Novo Testamento (do grego: Διαθήκη Καινὴ, Diatheke Kaine) é o nome dado à coleção de livros que compõe a segunda parte da Bíblia cristã. A primeira parte é denominada Antigo Testamento (Διαθήκη Παλαιά, Diatheke Palaia).

Seu conteúdo foi escrito após a morte de Jesus Cristo e é dirigido explicitamente aos cristãos, embora dentro da religião cristã tanto o Antigo quanto o Novo Testamento são considerados, em conjunto, Escrituras Sagradas.

Os livros que compõe essa segunda parte da Bíblia foram escritos a medida que o cristianismo era difundido no mundo antigo, refletindo e servindo como fonte para a teologia cristã.

Essa coleção de 27 livros influenciou não apenas a religião, a política e a filosofia, mas também deixou sua marca permanente na literatura, na arte e na música.

O Novo Testamento é constituído por uma coletânea de trabalhos escritos em momentos diferentes e por vários autores. Em praticamente todas as tradições cristãs da atualidade, o Novo Testamento é composto de 27 livros.

Os textos originais foram escritos por seus respectivos autores a partir do ano 42 dC, em grego koiné, a língua franca da parte oriental do Império Romano, onde também foram compostos.

A maioria dos livros que compõe o Novo Testamento parece ter sido escrito por volta da segunda metade do século I.

Fazem parte dessa coleção de textos: as 13 cartas do apóstolo Paulo (maior parte da obra,

escritas provavelmente entre os anos 50 e 68 dC), os evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João (narrati-

vas da vida, ensino e morte de Jesus Cristo, conhecidos como os Quatro Evangelhos),

Atos dos Apóstolos (narrativa do ministério dos Apóstolos e da história da Igreja primitiva)

além de algumas epístolas católicas menores escrito por vários autores e que tem com conteúdo instruções, resoluções de conflito e outras orientações para a igreja cristã primitiva.

Por fim, o Apocalipse do apóstolo João.

Nem todos esses livros foram aceitos imediatamente pela Igreja. Alguma dessas cartas foram contestadas na antiguidade, como Apocalipse de João e algumas Epístolas Católicas menores (II Pedro, Judas, Tiago, II e III João)

Entretanto, gradualmente eles se juntaram a coleção já existente que era aceita pelos Cristãos, formando o cânone do Novo Testamento

Curiosamente, apesar do Cânon do Antigo Testamento não ser aceito uniformemente dentro do cristianismo, os 27 que formam o Cânon do Novo Testamento foram aceitos quase que universalmente dentro do cristianismo, pelo menos desde o século III.

Os evangelhos sinóticos (Marcos, Mateus e Lucas), tem uma inter-relação única. Eles descrevem muitos dos mesmos acontecimentos e atribuem a Jesus palavras semelhantes ou iguais.

A visão dominante entre os estudiosos para explicar essa inter-relação é a hipótese das duas fontes: Mateus e Lucas estruturaram seus evangelhos de forma significativa sobre o Evangelho de São Marcos e outra fonte que continha os ditos de Jesus, conhecida como"Q" (derivado de Quelle, palavra alemã para "fonte").

Não há documentos originais: mas acredita-se que os livros do Novo Testamento teriam sido escritos no século I da era comum.

Alguns pesquisadores consideram que o Novo Testamento praticamente completo já estava escrito antes do ano 70 (com exceção de Apocalipse) , com alguns livros tendo sido escritos apenas alguns anos após os eventos que narram.

Outros pesquisadores consideram que todos os livros do Novo Testamento foram escritos bem depois dos acontecimentos relativos à morte de Jesus.

Apesar do Evangelho de Mateus vir como primeiro livro do Novo Testamento bíblico, não foi o primeiro a ser escrito, nem entre os evangelhos e nem quanto às demais obras. Isto porque o Evangelho mais antigo teria sido o de Marcos, cuja data de escrita costuma ser calculada entre os anos 55 e 65 da era comum e pode ter servido de fonte para Lucas e Mateus ampliarem as informações sobre a vida de Jesus na terra.

