Curso de Economia Politica I, Prof. Doutor Rui Teixeira Santos (ULHT, 2011/12)

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Economia Política`12 Prof. Doutor Rui Teixeira Santos

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Faculdade de Direito Universidade Lusófona da Humanidades e Tecnologia Economia Política I (1º semestre)

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Economia Política`12

Prof. Doutor Rui Teixeira Santos

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"First they ignore you, then they ridicule you, then they fight you, then you win.”(Ghandi)

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O Que é a Economia?

A Economia, ou atividade económica, consiste na produção, distribuição e consumo de bens e serviços. O termo economia vem do grego οικονομία (de οἶκος , translit. oikos, 'casa' + νόμος , translit. nomos, 'costume ou lei', ou também 'gerir, administrar': daí "regras da casa" ou "administração doméstica”.

É também a ciência social que estuda a atividade económica, através do desenvolvimento da teoria económica, e que tem na administração a sua aplicação. Os modelos e técnicas atualmente usados em economia evoluíram da economia política do final do século XIX, derivado da vontade de usar métodos mais empíricos à semelhança das ciências naturais. Pode representar, em sentido lato, a situação económica de um país ou região; isto é, a sua situação conjuntural (relativamente aos ciclos da economia) ou estrutural.

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Economista

A profissionalização da economia, refletida no crescimento dos cursos de graduação, tem sido descrita como "a principal mudança na economia desde 1900”. A maioria das principais universidades e faculdades tem um curso, escola ou departamento que atribui títulos académicos na área.

O Prémio Nobel de Economia é um prémio anual concedido a economistas que tenham feito contribuições notáveis à disciplina.

No mundo profissional, os economistas encontram ocupação como consultores, principalmente nos setores bancário e financeiro. No setor público podem trabalhar em várias agências e departamentos como o tesouro nacional, o Banco Central, e entidades oficiais de estatística, entre outros.

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Micro e Macro economia

A economia é geralmente dividida em dois grandes ramos: a microeconomia, que estuda os comportamentos individuais, e a macroeconomia que estuda o resultado agregado dos vários comportamentos individuais. Atualmente, a economia aplica o seu corpo de conhecimento para análise e gestão dos mais variados tipos de organizações humanas (entidades públicas, empresas privadas, cooperativas etc.) e domínios (internacional, finanças, desenvolvimento dos países, ambiente mercado de trabalho, cultura, agricultura, etc.).

Outras formas de divisão da disciplina são: a distinção entre economia positiva ("o que é", que tenta explicar o comportamento ou fenómeno econômico observado) e economia normativa ("o que deveria ser", frequentemente relacionado com políticas públicas); a distinção entre economia ortodoxa, aquela que lida com o nexo "racionalidade-individualismo-equilíbrio", e a economia heterodoxa, que pode ser definida por um nexo "instituições-história-estrutura social”.

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Microeconomia

Para Paul Krugman e Robin Wells,"uma das principais questões da microeconomia é a busca da validade da intuição deAdam Smith, saber se os indivíduos na busca dos seus interesses próprios contribuem para promover os interesses da sociedade no seu conjunto”.

Efetivamente, o foco de interesse da microeconomia é, antes de tudo, o estudo das escolhas dos agentes económicos, isto é, da forma estes procedem dado um conjunto de diferentes opções, comparando os benefícios e inconvenientes para a prossecução dos seus objetivos ou para a satisfação dos seus interesses - o postulado utilitarista.

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MICROECONOMIA

A microeconomia estuda as interações que ocorrem nos mercados em função da informação existente e da regulação estatal. Distinguem-se os mercado de bens e serviços dos mercados de fatores de produção, capital e trabalho, por terem diferentes agentes e formas de funcionamento

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Teoria microeconómica

A teoria compara os agregados da quantidade global demandada pelos compradores e da quantidade fornecida pelos vendedores, o que determina o preço. Constrói modelos que descrevem como o mercado pode conseguir o equilíbrio entre o preço e a quantidade, ou como pode reagir a alterações do mercado ao longo do tempo, que é o que se denomina de mecanismo da oferta e da procura. As estruturas de mercado, como a concorrência perfeita e o monopólio, são analisadas para tirar conclusões sobre o seu comportamento e a sua eficiência económica. A análise de um mercado é feita a partir de hipóteses simplificadoras, como por exemplo a racionalidade dos agentes e equilíbrio parcial (parte-se do pressuposto de o mercado não é afetado pelo que se passa em outros mercados ). Uma análise em equilíbrio geral é um estudo mais abragente, que permite avaliar as consequências sobre os outros mercados, para compreender as interações e os mecanismos que podem levar a uma situação de equilíbrio.

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Fluxo circular da Economia

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Princípios da Economia (Mankiw) Como as pessoas tomam decisões?

A economia reflete o comportamento das pessoas que a compõe. Os quatro primeiros princípios da economia estão relacionados com as decisões individuais.

#1 As pessoas defrontam-se com escolhas

#2 O custo de uma coisa é aquilo de que abdicamos para obtê-la

#3 As pessoas racionais pensam marginalmente

#4 As pessoas respondem aos incentivos

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Como as pessoas interagem?

#5 O comércio pode ser benéfico para todos

#6 Os mercados são normalmente uma boa forma de organizar a actividade económica

#7 Os governos podem por vezes melhorar os resultados dos mercados

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Como a economia funciona?

#8 Os padrões de vida de um país dependem da sua capacidade de produzir bens e serviços

#9 Os preços aumentam quando o governo imprime demasiado dinheiro

#10 A sociedade defronta-se com um compromisso de curto prazo entre a inflação e o desemprego

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Como as pessoas tomam decisões?1.As pessoas enfrentam tradeoffs

“Nada é de graça”. Para se conseguir algo é necessário tomar decisões. A tomada de decisão exige escolher algo em detrimento de outra opção.

Um exemplo é a alocação do tempo, o recurso mais precioso de um estudante. Este pode usá-lo para estudar história. Ou pode usá-lo para estudar economia. Ou uma combinação de ambos. O mais importante é que ao fazer a opção por história, estará deixando de estudar economia.

Usar o dinheiro agora ou poupá-lo? Usar um Euro agora significa que não terá este Euro no futuro. Guardá-lo significa que não poderá usá-lo agora.

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Casos clássicos de tradoffs

Quando os indivíduos agrupam-se em sociedade surgem outros tipos de tradeoffs. Alguns clássicos

•“armas ou manteiga”. Quando se gasta com defesa nacional, obtém-se armas e uma sociedade mais protegida. No entanto, diminui-se a produção e menos se poderá gastar com os bens de consumo representados pela manteiga.•poluição e alto nível de renda. Políticas de proteção ambiental custam caro e causam três efeitos: diminuição da margem de lucro do empreendedor, salários menores ou preços mais altos. Normalmente uma combinação dos três. Para proporcionar um meio ambiente menos poluído e com evidentes benefícios para a saúde é preciso encarar o custo de um menor padrão de renda para empresários, trabalhadores e clientes.•eficiência e equidade. Eficiência refere-se ao melhor uso possível do recurso disponível. Equidade à distribuição do recurso pela sociedade. A primeira refere-se ao tamanho do bolo construído e a segunda à distribuição deste bolo. As políticas sociais, o imposto de renda, levam à uma maior equidade; no entanto, diminuem a recompensa pelo trabalho produtivo e com isso as pessoas trabalham menos e produzem menos. Quando um governo tenta dividir um bolo em fatias iguais, o bolo diminui de tamanho.

Reconhecer que as pessoas enfrentam tradeoffs são significa dizer como deverão proceder, apenas que devem considerar este fator ao tomar decisões pois terão uma melhor visão de suas opções.

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Como as pessoas tomam decisões?2.O custo de alguma coisa é aquilo que você desiste para obtê-la

Quanto custa para um estudante fazer uma universidade? Se pensar em mensalidade, moradia e alimentação estará ainda longe deste custo. Moradia e alimentação ela teria de qualquer jeito, talvez até mais barato. Quando custo o fato desta pessoa não estar trabalhando? Para a maioria dos estudantes o salários que deixam de ganhar, enquanto estão na faculdade são o maior custo de sua educação.

• O custo de oportunidade de um item é o que se abre mão ao escolhê-lo.

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Como as pessoas tomam decisões?3.As pessoas racionais pensam na margem

As decisões que tomamos na vida raramente são “preto no branco”; elas geralmente envolvem diversos tons de cinza. A decisão não é de jejuar ou comer até estourar, a decisão é se comemos mais um bife ou não, mais uma colher de arroz ou não. São as mudanças marginais, vale a penas comer esta colher a mais? Qual será meu benefício marginal? Qual será meu custo marginal?

Em muitos casos as pessoas tomam melhores decisões quando pensam na margem. Um tomador de decisão executa uma ação se, e somente se, o benefício marginal da ação ultrapassa o custo marginal.

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Como as pessoas tomam decisões?4.As pessoas reagem a incentivos

Como as pessoas tomam decisões por meio de comparação de custos e benefícios, seu comportamento pode mudar quando os custos e benefícos mudam. Quando o preço da maçã sobe, as pessoas passam a comer mais pêra. Ao mesmo tempo, os produtores contratam mais pessoas e passam a produzir mais maçãs. O resultado é uma pressão para diminuição do preço pelo aumento da oferta e diminuição da procura.

Muitas políticas afetam os benefícios e os custos para as pessoas, muitas vezes de maneira indireta. Ao analisarmos qualquer política, precisamos considerar não apenas seus efeitos diretos, mas também aos efeitos indiretos que operam por meios de incentivos.

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Como as pessoas interagem?5.O Comércio pode ser bom para todos

O comércio não é uma prática esportiva; a vitória de um não significa a derrota do outro. Empresas concorrem umas com as outras, países concorrem uns com os outros, indivíduos concorrem um com os outros. No entanto, ao mesmo tempo em que são concorrentes, conseguem se beneficiar do comércio entre eles. O comércio pode ser um jogo em que os dois jogadores ganham.

O comércio permite que as pessoas se especializem nas atividades em que são melhores, permitindo que desfrutem de uma maior variedade de bens e serviços.

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Como as pessoas interagem?6. Os Mercados são Geralmente uma Boa Maneira de Organizar a Atividade Económica

Foi Adam Smith quem primeiro sistematizou este princípio. Por mais que indivíduos e empresas procurem o lucro pessoal e pensem individualmente, o resultado final é favorável à sociedade como um todo. Smith usou o termo mão invisível do mercado para descrever este paradoxo. Para que este efeito aconteça, a competição é fundamental pois gera preços menores e maior eficiência na produção.

Em contraste, a teoria do planejamento central era de que apenas o governo poderia organizar a atividade econômica de uma maneira que promovesse o bem-estar económico de todo o país.

O principal mecanismo para organizar a atividade econômica é o preço. Quando ele pode flutuar livremente, permite os ajustes automáticos do sistema. No planejamento centralizado, os preços eram fixados por agentes do estado que impedia o ajuste automático dos preços e, em consequência, que a mão invisível atuasse coordenando as milhões de famílias e empresas que compõe a economia.

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Como as pessoas interagem?7.Às vezes os Governos Podem Melhorar os Resultados do Mercado

Para que a mão invisível funcione, é preciso que o governo a proteja. Os mercados só funcionam bem se o direito à propriedade é respeitado. Ninguém investe na produção se não tiver garantias que este investimento estará protegido.

Além disso,  existem dois motivos genéricos para que o governo intervenha na economia:

1.Externalidade. São os impactos das ações de uma pessoa ou empresa no bem- estar do próximo. Um exemplo é a poluição. O governo precisa agir para conter as externalidades.

2.Poder de Mercado. É a capacidade de algumas pessoas ou empresas de influírem indevidamente nos preços. O poder de mercado é nocivo à concorrência.

Quanto há externalidades ou poder de mercado, políticas públicas bem concebidas podem aumentar a eficiência económica.

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Como a economia funciona8.O Padrão de Vida de um País Depende de sua Capacidade de Produzir Bens e Serviços

Quase todas as variações de padrão de vida podem ser atribuídas a diferenças de produtividade entre os países _ ou seja, a quantidade de bens e serviços produzidos em uma hora de trabalho. A taxa de crescimento da produtividade de um país determina a taxa de crescimento de sua renda média.

Para elevarem os padrões de vida, é preciso elevar a produtividade garantindo:

•melhor nível de educação

•ferramentas adequadas

•tecnologia

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Como a economia funciona9.Os Preços Sobem Quando o Governo Emite Moeda Demais

Trata-se da inflação, a elevação de preços que ocorre na sociedade de forma geral. Ela é causada principalmente pela elevação da quantidade de moeda em circulação. Um dos vilões é o governo que muitas vezes precisar emitir dinheiro para saudar seus próprios compromissos.

Seu efeito é nocivo para a sociedade. Manter a inflação em níveis baixos é um objetivo permanente das autoridades econômicas.

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Como a economia funciona10.A Sociedade Enfrenta um Tradeoff de Curto Prazo entre Inflação e Desemprego

Por uma série de motivos, pelo menos no curto prazo, a diminuição da inflação leva ao aumento do desemprego e vice-versa. Este efeito é medido por um gráfico chamado curva de Philips. A escolha entre desemprego e inflação é apenas temporária, mas pode levar alguns anos.

Por isso,

reduzir a inflação torna-se ainda mais difícil para os governos pois pode gerar um recessão temporária.

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Teoria Clássica

A teoria microeconómica standard assume que os agentes económicos, as famílias ou as empresas, são "racionais”, isto é, supõe-se terem habilidades cognitivas e informações suficientes para, por um lado, construir critérios de escolha entre diferentes opções possíveis, por outro, para maximizar a sua satisfação dadas as restrições a que estão sujeitos. Presume-se que são capazes de identificar as restrições sobre estas escolhas, tanto restrições "internas" (as sua capacidade tecnológica, no caso das empresas, por exemplo), como as "externas" (por exemplo, as resultantes da conjuntura económica). É o paradigma do homo economicus, que não implica a priori que os critérios de escolha dos indivíduos sejam puramente egoístas. Podem perfeitamente ser "racionalmente" altruístas.

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Teoria microeconómica clássica

Esta teoria deve sua existência à síntese feita pela economia matemática neoclássica das décadas de 1940 e 1950, entre os contributos da corrente marginalista do século XIX e da teoria do quilíbrio geral de Walras e Pareto

John Hicks e Paul Samuelson são considerados os pais da microeconomia tradicional atual , que podemos dividir em quatro áreas:

1. A teoria do consumidor, que estuda o comportamento das famílias ao fazer opções de consumo sujeitas a restrições orçamentais;

2. A teoria da firma, que estuda o comportamento de empresas que pretendem maximizar seus lucros sujeitos a restrições tecnológicas;

3. A teoria das trocas dos mercados, que podem ou não ser concorrenciais;

4. A teoria do ótimo económico, que recorre ao conceito de Pareto para avaliar a eficiência económica das interações coletivas entre os agentes, através do comércio.

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Produção

Em microeconomia, produção é um processo que usa insumos para criar produtos, destinados ao comércio ou ao consumo. A produção é um fluxo, logo é mensurável através de um rácio por unidade de tempo. É comum distinguir entre a produção de bens de consumo (alimentos, cortes de cabelo, etc.) vs. bens de investimento (novos tratores, edifícios, estradas, etc.), bens públicos (defesa nacional, segurança pública, proteção civil, etc.) ou bens privados (computadores novos, bananas, etc.).

As entradas para o processo de produção incluem fatores de produção básicos como o trabalho, capital (bens duradouros usados na produção, como uma fábrica) e terra (incluindo recursos naturais). Outros fatores incluem bens intermédios usados na produção dos bens finais, como por exemplo o aço no fabrico de um carro novo.

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Custo de Oportunidade

O custo de oportunidade, relacionado com o custo económico, é o valor da melhor alternativa disponível quando se tem que fazer uma escolha entre duas opções mutuamente exclusivas. É descrita como sendo a expressão da "relação básica entre escassez e escolha". O custo de oportunidade é um fator que garante a utilização eficiente dos recursos escassos, pois o custo é ponderado face ao valor gerado, no momento de decidir aumentar ou reduzir uma atividade. Os custos de oportunidade não se restringem a custos monetários. Podem também ser medidos em tempo (de lazer, por exemplo) ou qualquer outra coisa que corresponda a um benefício alternativo (utilidade, no vocabulário microeconómico) A eficiência económica descreve o quanto um sistema utiliza bem os recursos disponíveis, dada a tecnologia disponível. A eficiência aumenta se conseguirmos obter um maior resultado sem aumentar os recursos usados, ou seja, se conseguirmos reduzir o "desperdício". Dizemos que temos uma eficiência de Pareto quando estamos num ponto onde nenhuma alteração na forma como usamos os recursos disponíveis consegue melhorar o resultado para alguém sem piorar a situação de outro.

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Fronteira de Possibilidades

A fronteira de possibilidades de produção (FPP) é uma ferramenta analítica que representa a escassez, custo e eficiência. No caso mais simples, estudamos uma economia que produz apenas dois bens. A FPP é uma tabela ou gráfico (ver ilustração) que mostra as várias combinações de quantidades dos dois produtos que é possível ter, dado a tecnologia e os fatores de produção disponíveis.

Cada ponto na curva mostra uma produção potencial total máxima para a economia, que é a produção máxima possível para um bem, dada uma quantidade de produção para o outro bem. É um ponto de eficiência produtiva por maximizar a produção para um total dado de insumos. Um ponto "dentro" da curva é possível mas representa ineficiência produtiva (uso de insumos com desperdício), no sentido de que é possível aumentar a produção de um ou ambos os bens no sentido nordeste em direção a um ponto na curva.

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Curva de possibilidades

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Escassez

A escassez é representada na figura pela impossibilidade de se poder produzir para além da FPP. São os pontos acima da linha, impossíveis de atingir com os recursos e tecnologia disponíveis. É também representada pelo declive da curva, que representa o quanto da produção de um bem diminui quando a produção do outro aumenta, numa relação inversa.[14] Isso ocorre porque uma maior produção de um bem requer a transferência de insumos da produção do outro bem, forçando a sua diminuição. É um exemplo de custo de oportunidade e significa que escolher mais de um bem implica ter menos do outro.

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Políticas Públicas

Estar na curva pode ainda não satisfazer completamente a eficiência alocativa (também apelidado de eficiência de Pareto) se a curva não consistir numa combinação de produtos que os consumidores tenham preferência face a outros pontos ou combinações. Numa economia de mercado, o ponto da curva onde a economia se posiciona pode ser explicado pela escolha que os agentes acham mais preferível.

Muito da economia aplicada em políticas públicas está preocupada em determinar como a eficiência de uma economia pode ser aumentada.Encarar a realidade da escassez para então perceber como podemos organizar a sociedade para ter o uso mais eficiente dos recursos tem sido descrito como sendo a "essência da economia", onde a disciplina "faz a sua contribuição ímpar”

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Especialização

A especialização é considerada um aspecto chave para a eficiência económica, devido a diferentes agentes (indivíduos ou países) terem diferentes vantagens comparativas. Mesmo que um país detenha vantagem absoluta em todos os setores, tem vantagem em se especializar nas áreas onde tenha as maiores vantagens comparativas, efetuando depois trocas comerciais com outros países. Consegue desta forma obter uma maior quantidade dos produtos onde não se especializou comparado com a opção de produzir tudo por si. Um exemplo disso é a especialização dos países desenvolvidos em produtos de alta tecnologia, preferindo adquirir os bens de manufatura aos países em desenvolvimento, onde a mão-de-obra é barata e abundante.

