Manual da Profecia Bíblica - Abraão de Almeida.pdf

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  • Aufil da Alio du(Da Academia Evanglica de Letras do Brasil)

    Vinte e quatro estudos profticos extrados dos livros de Daniel

    e Apocalipse.

    CPAO

  • REIS BOOKS DIGITAL

  • Todos os direitos reservados. Copyright 1999 para a lngua portuguesa da Casa

    Publicadora das Assemblias de Deus.

    Capa e projeto grfico: Eduardo Souza

    Diagramao: Rodrigo Fernandes

    Reviso de provas: Leila Teixeira

    236 - Escatologia

    Almeida, Abrao de

    ALMm Manual de Profecia Bblica.../Abrao de Almeida

    Ia ed. - Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assemblias de Deus, 1999.

    p.264 cm. 14x21

    ISBN 85-263-0241-8

    1. Escatologia 2. Estudo Bblico

    CDD

    230 - Escatologia

    Casa Publicadora das Assemblias de Deus

    Caixa Postal 331

    20001-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

    I a edio/1999

  • Sumrio

    Introduo............................................................................5

    Captulo 1O Popsito Divino com Israel...............................................7Captulo 2Queda e Restaurao de Israel............................................. 19Captulo 3Babilnia, o Primeiro Imprio Mundial................................37Captulo 4O Simblico Urso Destruidor.............................................47Captulo 5O Rei Valente e seu Sonho Dourado.................................. 55

    Captulo 6Os Reinos do Norte e do Su l.............................................69Captulo 7Roma, a Potncia Frrea.......................................................79Captulo 8A Odissia da Raa Judaica..................................................89Captulo 9O Tempo do Fim ................................................................. 101Captulo 10O Rapto da Igreja.................................................................113

  • Captulo 11As Bodas do Cordeiro......................................................... 121

    Captulo 12A Grande Tribulao...........................................................129

    Captulo 13Passar a Igreja pela Grande Tribulao..............................137

    Captulo 14Os Selos................................................................................151

    Captulo 15As Trombetas...................................................................... 159

    Captulo 16As Taas...............................................................................173

    Captulo 17O Anticristo........................................................................187

    Captulo 18O Falso Profeta.................................................................200

    Captulo 19A Volta de Jesus.................................................................207

    Captulo 20O Julgamento das Naes................................................. 219

    Captulo 21A Ordem das Ressurreies..............................................225

    Captulo 22Milnio, o Almejado Reino Vindouro................................ 231

    Captulo 23O Juzo Final.......................................................................243

    Captulo 24O Perfeito Estado Eterno..................................................253

  • Numa hora em que so to raros os escritores de fato e muito poucos os que se do a pensar... Numa hora em que a maior parte de nossa literatura importada e as novas publicaes, quase sempre traduzidas, tomam o ca- rter da superficialidade, sem 0 sentido maior que 0 objeti- vo material e imediatista do rpido retorno do capital com lucro... Numa hora assim, tristemente, volto-me para o meu Deus e dou-lhe graas por sua vida e mente entregues ao Senhor, e mais que tudo, pela graa que lhe deu de comu- nicar, via seus escritos, to patente, clara e espontanea- mente, os mistrios da revelao do Senhor.

    Seu trabalho de pesquisa de valor; seus subsdios de histria, especialmente relacionada ao centro profti- co dos acontecimentos finais o Oriente Mdio tam- bm o so, especialmente aos estudiosos dos ltimos dias.

    Sua atualidade inequvoca, j que vivemos o estertor da histria. 0 momento do fim. Jesus est che- gando e o glorioso destino da Igreja est por se cumprir.

    Sua maneira de expor prpria dos escritores na- tos, com a relevante realidade da iluminao do Esprito do Senhor.

    Silas Gonalves (De uma carta.)

  • 10 Propsito Divino

    com Israel

    Israel uma prova concreta de que Deus existe. Apesar de humilhado, perseguido, banido, massacrado, quase destrudo por vezes, e isso durante milnios, vive ainda

    Israel!

  • enhum estudo srio da escatologia bblica pode ignorar o povo de Israel ou coloc-lo em plano secundrio, tendo em vista o que

    Jesus afirmou: Olhai para a figueira, e para todas as rvores (Lucas 21:29). Israel como o relgio de Deus, a indicar o passar do tempo desta presente dispensao da graa de Deus.

    No se pode negar a influncia de Israel no destino dos povos. A promessa feita por Deus a Abro em Gnesis 12.3: Abenoarei os que te abenoarem e amaldioarei os que te amaldioarem tem sido rigorosa e admiravel- mente cumprida atravs dos sculos, at os nossos dias. As naes que apiam e protegem os israelitas so prs- peras e abenoadas, ao passo que as que os perseguem so sempre castigadas: ou desaparecem, ou estagnam, ou so humilhadas, e, invariavelmente, perdem a bn- o divina.

    Israel tambm uma afirmao viva de que um poder supremo, um poder inteligente, um poder que planeja, cuida, e executa, dirige os destinos deste mundo. Certo imperador alemo, religioso, mas no crente; protetor da f, mas no salvo, na sua hora de morte teve a presena de um sacerdote luterano que procurava incutir-lhe na men- te a f salvadora. A esse religioso desafiou 0 imperador:

    D-me uma prova da existncia de Deus. O povo judeu, Majestade! respondeu sem vaci-

    lar 0 sacerdote.

  • 10 Manual de Profecia Bblica

    Sim, Israel uma prova concreta de que Deus existe. Apesar de humilhado, perseguido, banido, massacrado, quase destrudo por vezes, e isso durante milnios, vive ain- da Israel! E agora vive como nao poderosa e prspera. Israel vive ainda porque tem, dada por Deus, uma misso a cumprir no fim do Sculo Presente no pode desaparecer.

    Se Israel uma prova irrefutvel da existncia de Deus; se Israel influi no destino das naes, qui no das pesso- as, ento preciso estudar com profundidade a vida des- se povo, mas estud-la em todas as suas faces, para co- nhecer as mais estranhas e verdadeiras circunstncias, que servem de roteiro para as pessoas e as naes.

    O cidado moderno necessita, para enfrentar a diversificada era em que vivemos, de ser uma pessoa bem informada, e, hodiernamente, nenhuma educao se com- pleta sem 0 estudo desse povo que constitui 0 milagre do sculo O Estado de Israel um pas com cerca de 6 milhes e meio de habitantes cercado por mais de cem milhes de inimigos que, apesar de lhe moverem, h d- cadas, e com o indisfarvel apoio da maioria das naes, uma guerra contnua e cruel, no conseguem destru-lo.

    Esse Israel se firma como 0 inequvoco sinal dos tem- pos. A Bblia avisa: Quando virdes acontecer estas coi- sas... O prometido reinado messinico sobre Israel se aproxima e o lugar do Messias est vago, pois, providen- cialmente, 0 atual governo de Israel no possui rei: eles, inconscientemente, aguardam 0 Rei Jesus, e para Ele reservam 0 trono.

    A DISPENSAO DA PROMESSAPara melhor compreendermos o importante papel

    de Israel no plano divino, temos de primeiramente co- nhecer 0 pai dessa nao e as promessas que Deus fez a ele e a seus filhos durante a Dispensao da Promes- sa, que vai de 2090 a 1875 a.C., bem como as ameaas

  • 11O Propsito Divino com Israel

    contidas na aliana da Lei, celebrada no Sinai 430 anos mais tarde.

    Condies iniciais. As circunstncias em que Abrao recebeu a Dispensao da Promessa foram as melhores pos- sveis. Em primeiro lugar, Deus 0 escolheu como 0 tronco de uma raa especial no cumprimento de seu plano. Em segun- do lugar, Deus prometeu o Messias atravs de Abrao. Em terceiro lugar, Deus prometeu dar a terra de Cana em he- rana eterna famlia de Abrao, como base de seu futuro trabalho missionrio mundial. Em quarto lugar, Deus pro- meteu revelar-se atravs de Abrao e da sua descendncia:

    Estabelecerei a minha aliana entre mim e ti e a tua descendncia no decurso das suas geraes, aliana per- ptua, para ser 0 teu Deus, e da tua descendncia. Dar- te-ei e tua descendncia a terra das tuas peregrina- es, toda a terra de Cana, em possesso perptua, e serei o seu Deus (Gnesis 17:7-8).

    O propsito divino. A histria de Israel o relato fiel do cumprimento das profecias bblicas a respeito desse povo singular, desde a aliana que Deus fez com Abrao durante a Dispensao da Promessa, conforme Gnesis 12:1-4. Nes- sa aliana, Deus prometeu: De ti farei uma grande nao. Esta promessa se cumpriu de trs maneiras distintas:

    Primeiramente em Ismael, que o pai dos rabes atra- vs de Maalate (ou Basamate) e Esa: Foi, Esa, casa de Ismael e, alm das mulheres que j possua, tomou por mulher a Maalate, filha de Ismael, filho de Abrao, irm de Nebaiote (Gnesis 28:9). (Leia-se tambm Gnesis 25:13; 36:3,13). Em segundo lugar, na sua pos- teridade natural, como o p da terra (Gnesis 13:16; Joo 8.37), ou seja, os hebreus.

    Finalmente, na sua posteridade espiritual, como as estrelas do cu (Gnesis 22:17), isto , todos os homens de f, quer sejam judeus ou gentios: Essa a razo por

  • 12 Manual de Profecia Bblica

    que provm da f, para que seja segundo a graa, a fim de que seja firme a promessa para toda a descendncia, no somente ao que est no regime da lei, mas tambm ao que da f que teve Abrao (Romanos 4:16). Ora, as promessas foram feitas a Abrao e ao seu descendente. No diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porm como de um s: E ao teu descendente, que Cris- to (Glatas 3:16). (Vejam: tambm estas outras passa- gens: Joo 8:39; Romanos 9:7-8; Glatas 3;6-7.)

    Aqui se confirma a promessa de redeno da aliana admica, conforme Gnesis 3:15: Porei inimizade entre ti e a tua mulher, entre a tua descendncia e o seu descen- dente. Este te ferir a cabea, e tu lhe ferirs 0 calcanhar.

    E te abenoarei . A bno divina na vida de Abrao se revela no plano material: Toda esta terra que vs, hei de dar a ti, e tua descendncia, para sempre. Ento ele [Eliezer] disse: Sou servo de Abrao. O Senhor tem abenoado muito ao meu senhor, e ele se tem engrande- cido. Deu-lhe ovelhas e bois, e prata e ouro, e servos e servas, e camelos e jumentos (Gnesis 13:15; 24:34- 35). E tambm no plano espiritual: Creu Abrao no Se- nhor, e isso lhe foi imputado para justia (Gnesis 15:6. Veja tambm Joo 8:56).

    E te engrandecerei o nome. Abrao tem 0 seu nome entre os maiores vultos da histria universal, especialmen- te no judasmo, no cristianismo e no islamismo. A grande- za de Abrao devida s caractersticas da sua dignidade: deixou o lar e os amigos para atender chamada de Deus; deu a L o direito de escolher a terra; derrotou os reis despojadores de Sodoma; deu 0 dzimo de tudo a Melquise- deque; rejeitou receber presentes pelos servios prestados, e disps-se a oferecer a Deus seu filho nico, Isaque (Gnesis 12:4; 13:9; 14:14-15,20,23; Hebreus 11:17).

  • O Propsito Divino com Israel 13

    Em tudo isso vemos obedincia, altrusmo, coragem, benevolncia, incorruptibilidade, e f, alm de uma vida de orao (Gnesis 18:23-33).

    E tu sers uma bno. Averso de Meredsous traz: tu sers uma fonte de bnos. Milhes de pessoas, em todo 0 mundo e em todoas as pocas, tm sido abenoadas mediante as promessas feitas ao patriarca Abrao.

    Abenoarei os que te abenoarem, e amaldioa-rei os que te am aldioarem . Esta profecia tem sido rigorosamente cumprida atravs dos sculos, particu- larmente na disperso e na restaurao de Israel. Os povos que perseguiram os judeus tm sofrido um grande fracasso, enquanto os que os tm protegido, prosperam.

