Disser Ta Cao
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UNIVERSIDADE DE SO PAULO
ZHAO LILI
SNTESE E CARACTERIZAO DO COPOLMERO TRIBLOCO ANFIFLICO BIODEGRADVEL POLI(L, L-
LACTDEO-STAT--CAPROLACTONA)-BLOCO-POLI(XIDO DE ETILENO)-BLOCO-POLI(L,L-LACTDEO-
STAT--CAPROLACTONA)
Dissertao de mestrado apresentada ao
Departamento de Engenharia Metalrgica e de
Materiais da Escola Politcnica da Universidade
de So Paulo como parte dos requisitos para a
obteno do ttulo de Mestre em engenharia.
So Paulo
2007
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1
SUMRIO
AGRADECIMENTOS ....................................................................................................... i
RESUMO ............................................................................................................................ ii
ABSTRACT ....................................................................................................................... iii
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................ iv
LISTA DE TABELAS ...................................................................................................... vii
LISTA DE ABREVIATURAS ........................................................................................ viii
1. INTRODUO ................................................................................................................ 4
2. OBJETIVOS ................................................................................................................... 10
3. REVISO BIBLIOGRFICA ...................................................................................... 12
3.1. POLISTERES ......................................................................................................... 12
3.1.1.cido Lctico....................................................................................................... 12
3.1.1.1. Produo do cido lctico............................................................................... 14
3.1.1.2. Preparao de polmeros baseados em cido lctico ..................................... 17
3.1.2. Poli (cido Gliclico)......................................................................................... 20
3.1.3. Poli(-caprolactona) .......................................................................................... 22
3.2. POLI(GLICOL ETILNICO)/POLI(XIDO DE ETILENO) ................................. 24
3.2.1. Propriedades do PEG......................................................................................... 25
3.2.2. Aplicaes do PEG............................................................................................. 27
3.3. POLIMERIZAO POR ABERTURA DE ANEL ................................................. 28
3.4. BIODEGRADAO ................................................................................................ 32
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2
3.4.1. Fatores que Influenciam a Degradao............................................................. 35
3.4.1.1. Localizao do Implante ............................................................................. 35
3.4.1.2. Composio Qumica .................................................................................. 36
3.4.1.3. Cristalinidade .............................................................................................. 37
3.4.1.4. Massa molar ................................................................................................ 37
3.4.1.5. Reticulao .................................................................................................. 37
3.4.1.6. Morfologia ................................................................................................... 38
3.5. ENGENHARIA DE TECIDOS................................................................................. 39
4. PARTE EXPERIMENTAL........................................................................................... 43
4.1. MATERIAIS ................................................................................................................. 43
4.2. EQUIPAMENTOS: ......................................................................................................... 43
4.3. METODOLOGIA ........................................................................................................... 44
4.3.1. Procedimento geral para sntese de copolmero tribloco com PEG20K (1) ..... 45
4.3.2. Sntese de PEG modificados (PEG-MODIF) a partir de PEG com 4000 u.m.a.
(PEG 4K) (2) ................................................................................................................ 47
4.3.2.1. Fundamentos tericos e clculos ................................................................ 47
4.3.2.2. Procedimento da sntese de poli(glicol etilnico)s a partir de PEG com
4000 u.m.a. (2).......................................................................................................... 49
4.3.3. Sntese de copolmero tribloco Poli(PLLA-CL-b-PEG-b-PLLA-CL)a partir de
PEG -MODIF (3).......................................................................................................... 50
5. CARACTERIZAO E RESULTADOS.................................................................... 51
5.1. RESSONNCIA MAGNTICA NUCLEAR (RMN-13C E RMN-1H).................................. 51
5.2. ANLISE TRMICA DINMICO-MECNICA (DMTA).................................................... 62
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3
5.3. CALORIMETRIA EXPLORATRIA DIFERENCIAL (DSC)................................................ 67
5.4. TERMOGRAVIMETRIA / TERMOGRAVIMETRIA DERIVADA (TG/DTG)......................... 74
5.5. ANLISE POR DIFRAO DE RAIO-X (WIDE ANGLE X-RAY SCATTERING WAXS) ........ 81
5.6. MICROSCOPIA TICA DE LUZ POLARIZADA (MOLP)................................................... 87
5.7. MICROSCOPIA ELETRNICA DE VARREDURA (MEV) .................................................. 91
5.8. TESTES DE BIOCOMPATIBILIDADE ............................................................................... 94
6. CONCLUSES............................................................................................................... 97
7. BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 99
-
4
1. INTRODUO
Neste incio do sculo XXI, aproximadamente seis bilhes de pessoas vivem no
planeta Terra e, estima-se que a populao ultrapasse os dez bilhes at meados do sculo.
Por causa desse aumento explosivo da populao, o mundo comeou a enfrentar vrios
problemas srios, como escassez de recursos energticos, alimentcios e a poluio
ambiental. A cincia e a tecnologia fizeram um progresso surpreendente no ltimo sculo,
particularmente depois da Segunda Guerra Mundial, tornando a vida cotidiana mais
confortvel e conveniente. Da mesma forma, para os materiais polimricos, a variedade de
polmeros sintticos est aumentando cada vez mais e suas aplicaes esto substituindo os
usos tradicionais de fibras naturais, madeiras e borrachas naturais. Os polmeros sintticos
so utilizados em um campo imenso de aplicaes, tais como transporte, construo,
embalagens, reas mdicas, etc. Hoje em dia, 150 milhes de toneladas de plsticos so
produzidos anualmente em todo o mundo e, a produo e o consumo continuam crescendo.
A maioria desses plsticos originada do petrleo e o aumento da produo deles, como
conseqncia, resulta no crescimento do consumo de leo. O ponto mais preocupante que
a grande durabilidade desses polmeros sintticos causa um impacto ambiental muito
significativo devido ao seu lento processo de degradao.[1]
Uma das estratgias que resolvem esses difceis problemas de recursos fsseis e do
meio ambiente a reciclagem dos materiais polimricos eliminados. De fato, a reciclagem
do plstico tem se tornado altamente popular em todo o mundo. A reciclagem do plstico
deveria ser disseminada com maior amplitude, porm a poluio causada pelos mesmos no
pode ser solucionada apenas por meios de reciclagem. Nem sempre possvel recuperar
todo o plstico utilizado. Nesses casos deveria ser indispensvel o uso de polmeros
-
5
biodegradveis. Alm disso, percebe-se que esses processos de reciclagem, tanto a
mecnica quanto a qumica, consomem considervel quantidade de energia trmica e por
este motivo, no se pode recicl-los para sempre, sendo esses materiais geralmente
destinados queima ou aterros sanitrios. Tendo isto em considerao, entende-se
facilmente a necessidade dos polmeros biodegradveis, os quais so reciclados por
microorganismos sem o consumo de energia trmica. [1,2]
Polmeros biodegradveis so definidos como polmeros que so degradados,
eventualmente transformados em dixido de carbono e gua, por microorganismos tais
como bactrias e fungos.[3] Portanto, quando esses polmeros vierem a ser degradados, eles
no devero gerar quaisquer substncias danosas ao meio ambiente. Polmeros
biodegradveis podem ser classificados em: i. Polmeros naturais (colgeno, lipdios,
celulose e polissacardeos, entre outros); ii. Polmeros naturais modificados (por
exemplo, reticulao de gelatina utilizando-se formaldedo, reticulao de quitosana
utilizando-se glutaraldedo ou transformao de celulose a acetato de celulose); iii.
Polmeros sintticos (poli(lcool vinlico), poli(cido acrlico), poli(acrilamidas),
poli(etilenoglicol), polisteres, etc[4-6]). Entre os polisteres, tem-se o poli(glicoldeo) como
polmero aliftico linear mais simples. Na grande famlia de polmeros biodegradveis,
destacam-se dois grupos: o primeiro de plsticos biodegradveis para consumos dirios
comuns tais como sacos de lixos, embalagens de alimentos, cosmticos, de produtos de
limpeza, etc, substituindo os viles da poluio ambiental; e um segundo grupo constitudo
por polmeros com aplicaes na rea mdica e farmacutica, tais como implante de
dispositivos mdicos, rgos artificiais, dispositivos de liberao controlada de drogas,
prteses, etc.[7] Para esses usos, exige-se do polmero tanto biodegradabilidade quanto
biocompatibilidade.
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6
No primeiro grupo tem-se um famoso representante, o poli(hidroxibutirato) (PHB),
cuja descoberta ocorreu graas a uma bactria chamada Burkholderia sacchari, a qual se
alimenta diretamente de acar, transformando o excedente do seu metabolismo em um
plstico biodegradvel, o que foi nomeado de PHB, posteriormente.[3],[4] Tecnicamente, o
PHB possui propriedades mecnicas semelhantes ao polipropileno: resistente a gua e
possui a impermeabilidade a gases. Quanto biodegradabilidade, ele se decompe em uma
grande diversidade de meios, liberando apenas gua e gs carbnico. Em fossas spticas, a
perda da massa chega a 90% em 180 dias e em aterro sanitrio perde 50% da massa em 280
dias, enquanto que o plstico de origem petroqumica pode levar centenas de anos para se
degradar.[10] A fabricao do PHB em escala industrial pode ser integrada totalmente linha
de produo da usina de acar. A energia para cultivo da bactria vem da queima de
bagao de cana. [8][9] O alimento o prprio acar e o solvente usado para retirar o
polmero das bactrias um derivado da produo de etanol. At os efluentes da linha de
produo tm aplicao dentro da cadeia produtiva: so usados para adubar e irrigar
plantaes. Alm disso, a alta produtividade (para cada 3 quilos de acar utilizado para
alimentar as bactrias possvel obter 1 quilo de plstico), revelada pelos pesquisadores do
IPT (Instituto de Pesquisas Tecnolgicas), tornou a produo industrial do PHB ainda mais
atraente. [10]
J na famlia dos polisteres alifticos, os polmeros, tais como o poli(-
caprolactona), poli(l-lactdio) e poli(cido gliclico), atualmente, so produzidos
comercialmente e suas vendas continuam crescendo[9],[11]. Alm desses polisteres
alifticos, vrios tipos de polmeros sintticos biodegradveis tm sido projetados e
testados para aplicaes prticas. Muitos copolmeros desses materiais so utilizados como
-
7
sistema de liberao controlada de frmacos. Essa tecnologia envolve diferentes aspectos
multidisciplinares e pode contribuir muito para o avano da sade humana. O chamado
drug delivery system oferece inmeras vantagens quando comparados a outros de
dosagem convencional: [12-16]
a) Maior eficcia teraputica, com liberao progressiva e controlada do frmaco, a
partir da degradao da matriz;
b) Diminuio significativa da toxicidade e maior tempo de permanncia na
circulao;
c) Natureza e composio dos veculos variados e, ao contrrio do que se poderia
esperar, no h predomnio de mecanismos de instabilidade e decomposio do
frmaco (bio-inativao prematura);
d) Administrao segura (sem reaes inflamatrias locais) e conveniente (menor
nmero de doses);
e) Direcionamento a alvos especficos, sem imobilizao significativa das espcies
bioativas;
f) Tanto substncias hidroflicas quanto lipoflicas podem ser incorporadas.