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Especialização

A teoria defende que desta forma se consegue obter um maior total de produtos e utilidade, comparando com a situação em que cada país decide pela produção própria de todos os produtos. A teoria da vantagem comparativa é responsável pela crença generalizada dos economistas nos benefícios do comércio livre. O conceito aplica-se a indivíduos, fazendas, fábricas, fornecedores de serviços e a economias. Em qualquer um destes sistemas produtivos podemos ter (1) uma divisão do trabalho onde cada trabalhador é responsável por uma tarefa distinta e (2) especializada fazendo parte do esforço produtivo, ou diferentes formas de uso do capital fixo e da terra.

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Divisão do Trabalho

A Riqueza das Nações (1776), de Adam Smith faz uma discussão notável dos benefícios da divisão do trabalho. A forma como os indivíduos podem aplicar da melhor forma o seu trabalho, ou qualquer outro recurso, é um tema central do primeiro livro da obra. Smith afirmava que um indivíduo deveria investir recursos, por exemplo, terra e trabalho, de forma a obter o maior retorno possível. Desta forma, as várias aplicações de um mesmo recurso devem ter uma taxa de retorno igual (ajustada pelo risco relativo associado a cada atividade). Caso contrário, acabaria por ocorrer uma realocação de recursos melhorando o retorno. O economista francês Turgot fez o mesmo raciocínio dez anos antes, em 1766. Estas ideias, escreveu George Stigler, são a proposição central da teoria econômica.

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Ganhos de comércio

De forma mais geral, a teoria diz que fatores do mercado, como os custos de produção e os preços dos insumos, determinam a alocação dos fatores de produção tendo em conta a vantagem comparativa. São escolhidos os insumos mais baratos, de forma a ter o mais baixo custo de oportunidade para cada tipo de produto. Com este processo, a produção agregada aumenta como efeito colateral. Esta especialização da produção cria oportunidades para ganhos com o comércio em que os detentores dos recursos beneficiam do comércio vendendo um tipo de produto contra outros bens de maior valor. Uma medida dos ganhos de comércio é o aumento na produção (formalmente, a soma do acréscimo do excedente do consumidor e dos lucros do produtor) resultante da especialização na produção e do consequente comércio.

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Oferta e Procura

A teoria de oferta e procura explica os preços e as quantidades dos bens transacionados numa economia de mercado e as respetivas variações.

Na teoria microeconômica em particular, refere-se à determinação do preço e quantidade num mercado de concorrência perfeita, que tem um papel fundamental na construção de modelos para outras estruturas de mercado, como monopólio, oligopólio e competição monopolística) e para outras abordagens teóricas.

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Procura

Para o mercado de um bem, a procura mostra a quantidade que os possíveis compradores estariam dispostos a comprar para cada preço unitário do bem. A demanda é frequentemente representada usando uma tabela ou um gráfico relacionando o preço com a quantidade demandada (ver figura). A teoria da procura descreve os consumidores individuais como entidades "racionais" que escolhem a quantidade "melhor possível" de cada bem, em função dos rendimentos, preços, preferências, etc. Uma expressão para isso é 'maximização da utilidade restringida' (sendo a renda a "restrição" da procura). Para esse contexto, "utilidade" refere-se às hipotéticas preferências relativas dos consumidores individuais. A utilidade e a renda são então usadas para modelar os efeitos de mudanças de preço nas quantidades procuradas.

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Curva da procura

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Lei da procura

A lei da procura diz que, regra geral, o preço e a quantidade procurada num determinado mercado estão inversamente relacionados. Por outras palavras, quanto mais alto for o preço de um produto, menos pessoas estarão dispostas ou poderão comprá-lo ( tudo o resto inalterado). Quando o preço de um bem sobe, o poder de compra geral diminui (efeito renda) e os consumidores mudam para bens mais baratos (efeito substituição). Outros fatores também podem afetar a procura. Por exemplo, um aumento na renda desloca a curva da procura em direção oposta à origem, como é exemplificado na figura.

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Leis da Oferta (S) e da Procura (D)

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Oferta

Oferta é a relação entre o preço de um bem e a quantidade que os fornecedores colocam à venda para cada preço desse bem. A oferta é normalmente representada através de um gráfico relacionando o preço com a quantidade ofertada. Assume-se que os produtores maximizam o lucro, o que significa que tentam produzir a quantidade que lhes irá dar o maior lucro possível. A oferta é tipicamente representada como uma relação diretamente proporcional entre preço e quantidade (tudo o resto inalterado).

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Lei da Oferta

Quanto maior for o preço pelo qual uma mercadoria pode ser vendida, mais produtores estarão dispostos a fornecê-la. O preço alto incentiva a produção. Em oposição, para um preço abaixo do equilíbrio, há uma falta de bens ofertados em comparação com a quantidade demandada pelo mercado. Isso faz com que o preço desça. O modelo de oferta e demanda prevê que, para curvas de oferta e demanda dadas, o preço e quantidade irão se estabilizar no preço em que a quantidade ofertada é igual à quantidade demandada. Esse ponto é a intersecção das duas curvas no gráfico acima, o equilíbrio do mercado.

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Excesso de Oferta

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Curva da Procura e Valor

Para uma determinada quantidade de um bem, o ponto do preço na curva da procura permite determinar o valor, ou utilidade marginal para os consumidores para essa unidade de produto. Ele indica a quantia que um consumidor estaria disposto a pagar por aquela unidade específica do bem: o seu custo marginal.

O preço no ponto de equilíbrio é determinado pela conjugação da oferta e demanda. Por isso podemos dizer que, em mercados perfeitamente competitivos, a oferta e a demanda conseguem um equilíbrio entre o custo e o valor.

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Oferta e elasticidade

Do lado da oferta, alguns fatores de produção são relativamente fixos no curto prazo, o que pode afetar os custos em caso de alteração do nível de produção. Por exemplo, equipamentos ou maquinaria pesada, espaço de fábrica adequado, e pessoal qualificado. Um fator de produção variável pode ser alterado facilmente, para se adequar ao nível de produção escolhido. Exemplos incluem: o consumo de energia elétrica, a maioria das matérias primas, horas extraordinárias e trabalhadores temporários. No longo prazo, todos os fatores de produção podem ser ajustados pela gestão. Mas estas diferenças podem resultar numa diferente elasticidade (rapidez de resposta) da curva da oferta no curto prazo, que podem implicar diferenças face aos resultados de longo prazo previstos pelo modelo.

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Elasticidade-preço da procura

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Elasticidade-preco da oferta

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Elasticidade-preço da procura nos impostos É bastante comum ouvirmos dizer que esse tipo de coisa é “imoral, injusto”,

e sei lá mais o quê. Por exemplo: remédios têm elevadíssimas cargas tributárias. Alimentos básicos também. Os itens alimentícios mais taxados são os da cesta básica. Pois é, parece realmente injusto, não é?

Mas existem explicações econômicas para isso. Estes produtos (presentes mais procurados para mães, remédios, cesta básica) têm elasticidade-preço da demanda muito baixa, por serem bens de necessidade e não terem substitutos próximos.

Elasticidade-preço da procura indica quanto varia (em percentagem) a quantidade demandada de um produto, dada uma variação percentual do preço. Quando a demanda é mais elástica, pequenas variações nos preços provocam reduções mais do que proporcionais da quantidade demandada. E vice-versa.

Isso ocorre porque as pessoas precisam de comer, mesmo que o preço da cesta básica tenha subido; precisam tomar seus remédios, mesmo que o preço tenha subido muito; e querem comprar determinados presentes para suas mães, pois a cultura impõe isso, independentemente do preço, de quantas parcelas será o financiamento ou o nível de extorsão do cartão de crédito…

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Perda de bem estar nos impostso de baixa elastecidade é menor

Quando o governo cria um imposto sobre um produto, o preço dele sobe no mercado, reduzindo a quantidade demandada. Quando a demanda por ele é menos elástica, no entanto, essa redução é proporcionalmente menor, o que pode dar uma renda de tributação maior ao governo.

Mas essa não é a única razão para taxarmos mais os produtos de baixa elasticidade. Sim, o governo está interessado em maximizar a sua receita tributária. Mas, para a sociedade, em geral, a perda de bem-estar gerada por um imposto sobre produtos de baixa elasticidade é menor do que para produtos de mais elevada elasticidade.

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Aplicação:Elasticidade dos impostos

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Efeitos económicos do Imposto

Em termos económicos, portanto, a introdução de um imposto implica a criação de uma ineficiência, de uma perda líquida de bem-estar. Compradores e vendedores perdem mais do que o montante que o Estado arrecada. A criação de impostos é pois mais do que uma simples transferência de riqueza de uns agentes para outros na Economia o que, no mínimo, sugere que o Estado deve ter uma convicção forte de que vai dar bom uso à receita fiscal gerada com um imposto antes da sua criação.

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O que acontece quando se introduz um imposto?

Desde há muito tempo que os Estados usam os impostos para arrecadar os meios de que necessitam para fazer face aos seus gastos. Existem dois grandes tipos de impostos. O primeiro tipo são os impostos directos, tais como o IRS ou IRC. Estes impostos são cobrados directamente aos indivíduos e empresas, em função das características destes indivíduos e empresas (nestes casos em particular, dos rendimentos que eles auferiram durante o ano). O segundo grande tipo de impostos são os impostos indirectos, de que o IVA é um exemplo. Estes são cobrados com base nas transacções efectuadas, independentemente dos agentes envolvidos nessas transacções.

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Impostos Indiretos

Os impostos que vamos analisar aqui são deste segundo tipo, impostos indiretos. Este tipo de impostos tem um impacto imediato sobre o preço dos produtos sobre os quais incide. Se um determinado produto tem uma taxa de IVA de 23%, todas as vezes que uma unidade desse produto é transaccionada, 23% do seu preço destina-se aos cofres públicos, independentemente do rendimento ou de outra qualquer características da pessoa que o compra. Isto faz com que o preço do produto seja (quase sempre) diferente do que seria caso não existisse o imposto.

(Como veremos adiante, na maior parte dos casos, a subida de preços será inferior ao montante do imposto).

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Duas formas de analisar o efeito dos impostos sobre o preço

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Efeitos do Impostos

A análise dos efeitos económicos do imposto pode fazer-se de duas formas que são equivalentes. A primeira forma é considerar uma nova curva da oferta, uma curva que reflicta o facto de que, para além de suportarem os seus custos, as empresas têm agora que pagar também o imposto. Por conseguinte, só aceitarão vender uma dada quantidade se, além dos seus custos, o preço que recebem cobrir também o imposto a pagar (Figura 1). A curva encontra-se acima da curava da oferta original . Isto reflecte o facto de que, para estarem dispostas vender uma quantidade , as empresas no mercado exigem agora receber um preço enquanto que antes estariam dispostas a vender essa quantidade por um preço inferior.

Antes da existência do imposto, as empresas venderiam a quantidade ao preço . Com a introdução do imposto, a quantidade transaccionada reduz-se para e o preço sobre para . Repare-se, contudo, que a subida do preço é inferior ao montante do imposto, uma vez que também as empresas assumem parte do ónus associado à introdução do imposto. Na Figura 1, isto manifesta-se no facto de as empresas passarem a receber apenas e não como inicialmente.

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Impostos com oferta inalterada

A segunda forma de analisar o efeito do imposto é considerar que a oferta se mantém inalterada, que as alterações se encontram ao nível da procura. Em rigor, e tal como anteriormente a oferta não se alterava, a procura não se altera. A procura não sofre alteração, uma vez que os consumidores continuam a tomar as suas decisões com base nas mesmas preferências. Porém, do ponto de vista da empresa, o que é relevante não é quanto é que os consumidores estão dispostos a pagar por uma dada quantidade, mas quanto é que a empresa irá receber pela venda dessa unidade. A procura líquida de imposto representa isso mesmo. Para obter a procura líquida de imposto, aos preços constantes da curva da procura para cada quantidade, subtrai-se o valor do imposto respectivo. No painel da direita da Figura 1, se o comprador pagar um preço , a empresa só fica com um valor equivalente a . As suas decisões serão pois tomadas com base nesta procura líquida de impostos ().

Estas duas formas de analisar o problemas são equivalentes e, como se pode ver, o resultado é idêntico. No que se segue, vamos usar a abordagem da esquerda. Para analisar o efeito dos impostos em mercados para os quais não está definida uma curva da oferta usa-se a abordagem da direita.

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Quem paga o imposto - a incidência fiscal

Quando se discute uma alteração fiscal - a introdução de um imposto ou alteração da sua taxa - é comum ouvir as empresas do sector ou as suas associações fazer campanha contra essa introdução em nome dos interesses dos compradores desse produto. Segundo normalmente afirmam, serão os compradores quem, em última análise, irá pagar o imposto. É compreensível que as empresas façam campanhas nesta base. Porém, o argumento não é inteiramente correcto, e é útil saber até que ponto ele é correcto.

Uma das questões mais importantes na análise económica dos impostos é a questão da incidência do imposto, isto é, de quem paga o imposto. Naturalmente que não estamos a pensar na questão de saber quem é que entrega o dinheiro do imposto às Finanças, o que normalmente é feito pelas empresas por uma questão de facilidade processual. A questão mais importante é a de saber sobre quem recaem os efeitos da existência do imposto.

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O ónus do imposto

A distribuição do ónus associado ao imposto que é arrecadado pelo Estado entre compradores e vendedores pode não ser igual e, em geral, não o é. A parte que é suportada pelos compradores corresponde à redução do excedente dos consumidores, a parte suportada pelos vendedores à redução do excedente dos vendedores. Como veremos de seguida, a distribuição deste ónus depende das elasticidades da procura e da oferta.

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Quem paga?Incidência dos Impostos

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Aplicação ao Comercio Internacional

A teoria clássica de comércio exterior procura explicar o comércio internacional a partir da produtividade relativa dos fatores de produção, determinando que o fluxo do comércio resulta de uma dotação inicial desses fatores. Ou seja, os países devem se especializar na produção dos bens para os quais possuam vantagens comparativas, oriundas da abundância dos fatores utilizados na produção desses bens. Por outro lado, a teoria das vantagens competitivas buscou elucidar empiricamente as determinantes da capacidade competitiva de determinados países, com o objetivo de verificar como emergem as vantagens obtidas no comércio internacional. Trata-se de buscar uma resposta para aquela que parece ser a pergunta central a ser respondida: por que é que empresas sedeadas em determinadas nações alcançam sucesso internacional em segmentos e indústrias distintos? Diante disso, importa realizar uma análise comparativa entre as teorias clássicas de comércio internacional e seus desenvolvimentos posteriores, os modelos baseados no desenvolvimento do mercado interno e na concorrência monopolística e a contribuição de Porter para o assunto.

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Crítica de Porter

Aquilo que Michael Porter denomina teoria econômica consagrada é alvo de suas críticas. Segundo esse autor, as teorias clássicas de comércio internacional devem ser consideradas, na melhor das hipóteses, incompletas, e, na pior das hipóteses, incorretas.

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TEORIAS CLÁSSICAS DE COMÉRCIO INTERNACIONAL

A partir da segunda metade do século XVIII surgiram os debates sobre comércio internacional que influenciaram a teoria econômica moderna. Até aquela época, o conhecimento acerca do comércio exterior derivava apenas dos escritos da escola mercantilista, que justificavam o comércio internacional pela oportunidade que ele oferecia de se obter um excedente na balança comercial. O objetivo era o superávit comercial, que deveria ser atingido a qualquer custo.

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Adam Smith

Smith, A Riqueza das Nações , publicado originalmente em 1776, desenvolveu a teoria das vantagens absolutas como a base do comércio internacional. A vantagem absoluta de um país na produção de um bem resulta de uma maior produtividade, ou seja, da utilização de uma menor quantidade de fatores para produzir esse bem enfrentando menores custos. O autor postulou que nem sempre é necessário que um país obtenha excedentes de comércio exterior para que as trocas comerciais internacionais sejam vantajosas, e que as trocas voluntárias entre países podem beneficiar todos os envolvidos na operação.

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Adam Smith:

“Eis uma máxima que todo chefe de família prudente deve seguir: nunca tentar fazer em casa aquilo que seja mais caro fazer do que comprar. O alfaiate não tenta fabricar seus sapatos, mas os compra do sapateiro. Este não tenta confeccionar seu traje, mas recorre ao alfaiate. O agricultor não tenta fazer nem um nem outro, mas se vale desses artesãos. Todos consideram que é mais interessante usar suas capacidades naquilo em que têm vantagem sobre seus vizinhos e comprar, com parte do resultado de suas atividades, ou o que vem a dar no mesmo, com o preço de parte das mesmas, aquilo de que venham a precisar.”

(SMITH, 1985:380).

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Conclusão

Dessa forma, cada país deve se concentrar na produção dos bens que lhe oferecem vantagem absoluta. Aquilo que exceder o consumo interno do bem produzido deveria ser exportado, e a receita equivalente ser utilizada para importar os bens produzidos em outro país. Como a capacidade de consumo dos países envolvidos no comércio internacional será maior após a efetivação das trocas, Adam Smith concluiu que o comércio exterior eleva o bem-estar da sociedade.

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David Ricardo

Ricardo aprimorou essa teoria, ao estender a possibilidade de ganhos de comércio também para países que não possuem vantagens absolutas em relação a outros. Segundo Ricardo, não é o princípio da vantagem absoluta que determina a direção e a possibilidade de se beneficiar do comércio, mas a vantagem comparativa

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Vantagem comparativa

A vantagem comparativa reflete o custo de oportunidade relativa, isto é, a relação entre as quantidades de um determinado bem que dois países precisam deixar de produzir para focar sua produção noutro bem. Segundo a teoria ricardiana, as vantagens comparativas, também denominadas vantagens relativas, são oriundas das diferenças de produtividade do fator trabalho para distintos bens. Ele as atribui à distinção no clima e no ambiente de cada nação. Os países deveriam especializar-se em bens nos quais tivessem vantagem comparativa, aumentando sua produção doméstica. Assim, a produção que não fosse vendida no mercado doméstico de um país deveria ser exportada. Os outros bens seriam adquiridos no mercado internacional a um preço menor que o de produzi-los internamente. Dessa forma, o comércio seria benéfico para todos.

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David Ricardo:

“Num sistema comercial perfeitamente livre, cada país naturalmente dedica seu capital e seu trabalho à atividade que lhe seja mais benéfica. Essa busca de vantagem individual está admiravelmente associada ao bem universal do conjunto dos países. Estimulando a dedicação ao trabalho, recompensando a engenhosidade e propiciando o uso mais eficaz das potencialidades proporcionadas pela natureza, distribui-se o trabalho de modo mais eficiente e mais econômico, enquanto, pelo aumento geral do volume de produtos difunde-se o benefício de modo geral e une-se a sociedade universal de todas as nações do mundo civilizado por laços comuns de interesse e de intercâmbio.” (RICARDO, 1982:104).

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Conclusão

Portanto, Ricardo mostrou que o comércio internacional não tem necessariamente de ser estabelecido com base em vantagens absolutas. Pode ser vantajoso para um país especializar-se na produção de bens que são produzidos com menor esforço em outro lugar. Adicionalmente, pode não haver benefícios em especializar-se na produção de bens que propiciam vantagem absoluta se houver uma vantagem ainda maior na produção de outros.

Dessa forma, o modelo de Ricardo prevê uma direção para o comércio exterior: os países exportarão os bens nos quais têm maior produtividade relativa do trabalho (têm vantagem comparativa na sua produção) e importarão os bens nos quais apresentam menor produtividade relativa do trabalho (não têm vantagem comparativa na sua produção).