    Essa profecia tem-se realizado em muitos povos. Um bom exemplo a Inglaterrra, que poibiu a entrada dos judeus na Palestina quando eles mais precisavam escapar polcia nazista na Europa, e logo perdeu o seu imprio. Tambm 0 Brasil, que depois de tomar o partido dos inimigos de Israel no incio dos anos setenta, por causa do petrleo, viu 0 seu milagre econmi- co transformar-se, em pouco tempo, em uma das maiores dvi- das externas do mundo. Finalmente, pases perseguidores dos judeus, como o Iraque e o Ir, que at meados de 1984j havi- am registrado, nos campos de batalha, cerca de um milho e meio de baixas, entre mortos e feridos. Muitos outros exemplos h na histria antiga e recente, e entre eles a Rssia.

    A DISPENSAO DA LEIEsta dispensao foi estabelecida em meio a grandes

    sinais e prodgios. Nenhum outro povo, em toda a hist- ria do homem, experimentou condies mais favorveis do que Israel. Havia visvel manifestao da presena de Deus no Egito, no deserto, na travessia do mar Verme- lho e no Sinai:

  • 14 Manual de Profecia Bblica

    Ento o anjo de Deus, que ia adiante do exrcito de Israel, se retirou e se ps atrs deles. Tambm a coluna de nuvem se retirou de diante deles, e se ps atrs, e ia entre 0 acampamento dos egpcios e 0 acam- pamento de Israel. A nuvem era escuridade para aque- les, e para este esclarecia a noite; de maneira que em toda a noite este e aqueles no puderam aproximar-se (xodo 14:19-20)

    Deus sarou as enfermidades de Israel e deu-lhe as riquezas do Egito; falou-lhes audivelmente e deu-lhes revelaes; forneceu-lhes um completo cdigo de leis e deu-lhes muitas promessas, e, finalmente, deu-lhes o evangelho (xodo 12:25; 15:26; 23:25; Deuteronmio 5:22-24; Glatas 3:8; Hebreus 4:2).

    O propsito divino. O desejo de Deus com a aliana da Lei era provar os israelitas, para ver se eles lhe obede- ceriam e trariam completa destruio das raas de gigan- tes pela espada, em virtude de os pecados desses povos j haverem enchido a medida da pacincia de Deus; trazer o Messias ao mundo atravs da pura linhagem admica, em cumprimento a Gnesis 3:15, e, finalmente, estabele- cer um sistema de sacrifcios que mostrasse, nos mini- mos detalhes, a hediondez do pecado e a necessidade da morte expiatria do Messias (Gnesis 15:16).

    A Dispensao da Lei cobre 0 longo perodo do Sinai ao Calvrio, e nela todos os homens so conde- nados por haverem todos pecado. A nao de Israel no suportou as provas a que foi subm etida debaixo da Lei, e quebrou seu compromisso de xodo 19:8, constante do seu solene juram ento: Tudo o que 0 Senhor falou, faremos; que foi levado presena de Deus: E Moiss relatou ao Senhor as palavras do povo. Por isso vieram os juzos dos cativeiros assrio e babilnico.

  • O Propsito Divino com Israel 15

    A DISPENSAO DA GRAAO estabelecimento da Dispensao da Graa ocorreu

    na plenitude dos tempos, quando, por toda parte, era patente a falncia da filosofia, da religio e da poltica em seus esforos para melhorar a vida humana. Um retrato dessa poca nos apresentado por Benjamim Scott:

    impossvel descrever toda a misria moral duma religio (pag) cujos deuses eram debochados, bbados, fratricidas, prostitutos e assassinos, e cujos templos eram lupanares e antros dos piores vcios, chegando alguns a s serem tolerados fora das cidades (Vitruvio, 1.7). Seus espetculos as horrveis pugnas de gladiadores e cenas impuras o Cato caserneiro no podia presenciar. Suas procisses eram cortejos de indecncias. Seus altares no raro se tingiam de sangue humano. Suas festas, as cle- bres bacanais e saturnais: cujo ritual era o vcio, e cujos sacerdotes e sacerdotisas... (temos de descer um vu para esconder suas simples funes sacerdotais).

    No tempo de Augusto, 0 casamento tinha cado em desuso. Se existia, era apenas para tornar a mulher es- crava. A esposa tinha de trabalhar; as concubinas e cor- tess que eram as amigas do seu senhor. Mas tudo isto no ainda 0 mais negro do quadro. No h um nico dos vcios que provocaram a extino dos cananeus ou que fizeram vir do Cu 0 fogo vingador sobre as cidades da plancie, que no suje o retrato que a histria registra de quase todos os imperadores, estadistas, poetas e fil- sofos da Roma Antiga e da Grcia Clssica. A lepra mo- ral corrompia tudo e a todos. A crueldade campeava tan- to quanto a sensualidade. A escravatura era universal. Scrates era uma exceo.1

    neste mundo tenebroso que Jesus se manifesta como 0 Sol da Justia, com a mais pura de todas as doutrinas: a f crist, anunciada com autoridade e confirmada com gran- des sinais e prodgios, inclusive pelos discpulos e apstolos.

  • 16 Manual de Profecia Bblica

    O propsito divino. Na Dispensao da Graa, o pro- psito divino salvar todo aquele que cr em Jesus, tan- to judeus como gentios, e chamar para fora do mundo esse povo especial, firmando a sua Igreja: Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unignito, para que todo 0 que nele cr no perea, mas tenha a vida eterna (Joo 3:16). a vida eterna esta: que te conheam a ti, 0 nico Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste (Joo 17:3).2

    ISRAEL REJEITA O MESSIASA Dispensao da Graa comeou com a morte

    expiatria de Jesus (Joo 19:30), e terminar no Arreba- tamento da Igreja. Em todo esse perodo, os israelitas, como nao, esto cortados, postos de lado, at que en- tre a plenitude dos gentios. A causa da rejeio tempor- ria de Israel foi a sua recusa em crer no Messias, embora tivessem sido preparados para a f durante sculos. Por rejeitarem Jesus e perseguirem a Igreja, os judeus fo- ram deixados de lado e as Boas-Novas de salvao pro- clamadas aso gentios (Mateus 21:33-46).

    A queda e a elevao de Israel foram profetizadas por Simeo: Simeo os abenoou e disse a Maria, me do menino: Eis que este menino est destinado tanto para runa como para levantamento de muitos em Israel, e para ser alvo de contradio (Lucas 2:34). Notem a ordem: runa e levantamento, diferente da histria de outras na- es, que segue a ordem inversa: elevao e queda. Assim foi com pases como: Egito, Assria, Babilnia, Medo-Persa, Grcia, Roma, Alemanha e muitos outros.

    Os Juzos divinos, Jesus, referindo-se profecia da Pedra rejeitada pelos edificadores (Salmos 118:22-24; Isaas 28:16), disse que todo aquele que casse sobre ela seria feito em pe- daos (Mateus 21:44). Isso seria tambm o cumprimento de Daniel 9:26: Depois das sessenta e duas semanas ser mor-

  • O Propsito Divino com Israel J '/

    to o Ungido, e j no estar; e o povo de um prncipe, que h de vir, destruir a cidade e o santurio, e o seu fim ser num dilvio, e at ao fim haver guerra; desolaes so determina- das, e tambm de Ams 9:9: Porque eis que darei ordens, e sacudirei a casa de Israel entre todas as naes, assim como se sacode o trigo no crivo, sem que caia na terra um s gro.

    Por haver rejeitado a Joo (Mateus 3:7); a Jesus (Mateus 11:11-27; 12:1-50; 23:1-39); e aos primeiros discpulos (Atos 4:1-31; 6:8 a 7:59 etc.), Israel foi destrudo como nao e disperso entre os povos (Mateus 24:1-3; Lucas 21:20-24). Isso ocorreu nas duas guerras contra os romanos, de 67 a 70 e de 132 a 135 d.C.

    A situao atual dos judeus. A Bblia afirma com clare- za que Deus no rejeitou Israel para sempre. Pela sua de- sobedincia, esse povo foi endurecido. O mesmo sol que derrete a manteiga, endurece o barro. Ao opor-se Israel aos desgnios de Deus, foi ento atirado ao juzo divino. Deus se recusa quele que o recusa (Romanos 11.7-10).

    O propsito primrio de Deus, trazer os gentios ao arrependimento, no poderia deixar de ser alcanado por culpa de Israel. Ao haver rejeitado o Evangelho, Israel se tornara num obstculo ao plano divino, e por isso teve de ser removido. O apstolo Paulo explica que, pela trans- gresso dos judeus, veio a salvao aos gentios, para p- los em cimes (Romanos 11:11).

    Mas Deus, que por amor no quer excluir ningum, pretende recolocar Israel no centro da sua soberana von- tade, e isso ocorrer quando 0 remanescente fiel conver- ter-se ao Messias Jesus, no final da Grande Tribulao.

  • 2Queda e Restaurao

    de Israel

    E vos espalharei entre as naes e desembainharei a espada atrs de vs; e as vossas cidades sero

    desertas... Trarei de volta do exlio o meu povo Israel; reedificaro as cidades assoladas, e nelas habitaro

    (Deuteronmio 28:25; Ams 9:14).

  • ste captulo um resumo do que escrevi em Israel Gogue e o Anticristo, tambm edita- do pela CPAD, onde trato com muito mais

    detalhes da disperso dos israelitas e da sua presente restaurao.

    Poucas semanas aps a morte de Jesus, Jerusalm, centro espiritual de todos os judeus da dispora roma- na, abarrotava-se de peregrinos que ali compareciam anualmente, s centenas de milhares, por ocasio das festividades da Pscoa e do Pentecoste pontos altos do culto judaico. O evangelista Lucas testifica esse fato quando descreve a descida do Esprito Santo no Dia de Pentecoste:

    E em Jerusalm estavam habitando judeus, vares religiosos de todas naes que esto debaixo do cu... Partos e m edos, elam itas e os que habitavam na Mesopotamia, e Judia e Capadcia, Ponto e sia e Frigia e Panflia, Egito e partes da Lbia, junto a Cirene, e foras- teiros romanos (tanto judeus como proslitos), cretenses e rabes... (Atos 2:5,9-11).

    Semanas antes do Pentecoste, Jesus havia sido pre- so, julgado e crucificado num a atmosfera carregada de religiosidade e inflamada de um nacionalismo ardente e doentio. Foi assim, num momento de incontido dio a Cristo e a sua mensagem, que os israelitas responderam a Pilatos: O seu sangue caia sobre ns e sobre nossos filhos (Mateus 27:25).

  • 22 Manual de Profecia Bblica

    Conscientes ou no, os israelitas rejeitavam o Messias to ansiosamente esperado, e atraam sobre si e seus fi- lhos as conseqncias terrveis de to trgica escolha, como disse 0 Senhor a Moiss:

    Eu lhes suscitarei um profeta do meio de seus irmos, semelhante a ti; porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falar tudo 0 que eu lhe ordenar. Eu mesmo pedirei contas de todo aquele que no ouvir as minhas palavras, que ele falar em meu nome (Deuteronmio 18:18-19).

    O advento do Cristianismo no apagou a chama nacio- nalista dos judeus, que continuavam sua trama secreta e m ultiplicavam os aten tados violentos contra seus dominadores, tornando impossvel qualquer soluo pacli- ca a partir de maio de 66. Ento as autoridades romanas reagiram pelas armas na tentativa de sufocar a rebelio or- ganizada, que pretendia assumir 0 controle de todo 0 pas.

    Nero mesmo planejou esmagar a revolta, depois que os rebeldes aniquilaram as guarnies romanas do mar Morto e de Antnia. Vrias e sangrentas batalhas trava- ram-se nas cidades de Galilia, com elevado nmero de baixas em ambos os lados, mas prevalecendo sempre a frrea Roma, cujas legies lutavam bravamente sob o comando de Vespasiano.

