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UNIVERSIDADE DE CUIABÁ
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS
RELAÇÃO ENTRE A PROFUNDIDADE ÓTICA DOS
AEROSSÓIS E A RADIAÇÃO SOLAR INCIDENTE EM ÁREA
DO CERRADO MATO-GROSSENSE
ROSEMERY DUTRA
Orientadora: Profª. Drª. Franciele Bomfiglio Santanna
Cuiabá – MT
Junho de 2015
UNIVERSIDADE DE CUIABÁ
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS
RELAÇÃO ENTRE A PROFUNDIDADE ÓTICA DOS
AEROSSÓIS E A RADIAÇÃO SOLAR INCIDENTE EM ÁREA
DO CERRADO MATO-GROSSENSE
ROSEMERY DUTRA
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciências Ambientais da
Universidade de Cuiabá, como parte dos
requisitos para obtenção do Título de
Mestre em Ciências Ambientais.
Orientadora: Profª. Drª. Franciele Bomfiglio Santanna
Cuiabá - MT
Junho de 2015
FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP) Bibliotecária: Elizabete Luciano/CRB1-2103
D975r Dutra, Rosemery Relação Entre a Profundidade Ótica dos Aerossóis e a Radiação
Solar Incidente em Área do Cerrado Mato-Grossense./Rosemery
Dutra. Cuiabá-MT, 2015. 49p. Inclui Lista de Figuras.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Universidade de Cuiabá – UNIC, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências Ambientais.
Orientador: Profª Drª Franciele Bomfiglio Santana
1.Introdução. 2.Revisão Bibliográfica. 3.Materiais e Métodos. 4. Resultados e Discussões. 5.Considerações Finais. 6.Referências Bibliográficas.
CDU: 34:551
UNIVERSIDADE DE CUIABÁ
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS
FOLHA DE APROVAÇÃO
TíTULO: RELAÇÃO ENTRE A PROFUNDIDADE OTICA DOS
AEROSSÓIS E A RADIAÇÃO SOLAR INCIDENTE EM ÁREA DO
CERRADOMATO-GROSSENSE
AUTORA: ROSEMERY DUTRA
Dissertação defendida e aprovada em 22 de junho de 2015, pela comissão julgadora:
Pro....Dr", Franciele BomfiglioSantanna
/. Dr. Paulo Henrique Zanella de Arruda
“A natureza é o único livro que oferece um
conteúdo valioso em todas as suas folhas”
Johann Goethe
AGRADECIMENTOS
A minha orientadora, Franciele Bomfiglio Santanna.
Ao professor e coordenador Dr. Carlo Ralph de Musis, pela disposição, paciência e
orientação nos momentos de dúvidas.
A todos os professores do programa, pela amizade, pela dedicação e pela flexibilidade
nos momentos de angustias.
Ao Paulo Henrique Zanella de Arruda pela disposição em ajudar nas horas difíceis.
Ao Jonathan Willian Zangeski Novais por suas contribuições.
A Mariana Dutra Sulzbacher, minha filha, que participou comigo desses momentos.
Ao João Batista Sulzbacher, pela companhia e paciência com a nossa filha nos
momentos da minha ausência.
As minha amigas, professoras Rozana Castilho, Márcia Aparecida Nassardem de
Abreu e Renata Cabrera pelo incentivo e confiança.
Ao professor Celso Ricardo pela boa vontade, disposição e orientação.
A todos os meus familiares por acreditarem na minha capacidade.
A todos os mestrandos que juntos fortalecemos laços de amizade e partilha daquilo
que era objetivo de todos, “o conhecimento”.
Aos meus alunos por compartilharem comigo das minhas alegrias.
Ao Professor Paulo Artaxo, seus colaboradores e equipe da Física Atmosférica – USP.
À todas as pessoas que contribuíram direta e indiretamente com a produção deste
trabalho, MUITO OBRIGADA.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................... VII
LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................... VIII
LISTA DE SÍMBOLOS .............................................................................................. X
RESUMO .................................................................................................................. XII
ABSTRACT ............................................................................................................ XIII
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1
OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 2
OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................ 2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 3
2.1 ATMOSFERA TERRESTRE ................................................................. 3
2.2 RADIAÇÃO SOLAR ............................................................................. 4
2.2.1 O ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO .......................................................... 5
2.2.3 EFEITOS DA RADIAÇÃO NA ATMOSFERA ................................................ 8
2.3 BALANÇO DE RADIAÇÃO ............................................................... 10
2.3.1 BALANÇO DE ONDAS CURTAS (BOC) ................................................ 10
2.3.2 BALANÇO DE ONDAS LONGAS (BOL) .................................................. 11
2.3.3 PAR (PHOTOSYNTHETICALLY AVAILABLE RADIATION) – RADIAÇÃO
FOTOSSINTETICAMENTE ATIVA .............................................................................. 12
2.4 AEROSSOIS ATMOSFÉRICOS ......................................................... 13
2.4.1 EFEITOS DOS AEROSSÓIS NO CLIMA .................................................... 14
2.4.2 CLASSIFICAÇÃO, RESIDÊNCIA E REMOÇÃO DOS AEROSSÓIS DA
ATMOSFERA............................................................................................................. 15
2.4.3 AOD (AEROSSOL OPTICAL DEPTH) – PROFUNDIDADE ÓTICA DO
AEROSSOL ............................................................................................................ 16
2.5 A QUEIMA DE BIOMASSA ........................................................................ 18
2.6 O CERRADO MATO-GROSSENSE................................................... 20
3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 22
3.1 ÁREA DE ESTUDO ............................................................................. 22
3.2 INSTRUMENTOS E MEDIDAS ......................................................... 23
3.3 FOCOS DE QUEIMADAS .................................................................. 27
3.4 REGRESSÃO LINEAR ....................................................................... 27
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................... 29
4.1 CARACTERÍSTICAS MICROMETEOROLÓGICAS DO PERÍODO DE ESTUDO .. 29
4.2 SÉRIES TEMPORAIS DA PROFUNDIDADE ÓPTICA DOS AEROSSÓIS E FOCOS DE
QUEIMADAS ............................................................................................................. 33
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 39
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 40
vii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Esquema representativo da atenuação da radiação eletromagnética em
um meio homogêneo.
FIGURA 2 – Micrografia de uma partícula de aerossol atmosférico composta de Al,
Si e Ca.
FIGURA 3 – Média anual acumulada dos focos de queimadas em MT de 01/01/2001
a 16/09/2016.
FIGURA 4 – Localização da Fazenda Miranda em Cuiabá-MT.
FIGURA 5 – Torre Micrometeorológica Instalada na Fazenda Miranda.
FIGURA 6 – Radiômetro espectral instalado na Fazenda Miranda – Cuiabá-MT.
FIGURA 7 – Média quinzenal da intensidade de Rg e RNET para as estações seca e
chuvosa para os anos de 2010, 2011 e 2012.
FIGURA 8 – Média de quinze dias da Tar e UR para as estações seca e chuvosa para
os anos de 2010, 2011 e 2012.
FIGURA 9 – Média quinzenal da US e Ppt acumulada para as estações seca e chuvosa
para os anos de 2010, 2011 e 2012.
FIGURA 10 – Dia médio mensal da densidade do fluxo de radiação solar para os anos
de 2010, 2011 e 2012 para as estações seca e chuvosa.
FIGURA 11 – Média diária da AOD e quantidade total mensal dos focos de queimadas
para as estações seca e chuvosa para os anos 2010, 2011 e 2012.
FIGURA 12 – Regressão Linear entre a média diária da AOD e a Rg máxima diária
para os anos de 2010, 2011 e 2012.
FIGURA 13 – Regressão Linear entre a média diária da AOD e o somatório da
radiação fotossinteticamente ativa diária para os anos de 2010, 2011 e 2012.
FIGURA 14 – Histograma de distribuição de frequência e contagem cumulativa de
AOD na estação seca para os anos de 2010, 2011 e 2012.
viii
LISTA DE ABREVIATURAS
AERONET - Aerosol Robotic Network
AOD - Aerosol Optical Depth
Aw - Tropical semi-árido
BOC – Balanço de Ondas curtas
BOL – Balanço de Ondas longas
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INMET- Instituto Nacional de Meteorologia
INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IV – Radiação infravermelha
Km – Quilômetro
Km² - Quilômetro quadrado
m – Metro
mm – Milímetro
MT – Mato Grosso
NASA - National Aeronautics and Space Administration
NCG - Núcleos de Condensação de Gelo
NCN - Núcleos de Condensação de Nuvens
nm – Nanômetro
PAR - Photosynthetically Available Radiation
PI - Partículado Inalável
PM10 - Partículas com diâmetro aerodinâmico menor que 10 µm
PM2,5 - Partículas com diâmetro aerodinâmico menor que 2,5 µm
Ppt – Precipitação pluviométrica
PTS - Partículas Totais em Suspensão
RC – Radiação difusa
Rd – Radiação direta
Rg – Radiação global
Rgi – Radiação global incidente
ix
RI0 - Radiação solar incidente
RNET - Radiação solar líquida
UR –Umidade Relativa do ar
UV – Radiação ultravioleta
m – Micrometro
x
LISTA DE SÍMBOLOS
Al – Alumínio
besp,λ – Coeficientes de espalhamento
bext,λ – Coeficientes de extinção
Bλ(T) – Radiância espectral emitida
c – Velocidade da luz no vácuo
Ca - Cálcio
CH4 – Metano
CO – Monóxido de carbono
CO2 – Dióxido de carbono
ds – Caminho
E – Emitância radiante total de um corpo negro
Ea - Emitida pela atmosfera
Es - Emitida pelo sol
G – Fluxo de calor no solo
h – Constante de Planck
H – Hidrogênio
H2O – Vapor de água
He - Hélio
I – Irradiância
IN – Irradiância na superfície normal
L – Radiância espectral
N2 – Nitrogênio
N2O – Oxido nitroso
O2 – Oxigênio
ºC – Graus Celsius
P(Função de Fase
r – Coeficiente de refletância
Si – Silício
T - Temperatura
xi
T(K) – Temperatura do corpo negro
Tar - Temperatura do ar
Tsolo - Temperatura do solo
Tsup- Temperatura da superfície
x – Parâmetro de tamanho
Z – Ângulo zenital
θ0 – Ângulo solar zenital
λmax – Onda de emissão máxima
τabsEspessura ótica de absorção de aerossóis
τespEspessura ótica de espalhamento de aerossóis
τEspessura ótica de extinção
ω0 – Albedo simples
– Coeficiente de Angstrom
Fração de retro espalhamento
absProfundidade ótica de absorção
espProfundidade ótica de espalhamento
Profundidade ótica de extinção
Energia de um fóton
Emissividade
– Comprimento de onda
Constante de Stefan - Boltzmann
Frequência de oscilação de onda
xii
RESUMO
DUTRA, R. Relação entre a profundidade ótica dos aerossóis e a radiação solar
incidente em área do Cerrado Mato-Grossense. 62 f. Dissertação (Mestrado).
