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Londrina 2017 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO – UEL/UNOPAR MIRELA CASONATO ROVERATTI EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO DE β-ALANINA SOBRE A RECUPERAÇÃO MUSCULAR APÓS UMA SESSÃO DE EXERCÍCIO RESISTIDO

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Londrina 2017

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO – UEL/UNOPAR

MIRELA CASONATO ROVERATTI

EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO DE β-ALANINA SOBRE A

RECUPERAÇÃO MUSCULAR APÓS UMA SESSÃO DE

EXERCÍCIO RESISTIDO

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MIRELA CASONATO ROVERATTI

Cidade

Londrina

2017

EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO DE β-ALANINA SOBRE A

RECUPERAÇÃO MUSCULAR APÓS UMA SESSÃO DE

EXERCÍCIO RESISTIDO

Dissertação apresentada à UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências da Reabilitação UEL/UNOPAR Orientador: Prof. Dr. Andreo Fernando Aguiar

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MIRELA CASONATO ROVERATTI

EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO DE β-ALANINA SOBRE A

RECUPERAÇÃO MUSCULAR APÓS UMA SESSÃO DE EXERCÍCIO

RESISTIDO

Dissertação apresentada à UNOPAR, no Programa de Pós-Graduação em Ciências

da Reabilitação associado UEL/UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção

do título de Mestre conferido pela Banca Examinadora:

_________________________________________

Prof. Dr. Andreo Fernando Aguiar (Orientador)

________________________________________ Prof. Dr. Eros de Oliveira Junior

(Membro externo)

________________________________________ Prof. Dr. Rodrigo Antonio Carvalho Andraus

(Membro interno))

________________________________________ Profa. Dra. Regina Célia Poli Frederico

(Coordenadora do Curso)

Londrina, 12 de dezembro de 2017.

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ROVERATTI, MIRELA CASONATO. Efeitos da suplementação de β-alanina

sobre a recuperação muscular após uma sessão de exercício resistido. 34f

Dissertação - Mestrado em Ciências da Reabilitação – Programa Associado entre

Universidade Estadual de Londrina e Universidade Pitágoras Unopar – Londrina,

2017

RESUMO

Introdução: Suplementos são alimentos compostos de nutrientes vitamínicos e/ou

minerais que tem como objetivo complementar a dieta de uma pessoa, hoje em dia

eles estão sendo utilizados como estratégia coadjuvante aos exercícios resistidos

em programas de reabilitação, principalmente em pessoas que já apresentam um

déficit de consumo nutricional. Essa combinação favorece o processo de

recuperação muscular, diminui a fadiga muscular presente nos casos patológicos e

facilita a realização e o aumento da carga dos exercícios mais precocemente

durante o tratamento fisioterápico, levando a uma melhora das atividades de vida

diária e consequentemente uma melhor qualidade de vida. Objetivo: A proposta

deste estudo foi investigar os possíveis efeitos da suplementação crônica de β-

alanina sobre a força dinâmica máxima (1RM), volume total de carga (VTC),

resistência muscular localizada (RML) e recuperação muscular em indivíduos

adultos jovens não treinados. Método: Vinte e quatro indivíduos adultos jovens (18-

35 anos) foram divididos em 2 grupos: suplementado com β-alanina (N = 12) e

suplementado com Placebo (N = 12). Ambos os grupos foram suplementados por

um período de 31 dias e avaliados quanto a função muscular (força dinâmica

máxima [1RM], volume total de carga [VTC] e resistência muscular localizada [RML])

e recuperação do exercício resistido (índice de dor muscular, percepção subjetiva de

esforço [PSE], níveis de lactato e RML) após 21 e 28 dias de suplementação,

respectivamente, seguindo a avaliação até o 31° dia. A sessão de exercício resistido

consistiu de 3 séries de 8-12 repetições a 75% 1RM para o exercício de leg press e

3 séries de 8-12 repetições a 80% 10RM para o exercício de cadeira extensora.

Resultados: Nenhuma diferença significante (P > 0,05) foi encontrada entre os

grupos β-alanina e placebo sobre a força dinâmica máxima (1RM), volume total de

carga (VTC), resistência muscular localizada (RML) e variáveis de recuperação

muscular (RML, índice de dor muscular, PSE e níveis de lactato) do exercício

resistido. Conclusão: No protocolo adotado neste estudo a suplementação de β-

alanina não melhorou a função e recuperação muscular em indivíduos adultos

jovens não treinados, indicando que pode ser prematuro recomendar este

suplemento como potencial recurso ergogênico para esta população.

Palavras-chave: suplementação, carnosina, músculo esquelético, função muscular,

resistência muscular, ergogênico.

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ROVERATTI, MIRELA CASONATO. Effects of β-alanine supplementation on

muscle recovery after a resisted exercise session. 34f Dissertation – Master in

Rehabilitation Sciences - Program Associate of Londrina State University and

Unopar Pythagoras University, Londrina, 2017.

ABSTRACT

Introduction: Supplements are foods composed of nutritional vitamins and / or minerals that aim to complement a person's diet, nowadays they are being used as a supporting strategy for resistance exercises in rehabilitation programs, mainly in people who already have a deficit of consumption nutritional. This combination favors the muscle recovery process, reduces the muscular fatigue present in the pathological cases and facilitates the accomplishment and the increase of the load of the exercises earlier in the physiotherapeutic treatment, leading to an improvement of the activities of daily life and consequently a better quality of life. Objective: The aim of this study was to investigate the possible effects of chronic β-alanine supplementation on maximal dynamic strength (1RM), total volume of charge (VTC), localized muscle resistance (LRM) and muscle recovery in untrained young adults. Method: Twenty-four young adults (18-35 years old) were divided into two groups: supplemented with β-alanine (N = 12) and supplemented with Placebo (N = 12). Both groups were supplemented for a period of 31 days and assessed for muscle function (maximal dynamic force [1RM], total volume of load [VTC] and localized muscular resistance [RML]) and resisted exercise recovery (muscle pain index, subjective perception of effort (PSE), lactate levels and MLR) after 21 and 28 days of supplementation, respectively, following the evaluation until the 31st day. The resisted exercise session consisted of 3 sets of 8-12 repetitions at 75% 1RM for leg press exercise and 3 sets of 8-12 repetitions at 80% 1RM for extensor chair exercise. Results: No significant difference (P> 0.05) was found between the β-alanine and placebo groups on maximal dynamic strength (1RM), total volume of load (VTC), localized muscular resistance (LRM) and muscle recovery variables muscle pain index, PSE and lactate levels) of the resistance exercise. Conclusion: In the protocol adopted in this study, β-alanine supplementation did not improve muscle function and recovery in untrained young adult subjects, suggesting that it may be premature to recommend this supplement as a potential ergogenic resource for this population.

Key words: supplementation, carnosine, skeletal muscle, muscular function,

muscular resistance, ergogenic.

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LISTA DE FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Estrutura dos aminoácidos proteícos ....................................................... 18

Figura 2 - Estrutura da L-Histidina e β-Alanina e via Biosintética da Carnosina ...... 23

Figura 3 - Ação tamponante da carnosina ................................................................ 26

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Estudos envolvendo suplementação de β-Alanina ................................. 21

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABIAD Associação Brasileira de Indústria de Alimentos para fins Especiais e

Congêneres

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ATP Adenosina Trifosfato

Ca+2 Cálcio

Cl- Cloro

DSHEA Dietary Supplement Health and Education

ERO Espécies Reativas de Oxigênio

H+ Íon Hidrogênio

Na+ Sódio

OH- Hidroxila

pH Potencial Hidrogeniônico

pK Constante de Equilíbrio

RM Repetições Máximas

VTC Volume Total de Carga

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 12

2.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................................... 12

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................................... 12

3 REVISÃO DE LITERATURA... ............................................................................... 13

3.1 EXERCÍCIOS RESISTIDOS NA REABILITAÇÃO .................................................................... 13

3.2 SUPLEMENTAÇÃO ...................................................................................................................... 15

3.3 AMINOÁCIDOS ............................................................................................................................ 17

3.3.1 Β-ALANINA ................................................................................................................................... 19

3.3.2 L-HISTIDINA .................................................................................................................................. 22

3.3.3 CARNOSINA .................................................................................................................................. 24

3.5 FADIGA MUSCULAR ................................................................................................................... 27

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 29

4 ARTIGO CIENTÍFICO.............................................................................................36

ANEXOS....................................................................................................................59

ANEXO A – RECORDATÓRIO ALIMENTAR .................................................................................. 60

ANEXO B – ESCALA VISUAL ANALÓGICA ................................................................................... 61

ANEXO C – ESCALA DE ESFORÇO SUBJETIVO - OMNI ........................................................... 62

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1 INTRODUÇÃO

A indústria de suplementos alimentares apresentou um expressivo

crescimento nas últimas duas décadas, com o lançamento de diversos produtos

destinados a melhoria da saúde e desempenho físico. A crescente procura por

suplementos nutricionais pode ser explicada pelas inúmeras campanhas de

marketing (TV, revistas, sites, panfletos e redes sociais) e relatos empíricos de

praticantes de treinamento com pesos amadores e profissionais, que defendem

ineptamente o poderoso efeito ergogênico destes produtos. Este cenário motivador,

atrelado à pressão midiática e social em relação ao corpo esteticamente perfeito,

tem contribuído para o aumento do consumo de suplementos alimentares, que

supostamente poderiam melhorar o desempenho físico, aumentar massa magra e

reduzir o percetual de gordura corporal 1.

