Livro de Botânica 1 - Caderno I - Classificação dos Seres Vivos

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Livro de Botânica 1 – 2007 prof Arlindo Costa 1 CADERNO I – CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS A palavra Botânica:deriva do adjetivo grego βοτανικς, "que se refere às plantas". A botânica como ciência teve origem no antigo mundo Grego-Romano. Entre os gregos, as mais antigas observações referentes às plantas podem ser encontradas nos poemas homéricos, em Hesíodo e em alguns fragmentos do filósofo pré-socrático Empédocles de Acragás (-492/-432). As primeiras referências "científicas" importantes às plantas estão na coleção hipocrática : perto de trezentos re- médios preparados com plantas são mencionados em diversos tratados. Em um deles, Da Natureza da Criança, a germinação das sementes, crescimento das plantas e até mesmo alguns aspectos da fisiologia vegetal foram a- bordados. Aristóteles (-384/-322) fez algumas menções às plantas, especialmente para compará-las com os animais mas foi seu discípulo Teofrasto (-371/-287) quem escreveu os mais extensos e influentes tratados de botânica da Antigüi- dade. Foi chamado o ¨ Pai da Botânica¨. Dividiu as plantas em 2 grupos: plantas com flores e plantas sem flores O filósofo Teofrasto ("o que tem eloqüência divina“) foi o único botânico que a Antigüidade conheceu Textos so- breviventes Investigações sobre as Plantas (em nove livros, datado de -314) e Causas do Crescimento das Plan- tas (em seis livros), chegaram completos até nós Investigações sobre as Plantas: (composta por nove livros ), são descritas cerca de 480 espécies; alguns nomes, como Crataegus, Daucus, Asparagus, Narcissus são usados até hoje. Ele levava em conta, além da forma externa e outras características estruturais, o caráter anual, bianual e perene de algumas espécies de ervas. Introduziu a aclimatação de plantas Causas do Crescimento das Plantas Aparecem : os conceitos de hipogenia, perigenia e epigenia; diferenças entre monocotiledoneas e dicotiledoneas; lista descritiva de plantas medicinais; Descreveu as primeiras diferenças entre os tecidos vegetais e desenvol- veu as idéias básicas sobre vários tipos de reprodução sexuada e assexuada em plantas. Romanos Demonstram ser um povo mais prático, levando ao desenvolvimento a agricultura e a horticultura. Para superar as estações frias , cultivavam diversas espécies sob a proteção de vidros. Dioscorides (40-90 D.C) é o autor mais conhecido dos romanos e é considerado uma autoridade na farmacologia. Seus trabalhos eram ilustrados e repre- sentavam as suas observações. Sua obra De Materia Medica, descreve mais de 600 plantas com suas proprieda- des medicinais e com algumas descrições botânicas. Descreveu raízes, caules, folhas e algumas flores. É autor do primeiro Herbário ilustrado Plinius Secundus (23-79 D.C), contemporâneo de Dioscorides, publicou História Natural uma enciclopédia com- posta de 37 livros , dos quais 16 eram dedicados às plantas. Abordou as plantas apenas do ponto de vista utilitá- rio. Descreveu as árvores, as culturas agrícolas, as plantas ornamentais e por fim as silvestres Os estudos de Teofrasto só foi ultrapassado à trezentos anos pelos trabalhos do sueco Carl von Linné (1707/1778). Carl Linné: nasceu em 1707, na Suécia; filho e neto de pastor Luterano; 1727 entrou no curso de medicina; orga- nizou expedições botânica entre 1731-1735; publicou a primeira edição do Sistema de classificação Systema naturale; 1741 ganhou uma bolsa de estudo foi para Uppsala, restaurando o jardim botânico; 1778 morreu e no mesmo ano foi fundada a Linnean Society Importância de Lineu para a Botânica: criou um catálogo de plantas dando-lhes dois nomes: o primeiro represen- tando o gênero; o segundo representando a espécie; utilizando o latim como idioma. Classificação Necessidade de uma classificação: ordenar; entender; aplicar regras de uso/manejo/etc.; comunicação; acesso a informação; dentre muitas outras... Por Que Classificar? A Classificação é uma característica humana; permitir uma melhor organização das espécies da Natureza; facilitar o estudo de grupos relacionados; possibilitar a interação entre diversas espécies; facilitar o reconhecimen- to e interpretação de semelhanças e diferenças entre organismos; permitir a correta comunicação entre os diver- sos cientistas do mundo História da Taxonomia Aristóteles foi o primeiro a classificar os seres vivos, dividindo-os em Reino Animal e Reino Vegetal. Carl von Linné unificou a taxonomia com a publicação de seu Systema Naturae Sistema de Classificação de Lineu -Utilização de categorias hierárquicas: Reino Classe Ordem Gênero Espécie - Sistema Binominal: Epíteto Genérico - Epíteto Específico - Exemplos Homo sapiens; Canis familiaris; Apis melífera; Zea Mays

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Livro de Botnica 1 2007 prof Arlindo Costa

CADERNO I CLASSIFICAO DOS SERES VIVOS

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A palavra Botnica:deriva do adjetivo grego , "que se refere s plantas". A botnica como cincia teve origem no antigo mundo Grego-Romano. Entre os gregos, as mais antigas observaes referentes s plantas podem ser encontradas nos poemas homricos, em Hesodo e em alguns fragmentos do filsofo pr-socrtico Empdocles de Acrags (-492/-432). As primeiras referncias "cientficas" importantes s plantas esto na coleo hipocrtica: perto de trezentos remdios preparados com plantas so mencionados em diversos tratados. Em um deles, Da Natureza da Criana, a germinao das sementes, crescimento das plantas e at mesmo alguns aspectos da fisiologia vegetal foram abordados. Aristteles (-384/-322) fez algumas menes s plantas, especialmente para compar-las com os animais mas foi seu discpulo Teofrasto (-371/-287) quem escreveu os mais extensos e influentes tratados de botnica da Antigidade. Foi chamado o Pai da Botnica. Dividiu as plantas em 2 grupos: plantas com flores e plantas sem flores O filsofo Teofrasto ("o que tem eloqncia divina) foi o nico botnico que a Antigidade conheceu Textos sobreviventes Investigaes sobre as Plantas (em nove livros, datado de -314) e Causas do Crescimento das Plantas (em seis livros), chegaram completos at ns Investigaes sobre as Plantas: (composta por nove livros ), so descritas cerca de 480 espcies; alguns nomes, como Crataegus, Daucus, Asparagus, Narcissus so usados at hoje. Ele levava em conta, alm da forma externa e outras caractersticas estruturais, o carter anual, bianual e perene de algumas espcies de ervas. Introduziu a aclimatao de plantas Causas do Crescimento das Plantas Aparecem : os conceitos de hipogenia, perigenia e epigenia; diferenas entre monocotiledoneas e dicotiledoneas; lista descritiva de plantas medicinais; Descreveu as primeiras diferenas entre os tecidos vegetais e desenvolveu as idias bsicas sobre vrios tipos de reproduo sexuada e assexuada em plantas. Romanos Demonstram ser um povo mais prtico, levando ao desenvolvimento a agricultura e a horticultura. Para superar as estaes frias , cultivavam diversas espcies sob a proteo de vidros. Dioscorides (40-90 D.C) o autor mais conhecido dos romanos e considerado uma autoridade na farmacologia. Seus trabalhos eram ilustrados e representavam as suas observaes. Sua obra De Materia Medica, descreve mais de 600 plantas com suas propriedades medicinais e com algumas descries botnicas. Descreveu razes, caules, folhas e algumas flores. autor do primeiro Herbrio ilustrado Plinius Secundus (23-79 D.C), contemporneo de Dioscorides, publicou Histria Natural uma enciclopdia composta de 37 livros , dos quais 16 eram dedicados s plantas. Abordou as plantas apenas do ponto de vista utilitrio. Descreveu as rvores, as culturas agrcolas, as plantas ornamentais e por fim as silvestres Os estudos de Teofrasto s foi ultrapassado trezentos anos pelos trabalhos do sueco Carl von Linn (1707/1778). Carl Linn: nasceu em 1707, na Sucia; filho e neto de pastor Luterano; 1727 entrou no curso de medicina; organizou expedies botnica entre 1731-1735; publicou a primeira edio do Sistema de classificao Systema naturale; 1741 ganhou uma bolsa de estudo foi para Uppsala, restaurando o jardim botnico; 1778 morreu e no mesmo ano foi fundada a Linnean Society Importncia de Lineu para a Botnica: criou um catlogo de plantas dando-lhes dois nomes: o primeiro representando o gnero; o segundo representando a espcie; utilizando o latim como idioma. Classificao Necessidade de uma classificao: ordenar; entender; aplicar regras de uso/manejo/etc.; comunicao; acesso a informao; dentre muitas outras... Por Que Classificar? A Classificao uma caracterstica humana; permitir uma melhor organizao das espcies da Natureza; facilitar o estudo de grupos relacionados; possibilitar a interao entre diversas espcies; facilitar o reconhecimento e interpretao de semelhanas e diferenas entre organismos; permitir a correta comunicao entre os diversos cientistas do mundo Histria da Taxonomia Aristteles foi o primeiro a classificar os seres vivos, dividindo-os em Reino Animal e Reino Vegetal. Carl von Linn unificou a taxonomia com a publicao de seu Systema Naturae Sistema de Classificao de Lineu -Utilizao de categorias hierrquicas: Reino Classe Ordem Gnero Espcie - Sistema Binominal: Epteto Genrico - Epteto Especfico - Exemplos Homo sapiens; Canis familiaris; Apis melfera; Zea Mays

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Livro de Botnica 1 2007 prof Arlindo Costa 2 Regras: Gnero e Espcie sempre em itlico ou sublinhado. O nome do gnero pode vir sozinho Referncia a um grupo de seres vivos. Quando o nome da espcie citado pela primeira vez, tem de vir por extenso. A partir da segunda o gnero pode ser abreviado. O epteto especfico no pode vir sozinho.

CLASSIFICAES BIOLGICAS CATEGORIA Reino Sub-reino Filo Subfilo Classe Subclasse Ordem Famlia Gnero Espcie NOME Plantae Embryophyta Tracheo-phyta Ptero-phutina Angios-permae Dicotyle-donae Sapindales Aceraceae Acer A. rubrum MoneraTipo celular Cromossomo Ncleo Mitocndrias Cloroplastos Procarioto DNA (molcula circular nica Sem envoltrio celular Ausentes Ausentes (lamelas fotossintticas, cromatforos em alguns tipos No celulsica (polissacardeo mais aminocidos) Conjugao, transduo, transformao, ou nenhum

CARACTERSTICAS Organismos geralmente dotados de paredes celulares rgidas e de clorofila Plantas formadoras de embrio Plantas vasculares Geralmente. Folhas largas e saliente, padro vascular complexo Plantas florferas, semente includa em ovrio Embrio com duas folhas de sementes (cotildones) rvores ou arbustos rvores de regies temperadas Bordos Bordo vermelho Fungos Eucarioto DNA + protena Com envoltrio celular Presentes Ausentes Plantas Eucarioto DNA + protena Com envoltrio celular Presentes Presentes Animais Eucarioto DNA + protena Com envoltrio celular Presentes Presentes

ProtistasEucarioto DNA + protena Com envoltrio celular Presentes Presentes (em algumas formas) Presente em algumas formas, vrios tipos Fertilizao (singamia) e meiose, conjugao ou nenhum Fotossintetizantes e heterotrfica ou combinao dos dois modos Clios e flagelos 9+2, amebide, fibrilas contrteis

Parede celular Meios de recombinao gentica

Quitina e outros polissacardeos no celulsicos Fertilizao (singamia) e meiose, conjugao ou nenhum, dicariose Heterotrfica (saproftica e parastica), por absoro Clios e flagelos 9+2 em algumas formas, nenhum na maioria delas Presente na maioria das formas (multinucleados) Ausente

Celulose

Ausente

Fertilizao meiose

e

Fertilizao e meiose

Modos de nutrio

Motilidade

Autotrfica (quimio e fotossintetizante) e Heterotrfica (saproftica e parastica) Flagelos bacterianos, por deslizamento, ou imveis

Fotossintetizante na maioria

Heterotrfica, gesto

por

in-

Pluricelularida-de

Ausente

Ausente

Clios e flagelos 9+2 em formas inferiores e em alguns gametas; nenhuma na maioria das formas Presente nas formas superiores Ausente

Clios e flagelos 9+2, fibrilas contrteis

Presentes em todas as formas Presente

Sistema nervoso

Ausente

Mecanismos primitivos para

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conduo de estmulos em algumas formas

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SIGNIFICADO TAXONMICO Por que classificar as plantas? O universo de espcies vegetais imenso. imprescindvel a diviso do conjunto em sub-conjuntos sucessivamente menos inclusivos para o entendimento do todo e das partes que o compem. Isso necessrio para o aproveitamento dos recursos vegetais de modo racional e eficiente, provocando o mnimo de prejuzos manuteno da diversidade de plantas e de suas comunidades. Qual a finalidade da Botnica Sistemtica? Qualquer compreenso dos recursos naturais do globo requer uma apreciao e conhecimento das plantas O papel da Taxonomia fundamental e freqentemente considerado bsico. O objetivo primrio da Taxonomia como pr-requisito para todos os demais estudos e uso das plantas prever uma relao das espcies vegetais crescendo ou existente no globo.

