IMPÉRIO BIZANTINO

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O Império Bizantino (em grego: Βασιλεία Ῥωμαίων), inicialmente conhecido como Império Romano do Oriente, sucedeu o Império Romano (cerca de 395) como o império dominante do Mar Mediterrâneo. Sob Justiniano, considerado o último grande imperador romano, dominava áreas no atual Marrocos, Cartago, sul da França e da Itália, bem como suas ilhas, Península Balcânica, Anatólia, Egito, Oriente Próximo e a Península da Criméia, no Mar Negro. Sob a perspectiva ocidental, não é errado inserir o Império Bizantino no estudo da Idade Média, mas, a rigor, ele viveu uma extensão da Idade Antiga. Os historiadores especializados em Bizâncio em geral concordam que seu apogeu se deu com o grande imperador da dinastia Macedônica, Basílio II Bulgaroctonos (Mata-Búlgaros), no início do século IX. A sua regressão territorial gradual delineou a história da Europa medieval, e sua queda, em 1453, frente aos turcos otomanos, marcou o fim da Idade Média.

∙ Origem: O embrião do Império Bizantino surgiu quando o imperador romano Constantino decidiu construir sobre a antiga cidade grega de Bizâncio uma nova capital para o Império Romano, mais próxima às rotas comerciais que ligavam o Mar Mediterrâneo ao Mar Negro, e a Europa à Ásia. Além disso, havia muito os imperadores de Roma já não mais usavam esta cidade como capital, por ser muito distante das fronteiras. Em geral, eles tendiam a escolher Milão, mas as fronteiras que estavam em perigo na época de Constantino eram as da Pérsia ao Leste a as do Danúbio ao norte, muito mais próximas da região dos estreitos. A nova capital, batizada de Constantinopla, unia a organização urbana de Roma à arquitetura e arte gregas, com claras influências orientais. É uma cidade estrategicamente muito bem localizada, e sua resistência a dezenas de cercos prova a boa escolha de Constantino. Em pouco tempo, a cidade renovada tornar-se-ia uma das mais movimentadas e cosmopolitas de sua época. Sua religião, língua e cultura eram essencialmente gregas, e não romanas, mas para os bizantinos a palavra grega significava, de maneira injuriosa, pagão. Os persas e os árabes também chamavam os bizantinos de romanos. A palavra bizantina vem de Bizâncio, o antigo nome da capital bizantina, Constantinopla. Este termo bizantino começou a ser utilizado somente depois do século XVII, quando os historiadores o criaram para fazer uma distinção entre o império da Idade Média e o da Antiguidade.

∙ História – Evolução: Nos séculos III, IV e V, o Império Romano viveu uma desastrosa crise em suas estruturas. Nesse período, ocorreu um notável processo de concentração de terras no Oriente, em que os pequenos proprietários confiavam seus lotes à proteção de latifundiários, muitos dos quais, em função do prestígio, passavam a ocupar importantes cargos do governo. Já se destacava a estabilidade do Império no Oriente, o que levou Constantino a ordenar, em 324, a construção de uma nova

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cidade no lado europeu do Bósforo. A cidade foi erguida no local da antiga Bizâncio, colônia fundada por gregos de Mégara em 657 a.C. Consagrada à Virgem Maria, foi inaugurada com o nome de Constantinopla, em 330. Constantinopla tinha uma posição privilegiada. Entre os mares de Mármara, Negro e Egeu, constituiu, ao longo de sua história, um verdadeiro entreposto comercial entre o Ocidente e o Oriente.

∙ Dinastias latinas: Nesse período, os imperadores buscaram combater o helenismo, predominando as instituições latinas. O latim também foi mantido como língua oficial. De 395 a 457, estendeu-se a dinastia Teodosiana, cujo primeiro imperador foi Arcádio, responsável pela expulsão dos visigodos no final do século IV. Destacou-se também o cerco de Átila, o Huno, afastado, em 443, por meio do pagamento de um resgate de seis mil libras de ouro. De 457 a 518, estendeu-se a dinastia Leonina, na qual destacou-se, em 488, o acordo de combate aos hérulos levado a efeito entre o imperador Zenão e o rei dos ostrogodos, Teodorico. A mais importante dinastia latina foi a Justiniana (518-610). Nela, o imperador Justiniano (527-565) buscou restaurar e dispor sob sua inteira autoridade a vastidão típica do Império dos Antoninos (96-192). Em 534, sob o comando do general Belisário, o exército de Justiniano conquistou o Reino dos Vândalos. Em 554, na Itália, o Império abraçava também o Reino dos Ostrogodos. Para a posteridade, porém, o maior legado desse período foi o Corpus Juris Civili, base, ainda hoje, da maioria dos códigos legislativos do mundo. O Corpus Juris Civili era dividido em quatro partes: o Código Justiniano - compilação de todas as leis romanas desde Adriano (117-138) -, o Digesto ou Pandectas - reunião de trabalhos de jurisprudência de grandes juristas -, as Institutas - espécie de manual que facilitava o uso do Código ou do Digesto -, e as Novelas ou Autênticas - novas leis decretadas por Justiniano e seus sucessores. Justiniano ordenou também a construção da Basílica de Santa Sofia, com estilo arquitetônico próprio, o qual convencionou-se chamar de estilo bizantino. No século VI, para combater a heresia do nestorianismo, o Patriarca de Alexandria, Dióscoro, desenvolveu o monofisismo, formulação teológica também condenada pela Igreja Católica e muito ligada a ideais de emancipação política no Egito e na Síria. Desencadearam-se então movimentos de perseguição aos monofisistas, protegidos, no entanto, pela esposa de Justiniano, a atriz Teodora. Buscando manter a unidade do Império, Justiniano desenvolveu a heresia do monotelismo, uma tentativa de conciliação entre o monofisismo e o nestorianismo. O cesaropapismo de Justiniano, que inclusive muito marcou o Império Bizantino, gerava distúrbios na ordem e insatisfação da população, já indignada com a cobrança abusiva de impostos. Em 532, estourava a Revolta de Nika, sufocada completamente pelo general Belisário após oito dias. Justiniano ainda se viu às voltas com terremotos, fome e a grande peste de 544. Após sua morte, os lombardos, até então estabelecidos na Panônia como aliados, invadiram, em 568, a Itália setentrional. Os bizantinos mantiveram ainda o Exarcado de Ravena, os

ducados de Roma e Nápoles, a Ístria, a Itália Meridional e a Sicília. Os Justinianos ainda enfrentaram as investidas do Império Persa Sassânida, no Oriente, e dos ávaros, no norte. Para tanto, deixaram para segundo plano a proteção dos territórios conquistados na Espanha, no norte da África e na Itália, o que facilitou a posterior fixação, nestas regiões, dos maometanos e dos Estados da Igreja.

Constantinopla e o Império Bizantino. Constantinopla, sede máxima do Império Bizantino. Cruzadas colaboraram para a queda do Império Bizantino. Chamavam assim a cidade de Constantino: a Maçã de Prata. Desde 11 de

maio de 330, ela fora a sede máxima do Império Romano do Oriente, depois simplesmente designado de Império Bizantino. O imperador, que se convertera ao cristianismo, sentindo a decadência do lado ocidental dos seus domínios, decidira escolher um outro sítio mais seguro para servir de sua capital. Voltaire Schilling, Educaterra. Nos onze século seguintes à sua refundação, ela, rebatizada de Constantinopla - hoje Istambul -, foi uma das mais esplendorosas metrópoles da transição da Época Clássica para a Medieval. Esquina do mundo de então, vanguarda da cristandade na fronteira da Ásia Menor, para ela afluiu gente de todos os cantos. De longe, tratava-se do maior centro financeiro, mercantil e cultural de toda aquela parte do globo, a referência viva de um império que no seu apogeu chegou a ter 34,5 milhões de habitantes. De certo modo, Constantinopla foi no seu tempo uma espécie de mistura de Nova York com Jerusalém. Isto é, uma metrópole que conciliava perfeitamente os negócios e um intenso comércio com os assuntos da fé e da religião. Onde o luxo ostensivo da corte imperial e do patriciado local convivia com a pobreza e mesmo com a miséria, o ouro e os trapos circulando por perto um do outro. Enquanto o Império Romano do Ocidente, com capital em Roma, é extinto em 476, o domínio bizantino estende-se por vários séculos, abrangendo a península Balcânica, a Ásia Menor, a Síria, a Palestina, o norte da Mesopotâmia e o nordeste da África. O apogeu do Império Bizantino ocorre no governo de Justiniano (483-565) que, a partir de 527, estabelece a paz com os persas e concentra suas forças na reconquista dos territórios dos bárbaros no Ocidente. Justiniano constrói fortalezas e castelos para firmar as fronteiras e também obras monumentais, como a Catedral de Santa Sofia. Ocupa o norte da África, derrota os vândalos e toma posse da Itália. No sul da Espanha submete os lombardos e os visigodos. Estimula a arte bizantina na produção de mosaicos e o desenvolvimento da arquitetura de igrejas, que combina elementos orientais e romanos. O Império Bizantino é atacado pelos turcos nos séculos XI e XII, mas estes fracassam na tentativa de tomada do Império em virtude da desagregação feudal. Desde 1055 que os turcos tinham a direção política do mundo muçulmano e, com a dinastia otomana, fora adotado o título de sultão para o monarca. Os territórios ocupados eram divididos em feudos militares, administrados por

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governadores ou paxás. Por causa das guerras externas e civis e das Cruzadas, porém, Bizâncio continua se enfraquecendo. Em 1203 Constantinopla é tomada pela Cruzada e sofre o maior saque de relíquias e objetos de arte que a história da Idade Média registra. O Império Bizantino é repartido entre os príncipes feudais, originando os diversos Estados monárquicos. Sob assédio constante dos turcos desde 1422, Constantinopla finalmente cai em 29 de maio 1453, marcando o fim do Império Romano do Oriente.

∙ Formação: A formação do Império Bizantino remonta ao século IV, quando em meio a crise do Império Romano, o imperador Teodósio determinou a divisão do império em duas partes, uma no ocidente, com capital em Roma, outra no oriente com capital em Constantinopla. No final do século V, as invasões dos povos bárbaros haviam destruído e fragmentado o império ocidental, enquanto no oriente o poder manteve-se centralizado. O reinado mais importante desde império foi o de Justiniano no século VI. Exerceu uma autoridade despótica, controlando tanto a vida política como religiosa no império, dando a seu poder um caráter quase sagrado. A preocupação com a questão religiosa marcou o reinado de Justiniano, que passou a exercer forte influência sobre a Igreja, instituindo o "cesaropapismo" e combateu todas as manifestações, consideradas como heresias, que pudessem dividir a Igreja e afetar seu poder. Justiniano empreendeu uma política expansionista cujo objetivo era recuperar o antigo império do ocidente e realizou importantes conquista no norte da África, derrotando os Vândalos e posteriormente os Ostrogodos na Península Itálica e por último parte da Espanha após derrotar os Visigodos.∙ As conquista de Justiniano: Do século VII ao X o Império Bizantino

perdeu progressivamente os territórios conquistados e sofreu fortes investidas de outros povos - germânicos, búlgaros e persas. A recuperação e fortalecimento do Império ocorreu durante o reinado de Basílio II, que derrotou os búlgaros, no entanto, nesse mesmo século XI novas invasões ocorreram, destacando-se os turcos seldjúcidas no oriente médio a partir de 1071. A Quarta cruzada foi responsável pela desagregação do império 1204 a 1261, durante esse período grande parte do território bizantino ficou sob domínio dos mercadores de Veneza. No século XIV começa a invasão dos turcos Otomanos: em 1354 se estabelecem em Galípoli; em 1362 ocupam Adrianóplis; em 1422 sitiam Constantinopla sem sucesso, em 1430 dominam Tessalônica e em 1453 tomam Constantinopla sob o comando do Sultão Maomé II.

∙ Constantinopla e o Império Bizantino: O ano de 330 marca o momento da transferência da capital do Império Romano para Constantinopla e demonstra a vontade do imperador Constantino em voltar a ter sob o seu poder os dois impérios: o Oriental e o Ocidental, cuja divisão foi levada a cabo por Diocleciano em 286, de forma a descentralizar o poder e a governar mais eficazmente através do sistema da tetrarquia.

Apesar do esforço encetado por Constantino, já não era possível a união desejada, porque se tinha cavado um fosso entre ambas as partes do império.Nesta transformação Bizâncio passaria a chamar-se Constantinopla e ficou

conhecida como uma nova Roma. Constantino usaria sempre o título de imperador dos Romanos. A passagem de Constantinopla para capital do Império Romano só foi possível graças ao desenvolvimento de um Estado centralizado e ao uso de um sistema hierárquico na administração. A cidade encontrava-se dotada de todos os meios necessários para uma defesa eficaz contra os eventuais inimigos e simultaneamente assumia um papel fundamental na rede de rotas comerciais estabelecidas no Oriente, o que a torna na cidade mais importante da Alta Idade Média. O desenvolvimento da sua economia foi notável, nomeadamente a vertente comercial, devido à posição estratégica que ocupava e à sua função na transação de produtos de luxo, beneficiando ainda de uma grande circulação monetária e de uma moeda estável durante séculos. Era o centro de uma civilização extremamente helenizada, cuja cultura servia como meio de união entre os vários povos que a compunham. A unidade estabelecida através da cultura e da língua - o grego - é visível na abordagem da questão religiosa. O cristianismo é elevado a religião do Estado sob o reinado do imperador Teodósio I e o poder imperial passa a ser exercido sobre a Igreja em oposição ao que acontecia no Ocidente. Devido a questões do âmbito religioso e político, a Igreja Romana e a Igreja Ortodoxa entrariam em inúmeras querelas até ao século XII. A conjunção de todos estes fatores econômicos, políticos e religiosos tornaram Constantinopla e o Império Bizantino alvo da cobiça de outros povos. Do século IV ao início do século VI vê-se ameaçado por vagas de Hunos e de Germanos, que vão sendo empurrados para Ocidente, motivando a perda, por parte do Império Romano, de alguns territórios, nomeadamente a Itália, a Gália, a Hispânia e o Norte de África. Naturalmente que o Império Oriental manteve os seus territórios praticamente incólumes aos ataques dos invasores bárbaros. O imperador Justiniano, no século VI, tenta reaver as antigas possessões ocidentais do império, o que efetivamente consegue com a conquista do Norte de África, do Sul da Hispânia e de importantes cidades italianas. Mas, ao mesmo tempo, fragiliza a economia do império e descura a sua defesa. Devido aos constantes ataques de persas, eslavos e turcos, os sucessores

de Justiniano acabariam por abandonar Itália e voltar-se para Constantinopla. Já no século VII, a partir de 610, o Imperador Heraclito detém um papel fundamental, pois marca definitivamente o Império Romano do Oriente e inicia uma civilização: a civilização bizantina. Vence os persas em Ninive e repele os árabes, que ameaçavam as fronteiras do Império Bizantino. O império vê-se pressionado em todas as frentes e no século VIII, mercê das vagas de persas, eslavos, búlgaros e muçulmanos, o Império Bizantino encontrava-se confinado à Grécia e à Ásia Menor. A nível religioso ocorre a famosa crise iconoclasta (754-843), que proibia o culto

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das imagens, constituindo um motivo para se levarem a cabo inúmeros martírios a quem não acatasse a ordem emanada pelo Concílio de Hiéria. O culto das imagens viria a ser reposto com a subida ao trono da imperatriz Irene no Concílio de Nicéia de 787, embora após a sua morte se tenha recolocado a questão da proibição dando lugar ao segundo período iconoclasta que se prolongaria até 843. A partir do século IX o Império Bizantino, sob o governo de imperadores macedônios, reconquista alguns territórios. Sob a autoridade de Basílio, os búlgaros saíram derrotados, assim como os armênios, os georgianos, os árabes e os normandos, preparando-se para reconquistar territórios em Itália e em África. É um período durante o qual se verifica uma grande prosperidade econômica e cultural que entraria em declínio nos reinados posteriores, pois os sucessores de Basílio não souberam manter as fronteiras conquistadas e o exército imperial tonara-se inoperante. Assim, os bizantinos são esmagados pelos turcos seljúcidas na batalha de Manziquert em 1071. Simultaneamente, a Itália caía definitivamente nas mãos dos normandos, marcando o fim do esplendor do Império Bizantino, que nem por isso perdeu algum do seu fulgor artístico e cultural.

O Império Bizantino surgiu em meio à crise que passava o Império Romano no século IV, quando o imperador Teodósio dividiu o império em duas partes, o Império Romano do Ocidente com capital em Roma e o Império Romano do Oriente com capital em Constantinopla. No final do século V, as invasões dos povos bárbaros haviam destruído e fragmentado o império ocidental, enquanto no oriente o poder manteve-se centralizado. A cidade de Constantinopla era a capital do Império Bizantino e se localizava no estreito de Bósforo entre o Mar de Mármora e o Mar Negro. Localizada entre a Europa e a Ásia, era o destino final de importantes rotas comerciais vindas da Ásia e o destino inicial de rotas comerciais para a Europa. Favorecia o intercâmbio cultural e comercial de todas as sociedades desenvolvidas da época. No governo de Justiniano (527 – 565), o império expandiu seu território que visava recuperar o antigo esplendor vivido pelo Antigo Império Romano, realizando importantes conquistas no norte da África, derrotando os vândalos e posteriormente os ostrogodos na Península Itálica e por último, parte da Espanha após derrotar os visigodos. Do século VII ao X o Império Bizantino perdeu progressivamente os territórios conquistados e sofreu fortes investidas de outros povos germânicos, de búlgaros e persas. A recuperação e fortalecimento do Império ocorreram durante o reinado de Basílio II, que derrotou os búlgaros, no entanto, nesse mesmo século XI novas invasões ocorreram, destacando-se os turcos seldjúcidas no oriente médio a partir de 1071. Governando de forma despótica, Justiniano controlou a vida política, econômica e também a religiosa exercendo forte influência sobre a Igreja, instituindo o “cesaropapismo” e combatendo todas as manifestações contrárias como as “heresias” preocupando a igreja e afetando seu poder. Mesmo contando com essa aproximação do mundo romano, o Império

Bizantino sofreu influência dos valores da cultura grega e asiática. Um dos traços mais nítidos dessa multiplicidade da cultura bizantina nota-se nas particularidades de sua prática religiosa cristã. Divergindo de princípios do catolicismo romano, os cristãos bizantinos não reconheciam a natureza física de Cristo, admitindo somente sua existência espiritual. Além disso, repudiavam a adoração de imagens chegando até mesmo a liderarem um movimento iconoclasta. Essas divergências doutrinárias chegaram ao seu auge quando, em 1054, o Cisma do Oriente estabeleceu a divisão da Igreja em Católica Apostólica Romana e Ortodoxa. Dessa forma, a doutrina cristã oriental começou a sofrer uma orientação afastada de diversos princípios do catolicismo tradicional contando com lideranças diferentes das de Roma. Na Baixa Idade Média, o Império Bizantino deu seus primeiros sinais de enfraquecimento. O movimento cruzadista e a ascensão comercial das cidades italianas foram responsáveis pela desestruturação do Império. A Quarta cruzada foi responsável pela desagregação do império 1204 a 1261, durante esse período grande parte do território bizantino ficou sob domínio dos mercadores de Veneza. No século XIV, a expansão turco-otomana na região dos Bálcãs e da Ásia Menor reduziu o império à cidade de Constantinopla. Finalmente, em 1453, os turcos dominaram a cidade e deram o nome de Istambul, uma das principais cidades da Turquia. ∙ Mundo Árabe: A civilização árabe surgiu e irradiou-se a partir da

Península Arábica, localizada na Ásia entre o Golfo Pérsico, o Oceano Índico e o Mar Vermelho. Eles se dividiam em: •Árabes do litoral: povos sedentários que moravam em cidades próximas do litoral como Meca e Yathrib. Dedicavam-se ao comércio; •Árabes do deserto: povos seminômades que vivam em oásis da península. Eram criadores de ovelhas, cabras e camelos e realizam saques e pilhagens. Até o século VI, os árabes ligavam-se pelos laços de parentesco e por elementos culturais comuns. Falavam o mesmo idioma e possuíam a mesma religião politeísta, adorando centenas de divindades. Na cidade de Meca havia um templo conhecido como Caaba que reunia as estátuas dos principais deuses. Lá também se encontrava a Pedra Negra venerada pelos árabes que diziam ter sida trazida do céu por um anjo. A cidade, além de centro religioso, era também o principal centro comercial dos árabes. Em 630, Meca foi conquistada por Maomé (Mohamed), que estabeleceu uma nova religião, monoteísta, denominada Islamismo. Logo, a nova crença se espalhou pela Arábia e os diversos povos foram se unificando em torno da nova religião. Por meio da identidade religiosa, criou-se outra organização política e social entre os árabes. A religião islâmica prega a submissão total do ser humano a Alá, o deus único criador do universo. Essa submissão é chamada de Islão e aquele que tem fé em Alá é chamado de muçulmano. Todos os princípios básicos do islamismo encontram-se reunidos no Corão ou Alcorão que além de normas religiosas inclui preceitos jurídicos, morais, econômicos e políticos que orientam o cotidiano da vida social. Os princípios básicos do islamismo são: •Crer em Alá, o único Deus e em Maomé (Mohamed), o seu

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grande profeta; •Fazer cinco orações diárias com seu rosto voltado para a cidade sagrada de Meca;•Ser generoso com os pobres dando-lhe esmolas; •Cumprir o jejum

religioso durante o Ramadan (mês sagrado); •Ir em peregrinação a Meca pelo menos uma vez na vida. Após a morte de Maomé, a religião islâmica sofreu várias interpretações, entre as quais se destacaram duas correntes, a dos sunitas que correspondem a aproximadamente 80% dos muçulmanos do mundo e a dos xiitas com os outros 20%. Maomé e seus seguidores criaram o Estado muçulmano de governo teocrático que se expandiu por meio de conquistas militares. Essa expansão se deu em três fases: •Primeira etapa (632 – 661): Conquistas da Pérsia, Síria, Palestina, Egito; •Segunda etapa (661 – 750): Conquistas do noroeste da China, norte da África e de quase toda a Península Ibérica; •Terceira etapa (750 – 1258): Conquistas na Península Balcânica (Europa). Os árabes tiveram grande influência sobre a civilização ocidental. Eles se destacaram no comércio com o controle de rotas comerciais provenientes da Ásia, revolucionaram a atividade náutica com vários inventos como barco a vela, a bússola e espalharam para o ocidente a pólvora e o papel, na matemática introduziram o algarismo hindu e o numeral zero, desenvolveram a álgebra e a trigonometria e na medicina, descobriram novas técnica cirúrgicas, causas de doenças como varíola e sarampo e ainda contribuíram com várias palavras na língua portuguesa como álcool, algodão, azeite, esfirra, quibe, açougue, etc.

∙ Continuação do Império Romano no Oriente: “Rica em prestígio, mais rica ainda em dinheiro.” Muito se disse que a fé cristã foi o problema mais discutido na sociedade bizantina, levando mesmo ao surgimento de várias heresias. Nas sociedades da Europa Ocidental isso também ocorreu? Não, não ocorreu, pelo menos na Alta Idade Média, e não é difícil entender os motivos. Quando a Europa Ocidental viveu o processo de ruralização e a sociedade foi se restringindo aos limites do feudo, isso se manifestou no espírito dos homens da época. Como? Por quê? Poderíamos dizer que o espírito dos homens também se enfeudou, se fechou em limites bastantes estreitos: não havia espaço para discussão, e apenas a doutrina cristã pregada pela Igreja Católica Apostólica Romana povoava o pensamento e o sentimento humanos... As idéias cristãs eram colocadas como dogmas, inquestionáveis. Enquanto isso, o que acontecia na sociedade bizantina? Lá havia uma civilização urbana, e você sabe o quanto as condições de vida de uma cidade favorecem o desenvolvimento do pensamento. E você não pode esquecer também o quanto a herança da Filosofia grega, de enorme influência na sociedade bizantina, contribuiu para um clima de polêmicas mais freqüentes, para um hábito de questionamento, típicos do pensamento filosófico. Assim, não obstante o centro dos debates fossem temas religiosos, várias foram as interpretações surgidas sobre a origem e a natureza de Cristo. Mais ainda, muito embora as heresias fossem fruto das discussões entre os elementos eclesiásticos, elas acabavam por

representar interesses políticos e econômicos de grupos sociais diversos. Você poderá perceber bem isso no caso do Monofisismo. Por quê? Essa heresia difundiu-se nas províncias do Império Bizantino e acabou por ser identificada com aspirações de independência de parte da população síria e egípcia. Novamente você poderá perceber a relação religião-política-economia se prestar atenção no caso da Questão Iconoclasta... Enfim, como sempre, ao estudarmos a História das sociedades humanas, precisamos estar atentos à. relação de todos os aspectos da vida humana - o político, o econômico, o social e o ideológico. Apesar de ora um, ora outro, assumir um caráter dominante, você sabe que todos são igualmente importantes, embora o aspecto determinante do modo de vida de uma sociedade seja a forma pela qual os homens se organizara entre si, a fim de, agindo sobre a Natureza, produzirem os alimentos e os utensílios de que necessitam para sobreviverem. E você já sabe qual era a estrutura econômica da sociedade bizantina, não é mesmo? Vamos, então, conhecer melhor a vida dessa sociedade que tinha por capital uma cidade "rica em prestígio, mais rica ainda em dinheiro."

