Notas de aula - Ton Marar ([email protected])hal9k.ifsc.usp.br/~smaira/Graduação/1º...
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Notas de aula - Ton Marar ([email protected])
Coordenadas polares no plano, conicas e oestudo da equacao geral do segundo grau em duas variaveis
As coordenadas dos pontos P = (x, y) de uma circunferencia de raio r e centro naorigem O do sistema de coordenadas cartesianas S = {O, x, y} verificam x = r cos()
e y = r sen(), sendo o angulo entre o vetorOP e o eixo de coordenadas Ox.
Variando-se o raio r R+ podemos preencher todo o plano. Assim, cada ponto doplano e um ponto de alguma circunferencia de centro em O e uma nova forma dedescrever algebricamente os pontos do plano se apresenta.
x
y P
O
P
P
O
Sistema de coordenadas polares no plano
Dado um ponto O e uma flecha com origem em O, a cada ponto P de um plano
contendo a flecha ficam associados dois numeros e , assim obtidos: = OP e
e o angulo entre a flecha e o vetorOP, medido no sentido anti-horario. O ponto O e
chamado polo e a flecha fixada e chamada eixo polar. O conjunto {polo, eixo polar} echamado sistema de coordenadas polares no plano. Os numeros e sao chamadosraio vetor e argumento, respectivamente. O par (, ) e denominado coordenadaspolares do ponto P.Escrevemos P = (, ), embora algumas redundancias ocorram, pois diversos paresde coordenadas polares ficam associados a um mesmo ponto.
Observacoes:1) Variando o argumento no intervalo [0, 2) e o raio vetor R+, fica associadoa cada ponto do plano um unico par ordenado (, ), exceto para o polo que temcoordenadas polares (0, ), qualquer que seja .
2) Alguns adotam que tanto como podem assumir qualquer valor real, porem enecessario interpretacao apropriada.Qualquer valor pode ser interpretado como argumento de um ponto P do planodesde que se reduza ou aumente o seu valor por multiplos de 2, de modo a obter0 < 2. Exemplos: (, 9
4) = (,
4); (,
3) = (, 5
3); (,) = (, ).
Qualquer valor pode ser interpretado como raio vetor de um ponto P do plano, poremse este valor for negativo, troca-se o sinal e acrescenta-se ou reduz-se o argumentode . Exemplos: (1,
4) = (1, 5
4); (2,
3) = (2, 2
3); (3,
3) = (3, 4
3).
3) Nas primeiras experiencias com os sistemas de coordenadas cartesianas, considera-se o plano reticulado por pares de retas perpendiculares, umas paralelas ao eixodos xs (y = 2,1, 0, 1, 2, . . . ) e as outras paralelas ao eixo dos ys (x = 2,1, 0, 1, 2, . . . ), formando uma malha de modo a facilitar a localizacao dos
1
http://www.icmc.usp.br/~walmarar/qui08/eq2xy.pdf
2
pontos no plano. Analogamente, no sistema de coordenadas polares usa-se a malhaconstituida de crculos concentricos ( = 1, 2, . . . ), com centro no polo e segmentosradiais partindo do polo ( =
6,
4,
3,
2, . . . ) 1
Relacionamento entre coordenadas cartesianas e polares no plano
Sobrepondo-se um sistema de coordenadas cartesianas S = {O, x, y} ao sistema decoordenadas polares S = {O, eixopolar}, de modo que o semi-eixo positivo dos xscoincida com o eixo polar, obtem-se as seguintes transformacoes entre as coordenadaspolares e cartesianas de um mesmo ponto P :
O
P
x
y
{
x = cos()y = sen()
{
2 = x2 + y2
tg () = yx, x 6= 0
Esses sistemas fornecem as transformacoes das coordenadas do sistema S para S edo sistema S para S , respectivamente.Os pontos de coordenadas (,
2) e (, 3
2) tem coordenadas cartesianas com abscissa
x = 0.
Funcoes em coordenadas polares
O
f( )=
Expressoes da forma = f() sao denominadas funcoes em coordenadas polares.O tracado de seu grafico pode ser feito de maneira primitiva, como no caso decoordenadas cartesianas y = f(x). Em outras palavras, apos localizar alguns pontos(, ) que verificam a igualdade = f() o grafico e obtido interpolando-seospontos localizados no sistema de coordenadas.
12 ,
3 ,
4 , . . .
6 ; e o
5 ?
http://www.icmc.usp.br/~walmarar/qui08/pi5.pdf
3
Expressoes algebricas envolvendo as coordenadas e , mesmo que nao se possaexplicitar uma dessas coordenadas, serao denominadas equacoes de curvas em coor-denadas polares.Algumas vezes, transformando a expressao algebrica de coordenadas polares paracartesianas, ou vice-versa, pode ser util no tracado das curvas.
Exemplos
Nos exemplos 1 e 2 abaixo, a transformacao para coordenadas cartesianas facilita otracado.
1) = 3 sen().Multiplicando-se por ambos os lados da igualdade obtemos 2 = 3sen(). Aidentificacao da curva em coordenadas cartesianas, x2 + y2 = 3y e mais facil. Defato, completando-se quadrados, podemos escrever x2 + (y 3
2)2 9
4= 0. Portanto,
a curva e uma circunferencia de centro no ponto de coordenadas cartesianas (0, 32)
e raio 32.
3/2 3 3/2 3
2) cos() = 3 e a reta, em coordenadas cartesianas, x = 3.