    Aps o suicdio de Nero, foi Vespasiano aclamado Imperador romano, mas este deixou a ltima etapa da guerra aos cuidados de seu filho Tito. Este, na Pscoa do ano 70, ordenou o incio do cerco de Jerusalm, de- terminando a construo de um a muralha de estacas ao redor da cidade, de sete quilmetros de comprimen- to, levantada em apenas trs dias, a fim de impedir a fuga dos sitiados e for-los rendio. Cumpriam-se as palavras de Jesus:

    Porque dias viro sobre ti, em que os teus inimigos te cercaro de trincheiras, e te sitiaro e te estreitaro de

  • 23Queda e Restaurao de Israel

    todas as bandas e te derribarao, a ti e aos teus filhos que dentro de ti estiverem... (Lucas 19:43-44).

    O terrvel stio de Jerusalm durou cinco meses de sofrimentos indescritveis. Nesse perodo, 600 mil ca- dveres foram lanados para fora dos muros da cida- de. A peste e a fome encarregavam-se de dizimar cen- tenas de pessoas diariamente, e m uitas se punham a caminho da sepultura antes mesmo de chegada a sua hora. Quando a cidade caiu, contou-se cerca de um milho e cem mil mortos, e apenas por um a das suas portas foram retirados 115 mil cadveres.

    Dos 97 mil sobreviventes, a maior parte foi levada para Roma, muitos foram presenteados s provncias do imprio para que morressem como gladiadores nas arenas, em espetculos pblicos, e milhares de outros seguiram para trabalhos forados no Egito.

    Com relao cidade e ao grande tem plo de Herodes, a predio de Jesu s no poderia ser mais minuciosa: os alicerces dos edifcios foram removidos, inclusive os do templo, e toda a sua rea ficou nivela- da. No ficou ali pedra sobre pedra (Lucas 19:44).

    De 132 a 135, os judeus tentaram de novo sacudir de sobre si o pesado jugo romano, e de novo a teimosia dos israelitas os leva beira de um extermnio total. Cerca de 580 mil homens caram somente nas bata- lhas, e outros milhares pereceram de inanio na ci- dade fortificada de Betar, enquanto resistiam valente- mente implacvel destruio levada a efeito pelos soldados romanos.

    De novo, os mercados de escravos abarrotaram-se de judeus. Jerusalm foi reconstruda como um a cida- de tipicamente pag. Adriano proibiu a prtica do juda- smo, sob pena de morte. Akiba foi capturado e esfola- do vivo e, ao morrer, exclamou: Ouvi, Israel, o Senhor nosso Deus, o Senhor 0 nico. As autoridades ro-

  • 24 Manual de Profecia Bblica

    manas mudaram o nome da Judia para Sria Filistia, de onde derivou a moderna palavra Palestina.

    CRUZADAS, PESTE NEGRA ETC.Humilhados, diminudos e marginalizados, os rema-

    nescentes judeus dedicaram-se ao comrcio e trocaram suas ambies polticas pelas conquistas do esprito, transferindo 0 centro da sua cultura da Judia para Babilnia, onde os comentrios e as interpretaes da Bblia formaram mais tarde o famoso Talmude.

    Vivendo em paz e dedicadas ao livre comrcio, as co- munidades israelitas em vrias partes do mundo chegaram a ser prsperas. Porm, no ano 681, na cidade de Toledo, a Igreja Romana comeou a impor-lhes restries. A superstio e o baixo nvel espiritual, a que desceu o cristianismo nominal durante a Idade Mdia, ocuparam-se de fazer 0 resto.

    No ano 1096, foi organizada em Clermont, Frana, a primeira guerra da cruz contra os maometanos ocupan- tes dos lugares santos da Palestina. Os cruzados coman- dados pelo mercenrio francs Guilherme abateram-se sobre as comunidades judaicas da Rennia, de Treveris, de Espira e de Worms, alm de outros lugares.

    As hordas sanguinrias arrastaram homens, mulhe- res e crianas aos templos catlicos para serem batizados fora, mas a maioria preferiu pagar com a vida sua fide- lidade aos milenares princpios do judasmo. Raciocina- vam os irmos peregrinos que, antes de exterminar os sarracenos no Oriente, precisavam eliminar no Ocidente os descendentes daqueles que crucificaram 0 Filho de Deus.

    Entre os anos de 1350, irrompeu devastadora a morte negra, uma peste virulenta que matou um tero de toda a populao da Europa. Mais uma vez a superstio, o com- plexo anti-semita e a ignorncia encarregaram-se de lan- ar toda a culpa da desgraa sobre os judeus.

  • 25Queda e Restaurao de Israel

    Apesar de o papa Clemente VI inocentar os judeus, afirmando que eles morriam to bem da peste como os cristos, 0 fanatismo falou mais alto que a razo, e a ru- na veio como uma tempestade: em mais de 350 cidades europias os infelizes israelitas foram mortos pauladas, afogados, queimados vivos, enforcados e estrangulados.

    MQUISIO E GUETOSInfamante, sob todos os pontos de vista, foi 0 mart-

    rio dos judeus na Espanha e em Portugal durante a vi- gncia da Inquisio. S em Toledo, em poucas sema- nas, foram queimados vivos 2.400 homens, acusados de infidelidade ao catolicismo. Os que se diziam arrependidos da sua falsa converso alcanavam a misericrdia de um estrangulamento vivo antes de atirados s chamas purificadoras.

    Em Portugal, esse nefasto tribunal foi implantado em 1536, e agindo contra os judeus com tamanha cruelda- de que o papa Paulo II enviou um protesto, e 0 Concilio de Trento teve de se ocupar da sanha brbara dos inquisidores lusos.

    Mas 0 dio aos judeus no comeou com a Inquisio e nem era uma caracterstica exclusiva dos inquisidores, pois, emanado dos poderes eclesisticos, ele transbor- dava nas massas fanatizadas, resultando sempre em sangrentos morticnios.

    O anti-semitismo, todavia, no desapareceu com as Cruzadas e nem com a nefanda Inquisio, mas conti- nuou atuante em muitas partes do mundo. Nos pases do oriente europeu, os apstolos da ltima f verdadeira fizeram inveja aos inquisidores espanhis e portugueses.

    Referindo-se a esse sombrio acontecimento, o sbio judeu de Volnia, Natan ben Moshe Hannover, que se salvou fugindo para Amsterd, publicou em 1653, em

  • 26 Manual de Profecia Bblica

    Veneza, um relato, em hebraico, informando 0 mundo como morriam os judeus na Polnia, mo dos cossacos e ucranianos:

    Arrancavam-lhes a pele, e a carne jogavam aos ces; cortavam-lhes as mos e 0 ps, e deixavam morte os corpos assim mutilados; rasgavam as crianas pelas per- nas; assavam os nens e obrigavam as mes a engolir a carne dos seus rebentos; abriam ventre de mulheres gr- vidas e com 0 feto que arrancavam batiam no rosto das vtimas; a muitas punham gatos vivos nos ventres aber- tos, e costuravam o corpo com 0 gato dentro, cortando das infelizes as mos para que no pudessem arrancar o animal, nem dar cabo de sua existncia.3

    A luta desesperada dos judeus pela conservao do seu territrio no pode ser compreendida sem 0 pano de fundo da Histria. Os sucessos nas guerras com os ra- bes, a invaso do Lbano em perseguio aos inimigos palestinos e 0 isolamento cada vez maior de seu pas no contexto das naes tm suas razes nos muitos sofri- mentos da Dispora, na qual os guetos tornaram-se 0 principal smbolo da odiosa e humilhante segregao racial e religiosa de que foram vtimas.

    Mas os guetos no se tornaram apenas o smbolo da perversidade humana, pois muitos deles se transforma- ram lite ra lm en te em v e rd ad e ira s se p u ltu ra s de numerosssimas comunidades, como o de Varsvia, por exemplo.

    Uma das profecias acerca da restaurao nacional dos judeus diz: Assim diz 0 Senhor Jeov: Eis que eu abrirei as vossas sepulturas, e vos farei sair das vossas sepulturas, povo meu, e vos trarei terra de Israel. E sabereis que eu sou o Senhor, quando eu abrir as vossas sepulturas, e vos fizer sair das vossas sepulturas, povo meu (Ezequiel 37:12-13).

  • 27Queda e Restaurao de Israel

    Nenhuma outra figura dos modernos guetos, de onde muitos judeus tm sado para a sua ptria, poderia ser mais adequada do que um a sepultura. Em sentido es- trito, gueto define um bairro judeu, uma rea delimita- da por lei para ser habitada somente por judeus. O nome deriva da fundio, ou Guetto, em Veneza, onde os ju- deus dali foram segregados em 1517. A idia, entretan- to, de segregao dos judeus, implcita na primeira le- gislao da Igreja Romana, remonta aos Conclios de Latro de 1179 e 1215, que proibiram judeus e cristos de viverem juntos.

    Os nazistas levaram os guetos sistem aticam ente inanio, e qualquer assistncia possvel somente podia ser financiada s expensas dos prprios judeus. A despeito de indigncia e de desmoralizao, os ju- deus m antinham um a atividade cultural intensa, es- colas e auxlio mtuo. Dessa resistncia moral nas- ceram as revoltas de 1943. O extermnio metdico dos guetos comeou com a sucessiva remoo de grupos para aniquilamento, em 1941. O gueto de Varsvia foi liqidado em 1943, e os restan tes por volta de 1944.

    O HOLOCAUSTOConstrudo em 1933, o campo de concentrao de

    Dachau, Alemanha, foi a priso de dezenas de milhares de judeus durante a Segunda Grande Guerra. Em 1966, 0 Governo alemo instalou no local um mostrurio dos horrores ali praticados, e tornou obrigatria a visita de colegiais de nvel mdio, para que no esqueam a que ponto chegou 0 desvario nazista.

    Entre os dois fornos crematrios h um a esttua de bronze representando um prisioneiro de Dachau: um homem esqueltico, faces encaveiradas, roupas

  • 28 Manual de Profecia Bblica

    esfarrapadas e cabea raspada. Uma legenda, coloca- da ao p da esttua, um angustiante grito de alerta raa hum ana. Diz a inscrio:

    memria das vtimas de todos os campos de concen- trao; como expiao dos crimes cometidos nesses cam- pos; para advertncia humanidade e instruo a todos os visitantes; pela paz das classes e das raas; para salvar a honra da nossa Nao, e pela comunidade dos povos.

    Nesse local sombrio, morreram homens e mulhe- res, depois de suportarem as mais variadas formas de tortura, estudadas minuciosamente pelos carrascos. Havia nesse campo o local dos fuzilamentos, a barraca das experincias mdicas (onde novas drogas eram tes- tadas em cobaias humanas!), a barraca das punies especiais com suplcios e agonias, a forca e a cmara de gs.

    E que falar de Birkenau e Gleiwitz? No primeiro cam- po, as enormes filas de condenados caminhavam para den- tro do forno crematrio, no sem antes serem aspergidas de gasolina para se consumirem mais depressa. No se- gundo, uma esteira transportadora, guardada por solda- dos atentos e ces treinados, levava os condenados dire- tamente fornalha, vivos! Eles eram atirados sobre a ve- loz esteira por outros judeus do trabalho forado, os quais, por sua vez, depois de exaustos, seguiam 0 mesmo trgi- co destino de seus irmos!

    A matana era to intensa em todos os campos de concentrao nazistas, que estes s no conseguiram levar a cabo a sua soluo final do problema judaico porque perderam a guerra!

    RENASCE ISRAELA histria de Israel a histria de um povo e de

    um lugar, unidos, separados, sempre e sempre... Ne-

  • 29Queda e Restauraao de Israel

    nhum dram a de am antes separados e reunidos nova- mente mais romntico que a histria desta gente e de sua terra natal.

    A Bblia trata, de maneira inconfundvel, das angsti- as desse povo entre as naes: vos espalharei entre as naes e desembainharei a espada atrs de vs; e a vossa terra ser assolada, e as vossas cidades sero desertas... E, quanto aos que de vs ficarem, eu meterei tal pavor nos seus coraes, nas terras dos seus inimigos, que o sonido duma folha movida os perseguir... e no podereis parar diante dos vossos inimigos (Levtico 26:33,36-37).

