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Sinais e Sistemas - 1
Rogério Largo – Setúbal 1999 1
Transformada de Laplace
A Transformada de Laplace é uma importante ferramenta para a
resolução de equações diferenciais. Também é muito útil na representação e análise de sistemas.
É uma transformação que faz um mapeamento do domínio do tempo para o domínio S com s = σ+jw (complexo).
A transformada de Laplace existe em duas variantes: unilateral e bilateral. A transformada unilateral é útil na análise de sistemas com condições iniciais. A transformada bilateral tem uso para estudar certas características dos sistemas.
A principal aplicação da transformada de Laplace no âmbito da engenharia é a análise de resposta temporal e da estabilidade de sistemas.
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Rogério Largo – Setúbal 1999 2
Definição
Seja est uma exponencial complexa. s = σ+jw é uma frequência complexa. Podemos escrever est como um sinal de valor complexo:
est = eσt cos(wt) + j eσt sin(wt)
A parte real de est é um coseno exponencialmente amortecido e a parte
imaginária um seno exponencialmente amortecido (assumindo σ negativo).
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Transformada de Laplace bilateral:
( ) ( ) stX s x t e dt∞ −
−∞= ∫ Transformada de Laplace (bilateral)
Transformada de Laplace unilateral:
Sinais causais têm uma origem em tempo finito o qual pode ser assumido como sendo a origem: [x(t)=0, t=0].
Neste caso pode redefinir-se a transformada de Laplace como unilateral.
0( ) ( ) stX s x t e dt
∞ −= ∫ Transformada de Laplace (unilateral)
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Condições de existência: Para que a transformada de Laplace exista é necessário que o integral
convirja. Isto é garantido se:
( ) tx t e dtσ∞ −
−∞≤ ∞∫
Isto é, x(t)e-σt tem de ser absolutamente integrável. Região de Convergência (ROC):
Valores de σ para os quais o transformada de Laplace converge. Sendo esta condição expressa em termos da parte real de s=σ+jw, ela estabelece como região de convergência um semi plano à direita de uma recta vertical : Re{s} > σ0.
σ0
S
0
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Rogério Largo – Setúbal 1999 5
Transformada inversa de Laplace:
A transformada inversa de Laplace de X(s) é dada por:
1( ) ( )2
stx t X s e dsj
σ
σπ+∞
−∞= ∫ Transformada inversa de Laplace bilateral
=> resolução através da expansão em fracções parciais e tabelas!!!!
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Rogério Largo – Setúbal 1999 6
Transformada de Laplace de funções básicas Função exponencial:
x(t)=e-at u(t) , a real
( ) ( )( )
( )0 0
0
s a tat st s a t eX s e e dt e dt
s a
∞− +∞ ∞− − − += = =− +∫ ∫ s=σ+jw ⇒ s+a=(σ+a)+jw
( ) ( )( )
0
1a t jwte es a s a
σ ∞− + −
= =− + + ;
ROC: Re{s} > -a .
