geometrias de
escoamento (2D e 3D) e julga-se estar associado à estrutura não ortogonal das malhas
utilizadas e não à natureza tridimensional do escoamento, não afectando
significativamente o campo de velocidades. O nível de incerteza associado ao cálculo
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
47
do coeficiente de perda de carga em curvas 3D é da mesma ordem de grandeza daquele
relativo às curvas 2D.
Penso que futuramente será pertinente efectuar os cálculos para outro tipo de
fluidos, nomeadamente, não - newtonianos e visco elásticos e aumentar a gama de
análise, contornando assim a não linearidade do objectivo deste trabalho.
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
48
7.-BIBLIOGRAFIA
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- Patankar, S.V., 1980. Numerical Heat Transfer and Fluid Flow. Hemisphere
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- Shames, I.H., 1992. Mechanics of Fluids, third ed. McGraw-Hill International
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- Batchelor, G.K. 1967. An introduction to Fluid Dynamics. Cambridge university
Press, Cambridge, Uk, 1st ed.
- Iribarne, A., Frantisak, F., Hummel, R.L. and Smith, J.W. 1972. An
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- Streeter, V.L and Wylie, E.B. 1975. Fluid Mechanics, 6th
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- Garcia E.J. & J.F. Steffe (1987). “Comparison of friction factor equations for
non-Newtonian fluids in a pipe flow”
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
49
8.-REFERÊNCIAS
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London.
- White, F.M. 1979. Fluid Mechanics, McGraw-Hill, New York
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
50
9.-ANEXOS
Tab.8- Dados recolhidos referentes a diferentes malhas.
Nº células Diâmetro
Raio de
curvatura
Nº
Reynolds
∆P loc
(extrapolação)
∆P
(cálculo de λ)
ζ curva
(total) ζ =λ*L/D
Malha E 17732 200 750 0.01 0.00092 0.0005 7222.0507 3200
Malha E 17732 200 750 0.1 0.0072 0.0055 700.9856 352
Malha E 17732 200 750 0.5 0.0524 0.0375 195.4135 96
Malha E 17732 200 750 1 0.0714 0.0549 69.821 35.136
Malha E 17732 200 750 2 0.1425 0.11 34.9293 17.6
Malha E 17732 200 750 5 0.3575 0.2753 16.3545 7.0477
Malha E 17732 200 750 10 0.7233 0.5504 7.0238 3.5226
Malha E 17732 200 750 50 3.9012 2.8747 1.4832 0.7359
Malha E 17732 200 750 100 8.6658 6.7027 0.8508 0.429
Nº células Diâmetro
Raio de
curvatura
Nº
Reynolds
∆P loc
(extrapolação)
∆P
(cálculo de λ)
ζ curva
(total) ζ =λ*L/D
Malha F 17732 200 500 0.01 0.00046 0.0005 7889.1122 3200
Malha F 17732 200 500 0.1 0.0049 0.0042 695.8374 268.8
Malha F 17732 200 500 0.5 0.0177 0.0274 163.3191 70.144
Malha F 17732 200 500 1 0.035 0.0549 81.6599 35.136
Malha F 17732 200 500 2 0.0702 0.11 40.9101 17.6
Malha F 17732 200 500 5 0.1783 0.2753 16.4153 7.0477
Malha F 17732 200 500 10 0.37 0.5503 8.2467 3.5219
Malha F 17732 200 500 50 2.4287 2.8707 1.7846 0.7349
Malha F 17732 200 500 100 6.5063 6.6913 1.067 0.4282
Nº células Diâmetro
Raio de
curvatura
Nº
Reynolds
∆P loc
(extrapolação)
∆P
(cálculo de λ)
ζ curva
(total) ζ =λ*L/D
Malha G 17732 200 200 0.01 0.000109 0.0005 16399.7554 3200
Malha G 17732 200 200 0.1 0.0006 0.0055 1784.8051 352
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
51
Malha G 17732 200 200 0.5 0.0021 0.0274 354.5249 70.144
Malha G 17732 200 200 1 0.0048 0.0549 177.7755 35.136
Malha G 17732 200 200 2 0.009 0.11 88.5843 17.6
Malha G 17732 200 200 5 0.0153 0.2752 35.5336 7.0451
Malha G 17732 200 200 10 0.00066 0.5501 17.6614 3.5206
Malha G 17732 200 200 50 1.5917 2.8633 3.8804 0.733
Malha G 17732 200 200 100 8.0402 6.6987 2.4077 0.4287
Nº células Diâmetro Raio de
curvatura
Nº
Reynolds
∆P loc
(extrapolação)
∆P
(cálculo de λ)
ζ curva
(total) ζ =λ*L/D
Malha H 17732 200 150 0.01 0.0000057 0.0005 21410.4302 3200
Malha H 17732 200 150 0.1 0.00115 0.0055 2389.9409 352
Malha H 17732 200 150 0.5 0.0053 0.0274 475.7008 70.144
Malha H 17732 200 150 1 0.0108 0.0549 238.3422 35.136
Malha H 17732 200 150 2 0.0212 0.1100 119.353 17.6
Malha H 17732 200 150 5 0.0434 0.2752 47.6526 7.0451
Malha H 17732 200 150 10 0.0465 0.5499 23.6759 3.5194
Malha H 17732 200 150 50 1.8809 2.8620 5.1387 0.7327
Malha H 17732 200 150 100 10.546 6.7147 3.2103 0.4297
