MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

145
MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO DE TNF-α E IL-10 NO MÚSCULO ESQUELÉTICO DE RATOS COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA SECUNDÁRIA A INFARTO DO MIOCÁRDIO: POSSÍVEL EFEITO ANTIINFLAMATÓRIO DO TREINAMENTO AERÓBIO MODERADO” Tese apresentada ao Instituto de Ciência Biomédicas da Universidade de São Paulo, para obtenção do Título de Doutor em Ciências (Biologia Celular e Tecidual). São Paulo 2007

Transcript of MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

Page 1: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR

“ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO DE TNF-α E IL-10 NO

MÚSCULO ESQUELÉTICO DE RATOS COM

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA SECUNDÁRIA A INFARTO

DO MIOCÁRDIO: POSSÍVEL EFEITO

ANTIINFLAMATÓRIO DO TREINAMENTO AERÓBIO

MODERADO”

Tese apresentada ao Instituto de Ciência Biomédicas da Universidade de São Paulo, para obtenção do Título de Doutor em Ciências (Biologia Celular e Tecidual).

São Paulo 2007

Page 2: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR

“ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO DE TNF-α E IL-10 NO

MÚSCULO ESQUELÉTICO DE RATOS COM

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA SECUNDÁRIA A INFARTO

DO MIOCÁRDIO: POSSÍVEL EFEITO

ANTIINFLAMATÓRIO DO TREINAMENTO AERÓBIO

MODERADO”

Tese (doutorado) apresentada ao Instituto de Ciência Biomédicas da Universidade de São Paulo, para obtenção do Título de Doutor em Ciências (Biologia Celular e Tecidual).

Área de concentração: Biologia Celular e Tecidual

Orientador: Prof. Dr. Antonio Herbert Lancha Júnior

São Paulo

2007

Page 3: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

DEDICATÓRIA

À minha Inha.

Page 4: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

À minha mãe Dona Marli, meus irmãos Márcio e Paula.

Page 5: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

Em especial ao saudoso Prof. Costa Rosa (GG).

Page 6: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

AGRADECIMENTOS

Ao Laboratório de Metabolismo do Departamento de Biologia Celular e do

Desenvolvimento do Instituto de Ciência Biomédicas da Universidade de São Paulo. À

todos que a passaram pelo laboratório e tiveram a oportunidade de conviver em uma

comunidade “comuno-anarquica-sindicalista”.

A professora Dra. Marília Seelaender, que foi durante esses dois últimos anos,

amiga, “mãe adotiva”, “chefa” e co-orientadora. Muito obrigado pela atenção,

paciência, sabedoria e generosidade.

Aos Professores Dr. Antonio Carlos Lopes e Renato Delascio Lopes, da

Disciplina de Clínica Médica, da Escola Paulista de Medicina, pela indispensável e

generosa ajuda.

À professora Dr. Patrícia Chakur Brum do Laboratório de Fisiologia Celular e

Molecular do Exercício da EEFE/USP, pela indicação ao Laboratório do GG, pela

participação em bancas e críticas construtivas e pelo indispensável apoio técnico. As

técinas de laboratório Katt Mattos e Marcele Coelho pela “precisão cirúrgica”.

Ao professor Dr. Antonio Herbert Lancha Júnior, que diante os percalços da

vida, aceitou incondicionalmente ser meu orientador. Muito obrigado.

Page 7: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

Aos meus familiares e amigos que vibraram com minhas conquistas mesmo sem

entender nada do que faço.

Aos amigos do Laboratório de Metabolismo do ICB/USP que proporcionaram

um ambiente de trabalho agradável e prazeroso.

Em especial ao “Ronaldinho Wistar Fenômeno”, Eivor “Japão”, Alex Shimura

“Ushida”, Fabio Lira “Fio” e José Rosa Neto “JosecãoDogcachorro” pela dedicação,

profissionalismo que permitiu a realização deste estudo e pela grande amizade.

Aos novos amigos do Laboratório de Lípides, em especial a Emília e Dani.

À todos aqueles, professores, funcionários do ICB, pessoal da xérox, que de

certa forma, participaram de nossa formação nesses dez anos de ICB, desde a iniciação

científica. Não ousaria sequer tentar citar um por um, pois foram tanto e não quero

cometer uma gafe, que neste momento seria imperdoável. Em especial ao Professor Dr.

Jarbas Arruda Bauer pelo entusiasmo, amor à profissão e pelas conversas sobre didática

do ensino, etc, etc....

À professora Dr. Regina Batista da Costa da Universidade de Mogi das Cruzes,

que nos permitiu a conclusão dos últimos experimentos em seu laboratório, sem os

quais não haveríamos terminado nossa Tese. Muito obrigado.

Page 8: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

“Só se pode concertar uma máquina conhecendo-se as peças e sua utilização” François Jacob

Page 9: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

RESUMO Batista ML, Jr. Alterações na produção de TNF-α e IL-10 no músculo esquelético de ratos com insuficiência cardíaca secundária a infarto do miocárdio: Possível efeito antiinflamatório do treinamento aeróbio moderado [Tese]. São Paulo: Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo; 2007. O propósito deste estudo foi investigar o efeito do treinamento aeróbio moderado com corrida em esteira ergométrica para ratos Wistar com insuficiência cardíaca (IC) secundária a infarto do miocárdio (IM). Além disso, investigou-se a produção e expressão do gene fator de necrose tumoral-α (TNF-α) e interleucina-10 (IL-10) no músculo sóleo e extensor digital longo (EDL) desses animais. Para testar essa hipótese, foram utilizados ratos Wistar (4-6 semanas de vida) submetidos à toracotomia esquerda com oclusão do ramo da artéria coronária descendente anterior esquerda sem reperfusão (IM) e/ou o mesmo procedimento cirúrgico, porém, sem o rompimento do pericárdio e a ligação da artéria coronária descendente anterior esquerda “Sham”. Após um período de 4 a 6 semanas, os animais foram submetidos à análise ecocardiográfica e divididos nos seguintes grupos experimentais: falso operado e mantidos sedentário (Sham-S), operado e mantidos sedentário (IM-S), falso operado e submetido ao protocolo de treinamento aeróbio (Sham-T) e Operado (IM-T) e submetido ao protocolo de treinamento aeróbio. Os animais do grupo treinado foram submetidos a corridas em esteira ergométrica para ratos (0% inclinação a 13-20 m/m) durante 60 min/dia, 5 dias / semana, por um período de 8-10 semanas, enquanto os ratos sedentários tiveram atividade limitada e controlada. No presente estudo, o grupo IM-S apresentou aumento na expressão do gene nos níveis teciduais do TNF-α, que ocorreu simultaneamente a diminuição da IL-10 no músculo soleo, sem alterações no EDL. Por esse motivo, a razão IL-10/ TNF-α, expressão do gene NF-κBp65 e a correlação entre IL-10 e NF-κBp65 foram investigadas. O aumento na razão IL-10/ TNF-α deveu-se tanto ao aumento dos níveis teciduais do TNF-α como da diminuição da IL-10 dos níveis teciduais. Observamos também a correlação positiva entre a diminuição na expressão do gene IL-10 e o aumento do gene NF-κBp65 no grupo IM-S. O protocolo de treinamento aeróbio adotado em nosso estudo reverteu as alterações decorrentes do IM, reduzindo tanto expressão do gene como os níveis teciduais do TNF-α no grupo IM-T, quando comparado ao IM-S no músculo sóleo. Simultaneamente, foi observado aumento nos níveis teciduais da IL-10, fato que foi mais pronunciado quando avaliado pela diminuição na razão IL-10/ TNF-α. Ainda, após o programa de treinamento aeróbio, a correlação positiva entre a diminuição na expressão do gene IL-10 e o aumento do gene NF-κBp65 desaparece no grupo IM-T. Concluímos que o treinamento aeróbio por nós adotado demonstrou ser eficiente em reduzir os níveis de TNF-α no músculo sóleo, bem como aumentar os níveis de IL-10 no mesmo tecido, sem alterar esses parâmetros no músculo EDL. Por sua vez, esse efeito foi apenas evidente no grupo de animais com IC secundária a IM, sugerindo um “efeito antiinflamatório” induzido pelo treinamento físico, que fica mais evidente em tecidos onde há o predomínio das citocinas pró-inflamatórias. Palavras-chave: Treinamento aeróbio; Insuficiência cardíaca animal; Músculo esquelético; Citocinas; Inflamação.

Page 10: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

ABSTRACT

Batista ML, Jr. Changes in skeletal muscle TNF-α e IL-10 production of post myocardial infarction heart failure rats: Possible anti-inflammatory effect of moderate endurance training [PhD Thesis]. São Paulo: Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo; 2007.

The aim of this study was to investigate the effect of endurance training in treadmill running to post myocardial infarction (MI) heart failure (HF) Wistar rats. We also investigate the tumor necrosis factor-α (TNF-α) and interleukin-10 (IL-10) levels and gene expression in rat soleus and extensor digitorum longus (EDL). To evaluate our hypothesis, Wistar rats (4-6 weeks) were undergone to left thoracotomy with ligation of the left coronary artery or Sham operations. After 4 weeks, echocardiography was performed and animals randomized divided into: control (Sham-operated) and MI (ligation of the left coronary artery) animals were randomly assigned to either a sedentary (Sham-operated sedentary and MI sedentary) or a trained group (Sham-operated trained and MI trained). Trained rats ran on a treadmill (0% grade at 13-20 m/m) for 60 min/day, 5 days / week, for 8-10 weeks, whereas sedentary rats had only limited and controlled activity). An increase in both TNF-α muscular level and gene expression were observed at the same time that IL-10 levels were decreased in soleus, without changes in EDL. Thus, IL-10/ TNF-α ratio, NF-κBp65 gene expression and correlation IL-10 and NF-κBp65 were investigated in rat soleus muscle. The IL-10/ TNF-α ratio increase was due to both TNF-α muscular level increase, as well as IL-10 decrease. It was also observed a positive correlation between IL-10 gene expression decrease and NF-κBp65 gene expression increase in IM-S group. Endurance training protocol herein adopted was able to reverse induced-changes in IM rats, showing decrease in both TNF-α soleus muscular level and gene expression of IM-T group when compared to IM-S group. Simultaneously, an increase in IL-10 levels was observed, and this fact was more evident when evaluated through IL-10/ TNF-α ratio decrease. It is also important to mention that, after endurance training period, a positive correlation between IL-10 and NF-κBp65 gene expression disappears in IM-T group. We conclude that endurance training herein adopted seems to be effective to reduce TNF-α levels in rat soleus muscle, as well as increase IL-10, without changes in EDL muscle. Therefore, this effect was just evident in post-MI HF rats, suggesting that an “anti-inflammatory effect” induced by exercise training seems to be more evident in tissues were pro-inflammatory cytokine is predominant. Key-words: Endurance training; Animal heart failure; Skeletal muscle; Cytokine; Inflammation.

Page 11: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Consumo máximo de oxigênio antes e após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronários e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T). Figura 2 – Quantificação do TNF-α no músculo sóleo após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronários e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T). Figura 3 – Real Time Polimerase Chain Reaction do gene TNF-α no músculo sóleo (A) e EDL (B) após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronários e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T). Figura 4 – Real Time Polimerase Chain Reaction do gene TNF-α no músculo sóleo de animais com FE maior que 35% após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronários e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T). Figura 5 – Quantificação da IL-10 no músculo sóleo após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronários e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T). Figura 6 – Real Time Polimerase Chain Reaction do gene IL-10 no músculo sóleo (A) e EDL (B) após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronários e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T). Figura 7 – Razão dos níveis de IL-10/TNF-α no músculo sóleo após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronários e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T). Figura 8 – Perfil dos níveis de citocinas na razão IL-10/TNF-α no músculo sóleo após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e

Page 12: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronários e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T). Figura 9 – Real Time Polimerase Chain Reaction do gene IL-6 no músculo sóleo após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronários e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T). Figura 10 – Real Time Polimerase Chain Reaction do gene NF-κB no músculo sóleo após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronários e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T). Figura 11 – Real Time Polimerase Chain Reaction do gene IκBα no músculo sóleo após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronários e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T). Figura 12 – Correlação de Pearson entre a expressão dos genes IL-10 e NF-κB no músculo sóleo de ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronária e mantidos sedentários (IM-S) (A), nos animais do grupo IM-T (B) e nos animais do grupo IM-T com fração de ejeção maior que 35%. Figura 13 – Correlação de Pearson entre a expressão dos genes IL-10 músculo sóleo e as medidas de disfunção do ventrículo esquerdo (PAVED = parede anterior do ventrículo esquerdo em diástole, A) e (FE = fração de ejeção, B) de ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronária e mantidos sedentários (IM-S). Figura 14 - Níveis plasmáticos de ACTH (A) e corticosterona (B) após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronários e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T).

Page 13: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Protocolo de treinamento semanal para ratos em esteira ergométrica.

Tabela 2 - Seqüência dos primers do RT-PCR.

Tabela 3 - Peso absoluto após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronária e mantidos sedentário (IM-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T). Tabela 4 - Peso relativo após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronária e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T). Tabela 5 – Valores das variáveis funcionais do ventrículo esquerdo ao ecocardiograma Doppler após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham (Sham-) e ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronária (IM). Tabela 6 - Peso corporal total e carcaça (% de gordura) após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronária e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T). Tabela 7 – Valores das variáveis funcionais do ventrículo esquerdo ao ecocardiograma Doppler após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronária e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T).

Page 14: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

LISTA DE ABREVIATURAS

ATP: trifosfato de adenosina

Ca ++ : cálcio

CD14: cluster de diferenciação 14

COX: citocromo c oxidase

DEPC: dietilpirocarbonato

DTT: ditiotreitol

EDL: extensor digital longo

EDTA: ácido etilenodiaminotetracético

ELISA: Enzyme-linked immunoabsorbent assay

FEVE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo

FS: fração de encurtamento do diâmetro antero-posterior

HDL: lipoproteína de densidade alta

IAM: infarto agudo do miocárdio

IC: insuficiência cardíaca

ICC: insuficiência cardíaca crônica

IIM: tamanho do infarto do miocárdio

IM: infarto do miocárdio

IkB: proteína inibitória kappa B

IKK: complexo IkB quinase

IL: interleucinas

IL-10R: receptor de membrana para IL-10

IL-1ra: receptor antagonista da interleucina 1

IM: infarto do miocardio

INF: interferon

Page 15: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

iNOS: óxido nítrico sintase indutível

LDL: lipoproteína de densidade baixa

LPS: lipopolissacarídeo

MCP-1: proteina quimioatratante de monócitos 1

MIP-1: proteína inflamatória de macrófagos 1

mRNA: RNA mensageiro

NF κB: fator de transcrição nuclear κB

NO: óxido nítrico

NYHA: New York Heart Association

PAVED: parede anterior do ventrículo esquerdo no final da diástole

PBS: tampão salina fosfato

PCR: Polimerase Chain Reaction

PTE: perímetro total da borda do endocárdio

rhIL anticorpo recombinante humano

RIE: radioimunoensaio

RNA: ácido ribonucleico

RsTNF: receptor solúvel para o TNF

RTNF: receptor de membrana para o TNF

RT-PCR: Reverse Trascriptase – Polimerase Chain Reaction

SDH: succinato desidrogenase

TACE: enzima conversora de TNF-α

TAE: tris-acetato

TBE: tris-borato-EDTA

TGF-β: factor beta de transformação do crescimento β

TNF: fator de necrose tumoral

Page 16: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

VDF: volume diastólico final

VEGF: factor de crescimento do endotélio vascular

VO2max : consumo máximo de oxigênio

VO2pico : pico do consumo máximo de oxigênio

18S: RNA robossomal 18S

Page 17: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 23 2. REVISÃO DE LITERATURA................................................................................ 27 2.1. Doenças cardiovasculares ..................................................................................... 27 2.1.2. Isquemia do miocárdio....................................................................................... 28 2.1.3. Insuficiência cardíaca (IC)................................................................................. 30 2.1.3.1. Sinais e sintomas de IC.................................................................................... 34 2.2. Modelos animais de IC.......................................................................................... 37 2.3. Alterações no sistema imune e nas citocinas na ICC.......................................... 40 2.4. Hipóteses a respeito da origem das citocinas na ICC......................................... 41 2.5. Papel do TNF-α na progressão da ICC ............................................................... 48 2.6. Vias sinalizadoras (fator de transcrição nuclear kappa B - NF-κB)................. 51 2.7. Papel do IL-10 na progressão da ICC ................................................................. 53 2.8. Efeitos do treinamento aeróbio na ICC............................................................... 55 2.9. Efeito do treinamento aeróbio em ratos com IC secundária a IM.................... 57 2.10. Efeito do treinamento aeróbio nas citocinas pro-inflamatórias na ICC ........ 59 2.11. Papel do treinamento físico como estratégia antiinflamatória........................ 62 2.11.1. Efeito antiinflamatório do exercício................................................................ 63 2.11.2. Possíveis mecanismos envolvidos na resposta antiinflamatória após o exercício físico ............................................................................................................... 65 3. OBJETIVO .....................................................................Erro! Indicador não definido. 3.1. Geral .............................................................................Erro! Indicador não definido. 3.2. Específico................................................................................................................ 68 4. MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 69 4.1. Reagentes................................................................................................................ 69

Page 18: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

4.2. Animais ................................................................................................................... 69 4.3. Controle do peso corporal..................................................................................... 70 4.4. Indução do infarto agudo do miocárdio (IM) através da lesão miocárdica por isquemia sem reperfusão.............................................................................................. 70 4.5. Ecocardiograma Doppler Transtorácico............................................................. 71 4.6. Desenho experimental ........................................................................................... 72 4.6.1. Descrição dos grupos experimentais:................................................................ 72 4.6.2. Determinação do consumo máximo de oxigênio (VO2max) .............................. 73 4.6.3. Protocolo de treinamento aeróbio moderado................................................... 73 4.7. Coleta do material a ser estudado após o sacrifício dos animais ...................... 74 4.7.1. Procedimentos gerais.......................................................................................... 75 4.7.2. Obtenção e homogeneização dos tecidos .......................................................... 75 4.7.3. Obtenção do plasma ........................................................................................... 75 4.8. Quantificação das citocinas teciduais .................................................................. 76 4.8.1. Determinação da concentração de proteínas totais do homogeneizado ........ 76 4.8.2. Enzyme-linked immunoabsorbent assay (ELISA) ............................................... 76 4.9. Quantificação da expressão dos genes das citocinas teciduais .......................... 78 4.9.1. Extração de RNA................................................................................................ 78 4.9.2. Transcrição Reversa (RT) ................................................................................. 79 4.9.3. Seleção dos primers ............................................................................................. 79 4.9.4. Reações de PCR em tempo real......................................................................... 81 4.10. Parâmetros plasmáticos ...................................................................................... 81 4.10.1. Radioimunoensaio (RIE) para corticosterona ............................................... 81 4.10.2. Radioimunoensaio (RIE) para ACTH ............................................................ 82 4.11. Análise estatística................................................................................................. 83

Page 19: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

5. RESULTADOS ......................................................................................................... 85 5.1. Características gerais dos grupos experimentais................................................ 85 5.1.1. Peso Absoluto ...................................................................................................... 85 5.1.2. Peso Relativo ....................................................................................................... 85 5.2. Função do ventrículo esquerdo em animais com IC secundária a IM ............. 88 5.3. Consumo máximo de oxigênio em animais com IC secundária a IM e submetidos ao programa de treinamento aeróbio moderado................................... 90 5.4. Níveis de TNF-α no músculo estriado esquelético .............................................. 92 5.5. Expressão gênica de TNF-α no músculo estriado esquelético ........................... 94 5.6. Níveis de IL-10 no músculo estriado esquelético ................................................ 97 5.7. Expressão gênica da IL-10 no músculo estriado esquelético ............................. 99 5.8. Razão dos níveis de IL-10/TNF-α no músculo estriado esquelético................ 101 5.9. Expressão gênica da IL-6 no músculo estriado esquelético ............................. 104 5.10. Expressão gênica da NF-κB e IκBα no músculo estriado esquelético .......... 106 5.11. Correlação entre a expressão gênica da IL-10 e do NF-κB no músculo estriado esquelético..................................................................................................... 109 5.12. Correlação entre a expressão gênica da IL-10 no músculo estriado esquelético e variáveis funcionais do ventrículo esquerdo ......................................................... 111 5.13. Níveis plasmáticos dos hormônios ACTH e corticosterona........................... 113 6. DISCUSSÃO ........................................................................................................... 115 7. CONCLUSÃO......................................................................................................... 134 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 135 ANEXOS ..................................................................................................................... 147

Page 20: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

23

1 - Introdução

A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica de fisiopatologia

complexa, que pode ser resultante de qualquer disfunção funcional ou estrutural, que

atinja o coração, e conseqüentemente, comprometa a capacidade dos ventrículos de

encherem e bombearem sangue satisfatoriamente (Hunt et al., 2005; Schlant e

Sonnenblick, 1990). As manifestações cardinais da IC são dispnéia e fadiga, as quais

podem limitar a capacidade de realizar esforço físico (intolerância ao exercício físico) e

podem culminar em processos que podem conduzir à congestão pulmonar, sistêmica e

ao aumento da resistência vascular periférica (Barretto et al., 2002; Larsen et al., 2002).

As principais causas da IC, de origem cardíaca, são as doenças das artérias coronárias,

hipertensão, carciomiopatias e doenças das válvulas cardíacas (Barretto et al., 2002;

Hunt et al., 2005).

Atualmente, as alterações deteriorativas envolvidas na progressão da IC não

dependem somente dos parâmetros hemodinâmicos, mas também dos processos que

culminam na ativação inflamatória local e sistêmica (Anker e von Haehling, 2004;

Aukrust et al., 1999; Coats et al., 1994a; Genth-Zotz et al., 2002; Paulus, 1999; Schulze

et al., 2003; Yndestad et al., 2006), evidenciadas pelo aumento na expressão gênica e na

produção de citocinas pró-inflamatórias como: fator α de necrose tumoral (TNF-α),

interleucinas 1β (IL-1β) e 6 (IL-6), dentre outros marcadores inflamatórios, tanto no

plasma como no músculo esquelético de ratos e pacientes com IC. Esses mediadores

inflamatórios podem, além de contribuir para a fisiopatologia e progressão estrutural e

funcional do músculo cardíaco, atuar diretamente no aparecimento das manifestações

periféricas da síndrome da IC, principalmente nas alterações relacionadas à diminuição

da massa muscular e alterações funcionais (Gielen et al., 2005b; Toth et al., 2006).

Page 21: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

24

Seguindo essa linha de raciocínio, Coats et al. (1994) propuseram uma hipótese

intitulada “Hipótese muscular da IC”, segundo a qual, as alterações degenerativas são

decorrentes de uma perfusão reduzida nos músculos esqueléticos causada pelo baixo

débito cardíaco, resultando em uma hipóxia tecidual. Se forem mantidas por um longo

tempo, a hipóxia tecidual e um conseqüente aumento na produção de radicais livres

passam a ser um potente estímulo para a produção de citocinas pro-inflamatórias (TNF-

α, IL-1β e IL-6) mediada pelo fator de transcrição nuclear κB (NF κB), o qual iniciaria

uma cascata de eventos que consiste na expressão da óxido nítrico sintase indutível

(iNOS), apoptose do músculo esquelético e perda de massa muscular (Gielen et al.,

2005a; Gielen et al., 2005b; Paulus, 1999; Spate e Schulze, 2004).

Por conseguinte, apesar de nos últimos anos a grande maioria dos estudos sobre

IC terem enfocado as citocinas pró-inflamatórias, atualmente as citocinas

antiinflamatórias, em especial a IL-10, tem ganhado destaque e podem ter um papel

importante na fisiopatologia da IC (Stumpf et al., 2003; Yamaoka et al., 1999). Em

pacientes com IC, uma diminuição na concentração plasmática de IL-10 tem sido

relatada e correlacionada positivamente com uma piora na fração de ejeção do

ventrículo esquerdo (Waehre et al., 2002). Além disso, em animais com ICC induzida

pelo IM, a utilização da relação da produção da IL-10 pelo TNF-α (taxa IL-10/ TNF-α)

tem sido recentemente demonstrada como um indicador com maior precisão do grau de

disfunção ventricular nesta condição (Kaur et al., 2006b; Stumpf et al., 2003).

O treinamento físico realizado através de exercícios aeróbios, tem sido

considerado como a base de sustentação dos programas de reabilitação cardíaca e uma

importante forma de tratamento não farmacológico, através do qual podem-se alcançar

os objetivos estabelecidos para minimizar os fatores de risco que predispõem o

Page 22: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

25

indivíduo às doenças cardiovasculares (Balady et al., 2007; Dorn et al., 2001; Leon,

2000; Perk e Veress, 2000).

Os benefícios potenciais do treinamento aeróbio realizados em intensidades leve

a moderada (40 – 85% VO2max) de 3 a 5 dias por semana, durante 20 – 60 minutos em

pacientes pós-infarto, têm sido previamente relatados (Dorn et al., 2001; Leon, 2000;

Perk e Veress, 2000; Pierson et al., 2001; Silva et al., 2002). Esses estudos recentes têm

demonstrado que o treinamento aeróbio leve a moderado contribui para a melhora no

sistema cardiovascular, com menor freqüência cardíaca e pressão arterial em uma

mesma sobrecarga de trabalho. Isto implica em uma adaptação periférica, no balanço do

colesterol de alta densidade e baixa densidade (HDL / LDL) e efeitos sobre o limiar de

angina. Efeitos benéficos sobre o metabolismo de carboidratos, viscosidade do sangue,

redução da massa corporal total também têm sido descritos .

Além dos benefícios cardiovasculares, induzidos tanto pelas adaptações na

função do coração enquanto bomba, como nas adaptações periféricas, o treinamento

físico parece capaz de modular, na vigência de um quadro inflamatório crônico anormal,

a expressão elevada de citocinas pró-inflamatorias, moléculas de adesão solúveis e

fatores quimioatratantes (Adamopoulos et al., 2001b; Anker e von Haehling, 2004;

Aukrust et al., 1998; Batista et al., 2006; Costa Rosa, 2004). Gielen et al. (2003)

publicaram o primeiro estudo que demonstrou aumento na expressão local de citocinas

pro-imflamatórias, em amostras provenientes de biopsia do músculo esquelético em

indivíduos com IC e por outro lado, este aumento não foi demonstrado quando o

parâmetro avaliado foi sua concentração plasmática.

A utilização do treinamento aeróbio em esteira ergométrica a 70% VO2pico,

durante seis meses, foi capaz de atenuar esta expressão local aumentada de citocinas

pró-inflamatórias (TNF-α, IL-1β, IL-6). Ainda neste estudo, demonstrou-se que essa

Page 23: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

26

redução foi associada à redução na expressão do gene da iNOS e ao acúmulo

intracelular de óxido nítrico (NO), sugerindo então que a utilização do treinamento

físico deva ser realizada não apenas como uma forma de intervenção que objetiva a

melhora das capacidades físicas (comprometidas ou não pelo IC) ,mas como estratégia

terapêutica com finalidade antiinflamatória local.

Mais recentemente, Batista et al. (2006) demonstraram em ratos Wistar com

IC secundária a infarto do miocárdio (IM) um aumento crônico no índice de

quimiotaxia e na produção de TNF-α em macrófagos da cavidade peritoneal destes

animais, indicando uma ativação crônica destas células. Por outro lado, o treinamento

aeróbio moderado (corrida em esteira) com duração de 10 semanas foi capaz de reverter

este quadro, atingindo valores próximos aos encontrados nos grupos controles (Batista

et al., 2007b). No entanto, apesar de caracterizado o efeito restaurador e/ou

antiinflamatório nessas condições, pouco se sabe a respeito dos possíveis mecanismos

pelos quais o treinamento físico poderia modular esse processo.

Estudos recentes têm demonstrado alterações na concentração plasmática de IL-

10 e IL-ra após o exercício físico, a qual também pode contribuir ao millie

antiinflamatório, podendo ser um importante mediador dos efeitos antiinflamatórios do

treinamento físico. A IL-10 pode atuar em diferentes tipos celulares e induz supressão

da resposta inflamatória nos mais variados tipos celulares (Malefyt, 1999). Além disso,

essa citocina tem sido postulada como a principal molécula responsável pelo

“orquestramento” de reações inflamatórias, em particular a inibição das alterações

mediadas pelo TNF-α.

Por outro lado, apesar do aumento crescente de evidências indicando a relação

entre o efeito antiinflamatório do exercício físico, bem como o efeito protetor e/ ou

Page 24: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

27

inibidor em vários quadros patológicos, os possíveis efeitos ao longo do tempo

(treinamento) ainda não estão bem caracterizados.

