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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS DESENVOLVIMENTO DA FORMA FARMACÊUTICA INJETÁVEL A PARTIR DA β-LAPACHONA E ENSAIOS PRELIMINARES IN VIVO YOUSSEF CONRADO HAUN RECIFE – 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

DESENVOLVIMENTO DA FORMA FARMACÊUTICA

INJETÁVEL A PARTIR DA β-LAPACHONA

E ENSAIOS PRELIMINARES IN VIVO

YOUSSEF CONRADO HAUN

RECIFE – 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

DESENVOLVIMENTO DA FORMA FARMACÊUTICA

INJETÁVEL A PARTIR DA β-LAPACHONA

E ENSAIOS PRELIMINARES IN VIVO Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação do Departamento de Ciências Farmacêuticas do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, em cumprimento às exigências para obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas com área de concentração em Produção e Controle de Qualidade de Medicamentos

Youssef Conrado Haun

Mestrando

Prof. Dr. Pedro José Rolim Neto Orientador

RECIFE – 2006

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Haun, Youssef Conrado Desenvolvimento da forma farmacêutica injetável a

partir da β-lapachona e ensaios preliminares in vivo / Youssef Conrado Haun. – Recife: O Autor, 2006.

75 folhas : il., fig., tab.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de

Pernambuco. CCS. Ciências Farmacêuticas, 2006.

Inclui bibliografia.

1. β-lapachona – Estudos in vivo. 2. β-lapachona injetável - Desenvolvimento . I. Título.

615.014.2 CDU (2.ed.) UFPE 615.18 CDD (22.ed.) C CCS2007-03

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

REITOR

Amaro Henrique Pessoa Lins

VICE-REITOR

Gilson Edmar Gonçalves e Silva

PRÓ-REITORA PARA ASSUNTOS DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

Celso Pinto de Melo

DIRETOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

José Thadeu Pinheiro

VICE-DIRETOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

Márcio Antônio de Andrade Coelho Gueiros

CHEFE DO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Jane Scheila Higino

VICE-CHEFE DO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Daniel de Souza Filho

COORDENADOR DO MESTRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Miracy Muniz de Albuquerque

VICE-COORDENADOR DO MESTRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Pedro José Rolim Neto

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A meus amados Pais, Tereza e Miled A quem devo tudo o que sou e por quem sempre me espelharei;

A meus irmãos, Hiran e Ísis Os melhores companheiros que alguém pode ter.

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“O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano.” Isaac Newton

“A verdadeira medida de um homem não é como ele se comporta em momentos de conforto e conveniência,

mas como ele se mantém em tempos de controvérsia e desafio.”

Martin Luther King Jr.

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AGRADECIMENTOS

À minha Família, pelo amor e apoio incondicionais, e toda a paciência por todo este meu período de ausência física;

À minha Querida Namorada, Sílvia “Renatinha”, um dos maiores tesouros

conquistados nesta aventura, que se fez e se faz presente nos passos mais importantes deste Mestrado;

Ao meu Orientador, o Prof. Dr. Pedro José Rolim Neto, pela amizade, em primeiro

lugar, e pela condução intelectual, apoio e paciência;

À Profª Tânia Toledo e ao seu aluno Hussen Machado, da Universidade Federal de Viçosa, por toda ajuda dispensada nos ensaios in vivo, e pelo excelente acolhimento em

minha estada em Minas Gerais;

Ao Amigo Marcílio, da Universidade de Santiago de Compostela, por todo o apoio e pelas dicas valiosas ao longo deste trabalho;

Ao LAFEPE, e a todo o pessoal que o faz e o constrói, dia após dia, em especial a Jaffe,

pelo apoio e acompanhamento sempre próximo;

Ao LTM, pela disponibilização de toda sua estrutura intelectual;

À FACEPE, pela breve colaboração financeira;

Ao Amigo Wanderley Júnior, pelo primeiro acolhimento nesta cidade, quando tudo começou;

Em especial, aos Amigos, também tesouros deste Mestrado, Cínthia, Gilson, André,

Sandra, Ana Flávia e Antonilêni, Sheyla e Breno, por todo apoio e companheirismo;

A todas as demais pessoas que contribuíram, direta ou indiretamente para a realização de mais este importante passo;

E ao Grande Arquiteto do Universo, pela iluminação e maestria

na construção de toda a sua obra.

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ....................................................................................... p. ix

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................ p. x

RESUMO ............................................................................................................ p. xi

ABSTRACT ........................................................................................................ p. xii

INTRODUÇÃO .................................................................................................. p. 13

JUSTIFICATIVA ............................................................................................... p. 17

OBJETIVOS ....................................................................................................... p. 19

REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................... p. 21

ARTIGO I

Estudos de solubilidade e pré-formulação de injetável de β-lapachona

envolvendo ciclodextrinas ...................................................................................

p. 34

ARTIGO II

Estudos preliminares in vivo da β-lapachona em formulação injetável a

partir da formação de complexos de inclusão com ciclodextrinas ....................

p. 47

CONCLUSÕES .................................................................................................. p. 66

PERSPECTIVAS ........................................................................................... p. 68

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. p. 70

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LISTA DE TABELAS

ARTIGO I

Tabela 01: Resultados da solubilidade da β-lapachona em diferentes solventes. p. 41

ARTIGO II

Tabela 01: Protocolo dos estudos in vivo. p. 55

Tabela 02: Contagem de células no líquido ascítico e viabilidade celular por

grupo de tratamento.

p. 57

Tabela 03: Viabilidade celular média do tumor ascítico de Ehrlich em

camundongos, por grupo de tratamento.

p. 59

Tabela 04: Resultados do líquido ascítico, em mL, por grupo de tratamento. p. 62

ix

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LISTA DE FIGURAS

REVISÃO DA LITERATURA

Figura 01: (I) lapachol; (II) β-lapachona; (III) α-lapachona. p. 23

ARTIGO II

Figura 01: Gráfico comparativo entre os valores médios das contagens de

células vivas e mortas no líquido ascítico, por grupo de tratamento.

p. 58

Figura 02: Gráfico demonstrando os valores das contagens celulares totais no

líquido ascítico, por grupo de tratamento.

p. 58

Figura 03: Gráfico da viabilidade celular média do tumor ascítico de Ehrlich

em camundongos, por grupo de tratamento.

p. 60

x

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RESUMO

A β-lapachona (C15H14O3, MM 242,3), de nome químico 3,4-dihidro-2,2-dimetil-

2H-naftol[1,2-b]pirano-5,6-diona, é uma ortonaftoquinona de ocorrência natural

proveniente do ipê roxo, ou pau d’arco roxo (Tabebuia avellandae Lor), da

família Bigoneaceae. A β-lapachona tem sido alvo de diversas pesquisas,

muitas delas visando explorar seu elevado potencial antineoplásico. Atuando

contra diversos tipos de câncer humano, especialmente em neoplasias de ciclo

celular muito lento, como determinadas linhagens de câncer de próstata que

são refratárias aos tratamentos convencionais, especula-se que sua ação se dê

por um mecanismo particular de apoptose. A principal barreira no

desenvolvimento de uma forma farmacêutica aceitável tem sido sua baixa

solubilidade aquosa, o que possivelmente acarretaria numa baixa

biodisponibilidade. O presente estudo teve como objetivo executar estudos de

solubilidade da β-lapachona em diferentes solventes farmacêuticos, bem como

promover sua complexação com ciclodextrinas, para alcançar uma série de

formulações que pudessem ser utilizadas em ensaios pré-clínicos. Embora o

processo de complexação tenha sido bastante demorado, a utilização de

ciclodextrinas mostrou-se como uma opção farmacotecnicamente viável, uma

vez que resolvido o problema de baixa solubilidade aquosa, há um possível

aumento na biodisponibilidade da β-lapachona. As formulações alcançadas

foram doseadas através de cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), por

uma metodologia analítica previamente validada, e duas delas foram eleitas

para serem utilizadas nos ensaios in vivo: β-lapachona complexada com

cilcodextrina em água e β-lapachona livre incorporada em óleo de gergelim,

ambas com 2% do ativo e administradas por duas vias distintas: oral e

intramuscular. Os resultados demonstraram que a resposta farmacológica à β-

lapachona complexada é significativa, porém, as formulações ainda necessitam

ser otimizadas.

Palavras-Chave: β-lapachona, solubilidade, ciclodextrina, complexação,

estudos in vivo, injetável.

xi

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ABSTRACT

The β-lapachone (C15H14O3, MM 242,3), chemically named as 3,4-dihydro-2,2-

dimethyl-2H-naphtol[1,2-b]pyran-5,6-dione, is a natural o-naphtoquinone

derived from the lapacho tree (Tabebuia avellandae Lor), from the Bigoneaceae

family. β-lapachone has been objective of many researches, many of them

aiming to explore its elevated antineoplasic potential. Acting against many types

of human cancers, specially the ones of very slow cellular cycle, as the case of

some prostate lineages resistant to the conventional treatments, it’s believed

that its action is by some sort of peculiar apoptosis mechanism. The main

barrier on the development of an acceptable pharmaceutical form has been its

poor aqueous solubility, what possibly leads to an equally poor bioavailability.

This work intended to execute solubility studies with β-lapachone in different

pharmaceutical solvents, and promote its complexation with cyclodextrins

intending to reach a series of formulations that could be used in pre-clinical

assays. Although the complexation process had been very long, the use of

cyclodextrins shown itself as an viable pharmacotechnical option, because once

the aqueous solubility problem is solved, there is a possible improvement of β-

lapachone bioavailability. The formulations achieved were quantified by high

performance liquid chromatography (HPLC), using a pre-validated

methodology, and two of them were elected to be used in the in vivo assays: β-

lapachone cyclodextrin complexes in aqueous solution and free β-lapachone in

super refined sesame oil, administered orally and by intramuscular injection.

The results had shown that the pharmacological answer to complexed β-

lapachone is very meaningful; however, the formulations still need to be

optimized.

Key Words: β-lapachone, solubility, cyclodextrins, complexation, in vivo

assays, intramuscular injection.

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INTRODUÇÃO

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HAUN, Y.C., Desenvolvimento da forma farmacêutica injetável a partir da β-lapachona e ensaios preliminares in vivo. Introdução

INTRODUÇÃO

A família das Bigoniaceae possui, aqui no Brasil, como um dos seus principais

representantes, o ipê roxo, ou pau d’arco roxo (Tabebuia avellandae Lor), também

conhecida como “lapacho” em países latino-americanos. Descobriu-se que os extratos

do cerne desta árvore possuíam atividade antimicrobiana, antiviral e antineoplásica (PIO

CORRÊA, 1984; OLIVEIRA et al., 1990).

Um dos constituintes deste extrato é o lapachol, cuja estrutura química e rota de

síntese foram estabelecidas em 1896 (D’ALBUQUERQUE, 1968), apesar de ter sido

descrito pela primeira vez em 1882 (MORRISON et al., 1970). Hoje em dia, novas rotas

de síntese continuam sendo estudadas (ALVES et al., 1999).

A partir do lapachol, chega-se a um derivado semi-sintético, uma quinona,

conhecida como β-lapachona, de nome químico 3,4-dihidro-2,2-dimetil-2H-naftol[1,2-

b]pirano-5,6-diona. A β-lapachona pode ser obtida por ação controlada do calor ou por

hidrólise ácida do lapachol (D’ALBUQUERQUE et al., 1972).