Universidade de Cuiabá, Cuiabá, 2015.
O Cerrado tem passado por mudanças significativas na última década devido ao
intenso processo de desmatamento. Neste processo as queimadas são as principais
causas das alterações na composição química e física da atmosfera e também
responsáveis por grandes concentrações de gases e partículas em toda a região do
Cerrado em Mato Grosso, principalmente durante a estação seca. Além das fontes
antropogênicas, naturalmente o Cerrado também é uma importante fonte de aerossóis,
vapor d’água e gases traço para a atmosfera. Como a biosfera e a atmosfera estão
intrinsecamente relacionadas, as emissões de aerossóis e gases traços pela biosfera
regulam as características da atmosfera, que por sua vez influenciam diversos
processos biológicos responsáveis por estas emissões. Entender os processos naturais
que regulam a composição da atmosfera é fundamental para o desenvolvimento
sustentável da região. O objetivo deste estudo é compreender a relação entre a
profundidade ótica dos aerossóis e a radiação solar incidente em área de Cerrado em
MT. Para isto utilizamos dados de AOD coletados de jan/2010 a dez/2012, analisados
em função da sazonalidade local, obtidos através da rede AERONET (Aerosol Robotic
Network). Comparando a AOD e focos de queimadas, nas duas estações para todos os
anos, foi possível encontrar valores altos de AOD essencialmente nas estações secas,
chegando a uma média de 3,8 em 2010. Estes altos valores correspondem a uma
quantidade significativa de particulados na atmosfera, e estão relacionados com os
altos índices de queimadas no estado de MT que influencia na quantidade de radiação
que é recebida pela superfície terrestre e que consequentemente altera o balanço de
energia no local.
Palavras-Chaves: Aerossóis, Balanço de radiação, Queimadas.
xiii
ABSTRACT
DUTRA, R. Relationship between the optical depth of aerosols and solar radiation
in Mato Grosso’s Cerrado area. 49 f. Dissertação (Mestrado). Universidade de
Cuiabá, Cuiabá, 2015.
The Cerrado has undergone significant changes over the past decade due to the intense
process of deforestation. In this process the fires are the main causes of changes in
chemical and physical composition of the atmosphere and responsible for large
concentrations of gases and particles throughout the Cerrado region in Mato Grosso,
especially during the dry season. In addition to anthropogenic sources, naturally the
Cerrado is also an important source of aerosols, water vapor and trace gases to
atmosphere. As the biosphere and the atmosphere are intrinsically, related emissions
of trace gases and aerosols biosphere regulate the characteristics of the atmosphere,
which in turn influences diverse biological processes responsible for these emissions.
Understand the natural processes governing the composition of the atmosphere is
essential for sustainable development of the region. The objective of this study is to
understand the relationship between the optical depth of aerosols and solar radiation
in Cerrado area in MT. For this, we use AOD data collected from Jan/ 2010 to Dec /
2012, analyzed in terms of local seasonality, and obtained through the network
AERONET (Aerosol Robotic Network). Comparing AOD and fire outbreaks in the
two seasons for all years, it was possible to find high levels of AOD mainly in the dry
season, reaching an average of 3.8 in 2010. These high figures are a significant amount
of particulates in atmosphere, and are related to the high rates of fires in Mato Grosso
state that influences the amount of radiation that is received by the Earth's surface and
consequently alters the energy balance in place.
Keywords: Aerossols, Energy balance, Burned.
1
1. INTRODUÇÃO
Todos os dias são lançados na atmosfera gases poluentes por fontes naturais ou
antropogênicas que vêm modificando extensivamente o funcionamento de vários
ecossistemas pelo mundo. Essas modificações são causadas na maioria das vezes pela
exploração dos recursos naturais, transformações agrícolas e desenvolvimento urbano
e industrial.
O cerrado é um dos biomas mais afetado pelas atividades antropogênicas a
partir da queima de biomassa e dos processos de ocupação da terra, grandes áreas do
Cerrado são desmatadas para dar lugar principalmente a agropecuária, causando
alterações no equilíbrio ambiental. Essas alterações ambientais provocadas pela
concentração de gases e partículas alteram a composição do ar atmosférico causando
efeitos negativos a saúde das pessoas.
As queimadas liberam para o ar partículas de aerossóis e essas partículas
interagem com a radiação solar afetando o balanço de energia bem como alterando o
ciclo hidrológico local. Essa alteração no ciclo hidrológico acontece pelo fato das
partículas de aerossóis se tornarem núcleo de condensação de nuvens (NCN) ou de
gelo (NCG). Uma vez lançadas na atmosfera, as partículas de aerossóis podem ser
transportadas para a alta troposfera por meio de movimentos convectivos, podendo
alcançar outras regiões, afetando ecossistemas e o clima a uma escala regional e global.
A alta concentração de poluentes na atmosfera tem sido preocupação para os
pesquisadores porque as partículas em suspensão no ar, além de afetar a dinâmica dos
ecossistemas, ao serem inaladas, tem a capacidade de atravessar as vias aéreas
superiores e chegam até os alvéolos no pulmão podendo provocar inúmeras doenças
do trato respiratório. As doenças do trato respiratório ocasionadas por particulados
podem ser leve, moderada ou grave, dependendo da composição química presente na
partícula e também do tempo de exposição da pessoa a esse material.
2
As partículas de aerossóis de queimadas são bastante complexas em sua
composiçõe química, porque a formação delas depende da temperatura do fogo, das
condições micrometeorológicas e também do tipo de material que está sendo
queimado, uma vez lançadas na atmosfera em meio a um fluido gasoso, essas
partículas podem se unir a outros componentes químicos presentes na atmosfera
liberados por outras fontes e formar uma nova partícula, as partículas secundárias,
ambas podem influenciam direta ou indiretamente no clima, uma vez que a energia
solar pode ser espalhada ou absorvida por elas. Tendo em vista que o cerrado é um dos
Biomas mais afetado pelas queimadas, e a dinâmica do ecossistema pode ser modificada
durante esse processo, um estudo da profundidade óptica dos aerossóis e
micrometeorologia em séries temporais no cerrado do município de Santo Antônio do
Leverger, possibilita o entendimento da interação das partículas com a atmosfera e seus
efeitos no balanço de radiação.
Objetivo Geral
Relacionar a influência dos aerossóis com a radiação global máxima e a
radiação fotossinteticamente ativa sobre a área de Cerrado para os anos de
2010, 2011 e 2012.
Objetivos Específicos
Analisar as componentes climáticas, precipitação acumulada, umidade do solo,
temperatura do ar e umidade relativa do ar;
Comparar a densidade de fluxos de radiação incidente, radiação global e
radiação líquida;
Inferir os valores das profundidades ópticas dos aerossóis nas estações seca e
chuvosa;
Demonstrar a influência das queimadas nos valores das profundidades ópticas
dos aerossóis;
Relacionar por meio de regressão linear os valores de profundidades ópticas
dos aerossóis e os valores de radiação global e PAR.
3
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Neste tópico são apresentados os principais conceitos necessários para o estudo
da radiação solar e sua interação com a atmosfera terrestre e seus componentes;
2.1 ATMOSFERA TERRESTRE
A atmosfera pode ser descrita como uma fina camada de gases que envolvem
a Terra. Ela compreende uma mistura de gases (sendo composta principalmente por
oxigênio e nitrogênio) exibindo as características principais de todos eles, o que
explica alguns dos aspectos fundamentais da estrutura atmosférica bem como muitos
aspectos do tempo e do clima (RAVEN et al., 1995).
Na atual composição da atmosfera, estão presentes gases como o nitrogênio
(78,10%) o oxigênio (21,94%), o argônio (0,93%) e o dióxido de carbono (0,03%).
Outros gases ocorrem em proporções muito pequenas e incluem o neônio, hélio,
metano, hidrogênio, xenônio e o ozônio entre outros que somados, representam menos
de 0,03% (30 ppm) da composição total da atmosfera e o vapor d`água que varia desde
0,02% (volume) nas regiões áridas até 4% (volume) nas regiões equatoriais úmidas. O
vapor d`água é o gás mais importante na atmosfera do ponto de vista de sua interação
com a radiação solar e terrestre (STEPHENS, 1994).
O vapor d’água, o ozônio, o dióxido de carbono e os aerossóis desempenham
papéis importantes na distribuição e nas trocas de energia dentro da atmosfera e entre
a superfície da Terra e da atmosfera. Contrariamente ao que se poderia esperar não há
separação dos gases leves e daqueles mais pesados da atmosfera por causa da constante
mistura turbulenta em grande escala da atmosfera. Os aerossóis e gases absorvem,
4
refletem e difundem tanto a radiação solar como a terrestre, o balanço de energia do
sistema terra – atmosfera e a estrutura da temperatura da atmosfera são grandemente
afetadas por suas quantidades e distribuições dentro da atmosfera (AYOADE, 2007).