∙ Surgimento: O Império Bizantino, também conhecido algum tempo pela denominação de Império Romano do Oriente, ofereceu grande contraste com as sociedades da Europa Ocidental: O Império Romano do Ocidente foi incapaz de resistir às migrações dos germanos e hunos, fragmentando-se em reinos independentes, enquanto o Império Bizantino sobreviveu onze séculos, recorrendo à guerra e à diplomacia para repelir, desviar ou enquadrar os inúmeros povos invasores que se abateram sobre seus domínios; As sociedades ocidentais européias até o século XII tenderam à ruralização e à descentralização do poder político, enquanto a sociedade bizantina manteve-se, essencialmente urbana e politicamente subordinada a uma Monarquia Despótica e Teocrática exercida pelo Basileus ou Imperador. O Império Bizantino, contudo, teve origem romana, e os Imperadores do Oriente sempre afirmaram ser os herdeiros de Roma A crescente decadência e ruralização do Ocidente evidenciaram o contraste com o Oriente, mais rico cultural e economicamente, levando o Imperador Constantino a construir, no Oriente, a cidade de Constantinopla, destinada a ser a nova capital do Império Romano (330). A cidade foi erguida no litoral da Tracia, entre o Mar Negro e o Mar de Mármara, em local onde outrora existira a colônia grega de Bizâncio. Este fato explica o emprego das denominações de Bizâncio ou Constantinopla para designar a cidade escolhida pelo Imperador Teodósio para ser a capital do Império Romano do Oriente (395). Na divisão então feita, o Oriente compreendia os Bálcãs, ilhas do Mar Egeu, a Ásia Menor, a Síria, a Palestina, o Egito e a Cirenaica: Drama de “Romanização” ou “Orientalização”? Em seus primeiros tempos, o Império Romano do Oriente conservou nítidas influências romanas, tendo as dinastias Teodosiana (395 - 457), Leonina (457 - 518) e Justiniana (518 - 610) mantido o latim como língua oficial do Estado, conservado a estrutura e as denominações das instituições político-administrativas romanas etc. A

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predominância étnica e cultural grega e asiática, entretanto, acabaria prevalecendo a partir do século VII. Nos séculos IV e V, as invasões de visigodos, hunos e ostrogodos foram desviadas para o Ocidente mediante o emprego da força das armas, da diplomacia ou pelo pagamento de tributos, meios usados pelos bizantinos durante séculos para sobreviver. Essas ameaças externas puseram em perigo a estabilidade do Império Bizantino, internamente convulsionado por questões religiosas que também envolviam divergências políticas. É o caso do Monofisismo, doutrina religiosa elaborada por Eutiques (superior de um convento de Constantinopla), centralizada na concepção de que só havia a natureza divina em Cristo. Embora considerada heresia pelo Concílio de Calcedônia (451), que reafirmou a natureza divina e a natureza humana de Cristo, a doutrina monofisista propagou-se pelas províncias asiáticas (Ásia Menor, Síria) e africanas (Egito), onde se identificou com aspirações de independência. No século VI, Bizâncio teve no reinado de Justiniano (527 565) um dos períodos marcantes: a “primeira idade de ouro” segundo expressão de Paul Lemerle. Empenhado em reagir contra a orientalização do Império e o domínio do Ocidente pelos bárbaros, imprimiu a seu governo duas diretrizes básicas: a consolidação da autoridade imperial e a reconstituição do antigo Império Romano, mantendo o Mar Mediterrâneo como eixo da economia imperial. Justiniano conservou ou restabeleceu os quadros administrativos romanos em todo o Império. O Direito Romano foi revisado e atualizado, para fortalecer juridicamente as bases do poder imperial e dotar o Estado de um sistema jurídico eficiente. O resultado desse trabalho é conhecido pela denominação de Corpus Juris Civilis, compreendendo quatro partes: O Código de Justiniano (Novus Justinianus Codex), que continha toda a legislação romana revisada desde o Imperador Adriano; ODigesto ou Pandectas, que incluía um sumário da jurisprudência romana; As Institutos, que constituíam um resumo para ser utilizado pelos estudiosos de Direito; As Novelas ou Autênticas, que reuniam as novas leis de Justiniano. A importância do Corpus Juris Civilis pode ser assim avaliada: “Foi neste Corpus Juris Civilis, obra-prima do Direito Romano, que os legistas da Idade Média e dos Tempos Modernos estudaram esta ciência, e foi também ele que serviu de base aos nossos códigos atuais.” Uma política de numerosas construções públicas, atendendo a objetivos militares – centenas de fortificações (fortalezas e castelos) foram erguidos para melhor guarnecer as fronteiras - e políticos - evidenciar o poder imperial mediante obras monumentais como a Basílica de Santa Sofia - constituiu aspecto marcante do período. A Corte imperial tornou-se mais requintada, subordinando-se à rígida etiqueta perante o Imperador ou Basileus: considerado o representante de Deus na Terra, seus poderes eram concebidos como de origem divina e todos he deviam irrestrita obediência. O caráter teocrático da Monarquia evidenciava-se nas representações da figura do Imperador em pinturas, vitrais e outras obras de arte: a cabeça imperial era rodeada de um halo, semelhante às imagens de santos. Ainda que continuasse a tradição do Dominato, o Dominus Noster inspirava-se

nas Monarquias Despóticas e Teocráticas do Oriente. Utilizando-se de poderosa frota de guerra e de numerosos exércitos, o imperador Justiniano empreendeu diversas campanhas militares no Mediterrâneo Ocidental, onde conquistou o Reino Vândalo (África do Norte), o Reino Ostrogodo (Península Italiana) e a região sudeste do Reino Visigodo (Península Ibérica). No dizer de Paul Lamerle, “para ressuscitar a parte morta do Império, desenvolveu um esforço gigantesco que esgotou a parte viva.” Com efeito, as conquistas foram precárias, pois as forças de ocupação demonstraram-se insuficientes e as regiões reconquistadas estavam economicamente arruinadas. Além do mais, as campanhas desviaram recursos humanos e financeiros que deveriam ter sido utilizados contra crescentes ameaças nas fronteiras orientais (a pressão da Pérsia Sassânida foi contida por meio do pagamento de pesados tributo) e balcânicas (avaros e eslavos realizavam constantes invasões, sendo que os últimos começaram a ser instalados como colonos nos Bálcãs). A fim de cobrir os gastos com guerras e pagamento de tributos, o governo adotou rigorosa política fiscal, fator de inquietação social, como se evidenciou na Sedição Nika. Iniciada no Hipódromo de Constantinopla, resultou de múltiplas causas, como a reação contra a tirania fiscal, o descontentamento de monofisistas contra a opressão imperial etc. O movimento alastrou-se pela cidade e, para sufocá-lo, as tropas imperiais massacraram milhares de pessoas. Em síntese, “o balanço deste reinado foi decepcionante. A. ameaça persa continuava na fronteira síria; a reconquista do Ocidente foi apenas parcial; os esforços de romanização pouco sucesso tiveram e o latim, língua oficial do Império, só era compreendido por uma minoria.” "Os Bárbaros contemplavam com assombro os vestíbulos, as salas imensas e os gigantes da guarda. Viam escudos de ouro, lanças rutilantes de ouro, capacetes de ouro, penachos escarlates. Contemplavam as outras maravilhas desta pompa ilustre. Acreditavam que o palácio dos Romanos era um outro céu. Quando a cortina foi aberta o avaro levantou os olhos para o César, cuja fronte era cingida por faiscante diadema sagrado. Três vezes ajoelhou-se, prosternou-se, adorou o Imperador e permaneceu como rosto junto ao chão."

∙ O Império se Orientaliza: O final do século VI foi marcado pela regressão das fronteiras imperiais. Na Península Italiana, os domínios bizantinos sofreram ataques dos lombardos. Nos Bálcãs, povos eslavos, juntamente com os avaros, começaram a se sedentarizar, continuando novas ondas migratórias a chegar até o século VIII. No Oriente Próximo, a Pérsia Sassânida, empenhada em controlar rotas comerciais de acesso ao Mediterrâneo, reiniciou guerras ofensivas e se apoderou da Síria, Palestina e Egito. A grave crise que ameaçou a continuidade do Império exigiu modificações nas instituições imperiais, o que foi realizado pela dinastia Heráclida ou Heracliana (610 - 717). O costume de conceder terras a particulares em troca da prestação do serviço militar foi então iniciado e

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mantido até o século XI. A concessão era hereditária e obrigava um dos membros da família ao serviço militar. Com isso o Estado resolveu vários problemas: A redução das rendas estatais diminuíra a possibilidade de pagar um soldo aos indivíduos recrutados para os exércitos; Atacou as grandes propriedades, cujos proprietários constituíam uma força contrária ao poder central; Multiplicou as pequenas propriedades, cujos novos proprietários eram cultivadores e soldados; Assimilou populações eslavas que, inclusive, tiveram muitos de seus componentes instalados na Ásia Menor. A reorganização do Estado também atingiu a administração, que foi estruturada em bases militares: criaram-se os Temas (subdivisões administrativas que dispunham de tropas para a defesa) submetidos aos Estrátegas (governantes dispondo de poderes militares e civis). De grande importância foi o emprego do fogo grego ou greguês, arremessado de tubos munidos de propulsores. Ao explodir, o projétil espalhava um líquido inflamado, pois era feito à base de derivado do petróleo (nafta). Graças ao seu emprego, vários combates foram vencidos pelos exércitos e frotas bizantinos. Essas e outras medidas detiveram a desintegração do Império, territorialmente diminuído e com uma população predominantemente grega e asiática. O embasamento grego e asiático tinha suas raízes nos primórdios de Bizâncio e, apesar da influência romana e ocidental, acabou impondo-se e caracterizando a Civilização Bizantina. Foi grega e asiática a religião cristã que se desenvolveu em Bizâncio, com características bem distintas do Cristianismo romano e ocidental: este se voltou mais para a organização da Igreja e para a conversão dos pagãos, enquanto aquele teve no monarquismo e nas controvérsias teológicas aspectos marcantes. Foi grega e asiática a estrutura econômica que se manteve por longo tempo no Império Bizantino, cuja prosperidade contrastou, por séculos, com as regiões ocidentais do artigo Império Romano. Ainda que a agricultura até o século XI apresentasse uma gradual transformação para o modo de produção feudal, como ocorria na Europa Ocidental, a transição do escravismo ao feudalismo foi mais lenta. Além do mais, o Império Bizantino incluía em seus limites, embora em regiões da periferia, áreas com uma infra-estrutura fundamentada no modo de produção asiático, como foi o caso da Síria, da Palestina e do Egito, incorporados ao Império Árabe, no século VII. Grega e asiática era a tradição urbana do Império Bizantino, que tinha no artesanato (refinado e submetido á rígido controle do Estado) e no comércio (monopólio do Estado durante séculos) duas importantes fontes de riqueza. Desde Heráclio (610 - 641), fundador da dinastia dos Heráclida, o Império tornou-se grego e oriental, sendo o latim abandonado como língua oficial e substituído pelo grego, utilizado na legislação, na administração e na denominação dos cargos: Estrátegas, Basileus etc. Com os Heráclida nova ameaça abateu-se sobre o Estado bizantino: os árabes. A expansão árabe resultou na perda de diversas regiões do Império Bizantino: ilhas do Mediterrâneo Oriental, o Egito, a Síria e a Palestina, as três últimas recém-reconquistadas à Pérsia Sassânida e de grande importância econômica.

∙ A Questão Iconoclasta: Já no século VIII, quando os árabes avançando pela Ásia Menor preparavam o assalto final a Constantinopla, ascendeu ao poder nova dinastia, de origem asiática: a Isáurica ou Isáuria (717 - 802). Seu fundador foi Leão III (717 - 741), cujo reinado, juntamente com o de seu filho e sucessor Constantino V (741 - 775), caracterizou-se pela contra-ofensiva contra os Omíada, frustrados no ataque terrestre e naval contra Constantinopla (717) e rechaçados da Ásia Menor pelos bizantinos. O período, no entanto, teve como aspecto marcante a Questão Iconoclasta, de profundas implicações, inclusive externas. No Império Bizantino as influências helenísticas e orientais resultaram na estreita ligação entre Igreja e Estado, concretizada no Cesaropapismo: ao Basileus cabia a chefia da Igreja e do Estado. Tal situação funcionava como arma de dois gumes: na condição de protetor da Igreja poderia gerir seus bens e preencher os cargos eclesiásticos, o que reforçava o poder imperial; em contrapartida, as reações à ortodoxia religiosa refletiam resistências de oposições ao poder central, que transformavam controvérsias religiosas em problemas políticos decorrentes de contradições sócio-econômicas, como se deu com a Questão Iconoclasta.Só podemos entender a Questão Iconoclasta enquandrando-a no contexto da transição do escravismo ao feudalismo. Com efeito, os ícones eram as imagens, pequenas ou grandes, representando pessoas santificadas ou o próprio Cristo; feitos nos mais diversos materiais, incorporaram-se às cerimônias de culto da sociedade bizantina. Entre os principais produtores de ícones encontravam-se os monges que obtinham grandes lucros com a venda de imagens. Essas riquezas reforçavam ainda mais o poderio dos monges, cujas ordens possuíam grandes propriedades isentas de tributos, exerciam grande influência na sociedade e constituíam uma ameaça ao poder central porque representavam o avanço da feudalização. É certo ainda que o culto das imagens era visto por muitos, sobretudo asiáticos, como idolatria, os quais defendiam concepções mais espiritualizadas da religião, onde não haveria práticas supersticiosas como queimar incenso, iluminar círios, crença em relíquias ou culto de imagens. Foi Leão III, de origem asiática, quem determinou a proibição do culto de imagens (ícones) e sua destruição - ou iconoclastia -, medida que atingiu ainda outras práticas consideradas pagãs (726). O objetivo visado era enfraquecer o poder dos monges que reagiram provocando revoltas contra o Basileus. A cisão interna aprofundou-se quando os monges obtiveram o apoio das populações balcânicas, da maioria do clero e dos marinheiros (geralmente gregos), que consideravam a destruição de imagens um sacrilégio e uma heresia. Sustentado pelo exército, cujos soldados eram na maioria de origem asiática, Leão III determinou o confisco dos bens dos mosteiros e a redistribuição das terras entre os soldados, prosseguindo a política de reação do poder central contra os setores feudais. Embora fossem reprimidas as sublevações provocadas pelos monges e mantidas as expropriações de seus bens, a Questão complicou-se porque o Papado considerou herética a destruição

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dos ícones e condenou as demais medidas contra os monges. Apesar disso, Leão III e seus sucessores mantiveram-se firmes na política adotada contra o culto de ícones. A Questão Iconoclasta serviu, no entanto, para aprofundar divergências com o Papado, que acabou se aproximando dos francos e coroando Imperador a Carlos Magno, o que politicamente representou um desprestígio para os Imperadores bizantinos, face à criação do Novo Império Romano do Ocidente (800). Além do mais, a crise interna do Império Bizantino impossibilitou o envio de ajuda militar à Península Italiana, onde o Exarcado de Ravena e demais províncias bizantinas foram conquistadas pelos lombardos. No século IX, a Basilisca Teodora revogou as leis iconoclastas, e restabeleceu o culto das imagens (842). Novamente o poder dos monges voltou a crescer, como se evidencia no depoimento do Basileus Nicéforo Focas (963 - 969): “Os monges não possuem nenhuma das virtudes evangélicas; não pensam senão na aquisição de terra, na ereção de enormes edifícios e na compra de grande número de cavalos, bois, camelos e de todos os tipos de criação. Dedicam todas as energias ao próprio enriquecimento, de sorte que a vida deles em nada difere das pessoas que vivem no mundo.”

∙ Apogeu e Decadência de um Império: Os séculos IX e X constituíram um dos períodos de apogeu da sociedade bizantina, a segunda idade de ouro, segundo Paul Lemerle, e que correspondeu ao governo da dinastia Macedônica (867 - 1056). Desenvolvendo uma política externa expansionista, os imperadores Macedônicos reconquistaram ilhas do Mediterrâneo Oriental (Chipre, Creta) e regiões da Itália Meridional, como a Sicília, que era importante celeiro de trigo. Nos Bálcãs, os búlgaros foram submetidos definitivamente, tendo a conversão dos húngaros e russos ao Cristianismo ampliado a influência cultural e a área de ação comercial bizantina. A conversão dos povos eslavos e a prosperidade do Império. Bizantino realçaram o prestígio e a importância do Patriarca de Constantinopla, que se considerava o supremo dirigente da cristandade, não aceitando a teoria da supremacia do poder pontifical. Desde a extinção do Império Romano do Ocidente, assim como os Imperadores bizantinos afirmavam sua condição de herdeiros de Roma, os Patriarcas apregoavam sua primazia na direção da Igreja. Essa divergência levara a freqüentes atritos entre o Papado e os Patriarcas, ocasionando rompimentos entre a Igreja Cristã Ocidental e a Igreja Cristã Oriental, como se verificou com a Questão Iconoclasta. O Cristianismo, em sua evolução, assumiu características diferentes na Europa Ocidental e em áreas do Império Bizantino, seja no ritual oriental (celebrado em grego), seja na disciplina (a subordinação da Igreja ao Estado bizantino) e nas crenças (rejeição do Purgatório pelos orientais). A cisão seria inevitável e se deu quando o Papa Leão IX e o Patriarca Miguel Seminário entraram em conflito a respeito da jurisdição sobre dioceses da Itália Meridional, excomungando-se mutuamente. Não se acreditava que a ruptura fosse definitiva, mas a intransigência do Patriarca e do Papa; explicável porque a questão envolvia

interesses econômicos relativos à arrecadação das rendas daquelas dioceses e interesses políticos antagônicos sobre a direção suprema da cristandade - consumou o Cisma do Oriente, em virtude do qual se criaram. Duas Igrejas: a Igreja Cristã Ortodoxa Grega, subordinada ao Patriarcado de Constantinopla, e a Igreja Católica Apostólica Romana, dirigida pelo Papado (1054). A prosperidade alcançada deveu-se sobre tudo às riquezas acumuladas com os rendimentos da terra, da indústria artesanal - intensamente desenvolvida era a produção de artigos de luxo realizada nas oficinas estatais - e do comércio. A atividade mercantil estava submetida ao controle do Estado e, apesar dos ataques árabes, manteve-se florescente, funcionando Constantinopla como intermediária entre o Extremo Oriente e o Ocidente: através da "rota da seda", que atravessava toda a Ásia Central, fluíam especiarias, perfumes, seda, pedras preciosas etc, que, chegados ao Mar Negro, eram transportados pelas embarcações bizantinas aos portos do Mediterrâneo.. As cidades italianas, em especial Veneza, redistribuíam aquelas mercadorias pela Europa Ocidental. Constantinopla foi também importante centro financeiro, onde os cambistas permutavam moedas das mais diversas procedências trazidas pelos mercadores estrangeiros. Apesar disso, a feudalização progrediu com o crescente predomínio dos grandes senhorios em detrimento das pequenas propriedades de cultivadores independentes e de camponeses-soldados, e até mesmo das terras da Coroa. As estruturas feudais foram reforçadas sob a dinastia dos Comneno (1081 - 1185), cuja ascensão marcou a vitória dos setores feudais sobre a aristocracia urbana que dirigia o Império. Adotando o costume de conceder terras em troca da prestação de serviços, sendo a concessão acompanhada do direito de receber impostos dos camponeses e de ministrar justiça, os Comneno fortaleceram os mosteiros e a nobreza feudal, convertidos em forças desintegradoras do poder central. Externamente novas ameaças surgiram no século XI: nos Bálcãs, sérvios e petchenegues invadiram províncias bizantinas; na Itália do Sul, os normandos apoderaram-se da Sicília e demais regiões bizantinas; no Oriente Próximo, os turcos seldjúcidas ocuparam a Síria e. a maior parte da Ásia Menor, privando o Império Bizantino de territórios onde se encontravam importantes rotas de comércio e eram recrutados elementos para o exército. A gravidade da situação levou os Comneno a recorrer ao Papado, pedindo ajuda contra os turcos seldjúcidas, precipitando com isso as Cruzadas que acabaram arruinando o Império Bizantino. Recorreram também, a. Veneza, solicitando o apoio de sua esquadra contra os normandos que atacavam os Bálcãs; em troca, os venezianos receberam amplas concessões comerciais. Ora, tal situação privou o Estado de uma das principais fontes de receita e retirou ao Império Bizantino a condição de intermediário do comércio entre o Extremo Oriente e o Ocidente. Reagindo contra isso, a dinastia dos Ângelo (1185 - 1204) anulou os privilégios concedidos a Veneza que, em represália, desviou a Quarta Cruzada contra Constantinopla (1204), cuja conquista resultou no Império Latino do Oriente. “O altar sagrado da grande igreja de Santa Sofia, feito de todas as

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espécies de matérias preciosas e admirado em todo o mundo, foi despedaçado e repartido pelos soldados, tal como as outras riquezas sagradas dum esplendor infinito. Quando os vasos sacros e os objetos duma arte e duma graça inexcedíveis (...) e as guarnições de ouro e prata cinzelada (...) e as portas e outros ornamentos foram levados como despojo, as mulas e os cavalos arreados foram introduzidos no santuário do templo. Alguns de entre eles, que não conseguiam equilibrar-se no lajedo escorregadio, eram apunhalados até cair, de tal modo que o admirável chão sagrado ficou [todo] poluído de sangue e esterco. Além disso, uma prostituta (...) insultando Cristo, sentou-se na cadeira patriarcal, para cantar uma canção obscena, e dançou freneticamente.” “Constantinopla, glória dos Gregos, rica em prestígio, mais rica ainda em dinheiro.”

∙ A Derrocada do Império Bizantino: Embora fosse efêmero o Império Latino do Oriente (1204 - 1261), Veneza e os senhores feudais ocidentais só foram expulsos pelos bizantinos com a ajuda de Gênova. Em conseqüência, o Império Bizantino restaurado pela dinastia dos Paleólogo (1261-1453) reduziu-se a algumas ilhas do Mar Egeu, a pequena parte da Ásia Menor e da Península Balcânica. Além do mais, seus recursos econômicos eram limitados, porque os genoveses desfrutavam de isenções fiscais e liberdade de ação comercial no Império Bizantino. A agonia do Império prolongou-se por mais dois séculos, cada vez mais debilitado pelas lutas internas e pelos ataques dós sérvios, que haviam formado poderoso Estado nos Bálcãs, e dos turcos otomanos, convertidos em novos senhores do antigo Califado de Bagdá. Ao longo do século XIV, os turcos otomanos ocuparam a Ásia Menor, os Bálcãs e reduziram o Império Bizantino unicamente à cidade de Constantinopla. Quando reinava Constantino XI (1448 - 1453) , o Sultão Maomé II cercou a cidade, por terra e por mar. Utilizando-se de poderosa artilharia abriu brechas nas muralhas defensivas de Constantinopla e conquistou a cidade, que foi transformada em capital do Império Otomano, com o nome de Istambul (1453). “Direitos que se pagam em Constantinopla, na alfândega do Imperador pelos gêneros que os mercadores trazem e levam: Os genoveses e os venezianos têm entrada e saída francas, não pagam nada. (...) Os florentinos, provençais, catalães, anconianos, sicilianos e todos os outros estrangeiros pagam 2% ao entrar e 2% ao partir; e são obrigados a pagar ao mesmo tempo a entrada e a saída.” “Em virtude da escassez de dinheiro, o esplendor da corte bizantina desapareceu. As jóias das coroas eram vidro, os mantos não eram verdadeiro pano de ouro mas brocadilho, os pratos eram- de cobre, e tudo quanto parecia rico brocado era apenas couro pintado.”

∙ Herança da Civilização Bizantina: A Civilização Bizantina exerceu profunda influência sobre as sociedades medievais, particularmente sobre as sociedades eslavas, às quais transmitiu muitas de suas instituições político-jurídicas e realizações culturais. Em sua prolongada existência, a sociedade bizantina fundiu elementos culturais latinos, gregos e asiáticos,

condicionados pelo Cristianismo, criando uma civilização marcada pela originalidade. A Arte expressou-se particularmente na edificação de igrejas, mosteiros e palácios, refletindo a sua subordinação à religião e ao Estado. Das construções civis. (palácios, aquedutos etc.) quase nada restou, mas não ocorreu o mesmo com os templos, muitos dos quais sobreviveram até hoje. As igrejas bizantinas apresentavam construções de abóbadas múltiplas e formas variadas (planos quadrados, octogonais, em cruz grega etc), mas sua originalidade estava no emprego de cúpulas e na singeleza do exterior, contrastando com a suntuosidade da decoração interior, onde sobressaíam os mosaicos dos vitrais, paredes e tetos. O templo mais famoso é a Basílica de Santa Sofia, em Constantinopla, com monumental cúpula sobreposta a uma construção quadrada. A Pintura, essencialmente decorativa, manifestou-se em afrescos representando santos e anjos, os dirigentes etc., cujas figuras geralmente são estáticas com fisionomias que apresentam linhas de sofrimento, benevolência e misticismo. A Escultura foi igualmente decorativa. Baixos-relevos de construções, trabalhos em marfim (capas de livros, por exemplo) e ícones constituíram as formas mais desenvolvidas. A atividade literária, realizada inicialmente em latim e depois em grego, teve uma produção rica em variedade, qualidade e quantidade. Escritos em prosa ou verso, os manuscritos freqüentemente eram ilustrados com iluminuras, em que os artistas davam asas à imaginação para a concretização da ilustração, ou subordinavam-se à rígida e severa orientação da Igreja. Predominaram as composições de conteúdo religioso: hinos sacros, assuntos de Teologia, vida de santos etc. Embora tendendo a imitar os clássicos greco-romanos, a Literatura profana exprimiu-se nos mais variados gêneros, como a poesia epigramática e a poesia lírica, tratados sobre diplomacia e técnicas de guerra, enciclopédias, narrativas de viagens, romances épicos (o mais popular foi Digenes Akrites, comparável em qualidade à Canção de Rolando) e narrativas históricas, entre as quais a História Arcana, de Procópio de Cesaréia (500 - 565), e a Alexíada de Ana Conieno (1083 - 1148). Assumiu particular importância a compilação de escritos da Antiguidade Clássica, possibilitando a preservação de trabalhos de autores gregos e até latinos. Essas compilações, realizadas por copistas anônimos, eram mantidas em bibliotecas imperiais, dos mosteiros ou de particulares, sendo mais tarde, transmitidas aos ocidentais e a outras sociedades.

O QUE FOI O IMPÉRIO OTOMANO?

Ele começou a nascer no século 11, quando tribos turcas nômades se fixaram na Anatólia, região que hoje é parte da Turquia. Tais tribos ajudaram a difundir a religião muçulmana em terras que até então estavam sob o domínio de outro império, o Bizantino. "O termo otomano deriva do nome Osman, ou, em árabe, Uthman", diz o historiador inglês Malcolm Yapp, da Universidade de Londres. Osman, ou Otman I (1258-1324), foi um

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chefe turco que transformou essas tribos nômades em uma dinastia imperial. Durante os séculos 15 e 16, o Império Otomano tornou-se um dos estados mais fortes do mundo, englobando boa parte do Oriente Médio, do Leste Europeu e do norte da África. Além do poderio militar, o que ajudou a garantir essa expansão foi a tolerância dos otomanos com as tradições e as religiões dos povos conquistados. "A Igreja Ortodoxa cristã, que predominava nas terras bizantinas, foi mantida. Os judeus perseguidos pelos cristãos na península Ibérica também encontraram refúgio nos territórios otomanos.” O império começou a decair no século 17. As atividades econômicas dos povos conquistados eram conduzidas por iniciativa deles próprios, o que fez com que a economia geral do império fosse se desintegrando lentamente. A instabilidade política aumentava cada vez mais até que, em 1909, o sultão - como eram chamados os líderes otomanos - Abdul Hamid II foi deposto por uma rebelião. Essa mudança deu início à modernização do império, bastante influenciada pela Alemanha, ao lado de quem os turcos lutaram na Primeira Guerra Mundial (1914-1918). A derrota no confronto tumultuou ainda mais o já dilacerado império, que foi abolido pouco depois, em 1923, quando foi proclamada a República da Turquia.