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David Ricardo:

“A Inglaterra exportava tecidos em troca de vinho porque, dessa forma, sua indústria se tornava mais produtiva; teria mais tecidos e vinhos do que se os produzisse para si mesma; Portugal importava tecidos e exportava vinho porque a indústria portuguesa poderia ser mais beneficamente utilizada para ambos os países na produção de vinho.” (RICARDO, 1982:107)

Assim, conforme ressalta Young (1951), o custo de mão-de-obra não governa as condições de troca em comércio exterior, mas sim os custos comparativos existentes na produção de diferentes mercadorias.

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Stuart Mill

Mill corroborou a noção de Ricardo sobre a vantagem comparativa ao afirmar que um país com custos reais altos exportaria artigos de algum tipo, mesmo para países que os poderiam produzir com menos trabalho do que ele. Esses países, na suposição de terem vantagem sobre ele em todos os produtos, teriam vantagem maior em algumas mercadorias do que em outras, e importariam artigos em que sua vantagem fosse mínima, para que pudessem empregar quantidade maior de sua própria mão-de-obra e de seu capital nas mercadorias em que a vantagem fosse máxima.

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Criticas ao modelo de Ricardo

Apesar de toda sua importância teórica e, sobretudo, histórica, o modelo clássico apresenta lacunas que são alvo de contestação. Conforme Young (1951), as críticas se dirigiram às suposições do modelo, tais como competição perfeita dentro de cada país, imobilidade completa de trabalho e capital entre os países, mas mobilidade doméstica, e custos constantes.

Segundo Krugman e Obstefeld (2001), os principais motivos dos erros das previsões implícitas no modelo de Ricardo são:

•a suposição de um grau extremo de especialização, que não se observa no mundo real;

• os efeitos indiretos do comércio internacional sobre a distribuição de renda dentro dos países e portanto, a presunção de que os países como um todo sempre ganharão por meio do comércio;

•o fato de o autor ignorar o papel das economias de escala como uma causa do comércio, o que torna impossível explicar os grandes fluxos comerciais entre nações aparentemente similares.

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O TEOREMA DE HECKSCHER E OHLIN

De acordo com Krugman e Obstefeld (2001), a teoria de Heckscher e Ohlin difere do modelo ricardiano por distinguir o comércio internacional do comércio inter-regional e na identificação dos fatores que determinam a existência de vantagens comparativas. Complementarmente, Young (1951) afirma que a teoria de comércio internacional deve ser desenvolvida essencialmente do mesmo modo que a teoria de comércio entre regiões. Isso está em contraste com a perspectiva clássica, que enfatizou as diferenças entre o comércio dentro das nações e o comércio entre nações (internacional).

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Vantagem do nivel de stock dos fatores de produção

Ricardo (1982) atribuiu a existência de vantagens comparativas a diferentes produtividades do trabalho entre os países. Já o modelo de Heckscher- Ohlin diz que as vantagens comparativas são oriundas dos diferentes níveis de estoques relativos dos distintos fatores de produção, influenciando os custos de produção desses bens. As nações têm tecnologia equivalente, mas diferem na disponibilidade dos fatores de produção, como terra, recursos naturais, mão-de-obra e capital. Por exemplo, o país no qual o fator trabalho for relativamente abundante poderá produzir um bem intensivo em trabalho a um custo relativamente baixo; assim, terá uma vantagem comparativa em sua produção. Então, diminuindo a produção do bem intensivo em capital, esse país irá conseguir um grande incremento marginal da produção do bem intensivo em trabalho.

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Conclusão

Nos termos de Ohlin (1933), a Austrália, por possuir maior extensão de terras agricultáveis que a Grã-Bretanha, mas menos trabalho, capital e minas, estaria mais adaptada à produção de bens queexigem grandes quantidades de terra agricultável. A Grã-Bretanha, por sua vez, apresentaria vantagens na produção de bens manufaturados.

Assim, a conclusão do modelo de Heckscher- Ohlin é que os países especializar-se-ão na produção dos bens que utilizam fatores de produção com abundância relativa, exportando esses bens e importando outros cujos fatores produtivos intensivos sejam relativamente escassos em seu território.

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Efeitos nos políticos

Este modelo teve grande aceitação principalmente no meio político, mas também foi dominante na explicação do comércio internacional no meio acadêmico. Com isso, a teoria da vantagem comparativa influenciou bastante na determinação das políticas governamentais, ao admitir que os governos podem alterar a vantagem comparativa de fatores por meio de várias formas de intervenção, e justificou a utilização de políticas com o objetivo de diminuir os custos relativos das empresas de um país em comparação com os custos dos rivais internacionais. Alguns exemplos de políticas com essa finalidade são a redução das taxas de juros, esforços para conter os custos salariais, desvalorização para afetar os preços relativos, subsídios, margens de depreciação especiais e financiamento de exportação para setores específicos.

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Falhas da teoria das vantagens comparativas

A teoria baseada na vantagem comparativa gerada pela disponibilidade relativa de fatores vem apresentando, muitas vezes, falhas ao tentar explicar os padrões de comércio. Os principais motivos são as características do comércio atual e a falta de realismo dos pressupostos desse modelo.

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Criticas de Krugman e Obstefeld

Para Krugman e Obstefeld (2001), há três fatos recentes sobre o comércio que contribuíram para a incapacidade da teoria em explicar a realidade atual. O primeiro é o crescente comércio de produtos cuja produção envolve proporções de fatores semelhantes. O segundo é a existência de grande volume de comércio internacional entre países industrializados com a dotação de fatores semelhantes. O terceiro é a ascensão da empresa multinacional, que criou um novo tipo de fluxo de comércio: a importação e a exportação entre diferentes subsidiárias de uma mesma firma, o que enfraqueceu ainda mais as explicações tradicionais sobre os padrões do comércio.

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Limitações da vantagem comparativa

Além disso, os limites da capacidade explicativa desse modelo surgem de seus pressupostos: a inexistência de economias de escala e a homogeneidade das tecnologias empregadas e dos produtos. Como pode ser facilmente observado, na maioria das vezes a existência de economia de escalas é freqüente nas indústrias; a mudança tecnológica é constante e se dá através de inovações por parte das empresas individuais, fazendo com que haja emprego de tecnologia diferente até mesmo dentro da mesma indústria; e há diferenciação na grande maioria dos produtos. A falta de realismo dos pressupostos em relação a muitas indústrias é a causa mais relevante do fracasso do modelo Heckscher-Ohlin em explicar o comércio internacional de produtos industrializados.

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AS TEORIAS DE COMÉRCIO DE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS

As teorias de comércio de produtos industrializados tentam explicar três aspectos relacionados com o comércio mundial que parecem paradoxais do ponto de vista das teorias clássicas de Ricardo e Heckscher-Ohlin: a existência de um comércio intenso e em rápida expansão entre nações com a mesma dotação de fatores, o grande volume de troca de produtos muito similares e o mínimo de conflito social que se seguiu à vasta liberalização do comércio no período do pós-guerra. As principais vertentes teóricas são as que enfatizam: as economias de escala, o papel central da procura, os ciclos do produto e a concorrência monopolística.

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Economias de escala e domínio dos mercados

A vertente teórica que privilegia a existência de economias de escala afirma que os custos da empresa ou do mercado se reduzem à medida que aumenta a quantidade produzida, o que leva à formação, não de um mercado de concorrência perfeita, mas de um mercado no qual as firmas tenham um certo grau de poder. Assim, cada país produziria uma variedade restrita de bens, beneficiando-se dos retornos crescentes de escala, semsacrificar,contudo,avariedadenoconsumo possibilitada pelo comércio internacional. Dessa forma, países idênticos em suas dotações de fatores e gostos podem, mesmo assim, ganhar com o comércio.

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Linder

Linder (1961) estabeleceu uma distinção entre o comércio de produtos primários e o comércio de produtos industrializados. Segundo o economista sueco, o comércio de produtos primários é explicado pelo modelo de Heckscher-Ohlin, enquanto a estrutura da procura, caracterizada pelas qualidades dos produtos diferenciados procurados num país, é a determinante do padrão de comércio de produtos industrializados.

A principal determinante da estrutura da procura é o nível de renda per capita: os países de renda per capita mais elevada tenderiam a consumir maior quantidade de produtos sofisticados e também produtos com um grau de sofisticação maior que os consumidos em países menos desenvolvidos. Por exemplo, os EUA consomem não só uma maior quantidade de carros, mas também de carros mais sofisticados que outros países menos desenvolvidos.

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Vermon

A terceira vertente teórica da teoria de comércio de produtos industrializados é a do ciclo do produto, que foi elaborada por Vernon (1972). A ideia central é que a inovação de produto ocorre nas economias mais avançadas e desenvolvidas, pois a alta especialização da mão-de-obra dá uma vantagem comparativa ao desenvolvimento e à produção inicial, além do fato da procura aparecer primeiro onde as rendas são altas e os gostos sofisticados.

Para o autor, a predisposição de um país para desenvolver novos produtos não é uma simples questão de oportunidade. Para que as inovações sejam implementadas é necessário que haja disponibilidade de engenheiros treinados e homens de negócio interessados, que irão concentrar seus esforços naquilo que presumem ser a procura. Ou seja, eles produzirão os bens para os quais haja procura no mercado local.

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Migração da produção para países menos desenvolvidos quando se deixa de usar a tecnologia de ponta (Krugman)

No momento em que a procura por esses novos bens se tornar internacional, o país avançado exportará esses produtos. Porém, à medida que a produção desses bens vai deixando de utilizar a tecnologia de ponta, o local de produção migra para países menos desenvolvidos, que passam a exportar para os países mais ricos.

A ênfase na existência de um mercado de concorrência monopolística para entender o comércio de produtos industrializados tem entre seus principais defensores Paul Krugman. Na vertente teórica de concorrência monopolística a inovação ocorre com o objetivo de promover a diferenciação do produto, fazendo com que ele demonstre em algum aspecto superioridade sobre os demais e, conseqüentemente, que sua procura aumente seja. Essa vantagem decorrente da diferenciação do produto dá origem a uma corrida entre as empresas, com a finalidade de inovar.

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Conclusão da Teoria dos Bens Industrializados

Quem investir mais em pesquisa e desenvolvimento conseguirá obter produtos inovadores e melhores retornos, mesmo que esses novos produtos demonstrem menos diferenças no que se refere à funcionalidade do que atributos subjetivos, como, por exemplo, inovação em padrões estéticos.

As principais conclusões contrastam tanto com o modelo de Heckscher-Ohlin quanto com o de Linder (1961), uma vez que prevêem um padrão de comércio independente da semelhança de fatores, no qual grande parte do comércio é intra-industrial. Isso explica a troca de grandes quantidades de bens que apresentam características semelhantes.

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Critica de Porter

Os modelos de comércio de produtos industrializados conseguem explicar pontos que até então eram contraditórios à economia internacional. Não têm, no entanto, o mesmo poder explicativo para questões como as propostas por Porter (1989):

“A questão mais geral é: por que as empresas de determinadas nações estabelecem uma liderança em certas indústrias novas? O que acontece quando a procura se origina simultaneamente em diferentes países, como é comum hoje? [...] Por que a inovação é contínua em muitas indústrias nacionais e não um acontecimento que se realiza de uma só vez, seguida pela inevitável padronização da tecnologia, como a teoria do ciclo do produto diz? [...] Como explicar por que as empresas de certos países podem manter a vantagem numa indústria e outras não podem?” (PORTER, 1989:18).

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A VANTAGEM COMPETITIVA, PRODUTIVIDADE E INOVAÇÕES

Porter (1989), ao contestar as teorias clássicas, propõe uma nova abordagem, que deve ir além do conceito de vantagem comparativa, para se concentrar na vantagem competitiva dos países, refletindo o conceito de competição, que inclui mercados segmentados, produtos diferenciados, diversidades tecnológicas e economias de escala.

O autor concentra-se em responder aquela que lhe parece ser a pergunta central: por que empresas baseadas em determinadas nações alcançam sucesso internacional em segmentos e indústrias distintos? O que se deve procurar são as características decisivas de uma nação que permitem às suas empresas criar e manter a vantagem competitiva em determinados campos, isto é, a vantagem competitiva das nações.

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Conceito de Produtividade

Para Porter (1999), o único conceito significativo de competitividade nacional é o de produtividade. A produtividade é o termo que define o valor do que é produzido por uma unidade de trabalho ou de capital, e depende da qualidade, características dos produtos e eficiência com que são produzidos. Segundo o autor, a prosperidade económica das empresas e das nações depende da produtividade com a qual os recursos nacionais (trabalho e capital) são empregados. Sendo assim, a produtividade é a determinante principal do nível de rendimento per capita de um país e, portanto, do padrão de vida. Um alto padrão de vida depende da capacidade das empresas de um determinado país de atingir altos níveis de produtividade e aumentá-lo com o tempo. Então, competitividade a nível nacional deve ser entendida como produtividade nacional.

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Nenhuma nação pode ser competitiva em tudo

Os recursos humanos de um país, assim como o capital, são necessariamente limitados. O importante é que esses recursos sejam aproveitados nas atividades mais produtivas, possibilitando um comércio que traga ganhos de produtividade para a nação. A integração comercial entre os países tem um grande impacto sobre a sua produtividade. Tal princípio, apesar de postulado por Porter (1989), foi anteriormente descrito por Smith e Ricardo.

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Porter

“O comércio internacional permite ao país aumentar sua produtividade, eliminando a necessidade de produzir todos os bens e serviços dentro do próprio país. Com isso, a nação pode especializar-se nas indústrias e segmentos nos quais suas empresas são relativamente mais produtivas e importar os produtos e serviços em relação aos quais suas empresas são menos produtivas do que as rivais estrangeiras, aumentando dessa forma a produtividade média da economia. As importações, portanto, bem como as exportações são parte integrante do crescimento da produtividade.” (PORTER, 1989).

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Exportação e baixos salários

Por outro lado, o comércio internacional pode também ameaçar o crescimento da produtividade. As Empresas são expostas ao teste dos padrões de competitividade nacional e serão derrotadas se não forem competitivas internacionalmente, o que poderá comprometer a sua capacidade de exportação e o padrão de vida do país.

Assim, acrescenta Porter (1989), a obtenção de um excedente comercial ou um comércio equilibrado não significa competitividade nacional. O aumento das exportações devido a baixos salários e a uma moeda fraca leva a uma redução do nível de vida do país. Em lugar de se vangloriar com o excedente comercial, o país deve se preocupar em exportar bens fabricados com alta produtividade, pois é isso que traz maior produtividade nacional e, portanto, maior renda per capita.

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Conclusão de Porter

Ao contrário do pensamento predominante, que atribui a vantagem competitiva aos custos da mão- de-obra, às taxas de juros, às taxas de câmbio e às economias de escala, para Porter (1989) as empresas atingem a vantagem competitiva através do aumento da produtividade, que se dá por meio de inovações, decorrentes de novas tecnologias, novos métodos de formação, novas abordagens de marketing ou aprimoramento dos processos produtivos e de gestão. Portanto, um país obtém um alto padrão de vida e consegue mantê-lo mediante a produtividade e o ritmo do crescimento dessa produtividade. Isto é, um elevado rendimento per capita está relacionado com a frequência de inovações na economia.

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Schumpeter e a inovação

Schumpeter num trabalho originalmente publicado em 1911, foi o primeiro a enfatizar a importância da inovação como fonte principal da dinâmica do desenvolvimento capitalista. A sua análise parte de um sistema de reprodução económica sob condição de equilíbrio estático, objetivando verificar a condição pela qual ele se torna dinâmico. Afirma o autor que o sistema económico tem tendência ao equilíbrio geral, a um estado em que não existe estímulo ou motivo para mudar de posição, salvo pela necessidade de uma suave adaptação às alterações existentes. Segundo esse ponto de vista, o sistema económico apresenta apenas mudanças contínuas ou friccionais e não produz alterações importantes com as variações na população, consumo, preferência do consumidor, poupança, investimento, etc. Tais mudanças não provocam convulsões no sistema económico e não levam ao rompimento do seu estado de equilíbrio.

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Inovações

As inovações, diz Schumpeter, rompem esse quadro de equilíbrio lentamente mutável, possibilitando a expansão económica, dando lugar ao desenvolvimento, ao progresso e à evolução. As inovações possibilitam o deslocamento da função de produção, com mudança na curva de custos, ou a criação de novas funções de produção por meio de novas combinações, resultando em modos novos, mais eficientes e baratos de produzir mercadorias e serviços. Tais combinações resultam do emprego de recursos e de formas de fazer coisas distintas, gerando descontinuidades e quebrando rotinas no sistema económico.

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Schumpeter

“O capitalismo é, por natureza, uma forma ou método de transformação económica e não apenas não se reveste de um caráter estacionário, como jamais poderia tê-lo. Não se deve esse caráter evolutivo do processo capitalista apenas ao fato de que a vida económica transcorre em um meio natural e social que se modifica e que, em virtude dessa mesma transformação, altera a situação económica. [...] O impulso fundamental que põe e mantém em funcionamento a máquina capitalista procede dos novos bens de consumo, dos novos métodos de produção ou transporte, dos novos mercados e das novas formas de organização industrial criadas pela empresa capitalista.” (SCHUMPETER, 1984:105).

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Destruição criadora

Desse modo, ocorre o processo de destruição criadora, que “revoluciona incessantemente a estrutura económica a partir de dentro, destruindo incessantemente o antigo e criando elementos novos. Este processo de destruição criadora é básico para se entender o capitalismo. É dele que se constitui o capitalismo e a ele deve se adaptar toda a empresa capitalista para sobreviver” (SCHUMPETER). Assim, o processo de destruição criadora fundamenta a dinâmica concorrencial capitalista, uma vez que determina superioridade decisiva de custos e de padrão de qualidade, altera a margem de lucro, eleva o nível de produção e, sobretudo, abala os alicerces e a própria existência da concorrência.

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Inovação e vantagem competitiva

Para Schumpeter, após uma inovação, a firma irá ganhar uma vantagem competitiva no primeiro instante, quando ainda suas concorrentes não aderiram ao novo processo. Essa vantagem temporal a focalizará diante de seu mercado, com diferenciais em face das concorrentes estabelecidas, e, consequentemente, ela receberá um rendimento pelo diferencial de desempenho.

Logo que a inovação seja lançada no mercado, irá surgir uma grande atração de inovadores adicionais, isto é, de imitadores. A ação de um empresário individual será seguida pela de outros empresários, fazendo com que a nova combinação introduzida por um seja multiplicada por ações imitativas de outros. Dessa forma, os lucros provenientes da inovação serão cada vez menores, já que estarão sendo divididos com mais firmas. Os ganhos vão se exaurindo e os efeitos cumulativos da expansão do crescimento cessam.

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Manutenção da Competitividade Sobre essa questão, Porter (1999) afirma que a vantagem

competitiva só é mantida pela melhoria constante, já que a vantagem competitiva pode, frequentemente, ser imitada.

Caso não haja uma constante inovação, as empresas estacionárias acabam sendo ultrapassadas pelas empresas que buscam mais eficientemente contornar as adversidades e superar as concorrentes. A manutenção da vantagem competitiva pode se dar por diferentes meios. Esta pode ser conseguida por diferenciação de produto, mudanças de estratégia dentro da empresa, formaç\ao profissional da mão-de-obra, suporte ao consumidor, atendimento pós-venda, direitos de propriedade sobre o produto, tradição na comercialização do bem, planeamento de custos em todos os segmentos da empresa, programas de fidelidade do cliente para com a empresa, qualidade, entre outros. Cabe à empresa em vantagem definir as suas metas e a sua estratégia para manter a sua posição e ampliar as suas fontes de vantagem.