    Mais adiante, continua a Palavra de Deus: O Se- nhor te far cair diante dos teus inimigos... o fruto da tua terra e todo 0 teu trabalho comer um povo que nunca conheceste; e tu sers oprimido e quebrantado todos os dias... e sers por pasmo, por ditado, e por fbula entre todos os povos a que 0 Senhor te levar (Deuteronmio 28:25,33,37).

    impressionante como tais predies tenham sido to rigorosamente cumpridas. Mas assim como, find an- do a noite, surge a m anh de um novo dia, a aurora raiaria tambm para o povo judeu, porque tambm o Senhor prometeu: E demais disto tambm, estando eles na terra dos seus inimigos, no os rejeitarei, nem me enfadarei deles, para consumi-los... (Levtico 26:44).

    O retorno dos judeus a sua terra comeou precaria- mente no sculo passado, em conseqncia dos horro- rosos pogroms, ou massacres, praticados livremente con- tra esse povo nos guetos de centenas de cidades euro- pias e, principalmente, na Rssia. Cada grupo de imi- grao era conhecido como Aliyah, palavra que significa subida, extrada da expresso bblica subindo para Jerusalm .

    Em 2 de novembro de 1917, a Inglaterra inclina-se a favor do sionismo, atravs da declarao do ministro dos

  • 30 Manual de Profecia Bblica

    negcios exteriores do governo britnico, Balfuor, sub- metida ao gabinete de ministros daquele pas e por ele aprovada. Esse famoso documento foi responsvel por muitas reviravoltas polticas em todo o mundo e princi- palmente no Oriente Mdio.

    Anim ados por e ssa p rom essa , o m ovim ento imigratrio aumentou consideravelmente, em cumpri- mento profecia bblica:

    E removerei 0 cativeiro do meu povo Israel, e reediicaro as cidades assoladas, e nelas habitaro, e plantaro vinhas, e bebero o seu vinho e faro pomares, e lhes comero o fruto. E os plantarei na sua terra, e no sero mais arran- cados da sua terra que lhes dei, diz 0 Senhor teu Deus... E vos tomarei dentre as naes, e vos congregarei de todos os pases, e vos trarei para a vossa terra... E diro: Essa terra assolada ficou como 0 jardim do den; e as cidades solit- rias, e assoladas, e destrudas, esto fortalecidas e habita- das (Ams 9:14-15; Ezequiel 36:24,35).

    Falando da terra de Israel e de seu povo, assim afir- ma a Declarao da Independncia, lida nao no dia 15 de maio de 1948, no mesmo dia em que os britnicos deixavam o pas e as naes rabes iniciavam a primeira guerra oficial no declarada ao novo Estado:

    Aqui se forjou sua personalidade espiritual, religio- sa e nacional. Aqui tem vivido como povo livre e sobera- no. Aqui tem legado ao mundo 0 eterno Livro dos Livros.

    DEUS LUTA POR ISRAEL

    Naquele tempo, os egpcios sero como mulheres, e tremero e temero por causa do movimento da mo do Senhor dos Exrcitos, porque ela se h de mover contra eles. E a terra de Jud ser um espanto para 0 Egito... (Isaas 19:16,17).

  • 31Queda e Restaurao de Israel

    Embora a ONU tenha determinado a partilha da Pa- lestina em dois estados Israel e Jordnia os judeusI iveram de garantir 0 seu direito de propriedade da terra s suas prprias custas. A guerra comeou no dia da partida dos britnicos, 14 de maio de 1948, e mais uma vez o pequeno 1Davi teve de defrontar-se com o gigante Golias. Poucos acreditavam que 0 novo Estado duras- se duas semanas. Como poderiam 700 mil judeus, mal armados, proteger cidades desguarnecidas contra mais de trinta milhes de ferozes inimigos equipados com o mais moderno material blico?

    Conta Meyer Levin que os comandantes rabes j escolhiam as casas de Tel-Aviv que pretendiam ocupar. s tropas foram prometidos os despojos da guerra: mu- lheres e produto do saque. Mas nada disso aconteceu.

    Batidos vergonhosamente em todas as frentes de batalha pelo minsculo mas herico povo israelita, os pases rabes consolavam-se uns aos outros dizendo que haviam perdido a batalha mas no a guerra. Esta, real- mente, transferiu-se dos campos da Palestina para as tribunas das organizaes internacionais, de onde a nova nao judaica foi alvo das maiores intrigas e ameaas por parte dos seus inimigos feridos e humilhados.

    Acreditando na feroz ameaa de seus irmos de san- gue, muitos rabes residentes em Israel, ao iniciar-se o conflito de 1948, abandonaram 0 pas para que os ju- deus fossem varridos e exterminados. Porm, como tal no ocorreu, esses deslocados foram mantidos fora de Israel, para fins de propaganda poltica.

    Em 1956, todo o dio rabe, alimentado dia a dia des- de 1948, transborda-se. Nasser apodera-se do canal de Suez e ameaa Israel. J por diversas vezes gritara ele que have- ria de vingar sua derrota de 1948, empurrando os judeus at 0 mar. Mas o primeiro ministro, Ben-Gurion, resolveu atacar primeiro, numa rpida e fulminante campanha. E

  • 32 Manual de Profecia Bblica

    os israelenses, comandados por Moshe Dayan, limparam o Sinai, localizando e destruindo as bases inimigas onde en- contraram vastos depsitos de armas russas.

    As derrotas de 1948 e 1956 no bastaram para que os povos rabes aceitassem a realidade inegvel da existncia de Israel como nao e da sua firme determi- nao de manter a independncia do pas mesmo s eus- tas de enormes sacrifcios.

    Armados pelas grandes potncias e estimulados por seus governos belicosos, os rabes, liderados pelo ditador egpcio Gamai Abdel Nasser, planejaram e tentaram, em junho de 1967, a destruio do Estado judaico. Foram seis dias de medo e apreenso em todo o mundo, de terr- vel surpresa e humilhao para os invasores e de grandes e inesquecveis glrias para a jovem nao israelense.

    Os prejuzos sofridos pelos rabes, em preciosas vidas humanas e em carssimo armamento, foram deve- ras impressionantes. Nos seis dias de guerra, morreram 10 mil egpcios, 15 mil jordanianos e milhares de assrios, iraquianos e combatentes de outros pases. Somente 0 Egito perdeu 400 avies, 600 tanques e milhares de pe- as de artilharia, munies, armas leves e veculos, supe- rando o valor de um bilho e meio de dlares! Em toda a guerra apenas 700 soldados judeus perderam a vida.

    Como resultado de mais este confronto blico, Jeru- salm passou inteiramente para 0 domnio israelita no dia 8 de junho. A sua reunificao ps termo a uma s- rie de restries impostas pelas autoridades jordanianas aos cristos, tais como: proibindo a aquisio de terras na cidade ou em seus arredores; obrigando os membros da Irmandade e ao Santo Sepulcro a tornarem-se cida- dos jordanianos, sendo eles gregos desde o sculo VI; exigindo dos cristos a guarda dos dias de repouso se- manai dos muulmanos; abolindo as isenes de impos- tos a que tinham direito as instituies crists.

  • 33Queda e Restaurao de Israel

    ASSOMBRO E MILAGREAs vitrias dos judeus tm sido um assombro para o

    mundo. Como pode um a pequena nao, habitada por menos de trs milhes de pessoas, levar bancarrota nada menos que quatorze pases aliados, com uma po- pulao superior a 100 milhes?

    Nenhuma resposta, fora da Bblia Sagrada, pode sa- tisfazer plenamente a razo humana. A Palavra de Deus fala com uma clareza meridiana dos ltimos sucessos israelenses no Oriente Mdio:

    E os plantarei na sua terra, e no sero mais arran- cados da sua terra que lhe dei, diz o Senhor teu Deus (Ams 9:15).

    Naquele tempo os egpcios sero como mulheres e tremero e temero por causa do movimento da mo do Senhor dos Exrcitos, porque ele h de se mover contra eles. E a terra de Jud ser um espanto para 0 Egito; todo aquele a quem isso se anunciar se assombrar, por causa do propsito do Senhor dos Exrcitos, do que de- terminou contra eles (Isaas 19:16-17).

    Nesses dois textos, a Palavra de Deus afirma que os ju- deus seriam plantados na sua terra, de onde no sero mais arrancados, e que os egpcios seriam como mulheres diante de Israel. Quo risca essas palavras tm sido cumpridas!

    O medo dos soldados egpcios diante do exrcito is- raelense tem sido to grande que, m uitas vezes, os ju- deus no encontraram a mnima resistncia. Na Guer- ra dos Seis Dias, alguns pra-quedistas, que partiram com a misso de desalojar o inimigo de uma posio estratgica, chegaram ao local como turistas, porque os egpcios fugiram sem disparar um s tiro!

    O surpreendente resultado das guerras rabe-israe- lenses no pode ser atribudo somente ao treinamento rigoroso dos batalhes e eficincia das armas de Israel.

  • 34 Manual de Profecia Bblica

    Na guerra do Yom Kipur, por exemplo, s o Egito lanou 700 mil homens na batalha, assessorados por 2.500 tan- ques, 650 avies e 150 baterias de msseis antiareos. E, apesar de todo esse gigantesco aparato militar, foram duramente batidos.

    Levando em conta todo o esforo blico dos rabes e mais o fator surpresa, muita gente afirmou que s um milagre poderia salvar Israel. E o milagre aconteceu. Os judeus foram vitoriosos e muitos voltaram dos campos de batalha convertidos e relatando os milagres que ti- nham visto com seus prprios olhos.

    Muitos soldados contaram que, em situaes difceis, quando j no havia nenhuma possibilidade de sobrevi- vncia, um varo de branco apareceu por alguns se- gundos entre as fileiras, e os egpcios, tomados de re- pentino assombro, fugiram em debandada.

    Os milagres realmente aconteceram no Oriente M- dio, em razo da presena ali do povo de Israel. Mesmo no aceitando a informao de que os OVNIs realmente existam e de que os mesmos sejam pilotados por anjos, temos de reconhecer que houve, de fato, a ocorrncia de coisas espantosas em favor dos israelitas, facilitando- lhes as vitrias em todos os campos de batalha.

    A EXPANSO TERRITORIALIsrael defende a necessidade de fronteiras seguras

    para seu pas, e suas ltimas mudanas polticas vie- ram reforar ainda mais essa posio. Atraioado vrias vezes por seus vizinhos, abandonado por seus aliados e mais de uma vez deixado sua prpria sorte pelos orga- nismos internacionais, o pas hebreu sabe dos riscos que corre e, por isso mesmo, age segundo 0 seu prprio cri- trio de segurana.

    Mas existe outro aspecto do problema palestino, qua- se sempre desconhecido e negligenciado pelas grandes

  • 35Queda e Restaurao de Israel

    potncias: a escatologia bblica. Em realidade, a Bblia1 mo compulsada pelos polticos em busca de uma res- posta aos mistrios que envolvem a descendncia de Abrao. Como justificar a sobrevivncia desse povo per- seguido durante tantos sculos e 0 seu retorno Terra Santa, seno pela ao de um Deus Eterno?

    E para tornar em fato histrico 0 que prometeu, Deus se serve at mesmo dos inimigos do seu povo, como acon- teceu aps a Segunda Grande Guerra. A ento Unio So- vitica, tradicional opressora de trs milhes de judeus radicados em seu territrio, movimentou-se diplomatica- mente pela criao do Estado judeu na Palestina, e este Estado nasceu num s dia, 29 de novembro de 1947, por deliberao da Assemblia Geral da ONU, presidida pelo chanceler brasileiro Osvaldo Aranha. Cumpria-se Isaas 66.8: Pode, acaso, nascer uma terra num s dia?

