EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DAS PROTEÍNAS IFN- E … · PEDRO CARLOS DA ROCHA NETO ......
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL
PEDRO CARLOS DA ROCHA NETO
EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DAS PROTEÍNAS IFN- E
TGF-β1 EM CISTOS RADICULARES E CISTOS DENTÍGEROS
Natal/RN
-2012-
Pedro Carlos da Rocha Neto
EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DAS PROTEÍNAS IFN- E
TGF-β1 EM CISTOS RADICULARES E CISTOS DENTÍGEROS
Natal/RN
-2012-
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Patologia Oral da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, como parte dos requisitos para obtenção do título de
Mestre em Patologia Oral.
Orientador: Profº. Drº. Antonio de Lisboa Lopes Costa
Rocha Neto, Pedro Carlos da. Expressão imuno-histoquímica das proteínas IFN-γ e TGF-β1 em
cistos radiculares e cistos dentígeros / Pedro Carlos da Rocha Neto. –
Natal, RN, 2012.
80f. : il.
Orientador: Prof. Dr. Antonio de Lisboa Lopes Costa.
Dissertação (Mestrado em Patologia Oral) – Universidade Federal
do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Programa de
Pós-Graduação em Patologia Oral.
1. Cisto Radicular – Dissertação. 2. Cisto Dentígero – Dissertação.
3. Imuno-histoquímica – Dissertação. 4. Interferon Gama –
Dissertação. 5. Fatores de Crescimento Transformadores. –
Dissertação. I. Costa, Antonio de Lisboa Lopes. II. Título.
RN/UF/BSO Black
D793
Catalogação na Fonte. UFRN/ Departamento de Odontologia
Biblioteca Setorial de Odontologia “Profº Alberto Moreira Campos”.
“Ao meu querido e saudoso irmão Antônio Carlos da Rocha Ramalho, que partiu para
eternidade tão cedo, porém deixando um legado de alegria nos corações de quem o conheceu”.
“Aos meus pais, Antônio Cruz Ramalho e Maria das Graças da Rocha Ramalho, como forma de
retribuição por tudo o que eles investem em mim tão amorosamente”.
“Aos meus irmãos João Carlos da Rocha Ramalho e Dayana Karla da Rocha Ramalho, por tudo
que me proporcionam como família exemplar”.
“Aos meus avós Pedro Carlos da Rocha, Raimunda Isaura da Rocha, Antônio Leite Ramalho e
Severina Cruz Ramalho (in memoriam), por serem as minhas raízes e as folhas mais altas que eu
quero alcançar na escalada da vida”.
“A Deus...Porque dEle, por Ele e para Ele são todas as coisas”.
AGRADECIMENTOS
“Agradeço ao meu amado Senhor e Salvador Jesus Cristo, que me deu a maior prova de amor ao morrer
na cruz humilhado, para que eu pudesse ter o direito de ser chamado filho de Deus, mesmo sendo tão falho
e indigno de ter os pecados perdoados por pura graça...Quão constrangedor é esse amor!”
“Agradeço aos meus pais, que sempre foram para mim um exemplo de amor, fidelidade, honestidade e de
tudo o que há de melhor embaixo do céu”.
“Agradeço aos meus avós, pelo exemplo e história de vida, em que eu tanto tento me espelhar”.
“Agradeço ao meu orientador e amigo Prof. Antonio de Lisboa Lopes Costa, por sua valiosa orientação e
por não me deixar desanimar nos momentos difíceis que enfrentei durante meu curso de mestrado, sempre
me animando e dizendo que tudo daria certo. E de fato deu”.
“Agradeço a todos os meus amigos do mestrado e aos do doutorado, por terem muitas vezes me ajudado
em minhas limitações, e por terem se tornado parte da minha vida. Eu nunca os esquecerei”.
“Agradeço a todos os meus professores do mestrado, que tanto contribuíram na minha formação
intelectual e profissional, e por que não dizer pessoal, desde os meus tempos de graduação. Eu sempre os
terei como referencial de dedicação e sucesso”.
“Agradeço ao prof. Paulo Roberto Medeiros de Azevedo, pela preciosa contribuição na avaliação
estatística”.
“Agradeço a todos os funcionários do departamento de Patologia Oral, pela amizade que formamos ou
fortalecemos durante os dois anos do meu curso de mestrado”.
“Não poderia deixar de agradecer aos funcionários da biblioteca e do laboratório de informática, pelas
valiosas ajudas nos meus trabalhos e pelos momentos agradáveis de descontração que eles me
proporcionam, além da amizade formada é claro. Em especial a Cecília e a Mônica, pela prestatividade em
me ajudar nos trabalhos sempre que precisei”.
Jesus era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de
dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens
escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum... Mas
ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa dos
nossos pecados; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas
suas pisaduras fomos sarados.
Isaías 53: 3 e 5.
RESUMO
Os cistos odontogênicos são cavidades patológicas revestidas por epitélio odontogênico e
preenchidas por líquido, células descamadas, ou outros materiais. As lesões intra-ósseas, como o
cisto radicular e o cisto dentígero, apresentam um potencial de expansão capaz de promover a
destruição do tecido ósseo circunjacente. Os mecanismos relacionados a esse processo de
expansão são a proliferação do epitélio cístico, o aumento da osmolaridade do fluido cístico e a
síntese de fatores de reabsorção óssea como IFN-γ e TGF-β1. O objetivo deste estudo foi avaliar
e comparar a expressão imuno-histoquímica do IFN-γ e do TGF-β1 entre cistos radiculares e
cistos dentígeros com a finalidade de compreender o papel e o comportamento dessas proteínas
no processo de expansão destes cistos. Selecionamos 20 casos de cisto radicular e 20 casos de
cisto dentígero retirados dos arquivos do Laboratório de Patologia Oral da UFRN. Após análise
dos dados clínicos, os casos foram submetidos a técnica de coloração de rotina (HE) e ao método
imuno-histoquímico para evidenciação da expressão do IFN-γ e do TGF-β1 no epitélio e na
cápsula dos referidos cistos. A análise estatística dos dados utilizando o teste de Mann-Whitney
revelou que não houve diferença estatisticamente significativa da imunoexpressão do IFN- entre
os epitélios (p=0,565) e cápsulas (p=0,414) dos cistos radiculares e cistos dentígeros. Além disso,
não houve diferença estatisticamente significativa da imunoexpressão do TGF-β1 entre os
epitélios (p=0,620) e cápsulas (p=0,056) dos cistos radiculares e cistos dentígeros. O teste de
Wilcoxon revelou que não houve diferença estatisticamente significativa entre as
imunoexpressões do IFN- e do TGF-β1 no epitélio (p=0,225) e na cápsula (p=0,370) dos cistos
radiculares. Não houve diferença estatisticamente significativa entre as imunoexpressões do IFN-
e do TGF-β1 no epitélio (p=0,361) dos cistos dentígeros. No entanto, houve diferença
estatisticamente significativa entre as imunoexpressões do IFN- e do TGF-β1 na cápsula
(p=0,001) dos cistos dentígeros, sendo o TGF-β1 o que apresentou a imunoexpressão mais
significativa. Diante destes resultados, concluímos que não houve diferença de expressão imuno-
histoquímica do IFN-γ e do TGF-β1 entre os cistos radiculares e dentígeros e que o TGF-β1 foi
mais expressivo do que o IFN-γ na cápsula dos cistos dentígeros.
Palavras Chaves: Cisto radicular. Cisto dentígero. Imuno-histoquímica. Interferon gama. Fatores
de crescimento transformadores.
ABSTRACT
Odontogenic cysts are pathologic cavities covered by odontogenic epithelium and filled
by liquid, desquamated cells or other materials. The intraosseous lesions, such as radicular cyst
and dentigerous cyst, present a potential of expansion capable of promoting the destruction of the
surrounding osseous tissue. The mechanisms related to this process of expansion are the
proliferation of cystic epithelium, the increase of the osmolarity of the cystic fluid and the
synthesis of reabsorption factors such as IFN-γ and TGF-β1. The aim of this study was to
evaluate and compare the immunohistochemical expression of IFN-γ and TGF-β1 between
radicular cysts and dentigerous cysts in order to understand the role and behavior of these
proteins in the expansion of these cysts. We selected 20 cases of radicular cyst and 20 cases of
dentigerous cyst chosen from the files of UFRN’s Laboratory of Oral Pathology. After analyzing
the clinical data, the cases underwent the routine staining technique (HE) and
immunohistochemistry for the appearance of IFN-γ and TGF-β1 in the epithelium and capsule of
these cysts. The statistical analysis using the Mann-Whitney test revealed no statistically
significant difference in immunoexpression of IFN-γ between the epithelium (p = 0.565) and
capsules (p = 0.414) of radicular cysts and dentigerous cysts. Moreover, there was no statistically
significant difference of immunoexpression of TGF-β1 between the epithelium (p = 0.620) and
capsules (p = 0.056) of radicular cysts and dentigerous cysts. The Wilcoxon test revealed no
statistically significant difference between IFN-γ and TGF-β1 imunoexpressions in the
epithelium (p = 0.225) and capsules (p = 0.370) of radicular cysts. There was no statistically
significant difference between IFN-γ and TGF-β1 imunoexpressions in the epithelium (p = 0.361)
of dentigerous cysts. However, there was a statistically significant difference between IFN-γ and
TGF-β1 immunoexpressions in the capsule (p = 0.001) of dentigerous cysts, being TGF-β1 the
factor which presented the most significant immunoexpression. Given these results, we conclude
that there was no difference in immunohistochemical expression of IFN-γ and TGF-β1 between
radicular and dentigerous cysts and that TGF-β1 was more significant than the IFN-γ in the
capsule of dentigerous cysts.
Keywords: Radicular cyst. Dentigerous cyst. Immunohistochemistry. Interferon gamma.
Transforming growth factors.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Frequências dos dados relativos a idade nos casos de CR..................................................... 38
Figura 2 - Frequências dos dados relativos a idade nos casos de CD..................................................... 38
Figura 3 - Epitélio de cisto radicular apresentando hiperplasia, espongiose e degeneração hidrópica.
Observe o infiltrado inflamatório na cápsula fibrosa. Hematoxilina-eosina (400X)............................... 53
Figura 4 - Epitélio de cisto dentígero apresentando poucas camadas de células. Observe o escasso
infiltrado inflamatório mononuclear e o extravasamento hemorrágico na cápsula. Hematoxilina-
eosina (400X)........................................................................................................................................... 53
Figura 5 - Imunomarcação do epitélio de cisto radicular pelo IFN-gama. Observe o padrão de
marcação citoplasmático. LSAB (400X)................................................................................................. 54
Figura 6 - Imunomarcação de epitélio de cisto radicular pelo TGF-β1. Observe a marcação nuclear e
citoplasmática. LSAB (400X)................................................................................................................. 54
Figura 7 -Imunomarcação de epitélio de cisto dentígero pelo IFN-gama. Observe marcação nuclear
e citoplasmática. LSAB (400X)............................................................................................................... 55
Figura 8 - Imunomarcação de epitélio de cisto dentígero pelo TGF-β1. Observe marcação nuclear e
citoplasmática. LSAB (400X)................................................................................................................. 55
Figura 9 - Imunomarcação de células inflamatórias mononucleares e células endoteliais pelo IFN-
gama na cápsula de cisto radicular. Observe o padrão de marcação citoplasmático. LSAB (1000X).... 56
Figura 10 - Imunomarcação de células polimorfonucleares, mononucleares e células da linhagem
monocítico-macrofágica pelo TGF-β1 na cápsula de cisto radicular. Observe a marcação nuclear e
citoplasmática, além do padrão de marcação da matriz extra-celular. LSAB (1000X)........................... 56
Figura 11 - Imunomarcação de macrófagos e fibroblastos pelo IFN-gama na cápsula de cisto
dentígero. Observe o padrão de marcação nuclear e citoplasmático. LSAB (1000X)............................ 57
Figura 12 - Imunomarcação de células inflamatórias mononucleares pelo TGF-β1 na cápsula de
cisto dentígero. Observe a intensa marcação citoplasmática. LSAB (1000X)........................................ 57
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Distribuição dos escores da marcação imuno-histoquímica para os anticorpos
anti-IFN- e anti-TGF-β1 no epitélio dos cistos radiculares e dos cistos dentígeros. Natal,
RN – 2012............................................................................................................................... 41
Tabela 2 - Distribuição dos percentuais de células imunopositivas para os anticorpos anti-
IFN- e anti-TGF-β1 na cápsula dos cistos radiculares. Natal, RN – 2012........................... 43
Tabela 3 - Distribuição dos escores da marcação imuno-histoquímica para os anticorpos
anti-IFN- e anti-TGF-β1 na cápsula dos cistos radiculares. Natal, RN – 2012.................... 44
Tabela 4 - Distribuição dos percentuais de células imunopositivas para os anticorpos anti-
IFN- e anti-TGF-β1 na cápsula dos cistos dentígeros. Natal, RN – 2012............................ 46
Tabela 5 - Distribuição dos escores da marcação imuno-histoquímica para os anticorpos
anti-IFN- e anti-TGF-β1 na cápsula dos cistos dentígeros. Natal, RN–2012....................... 48
Tabela 6 - Comparação entre os grupos de cistos CR e CD com relação a imunoexpressão
epitelial dos biomarcadores IFN- e TGF-β1. Natal, RN - 2012........................................... 49
Tabela 7 - Comparação entre os grupos de cistos CR e CD com relação a
imunoexpressão, em suas cápsulas, dos biomarcadores IFN- e TGF-β1, considerando-se
as avaliações tanto através dos escores de imunomarcação (E) como através dos
percentuais de células imunopositivas (P). Natal, RN -
2012......................................................................................................................................... 50
Tabela 8 - Comparação entre as imunoexpressões dos biomarcadores IFN- e TGF-β1
nos epitélios dos CR e CD. Natal, RN - 2012......................................................................... 52
Tabela 9 - Comparação entre as imunoexpressões dos biomarcadores IFN- e TGF-β1
nas cápsulas dos CR e CD, considerando-se as avaliações tanto através dos escores de
imunomarcação (E) como através dos percentuais de células imunopositivas (P). Natal,
RN - 2012................................................................................................................................ 52
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Especificidade, fabricante, diluição, recuperação antigênica, tempo de
incubação e clone dos anticorpos primários utilizados no estudo ................................................. 32
Quadro 2 - Frequências dos dados referentes a gênero, cor da pele, localização da lesão e
sintomatologia dos casos de cisto radicular e cisto dentígero ....................................................... 37
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ALK5 – cinase semelhante ao receptor à activina-5
AP – proteína ativadora
BMP – proteína óssea morfogenética
CD – cisto dentígero
CR – cisto radicular
IFNs – Interferons
IFN- – interferon gama
IL – interleucina
JNK – c-Jun N-terminal kinase
MAPK – proteína quinase ativada por mitógeno
M-CSF - fator macrofágico estimulador de colônia
MHC classe II – complexo principal de histocompatibilidade classe II
NF-κB – fator nuclear κB
OPG – osteoprotegerina
RANK - receptor ativador do fator nuclear κappa β
RANKL - ligante do receptor ativador fator nuclear κappa β
SMAD – do inglês Mothers against decapentaplegic homolog, corresponde a fusão do nome do
gene Mothers against decapentaplegic com o do gene Sma.