Outra aplicao interessante a confeco de implantes, suportes (scaffolds) para
crescimento celular, suturas de uso temporrio[17-18] e no removveis. Por ter uma
biodegradao atxica em uma escala de tempo programvel, a principal vantagem clnica
destes dispositivos temporrios e bio-assimilveis, a reduo de infeces e reduo de
custo, pois no necessitam de uma segunda cirurgia para remoo do implante. [19]
Na engenharia de tecidos, o primeiro passo para a reconstruo de um rgo ou
tecido visa seleo do suporte para as clulas. Assim, o material polimrico utilizado no
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8
caso de necessidade de scaffolds desenvolvido de forma a suportar fsica e
mecanicamente as clulas, da inoculao at o reimplante no organismo hospedeiro.
Portanto, o material tem funo como um suporte para o crescimento celular e
paralelamente servir como substituto mecnico/estrutural do tecido original at a formao
do novo tecido. Enquanto o tecido se desenvolve, o polmero degradado e reabsorvido
gradualmente, permitindo espao para a proliferao celular; a cultura in vitro e o tecido
maduro so formados no final dessa etapa. Somente aps a formao completa do tecido, o
implante inserido no organismo. [20-21]
Durante a dcada de 90, grandes investimentos foram feitos em pesquisas e
desenvolvimentos de engenharia de tecidos cartilaginosos e sseos, liderados por mdicos e
engenheiros e os scaffolds de PGA e PLA foram relatados em usos de reconstrues
cartilaginosas. Nos ltimos anos, eles foram testados experimentalmente visando at a
reproduo total ou parcial de estruturas anatmicas humanas, como por exemplo: tecido
heptico, mandbula, nervos perifricos, vlvulas e ductos urolgicos, vasos e regenerao
de tecido sseo.[22-26] Um relato mais completo das informaes existentes sobre a
engenharia de tecidos citado no captulo 3.5.
A Figura 1.1 ilustra um exemplo de implante tipo stent intravascular biodegradvel
feito de blenda de polilactdeo e carbonato de trimetileno.[5]
Para melhorar ainda mais a biocompatibilidade com os tecidos vivos, surge a
necessidade de desenvolver materiais com propriedades hidrofbicas e hidroflicas,
simultaneamente, tais como copolmeros em bloco. Esse tipo de copolmero, contendo
ambas as partes, chamado copolmero de propriedade anfiflica.
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9
Figura 1.1 Prottipo de um stent intravascular biodegradvel (blenda de polilactdeo e
carbonato de trimetileno). [5]
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10
2. OBJETIVOS
O trabalho tem como enfoque principal sintetizar e caracterizar copolmeros
anfiflicos e estudar detalhadamente a sua preparao e a influncia da sua microestrutura
nas propriedades qumicas e fsicas, principalmente, as propriedades mecnicas.
Este Projeto de pesquisa se insere nos trabalhos do grupo de polmeros
biodegradveis e envolve a preparao de copolmeros em bloco de etileno glicol, -
caprolactona e l-lactdeo, cujas composies estudadas foram baseadas nas pesquisas
desenvolvidas no laboratrio anteriormente[27-28]. A cadeia de poli(l,l-lactdeo) (PLA)
contribui para melhorar a propriedade mecnica e, a fase amorfa dominada por poli(-
caprolactona) (PCL) que, por sua vez, contribuir na reduo do tempo de degradao do
copolmero. A cadeia do poli(xido de etileno) (PEO) tem caracterstica hidroflica, assim,
com a adio desse material, torna o copolmero um produto de natureza anfiflica. A
presena do PEO no copolmero pode aumentar a biocompatibilidade do material,
originando a menor reao imunolgica possvel, quando usado como material de
implantes. Sabe-se que a sua propriedade mecnica varia com o tamanho da cadeia, e por
outro lado, trechos menores possuem maior facilidade de excreo pelo organismo.
Portanto, sintetizar uma nova cadeia de poli (xido de etileno) para atender essas duas
finalidades tornou-se tambm uma parte dos objetivos desse trabalho.
Resumidamente, este trabalho engloba as seguintes etapas:
Sintetizar e caracterizar copolmeros contendo segmentos de PLA e PCL, a partir de
PEG com massa molar de 20.000 u.m.a;
Sintetizar e caracterizar cadeias de PEG com pesos moleculares maiores, a partir de
PEG com 4.000 u.m.a;
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11
Sintetizar e caracterizar o copolmero tribloco usando PLA, PCL e PEG sintetizado
no item anterior;
Realizar testes de biocompatibilidade.
PEG usualmente terminado em dois grupos hidroxila, os quais so facilmente
ativados pelo di(etil-hexanoato) de estanho (SnOct2), e reage como iniciador das reaes
para preparao de PLA e PCL por abertura de anel, possibilitando a formao de
copolmeros com estrutura tribloco poli(l,l-lactdeo-stat--caprolactona)-bloco-poli(xido
de etileno)-bloco-poli(l,l-lactdeo-stat--caprolactona) (Figura 2.1).
O CO
O CO
O CO
nm
y xn m
OCH2CH2O CO
O CO
O CO
x
Figura 2.1 Representao estrutural do copolmero tribloco.
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12
3. REVISO BIBLIOGRFICA
3.1. POLISTERES
A maioria dos polisteres alifticos biodegradvel, sendo que os trs que mais se
destacam nesse grupo para o uso na rea biomdica esto representados na Tabela 3.1.
Tabela 3.1 Os principais polisteres biodegradveis usados na rea biomdica.[5],[15],[22]
Polmero Sigla Frmula Tg (C) Tm (C)
Mdulo de
elasticidade
(GPa)
Tempo de
degradao
(meses)
Poli (cido
gliclico) PGA O
O
n
35-40 225-230 8,4 6-12
Poli (l-cido
lctico) PLLA O
O CH3
n
60-65 173-178 2,7 >24
Poli (-
caprolactona) PCL O
O
n
(-65)-(-60) 58-63 0,4 24-36
3.1.1.cido Lctico
cido lctico (cido 2-hidroxipropanico) um cido orgnico encontrado em
vrios produtos de origem natural. O primeiro relato do isolamento desse cido do leite foi
por volta do ano 1780 e, a solidificao pela sua prpria esterificao foi descoberta alguns
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13
anos depois. A dimerizao formando lactdeo pela policondensao do cido lctico e sua
polimerizao pelo mecanismo de abertura de anel foram descritos por Carothers et al em
1932. Desde a dcada de 60 do sculo passado, as vantagens desse material na rea mdica
foram pesquisadas e reveladas, e em seguida, a fabricao desses polmeros foi realizada
em escala industrial. [1],[29]
Polisteres baseados em poli(cido lctico) (PLA), poli(cido gliclico) (PGA) e
seus copolmeros poli (cido lctico-co-cido gliclico) (PLGA) so os melhores
biomateriais para projetos numa vasta rea biomdica. cido lctico contendo um carbono-
assimtrico, o qual descrito tipicamente na forma D ou L, em termo de isomeria
clssica, ou apresentado em forma R e S, respectivamente, como mostra na Figura 3.1 Para
homopolmeros, as formas enantiomricas so poli (D-cido lctico) (PDLA) e poli (L-
cido lctico) (PLLA). PDLA e PLLA apresentam propriedades fsico-qumicas
semelhantes, so pticamente ativos em relao a feixe de luz polarizada, enquanto que o
PLA racmico tem caractersticas bastante diferentes. Por exemplo, as temperaturas de
transio vtreas de ambos so em torno de 60C, mas PLLA apresenta uma cristalinidade
bastante elevada com seu ponto de fuso, Tm de 170C; enquanto o PLA racmico
completamente amorfo.[29-30]
Figura 3.1 Estereoismeros de cido lctico.
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14
Por ser a forma natural, o PLLA considerado mais biocompatvel. Os polmeros
so derivados de monmeros produzidos pelo metabolismo do corpo humano, a degradao
desses materiais considerada segura para usos in vivo. Para esta finalidade, os produtos
de degradao freqentemente definem a biocompatibilidade de um polmero no
necessariamente o polmero em si. Muito embora o PLGA seja extensivamente utilizado e
represente a nata dos polmeros degradveis, o aumento da acidez local devido
degradao pode levar a uma irritao durante a utilizao do polmero. A introduo de
sais bsicos tem sido investigada como uma tcnica de controle de pH no meio local dos
implantes de PLGA.[31-34]
3.1.1.1. Produo do cido lctico
L-cido lctico, a estereoforma presente nos organismos de mamferos, por
exemplo, produzido pelo msculo com atividade intensa no conhecido Ciclo Cori.
cido lctico pode ser produzido tanto por processos de fermentao quanto pelas rotas
sintticas existentes. Entretanto, a primeira opo ainda mais adotada por sua
simplicidade e baixo custo. Por isso, atualmente, somente um fabricante japons
(Musashino) e um americano (Sterling Chemicals Inc.) utilizam a rota de sntese qumica
para a produo de cido lctico racmico a qual est esquematizada na Figura 3.2. [33],[35-36]
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15
(a) Adio do cido ciandrico
CH3CHO
aldedo actico
+ HCN
cido ciandrico
Catalisador
CH3CHOHCN
lactonitrila
(b) Hidrlise por H2SO4
CH3CHOHCN
lactonitrila
+ H2O + 1/2H2SO4
cido sulfrico
CH3CHOHCOOH
cido lctico
+ 1/2(NH4)2SO4 sulfato de amnio
(d) Esterificao
CH3CHOHCOOH
cido lctico
+ CH3OH
metanol
CH3CHOHCOOCH3
lactato de metila
+ H2O
(e) Hidrlise por H2O
CH3CHOHCOOCH3
lactato de metila
+ H2O CH3CHOHCOOH
cido lctico
+ CH3OH
metanol
Figura 3.2 Rota de sntese qumica na obteno de cido lctico.
A fermentao ocorre normalmente em processos por bateladas ou contnuos. Os
parmetros importantes na fermentao so valores de pH, temperatura, atmosfera e em
alguns casos, agitao.
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16
Na fermentao por bateladas, o valor de pH geralmente mantido constante pela
adio dos agentes neutralizantes como CaCO3, Ca(OH)2, Mg(OH)2, NaOH, ou NH4OH.
Essa fermentao feita tipicamente comeando de 5% de concentrao de acar e com
presena de nitrognio-nutriente. A converso de 90-99% de cido lctico pode ser obtida
em dois dias. Em processo contnuo, os parmetros e os aditivos so semelhantes ao
primeiro e a sua vantagem a maior produtividade em relao ao outro.