Desde então, os estudos sobre a β-lapachona têm demonstrado diversos efeitos

farmacológicos, tais como: atividades antibacteriana (D’ALBUQUERQUE et al., 1972;

GUIRAUD et al., 1994), antifúngica, antitripanossômica (BOVERIS et al., 1978;

GOIJMAN et al., 1984) e antiviral (FÁVARO et al., 1990), inibição do crescimento de

células em tumores, com potencial clínico contra leucemia e câncer de próstata

(CARVALHO, 2002), redução da replicação de HIV-1, supressão de infecções agudas e

crônicas, indução de alterações cromossômicas, inibição da atividade da DNA

topoisomerase I e II, inibição da replicação do DNA e da atividade da timidalato sintase,

estimulação da geração de peróxido de hidrogênio intracelular e da lipoperoxidação,

inibição de reparos no DNA e supressão da ativação TNF-induzida NF-kB e AP-1 das

células mielóides humanas (LIU et al., 2002; GUPTA et al., 2002).

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HAUN, Y.C., Desenvolvimento da forma farmacêutica injetável a partir da β-lapachona e ensaios preliminares in vivo. Introdução

Mais recentemente foi demonstrado seu potencial antineoplásico, estimulando as

pesquisas clínicas na tentativa de consolidá-la como um quimioterápico de escolha nas

atuais terapias (DI GIANNI et al., 1997).

As etiologias das neoplasias ainda não estão totalmente elucidadas. Sabe-se que

surgem quando determinadas células de algum tecido ou órgão começam a proliferar-se

em velocidade muito superior e de forma descontrolada, gerando uma massa

desordenada e sem função, os chamados tumores, sejam eles benignos ou malignos. No

último caso, as células afetadas podem desprender-se do tumor inicial e migrar pelo

corpo, instalando-se em outros órgãos, gerando novos tumores, processo denominado

metástase. Os tratamentos contra o câncer incluem processos cirúrgicos, radioterapia ou

quimioterapia, a depender da localização do tumor, da linhagem das células envolvidas

e do estágio de desenvolvimento da doença (ROBBINS et al., 1996).

Assim como nos demais fármacos utilizados nas terapias antitumorais, o

mecanismo de ação da β-lapachona não é totalmente conhecido. Sabe-se que a β-

lapachona induz morte celular in vitro em células de linhagens de câncer de ovário,

cólon, pulmão, próstata, melanomas, pâncreas e mama. A associação com o Taxol®

(paclitaxel) demonstrou uma potente ação antitumoral em câncer de ovário e próstata

em camundongos (GUPTA et al., 2002). Alguns tipos de leucemias e linfomas,

inclusive algumas linhagens tumorais que se mostraram refratárias às drogas comuns

foram sensíveis à β-lapachona. Seu modo de ação é diferente do empregado pela

maioria das drogas antineoplásicas atualmente disponíveis no mercado. O que se sabe é

que a β-lapachona inibe a DNA topoisomerase I, inibindo assim a replicação de células

cancerosas nas fases G1 e S do ciclo celular e que induz a apoptose, morte celular

programada de células cancerígenas, por um mecanismo particular, independente da

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HAUN, Y.C., Desenvolvimento da forma farmacêutica injetável a partir da β-lapachona e ensaios preliminares in vivo. Introdução

expressão da proteína p-53 (BOOTHMAN et al., 1989; LI et al., 1995; PLANCHON et

al., 1995).

Algumas vezes, os benefícios terapêuticos de alguns fármacos tornam-se

limitados, quando estes são administrados através de formas farmacêuticas tradicionais.

Figurando entre as principais causas, podemos citar barreiras fisiológicas, propriedades

físico-químicas e toxicidade do fármaco. Em casos como esse, faz-se necessário o

desenvolvimento de sistemas alternativos que vençam estas “limitações” (BIBBY et al.,

2000).

As ciclodextrinas são um grupo de oligossacarídeos cíclicos obtidos a partir da

degradação enzimática do amido, que apresentam a notável habilidade de comportar

moléculas em sua cavidade interior. Tais “complexos” formados passam a apresentar

novas características físico-químicas em relação à molécula complexada. Na maioria

dos casos, trata-se de uma melhoria na estabilidade, maior solubilidade aquosa, e

melhor biodisponibilidade, ou diminuição de efeitos colaterais indesejados (BIBBY et

al., 2000; DUCHÊNE et al., 1999; DUCHÊNE et al., 2003).

O desenvolvimento de uma forma farmacêutica para se proceder com os ensaios

pré-clínicos em modelos animais, para posteriores estudos em seres humanos, além de

comprovarem a eficácia da β-lapachona, representará um importante passo nas terapias

atualmente utilizadas para combater ao câncer.

O presente trabalho teve como objetivo a obtenção de uma forma farmacêutica

viável contendo a β-lapachona na concentração de 2%, através da formação de

complexos à base de ciclodextrina, para administração por via injetável. Uma

formulação semelhante foi utilizada em ensaios pré-clínicos, visando estabelecer alguns

parâmetros farmacológicos, além de demonstrar a importância da complexação da β-

lapachona com ciclodextrinas em vencer a barreira da baixa solubilidade do ativo.

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JUSTIFICATIVA

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HAUN, Y.C., Desenvolvimento da forma farmacêutica injetável a partir da β-lapachona e ensaios preliminares in vivo. Justificativa

JUSTIFICATIVA

A crescente necessidade de introdução de novos agentes antineoplásicos nas

atuais terapias contra o câncer, tem despertado cada vez mais o meio científico. Cada

fármaco inserido com sucesso no mercado representa uma vitória da Academia.

Este projeto visa, além dos seus objetivos, geral e específicos, dar continuidade a

uma linha de pesquisa já existente na Universidade, que agrega diversas instituições,

como o Laboratório de Tecnologia de Medicamentos da UFPE (LTM), o Departamento

de Antibióticos da UFPE, o Departamento de Farmácia e Tecnologia Farmacêutica da

Universidade de Santiago de Compostela na Espanha, o Laboratório Farmacêutico do

Estado de Pernambuco (LAFEPE), a Universidade Federal de Viçosa.

Há ainda o fato de que a β-Lapachona foi pioneiramente estudada pelo

Departamento de Antibióticos da UFPE, ainda na década de 60, e atualmente desperta

interesse em vários centros de pesquisa ao redor do mundo, graças à escassez de dados

na literatura nessa área de pesquisa. E todo esse interesse deve-se ao suposto mecanismo

de ação da β-Lapachona, inovador e eficiente para linhagens de câncer refratárias aos

tratamentos convencionais. Além disso, trata-se de um fito-fármaco obtido de uma

planta nativa do nordeste brasileiro.

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OBJETIVOS

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OBJETIVOS

Objetivo Geral

Desenvolver uma forma farmacêutica estável e tecnicamente viável para o fito-

fármaco β-Lapachona, com o intuito de realizar ensaios clínicos para posterior

utilização em terapias antitumorais.

Objetivos Específicos

Otimização da forma farmacêutica Cápsula Mole, já desenvolvida.

Realizar estudos de pré-formulação para o desenvolvimento de uma forma

injetável.

Executar ensaios preliminares in vivo, estabelecendo vias de administração,

forma farmacêutica e dose.

Traçar perfis farmacocinéticos em modelos animais utilizando as formulações

desenvolvidas.

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REVISÃO DA LITERATURA

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1. Apresentação da β-lapachona

As naftoquinonas são substâncias que geralmente apresentam-se com estrutura

cristalina de cor amarela ou alaranjada. Relativamente comuns na natureza, podem ser

extraídas de certas famílias vegetais, tais como: Ebanaceae, Bigoniaceae, Juglandaceae,

Boraginaceae e Drosceraceae. São compostos orgânicos e possuem como principal

característica a presença de dois grupos carbonílicos formando um sistema conjugado

com pelo menos duas ligações duplas C-C (JACOME, 1999; KHAN, 1999; SIMÕES,

2000).

No Brasil, a família prevalecente é a Bigoniaceae, principalmente os gêneros

Tabebuia e Tecoma, sendo conhecida popularmente como pau-d’arco ou ipê roxo,

sendo também conhecido como “lapacho” em países latino americanos (OLIVEIRA,

1990).

O lapachol, quimicamente conhecido como 2-hidroxi-3-(3-metil-butenil)-

1,4naftoquinona, foi descrito pela primeira vez em 1882 por Paterno (PATERNÓ, 1882

apud MORRISSON, 1970). GONÇALVES DE LIMA, em 1962, observou que havia

uma progressiva diminuição de atividade antibiótica à medida que se aumentava o grau

de pureza do lapachol, obtido do cerne do ipê roxo (Tabebuia spp). Graças a essa

observação, conseguiu-se enfim isolar um dos compostos responsáveis pela maior

atividade do lapachol, a β-lapachona, iniciando uma série de pesquisas sobre essa nova

descoberta. Posteriormente, foi evidenciado que após absorção gastrintestinal, por

administração oral em ratos, o lapachol é rapidamente metabolizado e grande parte

transformada em β-lapachona, direcionando ainda mais as pesquisas para esta nova

substância (NAYAK, 1968).

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HAUN, Y.C., Desenvolvimento da forma farmacêutica injetável a partir da β-lapachona e ensaios preliminares in vivo. Revisão Bibliográfica

A β-lapachona (C15H14O3, MM 242,3) é uma orto-naftoquinona isômera do

lapachol, conhecida quimicamente por (3,4-dihidro-2,2-dimetil-2H-naftol[1,2-b]pirano-

5,6-diona), apresenta forma cristalina de coloração laranja-avermelhada, com ponto de

fusão característico em 154,5 – 155,5ºC e é estruturalmente estável em pH de 3 a 9

(SILVA, 1997). Uma vez que encontra-se em pequenas quantidades in natura, a β-

lapachona pode ser obtida através de uma semi-síntese do lapachol, por ação controlada

do calor ou hidrólise a frio com ácido sulfúrico p.a. (GONÇALVES DE LIMA et al.,

1962; D’ALBUQUERQUE et al., 1972). Porém, no processo de obtenção por hidrólise

ácida, deve-se tomar muito cuidado, por ser comum ocorrer contaminações pelo seu

isômero, uma paranaftoquinona conhecida como α-lapachona (nome químico 3,4-

dihidro-2,2-dimetil-2H-naftol[2,3-b]pirano-5,10-diona). Ainda que isômeros, portanto

semelhantes quimicamente, até hoje não se tem confirmação de atividade biológica

significativa da α-lapachona (SANTANA et al., 1968; LOPES et al., 1978; DO CAMPO

et al., 1978) (Figura 01).

Figura 01: (I) lapachol; (II) β-lapachona; (III) α-lapachona.

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2. Atividades farmacológicas da β-lapachona

O rol de atividades farmacológicas da β-lapachona é relativamente amplo, e

diversos estudos têm sido conduzidos no intuito de comprovar tais atividades e ainda

esclarecer seus mecanismos de ação.

Os primeiros estudos foram em relação à sua atividade antimicrobiana, onde sua

ação se mostrou relevante principalmente contra alguns Gram-positivos, como B.

subtilis e S. aureus, e Gram-negativos, como os do gênero Brucella (GONÇALVES DE

LIMA et al., 1962).

Embora GONÇALVES DE LIMA não tenha constatado nenhuma atividade

antifúngica significativa da β-lapachona, em 1994 GUIRAUD et al. comprovaram que

os fungos são mais sensíveis a ela do que as bactérias, demonstrando ainda que a β-

lapachona consegue ser mais eficiente que o cetoconazol utilizado como padrão.

Pesquisas in vitro sobre epimastigotas de Trypanossoma cruzi executadas por

DO CAMPO et al. em 1977 demonstraram que células tratadas com β-lapachona

apresentavam-se com a cromatina arranjada de forma anormal. Além disso, foram

observadas alterações das membranas citoplasmática, nuclear e mitocondrial, com

inchaço nas mitocôndrias. Esses resultados sugerem uma ação da β-lapachona nas

membranas biológicas, assim como uma redução na taxa respiratória e inibição da

oxidação da glucose e do piruvato. A partir daí, a β-lapachona se tornou alvo de

pesquisa para utilizá-la para o tratamento da infecção causada pelo Trypanossoma cruzi,

graças ao seu mecanismo ligado ao ciclo redox, na tentativa de introduzi-la como um

quimioterápico antichagásico (BOVERIS et al., 1978). A depender da concentração

utilizada, a β-lapachona possui a capacidade em desarranjar as cromátides do

Trypanossoma cruzi, levando à degradação do DNA, RNA e proteínas, irreversíveis ou

não (GOIJMAN et al., 1985).