STAT-1 – sinal transdutor e ativador de transcrição 1
T-bet – fator de transcrição T-box
TGF-β– fator de crescimento transformador beta
TNF-α - fator de necrose tumoral alfa
TRAF6 – fator 6 associado ao receptor de TNF
TβR (I ou II) - receptor tipo I ou II de TGF-β
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 16
2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................... 18
2.1 CISTO RADICULAR ................................................................................................ 18
2.2 CISTO DENTÍGERO ................................................................................................. 20
2.3 TECIDO ÓSSEO ........................................................................................................ 22
2.4 INTERFERON-GAMA (IFN-γ) ................................................................................ 23
2.5 FATOR DE CRESCIMENTO TRANSFORMADOR β1 (TGF-β1) ......................... 25
3 PROPOSIÇÃO ......................................................................................................... 29
4 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 30
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO ........................................................................ 30
4.2 POPULAÇÃO............................................................................................................. 30
4.3 AMOSTRA ............................................................................................................ ..... 30
4.4 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DA AMOSTRA .......................................................... 30
4.4.1 Critérios de inclusão ................................................................................................. 30
4.4.2 Critérios de exclusão ................................................................................................ 31
4.5 ESTUDO MORFOLÓGICO ...................................................................................... 31
4.6 COLETA DOS DADOS CLÍNICOS ......................................................................... 31
4.7 ESTUDO IMUNO-HISTOQUÍMICO ....................................................................... 31
4.7.1 Coloração pelo método imuno-histoquímico .......................................................... 32
4.7.2 Análise da marcação imuno-histoquímica ............................................................. 34
4.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA ......................................................................................... 35
4.9 IMPLICAÇÕES ÉTICAS .......................................................................................... 35
5 RESULTADOS ......................................................................................................... 36
5.1 ASPECTOS HISTOPATOLÓGICOS DA AMOSTRA SELECIONADA PARA O
ESTUDO ............................................................................................................ ........
36
5.2 ANÁLISE DESCRITIVA DE FREQUÊNCIA DOS DADOS .................................. 36
5.2.1 Distribuição dos dados por gênero, cor da pele, localização da lesão e
sintomatologia ...........................................................................................................
36
5.2.2 Distribuição dos dados por idade ............................................................................ 37
5.3 ANÁLISE DESCRITIVA DOS RESULTADOS IMUNO-HISTOQUÍMICOS 39
5.3.1 No epitélio .................................................................................................................. 39
5.3.1.1 Cistos radiculares ........................................................................................................ 39
5.3.1.2 Cistos dentígeros ........................................................................................................ 40
5.3.2 Na cápsula ................................................................................................................. 42
5.3.2.1 Cistos radiculares ........................................................................................................ 42
5.3.2.2 Cistos dentígeros ........................................................................................................ 45
5.4 ANÁLISES ESTATÍSTICAS .................................................................................... 49
5.4.1 Comparação entre os grupos de cistos CR e CD com relação a
imunoexpressão epitelial dos biomarcadores IFN- e TGF-β1 (teste de Mann-
Whitney)......................................................................................................................
49
5.4.2 Comparação entre os grupos de cistos CR e CD com relação a
imunoexpressão, em suas cápsulas, dos biomarcadores IFN- e TGF-β1 (teste
de Mann-Whitney)......................................................................................................
49
5.4.3 Comparação entre as imunoexpressões dos biomarcadores IFN- e TGF-β1
no epitélio e na cápsula dos CR (teste de Wilcoxon) ..............................................
50
5.4.3.1 No epitélio .................................................................................................................. 50
5.4.3.2 Na cápsula .................................................................................................................. 50
5.4.4 Comparação entre as imunoexpressões dos biomarcadores IFN- e TGF-β1
no epitélio e na cápsula dos CD (teste de Wilcoxon)...............................................
51
5.4.4.1 No epitélio .................................................................................................................. 51
5.4.4.2 Na cápsula .................................................................................................................. 51
6 DISCUSSÃO ............................................................................................................. 58
7 CONCLUSÕES.......................................................................................................... 66
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 67
APÊNDICES ............................................................................................................. 73
ANEXO....................................................................................................................... 81
16
1 INTRODUÇÃO
Os cistos são cavidades patológicas revestidas por epitélio e preenchidas por líquido,
células descamadas, ou outros materiais. De acordo com sua origem, os cistos podem ser
classificados em cistos de desenvolvimento, de origem desconhecida, e cistos inflamatórios,
oriundos de um processo inflamatório. Os cistos de desenvolvimento podem ser de vários tipos,
como o dentígero, odontogênico ortoceratinizado, gengival (alveolar) do recém-nascido, gengival
do adulto, periodontal lateral, odontogênico calcificante, além de odontogênico glandular. Já os
cistos inflamatórios compreendem os cistos periapicais (radiculares), periapicais residuais e o da
bifurcação vestibular (NEVILLE et al., 2009).
As lesões periapicais crônicas, que são caracterizadas por destruição óssea, ocorrem como
resultado da resposta imuno-inflamatória do hospedeiro a infecções bacterianas no canal
radicular. A infecção que se inicia no canal radicular progride para a região periapical através do
fluxo contínuo de microrganismos e seus produtos pelo forame apical (MENEZES et al., 2006;
VERNAL et al., 2006; KAWASHIMA et al., 2007; MENEZES et al., 2008). A mobilização dos
mecanismos de defesa na tentativa de eliminar o agente agressor pode também destruir o tecido
normal e induzir à reabsorção óssea, resultando no desenvolvimento de lesões inflamatórias no
osso maxilar, como os cistos radiculares (HREN E IHAN, 2009). Já os cistos dentígeros são
cistos de desenvolvimento, que se originam da separação entre o folículo e a coroa de um dente
não erupcionado. Sua patogênese é desconhecida, entretanto, acredita-se que ele se desenvolve
pelo acúmulo de líquido entre o epitélio reduzido do órgão do esmalte e a coroa do dente
(NEVILLE et al., 2009).
A reabsorção óssea ocasionada por essas lesões é iniciada pela proliferação de células
precursoras osteoclásticas imaturas e diferenciação das mesmas em células osteoclásticas
maduras que promovem a degradação dos componentes ósseos orgânicos e inorgânicos. Os
osteoclastos são células derivadas de monócitos/macrófagos e sua diferenciação é regulada
principalmente pelos seguintes fatores: M-CSF, RANK, RANKL e OPG (MENEZES et al.,
2006; MENEZES et al., 2008). A expressão de OPG e RANKL foi primeiramente detectada em
odontoblastos, ameloblastos, células da polpa e do ligamento periodontal (DA SILVA et al.,
2008). RANKL também tem sido identificado em cistos e tumores odontogênicos e em lesões
17
periapicais (TAY et al., 2004, DA SILVA et al., 2008; VERNAL et al. 2004; MENEZES et al.
2006).
A identificação do RANKL e da OPG e a elucidação da regulação do RANK no
desenvolvimento e ativação dos osteoclastos têm criado novas possibilidades para o
desenvolvimento de novas drogas para o tratamento da perda óssea (BAUD’HUIN et al., 2007;
ANDRADE et al., 2008). Sendo assim, sabendo-se do papel central que essas três proteínas
apresentam no processo de reabsorção óssea, pode-se inferir que outras moléculas que atuem
sobre a síntese das mesmas apresentem papéis igualmente importantes nesse processo. Teng et al.
(2005) sugeriram a existência de inter-relações complexas entre citocinas e
RANK/RANKL/OPG, que podem promover a osteoclastogênese. O IFN-γ tem sido implicado
como promotor da osteoclastogênese pela indução da síntese de RANKL (GAO et al., 2007;
TENG et al., 2005; KOTAKE et al., 2005). Por sua vez, o TGF-β1 também tem sido associado a
reabsorção óssea, pois tem se mostrado um fator indispensável na osteoclastogênese induzida por
RANKL (YASUI et al., 2011; FULLER et al., 2000). Apesar disso, de acordo com alguns
estudos, essas duas citocinas têm mostrado atividades contraditórias no metabolismo ósseo, a
saber: o IFN-γ tanto pode inibir como induzir a osteoclastogênese; e o TGF-β1 tanto pode
promover a osteoclastogênese como a osteoblastogênese (YASUI et al., 2011; GAO et al., 2007;
FULLER et al., 2000).
Esta pesquisa tem por objetivo avaliar a expressão imuno-histoquímica do IFN-γ e do
TGF-β1 em cistos radiculares e cistos dentígeros, o que pode sugerir a atuação dessas citocinas
como mediadores da reabsorção óssea, típica dessas lesões, assim como sua provável atuação
como moduladores dessa reabsorção, dado o seu potencial também osteoprotetor.
18
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 CISTO RADICULAR
Os cistos radiculares (CR), também denominados de cistos apicais, periapicais,
periodontais apicais ou perirradiculares, são lesões odontogênicas de natureza inflamatória
formados pela proliferação dos restos epiteliais odontogênicos contidos no granuloma periapical,
seguido de alterações degenerativas que dão origem a cavidade cística (NEVILLE et al., 2009;
NETO, DANESI, UNFER, 2004). A presença de um estímulo inflamatório é suficiente para a
formação do cisto que, histologicamente apresenta-se com uma cavidade delimitada por epitélio
pavimentoso estratificado não ceratinizado, preenchida por líquido e células descamadas. Mais
externamente, se encontra uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso (NEVILLE et al., 2009;
REGEZI, SCIUBBA, JORDAN, 2008).
Os cistos radiculares são os cistos mais comuns da região maxilofacial, representando
cerca de 55% dos cistos odontogênicos, e consistindo em 50 a 75% de todos os cistos
encontrados na literatura (NEVILLE et al., 2009; REGEZI, SCIUBBA, JORDAN, 2008; JONES,
CRAIG, FRANKLIN, 2006). Sua incidência entre as lesões periapicais varia de 6 a 55% (LIN,
HUANG, ROSENBERG, 2007). A distribuição por idade varia da terceira à sexta décadas da
vida, sendo relativamente rara a ocorrência na primeira década de vida, mesmo sendo frequentes
as lesões de cárie nesse período. A maioria dos casos ocorre em indivíduos do sexo masculino e,
quanto à localização, 60% ocorrem na maxila, especialmente na região anterior, seguida da
região maxilar posterior, região posterior de mandíbula e por último, região mandibular anterior
((NEVILLE et al., 2009; REGEZI, SCIUBBA, JORDAN, 2008; JONES;CRAIG;FRANKLIN,
2006).
As endotoxinas bacterianas oriundas de canais radiculares infectados são sugeridas como
potentes iniciadores da lesão periapical. As bactérias e seus produtos exercem uma ação direta
através da atividade mitogênica sobre as células epiteliais ou desempenham uma ação indireta
pela indução da produção de citocinas e fatores de crescimento que induzem a proliferação de
restos epiteliais, assim como atuam na expansão da lesão (DANIN et al., 2000; LIN, HUANG,
ROSENBERG, 2007). Os mecanismos responsáveis pela indução da proliferação epitelial e a
biologia do processo de crescimento e expansão do cisto estão associados a eventos
19
imunopatológicos. A reação imunológica de defesa na região periapical é caracterizada pela
participação de várias células inflamatórias como neutrófilos, macrófagos e linfócitos, que
sintetizam numerosos mediadores químicos da inflamação em resposta aos fatores irritativos
bacterianos como lipopolissacarídeos. Dentre esses mediadores estão as interleucinas (IL-1, IL-2,
IL-6, IL-8, IL-12), TNF-α, M-CSF, IFNs, TGF-β, óxido nítrico, prostaglandinas e
metaloproteinases, relacionados com a progressão e expansão da lesão (DANIN et al., 2000;
VERNAL et al., 2006; KAWASHIMA et al., 2007).
Diversas teorias tentam elucidar o processo de formação da cavidade cística. A teoria da
deficiência nutricional aponta que as ilhas epiteliais proliferantes tornam-se grandes, de maneira
que as células mais centrais perdem sua fonte de nutrição, sofrendo degeneração e liquefação
com formação da cavidade. Os restos celulares decompostos promovem um aumento na
concentração de proteínas, o que favorece o transporte de fluido do tecido conjuntivo adjacente
para o interior da cavidade, auxiliando o crescimento cístico (LIN, HUANG, ROSENBERG,
2007; NEVILLE et al., 2009).
Clinicamente, os CR caracterizam-se por serem uma lesão geralmente assintomática, a
menos que sofram reagudização. Geralmente não causam expansão da cortical óssea, porém em
alguns casos podem atingir dimensões consideráveis, causando uma tumefação dura e indolor. A
presença de um dente desvitalizado é determinante para seu diagnóstico, sendo assim os testes de
vitalidade pulpar do dente relacionado se mostram negativos. Cistos radiculares de longa duração
podem provocar reabsorção radicular, deslocamento ou mobilidade dos dentes próximos a ele.
Eles são frequentemente descobertos de maneira casual durante exames radiográficos de rotina e
apresentam-se radiograficamente como uma lesão radiolúcida bem definida, de formato redondo
a oval, associada ao ápice do dente acometido. Observa-se ainda perda de nitidez da lâmina dura
ao nível do ápice e uma margem radiopaca estreita delimitando o cisto, que se continua com a
lâmina dura acima da região apical (NEVILLE et al., 2009; REGEZI, SCIUBBA, JORDAN,
2008; NETO, DANESI, UNFER, 2004).
Histopatologicamente, os CR se apresentam revestidos por um epitélio pavimentoso
estratificado não ceratinizado, podendo apresentar exocitose, espongiose e hiperplasia. Seu lúmen
freqüentemente é preenchido por líquido e células descamadas. Sua cápsula consiste em tecido
conjuntivo fibroso denso, apresentando muitas vezes um infiltrado inflamatório de intensidade
variável, constituído por linfócitos, plasmócitos e neutrófilos. Por vezes podem ser vistos na
20
cápsula calcificações distróficas, extravasamento hemorrágico e imagens negativas de cristais de
colesterol associadas a células gigantes multinucleadas (NEVILLE et al., 2009; REGEZI,
SCIUBBA, JORDAN, 2008).
O tratamento dos CR varia desde procedimentos conservadores como tratamento
endodôntico até cirurgia apical ou exodontia (NEVILLE et al., 2009).
2.2 CISTO DENTÍGERO
O cisto dentígero (CD) é o segundo tipo mais comum dos cistos odontogênicos e o mais
comum entre os cistos odontogênicos de desenvolvimento, correspondendo a cerca de 20% de
todos os cistos dos ossos gnáticos (NEVILLE et al., 2009; REGEZI, SCIUBBA, JORDAN,
2008). Os cistos dentígeros são cistos odontogênicos de desenvolvimento, de origem
desconhecida, caracterizados por uma radiolucidez bem definida, geralmente associada a coroa
de um dente incluso, impedindo a sua erupção (NEVILLE et al., 2004; GONDIM et al., 2008).
Apesar dos cistos dentígeros serem considerados de desenvolvimento, alguns casos
apresentam características de patogênese inflamatória, como por exemplo, aqueles cistos que se
desenvolvem subjacente a dentes decíduos com lesões radiculares ou em terceiros molares
inferiores parcialmente erupcionados que desenvolvem lesões císticas ao longo da face distal ou
vestibular (NEVILLE et al., 2009).