Aps o processo de fermentao, em muitos casos, o cido lctico obtido
purificado para uma possvel polimerizao seguinte. Neutralizao com a base seguida por
uma filtrao, concentrao e uma acidificao o processo tradicional para a fabricao de
cido lctico de alta pureza. O processo de extrao lquido/lquido utilizado para a
recuperao de cido lctico e o processo baseado na esterificao com lcoois seguida por
uma destilao e hidrlise tambm uma das importantes rotas. Esses processos
mencionados acima podem ser usados combinados com as tcnicas de separao incluindo
ultrafiltrao, nanofiltrao etc. para obteno de produtos com melhor qualidade.
Segue abaixo o fluxo de processo de fermentao (Figura 3.3).
(a) Fermentao e neutralizao
C6H12O6
glicose
+ Ca (OH)2 hidrxido de clcio
Fermentao
(2CH3CHOHCOO- ) Ca2+
lactato de clcio
+ 2H2O
(b) Hidrlise por H2SO4
2(CH3CHOHCOO-) Ca2+
lactato de clcio
+ H2SO4
cido sulfrico
2 CH3CHOHCOOH
cido lctico
+ Ca SO4
sulfato de clcio
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(c) Esterificao
CH3CHOHCOOH
cido lctico
+ CH3OH
metanol
CH3CHOHCOOCH3
lactato de metila
+ H2O
(d) Hidrlise por H2O
CH3CHOHCOOCH3
lactato de metila
+ H2O CH3CHOHCOOH
cido lctico
+ CH3OH
metanol
Figura 3.3 Rota de fermentao na obteno de cido lctico. [35]
3.1.1.2. Preparao de polmeros baseados em cido lctico
As propriedades de polmeros baseados em cido lctico variam muito dependendo
da distribuio e composio dos dois estereoismeros. Os polmeros podem ser fabricados
por diversas rotas de polimerizao, como mostrado esquematicamente na Figura 3.4. A
nomenclatura para esses polmeros se distingue pelas diferentes rotas de preparao, como
exemplos de polmeros derivados do cido lctico pela policondensao (PC) so
geralmente referidos como poli(cido lctico) e outros preparados a partir do lactdeo pela
polimerizao de abertura de anel (ring opening polymerization, ROP) so chamados
polilactdeo. Ambos os tipos podem ser encontrados na literatura, simbolizados por PLA,
embora muitos autores definam lactdeo como dmero cclico de cido lctico.[33-34]
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18
Figura 3.4 Processo esquematizado de polimerizaes do PLA.
A desvantagem da PC que os polmeros obtidos tm baixa massa molar, e ento,
vrios estudos foram realizados para a elevao de massa molar como por exemplo
manipulando o equilbrio entre o monmero de cido lctico, gua e o poli (cido lctico)
em um solvente orgnico ou adio de agentes ramificados multifuncionais para obteno
de estruturas estrelares por exemplo. Na presena de agentes bifuncionais (diis,
dicidos, etc) do formas telequlicas aos polmeros os quais podem aumentar suas massas
molares com o uso de agentes ligantes de cadeias. A massa molar do poli(cido lctico)
sintetizado pela policondensao partindo do monmero de cido lctico relativamente
baixa, por isso, somente o processo de PC no seria suficiente para a produo de
polmeros de alta massa molar.
A segunda categoria de polimerizao pela abertura de anel. Esse processo
tambm inclui policondensao do cido lctico seguido por uma despolimerizao para
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19
um dmero cclico desidratado, lactdeo (3, 6-dimetil-1,4-dioxano-2,5-diono), o qual pode
ser polimerizado pela ROP (ring opening polymerization) para obteno de polmeros com
alta massa molar. A despolimerizao convencionalmente feita pelo aumento da
temperatura da PC e abaixamento da presso, e destilao do lactdeo produzido. Devido
aos dois estereoismeros do cido lctico, o lactdeo opticamente ativo correspondente
pode ser encontrando em duas formas diferentes, isto , D,D-lactdeo e L,L-lactdeo (Figura
3.5). Alm disso, o lactdeo pode ser formado por uma molcula de D- e outra de L-cido
lctico, formando D,L-lactdeo (meso-lactdeo). O aumento da cristalinidade pode ser
manipulado tambm pela aplicao de uma tenso de orientao, induzida a
aproximadamente 10C acima da Tg, reorientando as cadeias durante o processamento do
material.
Figura 3.5 Estereoismeros de lactdeos.
A preparao dos polmeros baseados em cido lctico pela ROP pode ser realizada
em polimerizao em soluo, em massa, em suspenso ou polimerizao em estado
fundido. O mecanismo envolvido em ROP pode ser reao inica ou insero por
coordenao, dependendo do sistema do catalisador usado. Diversos tipos de catalisadores
foram testados ao longo do tempo: compostos metlicos de estanho (II), alumnio, zinco,
potssio, etc. Entre eles, o Sn(Oct)2, 2-etil-hexanoato de estanho mais utilizado, pois ele
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20
aceito pela FDA (Food and Drug Administration) para fins alimentcios e mdicos em
inmeros pases.[37] Assim, o Sn(Oct)2 facilmente encontrado comercialmente
(ex.Cargill/Dow e Purac) para sntese do poli(cido lctico) para usos em rea mdica.
Alm disso, o Sn(Oct)2 apresenta solubilidade em solventes orgnicos e em monmeros de
steres cclicos, facilitando a reao. O sistema reativo do l,l-lactdeo com o Sn(Oct)2 gera
produtos de alta massa molar com baixa taxa de racemizao, conseqentemente,
melhorando as propriedades mecnicas dos poli(l,l-lactdeo).
O homopolmero de l-lactdeo tem caracterstica semicristalina. Portanto, seus
copolmeros exibem alta resistncia trao e pouco alongamento e, esse mdulo elevado
faz com que eles sejam mais adequados do que os outros polmeros amorfos para
aplicaes ortopdicas. [34] O poli(d,l-lactdeo) um polmero amorfo o qual contm uma
distribuio estatstica de seus dois ismeros, assim, impossibilitando a cristalizao da sua
cadeia, provocando reduo de suas propriedades mecnicas em relao ao primeiro.[38]
Porm, a degradao mais rpida desse material torna-o mais atrativo para sistemas de
liberao de drogas.
3.1.2. Poli (cido Gliclico)
Poli (cido gliclico) um material termoplstico rgido com alta cristalinidade (46
a 50%). Sua temperatura de transio vtrea e temperatura de fuso so 36C e 225C,
respectivamente. Por causa desta alta cristalinidade, PGA insolvel na maioria dos
solventes orgnicos. E pelo mesmo motivo, PGA tem a melhor propriedade mecnica entre
todos os polisteres biodegradveis (veja na Tabela 3.1). Semelhante ao PLA, o mtodo
preferencial para a produo de polmeros de alta massa molar ROP, quando Sn(Oct)2
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21
usado como iniciador do sistema, a temperatura mais usual da reao de 175C e a
polimerizao dura entre 2 a 6 horas. [39] As tcnicas de processamento por extruso,
injeo e termoformagem viabilizam a produo de PGA em vrias formas, porm, a alta
sensibilidade degradao hidroltica do material requer um controle muito cuidadoso das
condies do processamento.[40] O material, ao sofrer a biodegradao, produz cido
gliclico, o qual um resultado natural do metabolismo corpreo, com carter inofensivo
ao organismo. Numerosos estudos foram feitos, provando a simplicidade de seu processo
de biodegradao por eroso homognea, reduzindo o tempo de sua biodegradao total.
Por isso, o PGA tem demonstrado maior aplicao na rea mdica como suturas
bioreabsorvveis. (Dexon, American Cyanamide Co) [41]
Na literatura, encontra-se uma quantidade considervel de estudos sobre
copolmeros de PLA-PGA, tambm denominado como PLGA. Pois o PLGA apresenta uma
degradao mais rpida comparado a quaisquer outros homopolmeros. [34] Um fio de
sutura pode ser absorvido pelo corpo em 3 meses, o que observado para o copolmero
PLGA (10/90), com nome comercial de Vicryl, desenvolvido pela Ehicon. Publicada em
1977, a pesquisa que analisou os copolmeros PLGA de vrias composies, comprovou
que o material PLGA (50/50) tem a menor meia-vida (Figura 3.6). Isto se deve ao fato da
estrutura do copolmero com 25-70% de glicoldeo ser amorfa, assim, a regularidade da
cadeia pode ser facilmente interrompida por outro monmero. O mesmo acontece com
outros copolmeros de poli(-caprolactona) e poli(cido lctico). [38]
-
22
Figura 3.6 Grfico de degradao de PLGA (tempo de meia vida X composio).[5] [38]
3.1.3. Poli(-caprolactona)
Poli(-caprolactona) um polister aliftico linear e semicristalino. A utilizao de
diferentes mecanismos de polimerizao pode afetar a massa molar, a sua distribuio e a
estrutura qumica de seus copolmeros produzidos. O mtodo mais comum a
polimerizao por ROP como no caso da polimerizao de PLA e PGA. [36]
A temperatura ambiente, o material solvel em vrios solventes orgnicos, tais
como clorofrmio, diclorometano, benzeno, tolueno, ciclohexano e 2-nitropropano.
pouco solvel em acetona, 2-butanona, acetato de etila e dimetilformamida e insolvel em
lcoois e teres.
Poli(-caprolactona) apresenta uma temperatura de transio vtrea na faixa de -
60C e a temperatura de fuso por volta de 60C. O homopolmero PCL apresenta um
-
23
tempo de degradao de aproximadamente 2 anos. [42-44] Os copolmeros de CL com D,L-
lactdeo foram sintetizados e investigados para elevar a taxa de degradao. Por ter
propriedades mecnicas inferiores como visto na Tabela. 1, blendas e copolmeros com
outros polisteres biodegradveis so produzidos e testados em inmeras pesquisas para
atingir as propriedades desejadas. Por exemplo, a presena do poli(-caprolactona) com
PGA apresenta rigidez inferior, quando comparado com homopolmero de cido gliclico
(PGA), [45-46] j existente no mercado, vendido como sutura monofilamentoso
MONOCRYL, tambm fabricado pela Ethicon.[5]
-
24
3.2. POLI(GLICOL ETILNICO)/POLI(XIDO DE ETILENO)
Os polmeros poli(glicol etilnico)s ou popularmente conhecidos como poli(etileno
glicol) e PEG, so molculas aparentemente simples. Eles apresentam estrutura linear ou
ramificada e so politeres neutros, solveis em gua e na maioria dos solventes orgnicos.
[47]
O
HO CH2CH2O HnCH2 CH2
Figura 3.7 Esquema de reao de sntese de poli(glicol etilnico)
PEGs possuem uma variedade de propriedades aplicveis na rea biomdica e
biotcnica. Isso porque primeiramente o PEG raramente efetivo para excluir outros
polmeros quando esto presentes num ambiente aquoso [48]. Essa propriedade mostra-se na
sua conjugao com protenas e na formao de sistemas bifsicos com outros polmeros.