Livro de Botnica 1 2007 prof Arlindo Costa 4 Nos ltimos 200 anos os botnicos tm relacionado e trabalhado na confeco de listas das espcies de plantas. Apesar das facilidades atuais de transporte, os botnicos ainda no conseguiram atingir a uma relao completa das plantas, devido impossibilidade natural de se chegar a todas as reas do globo. Assim que apenas 3/5 partes das plantas existentes so conhecidas com imperfeies. Alm das plantas atual ente existente, h ainda as plantas que j existiam em eras passadas, cujos estudos tornaram-se mais difceis ainda, porm possveis. Assim sendo, o objetivo da Sistemtica moderna: a identificao e classificao das plantas atuais viventes e daquelas que existiram em eras geolgicas passadas e reuni-las em um Sistema filogentico. Um Sistema deve: 1. Satisfazer as exigncias cientficas de mostrar as relaes filogenticas das plantas entre si ; 2. Apresentar uma funo prtica e sinttica. Para se chegar a esse objetivo, a Botnica Sistemtica auxiliada pelos demais ramos da Botnica, tais como: Morfologia e Anatomia Comparada, Gentica Experimental, Citologia, Qumica, Palinologia, Fito-paleontologia, Fitogeografia, Organografia, etc. ... Sistema de Engler (1954)

Diviso - Bacteriophyta ; Diviso - Cyanophyta ; Diviso - Glaucophyta ; Diviso - Myxophyta ; Diviso - Euglenophyta ; Diviso - Pyrrophyta ; Diviso - Chrysophyta ; Diviso - Chlorophyta ; Diviso - Charophyta ; Diviso - Phaephyta ; Diviso - Rhodophyta ; Diviso - Fungi ; Diviso - Lichenes ; Diviso - Bryophyta ; Diviso - Pteridophyta ; Diviso - Gymnospermae ; Diviso - Angiospermae ; Classe 1 Monocotyledoneae/// Classe 2 Dicotyledoneae UNIDADES SISTEMTICAS TAXON Conforme estabelece o "International Code of Botanical Nomenclature ", Utrecht 1952 citado pelo "Sylabus der Plfanzen familien" 1954, so as seguinte as unidades sistemticas ou txon e suas respectivas terminaes: Diviso ( phylum, divisio ): phyta........................ae Subdiviso ( subphylum, subdivisio ): phytina Classe ( classis ): opsida ( Gymnospermae ); eae ( Angiospermae ) phyceae ( Algas ); mycetes ( Fungos ) lichenes (liquens) Subclasse (subclassis): ideae Phycidae (algas); mycetidae (Fungos) Coorte (cohors): iidae Ordem (ordo): ales Subordem (subordo): inales ou ineae Grupo de famlias: ineales Famlia (famlia): aceae Subfamlia (subfamlia): oideae Tribo (tribus): eae Subtribo (subtribus): inae Gnero (genus) Subgnero (subgenus) Seco (sectio) Subseco (subsectio) Srie (series) Espcie (species) Subespcie (subspecies) Variedades (varietas) Subvariedades (subvarietas) Forma (forma) Linha (linha) Clone (clone) . Todas as unidades sistemticas so abstraes, somente o indivduo uma realidade concreta .

Livro de Botnica 1 2007 prof Arlindo Costa 5 Na prtica corrente usam-se apenas algumas dessas unidades ou txon . Tomando como exemplo do material de Rosa Gallica L., podemos classific-la no Sistema de A. Engler (1954) como segue: Diviso: Angiospermae Classe: Dicotyledoneae - Subclasse: Archichlamydeae Ordem: Rosales Subordem: Rosineae - Famlia: Rosaceae - Subfamlia: Rosoideae Tribo: Roseae Subtribo: Rosinae - Gnero: Rosa - Subgnero: Eurosa Seco: Gallicanae Espcie: Rosa Gallica L.

Definio de ESPCIE - A espcie na prtica, a unidade elementar . Segundo Wettstein, a espcie definida como "Conjunto de indivduos cujos caracteres, considerados essenciais pelos observadores, concordam entre si e com os dos descendentes". A definio de espcies muito difcil em vista das dificuldades decorrentes, em parte da sua variabilidade, pois as espcies geram novas espcies de maneira contnua. Em geral as espcies filogeneticamente mais antigas diferem entre si por caracteres mais fceis de se reconhecer, enquanto que as mais recentes apresentam por vezes insignificantes diferenas. Gnero - o agrupamento de espcies semelhantes ou parecidas entre si. Ao contrrio da espcie de conceito abstrato. H certos gneros que compreendem apenas uma espcie, h outros com inmeras espcies. Famlia - Rene gneros semelhantes e estas esto reunidas em classes e as classes em Diviso A Diviso representa a maior categoria dentro de um sistema de classificao. O nmero de divises em que est dividido o reino vegetal dentro de um sistema de classificao um pouco varivel. Alguns sistemas com Van Tieghem divide em 4 divises: Talfitas, Brifitas, Pteridfitas e Fanergamas e o de Engler(1954), compreende 17 divises. (como mostrado anteriormente). Subespcie - Considerada por alguns como raa da unidade mais jovem do sistema, cuja origem de uma determinada espcie se manifesta por meio de formas intermedirias existentes, segundo autores como Lawrence, considera-o como uma espcie incipiente. As subespcies no so isoladas geneticamente, mas sim no espao ou no tempo e se separam por um certo nmero de caracteres. uma unidade de classificao infra-especfica. Variedades - Para alguns autores tratada com subespcie, para outros considerada como uma interrupo no seio da subespcie. Est ligada, contudo a espcie. Nem sempre a variedade tem um sentido definido, principalmente entre os horticultores e botnicos. difcil estabelecer os limites entre variedades e subespcie. As mesmas dificuldades existem para o conceito de Subvariedades, forma, mutao e clone. Clone - em geral considerado como um indivduo originado por via puramente vegetativa ou assexuada (estaquia, alporquia, apogamia). Este termo est mais ligado aos melhoramentos genticos do que a Taxonomia. NOMENCLATURA BOTNICA A Nomenclatura em Botnica aprovada em Congresso Internacional, muito precisa e suas regras so rigorosas . Os nomes genricos tm forma substantivas (masculinas e femininas ou neutras) e se escrevem com iniciais maisculas, seguidos do nome abreviado do autor ou inventor. Exemplos: Coffea L. (Lineu), Caffa (distrito do Sul da Abssnea); Zea L., Oryzea L., Myrciaria Berg. A Nomenclatura da espcie uma nomenclatura binria (dois nomes). Foi Lineu que a inventou e usada em Biologia. composta do primeiro nome genrico, seguido um segundo, o epteto especfico, geralmente um adjetivo e que exprime uma qualidade da planta ou nome do seu descobridor, ou ainda uma homenagem a alguma pessoa. Epteto palavra ou frase que qualifica pessoa ou coisa. Freqentemente, junta se ao nome da espcie forma abreviada o nome do classificador. Vide exemplos. Os eptetos especficos correspondentes a nomes de pessoas so escritos com inicial maiscula, por se tratar de nome prprio. Hoje em dia os botnicos tendem a usar a grafia especfica com inicial minscula. Exemplos: Avena sativa L., Triticum sativum Lam. (Lamark) Coffea arbica L., Eucalyptus saligna Smith., Zea mays L. A subespcie designa-se por sub sp ou ssp., a variedade por var. ., a forma por fa ou f e mutao por mut .

NOES BSICAS DE NOMENCLATURA BOTNICA. Instrumento Normativo Cdigo Internacional de Nomenclatura Botnica Algumas normas: A CADA NVEL HIERRQUICO, CORRESPONDE UMA DESINNCIA DIVISO MAGNOLIOPHYTA (ANGIOSPERMAS) CLASSE MAGNOLIOPSIDA (DICOTILEDNEAS) SUB-CLASSE ROSIDAE ORDEM FABALES (LEGUMINOSAS) FAMLIA CAESALPINIACEAE TRIBO CAESALPINIEAE GNERO Ceasalpinia ESPCIE Caesalpinia echinata Lam.

Livro de Botnica 1 2007 prof Arlindo Costa 6 OS EPTETOS GENRICO E ESPECFICO DEVEM SER DESTACADOS DO TEXTO. PODEM VIR SUBLINHADOS OU COM UMA FONTE DISTINTA DO RESTANTE DO TEXTO. NOMES CORRESPONDENTES A CATEGORIAS SUPRA-GENRICAS (TRIBO, FAMLIA, ETC.) NO PRECISAM SER DESTACADOS NOMENCLATURA BINOMINAL E SEGUE AS REGRAS GRAMATICAIS DA LNGUA LATINA Os eptetos genrico e especfico devem concordar gramaticalmente em gnero e nmero UM NOME CIENTFICO ACOMPANHADO DO NOME DO AUTOR DA COMBINAO BINOMINAL REFERNCIA A ESPCIE(S) INDEFINIDA(S): quando no se conhece a espcie (ou as espcies) de que se est tratando ou no h interesse em referir a espcie (ou espcies), usa-se no lugar do epteto especfico as abreviaturas sp. ou spp. em fonte normal, no sublinhadas. Um nome nada mais que um smbolo convencional, que serve como ponto de referncia e evita a necessidade de utilizar, continuamente, uma frase descritiva dificultosa, O objetivo dos nomes sua utilizao como veculo de comunicao cientfica. Os nomes devem permitir que se pense imediata e inequivocamente nos conceitos desejados, o que implica que devem ser universais. Este o objetivo fundamental da Nomenclatura Biolgica, que cumpre seu papel atravs do estabelecimento de regras que governam sua aplicao. Estas so reunidas e organizadas sob a forma de Cdigos de Nomenclatura. Existem cdigos separados para as diversas reas da Biologia Sistemtica. Assim, para a Botnica (incluindo algas procariticas e fungos) existe o Cdigo Internacional de Nomenclatura Botnica. Para a Zoologia existe o Cdigo Internacional de Nomenclatura Zoolgica. Existem, ainda, o Cdigo Internacional de Nomenclatura de Bactrias e o Cdigo Internacional de Nomenclatura de Plantas Cultivadas (separado do Cdigo Internacional de Nomenclatura Botnica). Todas as informaes apresentadas daqui por diante referem-se, exclusivamente, A Nomenclatura Botnica.