∙ Prontos Para A Briga - Duas Vitórias E Duas Derrotas Marcantes Na História Dessa Potência (Esmagando Os Bizantinos): Em 1453, o Império Otomano conquista a cidade de Constantinopla, que passa a se chamar Istambul. A vitória marca a supremacia definitiva dos turcos sobre o Império Bizantino, com quem lutavam desde o século 11.

∙ Expansão Frustrada: Nos séculos seguintes à vitória sobre os bizantinos, os otomanos seguem enfrentando os cristãos europeus na tentativa de dominar o continente. Entre 1715 e 1718, porém, eles são derrotados pela Áustria e a expansão fracassa

∙ Triunfo Sobre A Rússia: Entre 1853 e 1856, o Império Otomano trava com a Rússia a Guerra da Criméia. Em jogo, territórios onde hoje ficam a Romênia e a península da Criméia, na Ucrânia. Com o apoio da França e da Inglaterra, os turcos vencem

∙ Fiasco Na Primeira Guerra: Os aliados da Guerra da Criméia viram inimigos na Primeira Guerra. É que, na busca pela modernização, os otomanos se aproximam da Alemanha. Ao lado desse país, os turcos são derrotados no grande conflito mundial. Ficou conhecido como Império Otomano um importante estado que durou de 1299 a 1922, e que compreendia vastos territórios no norte da África, sudeste da Europa e Oriente Médio. Estabelecido por um ramo dos vários povos turcos que migrou para a península da Anatólia (onde hoje existe o moderno estado da Turquia), o Império Otomano é considerada a última potência global do mundo islâmico até os dias atuais. Seu nome é derivado de um de seus

mais importantes líderes, Osman I (ou Otman I), o fundador da Dinastia Otomana, que governaria este complexo, poderoso e diverso estado a partir de várias capitais, sendo a primeira Söğüt, depois Bursa, Edime e finalmente a histórica Constantinopla, cuja conquista em 1453 marca o fim da Idade Média e início da Moderna. A característica marcante e explicativa da expansão do império era a tolerância dos otomanos com as tradições e as religiões dos povos conquistados. Sob a administração do sultão em Constantinopla, estavam albaneses, sérvios, búlgaros, gregos, romenos, croatas, árabes, curdos, turcos, berberes, e muitos outros; tais povos tinham várias denominações religiosas, entre elas, cristãos católicos, maronitas, coptas e ortodoxos, muçulmanos sunitas e xiitas, judeus, mandeus, drusos, entre outros. Tal era a extensão de seu território, que este se dividia em 29 províncias e numerosos estados vassalos (pertencentes ao império, mas que haviam chegado a um acordo com o soberano otomano para manter a estrutura administrativa vigente). Com Solimão, o Magnífico, governante de 1520 a 1566, o Império Otomano torna-se efetivamente o centro de comunicação entre oriente e ocidente pelos próximos quatro séculos. É talvez o projeto de expansão por todo o continente europeu que levará o estado a uma lenta desagregação. Após as derrotas em dois importantes cercos à cidade de Viena, nos séculos XVI e XVII, o império entra em um lento processo de estagnação e desagregação. As atividades econômicas dos povos conquistados eram conduzidas por iniciativa deles próprios, o que fez com que a economia geral do império fosse se desfazendo lentamente. Ao passar o século XIX inteiro perdendo territórios, a instabilidade política aumenta cada vez mais até que, em 1909, o sultão Abdul Hamid II é deposto por uma rebelião que deu início à modernização do império. Esta, porém, chega tarde, pois a desagregação continua, com duas guerras balcânicas entre 1912 e 1913, e as investidas colonialistas de Itália e França, que acabam formalmente com a presença otomana na Europa e na África. Ao participar da Primeira Guerra Mundial, ao lado da aliada Alemanha, o fraco estado oferece pouca resistência aos aliados. Vencido, o Império Otomano é extinto em 1922, para dar lugar a uma república, a atual Turquia, fundada por um destacado militar otomano, Mustafá Kemal, “Ataturk” (seu apelido, que significa “pai dos turcos”).

∙ O Império Otomano: De origens humildes os Turcos começaram a dominar através de toda a Anatólia e mesmo de partes da Europa. Em 1453, Mehmet o Conquistador, capturou Constantinopla e pôs fim ao Império Bizantino. Os Otomanos conquistaram a maior parte da Europa Oriental e quase todo o Mundo Árabe; só a Mauritânia no Ocidente e o Iêmen, Hadramut e partes da Península Árabe ficaram para além do seu controle. Tiveram o seu apogeu com Sulayman, o Magnífico, cujas hostes alcançaram a Hungria e a Áustria. Seis séculos durou o império Otomano, que representou o estado muçulmano mais importante da era moderna. Os Otomanos, originários do noroeste de Anatólia, estenderam seu poder até a

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Europa, dos Balcãs à Síria, Egito e Iraque. A partir do século XVIII, sua decadência começou a se manifestar, apesar de tentativas isoladas de revitalizar o império, cada vez mais debilitado. As regiões européias sob domínio Otomano foram se tornando independentes: Grécia, Sérvia, Bulgária etc. O Egito libertou-se também e, sob o comando de Mohamad Ali, reorganizou sua estrutura administrativa em moldes ocidentais; o país obteve a independência com o apoio britânico e conquistou o Sudão. Mesmo assim, a abertura do canal de Suez limitou essa independência, devido ao interesse das potências européias pela atividade comercial naquela região. A França conquistou a Argélia e estabeleceu um protetorado em Túnis. A Itália conquistou a Tripolitânia. As províncias orientais do império Otomano desmembraram-se. A Índia, parcialmente islamizada, foi dominada pelo Reino Unido no século XIX, e o Irã sofreu invasões de russos e britânicos. Após a primeira guerra mundial, os nacionalismos islâmicos se acentuaram. A Turquia passou por profunda transformação, convertendo-se em república.

∙ O Império Otomano em Sua Maior Extensão: No início do século XIV, Osman, um líder tribal turco, fundou um império na Anatólia ocidental (Ásia Menor), que iria perdurar por quase seis séculos. Esse império cresceu, conquistando terras do império bizantino e mais além, chegou a incluir, no auge de seu poder, toda a Ásia Menor; os países da península balcânica; as ilhas do Mediterrâneo oriental; partes da Hungria e da Rússia; Iraque, Síria, Cáucaso, Palestina e Egito, parte da Arábia; e todo o norte da África, pelo lado da Argélia. Seu momento de glória no século XVI, representa o auge da criatividade humana. O império construído foi um dos maiores e mais influentes de todos os impérios muçulmanos do período moderno e sua cultura e expansão militar cruzou toda a Europa. Nem mesmo a expansão islâmica na Espanha, no século VIII, conseguiu estabelecer uma presença na Europa tão marcante quanto ao dos Otomanos nos séculos XV e XVI.

∙ Império Otomano em 1600 d.C: Como no primeiro período da expansão islâmica, os otomanos fundaram um império sobre o território europeu e trouxeram com eles as tradições e cultura islâmicas que permanecem até os dias atuais (os muçulmanos da Bósnia são os últimos descendentes da presença otomana na Europa). Os otomanos foram uma força que deve ser avaliada, militar e culturalmente, desde o seu início até a sua fragmentação nas primeiras décadas do século XX. O verdadeiro fim da cultura otomana chegou com a secularização da Turquia, após a II Guerra Mundial, acompanhando os modelos de governos europeus. A transição para um estado secular não foi fácil e suas repercussões ainda hoje se fazem sentir na sociedade turca. O império Otomano teve fim, em 1924, quando Kemal Ataturk assumiu o poder e aboliu os seis séculos de dominação otomana.

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∙ Império Otomano (1300-1922): O Império Otomano foi um dos mais duráveis impérios já vistos na história. Sua história se estendeu de 1300 a 1922. As riquezas das tribos turcas que inicialmente lutaram contra as hordas mongóis passaram a se desenvolver nas lutas contra os cristãos do Império Bizantino, pois os turcos contavam com o apoio de outros grupos muçulmanos. Durante o século XIV, os otomanos vieram a governar a Ásia Menor e parte dos Bálcãs. Muito cedo os turcos passaram a desenvolver o uso de armas de fogo e da artilharia, ganhando vantagem nas batalhas das quais participou. A importante tomada da Constantinopla (atual Istambul) se deu em 1453, pelos otomanos, sob o governo de Muhamad II, que por conseqüência deu fim ao Império Bizantino e, assim, aos últimos vestígios do Império Romano. No século XVI o império otomano atingiu seu auge, com a expansão de seus domínios territoriais para as terras do norte da África, das regiões dos Bálcãs, da Pérsia, da Hungria e da Arábia. O auge do Império Otomano se deu sob o governo de Suleiman, governo este que duraria 46 anos. Após a morte de Suleiman, em 1566, seu império havia alcançado o seu maior grau de poder e influência, se estendendo desde os territórios da Polônia até o Iêmen, desde Trípoli até a Pérsia. Entretanto, esta fase foi marcada pelo inicio de um longo e lento declínio. Este declínio foi ocasionado por uma série de conflitos na sucessão ao poder do império. A Grande Guerra Turca, que se estendeu no período entre os anos de 1683 a 1699, forçou o império à transferência da maior parte das forças da Hungria para a Áustria. Também as guerras entre turcos e russos foram responsáveis pelo gradual enfraquecimento do poder otomano durante o século XVIII. Já no século XIX, a Grécia e o Egito se desvinculam do império. A Europa Ocidental defendeu-se do avanço russo através dos próprios otomanos, e em 1876, o império adotou uma nova constituição, abolida pouco tempo depois pelo próprio sultão. O império definitivamente havia se enfraquecido.

Foi no início do século XX que os Jovens Turcos, um grupo reformista, passou a pregar reformas para a modernização do império. O grupo reformista teve êxito na deposição do sultão Abd Al-Hamid II, em 1909. Mas ao centralizar o poder, esse grupo engendrou o início da própria derrocada do império, que foi obrigado a enfrentar a insatisfação geral de libaneses, sírios, macedônios, albaneses, cretenses, além de enfrentar as discórdias provindas da Bósnia, da Herzegovina, de Trípoli. Ainda na Primeira Guerra Mundial, os otomanos tinham sob controle grande parte do Oriente Médio, que se juntava aos Aliados em busca de sua independência. Os tratados de paz de 1918 dissolveram o Império Otomano, e em 1922, Mustafá Kemal Ataturk foi o último sultão. Durante os 15 anos de seu governo, foi responsável pela introdução de costumes ocidentais, além da abolição do califado.

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∙ Os Judeus no Império Otomano: O Império Otomano abrigou muitos judeus que fugiam da perseguição religiosa. Eles eram acolhidos pelas regiões e países pertencentes ao Império. Teto da Sinagoga Zulfaris, atualmente o Museu Judeu da Turquia. Datada de 1671, foi transformada em setembro de 2001 em museu. Durante o fim do século XIV e início do século XV, à medida que os Otomanos avançavam em direção a Istambul, judeus expulsos da Hungria, da França e da Sicília se refugiaram em seus domínios. A eles se juntaram também judeus que fugiram de Thessaloniki (Salônica), então sob domínio veneziano. Em 1470, judeus expulsos da Bavária estabeleceram-se na Turquia. Em 1492, Cristóvão Colombo zarpava do porto de Palos, um porto não tão importante quanto os de Cadiz e Sevilha. A utilização destes dois últimos, no entanto, era impossível, visto que eles estavam cheios de judeus expulsos da Espanha pelos reis católicos. A expulsão dos judeus da Espanha, em 1492, e a Conversão Forçada de 1497, em Portugal, produziram a "Diáspora Sefaradita", levando judeus a buscar refúgio em terras como as do Norte da África e as do extenso Império Otomano. Muitos, ansiosamente, aceitaram o oferecimento feito pelo Sultão Bayezid II para se integrarem à vida do Império Otomano. Bayezid II fez questão de favorecer a entrada de judeus e ordenou aos seus governantes para acolhê-los cordialmente. No século XVI, os judeus expulsos da Bohêmia chegaram ao Império Turco-Otomano. Judeus expulsos de Apulia, na Itália, que caíram sob domínio do Papa foram resgatados pelo Sultão Suleiman, o Magnífico, que escreveu uma carta ao Papa, exigindo sua liberação. O Papa cedeu, visto que o Império Turco Otomano era uma grande potência da época. Os judeus eram protegidos pelo estatuto da Dhmmis (aplicado a não-muçulmanos que pertencessem aos povos do livro – judeus e cristãos), que os relegava a cidadãos de segunda classe, mas garantia sua vida, direito de propriedade e direito de culto. Os judeus encontraram seu espaço em certas profissões que os muçulmanos não tinham interesse em fazer – eles preferiam se dedicar às atividades militares, políticas e religiosas - e nas quais os cristãos dos territórios recém conquistados não eram tidos como confiáveis. Trazendo sua experiência mercante e algumas inovações, como a prensa tipográfica, constituíram a classe média do país. No Mediterrâneo, os judeus ibéricos posicionaram-se em núcleos urbanos, compondo formidável rede familiar de relações sócio-econômicas, que tornou válida a idéia do Mediterrâneo como o "Mar Sefaradita" ou o "Mare Nostrum Sephardicum", expresso por alguns historiadores. Expressando sua opinião sobre a expulsão da Espanha, Bayezid II havia declarado na ocasião: "O rei espanhol Ferdinando é erroneamente considerado um sábio, pois com a expulsão dos judeus, empobreceu o seu país e enriqueceu o nosso." Era evidente que os otomanos sabiam dos benefícios potenciais da emigração em massa. Aceitavam os judeus parcialmente por interesses econômicos. Os judeus da Espanha eram altamente qualificados, educados e grandes homens de negócios. Bayezid II e seus sucessores, a partir do século XV, acolheram os

sefaraditas no domínio otomano e valeram-se de seus préstimos e conhecimentos não só para a expansão e desenvolvimento do comércio regional e internacional, mas também para o incremento das finanças, diplomacia, negócios bancários, corretagem e ourivesaria. Os refugiados de origem ibérica foram designados pelos dirigentes otomanos a importantes cargos político-administrativos, participando, inclusive, da estratégia de colonização de diversas áreas do vasto Império. Os positivos contatos mantidos entre sefaraditas e otomanos permitiram que laços de identidade se solidificassem com o tempo, em convivência de mútuo e duradouro respeito. O sistema político-administrativo otomano permitiu às minorias a preservação da religião, do idioma, das tradições e costumes. A imprensa escrita, trazida para Istambul em 1493, por dois irmãos refugiados da Espanha é um exemplo da sofisticação que os judeus introduziram no Império Otomano. Muitos consideravam que o Império Otomano lhes proporcionava o portão de entrada para a Terra de Israel. Ainda assim os judeus rapidamente se adaptaram ao renovado sentimento de liberdade e continuaram a se desenvolver culturalmente, financeiramente e espiritualmente. Citamos como exemplo um dos documentos mais sagrados que apareceu no império, (com a ajuda da imprensa escrita) o Shulchan Aruch de Rabbi Joseph Caro. Publicado em 1564, continha o código de leis sefaraditas.A literatura judaica revigorou-se. Um importante centro cabalista se firmou em Tzfat. Foram escritas obras como o Shulchan Aruch e a canção Lechá Dodí. Os judeus foram proeminentes na medicina da corte (A Sublime Porta, nome poético da corte otomana), na diplomacia e como conselheiros e ministros da corte. Com o tempo, a população judaica no Império Otomano chegou a 200.000 habitantes, contra apenas 65.000 na Europa. Eles se assentaram principalmente nas cidades de Istambul, Sarajevo, Salônica, Adrianople, Nicopolis, Jerusalém, Safed, Damasco, Cairo, Bursa, Tokat, Amasya e, mais tarde, em Smyrna. A população judaica em Salônica cresceu tanto que os judeus tornaram-se maioria na cidade. Esta cidade se tornou o centro da vida judaica sefaradí. Suas indústrias e o dinamismo de seu porto (desativado aos sábados), transformaram a cidade de Salônica, numa cidade-líder da rota comercial da indústria têxtil do século XIX. A maioria dos sefaraditas vivia em Istambul, Salônica e Esmirna, perto dos dirigentes otomanos, seus protetores. Istambul, centro administrativo e comercial do Império Otomano, passagem marítima do Mar Negro e do Mediterrâneo, constituía uma verdadeira praça de câmbios, onde produtos do velho e do novo mundo eram comercializados. Foi nesta cidade que a maior comunidade judaica se organizou. Em 1900 a comunidade de Istambul contava aproximadamente 300.000 judeus. A decadência otomana e a ingerência do imperialismo europeu em terras do Oriente Médio levaram famílias de negociantes sefaraditas, procedentes de Istambul, Esmirna, Ilha de Rodes, Egito e de outras comunidades a buscar estabelecer-se em terras da Europa Ocidental, em diáspora à que chamamos de "Retorno ao Ocidente".

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∙ Constantinopla, Império Otomano Turquia: Constantinopla foi a capital do Império Otomano até ao seu desaparecimento em 1923. Atualmente, sobre esta cidade assenta uma outra, Istambul. Foi capital do Império Bizantino, ou de Bizâncio como também é conhecido, posteriormente do Império Otomano e atualmente, com outro nome, Istambul, é a capital honorífica da Turquia, pois a capital oficial é Ancara. Constantinopla deve o seu nome ao Imperador Constantino, o homem que reconstruiu a cidade, que a fez renascer das suas ruínas, tendo respeitado a cultura aí existente. Construiu-a à imagem e semelhança de Roma e durante séculos foi tratada de forma privilegiada, tendo sido tal a sua semelhança com Roma que chegou a ser chamada de Nova Roma. No século XV, Constantinopla caiu nas mãos dos turcos otomanos, momento no qual os historiadores põem ponto final à Idade Média na Europa. A partir daí, um novo conflito instala-se, o da Igreja Católica com a Igreja Ortodoxa, pois não queriam coexistir no mesmo local, pois ambas eram intolerantes em relação às restantes religiões. Bizantinos e otomanos lutaram durante anos e anos, durante décadas, pelo poder não apenas de Constantinopla, mas de todo o Império até aí Bizantino. Constantinopla, o local onde os Otomanos tomaram o poder aos Bizantinos, foi a capital do Império até 1922, ano no qual o Império Otomano, após anos de decadência, caiu definitivamente.

Império Otomano ( عثمانیه عالیه دولت Devlet-i Âliye-yi Osmâniyye, em turco-otomano) foi um Estado que existiu entre 1299 e 1922 e que no seu auge compreendia a Anatólia, o Médio Oriente, parte do norte de África e do sudeste europeu. Foi estabelecido por uma tribo de turcos oguzes no oeste da Anatólia e era governado pela dinastia Osmanlı. Era por vezes referida em círculos diplomáticos como a da "Sublime Porta" ou simplesmente como "a Porta", devido à cerimónia de acolhimento com que o sultão agraciava os embaixadores à entrada do palácio. Fundado por Osman I (em árabe Uthmān, de onde deriva o nome "otomano"), nos séculos XVI e XVII o império constava entre as principais potências políticas da Europa e vários países europeus temiam os avanços otomanos nos Balcãs. No seu auge, no século XVII, o território otomano compreendia uma área de 11.955.000 km² e estendia-se desde o estreito de Gibraltar, a oeste, até o mar Cáspio e o golfo Pérsico, a leste, e desde a fronteira com as atuais Áustria e Eslovênia, no norte, até os atuais Sudão e Iêmen, no sul.

∙ Início do Império - 1300 – 1481: A dinastia que Osman (1258 d.C a 1326 d.C) fundou era chamada de Osmanli, que significa "filhos de Osman". O nome passou para o ocidente como "otomano". O Império Otomano professava a religião muçulmana. As tribos mais fortes eram os seljúcidas, que se estabeleceram na Ásia Menor, juntamente com outros grupos de turcos. Após a derrota dos seljúcidas pelos mongóis, em 1293 d.C, Osman surgiu como o líder local dos turcos na luta contra o enfraquecido império bizantino. A conquista final dos bizantinos só foi alcançada em 1453 d.C,

com a queda de Constantinopla (atual Istambul), mas, naquela época, todo o território em volta já estava em mãos dos otomanos. As áreas iniciais de expansão sob a liderança de Osman I e de seus sucessores - Orkhan (que governou no período de 1326 a 1359) e Murad I ( no período de 1359 a 1389) - compreendiam o oeste da Ásia Menor e o sul da Europa, originariamente península balcânica. Durante o reinado de Orkhan, foi iniciada a prática de exigir um tributo sobre os filhos de cristãos. Os meninos eram treinados para se tornarem soldados e administradores. Como soldados eles aumentavam as fileiras da infantaria, e eram chamados de janizaries, a força militar mais temida na Europa por séculos. Murad conquistou a Trácia, a noroeste de Constantinopla, em 1361 d.C. Mudou sua capital para Adrianópolis (atual Edirne), a capital da Trácia e a segunda cidade do império bizantino. Esta conquista efetivamente separou Constantinopla do resto do mundo. Adrianópolis também controlava a rota principal de invasão através das montanhas dos Balcãs, permitindo o acesso dos otomanos à expansão em direção norte. Murad morreu durante a sua última batalha vitoriosa contra os aliados balcânicos. Seu sucessor, Bayezid I (governou de 1389 a 1402), foi incapaz de expandir as conquistas do lado europeu. Ele foi forçado a voltar sua atenção para a região oriental da Ásia Menor para lidar com um principado turco cada vez mais crecente, o Karaman. Murad atacou e derrotou Karaman em 1391 d.C, acabou com a revolta nos Balcãs e voltou para consolidar suas conquistas na Ásia Menor. Seu sucesso atraiu a atenção de Timur Lenk (Tamerlão). Estimulado pelos príncipes turcos que haviam se asilado em sua corte, fugindo das incursões de Bayezid, Timur atacou e o subjugou em 1402 d.C. Capturado por Timur, Bayezid morreria em um ano. Logo Timur se retirou da Ásia Menor, deixando que os filhos de Bayezid recuperassem o que o pai tinha perdido. Os quatro filhos lutaram entre si pelo controle do poder, até que um deles, Mohammad I, matou os outros três e assumiu o governo. Ele reinou de 1413 d.C até 1421 d.C, e seu sucessor, Murad II, de 1421 d.C até 1451 d.C. Murad sufocou a resistência nos Balcãs e eliminou todos os principados turcos na Ásia Menor, com exceção de dois. A tarefa de finalizar a conquista balcânica e apoderar-se de toda a Ásia Menor coube ao sucessor de Murad, Mohammad II (no período de 1451 d.C a 1481 d.C). Foi ele quem terminou o cerco de Constantinopla em 1453 d.C e a transformou na capital do império otomano. Toda a península balcânica do sul da Hungria foi incorporada, assim como a Criméia, na costa norte do Mar Negro. A Ásia Menor estava completamente subjugada. Além de conquistar um grande império, Mohammad II trabalhou com afinco pela consolidação e por um sistema administrativo adequado e de impostos. Para isso, contou com o fato de que toda a estrutura burocrática bizantina estava em suas mãos. Ainda que fossem muçulmanos, os sultões otomanos não se recusaram a usar qualquer talento que eles pudessem atrair ou capturar.

∙ A Idade de Ouro - 1481 – 1566: Três sultões governaram o império no seu auge: Bayezid II (1481 - 1512), Selim I (1512 - 1520), e Suleyman, o

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Magnífico (1520-1566). Bayezid estendeu o império na Europa, acrescentou postos avançados ao longo do Mar Negro, e sufocou as revoltas na Ásia Menor. Também transformou a armada otomana na maior força naval do Mediterrâneo. Com a idade mais avançada, ele se tornou um místico religioso e abdicou ao trono em favor de seu filho mais brilhante, Selim I. A primeira tarefa de Selim foi eliminar toda a competição por sua posição. Ele teve seus irmãos e filhos, com exceção de um, todos mortos. Desse modo, ele estabeleceu o controle sobre o exército, que durante a sucessão tinha apresentado um candidato próprio ao poder. Durante o seu curto reinado, os otomanos se moveram de sul para leste, na Síria, Mesopotâmia (Iraque), Arábia e Egito. Em Meca, o santuário do Islam, ele tomou o título de califa, governante de todos os muçulmanos. Os sultões otomanos seriam, dali em diante, os chefes espirituais do Islam, deslocando, assim, o antigo califado de Bagdá. Ao ocupar os lugares santos do Islam, Selim sedimentou sua posição como o governante religioso mais poderoso. Isto permitiu o acesso direto dos otomanos à rica herança cultural do mundo árabe. Intelectuais muçulmanos importantes, artistas, artesãos e administradores vinham a Constantinopla de todas as partes do mundo árabe. Eles transformaram o império muito mais do que o estado islâmico tradicional jamais tinha sido. Um outro benefício dos esforços de Selim foi o controle de todas as rotas comerciais do Oriente Médio entre a Europa e o Extremo Oriente. O crescimento do império foi, durante algum tempo, um impedimento para o comércio europeu. Este monopólio otomano levou os estados europeus a procurarem rotas alternativas pela África para chegarem à Índia e à China, impulsionando o desenvolvimento das navegações, o que acabou por levar à descoberta das Américas por portugueses e espanhóis. O único filho de Selim, Suleiman, chegou ao trono em uma situação invejável. As novas receitas proveninentes da extensão do império, deixaram-no com uma riqueza e poder sem paralelo na história otomana. No início de suas campanhas, ele capturou Belgrado (1521 d.C) e a ilha de Rodes (1522 d.C) e fragmentou o poder militar húngaro. Em 1529 d.C, ele sitiou Viena, na Áustria, mas foi forçado a se retirar por falta de suprimentos. Também iniciou três campanhas contra a Pérsia. A Argélia, na África do Norte, se rendeu à sua esquadra em 1529 d.C e Trípoli (Líbia), em 1551 d.C. Em suas buscas menos belicosas, ele enfeitou as maiores cidades do Islam com mesquitas, aquedutos, pontes e outras obras públicas. Em Constantinopla, ele mandou construir muitas mesquitas e, entre elas, a magnífica Mesquita de Suleyman.