Nº células Diâmetro Raio de
curvatura
Nº
Reynolds
∆P loc
(extrapolação)
∆P
(cálculo de λ)
ζ curva
(total) ζ =λ*L/D
Malha I 17732 200 100 0.01 0.0000977 0.0005 32414.5508 3200
Malha I 17732 200 100 0.1 0.00182 0.0055 3589.4502 352
Malha I 17732 200 100 0.5 0.0083 0.0274 714.2979 70.144
Malha I 17732 200 100 1 0.0168 0.0549 357.855 35.136
Malha I 17732 200 100 2 0.0325 0.1099 179 17.584
Malha I 17732 200 100 5 0.0689 0.2752 71.5575 7.0451
Malha I 17732 200 100 10 0.0835 0.5497 35.56 3.5181
Malha I 17732 200 100 50 2.5737 2.862 7.6795 0.7327
Malha I 17732 200 100 100 15.2761 6.744 4.8187 0.4316
Nº células Diâmetro
Raio de
curvatura
Nº
Reynolds
∆P loc
(extrapolação)
∆P
(cálculo de λ)
ζ curva
(total) ζ =λ*L/D
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
52
Malha J 17732 200 50 0.01 0.0001 0.0005 64507.468 3200
Malha J 17732 200 50 0.1 0.00239 0.0055 7137.1015 352
Malha J 17732 200 50 0.5 0.0111 0.0274 1421.1973 70.144
Malha J 17732 200 50 1 0.0226 0.0549 712.0104 35.136
Malha J 17732 200 50 2 0.0435 0.1099 356.1901 17.584
Malha J 17732 200 50 5 0.08977 0.2751 142.4128 7.0426
Malha J 17732 200 50 10 0.10060 0.5493 70.8383 3.5155
Malha J 17732 200 50 50 3.6442 2.8627 15.1664 0.7329
Malha J 17732 200 50 100 19.9518 6.7967 9.3637 0.435
Nº células Diâmetro Raio de
curvatura
Nº
Reynolds
∆P loc
(extrapolação)
∆P
(cálculo de λ)
ζ curva
(total) ζ =λ*L/D
Malha K 17732 200 25 0.01 0.0001 0.0005 128629.572 3200
Malha K 17732 200 25 0.1 0.0025 0.0055 14194.053 352
Malha K 17732 200 25 0.5 0.0127 0.0274 2828.8018 70.144
Malha K 17732 200 25 1 0.1764 0.0549 1465.2871 35.136
Malha K 17732 200 25 2 0.0473 0.1099 708.8451 17.584
Malha K 17732 200 25 5 0.0949 0.275 283.4958 7.04
Malha K 17732 200 25 10 0.09130 0.549 141.1761 3.5136
Malha K 17732 200 25 50 4.7486 2.864 30.0061 0.7332
Malha K 17732 200 25 100 24.4545 6.8367 18.3268 0.4375
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
53
Graf.28- Componentes da velocidade (Vy) numa malha com Rcurvatura=50 e
Rey=100
Graf.29- Componentes da velocidade (Vy) numa malha com Rcurvatura=50 e
Rey=100
-0,10
0,10
0,30
0,50
0,70
0,90
1,10
-3,5
0
-3,5
0
-3,5
0
-3,5
0
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
8
-3,4
8
Vel
oci
dad
e (
m/s
)
Perfil de velocidade - curva ( V'y )
-0,1
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
-3,5
0
-3,5
0
-3,5
0
-3,5
0
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
9
-3,4
8
-3,4
8
Vel
oci
dad
e (
m/s
)
Perfil de velocidade - curva ( V'x )
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
54
Tab.9- Dados recolhidos referentes ao caso tridimensional
Fig - Diagrama de moody
Nx;Ny;Nz ( curva )
Nº células total
Diâmetro conduta
Raio de curvatura
Nº Reynolds
Velocidade ∆ Pressão
ζ M ζ f ζ total ζ =λ*L/D
Malha Z.1
7 ; 7 ; 7 6076 200 ( mm ) 50 ( mm ) 10 0.025 ( m/s ) 0.9609 3.0749 0.5332 3.5981 0.4704
Malha Z.2
15 ; 15 ; 7 16380 200 ( mm ) 50 ( mm ) 10 0.025 ( m/s ) 1.0438 3.3402 0.5496 3.8898 0.4941
Malha Z.3
15 ; 15 ; 15 35100 200 ( mm ) 50 ( mm ) 10 0.025 ( m/s ) 0.7308 2.3386 0.4976 2.8362 0.4474
Malha Z.4
21 ; 21 ; 15 56700 200 ( mm ) 50 ( mm ) 10 0.025 ( m/s ) 0.2046 0.6547 0.121 0.7757 0.1088
Malha Z.5
31 ; 31 ; 15 102300 200 ( mm ) 50 ( mm ) 10 0.025 ( m/s ) 0.2189 0.7005 0.1239 0.8244 0.1114
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
55
Fig - Escoamento em camada-limite com gradiente de pressão.
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
56
Fig - Valores tabelados de perdas localizadas de algumas curvas
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
57
Fig - Subdomínio do domínio bidimensional
Fig - Valores de perda de carga para diferentes geometrias de curvas
Estudo numérico do escoamento de fluidos newtonianos num canal bidimensional com curvatura
58
Reynolds=5
Reynolds=10
0,27495
0,275
0,27505
0,2751
0,27515
0,2752
0,27525
0,2753
0,27535
00,0050,010,0150,020,0250,030,0350,040,045
∆ P
ress
ão
1/Raio curvatura
0,5488
0,549
0,5492
0,5494
0,5496
0,5498
0,55
0,5502
0,5504
0,5506
00,0050,010,0150,020,0250,030,0350,040,045
∆ P
ress
ão
1/Raio curvatura
∆
∆Pressão
Raio de
curvatura
1 / Raio de
curvatura
0.5504 750 0.001333333
0.5503 500 0.002
0.5501 200 0.005
0.5499 150 0.006666667
0.5497 100 0.01
0.5493 50 0.02
0.549 25 0.04
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