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CADERNO II - PTERIDFITAS, GIMNOSPERMAS E ANGIOSPERMAS

PTERIDFITAS So os primeiros vegetais que apresentaram vasos de conduo (traquefitas). A palavra pteridfita origina-se do grego pteris (dedo) e phyton (planta), e utilizada para designar plantas com raiz, caule e folhas (cormfitas), vasculares, com xilema e floema, sem flores e sementes (criptgamas), que se reproduzem por alternncia de geraes. Os primeiros representantes das pteridfitas se originaram j no Devoniano e foram as primeiras plantas a conquistarem o ambiente terrestre, no perodo Siluriano (h aproximadamente 420 milhes de anos). H 300 milhes de anos, uma caminhada atravs de uma floresta, revelaria uma variedade grande de "rvores", que no eram conferas ou as plantas com flores de hoje. Destacavam-se entre as rvores daquele tempo as Sphenophytas, identificadas por seus troncos retos com folhas arranjadas de modo regular. Algumas esfenfitas paleozicas cresceram at trinta metros de altura. Hoje, as esfenfitas consistem em um nico gnero, Equisetum, com as aproximadamente trinta espcies vivas conhecidas. O Equisetum conhecido como cavalinha. Algumas destas plantas so consideradas hoje ervas daninhas e outras so txicas. Elas dominaram os ecossistemas da Terra at o final do perodo Carbonfero, durante o qual as maiores espcies formavam florestas imensas. As pteridfitas fossilizadas formaram o carvo mineral, at hoje utilizado como combustvel e importante fonte de hidrocarbonetos. As pteridfitas (samambaias e plantas afins) constituem hoje um grupo de plantas relativamente importantes, estimando-se o total de espcies no mundo como sendo 9.000 (h quem estime 10.000 a 12.000 espcies), das quais cerca de 3.250 ocorrem nas Amricas. Destas, cerca de 30% podem ser encontradas no territrio brasileiro. Possuem alternncia de geraes obrigatria onde, ao contrrio das Brifitas, a fase perene e mais desenvolvida o esporfito, formado por razes, caules e folhas; a fase gametoftica (protalo) pequena e tem vida curta. A fecundao ocorre sempre com a participao da gua. O protalo uma estrutura, geralmente, pequena, verde e em forma de lmina vivendo acima do solo. Em alguns casos ele pode ser saprfita e ser encontrado dentro do solo, sendo neste caso incolor. No importando sua forma ele tem um perodo de vida curto no ultrapassando algumas semanas. So encontradas nos mais variados ambientes desde ambientes desrticos at ambientes aquticos, podendo ser, tambm, epfitas. Seu tamanho pode variar bastante podendo ser pequenas como a aqutica Salvinia at espcies arborescentes como a samambaiau, Cyathea, com mais de 5m. Algumas pteridfitas apresentam diferenciao em suas folhas. Assim um tipo de folha se encarrega das funes vegetativas, sendo neste caso chamada de troffilo e um segundo tipo que se encarrega, alm das funes vegetativas das funes reprodutivas, sendo chamada esporfilo. A esse fenmeno d-se o nome de heterofilia. A folha, o caule e a raiz so bem desenvolvidos sendo esta ltima protegida pela coifa. Todos os rgos apresentam vasos condutores. Seus representantes atuais mais relevantes se encontram nas seguintes classes: Lycopsida (licopodium e selaginela), Equisetaceae (composta apenas pelo gnero Equisetum), e Filicatae ou Filicneas (fetos arborescentes, salvinia, samambaias). Apresentam diferenciao em raiz, caule e folhas (cormfitas). Organizao do corpo da planta em sistemas de revestimento, vascular e fundamental; presena de epiderme revestida por cutcula, tricomas, escamas e presena de estmatos. Tm tecidos condutores para o transporte de gua e substncias minerais e orgnicas, pelo que se denominam plantas vasculares. O corpo da planta na sua maior parte constitudo pela gerao esporoftica (2n). O esporfito 2n, um cormo (raiz + caule + folhas). A classe Filicinae composta por aproximadamente 12000 espcies. Estes vegetais, conhecidos como samambaias, avencas, fetos e xaxim, podem apresentar vrias formas e tamanhos, e so conhecidas pelo esporfito visvel que utilizamos em decorao ou para fazermos vasos para o plantio de outros vegetais; o gametfito tem menos de 1 milmetro e no conhecido pela populao em geral. As razes do esporfito (2n) se formam na poro inferior de um caule areo ou na superfcie inferior do rizoma, caule subterrneo paralelo ao solo; as folhas (megfilos) compostas so chamadas de fronde(a) e apresentam pecolo e limbo, que pode ser inteiro ou pinado, geralmente dividido em fololos, em

Livro de Botnica 1 2007 prof Arlindo Costa 8 cujo dorso encontraremos os soros, que so conjuntos de esporngios. Soros, na superfcie dos fololos, onde, por meiose, so produzidos esporos haplides. As frondes jovens so chamadas de bculos e expandem - se por desenrolamento; as folhas de samambaia so recurvadas nas pontas, pois a parte de fora cresce mais rpido que a de dentro. Folhas compostas, limbo subdividido em fololos, e as folhas jovens, os bculos. O nome de bculo foi utilizado por lembrar o cajado dos bispos. Nos esporngios, internos aos soros, por meiose esprica, formam-se os esporos (n). Os esporos caem diretamente no cho mido, onde, em condies normais, germinam e desenvolvem-se formando o PROTALO (n), que a gerao gametoftica. O gametfito ou protalo, de tamanho reduzido e haplide. OS GAMETFITOS (PROTALOS), SEMPRE HAPLIDES, podem ser MONICOS OU DIICOS. O protalo uma estrutura, geralmente pequena, verde e em forma de lmina vivendo acima do solo. Em alguns casos ele pode ser saprfita e ser encontrado dentro do solo, sendo neste caso incolor. No importando sua forma ele tem um perodo de vida curto no ultrapassando algumas semanas (em situaes especiais, caso no haja a fecundao, o protalo pode viver durante anos). O protalo das samambaias tem cerca de 1cm e formato de corao e monico (hermafrodita), com anterdeo e arquegnio na mesma planta. Nos anterdeos formam-se os anterozides, e em cada arquegnio forma-se uma oosfera. Quando maduros, os anterdeos libertam os anterozides. Aps uma chuva ou garoa, eles nadam sobre a superfcie umedecida do protalo at o arquegnio, onde um deles fecunda a oosfera. O zigoto se desenvolve no interior do arquegnio, originando uma pequena planta diplide, o esporfito, que dar origem a uma nova samambaia adulta. Esta formar esporos haplides, repetindo o ciclo. Algumas espcies possuem importncia mdica ou econmica, alm do uso decorativo e ornamental, e alm da importncia ecolgica : 1. Feto-Macho (Dryopteris filis-mas): da famlia das polipodiceas. Seu rizoma contm substncias usadas no combate a tnias e lombrigas. 2. Erva-silvina (Polypodium vaccinnifolium): da famlia das polipodiceas. Muito comum nos troncos de mangueiras. Possui propriedades adstringentes, muito empregada no tratamento das hemoptises dos tuberculosos. 3. Capilria (Adiantum capillus-veneris): da famlia das polipodiceas. Avenca nativa do Canad e EUA. Suas folhas encerram uma substncia com propriedades adstringentes, receitada contra falta de ar e tosse.

4. Licopdio (Lycopodium clavatum): da famlia das licopodiceas. Erva cujos esporos constituem um p amarelo que contm acar, uma cera e um leo graxo, antigamente era usado como veculo na confeco de plulas. 5. Cavalinha, Rabo de cavalo, cauda de cavalo, erva carnuda ou equisseto (Equisetum arvense): da famlia das equissetceas. Medicinal. Por conter grande quantidade de silcio, uma excelente mineralizante, sendo boa para problemas nos ossos, como osteoporose; conhecida tambm como erva da terceira idade, pois alm dos ossos, protege tambm quem tem problemas de prstata. Diurtica e anti-rica, a cavalinha usada popularmente para tratar de reteno e irritao das vias urinrias (rins e bexiga), anemias, hemorridas, hemorragias nasais, inflamaes de tero, fraturas e descalcificao de dentes e ossos, sob forma de infuso (2 a 3 xc/dia). Tambm auxilia no tratamento de hemorragias (sob forma de vapor ou compressas). Outras podem destacar-se como "ervas-daninhas", como a Trapoeraba (Commelina benghalensis, Commelinaceae). Planta originria da sia e disseminada na ndia, Austrlia, frica e Brasil. Cada vez mais freqente nas lavouras de soja do sul do Brasil. Vrias espcies de plantas com caractersticas semelhantes so constatadas nas lavouras. Tambm ocorrem variedades da mesma espcie. Apresenta ciclo biolgico perene, pelos hbitos de progressivo enraizamento dos ramos das plantas. Planta semi-prostrada, tenra e suculenta, atingindo 60 cm de altura. A disseminao ocorre atravs de sementes e de partes de ramos que geram razes e novas plantas. Cada planta pode produzir grande quantidade de sementes na parte area. Alm disso, apresenta produo de sementes subterrneas em flores modificadas nos rizomas. Essa caracterstica incomum, garante a perpetuao da espcie. Planta daninha de crescimento muito agressivo, infestando lavouras de vero, especialmente soja. Tambm desenvolve em solos midos e terras baixas. Causa danos pela competio com as plantas cultivadas, pela dificuldade na colheita e pelo aumento na umidade dos gros. A capina mecnica facilita o corte das plantas e a disseminao na lavoura. A ocorrncia de sementes subterrneas dificultam ou causam instabilidade na eficcia de herbicidas.

Livro de Botnica 1 2007 prof Arlindo Costa 9 GIMNOSPERMAS Diviso de plantas vasculares tambm denominada de Pinophyta. Rene os vegetais que formam sementes nuas, isto , no encerradas em ovrios. As Gimnospermas apresentam as seguintes inovaes evolutivas: formao de gros de plen, de vulos formados sobre ginosporfilos ou estruturas anlogas e produo de sementes. Os ginosporngios so protegidos por um envoltrio que, em seu pice possui uma abertura (a micrpila) para passagem do tubo polnico. O vulo pode conter vrias oosferas, o que permite a fecundao por vrios tubos polnicos (poliembrionia). Contudo, apenas um embrio se desenvolve para formar a semente. A semente contm o endosperma primrio, tecido de reserva e nutritivo do embrio originado a partir de clulas do macroprotalo (o gametfito feminino das gimnospermas, que se desenvolve no interior do vulo). Freqentemente, os androsporngios e ginosporngios encontram-se reunidos em estrbilos. Estes so sempre unissexuados, ou seja, contm apenas ginosporngios ou androsporngios. As Pinophyta produzem grandes quantidades de gros de plen e so polinizadas pelo vento. Seu lenho secundrio formado exclusivamente por traquedos, no apresentando elementos de vaso. A presena de canais resinferos bastante comum. O apogeu das Gimnospermas ocorreu durante o baixo e mdio Mesozico (Trissico e Jurssico). Hoje, ainda existem cerca de 800 espcies viventes, a maioria das quais so conferas. A diviso Pinophyta est dividida em trs subdivises: Cycadicae, Pinicae e Gneticae. Na primeira subdiviso, Cycadicae, encontramos gneros como Cycas e Zamia, que so Gimnospermas semelhantes a pequenas palmeiras ou samambaiaus, com folhas largas e pinadas e caule no ramificado. Caracterizam-se ainda pela ausncia de canais resinferos. Na segunda subdiviso, Pinicae, encontramos Gimnospermas de folhas simples, em geral pequenas, cujo caule ramificado e apresenta vigoroso crescimento secundrio. Fazem parte deste grupo as chamadas conferas (ordem Pinales), com gneros como Pinus, Araucaria, as gigantescas Sequoia e Sequoiadendron, Cupressus, Juniperus, Taxus, Podocarpus, e muitos outros. So de grande importncia econmica, seja por sua abundante produo de resina, seja pela qualidade de sua madeira, utilizada na fabricao de mveis e papel. A espcie Gingko biloba considerada um fssil vivo. Permanece at hoje graas ao cultivo milenar realizado por monges chineses. A terceira subdiviso rene trs gneros de relaes filogenticas duvidosas: Gnetum, Ephedra e Welwitschia. Possuem em comum caractersticas especiais como a presena de elementos de vaso no lenho secundrio, estrbilos compostos, vulos com dois envoltrios (tegumentos), ausncia de canais resinferos. So espermatfitas (produzem sementes). As sementes se se desenvolvem na superfcie ou extremidade de uma escama. Essas escamas podem ocorrer em esporfilos reunidos em estrbilos (cones). Podem ser rvores (como as Cycas, com caule do tipo estipe, chegando a 18 m de altura), arbustos ou trepadeiras (como as Ephedra). Algumas apresentam caule subterrneo (Zamia), aparentando ser acaules. As conferas so rvores de crescimento monopodial, que podem atingir at 100 m de altura (Pinus longaeva) e 4000 anos (Sequoia, Pinus). As gimnospermas possuem razes do tipo encontrado em dicotilednea (sistema axial). Algumas Cycadales apresentam razes areas muito ramificadas sobre o solo, as quais mantm uma relao simbitica com a alga azul (Cyanobactria) Anabaena cycadeae, a qual se instala em seu crtex, atravs de fissuras na epiderme. As folhas podem ser compostas (Cycadales) ou simples (demais grupos) Em Ginkgo biloba, rvore considerada como fssil vivo, que no se extinguiu por ter sido cultivada como ornamental por monges asiticos, as folhas so bilobadas. Estrbilos: So ramos modificados, portando esporfilos (modificaes foliares) que portam as estruturas de reproduo das gimnospermas. Originam-se a partir da diviso dicotmica de um ramo, onde uma das partes permanece dormente e a outra se torna o estrbilo. So chamados microstrbilos (estrbilos masculinos) ou macrostrbilos (estrbilos femininos), conforme sustentem microsporofilos (escamas portando microsporngios) ou (macrosporofilos escamas portando macrosporngios). Morfologia de vulo e semente: ver item reproduo. EVOLUO As gimnospermas provavelmente no formam um grupo monofiltico (originadas de um ancestral comum), de acordo com vrios trabalhos de anlise filogentica (ex.: Crane 1988, Doyle et al. 1994, Price 1996). So caracterizadas principalmente por possurem vulo e sementes encerrados em um ovrio. A flor , portanto, seu rgo reprodutivo. Assim como os estrbilos das gimnospermas, as flores so ramos onde os meristemas apicais se diferenciaram ao mximo. Dessa forma, tal qual nos estrbilos, o eixo, aqui transformado em receptculo, internos muito curtos, o que leva os esporofilos (androceu e gineceu) a nascerem em espiral compacta ou verticiladamente. Alm dos esporofilos, os eixos florais geralmente portam apndices estreis (clice e corola). Quadro Comparativo de Gimnospermas A classificao adotada a de CRONQUIST et alii (1966), tida como a mais didtica, embora no seja exatamente a mais aceita como correta em termos de relaes evolutivas. PINACEAE CUPRESSACEAE TAXODIACEAE PODOCARPACEAE ARAUCARIACEAE rvores, raro arbustos rvores, raro arbustos rvores rvores rvores