∙ Declínio do Império - 1566 – 1807: Durante o longo reinado de Suleiman, o império otomano alcançou o auge em poder político e o máximo de sua extensão geográfica. As sementes do declínio, no entanto, já estavam plantadas. Como Suleiman já estivesse cansado das guerras e vivendo mais em seu harém, seus vizires assumiram o poder. Depois de sua morte, o exército passou a controlar o sultanato, usando isso em seu próprio benefício. Poucos sultões, depois de Suleiman, tiveram a habilidade

de exercer o poder verdadeiro quando a necessidade se apresentava. A este enfraquecimento no centro do poder, se opunha um poder cada vez mais crescente no ocidente. Os estados nacionais na Europa estavam emergindo da Idade Média sob monarquias fortes. Estavam formando exércitos e esquadras que foram poderosas o suficiente para atacar o poder militar otomano decadente. Em 1571 d.C, um acordo entre Veneza, Espanha e os estados papais da Itália, derrotou os turcos na grande batalha naval de Lepanto, na costa grega. Esta derrota, que derrubou o mito do turco invencível, aconteceu durante o reinado de Selim II (período de 1566 - 1574). Mas, o império reconstruiu sua esquadra e continuou a controlar o Mediterrâneo oriental por mais um século. A medida em que o governo central se tornava mais fraco, partes do império começaram a agir mais independentemente, mantendo apenas uma lealdade nominal ao sultão. No entanto, essa armada ainda era forte o bastante para impedir as rebeliões nas províncias. Sob o governo de Murad III (1574-1595), novas campanhas foram desenvolvidas. O Cáucaso foi conquistado e o Azerbaijão foi ocupado, quando o império atingiu a sua maior extensão territorial. Esforços reformistas foram experimentados pelos sultões durante o século XVII, mas pouco pode ser feito para deter o começo da decadência. Os otomanos foram expulsos do Cáucaso e do Azerbaijão em 1603 d.C e do Iraque em 1604 d.C. O Iraque foi retomado por Murad IV (1623-1640) em 1638 d.C, mas o Irã permaneceu uma ameaça militar persistente no oriente. Uma guerra com Veneza (1645-1669) expôs Constantinopla a um ataque da armada naval veneziana. Em 1683 d.C, a última tentativa para conquistar Viena fracassou. A Rússia e a Áustria lutaram contra o império com ataques militares diretos e fomentando a revolta entre os não muçulmanos contra o sultão. Começando em 1683 d.C, com o ataque a Viena, os otomanos estiveram em guerra com os inimigos europeus por 41 anos. Como conseqüência, o império perdeu muito de seu território nos balcãs e todas as possessões no litoral do Mar Negro. O enfraquecimento do governo central, manifestado pelo declínio militar, também implicou numa perda gradual do controle sobre a maior parte das províncias. Governantes locais, chamados de notáveis, conquistaram para si regiões permanentes as quais eles governavam diretamente, independente da vontade do sultão em Constantinopla. Os notáveis foram capazes de construir suas bases de poder, porque sabiam da fragilidade do exército do sultão e porque as populações locais preferiam seus governos à administração corrupta da distante capital. Os notáveis formaram seus próprios exércitos e coletavam seus próprios impostos, enviando apenas as contribuições nominas para o tesouro imperial. Selim III (1789-1807) tinha esperanças de reformar o império e o seu exército, mas não conseguiu e foi destronado. Quando Mahmud II (1808-1839) chegou ao trono, o império estava em situação extrema. O controle da África do Norte tinha passado para os notáveis locais. No Egito, Mohammad 'Ali estava lançando as bases de um reino independente. Se as nações européias tivessem cooperado eles poderiam ter destruído o império otomano. Em 1826 d.C, cinco anos

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após o gregos iniciarem sua luta pela independência, os janizaries tentaram interromper as reformas. Mahmud os massacrou e construiu um novo sistema militar, nos moldes dos exércitos europeus. Ele também reformou a administração e assumiu o controle sobre alguns dos notáveis provinciais, com exceção do Egito. Por ocasião da morte de Mahmud, o império estava mais consolidado e poderoso, mas ainda sujeito à interferência européia. Os filhos de Mahmud, Abdulmecid I (1839-1861) e Abdulaziz (1861-1876) implementaram diversas reformas, especialmente na educação e no sistema legal. Não obstante, em meados do século era evidente que a causa otomana era uma causa perdida. O Czar Nicolau I da Rússia, em 1853 d.C, comentou sobre o Império Otomano: "Temos em nossas mãos um homem doente, muito doente."

∙ Guerras Turco-Russa: Os interesses conflitantes dos estados europeus sustentaram o império otomano até depois da I Guerra Mundial. A Grã-Bretanha, em especial, estava determinada a manter a Rússia afastada do acesso ao Mediterrâneo pelo mar Negro. A Inglaterra, França e a Sardenha tinham ajudado os otomanos a bloquear os russos, durante a guerra da Criméia (1854-1856). A guerra russo-turca de 1877/1878, trouxe a Rússia quase que a Constantinopla. Os otomanos foram forçados a assinar o duro Tratado de Santo Estéfano, pelo qual terminavam o seu governo na Europa, com exceção dos estados europeus do Congresso de Berlim. Isso ainda deu um fôlego ao antigo império por umas poucas décadas a mais. Abdulhamid II (1876-1909) estabeleceu laços fortes com a Alemanha a ponto de na I Guerra Mundial os otomanos lutarem ao lado dos alemães.

∙ O Fim do Império: Foi no início do século XX que os Jovens Turcos, um grupo reformista, passou a pregar reformas para a modernização do império. O grupo reformista teve êxito na deposição do sultão Abd Al-Hamid II, em 1909. Mas ao centralizar o poder, esse grupo engendrou o início da própria derrocada do império, que foi obrigado a enfrentar a insatisfação geral de libaneses, sírios, macedônios, albaneses, cretenses, além de enfrentar as discórdias provindas da Bósnia, da Herzegovina, de Trípoli. Ainda na Primeira Guerra Mundial , os otomanos tinham sob controle grande parte do Oriente Médio, que se juntava aos Aliados em busca de sua independência. Os tratados de paz de 1918 dissolveram o Império Otomano. Um novo governo, sob a liderança de Mustafa Kemal, conhecido como Ataturk, surgiu em Ancara. O último sultão, Mohammad VI, fugiu, depois que o sultanato foi abolido em 1922. Todos os membros da dinastia otomana foram expulsos do país dois anos mais tarde. A Turquia foi proclamada uma república, com Ataturk como seu primeiro presidente. Durante os 15 anos de seu governo, foi responsável pela introdução de costumes ocidentais, além da abolição do califado.

IMPÉRIO ROMANO

Recebe o nome de Império Romano (em latim, Imperium Romanum) o estado existente entre 27 a.C. e 476 d.C. e que foi o sucessor da República Romana. De um sistema republicano semelhante ao da maioria dos países modernos, Roma passa a ser governada por um imperador vitalício, e que em 395 dividirá o poder com outro imperador baseado em Bizâncio, (depois rebatizada Constantinopla e atualmente Istambul). Foi em sua fase imperial (por volta de 117 d.C.) que Roma acumulou o máximo de seu poder e conquistou a maior quantidade de terras de sua história, algo em torno de 6 milhões e meio de quilômetros quadrados, um território do tamanho do Brasil, sem os estados do Pará e Mato Grosso. O império tinha por característica principal uma estrutura muito mais comercial do que agrária. Povos conquistados eram escravizados e as províncias (regiões controladas por Roma) eram uma grande fonte de recursos. O primeiro imperador foi Otávio, entre 27 a.C. a 14 d.C. Antes, porém, é importante citar Júlio César, que com suas manobras políticas acabou por garantir seu governo vitalício,

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entre 49 a.C. até seu assassinato em 44 a.C. Apesar de não ser considerado imperador, César foi o verdadeiro responsável pela consolidação do regime; prova disso é que todos os seus sucessores passam a receber o título de “césar”, e seu perfil é incluído em meio ao dos imperadores romanos na histórica obra “As Vidas dos Doze Césares“, de Suetônio.

∙ O Império Romano foi governado por várias dinastias: Dinastia Júlio-Claudiana (de 14 a 68). Dinastia dos Flávios (de 69 a 96). Dinastia dos Antoninos (de 96 a 192). Dinastia dos Severos (de 193 a 235). A religião politeísta romana, em muitos aspectos similares à da Grécia antiga foi a principal do Estado durante boa parte de sua história, até 313, quando o imperador Constantino institui o Edito de Milão, que tornaria o cristianismo religião oficial do império até o seu final. Em 395, o imperador Teodósio divide o império, estabelecendo uma duarquia, com um imperador em Roma, responsável pela metade ocidental e outro em Bizâncio, responsável pela metade oriental do império. Por volta do século III, inicia-se a lenta decadência do Império Romano, devido à corrupção dentro do governo e os gastos com luxo, o que drenava os investimentos no exército. Com o fim das conquistas, diminui o número de escravos, e há uma queda na produção agrícola. Isso gerava por sua vez um menor pagamento de tributos das províncias. As constantes pressões dos bárbaros, aliados aos problemas já citados culminam com o fim do Império Romano do Ocidente, em 476. De acordo com a leitura de muitos historiadores, porém, o Império Romano só chegou de fato ao seu fim em 1453, com a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos. Isto porque, apesar de ser conhecido nos manuais de história como Império Bizantino (império cuja capital é Bizâncio), seu nome oficial era Império Romano, e seus cidadãos geralmente se denominavam romanos, apesar da religião estatal ser a ortodoxa grega e a língua oficial ser o grego. Aliás, o adjetivo “romano” permaneceu na língua grega com o mesmo sentido até mesmo depois da unificação grega em 1821. No século III, observamos o desenvolvimento de uma grave crise que influenciaria enormemente na desintegração do Império Romano. Tomado por um território de grandes proporções, o Estado não conseguia manter sua hegemonia político-administrativa entre os vários povos que estavam sob o seu domínio. Ao mesmo tempo em que as riquezas obtidas eram imensas, os problemas e gastos também se manifestavam em semelhante proporção. O cenário veio a se agravar com a crise do sistema escravista, desencadeada pela ausência de novos territórios a serem conquistados e que, por sua vez, garantiriam o fornecimento da enorme força de trabalho que sustentava o Império. Com o passar do tempo, a falta de escravos determinava um natural processo de retração econômica, já que os proprietários de terra não poderiam arcar com a exploração de todas as terras disponíveis para a atividade agrícola. Uma vez instalada tal retração da economia romana, o Estado sofria com a diminuição significativa na arrecadação de impostos que lhe fornecia

sustento. A falta desses recursos fazia com que os enormes gastos destinados ao exército fossem sensivelmente diminuídos. De modo direto, a imposição desse problema financeiro enfraquecia os contingentes militares que realizavam a proteção das fronteiras romanas, até então, já pressionadas com o avanço dos povos bárbaros. Nesse cenário de desestruturação, podemos ver que os grandes proprietários de terra passaram a realizar o arrendamento de suas terras como meio de garantir a exploração econômica das mesmas. Plebeus vindos das cidades (em crise por conta da retração das atividades comerciais), escravos libertos e pequenos agricultores livres, ganhavam o direito de exploração das terras oferecendo em troca, o emprego de sua mão de obra nas terras do proprietário. Desse modo, percebemos que a rica e dinâmica economia sustentada pelo trabalho escravo começava a ruir progressivamente. Sem forças, o governo romano permitiria a entrada dos bárbaros em seus domínios, um grande número de escravos seria liberto mediante a retração da economia e a grande massa plebéia, sustentada pelo governo, perdia os seus privilégios. Na esfera econômica, as atividades abandonariam um mercado articulado para então, voltar-se à subsistência local. Observando o desencadeamento desses acontecimentos, vemos que o Império Romano perdia as características fundamentais que organizaram sua própria existência. Em linhas gerais, vemos que ao longo das décadas, uma vasta parcela daqueles domínios estaria marcada por outras características e práticas nos âmbitos cultural, econômico e político. A crise se instalava, para assim, termos o desenvolvimento de experiências que marcariam o início da Idade Média.

∙ O Império Romano (27 a.C. - 476 d.C.): As lutas políticas internas levaram ao poder Otávio (27 a.C.-14 d.C.), primeiro imperador romano. Desgastados pelas disputas internas e externas, os aristocratas romanos e o povo apoiavam a instalação de um governo forte, que estabilizasse a política e a economia de Roma. O poder concentrou-se nas mãos de Otávio, com ampla aceitação nas diversas camadas da sociedade romana. Otávio recebeu vários títulos concedidos pelo Senado, ampliando seus poderes, entre eles o Augusto (sagrado), Princeps Senatus (principal do senado), Imperador (comandante supremo do exército), Pontífices Maximus (sacerdote máximo), Pater Patriae (pai da pátria) etc. Seu governo destacou-se pela preocupação com a estabilidade interna e externa do Império. Somando tantos poderes, Otávio Augusto tornou-se, na prática, rei absoluto de Roma. Mas não assumiu oficialmente o título de rei. Permitiu que as instituições republicanas, principalmente o Senado, continuassem sobrevivendo na aparência. Durante seu longo governo, Augusto promoveu uma série de reformas sociais e administrativas. Incentivou a agricultura, o comércio e a indústria, construiu obras públicas que geraram empregos, fortaleceu a vigilância das fronteiras do Império, criou a guarda pretoriana para a sua proteção pessoal e estimulou as artes. O imenso Império passou a desfrutar um período de dois séculos de relativa

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paz e segurança, conhecido como Pax Romana (Paz Romana). A prosperidade romana conseguida com as conquistas modificou profundamente o comportamento político de patrícios e “Homens Novos”, que desejavam usufruir de seus bens, preocupando-se apenas com o próprio prazer, dando plenos poderes a Otávio. Augusto fez uma reforma social, dividindo as pessoas em grupos, de acordo com a sua riqueza. Os plebeus ricos ficavam no mesmo grupo social dos patrícios. Para a massa de plebeus pobres, havia o serviço militar por vinte anos e a possibilidade de receber, depois, terras nas províncias. Restava ainda um grande número de desempregados. A eles se oferecia a política de “pão e circo”, ou seja, distribuição de pequena quantidade de trigo e espetáculos de luta entre gladiadores, entre homens e feras etc. No final do século I, o Império Romano atingiu sua máxima extensão; já tinha conquistado toda a Itália e muitos outros territórios da Europa, do norte da África e do Oriente Médio. Para protegê-lo, estenderam-se guarnições militares ao longo das fronteiras. Além de tropas, deslocou-se também um grande número de funcionários para essas regiões.

∙ O Império Romano em sua maior extensão, no século II: Os séculos I e II foram notáveis, em especial pelas construções feitas em Roma e outras cidades e pelo grande desenvolvimento da arte e da literatura. A cultura romana – suas leis, seus costumes, sua língua e seus templos – espalhou-se pelas províncias, principalmente européias. Após a morte de Augusto, em 14 d.C., o período imperial costuma ser dividido em dois períodos: alto império e baixo império.

∙ Alto Império (27 a.C.-235): Sucederam a Augusto, até o fim do século II, quatro dinastias de imperadores: (1) Dinastia Júlio-Claudiana (14-68) - Com os imperadores Tibério, Calígula, Cláudio e Nero. Essa dinastia esteve ligada à aristocracia patrícia romana. A principal característica dessa fase foram os constantes conflitos entre o Senado e os imperadores. Com a morte de Nero, os exércitos de fronteira passaram a requerer o direito de opinar na sucessão imperial, privilégio até então da guarda pretoriana. Em meio às revoltas militares, Roma teve em um ano três imperadores: Galba, indicado pelo exército da Espanha, Otão, indicado pela guarda pretoriana e Vitélio, indicado pelo exército do Oriente. (2) Dinastia Flávia (68-96) - Com os imperadores Vespasiano, Tito e Domiciano. Esteve ligada aos grandes comerciantes. Os imperadores dessa dinastia, apoiados pelo exército, submeteram totalmente o Senado. Nesse período, os romanos dominaram a Palestina e houve a dispersão (diáspora) do povo judeu. Governos relativamente tranqüilos em que se verificou um reequilíbrio da economia e das instituições. (3) Dinastia Antonina (96-193) - Com Nerva, Trajano, Adriano, Antônio Pio, Marco Aurélio e Cômodo, Roma conheceu um período de grande prosperidade, pois os imperadores dessa dinastia, exceto o último, foram excelentes administradores. Adotaram uma atitude conciliatória em relação ao Senado. Roma jamais voltou a conhecer um

período de esplendor como este. Após o assassinato de Cômodo, último dos Antoninos, aumentou a luta pelo poder, da qual participavam os militares, que queriam o título de Imperador. Esse período, que caracteriza todo o século III, é denominado Anarquia Militar. (4) Dinastia Severa (193-235) - Com Sétimo Severo, Caracala, Heliogábalo e Severo Alexandre, caracterizou-se pelo início de crises internas e pressões externas, exercidas pelos bárbaros, prenunciando o declínio do Império Romano, a partir do século III da era cristã.

∙ Baixo Império (235-476): Em 235, iniciou-se um longo processo que se estenderia pelos dois séculos seguintes e culminaria com a desagregação de grande parte do Império Romano. As principais características desse processo foram: As crises políticas, já que não havia um critério definido de sucessão para o trono. Muitas vezes, a sucessão era marcada por guerras entre os generais mais poderosos; O colapso do sistema escravista, causado pelo fim das guerras de conquistas a partir do governo de Adriano (117-138). Com o término das conquistas, perdeu-se a principal fonte de mão de obra escrava, os prisioneiros de guerra; Os problemas econômicos: para pagar suas despesas, o governo era obrigado a aumentar os impostos e a emitir dinheiro, gerando inflação e descontentamento; As dificuldades para proteger e manter as inúmeras fronteiras do Império. Sem dinheiro para pagar os soldados, extensas áreas ficaram desprotegidas, o que facilitou a invasão de povos inimigos, sobretudo os de origem germânica; A difusão do cristianismo, que pregava valores contrários à manutenção do trabalho escravo e à divinização dos imperadores. Todos esses aspectos provocaram o enfraquecimento do comércio e da produção em todo o Império. Aos poucos, a população abandonaria as cidades para se abrigar no campo, onde encontraria maior proteção contra a invasão de povos inimigos, chamados “bárbaros” pelos romanos.

∙ Tentativas de reformas: Ao longo do Baixo Império, os imperadores tentaram introduzir reformas para superar a crise. Diocleciano (284-312), ao assumir o trono, criou uma nova forma de governo, exercida por quatro generais, à qual denomina-se Tetrarquia. Com isso, Diocleciano pretendia evitar as disputas por ocasião da sucessão e facilitar a defesa dos territórios. Esse sistema de governo, entretanto, não se consolidou, a tetrarquia foi abandonada por seus sucessores, e as guerras de disputa pelo poder voltaram a agitar o Império. No reinado de Constantino (313-337), este restabeleceu o poder centralizado e também efetuou reformas. Através do Edito de Milão, concedeu liberdade religiosa aos cristãos. Após promover a reunificação do Império, transferiu a capital de Roma para Bizâncio, situada mais ao oriente, que passou a ser chamada Constantinopla. Mais tarde, o imperador Teodósio (378 a 395), promoveu ainda outras medidas para contornar a crise. Em 391, instituiu o cristianismo como religião oficial do Império. No âmbito administrativo,

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realizou, em 395, a divisão do Império em duas partes, uma no Ocidente, com capital em Roma, e outra no Oriente, sediada em Constantinopla. Com a morte de Teodósio, o Império foi dividido entre seus dois filhos: a parte mais desenvolvida foi dada a Arcádio, com capital em Constantinopla; a parte decadente ficou para Honório, com capital em Roma.

∙ A fragmentação do Império: No Ocidente, o poder central mostrava-se impotente para conter as sucessivas invasões das fronteiras por outros povos, que passaram a controlar extensas regiões do Império Ocidental. Entre os séculos IV e V, a situação se agravaria com a chegada dos hunos à Europa. Temido por sua habilidade na guerra, esse povo, vindo da região central da Ásia, provocava pânico entre os germanos, que invadiam o Império para fugir de seus ataques. Em 476, após inúmeras invasões e acordos dos germânicos com o Império Romano do Ocidente, Odoacro, rei dos hérulos, destronou Rômulo Augústulo, último imperador romano. Com esse ato, desintegrava-se o Império Romano do Ocidente, em cujo território surgiria diversos reinos germânicos. Enquanto isso, o Império Romano do Oriente, ou Império Bizantino, ainda que também enfrentando muitas invasões, conseguiria manter-se por quase mil anos, até 1453, quando seria conquistado pelos turcos. Crise final e desaparecimento do Império Romano do Ocidente. A partir do século III, o Império Romano atravessou várias crises, que acabaram por provocar sua decadência e, finalmente, sua desintegração.

∙ Principais causas dessa decadência: Crise econômica: a economia baseada no latifúndio escravista entrou em decadência com o fim das conquistas, pois se tornou difícil e cara a aquisição de escravos. Muitos trabalhadores livres e até escravos foram fixados como colonos nas grandes propriedades. Descontentamento com os altos impostos: para sustentar o grande número de funcionários e militares, necessários em território tão extenso, era preciso muito dinheiro, que era arrecadado do povo. Esse mesmo dinheiro também sustentava o luxo e a corrupção dos governantes.O quase desaparecimento da moeda romana: como a produção diminuiu,

faltavam produtos para vender; assim, as importações aumentaram e, em conseqüência, grande quantidade de moeda saía e não voltava. Desorganização política e militar: a disputa pelo poder, a corrupção e o descuido com a administração eram constantes. Cada exército obedecia mais a seu general do que ao imperador. Além disso, o assassinato de imperadores era freqüente.

∙ As Invasões dos Bárbaros: Inicialmente, eles penetraram no território do exército. No século IV, grupos armados de bárbaros foram vencendo os romanos, até derrotá-los definitivamente em 476. O século V marcou a decadência definitiva da parte ocidental do Império. Entre os fatores que provocaram a queda de Roma, podem ser citados: a deterioração da

economia da Itália, as lutas internas, a fuga de capitais para o Oriente, a corrupção administrativa e, para dar o golpe de morte, a invasão dos bárbaros. Em 476, quando era imperador Rômulo Augusto, a capital do Império Romano do Ocidente caiu nas mãos dos bárbaros, chefiados por Odoacro. O Império Romano do Ocidente chegou ao fim com as invasões bárbaras. Em 476, os hérulos (povo bárbaro) chefiados por Odoacro, invadiram Roma e depuseram o último imperador do Ocidente, Rômulo Augústulo. A queda do Império Romano do Ocidente marcou o fim da Antiguidade e o início da Idade Média. O Império Romano do Oriente durou ainda quase mil anos, até 1453, quando Constantinopla foi tomada pelos turcos otomanos. Esse fato marcou o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna.

Otávio tornou-se o primeiro Imperador, governando de 27 a.C. a 14 d.C. Suas primeiras medidas tinham por finalidade reestruturar a administração do novo Estado Imperial: restringiu as funções do Senado; criou uma nova ordem administrativa (as prefeituras); melhorou as formas de cobranças de impostos; instituiu a guarda pretoriana com a função de garantir a proteção do imperador. Na economia, Otávio incentivou a produção e protegeu as rotas comerciais. Empreendeu a construção de várias obras públicas, o que gerou muitos empregos aos plebeus. Para ganhar popularidade, Otávio adotou a política do “pão e circo”. A paz, a prosperidade e as realizações artísticas marcaram o governo de Otávio Augusto. O século I, em que transcorreu seu governo, ficou conhecido como “a pax romana”. Após o governo de Otávio, o Império Romano foi governado por várias dinastias: 1 - Dinastia Júlio-Claudiana (do ano 14 ao 68). 2 - Dinastia dos Flávios (do ano 69 ao 96). 3 - Dinastia do Antoninos (do ano 96 ao 192). 4 - Dinastia dos Severos (do ano 193 ao 235).

∙ Crise e Decadência Do Império: O império Romano, no século III, foi afetado pela crise geral do escravismo, iniciada nos reinados dos últimos Antoninos. A prosperidade romana estava alicerçada na agropecuária e, nessa época, ocorreu uma decadência na produção de técnicas agrícolas, sobretudo na Itália. Somou-se a isso a interrupção da expansão romana no Ocidente, que levou à falta de mão-de-obra escrava, barateando,assim, o trabalho livre e assalariado. Os proprietários passaram a arrendar suas terras aos colonos, instituindo o “sistema de colonato” (a permanência do camponês na terra). Desses fatores, resultou a diminuição da arrecadação de tributos, levando o Estado a dificuldades de manter a máquina administrativa, principalmente o exército, o que culminou com as invasões bárbaras.

∙ O Dominato: Era uma monarquia despótica e militar, semelhante ao helenístico, ou seja, o poder do governante tinha uma fundamentação religiosa. O nome dessa instituição derivou de dominus (senhor), que foi como passaram a se intitular os imperadores a partir de Diocleciano. No

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governo de Diocleciano, foi criada a Tetrarquia. Para melhorar a defesa das fronteiras, principalmente com a pressão dos bárbaros, o Império foi dividido em quatro partes, cada uma delas com governo próprio. Na economia, Diocleciano tentou reduzir a inflação, por meio do Edito Máximo que consistia na fixação dos preços máximos para os produtos comercializados e um limite de ganhos sobre a jornada de trabalhos. Em 313, Constantino assumiu o poder e restabeleceu a unidade imperial, valorizando a idéia de que a base do Império estava fundada nas províncias do Oriente. Estabeleceu, em 330, a capital do Império Romano na antiga colônia grega de Bizâncio, rebatizada com o nome de Constantinopla. Além disso, instituiu o Edito de Milão, no qual reconheceu a religião cristã, transformando-a na mais importante de Roma. Ainda no século IV, os bárbaros iniciaram as invasões em busca de terras férteis. Em 378, os visigodos investiram contra o Império Romano, vencendo-o na batalha de Adrianópolis. Teodósio foi o último imperador uno, instituiindo o Edito de Tessalônica, em 330, pelo qual a religião cristã tornava-se oficial do Império. Por ocasião da morte de Teodósio (395), o Império foi divido em Ocidente, governado por Honório, e Oriente, governado por Arcádio – ambos filhos do Imperador. O Império Romano decaiu em 476, invadido pelos hunos.