Três teorias tentam explicar a etiologia dos cistos dentígeros. A primeira sugere que a
acumulação de fluido entre o epitélio reduzido do órgão do esmalte e a coroa de um dente
permanente resulta da pressão exercida pela erupção do dente sobre seu folículo dentário, o que
pode causar a saída de exsudato dos capilares em conseqüência da obstrução do retorno venoso.
A segunda teoria sugere que na sua trajetória de erupção, o dente permanente encontra um cisto
radicular oriundo do seu antecessor decíduo. Já a terceira teoria afirma que o cisto dentígero
poderia ser causado por uma inflamação do tecido periapical de um dente decíduo causada por
uma infecção periapical, que atingiria e estimularia o germe dental do dente permanente
subjacente, proporcionando acúmulo de líquido entre o epitélio reduzido do órgão do esmalte e a
coroa desse germe (GONDIM et al., 2008). Embora várias teorias tentem explicar a origem desse
cisto, sua etiologia permanece incerta (NEVILLE et al., 2009; GONDIM et al., 2008). Assim
como nos outros cistos, a expansão do cisto dentígero está relacionada com a proliferação
21
epitelial, síntese de fatores de reabsorção óssea e aumento da osmolaridade do fluido cístico
(REGEZI, SCIUBBA, JORDAN, 2008).
Eles se desenvolvem com maior freqüência na segunda e terceira décadas de vida,
havendo uma leve predileção pelo gênero masculino. Clinicamente, aparecem como lesões
geralmente assintomáticas, descobertas em radiografias de rotina, envolvendo principalmente
terceiros molares inferiores ou caninos superiores. Ele pode ocasionar uma expansão óssea na
região afetada, deslocamento do dente afetado e assimetria facial. O retardo da erupção de um
dente muitas vezes é um indicador de sua ocorrência (NEVILLE et al., 2009; REGEZI,
SCIUBBA, JORDAN, 2008). Radiograficamente, o cisto dentígero apresenta-se mais comumente
como uma lesão radiolúcida unilocular bem definida, envolvendo a coroa de um dente não
erupcionado. Porém, pode se apresentar como uma radiolucidez envolvendo parte da coroa e se
extendendo lateralmente ao longo da superfície radicular, ou ainda como uma radiolucidez
envolvendo toda a coroa e parte das raízes, de forma que quase todo o dente se localiza dentro do
cisto. Comumente, a área radiolúcida tem uma margem bem definida e muitas vezes esclerótica
(NEVILLE et al., 2009; REGEZI, SCIUBBA, JORDAN, 2008).
O exame histopatológico de um cisto dentígero não inflamado revela um revestimento
epitelial não ceratinizado constituído por 2 a 6 camadas de células delimitando o lúmen cístico, e
uma cápsula fibrosa de tecido conjuntivo frouxo, podendo conter ainda ilhas e cordões de epitélio
odontogênico. A interface epitélio-cápsula é plana. Porém, na presença de processo inflamatório,
o cisto dentígero apresenta uma cápsula mais colagenizada, apresentando um infiltrado
inflamatório crônico de intensidade variável. O limitante epitelial apresenta-se hiperplásico, com
desenvolvimento de projeções epiteliais e aspecto escamoso mais definido (REGEZI, SCIUBBA,
JORDAN, 2008; NEVILLE et al., 2009).
O diagnóstico deve ser feito com base nos critérios clínicos, radiográficos e
histopatológicos da lesão (REGEZI, SCIUBBA, JORDAN, 2008; NEVILLE et al., 2009;
GONDIM et al., 2008).
O tratamento geralmente inclui a enucleação do cisto e remoção do dente incluso.
Entretanto um tratamento mais conservador pode consistir na marsupialização do cisto e espera
da erupção espontânea do dente acometido (NEVILLE et al., 2009; GONDIM et al., 2008).
22
2.3 TECIDO ÓSSEO
O osso é um tecido dinâmico que é permanentemente remodelado num mecanismo
intrínseco que integra estímulos químicos, hormonais e biomecânicos. Ao longo da vida o tecido
ósseo sofre contínua remodelação por meio de um processo coordenado de reabsorção e
formação óssea. A reabsorção ocorre pela ação dos osteoclastos, células derivadas da linhagem
celular macrofágica, enquanto que a formação óssea se deve a ação dos osteoblastos, que são
células de origem mesenquimal. A maioria das doenças ósseas é causada por um distúrbio no
número e atividade das células osteoclásticas, resultando em inapropriada perda óssea que excede
a capacidade compensatória dos osteoblastos (HENERT et al., 2010). O aumento da atividade
osteoclástica é vista em numerosas desordens osteopênicas como a osteoporose pós-menopausa,
Doença de Paget, metástases ósseas e artrite reumatóide (FUKADA et al., 2009).
A atividade macrofágica é associada ao desenvolvimento de lesões no periápice dental e a
destruição óssea, através da secreção de citocinas osteorreabsortivas. Os macrófagos são
considerados a maior fonte de citocinas (IL-1α, IL-1β, TNF-α), metaloproteinases e
prostaglandinas, que contribuem para o processo inflamatório e o resultado destrutivo nas lesões
(VERNAL et al., 2006). Os Metabólitos do ácido araquidônico (via ciclooxigenase –
prostaglandinas e tromboxanos; e via lipooxigenase – leucotrienos) são encontrados em cistos
dentígeros e cistos radiculares. As prostaglandinas e o TNF-α, produzidos por macrófagos
ativados, são reconhecidos por estimularem a reabsorção óssea através do aumento da expressão
do RANKL em osteoblastos e células estromais (TAY et al., 2004).
Os osteoblastos induzem a diferenciação dos osteoclastos através do fator de
diferenciação osteoclástica (ODF), ou RANKL, em resposta a vários fatores estimuladores de sua
secreção. As células progenitoras osteoclásticas reconhecem o RANKL nos osteoblastos e,
através da interação célula-célula diferenciam-se em osteoclastos (KATAGIRI, TAKAHASI,
2002).
Citocinas inflamatórias e lipopolissacarídeos (LPS) estão diretamente envolvidos na
diferenciação e função osteoclástica. A IL-1 estimula diretamente a função osteoclástica e o
TNF-α estimula a diferenciação de progenitores osteoclásticos em osteoclastos na presença de M-
CSF (KATAGIRI, TAKAHASI, 2002; KAWASHIMA et al., 2007). Além dessas, várias outras
citocinas têm sido implicadas na osteoclastogênese e reabsorção óssea nos processos
23
inflamatórios, como por exemplo o IFN-γ e o TGF-β1. O IFN-γ possui a capacidade de induzir a
expressão de MHC classe II, e, portanto, de estimular a apresentação de antígenos aos linfócitos
T, provocando assim sua ativação e consequente liberação de fatores osteoclastogênicos como
RANKL e TNF-α (GAO et al., 2007) . Por sua vez, o TGF-β1 tem se mostrado um fator
indispensável na osteoclastogênese induzida por RANKL (YASUI et al., 2011; FULLER et al.,
2000). Apesar disso, essas duas citocinas têm mostrado atividades contraditórias no metabolismo
ósseo, a saber: o IFN-γ tanto pode inibir como induzir a osteoclastogênese; e o TGF-β1 tanto
pode promover a osteoclastogênese como a osteoblastogênese (YASUI et al., 2011; GAO et al.,
2007; FULLER et al., 2000).
2.4 INTERFERON-GAMA (IFN-γ)
A citocina IFN-γ é uma proteína homodimérica, produzida por células NK e linfócitos
TH1 CD4+
e T CD8+, que possui atividade antiviral e antiparasitária (SHIN et al., 2010; ABBAS,
LICHTMAN E PILLAI, 2008). Ela desempenha um papel importante na imunidade natural,
sendo secretada por células NK estimuladas por ligantes ativadores na superfície de células
hospedeiras infectadas ou lesadas, e indo atuar sobre os macrófagos, ativando-os para eliminação
de microrganismos fagocitados. Já na imunidade adquirida, os linfócitos T secretam o IFN-γ,
após serem estimulados pelo reconhecimento antigênico, com a mesma função de ativar os
macrófagos. Em ambas as respostas imunológicas a secreção de IFN-γ é estimulada pelas
citocinas IL-12 e IL-18, produzidas por macrófagos ativados (MUNK et al., 2011; ABBAS,
LICHTMAN E PILLAI, 2008).
O IFN-γ é considerado a citocina de assinatura dos linfócitos efetores Th1, uma vez que
promove a expressão de T-bet, um fator de transcrição considerado o regulador mestre da
diferenciação de linfócitos T CD4+
naïves em linfócitos efetores Th1, ao mesmo tempo em que
inibe a formação de células Th2. Após a exposição dos linfócitos T CD4+
naïves ao IFN-γ, ocorre
a ativação do fator de transcrição STAT1, que, por sua vez, promove a expressão de T-bet. O T-
bet, então, atua promovendo a transcrição do gene IFN-γ. Desta forma, a estimulação do IFN-γ
promove a expressão de T-bet e o T-bet promove a síntese de IFN-γ de maneira que este ciclo
vicioso compromete as células T CD4+
naïves a desenvolverem o fenótipo Th1 de linfócitos
efetores. Além disso, o T-bet tem a capacidade de se ligar a GATA-3, inibindo assim a sua
24
capacidade de promover a transcrição gênica de citocinas Th2, como IL-4 (SHIN et al., 2010;
ABBAS, LICHTMAN E PILLAI, 2008; PENG, 2006). Os linfócitos Th1 CD4+
regulam as
respostas imunológicas mediadas por células, marcadas pela produção de citocinas pró-
inflamatórias, tais como IFN-γ, TNF-α, IL-2 e IL-12, que têm o potencial de promover destruição
tecidual (SHIN et al., 2010; QUEIROZ-JUNIOR et al., 2010). Os efeitos destas citocinas sobre o
metabolismo ósseo têm sido amplamente estudados, sobretudo a participação do IFN-γ, que tem
mostrado atividades contraditórias sobre a osteoclastogênese, podendo atuar tanto promovendo
como inibindo a reabsorção óssea (GAO et al., 2007; QUEIROZ-JUNIOR et al., 2010). O IFN-γ
suprime a diferenciação osteoclástica induzida por RANKL, a partir das células precursoras de
osteoclastos, assim como a função de osteoclastos maduros, por induzir a rápida degradação de
TRAF6, o que resulta em forte inibição da ativação dos fatores de transcrição NF-κB e JNK,
desta forma, comprometendo a cascata de sinalização para a síntese de genes específicos de
osteoclastos. Sob esse aspecto, o IFN-γ age como uma citocina osteoprotetora (GAO et al., 2007;
QUEIROZ-JUNIOR et al., 2010; Ji et al., 2009). Por outro lado, o IFN-γ é o indutor fisiológico
da expressão de MHC classe II e, portanto, da apresentação de antígenos. Como resultado, ele é
capaz de provocar a ativação de células T, que, por sua vez, realizam a secreção dos fatores
osteoclastogênicos RANKL e TNF-α, desta forma funcionando como uma citocina indutora de
reabsorção óssea. Sendo assim, esses dados sugerem que o IFN-γ apresenta o potencial tanto de
inibir diretamente a diferenciação osteoclástica, por meio de uma atuação direta sobre as células
precursoras de osteoclastos (através da degradação de TRAF6), como de promover a
osteoclastogênese indiretamente, através da estimulação da apresentação de antígenos e
consequente ativação de linfócitos T para produzirem fatores osteoclastogênicos. Portanto, o
efeito final do IFN-γ sobre o tecido ósseo se deve ao desequilíbrio entre suas ações osteoprotetora
e osteorreabsortiva, que, sob circunstâncias inflamatórias e infecciosas, é favorável a reabsorção
óssea (GAO et al., 2007; KOTAKE et al., 2005).
O impacto das respostas imunológicas mediadas por células Th1 e Th2 na reabsorção
óssea associada a lesões periapicais ainda não é totalmente compreendido, e vários trabalhos têm
mostrado resultados controversos a esse respeito. A reabsorção óssea em processos inflamatórios
pode ser estimulada in vivo por citocinas secretadas por células Th1, como IFN-γ, e reprimida por
citocinas secretadas por células Th2, como IL-10 e IL-4 (FUKADA et al., 2009; HREN E IHAN,
2009). Por outro lado, tem sido relatado que tanto a resposta Th1 como a Th2 podem ter efeitos
25
inibitórios sobre a reabsorção óssea (FUKADA et al., 2009; ALAYAN, IVANOVSKI, FARAH,
2007; SATO et al., 2006).
A expressão de IFN-γ em cistos radiculares tem sido observada em estudos que comparam
o perfil das respostas imunológicas Th1 e Th2 entre cistos radiculares e outras lesões
odontogênicas, principalmente granulomas periapicais.
Fukada et al. (2009), observaram que a expressão de IFN-γ foi semelhante entre cistos
radiculares e granulomas periapicais, porém os cisto radiculares, por apresentarem maior
expressão de GATA-3, exibiram predominância de resposta Th2 e, portanto, menor atividade
osteorreabsortiva que os granulomas periapicais, que apresentaram maior resposta Th1, uma vez
que exibiram maior expressão de T-bet. O trabalho de Teixeira-Salum et al. (2010) mostrou
prevalência de IFN-γ em cistos radiculares em relação a granulomas periapicais, e associou sua
ocorrência a reabsorção óssea periapical ocasionada por estes cistos. Hren e Ihan (2009),
comparando a resposta inflamatória de cistos radiculares com a de granulomas periapicais (GP)
ocasionados por Streptococcus (GP-S) ou por bactérias anaeróbias (GP-A), observaram que a
produção de IFN-γ em cistos radiculares é maior que em GP-S, mas é semelhante a de PG-A.
Eles concluíram que infecções provocadas por bactérias anaeróbias provocam uma resposta
inflamatória Th1, e, portanto, com maior poder osteorreabsortivo. Por sua vez, Walker et al.
(2000), observaram, em cistos radiculares e granulomas periapicais, uma pequena quantidade de
células IFN-γ+ comparada à quantidade de células expressando IL-4, IL-6 e IL-10. Portanto, eles
concluíram que a predominância da resposta inflamatória Th2 em cistos radiculares e granulomas
periapicais tem papel fundamental na modulação da resposta inflamatória e resolução destas
lesões.
Trabalhos que relatem a expressão imuno-histoquímica do IFN-γ em cistos dentígeros não
foram encontrados durante a revisão da literatura do presente trabalho.
2.5 FATOR DE CRESCIMENTO TRANSFORMADOR β1 (TGF-β1)
A super família TGF-β consiste em uma família de citocinas diméricas estruturalmente
relacionadas, com representantes em diversos organismos como mamíferos e invertebrados. A
super família inclui a família TGF-β, BMPs, fatores de crescimento e diferenciação, activinas,
inibinas e hormônio anti-Müllerian, que desempenham importantes papéis na regulação da
26
proliferação e diferenciação celular, e possuem funções essenciais durante a embriogênese
(JANSSENS et al., 2005; SHI, MASSAGUE´, 2003). A família TGF-β é representada por três
moléculas intimamente relacionadas, originadas a partir de um ancestral comum, porém
codificadas por genes diferentes. As três isoformas são TGF-β1, TGF-β2 e TGF-β3, que
apresentam grande similaridade no domínio C-terminal, com nove resíduos de cisteína
conservados. Porém, apesar dessa alta homologia de sequência, estudos in vivo das funções
dessas três isoformas, através de genes knockouts, revelaram diferenças impressionantes,
demonstrando ausência de redundância das suas funções. De modo geral, TGF-β1 é a isoforma
mais abundante, sendo produzida principalmente pelo tecido ósseo e células como plaquetas,
eosinófilos, linfócitos T estimulados por antígeno e fagócitos mononucleares ativados por LPS,
além de osteoclastos e osteoblastos, dentre outras (JANSSENS et al., 2005; ABBAS,
LICHTMAN e PILLAI, 2008; DANIN et al., 2000; TYLER et al., 1999).