Neste contexto, um dos suplementos alimentares mais consumidos e

pesquisados na atualidade é a β-Alanina - um aminoácido não essencial e não

proteogênico que pode ser produzido em baixas quantidades pelo fígado e obtido

por meio da alimentação (carnes bovinas e suínas). A base teórica que fundamenta

os efeitos fisiológicos da suplementação de β-Alanina sobre o desempenho físico e a

composição corporal é pautada na capacidade da β-Alanina de produzir o dipeptídeo

‘carnosina’ (β-alanil-L-histidina). A carnosina é produzia pela combinação de β-

Alanina e histidina [L-histidina – aminoácido protéico essencial] 2, em uma reação

catalisada pela enzima carnosina sintase 3,4 e armazenada em altas concentrações

no tecido muscular esquelético (99%), principalmente nas fibras musculares de

contração rápida (fibras tipo II). Considerando-se que a concentração sanguínea de

β-Alanina é 40 vezes menor do que a histidina, pode-se dizer que a β-Alanina é um

fator limitante da produção intramuscular de carnosina 5, e tem sido sugerido que a

suplementação com β-alanina poderia aumentar em 40-80% a concentração de

carnosina muscular 6,7.

Prévios estudos demonstram que a carnosina pode atuar como um tampão

nas fibras musculares 8, prevenindo o declínio do pH intramuscular induzido pelo

aumento dos níveis de íons hidrogênio (H+ ) durante exercícios de alta intensidade.

Esta capacidade de tamponamento intracelular tem sido reportado para atenuar a

fadiga e, consequentemente, melhorar o desempenho durante atividades de alta

intensidade em indivíduos suplementados com β-alanina 9. Além disso, tem sido

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demonstrado que a suplementação de β-alanina pode melhorar a intensidade e

volume de treinamento de força, bem como o desempenho físico em exercícios

contínuos ou intermitentes de alta intensidade com duração superior a 60 segundos

10. Tais efeitos benéficos da suplementação de β-alanina não foram observados em

atividades de alta intensidade e curta duração (< 60 segundos) 11, e atividades

envolvendo pequenos grupos musculares (ex: flexores do cotovelo) 12, sugerindo

que os efeitos ergogênicos da β-alanina são mais evidentes em condições de

elevada produção de H+ e consequente aumento dos níveis de fadiga.

Embora existam fortes evidências para confirmar os efeitos ergogênicos da

suplementação de β-alanina sobre a redução da fadiga e consequente aumento do

desempenho físico em atividades de alta intensidade, seus efeitos benéficos sobre a

recuperação muscular após exercício resistido permanecem desconhecidos.

Considerando que a β-alanina pode aumentar os níveis de carnosina intramuscular é

provável que a suplementação crônica de β-alanina seja benéfica para atenuar os

níveis de H+ produzidos durante a sessão de exercício resistido de alta intensidade

e, consequentemente, melhorar a função muscular durante o processo de

recuperação 8,9,10.

Portanto, a proposta deste estudo foi investigar os possíveis efeitos da

suplementação crônica de β-alanina sobre a função muscular durante o processo de

recuperação após uma sessão de exercício resistido de alta intensidade em sujeitos

adultos jovens não treinados. Nós testamos a hipótese de que a suplementação de

β-alanina poderia retardar a fadiga e melhorar a função muscular durante a

recuperação do exercício resistido comparada à suplementação de placebo.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Investigar os possíveis efeitos da suplementação crônica de β-alanina sobre

a força e recuperação muscular em indivíduos adultos jovens não treinados.

2.2 Objetivos Específicos

(1) Investigar os possíveis efeitos da suplementação crônica de β-alanina

sobre a força dinâmica máxima (1RM) e volume total de carga (VTC) em indivíduos

adultos jovens não treinados.

(2) Investigar os possíveis efeitos da suplementação crônica de β-alanina

sobre a função muscular (número de repetições máximas e nível de dor muscular)

durante a recuperação do exercício resistido em indivíduos adultos jovens não

treinados.

(3) Investigar os possíveis efeitos da suplementação de β-alanina sobre a

recuperação metabólica (níveis de lactato) durante a recuperação do exercício

resistido em indivíduos adultos jovens não treinados.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 EXERCÍCIOS RESISTIDOS NA REABILITAÇÃO

O treinamento resistido (TR) ou contra resistência é definido como uma forma

de exercício realizado contra uma determinada resistência externa e tem como

objetivo melhorar a aptidão neuromuscular. O peso é a resistência mais comum

utilizada em programas de treinamento resistido (halteres, barras com anilhas e

aparelhos), mas há ainda as resistências hidráulica, bolas medicinais, elásticos,

água e molas. A escolha da resistência depende do objetivo individual a ser

alcançado, bem como do nível de aptidão física e experiência do indivíduo com cada

movimento específico 13.

Carga ou intensidade de treino é a outra denominação de resistência,

podendo ser descrita como a quantidade de peso levantada em quilogramas durante

cada repetição. A intensidade de treino pode ser representada como a carga relativa

a um determinado percentual de uma repetição máxima (1RM) (80% de 1RM) ou a

um número específico de repetições (10 repetições máximas) ou a uma zona

específica de repetições (8-12 repetições). Já, o volume de treino representa o

número total de repetições realizadas em cada exercício (3 séries de 12 repetições,

totalizando 36 repetições) ou durante uma sessão completa de treino (total de

repetições x carga)13,14. Para que se obtenha um resultado satisfatório almejado

durante as sessões de exercícios resistidos é necessária uma correta combinação

do número de repetições, séries, sobrecarga, intervalos, sequência dos exercícios e

velocidade de execução dos movimentos, respeitando o limiar de dor, o período de

repouso, aplicação de sobrecargas e a condição física de cada indivíduo15,16.

Atualmente tem-se enfatizado o uso de exercícios resistidos na fisioterapia

devido principalmente ao déficit de força muscular presente em quase todas as

patologias cardiopulmonares, neuromusculares, gerontológicas e

musculoesqueléticas. Essa perda da força provoca uma diminuição da resistência

muscular gerando uma fadiga precoce durante as atividades diárias e prejuízos na

capacidade funcional. Observa-se que exercícios resistidos promovem grandes

benefícios como melhora do desempenho muscular (força, potência e resistência),

melhora da capacidade funcional e desempenho físico nas atividades de vida diária

(AVD), controle e manutenção do equilíbrio e postura corporal, aumento da

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densidade óssea, redução da dor, aumento e estabilidade articular, redução da

progressão da patologia, e acima de tudo proporciona bem-estar psicossocial e

melhora na qualidade de vida17,18

Quanto a escolha dos protocolos de atendimento fisioterápico utilizando os

exercícios resistidos é muito importante a padronização e a individualização. Antes

de iniciar qualquer treinamento resistido o ideal é mensurar a força muscular e

encontrar as cargas ideais para cada caso. Para mensurar a força pode-se utilizar a

técnica de 1RM (repetição máxima), que é a quantidade máxima de peso levantado

uma vez pelo indivíduo em 3 tentativas e segundo o Colégio Americano de Medicina

Esportiva a carga de treinamento recomendada é de 40% a 60% de 1RM para 2 ou

3 séries de 8 a 12 repetições, sempre respeitando os sinais e sintomas de cada

paciente14.

O treinamento resistido em casos patológicos necessita ser progressivo, com

aumento gradual da carga, iniciando com uma baixa resistência e com poucas

repetições, em uma velocidade baixa, permitindo um período de repouso de 1 a 2

minutos entre as séries e com uma frequência de 2 a 3 vezes por semana16,19. Os

exercícios resistidos geralmente são isotônicos com alternância de contrações

concêntricas e excêntricas, isso é o que torna o tratamento mais eficaz, pois essas

contrações são exigidas constantemente em todas as atividades da vida diária de

qualquer pessoa. Exercícios realizados até a exaustão faz com que surjam fases

isométricas, esses esforços máximos devem ser evitados em situações patológicas,

pois pode apresentar aumentos acentuados e perigosos da frequência cardíaca e da

pressão arterial17.