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Estratégia para Schumpeter

Segundo Schumpeter, uma empresa que, pela introdução de inovação no seu processo produtivo, obtenha uma vantagem competitiva pela redução da sua estrutura de custos poderá seguir várias estratégias, como a diminuição dos preços praticados, para chegar a uma situação de monopólio. Da mesma forma, a inovação de um produto origina uma posição monopolista, estando a empresa a produzir ou prestar um serviço único no mercado, e que apenas ela pode disponibilizar aos consumidores. Estas estratégias permitem um acréscimo no lucro, possibilitando, preferencialmente, a realização de novos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, com vista em novas inovações, permitindo a manutenção do monopólio.

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Pressões e desafios como razões de inovação

Apesar de corroborar a importância dada por Schumpeter à inovação no processo económico, Porter (1989) discorda relativamente aos aspetos referentes aos tipos de indústrias que seriam mais capazes de inovar:

“Schumpeter (1942), embora ressaltando a importância da inovação, argumenta que uma empresa grande com poder de mercado será mais inovadora, não um grupo de rivais. Os trabalhos sobre a inovação não apoiam tal opinião, nem ela é confirmada nas indústrias que estudamos. A inovação não é feita devido a estabilidade e só com grandes recursos, como argumenta Schumpeter, mas devido a pressões e desafios. É necessário um limite mínimo de escala para que a pesquisa e desenvolvimento sejam eficientes, o que varia com a indústria, mas são as empresas menores e as de fora os verdadeiros motores da destruição criadora. (PORTER, 1989:158).

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Periodo da inovação e ciclos económicos ou ondas schumpeterianas

Na visão de Schumpeter (1984), as atividades de inovação ocorrem em determinado período. Trata-se de um processo que não é contínuo e sofre descontinuidade temporal, fazendo com que a economia se desenvolva através de períodos de expansão e de depressão. Nas palavras do autor:

“Essas revoluções não são permanentes, num sentido estrito: ocorrem em explosões discretas, separadas por períodos de calma relativa. O processo, como um todo, no entanto, jamais pára, no sentido de que há sempre uma revolução ou absorção dos resultados da revolução, ambos formando o que é conhecido como ciclos económicos.” (SCHUMPETER).

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As ondas schumpeterianas

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Forma da Inovação

Os investimentos em inovação ocorrem de forma descontínua, em grupos ou bandos, dando dinamismo à expansão.

A introdução de uma novidade de produtos ou processos vem alterar as condições competitivas daqueles empreendimentos já estabelecidos. As inovações, ao se colocarem como alternativas a produtos e processos antigos, fazem com que esses últimos percam espaço no mercado, tornando obsoleta a capacidade instalada e destruindo postos de trabalho, espraiando-se para outros se-ores relacionados e àqueles mais distantes atingidos pelo efeito-renda negativo.

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Aceleração das ondas

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Inovação e dinamismo do capitalismo

Sinteticamente, Schumpeter atribuiu às inovações a responsabilidade de o capitalismo ser dinâmico e não estático.

Porter, de modo similar, constrói sua teoria de vantagem competitiva das nações com base no caráter dinâmico do capitalismo, decorrente de inovações, mas ultrapassa Schumpeter ao investigar os motivos que levam algumas empresas de certos países a inovarem mais que outras. Segundo este autor, Schumpeter ficou aquém da resposta à sua pergunta central.

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DETERMINANTES DA VANTAGEM COMPETITIVA

Porter (1989), por meio de sérias pesquisas sobre as nações e indústrias, identificou as determinantes fundamentais da vantagem competitiva numa indústria, além de elucidar como tais determinantes funcionam em conjunto e os papéis que exercem em uma nação. Assim, sua teoria ressalta o valor da inovação, descrevendo os atributos com os quais uma nação deve contar para incentivar as empresas a inovar.

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Êxito internacional depende de 4 determinantes – Diamante Nacional

Segundo Porter, o êxito internacional numa determinada indústria depende de quatro amplas determinantes, que modelam o ambiente nacional no qual as empresas competem, formando o chamado Diamante Nacional. A posição do país nos fatores de produção, como trabalho especializado ou infra-estrutura, é a primeira determinante. A segunda é a condição da procura, isto é, a natureza da procura interna para os produtos ou serviços da indústria. A presença ou ausência, no país, de indústrias correlatas e indústrias fornecedoras que sejam internacionalmente competitivas é a terceira determinante. A quarta é dada pela estratégia e estrutura das empresas, mais a natureza da rivalidade interna.

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Vantagem competitiva e fatores criados

As condições de fatores no diamante nacional são determinadas pela dotação de fatores e pela sua capacidade de criação. Ao contrário da teoria clássica de Heckscher e Ohlin, que descreve os fatores em termos muito amplos, a teoria da vantagem competitiva agrupa-os em várias categorias: recursos humanos, recursos físicos, recursos de conhecimento, recursos de capital e infra-estrutura. As firmas de um país conquistam vantagem competitiva se dispuserem de fatores de baixo custo ou de qualidade excepcional, além da eficiência e efetividade com que são distribuídos. Uma importante distinção entre os fatores consiste no fato de serem herdados pelo país, assim como os recursos naturais ou a localização, ou de terem sido criados por ele. Os fatores mais importantes para o alcance e sustento da vantagem competitiva precisam de ser criados.

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Crítica de Porter a Heckscher-Ohlin

Os modelos de Ricardo e Heckscher-Ohlin são estáticos, isto é, a produtividade do trabalho ou o stock de fatores são dados. Assim, mão-de-obra, território, recursos naturais, capital e infra-estrutura determinam o fluxo do comércio. Em oposição a esse ponto de vista, Porter (1989) acredita na criação de fatores. Assim, a competitividade de um país ou indústria vai depender da capacidade de criar, de inovar e de melhorar. E essa capacidade é um reflexo de investimentos feitos em recursos humanos bem qualificados ou em base científica. A velocidade e a eficiência com que um país gera os fatores, os desenvolve e os distribui entre os diferentes setores são mais importantes que o simples stock de fatores num determinado momento.

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Porter – inovação e mudança

Na competição real, o caráter essencial é inovação e mudança. Em lugar de limitar-se e transferir passivamente os recursos para os pontos onde os rendimentos são maiores, a questão real é como as empresas aumentam os rendimentos possíveis através de novos produtos e processos. Em lugar de simplesmente maximizar dentro de limites fixos, a questão é como as empresas podem ganhar vantagem competitiva mudando esses limites. Em lugar de apenas distribuir um total fixo de fatores de produção, a questão mais importante é como empresas e países melhoram a qualidade dos fatores, aumentam a produtividade com que são utilizados e criam outros novos. (PORTER, 1999:21).

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Porter e Linder

Porter (1989) concorda com Linder (1961) ao defender a importância da procura interna na determinação do fluxo do comércio internacional: “A teoria de Linder esclarece a importância que a procura local tem para o comércio e o fato de que as semelhanças amplas da procura são necessárias para o comércio” (PORTER, 1989:153).

Entretanto, aponta falhas ao afirmar: “Isso, porém, não prevê a direção do comércio ou expõe os atributos específicos da demanda local que permitem a um país obter vantagem numa determinada indústria. São as diferenças específicas na demanda entre países, dentro das estruturas de demanda que se sobrepõem amplamente, que têm importância crucial para a obtenção da vantagem competitiva.” (PORTER, 1989:153).

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Condições da procura interna

Além disso, Porter (1989) postula que as condições de procura interna ajudam a construir a vantagem competitiva por duas razões. A primeira é que, quando a procura é mais sofisticada e exigente, as empresas encontrarão maior dificuldade em agradar os consumidores, necessitando, então, de constantes aprimoramentos no produto. A segunda razão ocorre quando um país pode identificar uma situação nítida das necessidades dos compradores nacionais que tem tendência a se tornar mundial. Assim, esse país pode obter vantagens competitivas na produção, antecipando-se aos demais.

Os países obtêm vantagem competitiva em indústrias ou segmentos de indústrias em que a procura interna dá às empresas locais um quadro mais claro e antecipado das necessidades do comprador do que o quadro de que dispõem as empresas estrangeiras rivais. (PORTER, 1989:103).

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Vantagem dos fornecedores internosA presença de indústrias fornecedoras e de indústrias correlatas que tenham vantagem competitiva internacional é a terceira determinante ampla da vantagem nacional numa indústria. Um exemplo seria o de uma empresa que adquire seus insumos de maneira eficiente, com custos reduzidos, com prazos precisos e com preferência de entrega. Essa boa relação entre os membros de um aglomerado torna cada uma das indústrias interdependentes mais eficiente e mais competitiva. A presença no país de indústrias competitivas correlatas leva, com freqüência, a novas indústrias competitivas, pois oferece oportunidades de informação e intercâmbio técnico.

A presença de indústrias abastecedoras internacionalmente competitivas cria vantagens nas outras indústrias correlacionadas de duas principais formas. A primeira é pelo acesso eficiente, precoce e rápido à maioria dos insumos. A segunda é a vantagem que os fornecedores internos proporcionam em termos de coordenação constante, promovendo melhoras.

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Porter

“Talvez o benefício mais importante dos fornecedores internos esteja no processo de inovação e aperfeiçoamento. A vantagem competitiva surge de estreitas relações de trabalho entre fornecedores de classe mundial e a indústria. Os fornecedores ajudam as empresas a ver novos métodos e oportunidades de aplicar tecnologia nova. As empresas têm acesso fácil à informação, às novas idéias e conhecimentos e às inovações do fornecedor. Têm a oportunidade de influenciar os esforços técnicos dos fornecedores, bem como servir como local de testes para o trabalho de desenvolvimento. O intercâmbio de pesquisa e desenvolvimento e a solução conjunta dos problemas levam a resultados mais eficientes.” (PORTER, 1989:121).

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Determinante do contexto em que as empresas sao criadas

A quarta determinante do diamante nacional é o contexto no qual as firmas são criadas, organizadas e dirigidas, bem como a natureza da rivalidade interna. Embora nenhum país tenha uniformidade, as estratégias e as estruturas das empresas dependem de circunstâncias nacionais, o que acaba levando cada país a ter vantagem competitiva em indústrias específicas.

Sobre a rivalidade de empresas do mesmo setor, Porter afirma que “A competitividade num setor específico decorre da convergência das práticas gerenciais e dos modelos organizacionais mais adotados no país que possui as fontes de vantagem competitiva no setor” (PORTER, 1999:190).

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Existencia de concorrência

Como condição de existência da concorrência e da competitividade entre as empresas, com a finalidade de haver benefícios para o consumidor e obtenção da vantagem competitiva, necessita-se de uma aplicação eficaz de medidas ou políticas antitruste; caso contrário, os concorrentes tenderiam a se fundir, de uma forma que privilegiaria os produtores e prejudicaria os consumidores. Desse modo, a política antitruste serve para garantir que o mercado continue livre, aberto e competitivo, resultando numa maior rivalidade doméstica e, conseqüentemente, maior competitividade do país no mercado internacional.

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O Papel dos Governos

Após a descrição das quatro determinantes da vantagem competitiva nacional, resta uma questão: a de compreender o papel do governo. Segundo Porter (1989), o papel real do governo é influenciar positivamente essas quatro determinantes. “As políticas governamentais bem-sucedidas são aquelas que criam um ambiente em que as empresas são capazes de ganhar vantagem competitiva, e não aquelas que envolvem o governo diretamente no processo” (PORTER, 1999:197).

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Políticas Públicas e condições dos fatores

As condições de fatores são influenciadas por políticas de educação, políticas com o intuito de aprimorar o mercado de capitais, política de subsídios, entre outras. O governo pode moldar a demanda por meio do estabelecimento de padrões ou regulamentos locais para os produtos e, também, por ser uma parte significativa da demanda interna, já que é um importante comprador de muitos produtos do país. Através de políticas regulatórias, fiscais e leis antitruste, o governo é capaz de afetar a estrutura da estratégia das empresas, além da rivalidade interna. As circunstâncias de indústrias correlatas e de apoio podem ser modeladas de muitas formas, como, por exemplo, através da regulamentação de serviços de apoio.

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Critica a Porter

Aktouf (2002), levanta alguns pontos, dentre os mais discutíveis e mais intelectualmente duvidosos, no seu entendimento, que caracterizam posições adotadas por Porter, dos quais se apresenta a seguir aqueles que mais interessam ao objeto desta tese:

1. o simplismo caricatural do modelo do “losango a quatro variáveis”, o diamante competitivo, pode dar conta da enorme complexidade de fatos e processos reais a exemplo dos que se tem levantado aqui? Se não, porque continuar a fazer como se pudesse assegurar previsões, formulações, planificações e decisões estratégicas com conhecimento de causa, a partir da aplicação desse modelo?

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Critica a Porter

2. a noção de “clusters industriais”, espécie de epicentro do modelo porteriano, parece estranha a certos conceitos como o de “pólos de desenvolvimento”, elaborado por François Perroux, ou o de complexos de “indústrias-industrializantes”, levado adiante por Estanne De Bernis? Sem falar da analogia com as redes da indústria japonesa. Tudo isso, sustentaria infinitamente mais cooperação do que competição, mais intervencionismo e de presença do Estado do que de laisser-faire, mais diálogo do que concorrência, mais colaboração mútua do que lutas de enfrentamento entre firmas e nações. Tudo, absolutamente tudo, desde o papel do Estado e o contexto intra e inter-empresas, opõe, por exemplo, as redes inter-organizacionais do tipo japonês ao que Porter apresenta como os clusters. Como uns e outros podem preencher o mesmo ofício competitivo para as respectivas nações?

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Critica a Porter

Algumas falhas científicas e epistemológicas, constatadas por Aktouf (2002), na obra porteriana, são por exemplo:

uma projeção sistemática do modelo de Harvard, construído pela tradicional interação desta Universidade com os grandes escritórios de consultoria da região de Boston, na pretendida teorização dos mecanismos da estratégia das vantagens competitivas;

uma simbiose entre a arquitetura de sua teoria e os serviços que podem entregar os escritórios de consultoria aos quais Porter e a Harvard sempre estiveram em parte ligados. A única escolha é recorrer aos porterianos como consultores, uma vez que se admite a sua teoria. O que pode legitimamente levar a pensar que essa teoria foi montada oportunamente e sustentada para servir a esses fins;

uma omissão, com conseqüências incalculáveis, da seguinte evidência: se as empresas aplicassem efetivamente os princípios das vantagens competitivas e estivessem obtendo sucesso, mais ninguém poderia pretender recorrer a tais vantagens; a teoria chegaria a uma auto-destruição que decorreria de sua generalização.

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Critica a Porter

Fazendo do planeta um vasto campo de batalha pela infinita competitividade, sob a única obrigação de maximização de lucros e dividendos de firmas colocadas como a finalidade histórica das nações, Porter simplesmente nos conduz a submeter a macroeconomia a uma dependência da microeconomia e as políticas nacionais das decisões empresariais! O tratamento da economia é concebido somente em curto prazo e em agravamento exponencial de desequilíbrios, já desastrosos, entre norte e sul e entre os próprios fatores de produção (capital, trabalho e natureza).

Submetamos, finalmente, a lógica porteriana a seus limites: uma vez nosso planeta tornado competitivo pela graça dos losangos e diamantes porterianos, teremos direito a uma teoria da competitividade interplanetária ou intergaláctica? A uma teoria das vantagens competitivas das galáxias? [A um cluster galáctico?], [grifo nosso]. (AKTOUF, 2002, p. 52).

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Neo-Conservadorismo (Neo-Com)

Neoconservadorismo (ou neocon) é uma corrente da filosofia política que surgiu nos Estados Unidos a partir da rejeição do liberalismo social, relativismo moral e da contracultura da Nova Esquerda dos anos sessenta.

O neoconservadorismo influenciou os governos de Ronald Reagan e George W. Bush, representando um realinhamento da política americana e a conversão de alguns membros da esquerda para a direita no espectro político.

O Neoconservadorismo americano enfatiza a política externa como aspecto mais importante nas responsabilidades de um governo, com o fim de manter o papel dos Estados Unidos como única superpotência, condição indispensável para a manutenção da ordem mundial.

O primeiro neoconservador declarado foi Irving Kristol, que explicitou sua condição em um artigo de 1979, intitulado "Confessions of a True, Self-Confessed 'Neoconservative.'"

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Neo-com no comércio internacional

- Regresso ao modelo das vantagens comparativas dos factores

- Caso da Troika em Portugal e Grécia

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Conclusão

As diferenças entre as teorias tradicionais de comércio internacional e a teoria de vantagem competitiva das nações podem ser resumidas na forma do tratamento do problema: dinâmico ou estático. As teorias tradicionais tratam de uma realidade muito simplificada, na qual o estoque de fatores e a produtividade são dados e nada se pode fazer a esse respeito. No mundo real, isso não ocorre. Em busca de maior lucro, as empresas inovam, mudando tanto o estoque relativo de fatores quanto a produtividade.

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Leis da Oferta e da Procura e Macroeconomia

A oferta e demanda são usadas para explicar o comportamento dos mercados de concorrência perfeita, mas sua utilidade como modelo de referência é extensível a qualquer outro tipo de mercado. A oferta e demanda também pode ser generalizada para explicar a economia como um todo. Por exemplo a quantidade total produzida e o nível geral de preços (relacionado com a inflação) estudados pela macroeconomia.

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Oferta e procura e teoria da renda (salários)

A oferta e procura também pode ser usada para modelar a distribuição de renda pelos fatores de produção, como o capital e trabalho, através de mercados de fatores. Num mercado de trabalho competitivo, por exemplo, a quantidade de trabalho empregada e o preço do trabalho (o salário) são modelados pela demanda por trabalho (pelas firmas) e pela oferta de trabalho (pelos potenciais trabalhadores). A economia do trabalho estuda as interações entre trabalhadores e empregadores através desses mercados, para explicar os níveis de salários e outros rendimentos do trabalho, o desenvolvimento de competências e capital humano, e o (des)emprego.

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Concorrência perfeita e ciclos económicos

A teoria elementar da oferta e demanda prediz que o equilíbrio será alcançado, mas não a velocidade de ajuste que pode ser provocado por alterações na oferta e/ou procura. Em muitas áreas, alguma forma de "inércia" do preço é postulada para explicar porque quantidades - e não preços - sofrem ajustes no curto prazo, devido a alterações tanto no lado da oferta quanto no da demanda. Isso inclui análises padrão de ciclos econômicos na macroeconomia. A análise frequentemente gira em torno de identificar as causas para essa inércia e suas implicações para que se alcance o equilíbrio de longo prazo previsto pela teoria. Exemplos em mercados específicos incluem níveis de salário nos mercados de trabalho e preços estabelecidos em mercados que se desviam da competição perfeita.

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Utilidade marginal

A teoria económica do marginalismo aplica os conceitos de marginalidade na economia. O conceito de marginalidade dá relevância ao significado da variação da quantidade de um bem ou serviço, por oposição ao significado da quantidade como um todo. Mais especificamente, o conceito central ao marginalismo propriamente dito é a utilidade marginal, mas uma corrente seguidora de Alfred Marshall baseou-se mais fortemente no conceito de produtividade marginal física para a explicação do custo. A corrente neoclássica que emergiu do marginalismo britânico trocou o conceito de utilidade pelo de taxa marginal de substituição no papel central da análise.