O Evangelho de Marcos, apesar de ser o menor, contem 31 versículos, relativos a outros milagres não relatados pelos demais evangelistas.

Todavia, supõe-se que os livros mais antigos teriam sido as epístolas de Tiago e de Paulo aos gálatas, cuja época teria sido, aproximadamente, em torno do ano 49 da era comum, antes do Concílio de Jerusalém.

Já os últimos livros a serem escritos têm a sua autoria atribuída ao apóstolo João e seriam o seu Evangelho, as três epístolas e o Apocalipse. Este por volta do ano 95 da era comum, em Patmos, no período da perseguição do imperador Domiciano.

O período que pode ter sido o de maior produção dos escritos do Novo Testamento corresponderia à década de 60 do século I, talvez como uma iniciativa de preservar as informações sobre as origens do cristianismo na época das perseguições de Nero, quando a maioria dos apóstolos foram martirizados, entre os quais Pedro e Paulo.

Por outro lado, as epístolas de Paulo foram muito utilizadas pelo apóstolo para fins de comunicação com as comunidades cristãs e com os pregadores durante os tempos de suas viagens missionárias e na época de Nero.

Algumas cartas, como a epístola aos gálatas teriam sido bem antes da primeira perseguição aos cristãos do Império Romano. Outras teriam sido após os últimos relatos que constam no livro de Atos.

Conceito de Salvação vindoura No tempo de Jesus e dos primeiros cristãos para a

grande parte do povo havia a esperança viva arespeito da aparição máxima do Ungido de Deus.Devido a essa expectativa surgiram indivíduos cujosseguidores queriam ver neles o Messias.

A apocalíptica: quando falava do mundo vindourode Deus: falava do “Filho do Homem” e não deMessias. Tinha sido preparado junto de Deus, para descer do céu

nos últimos dias, para realizar o julgamento e levar osjustos à felicidade eterna.

O salvador nesse caso não é pensado como uma figurahumana, mas sim como personagem sobrenatural, saídodo mundo celestial.

Várias concepções da vinda do Messias

Uns acreditavam que o Messias ficaria totalmente escondido e ninguém o reconheceria.

Outros que o Messias já nascera e continuava escondido. desilusão por falta de sinais visíveis permanecia a ideia da misericórdia de Deus. Todos tinham em comum a ideia da aparição do

Ungido de Deus como regente juiz que livraria Israel da humilhação, expulsando os pagãos e fundaria o reino da glória

Ideias de messianismo e messias Desde o livro do Gênesis, várias ideias foram surgindo

ao longo de toda a tradição judaica sobre o Messias. No livro de Gênesis: Messias seria um soberano da

dinastia davídica e que todos os povos iriam se submeter a ele, e a sua chegada representaria o início de um Estado paradisíaco (o Estado já existe, mas agora ganha caráter divino);

Isaías: o Messias era visto sem continuidade com o reino existente, e que sua chegada seria precedida de calamidades, que seria a ruína da dinastia davídica, mas que o Messias traria ordem e prosperidade para Israel.

Jeremias e Ezequiel: Messias como sinal de reunificação de todas as tribos de Israel. Em Ezequiel o Messias se apresenta com traços

apocalípticos. É visto como príncipe salvador, e escatologicamente como príncipe para todo sempre.

Quando da destruição de Jerusalém e da queda da dinastia davídica, a ideia que irá prevalecer será a imagem terrestre, política e até nacionalista da esperança messiânica.

Livro de Daniel: Outro tema que está relacionado com o messianismo é o do Filho do Homem, que parece representar antes o povo eleito, como aquele que é sujeito do império escatológico, ou seja, o futuro reino de Deus na terra (salvação mais transcendental que terrena)

No judaísmo, um conceito de messias que irá perdurar desde o século II a.E.C. até o século II da nossa era: o Messias se trata de um redentor humano para

Israel; eleito por Deus e intermediário de Israel, para

toda humanidade; sua missão é a de redimir Israel e libertando-o

de sofrimentos, humilhação e opressão seculares.

será da linhagem de Moisés, como o maior de todos os profetas da justiça.