A atmosfera é composta por cinco camadas, a partir da superfície da Terra,
sendo estruturada em três camadas relativamente quentes, separadas por duas camadas
relativamente frias.
A tropososfera é a camada mais próxima da superfície terrestre, situada até
mais ou menos 12 km de altitude. Ela contém aproximadamente 75% da massa gasosa
total da atmosfera e virtualmente a totalidade do vapor d’água e aerossóis.
A estratosfera é a segunda camada principal da atmosfera, estendendo-se desde
a troposfera até aproximadamente 50 km acima do solo. A estratosfera contém grande
parte do ozônio total atmosférico, sendo que a máxima concentração ocorre em torno
de 22 km de altitude.
A mesosfera é a camada imediatamente acima da estratosfera, e estende-se de
uma altitude de aproximadamente 50 até 80 km da superfície da Terra. Na mesosfera
a temperatura diminui com a altura até alcançar um mínimo de cerca de -90 ºC aos 80
km, situando-se na parte superior da estratosfera.
A quarta camada é a termosfera que se estende desde 80 km até uma faixa de
500 a 1000 km (o limite superior não é bem definido). Nesta camada a temperatura
aumenta com a altitude devido à absorção da radiação ultravioleta pelo oxigênio
atômico.
A exosfera é a quinta camada, a mais externa da atmosfera. Seus limites estão
situados desde o final da termosfera até o espaço sideral. Os átomos de oxigênio,
hidrogênio e hélio formam uma atmosfera muito tênue e as leis dos gases deixam de
ser válidas (AYOADE, 2007).
2.2 RADIAÇÃO SOLAR
A radiação solar é a fonte de energia para todos os processos físico-químicos e
biológicos que ocorrem na superfície terrestre (LIOU, 2002; CARRILHO, 2011).
5
O Sol é uma estrela de quinta grandeza, constituída por plasma, contendo cerca
de 71% de H e 26% de He. Sua superfície aparente é denominada fotosfera, cujo
diâmetro é aproximadamente de 1,3914 x 106 km, possui massa em torno de 1,99 x
1035 kg, da qual cerca de 90% se concentra na metade interna do seu raio. A
temperatura superficial média do Sol é de 5.770 K, entretanto, devido à pressão
exercida por sua massa colossal, a temperatura no seu núcleo é de 14.000.000 K. Essa
alta temperatura provoca o desencadeamento de reações nucleares, transformando o H
em He, por meio da fusão de núcleos de H em núcleos de He com perda de massa, que
é compensada por emissão de energia. Por ser reação que ocorre no núcleo do átomo
de H, ela é denominada radiação (LIOU, 2002; CARRILHO, 2011; PALÁCIOS, 2014)
A quantidade de radiação liberada no processo de fusão nuclear, que ocorre na
zona radioativa do Sol, a cada segundo 657 milhões de toneladas de hidrogênio são
transformadas em 653 milhões de toneladas de He, havendo uma diferença de 4
milhões de toneladas de massa de H que, nesta fusão, é convertida em radiação. A
denominação da radiação varia de acordo com a frequência e o comprimento de onda
(Raios Gama, Raios X, Radiação Ultravioleta (UV), Radiação visível (luz), Radiação
infravermelha (IV), micro-ondas, ondas de TV, ondas de rádio e frequências
extremamente baixas (THOMAS & STAMNES, 1999; PRÓCÓPIO, 2003;
PALÁCIOS 2014).
2.2.1 O ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO
A radiação eletromagnética é a oscilação conjunta do campo elétrico e do
campo magnético, ortogonais entre si e transversais à propagação da luz. Uma
consideração simplificada é, em um espaço cartesiano, assumir que a onda
eletromagnética propaga-se no eixo x devido à oscilação em y do campo elétrico e em
z do campo magnético. (LIOU, 2002; PROCÓPIO, 2003; CARRILHO,2011)
Em que o comprimento de onda (λ) e a frequência (υ) da onda eletromagnética
formam uma constante ao serem multiplicadas, esta constante é a velocidade da luz no
vácuo (c = 3x108 m.s-1). Então, com o aumento da frequência diminui o comprimento
de onda, como na Equação 1, e deste modo é possível avaliar a radiação
6
eletromagnética por estas duas grandezas (LIOU, 2002; PROCÓPIO, 2003;
CARRILHO, 2011; PALÁCIOS, 2014; RODRIGUES, 2011)
𝝀. 𝒗 = 𝒄 (Equação 1)
Em que o comprimento de onda (λ) é dado em metros (m), a frequência da onda
é dada Hertz (s-1) e a velocidade da onda eletromagnética (c) em m.s-1.
A radiação eletromagnética apresenta dualidade onda-partícula, propagando-se
como onda e trocando energia na forma de fótons. A energia dos fótons (ε) (Equação
2) está relacionada ao comprimento de onda (λ) da radiação através da equação de
Einstein:
𝜺 =𝒉𝒄
𝝀= 𝒉𝒗 (Equação 2)
Onde h = 6,626 x 10-34 J.s é a constante de Planck.
A radiação emitida pelo Sol se assemelha a de um corpo negro com temperatura
aproximada de 5900 K, suas emissões das faixas do ultravioleta, do visível, e do
infravermelho próximo, possuem um pico máximo de energia que ocorre no espectro
visível próximo a 0,5 μm. A Terra também emite radiação como um corpo negro,
porém com temperatura bem menor, por volta de 300 K, emitindo em comprimento de
ondas maiores, a partir de 4 μm, sendo que o seu pico de energia é próximo a 10 μm,
na região do infravermelho térmico. Quando o espectro solar no topo da atmosfera é
comparado com o espectro solar na superfície terrestre nota-se uma diminuição da
energia incidente na superfície em alguns comprimentos de onda.
2.2.2 AS LEIS DA RADIAÇÃO
As Leis da radiação são fundamentais para a compreensão dos processos de
emissão e absorção de energia. A quantidade de energia espectral emitida por um corpo
depende muito de sua temperatura. Existe um máximo de radiação emitida por um
corpo a certa temperatura, a esta radiação máxima denominou-se radiação de corpo
7
negro (YAMASOE, 2002). Um corpo negro perfeito é definido como um objeto que
absorve toda radiação incidente sobre ele e emite a maior intensidade possível de
radiação em todos os comprimentos de onda, a certa temperatura.
Na natureza não existem corpos negros perfeitos, mas vários objetos
apresentam comportamentos muito próximos aos deles. A radiância (energia por
unidade de tempo, por unidade de área, por unidade de ângulo sólido) emitida por um
corpo negro depende unicamente da temperatura deste corpo, numa relação descrita
pela Lei de Planck:
𝑩𝝀 = (𝑻) = 𝟐𝒉𝒄𝟐
𝝀𝟓(𝒆𝒉𝒄
𝑲𝝀𝑻−𝟏)
Equação (3)
Onde Bλ(T) é a radiância espectral emitida (W.m-2.μm-1), T é a temperatura do corpo
negro T(K) = 1,381x10-23 J .K-1 é a constante de Boltzmann. Através desta equação
verifica-se que quaisquer corpos negros a uma mesma temperatura emitem exatamente
a mesma radiação e apresentam a mesma curva espectral.
Derivando-se a Equação 3 e igualando-se o resultado a zero, determina-se
comprimento de onda de emissão máxima (λmax):
𝝀𝒎á𝒙 =𝒌
𝑻 (Equação 4)
Onde k = 2,897.10-3 mK. Nessa equação conhecida como Lei de Wien, os
comprimentos de onda da radiação de corpo negro tem seu estado de máxima
intensidade quando sua temperatura é mínima, ou seja, é inversamente proporcional à
sua temperatura. Considerando a Lei de Planck e o fato de que o Sol e a Terra podem
ser considerados corpos negros (a temperaturas de aproximadamente 5770K e 300K,
respectivamente), pode-se dizer que a maior parte da radiação emitida pelo Sol
encontra-se na faixa espectral de (0,2 e 3,0 µm) e segundo a Lei de Wien, com pico
em torno de 0,5 µm. Por este fato, a radiação solar é denominada radiação de ondas
curtas. Já a radiação terrestre, por encontrar-se na faixa de 3,0 a 200 µm, e com pico
em torno de 10 µm, é denominada radiação de ondas longas.
8
A Lei de Stefan-Boltzmann diz que a emitância radiante total de um corpo
negro é diretamente proporcional à quarta potência de sua temperatura absoluta:
𝐸 = 𝜎. 𝑇4 (Equação 5)
Onde E representa à emitância radiante total de um corpo negro, T é a sua temperatura
absoluta (Kelvin) e σ = 5,6697.10-8W.m-2.K-4 é a constante de Stefan-Boltzmann.
Para um dado comprimento de onda e uma dada temperatura, a absorvidade de
um corpo negro é igual à sua emissividade, ou seja, a1 = ελ. No entanto, para corpos
não negros, a emissividade é menor que um (1), e assim, a emitância monocromática
pode ser obtida por:
𝑬𝝀 = 𝜺𝝀. 𝝈. 𝑻𝟒 (Equação 6)
Com relação à Lei de Lambert quando um fluxo radiante incide sobre uma
superfície de área (A) formando o ângulo (Z) com a normal a esta superfície, a
irradiância (I) sobre a superfície considerada será o produto da irradiância na superfície
normal aos raios (IN) pelo cosseno do ângulo de irradiância:
𝑰 = 𝑰𝑵. 𝐜𝐨𝐬(𝒁) (Equação 7)
2.2.3 EFEITOS DA RADIAÇÃO NA ATMOSFERA
Ao passar pela atmosfera a radiação solar sofre processos de espalhamento,
reflexão e absorção. O espalhamento é um fenômeno no qual não ocorre perda de
energia da radiação, a energia incidente é absorvida por qualquer partícula que estiver
em suspensão na região e será irradiada novamente em todas as direções. A reflexão
faz com que a energia solar volte para o espaço. Já o processo de absorção ocorre
quando a energia incidente é maior que o produto da energia espalhada com a
transmitida.