Portanto, pode-se depreender que, pouco ou nenhum estudo associou os

possíveis efeitos antiinflamatório do treinamento aeróbio moderado sobre a produção de

citocinas pró (TNF-α) e antiinflamatória (IL-10) em um modelo experimental em ratos

com IC secundária a IM. Por outro lado, as adaptações oriundas do treinamento aeróbio

moderado (55 - 65% VO2max) podem ter efeitos imunomoduladores, notadamente na

produção da IL-10, condição que poderia ser ainda mais evidente em quadros

patológicos que apresentam, de maneira crônica, um aumento na produção desses

marcadores inflamatórios.

2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 - Doenças cardiovasculares

Em 2004, dados do Ministério da Saúde (Ministério da Saúde, 2007) indicam

que as doenças cardiovasculares lideram o ranking da mortalidade no Brasil, com 285

mil mortes por ano (32% do total). Dentro desse grupo, destaque para a hipertensão

arterial, relacionada à cerca de 25% dos casos de diálise por insuficiência renal crônica

terminal, 80% dos derrames e 60% dos infartos do miocárdio. Estima-se que 22% da

população adulta (a partir de 20 anos) no país seja hipertensa. Na faixa etária de 30 a 69

anos, as doenças cardiovasculares respondem por 40 % do total de óbitos, atingindo a

população adulta em plena fase produtiva. Respondem ainda por 1,1 milhão de

internações/ano (10,3%), a um custo de R$ 475 milhões, sem contar os gastos com

procedimentos de alta complexidade. Das doenças cardiovasculares, as que mais

Page 25: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

28

aparecem nas estatísticas de mortalidade são as doenças isquêmicas e cerebrovasculares

(Mansur et al., 2006; Piegas et al., 2003)

Quando as anormalidades da artéria coronária levam a uma doença clínica,

virtualmente quase sempre é por causa de estreitamento ou oclusão arterial complexas.

As causas de estreitamento arteriais coronárias são muitas, embora seja a arteriosclerose

a principal e mais marcante causa de obstrução coronária na população adulta. A

arteriosclerose coronária domina a maior parte da doença cardiovascular no adulto e é

responsável por mais de 90% da cardiopatia isquêmica (Katz, 2003; Kirk e

Sonnenblick, 1982).

A doença cardíaca isquêmica surge a partir das doenças das artérias coronárias,

ou aterosclerose, termos que se referem aos processos patogênicos subjacentes que

descrevem os mecanismos que levam à oclusão da artéria coronária. A fisiopatologia da

aterosclerose, a doença obstrutiva crônica das artérias coronárias, e os processos

trombóticos subseqüentes são as causas mais comuns do infarto agudo do miocárdio

(IAM) (Kirk e Sonnenblick, 1982).

2.1.2 - Isquemia do miocárdio

A isquemia do miocárdio é o resultado da deficiência do suprimento de sangue

arterial para o músculo do coração. Esta deficiência pode ser definida como uma

perfusão inadequada de oxigênio e nutrientes pelas artérias coronárias, proveniente de

um estreitamento na parede do vaso e nas interações entre o endotélio da artéria

coronária doente e elementos sanguíneos tais como as plaquetas e os

monócitos/macrófagos que, juntamente com a coagulação do sangue, são centrais na

fisiopatologia da doença cardíaca isquêmica. As seqüelas imediatas da oclusão

coronariana são duas: a perda inicial da função contrátil e arritmias, e a morte

Page 26: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

29

subseqüente das células miocárdicas isquêmicas, o que representa um IAM (Factor e

Kirk, 1990; Frangogiannis et al., 2002; Kirk e Sonnenblick, 1982).

As principais conseqüências hemodinâmicas da oclusão da artéria coronária

surgem de anormalidades que comprometem o ventrículo esquerdo, e a extensão da

lesão ventricular esquerda é uma determinante fundamental do decurso clínico na

maioria dos pacientes após a oclusão coronariana. Desta forma, tanto o débito cardíaco

quanto à pressão sanguínea estão reduzidos, enquanto ao mesmo tempo causa a falta de

ar quando a capacidade do ventrículo esquerdo aceitar sangue das veias pulmonares é

prejudicada. O infarto do ventrículo direito é menos comum, e mais difícil de detectar e

quantificar. Outra característica marcante da isquemia inclui, além de sustar a entrega de

oxigênio ao coração, o bloqueio, mesmo que parcial, impede a remoção de metabólitos

importantes, como prótons (H+), lactato, bem como a redução na pressão intratoráxica

(Factor e Kirk, 1990; Katz, 2003).

A oclusão total do fluxo de sangue para uma determinada região do miocárdio é

denominada isquemia total. Quando esta isquemia é suficientemente severa e persiste

por um longo período, o miocárdio é lesado de uma maneira irreversível ocasionando

necrose celular. Esta necrose no miócito causada pela isquemia do miocárdio é definida

como infarto do miocárdio (IM) (Factor e Kirk, 1990; Katz, 2003).

Embora o tamanho do infarto seja um determinante importante da função

ventricular esquerda e de mortalidade após IAM, o local da lesão miocárdica também é

um determinante importante do resultado final. Os infartos da parede anterior que

resultam da oclusão da artéria coronária descendente anterior esquerda tendem a ser

maiores, associados à maior disfunção ventricular esquerda, mais aptos a causarem

bloqueio cardíaco completo permanente, a desenvolverem trombose mural e aneurismas

Page 27: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

30

cardíacos, bem como a condicionarem uma mortalidade maior (Bulkley, 1990; Factor e

Kirk, 1990).

A relação entre a localização da necrose e o resultado também são ilustrados

pela diferença entre os infartos transmurais e não transmurais. Os infartos transmurais,

definidos como aqueles que envolvem toda a espessura da parede ventricular esquerda,

têm um resultado de pior prognóstico e pode levar a certas conseqüências negativas que

não ocorrem com infartos não-transmurais, não interessando a amplitude da necrose. Os

infartos transmurais são aqueles que mais facilmente se associam à expansão do infarto,

dilatação cardíaca, roptura cardíaca, trombose mural e formação tardia de aneurisma.

Uma faixa epicárdica preservada de miocárdio presente no infarto não-transmural

parece proteger contra a mudança na forma durante a expansão e contra aneurismas e

ropturas (Bulkley, 1990).

2.1.3 - Insuficiência cardíaca (IC)

Após os eventos agudos, o IAM afeta as regiões infartada e não infartada com

alterações globais subseqüentes que afetam a capacidade do sistema cardiovascular de

realizar suas funções básicas como, por exemplo; proporcionar nutrientes às células do

organismo e remover produtos de seu metabolismo. Desta forma, a insuficiência

cardíaca (IC) é postulada como uma síndrome clínica que pode ser gerada,

primariamente, quer por conseqüências não-cardíacas (volemia inadequada, diminuição

do retorno venoso, etc) como cardíacas (disfunção funcional e estrutural do miocárdio)

(Hunt et al., 2005; Schlant e Sonnenblick, 1990).

A IC é a via final comum da maioria das cardiopatias .Representa importante

problema de saúde pública, considerando-se a prevalência crescente e os índices de

hospitalização associados à alta morbimortalidade. O custo sócio-econômico da

Page 28: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

31

síndrome é elevado, envolvendo dispêndio com medicamentos, internações repetidas,

perda de produtividade, aposentadorias precoces, eventuais cirurgias e, ocasionalmente,

transplante cardíaco. Segundo o DATASUS, do Ministério da Saúde, existem

atualmente cerca de 6,5 milhões de pacientes com IC no Brasil. Aproximadamente um

terço dos pacientes com IC é hospitalizado anualmente. A mortalidade anual oscila em

torno de 10% para pacientes não selecionados e de 30 a 40% para enfermos em classe

funcional IV da New York Heart Association (NYHA), adequadamente tratados.

Portanto, IC é condição clínica freqüente, de alto custo, freqüentemente incapacitante e,

ainda, com elevada mortalidade (Balady et al., 2007; Hunt et al., 2005).

A disfunção miocárdica e insuficiência miocárdica são expressões que se

referem à queda no desempenho mecânico do coração e pode ser discreta (disfunção) ou

acentuada (insuficiência). Na disfunção miocárdica moderada ou relativamente

acentuada, e naquelas com insuficiência miocárdica, o prejuízo na função pode ser

detectado por meio de estudos da função total da bomba cardíaca, sendo que graus mais

discretos só podem ser detectados por índices mais específicos de contratilidade do

miocárdio. O quadro de disfunção ou mesmo insuficiência avançada, a função global da

bomba cardíaca (e o débito cardíaco em repouso) podem ser mantidos dentro dos limites

da normalidade por mecanismos compensatórios, como o aumento do enchimento

ventricular, aumento da pré-carga (dilatação) e/ou hipertrofia cardíaca. No IM, a IC

ocorre primariamente devido à perda de células e secundariamente à hipertrofia crônica

associada à cicatrização ou à disfunção hipertrófica. Por último, a insuficiência

miocárdica associada às anormalidades mecânicas, que podem estar presentes, acabam

levando ao prejuízo da função sistólica da bomba cardíaca, de intensidade suficiente

para determinar a insuficiência global da mesma (Katz, 2003; Schlant e Sonnenblick,

1990). As alterações crônicas provenientes do IAM, principalmente, no que diz

Page 29: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

32

respeito às alterações morfológicas, têm efeito tanto no volume, como na forma do

ventrículo esquerdo, sendo a disfunção no ventrículo esquerdo um dos fatores iniciais

responsáveis por esta síndrome (Schlant, 1997).

Desta forma, as alterações crônicas do IM, e conseqüentemente a insuficiência

miocárdica, podem ser consideradas como um evento que induz alterações

generalizadas em termos estruturais, hemodinâmicas e funcionais, sendo uma condição

de estresse ao organismo tanto de maneira aguda como crônica. Nas últimas décadas,

essas alterações vêm sendo reconhecidas como uma desordem crônica e progressiva que

afeta diferentes vias metabólicas e fisiológicas. Neste contexto, os primeiros paradigmas

que descreveram as causas e conseqüentemente, as terapias da IC, consideraram essa

doença em termos da função bombeadora deprimida e a dinâmica circulatória alterada

As anormalidades hemodinâmicas em pacientes com IC são conceitualmente

simples porque, como qualquer bomba, o coração tem apenas dois meios de ser

insuficiente: ejeção reduzida de sangue sob pressão para a aorta e artéria pulmonar

(insuficiência anterógrada ou inotrópica) e esvaziamento inadequado dos reservatórios

venosos (insuficiência retrógrada ou lusitrópica) (Schlant e Sonnenblick, 1990). Como a

anormalidade primária surge freqüentemente em qualquer dos ventrículos, esquerdo ou

direito, há na realidade quatro tipos de IC. No entanto, como o sangue corre em

círculos, nenhuma delas ocorre de forma pura.

Na insuficiência anterógrada, onde o ventrículo se esvazia mal, o enchimento

também fica reduzido, e inversamente, na insuficiência retrógrada, onde o enchimento é

reduzido, o ventrículo não pode ejetar um débito sistólico de volume normal (Schlant e

Sonnenblick, 1990; Schlant, 1997). Além disso, quando o ventrículo direito é

insuficiente, o aumento resultante da pressão venosa sistêmica e a ejeção diminuída de

sangue para a artéria pulmonar reduzem o débito do ventrículo esquerdo. Na

Page 30: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

33

insuficiência esquerda a pressão venosa pulmonar aumentada impede o fluxo de sangue

para os pulmões e assim aumenta a pressão capilar pulmonar. Como esta pressão

elevada é transmitida através da circulação pulmonar, a subida resultante da pressão da

artéria pulmonar pode prejudicar a ejeção do ventrículo direito.

O fato de que os débitos de ambos os ventrículos terem que ser iguais, em

qualquer momento, diminui o valor heurístico da dicotomia entre “insuficiência

retrógrada” e “insuficiência anterógrada”. Além disso, a resposta circulatória à função

bombeadora prejudicada pode exacerbar qualquer um desses problemas, como a própria

terapia também. Porém, esses conceitos permanecem úteis, já que a insuficiência

retrógrada descreve os sinais e sintomas causados pela elevação da pressão venosa

pulmonar ou sistêmica enquanto a insuficiência anterógrada salienta as consequências

da ejeção reduzida por qualquer um dos ventrículos, isto é, por queda do débito cardíaco

(Schlant e Sonnenblick, 1990; Schlant, 1997).

Neste contexto, ocorre uma série de ajustes (compensatórios) que implicam tanto

a circulação periférica (pré-carga) quanto o miocárdio e permitem que o corpo se adapte

à diminuição do trabalho cardíaco (débito cardíaco) (Armstrong e Moe, 1993; Hunt et

al., 2005; Schlant e Sonnenblick, 1990). Apesar dos ajustes agudos e crônicos ao débito

reduzido compartilharem muitas características, a adaptação em curto prazo à

diminuição súbita do trabalho do coração difere de maneira importante da adaptação em

longo prazo ao estado sustentado de baixo débito visto na IC congestiva (ICC) (Hunt et

al., 2005; Schlant e Sonnenblick, 1990). Desta forma, a ICC é caracterizada pelas

alterações nos parâmetros hemodinâmicos, tais como a pré-carga e o débito cardíaco

(Hunt et al., 2005; Monnet e Chachques, 2005; Schlant e Sonnenblick, 1990).

Na IC aguda, a compensação ocorre pela tendência da pressão sanguínea cair

devido à vasoconstrição (resposta neuro-humorais), e após algumas horas, também pela

Page 31: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

34

retenção de sal e água (aumentado a pré-carga). Essas respostas compensatórias mantêm

a perfusão de órgãos essenciais, sobretudo o cérebro e o coração, que não podem

sobreviver à redução prolongada do fluxo sanguíneo, e são, portanto, vitais à

sobrevivência em estados de baixo débito. O desvio de sangue para órgãos vitais ocorre

quando a vasoconstrição na pele e nas víceras ajuda a manter a pressão sanguínea.

Já nos estados crônicos de baixo débito, as respostas supracitadas, as quais

inicialmente ajudavam a sobrevivência dos pacientes, podem se tornar deletérias. Por

exemplo, a vasoconstrição, apesar de claramente útil para em curto prazo, causa

aumento na pós-carga (aumenta o dispêndio de energia pelo coração) que, quando

sustentado, torna-se prejudicial. De modo semelhante, a retenção de sal e água pelos

rins, ao elevar a pressão venosa tanto nos pulmões quanto na circulação periférica

(congestão pulmonar e sistêmica), piora a insuficiência retrógrada, agravando ainda

mais o quadro de ICC, levado ao quadro de ICC descompensada, decurso clínico do

estágio final da ICC (Schlant e Sonnenblick, 1990).

2.1.3.1 - Sinais e sintomas de IC

O quadro clínico da IC é constituído por sinais, as manifestações objetivas do

desempenho cardíaco deprimido (Bregagnollo et al., 2000; Kanashiro et al., 2006;

Nozawa et al., 2006), e sintomas, que são as anormalidades percebidas pelo paciente. Os

sinais e sintomas mais importantes na IC direita são causados pela pressão venosa

sistêmica aumentada, enquanto a IC esquerda está relacionada com a elevação capilar

pulmonar, que causa sintomas de falta de ar chamados dispnéia e, conseqüentemente,

aumenta a pressão no sistema venoso pulmonar, prejudicando a respiração (Hunt et al.,

2005; Schlant e Sonnenblick, 1990). Em ambas as anormalidades, a queda do débito

cardíaco geralmente causará fadiga.

Page 32: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

35

A dispnéia (literalmente dificuldade da respiração) na IC esquerda é devida,

parcialmente, à hipóxia arterial, causada quando a transudação de líquido em torno dos

capilares pulmonares interfere com o transporte de oxigênio dos alvéolos, e em parte a

complacência pulmonar diminuída, que resulta quando o excesso de líquido transudado

dos capilares pulmonares é transportado de volta ao sistema venoso sistêmico através

dos vasos linfáticos distendidos dos pulmões (Schlant e Sonnenblick, 1990).

Já na IC esquerda moderada, a dispnéia ocorre apenas durante a realização de

exercício físico em alta intensidade ou estresse emocional extremo; no entanto, à

medida que a IC piora, menor é a intensidade do exercício necessária para causar esse

sintoma, de modo que, na IC muito grave (descompensada), este sintoma está presente

em repouso. Quando a IC se torna mais grave, tanto líquido invade os alvéolos que

chega a causar sons borbulhantes (estertores) durante a respiração. Nos estágios finais

da IC, o líquido pode ser forçado para dentro dos alvéolos de modo a encher o sistema

brônquico e resultando no quadro de edema pulmonar, no qual a dispnéia grave é

acompanhada pela produção de saliva espumante. Se esta situação não puder ser

tratada, o paciente literalmente se afoga (Monnet e Chachques, 2005; Schlant e

Sonnenblick, 1990).

A fadiga e a capacidade reduzida para realizar exercício físico ou intolerância ao

exercício físico, entre os mais proeminentes sintomas nos pacientes com IC, são

freqüentemente atribuídas à perfusão reduzida nos músculos esqueléticos causada pelo

baixo débito cardíaco. No entanto, ultimamente tem sido proposto que a miopatia

muscular esquelética tem papel importante na causa desses sintomas freqüentemente

incapacitantes (Gielen et al., 2005b; Hunt et al., 2005; Silva et al., 2002). Essa miopatia

esquelética pode ser divido, em parte, à subperfusão crônica dos músculos, mas suas

características bioquímicas se assemelham às da atrofia por desuso (Coats et al., 1994b;

Page 33: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

36

Duscha et al., 2002). Por outro lado, estas alterações podem ser atenuadas quando os

pacientes são submetidos a programas de treinamento físico (Gielen et al., 2005b;

Larsen et al., 2002), mesmo quando não há outras modificações na terapia.

O aumento do coração (cardiomegalia), um dos principais sinais de IC, é devido

inicialmente à operação da relação de Frank-Starling. A remodelagem subseqüente das

paredes musculares dos ventrículos é um processo complexo que depende da

anormalidade responsável pela IC. A sobrecarga de pressão, tal como ocorre na

hipertensão ou quando o orifício da válvula aórtica se torna estreito (estenose), faz com

que o ventrículo esquerdo se hipertrofie concentricamente, de modo a reduzir o volume

da cavidade. Essa resposta é de considerável benefício, já que reduz a tensão da parede

de acordo com a Lei de Laplace. Na sobrecarga de volume, como ocorre na regurgitação

aórtica, o ventrículo hipertrofiado se dilata (excentricamente) de modo a acomodar o

enchimento diastólico aumentado pela válvula que vaza (Schlant e Sonnenblick, 1990).

Ainda nesse aspecto, a ferramenta de avaliação mais utilizada para se quantificar

o grau de limitação funcional imposta pela IC é baseada predominantemente na

avaliação do comprometimento da função bombeadora de sangue pelo coração, a qual

pode resultar na incapacidade de realizar exercício físico, e pela avaliação de sintomas

como fadiga, palpitação e dispnéia (Hunt et al., 2005; Radford et al., 2005), que foi

inicialmente desenvolvida pela NYHA.

Esse sistema classifica os pacientes em classes funcionais de 1 a 4, dependendo

do grau de esforço necessário para que sejam evidenciados os sintomas supracitados, ou

seja: pacientes que apresentam esses sintomas em repouso (classe IV); aqueles que,

apesar de não apresentarem sintomas em repouso, o menor esforço físico (atividades

físicas rotineiras) pode causar fadiga, palpitação e dispnéia (classe III); aqueles em que

os sintomas são evidentes somente durante a realização de atividades físicas rotineiras

Page 34: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

37

(classe II) e aqueles em que os sintomas não são percebido nem durante a realização de

atividades físicas rotineiras (classe I), ou seja, apresentam a IC, porém, não apresentam

limitações físicas

2.2 - Modelos animais de IC

A IC é uma doença associada a uma multiplicidade de alterações

fisiopatológicas e adaptações, tais como: alterações anatômicas e bioquímicas no

miocárdio, disfunção e dilatação do ventrículo esquerdo, aumento na resistência

vascular sistêmica e ativação nos sistemas neurohormonais e imune (Muders e Elsner,

2000). Desta forma, um número significativo de modelos experimentais em animais tem

sido desenvolvido, tanto para o estudo fisiopatológico da IC, bem como para novas

intervenções terapêuticas, em busca de uma melhor compreensão da complexidade

desta síndrome e, além disso, tem fornecido resultados relevantes na prática clínica

(Kanashiro et al., 2006; Monnet e Chachques, 2005; Muders e Elsner, 2000; Musch et

al., 1986; Nozawa et al., 2006) .

Atualmente, as técnicas mais utilizadas em animais para mimetizar (imitar) as

alterações oriundas da IC são da dilatação ventricular rápida em cachorros à oclusão do

ramo ascendente anterior esquerdo da artéria coronária em ratos (Monnet e Chachques,

2005). Por outro lado, apesar de existirem outras técnicas, tais como: indução cirúrgica

de sobrecarga de pressão ou volume e depressão miocardica tóxica, cada uma dessas

técnicas apresenta vantagens e limitação especifica e requer uma análise crítica para

uma possível extrapolação dos resultados para a aplicação clínica (Monnet e Chachques,

2005; Muders e Elsner, 2000).

O modelo de IC em ratos, ou a IC secundária a IM é uma técnica largamente

utilizada em estudos na área cardiovascular, principalmente por serem de baixo custo e

Page 35: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

38

proporcionarem um número significativo de amostras (Behnke et al., 2004; Kaur et al.,

2006b; Musch et al., 1989; Ono et al., 1998; Richardson et al., 2003). A indução da

isquemia ou IM através da ligação cirúrgica do ramo marginal ou diagonal da porção

descendente anterior esquerda da artéria coronária tem sido a técnica mais utilizada na

indução do IM e conseqüentemente os distúrbios pós IM em diferentes espécies

animais, mais predominantemente em ratos (Sprague-Dawley e Wistar). Este

procedimento resulta em IM com tamanho variado (extensão da lesão em relação à área

do ventrículo esquerdo) e após um período entre 3 a 5 semanas, sinais de IC são

evidentes em animais com IM entre 35 a 50% da circunferência do ventrículo esquerdo

(Kanashiro et al., 2006; Nozawa et al., 2006; Ono et al., 1998) .

Os animais submetidos a esta técnica apresentam alterações cardíacas

(Bregagnollo et al., 2000; Kanashiro et al., 2006; Nozawa et al., 2006), hemodinâmicas

(Musch et al., 1992; Richardson et al., 2003), neurohumorais (Helwig et al., 2007; Kaur

et al., 2006a) e imunológicas (Batista et al., 2006) bem caracterizadas, tais como:

aumento na pressão de enchimento dos ventrículos, dilatação e disfunção do ventrículo

esquerdo, diminuição no índice cardíaco, apoptose e necrose no miocárdio, aumento dos

peptídeos natriurético e ativação do sistema renina-angiotensina, além da ativação

inflamatória de macrófagos peritoneais e linfócitos cervicais. Também tem sido

caracterizada a redução da capacidade de realizar exercícico físico (intolerância ao

exercício) neste modelo animal de IC, sintoma característico em pacientes com IC

(Batista et al., 2007b; Koh et al., 2003; Trueblood et al., 2005).

Por outro lado, a utilização deste modelo é restrita em função das diferenças na

função miocárcida destes animais, quando comparada ao coração e vasos de humanos

(menor potencial de ação na fase de plateau durante a remoção do cálcio do citossol,

Page 36: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

39

maior freqüência cardíaca e diferença na predominância da isoforma β da miosina de

cadeia pesada) (Muders e Elsner, 2000).

Desta forma, a grande maioria dos estudos que adotou o modelo de IC

secundária a IM tem utilizados os seguintes critérios para caracterizar a presença de IC,

os quais incluem aumento; 1- na pressão e /ou diâmetro diastólico final do ventrículo

esquerdo demonstrando severa disfunção do ventrículo esquerdo, 2- relação do peso

úmido pelo seco dos pulmões, demonstrando congestão pulmonar, bem como do fígado,

demonstrando congestão sistêmica e 3- peso do ventrículo direito normalizado pelo

peso corporal, demonstrando a presença de alterações crônicas na ICC (Helwig et al.,

2003; Trueblood et al., 2005).

Vale destacar ainda que, apesar de não existir uma classificação funcional

(NYHA) para animais, ratos submetidos à oclusão da artéria coronária descendente

anterior esquerda, produzem uma região cicatricial bem determinada histologicamente,

o que torna possível sua quantificação e comparação com o desempenho ventricular.

Deste modo, IM que envolveu menos que 30% não foi associado à diminuição no

desempenho ventricular, enquanto valores entre 31 – 46%, mesmo não demonstrando

alterações basais, apresentam comprometimento no débito cardíaco e na pressão arterial

média em resposta ao exercício físico, sugerindo uma anormalidade na ação

bombeadora do coração ou IC demonstrada pela diminuição na capacidade de realizar

exercício físico (Koh et al., 2003; Trueblood et al., 2005).

Além disso, vários estudos em animais com IC secundária a IM têm

demonstrado alteração no fluxo de sangue para os músculos esqueléticos,

principalmente os compostos predominantemente por fibras musculares vermelhas

(Tipo I), em repouso e durante o exercício físico em resposta a uma maior atividade

eferente do sistema nervoso simpático (Richardson et al., 2003), comprometimento da

Page 37: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

40

vasodilatação e da vasocontriçao simpática mediada pelo óxido nítrico (NO) (Kubo et

al., 1991) e aumento dos níveis de endoteina-1 (Adamopoulos et al., 2001a). Até

mesmo, o estudo de Gielen et al. (2003) demonstrou redução na massa muscular

(atrofia) no músculo quadríceps de ratos após 14 semanas do procedimento cirúrgico de

IM ao mesmo tempo em que este tecido apresentou aumento tanto na expressão dos

genes quanto na produção das citocinas TNF-α, IL-1β e IL-6. Esse resultado demonstra

a presença aumentada de mediadores inflamatórios periféricos nesse modelo animal, as

quais são semelhantes aos encontrados em pacientes com ICC (Gielen et al., 2003).

Logo, as alterações provenientes da IC secundária a IM, acima citadas,

assemelham-se em sua grande maioria às alterações encontradas após IM (de tamanho

moderado) em pacientes com ICC decorrentes, e desta foram, evidenciam a abrangência

e relevância clínica desta técnica para se compreender a fisiopatologia da ICC de forma

multisistêmica.

2.3 - Alterações no sistema imune e nas citocinas na ICC

Como caracterizada anteriormente, a síndrome da ICC pode ser produzida por

uma série de condições patológicas, de origem cardíaca ou não, tais como;

cardiomiopatias dilatadas, hipertrofia por sobrecarga no ventrículo esquerdo ou doenças

isquêmicas do coração, diabetes melito, doenças crônica dos pulmões, hepatite crônica,

artrite reumatóide, etc (Hunt et al., 2005; Radford et al., 2005; Sasayama et al., 1999).

Recentemente, esse quadro tem sido reconsiderado como uma interação entre

mecanismos hemodinâmicos, neurohormonais, endócrinos e imunológicos, que teriam

efeitos adaptativos para o organismo compensar a perda de capacidade do coração em

bombear sangue adequadamente (Adamopoulos et al., 2001b; Anker e von Haehling,

2004; Paulus, 1999; Shan et al., 1997; Sharma et al., 2000).

Excluído: dilatativas

Page 38: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

41

Segundo Shan et al. (1997), a ICC é um estado de ativação imune com citocinas

pró-inflamatórias contribuindo para manifestações tanto de ordem central, como

periférica. Assim, tem sido proposto que esta resposta inflamatória anormal, incluindo

a elevada expressão de citocinas pró-inflamatórias, moléculas solúveis de adesão e

fatores quimiotrativos, possa ser responsável pela progressão e deterioração clínica na

ICC (Anker e von Haehling, 2004; Bolger et al., 2002; Sasayama et al., 1999).

De acordo com essa hipótese, intitulada “Hipótese das citocinas”, propõem-se

que as alterações degenerativas no ICC se dão, ao menos parcialmente, devido à

ativação em cascata de uma série de mediadores inflamatórios que exerceriam efeitos

deletérios no músculo cardíaco, esquelético e na circulação (Paulus, 1999; Yndestad et

al., 2006). Desta forma, as citocinas não seriam per se a causa geradora da ICC, mas

atuariam modulando uma séria de ações biológicas através de diferentes mecanismos

como; (coração) progressão da disfunção ventricular e fibrose no miocárdio, indução de

morte celular por apoptose e ou necrose (Frangogiannis et al., 2002), sensibilização de

células do sistema imune (circulação), dentre outras (Yndestad et al., 2003).

Neste quadro, as principais citocinas que estão envolvidas no papel

fisiopatológico da ICC são o fator de necrose tumoral-α (TNF-α), interleucinas 1 (IL-1)

e 6 (IL-6). Essas citocinas compartilham uma série de características (redundância), de

maneira que todas atuam como pro-inflamatórias. Além disso, o TNF-α é a citocina que

tem sido investigada na maioria dos estudos (Anker e von Haehling, 2004; Coats et al.,

1994a; Paulus, 1999; Yndestad et al., 2006).