∙ O Cristianismo: O surgimento e expansão do cristianismo estiveram ligados diretamente ao Império Romano. A princípio, os romanos tinham uma religião politeísta dividida entre doméstica e oficial. Na doméstica, as famílias consideravam seus antepassados protetores e os cultuavam. Todas as casas possuíam um altar onde eram realizados os cultos. Os romanos cultuavam diversas divindades herdadas dos gregos como Júpiter, Vênus, Diana, Baco, Minerva, Netuno e outros. O cristianismo surgiu na Palestina, uma província romana e, progressivamente, difundiu-se por todo o Império Romano. É uma religião monoteísta, messiânica e profética. Jesus Cristo ensinou o amor a um único Deus, ao próximo, assim como pregou a humildade e a fraternidade. Os princípios do cristianismo são: a crença na Trindade, crença em anjos, no juízo final, na ressurreição da carne e na vida eterna. A Boa Nova dos cristãos foi pregada pelos apóstolos, no Oriente, e chegou até Roma, posterior a morte de Cristo. Inicialmente, essa religião foi muito perseguida pelo Estado romano. Mas, após sua oficialização por Teodósio, constituiu-se como a religião universal e a mais importante do Ocidente.

∙ Cultura: A cultura romana foi influenciada pela cultura grega. Após sua expansão pelo Mediterrâneo Oriental, essa influência intensificou-se, na medida em que os romanos entraram em contato direto com a cultura helenística. O Direito romano foi um dos aspectos mais importantes que os romanos deixaram para outros povos. Ele surgiu como resultado de um processo histórico lento, fruto de lutas sociais distintas entre patrícios e plebeus. A igualdade civil conseguida entre as duas camadas sociais

possibilitou o aprimoramento do jus civili romano. Por outro lado, a conquista de outros povos exigiu um tratamento especial para os mesmos, originando o jus gentium. É de suma importância a introdução dos princípios de um direito natural, como por exemplo, o direito à vida. Na literatura, destaque para Cícero, orador; os poetas Horácio, Ovídio e Virgílio; e como historiador, Tito Lívio, autor de História de Roma. A Arquitetura foi a arte mais desenvolvida, marcada pela grandiosidade de suas construções: muralhas, estradas, teatros, anfiteatros, templos, aquedutos, termas e outros.

∙ História de Roma Antiga e o Império Romano: Mito da fundação de Roma - loba amamentando Rômulo e Remo. A história de Roma Antiga é fascinante em função da cultura desenvolvida e dos avanços conseguidos por esta civilização. De uma pequena cidade, tornou-se um dos maiores impérios da antiguidade. Dos romanos, herdamos uma série de características culturais. O direito romano, até os dias de hoje está presente na cultura ocidental, assim como o latim, que deu origem a língua portuguesa, francesa, italiana e espanhola.

∙ Origem de Roma (explicação mitológica): Os romanos explicavam a origem de sua cidade através do mito de Rômulo e Remo. Segundo a mitologia romana, os gêmeos foram jogados no rio Tibre, na Itália. Resgatados por uma loba, que os amamentou, foram criados posteriormente por um casal de pastores. Adultos, retornam a cidade natal de Alba Longa e ganham terras para fundar uma nova cidade que seria Roma.

∙ Origens de Roma (explicação histórica e Monarquia Romana - 753 a.C a 509 a.C): De acordo com os historiadores, a fundação de Roma resulta da mistura de três povos que foram habitar a região da Península Itálica: gregos, etruscos e italiotas. Desenvolveram na região uma economia baseada na agricultura e nas atividades pastoris. A sociedade, nesta época, era formada por patrícios ( nobres proprietários de terras ) e plebeus ( comerciantes, artesãos e pequenos proprietários ). O sistema político era a monarquia, já que a cidade era governada por um rei de origem patrícia. A religião neste período era politeísta, adotando deuses semelhantes aos dos gregos, porém com nomes diferentes. Nas artes destacava-se a pintura de afrescos, murais decorativos e esculturas com influências gregas.

∙ República Romana (509 a.C. a 27 a.C): Durante o período republicano, o senado Romano ganhou grande poder político. Os senadores, de origem patrícia, cuidavam das finanças públicas, da administração e da política externa. As atividades executivas eram exercidas pelos cônsules e pelos tribunos da plebe. A criação dos tribunos

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da plebe está ligada às lutas dos plebeus por uma maior participação política e melhores condições de vida. Em 367 a.C, foi aprovada a Lei Licínia, que garantia a participação dos

plebeus no Consulado (dois cônsules eram eleitos: um patrício e um plebeu). Esta lei também acabou com a escravidão por dívidas (válida somente para cidadãos romanos).

∙ Formação e Expansão do Império Romano: Após dominar toda a península itálica, os romanos partiram para as conquistas de outros territórios. Com um exército bem preparado e muitos recursos, venceram os cartagineses, liderados pelo general Anibal, nas Guerras Púnicas (século III a.C). Esta vitória foi muito importante, pois garantiu a supremacia romana no Mar Mediterrâneo. Os romanos passaram a chamar o Mediterrâneo de Mare Nostrum. Após dominar Cartago, Roma ampliou suas conquistas, dominando a Grécia, o Egito, a Macedônia, a Gália, a Germânia, a Trácia, a Síria e a Palestina. Com as conquistas, a vida e a estrutura de Roma passaram por significativas mudanças. O império romano passou a ser muito mais comercial do que agrário. Povos conquistados foram escravizados ou passaram a pagar impostos para o império. As províncias (regiões controladas por Roma) renderam grandes recursos para Roma. A capital do Império Romano enriqueceu e a vida dos romanos mudou. Principais imperadores romanos: Augusto (27 a.C. - 14 d.C), Tibério (14-37), Caligula (37-41), Nero (54-68), Marco Aurelio (161-180), Comodus (180-192).

∙ Luta de gladiadores (pão e circo): Com o crescimento urbano vieram também os problemas sociais para Roma. A escravidão gerou muito desemprego na zona rural, pois muitos camponeses perderam seus empregos. Esta massa de desempregados migrou para as cidades romanas em busca de empregos e melhores condições de vida. Receoso de que pudesse acontecer alguma revolta de desempregados, o imperador criou a política do Pão e Circo. Esta consistia em oferecer aos romanos alimentação e diversão. Quase todos os dias ocorriam lutas de gladiadores nos estádios (o mais famoso foi o Coliseu de Roma), onde eram distribuídos alimentos. Desta forma, a população carente acabava esquecendo os problemas da vida, diminuindo as chances de revolta.

∙ Cultura Romana: A cultura romana foi muito influenciada pela cultura grega. Os romanos "copiaram" muitos aspectos da arte, pintura e arquitetura grega. Os balneários romanos espalharam-se pelas grandes cidades. Eram locais onde os senadores e membros da aristocracia romana iam para discutirem política e ampliar seus relacionamentos pessoais. A língua romana era o latim, que depois de um tempo espalhou-se pelos quatro cantos do império, dando origem na Idade Média, ao português, francês, italiano e espanhol. A mitologia romana representava formas de explicação da realidade que os romanos não conseguiam explicar de forma

científica. Trata também da origem de seu povo e da cidade que deu origem ao império. Entre os principais mitos romanos, podemos destacar: Rômulo e Remo e O rapto de Proserpina.∙ Religião Romana: Os romanos eram politeístas, ou seja, acreditavam

em vários deuses. A grande parte dos deuses romanos foram retirados do panteão grego, porém os nomes originais foram mudados. Muitos deuses de regiões conquistadas também foram incorporados aos cultos romanos. Os deuses eram antropomórficos, ou seja, possuíam características ( qualidades e defeitos ) de seres humanos, além de serem representados em forma humana. Além dos deuses principais, os romanos cultuavam também os deuses lares e penates. Estes deuses eram cultuados dentro das casas e protegiam a família. Principais deuses romanos : Júpiter, Juno, Apolo, Marte, Diana, Vênus, Ceres e Baco.

∙ Crise e decadência do Império Romano: Por volta do século III, o império romano passava por uma enorme crise econômica e política. A corrupção dentro do governo e os gastos com luxo retiraram recursos para o investimento no exército romano. Com o fim das conquistas territoriais, diminuiu o número de escravos, provocando uma queda na produção agrícola. Na mesma proporção, caia o pagamento de tributos originados das províncias. Em crise e com o exército enfraquecido, as fronteiras ficavam a cada dia mais desprotegidas. Muitos soldados, sem receber salário, deixavam suas obrigações militares. Os povos germânicos, tratados como bárbaros pelos romanos, estavam forçando a penetração pelas fronteiras do norte do império. No ano de 395, o imperador Teodósio resolve dividir o império em: Império Romano do Ocidente, com capital em Roma e Império Romano do Oriente (Império Bizantino), com capital em Constantinopla. Em 476, chega ao fim o Império Romano do Ocidente, após a invasão de diversos povos bárbaros, entre eles, visigodos, vândalos, burgúndios, suevos, saxões, ostrogodos, hunos etc. Era o fim da Antiguidade e início de uma nova época chamada de Idade Média.

∙ Legado Romano: Muitos aspectos culturais, científicos, artísticos e lingüísticos romanos chegaram até os dias de hoje, enriquecendo a cultura ocidental. Podemos destacar como exemplos deste legado: o Direito Romano, técnicas de arquitetura, línguas latinas originárias do Latim (Português, Francês, Espanhol e Italiano), técnicas de artes plásticas, filosofia e literatura. História da religião romana, influência grega, deuses, cultos domésticos, cristianismo, politeísmo. Júpiter: deus dos deuses da religião romana.

Durante o período republicano e imperial, os romanos seguiram uma religião politeísta (crença em vários deuses), muito semelhante à religião praticada na Grécia Antiga. Esta religião foi absorvida pelos romanos, graças aos contatos culturais e conquistas na península balcânica. Porém, a religião romana não era, como muitos afirmam, uma cópia da religião

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grega. Os romanos incorporaram elementos religiosos etruscos e de outras regiões da península itálica. Os deuses romanos eram os mesmos da Grécia, porém com outros nomes.

Zeus JúpiterHera JunoPoseidon NetunoAtena MinervaAres MarteArtemis DianaHermes MercúrioDionísio Baco

Uma prática religiosa muito comum na Roma Antiga era a existência de santuários domésticos, onde eram cultuados os deuses protetores do lar e da família (deuses lares e penates). Templos para o culto público aos deuses também foram erguidos em diversas províncias romanas. Os rituais religiosos romanos eram controlados pelos governantes romanos. O culto a uma religião diferente a do império era proibida e condenada. Os cristãos, por exemplo, foram perseguidos e assassinados em várias províncias do império romano. Para realizarem seus cultos, muitos cristãos encontravam-se nas catacumbas romanas. Muitos imperadores, por exemplo, exigiram o culto pessoal como se fossem deuses. Esta prática começou a partir do governo do imperador Júlio César. Com seu significativo crescimento, no século IV, o cristianismo passou a ser considerada religião oficial do Império Romano. A prática do politeísmo foi, aos poucos, sendo abandonada.

∙ Legião Romana: Um dos principais braços militares do Império Romano. A legião romana era uma unidade militar de infantaria básica que existiu durante a República e o Império Romano. A legião romana era formada por 10 mil legionários e centenas de cavaleiros. A palavra legião deriva do latim (legio = recrutamento, alistamento). As legiões romanas eram diferenciadas por um nome e um número. Durante o auge do Império Romano, historiadores afirmam que existiram cerca de 50 legiões. Ao legionário eram recrutados em épocas de necessidades militares, ou seja, quando Roma estava em expansão através de guerras. O legionário romano era um soldado muito bem equipado e seu armamento lhe oferecia totais condições para uma batalha da época. Seu armamento principal era composto por: elmo de bronze (cassis), capacete metálico (galea), couraça de metal que protegia o peito (lorica), escudo de madeira ou couro (scutum), espada curta (gladio), lança de metal (hasta) e dardo de madeira com ponta de metal (pilo). A força militar do Império Romano estava centrada nestas legiões. Grande parte das conquistas militares romanas na Europa, Ásia e norte da África ocorreram graças à força e ao preparo militar destes soldados.

∙ Divisão do Império Romano: Após a morte do imperador Teodósio em 395, a unidade do Império é definitivamente quebrada com a divisão feita pelos seus dois filhos: Arcádio (Augusto desde 383), o mais velho, obteve o Oriente com sede em Constantinopla; Honório (Augusto desde 393), recebeu o Ocidente com sede em Milão ou Ravena. Na época, este ato não representava qualquer inovação, já que a partilha das responsabilidades e atribuições era prática corrente. Além disso, a ideia de unidade mantinha-se devido à figura de Estilicão, general de origem vândala, imposto por Teodósio como tutor dos jovens soberanos. Nas duas partes do império mantinham-se também idênticas instituições, tanto nas províncias como nos organismos centrais. Porém, não há dúvida que se vinha já produzindo uma diferenciação económica e social profunda entre Ocidente e Oriente, iniciada muito antes de 395, e que se acentuou nos anos seguintes, entre 395 e 410, devido, sobretudo, ao problema germânico. O Ocidente apresentava-se militarmente frágil e permeável às investidas bárbaras. A partir de 401, os Ostrogodos invadem as províncias do Danúbio superior. A partir de 406, são os Vândalos, os Sármatas, os Alanos e os Alamanos que devastam a Gália Ocidental, e Alarico saqueia Roma (410). O próprio Estilicão, internamente perseguido pelo partido antibárbaro, é decapitado a 22 de agosto de 408. O Ocidente ficou sob o poder dos chefes bárbaros e em 476, Odoacro, chefe dos Hérulos, depôs o último imperador romano do ocidente, Rómulo Augusto, e devolveu as insígnias ao imperador do Oriente cujos sucessores reinaram em Constantinopla até 1453. O Império Romano começou o seu lento declínio em o século III dC, uma das principais causas de sua queda foi uma série de pragas, especialmente a praga de Cipriano, que dizimou a população do império, tornando mais difícil aumentar impostos suficientes e recrutar exércitos. Em 284 dC, Diocleciano tornou-se imperador. Ele viu o grande império desregrado e o dividiu ao meio, o Império Ocidental e Império Oriental. Cada era governado por um imperador independente. Sob o governo de vários imperadores subseqüentes, o Império Ocidental e Oriental foram novamente unidos em uma única entidade. Teodósio I foi o último imperador que governou um unificado Império Romano. Após sua morte em 395 dC, o Império Romano foi dividido de forma permanente, o Império Romano do Oriente governada a partir de Constantinopla, enquanto o Império Romano do Ocidente foi governada de forma intermitente entre Roma, Mediolanum e Ravena. Nos séculos IV e V dC, os povos nômades da Ásia Central começaram a emigrar da sua terra natal e causou danos consideráveis em todo o continente euro-asiático. Um destes grupos eram os hunos, que chegaram à Europa cerca de 370 dC. A chegada dos hunos na Europa imediatamente chamou um grande movimento involuntário dos povos germânicos que, séculos antes tinha se mudado da Escandinávia e se instalaram na margem norte do Império Romano. Estes povos germânicos foram forçados a deixar seus países de origem e entrou no mundo mediterrâneo, por vezes assentando-se calmamente, por vezes atacando cidades romanas ou, por vezes, oferecendo os seus serviços como mercenários para defender as cidades

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romanas contra outros invasores bárbaros. Os visigodos eram um dos primeiros grupos germânicos a cegar, varrendo os Balcãs, derrotando um exército romano grande na Batalha de Adrianópolis, em 378 dC e, em seguida, emigrando para a Itália e saqueando Roma em 410 dC. Finalment acabaram assentando-se e criando um reino na região da Aquitânia. Logo depois seguiram outros grupos germânicos como os vândalos, que invadiram a Europa Ocidental e África, onde eles conquistaram Cartago e estabeleceram um reino lá. As invasões germânicas eram implacáveis, os anglos e os saxões invadiram a Bretanha, obrigando Roma a sair da ilha em 410 dC. Os francos tomaram o controle de toda a Gália, e os ostrogodos conquistaram na Itália. Em 500 dC, o Império Romano do Ocidente não existia, tendo sido substituído por uma série de reinos germânicos. O Império Romano do Oriente manteve-se intacta e ainda sobreviveu por mais mil anos, como o Império Bizantino.

Há mais de quatro mil anos, uma região excessivamente acidentada da Península Balcânica passou a abrigar vários povos de descendência indo-européia. Aqueus, eólios e jônios foram as primeiras populações a formarem cidades autônomas que viviam do desenvolvimento da economia agrícola e do comércio marítimo com as várias outras regiões do Mar Mediterrâneo. Mal sabiam estes povos que eles seriam os responsáveis pelo desenvolvimento da civilização grega. Ao longo de sua trajetória, os gregos (também chamados de helenos) elaboraram práticas políticas, conceitos estéticos e outros preceitos que ainda se encontram vivos no interior das sociedades ocidentais contemporâneas. Para entendermos esse rico legado, estabelecemos uma divisão fundamental do passado desse importante povo. No Período Pré-Homérico (XX – XII a.C.), temos o processo de ocupação da Grécia e a formação dos primeiros grandes centros urbanos da região. Nessa época, vale destacar a ascensão da civilização creto-micênica que se desenvolveu graças ao seu movimentado comércio marítimo. Ao fim dessa época, as invasões dóricas foram responsáveis pelo esfacelamento dessa civilização e o retorno às pequenas comunidades agrícolas subsistentes. Logo em seguida, no Período Homérico (XI – VIII a.C.), as comunidades gentílicas transformam-se nos mais importantes núcleos sociais e econômicos de toda a Grécia. Em cada genos, uma família desenvolvia atividades agrícolas de maneira coletiva e dividiam igualmente as riquezas oriundas de sua força de trabalho. Com o passar do tempo, as limitações das técnicas agrícolas e o incremento populacional ocasionou a dissolução dos genos. Entre os séculos VIII e VI a.C., na Fase Arcaica da Grécia Antiga, os genos perderam espaço para uma pequena elite de proprietários de terra. Tendo poder sobre os terrenos mais férteis, as elites de cada região se organizaram em conglomerados demográficos e políticos cada vez maiores. É aqui que temos o nascimento das primeiras cidades-Estado da Grécia Antiga. Paralelamente, os gregos excluídos nesse processo de apropriação das terras passaram a ocupar outras regiões do

Mediterrâneo. No período Clássico, que vai do século V até o IV a.C., a autonomia política das várias cidades-Estado era visivelmente confrontada com o aparecimento de grandes conflitos. Inicialmente, os persas tentaram invadir o território grego ao dispor de um enorme exército. Contudo, a união militar das cidades-Estado possibilitou a vitória dos gregos. Logo depois, as próprias cidades da Grécia Antiga decidiram lutar entre si para saber quem imperaria na Península Balcânica. O desgaste causado por tantas guerras acabou fazendo de toda a Grécia um alvo fácil para qualquer nação militarmente preparada. A partir do século IV a.C., os macedônios empreenderam as investidas militares que determinaram o fim da autonomia política dos gregos. Esses eventos marcaram o Período Helenístico, que termina no século II a.C., quando os romanos conquistam o território grego.

∙ Sociedade Grega: Organização social na Grécia Antiga, o caso de Atenas, as principais camadas da sociedade grega antiga. Aristocracia grega: domínio das terras e da vida pública. A sociedade grega era marcada por profundas desigualdades sociais. Embora houvesse uma diferenciação na organização social de cada cidade-estado, no geral quase todas seguiam certo padrão. Vamos usar a cidade-estado de Atenas como exemplo. (1) Os cidadãos - Os homens livres e nascidos nas cidades-estados eram proprietários de terras, formavam a aristocracia rural, e possuíam uma boa condição econômica e social. Conhecidos como eupátridas em Atenas, eram os únicos que possuíam direitos políticos. Vale lembrar que as mulheres e crianças de Atenas não eram considerados cidadãos e, portanto, não podiam participar da vida pública. Formavam a minoria da sociedade. (2) Os estrangeiros - Originários de outras cidades-estados, colônias ou regiões, os periecos trabalhavam com artesanato e comércio. Não podiam participar da vida pública de Atenas, pois não possuíam direitos políticos. Os periecos também não podiam ser proprietários rurais. (3) Os escravos - Era a grande maioria da sociedade. Eram, principalmente, prisioneiros de guerras, capturados e comercializados. Executavam quase todo tipo de trabalho, desde atividades domésticas até trabalho pesado na extração de minérios. A base da mão-de-obra na agricultura também era escrava. Tinham uma vida marcada por sofrimento, pobreza e desrespeito. Em função destas condições, ocorreram várias revoltas sociais envolvendo os escravos gregos.

MITOLOGIA GREGA

(Características da Mitologia Grega, principais mitos e lendas, deuses gregos, Minotauro, Medusa, Hércules, a influência da religião na vida

política, econômica e social dos gregos)

Os gregos criaram vários mitos para poder passar mensagens para as pessoas e também com o objetivo de preservar a memória histórica de seu

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povo. Há três mil anos, não havia explicações científicas para grande parte dos fenômenos da natureza ou para os acontecimentos históricos. Portanto, para buscar um significado para os fatos políticos, econômicos e sociais, os gregos criaram uma série de histórias, de origem imaginativa, que eram transmitidas, principalmente, através da literatura oral. Grande parte destas lendas e mitos chegou até os dias de hoje e são importantes fontes de informações para entendermos a história da civilização da Grécia Antiga. São histórias riquíssimas em dados psicológicos, econômicos, materiais, artísticos, políticos e culturais. Os gregos antigos enxergavam vida em quase tudo que os cercavam, e buscavam explicações para tudo. A imaginação fértil deste povo criou personagens e figuras mitológicas das mais diversas. Heróis, deuses, ninfas, titãs e centauros habitavam o mundo material, influenciando em suas vidas. Bastava ler os sinais da natureza, para conseguir atingir seus objetivos. A pitonisa, espécie de sacerdotisa, era uma importante personagem neste contexto. Os gregos a consultavam em seus oráculos para saber sobre as coisas que estavam acontecendo e também sobre o futuro. Quase sempre, a pitonisa buscava explicações mitológicas para tais acontecimentos. Agradar uma divindade era condição fundamental para atingir bons resultados na vida material. Um trabalhador do comércio, por exemplo, deveria deixar o deus Hermes sempre satisfeito, para conseguir bons resultados em seu trabalho.

∙ Os principais seres mitológicos da Grécia Antiga eram:

- Heróis: Seres mortais, filhos de deuses com seres humanos. Exemplos: Herácles ou Hércules e Aquiles.- Ninfas: Seres femininos que habitavam os campos e bosques, levando

alegria e felicidade.- Sátiros: Figura com corpo de homem, chifres e patas de bode.- Centauros: Corpo formado por uma metade de homem e outra de

cavalo.- Sereias: Mulheres com metade do corpo de peixe, atraíam os

marinheiros com seus cantos atraentes.- Górgonas: Mulheres, espécies de monstros, com cabelos de serpentes.

Exemplo: Medusa.- Quimera: mistura de leão e cabra que soltava fogo pelas ventas.- O Minotauro: É um dos mitos mais conhecidos e já foi tema de filmes,

desenhos animados, peças de teatro, jogos etc. Esse monstro tinha corpo de homem e cabeça de touro. Forte e feroz, habitava um labirinto na ilha de Creta. Alimentava-se de sete rapazes e sete moças gregas, que deveriam ser enviadas pelo rei Egeu ao Rei Minos, que os enviavam ao labirinto. Muitos gregos tentaram matar o minotauro, porém acabavam se perdendo no labirinto ou mortos pelo monstro. Certo dia, o rei Egeu resolveu enviar para a ilha de Creta seu filho, Teseu, que deveria matar o minotauro. Teseu recebeu da filha do rei de Creta, Ariadne, um novelo de lã e uma espada. O herói entrou no labirinto, matou o Minotauro com um

golpe de espada e saiu usando o fio de lã que havia marcado todo o caminho percorrido.- Deuses gregos: De acordo com o gregos, os deuses habitavam o topo

do Monte Olimpo, principal montanha da Grécia Antiga. Deste local, comandavam o trabalho e as relações sociais e políticas dos seres humanos. Os deuses gregos eram imortais, porém possuíam características de seres humanos. Ciúmes, inveja, traição e violência também eram características encontradas no Olimpo. Muitas vezes, apaixonavam-se por mortais e acabavam tendo filhos com estes. Desta união entre deuses e mortais surgiam os heróis.- Conheça os principais deuses gregos:Zeus - deus de todos os deuses, senhor do Céu.Afrodite - deusa do amor, sexo e beleza.Poseidon - deus dos mares.Hades - deus das almas dos mortos, dos cemitérios e do subterrâneo.Hera - deusa dos casamentos e da maternidade.Apolo - deus da luz e das obras de artes.Ártemis - deusa da caça e da vida selvagem.Ares - divindade da guerra.Atena - deusa da sabedoria e da serenidade. Protetora da cidade de

Atenas.Cronos - deus da agricultura que também simbolizava o tempo.Hermes - mensageiro dos deuses, representava o comércio e as

comunicações.Hefesto - divindade do fogo e do trabalho.

HISTÓRIA DA GRÉCIA ANTIGA(Expansão grega, sociedade grega, mitologia grega, arte grega, economia,

civilização grega, religião, pólis, cidades-estados, Atenas e Esparta, cultura grega, Olimpíadas, Guerra do Peloponeso, mapa da Grécia, resumo)

A civilização grega surgiu entre os mares Egeu, Jônico e Mediterrâneo, por volta de 2000 AC. Formou-se após a migração de tribos nômades de origem indo-européia, como, por exemplo, aqueus, jônios, eólios e dórios. As pólis (cidades-estado), forma que caracteriza a vida política dos gregos, surgiram por volta do século VIII a.C. As duas pólis mais importantes da Grécia foram: Esparta e Atenas. Por volta dos séculos VII a.C e V a.C. acontecem várias migrações de povos gregos a vários pontos do Mar Mediterrâneo, como conseqüência do grande crescimento populacional, dos conflitos internos e da necessidade de novos territórios para a prática da agricultura. Na região da Trácia, os gregos fundam colônias, na parte sul da Península Itálica e na região da Ásia Menor (Turquia atual). Os conflitos e desentendimentos entre as colônias da Ásia Menor e o Império Persa ocasiona as famosas Guerras Médicas (492 a.C. a 448 a.C.), onde os gregos saem vitoriosos. Esparta e Atenas envolvem-se na Guerra do Peloponeso

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(431 a.C. a 404 a.C.), vencida por Esparta. No ano de 359 a.C., as pólis gregas são dominadas e controladas pelos Macedônios.

∙ Economia da Grécia Antiga: A economia dos gregos baseava-se no cultivo de oliveiras, trigo e vinhedos. O artesanato grego, com destaque para a cerâmica, teve grande a aceitação no Mar Mediterrâneo. As ânforas gregas transportavam vinhos, azeites e perfumes para os quatro cantos da península. Com o comércio marítimo os gregos alcançaram grande desenvolvimento, chegando até mesmo a cunhar moedas de metal. Os escravos, devedores ou prisioneiros de guerras foram utilizados como mão-de-obra na Grécia. Cada cidade-estado tinha sua própria forma político-administrativa, organização social e deuses protetores.