Precauções deverão ser tomadas quanto ao uso de exercícios resistidos na

reabilitação, como por exemplo, presença de dor articular ou muscular intensa aos

movimentos ativos, doença neuromuscular limitante, processo inflamatório na fase

aguda, doenças pulmonares obstrutivas crônicas grave, tromboflebites aguda,

alterações metabólicas graves, déficit na propriocepção e coordenação, alterações

sensoriais e declínio cognitivos, patologias não controladas, insuficiência cardíaca

instável, arritmias e pressão arterial elevada ou instável 19.

Como uma estratégia coadjuvante aos exercícios resistidos, a interação

nutricional vem sendo utilizada para maximizar as respostas musculares durante

programas de reabilitação, principalmente em pessoas que já apresentam um déficit

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de consumo nutricional. O uso de suplementos nutricionais associado aos exercícios

resistidos durante o tratamento fisioterápico otimizaria o processo de recuperação

muscular, atrasaria o início da fadiga muscular presente nos casos patológicos, os

quais dificultam o desempenho de várias atividades cotidianas e facilitaria a

realização e o aumento da carga dos exercícios mais precocemente durante o

programa de reabilitação, tendo como consequência imediata o retorno mais rápido

dos pacientes às suas atividades da vida diária, melhorando a saúde e a qualidade

de vida destas pessoas17.

3.2 SUPLEMENTAÇÃO

O consumo de suplementos nutricionais tem apresentado um crescente

aumento nas duas últimas décadas. No Brasil, uma pesquisa realizada pela

Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para fins Especiais e Congêneres

(ABIAD) envolvendo sete capitais brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador,

Brasília, Fortaleza, Porto Alegre e Belém), demonstrou que aprox. 54 % dos lares

apresentam pelo menos uma pessoa que consome algum tipo de suplemento

ergogênico (website: http://abiad.org.br/pb/).

O termo ‘ergogênico’ é derivado de duas palavras gregas “ergon” (trabalho)

e “gennan” (produzir). Logo, uma substância ergogênica é aquela que

essencialmente deve aumentar a capacidade de trabalho corporal, retardando o

aparecimento da fadiga e aumentando o poder contrátil do músculo esquelético e/ou

cardíaco, melhorando assim o rendimento físico. No entanto, a maioria dos

suplementos alimentares disponíveis no mercado não apresentam respaldo

científico para confirmar a sua eficiência como potencial recurso ergogênico 21,22.

O Dietary Supplement Health and Education Act (DSHEA) define suplemento

como produto alimentício adicionado a uma dieta, que poderá conter vitaminas,

minerais, ervas, plantas, aminoácidos, metabólitos, extratos ou a combinação de

qualquer um desses ingredientes23. No Brasil, o Ministério da Saúde e a Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), definem suplementos como alimentos

compostos de nutrientes vitamínicos e/ou minerais com o objetivo de complementar

a dieta de uma pessoa 24.

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16

O interesse pelos suplementos alimentares está relacionado a

potencialização dos resultados obtidos com a pratica de exercício físico,

principalmente a hipertrofia muscular e o desempenho muscular. Há mais de 250

tipos de suplementos que são formulados a base de carboidratos, proteínas,

gorduras, minerais, vitaminas, ervas, enzimas, aminoácidos e vários tipos de

extratos vegetais e animais. Tais suplementos podem ser classificados de três tipos:

1 – suplementos de conveniência, como barras energéticas e bebidas com

carboidratos e minerais que visam fornecer calorias e substâncias; 2 - suplementos

que visam o ganho ou perda de peso e 3 – suplementos que visam a melhora do

desempenho físico 25,26.

Os possíveis efeitos benéficos dos suplementos alimentares normalmente

são atribuídos a diferentes mecanismos de ação sobre o processo de adaptação e

recuperação, incluindo: 1) o aumento do aporte de macronutrientes como

carboidratos e proteínas, que poderia aumentar o desempenho físico ou acelerar o

processo de recuperação muscular, 2) o aumento do fluxo sanguíneo e oxigenação

muscular, que poderia melhorar a remoção de resíduos metabólicos (ex: H+ e

amônia) e aumentar o aporte de nutrientes para os músculos ativos, 3) a melhora na

ressíntese da molécula de adenosina trifosfato (ATP) e glicogênio, que poderia

contribuir para o aumento do desempenho e recuperação muscular, e 4) o aumento

do metabolismo e processo de termogênese, que poderia auxiliar na redução da

gordura corporal 27,28.

Dentre os suplementos nutricionais mais consumidos na atualidade com o

escopo de reduzir a fadiga e melhorar o desempenho muscular, destaca-se a β-

alanina. Prévios estudos demonstram que a suplementação de β-alanina pode

aumentar os níveis de carnosina intramuscular (um dos íons H+) e,

consequentemente, reduzir a fadiga e melhorar o desempenho em atividades de alta

intensidade29,31. Apesar dos resultados positivos sobre o desempenho físico, os

possíveis efeitos benéficos da suplementação de β-alanina sobre a recuperação

muscular após exercício resistido permanecem desconhecidos.

Portanto, estudos científicos com o objetivo de elucidar os reais efeitos

benéficos da suplementação de β-alanina sobre o processo de recuperação

muscular após exercício resistido são fundamentais para evitar o uso abusivo e

insensato deste suplemento, além de contribuir para a elaboração de estratégias

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não farmacológicas com objetivo de acelerar o processo de recuperação muscular

durante programas de exercício resistido direcionados a prevenção, promoção e

reabilitação do sistema muscular esquelético em ambos os contextos da saúde e

esporte.

3.3 AMINOÁCIDOS

Os aminoácidos (AA) são compostos orgânicos que contém em sua

estrutura um grupamento amino (-NH2) e um grupamento ácido (-COOH). Exceto

pela glicina todos os aminoácidos protéicos possuem em sua estrutura um carbono

quiral ou assimétrico que possui quatro ligantes diferentes, este carbono assimétrico

é chamado de carbono alfa (Cα). A presença de um Cα lhes confere atividade óptica

que é a capacidade das moléculas em desviar a luz plano polarizada a esquerda -

levógiro(-) ou a direita - dextrógiro(+) 32. Dizemos que estes compostos são

enântiomeros, ou seja, imagens especulares não sobreponíveis. Com relação a

configuração absoluta dos aminoácidos, estes podem ser classificados como D- e L-

isômeros baseados na molécula de gliceraldeido e do aminoácido alanina. As letras

D- e L- indicam apenas a configuração espacial de um isômero e não sua atividade

óptica. Existem compostos D- que são levógiros (-) e compostos L que são

dextrógiros (+) 33,34 .

Os aminoácidos se ligam através de ligações peptídicas para formar os

peptídeos (2 a 19 aminoácidos), polipeptídios (20 a 80 aminoácidos) e as proteínas

(acima de 81 aminoácidos). Os aminoácidos que compõem as proteínas são

chamados de aminoácidos proteicos, dentre mais de 300 aminoácidos presentes na

natureza, apenas 20 aminoácidos são proteicos. Exceto pela Prolina, todos os

aminoácidos proteicos têm seu grupamento amino e ácido ligado ao C-α, ou seja, os

aminoácidos proteicos são α-aminoácidos (Figura 1)35. Diversos α-aminoácidos não

proteicos como a ornitina, a citrulina e a cisteína e outros β -aminoácidos

(aminoácidos que tem seu grupamento amino ligado ao carbono beta (β)) como a

Taurina e a β-Alanina, desempenham papéis importantíssimos no metabolismo e

fisiologia celular36. A grande variedade de aminoácidos existentes deve-se a

variação das cadeias laterais, esta grande variação confere uma ampla variação em

suas propriedades bioquímicas e funções fisiológicas 37.

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18

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Adaptado do site www.compoundchem.com (compound interest, 2014)

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19

Baseado no balanço de nitrogênio da dieta os aminoácidos podem ser

nutricionalmente classificados como aminoácidos essenciais (indispensável) ou

aminoácidos não-essenciais (dispensável) tanto para seres humanos como animais.

Os aminoácidos essenciais são aqueles aminoácidos que não podem ser

sintetizados ou não são adequadamente sintetizados pelo organismo e devem ser

obtidos a partir da dieta. Os aminoácidos não essenciais são os que podem ser

sintetizados em quantidades adequadas pelo organismo 38. Além de desempenhar o

papel como unidades básicas da síntese de polipeptídios e proteínas, diversos

aminoácidos são importantes reguladores de vias metabólicas relacionadas com o

crescimento, manutenção, reprodução e defesa e eles são chamados de

aminoácidos funcionais que incluem a arginina, cisteína, glutamina, leucina, prolina

e triptofano 35,39 .