Alm disso, o polmero atxico e no prejudicial s atividades proticas e celulares,
embora interaja com membranas celulares. Os PEGs tambm esto sujeitos s modificaes
qumicas e associaes com outras molculas, esse ltimo afeta muito pouco sua
propriedade qumica original, porm controla sua solubilidade e aumenta o seu tamanho de
cadeia, dependendo da quantidade da cadeia adicional. [49]
-
25
3.2.1. Propriedades do PEG
PEGs so chamados tambm de poli(xido de etileno), de modo geral, o poli(glicol
etilnico) se refere aos de massa molar abaixo de 20.000, poli(oxido de etileno) se refere a
polmeros de massa molar mais elevada.
Com o aumento da massa molar da cadeia, aumenta a cristalinidade da estrutura e,
conseqentemente, a viscosidade torna-se mais elevada, por isso, os PEGs que apresentam
massa molar abaixo de 1000 g.mol-1 so lquidos viscosos e incolores, os que apresentam
massa molar acima desse valor so brancos e quebradios. O ponto de fuso do slido
proporcional sua massa molar e varia na faixa de 30 a 60C. Os PEGs utilizados em
aplicaes mdicas e biotcnicas so os de massa molar desde 200 at 20000 g.mol-1. O
PEG geralmente preparado por uma iniciao aninica com pouca transferncia de cadeia
e terminao. Pode-se notar que, entretanto, os teres monometlicos do PEG exibem uma
larga distribuio da massa molar, por causa da presena do PEG de alta massa molar. Esse
PEG produzido a partir do seu terminal hidroxila agindo como um iniciador, por ser um
polmero bifuncional, ele cresce em ambos os lados e, sendo assim, apresenta um aumento
maior de massa molar. [50]
Quando o poli(glicol etilnico) adicionado gua, h uma reduo de volume e a
dissoluo envolve desprendimento de calor de 50-59 J/g (12-14cal/g) para uma mistura de
50/50 de gua e PEG de massa molar de 300-600, como se pode esperar para um estado
altamente estruturado na soluo. Para PEGs em estado slidos, essa reduo neutralizada
por um calor de fuso endotrmico maior, 155-192 J/g (37-46 cal/g), porque o calor de
dissoluo do PEG slido negativo, assim, uma aplicao do calor externo facilita sua
dissoluo.
-
26
A solubilidade em gua e em diferentes solventes orgnicos de diferentes PEGs
mostrada nas Tabelas 3.2 e 3.3, respectivamente. Geralmente, quanto menor for a massa
molar do PEG, maior a sua solubilidade. A solubilidade dos PEGs em solventes orgnicos
polares boa, mas pouco solvel em hidrocarbonetos e outros solventes com pouca
polaridade. Pode-se perceber pela tabela que a solubilidade tambm fortemente afetada
pela temperatura.
Tabela 3.2 Propriedades de poli(glicol etilnico) Carbowax [50]
PEGs Massa molar /
u.m.a
Ponto de fuso
(Tm)/ C
Solubilidade em gua
a 20C/ %, p/p
Viscosidade em 99C/
(cSt)
300 285-315 -15 at -8 completo 5,8
400 380-420 4-8 completo 7,3
600 570-630 20-25 completo 10,5
1000 950-1050 37-40 70 a 17,4
4600 4400-4800 57-61 50 a 160-230
8000 7000-9000 60-63 50 a 700-900
20M * 15000-20000 50-55 b 65 a 14500
a aproximadamente.
b ponto de amolecimento
PEG20M* composto do Carbowax, preparado pela condensao de PEGs de peso 8M com
o epxido multifuncional.
-
27
Tabela 3.3 Solubilidade de poli(glicol etilnico)s Carbowax, em % em peso. [50]
400 Blenda 540a 3350 Solvente
20C 50C 20C 50C 20C 50C
gua S S 73 97 62 84
Metanol S S 48 96 35 S
Acetona S S 20 S
-
28
3.3. POLIMERIZAO POR ABERTURA DE ANEL
O mecanismo de polimerizao por abertura de anel de l,l-lactdeo pode ser dividido
em 3 classes de reao: catinica, aninica e coordenao-insero. As duas primeiras so
consideradas rotas alternativas, sendo que a ltima mais utilizada industrialmente. [55-57]
A rota catinica precisa de cidos extremamente fortes para iniciar a reao e, alm
disso, a substituio nuclefila em carbono quiral pode causar a racemizao do produto,
assim, impedindo a obteno de polmero com taticidade e massa molar elevada. Essas
caractersticas tornam-na uma rota pouco vivel. [57-58]
A segunda alternativa de reao aninica normalmente iniciada por alcxidos de
metais alcalinos. Tanto a iniciao quanto a propagao consiste em um ataque nucleofilo
de um nion ao carbono carbonila do l,l-lactdeo seguido pela clivagem da ligao CO-O
do anel. A tcnica possibilita a desprotonao do monmero l,l-lactdeo, gerando um nion
lactdeo planar. Devida a essa planaridade, as reaes de protonao e desprotonao
podem levar ao produto racmico tambm e, conseqentemente, ao baixo controle
esteroqumico e baixa massa molar do produto. [59-61]
A rota mais provvel e mais importante via insero por coordenao. Essa
tambm a rota selecionada para sintetizar os copolmeros nesse trabalho. Os compostos
organometlicos tm sido utilizados nas copolimerizaes e copolimerizaes de poli(-
hidrxi cidos), com o objetivo de desenvolver catalizadores metlicos ativos de baixa
toxidez e controlar a microestrutura do polmero, o que afeta as suas propriedades
mecnicas e taxa de biodegradao. [62-64]
Neste trabalho foi usado o iniciador mais utilizado atualmente, di(2-etil-hexanoato)
de estanho (II) (Sn(Oct)2). A reao envolve duas etapas. Na primeira, o catalisador
-
29
Sn(Oct)2 reage com compostos doadores de hidrognio (hidroxilas, lcool, umidade contida
no sistema), co-catalisador, gerando o alcxido de estanho, considerado o verdadeiro
iniciador da reao. (1)
O sistema reacional deve ser mantido seco, pois a umidade pode provocar reaes
indesejveis[37]:
a) Competir com o co-iniciador impedindo a formao do copolmero de massa molar
elevado;
b) Decompor o catalisador e inativando-o a altas temperaturas no meio reacional;
c) Induzir a ocorrncia de reao de hidrlise do polister.
Em uma segunda etapa, o monmero cclico se insere entre a ligao Sn-OPEG
formada na etapa anterior, promovendo o crescimento da cadeia. (etapa da propagao).
Pesquisas foram anteriormente descritas [28],[65-67] descrevendo a formao de cadeia de
copolmeros de -caprolactona com l,l-lactdeo com estrutura estatstica. Assim, acredita-se
que a insero de l,l-lactdeo e -caprolactona seja totalmente estatstica como mostram as
equaes esquematizadas (2 e 3) na Figura 3.8.
OO
SnOO
RR + HO-(CH2-CH2-O)k-H
(CH2-CH2) O Sn O (CH2CH2)
+ 2 RO
OH
(1)
-
30
_
_
OOctSn CHCH3
C O CH C O RO CH3 O
_
ROOctSn_
_
O
OO
O
R = (CH2CH2-O)k
(2)
_
_
OOctSn CH2
_
ROOctSn_
_
O
O
5CO
O R
(3)
O
O
OO
CH3
CH3O
O
+_
_OOctSn CH2CH2 O +k
O C
O
O C
O
O C
O
nm
y x
n mOCH2CH2O C
O
O C
O
O C
O
x
(4)
Figura 3.8 Representao esquemtica das reaes da sntese do copolmero.
-
31
O aumento da concentrao do co-iniciador resulta em polmeros com massas
molares reduzidas. Kowalski[55] atribuiu este comportamento ao duplo papel desempenhado
pelo co-iniciador na formao do verdadeiro iniciador e como agente de transferncia. Na
ausncia de reao de transferncia, o Mn (massa molar mdia numrica) do polmero
cresce linearmente com a converso do monmero. Transferncias reduzem a massa molar
e aumentam a polidispersidade do homopolmero ou do copolmero final.
-
32
3.4. BIODEGRADAO
O processo de biodegradao e bioabsoro dos poli(-hidrxi cidos) descrito na
literatura como sendo uma sucesso de eventos. Exposto ao ambiente aquoso, inicialmente
o material sofre hidratao. Com a presena das molculas de gua, o processo de
degradao d-se atravs da hidrlise das ligaes steres, originando produtos na forma de
oligmeros (ou monmeros) solveis e no txicos. A degradao prossegue por um
processo biologicamente ativo (por enzimas) ou pela clivagem hidroltica passiva, sendo
caracterizada pela perda de massa, diminuio de massa molar ponderal mdia e pela perda
das suas propriedades mecnicas, como a resistncia trao e compresso.[68-70]
A reao de hidrlise pode ser descrita pela equao cintica cuja constante de
velocidade k e os reagentes so grupos carboxila e ster.
ROHCOOHOHHOOCCOOR ++ 22
Nos estgios iniciais da reao temos a equao cintica que relaciona a formao
de grupos carboxlicos ([COOH]) com o desaparecimento de grupos ster (-[ster]) em
funo do tempo:
dtsterkCOOH
COOHdsterCOOHkdt
COOHd ][][][]][[][ ==
Nos estgios iniciais da reao a concentrao [ster] muito elevada e a sua
variao muito pequena, de forma que se pode assumir nestas condies [ster] como
constante:
aster =][
Integrando-se a equao cintica obtm-se:
katCOOHCOOH
=
0][][ln
-
33
ou ainda:
)(0][][ akteCOOHCOOH =
Como [COOH] diretamente proporcional a e Mn pode-se escrever:
)(0
take =
)( takonn
MeMM =
Relacionando essas duas ltimas equaes de e Mn, chega-se deduo de
equao relacionada quela de Mark-Houwink, demonstrando o decrscimo exponencial da
viscosidade intrnseca () em relao massa molar (Mn).
o
n
n
M MM
kk
lnln0
=
ou ainda:
=
Mkk
no
n
MM
0
isto :
vvMK= (equao Mark-Houwink)
No observada a perda de massa na fase inicial da biodegradao, pois acontecem
apenas quebras de cadeias nessa etapa, transformando cadeias longas em pequenas. A
segunda fase caracterizada pela evidente perda de massa do material. Aps a primeira
etapa, as cadeias com baixa massa molar continuam produzindo fragmentos ainda menores,
facilitando a sua prpria difuso, aumentando a chance da ao da fagocitose. [71-76]
Dentre os produtos da hidrlise das ligaes steres, a presena de terminais cidos
catalisa a reao de degradao. Tal fenmeno chamado efeito autocataltico dos poli(-
-
34
hidrxi cidos). O processo homogneo inicialmente, quando os produtos da superfcie
difundem para o meio, entretanto, quando baixa a taxa de difuso dos produtos da reao
no interior do material, gera um acmulo de cidos, fazendo com que estruturas densas
tenham uma eroso inicial na superfcie, mas apresentem uma degradao mais acentuada
no centro. [77-82]
O efeito autocataltico foi avaliado e confirmado em estudos de degradao in vitro
de copolmeros dos poli(-hidrxi cidos). Os testes in vivo tambm demonstram essa
degradao de forma heterognea.