∙ Cultura e religião: Foi na Grécia Antiga, na cidade de Olímpia, que surgiram os Jogos Olímpicos em homenagem aos deuses. Os gregos também desenvolveram uma rica mitologia. Até os dias de hoje a mitologia grega é referência para estudos e livros. A filosofia também atingiu um desenvolvimento surpreendente, principalmente em Atenas, no século V ( Período Clássico da Grécia). Platão e Sócrates são os filósofos mais conhecidos deste período. A dramaturgia grega também pode ser destacada. Quase todas as cidades gregas possuíam anfiteatros, onde os atores apresentavam peças dramáticas ou comédias, usando máscaras. Poesia, a história, artes plásticas e a arquitetura foram muito importantes na cultura grega. A religião politeísta grega era marcada por uma forte marca humanista. Os deuses possuíam características humanas e de deuses. Os heróis gregos (semideuses) eram os filhos de deuses com mortais. Zeus, deus dos deuses, comandava todos os demais do topo do monte Olimpo. Podemos destacar outros deuses gregos: Atena (deusa das artes), Apolo (deus do Sol), Ártemis (deusa da caça e protetora das cidades), Afrodite (deusa do amor, do sexo e da beleza corporal), Deméter (deusa das colheitas), Hermes (mensageiro dos deuses) entre outros. A mitologia grega também era muito importante na vida desta civilização, pois através dos mitos e lendas os gregos transmitiam mensagens e ensinamentos importantes. Os gregos costumavam também consultar os deuses no oráculo de Delfos. Acreditavam que neste local sagrado, os deuses ficavam orientando sobre questões importantes da vida cotidiana e desvendando os fatos que poderiam acontecer no futuro. Na arquitetura, os gregos ergueram palácios, templos e acrópoles de mármore no topo de montanhas. As decisões políticas, principalmente em Atenas, cidade onde surgiu a democracia grega, eram tomadas na Ágora (espaço público de debate político). A Grécia Antiga ou Hélade influenciou profundamente a formação da cultura ocidental. Dos gregos ou helenos antigos herdamos uma gama de conhecimentos científicos, os grandes fundamentos do pensamento filosófico e político, presentes nas obras de Sócrates, Platão e Aristóteles. Também nossos padrões estéticos de arte e beleza foram herdados dos gregos. Grécia em grego é Ελλάδα. Grego é o nome pelo qual

os romanos designavam os helenos, habitantes da Hélade que ficou conhecida como Grécia. Hélade é Hellás - ádos, que desde os tempos de Ésquilo designa a totalidade da regiões habitadas pelos helenos. As formas portuguesa Grécia, castelhana e italiana Grecia, francesa Grèce, inglesa Greece, são um eruditismo calcado sobre o latim Græcia (com o etnônimo respectivo grego, griego, greco, grec e greek, do latim græcus). A Grécia antiga abrangia o sul da península Balcânica (Grécia européia), as ilhas do mar Egeu (Grécia insular) e o litoral da Ásia menor (Grécia asiática). A partir do século VIII a.C., os gregos ampliaram seu território de ocupação, fundando colônias no Mediterrâneo e no sul da Itália, que passou a chamar-se Magna Grécia. Do século XII ao VIII a.C., os grupos humanos que estavam estabelecidos na Grécia encontravam-se organizados em genos, ou seja, famílias coletivas constituídas por um grande número de pessoas sob a liderança de um patriarca. Foi o período das comunidades gentílicas. Na organização hierárquica dos genos, o patriarca, ou pater, era a autoridade máxima, exercendo as funções de juiz, chefe religiosos e militar. O critério que definia a posição social dos indivíduos na comunidade era o seu grau de parentesco com o pater. Para enfrentar um inimigo comum, algumas comunidades gentílicas se uniram, formando uma fratria. As fratrias reunidas constituíram uma tribo, a qual se submetia a autoridade do filobasileu, o comandante do exército. A união de várias tribos, deu origem ao demos (“povo” ou “povoado”), que reconhecia como seu líder o basileu. A crise da sociedade gentílica alterou a estrutura interna dos genos. A terra deixou de ser propriedade coletiva. As melhores terras passaram a ser dominadas pelos parentes mais próximos do pater, que passaram a ser chamados de eupátridas (“Bem-nascidos”). O restante das terras foi dividido entre os georgóis (“agricultores”), parentes mais distantes do patriarca. Nesse processo, os mais prejudicados foram os thetas (“marginais”), para os quais nada restou. Entre os séculos VIII e VI a.C., várias tribos se uniram formando comunidades independentes, que deram origem às polis ou cidades-estados. A Grécia possuiu mais de cem cidades-estados independentes ou autonomas que, de modo geral, possuiam seus regimes políticos próprios, algumas se mantiveram oligárquicas outras tornaram-se democráticas. As duas pólis mais importantes da Grécia antiga foram Atenas (a democrática) e Esparta (a oligárquica).

∙ Atenas: Atenas situa-se na Ática. Em grego antigo, Atenas era chamada Αθήναι (Athénai), em homenagem à deusa grega Atena. A ocupação inicial da Ática foi realizada pelos aqueus, seguidos posteriormente por eólios e principalmente jônios, todos povos indo-europeus. Atenas ficou famosa por ter sido poderosa Cidade-Estado e um centro cultural e intelectual muito importante nos tempos antigos (atualmente é a capital de Grécia). Atenas conservou a monarquia por muito tempo, até a aristocracia (“Bem-nascidos”) solaparem o poder do basileu, que foi substituído pelo arcontado – composto por nove arcontes com mandatos anuais. Foi também criado

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um conselho – o aerópago – composto por eupátridas, com função de regular a ação dos arcontes.

As leis draconianas têm um importante papel na história do Direito, por serem o primeiro código de leis escrito. Estas leis eram sempre favoráveis aos eupátridas e cobriam penas extremamente severas aos infratores. Para os crimes graves, aqueles submetidos ao Areópago, as penas eram a morte ou o exílio. Tanto o furto como o assassinato recebiam a mesma punição: a morte. Essa severidade fez que o adjetivo draconiano chegasse à posteridade como sinônimo de desumano, excessivamente rígido ou drástico. Além dos eupátridas, georgóis e thetas, a sociedade ateniense ainda tinha: os Demiurgos, que eram artesãos ou comerciantes, em geral, georgóis empobrecidos ou thetas; os Escravos, geralmente prisioneiros de guerra, sem direitos políticos. As lutas entre classes sociais, a instabilidade e o crescimento de Atenas foram fatores que motivaram o surgimento de reformas, feitas por legisladores. Dentre esses legisladores, destacou-se Drácon. Arconte, de origem aristocrática, Drácon recebeu em 621 a.C. poderes extraordinários para preparar um código de leis escritas (até então eram orais), Drácon elaborou um rígido código de leis baseado nas normas tradicionais arbitradas pelos juízes. Em 594 a.C., Sólon (em grego, Σόλων - Sólōn, na transliteração), um legislador ateniense, iniciou uma reforma mais ambiciosa, onde as estruturas social,política e econômica da pólis ateniense foram alteradas. Ele cria a Eclésia (assembléia popular), na qual participavam todo homem maior de 30 anos, livre (não escravo), ateniense e de pai e mãe ateniense. Contudo, a participação não é por nascimento, agora ela é censitária. O critério da riqueza possibilitou a ascenção política dos demiurgos. Criava-se, assim, a Timocracia (do grego, timos = riqueza, e kratos = poder). Sólon criou o Conselho dos Quatrocentos, ou Bulé. A Eclésia aprovava as medidas da Bulé. Criou também o tribunal de justiça, o Helieu, aberto a todos os cidadãos. Na sua reforma, Sólon proibiu a hipoteca da terra e a escravidão por endividamento através da chamada lei Seixatéia, dividiu a sociedade pelo critério censitário (pela renda anual). Suas atitudes, no entanto, desagradaram a aristocracia, que não queria perder seus privilégios oligárquicos, e o Povo, que desejava mais que uma política censitária, e sim a promoção de uma reforma agrária. A conturbação política que se seguiu a reforma de Sólon permitiu o surgimento dos tiranos, ditadores que usurparam o poder. O primeiro e mais importante deles foi Pisístrato, que governou Atenas de 561 a 527 a.C. Ele foi sucedido por seus filhos Hiparco e Hípias, que logo não perderam o apoio do povo. Em 510 a.C., eclode uma revolta, liderada por Clístenes, um nobre ateniense, que finaliza a tirania e estabelece a Democracia ateniense.

∙ Democracia Representativa e Direta: Democracia direta refere-se ao sistema onde os cidadãos decidem diretamente cada assunto por votação. Em democracias representativas, em contraste, os cidadãos

elegem representantes em intervalos regulares, que então votam os assuntos em seu favor. A democracia direta tornou-se cada vez mais difícil e necessariamente se aproxima mais da democracia representativa, quando o número de cidadãos cresce. Historicamente, a democracia mais direta foi o antigo sistema político de Atenas. O sistema de eleições que é usado em alguns países ocidentais de Estado, pode ser considerado como uma forma de democracia representativa, onde o povo elege seus representantes locais. A Democracia é um regime de governo onde o poder de tomar

importantes decisões políticas está com os cidadãos (povo). A palavra Democracia vem do grego “demos” (“povo”) e “kratos” (“poder”), significando “poder do povo”, ou seja, governo feito pelo povo. O povo torna-se soberano para decidir seu próprio destino. O filosofo grego Aristóteles, em seu livro Política, discute as caracteristicas da cidadania: “O governo civil pertence a todos os que são livres e iguais.” “Não é a residência que constitui o cidadão: os estrangeiros e os escravos não são ‘cidadãos’, mas sim ‘habitantes’. Não participam, então, a não ser de um modo imperfeito, dos direitos da Cidade.” “Portanto, o que constitui propriamente o cidadão, sua qualidade verdadeiramente característica, é o direito de voto nas Assembléias e de participação no exercício do poder público em sua pátria.” A democracia instituída pelas reformas de Clístenes era um sistema político do qual participavam todos os cidadãos atenienses livres e iguais, isto é, os homens, adultos, filhos de pai e mãe atenienses. Estes, entretanto, constituiam uma minoria da qual estavam excluídos as mulheres, os estrangeiros (“metecos”) e os escravos. A democracia ateniense era baseada em três conceitos básicos relacionados a cidadania: a igualdade perante a lei ou “isonomia” (Do grego isos = igual, e nomos = norma), ou seja, as leis e os direitos eram iguais e os mesmos para todos; a “isotimia” (de isos = igualdade, e timos = riqueza), pois todos os cidadãos podiam participar da vida pública; "isagoria" (de isos = igual , e agos = orador), era igualdade de todos para falar na Ágora, para debater os negócios públicos, enfim, liberdade de pensamento, de palavra e de crítica. Com a democracia, a Eclésia, assembléia popular composta por seis mil cidadãos, teve seus poderes decisórios aumentados, fiscalizando a atuação das demais instituições políticas e votando as propostas da Bulé. A Eclésia também tinha o poder de votar o ostracismo – exílio por um período de dez anos – contra todos os que pusessem em perigo a democracia ateniense. A Pnyx (Assembléia) de Atenas com vista da Acrópole, área mais alta da cidade onde se localizava os principais templos e palácios da região. A assembléia popular era realizada em praça pública ou Ágora, um símbolo da democracia direta, e, em especial, da democracia ateniense, na qual todos os cidadãos tinham igual voz e direito a voto. Em Atenas, a Eclésia se reunia em um local específico, um anfiteatro natural, na colina denominada Pnyx (em grego: Πνυξ, pronunciado “Pnuks”). Para votar alguma lei na assembléia, os atenienses não contavam com partidos, pois não existiam, mas sim com seus parentes ou círculos sociais. O período de apogeu da

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democracia ateniense compreende a época do governo de Péricles (em grego Περικλῆς), estratego e político grego, que governou Atenas de 461 a 429 a.C.. Foi um dos principais líderes democráticos de Atenas e a maior personalidade política do século V a.C.. Sua época é chamada de a “Era de Ouro” de Atenas. “Nossa constituição política não segue as leis de outras cidades, antes lhes serve de exemplo. Nosso governo se chama Democracia, porque a administração serve aos interesses da maioria e não de uma minoria.De acordo com nossas leis somos todos iguais no que se refere aos

negócios privados. Quanto à participação na vida pública, porém, cada qual obtém a consideração de acordo com seus méritos e mais importante é o valor pessoal que a classe a que pertence; isso quer dizer que ninguém sente o obstáculo de sua pobreza ou condição social inferior quando seu valor o capacite a prestar serviços à cidade. Por essas razões e muito mais, nossa cidade é digna de admiração.” Péricles nasceu de uma família da nobreza ateniense, os Alcmeônidas, descendente do líder reformista Clístenes. Eleito e reeleito várias vezes como estratego-chefe (strategos-arconte), acumulou a chefia civil e a liderança militar da cidade, fazendo com que Atenas alcançasse a maior projeção política, econômica e cultural em toda a sua história. Isto se deu após a eclosão das Guerras Pérsicas ou Médicas.A partir do século VIII a.C., com a crise da sociedade gentílica e a

consolidação da apropriação da propriedade privada das terras pelos eupátridas ou Bem-nascidos (eu = Bom, pátrida = parido), o cultivo da terra assumiu grande importância em Atenas. A aristocracia ateniense formada pelos eupátridas, que eram os cidadãos, nutria grande aversão a qualquer espécie de trabalhos manuais, voltando-se para as atividades exclusivamente políticas, intelectuais e artisticas. Para exercerem a política necessitavam do ócio (schóle), ou seja, de tempo livre, para isso necessitavam de outros elementos sociais que para eles trabalhassem. Os georgóis eram pequenos proprietários rurais, que trabalhavam com seus familiares e produziam para a subsistência. Eles não possuíam direitos civis, não sendo, portanto, considerados cidadãos. Os Demiurgos, que eram artesãos ou comerciantes, em geral, georgóis empobrecidos ou thetas. Eles eram principalmente carpinteiros, ferreiros e ceramistas. Com o desenvolvimento do comércio, um grande número de estrangeiros fixou-se em Atenas. Estes eram os metecos (em grego, metoïkos), que eram comerciantes e artesãos, mas havia também metecos banqueiros, médicos, trabalhadores de obras públicas. Os metecos não possuiam qualquer direito político. O crescimento da cidade de Atenas e o seu desenvolvimento econômico levou ao crescimento do uso do trabalho de escravos, obtidos através da guerra, do comércio ou por dividas. A escravidão (denominada também escravismo ou escravatura) é a prática social em que um ser humano tem direitos de propriedade sobre outro designado por escravo, ao qual é imposta tal condição por meio da força. Antes das reformas de Sólon, um ateniense, principalmente geórgoi ou theta, podia ser obrigado a

pagar suas dívidas com a liberdade, tornando-se escravo de outro ateniense. A guerra, a pirataria e o comércio eram as principais fontes de trabalhadores escravos. Os mais importantes mercados de cativos encontravam-se na costa da Ásia menor, Macedônia, Síria, Trácia e Egito. Os escravos eram legalmente considerados como uma mercadoria. Podiam ser vendidos, comprados, penhorados, emprestados, etc. Sua condição de escravo era vitalícia e hereditária. A totalidade da produção de seu trabalho pertencia ao seu senhor. Trabalho escravo na agricultura era comum em Atenas. Os escravos eram explorados no trabalho do campo nas terras dos eupátridas e na indústria artesanal. Havia também escravos que eram pedagogos, professores, conselheiros, etc. Fiação, tecelagem, confecção de roupas e trabalhos domésticos eram realizados por escravas que tinham suas atividades dirigidas pela senhora da casa. Alguns escravos trabalhavam para seus senhores fazendo serviços diversos para outras pessoas ou vendendo artigos sob a obrigação de entregar uma renda ao final do serviço ao seu senhor. Estes escravos não podiam possuir bens imóveis ou participar da vida política, mas podiam juntar um pecúlio, que poderia ser utilizado para a compra de sua liberdade, ou seja, a manumissão. O escravo liberto ascendia a categoria de meteco, ou seja, era um estrangeiro sem direitos públicos. Muitos escravos eram explorados pelo estado como “funcionários públicos”, sendo empregados como varredores, agentes policiais, carrascos, remadores, operários, etc. Aristóteles considerava legitima a escravidão, sendo duas as possibilidades para a escravização humana: uns nascem destinado por natureza, outros os são quando capturados em guerra: “O homem que, por natureza, não pertence a si mesmo, mas a um outro, é escravo por natureza: é uma posse e um instrumento para agir separadamente e sob as ordens de seu senhor.” “Não é apenas necessário, mas também vantajoso que haja mando por um lado e obediência por outro; e todos os seres, desde o primeiro instante do nascimento, são, por assim dizer, marcados pela natureza, uns para comandar, outros para obedecer.” “Todos os que não têm nada melhor para nos oferecer do que o uso de seus corpos e de seus membros são condenados pela natureza à escravidão. Numa palavra, é naturalmente escravo aquele que tem tão pouca alma e poucos meios que resolve depender de outrem. Ademais, o uso dos escravos e dos animais é mais ou menos o mesmo e tiram-se deles os mesmos serviços para as necessidades da vida.” “Além da escravidão natural, existe aquela que chamamos escravidão estabelecida pela lei; esta lei é uma espécie de convenção geral, segundo a qual a presa tomada na guerra pertence ao vencedor.”

∙ Guerras Médicas: Dá-se o nome de Guerras Médicas (ou Guerras Medas, Guerras Greco-Persas, Guerras Greco-Pérsicas e Guerras Persas) aos enfrentamentos entre os antigos gregos e o Império Persa durante o século V a.C. As Guerras Médicas ocorreram entre os povos gregos (aqueus, jônios, dórios e eólios) e os medo-persas, pela disputa sobre a

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Jônia na Ásia Menor. Em 490, Dario (522-486 a.C.) decidiu enviar à Grécia continental uma expedição punitiva. Erétria foi arrasada e saqueada, mas os atenienses e plateenses, chefiados por Milcíades (550-489 a.C.), conseguiram rechaçar os persas na Batalha da planície de Maratona. Xerxes (486-465 a.C.), filho de Dario, comandou dez anos depois (480 a.C.) uma invasão à Grécia em grande escala. As tropas helenicas decidiram detê-los ao máximo no desfiladeiro das Termópilas (que significa Portas Quentes). Neste lugar, o rei espartano Leônidas colocou cerca de trezentos soldados espartanos e mais mil de outras regiões. Naquele desfiladeiro tão estreito os persas não podiam usar sua famosa cavalaria, e sua superioridade numérica estava bloqueada. Mas ocorreu que os gregos foram traídos por Efíaltes, que conduziu Xerxes através dos bosques para chegar pela retaguarda à saída das Termópilas. As cidades-estados gregas esqueceram as disputas internas que existiam entre elas e uniram-se, comandados pelo ateniense Temístocles venceram os persas na Batalha naval de Salamina (480 a.C.) e na de Platéias (479 a.C.), acabando com as intensões de domínio de Xerxes.

∙ Esparta: Esparta (em grego Σπάρτη, em grego moderno Spárti, em grego antigo, Spártē) era uma cidade-estado da Antiga Grécia (atualmente um município da Grécia), fundada no século IX a.C. e situada nas margens do rio Eurotas, no sudeste da região do Peloponeso, na planicie da Lacônia. Esparta, também conhecida como Lacedemônia, foi formada pelos dórios, povo indo-europeu essencialmente guerreiro. Esparta possuia uma estrutura social extremamente rígida, dividindo-se em: (1) Espartanos ou esparciatas ou ainda lacedemônios: Os descendentes dos conquistadores dórios, eram os únicos detentores da cidadania em Esparta e, portanto, com direitos políticos. Formavam uma classe privilegiada que monopolizava o poder militar e, por decorrência, o político e o religioso. (2) Periecos: Eram os habitantes dos arredores das cidades, descedentes das populações nativas submetidas pelos dórios. Livres, deicavam-se ao comércio e ao artesanato. (3) Hilotas: Eram os servos pertencentes ao Estado, descendentes da população dominada pelos dórios. Politimente, Esparta organizava-se sob uma diarquia, ou seja, uma monarquia composta por dois reis, que tinham funções guerreiras e religiosas. As funções executivas, entretanto, eram exercidas pelo Eforato composto por cinco membros eleitos anualmente, que administravam os negócios públicos da cidade. Havia a Gerúsia, composta por 28 membros da aristocracia, com idade superior a sessenta anos, que tinham funções legislativas. Na base da estrutura política espartana estava a Ápela ou assembléia popular, formada por todos os cidadãos iguais maiores de trinta anos, os homoioi (em grego, iguais ou semelhantes), que tinha a função de votar leis e escolher os gerontes. A educação espartana, que recebia o nome técnico de agogê, estava concentrada nas mãos do Estado, sendo uma responsabilidade obrigatória do governo. Estava orientada para a intervenção na guerra e a manutenção da segurança da cidade, sendo

particularmente valorizada a preparação física que visava fazer dos jovens bons soldados e incutir um sentimento patriótico. Desde o nascimento até à morte, o espartano pertencia ao estado. Os recém-nascidos eram examinados por um conselho de anciãos que ordenava eliminar os que fossem portadores de deficiência física ou mental ou não fossem suficientemente robustos, ou seja, praticavam a eugenia. A partir dos 7 anos de idade, os pais (cidadãos) não mais comandavam a educação dos filhos. As crianças eram entregues à orientação do Estado, que tinha professores especializados para esse fim, o paidónomo. Os jovens viviam em pequenos grupos coletivos, levando vidas muito austeras, realizavam exercícios de treino com armas e aprendiam a táctica de formação. A fama do guerreiro espartano perpassa a história, sendo uma das principais características conhecida desta sociedade grega. Cena do Filme 300 de Esparta que descreve a Batalha das Termópilas (480 a.C.), quando 300 guerreiros espartanos comandados pelo Rei Leónidas lutaram até a morte para refrear o avanço do exército persa do Rei Xerxes no território grego. Os homens espartanos (esparciatas) eram mandados ao exército aos sete anos de idade, onde recebiam educação e aprendiam as artes da guerra e desporto. Aos doze anos, eram abandonados em penhascos sozinhos (só contavam uns com os outros), nus (para criarem resistência ao frio) e sem comida (para caçarem e pescarem). Essa educação estava voltada para ensinar aos esparciatas valores guerreiros como força, resistência, seriedade, bravura, disciplina, solidariedade e astúcia. Com 18 anos, os esparciatas ingressavam no exército, tornando-se hoplitas. Os jovens lacedemônios, chamados de eiren, poderiam atacar a qualquer momento servos (hilotas), a fim de lutar e se preparar para a guerra, isto era chamado de Kriptéia. Aos 30 anos de idade o esparciata tornava-se cidadão, adquiria plenos direitos políticos, podendo, então, participar da Assembléia do Povo ou dos Cidadãos (Ápela). Depois de concluído o período de formação educativa, os cidadãos de Esparta, entre os vinte e os sessenta anos, continuavam a viver em grupos e estavam obrigados a participar na guerra.

O poeta espartano Tirteu foi o grande pensador do estilo guerreiro do espartano. Em seus poemas costumava exaltar os valores guerreiros desejaveis pela sociedade espartana: “Eu não quereria guardar memória de um homem nem falar dele devido à virtude dos seus pés ou à sua destreza na luta, ainda que ele tivesse a força dos ciclopes e ganhasse em velocidade do trácio Bóreas. E ainda se tivesse todas as glórias do mundo, mas não possuísse o valor guerreiro, não quereria honrá-lo. Não dará boas provas de si na luta se não for capaz de encarar a morte sangrenta na peleja e de lutar corpo-a-corpo com o adversário. Isso é arete (virtude), este é o título mais alto e mais glorioso que um jovem pode alcançar entre os homens. É bom para a comunidade, para a cidade e para o povo que o homem se mantenha com o pé firme frente aos combatentes e afaste da sua cabeça qualquer idéia de fuga. Mas aquele que cai entre os

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combatentes e perde a vida bem-amada cobre de glória a sua cidade, os seus concidadãos e o seu pai, ao ser chorado por todos, novos e velhos, quando jaza, com o peito, o côncavo escudo e a armadura trespassada por muitos projéteis; a sua dolorosa memória enche a cidade inteira e são honrados entre os homens o seu sepulcro e os seus filhos, e os filhos dos seus filhos e toda a sua linhagem. Honram-no jovens e anciões, a vida oferece-lhe distinção e singularidade, ninguém se atreve a prejudicá-lo ou ofendê-lo. Quando chega à velhice, infunde um respeito profundo, e onde quer que chegue todos lhe dão lugar.”

As mulheres espartanas recebiam educação quase igual à dos homens, participando dos torneios e atividades desportivas. O objetivo era dotá-las de um corpo forte e saudável para gerar filhos sadios e vigorosos. Consistia na prática do exercício físico ao ar livre. Assim como os homens, também iam aos quartéis quando completavam 7 anos de idade para serem educadas e treinadas para a guerra mas dormiam em casa. A xenofobia (em grego, xeno é estrangeiros e fobia é medo) era uma das

caracteristicas da sociedade espartana. Xenofobia é comumente associado a aversão a outros povos e culturas. É também associado à fobia em relação a pessoas ou grupos diferentes, com os quais o indivíduo ou o grupo social que apresenta a fobia habitualmente não entra em contato e evita. Esparta era uma cidade conservadora, os espartanos limitavam ao máximo relações com estrangeiros, inclusive gregos de outras cidades, a fim de dificultarem a penetração de idéias “perigosas” ou “nocivas” à sociedade espartana.Laconismo é um modo breve ou conciso de falar ou de escrever. Foi uma

das principais características da sociedade espartana, na região da Lacônia, de onde deriva o termo. A educação intelectual espartana compreendia um pouco de leitura e de escrita. Mas os espartanos aprendiam sobretudo a “dizer muita coisa em poucas palavras”. Para a sociedade conservadora e militarista de Esparta, o laconismo era um mecanismo de preservação da ordem, porque contribuía para formação de um ambiente social e político acrítico e alienado, gerando conformismo ideológico, o que impedia que os indivíduos questionassem o sistema em Esparta.O espartano não se preocupava com trabalhos manuais e não

trabalhavam em suas próprias terras, pois desprezavam essas atividades, e tinham como ofício a guerra e a defesa de sua cidade. O trabalho necessário à sua manutenção era realizado pelos hilotas. Os hilotas (em grego Εἱλῶται “Heílotai” ou Εἱλῶτες “Heílotes”) eram os servos de Esparta.O hilota tinha um senhor mas este não era o seu possuidor, o senhor não podia vender o hilota, expulsá-lo, matá-lo. Os hilotas eram servos que pertenciam ao estado espartano, trabalhavam nos kleros (lotes de terra), entregando metade das colheitas ao Espartano e eram duramente explorados. Deviam cultivar essa terra a vida inteira e não podiam ser expulsos de seu lugar. Levavam uma vida muito dura, sujeita a

humilhações constantes. Foram protagonistas de várias revoltas contra o estado espartano. Para controlar as revoltas e manter os hilotas sob clima de terror, os espartanos organizavam expedições anuais de extermínio (krypteia ou criptias). Alguns deles trabalhavam em construções de templos, nas casas dos espartanos, no auxílio aos soldados do exército e na cozinha pública que preparava e servia repastos para os esparciatas. Outro grupo social subordinado era o dos periecos. Eram homens livres, porém não eram cidadãos. Os periecos eram, em sua grande maioria, artesãos, pequenos proprietários de terras pouco férteis e comerciantes, podendo possuir terras e bens móveis; gozavam de certa autonomia, vigiada por funcionários espartanos, os Harmostes, e eram obrigados a pagar tributos. Os periecos eram convocados constantemente para participarem do exército e lutavam por vezes separados por vezes lado a lado com os esparciatas.