3.3.1 β-Alanina

A β-alanina, é um aminoácido não proteogênico, pois não participa da

estruturação das proteínas35 e pertence à classe dos aminoácidos não essenciais,

pois podem ser sintetizados pelas células hepáticas 6,40. A síntese da β-alanina

ocorre em pequenas quantidades no organismo, e suas principais fontes alimentares

são as carnes (bovinas, suínas, frango e peru), cuja ingestão contribui para

aumentar a síntese de carnosina intramuscular 6,41. O tempo de absorção da β-

alanina para atingir a máxima concentração sanguínea é de 30 a 40 minutos, e a

meia vida ocorre ~ 25 minutos após o pico, e o retorno ao basal ~ 3 horas após a

ingestão42,43. A β-alanina é transportada para o músculo por um transportador

específico chamado β aminoácido proteico, que depende de adequadas

concentrações de Na e Cl (relação de 1:2, respectivamente) e ter afinidade com a β-

alanina na faixa de 40 micrômero44,45.

Devido a capacidade da β-alanina de se unir a histidina (β-alanina + L-

histidina) e produzir a carnosina 6,46,47,48, a sua suplementação crônica com doses

entre 1.6-6.4 g/dia tem sido demonstrado para aumentar os níveis intramusculares

de carnosina em 40 a 80% 49,50. Este aumento dos níveis de carnosina tem sido

associado a redução da fadiga e consequente aumento do desempenho físico em

atividades de alta intensidade 10,29,30,31,51, principalmente em esforço com duração

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superior a 60 segundos envolvendo grandes grupos musculares (ex: uma sessão de

exercício resistido) 50,51 (Tabela 1), pois reduzem marcantemente o pH intramuscular

devido ao acúmulo de íons H+.

Quanto aos efeitos adversos, estudos relatam que o consumo de elevadas

doses (> 6g/dia) de β-alanina pode ocasionar parestesia (sensação de

formigamento) no rosto, pescoço e dorso da mão, que começa 20 minutos após a

ingestão e desaparece dentro de 60 a 90 minutos. Todavia, este sintoma pode ser

evitado com o consumo da dose recomendada (4-6 g/dia) e o fracionamento da dose

diária12. Além disso, não há evidências de que este formigamento seja prejudicial

para o organismo, e devido à natureza não essencial da β-alanina (produzida de

forma endógena), a probabilidade de preocupações de segurança é baixa12. Outro

efeito ainda em estudo é que a β-alanina poderia reduzir os níveis de taurina em

diversos tecidos, diminuindo a proteção da célula ao estresse oxidativo e ela ficaria

mais exposta à agressores42.

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Tabela 1 – Estudos envolvendo suplementação de β-Alanina

Autores Participantes Dose/período Resultados 52 - 18 idosos sedentários,

divididos em 2 grupos: BA e PL

3,2g por dia 2x dia de 800 mg Total: 12 semanas

↑ 85,4% carnosina gastrocnêmio ↑ tempo limite até a exaustão ↔ testes funcionais (time-up-go e time-stand)

53 - 26 idosos, divididos em 2 grupos: BA e PL

2,4g por dia (3 doses) Total: 12 semanas

↑ PWCFT

54 - 60 idosos, divididos em 3 grupos: G1(composto), G2 (composto mais 800mg de BA) e G3 (composto mais 1200 mg de BA)

G2: 3,2 g/dia G3: 4,8 g.dia (2 doses) Total: 12 semanas

↔ massa corporal ↑ PWCFT (G2 e G3) ↔ força manual ↑ STS (G3>G2)

55 - 27 idosos divididos em 4 grupos: BA, PLA, BA+exercício, PLA+exercício.

3,2 g/dia (2 doses) Total: 12 semanas

↑ no tempo do teste PFP-10 ↑ no tempo do SFT ↑ no RM perna leg press

56 - 27 indivíduos treinados, divididos em 2 grupos: BA e PLA

4,0–5,6 g/dia (0,8 g/2 horas) Total: 2 meses

↑ potência de salto

31 - 18 soldados, divididos em 2 grupos: BA e PLA

6 g/dia (2g – 3x/dia) Total: 1 mês

↑ níveis de Carnosina no gastrocnêmio

57 - 12 ciclistas, divididos em 2 grupos: BA e PLA

1,6 g - 30 min. antes do teste

↔ desempenho muscular

58 - 40 treinados e não treinados, divididos em 2 grupos: BA e PLA

6,4g/dia (4x/dia) Total: 1 mês

↑ desempenho muscular

59 - 15 atletas, divididos em 2 grupos: BA e PLA

4,8g/dia Total: 1 mês

↑ níveis de carnosina no sóleo e gastrocnêmio ↔ resistência

60 - 26 não treinados, divididos em 2 grupos: BA e PLA

6,4g/dia Total: 2 meses

↑ carnosina ↑ desempenho muscular

29 - 17 ciclistas, divididos em 2 grupos: BA e PLA

4g/dia Total: 2 meses

↑ potência no sprint final ↔ potência na prova

30 - 16 mulheres não treinadas, divididas em 2 grupos: BA e PLA

3,4g/dia 2 meses 5 minutos antes do treino Aguda

↔ força ↑ potência

PWCFT: Capacidade Física de Trabalho no teste de limiar de fadiga; STS: teste de sentar e levantar da cadeira por 30 s; SFT: Teste de aptidão física; PFP-10: teste de desempenho funcional. (↑ efeito positivo; ↔ sem efeito)

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3.3.2 L-Histidina

A histidina (Figura 2), também conhecida como ácido 2-3-(1H-imidazol-4-il)

propiônico, é um aminoácido básico polar com um grupamento imidazólico, que tem

um valor de pK de 6,00 (pK é a constante de equilibrio entre duas formas

protonadas/desprotonadas de um ácido fraco (pka) ou de uma base fraca (pkb), este

equilíbrio entre 50% de formas protonadas ou desprotonadas de uma determinada

substância em solução promove a ação tamponante desta substância), podendo se

apresentar em pH neutro quanto carregado positivamente ou sem carga (Figura 2).

A sua principal função é atuar como tampão nas células musculares e essa

capacidade tamponante é dada pelo grupamento imidazólico da L-histina livre e

compostos relacionados como carnosina, anserina e balenina 61. A histidina pode se

combinar a β-alanina e produzir carnosina no músculo esquelético, por meio de uma

reação catalisada pela enzima carnosina sintase (Figura 2), além de ser precursora

da histamina – um composto mediador de reações alérgicas que regula várias

funções fisiológicas e imunológicas62 e também a agregação plaquetária 63.

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O plasma apresenta elevados níveis de histidina, a qual está presente

principalmente nas glicoproteínas, interagindo com muitos ligantes e regulando

grande número de processos biológicos como a migração e adesão celular, ativação

de complemento e fagocitose de células apoptóticas. A deficiência de histidina

poderá reduzir a concentração plasmática de proteínas plasmáticas, principalmente

as glicoproteínas. A histidina também é encontrada na hemoglobina presente nas

hemácias favorecendo, assim, o tratamento da anemia e a manutenção do pH

sanguíneo 64.

Esse aminoácido essencial desempenha diversas funções: 1) na epiderme e

mucosas é responsável pelo estímulo às respostas anti-inflamatórias, 2) no

estômago estimula a secreção de uma enzima digestiva - a gastrina, 3) atua no

crescimento e reparo de tecidos, bem como a manutenção de bainhas de mielina, 4)

auxilia na remoção de metais pesados como zinco, cobre e ferro do organismo

quando em altas doses, 5) participa ativamente na eliminação de superóxido (O2-)

devido a sua alta capacidade antioxidante que favorece a não modificação e

acumulação de proteínas oxidadas, o que poderia ser uma indicação precoce de

danos nos tecidos causados por oxigênio e mediado por radicais – estresse

oxidativo (muito encontrado em células durante o envelhecimento e em patologias

incluindo doenças prematuras, distrofia muscular, artrite reumatóide e aterosclerose)

65,66.