No judaísmo, duas ideias principais de Messias:

Como filho de Davi, sábio e justo, puro de coração, movido pelo amor a humanidade e invencível de

poder espiritual (influência de Isaías e Amós)

X Messias guerreiro, implacável, libertador do povo

judaico tiranizado, do qual se esperava que destruísse os iníquos e esmagasse os opressores do

povo

Jesus, se afastou dos messianismos de sua época. a necessidade de levar em conta a presença romana,

ameaçadora e brutal; motivos religiosos: as expectativas daquela época se

dirigem para objetos políticos que não correspondem exatamente à sua perspectiva religiosa;

O “segredo messiânico” é o que caracteriza o significado da recusa de Jesus por qualquer publicidade, proibindo os seus discípulos de divulgar sua identidade.

Jesus se apresenta como o líder do novo Israel seus doze discípulos, símbolos das novas tribos, serão os

seus alicerces; seus milagres mostram que o lugar que Ele ocupa nesse

Israel novo é privilegiado, único; Ele se acha acima desta comunidade que acaba de fundar,

organizar, à qual Ele chega mesmo a dar uma nova lei. Jesus assume um comportamento bem parecido com

aquele que se acha na esperança messiânica. Jesus recusa os títulos messiânicos que confundiriam

seus partidários. Jesus é Messias: somente compreendido enquanto

claramente demonstrada na necessidade da cruz e da ressurreição.

Para o Evangelista MarcosJesus é o Messias somente

compreendido à luz da VITÓRIA PASCAL (cf. 9,9),

mas a maneira do SERVO SOFREDOR (Mc 10,45; cf. Is

53,11-12)

“Procurais Jesus de Nazaré, o crucificado? Ele ressuscitou, não está aqui, vede o lugar onde o

tinham posto. Mas ide dizer a seus discípulos e a Pedro: ‘Ele vos precede na Galileia; lá o vereis

como vos disse’”. (Mc 16,6-7).

“Início do Evangelho de Jesus Cristo, o Messias, Filho de Deus’”. (Mc 1,1).

INTRODUÇÃO O Evangelho de Marcos é um texto que representa

dois mundos: o tempo de Jesus (fatos ocorridos) e o mundo em que o autor escreveu. Há uma separação de pelo menos duas gerações.

Outra hipótese: espaço histórico também é diferente, ou seja, local e a situação onde foi escrito Evangelho de Marcos (Roma? Ásia Menor? Egito? Palestina?) e o local e as circunstância onde aconteceram os fatos (Palestina).

É o primeiro a ser escrito, Língua: grego. É chamado de “evangelho querigmático”, ou seja,

Evangelho do Anúncio: pregação do primeiro anúncio que os apóstolos dirigiram a seus contemporâneos.

Ele serviu de modelo para a forma definitiva dos evangelhos de Mateus e de Lucas.

A autoria: é atribuída, segundo a tradição, a João Marcos, filho de certa Maria, em cuja casa se reunia a comunidade de Jerusalém. Seria primo de Barnabé e colaborador de Paulo e de Pedro (At 12,12; 13,5; 15,36-39; Cl 4,10; 1Pd 5,13).

A origem: Roma, depois da perseguição de Nero ocorrida em 64 e depois do martírio de Pedro, entre os anos 65 e 70, portanto em um contexto de perseguições. Outros ainda afirmam que pode ter sido escrito na Palestina ou perto dela, ou perto da Galileia.