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Utilidade marginal nos salários

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Utilidade marginal zero

O marginalismo, tal como a teoria económica clássica, descreve os consumidores como agentes que almejam alcançar a posição mais desejada, sujeita a restrições como renda e riqueza. Descreve os produtores como agentes que buscam a maximização do lucro, sujeitos às suas próprias restrições (inclusive à procura pelos bens produzidos, tecnologia e o preço dos insumos). Assim, para um consumidor, no ponto onde a utilidade marginal de um bem alcança zero, não há mais incremento no consumo desse bem. De forma análoga, um produtor compara a receita marginal contra o custo marginal de um bem, com a diferença sendo o lucro marginal. No ponto onde o lucro marginal alcança zero, cessa o aumento na produção do bem. Para o movimento em direção ao equilíbrio e para mudanças no equilíbrio, o comportamento também muda "na margem" - geralmente mais-ou-menos de algo, ao invés de tudo-ou-nada.

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Falhas de mercadoMercado e imperfeições de mercado

Agir pelo interesse individual conduz muitas vezes ao interesse geral, mas nem sempre é assim. Paul Krugman e Robin Wells notam que "a mão invisível não é sempre nossa aliada”.

Uma falha de mercado é um situação na qual o mercado não consegue a alocação óptima dos recursos económicos e dos bens e serviços. Isso pode acontecer, por exemplo, no caso de um monopólio (ou de um cartel), ou de uma situação em que coexista desemprego e falta de mão-de-obra, ou ainda a existência de poluição.

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Falha de mercado

A falha de mercado, no sentido de alocação económica, é um conceito diferente da anomalia de mercado, que tem um caráter mais financeiro, não da falta de eficiência do mercado. A anomalia de mercado diz respeito ao rendimento financeiro e a uma anomalia nos preços devida a fenómenos comportamentais. Estes dois fenómenos podem ser a causa ou a consequência um do outro, ou resultar de uma causa comum.

O conceito de falha tem também um aspecto político, e por isso algo controverso, na medida em que serve para justificar intervenções políticas para “corrigir”, ou até mesmo suprimir, o mercado. Apesar disso, a generalidade dos economistas utiliza o termo mas para se referir às situações em que o funcionamento real de um mercado se afasta significativamente do mercado perfeito, devido ao efeito de três causas principais:de estruturas de mercado sub-optimais (falta de transparência, latência, etc.

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Três causas principais da falha do mercado:

1. de estruturas de mercado sub-optimas (falta de transparência, latência, etc.)

2. da não internalização de custos (como nos casos de externalidades, bens públicos e assimetria de informação, seleção adversa, risco moral e do problema do principal-agente)

3. das ineficiências de preço (não consideração de informação na formação dos preços) devidas a desvios comportamentais .

O autores liberais, após o surgimento da teoria da escolha pública, acrescentam uma quarta causa, que na sua opinião tem consequências bem mais graves: as intervenções estatais. A expressão falha do Estado (no sentido de falha do governo, em inglês government failure), surge por analogia com a "falha de mercado".

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Novas teorias: compreendendo melhor a concorrência imperfeita

A partir dos dos anos 1970, o paradigma dominante na microeconomia sofre uma inflexão de modo a melhor integrar todas as anomalias e imperfeições do mercado. Para Pierre Cahuc "a nova microeconomia foi construída progressivamente, a partir de críticas dispersas, muitas inicialmente de forma isolada, ao modelo walrasiano” . De uma forma mais geral, para a economista Anne Perrot, o edifício teórico da microeconomia tradicional deixava "desarmado o economista que procurasse uma representação positiva do funcionamento do mercado” . Esta mudança aconteceu num momento em que a macroeconomia buscava os seus fundamentos microeconómicos, de forma que iria gerar alguma convergência entre os dois campos.

O quadro geral da nova microeconomia é preferencialmente reduzido à análise de um só mercado e o seu estudo científico baseia-se mais em constatações que se julga serem representativas do funcionamento da economia (que são apelidados de "factos estilizados"

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Nova microeconomia (informação e teoria dos jogos)

A nova microeconomia enfatiza os problemas relativos aos estímulos, à informação e à teoria dos jogos. Por "estímulo" entende-se toda a ação de um agente económico (incluindo o Estado) que levem a certos agentes económicos adotar este ou aquele comportamento. Esta noção tem todo o sentido se considerarmos que a informação disponível é inevitavelmente limitada por um agente económico desejoso de incentivar outros agentes a ter comportamentos do seu interesse. A teoria dos jogos, por seu lado, é um ramo da matemática aplicada que estuda as interações estratégicas entre agentes. Segundo essa teoria, os agentes escolhem as estratégias que maximizam os seus benefícios, sendo dadas as estratégias que os outros agentes irão escolher. Propõem um modelo formal das situações em que os decisores interagem com outros agentes. A teoria dos jogos generaliza a abordagem de maximização desenvolvida anteriormente para a análise de mercados. Foi desenvolvida a partir do livro de 1944 Theory of Games and Economic Behavior, de John von Neumann e Oskar Morgenstern. É também empregue em numerosos domínios não económicos: estratégia nuclear, ética, ciência política e teoria evolucionista

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Nova Microeconomia (teoria dos contratos)

A extensão da abordagem microeconómica conduziu também ao desenvolvimento da "teoria dos contratos". Esta teoria conceptualiza as organizações, instituições, famílias e empresas como conjuntos de contratos (nós de contratos, na terminologia económica). Uma empresa é, por exemplo, um nó composto por contratos de trabalho, ligando-a aos seus assalariados, por contratos ligando-a aos seus clientes e fornecedores, por contratos de produtos bancários e financeiros, por contratos legais ligando-a ao seu Estado ou região em matéria fiscal e de regulação. os mercados são outro caso particular de nós de contratos, neste caso de contratos de comércio. Os Estados, no sentido das organizações políticas que administram determinados espaços geográficos, são um outro exemplo de nó contratual, representando as Constituições contratos gerais ligando estas organizações ao povo que governam.

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Teoria da Negociação

Um aspecto importante dos contratos é, regra geral, serem "incompletos", isto é, não conseguem especificar totalmente as obrigações das partes em todas as situações possíveis. O desenvolvimento desta teoria gerou naturalmente um aprofundamento das teorias da negociação e renegociação. De facto, o seu propósito é não só explicar como e porquê os contratos são formados entre os agentes, mas também as razões pelas quais eles os põem, ou não, em causa com o decorrer do tempo.

A nova microeconomia pode ser usada pela economia industrial, economia do trabalho e pela economia pública, devido à sua capacidade para se aproximar das preocupações práticas de certos industriais

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Macroeconomia

A macroeconomia, também conhecida como "cross-section", examina a economia como um todo, "de cima para baixo", para explicar amplos agregados e suas interações. Tais agregados incluem as medições do produto nacional bruto, a taxa de desemprego, e inflação dos preços e subagregados como o consumo todas e os gastos com investimento e seus componentes. Ela também estuda os efeitos da política monetária e política fiscal. Desde pelo menos os anos 1960, a macroeconomia tem sido caracterizada pela integração cada vez maior com a modelagem de base micro de setores, inclusive a racionalidade dos agentes, o uso eficiente da informação no mercado, e a competição imperfeita. Isso tem abordado uma antiga preocupação sobre as inconsistências no desenvolvimentos da disciplina. A análise macroeconómica também considera fatores que afetem o nível de crescimento da renda nacional no longo-prazo. Tais fatores incluem a acumulação de capital, mudança tecnológica e crescimento da força de trabalho

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PIB (Produto Interno Bruto)

O produto interno bruto (PIB) representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer seja, países, estados, cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano, etc). O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econômica de uma região.

Na contagem do PIB, considera-se apenas bens e serviços finais, excluindo da conta todos os bens de consumo de intermediário. Isso é feito com o intuito de evitar o problema da dupla contagem, quando valores gerados na cadeia de produção aparecem contados duas vezes na soma do PIB

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PIB real e PIB nominal

Quando se procura comparar ou analisar o comportamento do PIB de um país ao longo do tempo, é preciso diferenciar o PIB nominal do PIB real. O primeiro diz respeito ao valor do PIB calculado a preços correntes, ou seja, no ano em que o produto foi produzido e comercializado, já o segundo é calculado a preços constantes, onde é escolhido um ano-base onde é feito o cálculo do PIB eliminando assim o efeito da inflação. Para avaliações mais consistentes, o mais indicado é o uso de seu valor real, que leva em conta apenas as variações nas quantidades produzidas dos bens, e não nas alterações de seus preços de mercado. Para isso, faz-se uso de um deflator (normalmente um índice de preços) que isola o crescimento real do produto daquele que se deu artificialmente devido ao aumento dos preços da economia.

Deflator do PIB

O deflator do PIB é uma estatística simples calculada pela divisão do PIB nominal pelo PIB real multiplicados por cem. Como o PIB nominal e o PIB real serão iguais nos anos base, o deflator do PIB neste ano deve ser igual a cem. A importância do deflator do PIB é refletir as mudanças que ocorrem nos preços do mercado e, portanto, é usado para controlar o nível médio de preços em dada economia. O cálculo da taxa de inflação de um determinado ano leva em consideração, geralmente, o deflator do PIB deste ano em relação à mesma estatística referente ao ano anterior

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Fórmula para cálculos do PIB

Óptica da despesa

Na óptica da despesa, o valor do PIB é calculado a partir das despesas efectuadas pelos diversos agentes económicos em bens e serviços para utilização final (isto é, aqueles bens e serviços que não vão servir de consumos intermédios na produção de outros bens e serviços). Nesta óptica, o PIB corresponderá à despesa interna (ou procura interna), que inclui a despesa das famílias em bens de consumo (consumo privado, C), a despesa do Estado em bens de consumo (consumo público, G), a despesa das empresas em investimento (I), quer em bens de capital (formação bruta de capital fixo, FBCF), quer em existências de matérias-primas e produtos (variação de existências, VE). No entanto, a despesa interna é dirigida não só a bens que foram produzidos no país, mas também a bens que não foram produzidos no país (bens importados, M), e que portanto não devem ser incluídos no PIB. Por outro lado, há bens que devem ser incluídos no PIB, mas que não vão ser utilizados no país (as exportações, X), e que por isso não estão incluídos na procura interna. Assim, na óptica da despesa o PIB poderá ser calculado a partir da soma de todas estas componentes:

PIB = C + I + G + X − M

Tendo I igual à formação bruta de capital fixo (FBCF) mais a variação nos estoques (∆EST), temos:

PIB = C + FBCF + EST + G + X − M

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Fórmula para cálculos do PIB

Óptica da oferta

Na óptica da oferta, o valor do PIB é calculado a partir do valor gerado em cada uma das empresas que operam na economia. Esse valor gerado é o VAB (valor acrescentado bruto), a diferença entre o valor da produção e os consumos intermédios de cada empresa. Conhecendo o VAB de cada empresa, podemos calcular o PIB como a soma de todos os VABs das empresas dessa economia. Para obtermos o valor do PIB a preços de mercado (PIBpm), o único ajustamento que teremos de fazer é somar impostos, líquidos de subsídios, que incidem sobre os bens e serviços entre o fim da produção e a venda, isto é, os impostos sobre o consumo, como o IVA.

PIB = ∑ VABi + (Impostos - Subsídios) sobre o consumo

(sendo i cada uma das empresas da economia)

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Fórmula para cálculos do PIB

Óptica do rendimento

Na óptica do rendimento, o valor do PIB é calculado a partir dos rendimentos de factores produtivos distribuídos pelas empresas. Nesta óptica, o PIB corresponderá à soma dos rendimentos do factor trabalho com os rendimentos dos outros factores produtivos, que nas contas nacionais portuguesas aparecem todos agrupados numa única rubrica designada Excedente Bruto de Exploração (EBE). O EBE inclui as amortizações e os rendimentos da propriedade e autonomizados são os rendimentos distribuídos ao Estado sob a forma de impostos. Assim, na óptica do rendimento:

PIB = Remunerações do trabalho + Excedente Bruto de Exploração + Impostos

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PIB e PNB

O PIB difere do produto nacional bruto (PNB) basicamente pela renda líquida enviada ao exterior (RLEE): ela é desconsiderada no cálculo do PIB, e considerada no cálculo do PNB, inclusive porque o PNB é gerado a partir da soma do PIB mais entradas e saídas de capital. Esta renda representa a diferença entre recursos enviados ao exterior (pagamento de fatores de produção internacionais alocados no país) e os recursos recebidos do exterior a partir de fatores de produção que, sendo do país considerado, encontram-se em atividade em outros países. Assim (e simplificadamente), caso um país possua empresas atuando em outros países, mas proíba a instalação de transnacionais no seu território, terá uma renda líquida enviada ao exterior negativa. Pela fórmula:

PNB = PIB - RLEE

O país exemplificado terá um PNB maior que o PIB. No caso brasileiro, o PNB é menor que o PIB, uma vez que a RLEE é positiva (ou seja, envia-se mais recursos ao exterior do que se recebe).

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Crescimento e Economia do Desenvolvimento

A economia do desenvolvimento estuda fatores que explicam o crescimento econômico – o aumento na produção per capita de um país ao longo de um extenso período de tempo. Os mesmos fatores são usados para explicar diferenças no nível de produção per capita entre países. Fatores muito estudados incluem a taxa de investimento, crescimento populacional, e mudança tecnológica. Que estão representados em formas empíricas e teóricas (como no modelo de crescimento neoclássico) e na contabilidade do crescimento. O campo distinto da economia do desenvolvimento examina aspectos económicos do processo de desenvolvimento em países menos desenvolvidos focando em mudanças estruturais, pobreza, e crescimento económico. Abordagens em economia do desenvolvimento frequentemente incorporam fatores políticos e sociais.

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PMI Novembro de 2011

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Manufatura nas maiores economias

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Global slowdown

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Moeda e Confiança

Os evangelhos utilizam a palavra aramaica "mamôn" para designar o dinheiro. "Mamôn" remete para o verbo "hemin", que significa "acreditar", “aceitar confiadamente" - é daí que deriva a palavra "áme", que significa "assim seja", ou "faça-se".

O dinheiro gera um tipo de fé de índole religiosa: daí deriva a sua incompatibilidade com a fé em Deus.

John Maynard Keynes, na sua Teoria Geral sobre o Emprego, o Juro e o Dinheiro, escreve que o dinheiro está a substituir a dimensão religiosa, na sua função de assegurar o futuro, sempre "tão inseguro para o ser humano".

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Contas nacionais

A contabilidade nacional é um método para listar a atividade econômica agregada de uma nação. As contas nacionais são sistemas contabilisticos (POCP) de partidas dobradas que fornecem informações detalhadas sobre a atividade econômica de um país. Essas incluem o produto nacional bruto (PNB), que fornece estimativas para o valor monetário da produção e da renda por ano ou por trimestre. O PNB permite que se acompanhe a performance de uma economia e seus componentes ao longo de ciclos económicos ou períodos históricos. Dados de preços pedem permitir a distinção entre valores reais e nominais, isto é, corrigir totais monetários para refletir as variações nos preços ao longo do tempo. As contas nacionais também incluem aferições do stock de capital, riqueza de uma nação, e fluxos internacionais de capital

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Economia aplicada ao poder públicoEconomia Política

A economia política junta economia, legislação e ciência política para explicar as instituições políticas e o sistema económico (capitalista, socialista ou misto) interagem. Estuda questões como impacto na política seguida pelos governos de factores como monopólios, comportamento para obtenção de rendimento e externalidades. Para o prémio Nobel da economia Edmund Phelps "a economia política é o estudo das estrutras alternativas de rendimentos entre as quais a sociedade pode - e deve - escolher: como os mecanismos de um dado sistema, os impostos, subsídios, obrigações e deveres, etc., atuam sobre os indivíduos, e até que ponto funcionam bem ou mal ?"

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Economia Pública

A economia pública ocupa-se do sector produtor de bens públicos e é frequentemente considerado um ramo da economia cujo objeto é o fornecimento de bens coletivos gratuitos cujos custos são financiados através de impostos. De forma mais geral, integra também a produção de bens de mercado por empresas públicas. Estuda também as políticas que um Estado deve conduzir para promover o desenvolvimento económico e o bem-estar da população e os problemas de desigualdade social e redistribuição da riqueza.

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Finanças Públicas

Finanças públicas é o ramo da economia que lida com os gastos e receitas das entidades do setor público, geralmente o governo. Aborda questões como incidência fiscal (quem realmente paga um imposto), análise custo-benefício de programas do governo, efeitos na eficiência econômica e de renda de diferentes tipos de gastos e políticas fiscais. Essa última, um aspecto da teoria da escolha pública, modela o comportamento do setor público de forma análoga à microeconomia, envolvendo interações de eleitores, políticos e burocratas interessados em si mesmos.

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Economia de Bem-Estar

A economia do bem-estar é um ramo normativo da economia que usa técnicas da microeconomia para determinar a eficiência de alocação e a distribuição de renda que lhe está associada. Visa medir o bem-estar social examinando as atividades econômicas dos indivíduos que compõem a sociedade.

Conceitos de bem estar do consumidor e do produtor permitem construir o conceito de bem estar económico

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Diagrama da Corrupção

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Teoria da Escolha Pública

A análise económica do direito (Economic Analysis of Law ou Law and Economics em inglês) é a disciplina que procura explicar os fenómenos jurídicos através de métodos e conceitos da ciência económica. Usa de conceito econômicos para explicar os efeitos de normas legais a fim de determinar ou prever se serão economicamente eficientes.

São feitas críticas à intervenção pública. Para os economistas da teoria da escolha pública, os políticos e funcionários procuram o seu interesse individual e não o interesse geral. os primeiros procuram ser reeleitos, e os últimos procurar melhorar os seus rendimentos e poderes.

A busca de renda (do inglês rent-seeking) retrata o comportamento de indivíduos e organizações que procuram obter rendimentos através de regulamentação que lhe seja favorável, ou invés de o conseguir através de uma atividade realmente criadora de riqueza. Por exemplo, estudos neste domínio evidenciam a existência de esforços para assegurar situações de monopólio.

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Teoria dos jogos

A teoria dos jogos é um ramo da matemática aplicada que estuda as interações estratégicas entre agentes. Nos jogos estratégicos, agentes escolhem estratégias que irão maximizar suas vantagens, dadas as estratégias que os outros agentes escolherem. Ela fornece uma abordagem formal para a modelação de situações sociais em que os decisores interagem com outros agentes.

A teoria dos jogos generaliza as abordagens ao problema da maximização desenvolvidas para analisar mercados como o modelo de oferta e procura. O campo de estudo remonta ao clássico de 1944 Theory of Games and Economic Behavior de John von Neumann e Oskar Morgenstern. Tem encontrado aplicações significativas em muitas áreas fora da economia, incluindo a formulação de estratégia nuclear, ética, ciência política, e teoria evolucionária

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Sistemas económicos

Sistemas económicos é o ramo da economia que estuda os métodos e instituições pelas quais sociedades determinam a propriedade, direção e alocação dos recursos económicos e as suas respectivas trajetórias de desenvolvimento económico. Um sistema económico de uma sociedade é a unidade de análise. Entre sistemas contemporâneos em diferentes partes do espectro organizacional são os sistemas socialistas e os sistemas capitalistas, nos quais ocorre a maior parte da produção, respectivamente em empresas estatais e privadas. Entre esses extremos estão as economias mistas. Um elemento comum é a interação de influências políticas e econômicas, amplamente descritas como economia política. Sistemas econômicos comparados é a área que estuda a performance e o comportamento relativos de diferentes economias ou sistemas.