3.3.3 Carnosina

O dipeptídeo carnosina é sintetizado e armazenado em altas concentrações

(99% da carnosina) no tecido do músculo esquelético de vertebrados e

invertebrados, principalmente nas fibras musculares de contração rápida (fibras tipo

II), mas pode ser transportada como um peptídeo intacto através da membrana

plasmática por dois transportadores de oligopeptídeo acoplado (PEPT1 e PEPT2). É

considerado um dos mais abundantes compostos intramusculares e também está

presente, em menor concentração, no cérebro e no coração (0,1 mmol/L, em média)

3,4,21,29,49,52,67,68. A carnosina, apresenta diversas funções: 1) antioxidante -

combatendo os radicais livres69,70,71; 2) regula cálcio no retículo sarcoplasmático,

melhorando a sensibilidade do aparelho contráctil; 3) aumenta a liberação do Ca+2

do retículo sarcoplasmático quando a liberação de Ca+2 é inibida (ex: durante a

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fadiga)72,73,74; e 4) atua como agente tamponante do pH intramuscular,

proporcionando a manutenção do equilíbrio ácido-base intracelular devido

principalmente ao pKa do anel imidazol da carnosina ter um pKa igual a 6,83

próximo ao pH fisiológico que é de 7.1 (Figura 3). Considerando os fatores

supracitados a carnosina tem sido descrita como um importante agente redutor de

fadiga durante atividade de alta intensidade e, devido a isto, seu precursor β-alanina

tem recebido grande atenção de pesquisadores e indivíduos interessados em

melhorar o desempenho muscular.

A Carnosina foi identificada e nomeada em 1900 pelo bioquímico russo

Vladimir Gulevich, em pesquisa com extrato de carne, e posteriormente foi descrita

por Alexander A. Boldyrev que relatou uma concentração de carnosina em torno de

5-8 mmol/kg de músculo úmido ou 20-30 mmol/kg de músculo seco75,76. Ela é

discretamente maior em homens do que mulheres da mesma idade e nível de

treinamento. O treinamento físico a longo prazo (bem treinados) e praticantes de

modalidades de predominância anaeróbica apresentam maior conteúdo

intramuscular de carnosina77. A carnosina pode ser ingerida pela dieta

(principalmente de carnes), porém quando entra em contato com o aparelho

digestório ela é hidrolisada pela enzima carnosinase em β-alanina e L-histidina, o

que elimina a sua possível eficiência como suplemento nutricional30,47. Portanto, a

melhor maneira de aumentar os níveis de carnosina no tecido muscular é ampliar a

disponibilidade dos seus precursores (L-histidina e β-alanina), principalmente a β-

alanina, devido a sua reduzida concentração intramuscular comparada a L-

histidina42. Assim, a suplementação de β-alanina tem recebido amplo destaque

dentre os potenciais suplementos da classe dos ‘redutores de fadiga.

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3.5 FADIGA MUSCULAR

A fadiga muscular pode ser definida como a redução da capacidade de força

máxima ou da potência muscular, reduzindo a capacidade muscular de sustentar

uma determinada tensão durante uma determinada tarefa78,79. Ela pode ser

quantificada pela (i) mudança na atividade muscular visualizada em um

eletromiógrafo, e (ii) declínio na força máxima ou potência imeditamente após a

contração que gerou a fadiga ou pela exaustão da função contrátil80,81,82. A

classificação da fadiga muscular, segundo o período da sua aparição, foi dividida em

aguda, subaguda e crônica baseando-se nas alterações do processo de excitação,

contração ou relaxamento das fibras musculares, e para facilitar uma possível

investigação da fadiga voltada para os mecanismos bioquímicos foi dividida em

central e periférica, sendo que a fadiga central é caracterizada por falhas na

condução do impulso nervoso (declínio do comando motor central), podendo

ocasionar alterações nos fusos neuromusculares, nas terminações nervosas, nas

sinapses e nos motoneurônios, e a fadiga periférica apresenta alterações

bioquímicas e iônicas a nível de unidade motora, que ocasionam limitações nos

nervos periféricos, neurônios motores e fibras musculares 79,83.

A natureza da fadiga muscular é multifatorial e complexa e sua origem

dependerá do tipo de exercício, do tipo de fibra muscular envolvida e o nível de

aptidão física de cada pessoa84. O principais mecanismos fisiopatológicos

envolvidos com a fadiga muscular periférica são: 1) acidose metabólica induzida

pelo exercícios de alta intensidade, devido ao acúmulo de ácido láctico que se

dissocia em lactato e íons H+, resultando na diminuição do pH, 2) acúmulo de

espécies reativas de oxigênio (ERO) que causam danos nas estruturas celulares por

produção aumentada de radicais livres (stress oxidativo), 3) alterações nas

estruturas neuromusculares envolvidas no processo de contração, 4) diminuição da

liberação de Ca2+ pelo retículo sarcoplasmático que leva a um decréscimo da

concentração de Ca²+ a nível intracelular, dificultando assim as contrações

musculares, 5) desequilíbrio iônico (bombas Na+ e K+), e 6) diminuição na oferta de

substratos energéticos ao músculo esquelético 85,86,87,88.

Uma das estratégias para diminuir o processo de fadiga durante esforços de

alta intensidade é atenuar a redução do pH intramuscular, e isso é realizado

inicialmente pelo bicarbonado através de uma sistema tampão que tem o seu pKa

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no valor de 6,1 (valor que permite o bicarbonado tamponar o meio) 89. Porém, há a

necessidade de uma maior alteração do pH intramuscular e isto poderá ser realizado

pela carnosina, que tem seu pKa igual a 6,83, sendo este valor próximo ao pH

fisiológico que é de 7,1 89. Portanto, estratégias não farmacológicas com o escopo

de aumentar os níveis de carnosina intracelular podem ser benéficas para aumentar

a capacidade de tamponamento muscular e, consequentemente, atenuar a fadiga e

melhorar a função muscular (ex: força e potência muscular) 29,42 durante o exercício

e a recuperação.

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36

4 ARTIGO CIENTÍFICO

EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO DE β-ALANINA SOBRE A

RECUPERAÇÃO MUSCULAR APÓS UMA SESSÃO DE EXERCÍCIOS

RESISTIDO.

Mirela Casonatto Roveratti1, Andreo Fernando Aguiar1

1 Universidade Pitágoras Unopar, Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde,

Londrina, Paraná, Brasil.

Este artigo será submetido no periódico Nutrients (A2).

Corresponding author: Andreo Fernando Aguiar ()

Center of Research in Health Sciences, North University of Paraná (UNOPAR),

Avenue Paris, 675, Jardim Piza, CEP: 86041-120, Londrina, PR, Brazil. Tel: +55

4399523813, Fax: +55 4333717725, email: [email protected]

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RESUMO

A proposta deste estudo foi investigar os possíveis efeitos da suplementação de β-

alanina sobre a força dinâmica máxima (1RM), volume total de carga (VTC),

resistência muscular localizada (RML) e recuperação muscular em indivíduos

adultos jovens não treinados. Vinte e quatro indivíduos adultos jovens (18-35 anos)

foram divididos em 2 grupos: suplementado com β-alanina (N = 12) e suplementado

com Placebo (N = 12). Ambos os grupos foram suplementados por um período de 31

dias e avaliados quanto a função muscular (força dinâmica máxima [1RM], volume

total de carga [VTC] e resistência muscular localizada [RML]) e recuperação do

exercício resistido (índice de dor muscular, percepção subjetiva de esforço [PSE],

níveis de lactato e RML) após 21 e 28 dias de suplementação, respectivamente. A

sessão de exercício resistido consistiu de 3 séries de 8-12 repetições a 75% 1RM

para o exercício de leg press e 3 séries de 8-12 repetições a 80% 10RM para o

exercício de cadeira extensora. Nenhuma diferença significante (P > 0,05) foi

encontrada entre os grupos β-alanina e placebo sobre a força dinâmica máxima

(1RM), volume total de carga (VTC), resistência muscular localizada (RML) e

variáveis de recuperação muscular (RML, índice de dor muscular, PSE e níveis de

lactato) do exercício resistido. Nossos resultados demonstram que a suplementação

de β-alanina não melhora a função e recuperação muscular em indivíduos adultos

jovens não treinados, indicando que pode ser prematuro recomendar este

suplemento como potencial recurso ergogênico para esta população.

Palavras-chave: suplementação, carnosina, músculo esquelético, função muscular,

resistência muscular, ergogênico.

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38

INTRODUÇÃO

A indústria de suplementos alimentares apresentou um expressivo

crescimento nas últimas duas décadas, com o lançamento de diversos produtos

destinados a melhoria da saúde e desempenho físico. A crescente procura por

suplementos nutricionais pode ser explicada pelas inúmeras campanhas de

marketing (TV, revistas, sites, panfletos e redes sociais) e relatos empíricos de

praticantes de treinamento com pesos amadores e profissionais, que defendem

ineptamente o poderoso efeito ergogênico destes produtos. Este cenário motivador,

atrelado à pressão midiática e social em relação ao corpo esteticamente perfeito,

tem contribuído para o aumento do consumo de suplementos alimentares, que

supostamente poderiam melhorar o desempenho físico, aumentar massa magra e

reduzir o percetual de gordura corporal 1.