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HAUN, Y.C., Desenvolvimento da forma farmacêutica injetável a partir da β-lapachona e ensaios preliminares in vivo. Revisão Bibliográfica

Foi demonstrado por MOLLINA-PORTELA & STOPPANI em 1996 que a β-

lapachona catalisa in vitro a oxidação da dihidrolipoamida, um agente redutor de

quinonas, gerando radicais livres. Com isso ocorre a inibição respiratória celular em

parasitas das espécies Crithidia fasciculata e Leptomonas seymouri.

Através da interação direta com grupamentos tiol (-SH) de algumas proteínas

enzimáticas, como as DNA polimerases, a β-lapachona mostrou inibir in vitro a

atividade da transcriptase reversa de alguns tipos de vírus, como o vírus mieloblástico

de avícola e o vírus da leucemia de Rauscher (SCHUERCH & WEHRLI, 1978). Estes

resultados foram comprovados in vivo por SCHAEFFNER-SABBA et al., em 1984, ao

inibir a replicação de RNA de alguns retrovírus (sarcoma-vírus de Rous, vírus Friend e

vírus da leucemia de Rauscher) aumentando o tempo de sobrevida de animais

infectados. Esta sobrevida foi observada mais especificamente em camundongos

infectados com o vírus da leucemia de Rauscher, tratados com 125 mg/Kg de β-

lapachona via oral durante 5 dias por semana ao longo de 4 semanas e em galinhas

infectadas pelo sarcoma-vírus de Rous tratadas com doses de 31,3 ou de 15,6 mg/Kg.

Estudos in vitro demonstram ainda que a β-lapachona bloqueia a transcrição do

vírus da imunodeficiência humana 1 (HIV-1) através de um mecanismo de bloqueio

seletivo da expressão gênica da repetição longa terminal viral (LTR) (LI et al., 1999).

3. A β-lapachona no tratamento contra o câncer

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA, 2006), câncer é o nome

dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento

desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos podendo espalhar-se para

outras regiões do corpo.

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HAUN, Y.C., Desenvolvimento da forma farmacêutica injetável a partir da β-lapachona e ensaios preliminares in vivo. Revisão Bibliográfica

Nos organismos multicelulares, a taxa de proliferação celular é controlada com

precisão por um sistema altamente integrado que permite a replicação apenas dentro dos

estreitos limites que mantêm a população celular normal em níveis homeostáticos. A

replicação celular é uma atividade essencial, uma vez que na grande maioria dos tecidos

e órgão existe uma divisão celular contínua, mediada por uma série de eventos

bioquímicos conhecidos como ciclo celular. Porém, essa replicação deve seguir um

controle rígido, pois se feita para mais ou para menos ocorre uma quebra no equilíbrio.

Esta é uma das características principais das neoplasias: proliferação celular

descontrolada (BRASILEIRO, 1998; FUCHS & WANNMACHER, 1998; HARVEY &

CHAMPE, 1998).

Embora células neoplásicas tendam a apresentar a mesma constituição básica de

células normais, pode haver diferenças importantes. As principais características das

neoplasias malignas são: morfologia celular menos diferenciada; crescimento ilimitado

(alto índice mitótico) insensível aos mecanismos de controle normais que limitam o

crescimento e divisões celulares em tecidos diferenciados; menor adesividade entra as

células causando uma motilidade considerável podendo se deslocar com facilidade e

infiltrar os tecidos adjacentes, penetrar em vasos sangüíneos e linfáticos (metástase).

Esta invasão de tecidos normais e crescimento entre células normais é o que torna o

câncer letal (ROBBINS et al., 1996).

As causas que levam ao surgimento do câncer são variadas, podendo ser

externas ou internas ao organismo, estando ambas inter-relacionadas. As causas

externas relacionam-se ao meio ambiente em geral e aos hábitos ou costumes próprios

de um ambiente sócio-cultural. As causas internas são, na maioria das vezes,

geneticamente pré-determinadas, estando ligadas à capacidade do organismo de se

defender das agressões externas. Estes fatores podem interagir de várias formas. De

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todos os casos, 80 a 90% dos cânceres estão associados a fatores ambientais (INCA,

2006).

A função primária do ciclo celular gira em torno da síntese do DNA para

duplicação cromossômica e metas subseqüentes. Como a doença neoplásica maligna é

caracterizada por proliferação celular desordenada, o alvo lógico da quimioterapia é o

DNA. A maioria dos fármacos utilizados interfere em sua biossíntese e quebra de

estrutura de proteínas vitais associadas com a divisão celular ou produzem danos

químicos na molécula, capazes de alterar sua replicação (D’ANGIA et al., 1995;

FUCHS & WANNMACHER, 1998). O mecanismo exato pelo qual esses danos levam à

morte celular não é totalmente elucidado. Em algumas células, a exposição a agentes

antineoplásicos desencadeia o processo de apoptose (morte celular programada). Em

outros casos, a morte celular ocorre em decorrência direta do dano molecular causado

pelo fármaco (D’ANGIA et al., 1995; BRASILEIRO, 1998; FUCHS &

WANNMACHER, 1998; SILVA, 1998).

A diferença da suscetibilidade de células normais e malignas às drogas

citotóxicas associa-se ao fato de que as primeiras, em maior proporção, encontram-se na

fase não replicativa do ciclo celular (G0), onde se mostram menos sensíveis a lesões.

Além disso, existem evidências de que células cancerígenas não dispõem de mecanismo

de controle (checkpoints) do ciclo celular, os quais, em condições normais, favorecem a

reparação de lesões causadas por quimioterapia, como quebras em hélices do DNA,

deleção de bases e outras. A maioria dos antineoplásicos atua sobre células contidas no

ciclo celular que compreende as fases G1 (pré-sintética), S (síntese e duplicação do

DNA), G2 (pós-sintética) e M (mitose) (RAMOS, 1984; ROBBINS et al., 1996, FAUCI

et al., 1998).

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HAUN, Y.C., Desenvolvimento da forma farmacêutica injetável a partir da β-lapachona e ensaios preliminares in vivo. Revisão Bibliográfica

O câncer configura-se como um grande problema de saúde pública tanto nos

países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento. As estatísticas mundiais

mostram que no ano 2000, ocorreram 5,3 milhões de casos novos de câncer em homens

e 4,7 milhões em mulheres, e que 6,2 milhões de pessoas morreram por essa causa (3,5

milhões de homens e 2,7 milhões de mulheres), valor que representa 12% do total de

mortes por todas as causas (cerca de 56 milhões) (INCA, 2006).

No Brasil o câncer constitui na segunda causa de morte por doença, ficando atrás

apenas das doenças do aparelho circulatório, como diabetes, infarto, hipertensão, entre

outras, tendo sido responsável por cerca de 13% dos 946.392 óbitos registrados no ano

2000. O câncer de próstata é a sexta ocorrência mais freqüente de novos casos de

neoplasia no mundo, representando aproximadamente 10% das neoplasias malignas. No

Brasil é a segunda causa de óbitos por câncer em homens, sendo superado apenas pelo

de pulmão. Para 2006, a estimativa é que ocorram 47.280 novos casos deste tipo de

câncer. O aumento observado nas taxas de incidência pode ser parcialmente justificado

pela evolução dos métodos diagnósticos, pela melhoria na qualidade nos sistemas de

informação do país e pelo aumento na expectativa de vida do brasileiro (INCA, 2006).

Ainda que as causas reais permaneçam desconhecidas, vários estudos mostram

que homens com histórico familiar de câncer de próstata, no pai ou em irmãos antes dos

60 anos de idade pode aumentar o risco de vir ter a doença em 3 a 10 vezes em relação à

população em geral, podendo refletir tanto fatores hereditários quanto hábitos

alimentares ou estilo de vida de risco de algumas famílias (INCA, 2006; ROBBINS et

al., 1996; FAUCI et al., 1998).

A atividade antineoplásica da β-lapachona foi verificada por SANTANA et al.,

em 1968, quando a mesma inibiu o crescimento de tumores experimentais induzidos em

ratos. As linhagens utilizadas foram Carcinoma-sarcoma de Walker 256 e Sarcoma de

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Yoshida, sempre administrando uma dose de 7 mg/Kg, via oral. Os resultados

demonstraram uma inibição da ordem de 33,54 e 16,2%, respectivamente. Ao verificar

o aumento da dose, não constatou nenhum aumento significativo da atividade

antineoplásica; mas por outro lado, houve uma elevação nos sinais de toxicidade.

Posteriormente novos estudos foram conduzidos para a avaliação da atividade

antineoplásica da β-lapachona, utilizando o mesmo Sarcoma de Yoshida, mas desta vez

utilizando a via intra-peritonial para administração, utilizando dosagens de 10 mg/Kg e

11,5 mg/Kg, alcançando inibições dos tumores na ordem de 50 e 62%, respectivamente

(D’ALBUQUERQUE et al., 1972).

Em 1989, BOOTHMAN et al. observaram um sinergismo entre a β-lapachona e

radiosensibilizadores de halogenados de pirimidina em células de carcinoma

epidermóide de laringe humano (HEp-2), por inibição do reparo do DNA, aumentando

assim a mortalidade das células. Posteriormente, tentou definir o mecanismo da inibição

do reparo do DNA pela β-lapachona, utilizando a mesma linhagem de células e mais

células de melanoma maligno humano radioresistente (U1-Mel). Acabou por descobrir

que havia uma ativação da topoisomerase I das células eucarióticas sem alterar as

atividades da topoisomerase II eucariótica, DNA ligase I e II. Foi verificado um

aumento da sensibilidade dessas células neoplásicas aos raios X, semelhante ao que

acontece com a camptotecina, que é um inibidor específico da topoisomerase I.

Uma vez que o mecanismo de ação da β-lapachona não era totalmente

conhecido, DEGRASSI et al., em 1993, acreditando que a mesma era um ativador da

topoisomerase I, investigaram suas ações cromossomais em diferentes estágios do ciclo

celular de uma linhagem de células de ovário de hamster chinês. Os efeitos da β-

lapachona foram dependentes do ciclo celular da célula, observando-se especialmente as

fases S e G2, levando a crer que seu mecanismo de ação é muito semelhante ao da

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camptotecina, inibidor da topoisomerase I. No mesmo ano, LI et al. sugeriram que na

verdade a β-lapachona inibe esta enzima, sugestão que posteriormente veio a ser

comprovada.

Uma vez que a β-lapachona inibe a topoisomerase I, enzima envolvida no

processo de replicação celular, e que os inibidores da topoisomerase I são conhecidos

por causarem reações apoptóticas, estudos foram conduzidos com a finalidade de

verificar a possibilidade da β-lapachona mediar a apoptose. Foram utilizadas neste

estudo linhagens de células humanas de próstata, leucemia promielocítica (HL-60) e de

câncer de mama (MCF-7:WS-8). As concentrações utilizadas não resultaram em

apoptose detectável nas células de câncer de mama. Com as células de câncer de

próstata e de leucemia promielocítica observou-se o bloqueio do ciclo celular nas fases

G0/G1, demonstrando a não dependência da expressão p-53 para a apoptose mediada

pela β-lapachona, de forma diferente do que ocorre com o topotecam e com a

camptotecina, que também causam apoptose, mas com bloqueio da fase S do ciclo

celular (PLANCHON et al., 1995).