A bioabsoro pelo organismo ocorre quando a biodegradao gera produtos e
subprodutos com as caractersticas dos metablitos orgnicos, especificamente os cidos do
Ciclo de Krebs. Para os PLAs, ao terminar a hidrlise do material, a degradao segue o
processo de oxidao do cido lctico, que por sua vez so convertidos em cido pirvico.
Na presena da acetil coenzima A, ocorre a liberao de CO2 e, conseqentemente, a
decomposio em citrato. O citrato ser ento incorporado no Ciclo de Krebs, resultando
em CO2 e H2O, podendo sua eliminao ser feita atravs da urina, fezes e da respirao.
Nenhuma quantidade significativa de acmulo de resduos da degradao encontrada em
rgos vitais. O material ento foi absorvido e metabolizado.[83-86]
J o mecanismo da biodegradao do PCL iniciado por uma hidrlise abitica do
polmero para cido -hidrxi caprico. Em seguida, esse produto degradado em ciclo de
TCA (cido tricarboxilico). [87-88]
H muitos fatores que influenciam a reao do corpo presena de um implante
biodegradvel. A resposta pode estar relacionada com o tamanho e com a composio do
implante, da mesma forma que o local do implante. A taxa de degradao do polmero e a
-
35
capacidade do local do implante de eliminar o composto degradado tm um papel muito
importante na reao do tecido ao implante.[89-90] Se o tecido do local no puder eliminar os
produtos cidos de um implante de rpida degradao, ento poder haver uma reao
inflamatria ou txica. [91]
A degradao in vitro mostra-se como uma boa alternativa quando comparados aos
estudos in vivo, sendo fundamentais e necessrios. Os custos so menores, o processo pode
ser acelerado e as condies do ensaio, como temperatura, pH, produtos e subprodutos de
degradao, podem ser quantificados e monitorados.
3.4.1. Fatores que Influenciam a Degradao
A taxa de degradao influenciada por fatores de configurao estrutural, tais
como o grau de copolimerizao, cristalinidade, massa molar, morfologia, quantidade de
monmero residual e porosidade, ambiente do implante etc. [92-95]
3.4.1.1. Localizao do Implante
Na localizao do implante, deve-se levar em conta a vascularizao local e a
solicitao mecnica. Se um polmero bioabsorvvel implantado num local de alta
vascularizao (grande atividade vital), sua velocidade de degradao ser mais rpida em
relao a uma regio menos vascularizada, de funes passivas. Locais de grande
solicitao mecnicos tambm tm sido descritos como aceleradores da degradao.
-
36
3.4.1.2. Composio Qumica
No exemplo do poli(cido lctico), a quiralidade do carbono permite a sntese de
compostos enantimeros, dando origem uma famlia de polmeros: poli(L-cido lctico)
(PLLA), poli(D,L-cido lctico) (PDLLA) e copolmeros em diferentes propores. Devido
distribuio aleatria das unidades L e D na cadeia polimrica, o polmero racmico no
possui domnios cristalinos, sendo um material amorfo e com propriedades mecnicas
significativamente menores quando comparado ao semicristalino PLLA, o que j foi
relatado com mais detalhes no item anterior 3.1.1. Por isso, enquanto o PLLA demora mais
de 2 anos para degradar, o PDLLA leva um tempo bem menor em sua degradao.
Os grupos hidroflicos, tais como -NH, -COOH, -OH e -NCO, entre outros,
auxiliam o processo de degradao. Assim, o grupo metila presente nas cadeias de PLA
responsvel pelo impedimento estreo na reao de hidrlise. Dessa forma, a presena de
unidades de cido gliclico favorece a penetrao da gua e conseqentemente a taxa de
degradao. Vrias pesquisas e estudos foram feitos baseados nessas informaes a fim de
descobrir um copolmero PLGA que melhor atenda s necessidades de controle do tempo
de degradao e ao mesmo tempo, no deixe a desejar em suas propriedades mecnicas.[38]
Os estudos de biodegradao realizados tanto in vivo quanto in vitro verificaram a
biocompatibilidade do PLA e PGA. Bergsma e seus colaboradores realizaram um estudo
em pacientes que receberam implantes de PLLA para fraturas zigomticas. Eles removeram
e analisaram o material depois de 3,3 at 5,7 anos. Algumas partculas de alta cristalinidade
de PLLA ainda permaneceram depois desse perodo. Essas partculas no so danosas s
clulas, mas induzem uma reao na forma de inchamentos locais.
-
37
3.4.1.3. Cristalinidade
Devido disposio espacial das cadeias polimricas, o efeito da cristalinidade
influi na taxa de absoro de gua pelo polmero. O primeiro estgio de degradao
consiste na penetrao e difuso das molculas de gua nas regies amorfas do material, e
subseqente ciso hidroltica das ligaes steres das cadeias polimricas. A segunda etapa
se d quando parte considervel da regio amorfa est degradada, e prossegue no centro dos
domnios cristalinos. A literatura descreve um aumento porcentual da poro cristalina
devido absoro dos fragmentos pela rede cristalina e pela formao de novos cristais,
atravs do rearranjo das cadeias de menor massa molar originadas no processo de
degradao. [72]
3.4.1.4. Massa molar
Polmeros com alta massa molar so extremamente durveis. As amostras de
pequena massa molar so mais susceptveis degradao, devido habilidade de fcil
transporte intracelular. Entretanto, essas macromolculas com baixa massa molar tm
utilidades muito limitadas apesar dessa propriedade vantajosa. [70]
3.4.1.5. Reticulao
As ligaes cruzadas reduzem consideravelmente a taxa de degradao mesmo
quando uma molcula apresente massa molar pequena. As cadeias lineares aumentam a
susceptibilidade da molcula ao ataque enzimtico, promovendo assimilao do micro
organismo. [70]
-
38
3.4.1.6. Morfologia
A influncia da porosidade e geometria do suporte polimrico tambm relatada
como um dos fatores determinantes na velocidade de degradao e induo ao crescimento
celular.
Vrios estudos revelam que a invaso e o crescimento celular esto diretamente
relacionados com o tamanho dos poros e a cristalinidade do material. Para muitos
polmeros biodegradveis e bioabsorvveis, na faixa de 50-150m, quanto maior o tamanho
do poro do material maior a facilidade de ancorar e crescer as clulas devido facilidade
de difuso dos nutrientes dos fluidos orgnicos locais.
Em muitos casos, durante a degradao in vivo, PLA e PGA produzem solues
txicas provavelmente em conseqncia da degradao produzir cido. Esta a
preocupao principal nas aplicaes ortopdicas onde requerem os implantes com
tamanhos considerveis, que pode resultar em uma liberao de produtos de degradao
com concentraes cidas locais elevadas. Um outro ponto preocupante a liberao de
partculas pequenas durante a degradao, podendo provocar uma resposta inflamatria.[73]
-
39
3.5. ENGENHARIA DE TECIDOS
Engenharia de tecidos um novo campo multidisciplinar que envolve a aplicao
dos princpios e mtodos de engenharia de materiais junto aos conhecimentos das reas
biolgicas e mdicas. A grande vantagem da engenharia de tecidos a superao dos
limites de tratamentos convencionais baseados em transplantes de rgos ou implantes de
biomateriais dentro do corpo humano. [50-54] Em princpio, pode-se produzir substitutos
artificiais imunologicamente tolerantes de rgos e de tecidos danificados que podem
crescer no paciente. Isso conduzir a uma soluo permanente, sem a necessidade de
terapias suplementares a longo prazo. [71],[74]
Essa nova engenharia trata resumidamente de um cultivo de clulas in vitro e em
seguida, introduo em estudos in vivo. A dificuldade de insero direta e proliferao de
clulas trouxeram a necessidade de uma matriz pr-implantao a qual chama-se scaffold,
suporte de crescimento celular. Antes do implante, o processo de cultivao de clulas
segue o fluxograma abaixo:
-
40
(a) Oxignios de nutrientes apropriados
so fornecidos, atravs do scaffold
poroso para criar um ambiente
adequado para o crescimento celular.
(b) As clulas so depositadas na
superfcie do scaffold.
(c) As clulas comeam a proliferar-se e
migram para dentro dos poros da
matriz.
(d) As clulas colonizam inteiramente os
poros do scaffold e comeam a
construir a sua prpria matriz
extracelular.
(e) Muitas vezes, as camadas superiores de
clulas consomem a maior parte do
oxignio e nutrientes, dificultando a
difuso deles e conseqentemente a
imigrao das mesmas. Pp simboliza a profundidade de penetrao
Figura 3.9 Diagrama esquemtico de cultivo de clulas. [77]
-
41
Vrios requisitos foram identificados para a produo de scaffolds na engenharia de
tecidos.
(1) O scaffold deve possuir poros interconectados de escala apropriada para
favorecer a integrao e a vascularizao do tecido.
(2) O material do scaffold deve apresentar biodegradabilidade para que
eventualmente seja substitudo pelos tecidos vivos.
(3) Deve ter superfcies com propriedades qumicas adaptadas para favorecer o
ancoramento e crescimento de clulas.
(4) Possuir propriedades mecnicas adequadas de acordo com o local pretendido
de implante.
(5) No devem induzir nenhuma resposta inflamatria.
(6) Sejam fabricados facilmente em uma variedade de formas e tamanhos.
Atendendo a todas essas exigncias, diversos materiais podem ser selecionados para
a fabricao do scaffold.
Inicialmente, materiais cermicos sintticos e naturais inorgnicos (hidroxiapatita e
fosfato triclcio) foram investigados como candidatos de confeco de scaffold na rea de
engenharia de tecidos sseos. Isso porque estes materiais cermicos assemelham-se ao
componente inorgnico natural do osso e tem propriedades de osteocondutividade.
Entretanto, esses cermicos so inerentemente frgeis embora se ajustem s propriedades
naturais do osso. Pode-se interpretar que o sistema sseo funciona como uma matriz
polimrica reforada com partculas cermicas, o polmero a protena colgeno, e
representa aproximadamente 30% do peso total, e a hidroxiapatita, 70%.
-
42
Porm, os scaffolds cermicos no podem ser apropriados para crescimentos de
clulas de tecidos macios (tecido do msculo de corao) os quais requerem propriedades
mecnicas diferentes. Assim, os polmeros sintticos e naturais tornaram-se uma alternativa
verstil para a construo de scaffolds da maioria dos tecidos. [79]
Existem vrios mtodos na fabricao desses suportes: evaporao de solvente com
adio e lixiviao de sal, inverso de fase, extruso, FDM (Fused Deposition Modelling),
essa ultima tcnica permite a confeco de scaffolds com maior preciso em escala
nanomtrica.
Os polisteres sintticos e seus copolmeros ou blendas citados no captulo anterior
so muito usados para a fabricao de scaffolds.