Monicas Folhas alternas, opostas ou reunidas em feixes; aciculares, oblongas ou escamiformes Estrbilos masculinos solitrios ou agrupados no pice dos ramos, alongados; 2 a 6 microsporngios por microsporfilo Estrbilos femininos reunidos ou solitrios, laterais; 2 megasporngios por megasporfilo Sementes aladas ou no, com pouco endosperma Ocorrem principalmente nas zonas temperadas e subtropicais boreais 10 gneros, 260 espcies Pinus, Cedrus, Picea, Larix, Tsuga CYCADACEAE rvores ou arbustos baixos Diicas Folias alternas, reunidas em "coroa" apical Folhas pinatissectas, normalmente grandes e perenes Estrbilos masculinos solitrios, terminais; alongados; muitos microsporngios por microsporofilo Estrbilos femininos no so tpicos; megasporfilos axilares com megasporngios inseridos na base em no. variado Sementes globosas com muito endosperma, com maturaolenta Registro fssil abundante desde o Trissico, melhor representada nas zonas tropicais e subtropicais do planeta 10 gneros, 100 espcies Cycas, Zamia, Macrozamia, Dioon

Livro de Botnica 1 2007 prof Arlindo Costa Monicas, raro diicas Monicas Diicas Opostas ou verticiladas; Alternas; oblongas, Alternas; escamiformes aciculares ou escami- elpticas formes Solitrios ou agrupados no pice dos ramos, pequenos; 4 microsporngios por microsporofilo Solitrios, terminais ou laterais; 2 a 12 megasporngios por microsporofilo Sementes aladas, pouco endosperma. com Solitrios ou agrupados no pice dos ramos, pequenos; 2 a 9 microsporngios por microsporofilo Solitrios, terminais ou laterais; 2 a 12 megasporngios por megasporofilo Aladas, com endosperma. pouco

10oblongas a Diicas Alternas; oblongas, lanceoladas ou escamiformes Agrupados no pice dos ramos ou laterais; alongados; 4 a 8 microsporngios por microsporofilo Solitrios, laterais, grandes, com escamas estreis; 1 megasporngio por megasporofilo Com endosperma desenvolvido, amilceo Zonas subtropicais austrais; Amrica do Sul e Oceania 2 gneros, 30 espcies Agathis, Araucaria GNETACEAE Lianas Monicas Opostas Elpticas, oblongas a lanceoladas Microsporfilos reduzidos, com apenas um microsporngio

Agrupados no pice de pednculos laterais; 2 microsporngios por microsporofilo Solitrios, laterais, sobre pednculos curtos; 1 a 3 megasporngios por megasporofilo (carnoso) Com endosperma senvolvido de-

Zonas temperadas ou subtropicais boreais (hemisfrio Norte) 20 gneros, 140 espcies Juniperus, Cupressus, Thuja GINGKOACEAE rvores Diicas Verticiladas em braquiblastos Flabeliformes, decduas No forma estrbilos tpicos; microsporfilos verticilados ao longo de um eixo, cada um com 2 microsporngios No forma estrbilos tpicos; megasporfilos verticilados e reduzidos, cada um com um megasporngio Globosas com muito endosperma, com maturao lenta Registro fssil abundante desde o Permiano, atualmente somente na China Monoespecfico Gingko biloba

Zonas temperadas e subtropicais boreais (hemisfrio Norte) 10 gneros, 16 espcies Cryptomeria, Sequoia, Cunninghamia EPHEDRACEAE Arbustos baixos Monicas Opostas ou verticiladas Escamiformes, decduas Solitrios ou agrupados na axila das folhas, pequenos; 1 a 3 microsporngios por microsporofilo, com escamas de proteo Solitrios, terminais; com vrias escamas estreis e 1 a 3 frteis, um megasporngio por megasporofilo Pequenas com endosperma pouco

Zonas tropicais e subtropicais austrais (hemisfrio Sul); Amrica do Sul e frica 15 gneros, 165 espcies Podocarpus, Dacrydium WELWITSCHIACEAE Arbustos (?) Diicas Opostas Alongadas (at 2m de comprimento), perenes Agrupados na axila das folhas, densos, com escamas basais estreis e 2 microsporofilos com 3 microsporngios Agrupados e axilares, com 8 megasporofilos cada um com um megasporngio; entomofilia Grandes com 2 cotildones que do origem s folhas Zonas desrticas do sudoeste africano (Kalahari)

Megasporfilos reduzidos, verticilados, tubulosos na base, com apenas um megasporngio Grandes com tegumento carnoso e endosperma desenvolvido Zonas tropicais das Amricas, sia e frica

Zonas ridas e semiridas da Amrica e Eursia

1 gnero, 40 espcies Ephedra tweediana (RS)

Monoespecfica Welwitschia mirabilis

1 gnero, 20 espcies Gnetum amazonicum (Ito)

Ephedraceae, Welwitschiaceae e Gnetaceae so considerados os grupos mais prximos evolutivamente das Angiospermas. FLORES NAS GIMNOSPERMAS A flor o aparelho reprodutor das Gimnospermas e Angiospermas. Considere-se como um ramo especializados, de crescimento e geralmente limitado, cujas folhas diferenciadas, constituem os rgos sexuais. A flor origina-se das gemas florferas ou botes. A constituio das flores e das inflorescncias varia nas duas grandes divises de plantas superiores Angiospermas e Gimnospermas. Flor das Gimnospermas:

Livro de Botnica 1 2007 prof Arlindo Costa 11 Estudaremos inicialmente a flor e a inflorescncia inteiras, so unissexuais, produzidas na mesma planta (plantas monicas, isto com flores masculinas e com flores femininas) ou em plantas distintas (plantas diicas, isto com flores masculinas e flores femininas em arvores separadas). As flores desse grupo localizam-se nas extremidades dos ramos ou lateralmente, e raramente so isoladas. Flor masculina: As flores masculinas so relativamente mais simples que as femininas e so constitudas de folhas polnicas ou folhas estaminais (microsporfilos) inseridos helicoidalmente (flores acclicas) ou em verticilios em torno de um eixo. O conjunto, via regra, apresenta na base catafilos escamiformes e que desempenham funo semelhante a do perianto. As flores masculinas podem ser estrobiliformes (com a forma de um cone) ou amentiforme (com a forma de amentilho). Individualmente cada flor masculina pode ter numerosas folhas polnicas: o mximo se encontra nas Cycadineas e o mnimo nas Gnetneas (reduzido a um). A folha polnica pode ser escamiforme ou semelhantes a folha vegetativa da planta e apresenta em sua face inferior numerosos sacos polnicos (Microsporngios), contendo os gros de plen (microscporos). s vezes, a folha polnica tem forma peltada ou forma de estame, como nas Angiospermas, com apenas dois sacos polnicos. A disperso do plen na maioria das Angiospermas pelo vento (Anemofilia). Flor feminina: As flores femininas apresentam morfologia varivel. Comumente o nmero de folhas frutferas menor que o das folhas polnicas. A constituio da flor feminina varia nas diferentes famlias de Gimnospermas. Assim em Cycas, a flor feminina se reduz a folha carpelar ou frutfera, cuja poro terminal estril pinada como as folhas vegetativas e os vulos ou rudimentos seminais (Megasporngios) se localizam ao longo dos flancos. As flores femininas de Cycas inserem-se helicoidalmente no topo do caule (planta feminina). Em outras Cycadineas as flores femininas esto reunidas em estrbilos de crescimento limitado e ocupam posio terminal na planta. Cada flor ou seja a folha frutfera, folha carpelar ou carpelo, bem diferente da folha vegetativa, com apenas dois rudimentos seminais, um a direita e outro a esquerda e na base da poro terminal, escamiforme. Exceo das Cycadineas, nas demais Gimnospermas as flores femininas situam-se na axila de uma brcteame. Raramente so solitrias, freqentemente reunidas em inflorescncias. As flores propriamente ditas compem-se unicamente, de folhas frutferas geralmente em nmero reduzido (2 nas Ginkgoineas, na maioria da Abietceas e em vrias Taxceas; 1 em muitas Taxceas, Cupressceas; mais de 2 nas Taxodioideas), raramente em grande quantidade, como em algumas Cupressceas. A prpria folha frutfera, como se sabe, consumida quase inteiramente na formao dos rudimentos seminais ou vulos, ou ento permanece um resto dela junto aos ps dos vulos, como uma espcie de embasamento. Nas Coniferae observamse com freqncia produes axiais escamiformes ou em forma de rodete, entre a brctea, tectriz e o rudimento seminal. As inflorescncias femininas tem em geral (Abietcea e maioria das Cupresscea), aspecto estrobiliforme. Como sabemos as, Gimnospermas possuem sementes nuas, isto , no encerradas em frutos. Os rudimentos seminais ou vulos (megasporngios com integumento) originam-se na folha frutfera, copelar ou carpelo (megasporfilo), isoladamente ou em grupos. Cada rudimento seminal ou vulo, geralmente revestido por um envoltrio ou integumento, que deixa no pice uma abertura, a micrpila. O rudimento seminal ou vulo (megasporngio) adulto contm uma s megsporo (maersporo) o qual germina ''in locco" e forma, no final, um s megaprtalo, em cujo pice se diferenciam arquegonios reduzidos. Entre o pice do megaprtalo e o teto do rudimento seminal pode-se formar, em certos casos, uma cavidade, a cmara arquegonial. Os sacos polnicos (microsporngios) contm numerosos gros de plen (micrsporos). A polinizao faz-se, geralmente, pelo vento e os gros de plen atingem, eventualmente, a ixicrpila do vulo, passando depois para a cmara nele existente. A germinao do plen (micrsporo) em gerla bastante retardada, realizando-se somente depois que o vulo estiver maduro. Em algumas Gimnospermas a polinizao precede de meses a fecundao. O tubo polnico (microprtalo) que resulta da germinao do gro de plen o tubo mais ou menos desenvolvidos, que transporta duas clulas masculinas. Estas, em certos casos, o tubo polnico cresce at o arquegnio, libertando a seus ncleos masculinos, no havendo, portanto, formao de anterozides. Na Gimnosperma o tecido do megaprtalo, que o haplide, se constitui no endosperma primrio da semente. Embrio provido de longo suspensor, mergulhado profundamente no endosperma abundento, embrio apresenta-se bem diferenciado, possuindo nmero varivel de cotildones. Gymnospermae: Morfologia, Taxonomia e Reproduo. O grupo das Gymnospermae se caracteriza por apresentar as sementes nuas. Este se distingue das Pteridophyta exclusivamente por 2 caractersticas: presena de semente originada a partir do vulo e do gro de plen. Por outro lado, o grupo distingue-se basicamente das Angiospermae pela presena da flor, do fruto e da dupla fecundao. Morfologia Podem ser rvores, arbustos ou trepadeiras (Ephedra) ou plantas com caules subterrneos (Zamia e Welwitschia). Todas as gimnospermas, embora com padres morfolgicos to diversos, caracterizam-se pela presena de traquedeos no xilema, exceto Gnetum e Welwitschia que apresentam tambm elementos de vaso.