Em concentrações inferiores a 8 μM, a β-lapachona induz a morte, com

características apoptóticas, de células in vitro de linhagens de câncer de próstata

humano (PC3, DU145 e LNCaP) e de leucemia promielocítica também de humanos

(HL-60), agindo como um novo inibidor do DNA topoisomerase I. A apoptose induzida

pela β-lapachona é independente da expressão das proteínas nucleares p53 e p21 e da

superexpressão ectópica da proteína bcl-2.

WUERZBERGER et al., em 1998, realizaram um estudo comparativo in vitro

com células de câncer de mama MCF-7:WS8 tratadas com camptotecina (CTP) ou β-

lapachona. Ficou claro que embora ocorresse uma resposta no tratamento com CTP

devido a um aumento dos níveis das enzimas nucleares p53 e p21, responsáveis por

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desencadear a apoptose, o percentual de morte celular alcançado foi muito baixo,

possivelmente devido à ocorrência de um “checkpoint” no ciclo. Já a β-lapachona, por

sua vez, eliminou as células cancerosas, exclusivamente através de apoptose, sem

induzir qualquer resposta das enzimas nucleares p53 e p21.

O objetivo principal da quimioterapia antineoplásica combinada é evitar o

surgimento precoce de resistência por parte das células tumorais. Consiste basicamente

no emprego de dois ou mais fármacos, com diferentes mecanismos de ação, baseando-se

no conceito de sinergismo terapêutico. Quando comparado à monoterapia, o uso de

antineoplásicos associados resulta em um maior percentual de resposta (FUCHS &

WANNMACHER, 1998; HARVEY & CHAMPE, 1998). A associação de β-lapachona

nas concentrações de 2 a 4 μM ao taxol, em concentrações de 0,1 e 0,2 μM in vitro,

reduziu drasticamente a sobrevida de uma variedade de células de câncer humanas

(mama, cólon, pulmão, próstata, pâncreas, melanoma e ovário). Quando utilizadas

individualmente, nas mesmas concentrações, as drogas foram menos efetivas.Em testes

in vivo, a β-lapachona isolada em doses de 25 a 50 mg/Kg, via intraperitoneal, reduziu o

número de tumores em camundongos imunodeprimidos inoculados com células de

câncer de ovário humano. Quando associada ao taxol, os resultados foram mais

satisfatórios, observando uma ausência quase total dos nódulos tumorais (LI et al.,

1999).

A taxa de NQO1 é bastante elevada em casos de câncer de pâncreas humano.

OUGH e seu grupo de pesquisa, em 2005, acreditaram que, uma vez que a β-lapachona

possui atividade antitumoral em potencial contra células cancerígenas que expressem

elevados níveis de NQO1, ela poderia induzir citotoxicidade em células de câncer de

pâncreas. Testes in vitro foram conduzidos, onde houve diminuição da sobrevivência

das células e da viabilidade metabólica celular. A hipótese do grupo foi comprovada

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através da administração concomitante da β-lapachona com o dicumarol, um inibidor

específico da NQO1, quando puderam observar uma diminuição da atividade citotóxica

da β-lapachona (OUGH et al., 2005).

Células de carcinoma humano de próstata DU-145, foram expostas à β-

lapachona in vitro, resultando em inibição de crescimento e indução de apoptose, numa

relação dose-dependente. O aumento da apoptose foi associada ao aumento da

expressão da proteína pró-apoptótica Bax e ativação proteolítica da caspase-3. além

disso, o tratamento com a β-lapachona inibiu a atividade da telomerase, também numa

relação dose-dependente (LEE et al., 2005).

Numa faixa de concentração micromolar, a β-lapachona inibiu a viabilidade de

células de carcinoma humano de bexiga (T24) in vitro, por indução de apoptose. Esta

inibição pôde ser comprovada pela formação de corpos apoptóticos e fragmentação de

DNA. Este tratamento, resultou numa diminuição da expressão da proteína Bcl-2, além

de relacionar a apoptose mediada pela β-lapachona à ativação da caspase-3 e caspase 9

(LEE et al., 2006).

Em 2005 um estudo foi conduzido para analisar o efeito da radiação ionizante

sobre células cancerígenas e sua susceptibilidade à β-lapachona, utilizando células de

tumor FSall. A radiação ionizante provocou mudanças na expressão e na atividade

enzimática da NQO1. A β-lapachona foi capaz de causar a morte clonogênica das

células FSall in vitro, de maneira tempo e dose-dependente (PARK et al., 2005).

Estudos analisando a interação sinérgica entre radiação e a β-lapachona, foram

realizados utilizando-se a linhagem de células de câncer de próstata humano (DU-145)

in vitro. Constatou-se que houve morte celular causada pela combinação da radiação

com a β-lapachona, quando esta era administrada até 10 horas após a irradiação, mas

não quando administrada antes da radiação. A expressão e a atividade da NQO1

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aumentou significativamente, e permaneceu elevada por até 12 horas após a irradiação,

levando a crer que a radiação sensibiliza as células à β-lapachona por aumentar a

expressão desta enzima (SUZUKI et al., 2006).

É muito significativa a propriedade inerente à β-lapachona em induzir a apoptose

em células cancerígenas. Mas como pode-se notar, seus exatos mecanismos de ação

ainda não estão de todo esclarecidos. Com as informações disponíveis na literatura,

novas expectativas colocam-se nos estudos futuros da relação atividade biológica versus

forma farmacêutica, para que a posologia adequada seja esclarecida juntamente com seu

mecanismo de ação.

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ARTIGO I

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ESTUDOS DE SOLUBILIDADE E PRÉ-FORMULAÇÃO DE INJETÁVEL DE

β-LAPACHONA ENVOLVENDO CICLODEXTRINAS

Youssef Conrado HAUN1,2, Geisiane Maria Cavalcante ALVES1, Flávia Patrícia

Moraes DE MEDEIROS2, Marcos SOALHEIROS3, Pedro José ROLIM NETO1.

1LTM – Laboratório de Tecnologia dos Medicamentos – Dept° de Ciências Farmacêuticas / UFPE, Av. Prof. Arthur de Sá, S/N, Cidade Universitária, Recife-PE, Brasil, CEP: 50740-521.

2LAFEPE – Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco S/A, Largo de Dois Irmãos, 1117, Dois Irmãos, Recife-PE, Brasil, CEP: 52171-010. 3Nortec Química – R. Dezessete, 200, Distrito Industrial Duque de Caxias, Xerém – Duque de Caxias-RJ, Brasil, CEP: 25250-000.

e-mail: [email protected].

- Resumo A β-lapachona é uma ortoquinona de ocorrência natural, isolada do ipê roxo, ou pau d’arco roxo (Tabebuia avellandae Lor), da família Bigoneaceae, que possui um significativo potencial terapêutico. A literatura demonstra que, dentre suas várias atividades terapêuticas, uma que vem sendo alvo de vários estudos é sua capacidade antineoplásica. A β-lapachona é um inibidor da Topoisomerase I, sendo também capaz de induzir apoptose em uma grande variedade de células cancerígenas. Porém a baixa solubilidade da β-lapachona em solventes farmacotecnicamente viáveis, tem sido um grande obstáculo no desenvolvimento de uma formulação com este ativo. Com o intuito de se alcançar uma formulação injetável, para posteriores testes in vivo, este estudo realizou uma série de testes de solubilidade, aplicando ainda a capacidade que as ciclodextrinas têm de formar complexos de inclusão, objetivando assim superar os problemas de baixa solubilidade e conseqüentemente, melhorar a biodisponibilidade da β-lapachona. Palavras Chave: β-lapachona, ciclodextrina, complexos de inclusão, solubilidade, injetável.

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1. Introdução

A β-lapachona (3,4-dihidro-2,2-dimetil-2H-naftol[1,2-β]pirano-5,6-diona), uma

ortoquinona com um significativo potencial terapêutico, é uma substância de ocorrência

natural, isolada do ipê roxo, ou pau d’arco roxo (Tabebuia avellandae Lor), da família

Bigoneaceae1-3. Dentre o seu largo rol de atividades terapêuticas, uma que chama

bastante atenção é o seu potencial efeito antineoplásico. A β-lapachona é um inibidor da

topoisomerase I, e indutor de apoptose em uma grande variedade de células

cancerígenas, em especial algumas linhagens de próstata, refratárias aos tratamentos

convencionais3-7.

Contudo, existe um obstáculo ao desenvolvimento de formulações farmacêuticas

de administração parenteral contendo a β-lapachona, que é a sua baixa solubilidade em

solventes farmacotecnicamente aceitáveis, o que conseqüentemente, leva a uma baixa

biodisponibilidade. A β-lapachona é altamente insolúvel em água e possui solubilidade

limitada em solventes comumente utilizados em formulações de administração

parenteral8.

Os benefícios terapêuticos de uma grande variedade de fármacos administrados

em formas tradicionais, às vezes é limitado por barreiras fisiológicas, por elevados graus

de toxicidade ou por propriedades físico-químicas indesejáveis9, como é o caso da β-

lap. Nos últimos anos tem existido um considerável interesse no desenvolvimento de

sistemas terapêuticos que modifiquem e controlem o comportamento farmacocinético

de vários fármacos. Uma das alternativas tem sido o uso de ciclodextrinas como

carreadores de fármacos10.

As ciclodextrinas são oligômeros cíclicos do amido, e podem ser representadas

como cones rasos truncados constituídos de 6, 7 ou 8 unidades de glicose, denominadas

alfa (α-), beta (β-) ou gama (γ-) ciclodextrinas, respectivamente11. O artifício estrutural

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mais importante destes compostos é o seu formato toróide, com cavidade interna

hidrofóbica e face externa hidrofílica12. Sabe-se que elas têm capacidade para formar

complexos de inclusão, tanto em solução quanto no estado sólido, com uma grande

variedade de moléculas12.

As ciclodextrinas são um grupo de oligossacarídeos cíclicos, obtidos a partir da

degradação enzimática do amido. Dividem-se basicamente em três grupos: α-, β- e γ-

ciclodextrinas9,13. Estas substâncias possuem uma estrutura em formato “toróide”, com

grupos hidroxila primário e secundário voltados para o exterior. Conseqüentemente, as

ciclodextrinas possuem uma face externa de natureza hidrofílica, e uma cavidade interna

de natureza hidrofóbica. Esta cavidade permite que as ciclodextrinas formem complexos

de inclusão, “hospedando” moléculas de fármacos. Uma vez hospedados, estes

fármacos podem ser beneficiados com um aumento de sua solubilidade, estabilidade e

biodisponibilidade9, 14.

A ciclodextrina mais comumente utilizada é a β-ciclodextrina (β-CD), porém,

seu uso farmacêutico é limitado devido à sua baixa solubilidade em água e pela sua

toxicidade. Contudo, os grupamentos hidroxila voltados para o exterior do anel da

ciclodextrina nativa, são passíveis de reações químicas9. A hidroxipropil- β-

ciclodextrina (HP β-CD) é uma β-CD modificada, obtida pelo tratamento de uma

solução básica com β-CD, com óxido de propileno. Esta modificação química aumenta

significativamente a solubilidade da HP β-CD em comparação com a β-CD. Além disso,

a HP β-CD é bem tolerada e mostrou-se segura em testes clínicos, sem a toxicidade

renal apresentada pela β-CD14 inclusive quando administrada por via parenteral11.

O objetivo deste trabalho é realizar estudos de pré-formulação, acerca da

solubilidade da β-lapachona, e ainda avaliar métodos para a formação de complexos de

inclusão com a hidroxipropil-β-ciclodextrina, com a finalidade de suplantar os

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problemas de solubilidade e biodisponibilidade da β-lapachona. A partir da formulação

gerada, pretende-se realizar estudos tóxico-farmacológicos pré-clínicos.

2.1. Materiais

A β-lapachona utilizada foi proveniente do lote 103, previamente purificado em

estudos anteriores15.