    Como sabido, a inteno russa na ocasio era a de estabelecer no Oriente Mdio uma base de influncia via Israel, mas foi lograda. Ento voltou-se para os rabes, ar- mou-os e os empurrou para sucessivas guerras contra os judeus, resultando na ampliao territorial destes em pre- juzos daqueles. O povo judeu, amado por Deus por causa das promessas, nunca mais ser arrancado da sua terra.

    Mas a colonizao israelita dos territrios tomados aos rabes no deve ser encarada apenas do ponto de vista da segurana do pas judaico, pois tem razes na profecia bblica. A terra dada por Deus aos filhos de Is- rael nunca foi por estes ocupada em toda a sua plenitu- de. Ela ainda mais extensa do que a atual rea sob o domnio israelense, conforme Deuteronmio 1:7.

    A Palavra de Deus no falha!

  • 0 Primeiro Mundial

    Simbolizados na Bblia pelo ouro e por um leo alado, os caldeus triunfaram rapidamente sobre

    egpcios, assrios, fen cios e rabes, e construram a mais rica metrpole do mundo Antigo.

  • mandamento de Jesus de olharmos pri- meiramente para a figueira, que tipifica Israel, seguido de outro: ...e para todas

    as rvores (Lucas 21:29), que significa as naes gentlicas em geral, especialmente as que se relacionam com Israel.

    A fim de olharmos para essas rvores temos de deixar o moderno Israel de nossos dias e retroceder aos tempos dos profetas, especialmente Daniel, que com suas vises recheadas de impressionantes detalhes, trata da suces- so dos domnios dos gentios at 0 estabelecimento por Deus de um reino que ser estabelecido para sempre.

    Sucedendo ao domnio assrio, o perodo caldeu de Babilnia comeou em 626 a.C., quando Nabopolassar, partindo do golfo prsico, ocupou o trono babilnico a 22 de novembro. Auxiliados pelos medos, os caldeus fo- ram infringindo sucessivas derrotas aos assrios, toman- do-lhes as cidades de Sallar por volta de 623, Assur em 614, e Nnive dois anos depois, em 612 a.C.

    Aps suas vitoriosas campanhas contra a Sria e di- versas tribos do Norte, entre os anos 609 e 606 Nabopolassar confiou seu exrcito a Nabucodonosor, seu prncipe herdeiro, que combateu os egpcios em Kumuhi e Q uram ati, d e rro tan d o -o s defin itivam ente em Carquemis, nos meses de maio e junho de 606.

    Enquanto ainda estava na Palestina recebendo a su- jeio de outros povos, inclusive de Jud, ao tempo do rei Jeoiaquim, ouviu a notcia da morte do pai (15 de agosto de 605 a.C.), e imediatamente atravessou 0 de-

  • 40 Manual de Profecia Bblica

    serto para tomar as mos de Bel, e, assim, reivindicar oficialmente o trono, a 6 de setembro de 605 a.C. 4

    Por ocasio da sujeio da Judia ao imprio de Babilnia, Nabucodonosor ordenou a Aspenaz, chefe de seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, da linhagem real e dos nobres, jovens em quem no hou- vesse defeito algum, formosos de parecer, e instrudos em toda a sabedoria, sbios em cincia, e versados no conhecimento, e que tivessem habilidade para viver no palcio do rei, a fim de que fossem ensinados nas letras e na lngua dos caldeus. O rei lhes determinou a rao de cada dia, da poro do manjar do rei, e do vinho que ele bebia, e que assim fossem criados por trs anos, para que no fim deles pudessem estar diante do rei. Entre eles se achavam, dos filhos de Jud, Daniel, Hananias, Misael e Azarias (Daniel 1:3-6).

    Os jovens hebreus rejeitaram as iguarias reais por ferirem os princpios bblicos, pois tratava-se de alimen- tos consagrados idolatria, e a estes quatro jovens Deus deu o conhecimento e a inteligncia em toda cultura e sabedoria. E Daniel tornou-se entendido em todas as vi- ses e em todos os sonhos (v. 17).

    A ESTTUA PROFTICADepois de ver consolidado 0 seu reino, Nabucodonosor

    teve, certa noite, um impressionante sonho. Viu uma grande esttua que tinha a cabea de ouro, o peito e os braos de prata, o ventre e as coxas de cobre, as pernas ide ferro, e os ps em parte de barro e em parte de ferro. O rei estava olhando quando uma pedra foi cortada, sem mos, e feriu a esttua nos ps, reduzindo-a a p, para o qual no se achou lugar. E a pedra, por sua vez, tornou- se num grande monte que encheu toda a terra.

    Ao despertar na m anh seguinte, aos quatro jo- vens Deus deu o conhecimento e a inteligncia em toda

  • Babilnia, o Primeiro Imprio Mundial 4 1

    cultura e sabedoria. E Daniel tornou-se entendido em Iodas as vises e em todos os sonhos. Nabucodonosor convocou seus sbios, astrlogos e adivinhos e exigiu deles que lhe contassem o sonho e dessem a sua in- lerpretao.

    Ento os astrlogos disseram ao rei em siraco: rei, vive eternamente! Dize 0 sonho a teus servos, e dare- mos a interpretao. Respondeu 0 rei aos astrlogos: esta a minha deciso: Se no me fizerdes saber 0 sonho e a sua interpretao, sereis despedaados, e as vossas casas sero feitas um monturo (2:4-5).

    Os sbios de Babilnia, incapazes de atender ao rei, foram condenados morte, estando tambm na lista negra Daniel e seus companheiros, por certo Azarias, Misael e Ananias. Ao saber do decreto real, Daniel foi a Arioque, chefe da guarda do rei:

    Por que se apressa tanto 0 mandado da parte do rei? Ento Arioque explicou 0 caso a Daniel. Ao que Daniel se apresentou ao rei e pediu que lhe desse tempo, para que pudesse dar a interpretao. Ento Daniel foi para sua casa, e fez saber 0 caso a Hananias, Misael e Azarias, seus com- panheiros, para que pedissem misericrdia ao Deus do cu, sobre este mistrio, a fim de que Daniel e seus companhei- ros no perecessem, com 0 resto dos sbios de Babilnia. Ento foi revelado 0 mistrio a Daniel numa viso de noite, pelo que Daniel louvou o Deus do cu (2:15-19).

    De posse do segredo, Daniel procurou a Arioque e este depressa introduziu o jovem hebreu na presena do rei. Disse Daniel: Tu, rei, estavas olhando, e viste uma grande esttua. Esta esttua, que era grande e cujo es- plendor era excelente, estava em p diante de ti, e a sua aparncia era terrvel (v. 31).

    Depois de descrever a viso, Daniel passa a inter- pretar-lhe os diversos smbolos:

  • 42 Manual de Profecia Bblica

    Tu, rei, s rei de reis, a quem 0 Deus do cu deu 0 reino, 0 poder, a fora e a majestade, em cujas mos ele entregou os filhos dos homens, onde quer que habitem, os animais do campo e as aves do cu, e fez que dominas- ses sobre todos eles; tu s a cabea de ouro (w. 37-38).

    A CABEA DE OUROA profecia que estamos considerando trata da domi-

    nao dos gentios desde que Jud deixou de ser um rei- no, em 605 a.C., at o futuro estabelecimento do Mil- nio. A Palavra de Deus no prev para todo esse longo perodo mais do que quatro reinos mundiais, sendo o primeiros deles justamente o de Babilnia: Tu s a ca- bea de ouro, disse Daniel a Nabucodonosor.

    O imprio babilnico recebeu na Bblia Sagrada o ttulo de a jia dos reinos, a glria e o orgulho dos caldeus, e sua capital foi chamada de cidade dourada (Isaas 13:19; 14:4).

    A grandeza do reino dos caldeus pode ser medida pelas dimenses de sua capital:

    Era ento a maior e a mais moderna metrpole daquele tem- po, ocupando uma rea de 576 quilmetros quadrados, com 96 de permetro, ou seja 24 de cada lado. Muitas ruas, de 45 metros de largura por 24 km de comprimento, dividiam luxuosos quarteires com exuberantes jardins e suntuosas residncias, magnficos pal- dos e gigantescos templos. Um destes templos, dedicado a Bel, media cinco quilmetros de circunferncia, e um dos palcios reais ocupava uma rea superior a 12 quilmetros quadrados.5

    Algumas das descobertas dos arquelogos, que tm trabalhado na rea da famosa cidade desde o final do sculo passado, so de fato impressionantes:

    Uma m uralha de mais de vinte e dois quilmetros de comprimento e 42 metros de largura, que circundava a parte principal da cidade.

  • Babilnia, o Primeiro Imprio Mundial 43

    Muitas portas, sendo a mais impressionante de- las a de Istar, com seus 575 drages, touros, e lees esmaltados.

    A rua processional, que entrava na cidade pela porta de Istar ao norte, passava pelo palcio real, e a seguir atravessava diretamente a parte principal da ci- dade at o templo de Marduque, que detinha 0 ttulo de O Criador e Rei do Universo.

    O magnfico palcio decorado de Nabucodonosor, com seu salo, onde se encontrava o trono e um salo para banquetes medindo 17 metros de largura por 51 metros de comprimento.

    A base e 0 contorno da Torre de Babel, conhecida como E-Temen-an-ki, (a casa da plataforma, base do cu e da terra), a qual supe-se tenha sido as runas da infortunada torre referida no livro de Gnesis.

    As grandes runas de uma rea quadrangular, compostas de criptas abobadadas ou stos reforados com arcos de ladrilho, e cobertas de terras e escombros. Os escavadores acreditam que essas runas so os res- tos da estrutura da base dos famosos Jardins Suspensos uma das sete maravilhas do mundo Antigo.

    Cerca de trezentos tabletes cuneiformes que rela- tavam principalmente a distribuio de azeite e cevada aos cativos e aos trabalhadores especializados, proce- dentes de muitas naes que viviam em Babilnia e seus arredores, entre os anos 595 e 570 a.C.6

    To assombrosamente fecundo era esse pas que Herdoto evita relatar tudo que vira em Babilnia, temen- do no ser acreditado. De fato, essa grande metrpole in- ventou um alfabeto, resolveu problemas de aritmtica, inventou instrumentos para medio do tempo, descobriu a arte de polir, gravar e perfurar pedras preciosas; alcan- ou grande progresso nas artes txteis, aprendeu a re- produzir fielmente os contornos de homens e animais, es-

  • 44 Manual de Profecia Bblica

    tudou com xito o movimento dos astros, concebeu a idia da gramtica como cincia e elaborou um sistema de leis civis. Em grande parte, a cultura dos gregos provinha de Babilnia.

    H outras profecias relacionadas com o imprio Babilnico em Daniel:

    Quatro animais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar. O primeiro era como leo, e tinha asas de guia. Eu olhei at que lhe foram arrancadas as asas, e foi levantado da terra, e posto em p como um homem, e foi-lhe dado um corao de homem (7:3-4).

    Geralmente, em textos profticos (especialmente de Daniel), animais simbolizam reinos: leo (Babilnia), Daniel 7:4: urso e carneiro (o reino unido da Mdia e da Prsia), Daniel 7:5; 8:3,20: leopardo e bode (Grcia), Daniel 7:6; 8:5,21; animal terrvel e espantoso, com dez chifres (Roma), Daniel 7:7; Apocalipse 17:3. Mar ou guas simbolizam povos, Daniel 7:3; Apocalipse 17:5; ventos representam guerras, Jeremias 4:11; 25:32; Hc 1:11. Asas, rapidez, Daniel 7:4; Habacuque 1:6-8. Chifres ou pontas, reinos, Daniel 7:7,24; 8:7-9. Braos significam ajuda, exrcitos, Daniel 11:31.

    Acerca dos caldeus, eis o que registram outros profetas:

    J um leo subiu da sua ramada; um destruidor das naes se ps em marcha. Ele j partiu, e saiu do seu lugar para fazer da tua terra uma desolao, a fim de que as tuas cidades sejam destrudas, e ningum nelas habite (Jeremias 4:7). Suscito os caldeus, nao feroz e impetuosa, que marcha sobre a largura da terra, para se apoderar de moradas que no so suas. Ela terrvel e pavorosa; dela mesma sai 0 seu juzo e a sua dignidade. Os seus cavalos so mais ligeiros do que os leopardos, e mais ferozes do que os lobos tarde. Os seus cavaleiros espalham-se por toda a parte; os seus cavaleiros vm de

  • Babilnia, o Primeiro Imprio Mundial 45

    longe. Voam como guia que se apressa a devorar (Habacuque 1:6-8).