Para quem foi escrito: foi escrito para cristãos vindos do paganismo, já que explica os costumes dos judeus (cf. Mc 7,2-4 –Lei da Pureza). Há ainda outros textos que o autor procura explicar tais costumes: 14,12 e 15,42. O autor teve ainda a preocupação de traduzir as palavras aramaicas, de frisar o alcance do Evangelho para os pagãos (7,27; 10,12; 11,17; 13,10), por isso presume-se que o livro é destinado a não-judeus que se encontram fora da Palestina .

Outros acham que seus destinatários seriam comunidades cristãs de origem palestinense

Conteúdo: Marcos apresenta uma história bem simples: Jesus, depois de batizado por João Batista, no rio Jordão,

proclama a chegada do Reino de Deus, primeiro na região da Galileia e depois sob Jerusalém, onde inicia o conflito com as autoridades e morre na cruz.

Pouco depois de sua morte, no sepulcro vazio, um anjo anuncia que Ele ressuscitou. O Evangelho de Marcos é na realidade uma verdadeira pedagogia da fé e do seguimento de Jesus.

CURIOSIDADE: O Evangelho de Marcos, no início da Igreja é lido na sua totalidade na Vigília Pascal. É

o primeiro Catecismo da Igreja.

Fatos que deram origem ao Evangelho de Marcos

1. Não era suficiente apenas saber que Jesus era o Messias e o Filho de Deus; mas dizer que Messias e Filho de Deus Ele era e mostrar como Ele era e agia;

2. O desaparecimento da primeira geração de discípulos e discípulas de Jesus (testemunhas oculares das ações e palavras de Jesus – as testemunhas apostólicas);

3. Problemas internos com a nova lideranças que surgia: a maioria dos apóstolos e primeiros discípulos e discípulas já haviam morrido, uma nova geração de líderes surge e assume a coordenação da comunidade. Isso gera ciúmes, tensões e brigas (Mc 9,34.37; 10,41).

4. As comunidades já acolhem gentios, pessoas que não conhecem a cultura judaica, e isso é motivo de crise e conflito;

5. O judaísmo está em guerra contra Roma. O propósito central do evangelho de Marcos era firmar a fé dos cristãos gentios de Roma, pois o início das perseguições contra os crentes já haviam começado por Nero. Marcos queria encorajar os crentes sofredores e, para tanto, revela a pessoa de Jesus como o Servo Sofredor (Isaías 53), que veio para servir, morrer e ressuscitar com a finalidade de salvar o mundo, incluindo romanos e judeus

6. O esfacelamento da pessoa de Jesus Cristo. A comunidade primitiva retomou a pregação de Jesus e continuou a anunciá-la. Ao passo que isso ia acontecendo, Jesus passa a ser para ela o mestre e o profeta. Mas Jesus é mais que só mestre e profeta, Ele é, ao mesmo tempo, o Messias. Jesus que era o anunciador, passou a ser o anunciado (Mc 6,14-15 e 8,28) Nesse versículo verificamos que além de mestre, Jesus ainda era confundido com outros personagens da Sagrada Escritura.

7. Pressões dos judaizantes que afirmam que para se tornar cristão deveria assumir todos os rituais prescritos no Primeiro Testamento. A comunidade enfrenta um momento difícil: a separação do judaísmo, o que provocava confrontos interno (expulsão dos cristãos das sinagogas);

8. Risco da perda da realidade humana de Jesus e da fé n’Ele A comunidade começa a ver Jesus apenas na dimensão

espiritual, desencarnado da realidade. A vida comprometida com o amor e a justiça esta sendo deixada

de lado. Jesus era visto apenas como um personagem do passado que

tinha sido elevado ao céu. Ele era tratado como o Messias, o Filho de Deus, mas já não havia uma ligação com a sua vivência quando esteve neste mundo.

Também sofrera influência dos judeus não-cristãos: o Primeiro Testamento ensinava que um condenado à morte na cruz deveria ser considerado como um “maldito por Deus”. Como é que um maldito de Deus poderia ser o Messias? E ainda esperavam um libertador para o Povo de Israel.