2.4 - Hipóteses a respeito da origem das citocinas na ICC

As citocinas compõem um vasto grupo de proteínas relativamente com baixo

peso molecular (geralmente de 15 a 30 kD) e ativas em termos farmacológicos. Estas

Page 39: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

42

são secretadas por uma grande variedade de tipos celulares, em resposta a uma

diversidade de estímulos que alteram o meio interno, com objetivo de modularem sua

própria função (autócrina) ou a das células ao lado (parácrina) (Adamopoulos et al.,

2001b; Shan et al., 1997).

A partir das observações iniciais do estudo de Levine et al. (1990), a grande

maioria dos estudos tem demonstrado que pacientes com ICC apresentam níveis

plasmáticos aumentados de citocinas pró-inflamatórias tais como o TNF-α, IL-1β, IL-6,

bem como de outras quimiocinas, tais como; proteina quimioatratante de monócitos 1α

(MCP-1α), proteína inflamatória de macrófagos 1α (MIP-1α), IL-8, dentre outras

(Adamopoulos et al., 2001a; Aukrust et al., 1999; Aukrust et al., 1998; Levine et al.,

1990).

Além disso, a maioria dos estudos que demonstrou alteração nos níveis

plasmáticos e/ou séricos desses marcadores inflamatórios também demonstrou

correlação positiva com a pior classificação funcional (i.e., classificação da NYHA) e o

desempenho cardíaco (i.e. fração de ejeção do ventrículo esquerdo [FEVE]) (Anker e

Coats, 1999; Osada et al., 1998). Ainda neste aspecto, os níveis plasmáticos destes

marcadores têm sido utilizados para o prognóstico em pacientes com ICC (Anker e

Rauchhaus, 1999b).

Assim, nos últimos anos, várias hipóteses vêm sendo propostas na tentativa de

descreverem a origem desta ativação imune na ICC. A produção de citocinas pró-

inflamatórias foi inicialmente atribuída, ao aumento da secreção destas por monócitos

circulantes, apesar de atualmente o miócito cardíaco e mais recentemente o esquelético

serem apontados como importantes fontes de produção e secreção sistêmica.

Atualmente, grande parte dos estudos tem demonstrado que essa ativação pode ocorrer

tanto em resposta à lesão no músculo cardíaco (Frangogiannis et al., 2002) como à

Page 40: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

43

hipoperfusão dos tecidos periféricos, notadamente o músculo esquelético, ou mesmo

devido a ambas alterações (Hunt et al., 2005).

Inicialmente, Anker et al (1997) propôs que o aumento no edema na parede

intestinal causaria em resposta às alterações congestivas da IC, à translocação de

endotoxinas (bactéria gran negativa) provenientes do trato digestório, o que causaria um

aumento na produção e citocinas pró-inflamatórias por monócitos circulantes. Outros

estudos, como (Batista et al., 2006) demonstraram aumento na produção de citocinas

pró-inflamatórias em macrófagos da cavidade peritoneal, em ratos com IC secundária a

IM, porém neste caso, não foi avaliada a presença de edema na parede intestinal). De

fato, endotoxina, também conhecida como lipopolissacarídeo (LPS), é um dos maiores

indutores de TNF-α e outros mediadores inflamatórios (Anker e von Haehling, 2004;

Beyaert e Fiers, 1999; Krüger et al., 2007) e apenas pequenas quantidades de LPS são

capazes de induzir aumento na secreção de TNF-α.

Esse aumento nos níveis plasmáticos de LPS, e pacientes com ICC ocorreu em

paralelo ao aumento nos níveis do receptor solúvel CD14 (receptor específico para

endotoxinas em células imunocompetentes) e do TNF-α circulante (Rauchhaus et al.,

2000). Neste estudo, pacientes com IC que não apresentaram edema periférico,

nenhuma alteração nos níveis de endotoxina ou TNF-α foi detectada. Entretanto, após

21 dias de tratamento com diuréticos, apesar da queda dos níveis de endotoxinas, não

houve alteração nos níveis de TNF-α. Outros estudos (Anker et al., 2004; Anker e von

Haehling, 2004; Paulus, 1999) corroboram o citado acima e sugerem que esta hipótese

não explica isoladamente o início da ativação imune e apesar disso, direcionam esse

papel inicial para os tecidos periféricos (músculo cardíaco, esquelético e tecido

adiposo).

Page 41: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

44

A hipótese que propõe a produção de citocinas pelo miócito cardíaco,

inicialmente foi postulada após estudos realizados em dois laboratórios (Habib et al.,

1996; Torre-Amione et al., 1996), os quais demonstraram a expressão do gene do TNF-

α em amostras de tecido cardíaco provenientes de pacientes com ICC. Modelos

experimentais em animais também têm corroborado a esses resultados (Ono et al., 1998;

Osada et al., 1998).

Em modelo experimental em gato, o coração isolado e submetido a níveis

variados da pressão intra-ventricular apresentou aumento na produção de TNF-α, que

foi dependente do aumento pressórico. Essa mesma condição tem sido reproduzida em

modelo similar em ratos, porém, neste caso, foi quantificada a produção citocinas

proliferativas TGF-β (factor beta de transformação do crescimento) e VEGF (factor de

crescimento do endotélio vascular) após 30 minutos de elevação na pressão distólica

final no ventrículo esquerdo (=35 mmHg) (Li et al., 1997). Em pacientes com

cardiomiopatia dilatada não-isquêmica com elevada pressão diastólica no ventrículo

esquerdo (>16mmHg), a expressão dos genes óxido nítrico sintase indusível e TNF-α

foi demonstrado (Heymes et al., 1999). Em ratos com IC secundária a IM, Ono et al.

(1998) demonstraram correlação positiva entre o aumento na expressão dos genes das

citocinas pró-inflamatórias (TNF-α, IL-1β e IL-6) e o diâmetro diatólico final no

ventrículo esquerdo.

Tomados em conjunto, os dados experimentais provenientes desses estudos dão

um suporte sólido para justificar que o estresse gerado na parede ventricular ao final da

diástole, condição ainda mais evidente em pacientes com ICC (disfunção na função

ventricular), induz a um aumento na produção de citocinas pró-inflamatórias e fatores

de crescimento (Paulus, 1999).

Page 42: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

45

Por outro lado, apesar da relação descrita acima, a produção desses mediadores

de inflamação apresentam uma ação predominantemente local e benéfica, ao menos

inicialmente, e exercem um papel fundamental no processo de remodelagem da câmara

cardíaca após o IM. Além disso, se mantidas por períodos prolongados, favorecem

alterações que podem comprometer a função normal do coração (Frangogiannis et al.,

2002; Torre-Amione et al., 1996).

Além disso, soma-se a essa questão, a presença de barreira de difusão entre o

espaço intersticial e o sistema de vasos coronarianos efluente (para proteínas e outra

moléculas difusíveis) e ausência de um gradiente transmiocardico de citocinas, o que

sugere que, nesta condição, a contribuição deste tecido para o aumento nos níveis

sistêmico é limitada (baixa difusão) (Paulus et al., 1997).

Por último, e não menos importante, Paulus (1999) propôs que, uma vez que as

evidências experimentais têm compreendido a ICC como uma síndrome (conjunto de

sinais e sintomas) multi-sistêmica que não afeta apenas o sistema cardiovascular, mas

também o sistema músculo-esquelético, renal, neuroendócrino e o sistema imune,

parece improvável que as possíveis fontes de citocinas pró-imflamatórios para o sistema

circulatório possam ser provenientes apenas do intestino e/ou do coração.

Coats et al. (1994) propôs uma hipótese intitulada “Hipótese muscular da IC”,

segundo a qual, a redução inicial da função do ventrículo esquerdo e conseqüente

comprometimento do débito cardíaco ativariam uma séria de fatores catabólicos, em

detrimento dos anabólicos, os quais seriam responsáveis por alterações patológicas no

músculo esquelético. Essas culminariam no quadro de intolerância ao exercício físico e

ativação do sistema nervoso simpático, resultado tanto do predomínio dos fatores

catabólicos (metabólicos e hormonais), como da inatividade física e conseqüente piora

na estrutura e função do músculo esquelético.

Page 43: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

46

Seguindo essa linha de raciocínio, apesar de a inatividade física ter sido

inicialmente apontada como principal causador das alterações degenerativas no músculo

esquelético, atualmente a hipótese mais aceita é a de que essas são decorrentes de uma

perfusão reduzida nos músculos esqueléticos causada pelo baixo débito cardíaco,

resultando em uma hipóxia tecidual, especialmente para o músculo esquelético. Se

mantidas por muito tempo, a hipóxia tecidual e um conseqüente aumento na produção

de radicais livres passam a ser um potente estímulo para a produção de citocinas pro-

inflamatórias mediada pelo NF κB, o qual inicia uma cascata de eventos que consiste na

expressão da iNOS, apoptose do músculo esquelético e perda de massa muscular

(Paulus, 1999; Spate e Schulze, 2004).

Essas alterações também têm sido associadas a uma ativação local (inicial) e

sistêmica (dependendo de fatores como a severidade da ICC) de marcadores de

inflamação, como as citocinas pró-inflamatórias (TNF-α, IL-1β, IL-6) e níveis

aumentados de estresse oxidativo (Gielen et al., 2003) Entretanto, os processos que

levam à perda progressiva de massa muscular e função, são parcialmente

compreendidos. Estágios avançados destas doenças são caracterizados por um aumento

na perda de massa muscular, culminando na síndrome de caquexia (Anker e Rauchhaus,

1999a).

De fato, em ambos, modelos animais e pacientes com ICC, a distribuição entre

fibras musculares esqueléticas, Tipo I (aeróbias), tipo IIA (aeróbias e anaeróbias) e tipo

IIB (anaeróbias) apresentam alterações na sua composição. Notadamente, as do tipo I

são as mais afetadas, desenvolvendo algumas características similares as do tipo IIA

(Richardson et al., 2003), além da redução da densidade capilar (Larsen et al., 2002) e

diminuição da atividade máxima da enzima citocromo c oxidase (Gielen et al., 2005b),

quando comparado a indivíduos sem alterações no patológicas no músculo esquelético.

Page 44: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

47

Da mesma forma, estudos realizados em ratos com IC secundária a IM têm

reproduzido essas mesma alterações (Behnke et al., 2004) e desta forma, em ambas as

situações (pacientes com ICC e modelo animal de IC), no músculo esquelético, as fibras

do tipo I perecem ser as mais afetadas pela ICC.

Além disso, essas alterações têm sido correlacionadas ao aumento na expressão

dos genes e produção de citocinas (TNF-α IL-1β e IL-6) no músculo quadríceps em

humanos (Gielen et al., 2003) e animais (Schulze et al., 2003). Nesse tecido, apesar das

alterações deletérias ocorrerem predominantemente nas fibras do tipo I, estudos recentes

têm demonstrado a presença de uma condição inflamatória crônica nesse tecido.

Entretanto, até onde sabemos, nenhum estudo avaliou a produção dessas citocinas, nos

diferentes tipos de fibra muscular, fato que se torna ainda mais relevante ao

considerarmos que este tecido pode ser um importante “fornecedor” sistêmico de

citocinas pró-inflamatórias na ICC.

Níveis plasmáticos aumentados de citocinas pró-inflamatórias em quadros

patológicos crônicos como na ICC têm sido demonstrados (Adamopoulos et al., 2001a;

Anker e Coats, 1999; Sharma et al., 2000), da mesma forma que, o aumento na

expressão local destas citocinas, assim como seu importante papel em modular

mecanismos, que podem levar às alterações morfológicas e funcionais no músculo

esquelético, tem sido postulado recentemente. Estudos iniciais têm sugerido que níveis

plasmáticos destas citocinas não refletem corretamente sua produção tissular e seus

efeitos autócrino / parácrino em contraste a sua típica ação endócrina como metabólico

circulante (Gielen et al., 2003; Spate e Schulze, 2004).

Por outro lado, a análise da expressão do gene e conseqüente produção destas

citocinas podem ser um indicador mais preciso e /ou adicional, para uma avaliação da

presença de marcadores inflamatórios alterados crônicamente na ICC. Ainda, o aumento

Page 45: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

125

paralela a uma redução na massa do muscular, condição apenas evidenciada no músculo

com predominância de fibras do tipo I (sóleo). Por fim, esses resultados, além de

aumentarem as evidências experimentais que sustentam a “hipótese muscular”, o que

sugere que o principal sítio de produção de mediadores inflamatórios, na ICC, é o

músculo esquelético, indicam que essa condição parece ser dependente do tipo de fibra

muscular.

Vale destacar ainda, que em nosso estudo, assim como nos outros supracitados,

com o mesmo modelo experimental, não foi detectada nenhuma alteração no peso

corporal total, tampouco na percentagem da gordura na carcaça (ANEXO 1). Neste

caso, podemos especular ainda que, que esse fato deveu-se ao estado de compensação

da IC e que essas alterações, se mantidas por mais tempo (acima de 20 semanas)

poderiam, além de induzir anormalidades no músculo esquelético, afetar também o peso

corporal total, com acontece em pacientes com caquexia cardíaca. Entretanto, estudos

adicionais seriam necessários para avaliar tal hipótese.

Quanto aos efeitos do treinamento aeróbio em ratos com ICC induzida pelo IM

Após as caracterizações, tanto do quadro de ICC em ratos, como da condição

inflamatória crônica, avaliada pela produção de citocinas pró-inflamatórias em

macrófagos peritoneais (Batista et al., 2006), bem como em linfócito dos linfonodos

cervicais (Batista et al., 2007a), estudamos os efeitos do treinamento aeróbio moderado

(55-65% VO2max) como possível indutor de modificações restauradoras e /ou

antiinflamatórias nestas células. Uma vez que, além das adaptações periféricas

induzidas pelo treinamento aeróbio, tais como a melhora na atividade máxima na

enzima Citrato sintase e no VO2max, serem bem descritas na literatura (Helwig et al.,

Page 46: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

48

na produção local destas citocinas pode preceder a qualquer alteração nos níveis

plasmáticos e desta forma pode ser um indicador mais preciso do status inflamatório

local.

Dado o exposto, os estudos supracitados corroboram e adicionam novos

resultados ao embasamento da “Hipótese muscular da IC, segundo a qual a produção

das citocinas pró-inflamatórias ocorre predominantemente no nível dos tecidos

periféricos. Esse pode induzir ao estabelecimento de um “ciclo vicioso”, que seria

desencadeado pela hipoperfusão tecidual, em resposta a IC, hipóxia tecidual e

conseqüente aumento na produção local de citocinas pró-inflamatórias. Com a evolução

da ICC pode ocorrer aumento nos níveis plasmáticos, o qual além de agravar a condição

local, pode ter um importante efeito sistêmico, atuando de maneira significativa para a

deterioração do quadro da ICC (Anker et al., 2004; Anker e von Haehling, 2004;

Paulus, 1999).

2.5 - Papel do TNF-α na progressão da ICC

Como descrito acima, as citocinas pró-inflamatórias, em especial o TNF-α, bem

como outros mediadores inflamatórios, como as quimiocinas têm um papel de destaque

em vários níveis da ICC, que inicialmente tem uma função restauradora ou reparadora,

que ao longo do tempo poderia modular a deterioração do quadro. Ainda, alterações

detectadas nos níveis plasmáticos apresentam correlação como vários marcadores de

disfunções características da ICC, além de serem marcadoras de prognóstioco e

severidade da mesma.

O TNF-α foi descrito em 1975 e inicialmente foi nomeado como caquexina,

devido seu potente efeito citotóxico contra células tumorais. É um polipeptídieo

trimérico (17 kDa), produzido principalmente por monócitos e macrófagos ativados,

Page 47: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

49

além de outras céluas, como: linfócitos, fibroblastos, neutrófilos, músculo liso e

mastócitos (Adamopoulos et al., 2001b; Beyaert e Fiers, 1999). Esta citocina pode atuar

em quase todo o tipo de células nucleadas, através de dois tipos de receptores de

membrana, tipo I (RTNF-I, p55) e tipo II (RTNF-II, p75) ou como molécula solúvel,

ambos ativos biologicamente (Anker e von Haehling, 2004; Beyaert e Fiers, 1999).

Estudos anteriores demonstraram a presença de ambos os tipos de receptores,

tanto no músculo esquelético (Figueras et al., 2005), como cardíaco (Anker e von

Haehling, 2004). Após a translação, similarmente ao próprio TNF-α , ambos receptores

são inseridos na membrana celular. A clivagem proteolítica, realizada por uma

metaloproteinase conversora de TNF-α (TACE), os RTNF, bem como o próprio TNF-α

são liberados em sua forma solúvel. Desta forma, os fragmentos dos domínios

extracelulares de ambos os receptores de TNF-α (tipo I e II) podem ser liberados da

membrana celular e quantificados em sua forma solúvel (RsTNF-I e RsTNF-II), na

urina e no plasma e além disso, têm sido apontados como reguladores da atividade

biológica desta citocina (Aderka et al., 1992).

Em concentrações fisiológicas, os RsTNF podem atuar como um “reservatório

de liberação lenta”, aumentando desta forma, a meia vida desta citocina (Beyaert e

Fiers, 1999; Valgimigli et al., 2005). Quando presente em concentrações elevadas,

como em pacientes com ICC severa (classe III e IV), os RsTNF podem inibir o aumento

patológico da atividade do TNF-α, atuando desta forma como uma anti-molécula de

TNF-α (Anker e von Haehling, 2004).

Em 1990, Lavine el al (1990) observaram que pacientes com ICC apresentaram

níveis médios aumentados desta citocina (115 ± 25 x 9 ± 3 U/mL), quando comparados

a indivíduos sem a doença. Também demonstraram que quanto maior o aumento, maior

a tendência de estes pacientes desenvolverem o quadro de caquexia cardíaca. Estudos

Page 48: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

50

recentes têm demonstrado concentrações elevadas de TNF-α em indivíduos portadores

de caquexia cardíaca, sendo esta citocina um importante preditor de perda de peso

(Anker e Coats, 1999).

O TNF-α pode ser o principal causador de uma série de distúrbios metabólicos

presentes em indivíduos com ICC, tais como: elevada taxa metabólica (Anker et al.,

2004), diminuição do fluxo de sangue para tecidos periféricos e disfunção endotelial

(Behnke et al., 2004; Coats et al., 1994a), ativação da isoforma indutora da oxido nítrico

sintase (íONS) (Gielen et al., 2005b; Paulus et al., 1997), alteração no metabolismo das

proteínas e dos lipídeos (Ferrari, 1998). Além de seu conhecido efeito termogênico,

concentrações elevadas desta citocinas podem estar relacionadas com a elevação nas

concentrações plasmáticas de insulina, anormalidades no metabolismo dos hormônios

esteroidais, hormônio do crescimento (Anker e Rauchhaus, 1999b), disfunção do

ventrículo esquerdo (Paulus, 1999), intolerância ao exercício (Coats et al., 1994a;

Duscha et al., 2002; Larsen et al., 2002).

No entanto, com relação aos mecanismos responsáveis por induzir este aumento

na produção de TNF-α, pouco se sabe e desta forma, algumas hipótese têm sido

propostas. Sabidamente, monócitos e macrófagos ativados são a principal fonte de

TNF-α (Beyaert e Fiers, 1999), sendo que, um aumento na produção de prostaglandina

E2, observado em pacientes com ICC poderia estimular macrófagos a produzir TNF-α

(Ferrari, 1998). Estudos anteriores, realizados no laboratório do prof. Costa Rosa,

demonstraram que macrófagos cavidade peritoneal, em ratos com IC secundária a IM

apresenta aumento na produção de TNF-α, quando estimulados com LPS (Batista et al.,

2006).

Por outro lado, evidências recentes têm sugerido que na ICC, esta citocina

estaria ativada independentemente do quadro inflamatório e da causa da doença,

Page 49: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

51

sugerindo que o aumento na produção de TNF-α esteja mais associado à presença das

limitações impostas pela ICC, ao invés de ser a causadora deste quadro (Sasayama et

al., 1999; Yndestad et al., 2006). Desta forma, na ICC, os mecanismos moduladores da

produção de TNF-α são pouco compreendidos e por outro lado, essa citocina parece ter

um papel complexo sendo um “elo” de comunicação entre vários sistemas regulatórios

(Ferrari, 1998; Paulus, 1999).

2.6 - Vias sinalizadoras (fator de transcrição nuclear kappa B - NF-κB)

O fator de transcrição nuclear kappa (κ) B (do inglês nuclear factor κB, NF-κB)

foi descrito em 1986 como um fator nuclear (NF) que, uma vez ativado por agentes

como lipopolissacarídeos (LPS), possui a capacidade de ligar-se a uma seqüência de 10

pares de bases na região promotora do gene que codifica a cadeia leve k das moléculas

de anticorpo das células B (kB) (Jackman e Kandarian, 2004; Sriwijitkamol et al.,

2006). A “família” NF-κB é composta de 5 proteínas, que incluem p65, p50, p52,

RelB, and c-Rel. A dimerização de duas dessas proteínas é necessária para ativação da

interação proteína-DNA. O dímero predominantemente ativado no músculo esquelético

é o heterodímero p50-p65. Além disso, NF-κB p65 contém um domínio pós-

transcricional terminal-COOH que crucial para sua capacidade de ativação da expressão

dos genes inflamatórios (Yamamoto e Gaynor, 2004).

O NF-κB é conservado na evolução e com ação descrita em diversas células que

compõem os organismos complexos, apresentando uma gama de ação superior a todos

os fatores de transcrição até então caracterizados. Essa superioridade deve-se aos

variados estímulos que o ativam, bem como aos inúmeros genes e fenômenos que o NF-

κB regula. Entre esses estímulos estão os neurotransmissores (tais como o glutamato),

neurotrofinas, proteínas neurotóxicas (como a b-amilóide), citocinas (IL-1 e TNF-α),

Page 50: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

52

glicocorticóides, ésteres de forbol, peptídeo natriurético atrial, ceramidas, produtos

provenientes de vírus e bactérias, irradiação ultravioleta, produtos de reações de

enzimas como a iNOS e a ciclooxigenase tipo 2. Independente do estímulo, parece

haver participação de espécies reativas de oxigênio (estresse oxidativo) e o aumento de

cálcio intracelular para a ativação do NF-κB. Quando não estimulado, o fator NF-κB

encontra-se no citoplasma ligado a uma proteína inibitória: o IkB. Esse complexo

impede a translocação do NF-κB para o núcleo. Assim, a fosforilação e a degradação do

IkB são necessárias para que ocorra a translocação (Glezer et al., 2003).

O IκB, assim como as subunidades que compõem o NF-κB, pertencem à família

de proteínas Rel. Estudos de biologia molecular clonaram genes que codificam oito

proteínas da família NF-κB e sete da família IκB até o momento. Os subtipos mais

estudados de proteínas inibitórias são o IκBα e o IκBβ, sendo o papel do IκBα melhor

caracterizado. A regulação da ativação do IκBα e do IκBβ é diferente, o que aumenta a

complexidade da ativação desse fator nuclear (Yamamoto e Gaynor, 2004).

Inflamação e disfunção endotelial estão implicadas na gênese da disfunção de

múltiplos órgãos. NF-κB, regula a expressão de genes envolvidos nas respostas

inflamatória e imunológica, aumentando a taxa de transcrição destes genes, com

conseqüente síntese de mRNA e proteínas. Apresenta papel importante na produção de

mediadores pró-inflamatórios (citocinas, enzimas, receptores imunes e moléculas de

adesão), além de regular a síntese de proteína C reativa, e iniciar a transcrição de

citocinas como TNF-α, IL - 1β, IL- 2, e IL-6 (Celec, 2004). Em pacientes com sepse, a

expressão do NF-κB é elevada, e quando persistente, está associada a maior mortalidade

(Abraham, 2000).

Em camundongos knockout para a subunidade (p50) do NF-κB (bloqueando a

ativação do NF-κB) que foram submetidos ao IC secundária a IM apresentaram redução

Page 51: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

53

na ruptura ventricular inicial, em função da cirurgia, bem como maior número de

animais que sobreviveram ao IM. Além disso, análise ecocardiográfica e de pressão

intraventricular demonstraram maior fração de encurtamento e menor pressão diastólica

final do ventrículo esquerdo, quando comparado ao grupo controle (ICC sem knockout)

(Kawano et al., 2006). Apesar do NF-κB ser um fator de transcrição chave na

modulação dos processos inflamatórios, apenas recentemente tem sido relacionado com

a ICC (Anker e von Haehling, 2004).

2.7 - Papel do IL-10 na progressão da ICC

Devido ao grande número de estudos que relacionaram o papel das citocinas

pró-inflamatórias com a patogênese e progressão da ICC, conseqüentemente a essa, tem

sido especulada a possibilidade de intervenções com a manipulação de citocinas

antiinflamatórias como adjuvantes nas terapias em pacientes com ICC. Por outro lado,

apesar desse potencial terapêutico, apenas recentemente tem-se enfocado o papel de IL-

10 na ICC (Gullestad et al., 2002; Stumpf et al., 2003).

A interleucina 10 (IL-10) é um polipeptídio homodimérico de 17 kDa, que foi

inicialmente descrito como um fator produzido por linfócito T auxiliadores (tipo 2) com

propriedades inibitórias em clones de linfócito T auxiliadores (tipo 1), notadamente na

resposta proliferativa e produção de citocinas (Malefyt, 1999). Esta citocina é produzida

por uma série de diferentes tipos celulares, em especial as células inflamatórias como

macrófagos e linfócitos T, onde é o principal inibidor da síntese de citocinas e da

atividade funcional de macrófagos, bem como inibe a produção tanto das citocinas pró-

inflamatorias, como das metaloproteinases da matriz extracelular (Anker e von

Haehling, 2004; Malefyt, 1999) .

Sua atividade biológica é mediada através se seu receptor de membrana (IL-

10R), o qual pertence ao subgrupo de receptores similares ao interferon (INF), da

Page 52: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

54

família dos receptores de citocinas classe II (Malefyt, 1999; Moore et al., 2001). Dessa

forma, a IL-10 pode inibir a produção de várias citocinas, tais como: TNF-α, IL - 1β e

IL-6, em uma variedade de tipos celulares, além de se auto-modular (Malefyt, 1999;

Yamaoka et al., 1999). Também inibe a geração de espécies reativas do oxigênio

(intermediários) e aumenta a liberação dos receptores RTNF, os quais podem

antagonizar os efeitos do TNF-α (Nozaki et al., 1998). Além disso, estudos têm

demonstrado que a IL-10 tem sua produção aumentada em processos inflamatórios,

como na anemia, artrite raumatóide, além da ICC, exercendo uma função

predominantemente imunomoduladora nessas condições (Yamaoka et al., 1999).

Bolger et al. (2002) demonstraram que a IL-10 inibe a secreção de TNF-α em

células mononucleares do sangue periférico isolado (ex vivo) de pacientes com ICC

(classe funcional III -NYHA). Em outro estado inflamatório crônico, como a

aterosclerose, em camundongos (C57BL/6J, knockout para IL-10) a IL-10 também tem

sido descrita por suas propriedades protetoras (antiinflamatória) em retardar a

progressão da doença, uma vez que altos níveis de IL-10 foram associados com

diminuição de apoptose e expressão de mRNA da iNOS 1 em células endoteliais,

macrófagos e linfócitos T desses animais (Mallat et al., 1999).

Como ficou bem caracterizado acima, a IL-10 atua predominantemente de

maneira antiinflamatória e modulatória na resposta inflamatória, condição que parece

ser ainda mais evidente em condições (doenças) inflamatórias crônicas, principalmente

naquelas em que o TNF-α parece atuar de maneira significativa (ex., artrite reumatóide,

esclerose múltipla, doença inflamatória do trato digestório, ICC, dentre outras). Nesse

sentido, o estudo de Gullestand et al. (2002) demonstrou que a infusão intravenosa de

imunoglobulina (terapia utilizada em doenças mediadas pelo sistema imune, tais como

síndrome de Kawasaki, dematomiosite e esclerose múltipla) em pacientes com ICC

Page 53: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

55

(cardiomiopatia dilatada e doença isquêmica do miocárdio) aumentou os níveis de IL-

10. Além disso, esse aumento apresentou correlação positiva com a melhora na fração

de ejeção do ventrículo esquerdo em pacientes com ICC, assim como em animais com

IC secundária a IM, a relação da produção da IL-10 pelo TNF-α (taxa IL-10/ TNF-α)

no ventrículo esquerdo demonstrou ser um indicador ainda mais preciso do grau de

disfunção ventricular nesta condição.