    Assim diz o Senhor: Vede! Ele voa como a guia, e estende as suas asas sobre Moabe (Jeremias 48:40). As- sim diz 0 Senhor Deus: Uma grande guia, de grandes asas, de farta plumagem, cheia de penas de vrias cores, veio ao Lbano e levou 0 mais alto ramo de um cedro (Ezequiel 17:3).

    Ao referir-se a Nabucodonosor, um escritor disse que o imprio era ele, e ele era 0 imprio:

    Como supremo e absoluto, sua corte no era mais que mera fantasia; seus corteses nada pesavam nas decises que ele tomava. Era 0 tudo, a majestade su- prema dum cetro que cobria vitorioso inteiramente 0 orbe conhecido e habitado. Alm disso, desempenhou Nabucodonosor uma administrao que conservou as naes todas em harmonia, bem como sob completa segurana e proteo. E, mais ainda, jamais a histria registrou um soberano poltico no trono do mundo mai- or do que ele. Ele a todos sobrepujou em glria, gran- deza e majestade. Assim, achou por bem Deus, que lhe dera todo o poder e a glria de que era senhor, honr-lo no smbolo da cabea de ouro fino da est- tua de seu impressionante sonho inspirado, ainda que ela representasse com toda a evidncia o imprio caldeu neobabilnico.

    E surpreendente notar que a interpretao de Daniel ignorou por completo, no somente os reis que precederam Nabucodonosor no trono de Babilnia como tambm os que lhe sucederam. Sim, s ele foi levado em alta conta pelo Cu naquele trono do mundo. Todos os demais que ali se assentaram, praticamente nada representam aos olhos daquEle que a suprema auto- ridade na terra e no cu. Em toda a terra e em toda a histria no houve outro potentado que governasse o mundo to a contento de Deus.7

  • 46 Manual de Profecia Bblica

    Os babilnios mantiveram 0 domnio mundial desde 612 a.C., quando Nnive, a capital dos assrios, foi toma- da por Nabopolassar. Esse primeiro imprio durou at 15 de outubro de 539 a.C., pois no dia seguinte os medo- persas assumiram a supremacia mundial.

  • 40 Simbolico

    Urso Destruidor

    Coligados, os medos e persas venceram os caldeus e form aram um vasto imprio, porm, inferior ao de

    Babilnia, como previu Daniel.

  • ando seqncia interpretao do sonho de Nabucodonosor, disse Daniel: Depois de ti se levantar outro reino, inferior ao

    teu (Daniel 2:39). Esse segundo imprio est simboliza- do na esttua pelo peito e braos de prata, metal inferior ao ouro.

    Na viso dos animais, Daniel viu o segundo governo "semelhante a um urso, o qual se levantou de um lado, tendo na boca trs costelas entre os dentes, e foi-lhe dito: Levanta-te, devora muita carne(Daniel 7:5).

    Embora 0 urso no seja 0 rei dos animais, atinge maior estatura e peso que o leo. Diz-se que sua maior espcie foi encontrada na Mdia, pas montanhoso, acidentado e frio. Os seus 42 dentes, as suas formidveis e grandes garras aguadas, 0 seu grande peso, a sua coragem e a sua ast- cia, fazem-no grandemente terrvel. No que respeito sua crueldade, ferocidade e sede de sangue, no tem rival. Ao andar, no rapidamente, senta a planta do p no cho (ao contrrio dos ps do cachorro e do leo), dando a impres- so de amassar tudo onde que quer pise ou passe, como se fora um rolo compressor que tudo arrasa.

    em seus ps que reside a sua maior fora de dom- nio e destruio... Assim, seu trplice poder, concentrado em seu peso, sua boca e seus ps, faz do urso o segundo em seu reino, s vencido pelo leo aps renhida batalha. No podendo 0 urso ser 0 rei dos quadrpedes, parece pretender s-lo. No alcanando, todavia, supremacia ab- soluta, obrigado a cometer destruio para impor-se, como se supremo fora, sem contudo lograr o seu objetivo.

  • 50 Manual de Profecia Bblica

    Neste terrvel animal carniceiro e destruidor, fora 0 imp- rio Medo-Persa figurado pela revelao.8

    De fato, os soberanos medo-persas, inbeis para go- vernar o mundo, cometeram as maiores e mais vis atro- cidades. Em suas conquistas procuraram vencer, no mediante categorias blicas, mas pela avalanche de suas tropas, da o massacre a quaisquer povos que lhes opu- sessem a menor resistncia. Somente para o transporte de vveres, usavam os persas uma frota de 1.200 barcos, com uma tripulao de 300 mil homens!

    Os exrcitos medo-persas passaram histria como profundamente sanguinrios, devoradores de muita car- ne, conforme anunciava a profecia. Afirma-se que Tomires, rainha dos citas, mandou cortar a cabea de Ciro e mer- gulhou-a num odre cheio de sangue humano, dizendo: Farta-te de sangue, de que sempre viveste sequioso.

    As trs costelas entre os dentes do urso, bem como as trs direes em que 0 carneiro dava marradas, signi- ficam as trs primeiras presas: Babilnia, Egito e Ldia (Daniel 8:4).

    O CARNEIRO COM DOIS CHIFRESMais adiante o profeta v 0 mesmo imprio na figura

    de outro animal:

    No terceiro ano do reinado do rei Belsazar apareceu- -me uma viso, a mim, Daniel, depois daquela que me apa- receu no princpio. Na viso que tive, vi que eu estava na cidadela de Sus, na provncia de Elo; na viso eu estava junto ao rio Ulai. Levantei os olhos, e vi um carneiro que estava diante do rio, 0 qual tinha dois chifres, e os dois chifres eram altos. Um dos chifres era mais alto do que 0 outro, e 0 mais alto subiu por ltimo. Vi que 0 carneiro dava marradas para 0 ocidente, para 0 norte e para 0 sul.

  • O Simblico Urso Destruidor 5 1

    Nenhum animal podia estar diante dele, nem havia quem pudesse livrar-se das suas mos. Ele fazia conforme a sua vontade, e se engrandecia (Daniel 8:1-4).

    Esta viso do carneiro Daniel teve por volta do ano 553 a.C., cerca de 14 anos antes da queda de Babilnia. signi- licativo que o profeta se achasse em Sus, a capital da Prsia, pois a viso relacionava-se diretamente com os persas.

    Trazendo mais luzes sobre as vises anteriores, da segunda parte da esttua e do urso, o carneiro apre- senta-se com dois chifres, smbolos da Mdia e da Prsia. O fato de a mais alta subir por ltimo significa que Dario, embora tenha primeiramente ocupado 0 tro- no, perdeu -0 para Ciro na batalha de Passargade, 0 que elevou os persas sobre os medos: Um dos chifres era mais alto do que o outro, e o mais alto subiu por ltimo (Daniel 8:3).

    Na explicao dada pelo anjo a Daniel no h qual- quer dvida: Aquele carneiro que viste com dois chifres so os reis da Mdia e da Prsia (Daniel 8:20).

    BELSAZAR E A QUEDA DE BABILNIANo ano 539 a.C., na mesma noite em que Belsazar

    banqueteava-se com mil de seus grandes e dava lou- vores aos deuses pagos, profanando os vasos sagra- dos do templo de Salomo, caiu 0 imprio babilnico. A sentena divina na caiadura da parede: Mene, Mene, Tequel Ufarsim, cum priu-se horas depois de explicada por Daniel. Mene: Contou Deus o teu reino, e o acabou. Tequel: Pesado foste na balana, e foste achado em falta. Peres: Dividido foi.o teu reino, e deu- se aos medos e aos persas (Daniel 5:25-28). Naquela mesma noite foi morto Belsazar, rei dos caldeus, e Dario, o medo, ocupou o reino, com a idade de ses- senta e dois anos (Daniel 5:30-31).

  • 52 Manual de Profecia Bblica

    H uma interessante nota na Bblia de Figueiredo, verso clssica, acerca da filiao de Belsazar, nome que tambm pode ser grafado como Baltasar.

    O rei Baltasar , segundo a opinio mais provvel, o filho do ltimo rei de Babilnia, Nabonide; pelo menos Nabonide, nas suas inscries, diz-nos que teve um filho chamado Baltasar. Este ltimo no era rei, mas exercia o poder supremo, porque o seu pai o tinha associado ao governo e recomendara-lhe a defesa de Babilnia, de onde estava ausente por ocasio do cerco de Ciro.

    Os racionalistas tm se servido da histria de Baltasar. Contudo, as descobertas modernas referem-se existncia do filho de Nabonide, por nome Baltasar, ao contrrio do que sustentou Halevy, que entendia que Nabonide e Baltasar eram uma s pessoa... Os cilindros de Nabonide, em argila, encontrados em Mugheir, a antiga Ur, nos quatro ngulos do Templo de Sim (a Lua), hoje existentes no Museu Britnico, claramente referem a existncia de um filho de Nabonide, Baltasar, Bei-sar-usur, filho do rei.

    Assim sabemos acerca de Baltasar o seguinte: pelas inscries, que o filho primognito de Nabonide se chamava Baltasar; por Xenofonte, que Nabonide no voltou a Babilnia depois da sua destruio, refugiando-se em Borsipa; por Daniel, que Baltasar governava em Babilnia, como sendo o personagem do governo. Pode desejar-se acordo mais completo entre testemunhos provenientes de origens to diversas?

    CIRO, O UNGIDO DE DEUSPelo menos uns duzentos anos antes de os persas

    surgirem no cenrio mundial, seus famosos reis j estavam profetizados na Bblia:

    [Eu sou o Senhor] que digo de Ciro: meu pastor, e cumprir tudo o que me apraz; ele dir de Jerusalm: Ela ser reedificada, e do templo: Ser fundado. Assim diz o Senhor ao

  • O Simblico Urso Destruidor 53

    seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mo direita, para abater as naes diante de sua face, e descingir os lombos dos reis, para abrir diante dele as portas, e as portas no se fecharo:

    Eu irei adiante de ti, e endireitarei os caminhos tortos; quebrarei as portas de bronze, e despedaarei os ferrolhos de ferro. Dar-te-ei os tesouros das trevas, e as riquezas encobertas, para que possas saber que eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que te chama pelo teu nome. Por amor de meu serro Jac, e de Israel, meu eleito, eu te chamo pelo teu nome, ponho-te o teu sobrenome, ainda que no me conheces (Isaas 44:28; 45:1-4).

    Acerca dessa interessante profecia, observa o Dr. Scofield:

    Este o nico caso em que a palavra ungido, em unio com a expresso meu pastor, que tambm um ttulo messinico, assinala Ciro como a assombrosa exceo de que um gentio seja tipo de Cristo. Os pontos de comparao so os seguintes: ambos, Cristo e Ciro, so conquistadores dos inimigos de Israel (Isaas 45:1; Apocalipse 19:19-21); ambos restauram a cidade santa (Isaas 44:28; Zacarias 14:11); por meio de ambos o nome do nico Deus verdadeiro glorificado (Isaas 45:6; 1 Corntios 15:28).

    Com Ciro inaugurou-se uma nova poltica em relao aos povos conquistados. Apesar da crueldade com que lidava com seus inimigos, Ciro tratou seus sditos com considerao, conquistando-os como amigos. Por seus famosos decretos, promulgados no segundo ano de seu governo, permitiu a volta de todos os povos s suas prprias terras. Parece que, de modo especial, o famoso imperador dos persas favoreceu os judeus, concedendo-lhes generosa ajuda.