Livro de Botnica 1 2007 prof Arlindo Costa 12 So plantas perenes, com poucos casos de caducifolia. As folhas so compostas em Cycadales, geralmente pinada e, em Cycas, a perfoliao circinada, semelhante s bculas das samambaias. Nos grupos restantes as folhas so sempre simples, flabeliformes (Gingko), aplainadas ou triangulares, escamiformes e aciculares. Por vezes, estas folhas dispem-se em fascculos sobre ramos curtos, denominados braquiblastos. Em Gnetum as folhas tm um padro de nervao dicotiledneo e em Welwitschia as folhas apresentam crescimento indefinido, sendo em nmero de duas. As estruturas de reproduo esto agrupadas em estrbilos. Esto sempre inseridos lateralmente e so unissexuados. Podem estar na mesma planta ou em plantas separadas (monicas ou diicas). Os estrbilos masculinos, em todos os grupos, so constitudos por um eixo, ao qual esto presos os microsporfilos que sustentam os microsporngios, produtores dos microsporos que se diferenciaro em gros de plen. Estes gros so, em geral, estruturas binucleadas e apresentam expanses laterais de sua parede externa, sendo, portanto, tidos como estruturas aladas, o que vem favorecer sua disperso, exclusivamente realizada pelo vento. Os megastrbilos so diferentes nos vrios grupos. Em Cycas os megasporfilos so foliares, grandes e portam cerca de 5 a 8 vulos, so chamados de folhas carpelares e se dispem espiraladamente na poro terminal do caule. Em Gingko forma-se uma estrutura peduncular que porta sempre dois vulos. Em Pinopsida os megastrbilos esto ausentes somente no gnero Taxus, onde os vulos esto presos a um ramo lateral frtil sem escamas. Na poca da polinizao diferencia-se um arilo vermelho que chega a cobrir quase totalmente a semente. No restante do grupo os megastrbilos so ditos compostos, pois os megasporfilos so formados por duas escamas, uma bracteal e outra ovulfera. Estas variam em forma, tamanho e grau de fuso, constituindo, portanto, um excelente carter taxonmico, principalmente ao nvel de famlia. Tambm ocorre variao no nmero de vulos por escama ovulfera, porm, geralmente, portam apenas dois vulos. O vulo nas gimnospermas constitudo por uma nucela (megasporngio), envolta por um nico tegumento, onde se diferencia uma micrpila. A megasporognese semelhante a das angiospermas. O megasporo entra em divises nucleares, seguida pela formao de parede da periferia para o centro, aumentando de volume e formando o ginfito (megagametfito). Certas clulas mais prximas micrpila, se diferenciam em 2 ou mais arquegnios (megagametngio), cada um com uma oosfera.

Importncia das Gimnospermas - So muito utilizadas como plantas ornamentais em jardins residenciais e pblicos. Algumas plantas do gnero Cycas (palmeirinhas-de-jardim) fornecem amido para a confeco do sagu; fornecem madeira para a construo e fabricao de mveis; a madeira utilizada na fabricao de papel; a resina dos pinheiros utilizada na fabricao de desinfetantes e na perfumaria; o pinheiro Abis balsamea fornece o blsamo-do-canad, utilizado na preparao de lminas nos laboratrios de anlises; os pinheiros chamados cedros-do-lbano possuem madeira muito resistente que era utilizada na construo naval. O famoso templo de Salomo foi construdo com madeiras desse pinheiro; alguns pinheiros como a araucria do sul do Brasil produzem sementes comestveis, conhecidas por pinhes; alguns pinheiros do gnero Pinus produzem a terebintina utilizada como solvente na fabricao de tintas e vernizes, alm de outras aplicaes; o mbar uma resina fssil de conferas. ANGIOSPERMAS As angiospermas constituem uma das duas grandes divises em que se repartem as plantas superiores (com flores e sementes) e se denominam fanergamas. As angiospermas compreendem grande diversidade de rvores, arbustos e espcies herbceas, rasteiras e aquticas. Distribuem-se por todo o mundo e ocupam os habitats mais distintos, do rtico aos trpicos, passando por matas, desertos, estepes, montanhas, ilhas, guas continentais e ocenicas. As angiospermas representam o grupo de maior diversidade entre as plantas terrestres, com mais de 250 000 espcies; esse sucesso se deve a adaptaes vegetativas e reprodutivas, sendo as principais: a- formao de ovrio, atravs do dobramento e soldadura dos carpelos (macrosporofilos), protegendo vulos e sementes; b- plen pousando no estigma e no mais diretamente na micrpila; c- vulos com dois tegumentos; d- rgos de reproduo no mais reunidos em estrbilos, mas em flores, onde os estames representam os microsporofilos e os ovrios, os macrosporofilos; e- reduo acentuada do megagametfito, aqui denominado saco embrionrio, formado a partir de uma ttrade de macrosporos originados por meiose, onde apenas um evolui, dividindo-se por 3 vezes seguidas, originando 8 ncleos, dos quais 3 se agrupam prximo micrpila (duas sinrgides laterais e uma oosfera central); outras 3 migram para a extremidade oposta, constituindo antpodas; no centro do saco embrionrio instalam-se os dois ncleos restantes, denominados ncleos polares da clula mdia; f- dupla fecundao: ocorre exclusivamente nas angiospermas: o tubo polnico cresce atravs do estilete at o ovrio, atravessa a micrpila do vulo, lanando em seu interior duas clulas espermticas; uma se funde com a oosfera, originando o zigoto e a outra se une aos ncleos polares, formando um tecido triplide, o endosperma, que freqentemente acumula grande quantidade de reservas nutritivas (amido, leo, acares, etc.). O embrio formado aps sucessivas divises do zigoto, nutrindo-se do endosperma.

Livro de Botnica 1 2007 prof Arlindo Costa 13 As angiospermas correspondem ao grupo mais abundante e com maior diversidade entre as plantas terrestres (mais de 250.000 espcies conhecidas). O avano evolutivo destas, em relao s gimnospermas envolveu mudanas tanto vegetativas quanto reprodutivas, destacando-se: a) vulos e sementes no mais expostos, mas includos num ovrio. O ovrio evoluiu provavelmente do dobramento e soldadura das bordas do megasporofilo (uma folha ou estrutura semelhante a uma folha que carrega o megasporngio =estrutura do rgo feminino na qual os megsporos so produzidos) ou carpelo. b) Como conseqncia, o gro-de-plen no pousa mais diretamente na micrpila do vulo (abertura nos tegumentos do vulo, atravs da qual o tubo polnico usualmente penetra), mas numa regio receptiva especializada do ovrio, o estigma. c) vulo com, geralmente, dois tegumentos. d) rgos de reproduo no so mais reunidos em estrbilos (estruturas reprodutoras que consiste em um certo nmero de folhas modificadas = esporofilos, que contm os esporngios), mas em flores. Estas so interpretadas basicamente como um eixo caulinar curto, portando folhas modificadas em spalas e ptalas, dispostas em torno de microsporofilos (estames) e megasporofilos (ovrios). e) Reduo extraordinria do gametfito feminino. f) Dupla fecundao. Uma caracterstca quase exclusiva das angiospermas. O tubo polnico cresce atravs do estilete at o ovrio de uma flor, dirigindo-se para a micrpila do vulo (estrutura que contm o gametfito feminino com a oosfera), atravessa a camada de clulas restantes do megasporngio que envolve o saco embrionrio (gametfito feminino, geralmente com 7 clulas, mas octonucleada; as 7 clulas so a oosfera, as duas sinrgides, as trs antpodas, todas com apenas um ncleo, e a clula central, com dois ncleos), penetra neste ltimo e lana em seu interior as duas clulas espermticas (gametas masculinos). Uma delas vai fundir-se com a oosfera, formando o zigoto diplide. A outra se une aos dois ncleos polares da clula central originando uma clula triplide, denominada endosperma. Freqentemente o endosperma acumula grande quantidade de reservas nutritivas (amido, acares, leos etc). A partir de sucessivas divises do zigoto, forma-se o embrio, que cresce s custas do endosperma, digerindo-o. Com a modificao dos tegumentos envolventes, surge a partir do vulo fecundado uma semente, que contm em seu interior um novo indivduo diplide em estado embrionrio.

EVOLUO A monofilia das Angiospermas (origem a partir de um ancestral comum) fortemente suportada pelas anlises filogenticas atuais, com base em morfologia e caractersticas moleculares, como constituintes qumicos e DNA.

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CADERNO III ORGANOGRAFIA VEGETAL RAIZ Consideramos a definio de raiz das plantas terrestres. o rgo geralmente aclorofilado de geotropismo positivo, que se fixa o vegetal ao solo de onde retira, por absoro a gua e os sais minerais nela dissolvidos. A funo de absoro da raiz est relacionada com presena dos plos absorvente a medida que a plntula se desenvolve, transformando-se em planta, a raiz passa a exercer a funo de fixao, portanto, mecnica. Nas plantas aquticas flutuantes, a raiz submersa e nas plantas aquticas fixadas no fundo dos lagos dos rios ela funciona como razes das plantas terrestres. Nas plantas as epfitas, a raiz, geralmente modificada, fixa a planta ao caule e aos ramos do vegetal. Nas Gimnospermas e Angiospermas, isto , plantas providas de sementes, a raiz se origina do crescimento e da diferenciao da radcula do embrio, durante o fenmeno da germinao. As raiz de uma nova planta terrestre se subdividem a partir da extremidade em: A - Coifa ou caliptra ou peleorriza. B - Regio lisa (zona de crescimento). C - Regio pilfera (zona de absoro). D - Regio suberosa- local onde se origina as radicelas ou razes secundrias ou de segunda ordem. Pela base a raiz limita-se com o caule, zona essa chamada colo ou n vital. Coifa ou Caliptra ou Pileorriza. o revestimento protetor da estrutura meristemtica da ponta da raiz, em forma de dedal. As clulas mais externas vo morrendo e caindo por descamao, sendo substituda por outras que lhe so subjacentes. A principal funo da coifa proteger a extremidade da raiz, forma das clulas meristemticas, contra o atrito com as partculas do solo, durante o crescimento. Nas plantas aquticas a coifa no se destri, sendo especialmente desenvolvida e podendo ser formada por diversas camadas superpostas. Sua funo proteger os delicados tecidos meristemticos da ponta da raiz contra o ataque de microrganismos, com bactrias, fungos e animalculos comuns na gua. Nas plantas epfitas, a coifa tambm permanece e acompanha o crescimento da raiz evitando a dessecao do pice. Ela falta nas razes sugadores como a do cip-chumbo. A coifa das plantas aquticas bem como a das epfitas carecem de funo absorvente. Regio lisa ou de crescimento Acima da coifa, a raiz apresenta-se desnuda ou lisa; nessa regio verifica-se o maior crescimento da raiz devido distenso de suas clulas, razo Pela qual ela chamada tambm regio de distenso da raiz. Regio pilfera ou dos plos absorvente ou de absoro. Si usa-se aps a regio lisa ou de crescimento. Produz os plos absorventes ou plos radicelares, a partir de clulas epidrmicas que se alargam o se insinuam entre as partculas terrosas das quais absorvem os alimentos (gua e substncias dissolvidas). Por essa razo os pelos so tortuosos. Nas plantas aquticas os plos so mais ou menos cilndricos e retilncos. Os plos absorventes so unicelulares. As paredes delgados dos plos esto recobertas por uma substncia viscosa de reao cida. O comprimento dos plos varia de 0,15 a 8 mm. Seu nmero por mm da rea epidermal, gira entre 200 a 300. Os plos aumentam aproximadamente 5,5 vezes a rea de absoro em comparao a igual rea sem plos. Expostos ao ar seco, murcham em poucos segundos, morrendo em conseqncia, da o cuidado que se deve ter ao se fazer o transplantes de mudas. Muitas plantas, como as aquticas e palustres, no possuem plos, contudo absorvem gua com facilidade. A extenso da zona pilfera se mantm mais ou menos constante, embora a durao dos plos absorventes seja curta. A medida que os pelos de cima vo se desprendendo, abaixo vo surgindo outros quase ao mesmo tempo, mantendo assim, a zona pilfera sempre do mesmo tamanho de 2 a 6 cm. Regio Suberosa - Com a queda dos pelos absorventes o tecido perifrico se suberiza, resultado a regio suberosa que se torna imprpria para absoro. A suberizao impede a penetrao de bactrias e fungos pelas aberturas formadas com a queda dos plos. na regio suberosa que surgem as razes secundrias ou radicelas, sobre as quais se desenvolvem, posteriormente, as razes tercirias ou de terceira ordem e assim por diante. As razes de vrias ordens, enquanto novas, apresentam constituio morfolgica semelhante a da raiz principal, antes de sua transformao em raiz pivotante. Sistemas Radiculares: Sabe-se que uma raiz jovem se compe das partes: coifa, regio lisa, regio dos plos absorventes e regio suberosa, onde surgem as radicelas ou razes secundrias. Sobre as razes secundrias nascem as de terceira ordem e destas as de quarta ordem, e assim por diante. Teremos desta forma, o sistema radicular em que a raiz principal, continua a se desenvolver aprofundando-se no solo. Tal sistema, onde a raiz principal mais desenvolvida que as secundrias e estas mais que as tercirias e assim sucessivamente, denomina-se sistema pivotante, comum nas Gimnosperma e Dicotiledneas. No sistema pivotante, a raiz principal possui ainda outras denominaes, como pivotante mestra, axial, gavio. As rvores que apresentam este tipo de raiz costumam apresentar um porte bem elevado, este tipo de raiz agora estudado tem com funo principal a fixao ao solo dando a planta um timo meio de sustentao, como as pilastra de um grande Edifcio. O trabalho de absoro fica portanto a critrio das razes mais novas. A casos que este tipo de raiz se atrofia e a funo de fixao fica a critrio das razes secundrias ou mesmo terciria. O exemplo mais conhecido e a Rizophora mangle (rvores do mangue). H casos que a raiz principal nem chega a se desenvolver como no caso das gramneas e outras monocotiledneas. A raiz principal nestes casos se atrofia dando lugar as razes secundarias logo no primeiro n do caule, originando assim o sistema fasciculado.