Para a preparação das soluções tampão utilizadas na determinação da

solubilidade da β-lapachona foram utilizados os seguintes reagentes: ácido clorídrico,

hidróxido de sódio, biftalato de potássio, fosfato de potássio monobásico, cloreto de

potássio, ácido bórico, ácido acético glacial e acetato de sódio (Merck®). Foram

utilizados ainda: álcool isopropílico, metanol, etanol, acetonitrila, diclorometano e

clorofórmio (Merck®).

Acetonitrila, grau HPLC (Tedia do Brazil®), água ultrapurificada pelo sistema

Milli-Q® Plus (Millipore®) e ácido acético glacial (Merck®) foram utilizados para a

preparação da fase móvel, amostras e curva controle, na realização dos doseamentos.

Membranas do tipo HV com 47 mm de diâmetro e 0,45 µm de diâmetro do poro

(Supelco®) e unidades filtrantes Millex™ tipo HV com 13 mm de diâmetro e 0,45 µm de

diâmetro do poro (Millipore®), foram utilizadas para filtração da fase móvel e das

amostras, respectivamente. Papel de filtro quantitativo com 125,0 ± 1,0 mm também

foram utilizados no preparo das amostras (Framex®).

Na preparação dos lotes de bancada da formulação injetável foram utilizados os

seguintes excipientes: polietilenoglicol 400 e propilenoglicol (Dinalab®), álcool etílico

p.a. (Merck®), óleo de soja, óleo de oliva, óleo de semente de algodão, óleo de girassol,

óleo de gergelim e óleo de amendoim, todos super-refinados (Croda®).

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HAUN, Y.C., Desenvolvimento da forma farmacêutica injetável a partir da β-lapachona e ensaios preliminares in vivo. Artigo I

Para a complexação, utilizou-se hidroxipropil-β-ciclodextrina (HPβ-CD),

fornecida pela Nortec Química.

2.2. Equipamentos

O sistema cromatográfico utilizado para o doseamento consiste de um

cromatógrafo líquido de alta eficiência HP (Hewlett-Packard®) Série 1100 equipado

com sistema de bombas quaternário, degaseificador por ultra-som, detector UV-VIS e

injetor automático, acoplado a um integrador de dados HP 3395 (Hewlett-Packard®). A

coluna utilizada foi uma Shim-pack 100 CLC(M) ODS (C18) de fase reversa, com 46

mm x 25 cm e partículas esféricas de 5 μm de diâmetro (Shimadzu®).

2.3. Condições Cromatográficas

A fase móvel foi obtida através de uma mistura de acetonitrila:ácido acético

glacial 0,25% (50:50, v/v). A razão do fluxo da fase móvel foi de 2 mL/min, o volume

de injeção foi de 20 µL, utilizando um comprimento de onda fixado em 254 nm. A

coluna deve ser mantida a uma temperatura de 25°C. As amostras de β-lapachona foram

preparadas em acetonitrila com posterior diluição em fase móvel obtendo uma

concentração final de 5 μg/mL.

2.4. Solubilidade

Foram preparadas soluções tampão diversas, seguindo metodologia descrita na

U.S. Pharmacopeia 25: tampões de ácido clorídrico pH de 1,2 a 2,2; tampões de ácido

ftalato pH de 2,4 a 4,0; tampões de ftalato neutralizado pH de 4,2 a 5,8; tampões fosfato

de potássio monobásico pH de 6,0 a 8,0; tampões borato alcalino pH de 8,2 a 10,0;

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HAUN, Y.C., Desenvolvimento da forma farmacêutica injetável a partir da β-lapachona e ensaios preliminares in vivo. Artigo I

tampões acetato de sódio pH de 4,5 a 5,5. Utilizou-se ainda os seguinte solventes

orgânicos: metanol, etanol, acetonitrila, diclorometano e clorofórmio. Além disso,

determinou-se a solubilidade da β-lapachona também numa solução de água:álcool

isopropílico (1:1).

Cada solvente teve amostras preparadas em triplicata, sonicando-as por 15

minutos, no intuito de obter-se uma concentração de 500 μg/mL. Em seguida essas

amostras foram filtradas em papel de filtro quantitativo com posterior diluição em fase

móvel, obtendo-se uma concentração final de 5 μg/mL. As amostras foram analisadas

por cromatografia líquida de alta eficiência.

2.5. Desenvolvimento de Injetável

Para alcançar a formulação injetável, mais alguns testes de solubilidade foram

conduzidos. A concentração pretendida nas formulações foi de 2,0%, onde se observou

solubilidade, formação de cristais ou turvação. Todos os experimentos foram

executados à temperatura máxima de 70°C.

Foram testados: propilenoglicol e polietilenoglicol; além dos seguintes óleos

super-refinados: óleo de soja, óleo de oliva, óleo de semente de algodão, óleo de

girassol, óleo de gergelim e óleo de amendoim.

Após a análise dos resultados obtidos, executou-se uma série de estudos binários

de pré-formulação com modificações qualitativa e quantitativa dos componentes.

2.6. Complexação com Ciclodextrina

Segundo estudos14, a proporção entre a β-lapachona e a hidroxipropil-β-

ciclodextrina necessária para a complexação ocorrer por completo é de

aproximadamente 1:31, respectivamente.

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HAUN, Y.C., Desenvolvimento da forma farmacêutica injetável a partir da β-lapachona e ensaios preliminares in vivo. Artigo I

A solução complexada foi obtida pela dissolução da ciclodextrina no meio

aquoso (tampão fosfato pH 7,4 e água), com posterior adição da β-lapachona,

alcançando uma concentração final de 2,0%. O sistema recebeu aquecimento

controlado, nunca ultrapassando os 70°C, e agitação constante.

3. Resultados e Discussões

3.1. Solubilidade

Os resultados obtidos referentes à solubilidade confirmam a natureza lipofílica

da β-lapachona, que é responsável por sua baixa solubilidade em compostos polares,

sendo, portanto, altamente solúvel em compostos apolares. Os resultados estão descritos

na Tabela 01.

Tabela 01: Resultados da solubilidade da β-lapachona em diferentes solventes. SOLVENTES TEOR DISSOLVIDO

- H2O 0,75%

- HCl 0,1N 1,75%

- H2O: Álcool Isopropílico 1,5%

- Metanol, Etanol, Acetonitrila, Diclorometano e

Clorofórmio

100,25 – 101,50%

- Tampões USP 25

Ácido Clorídrico pH de 1,2 a 2,2 3,00 – 3,75%

Acetato pH de 4,5 a 5,5 1,25 – 1,50%

Fosfato pH de 6,0 a 8,0 1,50 – 1,75%

Borato Alcalino pH de 8,2 a 10,0 2,25%

Os resultados da solubilidade da β-lapachona nos tampões ftalato pH de 2,4 a 4,0

e ftalato neutralizado pH de 4,2 a 5,8 não foram possíveis de se determinar, uma vez

que o ftalato possui o mesmo tempo de retenção que a β-lapachona, interferindo na

determinação da área.

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3.2. Desenvolvimento do Injetável

A β-lapachona não foi solúvel, nem a quente, nos seguintes solventes: óleo de

amendoim, óleo de girassol e óleo de soja. A solução obtida com propilenoglicol

apresentou formação de cristais após o resfriamento da mesma. Já com o

polietilenoglicol, houve formação de cristais depois de decorridos quinze dias.

Em seguida, foram avaliadas quatro formulações utilizando polietilenoglicol

como veículo, sempre almejando uma concentração final de 2,0%, variando-se entre os

seguintes co-solventes: óleo de oliva, óleo de gergelim, óleo de semente de algodão e

propilenoglicol. Na formulação com óleo de oliva houve formação de cristais após

resfriamento, e a formulação com propilenoglicol apresentou turvação e formação de

cristais também após resfriamento. As demais formulações apresentaram formação de

cristais depois de transcorridos aproximadamente dez dias.

Na tentativa de manter a estabilidade da β-lapachona nas formulações com os

óleos de gergelim e de semente de algodão, utilizou-se álcool etílico como co-solvente,

mas com isso, houve formação de cristais com aproximadamente cinco dias.

Em seguida, tentou-se a solubilização da β-lapachona apenas nos óleos de

gergelim e de semente de algodão. Como resultado, foram obtidas duas soluções

límpidas e estáveis. Em seguida tentou-se aumentar a concentração de β-lapachona, mas

acima de 2,0% sempre há formação de cristais, quando não imediatamente após o

resfriamento, ela ocorre decorridos no máximo três dias. Portanto, ficou definido que a

formulação para um possível injetável da β-lapachona, teria que ser oleosa e contendo

apenas o ativo, na concentração de 2,0% e o óleo super-refinado como veículo. A

solução obtida com o óleo de gergelim foi analisada por cromatografia líquida de alta

eficiência.

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3.3. Complexação com Ciclodextrina

A complexação com ciclodextrina apresentou-se como um processo bastante

demorado. A solubilização da HPβ-CD em água, ocorre quase que imediatamente. Em

contrapartida, foram necessários pouco mais que seis dias, sob agitação constante, até

que não houvesse mais partículas de β-lapachona visíveis macro e microscopicamente.

As soluções obtidas foram filtradas e analisadas por cromatografia líquida de alta

eficiência. Após a filtragem, observou-se a presença de cristais minúsculos de β-

lapachona no papel de filtro.

Os resultados da cromatografia indicaram um teor de 96,63% de β-lapachona no

óleo de gergelim e de 106,16% na solução complexada com HPβ-CD. O teor elevado na

solução complexada, mesmo com a presença de pequeninos cristais no papel de filtro,

indicando uma possível complexação parcial, pode-se dever ao elevado tempo de

agitação constante do sistema, uma vez que, mesmo fechado, pode gerar uma pequena

perda de água por evaporação.

O aumento da solubilidade da β-lapachona em uma solução aquosa, ocorre pela

formação de complexos de inclusão entre sua molécula e a ciclodextrina. Geralmente, a

força principal que leva à formação deste complexo vem das interações hidrofóbicas

entre um composto “hóspede” fracamente solúvel, como a β-lapachona, e a cavidade

apolar da molécula de ciclodextrina. A hidrofobicidade e a geometria da molécula

“hóspede”, assim como o tamanho da cavidade da molécula de ciclodextrina, no caso a

hidroxipropil-β-ciclodextrina, são parâmetros importantes para a formação do

complexo14.

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4. Conclusão

Conclui-se que, farmacotecnicamente, uma solução oleosa injetável poderia ser

uma boa escolha para a administração da β-lapachona. Além disso, hoje as pesquisas já

sinalizam que a formação de complexos de inclusão com as ciclodextrinas é uma saída

extremamente viável para fármacos com os problemas de solubilidade e

biodisponibilidade, como a β-lapachona.

Estes são estudos preliminares, e serviram de base para o desenvolvimento de

uma formulação que foi utilizada em ensaios tóxico-farmacológicos pré-clínicos, em

modelo animal, utilizando o tumor ascítico de Ehrlich em camundongos. A

comprovação da complexação se deu a partir de formulações com e sem carreadores.

5. Agradecimentos

Os autores gostariam de agradecer ao Laboratório Farmacêutico do Estado de

Pernambuco, pelo apoio e disponibilização de recursos e toda sua estrutura laboratorial.

Um agradecimento especial à Nortec Química, na figura de Marcos Soalheiros, pelo

fornecimento da HPβ-CD.

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HAUN, Y.C., Desenvolvimento da forma farmacêutica injetável a partir da β-lapachona e ensaios preliminares in vivo. Artigo I

6. Referências Bibliográficas

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[2] HOOKER, C.S., The constitution of lapachol and its derivatives: The structure of anylene chain. J. Chem. Soc. V. 69, p. 1356.1896.

[3] KUMI-DIAKA, J., Chemosensitivity of human prostate cancer cells PC3 and LNCaP to genistein isoflavone and β-lapachone. Biology on the Cell. V.94, p.37-44, 2002.