Notar que |ejwt|=1 e para que -( )lim 0s a t
te +
→∞= , terá de ser
σ+a >0 , logo: σ >- a (ROC)
-aS
0
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Rogério Largo – Setúbal 1999 7
Função salto unitário:
x(t) = u(t) ( )0
11. stX s e dts
∞ −= =∫ , Re(s)>0 Função rampa unitária
x(t) = t u(t) ( ) 20
1. stX s t e dts
∞ −= =∫ , Re(s)>0
integração por partes: ´ ´fg fg f g= −∫ ∫ Função sinusoidal
x(t) = sen(wt).u(t)
2 20 0( ) ( )
2
jwt jwtst ste e wX s sen wt e dt e dt
j s w
−∞ ∞− −−= = =
+∫ ∫ , Re{S}>0 Analogamente, obtém-se para a função coseno: x(t) = sen(wt).u(t),
→ 2 2( ) sX ss w
=+
Sinais e Sistemas - 8
Rogério Largo – Setúbal 1999 8
Tabelas de Transformadas de Laplace Tabela – Transformada de Laplace de funções elementares
Função temporal
x(t) Transformada de Laplace X(s) Notas
δ(t) 1 Impulso
u(t) 1s Salto unitário Re(s)>0
tu(t) 21s Rampa Re(s>0)
e-atu(t) 1
s a+ Exponencial Re{s}>-a
te-atu(t) 2
1( )s a+ Re{s}>-a
Sinais e Sistemas - 9
Rogério Largo – Setúbal 1999 9
tn e-atu(t) ( ) 1 nn
s a +
↓
+ Re{s}>-a
sen(w0t)u(t) 0
220
ws w+ Seno Re(s)>0
cos(w0t)u(t) 220
ss w+ Coseno Re(s)>0
e-atsen(w0t)u(t) ( )0
2 20
ws a w− +
Seno amortecido Re{s}>-a
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Rogério Largo – Setúbal 1999 10
Propriedades da transformada de Laplace
Com base nas transformadas de funções simples obtidas de tabelas e nestas propriedades é possível uma um grande de transformadas de outras funções relacionadas com aquelas. i) Linearidade: x1(t) TL→X1(s), Roc=R1 ; x2(t) TL→X2(s), Roc=R2
=> ( ) ( ) ( ) ( )1 1 2 2 1 1 2 2a a a + aTLx t x t X s X s+ → , RoC = R1∩ R2
ii) Deslocação no tempo: x(t) TL→ X(s), RoC = R
=> ( ) 0
0 ( )TL stx t t e X s−− → , RoC = R Mudança de variável: τ = t-t0 :
( ) ( )0 0 0
0( ) ( ) ( )s t st stst sx t t e dt x e d e x e d e X sτ ττ τ τ τ∞ ∞ ∞− + − −− −
−∞ −∞ −∞− = = =∫ ∫ ∫
Sinais e Sistemas - 11
Rogério Largo – Setúbal 1999 11
iii) Translação em S (modulação): x(t) TL→ X(s), RoC = R Então: ( ) ( )0
0TLs te x t X s s→ − , RoC = R+ Re{S0}
iv) Escalamento no tempo: x(t) TL→ X(s), RoC = R
Então: ( ) 1aa a
TL sx t X → , RoC = a
R
v) Derivada no tempo: x(t) TL→ X(s), RoC = R1
Então: ( ) ( )TLdx t
sX sdt
→ , RoC contém R1 Nota: No caso da transformada de Laplace unilateral aparecem as condições iniciais x(0+), pois x(t) tem início em t = 0.
( ) ( ) ( )0TLdx t
sX s xdt
+→ −
Sinais e Sistemas - 12
Rogério Largo – Setúbal 1999 12
vi) Derivada em S (no domínio S): x(t) TL→ X(s), RoC = R
Então: ( )( ) TL dX s
tx tds
− → , RoC = R
vii) Integração no tempo: x(t) TL→ X(s), RoC = R
Então: ( ) ( )1t TLx d X ss
τ τ−∞
→∫ , RoC contém R∩ Re(s)>0 viii) Convolução: x1(t)
TL→ X1(s), RoC =R1;
x2(t)TL→ X2(s), RoC =R2
=> ( ) ( ) ( ) ( )1 2 1 2TLx t x t X s X s∗ → ⋅ , RoC contém R1∩ R2
Nota: O símbolo ∗ indica a operação de convolução que se define pelo
seguinte integral: ( ) ( ) ( ) ( )1 2 1 2t
x t x t x x t dτ τ τ−∞
∗ = ∗ −∫
Sinais e Sistemas - 13
Rogério Largo – Setúbal 1999 13
ix) Valor Inicial e Valor Final:
Admite-se que x(t)=0 , t<0 e que não contém impulsos na origem.