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História do Pensamento EconómicoAdam Smith/ Marx/ Keynes

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Mises/ Hayek /Schumpeter

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DesglobalizaçãoObama acusa a China

O presidente americano Barack Obama acusou a China de «distorcer» as trocas comerciais mundiais, ao intervir para desvalorizar a sua moeda, o yuan.

«A China tem sido muito ofensiva, ao distorcer as trocas comerciais em seu benefício e à custa dos outros países, particularmente dos Estados Unidos», disse Obama em conferência de imprensa, na quinta-feira.

O presidente americano considerou que «a manipulação das taxas de câmbio é exemplo disso, ou pelo menos a intervenção nos mercados cambiais que fizeram com que a moeda valesse menos do que o que o mercado dita».

Para Barack Obama, a valorização do yuan continua a ser insuficiente.

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Desglobalização

«Isto torna as exportações deles mais baratas e as nossas mais caras. Temos visto algumas melhorias, com uma apreciação ligeira (do yuan) no ano passado. Mas isso não é suficiente», disse o presidente americano.

As declarações de Obama surgem numa altura em que o Senado está a estudar um projecto de lei para aprovar sanções contra a China.

O texto foi votado na quinta-feira no Senado - maioria democrata - com 62 votos a favor e 38 contra. Mas a votação final só deve ocorrer na próxima terça-feira.

A câmara alta dos Estados Unidos deve aprovar o texto, mas a Câmara dos Representantes, dominada pelos republicanos e presidida por John Boehner, já advertiu que o projecto de lei é «perigoso» e arrisca desencadear uma guerra comercial. (Lusa/SOL, 7 set. 2011)

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DesglobalizaçãoChávez quer criar organismo paralelo à OPEP

7 de Outubro, 2011

O presidente Hugo Chávez propôs na quinta-feira aos países produtores de crude a criação de um organismo paralelo à Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPPEP), que inclua unicamente os países petrolíferos «gigantes» como a Venezuela e a Rússia. «Ocorreu-me uma ideia, criar (...) uma nova organização, neste mundo novo que está surgindo, dos gigantes petrolíferos (...) que não somos mais que quatro ou cinco (países)», disse. A proposta do presidente Hugo Chávez foi lançada durante um Conselho de Ministros transmitido em directo pelas rádios e televisões do país e no qual participou o vice-primeiro-ministro russo, Igor Sechin, uma delegação empresarial da russa e o ministro russo de Energia, Sergei Smatko. «A Rússia e a Venezuela somos dois dos gigantes petrolíferos do planeta (...) duas superpotências petrolíferas, e do trabalho que estamos realizando e falta por realizar, dependerá o futuro do mundo petrolífero», frisou. Segundo Hugo Chávez a nova organização não afectaria a OPEP, que «é uma organização com uma história, um perfil, e trajectória, e a Venezuela tem jogado e continuará jogando um papel de muita importância». A Venezuela, membro fundador da OPEP, produz em média três milhões de barris diários de petróleo, número que contrasta com os 2,3 milhões de barris diários que aquele organismo diz ser a produção caraquenha, de acordo com as autoridades venezuelanas. Segundo a OPEP, a Venezuela possui actualmente as maiores reservas mundiais provadas de petróleo.( Lusa/SOL)

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Funções Económicas do ESTADO(segundo Musgrave)

Afetação

Distribuição

Estabilização

Gestão de Conflitos

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Sistemas Económicos

1. Capitalismo

2. Socialismo

3. Sistemas Mistos

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Mercantilismo

O período entre os séculos XVI e XVIII é comumente descrito como mercantilismo. Este período foi associado com a exploração geográfica da Era dos Descobrimentos sendo explorada por mercadores estrangeiros, especialmente da Inglaterra e dos Países Baixos; a colonização européia das Américas; e o rápido crescimento no comércio exterior. O mercantilismo foi um sistema de comércio com fins lucrativos, embora as commodities ainda eram em grande parte produzidas por métodos de produção não-capitalista.

Enquanto alguns estudiosos vejam o mercantilismo como o primeiro estágio do capitalismo, outros argumentam que o capitalismo não surgiu até mais tarde. Por exemplo, Karl Polanyi, observou que "o mercantilismo, com toda a sua tendência para a comercialização, nunca atacou as salvaguardas que protegeram [os] dois elementos básicos do trabalho de produção e da terra de se tornar os elementos do comércio"; assim atitudes mercantilistas para o regulamento da economia estão mais próximas das atitudes feudais, "eles discordavam apenas sobre os métodos de regulação."

Além disso, Polanyi argumentava que a marca do capitalismo é a criação de mercados generalizadas para o que ele referia como "mercadorias fictícias": terra, trabalho e dinheiro. Assim, "não foi até 1834 um mercado de trabalho competitivo, com sede na Inglaterra, portanto, não pode-se dizer que o capitalismo industrial, como um sistema social, não existiu antes desta data.

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Bulionismo e Metalismo

Entre os princípios fundamentais da teoria mercantilista estava o bulionismo, uma doutrina que salientava a importância de acumular metais preciosos. Mercantilistas argumentavam que o Estado devia exportar mais bens do que importava, para que os estrangeiros tivessem que pagar a diferença de metais preciosos. Teóricos mercantilistas afirmavam que somente matérias-primas que não podem ser extraídas em casa devem ser importadas e promoveram os subsídios do governo, como a concessão de monopólios e tarifas protecionistas, que foram necessários para incentivar a produção nacional de bens manufaturados.

Robert Clive após a Batalha de Plassey. A batalha começou o domínio da Companhia das Índias Orientais na Índia.

Comerciantes europeus, apoiados por controles, subsídios e monopólios estatais, realizaram a maioria dos seus lucros a partir da compra e venda de mercadorias. Nas palavras de Francis Bacon, o objetivo do mercantilismo era "a abertura e o bem-equilíbrio do comércio, o apreço dos fabricantes, o banimento da ociosidade, a repressão dos resíduos e excesso de leis suntuárias, a melhoria e administração do solo; a regulamentação dos preços...”

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Mercantilismo

No período compreendido entre o século XVIII, a fase comercial do capitalismo, originada a partir do início da Companhia Britânica das Índias Orientais e da Companhia das Índias Orientais Holandesas. Estas empresas foram caracterizadas por suas potências coloniais e expansionistas que lhes foram atribuídas por Estados-nação. Durante esta época, os comerciantes, que haviam negociado com o estágio anterior do mercantilismo, investiram capital nas Companhias das Índias Orientais e de outras colônias, buscando um retorno sobre o investimento. Em sua "História da Análise Econômica", o economista austríaco Joseph Schumpeter reduz as proposições mercantilistas a três preocupações principais: controle do câmbio, monopolismo de exportação e saldo da balança comercial.

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Industrialismo

Um novo grupo de teóricos da economia, liderado por David Hume e Adam Smith, em meados do século XVIII, desafiou as doutrinas mercantilistas fundamentais, como a crença de que o montante da riqueza mundial permaneceu constante e que um Estado só pode aumentar a sua riqueza em detrimento de outro Estado.

Durante a Revolução Industrial, o industrial substituiu o comerciante como um ator dominante no sistema capitalista e efetuou o declínio das habilidades de artesanato tradicional de artesãos, associações e artífices. Também durante este período, o excedente gerado pelo aumento da agricultura comercial encorajou o aumento da mecanização da agricultura. O capitalismo industrial marcou o desenvolvimento do sistema fabril de produção, caracterizado por uma complexa divisão do trabalho entre e dentro do processo de trabalho e a rotina das tarefas de trabalho; e, finalmente, estabeleceu a dominação global do modo de produção capitalista.

O Reino Unido também abandonou a sua política protecionista, como abraçada pelo mercantilismo.

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Sistema Capitalista

O capitalismo é um sistema económico em que os meios de produção e distribuição são de propriedade privada e com fins lucrativos; decisões sobre oferta, procura, preço, distribuição e investimentos não são feitos pelo governo, os lucros são distribuídos para os proprietários que investem em empresas e os salários são pagos aos trabalhadores pelas empresas. É dominante no mundo ocidental desde o final do feudalismo.

O termo capitalismo foi criado e utilizado por socialistas e anarquistas (Karl Marx, Proudhon, Sombart) no final do século XIX e no início do século XX, para identificar o sistema político-econômico existente na sociedade ocidental quando se referiam a ele em suas críticas, porém, o nome dado pelos idealizadores do sistema político-econômico ocidental, os britânicos John Locke e Adam Smith, dentre outros, já desde o início do século XIX, é liberalismo.

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Meios de Produção

Alguns definem o capitalismo como um sistema onde todos os meios de produção são de propriedade privada, outros o definem como um sistema onde apenas a "maioria" dos meios de produção está em mãos privadas, enquanto outro grupo se refere a esta última definição como uma economia mista com tendência para o capitalismo. A propriedade privada no capitalismo implica o direito de controlar a propriedade, incluindo a determinação de como ela é usada, quem a usa, seja para vender ou alugar, e o direito à renda gerada pela propriedade.

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Acomulação de capital

O capitalismo também se refere ao processo de acumulação de capital. (Análise marxista)

Não há consenso sobre a definição exata do capitalismo, nem como o termo deve ser utilizado como categoria analítica

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O sequestro do sistema capitalista

"Give me control over a nation’s currency and I don’t care who makes the laws” (Mayer Amschel Rothschild)

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O sistema de bancos centrais cartelizam a industria bancária

NO EUA começa em 1900 – durante a era progressiva – quando p governo americano começa um programa radical de intervenção na economia.

Em nome do novo espirito de cooperação etre os negócios o e o governo (Pundits), o novo sistema vai ser o percurso do Socialismo e do Fscismo.

A cooperação Governo-empresas assumirá várias formas, cada uma conferindo especiais privilegios a algumas empresas, isolando-as da competição do mercado livre.

Empresas, lobbies de industias e a corrupção de funcionarios garantem leis que atribuem privilegios à custa dos consumidores e que são vendidos às populações como regras anti-monopólio.

Foi o fim da era do mercado livre. Neste sistema de intervenção governamental as industrias ja não são controlados pelo consumidor. As empresas têm privilegios, mercados cativos e preços administrativos que lhes garantem os lucros , à margem da vontade do consumidor.

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But in a System of Government Intervention, Industries Are No Longer Accountable to the Needs of the People

Cooke was arguing for a government-enforced banking cartel, similar to the railroad industry's. The new "collective spirit" of the American economy naturally leads to centralizing money and credit to argue for bank cartelization:

“American banks, however, remain independent, almost isolated units. The effect of isolation has been heightened by the lack of power in any of the 2,300 units to issue a credit note. It is unnecessary to rehearse the arguments showing that our bank note currency is absolutely inelastic.… There is not one country bank, however small, that has assurance that any correspondent, however large, is powerful enough to save it if it needs saving in a general panic.”

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The banks were not "isolated" and independent

There was plenty of government intervention in the banking system already. The banks were not "isolated" and independent, as the advocates of the Federal Reserve Act suggested.

Because of a general dissatisfaction with the NBS, banking-reform movements began to emerge in the 1890s. Most historical accounts tend to concentrate on the political movements for reform, like the proinflation free-silver position of Bryanite populism and the arguments for the "correct" gold/silver ratio. The future, though, did not lie with these political movements. The reform to follow was more far-reaching and more fundamental.

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FED copia Bundesbank

The central-banking movement began to grow a year before the Panic of 1907 in New York. Jacob H. Schiff, an investment banker, persuaded the New York Chamber of Commerce to advocate banking reform.

A committee was established, led by the most powerful investment and commercial bankers in New York, which concluded that the solution lay in establishing a central bank "similar to the Bank of Germany." The chairman of the board of Chase National Bank (now Chase Manhattan), A. Barton Hepburn, came next with his plan. He did not openly advocate a central bank; he urged creating regional clearinghouses that would issue bond-secured currency in varying amounts. These would be guaranteed by a common fund built up by taxes on the notes.

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O Pânico de 1907

The Panic of 1907 brought about a sudden loss of confidence in the banking system, and the bankers seized the moment. Not everyone, however, wanted further centralization. The New York Times, standing alone, concluded that government intervention in the economy at all levels was responsible for the loss of confidence. Their opposition to a central bank was snuffed out. They were, of course, speaking against the desires of the establishment of powerful businessmen and bankers.

The Times polled Congress and found that they were either thoroughly confused, had a limited understanding over monetary affairs, or that their proposals were too vague to characterize. The Times did find, though, there was a consensus that any changes should be in the direction of an "intimate connection between the currency and legitimate trade. "They wanted "elasticity," the ability to inflate on demand. Into this vacuum stepped influential bankers.

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Congresso de 1908

In 1908 Congress passed a bill similar to Hepburn's plan called the Aldrich-Vreeland Act. (Senator Nelson Aldrich [R-RI] was the son-in-law of John D. Rockefeller.) It was established as a temporary measure to provide liquidity during emergencies. It wasn't used until after the Federal Reserve was established six years later, so the measure was relatively insignificant. But it did contain a clause that would prove to be highly significant. It called for a National Monetary Commission to study the National Banking System and make recommendations for future monetary reform.

The National Monetary Commission (NMC) was comprised of nine senators and nine representatives. Heading up the commission, holding the seat as chairman, was Nelson Aldrich, Rockefeller's "man" in the Senate. As with most congressional commissions, much of the work was done by intellectuals and powerful figures from outside Congress who came in to help with research and writing. Among these were Henry P. Davison, a J.P. Morgan partner, and George M. Reynolds, president of the American Bankers Association.

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Proposta de Reforma

The bankers themselves were not unified on the precise nature of the reform they wanted. And by 1909, as an issue, banking-reform discussion was limited to a small segment of the banking community. The bankers searched the whole year for a unified plan which they could support, and by the end of that year, they emerged unified. Their communications were generally aired through the Banking Law journal.

Several ingredients tied all reform plans together: central banking, the ability to inflate, and regional banking centers of the type endorsed by the American Banking Association. Also important among the bankers was avoiding the appearance of a banking system controlled by Wall Street. This was a strategic move designed to avoid the strong anti–Wall Street sentiment in America at that time. During 1910 the issue would have been dormant were it not for the influence of Paul M. Warburg, who played a primary role in establishing the Fed. He emigrated from Germany and became a member of the distinguished banking house of Kuhn, Loeb and Co. Long an advocate of central banking, his behind-the-scenes work propelled the NMC toward the direction of the German banking experience.

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Inflating the Money Supply Benefits the Banker Who Is in Charge of Distributing Credit

Would an emergency currency help solve the problem? As Warburg says in his 1907 pamphlet "A Plan for a Modified Central Bank," it would not because during a crisis "the run of the depositors would have been carried into the ranks of the note holders, to the disaster of the entire money system." The answer, he says, lies in patterning the American banking system after the European model, in which money as credit is centralized and circulating notes are issued against sound commercial paper. These notes would meet the additional demand during seasonal changes, and the amount would naturally contract as the obligations are paid off.

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As Warburg explained,

“Most of the paper taken by the American banks still consists of simple promissory notes, which rest only on the credit of the merchant who makes the notes, and which are kept until maturity by the bank or corporation that discounts them. If discounted at all they are generally passed on without endorsement, and the possibility of selling any note depends on the chance of finding another bank which may be willing to give the credit. The consequence is that while in Europe the liquid assets of the banks consist chiefly of bills receivable, long and short, which thus constitute their quickest assets, the American bank capital invested in commercial notes is virtually immobilized.”

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Proposta Warburg

The proposal was then for a modified central bank, with shares to be owned half by the US government and half by the national banks, and a capital base of $50–100 million ($1 billion in real terms). The bank would be a depository for the Treasury and also be a bank's bank. It would be able to issue notes of legal-tender status. These notes would circulate the process of banks' exchanging them for commercial paper endorsed by a member bank — limiting the number that could circulate at any given time. The commercial paper itself could also serve as money, if doubly and triply secured by the endorsement of the bank. It would do so by the individual bank itself issuing a note verifying the holding of such commercial paper. This eventually became the foundation of the Federal Reserve System.

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Inflação conjunta

The bankers, by now more properly called Banksters, wanted the ability to inflate together uniformly. Why inflate? In the same way counterfeiting benefits the counterfeiter, so inflating the money supply benefits the banker who is in charge of distributing credit.

Warburg as much as admitted that was their goal:

“We need some centralized power to protect us against others and to protect us from ourselves-some power able to provide for the legitimate needs of the country and able at the same time to apply the brakes when the car is moving too fast.”

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Sistema de minimização das crises

Under his system, he assures us, banking crises would be minimized, if noticed at all.

Whatever causes may have precipitated the … crisis [Panic of 1907], it is certain that they never could have brought about the outrageous conditions, which fill us with horror and shame, if we had had a modern bank and currency system.

Further, he argued, America was way behind, and to keep up with "modern" banking methods, the National Banking System put America "at the same point that had been reached by Europe at the time of the Medicis, and by Asia, in all likelihood, at the time of Hammurabi."

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Proposta de reforma monetária em 1910

During the year 1910, the NMC was releasing its proposals for monetary reform. Their plan bore remarkable resemblance to Warburg's. It called for substantial backing of notes with commercial paper rather than public or private bonds, and banks would obtain money through sale or rediscount of "notes and bills of exchange drawn for agricultural, industrial, or commercial purposes, and not including notes or bills issued or drawn for the purpose of carrying stocks, bonds, or other investment purposes."

The new bank, the National Reserve Association, was to issue notes secured by one-half gold, and a technical provision would allow banks to back currency with US government bonds at par value to the extent of half their value. This little-noticed provision would later become the basis of open market operations in the Federal Reserve System.

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The only disagreement that occurred between the conferees at Jekyll Island was over the Issue of Partial or Total Centralization

The commission offered a 17-point criticism — with alternatives — of the then-current banking system. They complained, for example, that the current system "has no provision for the concentration of cash reserves of the banks and for their mobilization and use wherever needed in time of trouble." What they tried to make appear as a shortcoming was actually a blessing, as we now know.

Rockefeller and Warburg played a greater role in the drafting of the commission's actual bill than providing passive intellectual influence. Just before the release of NMC's final legislative recommendations, someone associated with Aldrich (no one knows who) proposed getting all leading big bankers and advocates of banking reform together for a secret meeting and drafting a bill. The supersecret meeting was to be held at the Jekyll Island Club in Georgia. The press reported only that they were going there for a duck-hunting expedition. The members all assumed names and traveled on a private railroad. During that week at the luxury resort, the bill that the commission would release (what would later become the Federal Reserve Act) was drafted.

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Aldrich Plan

The result of this meeting was the commission's bill, the Aldrich Plan, the basis of the Federal Reserve Act. The only disagreement that occurred between the conferees at Jekyll Island was over the issue of partial or total centralization. All wanted total centralization, but some were more politically astute than others and knew that Congress would never approve of a totally banker-controlled central bank.

Senator Aldrich, who strangely did not understand why centralization could not be presented outright, was overridden by the more politically astute Warburg, who endorsed the Morawetz version of regional banking centers under the cover of decentralization. The board of directors in the original Aldrich plan was to be chosen solely by bankers, but that was later changed in the spirit of decentralization to make half of them appointed by the president of the United States.

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1912 – stigma of the bill's being the product of Wall Street

The bill was delayed for one year and finally presented before the Congress in January 1912 so that support for the bill could be consolidated. This was done by means of a conference in Atlantic City during February 1911 where 22 top bankers met to discuss the Aldrich Plan. It was warmly endorsed with the resolution written by Paul Warburg. As Gabriel Kolko says, "Indeed, the plan was endorsed at the outset. The real purpose of the conference was to discuss winning the banking community over to government control directed by the bankers for their own ends."