Tomados em conjunto, esses estudos sugerem um papel de suma importância da

IL-10 na fisiopatologia da ICC, principalmente devido ao seu efeito modulador da

síntese e secreção do TNF-α . Desta forma, essa citocina vem ganhando um papel de

destaque como possibilidade terapêutica. Ainda neste aspecto, a taxa IL-10/ TNF-α

pode ter um papel aditivo na avaliação da deterioração e progressão do quadro da ICC e

por outro lado, mais estudos são necessários para compreensão dos mecanismos

moleculares que modulam os eventos supracitados.

2.8 - Efeitos do treinamento aeróbio na ICC

Uma meta análise sobre triagem de pacientes após o infarto do miocárdio

demonstrou uma redução de 25% no número total de mortes nos pacientes que foram

submetidos ao programa de treinamento físico aeróbio (Perk e Veress, 2000; Radford et

al., 2005) .

O treinamento físico realizado através de exercícios aeróbios é, atualmente,

considerado como a base de sustentação dos programas de reabilitação cardíaca e uma

importante forma de tratamento não farmacológico, através do qual podem-se alcançar

os objetivos estabelecidos para minimizar os fatores de risco e que predispõem o

indivíduo às doenças cardiovasculares (Dorn et al., 2001; Leon, 2000; Perk e Veress,

2000). Geralmente é empregado em um programa de reabilitação multidimensional que

Page 54: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

56

tem início entre duas a seis semanas após a saída do hospital, com sessões de exercícios

como: caminhadas, corridas, natação, dentre outros (Perk e Veress, 2000; Piepoli et al.,

2001).

Os objetivos finais desses programas são direcionados para aumentar as

capacidades físicas e psicológicas do individuo, controlar os sintomas

cardiorespitatórios, diminuir o risco de morte súbita e a reincidência de infartos, de

modo a restabelecer uma rotina de vida diária normal, principalmente, aquelas

atividades que ficaram comprometidas em decorrência da doença

Os benefícios potenciais do treinamento aeróbio realizados em intensidades leve

a moderada (40 – 85% VO2max) de 3 a 5 dias por semana, durante 20 – 60 minutos em

pacientes pós-infarto, têm sido previamente relatados (Dorn et al., 2001; Leon, 2000;

Perk e Veress, 2000; Pierson et al., 2001; Silva et al., 2002). Esses estudos têm

demonstrado que o treinamento aeróbio em intensidade leve a moderada contribui para

a melhora no sistema cardiovascular, com menor freqüência cardíaca e pressão arterial

em uma mesma sobrecarga de trabalho. Isto implica em uma adaptação periférica, no

balanço do colesterol de alta densidade e baixa densidade (HDL / LDL) e efeitos sobre

o limiar de angina. Efeitos benéficos sobre o metabolismo de carboidratos, viscosidade

do sangue, redução da massa corporal total também têm sido descritos .

Pacientes com doenças cardiovasculares submetidos a um programa de

treinamento aeróbio leve a moderado apresentam melhora na capacidade máxima de

captação de O2 (VO2 max.), particularmente, se previamente sedentários (Dorn et al.,

2001). Essa melhora parece ser primeiramente devido às adaptações periféricas na

musculatura esquelética ativa em função de um aumento na diferença artério - venosa

de O2 (Leon, 2000; Perk e Veress, 2000). Outro efeito importante é um maior

suprimento de O2 para o miocárdio pelo aumento no fluxo de sangue para as artérias

Page 55: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

57

coronárias e uma redução do risco tanto inicial como recorrente ao infarto do miocárdio

(Leon, 2000; Silva et al., 2002).

Esses resultados corroboram os encontrados por da Silva et al. (2002), o qual,

após submeter pacientes com ICC a um programa de treinamento aeróbio (caminhada )

durante 3 meses, 3 vezes por semana, com intensidade de trabalho variável de 60% a

80% da freqüência cardíaca máxima, encontrou aumento da distância percorrida durante

exercício, redução do duplo produto durante pico do exercício, redução da freqüência

cardíaca de repouso, e aumento da relação distância percorrida/freqüência cardíaca em

portadores de insuficiência, em comparação com grupo controle.

Resultados similares têm sido encontrados em ratos com IC secundária a IM,

submetidos a programas de treinamento aeróbio, tanto nas alterações sistêmicas

(centrais) e desenvolvimento da síndrome da ICC (Muders e Elsner, 2000), como nas

adaptações provocadas pelo programa de treinamento físico (Musch et al., 1989; Musch

et al., 1986).

2.9 - Efeito do treinamento aeróbio em ratos com IC secundária a IM

A IC secundária a IM em ratos tem demonstrado uma significante disfunção do

ventrículo esquerdo (Bregagnollo et al., 2000; Kanashiro et al., 2006; Ono et al., 1998).

Essa disfunção, dependendo de sua extensão (percentagem de área do ventrículo

esquerdo lesado) pode induzir a redução no débito cardíaco para uma mesma

intensidade de exercício submáximo quando comparado com ratos normais. Por outro

lado, essa redução no débito cardíaco é consistente com uma redução no fluxo de

sangue para o músculo que está sendo exercitado, antecedendo o aparecimento da

fadiga, ambos componentes das doenças cardiovasculares (Musch et al., 1992).

Page 56: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

58

Nesse aspecto, animais com IC secundária a IM, apresentam redução na

distancia total percorrida em esteira ergométrica (intolerância ao exercício físico),

quando comparado a ratos controle (sem IC) (Batista et al., 2007b; Koh et al., 2003;

Trueblood et al., 2005).

Ratos podem compensar parte do que foi perdido do miocárdio devido ao

infarto, através de uma hipertrofia compensatória do tecido não infartado remanescente

(Musch et al., 1986). Entretanto, esta hipertrofia compensatória está associada a

inúmeras alterações bioquímicas e morfológicas, que podem afetar adversamente a

capacidade funcional deste tecido, que incluem; 1- diminuição dos receptores β-

adrenérgicos, 2- diminuição da densidade capilar por área do miócito, 3- uma

diminuição na sensibilidade do tecido ao Ca ++ extracelular (Behnke et al., 2004;

Helwig et al., 2003). Além disso, essas alterações têm sido associadas ao aumento na

expressão gênica e produção de citocinas pró-inflamatórias (Kaur et al., 2006b; Ono et

al., 1998; Schulze et al., 2003).

O treinamento aeróbio pode produzir alterações hemodinâmicas e metabólicas

positivas em ratos com IC secundária a IM. A magnitude e a extensão da melhora

encontrada tanto nas funções metabólicas como hemodinâmicas parecem ser

dependentes da intensidade e do tipo de treinamento aplicado (Musch et al., 1992;

Musch et al., 1986).

Um programa de treinamento aeróbio, realizado em esteira para ratos, em

intensidade moderada (60% VO2max), 1 hora por dia, 5 vezes por semanas, pode

produzir uma série de efeitos benéficos em ratos com IC secundária a IM. Esses

incluem um aumento na captação máxima de O2 (VO2max) (Batista et al., 2007b; Musch

et al., 1992), aumento na atividade máxima da enzimas mitocôndriais como a succinato

desidrogenase (SDH) no músculo esquelético, atenuação do acúmulo de lactato em

Page 57: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

59

resposta ao exercício submáximo e uma tendência à normalização da freqüência

cardíaca máxima. Isso sugere que esse programa de treinamento induziu adaptações de

natureza predominantemente periféricas e metabólicas, sendo poucas as de origem

hemodinâmicas (Musch et al., 1986).

Quando o mesmo programa de treinamento aeróbio é realizado em intensidades

superiores, como entre 70 a 80% do VO2max, além dos efeitos supracitados, encontramos

uma diminuição da freqüência cardíaca submáxima sob uma mesma intensidade de

exercício (sedentário x treinado) e na situação em repouso (bradicardia) (Musch et al.,

1992), aumento na capacidade de extrair O2 do sangue (diferença artério-venosa),

alteração na composição da isoenzima (ATPase miosínica) cardíaca da forma lenta para

rápida (V2 e V3 para V1), melhor redistribuição do fluxo sangüíneo para o músculo

exercitado (Musch et al., 1992). O aumento na intensidade proporcionou uma melhora

tanto nas variáveis metabólicas com as hemodinâmicas, indicando que esta variável é de

importância crucial na programação de treinamento aeróbio.

Desta forma, as adaptações induzidas por programas de treinamento físico, mais

especificamente o treinamento aeróbio, estão bem caracterizadas na literatura em

animais com IC secundária a IM. Nesse aspecto, esses resultados ainda sugerem que a

magnitude e/ou forma de adaptação (central ou periférica) parece ser dependente da

intensidade do exercício.

2.10 - Efeito do treinamento aeróbio nas citocinas pro-inflamatórias na ICC

Além dos benefícios cardiovasculares induzidos, tanto pelas adaptações na

função do coração enquanto bomba, como pelas adaptações periféricas, o treinamento

físico parece capaz de modular, em condições patológicas com vigência de um quadro

inflamatório crônico anormal, a expressão elevada de citocinas pró-inflamatorias,

Page 58: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

60

moléculas de adesão solúveis e fatores quimioatratantes (Adamopoulos et al., 2001b;

Anker e von Haehling, 2004; Aukrust et al., 1998; Batista et al., 2006; Costa Rosa,

2004)

Batista et al. (2007) demonstraram em ratos Wistar com IC secundária a IM um

aumento crônico no índice de quimiotaxia e na produção de TNF-α em macrófagos da

cavidade peritoneal destes animais, indicando uma ativação crônica destas células. Por

outro lado, o treinamento aeróbio moderado (corrida em esteira) com duração de 10

semanas foi capaz de reverter este quadro, atingindo valores próximos aos encontrados

nos grupos controles. Adamapoulus et al. (2001a), demonstraram uma redução na

concentração plasmática de marcadores inflamatórios periféricos (molécula solúvel de

adesão celular-1, molécula solúvel de célula vascular-1, proteína quimioatratante para

macrófagos-1) após 12 semanas de treinamento aeróbio em pacientes com ICC

moderada à severa (classe funcional II – III, NYHA), sugerindo uma correlação entre a

melhora na tolerância ao exercício e atenuação do processo inflamatório, devido a uma

possível reversão dos efeitos deletérios causados pela disfunção endotelial apresentada

no quadro de ICC.

No entanto, a evidência da correlação significativa não pode estabelecer uma

relação de causa-efeito, e outros mecanismos têm sido propostos para explicar os efeitos

“benéficos” mediados pelo treinamento físico em indivíduos portadores de ICC. A

redução na concentração plasmática de TNF-α, IL-6 e seus respectivos receptores na

forma solúvel também têm sido demonstrada em indivíduos com ICC submetidos a um

programa de treinamento aeróbio (Adamopoulos et al., 2002), sugerindo uma atenuação

no quadro inflamatório crônico, mediada por uma regulação na resposta inflamatória

periférica (Adamopoulos et al., 2001a; Conraads et al., 2002; Costa Rosa e Batista,

2005). No entanto, apesar de caracterizado o efeito restaurador e/ou antiinfalamario do

Page 59: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

61

exercicio nessas condições, pouco se sabe a respeito dos possíveis mecanismos pelos

quais o treinamento aeróbio pode modular esse processo.

Seguindo essa linha de raciocínio, Gielen et al. (2003) publicaram o primeiro

estudo que demonstrou aumento na expressão local de citocinas pro-inflamatórias, em

amostras provenientes de biopsia do músculo esquelético em indivíduos com ICC. Por

outro lado, este aumento não foi demonstrado quando o parâmetro avaliado foi a

concentração plasmática dessas citocinas. A utilização do treinamento aeróbio em

esteira ergométrica a 70% VO2pico, durante seis meses, foi capaz de atenuar esta

expressão local aumentada. Ainda neste estudo, demonstrou-se que essa redução foi

associada à redução na expressão do gene da iNOS e ao acúmulo intracelular de NO,

sugerindo então que a utilização do treinamento físico deve acontecer não apenas como

uma forma de intervenção que objetiva a melhora das capacidades físicas (

comprometidas ou não pelo ICC), mas como estratégia terapêutica com finalidade

antiinflamatória local. Mais recentemente, o mesmo grupo de autores demonstrou que o

efeito antiinflamatório induzido pelo treinamento aeróbio na expressão e produção das

citocinas (TNF-α, IL-1β, IL-6) e da iNOS foi correlacionado à melhora na atividade

máxima da enzima citocromo c oxidase (COX) e no VO2pico , sugerindo que a melhora

nos parâmetros inflamatórios ocorreram em função de uma melhora no metabolismo

oxidativo do músculo esquelético, em pacientes com ICC (Gielen et al., 2005b).

Estes dados, tomados em conjunto, sugerem um importante efeito

antiinflamtorio do treinamento físico, capaz de modular a expressão aumentada de

citocinas pró-imflamatórias no músculo estriado esquelético. Este quadro inflamatório

local pode ter um papel importante no desenvolvimento de miopatias em indivíduos

com ICC, podendo desta forma, ao longo do tempo, resultar em uma condição de

Page 60: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

62

catabolismo muscular e caquexia cardíaca (Anker e von Haehling, 2004; Costa Rosa e

Batista, 2005; Yndestad et al., 2006).

2.1.11 - Papel do treinamento físico como estratégia antiinflamatória

O programa de treinamento físico é constituído de fases repetitivas de

sobrecarga constante, fases com aumento na sobrecarga (overreaching), fases de

manutenção deste aumento (overtraining) e fases de recuperação (Steinacker et al.,

2004). As fases de sobrecarga são caracterizadas por uma diferença entre a quantidade

total da sobrecarga (volume x intensidade x densidade) e o tempo de recuperação entre

as sessões de treinamento. Desta forma, a recuperação entre as sessões de treinamento é

necessária, possibilitando uma restauração, e ao longo do tempo, uma melhora no

desempenho do exercício, no metabolismo e na homeostase.

Por outro lado, se o tempo de recuperação for insuficiente e perdurar por um

longo período, poder-se-á obter um estado de alterações crônicas (moleculares,

bioquímicas e regulatórias), conduzindo a distúrbios que comprometerão o bem estar,

aumento na incidência de doenças e diminuição no desempenho físico durante o

exercício. O balanço entre a especificidade do treinamento, estressores fisiológicos

específicos e não específicos e o processo de recuperação determinam os resultados ou

adaptações positivas e/ ou “benéficas” de um determinado período de treinamento físico

(Lehmann et al., 1993; Steinacker et al., 2004)

Desta forma, Lehmann et al. (1993) propõem um modelo bifásico da resposta à

sobrecarga de treinamento envolvendo predominantemente; 1- mecanismos periféricos

em fases iniciais de sobrecarga no organismo e, 2- mecanismos centrais em fases mais

acentuadas e duradouras do período de sobrecarga, tendo o hipotálamo como um

Page 61: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

63

integrador central de toda a sinalização aferente para o cérebro e um importante papel

na regulação às respostas centrais ao estresse e treinamento físico (Steinacker et al.,

2004). Estas interações envolvem informações aferentes provenientes do sistema

nervoso autônomo, efeitos metabólicos diretos, hormônios, citocinas e também,

informações de centros cerebrais superiores, demonstrando uma interação complexa

envolvendo comunicação bidirecional entre os sistemas neuro-endócrinos e imune

(Spinedi e Gaillard, 1998).

Neste sentido, após a caracterização de que os vários sistemas se interagem em

função do estímulo proveniente do exercício físico, boa parte dos pesquisadores desta

área tem buscado a identificação de um fator periférico, provavelmente proveniente das

sucessivas contrações musculares (específico desse tecido), o qual seria o mediador de

uma séria de alterações induzidas pelo exercício no próprio tecido (ex. músculo

esquelético), bem como em outros órgãos (sistêmico), tais como o fígado e o tecido

adiposo branco.

2.11.1 - Efeito antiinflamatório do exercício

Mais recentemente, apesar de vários estudos terem caracterizado a relação entre

o quadro inflamatório crônico presente na ICC e o aumento dos marcadores de

inflamação, notadamente TNF-α, IL-1β, IL-6, dentre outros, estudos transversais, nos

quais a inatividade física e inflamação sistêmica de baixa intensidade (do inglês - low-

grade systemic inflammation) em indivíduos saudáveis (Flynn et al., 2007; Pedersen,

2007; Pedersen et al., 2007; Petersen e Pedersen, 2005) idosos (Bruunsgaard et al.,

2003), bem como em pacientes com claudicação intermitente (Tisi et al., 1997), diabete

tipo II (Boule et al., 2001), aterosclerose , dentre outras, também tem demonstrado essa

mesma correlação. Nessas condições, o termo “inflamação crônica sistêmica de baixa

Page 62: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

64

intensidade” vem sendo utilizado para caracterizar o aumento de 2 a 3 vezes nos níveis

plasmáticos de TNF-α, IL-1β, IL-6, IL-1ra, RTNF e proteína C reativa, marcadores

inflamatórios que têm sido apontados como importantes tanto no desenvolvimento

como na progressão desses quadros. Apesar da evidente correlação, pouca informação

foi produzida até o momento, a respeito dos possíveis mecanismos que culminam na

relação causa – efeito do treinamento físico e na redução desses marcadores (Pedersen e

Fischer, 2007). Ainda nesses quadros, a origem dessa alteração sistêmica não está bem

caracterizada, porém, tem sido proposto que o tecido adiposo branco e as células

mononucleares do sangue periférico (em especial os linfócitos) podem ser a principal

fonte dessas citocinas (Fischer, 2006; Pedersen e Fischer, 2007; Steensberg et al., 2003).

Estudos longitudinais recentes demonstraram que o treinamento físico mostrou-

se eficiente em reduzir os níveis plasmáticos de proteína C reativa em atletas mulheres

praticantes de futebol e netball (jogo similar ao basquete) (Fallon et al., 2001; Mattusch

et al., 2000), e desta forma, sugeriram que o exercício aeróbio regular (treinamento)

possa ter efeito supressor em situações como a inflamação sistêmica crônica de baixa

intensidade.

Para avaliar esse possível efeito antiinflamatório, Starkie et al. (2003)

demonstraram em um modelo experimental de inflamação sistêmica de baixa

intensidade, o qual foi induzido através da administração venosa de endotoxina

(Escherichia coli) em indivíduos saudáveis, após 3 horas da realização de uma sessão de

exercício aeróbio em cicloergômetro (75 % do VO2max), uma redução nos níveis de

TNF-α induzido pelo modelo experimental. Esse mesmo efeito supressor induzido pelo

exercício físico, também foi demonstrado em camundongos knockout para os receptores

de TNF-α tipo I e II, restaurando os níveis aumentados de TNF-α (Keller et al., 2004).

Page 63: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

65

2.11.2 - Possíveis mecanismos envolvidos na resposta antiinflamatória após o

exercício físico

Está bem caracterizado na literatura que após uma sessão aguda de exercício

físico ocorre o aumento exponencial nos níveis de IL-6 (acima de 100 vezes), o qual é

dependente das variáveis do exercício, tais como: intensidade, duração, massa muscular

recrutada e capacidade aeróbia individual (Fischer et al., 2003; Fischer, 2006;

Steensberg et al., 2003). Além disso, esse aumento é seguido pelo aumento nos níveis

de IL-ra e IL-10, o que pode ser induzido pela IL-6 (Petersen e Pedersen, 2005).

Estudos têm demonstrado que a IL-6 pode induzir um millie antiinflamatório,

não só pela indução da produção de citocinas antiinflamatórias, mas também, em

condições específicas, por inibir a produção do TNF-α·, como demonstrado em estudo

in vitro (Beyaert e Fiers, 1999) e em camundongos (Petersen e Pedersen, 2005). Em

humanos, a infusão de rhIL-6, procedimento experimental que mimetiza o aumento nos

níveis de IL-6 induzido pelo exercício físico, foi capaz de inibir o aumento nos níveis

plasmáticos de TNF-α induzido por endotoxinas (Starkie et al., 2003). Por outro lado,

com relação a esse aspecto, outros estudos demonstraram que além dessa, vias

independentes da IL-6 podem ter um papel mais relevante (Keller et al., 2004).

Ainda que, o aumento dos níveis de adrenalina induzido pelo exercício físico,

bem como a infusão da mesma em humanos (modelo experimental) tem demonstrado

inibir o aparecimento de TNF-α em resposta à endotoxemia in vivo (Beyaert e Fiers,

1999), este procedimento é capaz de induzir apenas pequenas alterações nos níveis

plasmáticos de IL-6, sugerindo desata forma que esse efeito inibitório se dá por vias

distintas (Fischer, 2006; Petersen e Pedersen, 2005).

Atualmente, apesar de bem caracterizada a relação entre o efeito antiinflamatório

do exercício físico, mediado principalmente pela IL-6 derivada do músculo esquelético

Page 64: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

66

e induzida pelo exercício, bem como o efeito protetor e/ ou inibidor contra vários

quadros patológicos, notadamente os que apresentam características de inflamação

sistêmica crônica de baixa intensidade, a relação entre os efeitos agudos (exercício) e os

possíveis efeitos ao longo do tempo (treinamento) ainda não estão bem caracterizados.

A presença de níveis plasmáticos alterados da IL-10 e IL-ra após o exercício

físico, a qual também pode contribuir ao millie antiinflamatório, pode ter um papel

importante em mediar o efeito antiinflamatório do treinamento físico, porém, apesar

disso, até onde sabemos, nenhum estudo avaliou o comportamento dessa citocina após

um programa de treinamento físico.

Como descrito anteriormente, a IL-10 pode atuar em diferentes tipos celulares e

induzir supressão da resposta inflamatória nos mesmos e desta forma, é postulada como

a principal molécula responsável pelo “orquestramento” de reações inflamatórias, em

particular as que envolvem a ativação das células monócito / macrófagos. Portanto, em

humanos, células mononucleares e neutrófilos circulantes estimulados com LPS,

quando adicionado IL-10 ao meio de culturas, ocorre inibição da síntese de citocinas

pró-inflamatórias (TNF-α, IL-1β, IL-6) através de mecanismos pós-transcripcionais,

conseqüência direta de uma maior taxa de degradação de mRNA dos genes

correspondentes.

Esses resultados corroboram os provenientes de outros estudos que têm

demonstrado esse mesmo efeito antiinflamatório (in vivo) em pacientes tratados com

rhIL-10 (Ozturk et al., 2006), bem como quando suplementados com vitamina D

(Schleithoff et al., 2006). No entanto, apesar do crescente aumento de evidências que

sugerem a importância da IL-10 na ICC e, em paralelo, o possível papel do treinamento

físico em modular sua expressão genica, o que propiciaria a utilização de programas de

Page 65: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

67

treinamento como terapêutica não farmacologia, até onde sabemos, nenhum estudo

relacionou os parâmetros supracitados.

Page 66: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

68

3 OBJETIVOS

3.1 Geral

Com vista em todas as alterações no músculo estriado esquelético de ratos com

IC secundária a IM, principalmente no que tange as citocinas TNF-α e IL-10, decidimos

investigar possíveis efeitos do treinamento aeróbio moderado (55- 65% VO2max) sobre a

produção e expressão desses genes no músculo soleo e extensor digital longo (EDL).

Mais que isso, pelo fato de que o exercício físico pode modular a produção de citocinas

antiinflamatórioas no músculo esquelético, utilizamos a razão IL-10 (antiinflamatória) /

TNF-α (pró-inflamatória) a fim de aferirmos o efeito do protocolo de treimamento

nesse “balanço”. Investigamos ainda, o efeito do programa de treinamento na expressão

dos genes que são fatores de transcrição para essas citocinas, no músculo esquelético

obtidos de ratos submetidos a um procedimento cirúrgico com (IM) e sem (Sham) a de

oclusão da artéria coronária descendente anterior esquerda.

3.2 Específico

3.2.1 - Caracterizar a disfunção ventricular e outros parâmetros para evidenciar a

presença do IC no modelo animal,

3.2.2 - Avaliar os efeitos de 8 a 10 semanas de treinamento aeróbio moderado (60%

VO2 max) nos parâmetros abaixo citados,

3.2.3 - Determinar a produção e expressão dos genes do TNF-α e IL-10 no músculo

sóleo e extensor digital longo (EDL):

3.2.3.1 - Avaliar a Razão IL-10/ TNF-α,

3.2.4 - Determinar expressão dos genes do NF-κBp65 e IκBα no músculo sóleo e

extensor digital longo (EDL),

3.2.5 - Determinar a correlação de Pearson para os genes IL-10 e NF-κBp65

Page 67: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

69

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 – Reagentes

Sais em geral, peróxido de hidrogênio, álcool etílico absoluto, álcool metílico,

álcool isopropílico, éter etílico, clorofórmico, ácido acético glacial e xilol, foram

obtidos da Merk (Alemanha) e Mallinckrodt (México). Tween 20, NaOH e KOH foram

provenientes da Labsynth (Diadema, SP, Brasil), brometo de etídio e bromofenol azul

da BioRad Laboratórios (Hercules, CA, USA). Randon primers, agarose, tampão RT,

enzimas RT, tampão DANase, DNAase I, Taq polimerase e cloreto de magnésio e

dietiotreitol (DTT) e o Platinun® SYBER® Green qPCR Supermix-UDG with ROX

foram adquiridos da Invitrogen (Carlsbad, CA, USA) e os primers dos genes estudados

da Prodimol Biotecnologia S/A (Integrated DNA Technologies, Inc.).

4.2 - Animais

Os procedimentos experimentais estão de acordo com os Princípios Éticos na

Experimentação animal adotado pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal

(COBEA), tendo sido o protocolo para o uso de animais em experimentação (009/2005)

aprovado pela Comissão de Ética em Experimentação Animal (CEEA) em reunião

realizada em 17/02/2005.

Foram utilizados ratos Wistar machos, com idade entre 6 a 8 semanas. Durante o

período experimental, foram mantidos em gaiolas coletivas para 5 ratos em biotério com

ciclo claro/escuro de 12/12 horas, com início do período claro às 7 horas, do

Departamento de Biologia Celular e do Desenvolvimento no Instituto de Ciências

Biomédicas - USP. A temperatura ambiente da sala foi mantida em 25 ± 2°C. A

umidade do ar foi mantida em 60 ± 5%. Para todos os grupos foi oferecida ração

Page 68: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

70

comercial balanceada (NUVILAB® CR1 - Nutrivital Nutrientes Ltda.) e água ad

libitum.

A fim de minimizar a influência aguda do status prandial nos resultados

experimentais, todos os animais foram submetidos a jejum durante a noite anterior à

manhã do sacrifício. Os animais foram sacrificados por decapitação sem anestesia após

48 horas da última sessão de treinamento aeróbio.

4.3 - Controle do peso corporal

Durante o período experimental, os animais foram pesados uma vez por semana,

no mesmo horário, em balança manual (balança Ohaus, USA). O peso final dos animais

corresponde àquele aferido no dia do sacrifício (12-14 semanas).

4.4 - Indução do infarto agudo do miocárdio (IM) através da lesão miocárdica por

isquemia sem reperfusão

Este procedimento cirúrgico foi realizado pelas técnicas do Laboratório de

fisiologia celular e do exercício (K. C. M ou M. A. C.), procedimento já bem

caracterizado pelo grupo de Profa. Patrícia C. Brum (Rondon et al., 2006)

Os animais foram submetidos à anestesia com uma solução de Ketalar®

(80mg/Kg) + Rompun® (12mg/Kg) por via intraperitoneal e submetidos à respiração

artificial. A ventilação foi mantida constante em uma freqüência de 70 mL/min e

volume de 2,5 mL. Em seguida, os animais foram submetidos à toracotomia esquerda,

em nível do terceiro espaço intercostal, seguido do rompimento do pericárdio. Após

isto, o ramo da artéria coronária descendente anterior esquerda foi identificado e em

seguida, ligado, colabando-o proximalmente sem reperfusão (IM). Após a ligadura, o

tórax foi fechado e o ar do espaço pleural removido. Para a operação “Sham”, foi

Page 69: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

71

utilizado o mesmo procedimento cirúrgico, porém, sem o rompimento do pericárdio e a

ligação da artéria coronária descendente anterior esquerda.

4.5 - Ecocardiograma Doppler Transtorácico

Durante 4 a 6 semanas após o IM, os animais foram submetidos à anestesia com

uma solução de Ketalar® (50mg/Kg) + Rompun® (10mg/Kg) por via intraperitoneal

para o ecocardiograma.

O exame de ecocardiograma dopller foi realizado utilizando-se um HP SONOS

(Philips Medical System, Andover, MA) com um transdutor de 12 MHz a dois (2) cm

de profundidade, sempre realizados pelo mesmo avaliador (A.A). Na preparação, a

região peitoral foi depilada e os eletrodos foram colocados em ambos os membros,

superiores e inferiores, e os animais foram colocados decúbito lateral esquerdo. Imagens

em duas dimensões e do Modo-M, provenientes da região apical, transversal e

longitudininal paraesternal foram obtidas e gravadas em videocassete. As imagens

transversais foram obtidas em 3 níveis: basal (a menor parte do anel da válvula mitral),

medial (ao nível do músculo papilar) e apical (distal em relação ao músculo papilar, mas

frontal ao topo da cavidade ventricular). Todas essas imagens foram capturadas pelo

videocassete, e por sua vez, as análises e medidas foram realizadas offline.