    CAMPANHAS CONTRA OS GREGOSO captulo onze de Daniel tem sido dividido, para efei

    to de estudos, em quatro partes: Versos 1 -4, os reis da Prsia e o terceiro imprio at a sua

    diviso em quatro partes, aps a morte de Alexandre, o Grande;

  • 54 Manual de Profecia Bblica

    Versos 5-20, os reis do Norte e do Sul (Sria e Egito); Versos 21-35, o reinado de Antoco Epifnio; Versos 36-45, o Anticristo, no final dos tempos.A primeira parte, de que nos ocupamos aqui, abrange

    o perodo de 539 a.C., desde a tomada de Babilnia pelos medos e persas, at 424 a.C., quando faleceu Artaxerxes Longmanos. O texto bblico diz: Ainda trs reis se levantaro na Prsia, e o quarto ser cumulado de grandes riquezas mais do que todos. E, tendo-se fortalecido por meio das suas riquezas, agitar a todos contra o reino da Grcia.

    Os reis mencionados nesse texto foram Cambises, Pseudo Smerdis e Dario Histaspes, considerando que a viso fora dada no ano terceiro de Cri, conforme Daniel 10:1. O quarto rei foi Xerxes I, imensamente rico, que invadiu a Grcia nos anos 483 a 480, conhecido no livro de Ester como Assuero. Tanto a Bblia como a histria grega falam dele como sendo homem sensual, devasso, dspota, insidioso e cruel. Assuero ocupou o trono no ano 486.

    De acordo com John D. Davis, no segundo ano de seu reinado subjugou os egpcios que se haviam revoltado contra Dario, e quatro anos mais tarde preparou um imenso exrcito e invadiu a Grcia, mas foi obrigado a retroceder depois da batalha de Salamina, onde a sua esquadra foi aniquilada por uma pequena frota grega em 480 a.C. A me de Xerxes, Atossa, era filha de Ciro.

    Convm salientar que o Assuero que aparece em Esdras 4:6 no o mesmo de Ester, mas sim Cambises, que reinou de 529 a 521 a.C. tambm o mesmo Cambises quem aparece em Esdras 4:7 com o nome de Artaxerxes. O que aparece em Esdras 7:1, j ao tempo de Esdras, por volta de 458 a.C., Artaxerxes Longmanos, o que permitiu a Esdras e Neemias levarem um grande nmero de judeus de volta a Jerusalm e reconstrurem as muralhas da cidade santa, (Esdras 7:11-28). Ele o ltimo imperador persa mencionado no Antigo Testamento.

  • 50 Rei Valente e seu Sonho Dourado

    Um reino sem fronteiras, sem guerras e sem crises econmicas, tal como sonhou Alexandre, somente

    ser realidade quando o Messias reinar.

  • eferindo-se ao reino grego, anunciou o profeta: E um terceiro reino, de bronze, o qual ter domnio sobre toda a te r

    ra (Daniel 2:39b).Nos captulos 7 e 8 de Daniel, lemos:

    Depois disto, continuei olhando, e vi outro animal, semelhante a um leopardo, e tinha quatro asas de ave nas costas. Este animal tinha quatro cabeas, e foi-lhe dado domnio...

    Estando eu considerando, vi que um bode vinha do ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no cho, e aquele bode tinha um chifre notvel entre os olhos. Dirigiu-se ao carneiro que tinha os dois chifres, ao qual eu tinha visto diante do rio, e correu contra ele no furor da sua fora. Vi-o chegar perto do carneiro, e, irritado contra ele, o feriu e lhe quebrou os dois chifres, pois no havia fora no carneiro para lhe resistir: em seguida o bode o lanou por terra e o pisou aos ps, e no houve quem pudesse livrar o carneiro do seu poder.

    O bode se engrandeceu sobremaneira; estando, porm, na sua maior fora, aquele grande chifre foi quebrado, e subiram no seu lugar quatro tambm notveis, para os quatro ventos do cu (Daniel 7:6; 8:5-8).

    interessante notar que, assim como o leo foi o animal adotado pelos babilnicos como o smbolo de seu imprio, o bode serviu para identificar o poderio grego, como emblema do poder real.

  • 58 Manual de Profecia Bblica

    O bode muito apropriadamente tpico do imprio grego ou macednio, porque os macednios, a princpio, mais ou menos 200 anos antes de Daniel, eram chamados aegeadae, ou povo do bode; e, nessa ocasio, como referem autores pagos, Caranus, seu primeiro rei, indo com uma grande multido de gregos procura de novas habitaes na Macedonia, foi mandado pelo orculo tomar os bodes como seus guias para o imprio, e, mais tarde, vendo um rebanho de bodes a fugir de uma violenta tempestade, seguiu-os at Edessa, e ali fixou a sede do seu imprio; fez dos bodes suas insgnias ou estandartes, e chamou a cidade Aegeae, ou cidade do bode.

    Esta observao semelhantemente devida ao excelentssimo Sr. Mede; e a isto pode-se acrescentar que a cidade Aegeae, ou Aegae, foi o lugar de sepultamento usual dos reis macednios. tambm muito notvel que o filho de Alexandre, de Roxama, chamou-se Alexandre Aegus, ou filho do bode; e alguns dos sucessores de Alexandre so representados em suas moedas com chifres de bode.9

    Outros importantes testem unhos acerca do bode como smbolo dos gregos esto no Museu Britnico. As moedas macednias, de cerca de 25 sculos, trazem no seu reverso a figura de um bode. Tambm na mitologia grega aparece o deus Pan, filho de Hermes e da ninfa Dryope, representado com chifres, corpo e ps de bode da cintura para baixo. Finalmente, o mar Egeu, que banha a Macedonia e a Grcia, significa mar do bode.

    O imprio grego est representado pelo ventre e coxas de cobre, pelo leopardo com quatro asas e pelo bode que vinha do Ocidente sem tocar no cho, o qual tinha uma ponta notvel entre os olhos. As asas falam da rapidez das conquistas de Alexandre, o bode que partiu do Ocidente sem tocar no cho. O serem quatro asas significa o desmembramento do imprio em quatro dinastias independentes.

  • O Rei Valente e seu Sonho Dourado 59

    A mesma significao tm as quatro cabeas do leopardo e as quatro pontas que se levantam do bode, ao cair-lhe a primeira, a grande ponta. A Palavra de Deus clarssima: Mas o bode peludo o rei da Grcia, e o chifre grande que tinha entre os olhos o primeiro rei. O ler sido quebrado, levantando-se quatro em seu lugar, significa que quatro reinos se levantaro da mesma nao, mas no com a fora dele (Daniel 8:21-22).

    CARTAS FAMOSASFicou clebre a correspondncia trocada entre Ale

    xandre e Dario III, tam bm conhecido por Dario Codomano, filho de Artaxerxes II, o qual comeou a reinar no mesmo ano que Alexandre, ou seja, em 336 a.C.

    A primeira carta de Dario a Alexandre diz o seguinte:

    Desta capital dos reis da terra: Enquanto o sol brilhar sobre a cabea de Iskander Alexandre, o salteador etc. etc., saiba ele que o Rei dos Cus me outorgou o domnio da terra, e que o Todo-Poderoso me concedeu os quatro quartos da superfcie dela. Distinguiu-me outros- sim a providncia com a dignidade, a majestade e a glria, e com um sem conta de campees e confederados.

    Chegou ao nosso conhecimento que reunistes uma corja de ladres e rprobos, a multido dos quais a tal ponto vos escaldou a imaginao que vos propusestes, com a ajuda deles, disputar a coroa e o trono, devastar o nosso reino e destruir o nosso pas e o nosso povo.

    Tais resolues so, em sua crueldade, perfeitamente consistentes com a fatuidade dos homens de Room. Mas, melhor para o vosso bem que, ao lerdes estas linhas regresseis imediatamente do lugar at onde chegastes.

    Quanto ao vosso movimento criminoso, no tenhais receio da nossa majestade e punio, pois no entrastes ainda para o nmero daqueles que nos merecem vingana ou castigo. Olhai bem! Mando-vos um cofre cheio de ouro e um burro carregado de ssamo no propsito de

  • 60 Manual de Profecia Bblica

    dar-vos uma idia da extenso da minha riqueza e poder. Mando-vos tambm um chicote e uma bola: a ltima para que vos entretenhais com um brinquedo prprio da vossa idade; o primeiro para servir ao vosso castigo.

    Ao receber essa carta, ordenou Alexandre que fossem presos e executados os embaixadores que a tinham trazido. Mas estes lhe suplicaram misericrdia e foram finalmente atendidos. Regressaram para o seu pas levando a seguinte resposta de Alexandre a Dario:

    De Su-ul-Kurnain Alexandre quele que pretende ser o rei dos reis; que se julga temido pelas prprias hostes celestes; e que se considera a luz de todos os habitantes do mundo! Como se pode ento dignar to alta pessoa de temer um inimigo to desprezvel como Iskander?

    No saber Dar Dario que o Senhor Onipotente outorga poder e domnio a quem bem lhe apraz? E tambm que quando um fraco mortal se julga um deus e vencedor das hostes celestes a indignao do Todo-Poderoso lhe reduz a runa o reino?

    Como pode um indivduo destinado morte e decomposio ser um deus, ele a quem lhe tomam o reino e que deixa para outros os prazeres deste mundo?

    Olhai! Decidi travar batalha convosco e para isso marcho na direo de vossas terras. Confesso-me fraco e humilde servo de Deus, a quem ofereo as minhas preces para que me conceda a vitria e o triunfo, e a quem adoro.

    Com a carta em que fizestes tamanho alarde dos vossos poderes e me enviastes um chicote, uma bola, um cofre cheio de ouro e um burro carregado de ssamo; tudo isso agradeo boa fortuna e considero como sinais auspiciosos. O chicote significa que serei o instrumento do vosso castigo e me tornarei o vosso governador, preceptor e diretor. A bola indica que a superfcie da terra e a circunferncia do globo obedecero ao lugar-tenentes. O cofre de ouro, que uma parte do vosso tesouro, denota que as vossas riquezas me sero

  • O Rei Valente e seu Sonho Dourado 61

    transferidas muito breve. E quanto ao ssamo, embora os seus gros sejam to numerosos, todavia macio ao tato e de todos os gneros de alimento o menos nocivo e desagradvel.

    Em retribuio vos envio um saco de mostarda para provardes e reconhecerdes o amargor da minha vitria. E no obstante vos terdes exaltado com tamanha presuno, soberbo da grandeza do vosso reino e pretendendo ser uma divindade na terra, ousando mesmo comparar-vos majestade celeste, eu verdadeiramente que sou vosso senhor supremo; e embora vos tenhais esforado por me alarmar com a enumerao do vosso poder e dos vossos recursos em homens e armas; todavia confio na interveno da Divina Providncia que hei de ver a vossa jactncia reprovada por todo o gnero humano; e que na mesma proporo em que vos exaltastes vos humilhar o Senhor e me conceder a vitria sobre vs. No Senhor est a minha f e a minha confiana. Adeus!

    Depois da troca dessas cartas, os dois exrcitos se defrontaram em Farist, onde os persas sofreram fragorosa derrota. Dario fugiu para alm do Eufrates, e foi reunir um exrcito ainda mais numeroso. Tentou negociar com Alexandre, oferecendo-lhe pela paz a metade do seu reino, mas Alexandre, contra a opinio de seus generais, preferiu arriscar as suas tropas em nova batalha e ganhar toda a Prsia. Eis a resposta que mandou proposta de Dario:

    Dario:

    Dario (Dario, o Grande, derrotado em Maratona), (Dario, o Grande, por cujo nome sois chamado) devastou, se a histria diz a verdade, todas as cidades gregas da costa do Helesponto; todas as colnias jnias deste lado. Nem se contentou ele com isso, mas, atravessando o mar com um vasto exrcito, executou uma segunda invaso; sendo, po

  • 62 Manual de Profecia Bblica

    rm, vencido no mar, retirou-se, deixando l o general Mardnio, o qual em sua ausncia deveria saquear toda a Grcia, talar-lhe os frteis campos e arrasar-lhe as florescentes cidades.

    Acrescente-se a isso a morte de meu pai Felipe, cujos assassinos corrompestes e subornastes vilmente com a promessa de grande soma em dinheiro.

