Bc0103 Aula 06 Dualidade Onda Particula
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Física Quântica
Aula 06
Dualidade Onda-Partícula
Alex Gomes Dias
8 de outubro de 2015
Física Quântica
• Os efeitos fotoelétrico e Compton, de interação da radiação com a matéria,
mostram a necessidade de se considerar a luz como sendo composta de
partículas (fótons) com energia e momento de�nidos em função da frequência,
ou comprimento de onda.
E = hν =hc
λ
p =E
c=h
λ
• No efeito fotoelétrico �cada fóton� � com frequência acima da mínima necessária
� é responsável pela emissão de um elétron.
• No efeito Compton, na colisão elétron-fóton a luz é interpretada como composta
de partículas.
Física Quântica 1
No entanto, a observação da característica da luz espalhada é feita por meio
da difração de Bragg medindo-se o comprimento de onda da luz espalhada.
E, como já discutimos, a difração é um fenômeno que manifesta a proprie-
dade de onda da luz. O cristal é formado por uma rede cristalina onde os átomos
vizinhos estão a distâncias da ordem de angström.
Fig. de Tipler
A condição para interferência construtiva é
2d sinθ = mλ
com m um número inteiro. Essa é a condição de Bragg. O detector � que é
uma câmara de ionização � pode ser ajustado para veri�car as posições de maior
intensidade, e a partir dai se conclui o valor do comprimento de onda da luz
espalhada.
Física Quântica 2
Constata-se com essas observações o aspecto dual da luz, que dependendo da
circunstância apresenta característica de onda ou de partícula.
• O fenômeno de difração se torna evidente quando uma onda de luz mono-
cromática de comprimento de onda λ atravessa uma fenda de largura a tal
que
sinθ =λ
a≈ 1
Fig. de Tipler.
• As expressões de energia e do momento do fóton têm a essência do caráter
dual da luz
E = hν
p =E
c=
h
λ,
relacionando as propriedades de partícula (E, p) e de onda (ν, λ).
• L. de Broglie (1924)
A matéria, como a luz, apresenta um caráter dual.
Física Quântica 3
• Supostamente, todas as entidades físicas apresentam esse caráter dual. A
dualidade onda-partícula de de Broglie é veri�cada experimentalmente para
elétrons, prótons, nêutrons, e até mesmo para moléculas gigantes como se
constatou num experimento de difração de moléculas de fulereno (carbono 60).
• Relações de de Broglie:
ν =E
h
λ =h
p
• A dualidade onda-partícula é consistente com as órbitas quantizadas postuladas
por Bohr e, consequentemente, com a quantização do momento angular.
A quantização adotada para o momento angular no modelo de Bohr decorre na-
turalmente do comportamento ondulatório do elétron. O �perímetro� da órbita do
elétron deve ser um múltiplo inteiro do comprimento de onda do elétron
2πr = nλ ⇒ r =nλ
2π
O que leva a quantização do momento angular
Física Quântica 4
mv r = p r =h
λ
nλ
2π= n
h
2π= n~
• Porque não é evidente o caráter ondulatório de objetos macroscópicos?
Essa questão é ilustrada com o seguinte exemplo.
- Partícula de massa 10−6g = 10−9kg, velocidade de 1000m/s
λ =h
p=
6.63× 10−34J · s10−9kg × 103m/s
= 6.63× 10−28m = 6.63× 10
−18 oA
Tal partícula tem um comprimento de onda demasiadamente pequeno para que
sejam evidenciados efeitos associados a propriedade de onda. Numa experiência
onde partículas com essas características atravessam uma fenda, esta deveria ter
largura muito menor do que a dimensão atômica para produzir efeito de difração
notável.
• Para um elétron com a mesma velocidade, sendo me ≈ 9.11× 10−31kg
λe =h
p=
6.63× 10−34J · s9.1× 10−31kg × 103 m/s
= 0.73× 10−6
m
Física Quântica 5
Vejamos o comprimento de onda de Broglie de um elétron com energia cinética
de 1 eV ≈ 1.6× 10−19J . Repare que a velocidade do elétron com essa energia
é bastante alta v ≈ 592 km/s (mas ainda não relativístico, v � c).
E = mev2
2 = 1 eV = 1.6× 10−19J
=⇒ v =√
2Eme
≈ 592 km/s
Considerando a aproximação não relativística, o momento de um elétron com essa
energia é
p2e2me
= 1 eV
pe =√
2me × 1 eV ≈ 5.4× 10−25
kg ·m/s
e o seu comprimento de onda é, portanto,
λe =h
pe=
6.63× 10−34J · s5.4× 10−25kg ·m/s
≈ 0.012 nm
Esse comprimento de onda é próximo do tamanho típico do espaçamento entre os
átomos em uma rede cristalina.
Física Quântica 6
• Constatação da hipótese de de Broglie: o experimento de C. J. Davisson e L.
H. Germer (1927).
O experimento inicial foi a observação de elétrons espalhados, em função do ângulo,
por um cristal de níquel.
Fig. de Tipler.
O observação foi de que haviam pontos de máximos e mínimos na intensidade
do feixe espalhado conforme o ângulo do detector.
Fig. de Tipler.
Física Quântica 7
Esse padrão é o mesmo da difração de luz � a difração de raio x é utilizada
para se medir o espaçamento interatômico.
O fenômeno observado no experimento era de fato a difração de elétrons. Isso
con�rmou o caráter ondulatório do elétron como proposto por de Broglie.
Fig. de Tipler.