( ) ( )0 lims
x sX s+
→∞= Resultado do teorema do valor inicial.
( ) ( )
0lim limt s
x t sX s→∞ →
= Resultado do teorema do valor final.
Estes dois resultados são muitos úteis pois, sem necessidade de conhecer a expressão temporal de x(t), permitem saber os seus valores iniciais e finais a partir da sua transformada de Laplace.
Sinais e Sistemas - 14
Rogério Largo – Setúbal 1999 14
Tabela - Propriedades da Transformada de Laplace
Função temporalx(t)
Transformada de Laplace X(s) Notas
x(t); y(t) X(s); Y(s) a1x(t) + a2y(t) a1X(s) + a2Y(s) Linearidade x(t-t0) exp(-s t0)X(s) Deslocamento no tempo t0>0
x(at) 1a a
sX Escalamento no tempo a>0
eatx(t) X(s-a) Modulação tn x(t) ( ) ( ) -1
nn
n
d X sds n>0, e inteiro
( )dx tdt sX(s) - x(0) Derivação
( )n
n
d x tdt
snX(s) - sn-1x(0) -sn-2x(1)(0) -...- Derivação
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Rogério Largo – Setúbal 1999 15
x(n-1)(0)
( )t
x dτ τ−∞∫
( )X ss Integração
( ) ( )x t y t∗ X(s)Y(s) Convolução x(0) ( )lim
ssX s
→∞ Teorema do valor inicial
x(∞) ( )0
lims
sX s→ Teorema do valor final
Sinais e Sistemas - 16
Rogério Largo – Setúbal 1999 16
Transformada inversa de Laplace Método da expansão em fracções simples
Assume-se que a transformada de Laplace está representada por uma
razão de polinómios, o que ocorre sempre para as funções que nos interessam no âmbito da engenharia.
( )( ) ( )1 1
1 1 0 1 1 01
1 11 1 0
... ...( )( )( ) ......
m m m mm m m m
n nn nn
b s b s b s b b s b s b s bN sX sD s s p s p s ps a s a s a
− −− −
−−−
+ + + + + + + += = =
− − −+ + + + Também poderíamos factorizar o numerador. Obteríamos m raízes que
seriam os zeros (zi´s). As raízes do polinómio denominador são os pólos (pi´s) de X(s) e são em número de n.
Em geral n>m isto é há mais pólos que zeros pelo que X(s) pode ser escrito como uma soma de termos em cujo denominador apenas existe um pólo (fracções simples):
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Rogério Largo – Setúbal 1999 17
( ) ( ) ( ) ( )1 2
1 2...
n
A A AnX ss p s p s p
= + + +− − −
Ak é o resíduo de X(s) no pólo pk. ( ) ( )
( )k
k ks p
N sA s pD s =
= − Das tabelas de transformadas: k TLp t kk
k
AA es p
←→−
Desta forma a inversão de cada uma das fracções simples é imediata. Estes resultados aplicam-se apenas a situações em que os pólos são todos diferentes (pi≠pj se i≠j). Exemplo 1: Obter x(t) a partir da sua transformada de Laplace X(s)
( ) ( )( )( )31 25 3
1 2 3 1 2 3As A AX s
s s s s s s+
= = + ++ + + + + +
Os resíduos nos pólos {-1;-2;-3} obtém-se da seguinte maneira:
( )1 1A s= +( )
( )5 3
1s
s+
+ ( )( ) ( )( )1
5 3 11 2 1 32 3
ss s
=−
− + = = −− + − + + +
( )
( )( )22
5 3 7 71 3 1
s
sA
s s=−
+ −= = = + + −
( )
( )( )33
5 3 12 61 2 2
s
sA
s s=−
+ −= = = − + +
Então X(s) expandido em fracções simples e a sua transformada inversa são:
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Rogério Largo – Setúbal 1999 18
( )1 2 31 7 6 ( ) 7 6 ( )
1 2 3TL t t tX s x t e e e u t
s s s− − − −− − == + + → = − + − + + +
Pólos de ordem múltipla Caso existam pólos de ordem superior à primeira (vários pólos iguais) aparecem no denominador da função termos do tipo (s+si)r. O procedimento a seguir apresenta-se no exemplo seguinte: Exemplo 2: ( )
( )( )( ) ( ) ( ) ( )1 2 1 2
11 2 31 2 3 3 3
( ) ... rr r r
N s A A B B BX ss s s s s ss s s s s s s s s s −
= = + + + + +
+ + ++ + + + +
Os resíduos A1 e A2 Correspondem a pólos simples e obtém-se da forma já vista no exemplo anterior. O pólo com multiplicidade r tem r resíduos que se calculam da seguinte forma:
( )3
1 3( ) r
s sB X s s s
=− = + Notar que ( )( ) ( )( )3
1 2
( )r N sX s s ss s s s
+ =+ +
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( )3
2 3( ) r
s s
dB X s s sds =−
= + ( )
3
2
3 321 ( )2
r
s s
dB X s s sds =−
= + ........