O tamanho do IM foi estimado tendo como base a identificação subjetiva da

aquinesia e disquinesia. Em cada plano transversal do ecocardiógrafo (basal, medial e

apical) o arco correspondente aos segmentos com infarto do miocárdio (IAM) e o

perímetro total da borda do endocárdio (PTE) foram aferidos 3 vezes ao final da diástole

e o tamanho do infarto do miocárdio (IIM) foi calculado como: IIM (%) = IAM/PTE x

100. O tamanho final de IM de cada animal foi calculado como a média de IIM

estimado em três planos.

Page 70: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

72

O diâmetro do ventrículo esquerdo VE no final da sístole e da diástole

(PAVED), bem como o diâmetro sistólico antero-posterior do átrio esquerdo foram

aferidos nos planos longitudinal e paresternal transverso, utilizando-se das imagens do

modo-M. Os volumes, distólico final (VDF) e sistólico final foram determinados através

do método Simpson em 2 planos (cortes 1 e 2 - cortes apicais com 4 segmentos cada). A

função sistólica global do VE foi avaliada pela fração de encurtamento do diâmetro

antero-posterior (FS), a qual foi expressa como percentagem da diferença entre PAVED

e o diâmetro sistólico do VE dividido pelo volume diastólico e pela fração de ejeção do

VE (FE), expresso pela percentagem da razão entre o volume sistólico e o VDF.

Todos os procedimentos para a realização do Ecocardiograma Doppler

Transtorácico foram realizados pela técnica do Laboratório de Fisiologia Cardiovascular

(A.A.), procedimento já bem caracterizado pelo grupo do prof. Paulo J. F. Tucci

(Kanashiro et al., 2006; Nozawa et al., 2006).

4.6 - Desenho experimental

4.6.1 - Descrição dos grupos experimentais:

Após a análise ecocardiográfica, os animais foram divididos nos seguintes

grupos experimentais:

Falso operado (Sham) - Ratos adulto-jovem, submetidos ao IM e após 4 a 6 semanas

submetidos a análise ecocardiográfica, não sendo constatado nenhum sinal de disfunção

ventricular. Após este período, foram mantidos sedentários por 8 semanas, porém,

foram levados diariamente (5 vezes por semana) ao local de treinamento, e desta forma,

manipulados igualmente ao grupo de animais que foram submetidos ao protocolo de

treinamento aeróbio (Sham-S).

Page 71: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

73

Operado (IM) - Ratos adulto-jovem, submetidos ao IM e após 4 a 6 semanas

submetidos a análise ecocardiografica e constatada presença de sinais de disfunção

ventricular esquerda. Após este período, foram mantidos sedentários por 8 semanas,

porém, foram levados diariamente (5 vezes por semana) ao local de treinamento, e desta

forma, manipulados igualmente ao grupo de animais que foram submetidos ao

protocolo de treinamento aeróbio (IM-S).

Falso operado (Sham) e submetido ao protocolo de treinamento aeróbio - Ratos

adulto-jovem, submetidos ao procedimento falso operado (Sham) e ao protocolo de

treinamento aeróbio moderado (Tabela 1) (Sham-T).

Operado (IM) e submetido ao protocolo de treinamento aeróbio - Ratos adulto-jovens,

submetidos ao procedimento operado (IM) e ao protocolo de treinamento aeróbio

moderado (Tabela 1) (IM-T).

4.6.2 - Determinação do consumo máximo de oxigênio (VO2max)

Uma semana antes do início do treinamento e a cada 2 semanas (quintas e

sextas-feiras) durante a fase de treinamento os animais foram avaliados conforme

método descrito anteriormente (Bedford et al., 1979). As amostras de ar foram avaliadas

em um sistema de calorimetria de circuito aberto Columbus Instrument, através do

monitoramento da fração de oxigênio (O2) e gás carbônico (CO2) na entrada e saída em

uma câmara com fluxo de ar constante de 1 mL / min. para ratos com 300-400 gramas.

Após um período de 10-20 min., para a estabilização do aparelho, os ratos foram

submetidos a 5 minutos de aquecimento a uma velocidade de 7 metros / min. e a cada 3

minutos a um incremento de 5 metros/min. até a exaustão.

4.6.3 - Protocolo de treinamento aeróbio moderado

Page 72: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

74

O protocolo treinamento de corrida em esteira ergométrica para ratos foi

desenvolvido a partir do protocolo descrito por Musch et al. (1986), que foi adaptado

para ratos com IC secundária a IM como descrito por Batista et al. (2006). Este foi

realizado em sistema de esteira ergométrica para ratos (AVS projetos especiais).

Os animais foram divididos em 4 grupos. Dois (2) desses grupos foram

sedentários, portanto, não submetidos a nenhum tipo de treinamento. O grupo

sedentário foi dividido conforme o item 4.6 e no caso do grupo IM-T e IM-S, assim

como o grupo Sham-T e Sham-S, os animais foram sacrificados no mesmo dia que seus

respectivos grupos controle, após 48 horas após a última sessão de treinamento.

Os dois grupos de animais treinados em intensidade moderada (60% VO2max)

foram exercitados diariamente em esteira por 1 hora, 5 vezes ao dia, como esquema

abaixo:

Tabela 1 – Protocolo de treinamento semanal para ratos em esteira ergométrica.

2° feira 3° feira 4° feira 5° feira 6° feira intensidade

Adaptação 30min./

10m/m

40min./

10m/m

30min./

15m/m

35min./

15m/m

30min./

20m/m

teste

1° semana 35 min. 45 min. 50 min. 55 min. 60 min. 60% VO2max

2° semana 60 min. 60 min. 60 min. 60 min. 60 min. teste 60% VO2max

3° semana 50 min. 55 min. 60 min. 60 min. 60 min. 60% VO2max

4° semana 60 min. 60 min. 60 min. 60 min. 60 min. teste 60% VO2max

5° semana 50 min. 55 min. 60 min. 60 min. 60 min. 60% VO2max

6° semana 60 min. 60 min. 60 min. 60 min. 60 min. teste 60% VO2max

7° semana 50 min. 55 min. 60 min. 60 min. 60 min. 60% VO2max

8° semana 60 min. 60 min. 60 min. 60 min. 60 min. teste 60% VO2max

4.7 - Coleta do material a ser estudado após o sacrifício dos animais

Page 73: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

75

4.7.1- Procedimentos gerais

Para reduzir a presença das ribonucleases (RNAses), foram adotados os seguinte

procedimentos: utilização de material descartável; esterilização da vidraria (em forno, a

250 °C, por 4 minutos); manipulação de amostras e materiais com luvas; utilização de

água tratada com dietil-pirocarbonato (Sigma-DEPC 0,01% vol/vol, sob agitação

magnética, por 12 horas, autoclavada).

4.7.2 - Obtenção e homogeneização dos tecidos

Imediatamente após o sacrifício, os tecidos e órgãos (fígado, pulmões, coração,

músculo sóleo e extensor digital longo – EDL) foram removidos, pesados, congelados

em nitrogênio líquido e armazenados a -80 °C para dosagens posteriores.

Durante o processo de homogeneização, músculo sóleo e EDL (pata posterior

esquerda) foram descongelados em gelo, diluídos em 1:10 em tampão de lise celular

(The Cell Lysis Kit, n° 171-304012, Bio-rad; Hercules, CA, USA), contendo um

cocktail com inibidores de proteases. As amostras foram processadas em dois processos.

No primeiro, os tecidos forram rompidos através suspensão e ressuspensão em pipeta

com tip de 1 mL por 20 vezes, seguido por agitação orbital durante 20 minutos a 300

rpm a 4°C. No segundo passo, os tecidos foram homogeneizados em desmembrador

ultrasônico (modelo 100, Fischer Scientific, Pittsburg, USA) a 4°C em três pulsos

rápidos (< 1 seg. cada). Findo os dois procedimentos de homogeneização, as amostras

foram centrifugadas a 4500 x g, durante 15 minutos a 4°C, e o sobranadante coletado

armazenado a -80 °C para dosagens posteriores.

.

4.7.3 - Obtenção do plasma

Page 74: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

76

Após o sacrifício dos animais o sangue total foi coletado e armazenado em tubos

plásticos (tubos Falcon 15 mL, estéreis) contendo 100 µl de heparina, para a extração do

plasma que se deu após a centrifugação a (500 x g) durante 15 minutos a temperatura de

12 °C. Após o final da centrifugação o plasma foi aliquotado em tubos do tipo

eppendorf (2 mL) e armazenado em freezer -80 °C para dosagens posteriores.

4.8 - Quantificação das citocinas teciduais

4.8.1 - Determinação da concentração de proteínas totais do homogeneizado

A quantificação das proteínas totais nos tecidos avaliados foi determinada

através do kit Protein Assay-Bradford Method Biotechnology Grade (E535,

AMRESCO, Inc. USA). Este procedimento foi baseado no método colorimétrico

descrito por Bredford et al. (1976), o qual utiliza o corante Coomassie Brilliant Blue G-

250, que induz alteração de cor após a ligação com as proteínas desconhecidas, através

da formação de um complexo que pode ser detectado por spectrofotometria de luz em

comprimento de onda a 595 nm. Os valores da proteína desconhecida foram então

comparados com a curva padrão de albumina (0,05 – 0,5 µg / µL).

As amostras (diluídas em 100 vezes) e os pontos da curva foram plaqueados em

triplicatas, com 10 µL por poço. Após este procedimento, acrescentou-se 190 µL de

Coomassie Brilliant Blue G-250, diluído em 10 vezes. A leitura foi realizada em

espectofotômetro (Hitachi) a 595 nm. Os dados de absorbância foram (eixo x) foram

plotados junto aos valores referentes às diferentes concentrações da curva-padrão (eixo

y), e após a elaboração da curva da reta (regressão linear), os valores foram expressos

em µg / µL de proteína tecidual (Bradford, 1976).

4.8.2 - Enzyme-linked immunoabsorbent assay (ELISA)

Page 75: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

77

Para dosagem de das citocinas TNF- (DY510) e IL-10 (DY522) foi utilizado o

método enzyme-linked immunoabsorbent assay (DuoSet ELISA) de captura (R&D

System, Inc., Minneapolis, USA). Este ensaio foi realizado em amostras

homogeneizadas de acordo com o iten (3.8.1), proveniente dos diferentes grupos

experimentais. Placas com 96 poços foram sensibilizadas com 100 µL de anticorpo

monoclonal anti-rato IL-10 e ou TNF- (anticorpo de captura) e incubadas overnight em

temperatura ambiente. Após este período, os poços foram lavados por 3 vezes com

tampão para lavagem (0.05% Tween® 20 em PBS, pH 7.2 - 7.4). Posteriormente, a

placa foi bloqueada, para evitar ligações inespecíficas com 300 µL de solução de

bloqueio (1% BSA em PBS, pH 7.2 - 7.4, 0.2 µm filtrado) e incubada por 1 horas em

temperatura ambiente. Findo este prazo, os poços foram lavados novamente como

descrito acima.

Após o bloqueio, foram adicionados 100 µL por poço das amostras e dos

padrões diluídos previamente em reagente de diluição (1% BSA em PBS, pH 7.2 - 7.4,

0.2 µm filtrado), e cobertos com fita adesiva . Em dois poços foram colocados somente

o reagente de diluição para caracterização do branco. A placa foi incubada por 2 horas

em temperatura ambiente. Após este período, os poços foram lavados por 3 vezes com

tampão de lavagem (0.05% Tween® 20 em PBS, pH 7.2 - 7.4).

Após as lavagens, foram adicionados 100 µL do anticorpo de detecção

(Anticorpo anti-rato IL-10 Biotinilado) diluídos previamente em reagente de diluição

(1% BSA em PBS, pH 7.2 - 7.4, 0.2 µm filtrado) na concentração estabelecida, cobertos

com fita adesiva e incubado por 2 horas em temperatura ambiente. Findo este prazo, os

poços foram lavados novamente como descrito acima. Posteriormente, foram

adicionados 100 µL de Streptoavidina-HRP (1:250) por poço, cobertos com fita adesiva

e incubado por 30 minutos em temperatura ambiente. Assim, evitou-se o contato direto

Page 76: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

78

da placa com a luz. Findo este prazo, os poços foram lavados novamente como descrito

acima. Posteriormente, foi adicionado a solução de substrato (mistura dos reagentes de

cores A - H2O2 e B - Tetrametilbenzidina), na diluição de 1:1, por poço e incubado por

30 minutos em temperatura ambiente, onde evitou-se o contato direto da placa com a

luz. A reação foi interrompida com 50 µL de H2SO4 30% por poço sob agitação lenta.

A leitura foi feita em leitor de ELISA (Power Wave, Bio-tek) utilizando filtro de 450

nm.

4.9 - Quantificação da expressão dos genes das citocinas teciduais

4.9.1 - Extração de RNA

Para isolar o RNA total do músculo sóleo e EDL (pata posterior direita), as

amostras pesando entre 0,2 e 0,5 g foram homogeneizadas em TRIzol®Reagent. A partir

desta etapa, seguiu-se o protocolo de extração de RNA, conforme instruções do

fabricante. O RNA total extraído foi tratado com 10 U de deoxiribonuclease

ribonuclease (RNase)-free por 1 hora a 37°C. Após o tratamento, foi realizado uma

extração com igual volume de mistura contendo fenol-clorofórmio-álcool isoamílico na

proporção de 25:24:1, seguida por precipitação com 0,2 M de acetato de sódio e 2

volumes de etanol absoluto. O RNA precipitado foi lavado com etanol 70% para

eliminar resíduos de fenol e sal, e solubilizado em água tratada com DEPC.

Para a quantificação do RNA foram feitas alíquotas equivalentes a 2 µg

acrescida de água para totalizar a diluição de 1:150. A concentração das amostras de

RNA total foi determinada por espectrofotometria no comprimento de onda de 260 nm

(correspondente ao pico de absorção de RNA) e 280 nm (correspondente ao pico de

absorção de proteínas). A integridade das amostras foi verificada através de eletroforese

Page 77: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

79

em gel de agarose 1%, contendo 0,5 µg/mL de brometo de etídeo. O gel foi imerso em

tampão TAE 1X e a eletroforese realizada a 100 Volts por aproximadamente 45

minutos. O TRIzol®Reagent, uma solução monofásica de fenol e guanidina isotilcianato

corresponde a uma variação do método desenvolvido por (Chomczynski e Sacchi,

1987).

4.9.2 - Transcrição Reversa (RT)

As amostras de RNA foram transcritas para DNA em um termociclador (Techne,

Cambridge, UK). Para a síntese do cDNA foram utilizados 2 µg de RNA total de cada

amostra. As amostras foram incubadas com 0,5 µg/mL de oligo dT12-18 (Invitrogen,

USA) a 65°C por 5 minutos, para se obter a primeira fita de cDNA. A transcrição

reversa das amostras foi realizada em um volume total de 20 µL contendo 10 mM de

dNTPs, 0,1 M de DTT, 1X tampão da enzima, 3U de RNAsin e 2,5U de transcripatase

reversa (AMV-RT). Após incubação por 1 hora a 37°C, a temperatura foi elevada a

95°C por 5 minutos e as amostras rapidamente colocadas em gelo para denaturação de

híbridos RNA-cDNA formados e inativação da enzima utilizada na reação. Em alguns

tubos, a transcriptase reversa não foi adicionada, a fim de se controlar a contaminação

ou amplificação de DNA genômico. O cDNA obtido foi estocado a -20°C até que fosse

realizada a reação de PCR.

4.9.3 - Seleção dos primers

Os primers foram sintetizados pela Integrated DNA Technologies (Prodimol

Biotecnologia S/A). A sequência foi determinada usando o software Primer 3,

disponível on-line no sitio http://www.genome.wi.mit.edu, selecionados sempre de

acordo com os seguintes parâmetros; comprimento entre 18 e 24 pares de base (bp).,

com comprimento ótimo de 20-22 bases, Tm entre 58 e 62°C, com temperatura ótima de

Page 78: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

80

60°C e comprimento do produto amplificado entre 100 a 150 bp. O conteúdo de C + G

foi entre 40 a 60%, com conteúdo ótimo acima de 50%, e neste caso, seqüências e bases

repetidas (> 3 bases idênticas) foram evitadas (Marone et al., 2001). Para determinar a

especificidades, todas as seqüências foram comparadas com o Genbank usando o

programa Blast disponível no sitio da National center for Biotecchnology Information

(www.ncbi.nlm.gov). Quando ambas as seqüências dos primers demonstraram

homologia para o mesmo gene, diferente daquele de interesse, esta foi descartada.

Todos os primers selecionados para o PCR foram configurados de maneira que o

produto amplificado fosse sintetizado em exons diferentes, evitando desta forma a

contaminação do DNA genômico.

Tabela 2 - Sequência dos primers do RT-PCR.

Genes Primer sense Primer antisense Tamanho

(bp)

Genbank

TNF-α 5`TCTCAAAACTCGAGTGACAAGC3`

5`GGTTGTCTTTGAGATCCATGC3`

127 NM 012675.2 GI:82524821

IL-10 5`GAGAGAAGCTGAAGACCCTCTG3`

5`TCATTCATGGCCTTGTAGACAC3`

142 NM 012854.1 GI:7549766

IL-6 5`GAGTCACAGAAGGAGTGGCTAA3`

5`ACAGTGAGGAATGTCCACAAAC3`

146 NM 012589.1 GI:7549768

NF-κB 5`CTGATGGAGTACCCTGAAGCTA3`

5`AGAAGTCTTCATCCCCTGAGAG3`

124 NM 199267.2 GI:51036682

IKBα 5`ACTTTGGGTCATGTCAA3`

5`ACACTTCAACAGGAGCGAGA3`

108 XM 343065.3 GI:109478176

18S 5`ACCAGTTCGCCATGGATGA3`

5`TGCCGGAGCCGTTGTC3`

118 NM 213557.1 GI:47087102

Page 79: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

81

4.9.4 - Reações de PCR em tempo real

A expressão dos genes (Tabela 2) foi quantificada por PCR em tempo real

(Higuchi et al, 1992) utilizando o aparelho (7500 Fast Real-Time PCR, Applied

Biosystems, USA) e SYBER green como marcador de fluorescência (n°11744-500,

Invitrogen, USA). As reações foram realizadas em 25 µL de uma mistura contendo 1 µL

do cDNA da amostra, 0,5 µL dos primers (ajustados de acordo com a concentração

abaixo), 10,5 µL de água DEPEC e 12,5 µL do mix SYBER green master (dNTP.

Tampão de reação, Taq DNA polmerasee SYBER Green I). As condições do PCR em

tempo real foram: primeiro ciclo (único) a 95°C por 15 minutos para ativação da enzima

e 40 ciclos com fases de desnaturação a 95°C por 15 segundos e anelamento a 60°C por

30 segundos. A sequência de primers utilizada está demonstrada na Tabela 2, de acordo

com as seguintes concentrações; músculo sóleo - TNF-α e IL-10 (200 nM) , IL-6, NF-

κB, IKBα e 18S (300 nM) e para EDL - TNF-α, IL-10 (200 nM) e 18S (200 nM).

A quantificação da expressão dos genes foi determinada usando o método da Ct

comparativa (Ct=threshold cycle; número de ciclo no qual o produto do PCR atinge um

limiar de detecção), tendo a expressão da 18S como padrão interno (Livak e

Schmittgen, 2001). A Ct da 18S, gene constitutivo foi semelhante tanto no grupo

controle (Sham e IM) como no grupo tratado (treinamento aeróbio).

4.10 - Parâmetros plasmáticos

4.10.1 – Radioimunoensaio (RIE) para corticosterona

Para a determinação quantitativa do hormônio plasmático corticosterona (DSL-

80100) foi utilizado através do kit radioimunoensaio (RIE) de competição entre um

antígeno radioativo e outro não radioativo por um número fixo de sítios de ligação no

anticorpo (Genese, Diagnostic System Incorporation, Inc., USA).

Page 80: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

82

Este ensaio foi realizado com alíquotas de plasma proveniente dos diferentes

grupos experimentais. Antes do doseamento, as amostras foram descongeladas em

banho de gelo e mantidas a 4 °C ou menos. Foram incubados 25 µL de plasma, padrões

e 500 µL do Reagente Corticosterona de rato (I-125) em cada tubo, mais 125 µL do

padrão A (0 ng/mL) para o NSB (ligação não específica). Por último, foram adicionados

100 µL de anti-soro corticosterona de rato, agitado suavemente durante 1 minuto, por

uma (1) hora a 37°C (exceto o tubo NSB). Findo este prazo, foi adicionado 1 mL de

reagente Precipitante, agitado imediatamente e incubado por 15 minutos em temperatura

ambiente. Todos os tubos foram centrifugados (exceto o tubo NSB) por 15 minutos a

1500 x g.

Os tubos foram decantados por inversão simultânea com o suporte de espuma,

em recipiente para descarte de radioativo, com auxilio de papel absorvente, durante 2

minutos e contados em contador gama por 1 minuto. Os resultados foram calculados

utilizando os dados de log (eixo-x) vs. linear (eixo-y) e ajuste da curva com interpolação

linear. A sensibilidade de detecção do método foi de 2,7 ng/mL (Padrão 0 pg/mL).

4.10.2 – Radioimunoensaio (RIE) para ACTH

Para a determinação quantitativa do hormônio plasmático ACTH (DSL-2300)

foi utilizado através do kit radioimunoensaio (RIE) de competição entre um antígeno

radioativo e outro não radioativo por um número fixo de sítios de ligação no anticorpo

(Genese, Diagnostic System Incorporation, Inc., USA).

Este ensaio foi realizado com alíquotas de plasma proveniente dos diferentes

grupos experimentais. Antes do doseamento, as amostras forma descongeladas em

banho de gelo e mantidas a 4 °C ou menos. Foram incubados 200 µL de plasma,

padrões e mais 300µL do padrão A (0 ng/mL) para o NSB (ligação não específica). Por

Page 81: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

83

último, foram adicionados 100 µL de anti-soro corticosterona de rato, agitado

suavemente durante 1 minuto, por 4 horas a 37°C (exceto o tubo NSB). Após este

período, foi adicionado 100 µL de reagente Precipitante em todos os tubos (exceto o

tubo NSB) e incubados overnight a 4°C. Findo este prazo, foi adicionado 1 mL de

reagente Precipitante, agitado imediatamente e incubado por 15 minutos em temperatura

ambiente. Todos os tubos foram centrifugados (exceto o tubo NSB) por 15 minutos a

1500 x g.

Os tubos foram decantados por inversão simultânea com o suporte de espuma,

em recipiente para descarte de radioativo, com auxilio de papel absorvente, durante 2

minutos e contados em contador gama por 1 minuto. Os resultados foram calculados

utilizando os dados de log (eixo-x) vs. log (eixo-y) e a % B/T foi utilizado para

determinar as concentrações dos pontos da curva. A sensibilidade de detecção do

método foi de 3,5 pg/mL (Padrão 0 pg/mL).

4.11 - Análise estatística

A análise dos dados foi realizada através do software SigmaStat (versão 3.1,

SigmaStat, SYSTAT, Point Richmond, CA). A média aritmética e o erro padrão da

média (EPM) foram calculados para todas as variáveis estudadas. A primeira

observação indica que os resultados apresentam distribuição normal, após realização do

teste de Kolmogorov-Smirnov e que não há diferença na variância entre as amostras dos

grupos (heterocedasticidade), após realização do teste de igualdade de variância. Após a

período experimental os valores das diferentes análises foram analisados pela Analise

de variância (ANOVA) a 2 fatores em um desenho experimental de 2 x 2 (sedentário /

treinado vs. Sham / IM). Com este tipo de análise, os fatores foram avaliados como

Efeito Principal (efeito no grupo Sham vs. grupo IM; A, e efeito no grupo sedentário vs.

Page 82: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

84

grupo treinado; B) e como Efeito de Interação entre os fatores A e B, que consistiu em

A x B. Quando o valor de F foi significantemente detectado pela ANOVA a 2 fatores,

teste post-hoc de Holm-Sidak foi aplicado para a múltipla comparação entre as médias

dos grupos avaliados. O coeficiente de correlação de Pearson (r) foi utilizado como

medida do grau de relação linear entre as variáveis quantitativas. O nível de

significância utilizado em todas as análises foi inferior a 5%, ou seja, p<0,05.

Page 83: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

85

5. RESULTADOS 5.1 - Características gerais dos grupos experimentais

5.1.1 - Peso Absoluto

O peso corporal total, dos pulmões, fígado, dos músculos sóleo e EDL, em valor

absoluto, não foram diferentes em nenhum dos grupos avaliados em relação à ICC

induzida pelo IM, bem como as oito (8) semanas de treinamento aeróbio (Tabela 3). A

IC secundária a IM causou aumento no peso absoluto do coração de 23,8% (p<0,012)

quando comparado aos animais do grupo Sham.

5.1.2 - Peso Relativo

Os animais submetidos a IC secundária a IM demonstraram aumento na relação

peso úmido / peso seco dos pulmões (4,7%, p<0,011), no fígado (3,8, p<0,035), bem

como diminuição no peso do músculo sóleo relativo ao peso corporal em 27,7%,

(p<0,002) (Tabela 4). O treinamento aeróbio foi capaz de restaurar o aumento na

relação peso seco / peso úmido no fígado (p<0,002), demonstrando valores similares

aos encontrados no grupo Sham.

Page 84: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

86

Tabela 3 - Peso absoluto após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronária e mantidos sedentário (IM-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T).

Os resultados estão expressos em gramas e representam média ± EPM de 45 animais. IM = efeito da cirurgia de IM (Sham x IM), p<0,05. T = efeito do protocolo de treinamento aeróbio (Sedentário x Treinado), p< 0,05. IM x T = interação entre os efeitos, p<0,05.

Page 85: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

87

Tabela 4 - Peso relativo após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronária e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T).

Os resultados representam média ± EPM de 45 animais. IM = efeito da cirurgia de IM (Sham x IM), p<0,05. T = efeito do protocolo de treinamento aeróbio (Sedentário x Treinado), p< 0,05. IM x T = interação entre os efeitos, p<0,05.

Page 86: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

88

5.2 - Função do ventrículo esquerdo em animais com IC secundária a IM

Alterações contráteis segmentares do ventrículo esquerdo foram observadas nos

17 animais com infarto do miocárdio extenso ao estudo anatomopatológico após quatro

(4) semanas da cirurgia de IM (Tabela 5). Nenhum animal do grupo Sham apresentou

alterações ecocardiográficas do ventrículo esquerdo sugestiva de IM. A fração de ejeção

(FE), bem como a fração de encurtamento (FS) sistólicos, apresentaram redução em

(40,1 e 55,7%, P<0,001, respectivamente), quando comparado ao grupo Sham. A

expessura da parede anterior do ventrículo esquerdo em diástole (PAVED) e o volume

diastólico final (VDF) apresentaram aumento de (30,1 e 82,2%, P<0,01,

respectivamente), quando comparado ao grupo Sham. Os animais do grupo IM

apresentaram uma área de infarto de 39 ± 0,05%. Após oito (8) semanas, período

compreendido pelo de programa de treinamento físico, as variáveis supracitadas foram

novamente avaliadas (ANEXO 2).

Page 87: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

89

Tabela 5 – Valores das variáveis funcionais do ventrículo esquerdo ao ecocardiograma Doppler após o período de 4 semanas em ratos que foram submetidos à operação Sham (Sham-) e ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronária (IM).

FE = fração de ejeção, FS = fração de encurtamento, PAVED = parede anterior do ventrículo esquerdo em diástole, VDF = volume diastólico final e IIM = índice do infarto do miocárdio. Os resultados representam média ± EPM de 30 animais. IM = efeito da cirurgia de IM (Sham x IM), p<0,05. T = efeito do protocolo de treinamento aeróbio (Sedentário x Treinado), p< 0,05. IM x T = interação entre os efeitos, p<0,05.

Page 88: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

90

5.3 - Consumo máximo de oxigênio em animais com IC secundária a IM e

submetidos ao programa de treinamento aeróbio moderado

Os animais do grupo IM submetidos ao protocolo de treinamento aeróbio, com

intensidade entre 55 a 65 % VO2max, apresentaram aumento de 26,3%, após oito (8)

semanas, quando comparada ao seu controle sedentário (Figura 1).

Page 89: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

91

Figura 1 – Consumo máximo de oxigênio antes e após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronária e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T). O programa de treinamento teve duração de oito (8) semanas, cinco (5) vezes por semana, uma (1) hora por dia, com intensidade entre 55 a 65 % VO2max, em esteira ergométrica para ratos (AVS projetos especiais). A intensidade de treinamento foi reavaliada a cada duas (2) semanas. Os resultados representam média ± EPM de 12 animais. * diferença significativa com a situação antes do início do protocolo de treinamento ao nível de 0,05.