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[5] BOOTHMAN, D.A.; TRASK, D.K. & PARDEE, A.B. Inhibition of potentially lethal DNA damage repair in human tumor cells by β-lapachone, an activator of topoisomerase I. Cancer Research. n.49, p.605-612, fev, 1989.

[6] PLANCHON, S. M.; WUERZBERGER, S.; FRYDMAN, B. WITIAK, D. T.; HUTSON, P.; CHURCH, D. R.; WILDING, G. & BOOTHMAN, D. A. β-Lapachone-mediated apoptosis in human promyelocytic Leukemia (HL-60) and human prostate cancer cells: A p53-independent response. Cancer Research. n.55, p.3706-3711, set, 1995.

[7] LI, C. J.; LI, Y.; PINTO, A. V. & PARDEE, A. B. Potent inhibition of tumor survival in vivo by β-lapachone plus taxol: Combining drugs imposes different artificial checkpoints. PNAS. n.96, p.13369-13374, nov, 1999.

[8] UNITED STATES Patent Application Publication. JIANG, Z. et al. Pharmaceutical compositions containing β-lapachone, or derivatives or analogs thereof, and methods of using same. US 2005/0245599 A1, nov. 3, 2005.

[9] BIBBY, D. C.; DAVIES, N. M.; TUCKER, I. G. Mechanisms by which cyclodextrins modify drug release from polymeric drug delivery systems. International Journal of Pharmaceutics. n. 197, p. 1-11, 2000.

[10] SKIBA, M.; WOUESSIDJEWE, D.; PUISIEUX, F.; DUCHÊNE, D.; GULIK, A. Characterization of amphiphilic β-cyclodextrin nanospheres. International Journal of Pharmaceutics. n. 142, p. 121-124, 1996.

[11] UYAR, T; RUSA, C.C.; HUNT, M.A.; ASLAN, E.; HACALOGLU, J.; TONELLI, A.E. Reorganization and improvement of bulk polymers by processing with their cyclodextrin inclusion compounds. Polymer. V.46, p.4762-4775, 2005.

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HAUN, Y.C., Desenvolvimento da forma farmacêutica injetável a partir da β-lapachona e ensaios preliminares in vivo. Artigo I

[12] VILLAVERDE, J.; MORILLO, E.; PÉREZ-MARTÍNEZ, J.I.; GINÉS, J.M.; MAQUEDA, C. Preparation and characterization of inclusion complex of norflurazon and β-cyclodextrin to improve herbicide formulations. J. Agric. Food Chem. V.52, p.864-869, 2004.

[13] DEL VALLE, E. M. M. Cyclodextrins and their uses: a review. Process Biochemistry. n. 39, p. 1033-1046, 2004.

[14] NASONGKLA, N.; WIEDMANN, A.F.; BRUENING, A.; BEMAN, M.; RAY, D.; BORNMANN, W.G.; BOOTHMAN, D.A.; GAO, J. Enhancement of solubility and bioavailability pf β-lapachone using cyclodextrin inclusion complexes. Pharmaceutical Research. v.20, n.10, p.1626-1633, out, 2003.

[15] ALVES, G.M.C. Desenvolvimento de cápsula gelatinosa mole de β-lapachona para terapias antineoplásicas em humanos. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Departamento de Ciências Farmacêuticas. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2004.

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ARTIGO II

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HAUN, Y.C., Desenvolvimento da forma farmacêutica injetável a partir da β-lapachona e ensaios preliminares in vivo. Artigo II

ESTUDOS PRELIMINARES IN-VIVO DA β-LAPACHONA EM

FORMULAÇÃO INJETÁVEL, A PARTIR DA FORMAÇÃO DE COMPLEXOS

DE INCLUSÃO COM CICLODEXTRINAS.

Youssef Conrado Haun1,2, Tânia Toledo3, Hussen Machado3, Pedro José Rolim Neto1

1LTM – Laboratório de Tecnologia dos Medicamentos – Dept° de Ciências Farmacêuticas / UFPE, Av. Prof. Arthur de Sá, S/N, Cidade Universitária, Recife-PE, Brasil, CEP: 50740-521. 2LAFEPE – Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco S/A, Largo de Dois Irmãos, 1117, Dois Irmãos, Recife-PE, Brasil, CEP: 52171-010. 3Laboratório de Bioquímica e Biologia molecular (Biofármacos) – Universidade Federal de Viçosa – UFV.

e-mail: [email protected]

RESUMO A β-lapachona, uma ortoquinona de ocorrência natural, isolada do ipê roxo (Tabebuia avellandae Lor), tem sido estudada como um potente agente antitumoral. Estudos recentes demonstram que a β-lapachona é bioativada pela enzima NQO1 [NAD(P)H:quinona oxiredutase], expressa em demasia num grande número de tumores. Isto facilitaria sua utilização numa terapia seletiva aos tumores, diminuindo os possíveis efeitos tóxicos, não fosse a sua elevada lipofilia, que a torna praticamente insolúvel em meios aquosos. Uma das alternativas surgidas nos últimos anos para lidar com fármacos com problemas de solubilidade, e conseqüentemente, biodisponibilidade, é o uso de ciclodextrinas como carreadores de tais fármacos. No presente estudo, foi utilizada a formação de complexos de inclusão da β-lapachona com uma ciclodextrina, a hidroxipropil-β-ciclodextrina, para viabilizar uma pré-formulação de injetável, com a finalidade de se executar estudos preliminares in vivo, utilizando o modelo do tumor ascítico de Ehrlich em camundongos. Os resultados obtidos comprovam que a complexação da β-lapachona com as ciclodextrinas pode representar o grande passo para a obtenção de uma forma farmacêutica viável, do ponto de vista farmacotécnico e farmacológico, permitindo que os estudos possam avançar para os ensaios clínicos. Palavras-chave: β-lapachona, ciclodextrina, complexos de inclusão, biodisponibilidade, tumor ascítico de Ehrlich.

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1. INTRODUÇÃO

A β-lapachona (β-lap), um potente agente citotóxico que possui uma notável

atividade antitumoral contra uma grande variedade de células cancerígenas humanas1, é

uma ortoquinona de ocorrência natural, isolada do ipê roxo, ou pau d’arco roxo

(Tabebuia avellandae Lor), da família Bigoneaceae2,3. Além da atividade

antineoplásica, já foram descritas diversas outras atividades terapêuticas atribuídas à β-

lap, tais como: atividade antimicrobiana, antifúngica, tripanomicida e antiviral. Apesar

de não possuir um mecanismo de ação totalmente elucidado, estudos indicam que a β-

lap é um inibidor da topoisomerase I, e indutor de apoptose em uma grande variedade

de linhagens de células cancerígenas, sobretudo em algumas linhagens de próstata,

refratárias aos tratamentos convencionais3-7.

A β-lap é bioativada pela enzima NQO1 [NAD(P)H:quinona oxiredutase],

presente na maioria das células eucarióticas. Esta enzima catalisa uma redução de dois

elétrons em várias quinonas. A NQO1 humana é expressa em demasia num grande

número de tumores, quando comparados aos tecidos adjacentes (até 20 vezes mais que

em tecidos normais). Esta “super expressão” da NQO1 em células cancerígenas,

facilitaria uma possível terapia seletiva aos tumores, utilizando a β-lap, com efeitos

tóxicos numa escala mínima1. Porém, sua natureza lipofílica, e conseqüente baixa

solubilidade em água, acabam por limitar sua administração sistêmica e suas aplicações

in vivo1,8.

Os benefícios terapêuticos de uma grande variedade de fármacos administrados

em formas tradicionais, às vezes é limitado por barreiras fisiológicas, por elevados graus

de toxicidade ou por propriedades físico-químicas indesejáveis9, como é o caso da β-

lap. Nos últimos anos tem existido um considerável interesse no desenvolvimento de

sistemas terapêuticos que modifiquem e controlem o comportamento farmacocinético

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de vários fármacos. Uma das alternativas tem sido o uso de ciclodextrinas como

carreadores de fármacos10.

As ciclodextrinas são um grupo de oligossacarídeos cíclicos, obtidos a partir da

degradação enzimática do amido. Dividem-se basicamente em três grupos: α-, β- e γ-

ciclodextrinas9,11. Estas substâncias possuem uma estrutura em formato “toróide”, com

grupos hidroxila primário e secundário voltados para o exterior. Conseqüentemente, as

ciclodextrinas possuem uma face externa de natureza hidrofílica, e uma cavidade interna

de natureza hidrofóbica. Esta cavidade permite que as ciclodextrinas formem complexos

de inclusão, “hospedando” moléculas de fármacos. Uma vez hospedados, estes

fármacos podem ser beneficiados com um aumento de sua solubilidade, estabilidade e

biodisponibilidade1,9.

A ciclodextrina mais comumente utilizada é a β-ciclodextrina (β-CD), porém,

seu uso farmacêutico é limitado devido à sua baixa solubilidade em água e pela sua

toxicidade. Contudo, os grupamentos hidroxila voltados para o exterior do anel da

ciclodextrina nativa, são passíveis de reações químicas9. A hidroxipropil- β-

ciclodextrina (HP β-CD) é uma β-CD modificada, obtida pelo tratamento de uma

solução básica com β-CD, com óxido de propileno. Esta modificação química aumenta

significativamente a solubilidade da HP β-CD em comparação com a β-CD. Além disso,

a HP β-CD é bem tolerada e mostrou-se segura em testes clínicos, sem a toxicidade

renal apresentada pela β-CD1 inclusive quando administrada por via parenteral11.

O tumor de Ehrlich é primariamente um adenocarcinoma mamário do

camundongo fêmea e, mesmo que seja indiferenciado, é possível que sofra as

influências dos hormônios incriminados na gênese do câncer de mama, como estrógeno,

prolactina, andrógenos e até mesmo dos hormônios tireoidianos. Tem sido utilizado

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como modelo no estudo da ação de componentes físicos, químicos e biológicos sobre o

crescimento, patogênese, cinética, imunologia, bioquímica e terapêutica dos tumores12.

O objetivo deste trabalho foi viabilizar uma formulação injetável, a partir da

complexação da β-lap com a HP β-CD, numa solução aquosa, na tentativa de superar os

problemas de solubilidade e biodisponibilidade deste fitofármaco, para ser utilizada em

ensaios preliminares in vivo. Em paralelo, foi desenvolvida também uma outra

formulação à base de β-lap livre (não complexada), em um veículo oleoso. As duas

formulações foram testadas em camundongos inoculados com células do tumor ascítico

de Ehrlich.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. Materiais

A β-lapachona utilizada foi proveniente do lote 103, previamente purificado em

estudos anteriores, e 402, não purificado, contendo seu isômero α-lapachona.

Acetonitrila, grau HPLC (Tedia do Brazil®), água ultrapurificada pelo sistema

Milli-Q® Plus (Millipore®) e ácido acético glacial (Merck®) foram utilizados para a

preparação da fase móvel, amostras e curva controle, na realização dos doseamentos.

Membranas do tipo HV com 47 mm de diâmetro e 0,45 µm de diâmetro do poro

(Supelco®) e unidades filtrantes Millex™ tipo HV com 13 mm de diâmetro e 0,45 µm de

diâmetro do poro (Millipore®), foram utilizadas para filtração da fase móvel e das

amostras, respectivamente. Papel de filtro quantitativo com 125,0 ± 1,0 mm também

foram utilizados no preparo das amostras (Framex®).

Para a complexação, utilizou-se hidroxipropil-β-ciclodextrina (HPβ-CD),

fornecida pela Nortec Química.

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A solução oleosa foi preparada a partir de óleo de gergelim super-refinado,

fornecido pela Croda®.

O medicamento utilizado no Grupo Controle Medicamento foi o Neotaxel®

(paclitaxel).