9
O processo de absorção irá depender do agente absorvedor, onde o vapor
d'água, o ozônio, o oxigênio e o gás carbônico são os principais. Eles representam a
maior parte de absorção da radiação solar pela atmosfera, sendo de aproximadamente
19%, desempenhando um papel fundamental no aquecimento da atmosfera. A radiação
solar ao atravessar a atmosfera sofre uma série de perturbações causadas por partículas
de aerossóis e gases ao longo de seu caminho óptico, definindo seu espectro e sua
intensidade ao nível do solo (HORVATH, 1992).
A atenuação da radiação eletromagnética em um meio homogêneo é descrita
pela lei de Beer-Lambert-Bouguer. A Figura 1 representa o esquema de atenuação da
radiação, ds representa a espessura de ar pelo qual a radiação ira ser atenuada, dA a
área de sessão transversal pelo qual será considerado a passagem da radiação.
Figura 1 - Esquema representativo da atenuação da radiação eletromagnética em um meio homogêneo
(Fonte: PROCÓPIO, 2005).
Admitindo-se, na Figura 1, que não há a emissão de radiação difusa produzida
pelos múltiplos espalhamentos, a intensidade da radiância espectral, L (W.m-2.sr-1.μm-
1) que emergirá na superfície s2 sofrerá uma redução de dL em relação ao que entra
em s1, devido justamente as interações dessa radiação com a massa de ar contida nesse
volume. Assim:
𝒅𝑳𝝀 = −𝒃𝒆𝒙𝒕,𝝀𝑳𝝀𝒅𝒔 (Equação 8)
10
Onde 𝑏𝑒𝑥𝑡,𝜆 representa o coeficiente de extinção para o devido comprimento de onda.
Integrando a Equação 8 de s1 a s2, obtém-se:
𝑳𝝀(𝒔𝟐) = 𝑳𝝀(𝒔𝟏)𝒆𝒙𝒑 (− ∫ 𝒃𝒆𝒙𝒑,𝝀𝒅𝒔𝒔𝟐
𝒔𝟏) (Equação 9)
A Equação 9 é conhecida como a Lei de extinção de Beer-Lambert-Bouguer, que
mostra como a intensidade da radiação decai exponencialmente ao longo do caminho
ótico percorrido. Essa lei é utilizada na obtenção da espessura ótica de aerossóis pela
rede de radiômetros da AERONET.
2.3 BALANÇO DE RADIAÇÃO
O saldo de radiação em um ambiente constitui-se em uma variável fundamental
na modelagem de diversos processos naturais, como na estimativa do balanço de
energia e evapotranspiração (CUNHA et al., 1993). Pode ser medido diretamente por
meio de equipamentos como o saldo radiômetro, que funciona fazendo o balanço de
radiação (Rn), que matematicamente é a diferença entre o balanço de ondas curtas
(BOC) e o balanço de ondas longas (BOL) (Equação 10).
𝑹𝒏 = 𝑩𝑶𝑪 − 𝑩𝑶𝑳 (Equação 10)
Ou seja, o saldo de radiação é a diferença entre a radiação que entrou no sistema e a
radiação que saiu do sistema, contabilizado após todas as trocas radiantes; ou seja, é a
energia que ficou disponível ao sistema para a realização de todos os processos
ecofisiológicos desta comunidade vegetal.
2.3.1 BALANÇO DE ONDAS CURTAS (BOC)
11
A radiação de ondas curtas é aquela proveniente do Sol que atravessa a
atmosfera terrestre, tendo seu espectro entre 0,22 µm a 4 µm. A essa radiação é dado
o nome de radiação global (Rg), tendo parte do seu fluxo difundido pela atmosfera,
radiação difusa ou do céu (Rc), e a outra parte do seu fluxo chegando diretamente a
superfície, radiação direta (Rd) e pode ser mediada diretamente por meio de um
piranômetro (Equação 11) (RODRIGUES, 2011).
𝑹𝒈 = 𝑹𝒄 + 𝑹𝒅 (Equação 11)
O balanço de ondas curtas pode ser medido diretamente colocando um
Pirânometro apontado para o céu para captar Rg e outro apontado para a superfície
para medir a radiação de onda curta que está sendo refletida por esta.
Considerando-se a inexistência de observações de radiação solar em muitos
pontos da superfície da Terra e as dificuldades inerentes a sua obtenção, muitos
modelos têm sido desenvolvidos visando a estimar a radiação solar global, difusa e
direta. Entre eles, citam-se os de Beyer et al. (1991) e Moriarty (1991). Esses modelos
consideram como base de cômputo de Rg e outras variáveis rotineiramente medidas
em estações meteorológicas.
2.3.2 BALANÇO DE ONDAS LONGAS (BOL)
A radiação de onda longa proveniente da atmosfera é a componente do balanço
de radiação mais difícil de ser medida. Embora haja instrumentos para sua medida,
esses emitem radiação em comprimentos de onda e intensidade comparáveis àquelas
da suposta medida, o que interfere no resultado. Não obstante, em muitas situações
práticas em Meteorologia, pode-se estimar a radiação de onda longa através de
variáveis mais facilmente medidas (BRUTSAERT, 1982), ou mesmo por diferença,
através da equação do balanço de radiação (MANZI et al.,1986; ANDRÉ et al., 1988;
VISWANADHAM et al., 1990; BASTABLE et al., 1993; FEITOSA, 1996).
O balanço de ondas longas (BOL) é a contabilidade entre a radiação de onda
longa emitida pela atmosfera (Ea), e a energia emitida pelo solo (Es) (Equação 12).
12
𝑩𝒐𝒍 = 𝑬𝒂 − 𝑬𝒔 (Equação 12)
As duas parcelas do BOL dependem do aquecimento da superfície, então de
acordo com a Lei de Stephan Boltzmann (Equação 5), tem-se que a energia emitida
pelo solo e pela atmosfera depende de suas respectivas temperaturas (Equação 13),
(Equação 14) e (Equação 15).
𝑬𝒂 = 𝜺𝝈𝑻𝒂𝟒 (Equação 13)
𝑬𝒔 = 𝝈𝑻𝑺𝟒 (Equação 14)
𝑩𝒐𝒍 = 𝜺𝝉𝑻𝒂𝟒 − 𝝈𝑻𝑺
𝟒 (Equação 15)
Ta e Ts são respectivamente as temperaturas do ar e da superfície.
Com a descrição algébrica do balanço de ondas curtas e longas, a energia
disponível ao sistema (Rn) pode ser escrita conforme a Equação 16.
𝑹𝒏 = 𝑹𝒈 − (𝒓. 𝑹𝒈) + 𝜺𝝈𝑻𝒂𝟒 − 𝝈𝑻𝑺
𝟒 (Equação 16)
2.3.3 PAR (PHOTOSYNTHETICALLY AVAILABLE RADIATION) –
RADIAÇÃO FOTOSSINTETICAMENTE ATIVA
A radiação fotossinteticamente ativa (PAR), determina a quantidade de energia
disponível para a fotossíntese. Desta forma quanto mais intensidade luminosa em todo
seu espectro luminoso, maior será o PAR, que é melhor para a fotossíntese, melhor
para o crescimento e desenvolvimento das plantas ou seja, a realização da fotossíntese
e a taxa de crescimento das plantas são proporcionais à quantidade de radiação solar
incidente, sobretudo em dosséis cuja estrutura beneficia a passagem de luz solar, desde
13
que outros parâmetros ambientais não atuem como limitadores (ODUM, 1988;
KANIA et al.; 2001).
Odum (1988) explica que o pigmento de cor verde das plantas, absorve luz de
comprimento de onda entre 0,43 – 0,66 µm e essa faixa espectral é a faixa de luz
necessária à fotossíntese. A luz do sol tem um PAR ao redor de 1200 µmol no inverno
e 2000 µmol no verão.
2.4 AEROSSOIS ATMOSFÉRICOS
Os aerossóis são partículas sólidas ou líquidas, com exceção da água pura, em
suspensão na atmosfera (SEINFELD & PANDIS, 1998; HINDS, 1982). Essas
partículas são introduzidas na atmosfera através de processos naturais ou atividades
antropogênicas, podendo ser resultantes da emissão de partículas diretamente de sua
fonte para a atmosfera (emissão primária) ou mesmo pelo produto da conversão de
gases em partículas durante a junção de duas ou mais partículas primárias existentes
na atmosfera (produção secundária). A Figura 2 ilustra uma partícula de aerossol
atmosférico composta de Al, Si e Ca.
Figura 2 – Micrografia de uma partícula de aerossol atmosférico composta de Al, Si e Ca. (Fonte:
USP)
14
2.4.1 EFEITOS DOS AEROSSÓIS NO CLIMA
Os aerossóis são componentes fundamentais no balanço de energia terrestre,
responsáveis por mecanismos que afetam o balanço de radiação solar e terrestre,
podendo levar tanto ao aquecimento como ao resfriamento da superfície, dependendo
de suas características intrínsecas e da refletividade do solo (MARTINS, 1999;
KAUFMAN et al., 1998).
O que ocorre é uma alteração no fluxo de energia resultante, afetando o
aquecimento adiabático da atmosfera, (BLANCHET, 1995). Esses complexos
mecanismos de formação, envelhecimento e interação com a radiação solar e vapor de
água na atmosfera introduzem incertezas significativas na quantificação da
contribuição das partículas de aerossol sobre o clima.