Page 90: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

92

5.4 - Níveis de TNF-α no músculo estriado esquelético

O grupo de animais submetidos ao IM e mantidos sedentátios apresentou

aumento significativo de 26,5% (P<0,05) na produção de TNF-α no músculo sóleo,

quando comparado ao grupo Sham-S. No músculo EDL, os níveis de TNF-α não foram

detectados (Figura 2).

Quando o grupo de animais IM foi submetido a oito (8) semanas de treinamento

aeróbio em esteira para ratos (IM-T), foi detectado efeito do treinamento (sedentário x

treino), apresentando diminuição significativa de 26% (P<0,05). Nenhum efeito foi

detectado no grupo Sham. Neste caso, foi detectado interação significativa entre os

fatores IM e o treino (P<0,05), indicando que o nível da alteração induzido pelo

protocolo de treinamento é dependente do nível de alteração induzida pelo IM.

Page 91: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

93

Figura 2 – Quantificação do TNF-α no músculo sóleo após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronária e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T). Durante o processo de homogeneização, músculo sóleo e EDL (pata posterior esquerda) foram descongelados em gelo, diluídos em 1:10 em tampão de lise celular e analisados pelo método enzyme-linked immunoabsorbent assay (DuoSet ELISA) e normalizados pelo conteúdo protéico total dos tecidos avaliados. Os resultados representam média ± EPM de 12 animais. # diferença significativa com o grupo Sham-S, P< 0,05 (pós-teste Holm Sidak). * Efeito do treinamento, diferença significativa com o grupo Sham-S, P< 0,05 (pós-teste Holm Sidak). ** Efeito do treinamento, diferença significativa com o grupo IM-S, P< 0,05 (pós-teste Holm Sidak).

Page 92: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

94

5.5 - Expressão gênica de TNF-α no músculo estriado esquelético

Na Figura 3A, os animais do grupo IM-S apresentaram aumento significativo

em três (3) vezes (P<0,01) na expressão gênica de TNF-α no músculo sóleo (Sham x

IM), sem alteração no músculo EDL (Figura 3B). Não foi detectado, neste caso, efeito

do treinamento aeróbio, em nenhuma das condições avaliadas.

Quando os animais do grupo IM foram classificados de acordo com os valores

de FE e retirados àqueles menores que 35%, foi detectado efeito do treinamento no

grupo IM, reduzindo em 42,8% (P<0,05) a expressão gênica de TNF-α, quando

comparado ao controle sedentário (Figura 4). Não houve alteração no músculo EDL.

Não foi detectada interação entre os fatores (IM e treino, P=0,098).

Page 93: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

95

Figura 3 – Real Time Polimerase Chain Reaction do gene TNF-α no músculo sóleo (A) e EDL (B) após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronária e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T). O mRNA total foi extraído e a reverse trancriptase – polimerase chain reaction foi feita a partir de aproximadamente 2µg de RNA. O gene 18S foi utilizado como gene. Os dados estão expressos com a razão dos números de ciclos em que o gene 18S começa a ser amplificado de acordo com a curva de amplificação (ANEXO 3) – threshold cycle (Ct). Os resultados representam média ± EPM, em duplicatas de 26 animais. # diferença significativa com o grupo Sham-S, P< 0,05 (pós-teste Holm Sidak), * Efeito do treinamento, diferença significativa com o grupo Sham-S, P< 0,05 (pós-teste Holm Sidak), ** Efeito do treinamento, diferença significativa com o grupo IM-S, P< 0,05 (pós-teste Holm Sidak).

Page 94: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

96

Figura 4 – Real Time Polimerase Chain Reaction do gene TNF-α no músculo sóleo de animais com FE maior que 35% após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronária e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T). O mRNA total foi extraído e a reverse trancriptese – polimerase chain reaction foi feita a partir de aproximadamente 2µg de RNA. O gene 18S foi utilizado como gene. Os dados estão expressos com a razão dos números de ciclos em que o gene 18S começa a ser amplificado de acordo com a curva de amplificação – threshold cycle (Ct). Os resultados representam média ± EPM, em duplicatas de 18 animais. # diferença significativa com o grupo Sham-S, P< 0,05 (pós-teste Holm Sidak), * Efeito do treinamento, diferença significativa com o grupo Sham-S, P< 0,05 (pós-teste Holm Sidak), ** Efeito do treinamento, diferença significativa com o grupo IM-S, P< 0,05 (pós-teste Holm Sidak).

Page 95: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

97

5.6 - Níveis de IL-10 no músculo estriado esquelético

O grupo de animais submetidos ao IM e mantidos sedentátios apresentou

diminuição significativa de 38,2% (P<0,05) na produção de IL-10 no músculo sóleo,

quando comparado ao grupo Sham-S. No músculo EDL, não houve alteração nos níveis

desta citocina (Figura 5).

Quando o grupo de animais IM foi submetido a oito (8) semanas de treinamento

aeróbio em esteira para ratos (IM-T), foi detectado efeito do treinamento (sedentário x

treino), apresentando aumento significativo em 1,6 vezes (P<0,001). Nenhum efeito foi

detectado no grupo Sham (P=0,177). Neste caso, foi detectada interação significativa

entre os fatores IM e o treino (P<0,05), apesar de não ter sido detectado efeito do IM,

indicando que o nível da alteração induzida pelo protocolo de treinamento é dependente

do nível de alteração induzida pelo IM, condição específica ao grupo IM.

Page 96: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

98

Figura 5 – Quantificação da IL-10 no músculo sóleo após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronária e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T). Durante o processo de homogeneização, músculo sóleo e EDL (pata posterior esquerda) foram descongelados em gelo, diluídos em 1:10 em tampão de lise celular e analisados pelo método enzyme-linked immunoabsorbent assay (DuoSet ELISA) e normalizados pelo conteúdo protéico total dos tecidos avaliados. Os resultados representam média ± EPM de 26 animais. # diferença significativa com o grupo Sham-S, P< 0,05 (pós-teste Holm Sidak). ** Efeito do treinamento, diferença significativa com o grupo IM-S, P< 0,05 (pós-teste Holm Sidak).

Page 97: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

99

5.7 - Expressão gênica da IL-10 no músculo estriado esquelético

Na Figura 6A, os animais do grupo IM-S apresentaram aumento significativo

em 3,6 vezes (P<0,05) na expressão do gene IL-10 no músculo sóleo (Sham x IM), sem

alteração no músculo EDL (Figura 6B). Não foi detectado, neste caso, efeito do

treinamento aeróbio, em nenhuma das condições avaliadas.

Quando os animais do grupo IM foram submetidos ao programa de treinamento

aeróbio, não foi detectado efeito do treinamento. Não houve alteração no músculo EDL.

Não foi detectada interação entre os fatores.

Page 98: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

100

Figura 6 – Real Time Polimerase Chain Reaction do gene IL-10 no músculo sóleo (A) e EDL (B) após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronária e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T). O mRNA total foi extraído e a reverse trancriptese – polimerase chain reaction foi feita a partir de aproximadamente 2µg de RNA. O gene 18S foi utilizado como gene. Os dados estão expressos com a razão dos números de ciclos em que o gene 18S começa a ser amplificado de acordo com a curva de amplificação – threshold cycle (Ct). Os resultados representam média ± EPM, em duplicatas de 18 animais. # diferença significativa com o grupo Sham-S, P< 0,05 (pós-teste Holm Sidak), * Efeito do treinamento, diferença significativa com o grupo Sham-S, P< 0,05 (pós-teste Holm Sidak), ** Efeito do treinamento, diferença significativa com o grupo IM-S, P< 0,05 (pós-teste Holm Sidak).

Page 99: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

101

5.8 - Razão dos níveis de IL-10/TNF-α no músculo estriado esquelético

O grupo de animais submetidos ao IM e mantidos sedentários apresentou

diminuição significativa na razão IL-10/TNF-α de 36,5% (P<0,05), quando comparado

ao grupo Sham-S (efeito do IM). No músculo EDL, não houve alteração nesta razão

(Figura 7).

Quando o grupo de animais IM foi submetido a oito (8) semanas de treinamento aeróbio

em esteira para ratos (IM-T), foi detectado efeito do treinamento (sedentário x treino),

apresentando aumento significativo 51,6% (P<0,05). Apesar do pós-teste não ter

detectado este efeito no grupo Sham (efeito do treinamento, P=0,084), o mesmo

apresentou um aumento de 29,4%. Neste caso, não foi detectada interação significativa

entre os fatores IM e o treino (P=880), indicando que há interação entre os dois (2)

fatores avaliados (Figura 7).

Na Figura 8, os dados demonstram o papel de cada uma das citocinas na razão

IL-10/TNF-α.

Page 100: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

102

Figura 7 – Razão dos níveis de IL-10/TNF-α no músculo sóleo após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronária e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T). Durante o processo de homogeneização, músculo sóleo e EDL (pata posterior esquerda) foram descongelados em gelo, diluídos em 1:10 em tampão de lise celular e analisados pelo método enzyme-linked immunoabsorbent assay (DuoSet ELISA) e normalizados pelo conteúdo protéico total dos tecidos avaliados. Os resultados representam média ± EPM de 12 animais. # diferença significativa com o grupo Sham-S, P< 0,05 (pós-teste Holm Sidak), * Efeito do treinamento, diferença significativa com o grupo Sham-S, P< 0,05 (pós-teste Holm Sidak), ** Efeito do treinamento, diferença significativa com o grupo IM-S, P< 0,05 (pós-teste Holm Sidak).

Page 101: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

103

Figura 8 – Perfil dos níveis de citocinas na razão IL-10/TNF-α no músculo sóleo após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronária e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T). Durante o processo de homogeneização, músculo sóleo e EDL (pata posterior esquerda) foram descongelados em gelo, diluídos em 1:10 em tampão de lise celular e analisados pelo método enzyme-linked immunoabsorbent assay (DuoSet ELISA) e normalizados pelo conteúdo protéico total dos tecidos avaliados. Os resultados representam média ± EPM de 12 animais. # diferença significativa com o grupo Sham-S, P< 0,05 (pós-teste Holm Sidak), * Efeito do treinamento, diferença significativa com o grupo Sham-S, P< 0,05 (pós-teste Holm Sidak), ** Efeito do treinamento, diferença significativa com o grupo IM-S, P< 0,05 (pós-teste Holm Sidak).

Page 102: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

104

5.9 - Expressão gênica da IL-6 no músculo estriado esquelético

Na Figura 9, os animais do grupo IM apresentaram aumento significativo em

1,3 vezes (P<0,05) na expressão do gene IL-6 no músculo sóleo (efeito do IM, Sham x

IM) (Figura 9). Quando os grupos foram isolados (pós-teste Holm-Sidak), o grupo IM-S

não apresentou diferença com IM-T (P=0,065).

Quando os animais do grupo IM foram submetidos ao programa de treinamento

aeróbio, não foi detectado efeito do treinamento. Não houve alteração no músculo EDL.

Não foi detectada interação entre os fatores.

Page 103: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

105

Figura 9 – Real Time Polimerase Chain Reaction do gene IL-6 no músculo sóleo após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronária e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T). O mRNA total foi extraído e a reverse trancriptese – polimerase chain reaction foi feita a partir de aproximadamente 2µg de RNA. O gene 18S foi utilizado como gene. Os dados estão expressos com a razão dos números de ciclos em que o gene 18S começa a ser amplificado de acordo com a curva de amplificação – threshold cycle (Ct). Os resultados representam média ± EPM, em duplicatas de 18 animais. # # Efeito do IM, P< 0,05.

Page 104: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

106

5.10 - Expressão gênica da NF-κB e IκBα no músculo estriado esquelético

O grupo de animais submetidos ao IM não apresentou alterações significativas

quando avaliado o fator IM (Sham X IM, P=0,753) na expressão do gene NF-κB no

músculo sóleo.

Não foi detectado efeito do treinamento (sedentário x treino, P=0,344). Por outro

lado, a ANOVA a dois fatores detectou interação entre os fatores supracitados e após o

pós-teste, foi observada uma tendência à diminuição (P=0,07) na expressão do gene NF-

κB no grupo IM-S, quando comparado ao grupo Sham-S.

Quando o grupo de animais IM foi submetido a oito (8) semanas de treinamento

aeróbio em esteira para ratos, os animais do grupo Sham-T apresentaram redução

significativa de 63,6% (P<0,05) na expressão do gene NF-κ quando comparado a seu

controle sedentário. O grupo IM-T apresentou aumento significativo em 1,6 vezes

(P<0,05) quando comparado ao grupo Sham-T, porém, não houve diferença entre os

grupos IM (IM-S x IM-T, P=0,107) (Figura 10).

A analise por Time Polimerase Chain Reaction do gene IκBα no músculo sóleo

não apresentou diferença significativa em nenhuma das condições avaliadas (Figura 11).

Page 105: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

107

Figura 10 – Real Time Polimerase Chain Reaction do gene NF-κB no músculo sóleo após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronária e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T). O mRNA total foi extraído e a reverse trancriptese – polimerase chain reaction foi feita a partir de aproximadamente 2µg de RNA. O gene 18S foi utilizado como gene. Os dados estão expressos com a razão dos números de ciclos em que o gene 18S começa a ser amplificado de acordo com a curva de amplificação – threshold cycle (Ct). Os resultados representam média ± EPM, em duplicatas de 18 animais. * diferença significativa com o grupo Sham-S, P< 0,05 (pós-teste Holm Sidak), ***, diferença significativa com o grupo Sham-T, P< 0,05 (pós-teste Holm Sidak).

Page 106: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

108

Figura 11 – Real Time Polimerase Chain Reaction do gene IκBα no músculo sóleo após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronária e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T). O mRNA total foi extraído e a reverse trancriptese – polimerase chain reaction foi feita a partir de aproximadamente 2µg de RNA. O gene 18S foi utilizado como gene. Os dados estão expressos com a razão dos números de ciclos em que o gene 18S começa a ser amplificado de acordo com a curva de amplificação – threshold cycle (Ct). Os resultados representam média ± EPM, em duplicatas de 18 animais.

Page 107: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

109

5.11 - Correlação entre a expressão gênica da IL-10 e do NF-κB no músculo

estriado esquelético

O coeficiente de correlação entre os genes IL-10 e NF-κB apresentou correlação

negativa (r=-0,979, P<0,001), demonstrando que a relação de dependência ocorreu

inversamente, uma vez que o aumento na expressão da IL-10 foi acompanhou a

diminuição da expressão do NF-κB nos animais do grupo IM-S (Figura 12A).

Nos animais do grupo IM que foram submetidos ao programa de treinamento

aeróbio, esta correlação desaparece (r=0,480, P<0,228) (Figura 12B), condição que se

apresentou ainda mais evidente quando apenas os animais com fração de ejeção menos

que 35% foram avaliados (r=0,036, P<0,955) (Figura 12C)

Page 108: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

110

Figura 12 – Correlação de Pearson entre a expressão dos genes IL-10 e NF-κB no músculo sóleo de ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronária e mantidos sedentários (IM-S) (A), nos animais do grupo IM-T (B) e nos animais do grupo IM-T com fração de ejeção maior que 35%. Os resultados representam média ± EPM de 5 a 8 animais. r = coeficiente de correlação.

Page 109: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

111

5.12 - Correlação entre a expressão gênica da IL-10 no músculo estriado

esquelético e variáveis funcionais do ventrículo esquerdo

Nos animais do grupo IM-S, o coeficiente de correlação entre os genes IL-10 e

os valores referentes PAVED apresentou correlação negativa (r=-0,842, P<0,01),

demonstrando que a relação de dependência ocorreu inversamente, uma vez que

diminuição na expressão da IL-10 foi correlativa aos maiores valores de PAVED

(Figura 13A). Os valor referente à FE apresentou correlação positiva (r=0,949,

P<0,0001, respectivamente), demonstrando a presença da relação de dependência de

maneira que, quanto menor a expressão gênica da IL-10, menor foram os valores de FE

(Figura 13B).

Page 110: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

112

Figura 13 – Correlação de Pearson entre a expressão dos genes IL-10 músculo sóleo e as medidas de disfunção do ventrículo esquerdo (PAVED = parede anterior do ventrículo esquerdo em diástole, A) e (FE = fração de ejeção, B) de ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronária e mantidos sedentários (IM-S). Os resultados representam média ± EPM de 9 animais. r = coeficiente de correlação.

Page 111: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

113

5.13 - Níveis plasmáticos dos hormônios ACTH e corticosterona

O grupo de animais submetidos ao IM não apresentou alterações significativas

quando avaliado o fator IM (Sham X IM, P=0,177) nos níveis plasmáticos de do

hormônio ACTH (Figura 14A), assim como nos níveis de hormônio corticosterona

(Sham X IM, P=0, 142) (Figura 14B).

Não foi detectado efeito do treinamento (sedentário x treino, P=0,378) nos níveis

de ACTH e corticosterona (P=0, 615). A ANOVA a dois fatores também não detectou

interação entre os fatores supracitados para ACTH (P=0,602) e corticosterona

(P=0,093).

Page 112: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

114

Figura 14 - Níveis plasmáticos de ACTH (A) e corticosterona (B) após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronária e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T). Os resultados representam média ± EPM de 26 animais. # diferença significativa com o grupo Sham-S, P< 0,05 (pós-teste Holm Sidak). ** Efeito do treinamento, diferença significativa com o grupo IM-S, P< 0,05 (pós-teste Holm Sidak).

Page 113: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

115

6 DISCUSSÃO Quanto à IC secundária a IM

A função normal de um ventrículo cardíaco com IM é orquestrado por uma

interação complexa entre vários fatores, incluindo a condição da artéria coronária não

ocluída, localização do infarto, influências neurohumorais que atuam direto no tecido

cardíaco, extensão da hipertrofia compensatória da área não infartada do miocárdio,

bem como a própria extensão do infarto (Pfeffer et al., 1979; Spadaro et al., 1980). Em

relação a esta multiplicidade de fatores que contribuem para o desempenho ventricular

após o infarto do miocárdio, estudos realizados em humanos (Schlant, 1997)

demonstram uma alta correlação entre o tamanho do infarto e o desempenho ventricular

(Pfeffer et al., 1979).

Desta forma, a cirurgia de oclusão da artéria coronária descendente anterior

esquerda tem sido utilizada como modelo experimental de infarto do miocárdio em

animais, através da indução da isquemia do miocárdio, com ou sem reperfusão

(Bregagnollo et al., 2000; Ono et al., 1998; Schulze et al., 2003). Esse procedimento

induz uma região cicatricial bem determinada histologicamente, o que torna possível

sua quantificação e comparação com o desempenho ventricular (área cicatricial / área do

ventrículo esquerdo). Além disso, os valores referentes ao tamanho do infarto através do

método ecocardiográfico são similares aos histológicos (Nozawa et al., 2006).

Em nosso laboratório, dados provenientes da análise por ecocardiograma

demonstraram nesses animais, uma acentuada disfunção no ventrículo esquerdo (Batista

et al., 2006), notadamente alterações nos índices de função sistólica global, tais como;

diminuição na fração de ejeção (%) e de encurtamento (mm/s), assim como um aumento

no diâmetro diastólico final (mm). Esses dados corroboram os de outros estudos que

Page 114: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

116

utilizaram o mesmo modelo citado acima, e da mesma forma que o nosso,

demonstraram uma acentuada disfunção de VE no grupo IM.

Entretanto, dados a respeito da função do VE são insuficientes para a

caracterização da ICC, uma vez que esta síndrome é definida pela presença de

anormalidades hemodinâmicas, retenção de líquido e intolerância ao exercício físico

(Armstrong e Moe, 1993; Hill e Singal, 1997). Ainda, tanto os índices de função

sistólica global como a intolerância ao exercício físico apresentam correlação com

sinais clínicos em pacientes com ICC (Trueblood et al., 2005). Neste aspecto, para

avaliarmos o quadro congestivo, determinamos a razão do peso seco pelo peso úmido

tanto do fígado como do pulmão, tendo constatado um aumento em ambas as razões,

sugerindo a presença de edema pulmonar e congestão hepática.

Neste ponto, é interessante notar que, esse aumento foi menor em relação aos

encontrados em outros estudos (Helwig et al., 2003; Hill e Singal, 1997; Khaper e

Singal, 1997) com o mesmo modelo animal, porém, com um tempo de IC maior após o

IM (16 semanas), variável que, em conjunto ao grau de disfunção ventricular, estão bem

estabelecidos com fatores determinantes para a evolução desse quadro.

A intolerância ao exercício físico foi avaliada previamente em nosso laboratório,

assim como em outros estudos, e demosntrou-se diminuição no tempo total de corrida,

indicativo de que os animais do grupo IM apresentaram sinais de fadiga antes do que o

grupo Sham (Batista et al., 2007b; Koh et al., 2003; Trueblood et al., 2005). Além disso,

esses animais apresentaram uma forte tendência à redução no VO2max (p=0.076), como

demonstrado em estudos com o mesmo modelo experimental (Musch et al., 1986;

Trueblood et al., 2005). Isto ocorreu, provavelmente, em função das diferenças nas

variáveis manipuladas durante os testes, como; grau de inclinação, velocidade inicial do

teste e incremento da sobrecarga.

Page 115: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

117

Deste modo, podemos considerar que os animais utilizados em nosso estudo

apresentaram sinais de IC secundária a IM e desta forma, podem ser classificados como

animais que apresentam insuficiência cardíaca congestiva leve a moderada.

Como limitação de nosso estudo, devemos destacar que, apesar do modelo

experimental de IC secundária a IM, em animais, ser largamente utilizado para estudo

da ICC e apresentar várias alterações que são similares às encontradas em pacientes

com ICC, a comparação entre esses dois tipos de estudos deveria ser feita com ressalva.

Além das diferenças inerentes à espécie, em humanos, a grande maioria dos estudos foi

realizado em indivíduos acima de 55 anos, e por outro lado, em animais, a indução do

IM geralmente se inicia entre a sexta e décima semana de vida (ratos jovem-adultos).

Além disso, o tempo de ICC é maior em humanos, quando comparado ao modelo

animal (entre 15 a 20 semanas) e a grande maioria dos pacientes com ICC, sujeito

destes estudos, estavam geralmente sendo submetidos a tratamento farmacológico

(diuréticos, inibidores da enzima conversora da angiotensina, digitálicos, beta-

bloqueadores, dentre outros).

Quanto à produção de citocinas no músculo esquelético em animais com IC

Inicialmente, foi postulado que a produção de TNF-α era exclusivamente

executada por monócitos e macrófagos, quando estimulados adequadamente (Beyaert e

Fiers, 1999). Recentemente, a expressão gênica e protéica de TNF-α no músculo

esquelético, foi caracterizada em humanos (Saghizadeh et al., 1996), em um estudo que

demonstrou, pela primeira vez, a presença desta citocina na ausência de monócitos

infiltrados ou macrófagos. Isso indicou que a própria fibra muscular esquelética pode

produzi-la, e assim essa poderia atuar de maneira autócrina e parácrina, em quantidade

Page 116: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

118

suficiente para mediarem uma série de alterações morfológicas e funcionais no tecido

(Larsen et al., 2002; Spate e Schulze, 2004).

Em nosso estudo, ratos com IC secundária a IM apresentaram um aumento no

conteúdo da citocina pró-inflamatória TNF-α que foi apenas evidente no músculo sóleo,

sem alteração no músculo EDL (não foi detectado pelo ELISA). Essa mesma condição

foi evidenciada pelo aumento na expressão gênica do TNF-α, sugerindo que o aumento

do conteúdo protéico de TNF-α pode ter sido resultante do aumento no mRNA. Esse

resultado está de acordo com outro estudo (Schulze et al., 2003) que utilizou o mesmo

modelo experimental e demonstrou aumento tanto na expressão gênica como nos níveis

musculares do TNF-α. Porém esses parâmetros foram avaliados no músculo quadríceps

(misto com relação ao tipo de fibra muscular) (Koskinen et al., 2001).

Desta forma, apesar da presença aumentada de mediadores inflamatórios (TNF-

α, IL-1β, IL-6) no músculo esquelético estar bem caracterizada tanto em pacientes com

ICC (Gielen et al., 2003), como em ratos com IC secundária a IM (Schulze et al., 2003),

ambas as análises foram realizadas no músculo quadríceps, e pouco se sabe sobre qual é

o tipo de fibra muscular mais afetado pela ICC. Isso se torna ainda mais evidente

quando se leva em consideração que, além dessas alterações degenerativas no músculo

esquelético terem sido relacionadas à presença desses marcadores, a maioria dos estudos

também tem demonstrado que o tipo de fibra mais afetado, em termos morfológicos e

funcionais pela ICC é a do tipo I (Larsen et al., 2002).

A condição supracitada, também tem sido demonstrada em outros tecidos, como

ventrículo esquerdo do coração, em ratos com IC secundária a IM. Neste particular,

estudos têm demonstrado tanto aumento (durante 20 semanas) (Ono et al., 1998), como

diminuição (durante 16 semanas) (Kaur et al., 2006b), na produção de citocinas pró-

Page 117: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

119

inflamatorias. No tecido adiposo branco, tanto no mesentérico como retroperitoneal,

estudos iniciais realizados no laboratório da professora Marília Seelaender,

demonstraram aumento, tanto na expressão gênica como na produção protéica de TNF-

α. Vale destacar ainda, que em nosso estudo, avaliamos quantitativamente (ELISA) os

níveis teciduais de TNF-α, o que nos confere maior precisão aos resultados, quando

comparado aos que avaliaram através de técnicas semi-quantitativas (ex.

imunocitoquímica).

Assim, mostramos pela primeira vez, esta condição parece ser específica ao

tecido muscular com o predomínio de fibras do tipo I. Por outro lado, como não

separamos o total do homogenato em fração solúvel e ligada à membrana celular, não

podemos inferir que a proteína avaliada foi aquela produzida exclusivamente pelo

tecido avaliado, mesmo considerando que estudos realizados com este procedimento

(separadas em fração solúvel e ligada à membrana celular) detectaram alterações apenas

na fração ligada à membrana celular, sem alterações na fração solúvel (Kaur et al.,

2006b).

Ainda com relação a esse aspecto, embora não tenhamos avaliado os níveis

plasmáticos dessa citocina, estudos com o mesmo modelo experimental demonstram

tendência do aumento apenas do TNF-α, sem alterações na IL-1β e IL-6 (Schulze et al.,

2003) e dessa forma, a concentração aumentada desta proteína pode representar tanto a

produção local, quanto sistêmica, mesmo que ainda levemos em consideração o fato de

termos demonstrado que as alterações foram específicas ao músculo sóleo, sem

alterações no EDL.

De fato, os níveis plasmáticos destas citocinas em pacientes com ICC têm sido

relacionados tanto com o prognóstico como com a severidade desta doença, fato que

Page 118: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

120

tem sido demonstrado ser ainda mais evidente em pacientes com maior severidade na

ICC (classe funcional IV, NYHA). Desta forma, esse aumento tem sido apontado como

resultante de um quadro inflamatório periférico, o qual seria idealmente desencadeado

no músculo esquelético, devido ao fluxo sanguíneo reduzido e conseqüente aumento de

espécies reativas do oxigênio (Coats et al., 1994b). Essa hipótese vem ganhando

consistência, uma vez que os estudos, tanto em animais (Batista et al., 2006; Batista et

al., 2007b; Kaur et al., 2006b; Ono et al., 1998; Schulze et al., 2003), como em humanos

(Aukrust et al., 1999; Paulus, 1999; von Haehling et al., 2007; Yndestad et al., 2006),

demonstraram que o aumento no millie inflamatório local ocorre independente das

alterações nos níveis plasmáticos, principalmente, em pacientes classe funcional II e III

(NYHA). Por conseguinte, o aumento expressão gênica e protéica destas citocinas,

mesmo sem alterações nos níveis plasmáticos, corrobora os estudos que propõem que a

inflamação local precede o aumento plasmático, e pode ser um indicador mais preciso

no que diz respeito à progressão da ICC.

In vivo, os efeitos da IL-10 têm sido observados em modelos de inflamação,

auto-imunidade, tolerância e infecções por parasitas, todos em animais (Malefyt, 1999).

A IL-10 atenua, em camundongos, os efeitos deletérios induzidos por LPS e SEB

(enterotoxina estafilococos B). Além disso, esses efeitos estão correlacionados à

diminuição dos níveis circulantes de TNF-α. Em macrófagos cultivados com LPS, além

da produção aumentada das citocinas pró-inflamatórias, essa condição é seguida do

aumento na IL-10, e tem o TNF-α como importante indutor da expressão gênica e

produção da IL-10 (Malefyt, 1999; Moore et al., 2001). Desta forma, a IL-10 é a

principal citocina antiinflamatório e tem um papel importante em modular a produção

de TNF-α.