Neste contexto, um dos suplementos alimentares mais consumidos e

pesquisados na atualidade é a β-Alanina - um aminoácido não essencial e não

proteogênico que pode ser produzido em baixas quantidades pelo fígado e obtido

por meio da alimentação (carnes bovinas e suínas). A base teórica que fundamenta

os efeitos fisiológicos da suplementação de β-Alanina sobre o desempenho físico e a

composição corporal é pautada na capacidade da β-Alanina de produzir o dipeptídeo

carnosina (β-alanil-L-histidina). A carnosina é produzia pela combinação de β-

Alanina e histidina [L-histidina – aminoácido protéico essencial] 2, em uma reação

catalisada pela enzima carnosina sintase 3,4 e armazenada em altas concentrações

no tecido muscular esquelético (99%), principalmente nas fibras musculares de

contração rápida (fibras tipo II). Considerando-se que a concentração sanguínea de

β-Alanina é 40 vezes menor do que a histidina, pode-se dizer que a β-Alanina é um

fator limitante da produção intramuscular de carnosina 5, e tem sido sugerido que a

suplementação com β-alanina poderia aumentar em 40-80% a concentração de

carnosina muscular 6,7.

Prévios estudos demonstram que a carnosina pode atuar como um tampão

nas fibras musculares8, prevenindo o declínio do pH intramuscular induzido pelo

aumento dos níveis de íons H+ durante exercícios de alta intensidade. Esta

capacidade de tamponamento intracelular tem sido reportado para atenuar a fadiga

e, consequentemente, melhorar o desempenho durante atividades de alta

intensidade em indivíduos suplementados com β-alanina 9. Além disso, tem sido

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demonstrado que a suplementação de β-alanina pode melhorar a intensidade e

volume de treinamento de força, bem como o desempenho físico em exercícios

contínuos ou intermitentes de alta intensidade com duração superior a 60

segundos10. Tais efeitos benéficos da suplementação de β-alanina não foram

observados em atividades de alta intensidade e curta duração (< 60 segundos) 11, e

atividades envolvendo pequenos grupos musculares (ex: flexores do cotovelo)12,

sugerindo que os efeitos ergogênicos da β-alanina são mais evidentes em condições

de elevada produção de H+ e consequente aumento dos níveis de fadiga.

Embora existam fortes evidências para confirmar os efeitos ergogênicos da

suplementação de β-alanina sobre a redução da fadiga e consequente aumento do

desempenho físico em atividades de alta intensidade, seus efeitos benéficos sobre a

recuperação muscular após exercício resistido permanecem desconhecidos.

Considerando que a β-alanina pode aumentar os níveis de carnosina intramuscular é

provável que a suplementação crônica de β-alanina seja benéfica para atenuar os

níveis de H+ produzidos durante a sessão de exercício resistido de alta intensidade

e, consequentemente, melhorar a função muscular durante o processo de

recuperação.

A proposta deste estudo foi investigar os possíveis efeitos da suplementação

crônica de β-alanina sobre o processo de recuperação muscular após uma sessão

de exercício resistido de alta intensidade em sujeitos adultos jovens não treinados.

Nós testamos a hipótese de que a suplementação de β-alanina por um período de 4

semanas poderia atenuar a dor e melhorar a função muscular durante a recuperação

do exercício resistido comparada a suplementação de placebo. Além disso, nós

avaliamos se a suplementação de β-alanina por um período de 21 dias poderia

aumentar a força dinâmica máxima (1RM), volume total de carga (VTC) e resistência

muscular localizada (RML) do músculo quadríceps (especificamente vasto lateral)

comparada a suplementação de placebo.

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40

MÉTODOS

Desenho experimental

Para a realização deste estudo foi empregado um desenho experimental de

2 grupos paralelos, randomizado, duplo cego, e controlado com placebo (Figura 1),

na qual 24 indivíduos adultos jovens (18-35 anos) não treinados foram

aleatoriamente divididos em dois grupos (7 homens e 5 mulheres em cada grupo):

suplementado com β-alanina (N = 12) ou suplementado com Placebo (N = 12).

Ambos os grupos foram suplementados por um período de 31 dias e avaliados

quanto a função muscular (força dinâmica máxima [1RM], volume total de carga

[VTC], e resistência muscular localizada [RML] em teste de repetições máximas) e

recuperação do exercício resistido (índice de dor muscular, percepção subjetiva de

esforço [PSE], níveis de lactato e RML) após 21 e 28 dias de suplementação,

respectivamente. A sessão de exercício resistido consistiu de 3 séries de 8-12

repetições a 75% 1RM para o exercício de leg press e 3 séries de 8-12 repetições a

80% 10RM para o exercício de cadeira extensora. Todos os testes foram precedidos

de 3 sessões de familiarização, a fim de evitar potencias efeitos de aprendizado e

garantir a confiabilidade dos dados. Além disso, nós avaliamos o consumo de

macronutrientes (proteínas, carboidratos e lipídios) durante 3 dias da primeira e

última semana do estudo, afim de monitorar qualquer influência da dieta sobre as

variáveis do estudo.

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41

Figura 1. Desenho experimental

Participantes

A amostra foi composta de indivíduos adultos jovens, não treinados com

idade de 18 a 35 anos, saudáveis, de ambos os sexos, estudantes dos cursos de

graduação da Universidade Pitágoras Unopar de Londrina-PR. Os critérios para

inclusão na amostra foram: (1) não ser vegetariano, (2) não apresentar histórico de

disfunções musculoesquelética, (3) não estar participando de um programa de

treinamento com pesos sistematizado a pelo menos 6 meses, (4) não fazer uso de

medicamentos que potencializem ou bloqueiem a ação muscular, (5) não ter

utilizado suplementos ergogênicos e esteroides anabólicos a pelo menos 6 meses,

(6) apresentar a descrição detalhada do recordatório alimentar (Anexo A), e (7) não

ter restrições médicas para prática de exercício resistido de alta intensidade. O

recrutamento dos participantes foi realizado por meio da ampla divulgação do projeto

na Instituição. Os interessados foram selecionados mediante entrevista pessoal e

anamnese clínica durante uma reunião com os pesquisadores. Todos os

participantes foram previamente informados sobre os objetivos da pesquisa e

procedimentos realizados, e assinaram um termo de consentimento livre e

esclarecido. O Projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade sob o

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protocolo n°. 1.667.005. Todos os procedimentos foram realizados de acordo com os

princípios da Declaração de Helsinque de 1975, revisada em 2008.

Familiarização

Antes da randomização todos os participantes foram submetidos a 3 sessões

de familiarização com os exercícios de leg press (Figura 3) e cadeira extensora

(Figura 2), com o objetivo de padronizar cadência, amplitude e posição corporal. O

protocolo de familiarização consistiu de 3 séries de 8-10 repetições, com intervalo de

2 minutos entre as séries e exercícios. Este procedimento foi adotado para evitar

potenciais efeitos de aprendizado e garantir a confiabilidade dos dados durante os

testes na fase de suplementação. Durante a prática dos testes os participantes

foram continuamente monitorados e orientados pelos avaliadores.

Figura 2. Cadeira Extensora

Figura 3. Leg Press

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Teste de 1RM

Após o período de familiarização, todos os participantes foram submetidos a

3 sessões de testes de 1RM e 10RM para os exercícios de leg press e cadeira

extensora, respectivamente, conforme protocolo previamente documentado (13).

Inicialmente os participantes realizaram um aquecimento muscular específico,

consistindo de 3 séries de 5-10 (50% de 1RM estimado), 3-5 (70% de 1RM) e 2-3

(85% de 1RM) repetições, respectivamente. Um intervalo de 2 minutos foi permitido

entre as séries. Subsequentemente, os sujeitos foram orientados a realizar o teste

de 1RM, com uma carga estimada pelos avaliadores. A carga para 1RM foi

determinada mediante a realização de 3 tentativas sucessivas, com incrementos de

peso de 10 a 20% para membros inferiores, até atingir a carga de 1RM. Um intervalo

de 4 a 5 minutos foi permitido entre cada tentativa, a fim de garantir uma suficiente

recuperação muscular. Todos os testes foram realizados pelo mesmo avaliador

experiente, a fim de obter a carga de 1RM em até 3 tentativas. Durante cada

tentativa os indivíduos foram continuamente monitorados e encorajados verbalmente

pelo avaliador. Os participantes foram instruídos a evitar qualquer tipo de exercício

físico, por um período de 3 dias precedentes aos testes. O valor de 1RM foi utilizado

como indicador de força dinâmica máxima.