2.2. Equipamentos

O sistema cromatográfico utilizado para o doseamento consiste de um

cromatógrafo líquido de alta eficiência HP (Hewlett-Packard®) Série 1100 equipado

com sistema de bombas quaternário, degaseificador por ultra-som, detector UV-VIS e

injetor automático, acoplado a um integrador de dados HP 3395 (Hewlett-Packard®). A

coluna utilizada foi uma Shim-pack 100 CLC(M) ODS (C18) de fase reversa, com 46

mm x 25 cm e partículas esféricas de 5 μm de diâmetro (Shimadzu®).

2.3. Condições Cromatográficas

A fase móvel foi obtida através de uma mistura de acetonitrila:ácido acético

glacial 0,25% (50:50, v/v). A razão do fluxo da fase móvel foi de 2 mL/min, o volume

de injeção foi de 20 µL, utilizando um comprimento de onda fixado em 254 nm. A

coluna deve ser mantida a uma temperatura de 25°C. As amostras de β-lap foram

preparadas em acetonitrila com posterior diluição em fase móvel obtendo uma

concentração final de 5 μg/mL.

2.4. Formulações

2.4.1 Complexação com Ciclodextrina

Segundo estudos executados por NASONGKLA e cols, 2003, a proporção entre

a β-lap e a HPβ-CD necessária para a formação dos complexos ocorrer por completo é

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de aproximadamente 1:31, respectivamente1. O procedimento inclui a obtenção de uma

solução saturada de HPβ-CD em água, com posterior adição, gradual, da β-lap. O

sistema deve permanecer sob agitação constante com aquecimento controlado, nunca

ultrapassando 70°C. O período que a formulação deve permanecer sob agitação

constante, varia em torno de seis a sete dias.

O objetivo foi alcançar uma concentração de 0,25% (2,5 mg de β-lap por mL de

solução). A formulação final foi submetida ao doseamento por cromatografia líquida de

alta eficiência (CLAE).

2.4.2. Solução oleosa

A solução oleosa foi obtida a partir da solubilização da β-lap em óleo de

gergelim super refinado, sob agitação constante e aquecimento controlado, nunca

ultrapassando 70ºC. O resfriamento da solução ocorreu à temperatura ambiente.

A concentração que se tentou alcançar foi de 0,5% (5,0 mg de β-lap por mL de

solução oleosa). Posteriormente, foram coletadas amostras para o doseamento por

CLAE.

2.5 Estudos in vivo

2.5.1 Animais

Foram utilizados (75) camundongos albinos suíços, machos, com 6-8 semanas

de idade, e pesando de 20 a 24 g, subdivididos em 05 grupos de 06 animais cada,

acomodados em caixas de plástico forradas. Os grupos controle doente (GCD) e

medicamento (GCM), além do grupo sadio, eram compostos por 15 animais cada.

Durante o período de experimentação, os animais permaneceram no Laboratório de

Bioquímica e Biologia molecular (Biofármacos), recebendo água e ração comercial

53

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HAUN, Y.C., Desenvolvimento da forma farmacêutica injetável a partir da β-lapachona e ensaios preliminares in vivo. Artigo II

balanceada ad libitum. Os animais foram fornecidos pelo Biotério Central da

Universidade Federal de Viçosa (UFV).

2.5.2 Obtenção do Tumor Ascítico de Ehrlich

As células do tumor ascítico de Ehrlich encontravam-se congeladas em

nitrogênio líquido e foram cedidas pelo Laboratório de Biologia do Câncer do

Departamento de Biologia Animal da UFV.

Após o descongelamento das células inoculou-se intraperitonealmente, com

auxílio de seringas de insulina, 0,05 mL da suspensão destas células em PBS em

camundongos receptores.

Para a manutenção do tumor foram colhidos, de animais portadores, cerca de 1

mL de fluido ascítico contendo aproximadamente 108 células tumorais e inoculados

intraperitonealmente em camundongos receptores. Esse procedimento foi repetido a

cada 10 dias durante 30 dias.

2.5.3 Preparação das células tumorais para inoculação

Com o auxílio de seringas e de agulhas descartáveis estéreis, foram colhidos

cerca de 10,0 mL de fluido ascítico de camundongo inoculado há 15 dias com o tumor

de Ehrlich na cavidade peritoneal. A suspensão celular do fluido ascítico foi

centrifugada a 1500 rpm por 5 minutos. O sobrenadante foi desprezado, as células

foram ressuspendidas em tubos de centrífuga nº 7 com solução salina tamponada, sendo

este procedimento repetido por três vezes. Quando necessário, era utilizada a lise de

hemácias, por duas vezes.

Foram feitas contagens, teste de viabilidade das células pelo método de exclusão

com azul de Tripano a 0,4%. Para a contagem das células, utilizou-se o Hemocitômetro

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HAUN, Y.C., Desenvolvimento da forma farmacêutica injetável a partir da β-lapachona e ensaios preliminares in vivo. Artigo II

(Câmara) de Neubauer, contando as células dos quatro quadrados externos, ou

quadrados brancos.

As células que apresentavam a coloração azul eram consideradas inviáveis

levando em consideração a viabilidade maior que 90%. O número de células presentes

na suspensão foi ajustado para 1,66 x 104/1000 mL.

2.5.4 Inoculação dos animais

Os camundongos foram eutanasiados com superdosagem do anestésico éter

etílico, e com auxílio de seringa e agulha descartáveis estéreis, recebiam 200 mL de

suspensão, contendo 1,66 x 104 células tumorais por via intraperitoneal.

2.5.5 Testes in vivo

Os animais já inoculados com o tumor de Ehrlich foram subdivididos em 5

grupos contendo 6 animais cada, mais o GCD e o GCM, compostos por 15 animais

cada, e mais o grupo sadio. Foram testadas três formulações diferentes, alterando-se a

via de administração em duas delas, como descrito na tabela a seguir:

Tabela 01: Protocolo dos estudos in vivo.

Grupo Formulação Via de administração

01 β-lap + HPβ-CD em água Oral

02 β-lap + HPβ-CD em água Intramuscular (IM)

03 β-lap + Óleo Super Refinado Oral

04 β-lap + Óleo Super Refinado Intramuscular (IM)

05 β-lap + α-lap + Óleo Super Refinado Oral

A dose testada foi igual em todos os grupos, correspondente a 20 mg/kg,

administrada diariamente ao longo de 17 dias, com início 24 horas após a inoculação.

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HAUN, Y.C., Desenvolvimento da forma farmacêutica injetável a partir da β-lapachona e ensaios preliminares in vivo. Artigo II

A dose oral foi administrada por gavagem, e a dose intramuscular administrada

na coxa dos animais, obedecendo a um ciclo, para evitar inflamações excessivas.

O medicamento controle foi utilizado obedecendo a mesma terapia de humanos,

de 100 mg/Kg a cada 15 dias. Neste caso, o GCM recebeu uma dose única de

Neotaxel®, no primeiro dia do tratamento.

No 18° dia, procedeu-se com o sacrifício dos animais. No ato do sacrifício,

coletou-se o líquido gerado pelo tumor e amostras de sangue dos animais.

Após coletado, o líquido ascítico teve seu volume medido com o auxílio de uma

proveta. Posteriormente, retirou-se uma alíquota que foi preparada com azul de tripano a

0,4% (método da exclusão). Após um breve período de incubação, executou-se a

contagem de células viáveis utilizando-se o Hemocitômetro de Neubauer, contando-se

as células dos quatro quadrados externos, mais o quadrado central, dos dois campos

(superior e inferior). As células que apresentavam a coloração azul eram consideradas

inviáveis.

O líquido ascítico também foi levado para a centrífuga, para a separação do

plasma (análise de proteínas totais, ALT, AST e albumina).

O sangue foi extraído por punção cardíaca e levado para a centrífuga. O soro foi

submetido a testes para a quantificação de proteínas totais, ALT, AST e albumina.

Os valores das contagens de células foram tratados estatisticamente e

comparados entre si, através do teste t de Student (p<0,05).

3. Resultados e Discussão

As formulações alcançadas, quando levadas ao doseamento por CLAE, tiveram

suas doses de administração ajustadas. O teor da formulação contendo β-lap

complexada foi de 106,16%, enquanto que a solução oleosa alcançou um teor de

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HAUN, Y.C., Desenvolvimento da forma farmacêutica injetável a partir da β-lapachona e ensaios preliminares in vivo. Artigo II

96,63%. Por conta destes resultados, as doses administradas nos camundongos sofreram

alguns reajustes, para atenderem ao método.

Os animais que foram tratados com a β-lap demonstraram um decréscimo

numérico na contagem total de células do tumor ascítico de Ehrlich, que é considerado

um dos modelos de tumor experimental mais agressivos, em comparação com os

animais não tratados.

Os valores médios aproximados das contagens de células do tumor ascítico de

Ehrlich nos camundongos por grupo de tratamento de cada grupo podem ser conferidos

na Tabela 02.

Tabela 02: Contagem de células no líquido ascítico e viabilidade celular por grupo de

tratamento.

Tratamento Cél. Vivas

(N x 107)

Cél. Mortas

(N x 107)

Cél. Totais

(N x 107)

GCD (Controle Doente) 9,23 0,11 9,33

GCM (Controle Medicamento) 4,88 0,78 5,66

G 01 (β-lap+HPβ-CD) Oral 5,74 0,38 5,97

G 02 (β-lap+HPβ-CD) IM 4,82 1,60 6,42

G 03 (β-lap+óleo) Oral 7,82 0,72 8,53

G 04 (β-lap+óleo) IM 6,51 0,72 7,22

G 05 (β-lap+α-lap+óleo) Oral 6,51 0,76 7,27

A Figura 01 mostra o gráfico da contagem de células, vivas e mortas, por grupo

de tratamento. No geral, pode-se perceber que houve um decréscimo no valor da

contagem de células vivas e mortas em todos os grupos tratados com a β-lap, em

comparação com o GCD. Conseqüentemente, o número de células totais também

diminuiu.

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9,23

0,11

4,88

0,78

5,74

0,38

4,82

1,6

7,82

0,72

6,51

0,72

6,51

0,76

0

2

4

6

8

10

de C

élul

as (N

x 1

07 )

GCD GCM G 01 G 02 G 03 G 04 G 05

Grupos de Tratamento

Cél. Vivas Cél. Mortas

Figura 01: Gráfico comparativo entre os valores médios das contagens de células vivas e mortas no líquido ascítico, por grupo de tratamento.

Porém, não houve diferenças significativas entre os grupos tratados com a β-lap

e os grupos controle doente e medicamento (Figura 02).

9,33

5,66 5,976,42

8,53

7,22 7,27

0

2

4

6

8

10

Nº d

e C

élul

as (N

x 1

07 )

GCD GCM G 01 G 02 G 03 G 04 G 05

Grupos de Tratamento

Figura 02: Gráfico demonstrando os valores das contagens celulares totais no líquido ascítico, por grupo de tratamento.

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Quanto à viabilidade celular, o grupo 02, tratado com a β-lap complexada com

HPβ-CD administrada via IM, foi melhor, seja comparando com o GCD, ou com o

GCM, com um resultado de alta significância (p<0,01). Este grupo ainda foi

responsável pelo maior número de células mortas de todo o experimento, mesmo

apresentando uma contagem total de células estatisticamente maior que o GCM. Este

resultado pode sugerir que a complexação realmente promove um aumento considerável

na biodisponibilidade da β-lap, além de indicar um elevado poder de destruição das

células do tumor ascítico de Ehrlich. E ainda que a comparação não seja tão

representativa, uma vez que existe mais de uma variável envolvida no experimento (via

de administração, oral ou IM; veículo, aquoso ou oleoso; e estado da β-lap, livre ou

complexada) o desempenho do grupo 02 foi significativamente melhor (p<0,01) que os

grupos 03, 04 e 05, que continham a β-lap livre (Tabela 03 e Figura 03).