TGF-β1 regula uma grande quantidade de processos biológicos como proliferação,
sobrevivência, diferenciação, reconhecimento, apoptose e migração celular, e produção de matriz
extra-celular, apresentando assim funções importantes nas respostas imunológicas, angiogênese,
cicatrização de lesões, desenvolvimento do organismo e metabolismo ósseo. Sendo assim, devido
a grande diversidade de processos nos quais TGF-β1 está envolvido, fica clara a grande
importância desta citocina durante a embriogênese e na manutenção da homeostase de tecidos
durante a vida (JANSSENS et al., 2005; SHI, MASSAGUE´, 2003; EHNERT et al., 2010). No
caso de lesões inflamatórias periapicais, o TGF-β1 tem sido relacionado a modulação da resposta
inflamatória e ao processo de reparo das mesmas (GAZIVODA et al., 2009; DANIN et al., 2000;
TYLER et al., 1999).
O TGF-β1 é sintetizado como uma proteína latente, constituída por três partes distintas: o
peptídeo sinal, o peptídeo associado a latência (LAP), e o peptídeo maduro. O LAP confere
latência ao TGF-β1 por impedir os epítopos do peptídeo maduro de interagirem com os
receptores de TGF-β1. O complexo formado pelo LAP associado ao peptídeo maduro é chamado
de complexo latente pequeno (SLC) e pode se tornar associado a uma proteína latente ligadora de
TGF-β (LTBP) para formar o complexo latente grande (LLC). Neste contexto, a LTBP tem um
papel importante na secreção e armazenamento do LLC na matriz extra-celular, através de
interações com a mesma. Apesar da maioria das células secretarem TGF-β1 como parte do LLC,
as células ósseas secretam predominantemente o SLC. Somado a isso, tem sido observado que
27
nenhum outro tecido apresenta a grande quantidade de SLC como o tecido ósseo, o que sugere
uma importante função para esta forma de apresentação do TGF-β1 no osso, provavelmente
funcionando como um pool de TGF-β1 prontamente disponível (EHNERT et al., 2010;
JANSSENS et al., 2005).
A ativação do TGF-β1 é promovida por processos enzimáticos que provocam a liberação
do LLC da matriz extra-celular, bem como a degradação da LAP ou ruptura das ligações não
covalentes entre LAP e o peptídeo maduro, possibilitando desta forma a interação dos epítopos
deste último com os receptores de TGF-β1. No tecido ósseo essa ativação se dá devido a
acidificação local proporcionada pelos osteoclastos, que provoca a quebra das ligações não
covalentes entre LAP e o peptídeo maduro, e provavelmente também pela ação de proteases
liberadas por essas células (EHNERT et al., 2010; JANSSENS et al., 2005).
Para exercer suas diversas funções após sua ativação, o TGF-β1 interage com seus
receptores, que correspondem a duas proteínas transmembrana que apresentam um domínio
serina/treoniona cinase citoplasmático: TβRI (ou ALK5) e TβRII (SHI, MASSAGUE´, 2003). A
ligação do TGF-β1 ao TβRII promove o recrutamento e fosforilação do TβRI, que, por sua vez,
provoca a ativação de cascatas de sinalização tanto pela via Smad como pela via não Smad. Na
via Smad, o Smad 2 e o Smad 3 ativados se ligam ao Smad 4, e o complexo Smad 2/3/4 migra
para o núcleo, onde vai atuar auxiliando a transcrição gênica. Já na via não Smad, estão
envolvidas várias vias Smad independentes, tais como ramos de MAPK (YASUI et al., 2011;
ZHOU, 2011; EHNERT et al., 2010). É através dessas vias que o TGF-β1 promove seus efeitos
sobre o tecido ósseo (JANSSENS et al., 2005).
Ao longo da vida o tecido ósseo sofre contínua remodelação através do equilíbrio entre
processos de reabsorção e formação óssea, realizados por osteoclastos e osteoblastos,
respectivamente. O desequilíbrio desse balanço pode provocar a perda patológica de massa óssea,
vista, por exemplo, na osteoporose (EHNERT et al., 2010). Existem muitas evidências de que o
TGF-β1 está envolvido na fisiologia das células ósseas. Apesar dele ser considerado um
estimulador de formação óssea, através da indução da osteoblastogênese (ZHOU, 2011), muitos
estudos têm mostrado que ele também é um potente estimulador da osteoclastogênese e da
reabsorção óssea (FULLER et al., 2000; MCGOWAN et al., 2003). Sendo assim, por apresentar a
capacidade de promover ou inibir tanto a osteoclastogênese como a osteoblastogênese
28
(EDWARDS et al., 2010), o TGF-β1 pode ser considerado uma citocina com potenciais tanto
osteoprodutivo, como osteorreabsortivo.
Yasui et al. (2011) e Fuller et al. (2000) concluíram em seus estudos que o TGF-β1 é
indispensável na osteoclastogênese induzida por RANKL. Por outro lado, Tachi et al. (2010)
observaram que o TGF-β1 funciona como um grande potencializador da formação de osso
ectópico induzida por BMP-2. Já, Ehnert et al. (2010) investigaram a hipótese de que o aumento
dos níveis séricos de TGF-β1 a longo prazo em doenças crônicas como osteodistrofia hepática ou
renal deve ser um potencial indutor da perda de densidade óssea associada a essas doenças. Em
seu estudo eles investigaram os efeitos do TGF-β1 sobre osteoblastos humanos durante um
período de cultura de 20 dias e observaram que, apesar do TGF-β1 induzir a proliferação dos
osteoblastos nos estágios iniciais do experimento, a contínua estimulação dessas células
desenvolveu eventos desfavoráveis a ação osteoblástica como diminuição da atividade de AP e
dos níveis de BMP-2, assim como aumento da expressão de RANKL, o que ocasionou perda de
função dessas células. Esses efeitos do TGF-β1 poderiam explicar a perda de densidade óssea em
pacientes com doenças inflamatórias crônicas, que apresentam níveis séricos elevados de TGF-β1
por longos períodos de tempo.
Sendo assim, diante dessas informações contrastantes a respeito dos efeitos do TGF-β1
sobre o tecido ósseo, Edwards et al. (2010) relataram que apesar da grande quantidade de
trabalhos que descrevem os efeitos do TGF-β no tecido ósseo, um consenso sobre a verdadeira
função dessa proteína sobre a biologia das células ósseas e sobre a remodelação do tecido ósseo
ainda não foi estabelecido.
29
3 PROPOSIÇÃO
O propósito do presente estudo é avaliar e comparar a expressão imuno-histoquímica do
IFN-γ e do TGF-β1 entre cistos radiculares e cistos dentígeros com o objetivo de compreender o
papel e o comportamento dessas proteínas no processo de expansão destes cistos .
30
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO
Este estudo observacional retrospectivo caracterizou-se por uma análise descritiva dos
dados clínicos de pacientes apresentando CR e CD, assim como uma análise comparativa da
expressão imuno-histoquímica dos biomarcadores IFN-γ e TGF-β1 no epitélio e cápsula desses
cistos radiculares e cistos dentígeros.
4.2 POPULAÇÃO
Todos os casos de cistos radiculares e cistos dentígeros pertencentes ao arquivo do serviço
de Anatomia Patológica do Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN), Natal-RN, Brasil.
4.3 AMOSTRA
A amostra do estudo foi constituída por 40 espécimes fixados em formol a 10% e
incluídos em parafina, obtidos e selecionados dentre todos os casos registrados no serviço de
Patologia Oral da UFRN, sendo 20 espécimes de cistos radiculares e 20 espécimes de cistos
dentígeros.
4.4 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DA AMOSTRA
4.4.1 Critérios de inclusão
Foram incluídos na amostra os espécimes de cisto radicular e cisto dentígero que
continham informações sobre dados clínicos dos pacientes, e que exibiam características
histológicas bem definidas pertinentes a cada lesão, sendo a presença do revestimento epitelial e
da cápsula critérios para inclusão na amostra para o estudo imuno-histoquímico.
31
4.4.2 Critérios de exclusão
Foram excluídos do estudo os espécimes com material insuficiente para análise imuno-
histoquímica e os casos que apresentavam poucas informações clínicas dos pacientes. Também
foram excluídos os casos de cisto dentígero inflamatório.
4.5 ESTUDO MORFOLÓGICO
Para o estudo morfológico, examinaram-se sob microscopia de luz (OLIMPUS CH30), as
lâminas que haviam sido submetidas previamente a cortes histológicos de 5μm de espessura e
coradas pela técnica da hematoxilina/eosina. Foi avaliado o tipo de revestimento epitelial, que
enquadrava o espécime como caso de cisto radicular ou cisto dentígero.
4.6 COLETA DOS DADOS CLÍNICOS
Após a seleção dos casos, os dados clínicos dos pacientes foram coletados por meio de
uma ficha clínica (Apêndice A), que averiguava informações sobre gênero, cor da pele, idade,
bem como localização da lesão, sintomatologia e diagnóstico histopatológico. Os dados foram
obtidos das fichas que acompanham o material para exame anátomo-patológico.
4.7 ESTUDO IMUNO-HISTOQUÍMICO
Para o estudo imuno-histoquímico, os espécimes emblocados em parafina foram
submetidos a cortes de 3 m de espessura, que, por sua vez, foram dispostos em lâminas de vidro
previamente preparadas com adesivo à base de organosilano (3-aminopropiltrietoxisilano, Sigma
Chemical Co., St. Louis, MO, USA). Posteriormente, os cortes foram submetidos à técnica de
coloração imuno-histoquímica através do método da Estreptoavidina-Biotina (LSAB, do inglês
labeled streptoavidin-biotin), utilizando os anticorpos primários anti-IFN-γ e anti-TGF-β1
(Quadro 1).
32
Quadro 1 Especificidade, fabricante, diluição, recuperação antigênica, tempo de incubação e clone
dos anticorpos primários utilizados no estudo.
Especificidade Fabricante Diluição Recuperação
antigênica
Tempo de
Incubação Clone
IFN-γ Santa Cruz
Biotechnology 1:200
Pepsina pH 1,8 a 1%,
estufa a 37°C, 60’ Overnight SC-8308
TGF-β1 Santa Cruz
Biotechnology 1:700
Pepsina pH 1,8 a 1%,
estufa a 37°C, 60’ Overnight
SC-146
4.7.1 Coloração pelo método imuno-histoquímico
Como controle positivo para os anticorpos foram utilizados cortes histológicos de lesões
centrais de células gigantes. O controle negativo foi estabelecido pela substituição do anticorpo
primário por albumina de soro bovino (BSA) a 1% em solução tampão.
A técnica utilizada seguiu o protocolo descrito abaixo:
Desparafinização: 2 banhos em xilol, à temperatura ambiente (10 minutos cada);
Re-hidratação em cadeia descendente de etanóis:
Álcool etílico absoluto I (5 minutos);
Álcool etílico absoluto II (5 minutos);
Álcool etílico absoluto III (5 minutos);
Álcool etílico 95°GL (5 minutos);
Álcool etílico 80°GL (5 minutos);
Remoção de pigmentos formólicos com hidróxido de amônia a 10% em etanol 95°, à
temperatura ambiente (10 minutos);
Lavagem em água corrente (10 minutos)
Duas passagens em água destilada (5 minutos cada);
33
Recuperação antigênica;
Lavagem em água corrente (10 minutos);
Duas passagens em água destilada (5 minutos cada);
Duas incubações dos cortes em solução de peróxido de hidrogênio 3% 10 volumes, em
proporção de 1/1, para o bloqueio da peroxidase endógena tecidual (10 minutos cada);
Lavagem em água corrente (10 minutos);
Duas passagens em água destilada (5 minutos cada);
Duas passagens em solução tampão TRIS-HCl (Sigma Chemical Co., St. Louis, MO, USA)
pH 7,4 (5 minutos cada);
Incubação dos cortes com anticorpos primários, em solução diluente (Antibody diluent with
background reducing components, Dako North America Inc., Carpinteria, CA, USA);
Duas passagens em solução de Tween 20 a 1% em TRIS-HCl pH 7,4 (5 minutos cada);
Incubação com anticorpo secundário (Biotinylated link universal, DAKO, A/S, Gloustrup,
Dinamarca +System, diluição 1:200) durante 30 minutos;
Duas passagens em solução de Tween 20 a 1% em TRIS-HCl pH 7,4 (5 minutos cada);
Incubação com o sistema LSAB para IFN-γ e TGF-β1;
Duas passagens em solução tampão TRIS-HCL pH 7,4 (5 minutos cada);
Revelação da reação com solução cromógena de 3,3-diaminobenzidina (Liquid DAB+
Substrate, Dako North America Inc., Carpinteria, CA, USA) (10 minutos);
Lavagem em água corrente (10 minutos);
Passagens rápidas em água destilada (2 trocas);
Contracoloração com hematoxilina de Mayer, à temperatura ambiente (10 minutos);
Desidratação em cadeia ascendente de etanóis:
Álcool etílico 80°GL (2 minutos);
Álcool etílico 95°GL (2 minutos);
Álcool etílico absoluto I (5 minutos);
Álcool etílico absoluto II (5 minutos);
Álcool etílico absoluto III (5 minutos);
Duas passagens em xilol (2 minutos cada);
Montagem da lamínula em resina Permount® (Fisher Scientific Inc., Fair Lawn, NJ, USA).
34
4.7.2 Análise da marcação imuno-histoquímica
Para análise imuno-histoquímica dos antígenos em todos os espécimes incluídos na
amostra, o parâmetro consistiu na positividade da marcação, sendo consideradas positivas as
células que exibiram coloração acastanhada no núcleo ou no citoplasma. Após o tratamento
imuno-histoquímico, as células imunorreativas foram analisadas quantitativamente. A expressão
imuno-histoquímica de IFN- e TGF-β1 foi avaliada no revestimento epitelial e na cápsula cística
dos cistos radiculares e cistos dentígeros.
No epitélio, a análise foi semi-quantitativa de acordo com o método proposto por
Leonardi et al. (2003), com algumas modificações relativas aos escores de imunomarcação. Neste
método, a imunomarcação epitelial foi classificada de acordo com os seguintes parâmetros, em
um aumento de 400X: ≤ 10% de células imunomarcadas (escore 0); marcação em 11 a 25% das
células (escore 1); marcação em 26 a 75% das células (escore 2); e, marcação em mais de 75%
das células (escore 3) (Apêndice B). Para obtenção do escore (E) em cada caso, foi analisada toda
a extensão do epitélio cístico disponível na lâmina histológica. Os resultados foram obtidos
avaliando-se a frequência dos escores e a média relativa aos escores dos 20 casos.