    Assim comeais uma guerra e assim covardemente a levais avante, tentando assassinar aqueles que tremeis de encontrar no campo de batalha; testemunho disso so os mil talentos que oferecestes a quem quisesse ser o meu assassino, mesmo quando estveis conduzindo contra mim um tamanho exrcito. Por conseguinte, a guerra em que estou atual- mente empenhado em minha prpria defesa; e os deuses, dando o triunfo s minhas armas e permitindo-me conquistar grande parte do vosso imprio, manifestaram a justia da minha causa. Bati-vos no campo da luta; e, embora no me sinta obrigado pela honra nem pela gratido a atender-vos no que quer que seja, todavia vos prometo, se vierdes a mim da maneira que exige a vossa condio, darei liberdade a vossa esposa e a vossos filhos, mesmo sem nenhum penhor. Como conquistador levastes uma lio; vereis ainda como sei tratar com honra aqueles a quem veno. Se no entanto duvidais de vossa segurana aqui, prometo-vos que tereis uma escolta para vos guardar de qualquer atentado.

    Entrementes, toda vez que tiverdes ocasio de escrever a Alexandre, lembrai-vos de que vos dirigis a quem no somente rei, mas tambm o vosso rei.10

    Finalmente, em 21 de setembro de 331 a.C., aprovei- tando-se de um eclipse lunar, o exrcito macednio, comandado por Alexandre, atravessou o Tigre, e de novo a Grcia e a Prsia se defrontaram em Arbela (ou Gaugamela) numa das batalhas decisivas da Histria. Novamente, a vitria coube a Alexandre, e desta vez lhe trouxe, na idade de vinte e cinco anos, a supremacia indisputvel sobre a maior parte do mundo ento conhecido. Mais uma vez em fuga, Dario foi morto por um dos seus strapas.

  • O Rei Valente e seu Sonho Dourado 63

    O SONHO DE ALEXANDREAlexandre Magno nasceu era Pela, em 356 a.C. e mor

    reu em Babilnia, em 323 a.C. Filho de Felipe II e Olmpia, assume o trono em 336 a.C., aps o assassinato do pai, e um ano depois, no Congresso Pan-helnico de Corinto, aclamado general de todas as foras gregas.

    Com um exrcito de 35.000 infantes, 5.000 cavaleiros c uma frota de 169 navios, vence o exrcito persa s m argens do rio Granico, ocupa a Frigia, em cuja capital, Grdio, corta um n complicado que, segundo a tradio, daria a quem o desembaraasse o imprio da sia. Em 333, na plancie de Isso, vence novamente os persas. A caminho do Egito, Tiro e Gaza so vencidas e arrasadas. recebido no Egito como filho dos faras; funda a cidade de Alexandria no delta do Nilo e ataca os exrcitos do rei persa Dario III em Arbela (ou Gaugamela), no ano 331, derrotando definitivamente o imprio Medo-Persa. Cumprindo a profecia bblica, que previa para o terceiro reino um domnio sobre toda a terra, em 327 a.C., aps a conquista do Oriente Mdio e do Norte da frica, invade a ndia.

    Alexandre, entre os 13 e 16 anos de idade, teve como mestre o famoso Aristteles, que lhe despertou o interesse para a Filosofia, a Medicina e a investigao cientfica. O seu grande mrito foi o de unificar o mundo grego e difundir o helenismo, criando assim um mundo novo. Com sua forte personalidade, Alexandre Magno passou Histria como o mais famoso conquistador da antiguidade. Reinou 12 anos e oito meses. Faleceu aos 33 anos, vtima de uma febre violenta, aps prolongado banquete e muita bebida. Dele disse Orlando Boyer:

    Ele j estava porta de qualquer cidade para conquist- la, antes mesmo de algum saber que tinha sado de seu palcio... Alexandre tinha o grande alvo de fazer do mundo inteiro uma s nao, a Alexandrilndia. No poderia ha-

  • 64 Manual de Profecia Bblica

    ver mais guerras nem carestia, porque no haveria mais estrangeiros nem fronteiras, e todos os homens, assim, podiam gozar paz e prosperidade. (Era o seu sonho dourado, mas s h um que pode realiz-lo: Jesus Cristo) Alexandre, ainda muito novo, dominou o mundo inteiro e chorou porque no havia outros reinos a conquistar!"

    ALEXANDRE E OS JUDEUSA grande ponta do bode significa no o primeiro mo

    narca, mas o primeiro reino dominado sucessivamente por Alexandre Magno, por seu irmo Arideu e por seus dois filhos, Alexandre e Hrcules. J o rei valente de Daniel 11:3-4 aponta para o primeiro imperador da Grcia, Alexandre. Este fez do povo judeu o alvo de sua especial considerao, pois, ao aproximar-se de Jerusalm, o sumo sacerdote saiu-lhe ao encontro mostrando as profecias bblicas que indicavam o triunfo dos gregos sobre os medo-persas e, especialmente, o papel que o grande general macednio deveria cumprir no plano divino. Vejamos o que registrou o grande historiador ju deu, Flvio Josefo:

    Quando se soube que ele j estava perto, o Gro- sacrificador (o sumo sacerdote) acompanhado pelos outros sacrificadores e por todo o povo, foi ao seu encontro, com essa pompa to santa e to diferente da das outras naes, at o lugar denominado Sapha, que em grego significa mirante, porque de l se podem ver a cidade de Jerusalm e o templo. Os fencios e os caldeus, que estavam no exrcito de Alexandre, no duvidaram de que na clera em que ele se achava contra os judeus ele lhes permitiria saquear Jerusalm e daria um castigo exemplar ao Gro-sacrificador.

    Mas aconteceu justamente o contrrio, pois o soberano apenas viu aquela grande multido de homens vestidos de branco, os sacrificadores revestidos com seus

  • O Rei Valente e seu Sonho Dourado 65

    paramentos de linho e o Gro-sacrificador, com seu fode, de cor azul adornado de ouro e a tiara sobre a cabea, com uma lmina de ouro sobre a qual estava escrito o nome de Deus, aproximou-se sozinho dele, adorou aquele augusto nome e saudou o Gro-sacrificador, ao qual ningum ainda havia saudado. Ento os judeus reuniram- se em redor de Alexandre e elevaram a voz, para desejar- lhe toda a sorte de felicidade e de prosperidade. Mas os reis da Sria e os outros grandes, que o acompanhavam, ficaram surpresos de tal espanto, que julgaram que ele tinha perdido o juzo. Parmnio, que gozava de grande prestgio, perguntou-lhe como ele, que era adorado em todo o mundo, adorava o Gro-sacrificador dos judeus.

    No a ele, respondeu Alexandre, ao Gro- sacrificador, que eu adoro, mas a Deus de quem ele ministro. Pois quando eu ainda estava na Macedonia e imaginava como poderia conquistar a sia, Deus me apareceu em sonhos com esses mesmos hbitos e me exortou a nada temer. Disse-me que passasse corajosamente o estreito do Helesponto e garantiu-me que ele estaria frente do meu exrcito e me faria conquistar o imprio dos persas. Eis por que jamais tenho visto antes a ningum vestido de trajes semelhantes quele com que ele me apareceu em sonho. No posso duvidar de que foi por ordem de Deus que empreendi esta guerra, e assim vencerei a Dario, destruirei o imprio dos persas e todas as coisas suceder-me-o segundo os meus desejos.

    Alexandre, depois de ter assim respondido a Parmnio, abraou o Gro-sacrificador e os outros sacrificadores; caminhou depois no meio deles at Jerusalm, subiu ao templo, ofereceu sacrifcios a Deus da maneira como o Gro-sacrificador lhe dissera fazer. O Soberano Pontfice mostrou-lhe em seguida o livro de Daniel, no qual estava escrito que um prncipe grego destruiria o imprio dos persas e disse-lhe que no duvidava de que era ele a quem a profecia fazia meno. Alexandre ficou contente; no dia seguinte, mandou reunir o povo e ordenou-lhe que dissesse que favores desejava receber dele.

  • 66 Manual de Profecia Bblica

    Falando pelo povo, o Gro-sacrificador respondeu- lhe que eles lhe suplicavam permitir-lhes viver segundo as leis deles e as leis de seus antepassados, e isent-los no stimo ano do tributo, o qual lhe pagariam durante os outros seis anos. Ele concedeu-lhes. Tendo-lhe ainda, eles pedido que os judeus que moravam em Babilnia e na Mdia gozassem dos mesmos favores, Alexandre o prometeu com grande bondade, e disse que se alguns desejassem servir no exrcito grego, ele permitiria que os cons- critos vivessem segundo a prpria religio e costumes. Vrios ento se alistaram.12

    OS QUATRO REINOS QUE SE REDUZIRAM A DOIS

    No captulo 11 de Daniel, versos 3 e 4, as profecias acerca de Alexandre complementam as anteriores: Depois se levantar um rei valente, que reinar com grande domnio, e far o que lhe aprouver. Mas, estando ele em p, o seu reino ser quebrado, e ser repartido para os quatro ventos do cu. No passar sua posteridade, nem ter o mesmo poder com que reinou, porque o seu reino ser arrancado, e passar a outros.

    Os quatro ventos do cu so as quatro dinastias independentes em que se dividiu o imprio de Alexandre, em 301 a.C., na batalha de Ipsus: Ptolomeu, filho de Lago, no Sul, ficou com o Egito e mais tarde obteve Chipre; Cassandro, no Oeste, ficou com a Macedonia, Tessalia e Grcia; Seluco Nicanor, no Leste, com Babilnia, Sria e todo o Oriente; Lismaco, no Norte, reinou sobre a Trcia e a Capadcia.

    Os versos 5 e 20, do captulo 11, de Daniel, falam de uma guerra prolongada entre os reis da Sria e do Egito. O primeiro desses versos assim explicado por Sir Isac Newton:

    Demtrio, filho de Antgono, conservou apenas uma pequena parte dos domnios paternos, e por fim perdeu

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    Chipre para Ptolomeu. Mas depois do assassinato de Alexandre, filho e sucessor de Cassandro, rei da Macedonia, Demtrio apoderou-se desse reino no ano de 454 de Nabonassar (294 a.C.). Algum tempo depois, quando preparava um grande exrcito para reconquistar os domnios de seu pai na sia, Seluco, Ptolomeu, Lismaco e Pirro, rei do piro, ligaram-se contra ele, invadindo a Macedonia, corromperam o exrcito de Demtrio, pondo o rei em fuga. Em seguida, apoderaram-se do seu reino e o dividiram com Lismaco. Sete meses aps, Lismaco venceu a Pirro, tomou-lhe a Macedonia e a susteve durante cinco anos e meio, unindo-a ao reino de Trcia.

    Em suas guerras contra Antgono e Demtrio, Lismaco lhes havia tomado a Cria, a Ldia e a Frigia. Ele tinha ainda um tesouro em Prgamo, num castelo no topo de uma colina cnica na Frigia, perto do rio Caicus, cuja guarda havia confiado a um tal Filatero, que a princpio lhe foi fiel, mas por fim se revoltou contra ele, no ltimo ano de seu reinado, pois Lismaco, instigado por sua esposa Arsino, comeou assassinando seu prprio filho Agatocles e depois diversos outros que o choravam. A viva de Agatocles fugiu com os filhos e alguns amigos, e pediu a Seluco que guerreasse a Lismaco. Diante disso, Filatero, que era acusado de ter sido o assassino de Agatocles, pela prpria Arsino, ps-se em armas ao lado de Seluco.

    Nessa ocasio, Seluco deu batalha a Lismaco na Frigia; este morreu na batalha e Seluco tomou o seu reino no ano 465 de Nabonassar (283 a.C.).

    Assim o imprio dos gregos, que inicialmente se havia dividido em quatro, reduziu-se novamente a dois reinos notveis os quais so chamados por Daniel de os reinos do Sul e do Norte. Ento Ptolomeu reinava sobre o Egito, a Lbia, a Etipia, a Arbia, a Fencia, a C