Livro de Botnica 1 2007 prof Arlindo Costa 15 CATEGORIAS DAS RAZES Razes Subterrneas ou Terrestre: Este tipo de raiz so as mais freqentes e pertence as plantas que se fixam ao solo, onde se desenvolvem. Cilndrica - quando possui a forma de cilndrico Filiforme - quando comprida e fina como barbante A forma da raiz varia com a idade da planta, com a variedade, com o solo e clima. As descries que fizemos representa as formas tpicas. Direo da raiz: Perpendicular - quando simples e ramificada, dirigindo-se perpendicularmente dentro da terra. Maioria das pivotantes. Oblqua - quando penetra obliquamente no solo. Horizontal - quando se espalha perto da superfcie do solo. Direita - quando no tem curvatura. Recurvada - quando tem a forma de arco. Flexuosa - quando curvada em vrios sentidos. Consistncia e Contedo do Tecido. Lenhosa - quando dura como a madeira. Tberas - quando entumecida e menos dura, acumulando reservas, como na dlia e batata-doce. Carnosa - quando mole e pouco consistente. Ex.:. Beterraba (Beta vulgaris), mandioca, cenoura, nabo, etc. Suculenta - Quando contm suco. Lactense - quando o suco leitoso. Durao: Anual - quando se conserva em apenas em um ano. Ex.:. Milheiro, alface(Lactuca sativa), tremoo(Lupinus hirsutus). Bienal - quando vive dois anos e depois morre. Ex.:. Cenoura, e couve (Brassica oleracea). Perene ou Vivaz - quando vive durante muitos anos, como rvores.

Razes areas: As razes que se desenvolvem no caule ou em certas folhas e as razes das plantas epfitas so consideradas razes areas. As razes que nascem nos caules e nos ramos se classificam em duas categorias: caulgenas tambm denominadas normais e adventcias ambas de origem endgena. Razes caulgenas ou normais - se forma em pontos terminados do caule, durante seu crescimento normal, como por exemplo as razes da face inferior dos rizomas as dos estolose de muitas plantas herbceas como o moranguinho (Fragaria gressa) e rannculos (Ranuculus reprens). Nas Monocotiledneas forma-se pela germinao da semente a raiz principal (raiz primaria ) oposta ao polo caulinar. Com exceo de muitas palmeiras essa raiz morre logo, juntamente com as partes inferiores do caule e so substitudas por razes caulgenas que nascem principalmente no ns. Resulta assim um sistema radicular fasciculado formado de razes caulgenas mais ou menos iguais entre si o que penetram no solo, onde se encurvam, sistema esse muito freqente nas gramneas. Razes Adventcias - se originam, via de regra nas feridas praticadas no caule ou nos ramos e mesmo em certas folhas, ou ainda por tratamento hormonal. Conhecido o processo de programao vegetativa ou assexuada da begnia (Begnia sp), 8, por meio da folha que funciona como estaca. Assim retirando-se uma folha com seu pecolo e introduzindo-a na areia mida formam-se uma base destas razes adventcias. Praticando-se incises transversais em nervuras do limbo, h a formao de um ponto vegetativo completo capaz de desenvolver uma nova planta de begnia provida de razes. A formao de razes adventcias por ao hormonal prtica hortcola corrente. Aplicando-se uma pasta com substncia de crescimento qual seja o acido alfa naftaleno actice (AM) na regio basal de colos surgem adventcias em quantidade nas proximidades do local. Entre as razes adventcias m ainda as razes chamadas suportes que ocorrem em algumas espcies de figueiras como na conhecida figueira "banyan". A qual emite de seus ramos horizontais, inmeras razes, que crescem na direo do solo e quando o alcanam se desenvolvem de tal maneira que chegam a suportar todo peso da copa, se o tronco for cortado. As plantas epfitas vivem nos troncos e nos ramos das rvores que lhes servem apenas de suporte, pois, como plantas auttrofas, realizam a fotossntese, no sendo por conseguinte, parasitas. Essas plantas prendem-se ao suporte por meio de razes aderentes especais e com fototropismo negativo; comumente envolvem os ramos como se fossem braos. A flora brasileira particularmente rica de plantas epfitas, entre elas as orquidceas, arceas, bromeliceas, alm de outras famlias. Razes respiratrias: Certas plantas que vivem em terrenos alagadios, como o mangue-amarelo ou manguebranco (Avicennia tomentosa), prximas ao solo razes que saem para a atmosfera verticalmente e que alcanam o nvel da mar alta essas razes so providas de lenticelas ou pneumatdios atravs dos quais penetra o ar e por esse motivo denominam-se pneumatforos. Durante a mar baixa os pneumatforos permanecem expostos no ar exercendo a sua funo exercendo a sua da respirao.

Livro de Botnica 1 2007 prof Arlindo Costa 16 Razes aquticas: As plantas aquticas flutuantes so providas de razes que, via de regra, se assemelham s razes subterrnea, porm desprovidas de plos absorventes e com a ponta protegida pela bolsa radicular. So comuns em nossos rios, lagos e lagoas, o aguap (Fichornia azurea ), a Herva-de-Santa-Luzia (Pistia stratiotes), a lentilha d'gua (Lemna minor), A raiz terrestre rgo geralmente aclorofilado, de geotropismo positivo, que fixa o vegetal ao solo de onde retira por absoro, a gua e os sais minerais nela dissolvidos. A raiz quando nova possui as seguintes partes: coifa, calipta ou pileorriza: regio lisa ou de crescimento; regio pilfera, dos plos absorventes ou de absoro e regio suberosa, onde surgem as radicelas. Os sistemas radiculares podem ser pivotante e fasciculado. As razes podem ser terrestres, areas, respiratrias e aquticas. NOTA: As razes do cafeeiro chegam a alcanar uma profundidade de 4,06m, em solo profundo e a soma do comprimento de suas radicelas pode atingir, em mdia 22,765 km, na frica (Nutman).

CAULE O caule rgo que liga o sistema radicular ao sistema foliar. Descreveremos o caule das plantas fixas ao solo. o rgo do vegetal que se desenvolve na atmosfera, com geotropismo negativo, geralmente clorofilado e que sustenta as gemas, os ramos, as folhas, as flores e os frutos. Em sua extremidade encontra-se a gema apical e em sua base a raiz. A regio que separa a base do caule da raiz chama-se colo ou n vital. Partes do caule: O caule consta, principalmente de: ns, entre-ns ou meritalos, gemas.. Ns: Os ns so pequenas elevaes no caule, onde se inserem os rgos apendiculares tais como as folhas, as estpulas, as brcteas, as escamas, as gavinhas foliares, etc. Com o desprendimento da folha ou dos demais rgos apendiculares, resulta no caule, uma cicatriz cuja forma vai depender da base do rgo que se destacou. No colmo das gramneas e bem assim em outras plantas, o n envolve o caule, guiza de anel. Entre-ns : Os entre-ns so os intervalos entre dois ns sucessivos. Ao longo do caule, o comprimento dos entrens constante, entretanto, na regio do crescimento, prxima extremidade, os intervalos diminuem, progressivamente, de tamanho na direo apical. Gemas: As gemas, tambm chamadas botes, so um esboo de rgo vegetal, susceptvel de evoluir de forma e que d origem ou a um ramo dotado de folhas ou a uma flor. A prpria flor no passa de um ramo rudimentar provido de folhas modificadas, que podem ser acompanhados ou no de rgos protetores. CLASSIFICAO DAS GEMAS: Quanto a localizao: As gemas podem ser apicais ou terminais, laterais axilares e laterais adventcias. Gema Apical ou Terminal - localizada na extremidade do caule ou dos ramos, constituda pelo ponto vegetativo (meristema apical) e de vrios primrdios foliares, de diversos tamanhos, em que os mais velhos e mais longos recobrem o ponto vegetativo, dando-lhe proteo. Assim, a gema apical conjunto dos pontos vegetativos e dos primrdios foliares; , pois, a poro terminal jovem do caule ou do ramo folhoso. Gemas Laterais Axilares - so exgenas e se desenvolve na axila das folhas, ou seja, onde a face superior do primrdio foliar se confunde com o tecido do caule. A folha, em cuja axila se forma a gema, chama-se folha tectriz. Enquanto nas Angiosperma normalmente cada folha possui uma gema axilar, em muitas Gimnospermas (Picea, Taxus ), ao contrrio, nem todas apresentam gemas axilares. Gemas Laterais Adventcias - so endgenas e se originam nas vizinhanas de feridas resultantes da poda de ramos grossos ou de troncos de rvores ou arbustos. Quanto situao as gemas podem ser: Gemas areas - no espao acima longe do solo; Gemas superficiais - quando se desenvolvem na superfcie do solo; Gemas subterrneas - quando se desenvolve abaixo do solo; Gemas aquticas - como o prprio nome indica dentro da gua. Quanto natureza: Gemas Folhferas ou Ramferas ou de Lenho - porque desenvolvem um raminho com primrdios foliares que dar o futuro ramo as suas folhas. So gemas pequenas e pontiagudas. Ex.:. Roseira (Rosa sp), laranjeira (Citrus sp), guanxuma (Sida rhombifolia). Gemas Florferas ou Botes - so as que produzem flores. Cada boto encerra o esboo de uma s flor nas, plantas de fruto com endocarpo lignificado (caroo), ou vrias flores, nas plantas de fruto carnoso. As gemas florferas so volumosas, menos pontiagudas e arredondadas no pice diferindo, assim, das gemas ramferas. Ex.:. Camlia (Camlia japnica), algodoeiro (Gosypium sp.). As diferenas entre as gemas ramferas e florferas nem sempre so ntidas, como se verifica na macieira (Malus sylvestris ) e pereira (Pyrus communis ), que possuem outras gemas denominadas dardos, as quais do origem a ramos, se o seu desenvolvimento imediato, ou se transformam em gemas florais e posteriormente em flores, se forem de evoluo mais lenta. Morfologicamente, os dardos, nem sempre podem ser distinguidos de pronto, isto , se so gemas ramferas ou gemas florferas. Na videira (Vitis vi-

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niferas), no pltano (Platanus occidentalis) e em certas espcies as gemas que so todas iguais produzem ramos portadores de folhas e flores, no existindo assim, botes ou dardos.