Sessão de exercício resistido

Ambos os grupos foram submetidos a uma sessão de exercício resistido de

alta intensidade após 28 dias de suplementação. A sessão envolveu 02 exercícios

para o músculo quadríceps (leg press e cadeira extensora) e o protocolo consistiu de

3 séries de 8-12 repetições a 75% 1RM para o leg press e 3 séries de 8-12

repetições a 80% 10RM para a cadeira extensora, com 2 minutos de intervalo entre

as séries e exercícios (Equipamentos Nakagym, São Paulo, Brasil). A cadência do

movimento (2 segundos excêntrica : 1 segundo concêntrica) foi controlada por um

metrônomo. Antes de iniciar a sessão foi realizado um aquecimento geral de 10

minutos em esteira ergométrica a uma velocidade de ~10 km/h. Durante a sessão

os indivíduos foram continuamente monitorados e encorajados verbalmente pelo

avaliador.

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44

Suplementação

A suplementação foi realizada através de cápsulas, condicionadas em sacos

plásticos, etiquetados contendo o nome do participante, dia e horário a serem

ingeridas (Figura 4). Ambos os grupos consumiram os seus respectivos suplementos

(placebo ou β-alanina) a cada duas horas em cápsulas de 400 mg com idêntico

formato. A dose de suplemento foi progressiva ao longo do estudo, conforme a

seguinte ordem: 2,4 g/dia, fracionada em 6 cápsulas (dias 0-4); 3,6 g/dia, fracionada

em 9 cápsulas (dias 5-8); e 4,8 g/dia, fracionada em 12 cápsulas (dias 9-31). Para

garantir o desenho duplo-cego, um indivíduo que não estava envolvido no estudo foi

responsável pela etiquetagem e fornecimento das cápsulas aos participantes. O

fracionamento das doses diárias foi realizado com o objetivo de evitar potenciais

efeitos de parestesia (11). Nenhum participante relatou efeitos adversos ou sintomas

de parestesia ao longo deste estudo.

Figura 4. Kits de Suplementação

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Teste de repetições máximas e volume total de carga (VTC)

O teste de repetições máximas no leg press foi realizado para avaliar a RML

nos momentos pré e pós 21 dias de suplementação e após 28 dias de

suplementação (durante o processo de recuperação muscular (24, 48, e 72 h) após

a sessão de exercício resistido). O protocolo consistiu de 3 séries até a falha

muscular a 60% de 1RM, com intervalo de 2 minutos entre as séries. O teste foi

finalizado quando o indivíduo atingiu a falha concêntrica. A cadência do movimento

(1 segundo excêntrica : 1 segundo concêntrica) foi controlada por um metrônomo.

Antes de iniciar o teste foi realizado um aquecimento geral de 10 minutos em esteira

ergométrica a uma velocidade de ~10 km/horas. Durante o teste os indivíduos foram

continuamente monitorados e encorajados verbalmente pelo avaliador. O volume

total de carga (VTC - indicador de capacidade de trabalho muscular) foi determinada

pela seguinte equação: VTC = carga para 60% 1RM x número total de repetições no

teste de fadiga).

Dor muscular

O índice de dor muscular foi avaliada imediatamente após a sessão de treino

e testes de fadiga, por meio de uma escala visual analógica (EVA) (14). A escala é

representada por uma linha reta de 10 cm, na qual 1 ponto indica pouca ou

nenhuma dor e 10 pontos indica dor extrema. Os participantes foram orientados a

apalpar suavemente o ventre do músculo vasto lateral e assinalar na escala o ponto

que representava a intensidade da dor sentida naquele momento (Anexo B).

Percepção subjetiva de esforço

A percepção subjetiva de esforço (PSE) foi avaliada imediatamente após os

testes de fadiga, por meio da escala OMNI-RES (15). A escala é representada por

uma linha com 10 pontos, na qual “0” indica nenhum esforço (muito fácil) e “10”

indica esforço máximo (extremamente difícil) e observa-se que a PSE é um modo

simples, válido e confiável para avaliação da intensidade dos exercícios (16,17). Os

participantes foram instruídos a indicar na escala OMNI-RES o número que

Page 46: EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO DE β-ALANINA SOBRE A … · suplementação crônica de β-alanina sobre a função muscular durante o processo de recuperação após uma sessão de exercício

46

representava a sensação de esforço para realizar o teste de Fadiga. Antes de iniciar

o estudo todos os participantes foram familiarizados com a escala OMNI (Anexo C).

Análise de lactato

Amostras de sangue venoso da veia antecubital foram coletadas para

dosagem das concentrações séricas de lactato nos momentos pré e pós exercício, e

imediatamente pré-testes de fadiga durante o período de recuperação. Todas as

análises foram realizadas em um laboratório equipado com sistemas automatizados

usando kits comerciais para cinética.

Análise estatística

Para análise estatística dos resultados foi utilizado o software SPSS (versão

20.0; Chicago, IL, USA). A normalidade e homogeneidade das medidas foram

testadas pelos testes de Shapiro-Wilk e Levene, respectivamente. As variáveis

independentes foram os grupos experimentais (Placebo e β-alanina), enquanto as

variáveis dependentes foram: 1RM, RML (número de repetições), PSE, dor

muscular, lactato e consumo alimentar. Os dados basais foram avaliados pelo teste t

não pareado. Testes de ANOVA two-way (grupo x tempo) para medidas repetidas

foram realizados para avaliar as mudanças ao longo do tempo e entre os grupos

para todas as variáveis dependentes. A violação da esfericidade foi ajustada por

Greenhouse–Geisser. As diferenças específicas entre os grupos foram detectadas

pelo teste post-hoc de Bonferroni. Os valores são expressos como média ± desvio-

padrão. O nível de significância α foi de 0,05.

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47

RESULTADOS

Características basais dos participantes

As características basais dos participantes são mostradas na Tabela 1. Não

houve diferença significante entre os grupos experimentais.

Tabela 1. Características basais dos grupos experimentais

β-alanina Placebo

Idade (anos) 22.2 ± 2.9 22.1 ± 6.1

Massa corporal (kg) 71.9 ± 14.4 71.4 ± 9.0

Altura (cm) 167.9 ± 7.3 169.2 ± 6.3

IMC (kg/m2) 25.5 ± 5.1 24.9 ± 2.7

Valores expressos em média ± desvio padrão. IMC: Índice de

massa corporal. Não houve diferença significante entre os

grupos experimentais.

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48

Consumo alimentar

O consumo de macronutrientes dos grupos experimentais realizado através

de um recordatório alimentar durante a primeira e última semanas do experimento é

mostrado na Tabela 2. Nenhuma diferença significante (P > 0,05) foi observada no

consumo de carboidratos, proteínas e lipídios entre os grupos β-alanina e Placebo, e

ambos os grupos consumiram uma quantidade suficiente de macronutrientes.

Tabela 2. Consumo de macronutrientes durante a primeira

(dias 1, 2 e 3) e última semana (dias 28, 29 e 30) do

experimento entre os grupos β-alanina e Placebo.

β-alanina Placebo

Proteína, g/kg/d

Semana 1 1,4 ± 0,6 1,0 ± 0,6

Semana 4 1,1 ± 0,3 0,9 ± 0,4

Carboidrato, g/kg/d

Semana 1 3,3 ± 1,8 2,9 ± 1,2

Semana 4 3,0 ± 1,7 2,7 ± 1,0

Lipídios, g/kg/d

Semana 1 0,7 ± 0.3 0,7 ± 0,3

Semana 4 0,8 ± 0,3 0,6 ± 0,3

Energia total, kcal

Semana 1 1725.,2 ± 607,5 1507,1 ± 619,5

Semana 4 1597,7 ± 493,1 1377,4 ± 458,7

Valores são expresso em média ± DP. Não houve

diferença significante (P > 0,05) sobre o tempo e entre os

grupos.

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49

Força dinâmica máxima (1RM) e volume total de carga (VTC) após 21 dias de suplementação.

Os dados de 1RM e VTC são mostrados na figura 5. Nenhuma diferença

significante (P > 0,05) foi observada entre os grupos β-alanina e Placebo, nos

momentos pré e pós suplementação.

Figura 5. Força dinâmica máxima (1RM) e volume total de carga (VTC) após 21 dias de suplementação nos grupos Placebo e β-alanina. Valores expressos em média ± DP.

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50

Resistência muscular localizada (RML) após 21 dias de suplementação.