Na cápsula, a análise das células imunorreativas foi quantitativa, e realizada de acordo o
método proposto por Menezes et al. (2006). Para cada caso de CR e CD, foi estabelecido o
percentual (P) de células imunopositivas (+) sobre o total de células contadas em 10 campos
consecutivos, utilizando-se um aumento de 1000X. Esse percentual foi obtido por meio da
divisão do número de células imunopositivas pelo número total de células contadas nos 10
campos. Para a contagem das células, os campos selecionados foram fotografados utilizando-se
microscópio de luz OLYMPUS® com máquina fotográfica digital OLYMPUS® acoplada. Estas
imagens foram transferidas para o computador através do sistema OLYMPUS Master v.1.41 EX,
e as células contadas com o auxílio do software IMAGE J® (National Institutes of Health,
Bethesda, Maryland, USA). Tendo-se obtido o percentual de células imunopositivas (P), atribuiu-
se um escore (E) para cada caso, levando-se em conta o padrão do escore utilizado para o
epitélio, sendo: escore 0 (≤ 10% de células imunomarcadas); 1 (marcação em 11 a 25% das
35
células); 2 (marcação em 26 a 75% das células); e 3 (marcação em mais de 75% das células)
(Apêndices C, D, E, F).
Estes procedimentos de contagem foram realizados para os dois imunomarcadores, IFN-
e TGF-β1, em ambas as lesões.
4.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Com o intuito de testar as hipóteses aventadas na presente pesquisa, os resultados obtidos
foram submetidos a testes estatísticos apropriados. Os dados coletados foram digitados em
planilhas eletrônicas do Excel (Microsoft Office 2007 for Windows) e, posteriormente,
transferidos para o programa SPSS (Statistical for Social Science version 17.0 for Windows-SPSS
Inc. Chicago, Illinois, 2007) para análises estatísticas.
Para os dados clínicos, realizou-se uma análise descritiva dos dados. Já, para análise da
associação dos escores de imunomarcação dos biomarcadores (IFN- e TGF-β1) no epitélio com
o tipo de lesão (CR e CD), assim como, para a associação dos escores e percentuais de
imunomarcação dos biomarcadores na cápsula cística com o tipo de lesão, foi realizado o teste
estatístico de Mann-Whitney.
Por sua vez, para análise da correlação entre os escores de imunomarcação dos
biomarcadores (IFN- e TGF-β1) no epitélio dos CR e dos CD, assim como para a correlação
entre os escores e percentuais de imunomarcação dos biomarcadores na cápsula dos CR e dos
CD, foi realizado o teste estatístico de Wilcoxon.
Para todos os testes estatísticos foi estabelecido o nível de significância de 5% (p 0,05).
4.9 IMPLICAÇÕES ÉTICAS
O projeto de pesquisa desenvolvido foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, de acordo com a resolução 196/96 do CNS,
segundo protocolo 185/11-P CEP/UFRN e CAAE n° 0210.0.051.000-11.
36
5 RESULTADOS
5.1 ASPECTOS HISTOPATOLÓGICOS DA AMOSTRA SELECIONADA PARA O ESTUDO
Em nosso estudo os achados histopatológicos dos casos diagnosticados como CR
caracterizam-se pela presença de um revestimento epitelial pavimentoso estratificado não
ceratinizado, variando muito em sua espessura, sendo na maioria dos casos hiperplásico (Figura
3), exibindo áreas de exocitose, espongiose, degeneração hidrópica e apresentando, em alguns
casos, projeções arciformes, além de células mucosas e ciliadas. As cápsulas constituem-se de
tecido conjuntivo fibroso denso, contendo quantidades variáveis de células inflamatórias, no
entanto, apresentando na maioria dos casos um intenso infiltrado inflamatório
predominantemente mononuclear. Além disso, observam-se, em alguns casos, imagens negativas
de cristais de colesterol. Os casos de CD caracterizam-se por um revestimento epitelial
pavimentoso estratificado não ceratinizado, com poucas camadas de células, se mostrando
portanto, na maioria dos casos, atrófico. As cápsulas constituem-se de tecido conjuntivo fibroso
de densidade variável, exibindo áreas de hemorragia, pigmentação por hemossiderina e, na
maioria dos casos, um leve infiltrado inflamatório mononuclear (Figura 4). Em alguns casos,
observam-se ainda ninhos de epitélio odontogênico dispersos na cápsula.
5.2 ANÁLISE DESCRITIVA DE FREQUÊNCIA DOS DADOS
Embora haja certa variação na distribuição dos dados por idade, cor da pele, gênero e
localização das lesões, os dados clínicos e histopatológicos serviram para traçar o universo dos
grupos selecionados para o estudo. Os dados clínicos relativos a cada caso foram coletados e os
resultados dispostos no Quadro 2.
5.2.1 Distribuição dos dados por gênero, cor da pele, localização da lesão e sintomatologia
37
Quadro 2 Frequências dos dados referentes a gênero, cor da pele, localização da lesão e
sintomatologia dos casos de cisto radicular e cisto dentígero.
VARIÁVEIS
LESÕES
CR n (%) CD n (%)
Gênero
Feminino 11 (55%) 9 (45,0%)
Masculino 9 (45,0%) 11 (55,0%)
Total n (%) 20 (100,0%) 20 (100,0%)
Cor da pele
Leucoderma 16 (80,0%) 12 (60,0%)
Feoderma 3 (15,0%) 2 (10,0%)
Melanoderma 1 (5,0%) 4 (20,0%)
Total n (%) 20 (100,0%) 18 (90,0%)
Localização
Maxila anterior 9 (45,0%) 7 (35,0%)
Maxila Posterior 1 (5,0%) 1 (5,0%)
Mandíbula Anterior 3 (15,0%) 0 (0,0%)
Mandíbula Posterior 5 (25,0%) 10 (50%)
Total n (%) 18 (90,0%) 18 (90,0%)
Sintomatologia
Assintomático 12 (60,0%) 13 (65,0%)
Sintomático 4 (20,0%) 5 (25,0%)
Total n (%) 16 (80,0%) 18 (90%)
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral (UFRN).
Legenda: CR – cisto radicular; CD – cisto dentígero
5.2.2 Distribuição dos dados por idade
Para os CR a idade variou de 13 a 70 anos (Figura 1) (média: 32,5 anos; desvio-padrão:
13,67 anos).
38
Para os CD a idade variou de 9 a 60 anos (Figura 2) (média: 24,79 anos; desvio-padrão:
12,35 anos).
Figura 1 Frequências dos dados relativos a idade nos casos de CR.
Figura 2 Frequências dos dados relativos a idade nos casos de CD (*dado não informado
na ficha clínica).
*
39
5.3 ANÁLISE DESCRITIVA DOS RESULTADOS IMUNO-HISTOQUÍMICOS
Em ambas as lesões, tanto o IFN- como o TGF-β1, marcaram os seguintes tipos de
células: células epiteliais, células endoteliais, fibroblastos, linfócitos, plasmócitos, neutrófilos e
células da linhagem monocítico-macrofágica. O padrão de marcação dos dois imunomarcadores
nas duas lesões foi predominantemente citoplasmático em todas essas células, embora, por vezes,
as mesmas exibissem marcação nuclear, principalmente as células epiteliais, plasmócitos e
células da linhagem monocítico-macrofágica. Além disso, tanto o IFN- como o TGF-β1,
apresentaram um padrão de marcação da matriz extra-celular em alguns casos nos dois grupos de
lesões. Para uma melhor compreensão dos resultados, eles foram divididos em análises dos
resultados no epitélio e na cápsula dos cistos.
5.3.1 No epitélio
5.3.1.1 Cistos radiculares
A expressão imuno-histoquímica do IFN- e do TGF-β1 localizou-se no citoplasma e por
vezes no núcleo das células do revestimento epitelial dos cistos radiculares (figuras 5 e 6).
A frequência dos escores de imunomarcação para o IFN- foi de 17 casos com escore 3, o
que corresponde a 85% dos casos, seguidos de 3 casos (15%) com escore 2. Para o TGF-β1
houve uma freqüência de 15 casos (75%) com escore 3, seguidos de 4 casos (20%) com escore 2,
e 1 caso (5%) com escore 1. (tabela 1)
Portanto, após analisar as frequências dos escores de imunomarcação, observa-se que
houve um predomínio do escore 3 (isto é, mais de 75% de células imunomarcadas), tanto para o
IFN- como para o TGF-β1 no epitélio dos cistos radiculares.
A média dos escores de imunomarcação ( um desvio padrão) do IFN- no epitélio dos
cistos radiculares foi de 2,85 0,36. Já a do TGF-β1 foi de 2,7 0,57.
40
5.3.1.2 Cistos dentígeros
A expressão imuno-histoquímica do IFN- e do TGF-β1 localizou-se no citoplasma e por
vezes no núcleo das células do revestimento epitelial dos cistos dentígeros (figuras 7 e 8).
A frequência dos escores de imunomarcação para o IFN- foi de 15 casos com escore 3, o
que corresponde a 75% dos casos, seguidos de 4 casos (20%) com escore 2, e 1 caso (5%) com
escore 1. Para o TGF-β1 houve 17 casos (85%) com escore 3, seguidos de 2 casos (10%) com
escore 2, e 1 caso (5%) com escore 1 (tabela 1).
Portanto, após analisar as frequências dos escores de imunomarcação, observa-se que
houve um predomínio do escore 3 (isto é, mais de 75% de células imunomarcadas), tanto para o
IFN- como para o TGF-β1 no epitélio dos cistos dentígeros.
A média dos escores de imunomarcação ( um desvio padrão) do IFN- no epitélio dos
cistos dentígeros foi de 2,7 0,57. Já a do TGF-β1 foi de 2,8 0,52.
41
Tabela 1 Distribuição dos escores da marcação imuno-histoquímica para os anticorpos anti-IFN-
e anti-TGF-β1 no epitélio dos cistos radiculares e dos cistos dentígeros. Natal, RN – 2012.
Casos
CISTO RADICULAR CISTO DENTÍGERO
IFN- TGF-β1 IFN- TGF-β1
E E E E
1 3 3 3 3
2 3 3 3 3
3 3 3 3 3
4 3 3 3 3
5 2 1 3 3
6 3 3 3 3
7 3 3 2 2
8 3 3 3 3
9 3 3 3 3
10 3 3 3 3
11 3 2 3 3
12 3 2 3 2
13 3 3 2 3
14 2 2 2 3
15 3 3 3 3
16 3 2 1 1
17 3 3 3 3
18 2 3 2 3
19 3 3 3 3
20 3 3 3 3
Legenda: E – escore de imunomarcação
42
5.3.2 Na cápsula
Para todos os casos de CR e CD foi estabelecido o percentual de células imunopositivas
sobre o total de células contadas nos 10 campos. Esse percentual foi obtido por meio da divisão
do número de células marcadas (imunopositivas) pelo número total de células contadas nos 10
campos de cada caso. Esses percentuais foram identificados como PIFN-γ e PTGF-β1 para IFN- e
TGF-β1, respectivamente. De posse desses percentuais, foram estabelecidos adicionalmente
escores de imunomarcação (E) para a cápsula de cada caso dos dois grupos de cisto, a
semelhança do que foi feito para o epitélio, considerando-se os mesmos parâmetros de
quantidade (em porcentagem) de células imunomarcadas.
5.3.2.1 Cistos radiculares
A expressão imuno-histoquímica do IFN- e do TGF-β1 na cápsula dos cistos radiculares
se deu principalmente nas células inflamatórias como linfócitos, plasmócitos, neutrófilos e
células de linhagem monocítico-macrofágica, predominantemente com um padrão de marcação
citoplasmática, muito embora essas mesmas células, por vezes, exibissem marcação nuclear
(Figuras 9 e 10). Outras células como fibroblastos e células endoteliais também apresentaram
imunomarcação nuclear e citoplasmática para os dois anticorpos, porém com menor freqüência.
Além disso, observou-se ainda um padrão de imunomarcação da matriz extra-celular para os dois
anticorpos em alguns casos.
Com relação a imunomarcação do IFN- na cápsula dos CR, a quantidade de células
imunopositivas variou de 2 a 126 (Apêndice C), e o percentual de células imunopositivas (PIFN-γ)
de 36% a 93% (Tabela 2). A média dos percentuais de células imunopositivas ( um desvio
padrão) foi de 79 15.
Quanto a imunomarcação do TGF-β1 na cápsula dos CR, a quantidade de células
imunopositivas variou de 5 a 118 (Apêndice D), e o percentual de células imunopositivas (PTGF-
β1) de 33% a 97% (Tabela 2). A média dos percentuais de células imunopositivas ( um desvio
padrão) foi de 82 .
43
Tabela 2 Distribuição dos percentuais de células imunopositivas para os anticorpos anti-IFN- e
anti-TGF-β1 na cápsula dos cistos radiculares. Natal, RN – 2012.
CASOS
IFN- TGF-β1
PIFN- PTGF-β1
1 78% 88%
2 84% 90%
3 62% 80%
4 73% 91%
5 77% 61%
6 92% 65%
7 50% 93%
8 84% 96%
9 86% 96%
10 79% 83%
11 92% 76%
12 91% 33%
13 92% 94%
14 36% 72%
15 85% 97%
16 93% 94%
17 91% 76%
18 65% 77%
19 85% 80%
20 93% 94%
Legenda: PIFN- - percentual de células imunopositivas para IFN- ; PTGF-β1 - percentual de células imunopositivas
para TGF-β1.
Os resultados referentes aos escores de imunomarcação para a cápsula dos CR encontram-
se dispostos na Tabela 3. A freqüência dos escores de imunomarcação do IFN- na cápsula dos
CR foi de 15 casos (75%) com escore 3, seguidos de 5 casos (25%) com escore 2. Para o TGF-β1
a freqüência foi de 16 casos (80%) com escore 3, e 4 casos (20%) com escore 2. Houve um
44
predomínio do escore 3 (isto é, mais de 75% de células imunopositivas) para os dois
imunomarcadores.
Ademais, a média dos escores de imunomarcação ( um desvio padrão) do IFN- na
cápsula dos CR foi de 2,75 0,44. Por sua vez, a do TGF-β1 foi de 2,8 0,41.
Tabela 3 Distribuição dos escores da marcação imuno-histoquímica para os anticorpos anti-IFN-
e anti-TGF-β1 na cápsula dos cistos radiculares. Natal, RN – 2012.
CISTO RADICULAR
CASOS
IFN- TGF-β1
E E
1 3 3
2 3 3
3 2 3
4 2 3
5 3 2
6 3 2
7 2 3
8 3 3
9 3 3
10 3 3
11 3 3
12 3 2
13 3 3
14 2 2
15 3 3
16 3 3
17 3 3
18 2 3
19 3 3
20 3 3
Legenda: E – escore de imunomarcação
45
5.3.2.2 Cistos dentígeros
Da mesma forma que nos cistos radiculares, a expressão imuno-histoquímica do IFN- e
do TGF-β1 na cápsula dos cistos dentígeros se deu principalmente nas células inflamatórias como
linfócitos, plasmócitos, neutrófilos e células de linhagem monocítico-macrofágica,
predominantemente com um padrão de marcação citoplasmática, muito embora essas mesmas
células, por vezes, exibissem marcação nuclear (Figuras 11 e 12). Outras células como
fibroblastos e células endoteliais, além de ninhos de epitélio odontogênico, também apresentaram
imunomarcação nuclear e citoplasmática para os dois anticorpos, porém com menor freqüência.