Page 119: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

121

Em ratos com IC secundária a IM, os níveis teciduais de IL-10 foram reduzidos

apenas no músculo sóleo. Nesses animais, a expressão gênica apresentou-se aumentada

no mesmo tecido, demonstrando que a diminuição em sua produção, pode não estar

relacionada, pelo menos neste aspecto, às alterações expressão do mRNA. Isso sugere

que o efeito deste modelo experimental na concentração de IL-10 pode ter sido mediado

em um nível pós-transcricional. Além disso, apesar TNF-α ser capaz de induzir a

expressão gênica da IL-10 (Malefyt, 1999) e conseqüentemente a expressão da proteína,

este efeito parece ser dependente da intensidade da condição inflamatória e, desta

forma, esse aumento na expressão gênica da IL-10 poderia ter ocorrido em função de

uma diminuição na produção da proteína (relação mRNA / proteína), em direção ao

restabelecimento de uma condição de equilíbrio.

Em outros tecidos, um aumento expressão do mRNA da IL-10 no ventrículo

esquerdo foi demonstrado em um estudo realizado em pacientes com ICC

(cardiomiopatia dilatada e doença isquêmica do coração) (Francis et al., 1998), e tem

sido proposto que esta condição se dá em resposta à tentativa de atenuar os processos

inflamatórios lesivos que caracterizam esta condição (Aukrust et al., 1998; Bolger et al.,

2002), porém, não foi avaliada a produção desta proteína neste tecido. Em animais com

IC secundária a IM, a expressão gênica e produção da proteína IL-10 no ventrículo

esquerdo destes animais apresentaram diminuição a partir da primeira semana após o

IM, e perdurou até a décima sexta semana (Kaur et al., 2006b). Por outro lado,

utilizando o mesmo modelo animal, o estudo de Zhang et al. (2005) demonstrou

aumento na expressão gênica da IL-10, ao longo de quatro semanas, de maneira que não

há consenso em relação a este parâmetro avaliado. Essa discrepância de resultados

deveu-se principalmente à presença, ou não, de sinas de congestão, assim como a

severidade da ICC.

Page 120: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

122

Além disso, o que apresentamos de novo é o fato de que houve um aumento, não

só na expressão gênica, mas também no conteúdo da proteína, no caso da TNF-α e por

outro lado, uma diminuição da proteína IL-10, sugerindo nesta condição, o

direcionamento ao desequilíbrio na produção dessas. Essa condição pode tender ao

predomínio de um millieu pró-inflamatório em detrimento ao antiinflamatório,

notadamente através da produção aumentada de TNF-α e IL-10 diminuída. Essa mesma

relação foi observada por Stumpf et al. (2003), que utilizou a taxa IL-10 / TNF-α para

caracterizar o “balanço” pró / antiinflamatório. Nesse estudo, paciente com ICC (classe

funcional NYHA III/IV) apresentarem níveis aumentados de TNF-α e diminuídos de

IL-10, quando comparado a indivíduos controle (sem ICC), com a mesma idade.

Por outro lado, apesar dos mecanismos moleculares não estarem bem

caracterizados, estudos que utilizaram a IL-10 como terapêutica (rhIL-10, em humanos),

assim como em camundongos nocautes (IL-10-/-), evidenciaram a importância desta

citocina em reverter as alterações provenientes da inflamação local, notadamente as

mediadas pelo TNF-α (Stumpf et al., 2003). Esse resultado vai ao encontro do nosso,

uma vez que a taxa IL-10/ TNF-α diminuiu, tanto em função de um aumento do TNF-α

como e, principalmente, pela diminuição da IL-10 e, adicionalmente, sugere um

importante papel da IL-10 no “controle” inflamatório local no músculo sóleo.

A IL-10 modula processos inflamatórios através da supressão da produção de

citocinas pró-inflamatórias, tais como: IL1 α e β, IL-6, IFN-α, TNF-α, além da própria

IL-10 (Malefyt, 1999; Moore et al., 2001), citocinas cuja transcrição é modulada pelo

NF-kB. Além disso, esta citocina possui uma ação inibitória na atividade do sistema

NF-κB em vários tipos celulares, principalmente através dos seguintes mecanismos; 1-

preservação do IkBα (Lentsch et al., 1997), 2- supressão da atividade da IKK , 3-

Page 121: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

123

inibição da interação NF-kB – DNA, principalmente a translocação nuclear da p65

(Schottelius et al., 1999) . Entretanto, esses resultados ainda são um pouco conflitantes e

de pouca informação a respeito dos mecanismos moleculares envolvidos nesta relação

(Schottelius et al., 1999). Em nosso estudo, avaliamos a expressão gênica do NF-kB

(p65) no músculo sóleo, que apesar de não ter sido alterado pela presença da IC

secundária a IM, apresentou tendência a diminuir (p=0,074), além de ter demonstrado

uma forte correlação inversa com a expressão gênica da IL-10, ou seja, quanto maior a

expressão do mRNA da IL-10, menor foi a do NF-kB (p65). Neste aspecto, nossos

dados corroboram aos estudos que demonstram o papel modulador da IL-10 no sistema

NF-kB (p65), mesmo levando em consideração que nossos dados representam apenas a

expressão do mRNA.

Como se sabe, o sistema NF-kB tem sido postulado como um importante

mediador celular de vários mecanismos do sistema imune inato e adaptativo, bem como

de processos apoptóticos e anti-apoptóticos (Jobin e Sartor, 2000). Recentemente,

estudos têm demonstrado aumento na ativação deste sistema em tecidos como o

músculo cardíaco e esquelético, além das células polimorfonucleares do sangue, em

pacientes com ICC (Adams et al., 2002; Siednienko et al., 2007). Por outro lado, tem

sido postulado que essas alterações parecem depender da classe funcional (NYHA),

uma vez que pacientes com caquexia cardíaca apresentam diminuição na ativação

(Siednienko et al., 2007). Entretanto, apesar dos estudos mais recentes estarem

apontando para o importante papel da IL-10 como importante modulador da ativação do

sistema NF-kB, pouco podemos especular a este respeito, uma vez que não avaliamos a

ativação deste sistema nesta condição experimental.

Page 122: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

124

Em pacientes com ICC, a perda de massa muscular ou atrofia tem início nos

estágios inicias do desenvolvimento do quadro de ICC (Toth et al., 2006), relacionados

mais às alterações intrínsecas no músculo esquelético (Duscha et al., 2002; Larsen et al.,

2002) do que às provenientes da inatividade física (fator mais determinante em

mulheres). Recentemente, tem sido demonstrado que nesta condição ocorre uma

ativação imune, notadamente através de mediadores inflamatórios, que pode contribuir

para o desenvolvimento deste quadro (Larsen et al., 2002; Schulze et al., 2003; Toth et

al., 2006).

Em ratos com IC secundária a IM, essa condição tem sido reproduzida, tanto

pela diminuição na área de secção transversa como pelo aumento da produção de

citocinas pró-inflamatórias (músculo quadríceps) (Schulze et al., 2003), da mesma

maneira que nosso estudo demonstrou uma redução do peso relativo ao peso corporal no

músculo esquelético, condição que se mostrou dependente do tipo de fibra muscular

predominante, uma vez que esta condição somente esteve presente no músculo sóleo,

sem alteração no músculo EDL.

Tomadas em conjunto, essas alterações afetam direta e indiretamente o músculo

esquelético e estudos recentes (Behnke et al., 2004; Helwig et al., 2003; Richardson et

al., 2003), realizados em ratos com IC secundária a IM, demonstraram que o tecido

muscular em que predominam as fibras do tipo I (por exemplo, sóleo) apresentam uma

sensibilidade maior às alterações que são características deste modelo experimental e

que comprometem o aporte de sangue e O2, quando comparado aos que predominam as

fibras do tipo II a e II b (por exemplo, EDL). Por conseguinte, as alterações avaliadas

nas citocinas pró e antiinflamamtórias demonstraram a presença de um estado

inflamatório crônico no músculo soleo, avaliada pela relação IL-10/TNF-α, a qual foi

Page 123: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

126

2003; Musch et al., 1986), estudos recentes têm sugerido que o mesmo pode atuar

diretamente nessas células, ou tecidos, como um mediador “positivo” das alterações

produzidas pela ICC (Batista et al., 2007b; Gielen et al., 2003; Yu et al., 2007).

O protocolo de treinamento aeróbio em esteira ergométrica para ratos, adotado

em nosso estudo, mostrou ser eficiente em reduzir os níveis de TNF-α no músculo

sóleo, apresentado valores próximos aos valores encontrados no grupo Sham sedentário.

A expressão gênica, quando analisada sem as amostras dos animais com fração de

ejeção (FE) menor que 35% , apresentou efeito do treinamento, que foi capaz de reduzir

sua expressão, sugerindo que nesta condição, a diminuição na proteína pode ser sido

modulada pela diminuição da expressão de mRNA do TNF-α. Esse procedimento foi

adotado em função de que grande parte dos estudos que demonstraram efeito do

treinamento físico na redução dos marcadores inflamatórios no plasma (Gielen et al.,

2003; Toth et al., 2006) e na expressão de mRNA no músculo esquelético (Gielen et al.,

2003) em pacientes com ICC, terem sido constatados apenas em pacientes com

classificação funcional II e III (NYHA). Apesar dessa classificação funcional não existir

para ratos com IC secundária a IM, a adoção desse critério mostrou-se adequado para a

avaliação dos efeitos do treinamento físico. Além disso, até onde sabemos, este é o

primeiro estudo que avaliou o efeito do treinamento aeróbio nos níveis teciduais da

proteína TNF-α, em um modelo experimental de ICC em ratos.

É interessante notar nesse ponto que essa redução dos níveis de TNF-α, induzida

pelo treinamento aeróbio, foi dependente da presença dos níveis aumentados dessa

citocina, pela ICC. Nesse aspecto, estudos recentes demonstraram que inibidores

sintéticos de metaloproteinases (Gearing et al., 1994), tipo de drogas administradas em

quadros como choque séptico e em outras patologias associadas ao TNF-α, podem

Page 124: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

127

inibir especificamente o processamento e secreção do TNF-α em um nível pós-

trascricional, tanto in vivo como in vivo (Beyaert e Fiers, 1999).

Ainda com relação a esse aspecto, foi descrita recentemente uma enzima

conversora de TNF-α (do inglês TACE), uma adamalisina do grupo da superfamília das

metaloproteinases, enzima proteolítica que faz a clivagem do TNF-α inserido na

membrana celular, gerando o TNF-α solúvel, (Killar et al., 1999). Adicionalmente, um

estudo recente demonstrou que o exercício físico aumenta a expressão do gene e da

proteina da metaloproteinase da matriz (MMP-9) no músculo esquelético (Rullman et

al., 2007). Desta forma, podemos sugerir que, apesar desse estudo ter avaliado apenas o

efeito agudo nessa enzima, o treinamento aeróbio poderia modular a produção de TNF-

α por essa via. Porém, estudos adicionais devem ser realizados para melhor avaliar essa

hipótese.

Outros antagonistas da indução de TNF-α como o ACHT, glicocorticóides e a

protaglandina E2 (PGE2) podem modular transcricional e pós-transcricional a síntese

dessa citocina, atuando como um mecanismo de retro-alimentação negativa (Rettori et

al., 1989). Ainda nesse aspecto, apesar de não termos avaliado os níveis teciduais da

PGE2, o programa de treinamento aeróbio adotado não alterou os níveis basais de

ACHT e costicosterona.

A citocina antiinflamatória IL-10 é descrita como reguladora negativa da

expressão gênica, atuando tanto em um nível pré, como pós-trascripcional, de uma série

de citocinas pró-inflamatórias, em especial o TNF-α (Malefyt, 1999; Moore et al.,

2001). Nesse aspecto, em nosso estudo, os níveis de IL-10 aumentaram após o

programa de treinamento aeróbio em animais com IC secundária a IM, e, além disso,

esses foram dependentes da presença da IC, fato que não ocorreu no grupo Sham. Por

outro lado, o programa de treinamento não alterou a expressão gênica dessa citocina,

Page 125: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

128

sugerindo então que a modulação no conteúdo de IL-10 parece ter ocorrido por

mecanismos pós-trascripcionais, os quais atuariam diretamente na estabilidade da

proteína.

No entanto, diferentemente do TNF-α, os elementos regulatórios responsáveis

pela ativação trascripcional da IL-10 ainda não estão bem caracterizadas, porém, tem

sido sugerido que o sistema NF-kB exerça um papel importante (Schottelius et al.,

1999).

Em nosso estudo, o aumento na produção da IL-10, induzido pelo treinamento

aeróbio, ocorreu em paralelo à diminuição na produção do TNF-α, através da

diminuição de sua expressão gênica, sugerindo um efeito modulador da produção do

TNF-α. De fato, este efeito antiinflamatório é bem caracterizado na literatura, tanto in

vitro (como: macrófagos, monócitos e linfócitos), como em in e ex vivo (como: modelos

de inflamação e doenças auto-imune) (Aversa et al., 1993; Divangahi et al., 2007;

Malefyt, 1999; Moore et al., 2001; Stumpf et al., 2003). Esses resultados ainda

corroboram o estudo de Schottelius et al., (1999), o qual demonstrou em linhagem de

monócitos (THP-1 e U937), o efeito inibitório da IL-10 nas alterações inflamatórias

mediadas pelo TNF-α ( ativado pelo sistema NF-kB), notadamente através da inibição

da atividade da IKK.

Além disso, no músculo estriado do esquelético, o diafragma de animais com os

pulmões infectados com Pseudomonas aeruginosa (bacilo gram-negativo, aeróbio,

responsável por infecções oportunistas), modelo que induz a diminuição na massa

muscular como resultado de um processo inflamatório local (somente neste músculo,

sem alterações no soleo ou EDL), mostrou que, em animais tratados com IL-10, essa

condição (caracterizada principalmente pelo aumento de TNF-α e IL-6) foi revertida.

Page 126: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

129

Além disso, esses animais apresentarem aumento na expressão gênica dos receptores da

IL-10, demonstrando que a IL-10 pode atuar diretamente no músculo esquelético

No que tange a IL-10, o que apresentamos de novo é o fato de que, apesar da

evidência do aumento de mediadores inflamatórios no músculo esquelético com

predomínio de fibras tipo I, o protocolo de treinamento adotado em nosso estudo,

induziu efeito antiinflamatório, notadamente mediado pelo aumento da produção de IL-

10, o qual foi também específico ao músculo sóleo. Ainda assim, ao analisarmos a taxa

IL-10/ TNF-α, o treinamento aeróbio induziu melhora neste parâmetro, o qual foi mais

afetado pelo aumento da IL-10, como demonstrado acima, corroborando ainda mais o

predomínio antiinflamatório local, avaliado nesta condição (Divangahi et al., 2007).

Recentemente, o estudo de Yu et al., (2007), demonstrou que manifestações

periféricas de IC secundária a IM, em ratos, podem ser atenuadas pela redução da

intensidade da resposta inflamatória / imune no cérebro. Nesses animais, a alteração no

balaço de citocinas pró e antiinflamatórias induzidas pela administração de um vetor

adenoviral codificador do gene para IL-10 humano, obteve efeitos “benéficos” nos

índices de severidade da ICC, tais como: melhora na função do ventrículo esquerdo,

diminuição dos níveis de noradrenalina plasmática, além de menor proeminência na

remodelagem do ventrículo direito e na congestão vascular pulmonar. Outros estudos,

os quais administraram in vivo a rhIL-10 têm demonstrado esses mesmos efeitos

(Bolger et al., 2002; Cassatella et al., 1993; Takanaski et al., 1994). Ainda neste

aspecto, Yamaoka et al. (1999) demonstraram que leucócitos mononucleares coletados

de pacientes com ICC (classe funcional II-IV, NYHA) apresentaram aumento dos

receptores de IL-10 na membrana celular destas.

No entanto, apesar do aumento de evidências que demonstram a importância da

IL-10, principalmente devido a sua ação antiinflamatória, e até onde sabemos, este foi o

Page 127: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

130

primeiro trabalho que demonstrou que o treinamento aeróbio moderado, aumenta, na

presença da IC, a produção local desta citocina, podendo exercer um papel importante

no balaço pró / antiinflamatório, principalmente em condições em que há um

desequilíbrio nesta relação.

Nos últimos anos, vários estudos têm proposto que o exercício físico exerce uma

ação antiinflamatória, notadamente logo após a realização deste, e por sua vez, a

principal citocina envolvida nesta modulação é IL-6 (Pedersen e Fischer, 2007;

Pedersen et al., 2007; Petersen e Pedersen, 2005). Esse efeito antiinflamatório é

caracterizado pelo aumento plasmático, subsequente, das citocinas IL-10, ILra e dos

receptores solúveis do TNF I e II, induzidas pela IL-6, após uma sessão de exercício

físico (Petersen e Pedersen, 2005). Ainda, esse efeito tem demonstrado ser mais

evidente em alguns quadros patológicos, como aterosclerose, diabetes tipo II, obesidade

e ICC, principalmente aqueles que apresentam o quadro caracterizado como inflamação

sistêmica crônica de baixa intensidade (do inglês low grade chronic inflammation),

condição caracterizada pelo aumento sistêmico de duas a três vezes nos níveis de

citocinas pró-inflamatórias e proteina C reativa (Fischer et al., 2003).

Além disso, esse perfil de produção das citocinas que ocorre durante e

imediatamente após a realização do exercício físico é dependente de vários fatores, tais

como; população (sedentários, presença ou não de doenças, etc.), intensidade ou

duração do exercício físico, disponibilidade de glicose e tempo de coleta das amostras

(Flynn et al., 2007).

Dada esta condição, a hipótese que tem sido proposta é que, a prática regular de

exercício físico, organizado em um programa de treinamento, exerce efeito

antiinflamatório induzido pelas várias sessões agudas, o qual conduziria a uma proteção

contra situações inflamatórias crônicas, notadamente pela redução dos níveis de

Page 128: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

131

citocinas pró-inflamatórias e proteina C reativa (Fischer, 2006; Petersen e Pedersen,

2005). Porém, os possíveis mecanismos moduladores deste efeito “benéfico”, não estão

estabelecidos.

Em nosso estudo, esse efeito antiinflamatório induzido pelo treinamento aeróbio

foi evidente apenas nos animais com IC, sem efeito no grupo Sham, sugerindo que isto

se deu somente mediante a presença dessa patologia. Esses resultados corroboram os

que vimos encontrando no laboratório do professor Costa Rosa, caracterizado pela

diminuição na produção de citocinas pró-inflamatórias em macrófagos da cavidade

peritoneal (Batista et al., 2006; Batista et al., 2007b) e regulação do balanço T-helper 1

(Th1)-T-helper 2 (Th2) em linfócitos oriundos de linfónodos cervicais (Batista et al.,

2007a), submetidos ao mesmo protocolo de treinamento. Ainda com relação ao papel

dos linfócitos, em um recente artigo de revisão (Flynn et al., 2007), os autores sugerem

o papel do treinamento físico em modular o balanço Th1-Th2, bem como a função de

macrófagos, como um item importante para se explicar os possíveis mecanismos que

norteiam os efeitos antiinflamatórios.

Como descrito anteriormente, a IL-10 modula processos inflamatórios através da

supressão da produção de citocinas proinflamatórias, em especial o TNF-α, o qual é

transcricionalmente modulado pelo sistema NF-kB. Além disso, um estudo recente

demonstrou que, em ratos, o treinamento aeróbio em esteira ergométrica aumenta a

ativação deste sistema, notadamente via redução dos níveis de IκBα e aumento na

fosforilação da IKK (Spangenburg et al., 2006).

Em nosso estudo, o protocolo de treinamento aeróbio não alterou a expressão

gênica do NF-kB (p65) nos animais com IC secundária a IM, assim como da IκBα,

apesar da redução dos níveis de mRNA do NF-kB, induzido pelo treinamento, no grupo

Sham. Vale ainda destacar neste ponto que, apesar das evidências que demonstram, por

Page 129: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

132

um lado que a IL-10 inibe uma série de alterações mediadas pelo TNF-α,

principalmente aqueles em que envolvem a ativação do sistema NF-kB, e por outro, as

que demonstram que o treinamento aeróbio aumenta a ativação deste sistema, até o

presente momento, nenhum desses estudos avaliou o efeito do treinamento em uma

condição em que há um ativação do sistema NF-kB, tal qual a ICC. Por outro lado, em

pacientes com diabete tipo II, o programa de treinamento aeróbio em bicicleta

ergométrica (70% VO2pico, 4 x por semana, durante 8 semanas) demonstrou aumento

nos níveis protéico da IκBα e β em ambos indivíduos, diabéticos e controle da mesma

idade, o qual foi seguido da redução dos níveis protéicos do TNF-α (Sriwijitkamol et

al., 2006).

Ainda em nosso estudo, a correlação positiva, demonstrada entre a expressão

gênica da IL-10 e a do NF-kB (p65), desaparece com o treinamento, fato que se torna

ainda mais evidente quando avaliados apenas os animais com FE maior que 35%. Esses

resultados, assim com os citados acima, reiteram nossa hipótese de que o sistema do

NF-kB pode ter um papel importante nesta condição, notadamente em situações de

ativação crônica do mesmo.

Dado o exposto, nossos resultados adicionam dados experimentais que

corroboram a hipótese antiinflamatória. Notadamente, a proteína IL-10 mostrou-se a

mais afetada pelo treinamento aeróbio, podendo atuar como um importante “gatilho” na

atenuação e/ou modulação da resposta inflamatória na IC secundária a IM. Ainda, além

de termos verificado aumento local na produção de IL-10 e conseqüente melhora na

taxa IL-10/ TNF-α, a correlação positiva entre a expressão gênica da IL-10 e NF-kB

(p65) evidente nos animais com IC secundária a IM, desaparece após o programa de

treinamento aeróbio, sugerindo que a IL-10 pode atuar via modulação do desse fator de

trancrição nuclear. Por isso, apesar de constatarmos uma ação predominantemente local,

Page 130: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

133

por outro lado, esse efeito poderia ter impacto sistêmico, evitando ou até mesmo

reduzindo o aumento nos níveis plasmáticos das citocinas pró-inflamatórias, condição

que, no caso da ICC está relacionada à maior severidade desta doença.

Ainda neste ponto, apesar dos estudos apontarem os efeitos agudos da IL-6,

como principal mediadora dos efeitos antiinflamatórios, em nosso modelo experimental,

a expressão gênica desta citocina não se alterou, em função do programa de

treinamento. Este fato pode ter ocorrido em função de termos avaliado o efeito do

treinamento físico, enquanto, a grande maioria dos estudos avaliou o papel do exercício

físico na produção desta citocina. Além disto, o sistema NF-kB parece ter um papel

importante tanto na ICC, como no treinamento físico, o qual parece ser mais evidente

em situações de inflamação crônica. Entretanto, estudos adicionais devem ser realizados

para verificar esta hipótese.

Page 131: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

134

7 CONCLUSÃO

O programa de treinamento aeróbio adotado demonstrou ser eficiente em reduzir

os níveis de TNF-α no músculo sóleo, bem como aumentar os níveis de IL-10 no

mesmo tecido, sem alterar esses parâmetros no músculo EDL. Por sua vez, esse efeito

ficou apenas evidente no grupo de animais com IC secundária a IM, sugerindo que o

“efeito antiinflamatório” induzido pelo treinamento físico, parece com mais evidência

em condições onde há o predomínio das citocinas pró-inflamatórios, como na ICC.

Portanto, treinamento aeróbio moderado (55-65% VO2max) pode ser uma

alternativa não farmacológica adicional para ser administrado em alguns quadros

patológicos em que predominam as alterações crônicas do TNF-α.

Page 132: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

135

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Abraham E. Tissue factor inhibition and clinical trial results of tissue factor pathway inhibitor in sepsis. Crit Care Med. 2000;28(9 Suppl):S31-3. Adamopoulos S, Parissis J, Karatzas D, Kroupis C, Georgiadis M, Karavolias G, et al. Physical training modulates proinflammatory cytokines and the soluble Fas/soluble Fas/ligand system in patients with chronic heart failure. J Am Coll Cardiol. 2002;39(4):653-63. Adamopoulos S, Parissis J, Kroupis C, Georgiadis M, Karatzas D, Karavolias G, et al. Physical training reduces peripheral markers of inflammation in patients with chronic heart failure. Eur Heart J. 2001a;22(9):791-7. Adamopoulos S, Parissis JT, Kremastinos DT. A glossary of circulating cytokines in chronic heart failure. Eur J Heart Fail. 2001b;3(5):517-26. Adams V, Nehrhoff B, Spate U, Linke A, Schulze PC, Baur A, et al. Induction of iNOS expression in skeletal muscle by IL-1[beta] and NF[kappa]B activation: an in vitro and in vivo study. Cardiovas Res. 2002;54(1):95-104. Aderka D, Engelmann H, Wysenbeek A, Levo Y. The possible role of tumor necrosis factor (TNF) and its natural inhibitors, the soluble-TNF receptors, in autoimmune diseases. Isr J Med Sci 1992;28(2):126-30. Anker S, Steinborn W, Strassburg S. Cardiac cachexia. Ann Med. 2004;36(7):518 - 29. Anker SD, Coats AJS. Cardiac Cachexia: A syndrome with impaired survival and immune and neuroendocrine activation. Chest. 1999;115(3):836-47. Anker SD, Rauchhaus M. Heart failure as a metabolic problem. Eur J Heart Fail. 1999b;1(2):127-31. Anker SD, von Haehling S. Inflammatory mediators in chronic heart failure: an overview. Heart. 2004;90(4):464-70. Armstrong PW, Moe GW. Medical advances in the treatment of congestive heart failure. Circulation. 1993;88(6):2941-52. Aukrust P, Ueland T, Lien E, Bendtzen K, Muller F, Andreassen A, et al. Cytokine network in congestive heart failure secondary to ischemic or idiopathic dilated cardiomyopathy. Am J Cardiol. 1999;83(3):376-82. Aukrust P, Ueland T, Muller F, Andreassen AK, Nordoy I, Aas H, et al. Elevated circulating levels of C-C chemokines in patients with congestive heart failure. Circulation. 1998;97(12):1136-43. Aversa G, Punnonen J, Cocks BG, Malefyt RW, Vega F, Jr., Zurawski SM, et al. An interleukin 4 (IL-4) mutant protein inhibits both IL-4 or IL-13- induced human

Page 133: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

136

immunoglobulin G4 (IgG4) and IgE synthesis and B cell proliferation: support for a common component shared by IL-4 and IL-13 receptors. J Exp Med. 1993;178(6):2213-8. Balady GJ, Williams MA, Ades PA, Bittner V, Comoss P, Foody JM, et al. Core Components of Cardiac Rehabilitation/Secondary Prevention Programs: 2007 Update: A Scientific Statement From the American Heart Association Exercise, Cardiac Rehabilitation, and Prevention Committee, the Council on Clinical Cardiology; the Councils on Cardiovascular Nursing, Epidemiology and Prevention, and Nutrition, Physical Activity, and Metabolism; and the American Association of Cardiovascular and Pulmonary Rehabilitation. Circulation. 2007;115(20):2675-82. Barretto ACP, Drumond Neto C, Mady C, Albuquerque DCd, Brindeiro Filho DF, Braile DM, et al. Revisão das II Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia para o Diagnóstico e Tratamento da Insuficiência Cardíaca. Arq Bras Cardiol. 2002;79:1-30. Batista M, Jr, Santos R, Lopes R, Lopes A, Costa Rosa L, Seelaender M. Endurance Training Modulates Lymphocyte Function in rats with Post-MI CHF. Med Sci Sports Exerc. 2007a:In press. Batista ML, Jr., Santos RV, Cunha LM, Mattos K, Oliveira EM, Seelaender MC, et al. Changes in the pro-inflammatory cytokine production and peritoneal macrophage function in rats with chronic heart failure. Cytokine. 2006;34(5-6):284-90. Batista ML, Jr., Santos RVT, Oliveira EM, Seelaender MCL, Costa Rosa LFBP. Endurance training restores peritoneal macrophage function in post-MI congestive heart failure rats. J Appl Physiol. 2007b;102(5):2033-9. Bedford TG, Tipton CM, Wilson NC, Oppliger RA, Gisolfi CV. Maximum oxygen consumption of rats and its changes with various experimental procedures. J Appl Physiol. 1979;47(6):1278-83. Behnke BJ, Delp MD, McDonough P, Spier SA, Poole DC, Musch TI. Effects of chronic heart failure on microvascular oxygen exchange dynamics in muscles of contrasting fiber type. Cardiovasc Res. 2004;61(2):325-32. Beyaert R, Fiers W. Tumor Necrosis Factor and Lymphotoxin In: Mire-Sluis A, Thorpe R, editors. Cytokines. 2 ed. Blanche Lane: Academic Press; 1999. p. 335-45. Bolger AP, Sharma R, von Haehling S, Doehner W, Oliver B, Rauchhaus M, et al. Effect of interleukin-10 on the production of tumor necrosis factor-alpha by peripheral blood mononuclear cells from patients with chronic heart failure. Am J Cardiol. 2002;90(4):384-9. Boule N, Haddad E, Kenny G, Wells G, Sigal R. Effects ofexercise on glycemic control and body mass in type 2 diabetes mellitus: a meta-analysis of controlled clinical trials. JAMA 2001;286(10):1218–27.