-
43
4. PARTE EXPERIMENTAL
4.1. Materiais
Os reagentes e solventes qumicos utilizados neste trabalho foram utilizados como
recebidos, quando no mencionado nenhum tratamento especfico para purificao:
2-Etil-hexanoato de estanho procedncia: Aldrich;
Clorofrmio P.A - procedncia: Casa Americana, Vetec;
Clorofrmio-d procedncia: Cambridge Isotope laboratories.Inc;
-caprolactona - procedncia: Aldrich, pureza 99%;
Hexano-1,6-diisocianato procedencia: Sigma;
Hexano P.A procedncia: Casa Americana;
L,l-lactdeo (3,6,dimetil-1,4 dioxano-2,5 diona) - procedncia: Aldrich, pureza
98%;
Poli(glicol etilnico) de massa molar 4000 u.m.a (PEG4K) - procedncia:
Oxiteno do Brasil;
Poli(glicol etilnico) de massa molar 20.000 u.m.a Carbowax 20 M (PEG20K)
procedncia: Supelco.;
Tetrahidrofurano (sem inibidor) procedncia: Tedia Brasil;
4.2. Equipamentos:
Alm dos equipamentos comuns necessrios para a realizao da pesquisa, tais
como vidraria, balana analtica, etc. Utilizaram-se tambm os seguintes equipamentos:
Cmara Glove-box;
-
44
Calormetro diferencial exploratrio - DSC 50 da Shimadzu; - equipamento
pertencente ao IPEN
Analisador termogravmetro TGA 50 da Shimadzu; - equipamento pertencente
ao IPEN
Analisador trmico dinmico-mecnica (DMTA) Rheometric Scientific
modelo DMTA-V.
Microscpio tico de luz polarizada (MOLP) Olympus BX50; aquecedor
Mettler Toledo FP82HT; processador Mettler Toledo FP90.
Microscpio eletrnico de varredura (MEV) Phillips modelo XL-30.
Difratometro de Raio-X Phillips modelo MPD 1880.
Espectrometro de ressonncia magntica nuclear (RMN) modelo Bruker 200
equipamento pertencente a Central Analtica do Instituto de Qumica USP
4.3. Metodologia
Como dito anteriormente, a parte experimental engloba 3 etapas: (1) sntese de
copolmero tribloco com PEG20K, (2) sntese de PEG4K modificado, e por ltimo, (3)
sntese do copolmero tribloco utilizando o PEG4K modificado. A polimerizao foi
efetivada atravs da reao por abertura de anel, a razo molar entre os reagentes foi pr-
determinada segundo Castro e Wang [28] As cadeias desses copolmeros foram planejadas
para manter um trecho de PEG como segmento central, enquanto segmentos formados por
LA e CL crescem com estrutura aleatria a partir de seus grupos terminais.
-
45
4.3.1. Procedimento geral para sntese de copolmero tribloco com PEG20K (1)
Na cmara glove-box , purgada com nitrognio, foram realizadas as pesagens dos
reagentes. Para o copolmero 1, foi mantida na alimentao, a seguinte proporo mssica
entre os reagentes: LA:CL:EO = 30:45:25. Preparou-se primeiramente o PEG e o
catalisador (octanoato de estanho) no balo, fechado com parafilme para evitar qualquer
contato com a umidade do ar. Feito isso, o balo foi levado para um banho de silicone pr-
aquecido a 70C a fim de obter uma ativao mais homognea. Aps 1 hora de ativao, o
balo foi retirado do banho, transferido para dentro da cmara seca e introduzidos os
reagentes restantes LA e CL. O recipiente foi selado novamente em atmosfera seca e
levado a outro banho de silicone a 120C sob agitao magntica. Esta reao teve a
durao de 168 horas (1 semana). O copolmero obtido foi dissolvido em clorofrmio e
precipitado em hexano a baixa temperatura (8-10C). O produto ento foi seco ao ar livre
por 24 horas e a vcuo por 72 horas.
O copolmero 2 seguiu a mesma rota de sntese do primeiro, diferindo-se do anterior
no tempo das reaes, 2 horas e 336 horas (2 semanas) para a ativao e a polimerizao,
respectivamente .
O copolmero 3 apresentou uma composio diferente na alimentao, com um
pequeno aumento da frao do LA, objetivando uma melhoria na propriedade mecnica do
material, a razo mssica LA:CL:EO = 45:30:25 foi utillizada. E o tempo da ativao e o
da reao igual a do copolmero 2, 2 horas e 336 horas (2 semanas), respectivamente.
A rota desses procedimentos simplificada no seguinte fluxograma.
-
46
Preparao
(clculo de quantidade, secagem do material, preparao no glove-box)
Ativao do PEG (com Sn(Oct)2 e PEG pr-determinado, reagindo por 1 ou 2 horas no banho a 120C)
Dissoluo e Precipitao (O produto da reao dissolvido em CHCl3 e precipitado em hexano)
Reao (PLA, PCL e PEG j ativado, reao por 1 ou 2 semanas a 120C)
Secagem (Ao ar livre por 24 horas e em seguida no estufa a vcuo por 72 horas)
Figura 4.1 Fluxograma do procedimento da copolimerizao.
-
47
Esses trs copolmeros obtidos apresentam a cor branca fosca levemente amarelada
com aspecto elastomrico.
4.3.2. Sntese de PEG modificados (PEG-MODIF) a partir de PEG com 4000 u.m.a.
(PEG 4K) (2)
4.3.2.1. Fundamentos tericos e clculos
Para promover a melhoria de sua propriedade mecnica, foi necessrio sintetizar um
poli(glicol etilnico) com massa molar mais elevada baseado em trechos menores a fim de
facilitar a quebra de cadeias e sucessivamente a sua biodegradao.
Foi selecionado o reagente hexano-1,6-diisocianato (industrialmente chamado HDI)
como extensor para reagir com o PEG de massa molar de 4.000 u.m.a, aumentando o
tamanho da cadeia. O procedimento para a sua obteno est esquematizado na Figura 4.2:
OHm
CH2 CH2OH6CH2 N C ONCO +
HDI PEG
6CH2 NN
H H
CCOO
O O
CH2 CH2 Om
CH2 CH2Om
PEG modificado com ligao uretana.
Figura 4.2 Esquema da extenso da cadeia de PEG 4000 com 1,6-hexametileno-
diisocianato
-
48
O diisocianato reage como um ligante entre as cadeias PEGs, assim a cadeia
cresce, tendo sua maior parte constituda por poli(glicol etilnico). Segundo Carothers, o
controle estequiomtrico expresso pela Equao 1:
Xn = (1+r)/(1+r-2rp) Equao 1.
Onde: r = razo molar dos reagentes;
p = converso dos grupamentos funcionais;
Xn = grau de polimerizao.
Supondo que a reao tenha converso completa, ou seja, o valor do p igual a 1, a
equao pode ser reescrita:
Xn = (1+r)/(1-r) Equao 2.
Para uma massa molar de 50.000 u.m.a como produto da reao, sendo massa molar
de HDI igual a 168,2 u.m.a, e PEG 4.000 u.m.a, tem-se:
50.000/(168,2+4000) = (1+r)/(1-r)
Obtendo-se, ento o valor de r = 0,846;
nHDI/nPEG = 0,846
O valor pr-estabelecido de PEG foi de 20g para esta reao, assim:
nHDI = 0,846 x (20/4000); nHDI = 0,00423;
-
49
A quantidade a ser adicionada de HDI : 168,2 x 0,00423 = 0,712g;
Uma quantidade mnima de solvente, no caso, o clorofrmio, foi adicionado para
homogeneizar os reagentes a fim de promover uma completa reao.
A reao de formao de uretano extremamente rpida e exotrmica, porm, neste
trabalho estabelecemos o tempo da reao em 15 horas para garantir converso completa,
possibilitando que alta massa molar seja atingida. A temperatura da reao foi 75C.
4.3.2.2. Procedimento da sntese de poli(glicol etilnico)s a partir de PEG com 4000
u.m.a. (2)
Os reagentes e a vidraria necessrios foram introduzidos na cmara glove-box,
purgada com nitrognio. A umidade relativa foi mantida abaixo de 15%. As quantidades
pr-estabelecidas de reagentes foram pesadas dentro da cmara e colocadas no balo de
reao. Este balo foi fechado e selado com parafilme e em seguida, retirado da cmara
seca e imerso num banho aquecido de silicone a 75C. A reao durou 15 horas sob
agitao constante tanto do banho, como na reao dentro do balo. O copolmero obtido
foi dissolvido em clorofrmio e precipitado em hexano e, em seguida, foi seco ao ar livre
primeiramente por 24 horas e depois a vcuo por 72 horas. O produto final apresentou-se
como slido com cor branca.
-
50
4.3.3. Sntese de copolmero tribloco Poli(PLLA-CL-b-PEG-b-PLLA-CL)a partir de PEG
-MODIF (3)
Foi utilizado um procedimento semelhante quele descrito em 4.3.1, porm o PEG
modificado necessitou de ser dissolvido em quantidade mnima de tetrahidrofurano (THF)
seco antes de ser ativado. Por causa da evaporao do solvente na temperatura relativamnte
alta da reao, foi necessrio o uso de sistema de refluxo purgado com N2 para manter a
reao em ambiente seco e inerte.
Os copolmeros 4 e 5 foram preparados atravs desse procedimento, diferem-se um
do outro pela composio na alimentao. O copolmero 4 tem a razo mssica LA:CL:EO
= 30:45:25, igual aos copolmeros 1 e 2, enquanto o copolmero 5 tem a razo mssica
LA:CL:EO = 45:30:25, igual ao copolmero 3.
Tabela 4.1 Condies utilizadas para preparao dos copolmeros triblocos estudados.
Amostra Composio (%)
LA:CL:EO
Tempo de
ativao
Tempo de
reao
Solvente
Copolmero 1 30:45:25 1 hora 168 horas ____
Copolmero 2 30:45:25 2 horas 336 horas ____
Copolmero 3 45:30:25 2 horas 336 horas ____
Copolmero 4 30:45:25 2 horas 336 horas THF
Copolmero 5 45:30:25 2 horas 336 horas THF
-
51
5. CARACTERIZAO E RESULTADOS
5.1. Ressonncia Magntica Nuclear (RMN-13C e RMN-1H)
RMN uma tcnica bastante usada para determinao de estruturas de compostos.
O princpio do funcionamento baseado na aplicao de um campo magntico externo,
com a interao spin-spin apresentando uma energia envolvida para cada prton na
molcula. Conseqentemente, consegue-se identificar a configurao estrutural. Desde que
a eficincia da relaxao longitudinal seja tal que se verifique a distribuio de Boltzman, a
razo entre as intensidades das bandas de absoro medida pelas reas que elas envolvem,
a prpria razo do nmero de prtons em cada grupo. [96-100]
Neste trabalho, a anlise dos espectros RMN-1H e RMN-13C dos copolmeros
dissolvidos em CDCl3, permitiu a sua caracterizao qualitativa e quantitativa.