O conjunto básico de parâmetros das partículas necessário para descrever a
interação direta das partículas de aerossóis com a radiação solar pode ser expresso pela
espessura óptica de aerossóis (τ), pelo albedo simples (ω0), e pela função de fase
(P(θ)), uma vez que a fração de retro espalhamento (β) é simplesmente a integral de
P(θ) no hemisfério superior.
Os parâmetros ópticos das partículas de aerossol variam em função do
comprimento de onda da radiação incidente e de forma geral são funções da umidade
relativa do ar (UR), uma vez que o próprio índice de refração e outras propriedades
físicas das partículas variam com UR. Desta maneira, para uma determinação dos
efeitos radiativos de aerossóis é essencial a determinação das eficiências de
espalhamento para algumas espécies químicas chave, como sulfatos (BINGEMER et
al., 1992) e carbono orgânico (CACHIER et al., 1991), em função de suas interações
com vapor d’água.
Um dos pontos mais fracos dos modelos de aerossóis é a determinação da
variabilidade de suas propriedades. Para descrever a Forçante Radiativa Direta é
necessário um maior conhecimento das distribuições tridimensionais da concentração
de massa, da composição química e do tamanho, o grau de mistura das várias espécies
químicas e o índice de refração complexo (SCHWARTZ et al., 1995).
Em regiões onde ocorrem queimas de biomassa, as partículas de aerossóis
encontradas na fumaça são fortes absorvedores de radiação na faixa de onda curta do
15
espectro eletromagnético, onde (τ) e (ω0) são os dois parâmetros mais importantes nas
alterações do balanço radiativo (CHRISTOPHER et al., 1999).
Os efeitos indiretos dos aerossóis estão relacionados à capacidade das
partículas atuarem como núcleos de condensação de nuvens (NCN) e de gelo (NCG)
(COSTA et al., 2012). Os núcleos de condensação de nuvens (NCN) são partículas
higroscópicas. No Brasil sobre a região Amazônica, sabemos recentemente que as
partículas consideradas finas (mesma faixa em que predominam os núcleos de
condensação de nuvens (NCN) são compostas de material orgânico secundário
formado pela oxidação de precursores biogênicos, enquanto que as partículas
consideradas grossas são nucleadores de gelo constituídas de material biológico
emitindo diretamente pela floresta (POSCHL et al., 2010).
2.4.2 CLASSIFICAÇÃO, RESIDÊNCIA E REMOÇÃO DOS AEROSSÓIS DA
ATMOSFERA
Os aerossóis podem ser classificados de acordo com suas dimensões e tempo
de residência na atmosfera. Partículas entre 0,05 μm e 1 μm, pertencem à denominada
moda de acumulação, sendo que essa têm um tempo de permanência maior na
atmosfera, sendo de aproximadamente de uma semana. Durante a permanência dessas
partículas na atmosfera elas podem sofrer transformações por incorporação nas
nuvens, condensação de vapores ou coagulação com partículas menores. As partículas
totais em suspensão (PTS) são as partículas que apresentam diâmetro menor que 50
μm. Partículas Inaláveis (PI ou PM10) são partículas que apresentam diâmetro
aerodinâmico menor que 10 μm. Já as Partículas Respiráveis (PM2,5) são as partículas
que apresentam diâmetro aerodinâmico menor do que 2,5 μm. (XIAO, 2011).
O tempo de permanência dessas partículas na atmosfera, será controlado
basicamente pelo tamanho dessas partículas. Assim como as partículas grossas,
partículas menores do que 50 nm também apresentam um pequeno tempo de residência
na atmosfera. As partículas menores são removidas por difusão, e as maiores por
sedimentação e impactação (SANTOS, 2014). As partículas da moda de acumulação,
16
com tamanho intermediário, são as que possuem o maior tempo de residência, pois os
processos de remoção citados acima são ineficientes nessa faixa de tamanho.
As partículas totais em suspensão (PTS), as inaláveis e as respiráveis, possuem
um tempo de permanência de dias a semanas na atmosfera e podem ser transportadas
a longas distâncias por correntes de ar favoráveis, interferindo na química e na física
da atmosfera, não somente em escala local, mas também em escalas regional e global.
Em um intervalo de tempo de 10 dias e velocidade média de 3 ms-1 partículas com
diâmetro entre 0,05 e 2 μm podem ser transportadas a 2500 km de distância
(HORVATH, 2000).
Com relação aos processos de remoção de aerossóis da atmosfera, destacam-se
os processos físicos de deposição seca e úmida. A deposição seca ocorre devido à ação
da gravidade, onde as partículas se depositam sobre uma superfície. Pode ocorrer tanto
com partículas consideradas grandes quanto com partículas consideradas pequenas
menores que se aglutinam aumentando sua massa. Já a deposição úmida ocorre pela
incorporação de aerossóis por gotículas de nuvens e pela remoção de partículas através
da precipitação (SEINFIELD E PANDIS, 2006).
2.4.3 AOD (AEROSSOL OPTICAL DEPTH) – PROFUNDIDADE ÓTICA DO
AEROSSOL
A profundidade de ótica do aerossol (AOD) é um indicador da quantidade de
aerossóis na coluna vertical da atmosfera, sendo assim, um parâmetro fundamental na
avaliação do forçamento radiativo e seu impacto sobre o clima (BALAKRISHNAIAH
et al., 2011; ZHANG et al., 2013).
Para caracterizar a dependência espectral das partículas de aerossóis o
coeficiente de Angstrom é o parâmetro que melhor explica a relação entre o tamanho
das partículas e o comprimento de onda da radiação incidente, desta forma, a partir de
valores de espessura ótica em diferentes faixas do espectro pode-se inferir o tamanho
médio predominante das partículas. Quanto maior o valor encontrado para o
17
coeficiente de Angstrom, maior a dependência espectral, assim, menor a partícula
(CACHORRO et al.,1989; REID et al., 1999).
A profundidade ótica de extinção (δλ) para um determinado comprimento de
onda, ou simplesmente profundidade ótica é definida como a integração do coeficiente
linear de extinção, bext,λ, ao longo de um caminho, ds, e é um indicativo da quantidade
e da eficácia da matéria oticamente ativa no comprimento de onda λ, no caminho ds
(SEINFELD e PANDIS, 1998):
𝜹𝝀 = ∫ 𝒃𝒆𝒙𝒕,𝝀𝒅𝒔𝒔𝟐
𝒔𝟏 (Equação 17)
Entretanto devido aos efeitos de espalhamento e absorção, a profundidade ótica será
descrita em função de ambos os efeitos:
𝜹𝝀 = 𝜹𝒆𝒔𝒑,𝝀 + 𝜹𝒂𝒃𝒔,𝝀 (Equação 18)
Já a espessura ótica de extinção (𝜏𝜆), ou simplesmente espessura ótica para um
determinado comprimento de onda é na verdade a medida da profundidade ótica na
vertical:
𝝉𝝀 = 𝐜𝐨𝐬(𝜽𝟎) 𝜹𝝀 = 𝝁𝟎𝜹𝝀 ((Equação 19)
Onde 𝜃0 representa o ângulo solar zenital. De forma análoga a equação (16), a
espessura ótica total será dada por:
𝝉𝝀 = 𝝉𝒆𝒔𝒑,𝝀 + 𝝉𝒂𝒃𝒔,𝝀 (Equação 20)
A dependência espectral da espessura ótica é descrita pelo coeficiente de Angstrom,
tal relação entre 𝜏𝜆 e o comprimento da onda incidente é dada por:
𝝉~𝝀−𝜶 (Equação 21)
18
Considerando a equação (19), para partículas consideradas muito pequenas em
relação ao comprimento de onda da luz incidente, α pode variar entre 1 e 3; para
partículas consideradas muito grandes, α pode variar entre 0 e 1 (α = 0) indica extinção
espectralmente neutra); e no regime Rayleigh, α varia entre 3 e 4 (SEINFELD e
PANDIS, 1998). Deste modo, é possível a utilização do coeficiente de Angstrom para
analisar o tamanho das partículas em suspensão na atmosfera. A forma de se calcular
α entre dois comprimentos de onda distintos quaisquer através da equação:
𝜶(𝝀𝟏, 𝝀𝟐) = −𝒅𝒍𝒏𝒃𝒆𝒙𝒕
𝒍𝒏𝝀=̃−
𝒍𝒏 (𝒃𝒆𝒙𝒕,𝟏/𝒃𝒆𝒙𝒕,𝟐)
𝒍𝒏 (𝝀𝟏/𝝀𝟐)= −
𝒍𝒏 (𝝉𝟏/𝝉𝟐)
𝒍𝒏 (𝝀𝟏/𝝀𝟐) (Equação 22)
Onde 𝜏1 e 𝜏2 representam as espessuras óticas dos comprimentos de onda 𝜆1 e 𝜆2.
2.5 A QUEIMA DE BIOMASSA
A queimada de biomassa pode ocorrer através de processos naturais ou por
ação antrópica. As queimadas provocam a poluição do ar, degradam o solo e ainda
ameaçam várias espécies da sua fauna e flora de extinção (ECHALAR et al., 1998).
As partículas de aerossol lançadas na atmosfera durante as queimadas
consistem basicamente de materiais orgânicos parcialmente oxidados e de black
carbono, produto da combustão incompleta de combustíveis fósseis e biomassa
(ANDREAE, 1991). Black carbon ou em português “carbono negro”, inclui as
diversas espécies de carbonos particulados, que possui a eficiência de absorver
radiação solar causando um aquecimento na atmosfera e, portanto diminuindo a
quantidade de energia solar que chega à superfície terrestre. Os materiais orgânicos e
carbono grafítico correspondem entre 70 e 95% da massa do material particulado fino
(FEREK et al., 1998; YAMASOE, 1999; WYREPKOWSKI, 2007; BARBOSA, 2007;
CASTANHO, 1999).