∙ Guerra do Peloponeso: As relações entre Atenas e Esparta tornaram-se tensas após as Guerras Médicas, com lutas freqüentes e tréguas cíclicas, tudo pela disputa da hegemonia grega. Atenas, após a guerra contra os persas formou politicamente a Liga de Delos (também chamada de Liga Marítima Ateniense), que controlava o comércio marítimo com a sua poderosa frota, desfrutando igualmente de uma boa situação financeira. Esparta, por seu lado, assentava a sua estratégia política num exército imbatível e bem treinado, respondendo à Liga de Delos com uma confederação de cidades, a Liga do Peloponeso, que reunia, além da importante cidade marítima de Corinto, as cidades do Peloponeso (península no sul da Grécia) e da Grécia central. A guerra do Peloponeso foi um conflito armado entre Atenas e Esparta de 431 a 404 a.C. Sua história foi detalhadamente registrada por Tucídides e Xenofonte. De acordo com Tucídides, a razão fundamental da guerra foi o crescimento do poder ateniense e o temor que o mesmo despertava entre os espartanos. Após longas batalhas, em 421 a.C., foi assinada a Paz de Nícias, rompida por Atenas sete anos depois, reiniciando as batalhas que só se encerrariam com a vitória espartana na batalha de Égos Potamos, em 404 a.C. Iniciou-se o período de hegemonia espartano, com a ascensão dos governos oligárquicos e o fim da democracia ateniense.

∙ Religiosidade e pensamento entre os gregos: A Grécia antiga nunca constituiu um estado unificado. De fato, os gregos das diversas cidades-estados autônomas tinham consciência de que pertenciam a uma mesma cultura, sendo, pois unidos pela língua que falavam e pela religiosidade comum entre eles. Os grandes santuários pan-helênicos, como Olímpia, Delfos ou Delos, eram os locais de reunião dos helenos. Mesmo sangue e mesma língua, santuários e sacrifícios, costumes e hábitos semelhantes eram os elementos de identidade e que uniam os gregos antigos. Assim, na Grécia antiga, as várias cidades-estados eram parte de uma mesma comunidade religiosa: tinham as mesmas crenças e

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rituais, tanto que se faziam representar num santuário comum, Delfos, e se uniam para rituais, como, por exemplo, os que aconteciam nas festas pan-helênicas, como as Olimpíadas. Entre os gregos, a tradição religiosa era transmitida oralmente por poetas

como Homero e Hesíodo, que viveram entre os séculos IX e VIII a.C., inspirados por divindades ligadas à música e à poesia, as Musas. O filósofo grego pré-socrático Xenófones de Cólofon (580-460 a.C) em um fragmento de uma de suas Sátiras enfatiza o politesimo e o antropomorfismo da religiosidade grega: “Homero e Hesíodo atribuíram aos deuses tudo o que para os homens é opróbrio e vergonha: roubo, adultério e fraudes recíprocas. Mas os mortais imaginaram que os deuses são engendrados, têm vestimentas, voz e forma semelhantes a eles.” Entre os gregos, a religião era politesista, ou seja, eram vários os deuses

em que acreditavam e que davam origem diversas crenças, cultos e práticas religiosas. A religião grega também era antropomórfica, pois os deuses eram a imagem e semelhança física e psíquica dos homens, inclusive compartilhando vícios, desejos e defeitos. Era também Pragmática, ou seja, os deuses existiam por causa das necessidades humanas: segurança, alimentação, guerra; Idealista, isto é, as divindades expressavam o desejo de imortalidade, poder e prazer; Fatalista, os acontecimentos da vida eram traçados pelos deuses. Acreditava-se que esses deuses habitavam o monte Olimpo, na Tessália. Os deuses gregos não são eternos, pois nasceram um dia, mas são imortais. São doze os principais deuses gregos, tendo cada um um poder específico: Zeus, é o mais poderoso dos deuses e pai da maioria dos outros deuses, era senhor dos céus e líder dos deuses, comandava as estações do ano, os dias e as chuvas, quando enfurecido, enviava raios sobre a Terra; Hera, deusa das esposas e protetora dos nascimentos, casada com Zeus, era bastante vingativa com as várias amantes do marido; Poseidon, deus dos mares, reinava sobre o oceano e comandava a chuva e a seca, provocava catástrofes com o seu tridente, para vingar os mortais que agiam contra a sua vontade; Deméter, deusa da fertilidade da terra; Apolo, deus do sol e da luz, chamava a atenção pela beleza e força, inspirava poetas e adivinhos porque tinha o poder de prever o futuro; Atena, deusa das artes, das ciências e da sabedoria, era guerreira, mas inimiga da violência, preferia o debate e a negociação na hora de resolver confrontos; Afrodite, deusa do amor e da beleza, era a divindade mais linda, inspirava a paixão nos mortais, mas também ciúme e loucura naqueles que não a homenageavam; Hefesto, o deus do fogo e da metalurgia; Ares, deus da guerra; Hermes, deus da eloqüência e do comércio, símbolo da rapidez, levava mensagens do Olimpo para os mortais, ajudava tanto os mercadores quanto os ladrões; Artemis, deusa caçadora; Héstia, deusa dos lares. Havia também Hades, senhor do reino dos mortos; Dionisio, deus do vinho e da euforia, instaurou festas nas quais se chegava ao êxtase por meio da música, da dança e da bebida; Hebe, deusa da juventude; Eros, filho de Ares e Afrodite, em algumas versões considerado filho do Caos, sua

versão romana é a de Cupido, ele é o deus do amor. Havia também heróis divinizados ou semideuses, dentre os quais os mais famosos foram: Hércules, famoso por sua força; Teseu, que matou o minotauro do palácio de Creta; Perseu, que matou a Medusa, monstro que convertia em pedra todos que a olhavam. Parthenon, templo de devoção dedicado a deusa Atena. Localizado na Acrópole de Atenas, Grécia. A mitologia grega ente nós sobrevive nas palavras que se usam hoje, como Deus, justiça, cereal, etc. e nos nomes dos planetas. As nossas Olimpiadas é uma herança dos gregos. O teatro foi inventado pelos gregos em um rito para o deus Dionisio. Enquanto as artes em nossa sociedade são ainda hoje profundamente influenciadas pela cultura grega, a arquitetura ainda hoje usa colunas, pórticos e naves dos antigos templos gregos.

PERÍODOS DA GRÉCIA ANTIGA

(Pré-Homérico - 1900-1100 a.C: Período antes da formação do homem grego. Nessa época, estavam se desenvolvendo as civilizações Cretense ou

Minóica - ilha de Creta - e a Micênica - continental)

∙ Homérico (1100-700 a.C): Período de Homero, marco na história por suas obras, Odisséia e Ilíada. Período que iniciou a ruralização e comunidade gentílica (na qual um ajuda o outro na produção e colheita).∙ Obscuro (1150-800 a.C.): Chegada dos aqueus, dóricos, eólios e

jônicos; formação dos gênos; ausência da escrita.∙ Arcaico (800-500 a.C.): Formação da pólis; aparecimento do alfabeto

fonético, da arte e da literatura, progresso econômico com a divisão do trabalho no comércio, na indústria e processo de urbanização.∙ Clássico (500-338 a.C.): O período de esplendor da civilização grega.

As duas cidades consideradas mais importantes desse período foram Esparta e Atenas. Neste momento a História da Grécia é marcada por uma série de conflitos externos (Guerras Médicas) e interno (Guerra do Peloponeso).∙ Helenístico (338-146 a.C.): Crise da pólis grega, invasão macedônica,

expansão militar e cultural helenística, a civilização grega se espalha pelo Mediterrâneo e se funde a outras culturas.

ECONOMIA E SOCIEDADE NA GRÉCIA ANTIGA: DIFERENÇAS ENTRE ATENAS E ESPARTA

∙ Atenas: (1) Não havia atividades em que os escravos não estivessem envolvidos fora a política e a militar, e mesmo essas duas categorias devem ser entendidas muito estritamente, pois os escravos predominavam na policia e no que chamaríamos de serviços administrativos inferiores. (2) Os escravos eram estrangeiros em duplo sentido. Depois da abolição da escravidão por dívida realizada por Sólon, nenhum ateniense podia ser escravo em Atenas. Portanto, todos os escravos que ali se encontrassem ou

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tinham sido importados de fora do Estado, ou nascido dentro do Estado, de mãe escrava. Mas as provas parecem mostrar que a grande maioria era de fato “não-gregos”, “bárbaros” como eles os chamavam, e por isso digo “estrangeiros em duplo sentido”. (3) Os proprietários de escravos tinham o direito de libertar seus escravos. (4) A atitude contemporânea foi resumida por Aristóteles quando escreveu (Retórica, 1367a32): “A condição do homem livre é que ele não vive sob a coação de outro.” Nesse sentido, os escravos alforriados eram homens livres. A distinção entre cidadão e não-cidadão livres não era meramente política – o direito de votar ou de ter cargos públicos –, ia muito mais longe. Escravos alforriados não eram cidadãos, embora livres no sentido amplo, e portanto sofriam todas as limitações de liberdade.

∙ Esparta: (1) Os espartanos propriamente ditos eram um grupo relativamente pequeno, talvez nunca mais de 10.000 homens adultos. (2) Os escravos de propriedade pessoal, tal como existiam, representavam um total insignificante. Em seu lugar havia uma população servil relativamente numerosa, conhecida como hilotas. (3) A origem dos hilotas é controvertida. Podem ter sido gregos, para começar, mas sendo ou não eram o povo da Lacônia e Messênia, a quem os espartanos dominaram e depois mantiveram subjugados em seus próprios territórios de origem. (4) Os hilotas pertenciam ao Estado e não aos espartanos a quem eram atribuídos. (5) Em conseqüência do item anterior, apenas o Estado podia libertar os hilotas. Isso só aconteceu em um tipo de situação: quando foi inevitável usar hilotas para o serviço militar, os selecionados tornavam-se livres, ou antecipadamente ou como recompensa subseqüente.

O Mundo Grego

A história da Grécia, como de outras civilizações, foi fortemente condicionada pelo ambiente geográfico. A península Balcânica e muito recortada e cercada por centenas de ilhas - tanto no mar Egeu, no mar Jônio e no mar Mediterrâneo. O seu relevo é muito montanhoso e com um solo árido. Em decorrência disto, os gregos irão atribuir uma enorme importância às atividades mercantis. O solo e o clima auxiliam o desenvolvimento da cultura de oliveira, de vinho e ao pastoreio (cabra e ovelha). Para suprir as necessidades de sua população, os gregos irão se dedicar ao comércio marítimo, resultado o processo de colonização. Dos povos do mundo antigo, os helênicos foram os que melhores refletiram o espírito do homem ocidental. A idéia de liberdade, o racionalismo, o conceito de cidadania, a filosofia e as bases da ciência moderna surgiram como glorificação grega ao espírito humano. O processo histórico da civilização Helênica está assim dividido:

1. Período Pré-Homérico - século X a.C ao século XII a.C.2. Período Homérico - século XII a.C ao século VIII a.C.

3. Período Arcaico - século VIII a.C ao século VI a.C.4. Período Clássico - século V a.C ao século IV a.C.

As características de cada período serão analisadas a seguir.

Período Pré-Homérico. Do povoamento da península Balcânica à Primeira Diáspora. A península Balcânica já era habitada pelos pelasgos desde o final do período Neolítico. À partir de 2000 a.C., povos de origem indo-européia - os Helenos - começam a entrar na região. Os helenos eram uma mistura de raças que falavam uma língua de filiação indo-européia e possuíam essencialmente a mesma cultura. Os primeiros helenos foram os Aqueus que dominaram as cidades de Micenas, Tróia, Tirinto e, por fim, conquistaram a ilha de Creta. Com o domínio aqueu sobre Creta originou-se a Civilização Micênica. A seguir, nova onda de helenos sobre a península, desta feita são os chamados Jônios e Eólios, que se fixaram na Ática e na Ásia Menor. A última leva foi a dos Dórios ( 1200 a.C. ) que se estabeleceram no Peloponeso. Possuindo armas de ferro, os dórios arrasaram as principais cidades da Hélade, provocando uma onda de horror e destruição, causando uma dispersão dos povos para fora da península - a chamada Primeira Diáspora grega e um regresso na organização social, econômica e política das comunidades. Como conseqüência deste retrocesso resulta a formação do sistema gentílico. A Primeira Diáspora ocorreu em direção às ilhas do mar Egeu e à Asia Menor.Período Homérico. O sistema gentílico e a sua crise. A principal fonte

histórica para a compreensão deste período têm sido os poemas épicos Ilíada e Odisséia , atribuídos à Homero. Ao que tudo indica, as obras foram escritas em momentos diferentes, sendo que a Ilíada descreve a Guerra de Tróia e a Odisséia narra as peripécias do astuto Ulisses, em sua viagem de volta para Ítaca após a Guerra de Tróia. Com a invasão dos dórios, há um acentuado declínio da organização social, que retrocedeu à formas muito simples. Formaram-se os GENOS que eram grupos de parentes consangüíneos, descendentes de um mesmo antepassado. Os genos constituíam uma unidade econômica, social, política e religiosa. A seguir as suas principais características: ECONOMIA - De consumo, ou seja, auto-suficiente; os bens de produção eram coletivos; predomínio da agricultura e ausência da propriedade privada. SOCIEDADE - Uma relativa igualdade social em virtude da ausência da propriedade privada. POLÍTICA - O exercício do poder político estava com os paterfamilias (o patriarca) responsável pelo culto dos antepassados. Com o passar do tempo, a comunidade gentílica começa a enfrentar problemas, sendo que o principal será o crescimento demográfico. Este crescimento demográfico um enorme desequilíbrio econômico, pois a produtividade agrícola continua a mesma. Tal situação provoca uma onda de fome, miséria e epidemias. Com estes problemas a serem solucionados, tem início o surgimento da propriedade privada: terra, gado e instrumentos são divididos. Nesta divisão, alguns serão beneficiados - origem dos grandes proprietários; outros se tornarão

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pequenos proprietários e um grande número de indivíduos ficarão sem terras. Como consequência desta crise, há a desintegração do sistema gentílico e o início de uma nova organização política, que será a marca principal do mundo helênico: a PÓLIS. A crise gentílica também será a responsável pela chamada Segunda Diáspora grega, que será o processo de colonização grega de áreas do mar Mediterrâneo (norte da África, sul da Itália, da França e Espanha ).Período Arcaíco. A formação e o desenvolvimento das Póleis. Como vimos,

à partir da crise do sistema gentílico, os gregos conhecem a formação das cidades-estado (Pólis) e realizam a colonização do mar Mediterrâneo. Primeiro observe os fatores desta colonização: - crescimento demográfico e a crise dos genos; - existência de um número muito grande de pessoas sem acesso à terra; - escassez de alimentos e terras férteis; O processo de colonização grega deu-se no mar Mediterrâneo, mar Negro, o sul da Itália e da Gália. Destas áreas coloniais provinham o trigo, o azeite, o vinho, ferro e estanho para a Hélade. Deve-se Ter em mente que as colônias gregas não ficam submetidas às metrópoles - cidades fundadoras - nem política, nem militarmente. O vínculo da colônia com a metrópole era de caráter econômico e cultural. Como conseqüências da colonização têm-se: o desenvolvimento do comércio marítimo grego, a introdução da moeda para facilitar as trocas comerciais, o desenvolvimento da escrita, o processo de codificação da lei e o urbanismo. A importância do período arcaíco se estende. Foi nesta época que a cidade-estado desenvolveu-se. Suas principais características serão agora analisadas. Toda cidade-estado é rigorosamente autônoma: leis próprias, moeda própria e sistema político próprio. Este arraigado sentimento de liberdade foi, em boa parte, influenciado pelo relevo grego: entre as planícies surgem as cidades, separadas uma das outras por maciços montanhosos. Uma pólis era constituída pela Acrópole- construção na parte mais elevada da cidade e com função militar e religiosa; a Ágora - praça pública, que era o espaço utilizado para o debate político. Desenvolveu-se no mundo grego mais de 160 póleis, primitivamente governadas por um rei, o Basileu. Destas duas merecem destaques: ATENAS e ESPARTA, agora analisadas.

∙ ESPARTA e o Militarismo: Localizada na planície da Lacônia e tendo como fundadores os dórios, Esparta, ao longo do século VIII a.C. passa por grandes transformações. Estas transformações estão ligadas ao processo de conquista da planície da Messênia, o que acarretou um enorme afluxo de escravos. A escravidão levou Esparta a realizar uma alteração no regime de terras. As centrais - que eram as mais férteis, passaram a ser do estado, que cedia seu usufruto aos cidadãos espartanos. Cada lote de terra já vinha com um certo número de escravos. As terras periféricas eram entregues aos periecos, que pagavam impostos ao estado. Desta forma, Esparta vai apresentar o seguinte quadro social: Espartanos ou Espartíatas: grupo dominante com direitos políticos e militares; Periecos: homens livres, porém sem direitos políticos e que se dedicavam aos trabalhos rurais e

urbanos; Hilotas: os escravos pertencentes ao Estado. A sociedade espartana era voltada para as atividades bélicas, daí ser a educação eminentemente militar. Este militarismo irá desenvolver a xenofobia, ou seja, uma aversão aos estrangeiros e o laconismo, que significa o não desenvolvimento do senso crítico. Também ao longo do século VIII a.C. Esparta atinge a maturidade política, consolidando o regime oligárquico, no qual o exercício do poder político e de exclusividade dos grandes proprietários de terras. A constituição política de Esparta, atribuída a Licurgo apresenta o seguinte organização: GERÚSIA - Principal instituição. Composta por 28 gerontes, responsáveis pelas leis, escolha dos membros dos Éforos e da Diarquia.O cargo era vitalício. ÉFOROS - Formavam o poder executivo. Composto por 05 magistrados indicados pela Gerúsia e aprovados pela Ápela. Mandato anual. ÁPELA - A Assembléia dos cidadãos. De caráter consultivo e aprovava as decisões da Gerúsia. DIARQUIA - Os dois reis, indicados e com poderes vitalícios. Possuíam as funções militar e sacerdotal. Constituída pela união de aldeias da Ática, Atenas possuía uma localização geográfica privilegiada: um excelente porto e uma proteção natural contra ataques estrangeiros. Desde cedo, a atividade mercantil terá um importante papel. Atenas será uma cidade com intensa atividade comercial, o que vai representar o desenvolvimento de uma complexa sociedade, esquematizada abaixo: EUPÁTRIDAS - Grupo politicamente dominante, formado pelos grandes proprietários de terras. GEORGÓIS - Camada dos pequenos proprietários. A situação de pobreza deste grupo é tanta que muitos se transformam em escravos por dívidas. DEMIURGOS - São os trabalhadores urbanos. THETAS - Grupo marginalizado e sem terras. Muitos se dedicam às atividades comerciais. METECOS - Comerciantes estrangeiros. ESCRAVOS - Ou por dívidas ou adquiridos em guerras. Constituem a principal força de trabalho. Produtores da riqueza no mundo grego.

∙ Os conflitos políticos de Atenas: A classe comerciante de Atenas, organizada no partido Popular, pressiona o governo, representado pela aristocracia, reunida no partido Aristocrático. O partido Popular tinha como metas o fim das leis orais, o fim da escravidão por dívidas e exigia uma maior participação nas decisões políticas. Da pressão das camadas populares - algumas bastante violentas - a aristocracia ateniense fez algumas concessões. Em 621 a.C., Drácon elaborou uma legislação escrita e, em 594 a.C. Sólon foi o responsável por um conjunto de reformas na economia- criando um padrão monetário, de pesos e medidas; na sociedade - abolindo a escravidão por dívidas e, no campo político estabeleceu o voto censitário, onde a participação política dar-se-ia pela riqueza do indivíduo. As tensões sociais não diminuíram, apesar das reformas acima, possibilitando a ascensão de Psístrato, o primeiro tirano de Atenas, no ano de 560 a.C. A fase da tirania prossegue com Hípias, Hiparco e Iságoras. A tirania é caracterizada pela realização de obras públicas e pela ampliação de reformas, para conseguir o apoio popular. A Democracia

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ateniense. Durante o governo de Iságoras, houve uma aliança de alguns nobres atenienses com Esparta, resultando em novos conflitos sociais. Destes conflitos, Clístenes - um aristocrata - assume o poder e inicia uma série de reformas políticas e sociais, sendo por isto reconhecido como o pai da democracia ateniense. Entre suas reformas destacam-se: - aumento no número de ciadadãos, organizados nos DEMOS (unidade política que forma a tribo. O cidadão deve estar inscrito em uma tribo.); - implantação da isonomia, que significa a igualdade dos cidadãos perante as leis; - criado o ostracismo, ou seja, a cassação dos direitos do cidadão que fosse considerado perigoso para o Estado. A democracia ateniense vai apresentar a seguinte constituição: ECLÉSIA - Assembléia dos cidadãos, possuía o poder de vetar as leis. Composta por todos os cidadãos. HELIÉIA - Formada por doze tribunais, responsáveis pela BULÉ - Responsável pela elaboração das leis. Formada por 500 cidadãos indicados pela Eclésia. Aplicação da justiça. ESTRATEGOS - Poder Executivo composto pelos estrategos, eleitos pela Eclésia. Mandato anual. A democracia ateniense será direta e limitada. Direta pois os cidadãos estão reunidos em praça pública tomando as decisões e limitada. Estavam excluídos do exercício político os escravos, pequenos proprietários, trabalhadores urbanos e todas as mulheres. A atual democracia é ilimitada, significa dizer que à partir de uma certa idade, todos têm direitos políticos. No entanto esta democracia não é direta, mas sim representativa. Durante o governo de Péricles (4 a 429 a.C.) a democracia ateniense atinge o seu apogeu.

∙ Período Clássico (a época das hegemonias): Período marcado pelo imperialismo e pelas hegemonias. O imperialismo antigo está caracterizado pelas Guerra Médicas, disputa das cidades gregas contra o expansionismo dos persas. Em 490 a.C. os atenienses venceram os persas na planície da Maratona. À partir desta vitória, os atenienses passam a liderar as demais cidades gregas contra os persas, através de uma liga militar, A Confederação de Delos. No ano de 448 a.C., com a assinatura do Tratado de Susa, os persas reconhecem o domínio dos gregos no mar Egeu. Com o fim da guerra, Atenas passa a exercer uma hegemonia política e cultural sobre as demais póleis. A Confederação de Delos foi mantida - sob o argumento de que os persas podiam voltar - e o pagamento de tributos voltados para a guerra continuaram a serem cobrados. Estes recursos foram aplicados para o desenvolvimento de Atenas. Este período de esplendor ateniense, o século V a.C. é conhecido como o "Século de Péricles", ou "Século de ouro", marcado pelo aperfeiçoamento das instituições democráticas, pela construção de obras públicas e pelo grande desenvolvimento das artes e do pensamento filosófico. Fídias, Sófocles, Heródoto e Sócrates são alguns dos nomes deste período.

∙ Guerras Do Peloponeso.( 431 A 404 A.C.): Trata-se de uma guerra civil, contra a hegemonia de Atenas e contra a Confederação de Delos. A cidade de Esparta declara guerra à Atenas no ano de 431 a.C. e organiza

uma liga militar, a Liga do Peloponeso. Com o final das guerras em 404 a.C., Esparta inicia uma hegemonia militar sobre as cidades gregas. As guerra civis continuam por um certo período, Tebas exercerá também um domínio sobre as póleis. Estas guerras internas enfraquecem as cidades gregas, possibilitando a invasão de um povo estrangeiro, os macedônicos.

∙ Período macedônico (o mundo Helenístico): A história autônoma do mundo grego estende-se até o ano de 338 a.C. , quando Filipe da Macedônia conquista a Grécia, após a Batalha de Queronéia. A vitória macedônica foi facilitada pelas rivalidades internas das cidades gregas. Com a morte de Filipe, seu filho Alexandre Magno ocupa o poder é inicia uma grande expansão territorial, formando o Império Helenístico. Este império era formado pela Macedônia, Grécia, Ásia Menor, Egito, Mesopotâmia, Assíria e Pérsia. A civilização helenística é consequência da fusão cultural helênica (grega) com a oriental ( Egito e Pérsia), caracterizada pela política de casamento entre os gregos e os orientais, pela manutenção dos cultos religiosos e pelo predomínio do grego como idioma oficial. Os principais centros de difusão do helenismo foram as cidades de Alexandria, Pérgamo e Antióquia. Em 323 a.C. com a morte de Alexandre Magno, o império foi dividido em quatro partes: Mesopotâmia, Egito, Ásia Menor e Grécia.

∙ RELIGIÃO - elemento fundamental da unidade cultural grega. Caracterizada pelo politeísmo e antropomorfismo, quer dizer, os deuses gregos assemelhavam-se aos homens, tendo a imortalidade como a única distinção.∙ TEATRO - Muito apreciado pelo gregos a ponto de existirem os festivais

anuais. Os principais gêneros foram a tragédia e a comédia. Seus principais representantes são: Tragédia- Ésquilo, autor de Os Persas, Os sete contra Tebas e Prometeu Acorrentado. Sófocles, com as peças Édipo-rei e Antígona. Eurípedes, com enorme senso crítico e autor de Médeia. Comédia - Aristófanes, que escreveu As rãs, As vespas e A paz.