Nos tres exemplos abaixo, passar para coordenadas cartesianas nao facilita o tracado.
3) = e a espiral de Arquimedes (fig.1(a)).
4) = 1 sen() e a cardioide (fig.1(b)).
5) = sen(2) e a rosacea de quatro petalas (fig.1(c)).
(a) (b) (c)
Figura 1.
Note que = sen() e a circunferencia dada em coordenadas cartesianas pelaequacao x2 + (y + 1
2)2 = 1
4. Enquanto = 1 sen() e a cardioide. Portanto, os
graficos em coordenadas polares nao seguem as regras de translacao de graficos docaso cartesiano.
Exerccios Tracar = cos(2), = sen(3), = 1 + cos(2), = 1 + cos(4).
Se k N e par, = sen(k) e a rosacea de 2k petalas. Se k e impar, = sen(k)e a rosacea de k petalas. O mesmo vale para = cos(k). De fato, as rosaceas = sen(k) e = cos(k) diferem apenas por uma rotacao.
4
O exemplo a seguir mostra que a transfomacao de coordenadas cartesianas parapolares pode facilitar o tracado da curva
A lemniscata.2
E o lugar geometrico dos pontos P de um plano cujo produto das distancias adois pontos fixados, F1 e F2 , e constante e igual a (d(F1, F2)/2)
2.
Equacao cartesianaPara obtermos uma equacao simples da lemniscata em coordenadas cartesianas,fixamos um sistema de coordenadas cartesianas {O, x, y} adequado. Neste caso,tomando-se o eixo 0x contendo o segmento F1F2 e o eixo 0y passando pelo pontomedio de F1F2, obtemos, F1 = (a, 0), F2 = (a, 0), e assim d(F1, F2) = 2a.Seja P = (x, y) um ponto da lemniscata. Exprimindo em coordenadas a expressaoque define os pontos da lemniscata, d(P, F1)d(P, F2) = (d(F1, F2)/2)
2, obtemos aequacao cartesiana
((x + a)2 + y2)
((x a)2 + y2) = a2.Por meio de algumas operacoes simplificaremos essa equacao.Inicialmente, para eliminarmos os radicais, elevamos ao quadrado ambos os mem-bros, obtendo
((x + a)2 + y2)((x a)2 + y2) = a4.Simplificando, chega-se a expressao
(x2 + y2)2 2a2(x2 y2) = 0.O tracado dos pontos (x, y) que verificam essa equacao nao e nada facil de se obter.
Equacao polarFixando o sistema de coordenadas polares com polo na origem O e eixo polar coin-cidindo com o semi-eixo positivo dos xs, temos x = cos() e y = sen().Substituindo na equacao cartesiana da lemniscata, obtemos:
(2)2 2a2(2 cos2() 2 sin2)) = 0.Simplificando, obtemos a equacao polar da lemniscata
2 2a2cos(2) = 0.Agora sim, e mais facil tracar a curva. Localizando alguns dos pontos (, ) queverificam a equacao polar e interpolandoobtem-se o tracado.
1 2FF..
1 2FF..
As curvas definidas como o lugar geometrico dos pontos P de um plano cujoproduto das distancias a dois pontos fixados, F1 e F2 , e constante saochamadas ovais de Cassini. A lemniscata e um caso particular dessas ovais.
2Do dicionario Aurelio
lemniscata [Do lat. lemniscata, ornada de fitas; a sua forma, um 8, lembra um laco de fitas.]Substantivo feminino. 1.Geom. Lugar geometrico dos pontos de um plano cujas distancias a doispontos fixos desse plano sao constantes.
O dicionario esta errado. Quem poderia imaginar - um dicionario errado. O erro ja foi comuni-cado aos editores que insistem em nao corrigir nas novas edicoes.
5
Ovais de Cassini tem a aparencia de certas fatias da superfcie de um toro (donut).
Curvas obtidas como fatias de um cone sao definidas de modo analogo a lemniscata.
Conicas
1) Elipse3
E o lugar geometrico dos pontos P de um plano cuja soma das distancias a doispontos fixados, F1 e F2 , e uma constante. Essa constante, que indicaremospor 2a, tem que ser maior que a distancia d(F1, F2) entre os pontos F1 e F2. Emoutras palavras, d(P, F1) + d(P, F2) = 2a.
Equacao cartesiana da elipsePara obtermos uma equacao simples em coordenadas cartesianas para os pontos daelipse, fixamos um sistema de coordenadas cartesianas em , S = {O, x, y} no qualF1 = (c, 0), F2 = (c, 0) e P = (x, y). Em outras palavras, o eixo Ox contem os
3Do dicionario Aurelio (neste caso o dicionario esta certo!)elipse [Do gr. elleipsis, omissao, pelo lat. ellipse.] Substantivo feminino. 1.E. Ling. Omissao
deliberada de palavra(s) que se subentende(m), com o intuito de assegurar a economia da expressao.3.Geom. Lugar geometrico dos pontos de um plano cujas distancias a dois pontos fixos desse planotem soma constante; intersecao de um cone circular reto com um plano que faz com o eixo do coneum angulo maior que o do vertice.
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pontos F1 e F2 e o eixo Oy passa pelo ponto medio do segmento F1F2 de comprimento2c. Seja 2a, com a > c uma constante positiva.Assim, uma equacao cartesiana da elipse e obtida exprimindo d(P, F1) + d(P, F2) =2a em coordenadas:
(x