There was still the stigma of the bill's being the product of Wall Street, Rockefeller interests, and Senator Aldrich. To solve the problem, Warburg and other New York bankers created the National Citizens' League for the Promotion of a Sound Banking System. This would be a "grassroots" lobbying group headed up by economist J. Laurence Laughlin of the University of Chicago. Its purpose was "to carry on an active campaign for monetary reform on the general principles of the Aldrich Plan without endorsing every detail." This, of course, wasn't a "grassroots" movement. It was a get-rich-quick scheme promoted by the top-brass bankers in the country.

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Neutralização das criticas eventuais

So the plan should be adopted because it would "complete and perfect our present national banking system." It is, therefore, clear that the articles contained all the information thought most important by the League, Rockefeller, and Warburg.

Strange, isn't it, that an academic journal wouldn't concentrate primarily on debating the economic virtues and vices of the Fed, but would concentrate on selling it to the public?

In the same issue, Harvard economist O.M.W. Sprague, closely aligned with the commission, called the plan an "equitable means of banking reform" that reflects "the skillful handiwork of its experienced author." Every specific objection or fear which has been expressed … has been successfully met." The rest of the article was spent arguing for the placement of some regional banks in the West to insure that Wall Street would not control the new institution, once again reflecting what Warburg and Aldrich saw as the main obstacle to bank cartelization: the public's fear of Wall Street.

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1913 – The Fed Billl aproved

In June of 1912, Willis drew up a bill for Glass and reported to Laughlin in a letter, "After a good deal of talk with Mr. Glass, I drew up a bill along the lines of which you and I spoke, and turned it into him." The Pujo committee swung into high gear with its investigation into alleged abuse of power emanating from Wall Street. The result, though inconclusive, was to stir the public into a frenzy over Wall Street.

Through some remarkable "spin control," the new Glass legislation (the Fed bill) was promoted as an anti–Wall Street bill, building on a foundation established earlier with the Aldrich Bill. The Pujo Committee never won the legislative control from the Glass Committee, which still left Glass (i.e., Willis, Laughlin, and ultimately Warburg) in charge of the bill.

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Who authored the bill? No one knows.

A final bill setting up the Federal Reserve was passed in December 1913 by a large majority in the House (the Aldrich Plan and the Glass bill were virtually identical). As Kolko says,

“The entire banking-reform movement, at all crucial stages, was centralized in the hands of a few men who for years were linked, ideologically and personally, with one another … the major function, inspiration, and direction of the measure was to serve the banking community in general, and large bankers specifically.”

Who authored the bill? No one knows. The controversy sprang up immediately but was never resolved.

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As políticas inflacionárias da FED

H. Parker Willis later denounced the institution of the Federal Reserve and its inflationary policies and became extremely critical just prior to the Great Depression. Laughlin also attacked the Fed during his later years, although like Willis, not to the extent of repudiating his own role in its establishment.

There is one reason why we have a Federal Reserve System today, and it has nothing to do with what the Fed's publications say. The Federal Reserve exists to give a special privilege to the banking industry. And they have profited greatly from it. But at what expense? The banksters have diluted the value of the 1914 dollar to about eight cents. And its value is still shrinking.

As the Federal Reserve expands the money supply, it reduces the value of all existing dollars. The process happens, though, unevenly because not all prices rise at the same time. The first party to get the new money can spend it at its old purchasing power. Only after filtering through the economy does the money bid up prices for goods.

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The Federal Reserve Exists to Give a Special Privilege to the Banking Industry

But who gets the new money first? Who experiences the boon from the credit injection? The bankers and insiders, of course. They wouldn't have it any other way.

As Ludwig von Mises has shown, the Federal Reserve is responsible for the business cycle as we know it today. With credit injections, the Fed lowers interest rates causing businessmen to invest in new capital equipment. They produce goods that consumers can't afford, and they eventually find that their plans don't pan out. This process spreads throughout the entire economy and creates ever-growing waves of booms and busts. A gold standard economy wouldn't have such a problem. There is no economic, constitutional, or moral justification for giving special privilege to big bankers over the rest of business or industry. They should be subject to competition in the free market, and the legal constraints against fraud, like everyone else.

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Intervencionismo e Keynesianismo

No período seguinte à depressão global dos anos 1930, o Estado desempenhou um papel de destaque no sistema capitalista em grande parte do mundo.

Após a Segunda Guerra Mundial, um vasto conjunto de novos instrumentos de análise nas ciências sociais foram desenvolvidos para explicar as tendências sociais e econômicas do período, incluindo os conceitos de sociedade pós-industrial e do Estado de bem-estar social. Esta época foi muito influenciada por políticas de estabilização econômica keynesianas. O boom do pós-guerra terminou no final dos anos 1960 e início dos anos 1970, e a situação foi agravada pelo aumento da estagflação.

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Dolarização das reservas

Os economistas americanos a partir de Bretton Hoods vão convencer os governos a substituir o ouro por dolares na economia das suas reservas…

A FED passou a controlar 70% das reservas do paleneta

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Euro

União Economica e Monetária

A 1 de janeiro de 2012 celebrou-se os dez anos da introdução das notas e moedas de euro. Eis alguns factos sobre as notas e as moedas da divisa utilizada em Portugal ao longo da última década.

Ao todo, quantos euros há em circulação em 'dinheiro vivo’?Segundo o Banco Central Europeu (BCE), no final de novembro deste ano havia 868 mil milhões de euros em notas de euro em circulação. De acordo com os mesmos dados, a nota mais numerosa é a de 50 euros – havia 5.780 milhões destas notas em circulação em Novembro de 2011.

E as moedas? No final de Novembro, as moedas em circulação representavam um valor de 23 mil milhões de euros. A mais numerosa é também a de denominação mais pequena – havia 24 mil milhões de moedas de um cêntimo a circular.

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Euro

Porque é que não se pode dizer que o euro foi fundado há dez anos?

Porque o que ocorreu em 2002 foi apenas a entrada em circulação de notas e moedas. Desde 01 de Janeiro de 1999 que, em termos de política monetária, as moedas nacionais como o escudo deixaram de ter existência independente.

Quantos países usam o euro?

O euro é a moeda oficial de 17 países – Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, França, Eslovénia, Eslováquia, Espanha, Estónia Finlândia, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Malta e Portugal.

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União Europeia

Tratado de Roma (tratado constitutivo da Comunidade Económica Europeia) foi modificado, sucessivamente, pelos seguintes documentos:

Acto Único Europeu, assinado no Luxemburgo, efectivo a 1 de Julho de 1986.

Tratado de Maastricht, efectivo a 1 de Novembro de 1992. Este tratado institui União Europeia.

Tratado de Amsterdão, efectivo a 1 de Maio de 1997, modificando o tratado sobre a União Europeia, os tratados instituindo as Comunidades Europeias e certos actos ligados a estes.

Tratado de Nice, efectivo a 1 de Fevereiro de 2000.

Tratado de Roma (2004), igualmente chamado de Tratado estabelecendo uma Constituição para a Europa, assinado a 29 de Outubro de 2004 pelos chefes de Estado membros da União Europeia. A entrada em vigor deste tratado ainda não é certa, consequência da rejeição do tratado por referendo em França e na Holanda em 2005.

Tratado de Lisboa (2007), a ser assinado dia 13 de Dezembro de 2007, na cidade de Lisboa.

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Pacto de Estabilidade e Crescimento

Protocolo Anexo ao Tratado que institui a União Europeia (1992) que define os limites dos défice orçamental (em 3%) e da divida publica (60% do PIB) para os Estados-membros da UE (publicado em 2 de Agosto de 1997).

Revisto no Conselho Europeu de 9 de Dezembro de 2011 – Compacto fiscal na sequencia da crise das dividas soberanas e o Euro, reduzindo o objectivo do equilibrio orçamental para um limite de défice Orçamental de 05% e criando o Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira, para socorrer paúses com problemas de estabilidade orçamental ou crise de pagamentos.

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O Euro como moeda de reserva

"O euro é um activo de reserva importante, o segundo mais importante a seguir ao dólar. Esse papel não deverá alterar-se nos próximos anos a menos que a zona euro se desmembre. O peso do euro corresponde "basicamente à soma das suas partes", nomeadamente o marco alemão e o franco francês.

A COFER - base de dados sobre divisas do Fundo Monetário Internacional (FMI) - é a mais completa fonte de informação sobre as reservas dos bancos centrais mundiais. Os seus dados estão divididos em reservas de composição conhecida (‘allocated') ou desconhecida (‘unallocated').

Segundo a COFER, as reservas totais mundiais correspondiam, em 2010, a 9,3 biliões de dólares. Deste valor, 5,1 biliões eram reservas de composição conhecida.

Entre as reservas de composição conhecida, 61,8% estavam denominadas em dólares e 25,9% em euros (as outras divisas mundiais têm todas percentagens pequenas do total, sendo a maior a da libra esterlina, com 3,9%).

Em 2001, o dólar representava 71,5% das reservas mundiais conhecidas, o euro 19,2%

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Colapso do Estado Social de Providência

Fim do Padrão Ouro (1971)

Choques petrolíferos (1973 e 1978)

A utilização do Crawling Peg (que em português pode ser traduzido por "câmbio deslizante") consiste num regime cambial em que as autoridades económicas permitem que a taxa de câmbio "deslize" para baixo ou para cima numa determinada percentagem diária ou semanal. Este sistema é geralmente adoptado em países onde exista um desfasamento sistemático entre a sua taxa de inflação e a taxa de inflação dos seus principais parceiros comerciais. Se, por exemplo, a taxa de inflação de determinado país for sistematicamente superior à taxa de inflação dos seus principais parceiros comerciais, tal originará uma perda de competitividade dos seus produtos face aos produtos estrangeiros. Nesta situação, uma política de Crawling Peg que permitisse uma desvalorização contínua da moeda poderia anular os efeitos da inflação sobre a competitividade externa dos seus produtos e serviços. O Crawling Peg foi muito utilizado em Portugal nas duas décadas que se seguiram ao 25 de Abril de 1974 no sentido de conseguir manter a competitividade das empresas portuguesas nos mercados internacionais.

Hiperinflação

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Neoliberalismo (Hayek e Friedman)

A inflação excepcionalmente elevada combinada com um lento crescimento da produção, aumento do desemprego, recessão e, eventualmente, causaram uma perda de credibilidade no modo de regulação keynesiano de bem-estar estatal. Sob a influência de Friedrich Hayek e Milton Friedman, os países ocidentais adotaram as normas da política inspiradas pelo capitalismo laissez-faire e do liberalismo clássico.

O monetarismo em particular, uma alternativa teórica ao keynesianismo, que é mais compatível com o laissez-faire, ganha cada vez mais destaque no mundo capitalista, especialmente sob a liderança de Ronald Reagan nos os Estados Unidos e Margaret Thatcher no Reino Unido em 1980. O interesse público e político começaram a se afastar das preocupações coletivistas de Keynes de que capitalismo fosse gerenciado a um foco sobre a escolha individual, chamado de "capitalismo remarquetizado”. Na opinião de muitos comentaristas econômicos e políticos, o colapso da União Soviética trouxe mais uma prova da superioridade do capitalismo de mercado sobre o comunismo.

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Pensamento Schumpeteriano

Revolução criativa

Inovação

Papel do Empreendedor

Ciclos tecnologicos

Destino socialista a pedido dos ricos…

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Teoria Capitalista

Friedrich Hayek, ao descrever o capitalismo, aponta para o caráter auto-organizador das economias que não têm planeamento centralizado pelo governo. Muitos, como por exemplo Adam Smith, apontam para o que se acredita ser o valor dos indivíduos que buscam seus interesses próprios, que se opõe ao trabalho altruístico de servir o "bem comum". Karl Polanyi, figura importante no campo da antropologia económica, defendeu que Smith, em sua época, estava descrevendo um período de organização da produção conjuntamente com o do comércio. Para Polanyi, o capitalismo é diferente do antigo mercantilismo por causa da utilização da terra, da mão-de-obra e da moeda e chegou à sua forma madura como resultado dos problemas que surgiram quando sistemas de produção industrial necessitaram de investimentos a longo prazo e envolveram riscos correspondentes em um âmbito de comércio internacional. Falando em termos históricos, a necessidade mais opressora desse novo sistema era o fornecimento assegurado de elementos à indústria - terra, maquinários e mão-de-obra - e essas necessidades é que culminaram com a mencionada utilização, não por um processo de atividade auto-organizadora, mas como resultado de uma intervenção do Estado.

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Modo de produção

Modo de Produção na economia socialista, é a forma de não organização socioeconómica associada a uma determinada etapa de desenvolvimento das forças produtivas e das relações de produção. Reúne as características do trabalho preconizado, seja ele artesanal, manufaturado ou industrial. São constituídos pelo objeto sobre o qual se trabalha e por todos os meios de trabalho necessários à produção (instrumentos ou ferramentas, máquinas, oficinas, fábricas, etc.)

Existem 6 modos de produção: Primitivo, Asiático, Escravista, Feudal, Capitalista, Comunista.

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Teoria Marxista

Segundo Hunt, um sistema económico é definido pelo modo de produção no qual se baseia. O modo de produção atual é aquele que se baseia na economia do país.

Porém, segundo economistas não marxistas (não socialistas), só existiram dois modos de produção ao longo da civilização humana: o artesanal e o industrial.

Desde a antiguidade até a Revolução Industrial (Século XVIII), o trabalho sempre foi feito de forma artesanal, manual, por escravos, trabalhadores servis, ou trabalhadores livres, o modo de produção nunca mudou, o trabalho sempre foi braçal e as poucas ferramentas usadas sempre foram as mesmas.

Apenas a partir da Revolução Industrial, com o surgimento das máquinas, e com elas o surgimento da divisão do trabalho nas fábricas, é que o modo de produção mudou.

Um bom exemplo para mostrar os dois modos de produção, artesanal e industrial, é a fabricação de sapatos, por milênios o sapato foi feito manualmente, um a um, por um sapateiro ou pela própria pessoa que ia usar (modo de produção artesanal), depois da Revolução Industrial os sapatos passaram a ser feitos por máquinas nas fábricas, milhares de sapatos feitos em série pela divisão do trabalho (modo de produção industrial).

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Críticas ao Capitalismo

Anticapitalismo

Notáveis críticos do capitalismo têm incluído: socialistas, anarquistas, comunistas, tecnocratas, alguns tipos de conservadores e alguns tipos de nacionalistas. Os marxistas defendiam uma queda revolucionária do capitalismo que levaria ao socialismo, até a sua transformação para o comunismo. O marxismo influenciou partidos social-democratas e trabalhistas, bem como alguns socialistas democráticos moderados. Muitos aspectos do capitalismo estiveram sob ataque do movimento anti-globalização, que é essencialmente contrário ao capitalismo corporativo.

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Capitalismo de gestor e crise do Estado social de mercado

Transformação do “capitalismo de empresário” no “capitalismo de gestor”, com o primeiro ciclo das privatizações e as aplicações dos recursos ds fundos de penções

o desenvolvimento do “capitalismo popular” (Hayek e o neo-monetarismo) dos anos 80 com as privatizações pagar com os recursos dos Fundos de Penções

Queda do Muro de Berlim – segundo ciclo de privatizações – O Estado Mafioso do anos 90

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Socialismo

Socialismo refere-se a qualquer uma das várias teorias de organização económica que advogam a propriedade pública ou coletiva e administração dos meios de produção e distribuição de bens e de uma sociedade caracterizada pela igualdade de oportunidades/meios para todos os indivíduos com um método mais igualitário de compensação.

O socialismo moderno surgiu no final do século XVIII tendo origem na classe intelectual e nos movimentos políticos da classe trabalhadora que criticavam os efeitos da industrialização e da sociedade sobre a propriedade privada. Karl Marx afirmava que o socialismo seria alcançado através da luta de classes e de uma revolução do proletariado, tornando-se a fase de transição do capitalismo para o comunismo.

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Socialismo

Friedrich Engels, um dos fundadores da teoria socialista moderna, e o socialista utópico Henri di Saint Simon defendem a criação de uma sociedade que permite a aplicação generalizada das tecnologias modernas de racionalização da atividade económica, eliminando a anarquia na produção do capitalismo. Isto irá permitir que a riqueza e o poder sejam distribuídos com base na quantidade de trabalho despendido na produção, embora não haja discordância entre os socialistas sobre como e em que medida isso poderia ser conseguido.

O socialismo não é uma filosofia concreta da doutrina fixa e programa; seus ramos defendem um certo grau de intervencionismo social e racionalização económica (geralmente sob a forma de planejamento econômico), às vezes opostos entre si. Uma característica de divisão do movimento socialista é a divisão entre reformistas e revolucionários sobre como uma economia socialista deveria ser estabelecida. Alguns socialistas defendem a nacionalização completa dos meios de produção, distribuição e troca, outros defendem o controle estatal do capital no âmbito de uma economia de mercado.

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História do Socialismo

O socialismo moderno se originou no século XVIII em movimentos políticos intelectuais e da classe trabalhadora, criticando os efeitos da industrialização e da propriedade privada na sociedade. Os socialistas utópicos, incluindo Robert Owen (1771-1858), tentaram encontrar formas de criar comunas auto-sustentáveis por secessão de uma sociedade capitalista. Henri de Saint Simon (1760-1825), o primeiro a utilizar o termo socialismo, foi o pensador original que defendia a tecnocracia e o planejamento industrial. Os primeiros socialistas previram um mundo melhor, através da mobilização de tecnologia e combinando-a com uma melhor organização social. Os primeiros pensadores socialistas tendem a favorecer uma autêntica meritocracia combinada com planejamento social racional, enquanto muitos socialistas modernos têm uma abordagem mais igualitária.

Vladimir Lenin, com base em ideias de Karl Marx, de "baixa" e "alta" fases do socialismo, definiu o "socialismo" como uma fase de transição entre o capitalismo e o comunismo.

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Socialismo Utópico

A reação operária aos efeitos da Revolução Industrial fez surgir críticos ao progresso industrial que propunham reformulações sociais e a construção de uma sociedade mais justa.[10] Os primeiros socialistas, ao formularem profundas críticas ao progresso industrial, ainda estavam impregnados de valores liberais. Atacavam os grandes proprietários, mas tinham, em geral, muita estima pelos pequenos, acreditando ser possível haver um acordo entre as classes sociais.[10] Elaboraram soluções que não chegaram, porém, a constituir uma doutrina, e sim modelos idealizados, sendo por isso chamados de utópicos.

Um dos principais teóricos dessa fase inicial do socialismo era o conde francês Claude de Saint-Simon, que havia aderido à revolução de 1789. Um racionalista, como a maioria de seus contemporâneos, propôs em Cartas de um habitante de Genebra (1802), a formação de uma sociedade em que não haveria ociosos (como ele considerava os militares, os religiosos, os nobres e os magistrados) nem a exploração econômica de grupos de indivíduos por outros.[10] Propôs, ainda, a divisão da sociedade em três classes: os sábios, os proprietários e os que não tinham posses.[10] O governo seria exercido por um conselho formado por sábios e artistas.

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Socialista Utópico

Outro teórico da fase inicial do socialismo foi o francês Charles Fourier, que, ao lado de Pierre Leroux, teria sido um dos primeiros a utilizar a palavra "socialismo”.. Filho de comerciantes, era herdeiro da ideia de Jean-Jacques Rousseau de que o homem é naturalmente bom, mas a sociedade e as instituições o pervertem.[10] Acreditava ser possível reorganizar a sociedade a partir da criação de falanstérios, fazendas coletivas agroindustriais. Nunca conseguiu o apoio de empresários para levar o projeto adiante, apesar de alegar que os falanstérios superariam a desarmonia capitalista, surgida da divisão do trabalho e do papel anárquico exercido pelo comércio na sociedade.Após sua morte, alguns falanstérios surgiram no continente americano, como os de Réunion e da Falange Norteamericana nos Estados Unidos e o do Saí no Brasil.