Os dados de RML (número de repetições) após 21 dias de suplementação

são mostrados na figura 6. Houve uma significante (P < 0,05) redução no número de

repetições entre as séries (S1, S2 e S3) durante o teste de fadiga, nos momentos

pré e pós suplementação. No entanto, nenhuma diferença significante (P > 0,05) foi

observada entre os grupos β-alanina e Placebo. O número total de repetições para

as 3 séries foi similar (P > 0,05) entre os grupos experimentais. Ambos os grupos

atingiram máximo esforço no teste de fadiga (média PSE: 9,7), indicando que o teste

foi adequado para avaliar a função muscular.

Figura 6. Número total de repetições durante o teste de fadiga após 21 dias de suplementação nos grupos Placebo e β-alanina. S, série; PSE, percepção subjetiva de esforço. Valores expressos em média ± DP. Letras diferentes indicam diferença significante (P < 0,05).

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Resistência muscular localizada (RML) durante a recuperação do exercício resistido após 28 dias de suplementação.

Os dados de RML (número de repetições) durante a recuperação do

exercício resistido (24, 48 e 72 h após a sessão) após 28 dias de suplementação

são mostrados na figura 7. Houve uma significante (P < 0,05) redução no número de

repetições entre as séries (S1, S2 e S3) durante os testes de fadiga nos momentos

24, 48 e 72 h de recuperação. No entanto, nenhuma diferença significante (P > 0,05)

foi observada entre os grupos β-alanina e Placebo. O número total de repetições

para as 3 séries foi estatisticamente (P < 0,05) maior nos momentos 48 e 72 h

comparados ao momento 24 h, com nenhuma diferença (P > 0,05) entre os grupos.

Ambos os grupos atingiram máximo esforço no teste de fadiga (média PSE: 9,7),

indicando que o teste foi adequado para avaliar a função muscular.

Figura 7. Número total de repetições no teste de fadiga durante a recuperação do exercício resistido (24, 48 e 72 h após a sessão) após 28 dias de suplementação. S, série; PSE, percepção subjetiva de esforço. Valores expressos em média ± DP. Letras diferentes indicam diferença significante (P < 0,05).

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Índice de dor muscular durante a recuperação do exercício resistido após 28

dias de suplementação.

O índice de dor muscular durante a recuperação do exercício resistido (24,

48 e 72 h após a sessão) após 28 dias de suplementação é mostrado na figura 8.

Houve uma significante (P < 0,05) redução no índice de dor muscular após 72 h de

recuperação, com nenhuma diferença significante (P > 0,05) entre os grupos β-

alanina e Placebo.

Figura 8. Índice de dor muscular durante a recuperação do exercício resistido (24, 48 e 72 h após a sessão) após 28 dias de suplementação nos grupos Placebo e β-alanina. Valores expressos em média ± DP. aP < 0,05 comparado aos momentos 24 e 48 h.

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Níveis de lactato durante a recuperação do exercício resistido (24, 48 e 72 h

após a sessão) após 28 dias de suplementação.

Os níveis de lactato durante a recuperação do exercício resistido (24, 48 e 72

h após a sessão) após 28 dias de suplementação são mostrados na figura 9. Houve

um similar e significante (P < 0,05) aumento nos níveis de lactato entre os grupos β-

alanina e Placebo, imediatamente após a sessão de exercício resistido. Os níveis de

lactato retornaram ao basal após 24 h d de recuperação, com nenhuma diferença

significante (P > 0,05) entre os grupos experimentais.

Figura 9. Níveis de lactato pré e pós, e durante a recuperação do exercício resistido (24, 48 e 72 h após a sessão) após 28 dias de suplementação nos grupos Placebo e β-alanina. Valores expressos em média ± DP. aP < 0,05 comparado aos momentos Pré, 24, 48 e 72 h.

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DISCUSSÃO

O objetivo deste estudo foi investigar os possíveis efeitos da suplementação

crônica de β-alanina sobre o processo de recuperação muscular após uma sessão

de exercício resistido de alta intensidade em indivíduos adultos jovens não

treinados. Considerando as propriedades fisiológicas e ergogênicas da β-alanina

7,10,18,19,20, testou-se a hipótese de que a suplementação de β-alanina por um período

de 4 semanas poderia reduzir os níveis de H+ intramuscular e, consequentemente,

atenuar a dor e melhorar a função muscular durante a recuperação do exercício

resistido comparada a suplementação de placebo. Além disso, foi avaliado se a

suplementação de β-alanina por um período de 21 dias poderia aumentar a força

dinâmica máxima (1RM), volume total de carga (VTC) e resistência muscular

localizada (RML) do músculo quadríceps comparada a suplementação de placebo.

Nossos resultados demostraram que a suplementação de β-alanina por um

período de 21 dias não promoveu qualquer efeito benefício sobre o 1RM, VTC e

RML. Além disso, nenhum efeito adicional foi encontrado sobre a função muscular

(dor muscular, níveis de lactato e RML) durante o processo de recuperação do

exercício resistido (24, 48 e 72 h após a sessão) após 28 dias de suplementação.

Nossos resultados são consistentes com prévios estudos12,21,22,23, que

demonstraram nenhum efeito da β-alanina sobre a força e resistência muscular,

indicando que a suplementação de β-alanina pode não ser eficaz para aumentar o

desempenho muscular em exercícios de alta intensidade. Todavia, prévios estudos

envolvendo indivíduos treinados demonstraram um aumento do desempenho físico

após a suplementação de β-alanina7,10,11,19,20. Várias possibilidades poderiam

explicar as diferenças nos resultados destes estudos: 1) o tempo de suplementação

(>2 meses)11,20 ; 2) o nível de treinamento dos indivíduos, uma vez que a

concentração de carnosina intramuscular é maior em sujeitos treinados7,19 ; 3) o

protocolo de teste aplicado (exercícios intermitentes máximos, com duração > 60

segundos) 10,18,19,20 ; 4) o uso de uma dose maior de β-alanina (> 6,4 g/dia), ou 5) a

combinação de suplementos (ex: creatina + β-alanina)18. Portanto, é provável que

os efeitos benéficos da β-alanina sejam dependentes da dose, período de

suplementação, nível de treinamento e protocolo de exercícios, indicando que este

suplemento pode não ser adequado para todas as populações.

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É bem estabelecido que a carnosina pode atuar como um “tampão” nas

fibras musculares, reduzindo o acúmulo de íons H+ produzidos durante atividades de

alta intensidade 2,24. Considerando que a β-alanina pode se combinar com a histidina

para formar a carnosina23,24 deveria ser esperado uma redução da fadiga e

consequente melhora da função muscular (dor, nível de lactato e número de

repetições máximas) durante o período de recuperação (24, 48 e 72 h) do exercício

resistido. No entanto, nossos resultados não confirmam tal hipótese, e são

consistentes com o estudo de Hoffman et al., 2008, que demonstraram nenhum

efeito benéfico da β-alanina sobre os níveis de fadiga muscular no teste de potência

anaeróbica (wingate e sprints) em jogadores de futebol. Por outro lado, Derave et al.,

2007 demonstraram redução da fadiga após testes isocinéticos (30 repetições de

extensão de joelho, com intensidade a 45% da contração isométrica máxima) após

suplementação de β-Alanina. Uma possível explicação para a falta de efeito em

nosso estudo e de Hoffman et al. (2008) poderia ser o curto período de

suplementação (~30 dias) e a baixa dose de β-alanina (4,5 g/dia), sugerindo que

períodos mais longos e doses maiores sejam utilizadas no contexto prático.

Algumas limitações deste estudo devem ser mencionadas: (1)

primeiramente, não realizamos biópsias musculares para analisar possíveis

marcadores teciduais de regeneração muscular; (2) não utilizamos a técnica de

ressonância magnética para quantificar as concentrações de carnosina

intramuscular; (3) não houve controle do consumo alimentar ao longo do estudo e

(4) não foi realizado comparações entre homens e mulheres. Estas limitações serão

evitadas em futuros estudos.

Em conclusão, nossos resultados demonstram que a suplementação crônica

de β-alanina, de acordo com o protocolo adotado, não melhora a força, resistência e

recuperação muscular após o exercício resistido em indivíduos adultos jovens não

treinados. Portanto, ainda parece prematuro recomendar este suplemento como

potencial recurso ergogênico para melhorar a função muscular durante a

recuperação do exercício resistido. Futuros estudos serão necessários para

confirmar a eficácia da β-alanina durante períodos mais prolongados de

suplementação e doses mais elevadas, em indivíduos treinados e não treinados.

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56

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ANEXOS

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ANEXO A – Recordatório Alimentar

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ANEXO B – Escala Visual Analógica

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ANEXO C – Escala de Esforço Subjetivo - OMNI