No caso do copolmero tribloco poli(l,l-lactdeo-stat--caprolactona)-bloco-
poli(xido de etileno)-bloco-poli(l,l-lactdeo-stat--caprolactona), foi preciso a anlise das
duas tcnicas em conjunto, pois em RMN-1H, os sinais de metila e metilenos, multipletos,
de LL e CL, respectivamente, so muito prximos, dificultando a interpretao devido
baixa resoluo dos espectros. J no RMN-13C, com a ampliao na regio de 170ppm, os
picos de carbonila de caprola e lactidila podem ser facilmente distinguidos. Por outro lado,
no espectro de RMN-1H, o metileno da cadeia principal do PEG observado com grande
intensidade na regio 3,6-3,7ppm.
Os espectros das cinco amostras de RMN-13C ampliados na regio 170ppm so
apresentados nas Figuras 5.1 a 5.5. E os deslocamentos qumicos da carbonila das trades
-
52
relevantes so mostrados na Tabela 5.1. Os resultados esto de acordo com os dados da
literatura.
167.5168.0168.5169.0169.5170.0170.5171.0171.5172.0172.5173.0173.5174.0174.5
Figura 5.1 Espectro de RMN-13C do copolmero 1.
167.5168.0168.5169.0169.5170.0170.5171.0171.5172.0172.5173.0173.5174.0174.5
Figura 5.2 Espectro de RMN-13C do copolmero 2.
-
53
167.5168.0168.5169.0169.5170.0170.5171.0171.5172.0172.5173.0173.5174.0174.5
Figura 5.3 Espectro de RMN-13C do copolmero 3.
167.5168.0168.5169.0169.5170.0170.5171.0171.5172.0172.5173.0173.5174.0174.5
Figura 5.4 Espectro de RMN-13C do copolmero 4.
-
54
167.5168.0168.5169.0169.5170.0170.5171.0171.5172.0172.5173.0173.5174.0174.5
Figura 5.5 Espectro de RMN-13C do copolmero 5.
Tabela 5.1 Diferentes trades e seus picos caractersticos em copolmeros. [28]
Seqncia Trade Ressonncia de
carbonila, ppm
Seqncia Trade Ressonncia de
carbonila, ppm
CL-CL-CL 173,504 0,026 LL-LL-CL 170,344 0,012
LL-CL-CL 173,434 0,020 CL-LL-CL 170,244 0,013
CL-CL-LL 172,852 0,028 CL-LL-LL 170,098 0,012
LL-CL-LL 172,796 0,017 LL-LL-CL 169,741 0,012
LL-LL-LL 169,588 0,010
A Tabela 5.1 mostra os picos caractersticos dos trechos caprola e lactidila na
regio de 169 174 ppm. Nos copolmeros 3 e 5, a rea onde indica a participao do PLA
maior em relao rea do PCL, compatvel com a maior alimentao de LL nessas duas
amostras. A integrao de cada sinal de carbonila no espectro considerada
-
55
quantitativamente proporcional concentrao relativa das unidades caprola e lactato
(meia unidade do lactdeo). A converso de mols de carbonila, determinados por RMN-13C,
em quantidades molares relativas permite a obteno de concentraes relativas de
segmentos LL e segmentos CL (Tabela 5.2), sendo o clculo feito pela equao 3.:
ba
b
a
CLLL
22
== Equao 3.
Onde: a = rea integrada dos sinais de carbonila do LA.
b = rea integrada dos sinais de carbonila do CL.
Utilizando-se o clculo da razo molar, a razo em massa tambm pode ser obtida
multiplicando pela massa molar de cada componente.
Tabela 5.2 Razo molar e razo mssica obtidas dos espectros de RMN-13C.
Copolmero 1 Copolmero 2 Copolmero 3 Copolmero 4 Copolmero 5
LA:CL (molar %) a 48:52 53:47 71:29 59:41 77:23
LL:CL (molar %) b 32:68 36:64 55:45 42:58 63:37
PLA:PCL (massa %) 37:63 42:58 61:39 48:52 68:32 a razo molar obtida diretamente do espectro de RMN-13C.
b razo molar obtida da Equao 3.
Nota-se a coerncia entre as porcentagens de PLA:PCL calculadas pelo espectro
RMN-13C e as da alimentao. Nos copolmeros 1, 2 e 3 , a variao oscila em torno de 2%
comparando com os dados da alimentao. Entretanto, no caso do copolmero 4 e do
copolmero 5, essa alterao subiu para mais de 8%. Apesar disso, a presena de LA ainda
-
56
est muito abaixo da esperada [28]. O resultado tambm esclarece o porqu do material
apresentar um aspecto predominante de slido viscoso. Segundo Castro e Wang[28], no
copolmero estatstico de PLA-PCL, a reatividade de LL apresenta-se maior em relao a
CL. Isto , para 40% e 60% de monmero de lactdeo na alimentao, obteve-se 76% e
90% de LL calculado pela RMN-13C, o que no ocorreu neste trabalho. O anel lactdeo
considerado apolar por apresentar sua estrutura simtrica, em oposio ao -caprolactona
que apresenta polaridade. Contudo, a cadeia PEG extremamente polar, por ter massa
molar elevada, a sua polaridade ao longo da cadeia pode afetar a reatividade do LL em
relao ao CL, diminuindo a velocidade de reao do LL, por limitar a sua solubilidade
local. No caso dos copolmeros 4 e 5, a presena do solvente THF serviu como
minimizador das interaes dipolares entre o PEG e LL, por ter polaridade relativamente
menor que PEG e pelo fato do PEG estar dissolvido nele. Outro motivo pode ser atribudo
ao fato do tempo de reao relativamente mais longo, comparado aos observados na
literatura. O tempo prolongado pode promover a maior homogeneizao na incorporao
dos reagentes.
Na Figura 5.6, analisando-se os espectros de RMN-1H dos cinco copolmeros com o
auxlio da Tabela 5.3, confirma-se a efetivao da reao de copolimerizao com
formao da estrutura tribloco, pois na regio 4,1 ppm, apareceram em todos os espectros,
os sinais caractersticos da ligao metileno da cadeia PEG com a PLA e PCL, indicando o
sucesso da ativao nas extremidades da PEG e, conseqentemente, a reao por insero
dos trechos PLA e PCL. Porm, na mesma regio, um tripleto tpico de CL observado em
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57
conjunto. Esse sinal aparece mais forte nos copolmeros 1, 2 e 4, onde h maior presena da
unidade caprola, coerente com a anlise anterior de RMN-13C.
0.51.01.52.02.53.03.54.04.55.05.56.06.57.07.58.0
Copolmero 1
Copolmero 2
Copolmero 3
Copolmero 4
Copolmero 5
Figura 5.6 Picos caractersticos dos copolmeros por RMN-1H
-
58
Tabela 5.3 Picos caractersticos do RMN-1H.
Estrutura Pico de RMN-1H[51]
(ppm)
Nos copolmeros
C CH LacO CH3
Lac a
5,2 presente
C CH CapO CH3
Lacb
5,12 presente
C CH LacO CH3
Cap c
5,02 presente
C CH CapO CH3
Cap d
4,95 ausente
PEG O CH2 CH2 O CH2 CH2 O Cap
e f
3,6 (e); 4,05 (f) presente
PEG O CH2 CH2 O CH2 CH2 O Lac
g h
3,7 (g); 4,1 (h) presente
i
C CH2 CH2 O CapO
Cap
3,9 ausente
O pico singleto em 3,65 ppm atribudo aos prtons metilenos centrais do bloco
PEG. A grande intensidade desse sinal demonstra o grande bloco da cadeia, de acordo com
a quantidade de PEG introduzida na alimentao. Para calcular a proporo molar entre as
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59
unidades xido de metileno e lactdeo, foi escolhida a rea correspondente regio dos
picos 5,0-5,2 ppm, os quais marcam a presena de metino do PLA, e o pico relativo
cadeia de PEG a 3,4-3,7.
O clculo foi feito pela integrao das reas. O PEG utilizado tem a massa molar
inicial de 20.000 u.m.a, isto corresponde ao grau de polimerizao, DP = 454. Assim, pode-
se obter o nmero de unidades constitutivas de lactato, LAn, ou lactdeo, LLn.
a
bDPLLLLa
bDPLA nnn.22..4 === Equao 4.
onde: a= integrao da rea relativa aos metinos da unidade LA (5,1-5,3ppm).
b= integrao da rea relativa aos metilenos do PEG (3,4-3,7ppm).
A estimativa da concentrao relativa de PCL pode ser feita por diferena, tendo-se
a concentrao relativa de PEG/ PLA e conhecendo-se a concentrao relativa PLA/PCL,
obtida por RMN-13C (Tabela 5.2). Alm disso, conhecendo-se a massa molar inicial do
PEG utilizado igual a 20.000 u.m.a, possvel calcular a massa molar mdia numrica.
000.20. ++= PCLnPLAncopolmero MnCLMnLLMn Equao 5.
1
1
.114
.144
=
=
molgMnmolgMn
PCL
PLA
-
60
Tabela 5.4 Composio dos copolmeros triblocos por RMN-13C e RMN-1H.
Composio (em massa %) Amostra
Nominal Copolmero
Mn do copolmero
(g.mol-1)
PEG20K LA CL PEG20K LA CL
Copolmero 1 25 30 45 26,2 27,2 46,6 76300
Copolmero 2 25 30 45 27,0 30,4 42,6 74200
Copolmero 3 25 45 30 25,6 45,2 29,2 78300
Calculou-se a massa molar apenas para os copolmeros 1, 2 e 3. A massa molar do
PEG estendido com 1,6-hexametilenodisiocianato ainda no foi determinada devido a
dificuldades experimentais para a sua realizao, impedindo no momento a avaliao das
Mns dos copolmeros 4 e 5.
Entre os primeiros trs copolmeros, o copolmero 3 se destaca com uma maior
concentrao de LL, reafirmando a sua maior converso. Todos os resultados confirmaram
que nos copolmeros formados, a proporo PEG/PLA/PCL apresenta valor prximo da
alimentao.
A pequena diferena observada entre a composio na alimentao e composio
calculada pode ser causada pelas diferenas nas constantes de velocidade das reaes
envolvidas. O objetivo foi sintetizar o copolmero tribloco poli(l,l-lactdeo-stat--
caprolactona)-bloco-poli(xido de etileno)-bloco-poli(l,l-lactdeo-stat--caprolactona),
tendo a cadeia PEG como o segmento central ligado aos blocos formados por PLA-PCL.
Como as ligaes LL e CL cadeia PEG so estatsticas, isto , no apresentam uma ordem
-
61
especfica, a composio depende das condies experimentais, tais como, temperatura,
presso, meio reacional, composio dos reagentes, entre os fatores mais relevantes. Alm
disso, pode existir outra arquitetura de cadeia no produto final, tal como o copolmero
dibloco PEG-b-(PLA-stat-PCL), quando somente uma extremidade do PEG for ativada, ao
invs da ativao em ambas as extremidades.