A expressão "socialismo" foi consagrada por Robert Owen na anglosfera a partir de 1834. Jovem administrador de uma fábrica de algodão em Manchester, observou de perto as condições desumanas de trabalho e se revoltou com as perspectivas do desenvolvimento industrial.[10] Defendendo a impossibilidade de se formar um ser humano superior no interior de um sistema egoísta e explorador como o capitalismo, buscou a criação de uma comunidade ideal, de igualdade absoluta. Na Escócia, onde assumiu o controle de algumas fábricas de algodão em New Lanark por 25 anos, Owen chegou a aplicar suas ideias, implantando uma comunidade alto padrão, na qual as pessoas trabalhavam dez horas por dia e tinha acesso a instrução de alto nível. O sucesso da cooperativa e suas críticas à propriedade privada e à religião, no entanto, levaram Owen a abandonar a Grã-Bretanha e se refugiar nos Estados Unidos, onde fundou a comunidade de New Harmony no estado da Indiana. Após presenciar, em seu retorno ao Reino Unido, a falência de suas cooperativas, dedicou-se, no fim da vida, à organização de sindicatos.

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Socialismo Científico

Paralelamente às propostas do socialismo utópico, surgiu o socialismo científico, cujos teóricos propunham compreender a realidade e transformá-la mediante a análise dos mecanismos econômicos e sociais do capitalismo, constituindo, assim, uma proposta revolucionária do proletariado.[10] Daí se origina o termo "científico", uma vez que seus teóricos se baseavam numa análise histórica e filosófica da sociedade, e não apenas nos ideais de justiça social.

O maior teórico dessa corrente foi o filósofo e economista alemão Karl Marx, que contou com a contribuição do compatriota Friedrich Engels em muitas de suas obras.No Manifesto Comunista (1848), Marx e Engels esboçaram as proposições do socialismo científico, que seriam definidas de forma completa em O Capital, obra mais conhecida de Marx, que causaria uma verdadeira revolução na economia e nas ciências sociais. Entre os princípios expostos na obra, destacam-se uma interpretação sócio-econômica da história, conhecida como materialismo histórico, os conceitos de luta de classes, de mais-valia e de revolução socialista.

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Socialismo Científico

Segundo o materialismo histórico, toda sociedade é determinada, em última instância, por suas condições sócio-económicas, chamada de "infraestrutura”.Adaptadas a ela, as instituições, a política, a ideologia e a cultura como um todo compõem o que Marx chamou de "superestrutura”. Um exemplo claro da relação entre essas estruturas é a Revolução Francesa: naquele momento, era necessário transformar a ultrapassada ordem político-jurídica do Antigo Regime (a "superestrutura") para manter a "infraestrutura" vigente.

A luta de classes, na análise marxista, é o agente capaz de transformar a sociedade.O antagonismo entre dominadores e dominados induz às lutas e às transformações sociais. Em termos sociais, se trata do motor da história humana, só terminando com o aparecimento da sociedade comunista perfeita, onde desapareceria a exploração de classes e as injustiças sociais.Já o conceito de mais-valia corresponde ao valor não-remunerado do trabalho do operário, que é apropriado pelos capitalistas.

Contra a ordem estabelecida pela sociedade burguesa, Marx considerava inevitável a ação política do operariado organizado, a revolução socialista, que iria inaugurar a construção de uma nova sociedade.Num primeiro momento, o controle do Estado ficaria na mão da ditadura do proletariado, quando ocorreria a socialização dos meios de produção através da eliminação da propriedade privadaNuma etapa posterior, a meta seria o comunismo perfeito, onde todas as desigualdades sociais e econômicas, além do próprio Estado, acabariam

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Anarquismo

Outra corrente socialista surgida no século XIX foi o anarquismo.Pregava a supressão de toda e qualquer forma de governo, defendendo a liberdade de forma geral. O principal percursor desta doutrina é Pierre-Joseph Proudhon, que se vale dos pressupostos do socialismo utópico (sendo considerado um socialista utópico por alguns historiadores) para criticar os abusos do capitalismo em sua obra O que é a propriedade? (1840). Respeita a pequena propriedade e propõe a criação de cooperativas e de bancos que concedessem empréstimos a juros zero aos empreendimentos produtivos, além de crédito gratuito aos trabalhadores. Proudhon foi o primeiro anarquista auto-proclamado, apesar de ser considerado um socialista utópico pelos marxistas, rótulo que jamais aceitou.

Ao propor a criação de uma sociedade sem classes, sem exploração, sem Estado, formada por homens livres e iguais, Proudhon inaugurou o anarquismo.Ele propunha a destruição dos Estados nacionais e sua substituição pelas "repúblicas de pequenos proprietários".[10] Suas propostas inspiraram, principalmente, o teórico russo Mikhail Bakunin, que se tornou líder do chamado "anarquismo terrorista”.Defendia que a violência era a única forma de se alcançar uma sociedade livre de Estados e de desigualdades, um mundo de felicidades e liberdades para os operários.

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Anarco-capitalismo

O Anarcocapitalismo, por vezes designado por libertarismo anarquista, ou anarquismo de propriedade privada ou ainda anarquismo de livre mercado, é uma versão radical do liberalismo clássico e anarquismo individualista.Tem como postulado que as formas de governo, principalmente as concepções estatais, são prejudiciais e desnecessárias, especialmente instituições estatais relacionadas a funções jurídicas e de segurança.

Em assuntos económicos, o anarcocapitalismo defende o capitalismo como a forma de organização mais eficiente e rejeita qualquer tipo de controle governamental, impostos ou regulamentos. Considera que a segurança e a justiça são serviços como quaisquer outros, e que um mercado competitivo pode fornecer esses serviços muito melhor do que um governo monopolista.

Os defensores do anarcocapitalismo concebem a sua filosofia política enquanto parte da tradição anarquista, no entanto, diferente de outras vertentes anarquistas (socialistas), e na perspectiva de muitas destas, os anarcocapitalistas negam as possíveis formas de dominação existentes no capitalismo e no chamado "Livre Mercado".

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Murray Rothbard

Rothbard começou a considerar-se um anarquista da propriedade privada na década de 1950 e mais tarde começou a usar o termo "anarco-capitalista." Escreveu:

“O capitalismo é a maior expressão do anarquismo, e anarquismo é a maior expressão do capitalismo. ” (Murray Rothbard)

No modelo anarco-capitalista de Murray Rothbard, agências de proteção concorrem no livre mercado e voluntariamente são apoiadas pelos consumidores que optam por utilizar seus serviços de protecção e judiciário. Anarco-capitalismo significaria o fim do monopólio estatal em vigor.

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Socialismo Cristão

Durante a Revolução Industrial, uma série de teóricos cristãos, como Robert Lamennais, Adolph Wagner e J.D. Maurice, entre outros, lançaram apelos às classes dominantes para que aliviassem os sofrimentos das classes trabalhadoras.[13] Nasceu, dessa forma, o socialismo cristão, uma tentativa de aplicar os ensinamentos de amor e de respeito ao próximo aos problemas sociais gerados pela industrialização.[13] A grande mobilização operárias levou a cúpula da Igreja Católica a definir oficialmente seu papel nos novos problemas sociais.

Em 1891, o papa Leão XIII lançou a encíclica Rerum Novarum, em que expunha o pensamento social do catolicismo. Nela, reavivava o papel da Igreja como instrumento de reforma e justiça social. Reconhecia o direito à propriedade privada e rejeitava o socialismo científico de Marx,[10] mas condenava a ganância capitalista e a exploração desumana da força de trabalho.] O papa propunha que os empregadores reconhecessem os direitos fundamentais dos proletários, como a limitação da jornada de trabalho, o descanso aos fins de semana, o estabelecimento de salários dignos, as férias remuneradas, entre outros. A encíclica recomendava também a intervenção do Estado no mercado privado a fim de melhorar as condições de vida dos trabalhadores nos setores da habitação e da saúde.

Após a publicação dessa encíclica, a Igreja não mais se desligou da questão social e de suas concepções políticas, caráter reforçado sobretudo após o concílio Vaticano II (1962-1965).

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Socialismo Real

O socialismo posto em prática é chamado de socialismo real.Para o historiador Gilberto Cotrim, se trata de um "socialismo autoritário", devido ao terror político implementado pelos diversos regimes socialistas que existiram no mundo.

A trajetória do socialismo real começa com a vitória dos bolcheviques na Revolução Russa, o que transformou o país, renomeado de União Soviética, no primeiro estado socialista da história. A partir de 1921, o Partido Comunista instaurou a ditadura no país. A oposição política, dentro e fora do partido, foi proibida, e todos os sindicatos foram unificados e submetidos ao comando do governo federal. Com Josef Stalin, o Partido Comunista passou a reinar de forma absoluta sobre a sociedade. As ordens do Partido eram inquestionáveis e todos deveriam se submeter a elas. A repressão se aprofundou após a derrota de Leon Trótski na disputa pelo controle da União Soviética depois da morte de Vladimir Lenin. Stalin perseguiu violentamente todos que se opusessem a seu regime. Milhares de cidadãos foram presos, torturados e mortos pela repressão. Mais de cinco milhões de pessoas foram presas e estima-se que cerca de 700 mil tenham morrido durante o Grande Expurgo stalinista. De acordo com o historiador britânico Robert Conquest, este número pode ser de duas a três vezes maior. Assim sendo, a União Soviética perdeu figuras ilustres, executadas como traidores da pátria em eventos que ficariam conhecidos como "julgamentos-espectáculos”. Além dos mortos no Grande Expurgo, cerca de 1,8 milhão morreram em gulags. O regime stalinista foi uma das ditaduras mais sangrentas do século XX.

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Críticos do Socialismo

Entre os principais críticos do socialismo encontram-se John Stuart Mill, Alexis de Tocqueville, Karl Popper, Eugen von Boehm-Bawerk, Ludwig von Mises, Friedrich Hayek e Joseph Schumpeter.

Popper dizia que o historicismo marxista não poderia ser considerado uma teoria científica, pois não é falsificável pela experiência humana, considerando este historicismo como inimigo da sociedade aberta, por ser ontologicamente impossível de negá-lo.

Mises, em seu livro "Socialismo" defende a impossibilidade de um governo socialista de planear racionalmente uma economia complexa. Sem uma economia de mercado, dizia Mises, não pode haver um sistema de preços baseado na oferta e procura. Apenas o livre mercado informa à sociedade sobre a alocação mais racional dos recursos e do uso mais produtivo dos bens de capital, pois os consumidores e produtores têm mais informaç\ao que o paleador central ou a elite dominante.

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Críticos do Socialismo

Hayek escreveu em "O Caminho da Servidão" que qualquer tentativa de controlar a economia implica numa concentração de poder estatal e na diminuição da liberdade política. O socialismo será um sistema económico em que um indivíduo ou grupo de indivíduos controla os demais membros da sociedade mediante a coerção e a compulsão organizada. Exemplos de governos totalitários nesses moldes foram a URSS, especialmente durante o regime de Josef Stalin, a China de Mao Tse-tung e outros experimentos na África e na Ásia. Em defesa dos socialistas argumenta-se que esses países, apesar de se considerarem socialistas, nunca teriam aderido ao socialismo pois, na prática, ele nunca teria existido. Também existem os socialistas-libertários, que são simultaneamente a favor da derrubada da propriedade privada, do capital e do Estado, vistos como única forma de assegurar simultaneamente a ampla liberdade e igualdade em direito. Ainda segundo Hayek, o planeamento económico proposto pelos socialistas era menos eficiente no provimento do bem-estar social que o livre mercado.

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Sistemas económicos mistos

Uma economia mista é uma forma de economia que combina dois ou mais modelos econômicos distintos. Como sistemas econômicos são complexos e geralmente híbridos, utiliza-se critérios de avaliação de sistemas econômicos ou modos de produção "ideais", como o feudalismo, capitalismo, socialismo. Na maior parte dos casos, trata-se de padrões ou modelos mais específicos, híbridos de variações de um sistema, intermediários entre padrões distintos como o capitalismo de mercado liberal e o capitalismo politicamente orientado.

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Economia Mista atual

Na atualidade, o conceito de "economia mista" é usado como sinónimo de Sistemas Economicos Mistos - entre economia de mercado e economia orientada, planejada, ou ainda economia planificada. Como modelos ideais puros nunca existiram, teoricamente todo sistema econômico poderia ser considerado misto em algum grau. Muitas vezes o conceito de economia mista também é usado também como sinônimo de modelo híbrido entre grandes sistemas socio-econômicos como o capitalismo e o socialismo, embora existam diferentes modelos de regulação econômica nestes dois sistemas. Algumas fontes preferem o uso do termo "economia dirigida" em vez "socialismo" na definição da economia mista.

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Terceira Via (Socialismo Liberal)

Nos anos 1990 dois padrões diferentes de modelos mistos se consolidaram, o da chamada "terceira via" liberal, que se propôs a criar um modelo misto entre o capitalismo orientado do "welfare state" (estado de bem-estar social) e uma reinterpretação do liberalismo clássico, voltado apenas para o plano económico. Este modelo foi popularizado como "neoliberalismo". O outro modelo de economia híbrida consolidado no mesmo período é o chinês, na época chamado de socialismo de mercado, que compõe características tanto de regulação do mercado típicos do capitalismo politicamente orientado quanto da economia planificada que vinha sendo modificada desde os anos 1960, já como um modelo distinto daquele de planificação adotado na ex-União Soviética.

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PILARES DA MODERNIDADE

O fundador da Terceira Via e reitor da London School of Economics and Political Science, Antony Giddens procura entender o quadro geral da contemporaneidade. Contra a leitura pósmoderna da época actual, o sociólogo inglês desenvolve o que chama de "altamodernidade". Nele, cristaliza-se um momento de passagem no qual categorias como segurança e confiança vão dando lugar aos conceitos de desalinhamento e risco. A aposta actual vai em direcção à realização desta "sociedade de risco" que ainda se anuncia. De certo modo a corrupção vai permitir atenuar o risco

Giddens define a Modernidade anterior como um modo de vida adoptado em meados do século XVI, com dois pilares: o capitalismo e a democracia política;

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Welfare State

O modelo de classificação abstrato, neste caso, parte da avaliação da presença de características teoricamente típicas de um modelo ou do outro: características de capitalismo de mercado (livre comércio, livre mercado, desregulamentação de preços e salários, propriedade privada dos meios de produção) ou de planeamento económico centralizado (planejamento económico, planeamento da produção, preços e salários, regulação da economia, propriedade estatal dos meios de produção).

Geralmente os sistemas mistos pretendem encontrar um equilíbrio entre as características positivas de um modelo e de outro. Por exemplo, a "economia mista" produzida pelo "welfare state" pretende manter um balanço entre o crescimento económico, baixa inflação, níveis de desemprego reduzido, boas condições de trabalho, assistência social e bons serviços públicos, através da intervenção do Estado na economia.

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Atualmente todas as Economias sã0 Mistas

A maioria dos países do mundo, incluindo países com regimes políticos considerados democráticos, como na Europa ou nos EUA, têm uma economia mista. No caso dos países capitalistas desenvolvidos nota-se com maior clareza a ocorrência de longos períodos de economia mais liberal ou de desregulamentação pró-mercado (do início do século XX até 1929 e dos anos 1980 aos 2000) e outros períodos de maior regulação ou intervenção do Estado na economia (entre 1930 e a II Guerra Mundial, e até os anos 1960, ou atualmente, após a crise econômica de 2008-2009).

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Socialismo de Mercado

Socialismo de mercado é um conceito utilizado pela China para definir seu sistema económico em processo de transição de uma economia planificada para uma economia de mercado. Embora esta transição económica tenha sido iniciada ainda no governo de Mao Tsé-Tung, o conceito de "socialismo de mercado" passou a ser utilizado apenas em meados dos anos 1980 e amplamente difundido apenas nos anos 1990. Atualmente Cuba declara adotar este modelo, enquanto a China defende ter uma típica economia de mercado, embora regulada pelo Estado. Teoricamente o chamado socialismo de mercado consiste em uma economia de mercado onde a regulação, orientação e iniciativa do Estado se sobrepõe à iniciativa privada

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Carateristicas do Socialismo de Mercado

1. Planeamento económico: o governo centraliza todo o planeamento dos investimentos e da regulação do mercado, permitindo a livre-iniciativa privada em áreas que considera relevante. Muito semelhante ao modelo desenvolvimentista no capitalismo politicamente orientado.

2. Propriedade dos meios de produção: o governo continua sendo o maior proprietário de empresas, fábricas e indústrias consideradas estratégicas, embora na maior parte dos casos como acionista majoritário e não mais como único proprietário (propriedade estatal típica). A propriedade da terra continua sendo prerrogativa do Estado, que cede legalmente seu uso aos camponeses (impedindo que estes vendam estas propriedades). O sistema financeiro continua sendo controlado diretamente pelo Estado, que é acionista importante, muitas vezes maioritário, da maior parte dos bancos e instituições financeiras.

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INTERVENÇÃO PÚBLICA

A intervenção do Estado na Economia classicamente justificou-se pelas falhas do mercado e teve várias formas desde o reconhecimento jurídico do Estado Moderno:

Estado Policial ou Estado Mínimo com funções básicas de soberania e caracterizado pelo acto e regulamento administrativo impositório;

Estado Prestador de Serviços Públicos por via contratual ou o Estado dos contratos de concessão;

Estado Prestador de Serviços Públicos por administração directa do Estado em que o interesse publico é substituido pelo interesse geral na economia

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INTERVENÇÃO PÚBLICA

Estado Regulador e programador ou de Fomento e Planeador

Estado-Garante ou Estado de Garantia(depois da crise de 2007/2008) onde a actividade típica é a actividade de garantia (garantia dos depósitos, garantia do emprego, etç) e seguro (Cheque-estudante, cheque- funcionário, cheque-seguro, cheque-utente).

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Sequestro do sistema politico a partir do poder económico

A chave do sucesso e alargamento da corrupção, desde a revolução financeira da primeira metade da década de oitenta do século XX e do alargamento ao crime global, na década de noventa, encontra-se na flexibilidade e versatilidade dos seus procedimentos e organização. (Castells, 2003).

Por outro lado e uma vez que o sistema criminoso só faz sentido se os lucros puderem voltar a ser investidos na economia legal, o problema-chave da corrupção passa a ser o problema da lavagem do dinheiro e dos seus procedimentos.

O papel da queda do colapso da URSS e as máfias internacionais é decisivo.

Crise global de 2008 – 2012 – Desglobalização, regulamentação, nacionalização, monetarização das dividas, contrôlo administrativo da moeda e colapso dos mercados de capitais – a caminho de Inflação e da guerra comercial?

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Importações como a China…

Nestas duas décadas, por cada cinco exportações a mais efectuadas pela indústria portuguesa, quatro foram de conteúdo importado. As indústrias de baixa tecnologia têm sido, de resto, as únicas com maior peso na incorporação de valor acrescentado nacional do que na incorporação de importações intermédias.

O contributo global da exportação para o valor acrescentado desceu de 21% em 1986 para menos de 17% em 2005.

E é na forte componente da importação nos bens exportados que reside um dos principais problemas da economia nacional, resumiu Augusto Mateus, pois “o que faz a competitividade de uma empresa é o que vende sem ser comprado”.