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Quanto disposio: As gemas laterais auxiliares seguem a mesma disposio filotxica, isto , da insero das folhas, podendo ser: Alternadas, girassol (Hellianthus annuum), Opostas, goiabeira (Psidium guayava) e cafeeiro (Coffea arabica) e Verticiladas, espirradeira (Morium oleander) conforme esto colocadas na axila de folhas respectivamente de insero alternas oposta ou, ainda, sobre as cicatrizes foliares. As alternas ainda podem ser: espiraladas, salgueiro (Salix alba ), quando em hlice sobre o raminho; Dsticas, milho (Zea mays), quando inseridas em duas linhas longitudinais e diametralmente opostas. Frequentemente, as gemas opostas so cruzadas, quer dizer, os planos que passam por sua insero e pelo eixo do caule se cortam em ngulo reto. Em todos estes casos, h uma gema por axila da folha. Quanto ao agrupamento: Colaterais - quando colocadas umas ao lado das outras, como no pessegueiro (Prunus persica ), cafeeiro (Coffea arabica), figueira (Ficus sp): na amendoeira (Prunus amygdalus), h trs gemas colaterais sendo as duas laterais florferas e a do meio ramfera. Sobrepostas - quando umas sobre as outras, como no azevinho (Ilex sp.) e na violeteira (Viola odorata ). Normalmente, nem todas essas gemas se desenvolvem, apenas uma desabrocha; todavia, se esta morre, por qualquer razo, ento as outras podem se desenvolver. Quanto atividade: Prontas - quando desabrocham e se desenvolvem no mesmo ano de sua formao, e sero primaveris, estivais e outonais conforme entram em atividade na primavera, no vero ou no outono. Hibernantes - quando se formam num ano e se desenvolve no ano seguinte. Entretanto, casos h em que as hibernantes, por qualquer circunstncia, se desenvolvem no mesmo ano e se denominam antecipadas. Dormentes - quando s desabrocham no fim de vrios anos, podendo inclusive, nunca entrar em atividade. As gemas podem variar, ainda, quanto forma, sendo as mais comuns as ovides, cnicas, arredondadas, aliptcas, oblongas: quanto a proteo podem ou no apresentar escamas protetoras, existem as gemas nuas que ocorrem nas plantas de folhas persistentes e as vestidas encontradas nas plantas de folhas caducas. Caracteres Gerais Durao:- O caule tem durao do sistema radicular da planta a que pertence; podendo ser anual (um ano), bienal (dois anos), perene ou vivaz (muitos anos). Dimenses: As dimenses variam desde milmetros, em Wolffia arrhiza (famlia Lemnaceae), at vrias dezenas de metros de altura nos Eucalyptus da Austrlia, ndo entre os mais altos do mundo o exemplar existente em Marysville, com 92 meros, o das proximidades de Melbourne com 99,45 m de altura e 7,80 m de circunferncia. Entretanto, as mais altas rvores da flora mundial so as famosas sequias da Sierra Nevada, Califrnia, onde um exemplar de Sequia gigante alcanou 100m de altura de 12m de dimetro. Fcil imaginar variao de dimenses entre os limites mencionados. Todavia, podemos de um modo geral, considerar os caules quanto altura em: gigantescos, grandes, mdios, pequenos e bem reduzidos. Atingem tambm, dezenas de metros, porm, em comprimento, numerosos sarmentos, lianas ou cips, trepadeiras lenhosas, das nossas matas. Nas selvas tropicais, algumas lianas medem mais de 300 metros de comprimento. Consistncia: A consistncia dos caules depende da natureza dos tecidos que os compem, podendo ser : 1- Herbcea - quando prevalecem tecidos tenros, portanto moles, mais ou menos suculentos, frgeis, e comunente verdes, como no tomateiro (Lycopersicon esculentum), Aboboreira (Cucurbita pepo e Cucurbita moschata), couve (Brassica oleracea var. acephala). 2 - Lenhosa - com predominncia de tecidos lenhosos que tornam o caule rijo e resistente, como no caule das rvores em geral. Entre os caules lenhosos e os herbceos existem termos de transio, conforme se aproxima de um ou de outro tipo, sero respectivamente sublenhosos e sub-herbceos. 3 - Carnosa ou Suculenta - quando o caule volumoso, porm tenro e constitudo de tecidos ricos em gua. Podemos considerar ainda os caules e ocos ou fistulosos, que possuem um canal medular de dimetro grande, quando comparado com a respectiva seco transversal e os caules medulosos, quando conservam seu tecido medular. Por outro lado, os caules chamados macios ou compactos possuem medula reduzida. Forma e seco : Dentre os numerosos exemplos, destacaremos os principais tipos de caules do ponto de vista da forma e da sua seco transversal. 1- Cilndrico - quando possui a forma de um cilindro reto, como nos bambus (Bambusa sp), cana-de-acar (Saccharum officinarum), tamareira (Phoenix dactylifera), perobeira (Aspidossperma polyneuron). A seo transversal destes caules circular.

Livro de Botnica 1 2007 prof Arlindo Costa 18 2 - Prismtico - quando possui a forma de um prisma regular podendo ser: triangular como no maracuj-a (Plassiflora alata); quadrangular, como no cleo (Coleus sp) e outras Labiadas. As seces transversais so respectivamente triangular e quadrangular. 3 - Claddios - so os caules formados por ramos longos, achatados maneira de folhas, que se estreitam nos pontos de ligao, como na figueira-da-ndia ou palmatria (Opuntia ficus-indica), e a fita-de-moa ou solitria (Muehlenbechia platyclada). Os filocldios diferem dos claddios, porque so ramos curtos, de crescimento limitado e tambm semelhantes a folhas, como no espargo (Asparagus officinalis), no melindre (Asparagus plumosus) as seces transversais so elpticas. 4 - Cnicos - quando tem a forma de um cone, sendo comum na maioria das rvores, e possuem seco transversal circular. 5 - Globoso - quando arredondado como no Echinocactus e na couve-rabano (Brassica oleracea var. gongylodes),cuja seco transversal circular. 6 - Fusiforme - quando engrossado na regio mediana e por isso tambm chamado barrigudo, como o caule da paineira (Chorisia speciosa). A seco transversal circular. 7 - Alado - quando por supresso das folhas, o caule produz Ex. anses aliformes, como na carqueja (Baccharis genis telloides). 8 - Anmalo - quando a forma do caule no se acha compreendida entre os tipos j mencionados, ocorrendo entre os seguintes cips: cip-escada (Bauhinia sarmentosa) e cip-mil-homens (Aristochia brasiliensis). A forma da seco transversal depende da forma do cip. Superfcie: De acordo com o aspecto da sua superfcie, os caules podem ser: 1 - Liso ou glanro, quando a superfcie do caule no apresenta rugosidade, como na goiabeira (Psidium goajava), no Eucalyptus citriodora e na beldroega (Portulaca oleracea). 2 - Rugoso - quando apresenta salincias e sulcos irregularmente dispostas, como na mangueira (Mangifera indica), jaqueira (Artocarpus integrifolia). 3 - Sulcado - quando possui sulcos profundos ao longo da superfcie, como no cip-de-rgo (Bignonia sarmentosa). 4 - Gretado - quando com fendas irregulares na superfcie como na cajazeira (Spondias sp.). 5 - Pulverulento ou Farinoso - quando coberto de p semelhante a farinha, como na jurubeba (Solanum paniculatum) e em outras Solanceas. 6 - Glauco ou Cerfero - quando coberto por uma tnue camada de cera, como na couve, repolho (Brassica oloracea var. capitata)e outras crucferas cultivadas. 7 - Suberoso - quando revestido de sber ou cortia, como no sobreiro ou rvore - da - cortia (Quercus suber), na rvore - do - leo - de - cajeput (Melaleuca Leucadrendron) e no cip-mil-homnes. 8 - Tuberculoso - quando coberto de tubrculos, como na Testudinaria elephantipes, planta da frica. Indumento: O indumento que reveste a epiderme caulinar pode apresentar-se com vrios aspectos e sua distribuio na planta pode ser geral ou localizar-se nas partes jovens do vegetal, como na base dos entre-ns, dos ns, no interior das estrias, sulcos ou caneluras. De um modo geral, o indumento ocorre tanto na epiderme caulinar como na foliar, portanto, no corpo primrio da planta. Com a estrutura secundria, a epiderme caulinar substituda pela periderme, o mesmo no acontece com as folhas, que por essa razo elas conservam o seu indumento. Em face do exposto, o indumento ser apreciado no estudo das folhas. Armadura: Os caules providos de defesas so denominados armados, podendo ser: 1 - Espinhoso ou espinfero, quando armado de espinhos. Os espinhos so formaes afiladas, que terminam em ponta, ricos de tecidos de sustentao, da a rigidez que possuem; podem ser ramificados ou simples e se produzem ou por transformao de folhas ou de suas partes, como no Berberis vulgaris, nas cactceas ou podem ser transformaes de brotos dando origem aos espinhos caulinares, como nos citros, no joazeiro (Zisyphus jaozeiro),no pilriteiro (Crataegus sp.). Mais raramente temos os espinhos radicais, oriundos de razes transformadas, intensamente lignificados, como os que nascem do caule da palmeira Acanthorrhiza e na rubiceas epfita Myremecodia echinata. 2- Aculeados quando possuem acleos, isto , excrescncias epidtmocas, funda no vegetal, como na roseira, na beringela Solanum melongena) na jurubeba e na paineira ou barriguda. Cor: A colorao do caule depende da idade, da espcie ou da variedade da planta a que ele pertence. A colorao verde mais comum, principalmente quando a planta jovem e, nas plantas herbceas, como aboboreiras, tomateiro, couves e em alguns arbustos e rvores, como o guapuruv (Schizolobium excelsum). Afora o verde, ocorrem as coloraes acinzentadas - palmeira-real e imperial; arroxeada ou avermelhada - trapoeraba (Zebrina pendula) , certos " culvivars " de quiabeiro (Hibiscus esculentus), vinagreira (Hibiscus sabdariffa); verde passando a pardo-pau-mulato (Calicophyllum spruceanum). Nas rvores em geral o caule pode ser marrom claro, cinzento, pardacento, etc.. Cumpre acrescentar que a colorao normal do caule pode ser afetada pela presena de vegetao epfita, composta de certas espcies das algas, liquens e musgos. Categorias de caules areos: Denominados tambm terrestres, compreendem os caules eretos, os rasteiros, os estolhos, os trepadores, os volveis e os caules das plantas epfitas. Eretos - crescem verticalmente sobre o solo e podem ser:

Livro de Botnica 1 2007 prof Arlindo Costa 19 Tronco - caule lenhoso, cilndrico ou ligeiramente cnico, isto , mais desenvolvidos na base do que na regio superior, onde se inserem os ramos. o caule das rvores em geral, freqente nas Dicotiledneas, Eucalyptus sp., Perobeira, Mangueira (Mangifera indica) e nas Gimnospermas- Sequias da Califrnia, Pinheiro-do-Paran (Araucaria angustifolia), Pinus (Pinus sp.) Nos arbustos o caule tambm lenhoso, todavia menos desenvolvidos do que nas rvores. O caule e os ramos que se formam desde a base possuem aproximadamente o mesmo dimetro, como no Chazeiro (Thea sinensis) e no Cafeeiro. Os sub-arbustos so de menor tamanho que os arbustos, com caules lenhosos e ramos herbceas, como no quiabeiro. Estipe - espique ou estpite- Caule geralmente cilndrico, sem ramificao, com as cicatrizes foliares de formas diversas, comumente coroado por um tufo de folhas. Entre as Monocotiledneas encontramos as palmeiras, rvore-do-viajante (Ravenala madagascariensis) e dracenas (Dracaena sp.); entre as Dicoledneas citamos o mamoeiro (Carica papaya); entre as Gimnospermas mencionamos o sag-do-japo (Cycas revoluta e Cycas circalis); entre as Pteridfitas, os fetos arborescentes (Alsophylla, Cyathea e Dicksonia). Colmo - Caule via de regra sem ramificao, com ns bem delimitados, anelares, e cada qual provido de uma gema e folhas invaginantes, entre-ns ou gomos de forma cilndrica, podendo haver gomos convexos e cncavos os gomos so separados uns dos outros, por um disco interno ou diafragma. O colmo apresenta, assim, aspecto articulado. Na extremidade, existe uma gema ativa. Os colmos podem ser compactos, macios ou cheios, como no milho, cana-de-acar, isto , com tecido medular e ocos ou fistulosos, como no bambu, desprovido do tecido medular. Haste - Caule das ervas e de alguns subarbustos, de natureza herbcea, como na couve, mandioqueira, fumo (Hicotirana tabacum), tomateiro, craveiro (Lianthus caryophyllatus). Em algumas espcies, a haste ligeiramente lignificada na base, como no repolho, brcoli (Brassica oleracea var. botrytis). Rasteiros, reptantes ou rastejantes: So os caules que falta de resistncia crescem sobre o solo e emitem razes caulgenas que fixam a terra, dando lugar a formao de novos indivduos, como a aboboreira, batata-doce (Ipomoea batatas), car (Dioscorea sp.), melancia (Cephaelis ipecacuanha) Prostrados quando os caules acompanham a superfcie do colo. Estolhos - so eixos caulinares emitidos ao nvel da roseta foliar e que rastejam superfcie do solo; apresentam, de trecho em trecho, gemas, as quais, entrando em atividades, originam novas plantas, que por sua vez, so capazes de emitir novos estolhos. , pois, um processo de proao vegetativa da planta. Os estolhos so encontrados no moranguinho (Fragaria vesca), e em algumas gramneas, como a grama-seda ou capim-de-burro (Cynodon dactylon). Na grama-americana (Stenotaphrum americanum), parte do caule um estolho e parte um rizoma. Volveis - caules desprovidos de rgos de fixao e que se enrolam helicoidalmente num tutor ou planta, devido, principalmente, ao movimento de natao de suas delicadas extremidades, quando a extremidade do caule se enrolam no tutor em sentido contrrio ao do movimento dos ponteiros de um relgio, denomina-se sinistrorsos, como campnula (Pharbitis sp.), na ipomia no feijoeiro (Phaseolus vulgaris). Quando a extremidade do caule volvel se enrola no tutor no mesmo sentido dos ponteiros de um relgio, denomina-se dextrorso, como na madressilva (Lonicera caprifoli) no lpulo (Lupinus albus) e no guaco (Mikania cordifolia). Trepadores: Os caules trepadores, tambm chamados sarmentosos ou lianas, so lenhosos, delgados, muito alongados, flexveis, diferem dos caules volveis porque possuem rgos de fixao que lhes permitem alcanar, rapidamente o cimo das copas ou trepar sobre muros, cercas, rochas, etc... Distinguem-se uns dos outros pela natureza dos rgos de fixao. Assim, dentre as principais plantas trepadoras, mencionamos as seguintes: a doce-amarga ou vinha-selvagem ou vinha-da-judia (Solanum dulcamara), que possui ramos laterais divergentes, em forma de ganchos; o lpulo (Humulus lupulos) provido de plos rgidos , a roseira e a framboeza (Rubus rosaefolius) dotada de acleos; primavera ou trs-marias (Bougainvillea spectabilis) com espinhos, a hera (Hedera elix) com razes caulgenas tipos de garras ou grampos, o cip-imb (Philodendron bipinnatifidum) que emite razes caulgenas cilndricas, compridas, e a hera-miuda ou figueira-trepadeira (Ficus repens) que se prende por meio de razes caulgenas, que formam pequenos feixes de posio horizontal aos caules, muros e paredes; a unha-degato (Bignonia unguis catis) provida de garras caractersticas de origem foliar; o chuchu, a videira, amor-agarrado (Polygonum leptopus) melo-de-so-caetano (Momordica charantia) o maracuj (Passiflora sp.), e ervilha-decheiro (Lathyrus odoratus) e a aboboreira que possuem gavinhas de vrios tipos e naturezas. Tanto os caules volveis como os trepadores, podem desenvolver-se superfcie do solo se no encontrarem um tutor ou suporte (plantas, muros, cercas, etc.) uma vez que so desprovidos de suficiente resistncia para se sustentarem em posio ereta. Epfitas ou dendrcolas: As plantas epfitas ou dendrcolas com caules herbceos ou pouco lenhoso, e de tamanho reduzido, diferem das plantas trepadoras, sempre enraizadas no solo, porque vivem desde pequenas adaptadas aos troncos e ramos dos vegetais que servem apenas de suporte. Todavia as epfitas podem, ocasionalmente, crescer sobre suportes inorgnicos, como as rochas as quais se apresentam, ento cobertas por aquela vegetao. As plantas epfitas no devem ser confundidas com as plantas parasitas, que tambm se encontram sobre ramos e troncos, como o cip-chumbo (Cuscute), erva-de-passarinho, uma vez que aquelas apenas se fixam nos ramos e nos troncos das rvores, ao passo que estas vivem custa de nutrio de hospedeiro. Mencionamos

Livro de Botnica 1 2007 prof Arlindo Costa 20 entre as plantas epfitas a maioria das orquidceas, algumas a arceas, como a babosa-de-pau (Philodendron Martianum), algumas bromeliceas, entre as quais as espcies de Vriesia, alguns caracteres do gnero Rhipsalis. Caules subterrneos: Os caules que se desenvolvem sob a superfcie do solo denominam-se subterrneos. Classificam-se em: Rizomas - diferem das razes pela presena de ns, entre-ns, gemas e folhas escamiformes ou catfilos, de crescimento horizontal, oblquo e raramente vertical. Os rizomas podem ser: definidos, quando a gema apical cessa de agir entrando em atividade as gemas laterais coma formao de novos rizomas, como no bambu, gengibre (Zingiber officinalis), inhame (Colocasis antiquorum) e as bananeiras (Musa sp.) Indefinidos - quando a gema apical continua sempre ativa, como na araruta (Maranta arundinacca) e Convallaria polygonatum, Quanto a consistncia temos os rizomas fibrosos, bambus, taquaras e outras gramneas: carnosos ou suculentos, gengibre e sap (Imperata brasiliensis), feculantes inhame e araruta. Quanto ao aspecto: Os rizomas podem ser delgados, grossos, curtos e alongados. Na tiririca (Cyperus rotundus) e rizoma filipndulo-tuberizado, isto , delgado e com pequenas tberas de espao a espao, as conhecidas batatinhas. Bulbos: - Distingue-se dos rizomas por serem mais reduzidos e de forma geralmente globosa. Principais Tipos Tunicado - Os tunicados podem ser: Simples ou Compostos - Simples - provido de um caule muito reduzido, denominado prato ou cormo, envolvidos por folhas modificadas, em forma de tnica, com disposio mais ou menos concntricas, cheias de reservas exceo das externas que so membranceas pela parte inferior, o prato produz razes cilndricas, e na superior, uma gema apical, guarnecida pelas tnicas. Ao desenvolver-se, a gema apical produz e vegetal epgeo. Como exemplo citamos a cebola (Allium cepa). - Composto - Fundamentalmente, o bulbo composto, cujo exemplo tpico o alto (Allium sativum), possui a mesma organizao da cebola, todavia cada dente ou bulbilho equivale um bulbo completo de cebola e o conjunto forma a conhecida cabea-de-alho. Slido - Caracteriza-se por apresentar o prato bem desenvolvido, com reservas nutritivas, constituindo a quase totalidade do bulbo, revestido de tnicas reduzidssimas, em pequeno nmero dispostas em vrias camadas semelhana de casca. As tnicas inscrem-se em ns circulares, providos de gemas. Na parte apical existem algumas gemas vegetativas que podem dar origem a um ou mais caules. Na parte inferior, est o sistema radicular fasciculado. Dentre os exemplos citamos a palma-santa-rita ou gladolo (Gladiolus sp. ), o aafro (Crocus sativus) e o clquico (Colchicum autumnale). Escamoso - Diferencia-se aos bulbos slidos e tunicado por possuir folhas subterrneas estreitas e modificadas, em forma de escamas e que tm disposio embricada, isto , umas cobrem as outras como as telhas de um telhado. Possuem, ainda, sistema radicular fasciculado e gema terminal que se desenvolve em planta epgea. Encontramos o bulbo escamoso na aucena-branca (Lilium candidum) , e no martagom (Lilium martagon) Tubrculo - O tubrculo um caule volumoso, comumente pouco alongado, devido a um processo de tuberizao semelhante aos das razes tuberosas e se distingue dos rizomas tuberosos pela ausncia de razes e de escamas ou catfilos. Suas gemas ou olhos se localizam em pequenas reentrncias. Ex: mais conhecido o da batatinha inglesa (Solanum tuberosum), cujos tubrculos esto ligados por meio de delgadas ramificaes subterrneas base de caule areo. O ponto de unio dos tubrculos s ramificaes delgadas denominam-se hilo e a regio polar oposta de coroa. A multiplicao das batatinhas se faz por meio de tubrculos, cujas gemas, brotam facilmente e produzem vegetativamente, novas plantas. Alm dos tubrculos da batatinha-inglesa, h outros aspectos de tubrculos caulinares. Assim, alguns autores consideram a beterraba como um tubrculo misto, isto , caulinar e radicular. O tubrculo do rbano (Raphanus sativus) quase todo caulinar, proveniente do hipoctilo da planta com pequena participao da base da radcula. Mais interessante o tubrculo caulinar areo da couve-rbano, que formado por numerosos entre-ns do caule. Xilopdios - Nos campos ridos do Brasil existem muitas plantas munidas de caules subterrneos, intumescidos, ricos de substncias de reserva, inclusive gua e de elementos mecnicos, lignificados, sendo frequentemente duros da o nome de xilopdios. Eles garantem a sobrevivncia da planta, quando, por causa do frio e da seca, as partes areas no podem sobreviver. Citamos como exemplo a Sida macrodon, uma guanxuma dos nossos campos, o colapi (Dorstenia sp.), a manicoba (Manihot glaziovii) e Borrenia angustifolia. Caules Aquticos -De um modo geral as plantas aquticas ou hidrfitas ou hidrfilas, compreendem todos os vegetais que exigem mais a gua que os recursos do solo para sua sobrevivncia e proao. Embora algumas vivam firmadas no solo, no prescindem de lquido ou maio proporo. As plantas aquticas vivem nos rios, lagos, baas, oceanos e de acordo com seu "habitat" dividem-se em vrios grupos ecolgicos. Todavia, mencionaremos algumas plantas e seus caules, sem considerarmos a sua classificao ecolgica, como a conhecida taboa (Typha demiguensis) com caule parcialmente rizomatoso, rastejante, rico de amido e uma parte ereta o lrio-do-brejo (Hadychium coronarium), com rizoma comprido ou tuberoso, do qual nascem os caules areos: o chapu-de-couro (Echinodorus grandiflorus), com rizomas e produzindo as vezes

Livro de Botnica 1 2007 prof Arlindo Costa 21 estolhos: as aningas que formam aningais na Bahia e Amazonas (Montrichardia linifera e M. arborescens) providas de rizomas de caule areos; o gua-p (Eichornia crassipes), com rizomas muitos curtos, emitindo a plantas estolhos; a mundialmente conhecida Victoria regia, com caule rizomatoso, a erva-de-santa-luzia (Pistia stratiotes), com estolhos e as curiosas e interessantes espcies de pocostemceas, que apresentam seus caules profundamente modificados adaptados as rochas das cachoeiras e quedas d'gua dos rios tropicais e subtropicais, alm de outras. Sistema de Ramificao - Em muitas plantas, como nas Monocotiledneas, o caule normalmente no se ramifica como exemplificam as palmeiras em suas grande maioria. Entretanto, na generalidade dos vegetais Dicotiledneas, a ramificao caulinar obedece s leis da simetria. Em muitas Monocotiledneas, segundo alguns autores, no h formao de ramos porque a gema terminal possui grande atividade e utiliza as substncias nutritivas disponveis, ao benefcio do crescimento longitudinal da planta. Todavia, as dracenas, os coqueiro-de-vnus (Cordyline sp.) e pinho-de-madagascar (Pandanus utilis),e outras fazem exceo e habitualmente se ramificam. A ramificao no pinho-de-mandagscar por dicotomia. Entre as Dicotiledneas encontramos o mamoeiro, cujo caule geralmente simples, entretanto, podemos provocar a sua ramificao suprimindo a gema terminal ou ento seccion-la longitudinalmente. Os ramos provm do desenvolvimento dos gomos ou gemas; estas podem se achar localizada nas axilas das folhas ou fora delas, recebendo as denominaes de axilares ou extra-axilares, respectivamente. Distinguimos para os caules dois tipos de ramificao: Dicotmica - na ramificao dicotmica (dictomo, dividido em dois), a gema terminal ou apical bifurca-se constituindo dois vrtices de crescimento equivalente e que produziro dois ramos os quais, por seu turno quando desenvolvidos apresentaro tambm a gema terminal bifurcada, resultando mais dois ramos e assim sucessivamente. A dicotomia ento chamada bpara, encontra-se no licopdio (Lycopodium clavatum) e no Jasmim-manga (Plumeria lutea).pode ocorrer que uma das gemas se desenvolva e a outra no, resultando apenas um ramo. Quanto as algas no produzirem caules, mas sim talos estes podem tambm dividir por dicotomia, como na Dictyota dichotoma. - Lateral - a ramificao lateral provm do desenvolvimento das gemas axilares e comporta, por sua vez, dois sistemas fundamentais: 1. Monopodial ou indefinido. 2. Simpodial ou definido. Sistema Monopodial ou Indefinido. No sistema monopodial ou indefinido, a gema ou gomo terminal se mantm indefinidamente ativa, persistindo anos, sculos e at milnios, como testemunham as Sequias da Califrnia. Os ramos provm, neste caso, do desenvolvimento das gemas laterais, sendo tanto mais velhos e maiores, quanto mais afastados do vrtice. Como exemplos o carvalho-europeu, o freixo (Fraxinus sp.), Abies, Picea e outras conferas de forma piramidal cnica. Os ramos que nascem, diretamente, sobre o caule o eixo caulinar, denomina-se de Segunda ordem: desses partem os