Além da liberação do gás carbônico (CO2), a queima de biomassa também
libera gases-traço como metano (CH4), monóxido de carbono (CO) e óxido nitroso
(N2O). Dessa forma as partículas provenientes de queimadas são bastante complexas,
19
pois sua composição química depende de vários fatores entre eles o tipo de produto
queimado, a temperatura do fogo e as condições meteorológicas locais.
No Brasil a composição química da atmosfera da bacia Amazônica sofre
grandes mudanças na época da seca, devido às emissões de gases traço e partículas de
aerossóis provenientes de queimadas de pastagens e floresta, gerando importantes
implicações em nível local, regional e global (ARTAXO et al., 2006). O início das
atividades de queimadas na Amazônia está evidentemente vinculado ao ciclo
meteorológico regional. Embora o início das queimadas seja relativamente consistente
de ano para ano, geralmente variando apenas por algumas semanas; elas estão
concentradas entre os meses de agosto e novembro, com algumas variações regionais
(SCHAFER et al., 2008).
Figura 3 - Média anual acumulada dos focos de queimadas no Brasil de 01/01/2001 a 16/09/2016.
(Fonte: INPE)
20
No Estado de Mato Grosso, o período de estiagem agrava consideravelmente
os focos de queimadas (Figura 3) uma vez que a vegetação fica vulnerável a queima.
Outro agravante é a abertura de novas áreas para pastagens, que muitas vezes vêm
acompanhadas de queimas da vegetação nativa.
A relação Foco x Queimada não é direta nas imagens de satélite. Um foco
indica a existência de fogo em um elemento de resolução da imagem (píxel), que varia
de 1 km x 1 km até 5 km x 4 km. Neste píxel pode haver uma ou várias queimadas
distintas que a indicação será de um único foco. E se uma queimada for muito extensa,
ela será detectada em alguns píxeis vizinhos, ou seja, vários focos estarão associados
a uma única grande queimada. Ainda, é comum uma mesma queimada ser detectada
por vários satélites. Portanto, os mapas e tabelas que apresentam todos os focos de
todos os satélites sempre terão algumas repetições. Adicionalmente, em muitos casos,
pela variação natural do tamanho dos píxeis entre os vários satélites, uma mesma
queimada poderá ser indicada em locais com distância de alguns km conforme o
satélite que a detectou (INPE). Considerando o modo regular de detecção e utilizando-
se um único satélite como referência pode-se constatar tendências espaciais e
temporais nas ocorrências de fogo.
2.6 O CERRADO MATO-GROSSENSE
O Cerrado constitui o segundo maior bioma do Brasil em extensão e ocupa uma
área aproximada de 2.036.448 km2. O Cerrado possui um rico patrimônio de recursos
naturais renováveis adaptados às condições ambiental do local. Em sua grande
biodiversidade abriga aproximadamente mais de 6,5 mil espécies de plantas já
catalogadas. Nesse território, predominam formações da savana e clima tropical quente
sub-úmido, com uma estação seca e uma chuvosa e temperatura média anual entre
22ºC e 27ºC (PEREIRA JR.; 1992; IBGE, 1993).
A área ocupada por esse bioma no Mato Grosso é de 300 mil km²
aproximadamente, o equivalente a 34 % do território estadual, e no cerrado está a
nascente das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul
(Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata), fundamental para a sua biodiversidade.
21
Grande parte do Cerrado foi desmatado e convertido em pastagem e
agricultura, a ação antrópica tem prejudicado essas áreas, restando hoje apenas 20% e
menos de 2% estão em áreas de proteção (MITTERMEIER et.al., 2000).
Hoffman & Jackson (2000) e Jackson et. al., (2000), explicam que importantes,
fatores, tais como índice de área foliar do ecossistema do cerrado, o albedo, a
rugosidade da superfície e a interceptação direta da precipitação pela vegetação,
podem ser modificados pela conversão das áreas para pastagem trazendo profundas
modificações negativas no funcionamento do ambiente.
Com uma temperatura média mensal superior a 18ºC, a maior parte do cerrado
está localizada na região tropical, com a precipitação variando de 600 a 2.200 mm,
sendo que cerca de 90% ocorre no período de estação chuvosa (outubro a abril), a
temperatura anual fica em torno de 22-23ºC. As médias máximas absolutas mensais
podem chegar a 40ºC, não variam muito ao longo dos meses do ano, enquanto as
mínimas absolutas mensais variam bastante, atingindo valores próximos ou até abaixo
de zero nos meses de maio, junho e julho. Em áreas elevadas ou na porção meridional
a ocorrência de geadas é observada. Klink & Solbrig, 1996, dizem que na estação seca
grande parte da vegetação gramínea fica inativa e a maior parte da sua biomassa aérea
seca e morre, favorecendo assim a ocorrência de incêndios.
De acordo com INMET, 2009 (Instituto Nacional de Meteorologia), a
precipitação média anual fica entre 1200 e 1800 mm. Concentrando-se nos meses de
primavera e verão (outubro a março), que é a estação úmida, a precipitação média
mensal apresenta uma grande estacionalidade. Sette (2005), Filho (2006), explicam
que em meio à estação úmida, ocorrem curtos períodos de seca, denominado de
veranicos.
A ocorrência de nevoeiros é comum nas primeiras horas da manhã no início da
estação seca, essa estação tem duração entorno de 3 a 5 meses. Com a formação do
nevoeiro, sobre as plantas obtêm-se grande quantidade de orvalho e também umedece
o solo, isso durante o período da manhã, e durante a tarde, os índices de umidade
relativa do ar caem bastante, podendo baixar até 15% (SILVA, 2005).
22
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 ÁREA DE ESTUDO
A pesquisa foi realizada na Fazenda Miranda no município de Cuiabá, capital
do Estado de Mato Grosso. Esta fazenda está localizada entre as coordenadas (15º43’
Sul e 56º04’ Oeste), com altitude de 157 m acima do nível do mar (Figura 4).
Figura 4 - Localização da Fazenda Miranda em Cuiabá – MT. (Fonte: Celso Arruda)
23
O clima nesta região é classificado como Aw, tropical semi-úmido, segundo a
classificação climática de Köppen (1948). Possui quatro a cinco meses secos e duas
estações bem definidas, uma seca (outono-inverno) e uma úmida (primavera-verão).
Em média, as temperaturas mínimas ao longo dos anos são de 5ºC e as máximas
chegam a 41ºC. O índice pluviométrico diferencia-se de forma significativa durante as
estações, pois em sua maioria o inverno é bastante seco e o verão bastante úmido. A
média na região é de 1500 mm/ano (SAMPAIO, 2006).
A vegetação do local é tipicamente de Cerrado - Campo Sujo, apresentando
floresta decídua na encosta dos morros e floresta de galeria ao longo dos rios, porém
em alguns trechos a vegetação é típica de áreas alagadas (COUTINHO, 1990;
AZEVEDO e ADÁMOLI, 1998; SILVA, 2007). O solo da área em que a pesquisa foi
desenvolvida é caracterizado por ser pouco espesso, imperfeitamente drenado,
concrecionário e com superfície cascalhenta (Plintossolo Pétrico), podendo ocorrer
locais com a presença de solos Litólicos Distróficos (EMBRAPA, 1999). A área do
estudo encontra-se caracterizada pela dominância da vegetação herbácea que surgiu
depois da derrubada parcial da vegetação original. Observa-se apenas a cobertura
parcial da vegetação no solo em locais onde a superfície é caracterizada pela textura
cascalhenta.
3.2 INSTRUMENTOS E MEDIDAS
Neste estudo utilizamos 3 anos de dados micrometeorológicos, de
profundidade ótica dos aerossóis e de focos de queimadas coletados de forma contínua
de janeiro de 2010 até dezembro de 2012. Os dados micrometeorológicos foram
coletados por sensores instalados em uma torre micrometeorológica com 20 metros de
altura (Figura 5), instalada pelo projeto “Implantação de Postos de Observação de
Gases-Traço e de Aerossóis na Atmosfera em Mato Grosso” (MCT-CNPq-CT Infra
CT Energ n. 07- 2006). Os dados de profundidade ótica dos aerossóis foram coletados
por um radiômetro espectral instalado próximo a torre. Os dados referentes aos
números de focos de queimadas e incêndios no Estado de Mato Grosso foram obtidos
24
através da página (http://www.inpe.br/queimadas) do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE).
Figura 5 - Torre Micrometeorológica instalada na Fazenda Miranda. (Fonte: Paulo Arruda)
3.2.1 MICROMETEOROLOGIA
Os dados micrometeorológicos foram adquiridos através dos sensores: Saldo
de radiação (Rn) - NR LITE (Kipp e Zonen Delft, Inc., The Netherlands) instalado a 4
m de altura; Radiação global incidente (Rgi) e Radiação global refletida (Rgr) -
Piranômetro LI-200X-L (Campbell Scientific, Inc., USA) a 4m; Temperatura da
25
superfície (Tsup) - Radiômetro Infravermelho de Precisão - SI-111 (Precision Infrared
Radiometer - Campbell Scientific, Inc., USA) a 2m; Temperatura do ar (Tar) e
Umidade relativa do ar (UR) - 3 Termohigrômetros HMP 45AC (Vaisala, Inc.,
Helsinki, Finland) a 5, 10 e 18m; Precipitação pluviométrica (Ppt) - Pluviômetro de
Báscula - TR-525M Rainfall Sensor (Texas Eletronics, Inc., USA) a 5m; Os dados
foram registrados no Datalogger CR1000 (Campbell Scientific, Logan, UT, USA) com
um intervalo de amostragem de 30 segundos e armazenam as médias a cada 30
minutos; Energia - Tensão (12V) - Bateria de 150 A; Painel Solar (65 W) - SP65
(Campbell Scientific, Inc., Logan, UT, USA). Para aumentar o número de canais de
entrada do registrador foi utilizada uma placa multiplexadora AM16/32ª-ST-SW
(Campbell Scientific, Inc., Logan, UT, USA).