( ) ( )3
1
311 ( )
1 !
rr
r r s s
dB X s s sr ds
−
− =− = + −
Expressão genérica para os resíduos. Exemplo 3: Obter a transformada inversa de X(s)
( )( ) ( ) ( ) ( ) ( )
31 2 1 23 3 21
2 11 2 1 1BA A B BX s
s s ss s s s s= = + + +
+ ++ + + +
( ) ( )1 30
1 121 2
s
As s
=
= =
+ + ;
( )2 32
1 121
s
As s
=−
= =
+
Pólo triplo S3=-1 ⇒ ( )( ) ( )3 11
2X s s
s s+ =
+. Assim os resíduos B1, B2 e B3 viram:
( )11
1 1 12 1
s
Bs s
=−
= = = − + −
( ) ( )2 22
11
1 (2 2) 0 02 12s
s
d sBds s s s s=−
=−
− += = = = + +
Notar que ( ) 2
1 12 2s s s s
=+ +
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Rogério Largo – Setúbal 1999 20
( )( )
( )( ) ( ) ( )( )
( )
2
3 2 221
1
22 2
42
1
2 21 1 12 2 2 2
2 2 2 2 2 2 2 21 22 2
ss
s
sd dBs s dsds s s
s s s s s s
s s
=−=−
=−
− + = = = + +
− + + + + + = − +
A expansão em fracções simples e a transformada inversa vem:
( ) ( ) ( ) )(221
21
21)(
12
10
11
22
12
1)( 22
23
1
tueetetxsssss
sX tttTL
−++=→
+−
++
++−
++
+= −−−− Nota: 1) Pólos complexos conjugados ocorrem em pares complexos conjugados: S1⇒ S1
* Na expansão em fracções simples, os resíduos A1 e A1* também são complexos conjugados: Exemplo:
[ ] )()()())((
)( *11
1 *11*
1
*1
1
1*
11
tueAeAss
Ass
Assss
sN tstsTL −− +→+
++
=++
− De salientar que o sinal temporal também é real uma vez que se trata da soma de complexos conjugados.
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Rogério Largo – Setúbal 1999 21
Nota: 2) Aplicação da transformada de Laplace à resolução de equações diferenciais: Tomando a equação diferencial seguinte com as condições iniciais dadas:
=′−=
=++2)0(1)0(
)(5)(2)(3)(2
2
xx
tutxdt
tdxdt
txd Aplicando transformada de Laplace a ambos os membros:
2 5( ) (0) (0) 3 ( ) 3 (0) 2 ( )S X S Sx x SX S x X SS
′− − + − + = ⇔ ( )S
SSXSS 51)(232 +−−=++ Então: ( )23
5)( 2
2
+++−−
=SSSSSSX
Para obter a expressão temporal de x(t) é só calcular a transformada inversa.