UNIÃO SOVIÉTICA

A União Soviética foi o país que representou o bloco comunista no mundo a partir de 1922 e combateu a polaridade capitalista até 1991.No começo do século XX, a Rússia ainda era um país muito atrasado em

relação aos demais. O modo de produção russo ainda era feudal, o país era absolutista e governado por um czar. Ainda no final do século XIX, foi construída uma estrada que permitiu uma rápida industrialização de regiões como Moscou e São Petersburgo, só que a Rússia não tinha estrutura para suportar uma drástica mudança. Os camponeses acabaram ficando na mesma situação de miséria. Em 1905, as insatisfações da população russa culminaram em um movimento de contestação ao sistema

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que, mesmo sem uma liderança definida ou propósitos muito claros, resultou na chamada Revolução Russa de 1905. O evento é considerado um ensaio geral para a grande revolução que ocorreria no ano de 1917 e transformaria significativamente a estrutura do país.

Em 1905, o czar perdeu a admiração que sustentava dos súditos, conseguiu ainda se sustentar no poder até 1917, mas a Revolução Russa de 1917 condenou o czar Nicolau II à morte. Este movimento foi conduzido

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pelo Partido Bolchevique, o qual reunia um grupo mais radical que defendia mudanças através da ação revolucionária. Foi em 1922 que se constituiu oficialmente a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Esta se formou como um grande país de dimensões continentais e reuniu Rússia, Ucrânia, Bielorrússia, Transcaucásia, Estônia, Lituânia, Letônia, Moldávia, Georgia, Armênia, Azerbaijão, Cazaquistão, Uzbequistão, Turcomenistão, Quirguizão e Tadjiquistão. O transcorrer da Primeira Guerra Mundial foi vital para o novo movimento revolucionário na Rússia e a formação de um grande país de cunho comunista. Lênin foi o grande nome da formação da União Soviética, ele foi o responsável por conduzir os trabalhadores na revolução e por estruturar a política e a economia do novo país. Após sua morte, Stalin assumiu o controle da União Soviética, instalando uma ditadura socialista que se estenderia até a década de 1950. A União Soviética conheceu grande crescimento e, por se tratar de um país com bases comunistas, passou ilesa pela Crise de 1929 que abalou profundamente vários países capitalistas. Na Segunda Guerra Mundial, a União Soviética foi uma das grandes vencedoras, ao lado dos Estados Unidos. Os dois países foram os grandes ganhadores da guerra, entretanto um deles, Estados Unidos, defendia a ideologia capitalista, enquanto a União Soviética defendia a ideologia comunista. A polaridade entre os dois países dividiu o mundo em um novo confronto a partir de 1945, a Guerra Fria. A Guerra Fria foi um confronto ideológico que colocou em choque as ideologias capitalistas e comunistas no mundo. Os líderes do capitalismo eram os Estados Unidos e do comunismo era a União Soviética. Como ambos os países, vencedores da Segunda Guerra Mundial, desfrutavam de armamento capaz de realizar uma mútua destruição, o confronto direto entre eles não ocorreu. Em lugar disso, vários conflitos surgiram no mundo tendo a influência e o apoio, militar e econômico, de tais países. O grande símbolo da Guerra Fria foi o Muro de Berlim, o qual cortou a cidade alemã de Berlim em lado ocidental e lado oriental, sendo ocidental capitalista e oriental comunista. A União Soviética travou grande conflito com os Estados Unidos pela influência ideológica no mundo durante algumas décadas. No início da década de 1980, entretanto, a União Soviética já se mostrava desgastada e incapaz de se sustentar em sua ideologia. Seus produtos e estrutura política já estavam sucateados, várias medidas foram implantadas para tentar dar sobrevida ao sistema. A população já não estava mais satisfeita com as promessas comunistas e se revoltara contra as rígidas regras impostas pela União Soviética ao longo dos anos. Em 1989 foi derrubado o Muro de Berlim, símbolo da Guerra Fria. Muitos consideram a ocasião como o marco do fim do socialismo no mundo, mas o mais certo seria dizer que é o marco da vitória do capitalismo no mundo. A União Soviética, por sua vez, chegou realmente ao fim em 1991 quando foi desmembrada em vários outros países.

ASCENSÃO E QUEDA DA UNIÃO SOVIÉTICA

A União Soviética, que findou em 1991, durante muitos anos teve uma tendência: a fragmentação. Com uma tendência contrária aos outros países que se globalizavam, a antiga superpotência se fragmentava territorialmente, politicamente e economicamente, caminhando a crise e ao racionalismo. Em dezembro de 1991, foi criada a CEI (Comunidade de Estados Independentes), que é composta de ex-republica soviética. Constitui-se de vários países que mantém um vínculo econômico militar e político entre si. A União das Republicas Socialista Soviética, em sua fase de maior expressão após a guerra, chegou a ser composta por quinze republica e a ocupar um território de 22,4 milhões de quilômetros quadrados, englobando cerca de 290 milhões de habitantes. As origens da União Soviética remontam desde o século XVI, quando o Czar Ivan IV conquistou parte da Sibéria, dando inicio ao processo de expansão russo. Mas a União Soviética ficou mesmo estruturada em 1922, após vitória das bolcheviques, na revolução de outubro de 1917. No governo de Josef Stalin (1924-1953), a União se consolidou politicamente sob um regime de partido único centralizado e autoritário. Assim, foi substituída uma ditadura czarista, por uma ditadura da burocracia dos PCUS (Partido comunista da União). Os burocratas, a maioria russos, que realmente controlavam o destino do país. A economia passou a ter forte influência do Estado, sendo a maioria dos meios de produção controlados por ele. Os planos elaborados pela Gosplan - órgão de planejamento central - visavam uma quantidade e não qualidade dos produtos. Sob essa economia estatal planificada a União Soviética passou a ter posição elevada na economia mundial. Tornando-se também, uma superpotência nuclear e aeroespacial, se tornando rival dos Estados Unidos. Apesar das ideologias contrárias aos soviéticos, a economia cresceu rapidamente e avançou em termos tecnológicos e militares. Até o período em que o mundo era guiado pelos padrões impostos na segunda Revolução Industrial, a economia dos soviéticos ia bem. Enquanto os índices de produção e competitividade tinham como referência às indústrias que surgiram na segunda Revolução Industrial, a União Soviética estava em igualdade com os países capitalistas. Os planejadores soviéticos, até a década de 70, davam prioridade às indústrias de bens de produção, e investiam na infra-estrutura necessária para ajudar no processo de industrialização. No terceiro plano qüinqüenal, quando o país entrou em guerra (1938-1944), deu-se prioridade a indústria Bélica, estimulando o deslocamento industrial para o leste. Os planos após a guerra foram direcionados para recuperar a economia e a reconstrução das indústrias destruídas pela guerra. Logo continuaram colocando em foco o poder bélico e o setor industrial pesado, no contexto Guerra-fria.

DECADÊNCIA DE UMA POTÊNCIA Numa época em que do iniciava a terceira Revolução Industrial, os países

capitalistas desenvolvidos, principalmente EUA e Japão, investiam grandemente em pesquisa e desenvolvimento e melhora da qualificação da

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mão-de-obra. O capitalismo entrava no período técnico-científico, em quedava-se novas tecnologias, como a robótica, informática e técnica de miniaturização. A União Soviética, por outro lado continuava com o mesmo ritmo, não passou a investir mais na técnica de produção, por isso não conseguiu competir com os países capitalistas desenvolvidos. A partir da década de 70, ficou evidente até mesmo aos soviéticos que a superpotência estava perdendo sua força. Era um império apenas em sentido bélico, pela sua capacidade de destruição em massa. Seu setor industrial não era capaz de produzir produtos em quantidade nem mesmo para os próprios soviéticos. As filas enormes já faziam na vida da população e o descontentamento aumentava. Era importante e necessário implantar reformas políticas e econômicas, além de fazer concessões aos separatistas. Com a campanha dos republicanos na década de 80, foi eleito Ronald Reagan, como novo presidente dos Estados Unidos, e ele prometeu triplicar o orçamento destinado para a defesa. Visto que a União Soviética não tinha condições de continuar com a corrida armamentista, foram necessários os acordos de paz entre as duas potências. Nesse período chegou ao cargo de secretário-geral do PCUS Mikhail Gorbatchev, posição mais alta na estrutura de poder da extinta União Soviética. Esperava-se dele recolocar o país no mesmo patamar tecnológico do mundo ocidental e aumentar a oferta e a qualidade dos produtos para a população. Era importante atrair investimentos estrangeiros e firmar acordos com empresas ocidentais. Gorbatchev propôs uma reestruturação da economia soviética, chamado de Perestroika. Mas para o sucesso da Perestroika, seriam necessário reformas no sistema político-administrativo. Era preciso por fim a ditadura erigida na era Stalin. E também, por fim a corrida armamentista. Gorbatchev sempre tomou a iniciativa para a assinatura de acordos de paz, e esses acordos eram precisos para ter as condições políticas e econômicas necessárias para implantação de suas reformas. Um novo passo foi dado, a glasnost, que foi uma nova fase de transparência política. Deu-se inicio, assim, uma abertura política na União Soviética. Com isso, vários grupos nacionalistas começaram a reivindicar autonomia em relação à Moscou. Antes, durante a existência da União Soviética, as minorias eram oprimidas pelos russos, foram controlados pela força bruta e pelo controle ideológico. Assim, ao primeiro sinal de relaxamento na denominação, surgiram vários movimentos separatistas. As republicas bálticas foram as primeiras, declarando sua independência. Depois os ideais de liberdade espalharam-se pela Ásia Central, e outras regiões, levando a fragmentação total da anterior superpotência.

A SUPERPOTENCIA CHEGA AO FIM Gorbatchev, já estava sendo pressionado pela crise econômica e pelo

fracasso da Perestroika, teve de tentar amenizar as pressões dos separatistas. Tentando manter a união territorial do país, propôs acordos com as republicas, concedendo-lhes maior autonomia no âmbito de uma

renovada federação. Mas os comunistas conservadores não admitiam que a União Soviética fosse rumo a se tornar uma confederação. Um dia de o acordo firmado entre Gorbatchev e representantes das republicas entrar em vigor, os comunistas ortodoxos, deram um golpe de Estado, sob a liderança de Guenedi Ianaev. A tentativa golpista, durou de 18 a 20 de agosto de 1991, e fracassou por falta de apoio popular, por divisões no PCUS e nas forças militares e pela resistência liderada por Boris Yeltsin, presidente eleito da Rússia. Aproveitando-se dessa crise, os países bálticos proclamaram sua independência política. Com a tentativa de golpe, Gorbatchev foi reconduzido ao poder, tendo o apoio de Boris Yeltsin. Mas o poder central foi enfraquecendo. Uma a uma, as republicas proclamaram sua independência política. O golpe fatal veio em dezembro de 1991, quando a Rússia também proclamou a sua independência, acabando de vez com a outrora superpotência. Em 9 de dezembro de 1991, um encontro de presidentes da Rússia, da Ucrânia e da Belarus, em Minsk, marcou o fim da União Soviética, e surgiu a CEI (Comunidade de Estados Independentes), vários das antigas repúblicas soviéticas abriram a CEI. Com o surgimento da CEI, várias mudanças ocorreram. Elas foram maiores no plano político. O poder foi descentralizado e, a democracia foi consolidada nos países independentes. O cargo mais importante de poder agora é o de presidente da Republica, que governa com o parlamento. Eles são eleitos diretamente por voto popular em cada um dos vários países. O ultra-reformista, Boris Yeltsin, foi eleito o presidente da Rússia, e na verdade o grande vencedor nessa historia, pois a Rússia era a mais importante das ex-republicas Soviéticas e a herdeira da antiga superpotência, que passou a ocupar o lugar que pertencia a União Soviética como membro permanente do conselho de segurança de ONU. Boris Yeltsin foi apoiado pelos Estados Unidos e seus aliados ocidentais porque, era o político que mais contribuiu com mudanças rápidas e profundas em direção a economia ocidental. Yeltsin com o tempo deu demonstrações de seu autoritarismo, em dezembro de 1993 ele fundou o parlamento Russo. Esse ato foi uma reação aos empecilhos colocados ao projeto ultra-reformista não só pelo parlamento, mas também pela própria constituição. Quando tomou essa atitude, Yeltsin buscou tirar os empecilhos que dificultavam suas reformas, tendo sido apoiado pelos Estados Unidos e países europeus.Boris Yeltsin convocou eleições em dezembro de 1993, mas não foi bem

sucedido nas urnas, embora tenha conseguido aprovar em plebiscito a nova constituição, que lhe deu mais poderes. Em novas eleições parlamentares, realizados em 1995, o grande vencedor foi o partido comunista. Isso foi reflexo do descontentamento da população com a longa crise. Assim os partidos reformistas diminuíram sua representação no parlamento. A Rússia, assim como os outros países que entregavam a extinta União Soviética, começaram entrar em um período delicado. Desmontaram a economia planificada, mas não conseguiram criar algo sólido para substituí-la. Com isso, a crise se agravou. Os russos começaram a variar com algo que não estavam acostumados: a miséria. A economia

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russa diminuiu mais nesse período do que a norte-americana durante a crise de 29. O capital estrangeiro, que era a esperança de salvação econômica, não estava entrando no país, devido à instabilidade econômica e política. Uma coisa é certa, os movimentos separatistas continuam na Rússia, mas a União Soviética foi extinta.

∙ Revolução Russa (Queda da monarquia, Revolução de 1917, Bolcheviques no poder, socialismo, comunismo, Lênin, consolidação da revolução, formação da URSS, economia e administração): No começo do século XX, a Rússia era um país de economia atrasada e dependente da agricultura, pois 80% de sua economia estava concentrada no campo (produção de gêneros agrícolas). Rússia Czarista. Os trabalhadores rurais viviam em extrema miséria e pobreza, pagando altos impostos para manter a base do sistema czarista de Nicolau II. O czar governava a Rússia de forma absolutista, ou seja, concentrava poderes em suas mãos não abrindo espaço para a democracia. Mesmo os trabalhadores urbanos, que desfrutavam os poucos empregos da fraca indústria russa, viviam descontentes com o governo do czar. No ano de 1905, Nicolau II mostra a cara violenta e repressiva de seu governo. No conhecido Domingo Sangrento, manda seu exército fuzilar milhares de manifestantes. Marinheiros do encouraçado Potenkim também foram reprimidos pelo czar. Começava então a formação dos sovietes (organização de trabalhadores russos) sob a liderança de Lênin. Os bolcheviques começavam a preparar a revolução socialista na Rússia e a queda da monarquia. A Rússia na Primeira Guerra Mundial. Faltava alimentos na Rússia czarista, empregos para os trabalhadores, salários dignos e democracia. Mesmo assim, Nicolau II jogou a Rússia numa guerra mundial. Os gastos com a guerra e os prejuízos fizeram aumentar ainda mais a insatisfação popular com o czar. Greves, manifestações e a queda da monarquia. As greves de trabalhadores urbanos e rurais espalham-se pelo território russo. Ocorriam muitas vezes motins dentro do próprio exército russo. As manifestações populares pediam democracia, mais empregos, melhores salários e o fim da monarquia czarista. Em 1917, o governo de Nicolau II foi retirado do poder e assumiria Kerenski (menchevique) como governo provisório. A Revolução Russa de outubro de 1917. Com Kerenski no poder pouca coisa havia mudado na Rússia. Os bolcheviques, liderados por Lênin, organizaram uma nova revolução que ocorreu em outubro de 1917. Prometendo paz, terra, pão, liberdade e trabalho, Lênin assumiu o governo da Rússia e implantou o socialismo. As terras foram redistribuídas para os trabalhadores do campo, os bancos foram nacionalizados e as fábricas passaram para as mãos dos trabalhadores. Lênin também retirou seu país da Primeira Guerra Mundial no ano de 1918. Foi instalado o partido único: o PC (Partido Comunista). A formação da URSS. Após a revolução, foi implantada a URSS ( União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). Seguiu-se um período de grande crescimento econômico, principalmente após a NEP (Nova Política

Econômica ). A URSS tornou-se uma grande potência econômica e militar. Mais tarde rivalizaria com os Estados Unidos na chamada Guerra Fria. Porém, após a revolução a situação da população geral e dos trabalhadores pouco mudou no que diz respeito à democracia. O Partido Comunista reprimia qualquer manifestação considerada contrária aos princípios socialistas. A falta de democracia imperava na URSS. Os líderes da União Soviética durante o regime socialista. Vladimir Lenin (8 de novembro de 1917 a 21 de janeiro de 1924). Josef Stalin (3 de abril de 1922 a 5 de março de 1953). Nikita Khrushchov (7 de setembro de 1953 a 14 de outubro de 1964). Leonid Brejnev (14 de outubro de 1964 a 10 de novembro de 1982). Iúri Andopov (12 de novembro de 1982 a 9 de fevereiro de 1984). Konstantin Chernenko (13 de fevereiro de 1984 a 10 de março de 1985). Mikhail Gorbachev (11 de março de 1985 a 24 de agosto de 1991).

∙ Bolcheviques: Os bolcheviques (em russo significa “majoritários”) era um grupo político russo, formado por integrantes do POSDR (Partido Operário Social-Deocrata Russo). Formado no começo do século XX, o movimento bolchevique fazia oposição ao governo czarista de Nicolau II. Defendiam uma revolução armada de caráter socialista. Por outro lado, os mencheviques, liderados por Martov, defendiam primeiro a instalação da democracia e só depois o socialismo. Liderados por Lênin, o Partido Bolchevique comandou o processo da Revolução Russa de 1917, que derrubou o governo czarista e implantou o sistema socialista na Rússia. Um ano após a Revolução Russa de 1917, os bolcheviques mudaram o nome do partido para Partido Comunista da União Soviética.

∙ URSS - União Soviética: No começo do século XX, a Rússia passou por uma crise social e econômica. A desigualdade era enorme entre os camponeses e a nobreza (dona de terras). O regime do czar Nicolau II foi seriamente abalado por protestos, em 1915. As lideranças socialistas organizaram os operários em conselhos, os sovietes, nos quais se debatiam decisões políticas. O czar prometeu reformas; estabeleceria um governo constitucional e convocaria eleições para o parlamento (Duma), responsável de elaborar uma constituição. Os mencheviques e outros partidos deram-se por satisfeitos. Já os bolcheviques – socialistas revolucionários liderados por Lênin, exigiram o fim da monarquia. O governo procedeu repressão aos focos de revolta interna, prendeu líderes revolucionários e deixou as promessas que havia feito de lado. Em 1917, inicia-se em Petrogrado (atual São Petersburgo) a revolução que resultaria na renuncia do Czar. Neste momento é instalado o governo provisório com dois poderes o Soviete de Petrogrado e a Duma, controlado pelos mencheviques e sem representantes dos bolcheviques. Lênin retornou do exílio e reorganizou os bolcheviques que em 25 de outubro, cercaram Petrogrado onde ficava o governo provisório para tomar o poder. O czar Nicolau II foi condenado à morte e juntamente com a família imperial foi fuzilado, em 1918. Daí o então Partido Bolchevique passou a se chamar

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Partido Comunista. Assim em 1922 surgi a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), com a união das seguintes repúblicas; Rússia, Ucrânia, Bielorússia, Transcaucásia e as repúblicas da Ásia Central.

∙ A Era de Stálin: Josef Stálin foi nomeado secretário-geral do Partido Comunista em 1922. Muito ambicioso, conseguiu apoio para suceder Lênin. Para tentar converter a Rússia agrícola, numa potencia industrial, Stálin instituiu o primeiro plano qüinqüenal para impulsionar a industrialização. No ano de 1930, ele instalou uma política de terror, executando, deportando e expurgando os opositores. Em 1939, com o avanço das tropas nazistas, Stálin firmou acordo de não-agressão, pois tinha medo de que Hitler pudesse invadir seu país. Em 1942, o exército alemão entrou na URSS e Stálin se uniu aos 25 países aliados para combater as potencias do Eixo. No ano seguinte, as tropas de Hitler foram derrotadas na Batalha de Stalingrado pelos russos. O ditador já havia assegurado à posse de boa parte da Europa, em 1945 no final da Segunda Guerra Mundial.

∙ Muro de Berlim: Tinha 155 km, interrompia 8 linhas de trens urbanos na cidade, quatro metrôs, 193 ruas e avenidas e atravessava 24 km de rios e 30 km de bosques. Sem dúvida foi um dos principais símbolos da denominada Cortina de Ferro. Seu surgimento se deu no auge da Guerra Fria em 1961, sua existência durou quase 28 anos. O muro era símbolo não só da divisão da capital alemã em oriental (comunista) e ocidental (capitalista), mas também da separação do mundo em dois blocos de poder. Houve uma significativa mudança na URSS a qual levou ao aumento das pressões contra o Muro, na década de 80. EM 1989 era muito grande a pressão para o governo socialista facilitar viagens dos alemães orientais. Em conseqüência veio a queda do muro em novembro do mesmo ano. Após o anuncio sobre a queda do muro de Berlim uma multidão se aglomerou nos postos de fronteira, todos queriam participar da derrubada de um símbolo que marcou durante anos as suas vidas. Junto com o muro também caíram o sistema socialista europeu e a Guerra Fria.

∙ O fim da URSS: Em 1985 Mikhail Gorbatchov assumiu, aos 54 anos, a secretaria do Partido Comunista, chegando ao poder com projetos de reformas democráticas. O líder atraiu os holofotes quando declarou reduzir a censura, moratória nuclear unilateral, retirar tropas do Afeganistão após nove anos de intervenção soviética e líber presos políticos. Para definir sua relação com a sociedade Gorbatchov usou o termo glasnost (transparência) e para definir a necessidade econômica utilizou a Perestroika (reconstrução). No período que compreende os anos de 1917 a 1990, os soviéticos haviam tido o regime de partido único, o qual controlava a vida de todos os cidadãos. Coma liderança de Gorbatchov, a União Soviética teve uma nova ordem política, com sindicatos livres e pluripartidarismo. Em 1991, uma forte tensão foi gerada entre conservadores e reformistas. Com isso Gorbatchov deu autonomia às repúblicas, na tentativa de evitar uma

guerra civil. Em setembro de 1991, o parlamento votou na dissolução da URSS, e em dezembro Iéltsin declara a independência da Rússia e a formação da Comunidade de Estados Independentes (CEI). Estava assim extinta a URSS, e no dia 25 de dezembro Gorbatchov renunciou.

RESUMO DA HISTÓRIA DA URSS

∙ 1905 a 1917 - Guerra russo-japonesa de 1904 provoca Revolução de 1905, Czar é obrigado a fazer concessões à Duma (Parlamento). Em 1906 inicia-se a contra-revolução e o czar recupera seus poderes autocráticos. Rússia na guerra mundial contra o Império alemão e austríaco (1914-18). Derrota russa e dissolução do exército. Agitação nas trincheiras e na cidades. Greves operárias e motins de fome.∙ 1917 - Revolução de fevereiro em S.Peterbsurgo. Prisão do czar.

Formação do governo provisório (príncipe Lvov e depois Kerenski). Retorno de Lenin do exílio. Acirra-se as diferenças entre mencheviques e bolcheviques. Golpe de estado bolchevique (em 25 de outubro). Derrubada do governo provisório, formação do governo dos sovietes. Início da ditadura bolchevique. Lenin chefe de estado e presidente do Comitê Central do Partido Bolchevique. Negociações de paz (Tratado de Brest-Litovsk) com a Alemanha para retirar a Rússia da guerra.∙ 1918 a 1921 - Guerra civil entre Vermelhos (bolcheviques) e Brancos

(czaristas). Fuzilamento do czar e de sua família em Ekaterinburgo. Comunismo de Guerra (política de expropriações forçadas) País arrasado pela guerra. Criação da Tcheka (GPU). Fundação da IIIº Internacional socialista (Komintern). Trotski lidera o Exército Vermelho na vitória. Novo Manifesto Comunista. Ditadura do Partido Comunista sobre todo o país∙ 1921 a 1924 - Rebelião dos marinheiros do Kronstat. Fim do

comunismo de guerra. Nova Economia Política: restauração de práticas capitalistas e abertura aos investimentos estrangeiros. Mudança definitiva da capital de Petrogrado para Moscou. Lenin líder absoluto do partido e do estado. Morte de Lenin (em janeiro de 1924). Petrogrado é rebatizada como Leningrado∙ 1924 a 1928 - Troika assume no lugar de Lenin (Stalin, Zinoviev e

Kamenev) Trotski é excluído. Rivalidade entre Stalin (“socialismo num só país”) e Trotski (“revolução permanente”). Trotski e Zinoviev são banidos, proclamação do “socialismo num só país”. Início da autocracia de Stalin.∙ 1929 a 1936 - Planos Qüinqüenais. Projeto de industrialização

acelerada do país. Coletivização das terras (kolkozes e solfkozes), eletrificação total, indústria pesada e controle sobre consumo. Campanha de educação elimina com analfabetismo. Formação de técnicos e administradores em massa. Tecnocracia apoiada por Stalin afasta os militantes partidários.∙ 1936 a 1938 - Grandes expurgos. Elite do Partido , do Exército e da

Policia Secreta (NKVD) é eliminada. Processos contra Bukarin, Radeck, Piatakov e Tukashevski. Yezov e Iagoda.coordenam o Grande Terror (800

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mil fuzilados). Ascensão de L.Beria (segundo homem mais importante). Domínio socio-politico da tecnocracia e da burocracia partidária que se materializa na autocracia stalinista∙ 1939 a 1941 - Pacto Germano-soviético de não-agressão (Pacto

Ribbentrop- Molotov). Stalin acerta-se com Hitler em torno da Polônia (que será partilhada por ambos em 1939) e assina acordo econômico com a Alemanha nazista (máquinas e equipamentos por matérias-primas).∙ 1941 a 1945 - Invasão nazista destruiu Rússia ocidental: 20 milhões de

mortos. Contra-ofensiva soviética iniciada em 1943 leva à conquista de Berlim. Todo o leste europeu cai sobre controle soviético. Partilha da Alemanha com aliados ocidentais. URSS super-potência mundial rivaliza com os E.U.A.∙ 1945 a 1953 - Guerra Fria. Stalin retoma controle autocrático. Expurgo

dos valores ocidentais.Apogeu do Culto à Personalidade. Ampliação do GULAG (sistema de campos de concentração). Política de reconstrução acelerada e corrida armamentista. Deslocamento de povos e etnias suspeitas de colaboracionismo. Bomba atômica soviética (1949). Morte de Stalin provoca comoção nacional. Início do “degelo”. Em 1956, Krushev denuncia Stalin e sua política no 20º Congresso do PCURSS. princípio da desestalinização.