3.2.2 AERONET
Os dados de profundidade ótica dos aerossóis foram obtidos através da rede
global de monitoramento de aerossóis por sensoriamento remoto AERONET (Aerosol
Robotic Network), disponíveis na página http://aeronet.gsfc.nasa.gov. Os
equipamentos da AERONET são mantidos pelo Sistema de Observação da Terra da
NASA/GSFC (National Aeronautics and Space Administration/Goddard Space
Flight Center). Os arquivos de dados da rede AERONET são divididos em três níveis
de qualidade: nível 1.0 para os dados brutos, nível 1.5 para dados sem a contaminação
de nuvens e nível 2.0 cuja qualidade é certificada pela rede (HOLBEN et al., 1998;
SMIRNOV et al., 2000). Neste trabalho utilizamos os dados de nível 2.0 para o
comprimento de onda 500nm.
Os radiômetros espectrais (Figura 6) são automáticos, mantidos por energia
solar, idênticos distribuídos pelo globo, cujas medidas permitem o monitoramento em
tempo quase real da espessura ótica dos aerossóis, da distribuição de tamanho das
partículas, vapor d’água precipitável, dentre outros parâmetros. São constituídos por
sensores aos quais são acoplados colimadores de 33 cm de comprimento. Os
colimadores foram projetados para rejeitar a luz difusa refletida pelas suas paredes e
são protegidos por uma janela de quartzo que permite observações com um detector
26
de silício enriquecido, com suficiente relação ruído-sinal para medidas espectrais entre
300 e 1200 nm. Os sensores tem uma rotina pré-programada giram no sentido dos
ângulos zenital e azimutal com o auxílio de motores de passo com uma precisão de
0,05°. Um microprocessador calcula a posição do sol baseado em informações de hora,
latitude e longitude, direcionando os colimadores a menos de 1° do sol. Um pequeno
detector localiza precisamente o sol para que se dê início à sequência de medidas. Após
o término das medidas o instrumento retorna à posição de repouso, apontando
aproximadamente para o nadir.
Figura 6 - Radiômetro espectral instalado na Fazenda Miranda - Cuiabá – MT. (Fonte: Franciele
Santanna)
Cada medida leva aproximadamente 10s para ser feita. Uma sequência pré
programada de medidas tem início pela manhã e termina à tarde, quando em ambos
momentos a massa de ar (inverso do cosseno do ângulo zenital) é igual a 7. Durante
os períodos em que a massa de ar é alta, os intervalos de tempo entre as medidas são
de aproximadamente 0,25 multiplicado pelo valor da massa de ar, enquanto que com
a massa de ar baixa o intervalo é de aproximadamente 15 min. Para diferenciar os
aerossóis das nuvens três medidas são feitas em sequência a cada 15 min para cada
comprimento de onda, com um intervalo de 30s entre elas. Isto porque a variação
27
temporal das nuvens é maior que a dos aerossóis, possibilitando a verificação de suas
presenças em muitos casos. Adicionalmente, o intervalo de quinze minutos permite
uma frequência temporal maior para a verificação de uma eventual contaminação das
medidas por nuvens. (PROCÓPIO, 2005).
3.3 FOCOS DE QUEIMADAS
Os dados dos focos de queimadas foram obtidos através da página do INPE
(http://www.dpi.inpe.br/proarco/bdqueimadas). Por meio do satélite (AQUA MT),
dados diários de focos de queimadas são processados e usados para compor uma série
temporal e assim permitir a análise de tendências nos números de focos de queimadas
para mesmas regiões em períodos de interesse.
Os dados gerados são distribuídos de duas maneiras: para o público em geral,
todos os dados e produtos ficam disponíveis para acesso livre na internet cerca de três
horas após sua geração; Para usuários especiais com necessidades operacionais, à
distribuição é imediata à sua geração, mediante contrato específico por
correspondência eletrônica ([email protected]).
3.4 REGRESSÃO LINEAR
Para analisar a correlação entre duas variáveis (AOD x Rg e AOD X PAR)
utilizamos regressão linear. A correlação é uma forma de relacionamento entre duas
ou mais variáveis. Assim o R² mede o grau de relacionamento linear entre os valores
emparelhados de x e y. Os dados diários de AOD, Rg e PAR, foramregistrados a cada
30 minutos das 8:00 as 16:00 horas no período da estação seca, no mês de setembro.
Ao correlacionar estatisticamente as variáveis, é observado o coeficiente R2, os valores
de R² deve estar sempre entre -1 e +1, indicando, em porcentagem, o quanto o modelo
consegue explicar os valores observados. Quanto maior o R², mais explicativo é
modelo, melhor ele se ajusta à amostra. Dessa forma, quanto mais próximo de 1,0 for
28
o resultado da regressão linear maior é a relação entre as duas variáveis (TRIOLA,
1999; NEUFELD, 2003).
29
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 CARACTERÍSTICAS MICROMETEOROLÓGICAS DO PERÍODO DE
ESTUDO
Durante o período de estudo, entre os meses de janeiro de 2010 a dezembro de
2012, as variáveis micrometeorológicas apresentaram variações semelhantes aquelas
observadas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET, 2009) para a mesma
região.
O comportamento das variáveis micrometeorológicas nesta região é distinto ao
longo do ano, justificando assim uma divisão sazonal conforme o regime de chuvas.
Representamos nas figuras abaixo a estação de seca como sendo as áreas em cinza e
como estação de chuva as áreas em branco.
Em nossas análises a radiação solar global (Rg) no período de estudo, variou de
aproximadamente 160 Wm-2 (valor mínimo) no período de seca a 240 Wm-2 (valor
mínimo) no período de chuva (Figura 7).
Figura 7 - Média quinzenal da intensidade de Rg e RNET para as estações seca e chuvosa para os anos de
2010, 2011 e 2012.
30
A radiação solar líquida (RNET) variou de aproximadamente 62 Wm-2 (valor
mínimo) na estação seca a 170 Wm-2 (valor máximo) na estação de chuva. Carrilho
(2011), encontrou os valores de radiação solar global incidente (Rgi) 42 Wm-2 (valor
mínimo) e 305,78 Wm-2 (valor máximo) para o mesmo local. Podemos perceber
também que na estação de chuva a Rg e RNET tendem a apresentar comportamento
semelhante, enquanto que na estação seca o comportamento se inverte. A redução nos
valores de Rg e RNET durante a estação seca pode estar associado ao aumento da
profundidade ótica dos aerossóis devido as queimadas na região.
As maiores médias de temperatura do ar (Tar) ficaram entre 28 e 30ºC no mês
de setembro para todos os anos estudados. Na estação de chuva a Tar máxima foi de
27ºC nos anos de 2010 e 2011 e 29ºC no ano de 2012; a Tar mínima chegou a 24ºC em
2010 e 2011 e 26ºC em 2012 (Figura 8). Rodrigues (2011), apresentou no seu trabalho
no mesmo local, uma temperatura média diária do ar que variou de 12 a 32ºC, com
uma média de 25ºC durante toda a estação seca. Este período apresenta alta amplitude
na temperatura, pois é na seca que ocorre a entrada das frentes frias na região e a baixa
umidade relativa do ar contribui para esta variação, já que a água é um importante
composto na regulação térmica (RODRIGUES, 2011).
Figura 8 - Média de quinze dias da Tar e UR para as estações seca e chuvosa para os anos de 2010,
2011 e 2012
Durante a estação de chuva a umidade relativa do ar (UR) chegou a 80%,
enquanto que na estação seca chegou a 40% entre os meses de agosto e setembro. Os
baixos valores da UR na estação seca mostram que havia pouca disponibilidade de
água disponível ao ecossistema neste período. Rodrigues (2011), apresenta em seu
trabalho resultados similares de UR onde obteve média diária de 69%, no período de
31
seca, houveram dias com médias um pouco abaixo de 40% e alguns dias chegando até
a 90% mostrando alta variabilidade durante o período no local de estudo. No período
chuvoso para os mesmos anos encontrou UR média de 77%, se mantendo com baixa
amplitude, mostrando que a umidade se manteve constante e com altos valores em
comparação com o período seco, porém no período seco notou-se alguns picos de
umidade alta, mas este rapidamente voltava a valores mais abaixo, mostrando a baixa
capacidade do ecossistema em manter a umidade em valores altos.
Com a maior quantidade de umidade na atmosfera da região, no período
chuvoso o maior desprendimento da energia disponível foi utilizado na forma de calor
latente, utilizando menor porcentagem para as outras parcelas do balanço energético.
A Figura 9 apresenta os valores médios quinzenal de umidade do solo (US) e
de precipitação (Ppt) acumulada para os anos de 2010, 2011 e 2012.
Figura 9 - Média quinzenal da US e Ppt acumulada para as estações seca e chuvosa para os
anos de 2010, 2011 e 2012.
Durante a estação de chuva, os maiores valores de precipitação acumulada
encontrados foram no mês de fevereiro para os anos de 2010 e 2011 com 200 e 260mm
respectivamente relacionados com alta umidade do solo. Na estação seca a umidade
do solo chegou a 2,3% em 2010 e 3% em 2011 e 2012. Ao analisar esta relação
observamos que com a diminuição da precipitação no período da seca, ocorre uma
diminuição na umidade do solo, ou seja, com a evaporação da água pela radiação solar
nesse período o solo perde a umidade tornando-se mais seco, à medida que inicia o
período chuvoso o solo vai absorvendo água da chuva e assim aumentando a umidade
que chegou a 9%.
32
A Figura 10 apresenta a densidade do fluxo de radiação (RI0, Rg, RNET) para as
estações seca e chuvosa para os anos de 2010, 2011 e 2012.