Tabela 03: Viabilidade celular média do tumor ascítico de Ehrlich em camundongos,

por grupo de tratamento.

Tratamento Viabilidade Celular (%)

Controle (Doente) 98,67

Medicamento 86,37

G 01 (β-lap+HPβ-CD) Oral 94,27

G 02 (β-lap+HPβ-CD) IM 75,44*

G 03 (β-lap+óleo) Oral 92,29

G 04 (β-lap+óleo) IM 90,22

G 05 (β-lap+α-lap+óleo) Oral 88,98

* Estatisticamente melhor (p<0,01).

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0

20

40

60

80

100

Via

bilid

ade

(%)

GCD GCM G 01 G 02 G 03 G 04 G 05

Grupos de Tratamento

Figura 03: Gráfico da viabilidade celular média do tumor ascítico de Ehrlich em camundongos, por grupo de tratamento.

Os grupos 03, 04 e 05, obtiveram resultados de viabilidade celular equivalentes

entre si, sendo ainda, estatisticamente iguais ao GCM. O grupo 05 requer uma atenção

especial, uma vez que, tratando-se de uma formulação obtida a partir de um lote não

purificado de β-lap, além desta, ele também pode possuir α-lapachona, seu isômero,

considerado como uma impureza gerada pelo processo de semi-síntese. A viabilidade

celular apresentada por este grupo ao fim do experimento foi equivalente à do GCM,

tendo obtido uma contagem de células mortas igual à deste grupo. Como este foi apenas

um estudo preliminar, tal resultado pode indicar uma possível interação sinérgica entre a

α e a β-lapachona, mas que deve ser mais explorado na seqüência deste estudo.

Os animais dos grupos tratados com a β-lap, complexada ou livre, mostraram-se

dispostos e ativos durante todo o período do experimento, mesmo com o ganho de

volume causado pelo crescimento do tumor ascítico de Ehrlich. Não foi observada

nenhuma morte nestes grupos. O GCD teve uma taxa de mortalidade da ordem de 30%,

além dos animais apresentarem edemas e atividade geral reduzida.

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Um estudo semelhante foi conduzido, utilizando, porém, o tumor de Ehrlich em

sua forma sólida. A β-lap foi administrada dissolvida em álcool etílico, a 35%, na dose

de 8 mg/Kg/dia, durante 7 dias consecutivos. E apesar da β-lap ter inibido o crescimento

do tumor, não houve diferença estatisticamente significativa entre o grupo tratado e o

grupo controle13.

A dose utilizada neste experimento, de 20 mg/Kg, teve como base a DL50

encontrada em estudos prévios conduzidos para avaliar a toxicidade da β-lap em

complexos de inclusão com a HPβ-CD em camundongos C57Blk/6. Neste estudo, os

animais receberam um total de 10 injeções de β-lap em HPβ-CD, sempre nas segundas,

quartas e sextas-feiras, por via intraperitoneal. A DL50 foi estimada entre 50 e 60 mg/Kg

em camundongos C57Blk/6 de 18 a 20 g1.

A opção em se utilizar 20 mg/Kg, correspondente a menos da metade da DL50,

deveu-se ao fato de que o esquema terapêutico idealizado para este estudo, incluía

administrações diárias das formulações, diferentemente do estudo conduzido por

NASONGKLA. Portanto, uma vez que estes foram estudos preliminares, houve a

preocupação em se provocar o acúmulo de β-lap nos organismos dos camundongos,

podendo levar a uma toxicidade não conhecida, o que poderia pôr em risco todo o

experimento.

Os resultados da medição dos volumes do líquido ascítico, não apresentaram

nenhuma diferença estatística ao serem comparados com os resultados dos grupos

controle, doente e medicamento. Os resultados estão na Tabela 04.

Os resultados das dosagens de proteínas totais, albumina, TGO e TGP, no

sangue e no líquido ascítico, apresentaram-se estatisticamente discrepantes, levando a

uma variação muito grande.

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Tabela 04: Resultados do líquido ascítico, em mL, por grupo de tratamento:

Tratamento Volume Ascítico (mL)

GCD 17,00

GCM 22,33

G 01 18,30

G 02 22,33

G 03 20,33

G 04 21,00

G 05 22,83

4. Conclusão

Considerando que estes estudos foram preliminares, utilizando a propriedade das

ciclodextrinas em formar complexos de inclusão com a β-lapachona, os resultados

foram bastante promissores. A complexação realmente pode ter sido responsável pelo

aumento da biodisponibilidade da β-lapachona, substância altamente lipofílica. O grupo

tratado com a β-lapachona complexada, administrada via intramuscular, realmente

conseguiu superar os resultados apresentados pelo grupo controle medicamento.

Porém, mais estudos devem ser conduzidos, uma vez que a própria formulação

ainda requer ajustes farmacotécnicos, no sentido de melhorar sua estabilidade. Além

disto, mais estudos devem ser conduzidos utilizando a α-lapachona, seja de forma

independente, seja juntamente com a β-lapachona, para se comprovar se a α possui

alguma ação terapêutica ou tóxica.

5. Agradecimentos

Agradecimentos especiais ao Laboratório Farmacêutico do Estado de

Pernambuco, pelo apoio e pela disponibilização de toda sua estrutura, ao Laboratório de

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Bioquímica e Biologia Molecular (Biofármacos) da Universidade Federal de Viçosa e

todos os seus colaboradores, em especial à Profª. Dra. Tânia Toledo e a Hussen

Machado, onde todos os estudos in vivo foram realizados, e à Nortec Química, na figura

de Marcos Soalheiros, pelo fornecimento da HPβ-CD.

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6. Referências Bibliográficas

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[2] DO CAMPO, R; LOPES, J.N.; CRUZ, F.S.; SOUZA, W. Trypanossoma cruzi: ultrastructural and metabolic alterations of epimastigotes by β-lapachone. Experimental Parasitology. V. 42, n°1, (1977) 142-49.

[3] KUMI-DIAKA, J., Chemosensitivity of human prostate cancer cells PC3 and LNCaP to genistein isoflavone and β-lapachone. Biology on the Cell. V. 94, (2002) 37-44.

[4] BOOTHMAN, D.A.; TRASK, D.K. & PARDEE, A.B. Inhibition of potentially lethal DNA damage repair in human tumor cells by β-lapachone, an activator of topoisomerase I. Cancer Research. 49:605-612. Feb, 1989.

[5] LI, C.J.; WANG, C.; PARDEE, A.B., Induction of apoptosis by β-lapachone in human prostate cancer cells. Cancer Research. 55:3712-15. Sept, 1995.

[6] PLANCHON, S. M.; WUERZBERGER, S.; FRYDMAN, B. WITIAK, D. T.; HUTSON, P.; CHURCH, D. R.; WILDING, G. & BOOTHMAN, D. A. ®-Lapachone-mediated apoptosis in human promyelocytic Leukemia (HL-60) and human prostate cancer cells: A p53-independent response. Cancer Research. 55: 3706-3711. Sept, 1995.

[7] LI, C. J.; LI, Y.; PINTO, A. V. & PARDEE, A. B. Potent inhibition of tumor survival in vivo by ®-lapachone plus taxol: Combining drugs imposes different artificial checkpoints. PNAS. 96:13369-74. Nov, 1999.

[8] GLEN, V. L.; HUTSON, P. R.; KEHRLI, N. J.; BOOTHMAN, D. A.; WILDING, G. Quantitation of β-lapachone and 3-hidroxy- β-lapachone in human plasma samples by reversed phase high-performance liquid chromatography. Journal of Chromatography B. n. 692, p. 181-186.1997.

[9] BIBBY, D. C.; DAVIES, N. M.; TUCKER, I. G. Mechanisms by which cyclodextrins modify drug release from polymeric drug delivery systems. International Journal of Pharmaceutics. n. 197, p. 1-11, 2000.

[10] SKIBA, M.; WOUESSIDJEWE, D.; PUISIEUX, F.; DUCHÊNE, D.; GULIK, A. Characterization of amphiphilic β-cyclodextrin nanospheres. International Journal of Pharmaceutics. n. 142, p. 121-124, 1996.

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[11] DEL VALLE, E. M. M. Cyclodextrins and their uses: a review. Process Biochemistry. n. 39, p. 1033-1046, 2004.

[12] SILVA, A.E.; SERAKIDES, R.; FERREIRA, E.; MORAES, J.R.C.; OCARINO, N.M.; CASSALI, G.D. Efeito do hipotireoidismo no tumor de Ehrlich sólido em camundongos fêmeas castradas e não castradas. Arq. Bras. Endocrinol. Metab. v.48, n.6, p.867-874, dez. 2004.

[13] SOUZA, M.R.Q.; EVÊNCIO-NETO, J.; SILVA, J.F.; SOARES, A.P.; RODRIGUES, O.G.; NASCIMENTO, S.C. Efeito da β-lapachona sobre o desenvolvimento do carcinoma de Ehrlich. Arq. Inst. Biol., v.67, São Paulo, 2000.

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CONCLUSÕES

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HAUN, Y.C., Desenvolvimento da forma farmacêutica injetável a partir da β-lapachona e ensaios preliminares in vivo. Conclusões

CONCLUSÕES

Os estudos de solubilidade comprovaram a natureza lipofílica da β-lapachona,

demonstrando as dificuldades em se estabelecer uma forma farmacêutica definitiva para

ela. Porém, com o advento da utilização da propriedade das ciclodextrinas em formar

complexos de inclusão, tornou-se possível vencer esta barreira natural inerente da

própria β-lapachona. A partir dos estudos de pré-formulação, foi possível se determinar

uma forma farmacêutica “provisória” injetável, que acabou por viabilizar os estudos in

vivo realizados.

Os ensaios in vivo, ainda que preliminares, comprovaram o potencia e a eficácia

da β-lapachona em inibir o crescimento de tumores, neste caso específico, o tumor

ascítico de Ehrlich, um dos mais agressivos modelos experimentais de câncer. Houve

redução significativa do tumor de Ehrlich quando tratado pela β-lapachona complexada

com a hidroxipropil β-ciclodextrina, o que sinaliza para a comprovação de que a

complexação realmente aumenta a biodisponibilidade da β-lapachona.

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PERSPECTIVAS

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PERSPECTIVAS

• Continuação dos estudos de pré-formulação da β-lapachona na forma injetável

através dos complexos de inclusão com ciclodextrinas;

• Desenvolvimento e validação de metodologia analítica de doseamento para o

produto acabado;

• Realização do estudo de estabilidade acelerado e de longa duração do produto

acabado;

• Continuação dos estudos in vivo, utilizando diferentes modelos de câncer;

• Realização de screening de doses, determinação da DL50, determinação da dose

e do melhor esquema terapêutico;

• Realização de ensaios clínicos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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HAUN, Y.C., Desenvolvimento da forma farmacêutica injetável a partir da β-lapachona e ensaios preliminares in vivo. Referências Bibliográficas

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, C.G.B.; LOPES, R.S.C.; LOPES, C.C.; SNIECKUS, V. Two expedient synthesis of beta-lapachone. Synthesis, Stuttgart, 11:3, nov, 1999.

BIBBY, D. C.; DAVIES, N. M.; TUCKER, I. G. Mechanisms by witch cyclodextrins modify drug release from polymeric drug delivery systems. International Journal of Pharmaceutics, n.197, p.1-11, 2000.

BOOTHMAN, D.A.; TRASK, D.K. & PARDEE, A.B. Inhibition of potentially lethal DNA damage repair in human tumor cells by β-lapachone, an activator of topoisomerase I. Cancer Research. n.49, p.605-612, fev, 1989.

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BRASILEIRO, G.F. Bogliolo Patologia Geral. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.

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