Page 134: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

137

Bradford MM. A rapid and sensitive method for the quantitation of microgram quantities of protein utilizing the principle of protein-dye binding. Anal Biochem. 1976;72(1-2):248-54. Bregagnollo EA, Okoshi K, Matsubara BB, Tucci PJF. End-systolic pressure-diameter relation of the left ventricle during transient and sustained elevations of blood pressure. Arq Bras Cardiol. 2000;75:26-32. Bruunsgaard H, Ladelund S, Pedersen A, Schroll M, Jorgensen T, Pedersen B. Predicting death from tumour necrosis factor-alpha and interleukin-6 in 80-year-old people. Clin Exp Immunol. 2003;132(1):24-31. Bulkley B. Patologia da cardiopatia coronária aterosclerótica. In: Hust J, Logue R, Rackley C, editors. O coração: Arteria e veias. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan; 1990. p. 615-27. Cassatella MA, Meda L, Bonora S, Ceska M, Constantin G. Interleukin 10 (IL-10) inhibits the release of proinflammatory cytokines from human polymorphonuclear leukocytes. Evidence for an autocrine role of tumor necrosis factor and IL-1 beta in mediating the production of IL-8 triggered by lipopolysaccharide. J Exp Med. 1993;178(6):2207-11. Celec P. Nuclear factor kappa B in molecular biomedicine: The next generation. Biomed Pharmacother. 2004;58(6-7):365-71. Chomczynski P, Sacchi N. Single-step method of RNA isolation by acid guanidinium thiocyanate-phenol-chloroform extraction. Anal Biochem. 1987;162(1):156-9. Coats A, Clark A, Piepoli M, Volterrani M, Poole-Wilson P. Symptoms and quality of lyfe in heart failure: the muscle hypothesis. Br Heart J. 1994a;72:S36-9. Conraads VM, Beckers P, Bosmans J, De Clerck LS, Stevens WJ, Vrints CJ, et al. Combined endurance/resistance training reduces plasma TNF-{alpha} receptor levels in patients with chronic heart failure and coronary artery disease. Eur Heart J. 2002;23(23):1854-60. Costa Rosa L. Exercise as a time-conditioning effector in chronic disease: A complementary treatment strategy. Evid Based Complement Alternat Med. 2004;1(1):63-70. Costa Rosa L, Batista M, Jr. Efeito do treinamento físico como modulador positivo nas alterações no eixo neuroimunoendócrino em indivíduos com insuficiência cardíaca crônica: Possível atuação do fator de necrose tumoral-α. Rev Bras Med Esporte. 2005;11(4). Divangahi M, Demoule A, Danialou G, Yahiaoui L, Bao W, Xing Z, et al. Impact of IL-10 on Diaphragmatic Cytokine Expression and Contractility during Pseudomonas Infection. Am J Respir Cell Mol Biol. 2007;36(4):504-12.

Page 135: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

138

Dorn J, Naughton J, Imamura D, Trevisan M. Correlates of compliance in a randomized exercise trial in myocardial infarction patients. Med Sci Sports Exerc. 2001;33(7):1081-9. Duscha BD, Annex BH, Green HJ, Pippen AM, Kraus WE. Deconditioning fails to explain peripheral skeletal muscle alterations in men with chronic heart failure. J Am Coll Cardiol. 2002;39(7):1170-4. Factor S, Kirk E. Fisiopatologia da Isquemia miocárdica. In: Hust J, Logue R, Rackley C, editors. O coração: Arteria e veias. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1990. p. 627-45. Fallon KE, Fallon SK, Boston T. The acute phase response and exercise: court and field sports. Br J Sports Med. 2001;35(3):170-3. Ferrari R. Tumor necrosis factor in CHF: a double facet cytokine. Cardiovasc Res. 1998;37(3):554-9. Figueras M, Busquets S, Carbó N, Almendro V, Argilés J, López-Soriano F. Cancer cachexia results in an increase in TNF-alpha receptor gene expression in both skeletal muscle and adipose tissue. Int J Oncol. 2005;27(3):855-60. Fischer C, Berntsen A, Perstrup L, Eskildsen P, Pedersen B. Plasma levels of interleukin-6 and C-reactive protein are associated with physical inactivity independent of obesity. Scand J Med Sci Sports. 2003;0(0):1-8. Fischer C. Interleukin-6 in acute exercise and training: what is the biological relevance? Exerc Immunol Rev. 2006;12:6-33. Flynn MG, McFarlin BK, Markofski MM. State of the art reviews: The anti-Inflammatory actions of exercise training. Am J Lifestyle Med. 2007;1(3):220-35. Francis SE, Holden H, Holt CM, Duff GW. Interleukin-1 in myocardium and coronary arteries of patients with dilated cardiomyopathy. J Mol Cell Cardiol. 1998;30(2):215-23. Frangogiannis N, Smith C, Entman M. The inflammatory response in myocardial infarction. Cardiovasc Res. 2002;53(1):31-47. Gearing A, Beckett P, Christodoulou M, Churchill M, Clements J, Davidson A, et al. Processing of tumour necrosis factor-alpha precursor by metalloproteinases. Nature. 1994;370(6490):555-7. Genth-Zotz S, von Haehling S, Bolger AP, Kalra PR, Wensel R, Coats AJS, et al. Pathophysiologic quantities of endotoxin-induced tumor necrosis factor-alpha release in whole blood from patients with chronic heart failure. Am J Cardiol. 2002;90(11):1226-30. Gielen S, Adams V, Mobius-Winkler S, Linke A, Erbs S, Yu J, et al. Anti-inflammatory effects of exercise training in the skeletal muscle of patients with chronic heart failure. J Am Coll Cardiol. 2003;42(5):861-8.

Page 136: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

139

Gielen S, Walther C, Schuler G, Hambrecht R. Anti-inflammatory effects of physical exercise: A new mechanism to explain the benefits of cardiac rehabilitation? J Cardiopul Rehab. 2005a;25(6):339-42. Gielen S, Adams V, Linke A, Erbs S, Möbius-Winkler S, Schubert A, et al. Exercise training in chronic heart failure: correlation between reduced local inflammation and improved oxidative capacity in the skeletal muscle. Eur J Cardiovasc Prev Rehabil. 2005b;12(4):393-400. Glezer I, Munhoz CD, Kawamoto EM, Marcourakis T, Avellar MCW, Scavone C. MK-801 and 7-Ni attenuate the activation of brain NF-[kappa]B induced by LPS. Neuropharmacology. 2003;45(8):1120-9. Gullestad L, Semb AG, Holt E, Skårdal R, Ueland T, Yndestad A, et al. Effect of thalidomide in patients with chronic heart failure. Am Heart J. 2002;144(5):847-50. Habib F, Springall D, Davies G, Oakley C, Yacoub M, Polak J. Tumor necrosis factor and inducible nitric oxide synthase in dilated cardiomyopathy. Lancet 1996;347:1151-5. Helwig B, Schreurs KM, Hansen J, Hageman KS, Zbreski MG, McAllister RM, et al. Training-induced changes in skeletal muscle Na+-K+ pump number and isoform expression in rats with chronic heart failure. J Appl Physiol. 2003;94(6):2225-36. Helwig BG, Musch TI, Craig RA, Kenney MJ. Increased interleukin-6 receptor expression in the paraventricular nucleus of rats with heart failure. Am J Physiol Regul Integr Comp Physiol. 2007;292(3):R1165-73. Heymes C, Vanderheyden M, Bronzwaer J, Shah A, Paulus W. Endomyocardial nitric oxide synthase and left ventricular preload reserve in dilated cardiomyopathy. Circulation. 1999;99(23):3009-16. Hill M, Singal P. Right and Left Myocardial Antioxidant Responses During Heart Failure Subsequent to Myocardial Infarction. Circulation. 1997;96(7):2414-20. Hunt SA, Abraham WT, Chin MH, Feldman AM, Francis GS, Ganiats TG, et al. ACC/AHA 2005 Guideline update for the diagnosis and management of chronic heart failure in the adult: A report of the American College of Cardiology/American Heart Association task force on practice guidelines (Writing Committee to Update the 2001 Guidelines for the Evaluation and Management of Heart Failure): Developed in collaboration with the American College of Chest Physicians and the International Society for Heart and Lung Transplantation: Endorsed by the Heart Rhythm Society. Circulation. 2005;112(12):e154-235. Jackman R, Kandarian S. The molecular basis of skeletal muscle atrophy. Am J Physiol Cell Physiol 2004;287:C834–C43. Jobin C, Sartor RB. The Ikappa B/NF-kappa B system: a key determinant of mucosal inflammation and protection. Am J Physiol Cell Physiol. 2000;278(3):C451-62.

Page 137: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

140

Kanashiro R, Saraiva R, Alberta A, Antonio E, Moisés V, Tucci P. Immediate functional effects of left ventricular reduction: A doppler echocardiographic study in the rat. J Card Fail. 2006;12(2):163-9. Katz AM. Heart failure: a hemodynamic disorder complicated by maladaptive proliferative responses. J Cell Mol Med. 2003;7(1):1-10. Kaur K, Sharma AK, Dhingra S, Singal PK. Interplay of TNF-alpha and IL-10 in regulating oxidative stress in isolated adult cardiac myocytes. J Mol Cell Cardiol. 2006a;41(6):1023-30. Kaur K, Sharma A, Singal P. Significance of changes in TNF-{alpha} and IL-10 levels in the progression of heart failure subsequent to myocardial infarction. Am J Physiol Heart Circ Physiol. 2006b;291(1):H106-13. Kawano S, Kubota T, Monden Y, Tsutsumi T, Inoue T, Kawamura N, et al. Blockade of NF-kappa B improves cardiac function and survival after myocardial infarction. Am J Physiol Heart Circ Physiol. 2006;291(3):H1337-44. Keller C, Keller P, Giralt M, Hidalgo J, Pedersen BK. Exercise normalises overexpression of TNF-alpha in knockout mice. Biochem Biophys Res Commun. 2004;321(1):179-82. Khaper N, Singal P. Effects of afterload-reducing drugs on pathogenesis of antioxidant changes and congestive heart failure in rats. J Am Coll Cardiol. 1997;29(4):856-61. Killar L, White J, Black R, Peschon J. Adamalysins: A family of metzincins including TNF-alpha converting enzyme (TACE). Ann NY Acad Sci. 1999;878(1):442-52. Kirk E, Sonnenblick E. Newer concepts in the pathophysiology of ischemic heart disease. Am Heart J. 1982;103((4 Pt 2)):756-67. Koh S, Brenner D, Korzick D, Tickerhoof M, Apstein C, Saupe K. Exercise intolerance during post-MI heart failure in rats: Prevention with supplemental dietary propionyl-L-carnitine. Cardiovasc Drugs Ther. 2003;17(1):7-14. Koskinen SOA, Wang W, Ahtikoski AM, Kjar M, Han XY, Komulainen J, et al. Acute exercise induced changes in rat skeletal muscle mRNAs and proteins regulating type IV collagen content. Am J Physiol Regul Integr Comp Physiol. 2001;280(5):R1292-300. Krüger S, Kunz D, Graf J, Stickel T, Merx M, Koch K, et al. Endotoxin hypersensitivity in chronic heart failure. Int J Cardiol. 2007;115(2):159-63. Kubo SH, Rector TS, Bank AJ, Williams RE, Heifetz SM. Endothelium-dependent vasodilation is attenuated in patients with heart failure. Circulation. 1991;84(4):1589-96.

Page 138: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

141

Larsen AI, Lindal S, Aukrust P, Toft I, Aarsland T, Dickstein K. Effect of exercise training on skeletal muscle fibre characteristics in men with chronic heart failure. Correlation between skeletal muscle alterations, cytokines and exercise capacity. Int J Cardiol. 2002;83(1):25-32. Lehmann M, Knizia K, Gastmann U, Petersen K, Khalaf A, Bauer S, et al. Influence of 6-week, 6 days per week, training on pituitary function in recreational athletes. Br J Sports Med. 1993;27(3):186-92. Lentsch AB, Shanley TP, Sarma V, Ward PA. In vivo suppression of NF-kappa B and preservation of Ikappa B alpha by interleukin-10 and interleukin-13. J Clin Invest. 1997;100(10):2443-8. Leon A. Exercise following myocardial infarction. Current recommendations. Sports Med. 2000;29(5):301-11. Levine B, Kalman J, Mayer L, Fillit HM, Packer M. Elevated circulating levels of tumor necrosis factor in severe chronic heart failure. N Engl J Med. 1990;323(4):236-41. Li J, Hampton T, Morgan J, Simons M. Stretch-induced VEGF expression in the heart. J Clin Invest 1997;100:18-24. Livak KJ, Schmittgen TD. Analysis of relative gene expression data using real-time quantitative PCR and the 2-[Delta][Delta]CT method. Methods. 2001;25(4):402-8. Malefyt R. Interleukin-10. In: Mire-Sluis A, Thorpe R, editors. Cytokines. 2nd ed. Blanch Lane: Academic Press; 1999. p. 151-61. Mallat Z, Besnard S, Duriez M, Deleuze V, Emmanuel F, Bureau MF, et al. Protective role of interleukin-10 in atherosclerosis. Circ Res. 1999;85(8):e17-24. Mansur A, Souza M, Timerman A, Avakian S, Aldrighi J, Ramires J. Tendência do risco de morte por doenças circulatórias, cerebrovasculares e isquêmicas do coração em treze Estados do Brasil, de 1980 a 1998. Arq Bras Cardiol. 2006;87(5):641-8. Marone M, Mozzetti S, De Ritis D, Pierelli L, G. S. Semiquantitative RT-PCR analysis to assess the expression levels of multiple transcripts from the same sample. Biol Proced Online 2001;3:19 - 25. Mattusch F, Dufaux B, Heine O, Mertens J, Rost R. Reduction of the plasma concentration of C-reactive protein following nine months of endurance training. Int J Sports Med. 2000;21(1):21-4. Ministério da Saúde B. Indicadores de mortalidade [homepage on the Internet]. Brasil. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?idb2006/c04.def. [10/09/2007] Monnet E, Chachques JC. Animal models of heart failure: What is new? Ann Thorac Surg. 2005;79(4):1445-53.

Page 139: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

142

Moore K, Malefyt R, Coffman R, O'Garra A. Interleukin-10 and the interleukin-10 receptor. Annu Rev Immunol. 2001;19(1):683-765. Muders F, Elsner D. Animal models of chronic heart failure. Pharmacol Res. 2000;41(6):605-12. Musch TI, Nguyen CT, Pham HV, Moore RL. Training effects on the regional blood flow response to exercise in myocardial infarcted rats. Am J Physiol Heart Circ Physiol. 1992;262(6):H1846-52. Musch TI, Moore RL, Smaldone PG, Riedy M, Zelis R. Cardiac adaptations to endurance training in rats with a chronic myocardial infarction. J Appl Physiol. 1989;66(2):712-9. Musch TI, Moore RL, Leathers DJ, Bruno A, Zelis R. Endurance training in rats with chronic heart failure induced by myocardial infarction. Circulation. 1986;74(2):431-41. Nozaki N, Yamaguchi S, Yamaoka M, Okuyama M, Nakamura H, Tomoike H. Enhanced expression and shedding of tumor necrosis factor (TNF) receptors from mononuclear leukocytes in human heart failure. J Moll Cell Cardiol 1998;30:2003-12. Nozawa E, Kanashiro RM, Murad N, Carvalho ACC, Cravo SLD, Campos O, et al. Performance of two-dimensional Doppler echocardiography for the assessment of infarct size and left ventricular function in rats. Braz J Med Biol Res. 2006;39:687-95. Ono K, Matsumori A, Shioi T, Furukawa Y, Sasayama S. Cytokine Gene Expression After Myocardial Infarction in Rat Hearts : Possible Implication in Left Ventricular Remodeling. Circulation. 1998;98(2):149-56. Osada N, Chaitman BR, Miller LW, Yip D, Cishek MB, Wolford TL, et al. Cardiopulmonary exercise testing Iidentifies low risk patients with heart failure and severely impaired exercise capacity considered for heart transplantation. J Am Coll Cardiol. 1998;31(3):577-82. Ozturk K, Demir B, Oke R, Durmaz H. Dose-related effects of recombinant human interleukin-10 on hypoxia-induced skeletal muscle injury in immature rats. J Orthop Sci. 2006;11(6):620-5. Paulus W, Kastner S, Pujadas P, Shah A, Drexler H, Vanderheyden M. Left ventricular contractile effects of inducible nitric oxide synthase in the human allograft. Circulation. 1997;96:3436-42. Paulus WJ. How are cytokines activated in heart failure? Eur J Heart Fail. 1999;1(4):309-12. Pedersen BK. State of the Art Reviews: Health Benefits Related to Exercise in Patients With Chronic Low-Grade Systemic Inflammation. Am J Lifestyle Med. 2007;1(4):289-98.

Page 140: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

143

Pedersen BK, Fischer CP. Beneficial health effects of exercise - the role of IL-6 as a myokine. Trends Pharmacol Sci. 2007;28(4):152-6. Pedersen BK, Akerstrom TCA, Nielsen AR, Fischer CP. Role of myokines in exercise and metabolism. J Appl Physiol. 2007:00080.2007. Perk J, Veress G. Cardiac rehabilitation: applying exercise physiology in clinical practice. Eur J Appl Physiol. 2000;83(4):457-62. Petersen AMW, Pedersen BK. The anti-inflammatory effect of exercise. J Appl Physiol. 2005;98(4):1154-62. Pfeffer MA, Pfeffer JM, Fishbein MC, Fletcher PJ, Spadaro J, Kloner RA, et al. Myocardial infarct size and ventricular function in rats. Circ Res. 1979;44(4):503-12. Piegas LS, Avezum A, Pereira JCR, Neto JMR, Hoepfner C, Farran JA, et al. Risk factors for myocardial infarction in Brazil. Am Heart J. 2003;146(2):331-8. Piepoli MF, Scott AC, Capucci A, Coats AJS. Skeletal muscle training in chronic heart failure. Acta Physiol Scand. 2001;171(3):295-303. Pierson L, Herbert W, Norton H, Kiebzak G, Griffith P, Fedor J, et al. Effects of combined aerobic and resistance training versus aerobic training alone in cardiac rehabilitation. J Cardiopulm Rehabil. 2001;21(2):101-10. Radford MJ, Arnold JMO, Bennett SJ, Cinquegrani MP, Cleland JGF, Havranek EP, et al. ACC/AHA key data elements and definitions for measuring the clinical management and outcomes of patients with chronic heart failure: A Report of the American College of Cardiology/American Heart Association task force on clinical data standards (writing committee to develop heart failure clinical data standards): Developed in collaboration with the American College of Chest Physicians and the International Society for Heart and Lung Transplantation: Endorsed by the Heart Failure Society of America. Circulation. 2005;112(12):1888-916. Rauchhaus M, Koloczek V, Volk H-D, Kemp M, Niebauer J, Francis D, P. , et al. Inflammatory cytokines and the possible immunological role for lipoproteins in chronic heart failure. Int J Cardiol. 2000;76(2):125-33. Rettori V, Milenkovic L, Beutler B, McCann S. Hypothalamic action of cachectin to alter pituitary hormone release. Brain Res Bull 1989;23(6):471-5. Richardson TE, Kindig CA, Musch TI, Poole DC. Effects of chronic heart failure on skeletal muscle capillary hemodynamics at rest and during contractions. J Appl Physiol. 2003;95(3):1055-62. Rondon E, Brasileiro-Santos MS, Moreira ED, Rondon MUPB, Mattos KC, Coelho MA, et al. Exercise training improves aortic depressor nerve sensitivity in rats with ischemia-induced heart failure. Am J Physiol Heart Circ Physiol. 2006;291(6):H2801-6.

Page 141: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

144

Rullman E, Rundqvist H, Wagsater D, Fischer H, Eriksson P, Sundberg CJ, et al. A single bout of exercise activates matrix metalloproteinase in human skeletal muscle. J Appl Physiol. 2007;102(6):2346-51. Saghizadeh M, Ong J, Garvey W, Henry R, Kern P. The expression of TNF alpha by human muscle. Relationship to insulin resistance. J Clin Invest. 1996;97(4):1111-6. Sasayama S, Matsumori A, Kihara Y. New insights into the pathophysiological role for cytokines in heart failure. Cardiovasc Res. 1999;42(3):557-64. Schlant R, Sonnenblick E. Fisiopatologia da insuficiencia cardiaca. In: Hust J, Logue R, Rackley C, editors. O coração: Arteria e veias. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1990. p. 235-54. Schlant RC. Does the presence of an on-site cardiac catheterization facility in a hospital alter the long-term outcome of patients admitted with acute myocardial infarction? Circulation. 1997;96(6):1711-2. Schleithoff SS, Zittermann A, Tenderich G, Berthold HK, Stehle P, Koerfer R. Vitamin D supplementation improves cytokine profiles in patients with congestive heart failure: a double-blind, randomized, placebo-controlled trial. Am J Clin Nutr. 2006;83(4):754-9. Schottelius AJG, Mayo MW, Sartor RB, Baldwin AS, Jr. Interleukin-10 signaling blocks inhibitor of kappa B kinase activity and nuclear factor kappa B DNA binding. J Biol Chem. 1999;274(45):31868-74. Schulze P, Gielen S, Adams V, Linke A, Mobius-Winkler S, Erbs S, et al. Muscular levels of proinflammatory cytokines correlate with a reduced expression of insulinlike growth factor-1 in chronic heart failure. Basic Res Cardiol. 2003;98(4):267-74. Shan K, Kurrelmeyer K, Seta Y, Wang F, Dibbs Z, Deswal A, et al. The role of cytokines in disease progression in heart failure. Curr Opin Cardiol. 1997;12(3):218-23. Sharma R, Coats AJS, Anker SD. The role of inflammatory mediators in chronic heart failure: cytokines, nitric oxide, and endothelin-1. Int J Cardiol. 2000;72(2):175-86. Siednienko J, Jankowska EA, Banasiak W, Gorczyca WA, Ponikowski P. Nuclear factor-kappaB activity in peripheral blood mononuclear cells in cachectic and non-cachectic patients with chronic heart failure. Int J Cardiol. 2007;In Press. Silva MSV, Bocchi EA, Guimarães GV, Padovani CR, Silva MHGG, Pereira SF, et al. Benefits of exercise training in the treatment of heart failure: Study with a control group. Arq Bras Cardiol. 2002;79:357-62. Spadaro J, Fishbein M, Hare C, Pfeffer M, Maroko P. Characterization of myocardial infarcts in the rat. Arch Pathol Lab Med. 1980;104(4):179-83.

Page 142: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

145

Spangenburg EE, Brown DA, Johnson MS, Moore RL. Exercise increases SOCS-3 expression in rat skeletal muscle: potential relationship to IL-6 expression. J Physiol. 2006;572(3):839-48. Spate U, Schulze PC. Proinflammatory cytokines and skeletal muscle. Curr Opin Clin Nutr Metab Care. 2004;7:265-9. Spinedi E, Gaillard RC. A regulatory loop between the hypothalamo-pituitary-adrenal (HPA) axis and circulating leptin: A physiological role of ACTH. Endocrinology. 1998;139(9):4016-20. Sriwijitkamol A, Christ-Roberts C, Berria R, Eagan P, Pratipanawatr T, DeFronzo RA, et al. Reduced skeletal muscle inhibitor of {kappa}b{beta} content is associated with insulin resistance in subjects with type 2 diabetes: Reversal by exercise training. Diabetes. 2006;55(3):760-7. Starkie R, Ostrowski SR, Jauffred S, Febbraio M, Pedersen BK. Exercise and IL-6 infusion inhibit endotoxin-induced TNF-{alpha} production in humans. FASEB J. 2003;17(8):884-6. Steensberg A, Fischer CP, Keller C, Moller K, Pedersen BK. IL-6 enhances plasma IL-1ra, IL-10, and cortisol in humans. Am J Physiol Endocrinol Metab. 2003;285(2):E433-7. Steinacker J, Lormes W, Reissnecker S, Liu Y. New aspects of the hormone and cytokine response to training. Eur J Appl Physiol. 2004;91(4):382-91. Stumpf C, Lehner C, Yilmaz A, Daniel WG, Garlichs CD. Decrease of serum levels of the anti-inflammatory cytokine interleukin-10 in patients with advanced chronic heart failure. Clin Sci. 2003;105(1):45-50. Takanaski S, Nonaka R, Xing Z, O'Byrne P, Dolovich J, Jordana M. Interleukin 10 inhibits lipopolysaccharide-induced survival and cytokine production by human peripheral blood eosinophils. J Exp Med. 1994;180(2):711-5. Tisi P, Hulse M, Chulakadabba A, Gosling P, Shearman C. Exercise training for intermittent claudication: does it adversely affect biochemical markers of the exercise-induced inflammatory response? Eur J Vasc Endovasc Surg 1997;14:344–50. Torre-Amione G, Kapadia S, Lee J, Durand J, Bies R, Young J, et al. Tumor necrosis factor-a and tumor necrosis factor receptors in the failing human heart. Circulation 1996;93(704-711). Toth MJ, Ades PA, Tischler MD, Tracy RP, LeWinter MM. Immune activation is associated with reduced skeletal muscle mass and physical function in chronic heart failure. Int J Cardiol. 2006;109(2):179-87. Trueblood NA, Inscore PR, Brenner D, Lugassy D, Apstein CS, Sawyer DB, et al. Biphasic temporal pattern in exercise capacity after myocardial infarction in the rat:

Page 143: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

146

relationship to left ventricular remodeling. Am J Physiol Heart Circ Physiol. 2005;288(1):H244-9. Valgimigli M, Ceconi C, Malagutti P, Merli E, Soukhomovskaia O, Francolini G, et al. Tumor necrosis factor-{alpha} receptor 1 is a major predictor of mortality and new-onset heart failure in patients with acute myocardial infarction: The cytokine-activation and long-term prognosis in myocardial infarction (C-ALPHA) study. Circulation. 2005;111(7):863-70. von Haehling S, Doehner W, Anker SD. Nutrition, metabolism, and the complex pathophysiology of cachexia in chronic heart failure. Cardiovasc Res. 2007;73(2):298-309. Waehre T, Halvorsen B, Damas JK, Yndestad A, Brosstad F, Gullestad L, et al. Inflammatory imbalance between IL-10 and TNFalpha in unstable angina potential plaque stabilizing effects of IL-10. Eur J Clin Invest. 2002;32(11):803-10. Yamamoto Y, Gaynor R. IkappaB kinases: Key regulators of the NFkappaB pathway. Trends Biochem Sci. 2004;29:72-9. Yamaoka M, Yamaguchi S, Okuyama M, Tomoike H. Anti-inflammatory cytokine profile in human heart failure: Behavior of interleukin-10 in association with tumor necrosis factor-alpha. Jpn Circ J. 1999;63(12):951-6. Yndestad A, Holm AM, Müller F, Simonsen S, Frøland SS, Gullestad L, et al. Enhanced expression of inflammatory cytokines and activation markers in T-cells from patients with chronic heart failure. Cardiovasc Res. 2003;60(1):141-6. Yndestad A, Kristian Damås J, Øie E, Ueland T, Gullestad L, Aukrust P. Systemic inflammation in heart failure – The whys and wherefores. Heart Fail Rev. 2006;11(1):83-92. Yu Y, Zhang Z-H, Wei S-G, Chu Y, Weiss RM, Heistad DD, et al. Central gene transfer of interleukin-10 reduces hypothalamic inflammation and evidence of heart failure in rats after myocardial infarction. Circ Res. 2007:In press.

Page 144: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

147

ANEXO 1

Tabela 6 - Peso corporal total e carcaça (% de gordura) após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronária e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T).

Page 145: MIGUEL LUIZ BATISTA JÚNIOR “ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO ...

148

ANEXO 2

Tabela 7 – Valores das variáveis funcionais do ventrículo esquerdo ao ecocardiograma Doppler após o período de treinamento aeróbio de ratos que foram submetidos à operação Sham e mantidos sedentários (Sham-S), submetidos ao treinamento aeróbio moderado (Sham-T), ratos submetidos à operação com infarto agudo do miocárdio produzido pela ligação da artéria coronária e mantidos sedentários (IM-S) e submetidos ao treinamento aeróbio moderado (IM-T).

Os resultados representam média ± EPM de 45 animais. IM = efeito da cirurgia de IM (Sham x IM), p<0,05. T = efeito do protocolo de treinamento aeróbio (Sedentário x Treinado), p< 0,05. IM x T = interação entre os efeitos, p<0,05.