Figura 10 - Dia médio mensal da densidade do fluxo de radiação solar para os anos de 2010, 2011 e
2012 para as estações seca e chuvosa.
Os valores de radiação incidente no topo da atmosfera (RI0) durante a estação
seca apresentam valores menores em relação à estação de chuva. A estação seca na
região coincide com o inverno no hemisfério sul. Neste período de inverno o
hemisfério sul receba menor quantidade de radiação solar devido à inclinação do globo
terrestre, fazendo também com que os dias sejam mais curtos.
A densidade de radiação global (Rg) não apresentou muita variação sazonal
para a região quando comparada as outras componentes.
33
A radiação líquida (RNET) disponível apresentou variação sazonal com uma
queda durante a estação seca que relacionamos com os aerossóis provenientes de
queimadas. Esta análise permite-se o entendimento de que nos meses de agosto,
setembro e outubro a radiação solar ao atravessar a atmosfera é absorvida ou espalhada
pelas partículas de aerossóis chegando até a superfície da terra com saldo bem menor
do que o que havia no topo da atmosfera, provavelmente pela grande quantidade de
partículas na atmosfera no período de queimadas. A radiação chega a apresentar 400
Wm-² no mês de julho a agosto para radiação disponível no ecossistema. Rodrigues,
(2011), descreve em seu trabalho que a energia utilizada para o aquecimento do
sistema foi em média 49,76 Wm-2 correspondendo a 37,55% da energia total
disponível para os processos ecofisiológicos.
4.2 SÉRIES TEMPORAIS DA PROFUNDIDADE ÓPTICA DOS AEROSSÓIS E
FOCOS DE QUEIMADAS
As variações na densidade do fluxo de radiação observadas influenciam as
componentes do balanço de energia e o equilíbrio entre os processos físicos e
biogeoquímicos do ecossistema, causando alterações nas interações entre o sistema
biosfera atmosfera.
Para compreender estas diferenças apresentadas nas densidades do fluxo de
radiação, analisamos a profundidade óptica dos aerossóis (AOD), pois estas partículas
na troposfera podem influenciar na quantidade de energia que chega até a superfície
terrestre por meio do espalhamento e a absorção da radiação solar.
Na Figura 11 apresentamos as médias diárias dos valores de AOD e quantidade
total mensal dos focos de queimadas para as estações seca e chuvosa na região do
Cerrado de MT, para os anos analisados. O maior valor para AOD foi 3,8 registrado
no mês setembro (2010), mês que corresponde à estação seca, conforme mostra a
Figura 9, que favorece a incidência de queimadas, neste período ocorrem os maiores
índices de focos em MT (Figura 11), que emitem grandes quantidades de partículas de
aerossóis para a atmosfera, período este que a temperatura do ar é bastante elevada e a
umidade relativa está bastante baixa (Figura 8). Palácios (2014), em sua pesquisa na
mesma região, encontrou valores diários acima de 3,5 no ano de 2010 para AOD.
34
Figura 11 - Média diária da AOD e quantidade total mensal dos focos de queimadas para as estações
seca e chuvosa para os anos 2010, 2011 e 2012.
Estudo sobre (AOD) na África, em região do semiárido, entre os anos de 1991
a 2001 mostrou médias de 0,04 e 0,06 com exceção dos anos de 1998 e 1999 que
constatou valores mais altos de AOD (0,44) entre os meses de agosto e setembro.
Segundo o Forment (2002) o aumento da AOD nos meses de agosto e setembro
apresenta uma sazonalidade acentuada que está ligada à estação de queima de
biomassa no hemisfério Sul, sugerindo que as partículas de queimadas são
transportadas pelos ventos alísios de Namíbia e Angola.
O maior valor para AOD no ano de 2011 foi 0,9 e em 2012 foi de 1,3, registrado
também no mês de setembro. Os valores de AOD entre todos os anos estudados
variaram entre 0,3 e 3,8 entre os meses de agosto, setembro e outubro. Valores
similares foram encontrados por PALÁCIOS (2014), em pesquisa feita na mesma
região deste estudo, encontrou valores diários de aproximadamente 1,0 para AOD.
35
Kumar et al., (2013), em sua pesquisa desenvolvida na África do Sul encontraram
média de 0,3 durante a primavera (setembro-novembro).
Procópio (2005) e Wyrepkowski (2007) encontraram um mesmo valor no ano
de 2001 para Cuiabá, observaram picos no mês de setembro, atingindo 1,57 em 2003
e chegando a média diária de 2,50 em setembro de 2002 e 2005. Desta forma nota-se
uma modificação dos valores de AOD entre as estações chuvosa e seca. Quando há
incidência de chuvas a atmosfera é limpa, determinando que os padrões de precipitação
influenciem nos valores da AOD uma vez que umidade no ar reduz os valores de AOD.
A Figura 12 representa o gráfico de regressão linear entre a média diária de
AOD e a Rg máxima diária para os anos de 2010, 2011 e 2012.
Figura 12 - Regressão Linear entre a média diária da AOD e a Rg máxima diária para os anos de 2010,
2011 e 2012
O valor do coeficiente de determinação obtido no ano de 2010 (R2= 0,72) e no
ano de 2012 (R2= 0,66) indica relação entre as variáveis analisadas; quanto maior os
valores da AOD menor a quantidade de radiação incidente na superfície. À medida
36
que o conteúdo de poluentes aumenta na atmosfera seja pela ação humana ou natural
a concentração de partículas de fração fina torna-se mais concentrado nas camadas
atmosféricas entre 1 e 2 km, aumentando o valor da profundidade óptica dos aerossóis.
O valor do coeficiente de determinação obtido (R2= 0,24) para o ano de 2011
indica uma baixa relação entre as variáveis analisadas. Esta relação entre as variáveis
está associada à quantidade de radiação solar, assim quanto menor o valor da OAD
maior será a quantidade de energia disponível para o sistema. Procópio (2005), em sua
pesquisa com dados obtidos pela rede AERONET observa que Cuiabá é um local de
forte influência antropogênica. As alterações na quantidade de radiação disponível
mostrou-se importante parâmetro na análise da distribuição de energia sobre a
superfície, auxiliando nos mecanismos de troca radiativa entre a atmosfera e a
superfície natural.
A Figura 13 representa regressão linear entre a média diária da AOD e o
somatório da radiação fotossinteticamente ativa diária para os anos de 2010, 2011 e
2012 e apresenta-se uma redução da irradiância PAR, quando ocorreu um aumento da
AOD no mês de setembro, período em que ocorrem os altos índices de queimadas no
MT (Figura 12).
A disponibilidade de radiação fotossinteticamente ativa (PAR) é fundamental
para a eficiência de fotossíntese das plantas, porém na estação seca aumenta a
concentração de aerossóis de queimadas principalmente no mês de setembro conforme
mostra a Figura 11, diminuindo a radiação PAR pela interferência dessas partículas na
atmosfera.
Os valores diários de PAR foram monitorados no mês de setembro para todos
os anos estudados e constatou-se que o coeficiente de correlação foi maior nos anos de
2010 (0,71) e 2012 (0,72), época em que ocorreu um índice maior de queimadas na
região, conforme mostra a Figura 11. No ano de 2011 obteve-se menor valor de
profundidade óptica o que explica o valor de coeficiente R² ser menor que os demais
anos estudados.
37
Figura 13 - Regressão Linear entre a média diária da AOD e o somatório da radiação
fotossinteticamente ativa diária para os anos de 2010, 2011 e 2012.
A Figura 14 representa a distribuição de frequência e contagem cumulativa de
OAD na estação seca, período que ocorrem as queimadas e consequentemente altos
índices de aerossóis. Os dados não apresentaram distribuição normal. Ocorreu uma
variabilidade na frequência entre 5 e 120 sendo mais similar a oscilação nos anos de
2011 e 2012. A contagem indicou um acúmulo de partículas da moda fina, uma vez
que os dados do histograma apresentam acumulação maior para OAD com os valores
de 3,8 em 2010, 0,9 em 2011 e 1,3 em 2012.
38
Figura 14 - Histograma de distribuição de frequência e contagem cumulativa de AOD na
estação seca para os anos de 2010, 2011 e 2012.
39
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados obtidos sobre a análise dos dados micrometeorológicos
permitiram notar que as expressivas concentrações de particulados e as interações
destes com a radiação solar no período da seca, diminuíram o balanço radiativo do
sistema superfície-atmosfera.
O estudo da profundidade óptica dos aerossóis para o comprimento de onda de
500nm (AOD) contribuiu para analisarmos a influência dos aerossóis nas componentes
do balanço de radiação sobre área de Cerrado.
A quantidade de eventos de queimadas no MT tem influencia nos altos valores
de AOD entre os meses de agosto e setembro episódios de alta carga de material
particulado na atmosfera.
A regressão entre as variáveis profundidades ópticas dos aerossóis e os valores
de radiação global mostrou forte relação entre os anos de 2010 e 2012.
A quantidade de eventos de precipitação durante a estação seca do ano de 2011
e o menor índice de focos de queimadas no mesmo período, contribuíram para diminuir
a relação entre as variáveis analisadas (AOD x Rg) e (OAD x PAR).
A regressão entre as variáveis OAD x PAR, apresentou valores de R² bem
próximos de 1.0 entre os anos de 2010 e 2012, ou seja, a incidência da radiação
fotossinteticamente ativa na área de estudo é menor quando a concentração de
particulados na atmosfera é maior.
O estudo permitiu compreender que as partículas de aerossóis predominam
entre os meses da estação seca, especialmente no mês de setembro pela contribuição
do fenômeno natural da estiagem e o aumento de focos de queimadas.
Os efeitos dos particulados no ecossistema ou no clima podem ser diretos ou
indiretos e envolvem diversas componentes do sistema superfície-atmosfera.
40
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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