Além disso, observou-se ainda um padrão de imunomarcação da matriz extra-celular para os dois
anticorpos em alguns casos.
Com relação a imunomarcação do IFN- na cápsula dos CD, a quantidade de células
imunopositivas variou de 1 a 92 (Apêndice E), e o percentual de células imunopositivas (PIFN-γ)
de 41% a 95% (Tabela 4). A média dos percentuais de células imunopositivas ( um desvio
padrão) foi de 77 15.
Quanto a imunomarcação do TGF-β1 na cápsula dos CD, a quantidade de células
imunopositivas variou de 3 a 80 (Apêndice F), e o percentual de células imunopositivas (PTGF-β1)
de 65% a 100% (Tabela 4). A média dos percentuais de células imunopositivas ( um desvio
padrão) foi de 90 8.
46
Tabela 4 Distribuição dos percentuais de células imunopositivas para os anticorpos anti-IFN- e
anti-TGF-β1 na cápsula dos cistos dentígeros. Natal, RN – 2012.
CASOS
IFN- TGF-β1
PIFN- PTGF-β1
1 82% 96%
2 89% 94%
3 79% 84%
4 88% 90%
5 74% 95%
6 75% 93%
7 41% 65%
8 77% 94%
9 95% 99%
10 87% 93%
11 92% 100%
12 89% 81%
13 75% 98%
14 76% 82%
15 56% 91%
16 65% 91%
17 95% 91%
18 49% 93%
19 74% 88%
20 84% 86%
Legenda: PIFN- - percentual de células imunopositivas para IFN- ; PTGF-β1 - percentual de células
imunopositivas para TGF-β1.
47
Os resultados referentes aos escores de imunomarcação para a cápsula dos CD encontram-
se dispostos na Tabela 5. A freqüência dos escores de imunomarcação do IFN- na cápsula dos
CD foi de 12 casos (60%) com escore 3, seguidos de 8 casos (40%) com escore 2. Para o TGF-β1
a freqüência foi de 19 casos (95%) com escore 3, e apenas 1 caso (5%) com escore 2. Houve um
predomínio do escore 3 (isto é, mais de 75% de células imunopositivas) para os dois
imunomarcadores. Além disso, observa-se que o TGF-β1 apresentou maior freqüência desse
escore.
A média dos escores de imunomarcação ( um desvio padrão) do IFN- na cápsula dos
CD foi de 2,6 0,5. Por sua vez, a do TGF-β1 foi de 2,95 0,22.
48
Tabela 5 Distribuição dos escores da marcação imuno-histoquímica para os anticorpos anti-IFN-
e anti-TGF-β1 na cápsula dos cistos dentígeros. Natal, RN – 2012.
CISTO DENTÍGERO
CASOS
IFN- TGF-β1
E E
1 3 3
2 3 3
3 3 3
4 3 3
5 2 3
6 2 3
7 2 2
8 3 3
9 3 3
10 3 3
11 3 3
12 3 3
13 2 3
14 3 3
15 2 3
16 2 3
17 3 3
18 2 3
19 2 3
20 3 3
Legenda: E – escore de imunomarcação
49
5.4 ANÁLISES ESTATÍSTICAS
5.4.1 Comparação entre os grupos de cistos CR e CD com relação a imunoexpressão
epitelial dos biomarcadores IFN- e TGF-β1 (teste de Mann-Whitney)
O teste estatístico de Mann-Whitney revelou não existir diferença estatisticamente
significativa entre as expressões do IFN- nos epitélios dos CR e CD (p=0,565). O mesmo
ocorreu para o TGF-β1 (p=0,620) (Tabela 6).
Tabela 6 Comparação entre os grupos de cistos CR e CD com relação a imunoexpressão epitelial
dos biomarcadores IFN- e TGF-β1. Natal, RN - 2012.
Biomarcador Lesão Média*
p**
IFN-γ CR 2,85
0,565 CD 2,7
TGF-β1 CR 2,7
0,620 CD 2,8
* Média dos escores de imunomarcação
** Teste de Mann-Whitney
5.4.2 Comparação entre os grupos de cistos CR e CD com relação a imunoexpressão, em
suas cápsulas, dos biomarcadores IFN- e TGF-β1 (teste de Mann-Whitney)
a) escores de imunomarcação: ao analisarmos os escores de imunomarcação, observamos
que não houve diferença estatisticamente significativa entre as expressões do IFN- nas
cápsulas dos CR e CD (p=0,429). O mesmo ocorreu para o TGF-β1 (p=0,429) (Tabela 7);
b) percentuais de células imunopositivas: ao analisarmos os percentuais de células
imunopositivas, observamos que não houve diferença estatisticamente significativa entre
as expressões do IFN- nas cápsulas dos CR e CD (p=0,414) (Tabela 7). O mesmo
ocorreu para o TGF-β1 (p=0,056).
50
Tabela 7 Comparação entre os grupos de cistos CR e CD com relação a imunoexpressão, em suas
cápsulas, dos biomarcadores IFN- e TGF-β1, considerando-se as avaliações tanto através dos
escores de imunomarcação (E) como através dos percentuais de células imunopositivas (P). Natal,
RN - 2012.
Biomarcador Lesão Média*
p**
IFN-γ
CRE 2,75 0,429
CDE 2,6
CRP 79% 0,414
CDP 77%
TGF-β1
CRE 2,8 0,429
CDE 2,95
CRP 82% 0,056
CDP 90%
Legenda: CRE: avaliação dos CR através dos escores de imunomarcação; CDE: avaliação dos CD através dos escores
de imunomarcação;CRP: avaliação dos CR através dos percentuais de células imunopositivas; CDP: avaliação dos CD
através dos percentuais de células imunopositivas. *Média dos escores de imunomarcação (E) ou média dos
percentuais de células imunopositivas (P); **Teste de Mann-Whitney.
5.4.3 Comparação entre as imunoexpressões dos biomarcadores IFN- e TGF-β1 no epitélio
e na cápsula dos CR (teste de Wilcoxon)
5.4.3.1 No epitélio
O teste estatístico de Wilcoxon revelou que não houve diferença estatisticamente
significativa entre as expressões dos biomarcadores IFN- e TGF-β1 no epitélio dos CR
(p=0,225) (Tabela 8).
5.4.3.2 Na cápsula
a) escores de imunomarcação: ao analisarmos os escores de imunomarcação, observamos
que não houve diferença estatisticamente significativa entre as expressões de IFN- e
TGF-β1 na cápsula dos CR (p=0,735) (Tabela 9);
51
b) percentuais de células imunopositivas: ao analisarmos os percentuais de células
imunopositivas, observamos que não houve diferença estatisticamente significativa entre
as expressões de IFN- e TGF-β1 na cápsula dos CR (p=0,370) (Tabela 9).
5.4.4 Comparação entre as imunoexpressões dos biomarcadores IFN- e TGF-β1 no epitélio
e na cápsula dos CD (teste de Wilcoxon)
5.4.4.1 No epitélio
O teste estatístico de Wilcoxon revelou que não houve diferença estatisticamente
significativa entre as expressões dos biomarcadores IFN- e TGF-β1 no epitélio dos CD
(p=0,361) (Tabela 8).
5.4.4.2 Na cápsula
a) escores de imunomarcação: ao analisarmos os escores de imunomarcação, observamos
que houve diferença estatisticamente significativa entre as expressões de IFN- e TGF-β1
na cápsula dos CD (p=0,018) (Tabela 9).
b) percentuais de células imunopositivas: ao analisarmos os percentuais de células
imunopositivas, observamos que houve diferença estatisticamente significativa entre as
expressões de IFN- e TGF-β1 na cápsula dos CD (p=0,001) (Tabela 9).
52
Tabela 8 Comparação entre as imunoexpressões dos biomarcadores IFN- e TGF-β1 nos epitélios
dos CR e CD. Natal, RN - 2012.
Lesão Biomarcador Média*
p**
CR IFN-γ 2,85
0,225 TGF-β1 2,7
CD IFN-γ 2,7
0,361 TGF-β1 2,8
*Média dos escores de imunomarcação
**Teste de Wilcoxon
Tabela 9 Comparação entre as imunoexpressões dos biomarcadores IFN- e TGF-β1 nas cápsulas
dos CR e CD, considerando-se as avaliações tanto através dos escores de imunomarcação (E)
como através dos percentuais de células imunopositivas (P). Natal, RN - 2012.
Lesão Biomarcador Média*
p**
CR
IFN- E 2,75 0,735
TGF-β1E 2,8
IFN- P 79% 0,370
TGF-β1P 82%
CD
IFN- E 2,6 0,018
TGF-β1E 2,95
IFN- P 77% 0,001
TGF-β1P 90%
Legenda: IFN- E: avaliação do IFN- através dos seus escores de imunomarcação; TGF-β1E: avaliação do TGF-β1
através dos seus escores de imunomarcação; IFN- P: avaliação do IFN- através dos seus percentuais de células
imunopositivas; TGF-β1P: avaliação do TGF-β1 através dos seus percentuais de células imunopositivas. *Média dos
escores de imunomarcação (E) ou média dos percentuais de células imunopositivas (P); **Teste de Wilcoxon.
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6 DISCUSSÃO
Vários estudos buscam avaliar a participação de citocinas no processo de patogênese e
desenvolvimento de cistos odontogênicos procurando relacionar seu crescimento, que é
acompanhado pelo processo de reabsorção óssea, a atuação de citocinas inflamatórias que
apresentam atividades osteorreabsortivas. Além disso, muitos deles procuram avaliar também a
ocorrência de citocinas que desempenham um papel reparador do processo destrutivo ocasionado
pela reação inflamatória na região periapical.
Sob esta perspectiva, muitas pesquisas têm utilizado o CR como objeto de investigação
dessas citocinas, uma vez que é bem conhecido seu potencial destrutivo sobre os ossos gnáticos, e
sua redução em tamanho ou mesmo completa regressão algumas vezes ocorrida após tratamentos
endodônticos, sugerem a participação de citocinas que atuem sobre os processos reparadores dos
tecidos periapicais (MORAES et al., 2011; MARÇAL et al., 2010; TEIXEIRA-SALUM et al.,
2010; HREN E IHAN, 2009; FUKADA et al., 2009; HAYASHI et al., 2008; MENEZES et al.,
2006; KUSAFUKA et al., 2006; WALKER et al., 2000; DANIN et al., 2000; TYLER et al.,
1999). Por outro lado, o CD tem sido utilizado apenas em escassos estudos de investigação dessas
citocinas (PIATELLI et al., 2004; LI, BROWNE, MATTHEWS, 1997).
O contínuo fluxo de bactérias e seus produtos a partir de um canal radicular infectado
provoca uma resposta imuno-inflamatória periapical, com a intenção de combater a disseminação
microbiana. Essa resposta promove a síntese de inúmeras citocinas e fatores de crescimento que
provocam a proliferação dos restos epiteliais de Malassez e a formação dos cistos radiculares. Os
eventos imuno-inflamatórios relacionados à proliferação desses restos epiteliais
concomitantemente induzem a secreção de fatores de reabsorção óssea (MORAES et al., 2011;
HREN E IHAN, 2009; MENEZES et al., 2006; WALKER et al., 2000). A reação imuno-
inflamatória nas lesões periapicais como o CR provoca a ativação da resposta imunológica Th1,
caracterizada pela produção de citocinas pró-inflamatórias como IFN-γ, TNF-α, IL-1, IL-2 e IL-
12, e da resposta Th2, caracterizada pela síntese de citocinas anti-inflamatórias como IL-4, IL-5,
IL-6, IL-10 e IL-13. Além dessas citocinas, observa-se também a presença de fatores de
crescimento como o TGF-β. As respostas Th1 e Th2 apresentam atividades opostas entre si, e, no
contexto das lesões periapicais, acredita-se que a resposta imunológica Th1 está relacionada com
a progressão e o processo de reabsorção óssea da lesão, enquanto que a ação imunossupressora
59
do TGF-β e das citocinas Th2 são de grande importância na modulação da resposta imuno-
inflamatória e no processo de reparação do tecido ósseo lesado (STASHENKO et al., 2007;
COLIC et al., 2006; TEIXEIRA-SALUM et al., 2010; GAZIVODA et al., 2009; WALKER et al.,
2000).
Kawashima e Stashenko (1999), avaliando lesões periapicais induzidas
experimentalmente em ratos, observaram um aumento na expressão das citocinas Th1 (IL-2, IL-
12 e IFN-γ) durante todo o período estabelecido para a avaliação da progressão das lesões,
enquanto que, apesar de ter havido um aumento da expressão das citocinas Th2 (IL-4 e IL-10),
durante os últimos dias houve uma queda dessa expressão, o que levou os autores a conclusão de
que a resposta imunológica Th1 deve predominar durante o processo de crescimento e reabsorção
óssea nas lesões periapicais. Por sua vez, Teixeira-Salum et al. (2010), avaliando os níveis de
IFN-γ, TNF-α, IL-4 e TGF-β em cistos radiculares e granulomas periapicais, observaram que os
cistos apresentaram maiores níveis de IFN-γ, TNF-α e IL-4, enquanto que os granulomas
expressaram mais TGF-β. Eles concluíram que os cistos radiculares apresentaram reações
imunológicas Th1 e Th2 que se modulam reciprocamente (pois as lesões positivas para IL-4 eram
negativas para IFN-γ e TNF-α), e que os granulomas, devido ao seu alto nível de TGF-β,
consistiam em um ambiente com atividades regulatórias (reparadoras). Além disso, eles
sugeriram um papel osteorreabsortivo para o IFN-γ e TNF-α nessas lesões. Gazivoda et al.
(2009), em um experimento in vitro, adicionaram IL-10 e TGF-β a culturas de células
inflamatórias de lesões periapicais e avaliaram a síntese de citocinas pró-inflamatórias. Eles
mostraram que tanto o IL-10 como TGF-β foram capazes de inibir a produção de IL-1, TNF-α e
IL-8, porém o TGF-β foi o que apresentou maior poder imunossupressor. Walker et al. (2000),
investigando a expressão de citocinas pró e anti-inflamatória em cistos e granulomas periapicais,
observaram que as células que expressavam IL-4 e IL-6 eram muito mais numerosas do que as
que expressavam IL-2 ou IFN-γ. Eles encontraram, portanto, um maior número de células Th2
nas lesões estudadas e sugeriram que a presença de mecanismos anti-inflamatórios deva ser
crucial para a resolução dessas lesões após a realização de tratamentos apropriados.
Muitos estudos têm relacionado o IFN-γ, que é a principal citocina produzida nas
respostas imunológicas Th1, ao processo de reabsorção óssea nas lesões periapicais inflamatórias,
enquanto que muitos outros têm associado o TGF-β1 a mecanismos imunorregulatórios de
inibição da resposta Th1 e a processos de reparação das lesões periapicais (TEIXEIRA-SALUM
60
et al., 2010; STASHENKO et al., 2007; GAO et al., 2007; DANIN et al., 2000; TYLER et al.,
1999). Portanto, sugere-se que a presença dessas duas citocinas em cistos odontogênicos indicaria
a ocorrência de processos tanto favoráveis como desfavoráveis ao crescimento cístico, a saber, as
ações osteorreabsortivas do IFN-γ, que seriam contrabalanceadas pela atuação osteoprotetora do
TGF-β1, atuando na modulação da intensidade da reação inflamatória e nos processos de
reparação da destruição óssea.