De forma geral, pode-se concluir atravs das anlises RMN que, primeiramente,
houve a copolimerizao com formao do copolmero tribloco esperado poli(l,l-lactdeo-
stat--caprolactona)-bloco-poli(xido de etileno)-bloco-poli(l,l-lactdeo-stat--
caprolactona). O tempo mais longo de reao favorece a formao do copolmero. A
incorporao de grupos lactdeo no apresentou a reatividade relativa maior em relao aos
grupos caprola, como reportado na literatura [28]. A no homogeneidade dos produtos
(formao de copolmeros dibloco e tribloco) pode ser evitada pela diminuio da
quantidade de iniciador e maiores cuidados durante manuseio para impedir a entrada de
umidade e oxignio.
-
62
5.2. Anlise trmica dinmico-mecnica (DMTA)
Com a aplicao de uma pequena tenso senoidal de uma freqncia angular,
possvel obter os valores de propriedades como mdulo de armazenamento, mdulo de
perda e demais informaes a respeito do comportamento viscoelstico do material. A
partir dessas variveis, pode-se correlacionar propriedades mecnicas dos materiais
polimricos, tais como tenacidade, resistncia ao impacto, etc. Uma das utilizaes mais
comuns da tcnica de DMTA ocorre tambm na determinao da temperatura de transio
vtrea (Tg), temperatura de fuso (Tm) e temperatura de cristalizao (Tc). Essas
temperaturas caractersticas so detectadas por uma mudana brusca no mdulo de
armazenamento do material ou definidas atravs de mximos nas curvas do amortecimento
mecnico (tan) como uma funo da temperatura. [101-103]
Os corpos de prova foram prensados a vcuo para reduo de espessura e
eliminao de bolhas de ar. Aps a prensagem, foram cortadas tiras com dimenses
aproximadas de 1 x 6 x 30 (espessura x largura x comprimento) em unidades de milmetro.
A anlise foi feita no modo de trao, utilizando a freqncia de 1 Hz e a faixa de
temperatura de teste de -120C a temperatura ambiente com taxa de aquecimento de
2C/min. Utilizou-se o N2 lquido para o resfriamento do sistema. Os resultados so
mostrados em grficos representados em mdulo de armazenamento (E), mdulo de perda
(E) e amortecimento (tangente delta) cujo valor igual a E/E. Por ser material
elastomrico, os copolmeros apresentam uma contrao significativa a baixa temperatura,
por isso, as amostras foram reapertadas a 60C para evitar a descontinuidade nas medidas,
quando a amostra escorrega das garras.
-
63
Por dificuldades na preparao de corpo de prova, no foi possvel a realizao dos
testes dos copolmeros 4 e 5, foram feitas anlises somente dos copolmeros 1, 2 e 3. Nas
Figuras 5.8 a 5.10, pode-se observar que esses trs copolmeros apresentaram
comportamentos dinmico-mecnicos similares: iniciam-se com um valor de E alto e
sofrem uma reduo suave at determinada temperatura e, por fim, observado um trecho
de decaimento brusco, o qual atribudo relaxao devido a Tg do material. Alm disso,
percebe-se facilmente que os copolmeros apresentam miscibilidade entre as fases politer e
polister. Isto cada copolmero apresentou somente uma nica etapa de relaxao
acentuada correspondente fase amorfa. Isso nos d idia de que houve a modificao de
ligaes qumicas entre as cadeias e a cadeia principal o copolmero de polisteres e
politer. Porm, cada um desses copolmeros apresentou sua prpria relaxao deslocada
em relao ao outro, em termos de temperatura (Figura 5.7). A temperatura do pico da
relaxao da tg de cada copolmero foi registrado, assim como a faixa de temperatura em
que ocorre a relaxao devido transio vtrea, observada por DMTA (Tabela 5.5).
-140 -120 -100 -80 -60 -40 -20 0 20 40 60
1E7
1E8
1E9
E
(P
a)
Temperatura (C)
copolmero 1 copolmero 2 copolmero 3
Figura 5.7 Grfico de anlise de DMTA do copolmero 1, 2 e 3 em conjunto.
-
64
Tabela 5.5 Temperaturas de transio obtidas pela interpretao dos grficos de DMTA.
Copolmero 1 Copolmero 2 Copolmero 3
Tg (C) (-35,5) (4,5) (-31,4) (8,4) (-21,4 ) (32,8)
Pico de tangente (C) (-15,8) (-10,3) (12,6)
Tabela 5.6 Comparao de valores de E dos trs copolmeros em diferentes temperaturas.
Mdulo de Armazenamento (E) (Pa)
Temperatura (C) Copolmero 1 Copolmero 2 Copolmero 3
-60 3,11 x 109 3,57 x 109 3,44 x 109
-40 2,76 x 109 3,31 x 109 3,21 x 109
-20 6,59 x 108 1,23 x 109 2,85 x 109
0 3,46 x 107 7,32 x 107 1,05 x 109
20 1,69 x 107 3,26 x 107 8,78 x 107
O pico de tangente indica a maior taxa de transio de 2 ordem. Nota -se que h
um aumento da Tg, em outras palavras, um aumento do ponto de deflexo do
amortecimento, quando vai do copolmero 1 para o copolmero 3. Porm, de 1 a 2, a
mudana pouco mais de 4C, muito pequena comparada com a variao do copolmero
1 a 3 ou do copolmero 2 a 3, cujas diferenas apresentaram-se maiores que 10C. Os dados
obtidos mostraram que a composio dos reagentes tem maior influncia do que o tempo de
reao, sobre o produto formado e que, com o acrscimo da quantidade do lactdeo,
melhora-se a propriedade mecnica do copolmero final.
-
65
Todos os trs copolmeros apresentaram seus valores de mdulo de armazenamento
superiores queles observados para a borracha natural a temperatura ambiente
(aproximadamente 1,2MPa), apontando assim a vantagem dos copolmeros por serem
materiais elastomricos com boa propriedade mecnica, juntamente com sua caracterstica
de biodegradabilidade. [104]
-140 -120 -100 -80 -60 -40 -20 0 20 40
1E7
1E8
1E9
E e
E (P
a)
Temperatura (C) E' (Pa) E" (Pa)
-0,1
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
tan_delta ta
nge
nte
_de
lta
Figura 5.8 Grfico de anlise DMTA do copolmero 1.
-
66
-140 -120 -100 -80 -60 -40 -20 0 20 40
1E7
1E8
1E9
E e
E (P
a)
Temperatura (C) E' (Pa) E" (Pa)
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
ta
nge
nte
_de
lta
tan_delta
Figura 5.9 Grfico de anlise DMTA do copolmero 2.
-140 -120 -100 -80 -60 -40 -20 0 20 40 60
1E7
1E8
1E9
E e
E (Pa
)
Temperatura (C)
E' (Pa) E" (Pa)
-140 -120 -100 -80 -60 -40 -20 0 20 40 600,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
Ta
nge
nte
_de
lta
tan_delta
Figura 5.10 Grfico de anlise DMTA do copolmero 3.
-
67
5.3. Calorimetria Exploratria Diferencial (DSC)
DSC um tipo de anlise no qual se acompanha a variao da energia entre
a amostra e a referncia, mantendo-se a temperatura de ambas igual. Existem dois modelos
de DSC: DSC de fluxo de calor e DSC de compensao de potncia. Na primeira tcnica, a
amostra e a referncia so colocadas em suas respectivas cpsulas, posicionadas sobre um
disco de metal, a troca de calor entre o forno e a amostra ocorre preferencialmente pelo
disco por uma nica fonte de calor. A diferena de temperatura detectada entre a amostra e
a referncia por meio de termopares proporcional variao de entalpia, capacidade
calorfica e resistncia trmica total ao fluxo calrico. A DSC de fluxo de calor o mais
comum e utilizado neste trabalho para determinao de temperatura de transio vtrea
(Tg) e temperatura de fuso (Tm) dos materiais polimricos [101-104]
Uma pequena quantidade dos copolmeros (10mg) pesada dentro de cadinho de
alumnio, o qual posteriormente selado antes de submeter a amostra anlise por DSC.
Foi utilizado Al2O3 selado em cadinho de alumnio como referncia. Para evitar a umidade
e interferir no resultado da anlise, as amostras dentro dos cadinhos foram levados para
estufa a vcuo para a secagem a temperatura ambiente por 2 horas, antes da realizao da
anlise.
Utilizou-se o nitrognio lquido para o resfriamento do sistema e a taxa de
aquecimento foi 10C/min. Durante o processo, o gs N2 com taxa de 30mL/min. foi
introduzido e circulado dentro do forno para manter o ambiente inerte. O equipamento foi
calibrado com ndio (Tm = 156,6 C e Hf = 3,26 kJ.mol-1) nas mesmas condies das
anlises.
-
68
A Tabela 5.7 mostra resumidamente as informaes obtidas pela anlise das curvas
de DSC.
Tabela 5.7 Caracterizao dos homopolmeros de partida e dos polmeros preparados.
Amostra Tg (C) Tm (C) Hm (J/g)
PEG 20K -106,16 62,46 130,75
PEG 4K _____ 52,01 91,34
PEG 4K modificado -86,53 54,79 87,71
Copolmero 1 -34,99 47,20 19,12
Copolmero 2 -36,12 45,25 23,32
Copolmero 3 -17,06 43,73 26,73
Copolmero 4 -39,43 37,24 157,37 28,33 8,81
Copolmero 5 -31,58 33,30 158,51 12,92 0,47
Atravs dos grficos de anlise de DSC (Figura 5.11 a Figura 5.15), verifica-se que
as amostras apresentam uma nica fase amorfa, uma vez que apenas uma nica Tg para
cada curva foi observada. Este resultado sugere que a copolimerizao foi bem sucedida,
pois os segmentos apresentam estruturas qumicas bastante distintas, mas a introduo de
ligaes covalentes entre eles inibe uma separao de fases. Foram observados dados
variados de Tg e Tm, conforme as diferenas massas molares dos segmentos PCL, PLA e
PEG. Para o homopolmero PLA, a Tg observada na literatura varia ao redor de 65C
enquanto a Tm, ao redor de 170C; para o homopolmero PCL, a Tg observada na literatura
fica por volta de 60C e a Tm normalmente est ao redor de 60C.[5][29][52][70]
-
69
Os copolmeros 1, 2 e 3 foram obtidos a partir do PEG20K, cujos valores de Tg e Tm
foram determinados e eram 106C e 62C, respectivamente.
Os resultados obtidos foram analisados com base na regra de mistura, anteriormente
sugerida por Fox-Flory:
Cg
C
Bg
B
Ag
A
copolmerogTW
TW
TW
T++=
1 Equao 5.
Onde Tg copolmero Temperatura de transio vtrea do copolmero;
WA, WB, WC so fraes mssicas do LA, CL e EO;
TgA, TgB, TgC so temperaturas de transio vtrea em Kelvin dos respectivos
homopolmeros PLA, PCL e PEG.
Para o copolmero 1: C7753K23219
1672620
2134660
3382720
1Tcopolmerog
==
++= ,,
,,,
Para o copolmero 2: C5751K43221
1672700
2134260