No cristal existem os chamados planos cristalinos nos quais as ondas re�etem.
O ângulo α de espalhamento depende dessa estruturação do cristal.
A distância entre os planos é d. Consideremos a condição para se observar
um pico de intensidade no detector de elétrons. Na �gura a linha tracejada é
perpendicular aos planos destacados. Duas frentes de onda são destacadas em azul.
As ondas entram em fase, e a condição para que haja interferência construtiva para
a onda re�etida é
2d cosα = nλ
mas
d = D sinα
e
2D sinα cosα = D sin2α = nλ
Física Quântica 8
D sinφ = nλ
A distância D, determinada por meio de difração de raios x, vale para o níquel
D = 0, 215nm
O experimento de Davisson-Germer foi o primeiro a determinar o comprimento
de onda de Broglie do elétron a partir da medida do ângulo no qual a intensidade
do feixe espalhado é máxima. Note que na con�guração apresentada o feixe incide
perpendicularmente à superfície do cristal.
O feixe com elétrons de energia E = 54 eV tem seu primeiro máximo,
n = 1, em o ângulo observado de φ = 50o. Assim,
λexp = D sinφ
= 0, 215nm × sin 50o
≈ 0, 165nm
Segundo a predição teórica
λteo =h
p=
h√2meE
=6.63× 10−34J · s√
2× 9.1× 10−31kg × 54× 1.6× 10−19J
≈ 0, 167nm
Física Quântica 9
Se não houvesse uma estrutura de planos cristalinos não se observaria esse
espalhamento especí�co com um feixe incidindo perpendicularmente. Nesse caso
em qualquer corte do cristal seria possível satisfazer
Dsinφ = nλ
Fig. adaptada de Tipler.
Porém, não é isso que se observa.
• Davisson e Germer realizaram o experimento mantendo o ângulo �xo e variando
a energia do feixe. O grá�co da intensidade por 1/λ de�nido pela fórmula de
de Broglie. Ao se aumentar a energia λ diminui e 1/λ cresce.
Física Quântica 10
Fig. de Tipler.
O resultado é que picos igualmente espaçados são observados em concordância
com
n =D sinφ
λ
Isso corrobora com a característica ondulatória do elétron. Outros experimentos
diferentes também con�rmaram isso.
Física Quântica 11
• Difração de elétrons que atravessam uma folha metálica �na: produz mesmo
padrão de difração da luz, constatado com o uso de raios x (G. P. Thomson).
Fig. de Tipler.
Fig.
de Tipler.
• Mas as demais partículas obedecem a relação de de Broglie?
Até onde sabemos sim!
Física Quântica 12
Difração de nêutrons.
Fig. de Tipler.
As maiores partículas a terem testadas o caráter ondulatório são as moléculas
do carbono 60 (alótropo), o fulereno (M Arndt, A. Zeilinger, et al. 1999 Nature
401 680, Viena)
- Feixe colimado de moléculas de carbono 60 apresentaram um padrão de
interferência ao atravessar fendas de nitreto de silício. As fendas tinha nesse
experimento 50 nm de largura com espaçamento de 100 nm, e a velocidade média
das moléculas de carbono 60 era de 220 m/s.
λC60 = 2.5× 10−3nm
O aparato experimental, bem como outros detalhes podem
ser visto na ilustração dos próprios autores do trabalho em:
http://www.univie.ac.at/qfp/research/matterwave/c60/index.html
Física Quântica 13
Diâmetro do fulereno
dC60 ≈ 1nm
Para uma comparação com o nêutron, dneut. ≈ 10−6nm, e dC60/dneut. ≈ 106
Física Quântica 14
Adendo 1
Uma situação idealizada, mas útil no entendimento do caráter ondulatório,
é a de uma partícula con�nada em uma região (o que chamaremos de poço de
potencial in�nito). Com o movimento restrito a uma dimensão de comprimento L,
os comprimentos de onda permitidos são
nλn
2= L, n = 1, 2, ...
Consequentemente, o momento e a energia são quantizados
pn =h
λn=nh
2L
En =p2n2m
=n2h2
8mL2
E, portanto, �cam de�nidos os estados da partícula nesse sistema.
Física Quântica 15
Adendo 2
Para o elétron relativístico
E =√p2c2 +m2c4
=√
~2k2c2 +m2c4 = ~w
onde
p =h
λ=
~λ2π
= ~k
A velocidade de grupo é, portanto,
vg =dw
dk=
~2c2k~E
=c2p
E
e esta coincide com a velocidade obtida invertendo a expressão relativística para o
momento do elétron
p =mv√1− v2
c2
p2(1−
v2
c2) = m
2v2
v2
(m
2+p2
c2
)= p
2
v2
=c4p2
p2c2 +m2c4=c4p2
E2
Física Quântica 16
Adendo 3
En = −1
8πε0
Ze2
rn≈ −
me
2
(Ze2
4πε0~
)21
n2
Na primeira órbita r1 para o hidrogênio
mev2
r1≈
1
4πε0
Ze2
r21
E1 = −1
8πε0
e2
r1= −
mev2
2Sendo
q2=
e2
4πε0
⇒me
2
(e2
4πε0~
)2
=me
2
(q2
~
)2
=mev
2
2(q2
~
)2
= v2 ⇒
v
c=q2
~c= α =
1
137< 1
Assim, a velocidade do elétron em tal órbita é v = αc < c. Por isso, as correções
relativísticas não se tornaram tão evidentes inicialmente.
Física Quântica 17