Apesar da vasta quantidade de estudos feitos a respeito do papel do IFN-γ no metabolismo
ósseo, os resultados ainda são controversos, uma vez que em muitos trabalhos essa citocina tem
revelado um papel inibidor da reabsorção óssea, enquanto que em outros ela tem mostrado um
comportamento osteorreabsortivo. A ação inibitória do IFN-γ tem sido relacionada por muitos
autores ao fato dele induzir a rápida degradação da TRAF6 nas células precursoras de
osteoclastos, resultando em forte inibição das vias de sinalização NF-κB e JNK, essenciais para a
síntese de genes da diferenciação osteoclástica (TAKAYANAGI, KIM, TANIGUCHI, 2002). De
fato muitos trabalhos têm associado o IFN-γ a uma ação anti-osteoclastogênica (Ji et al., 2009;
MERMUT et al., 2007; HUANG, O’KEEFE, SCHWARZ, 2003), porém muitas investigações
têm atribuído a ele um potencial osteorreabsortivo em várias doenças inflamatórias. Kotake et al.
(2005), aventando a hipótese de que células T produtoras de IFN-γ inibiriam a osteoclastogênese,
cultivaram células T IFN-γ+
juntamente com monócitos precursores de osteoclastos oriundos de
uma lesão inflamatória (artritre reumatóide). Eles observaram a diferenciação osteoclástica dos
monócitos, assim como uma expressão aumentada de RANKL pelas células T IFN-γ+
, e
concluíram que, ao contrário do que esperavam, as células T produtoras de IFN-γ induziram a
osteoclastogênese através da expressão de RANKL. Teng et al. (2005) em seus experimentos,
propuseram que o IFN-γ modularia positivamente a osteoclastogênese mediada por RANKL
durante a progressão da doença periodontal induzida por A. actinomycetemcomitans em ratos e
humanos. Eles observaram em todos os seus experimentos que houve uma expressão simultânea
de IFN-γ e RANKL nas células T reativas ao microorganismo e sugeriram que a
osteoclastogênese mediada pelo RANKL é modulada positivamente pelo IFN-γ. Por sua vez, Gao
et al. (2007), investigando, em experimentos in vivo utilizando roedores, as ações contraditórias
do IFN-γ sobre o tecido ósseo, constataram que ele apresenta o potencial tanto de inibir
diretamente a diferenciação osteoclástica, por meio de uma atuação direta sobre as células
precursoras de osteoclastos (através da degradação da TRAF6), como de promover a
61
osteoclastogênese indiretamente, através da estimulação da apresentação de antígenos pelos
macrófagos e consequente ativação de linfócitos T para produzirem os fatores osteoclastogênicos
RANKL e TNF-α, uma vez que o IFN- γ é o indutor fisiológico do MHC classe II nas células
apresentadoras de antígeno. Eles concluíram que o efeito final do IFN-γ sobre o tecido ósseo se
deve ao desequilíbrio entre suas ações osteoprotetora e osteorreabsortiva, que, sob condições
inflamatórias e infecciosas, é favorável a reabsorção óssea. Portanto, pode-se inferir que o
RANKL produzido nesses estudos seria o responsável pela diferenciação osteoclástica observada,
e não o IFN-γ por si só, uma vez que, segundo Huang, O’Keefe e Schwarz (2003), quando o
RANKL atua sobre as células precursoras de osteoclastos, as torna resistentes ao efeito inibitório
do IFN-γ, por induzir diferenciação terminal dessas células em osteoclastos. Além disso, sabe-se
que o IFN-γ é um potente estimulador de macrófagos na secreção de IL-1 e TNF-α, duas
citocinas relacionadas com a destruição óssea periapical (GAZIVODA et al., 2009).
Diante do exposto, pode-se inferir que a presença do IFN-γ nos cistos odontogênicos
sugere uma ação osteorreabsortiva dessa citocina, fundamental para o processo de crescimento
desses cistos. Vários estudos têm observado sua ocorrência em CR, porém nenhum estudo que
relatasse sua expressão em CD foi encontrado durante a revisão de literatura deste trabalho. Essa
diferença na produção científica sobre o IFN-γ nesses dois cistos talvez se deva a diferença entre
as naturezas dos mesmos, que tornaria a investigação dessa citocina pró-inflamatória mais
atraente no cisto de natureza inflamatória, ou seja, o CR. Contudo, o fato de que os CD possuem
um potencial de crescimento, e que muitos estão relacionados a processos inflamatórios, sugere a
participação dessa citocina em seu processo de expansão, o que fundamenta a investigação do
IFN-γ nos CD.
Com relação a imunomarcação do IFN-γ neste trabalho, as células marcadas foram
principalmente células epiteliais e células inflamatórias como linfócitos, plasmócitos, neutrófilos
e células de linhagem monocítico-macrofágica, além de fibroblastos e células endoteliais (Figuras
5, 7, 9 e 11). Os trabalhos na literatura relatam principalmente linfócitos, macrófagos e
fibroblastos (KOGA, DUAN, FURUE, 2002; WALKER et al., 2000; HREN E IHAN, 2009). Foi
observado ainda um padrão de imunomarcação da matriz extra-celular, o que corrobora com o
trabalho de Koga, Duan, Furue (2002).
Os resultados deste trabalho mostraram não haver diferença estatisticamente significativa
da imunoexpressão do IFN-γ entre os CR e CD, tanto entre seus epitélios como entre suas
62
cápsulas, o que sugere que ambos os grupos de lesões neste trabalho possuem o mesmo potencial
osteolítico associado a essa citocina (Tabelas 6 e 7). O fato de não ter sido encontrado nenhum
trabalho que relatasse a expressão do IFN-γ em cistos dentígeros impossibilitou a comparação
desse achado, entre essas duas lesões, com algum outro trabalho parecido. No entanto, alguns
trabalhos na literatura comparam a expressão do IFN-γ entre cistos e granulomas periapicais.
Dentre estes, tem-se Fukada et al. (2009) que observaram que a expressão de IFN-γ foi
semelhante entre cistos radiculares e granulomas periapicais; Teixeira-Salum et al. (2010) que
mostraram prevalência de IFN-γ em cistos radiculares em relação a granulomas periapicais; e
Ihan Hren e Ihan (2009), que, comparando a resposta inflamatória de cistos radiculares com a de
granulomas periapicais (GP) ocasionados por Streptococcus (GP-S) ou por bactérias anaeróbias
(GP-A), observaram que a produção de IFN-γ em cistos radiculares é maior que em GP-S, mas é
semelhante a de GP-A. Todos esses trabalhos associaram o IFN- γ ao seu poder osteolítico nas
lesões.
Da mesma forma que para o IFN-γ, os estudos feitos sobre as ações do TGF-β1 sobre o
metabolismo ósseo têm mostrado resultados controversos. Muitos autores têm atribuído a esse
fator de crescimento um efeito favorável a osteoblastogênese, e, portanto, indutor da formação
óssea (TACHI et al., 2011; ZHOU, 2011; SMITH et al., 2011; RIPAMONT, RODEN, 2010),
porém outros têm associado a ele um papel na osteoclastogênese e, portanto, um potencial
osteolítico (YASUI et al., 2011; KAWAKATSU et al., 2010; MCGOWAN et al., 2003; FULLER
et al., 2000). Porém, apesar desses achados conflitantes, tem sido constatada uma alta expressão
de TGF-β1 durante a cicatrização de fraturas ósseas, o que sugere a sua participação no processo
de reparo ósseo (SARAHRUDI et al., 2011; JANSSENS et al., 2005; CHO, GERSTENFELD,
EINHORN, 2002). Janssens et al. (2005), em uma vasta revisão de literatura sobre o TGF-β1,
analisaram 39 pesquisas que investigaram a ação dessa citocina sobre o tecido ósseo, e
constataram que a maioria desses trabalhos concluíram que o TGF-β1 promove a cicatrização de
fraturas ósseas e formação de osso in vivo. Eles relataram que o TGF-β1 é um fator de
crescimento que pode ser considerado para uso como um agente osteogênico no reparo de
fraturas ósseas ou na reversão da excessiva reabsorção óssea vista na osteoporose.
Apesar de não se ter encontrado nenhum trabalho que investigasse a ação osteogênica do
TGF-β1 em cistos odontogênicos, sugere-se que, de alguma forma, essa ação do TGF-β1 poderia
também estar operante durante o processo de expansão desses cistos. No entanto, ele tem sido
63
implicado no processo de reparo da perda óssea em cistos e granulomas periapicais, e sua
importância nesse processo talvez se deva principalmente a sua atividade anti-inflamatória e
imunorreguladora, que suprime a resposta imunológica Th1, além de outras ações como indução
da angiogênese e síntese de componentes da matriz extra-celular como colágeno I e fibronectina.
Somado a isso, alguns estudos têm sugerido que a reabsorção óssea é inibida na presença do
TGF-β1 (TEIXEIRA-SALUM et al., 2010; PIATTELLI et al., 2004; DANIN et al., 2000;
TYLER et al., 1999). Portanto, a presença do TGF-β1 nos cistos odontogênicos supõe um
mecanismo compensatório através do qual a resposta inflamatória atua na reparação e
remodelação do osso lesado (TEIXEIRA-SALUM et al., 2010; TYLER et al., 1999).
Quanto as células imunomarcadas pelo TGF-β1, este trabalho mostrou positividade de
marcação principalmente para células epiteliais e células inflamatórias como linfócitos,
plasmócitos, neutrófilos e células da linhagem monocítico-macrofágica, além de fibroblastos e
células endoteliais (Figuras 6, 8, 10 e 12), o que corrobora com os achados de outros autores
(DANIN et al., 2000; TYLER et al., 1999; LI, BROWNE, MATTHEWS, 1997). Além disso, foi
observado um padrão de imunomarcação da matriz extra-celular (Figura 10), o que também foi
observados em outros trabalhos (TYLER et al., 1999; LI, BROWNE, MATTHEWS, 1997).
De acordo com os resultados obtidos, não houve diferença estatisticamente significativa
da imunoexpressão do TGF-β1 entre os CR e CD, tanto entre seus epitélios como entre suas
cápsulas (Tabelas 6 e 7). No entanto, o teste estatístico revelou um p=0,056 quando da
comparação dos percentuais de células imunopositivas para TGF-β1 entre as cápsulas dos CR e
CD, que, por ser um valor muito próximo ao do nível de significância adotado por este trabalho
(5%), pôde ser considerado como suficiente para sugerirmos que há uma tendência de haver
maior expressão de TGF-β1 nas cápsulas dos CD, uma vez que a média dos percentuais de
células imunopositivas do TGF-β1 nas cápsulas desse grupo de cistos (90%) foi maior que a do
grupo dos CR (82%) (Tabela 7). Mesmo não tendo também havido diferença estatisticamente
significativa (p=0,429) quando foram analisados os escores de imunomarcação do TGF-β1 nas
cápsulas dos CR e CD, essa conclusão foi admitida por considerar-se que a análise de dados feita
por meio dos percentuais de células imunopositivas é soberana quando comparada a análise feita
por meio dos escores, uma vez que esta última possui menor riqueza de informação (Tabela 7).
Tyler et al. (1999) encontraram TGF-β1 em cistos e granulomas periapicais e atribuíram a
ele um papel no processo de reparo da destruição periapical nas duas lesões. Por sua vez, Piattelli
64
et al. (2004) observaram maior expressão de TGF-β1 em ceratocistos odontogênicos do que em
CR e CD, e associaram esse fato ao maior potencial de crescimento dos ceratocistos através da
intensa proliferação celular, que seria regulada pelo TGF-β1.
Ainda de acordo com os resultados, não houve diferença estatisticamente significativa
entre as imunoexpressões do IFN-γ e do TGF-β1 nem no epitélio nem na cápsula dos CR, o que
sugere que a ação inflamatória e osteolítica do IFN-γ é contrabalanceada em igual proporção pela
ação anti-inflamatória e reparadora do TGF-β1 neste grupo de lesões (Tabelas 8 e 9). Isto
implicaria dizer que ocorre um estado de equilíbrio entre as “forças” osteorreabsortiva e
osteoprotetora exercidas pelo CR (referentes a essas duas citocinas) no osso que o circunda, de
maneira que a influência dessas citocinas sobre o crescimento ou a diminuição da lesão se
encontraria a mercê da sobreposição de uma das forças sobre a outra.
Por sua vez, apesar de não ter havido diferença estatisticamente significativa entre as
imunoexpressões do IFN-γ e do TGF-β1 no epitélio dos CD, essa diferença ocorreu na cápsula
dessas lesões, o que foi verificado tanto por meio da análise dos escores de imunomarcação
(p=0,018), como pela análise dos percentuais de células imunopositivas (p=0,001) (Tabelas 8 e
9). Ao verificarmos as médias dos escores de imunomarcação e as dos percentuais de células
imunopositivas dos dois biomarcadores nas cápsulas dos CD, vemos que ambas as médias do
TGF-β1 são maiores que as do IFN-γ (Tabela 9). Esses resultados sugerem que os mecanismos
anti-inflamatórios, imunorreguladores e reparadores do TGF-β1 estão predominando sobre as
ações inflamatórias e osteolíticas do IFN-γ no grupo dos CD. Supõe-se com isto, que o grupo dos
CD apresenta um maior potencial reparador, relacionado ao TGF-β1, do que o grupo dos CR.
Teixeira-Salum et al. (2010), avaliando os níveis de IFN-γ, TNF-α, IL-4 e TGF-β em
cistos radiculares e granulomas periapicais, observaram que os cistos apresentaram maiores
níveis de IFN-γ, TNF-α e IL-4, enquanto que os granulomas expressaram maiores níveis de TGF-
β e menores de citocinas pró-inflamatórias. Eles concluíram que os cistos radiculares
apresentaram reações imunológicas Th1 e Th2 que se modulam reciprocamente (pois as lesões
positivas para IL-4 eram negativas para IFN-γ e TNF-α), e que os granulomas, devido ao seu alto
nível de TGF-β, consistiam em um ambiente com atividades regulatórias. Com isso, eles
atribuíram um maior potencial reparador aos granulomas.
Diante dos resultados encontrados neste trabalho, pode-se concluir que tanto os CR como
os CD apresentam expressão das citocinas IFN-γ e TGF-β1, o que sugere a participação dessas
65
proteínas no processo de expansão destes dois tipos de cisto odontogênico. Além disso, pode-se
inferir ainda que o fato do grupo dos CD terem apresentado a tendência de exibir maior expressão
de TGF-β1 nas suas cápsulas, quando comparado ao grupo dos CR, somado ao fato de que a
expressão dessa citocina foi maior do que a do IFN-γ na cápsula dos CD, não havendo diferença
entre as expressões do IFN-γ e TGF-β1 no grupo dos CR, sugerem a predominância de
mecanismos imunorreguladores e reparadores no grupo dos CD quando comparado ao grupo dos
CR.
66
7 CONCLUSÕES
Diante dos resultados obtidos neste trabalho, conclui-se que:
1. Não houve diferença estatisticamente significativa da imunoexpressão do IFN- e do
TGF-β1 entre os cistos dentígeros e radiculares, considerando-se os epitélios e as cápsulas
das referidas lesões;
2. Não houve diferença estatisticamente significativa entre as imunoexpressões do IFN- e
do TGF-β1 nos epitélios e nas cápsulas dos cistos radiculares;
3. Não houve diferença estatisticamente significativa entre as imunoexpressões do IFN- e
do TGF-β1 nos epitélios dos cistos dentígeros, no entanto, houve diferença
estatisticamente significativa entre as imunoexpressões do IFN- e do TGF-β1 nas
cápsulas dos cistos dentígeros, sendo o TGF-β1 o que apresentou a maior
imunoexpressão.
67
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73
APÊNDICES
APÊNDICE A
FICHA CLÍNICA
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Ciências da Saúde
Departamento de Odontologia
Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral
Projeto de Pesquisa:
EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DAS PROTEÍNAS IFN- E TGF-
β1 EM CISTOS RADICULARES E CISTOS DENTÍGEROS
Nome do paciente: _______________________________________ Tel.:____________
Biópsia:_________
Idade:__________ Sexo: ( ) 1- masc. Cor da pele: ( ) 1 - leucoderma
2 – fem. 2 - feoderma
9 – não informado 3 - melanoderma
9 – não informado
Localização da lesão: ( )
1- Maxila anterior; 2 – maxila posterior; 3 – mandíbula anterior; 4- mandíbula posterior; 9-
não informado
Sintomatologia: ( ) 1 – sintomático 2 – assintomático 9 – não informado
Diagnóstico histopatológico: ( ) 1- cisto radicular 2 - cisto dentígero.
Observações:___________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
74
APÊNDICE B
Ficha de avaliação dos escores de imunomarcação da expressão imuno-histoquímica de IFN- e TGF-β1
no epitélio dos CR e CD.
LESÃO CR CD
CASO IFN- TGF-β1 IFN- TGF-β1
1 3 3 3 3
2 3 3 3 3
3 3 3 3 3
4 3 3 3 3
5 2 1 3 3
6 3 3 3 3
7 3 3 2 2
8 3 3 3 3
9 3 3 3 3
10 3 3 3 3
11 3 2 3 3
12 3 2 3 2
13 3 3 2 3
14 2 2 2 3
15 3 3 3 3
16 3 2 1 1
17 3 3 3 3
18 2 3 2 3
19 3 3 3 3
20 3 3 3 3
Escore de imunomarcação
0 - ≤ 10% de células imunomarcadas
1 – 11 a 25%
2 – 26 a 75%
3 - >75%
75
APÊNDICE C
Ficha de avaliação da expressão imuno-histoquímica de IFN-γ na cápsula dos cistos radiculares
CASOS
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 P E
+ - + - + - + - + - + - + - + - + - + -
4347 19 0 4 5 7 4 10 4 6 1 2 1 11 3 21 5 6 2 5 1 78% 3
4404 32 10 44 9 28 6 54 5 34 6 45 6 53 7 31 8 12 2 21 9 84% 3
4431 11 11 8 10 2 1 3 1 11 6 4 3 9 4 10 4 23 10 14 9 62% 2
4559 26 12 21 5 28 10 47 17 26 14 38 10 27 8 28 8 33 13 31 15 73% 2
4571 86 21 76 19 29 18 37 28 120 30 62 20 82 18 78 17 77 20 72 28 77% 3
4713 22 0 50 2 34 5 19 3 23 6 25 0 43 4 65 6 51 3 38 4 92% 3
4717 24 26 35 5 43 38 14 13 51 16 36 28 29 162 37 30 35 14 38 10 50% 2
4763 29 6 16 1 28 2 14 3 19 3 12 1 13 3 23 5 10 1 17 10 84% 3
4770 57 9 29 1 64 11 65 15 53 7 39 9 38 13 66 10 48 7 53 3 86% 3
4888 41 2 46 5 24 3 20 5 14 6 22 8 19 10 39 16 30 10 28 8 79% 3
4915 57 1 39 1 61 2 58 12 50 6 40 6 34 5 37 6 59 2 66 4 92% 3
4926 39 9 35 2 28 3 25 0 22 4 28 2 32 2 30 2 20 2 20 1 91% 3
4982 12 2 14 0 25 2 11 0 16 0 6 2 8 0 10 2 14 2 19 2 92% 3
5019 24 72 20 93 33 100 32 27 32 100 24 18 20 22 32 21 31 14 18 4 36% 2
5170 76 2 105 16 62 16 41 3 46 9 26 11 67 13 73 9 64 2 126 40 85% 3
5225 52 3 31 5 57 5 45 2 43 3 53 4 25 2 21 2 27 3 31 2 93% 3
5305 29 2 21 4 38 7 36 4 16 2 29 3 74 2 36 1 2 1 31 4 91% 3
9898 23 17 11 11 20 11 23 20 15 12 13 4 8 0 7 4 11 3 45 11 65% 2
9961 33 1 16 5 13 3 9 1 9 2 7 2 7 3 9 2 14 0 9 3 85% 3
10882 35 4 46 4 34 1 37 2 27 3 35 2 26 1 53 2 25 3 28 6 93% 3
(+) número de células imunomarcadas; (-) número de células não imunomarcadas; (P) percentual de células imunomarcadas; (E) escore de imunomarcação.
76
APÊNDICE D
Ficha de avaliação da expressão imuno-histoquímica de TGF-β1 na cápsula dos cistos radiculares
CASOS
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 P E
+ - + - + - + - + - + - + - + - + - + -
4347 14 8 16 5 14 1 5 0 26 0 16 1 8 3 25 1 12 1 11 1 88% 3
4404 29 3 57 2 26 7 31 1 23 0 53 3 48 6 27 2 45 11 48 7 90% 3
4431 16 6 37 6 18 1 20 4 26 9 23 8 25 8 27 9 21 4 52 13 80% 3
4559 36 3 62 5 32 3 23 3 41 4 35 4 50 5 45 4 35 6 41 4 91% 3
4571 54 10 55 8 60 18 33 21 45 40 28 35 22 17 69 22 44 72 32 37 61% 2
4713 17 7 16 11 20 12 18 9 20 14 34 16 42 30 20 8 35 17 25 10 65% 2
4717 61 1 70 3 57 3 56 0 74 6 48 2 75 7 76 15 60 10 66 4 93% 3
4763 26 0 32 3 45 1 31 1 10 0 27 4 22 1 26 0 20 0 42 1 96% 3
4770 48 0 64 0 72 0 60 3 25 3 24 5 40 2 33 3 27 1 32 0 96% 3
4888 44 12 38 12 35 9 24 12 25 10 38 0 39 3 13 1 40 6 43 2 83% 3
4915 21 5 18 7 18 6 68 37 37 4 45 8 88 33 58 12 22 10 29 6 76% 3
4926 36 42 15 35 10 40 14 12 26 65 6 23 10 33 5 14 20 18 10 25 33% 2
4982 16 0 18 1 5 0 8 2 6 0 11 1 8 0 12 0 7 0 19 3 94% 3
5019 42 6 75 32 36 18 32 27 45 28 45 12 48 11 65 15 40 15 27 14 72% 2
5170 87 2 80 2 70 3 66 1 72 1 95 1 111 5 100 5 118 7 115 3 97% 3
5225 18 2 35 2 22 3 45 2 54 5 49 7 47 4 60 3 67 1 60 2 94% 3
5305 21 4 37 7 27 14 28 6 21 8 28 9 31 13 44 16 30 4 22 8 76% 3
9898 35 10 39 12 31 10 37 10 26 6 32 10 27 8 44 13 18 8 39 9 77% 3
9961 20 6 17 5 17 5 26 8 40 7 35 8 23 5 12 3 38 9 10 5 80% 3
10882 50 3 86 2 48 2 56 1 35 5 38 5 48 3 15 0 62 4 60 9 94% 3
(+) número de células imunomarcadas; (-) número de células não imunomarcadas; (P) percentual de células imunomarcadas; (E) escore de imunomarcação.
77
APÊNDICE E
Ficha de avaliação da expressão imuno-histoquímica de IFN-γ na cápsula dos cistos dentígeros
CASOS
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 P E
+ − + − + − + − + − + − + − + − + − + −
2112 29 1 25 3 30 30 27 2 31 8 37 3 42 8 34 4 37 9 26 4 82% 3
2219 8 1 6 0 12 3 10 1 12 1 12 0 19 2 13 4 10 2 12 0 89% 3
2653 8 2 32 16 13 3 9 1 7 1 6 0 10 2 9 1 12 0 17 7 79% 3
3017 5 0 5 1 13 1 8 2 4 1 7 1 9 1 14 1 11 2 5 1 88% 3
3286 5 0 3 2 5 1 12 2 4 1 5 0 5 1 4 6 9 5 6 2 74% 2
3683 7 4 10 1 6 0 10 4 5 2 6 2 5 0 10 6 11 4 13 4 75% 2
6364 7 4 6 6 1 10 1 6 4 7 2 2 2 4 4 6 6 2 7 10 41% 2
6612 30 16 18 6 19 8 42 8 12 1 24 8 5 3 31 8 27 8 40 10 77% 3
6644 66 3 43 2 58 1 46 1 49 5 62 2 67 2 51 5 50 6 38 2 95% 3
6645 50 2 30 3 24 8 30 4 35 6 40 7 33 5 25 4 26 6 27 2 87% 3
6701 35 3 34 2 45 3 45 3 28 5 41 9 35 1 35 1 32 1 26 5 92% 3
7354 8 0 3 1 3 0 3 0 8 2 6 2 8 1 12 2 13 0 12 1 89% 3
7819 35 27 45 30 41 10 41 5 49 18 52 12 40 16 34 14 48 8 55 10 75% 2
8260 14 13 20 17 22 3 15 2 15 0 10 2 11 1 13 1 17 4 11 3 76% 3
8435 20 18 20 14 4 8 10 13 11 9 8 6 19 13 18 10 6 3 12 6 56% 2
2855 12 6 11 6 14 11 22 11 11 11 16 10 8 8 12 5 17 3 10 1 65% 2
9141 73 5 92 2 80 4 52 4 50 8 62 3 70 2 50 3 48 3 42 1 95% 3
9437 13 6 11 11 17 12 11 9 6 19 6 17 10 16 9 9 10 8 16 7 49% 2
9918 25 5 11 3 30 6 12 4 8 4 22 5 30 10 40 11 35 15 32 25 74% 2
10075 12 5 11 5 4 4 12 5 6 2 12 1 20 1 33 1 22 1 18 3 84% 3
(+) número de células imunomarcadas; (-) número de células não imunomarcadas; (P) percentual de células imunomarcadas; (E) escore de imunomarcação.
78
APÊNDICE F
Ficha de avaliação da expressão imuno-histoquímica de TGF-β1 na cápsula dos cistos dentígeros
CASOS
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 P E
+ − + − + − + − + − + − + − + − + − + −
2112 40 1 22 0 25 1 19 1 15 1 17 1 17 1 31 1 21 1 21 1 96% 3
2219 12 0 10 0 11 1 14 0 11 1 10 0 15 3 15 1 9 0 10 1 94% 3
2653 4 0 5 1 7 0 16 3 15 1 18 4 16 4 20 6 13 1 10 3 84% 3
3017 6 1 11 1 16 2 10 0 10 1 13 2 13 1 18 2 11 0 18 4 90% 3
3286 9 1 8 0 13 1 7 0 11 1 8 1 9 0 17 1 7 0 8 0 95% 3
3683 10 1 8 0 15 2 4 0 13 1 5 0 10 1 10 1 18 1 9 1 93% 3
6364 7 7 16 3 3 4 5 2 7 6 4 2 4 4 5 0 5 3 10 5 65% 2
6612 69 4 34 3 58 2 58 4 60 3 56 5 40 1 59 2 61 8 21 2 94% 3
6644 37 0 25 1 38 0 21 0 22 0 31 2 26 0 33 0 35 0 50 0 99% 3
6645 14 2 67 6 60 6 57 1 40 4 36 3 33 2 30 2 40 2 45 2 93% 3
6701 29 0 20 0 61 0 54 1 64 0 52 0 53 0 55 0 43 1 50 0 100% 3
7354 6 1 8 2 3 3 10 3 7 1 6 0 12 1 4 3 11 2 12 3 81% 3
7819 53 0 48 1 71 0 52 2 79 1 66 2 63 0 58 1 58 2 80 1 98% 3
8260 13 2 23 7 14 7 15 7 28 3 39 7 40 10 20 8 35 3 26 3 82% 3
8435 10 0 12 0 5 0 5 1 4 0 8 0 23 5 13 0 15 3 32 4 91% 3
2855 9 1 15 1 12 0 9 0 4 0 9 1 6 2 8 2 6 0 5 1 91% 3
9141 23 1 15 3 20 1 30 3 32 3 39 1 16 6 23 2 20 2 36 3 91% 3
9437 18 2 14 1 20 3 15 2 22 2 25 2 31 2 26 2 30 2 44 0 93% 3
9918 7 0 3 0 10 3 44 7 11 1 13 2 9 2 18 3 22 2 16 1 88% 3
10075 13 1 12 1 31 4 29 4 22 3 28 3 34 4 30 6 26 9 4 1 86% 3
(+) número de células imunomarcadas; (-) número de células não imunomarcadas; (P) percentual de células imunomarcadas; (E) escore de imunomarcação.
79
APÊNDICE G
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIENCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Este é um convite para você participar da pesquisa “Expressão imuno-histoquímica das
proteínas IFN- e TGF-β1 em Cistos Radiculares e Cistos Dentígeros” que é coordenada pelo
Prof. Dr. Antonio de Lisboa Lopes Costa. Sua participação é voluntária, o que significa que você
poderá desistir a qualquer momento, retirando seu consentimento, sem que isso lhe traga nenhum
prejuízo ou penalidade.
Esta pesquisa procura estudar o processo de reabsorção do osso que ocorre devido a lesão
apresentada por você e diagnosticada como tal. Caso decida aceitar o convite, a lesão removida
por indicação cirúrgica será utilizada para a confecção de lâminas para o estudo, não havendo
qualquer prejuízo para você e objetivando, no futuro, uma melhora nos tratamentos empregados
até o momento para este tipo de lesão.
Todas as informações obtidas serão sigilosas e seu nome não será identificado em nenhum
momento. Os dados serão guardados em local seguro e a divulgação dos resultados será feita de
forma a não identificar os voluntários.
Se você tiver qualquer gasto financeiro devido a sua participação nesta pesquisa, você será
ressarcido, caso solicite. Em qualquer momento, se você sofrer algum dano comprovadamente
decorrente desta pesquisa, você terá direito à indenização.
Você ficará com uma cópia deste Termo e, qualquer dúvida que você tiver a respeito desta
pesquisa, poderá perguntar diretamente ao Dr. Antonio de Lisboa Lopes Costa, na Faculdade de
Odontologia (em frente ao Nordestão da Av. Salgado Filho) na disciplina de Patologia Oral, ou
pelo telefone (84)3215-4108.
80
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIENCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Consentimento Livre e Esclarecido
Declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada, os riscos e
benefícios envolvidos, e concordo em participar voluntariamente da pesquisa.
_________________________________ ______________________________
Nome do Voluntário Assinatura do voluntário
___________________________________________
Prof. Dr. Antonio de Lisboa Lopes Costa
81
ANEXO
Documento de aprovação do projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética em pesquisa da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte