Avaliação da reparação e indicadores de desnutrição de ... · oϋτε γάρ άν γνoίηζ...

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LUCIMAR RODRIGUES Avaliação da reparação e indicadores de desnutrição de ratos submetidos à fratura de côndilo mandibular e com desnutrição protéica São Paulo 2008

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  • LUCIMAR RODRIGUES

    Avaliao da reparao e indicadores de desnutrio de ratos submetidos fratura de

    cndilo mandibular e com desnutrio protica

    So Paulo2008

  • LUCIMAR RODRIGUES

    Avaliao da reparao e indicadores de desnutrio de ratos submetidos fratura de

    cndilo mandibular e com desnutrio protica

    Tese de doutorado apresentada Faculdade de Odontologia da Universidade de So Paulo, para obter o ttulo de Doutor, pelo Programa de Ps-Graduao em CinciasOdontolgicas. rea de concentrao: Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Faciais

    Orientador:Prof. Dr. Joo Gualberto de Cerqueira Luz

    So Paulo2008

  • 1

    Catalogao-na-PublicaoServio de Documentao Odontolgica

    Faculdade de Odontologia da Universidade de So Paulo

    AUTORIZO A REPRODUO E DIVULGAO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRNICO, PARA FINS DE ESTU-DO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE E COMUNICADA AO AUTOR A REFERNCIA DA CITAO.

    So Paulo, ____/____/____

    Assinatura:E-mail:

    Rodrigues, Lucimar Avaliao da reparao e indicadores de desnutrio de ratos submetidos fratura de cndilo mandibular e com desnutrio protica / Lucimar Rodrigues; orientador Joo Gualberto de Cerqueira Luz. -- So Paulo, 2008. 152 p. : fig., tab., graf., 30 cm.

    Tese (Doutorado Programa de Ps-Graduao em Cincias Odontolgicas. rea de Concentrao: Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Faciais) -- Faculdade de Odon-tologia da Universidade de So Paulo.

    1. Cndilo mandibular - Desnutrio Protico-enegtica - Reparao 2. Fraturas Mandibulares - Reparo sseo

    CDD 617.605 BLACK D722

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    FOLHA DE APROVAO

    Rodrigues L. Avaliao da reparao e indicadores de desnutrio de ratos submetidos fratura de cndilo mandibular e com desnutrio protica [Tese de Doutorado]. So Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 2008.

    So Paulo, ____/___/____

    Banca Examinadora

    1) Prof(a). Dr(a)._______________________________________________________

    Titulao:__________________________________________________________

    Julgamento:____________________Assinatura:

    2) Prof(a). Dr(a)._______________________________________________________

    Titulao:__________________________________________________________

    Julgamento:____________________Assinatura:

    3) Prof(a). Dr(a)._______________________________________________________

    Titulao:__________________________________________________________

    Julgamento:____________________Assinatura:

    4 ) Prof(a). Dr(a)._______________________________________________________

    Titulao:__________________________________________________________

    Julgamento:____________________Assinatura:

    5) Prof(a). Dr(a)._______________________________________________________

    Titulao:__________________________________________________________

    Julgamento:____________________Assinatura:

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    Esta ousadia tem suas razes no passado,

    sem as quais no teria nenhum contedo, nenhuma substncia.

    Tal ousadia, portanto, no consistiu em abolir o passado, mas conferir-lhe uma nova

    significao, uma nova atualidade.

    To pouco ignorar o futuro, por medo s mudanas, aos riscos e ao desconhecido.

    E uma escolha que no nos fecha dentro do nosso destino, pelo contrrio,

    obriga-nos a tentar o impossvel para criar a felicidade em parceria com outros,

    porque uma esperana no se vive sozinho.

    E que a felicidade est intimamente ligada esperana. Essa maneira de vivermos

    o nosso projeto existencial tem a propriedade de nos proporcionar uma qualidade

    nica a cada instante vivido.

    muita responsabilidade?

    Sim, mas quando a esperana alimenta os dias e ilumina a paisagem, a felicidade

    uma responsabilidade alegre.

    Aos meus queridos pais

    Aristides (em memria) e Silvina Jlia (em memria)

    Vocs me alimentaram de ousadia e esperana!

    DEDICATRIA

  • 4

    , , ( ), , o o (o sto)o .

    o o o , o . o oo o .

    o o, o . o o , , o o, o o o o , , o , o o o o, o .

    o o o , o o , o o

  • 5

    A VERDADE

    (i) A escolha

    Fr. 2, Proclo in Tim. I,345, 18; Simplicio in Phys. 116,28 (versos 3-8)

    Anda da e eu te direi (e tu trata de levares as minhas palavras contigo, depois de as

    teres escutado) os nicos caminhos da investigao em que importa pensar. Um, [aquilo] que

    e que [lhe] impossvel no ser, a via da Persuaso (por ser companheira da Verdade); o outro,

    [aquilo] que no e que foroso se torna que no exista, esse te declaro eu que uma vereda total-

    mente indiscernvel, pois no poders conhecer o que no tal no possvel nem exprimi-lo

    por palavras.

    PARMNIDES DE ELEIA

    Fr. 1, 28-32, Simplicio de caelo 557,25 (extrados de 288)

    Convm que tudo aprendas, seja o nimo inabalvel da rotunda verdade, sejam as

    opinies dos mortais, em que no h verdadeira confiana. Mas mesmo assim, aprenders isto

    tambm, como aquilo em que se acredita deve s-lo sem qualquer dvida, fazendo passar todas

    as coisas atravs de tudo.

    PARMNIDES DE ELEIA

    AGRADECIMENTO ESPECIAL

  • 6

    (ii) O erro dos mortais

    Fr. 6, Simplcio in Phys. 86, 27-8; 117, 4-13

    Foroso que o que se pode dizer e pensar seja; pois lhe dado ser, e no ao que nada

    . Isto te ordeno que ponderes, pois este o primeiro caminho de investigao, do qual eu te

    afasto, logo, pois, daquele em que vagueiam os mortais que nada sabem, gente dicfala; que a

    incapacidade lhes dirige no peito o pensamento errante, e so levados simultaneamente surdos e

    cegos , aturdidos, em hordas sem discernimento, que julgam que ser e no ser so e no so a

    mesma coisa; e que o caminho que todos eles seguem reversvel.

    PARMNIDES DE ELEIA

    (iii) Indcios de verdade

    Fr. 8, 1-4, Simplcio in Phys. 78, 5; 145, 1

    De um s caminho nos resta falar: o do que . Neste caminho h indcios em grande

    nmero de que o que ingnito e imperecvel existe, por ser completo, de uma s espcie, inaba-

    lvel e perfeito.

    PARMNIDES DE ELEIA

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    AO PROFESSOR DR. JOO GUALBERTO DE CERQUEIRA LUZ

    A escolha (a da Verdade) s foi possvel por ter sido conduzida nas veredas, por

    vezes, totalmente indiscernveis.

    E na busca do caminho , levou-me, assim, a uma concluso to surpreendente como

    o resultado de se ter em considerao o no . E atravs de tudo, sem dvida, o que

    acredito .

    E neste caminho, Professor, discernir o , uma existncia num eterno presente, no

    sujeito a distines temporais sejam elas de que espcie forem.

    Se tudo aquilo que est ao nosso dispor para ser pensado deve existir, e tendo ns que evitar o

    caminho no , a nossa nica esperana como investigadores reside em seguirmos o caminho

    . E eu continuarei seguindo de acordo com sua orientao.

    Obrigada.

  • 8

    As minhas queridas irms, Sonia e Rosemary,

    aos queridos irmos Sineval e Itamar,

    e demais familiares

    que estiveram ao meu lado em todos os momentos...incondicionalmente!

    Ao Dr. Mrio L.S.C de Siqueira, pela colaborao no trabalho dirio e pelo privilgio

    de trabalhar ao seu lado.

    Dra. Daniela B. Pacheco pela sua amizade e contribuio para a finalizao deste

    trabalho.

    s amigas Neuza, Angela e Jussara, meus agradecimentos pelo apoio e ajuda nas

    tarefas dirias.

    A Prof. Dra. Luciana Correia, grande colaboradora e amiga, que possibilitou a re-

    alizao da parte laboratorial deste trabalho.

    Ao Prof. Dr. Antonio Carlos de Campos, pelo incentivo e apoio constante ao meu tra-

    balho.

    Ao Dr. Antonio Salazar Fonseca, pela colaborao e incentivo ao meu

    desenvolvimento profissional.

    Ao Dr. Rogrio Bonfante Moraes pela colaborao no laboratrio experimental.

    Juliana M. B. Ghirello pela realizao do projeto grfico e formatao deste trabalho

    AGRADECIMENTOS

  • 9

    Ao Secretrio dison Henrique Vicente, que sempre disponvel, cuidou da burocra-

    cia.

    Dra. Rita Barradas Barata pela excelente recepo e auxlio no fornecimento de in-

    formaes para a elaborao desta pesquisa.

    Dra. Clarissa Magalhes pela disponibilidade de informaes e de material didtico

    (Ncleo de Estudos e Pesquisas em Alimentao NEPA - UNICAMP).

    Fundao de Amparo a Pesquisa do Estado de So Paulo FAPESP pelo auxlio

    pesquisa (Processo n 2005 / 01891-0).

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    Rodrigues L. Avaliao da reparao e indicadores de desnutrio de ratos submeti-dos fratura de cndilo mandibular e com desnutrio protica [Tese de Doutorado]. So Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 2008.

    RESUMO

    Este trabalho avaliou a reparao e indicadores de desnutrio de ratos submetidos

    fratura unilateral de cndilo mandibular e com desnutrio protica (8% de pro-

    tena com suplemento de vitaminas e minerais). Foram utilizados 45 Rattus norvegicus

    Wistar, adultos machos, distribudos em 3 grupos de 15 animais: grupo fraturado,

    submetido fratura de cndilo, sem alterao de dieta (23% de protenas); grupo fra-

    turado desnutrido, submetido dieta hipoprotica por 30 dias e posterior fratura con-

    dilar; grupo desnutrido, com dieta hipoprotica prvia por 30 dias e mantida at o final

    do experimento, sem fratura de cndilo. Foi documentada a quantidade de ingesto

    de rao e gua, feita a avaliao do peso e obtido o coeficiente de eficcia alimentar

    (CEA). Os animais foram sacrificados nos perodos de 24 horas e 7, 15, 30 e 90 dias

    ps-operatrio. Foram realizados os seguintes testes bioqumicos do sangue: protenas

    totais, albumina srica, clcio srico, fosfatase alcalina, ferro srico e creatinina srica;

    e o leucograma. A seguir, foram feitas mensuraes cefalomticas por radiografias

    da maxila e da mandbula. O estudo histolgico compreendeu a avaliao do local da

    fratura e da articulao temporomandibular. Os valores numricos foram submetidos

    a anlises estatsticas. O consumo de rao e gua foi maior no grupo fraturado des-

    nutrido, na maioria dos perodos. Os valores do CEA foram baixos principalmente

    nos perodos iniciais, sendo mais significativos para o grupo fraturado desnutrido.

    Houve pouco ganho de peso nos perodos iniciais, exceto no grupo fraturado desnu-

    trido que apresentou perdas significativas, havendo recuperao de peso nos demais

    perodos, significativamente menor neste grupo. Os testes de bioqumica do sangue

  • 11

    mostraram queda, principalmente nos perodos iniciais, para os valores de protenas

    totais e albumina, bem como para clcio srico em todos os perodos, significante para

    o grupo fraturado desnutrido. O leucograma mostrou aumento, principalmente nos

    perodos iniciais, de leuccitos, linfcitos e neutrfilos, mais significativo no grupo

    fraturado desnutrido. Houve desvio da linha mdia mandibular em relao linha

    mdia maxilar, significante para o grupo fraturado desnutrido, bem como assimetria

    de maxila e mandbula, em especial no perodo final do experimento. A anlise his-

    tolgica mostrou que a desnutrio protica levou atrofia da fibrocartilagem do cn-

    dilo. A fratura sob desnutrio comprometeu a formao do calo sseo, bem como

    houve anquilose fibrosa. Foi concludo que a fratura de cndilo mandibular em ratos

    com desnutrio protica promoveu alteraes negativas nos valores de protenas to-

    tais, albumina e clcio srico, leucocitose, bem como comprometeu a formao do calo

    sseo e induziu atrofia da fibrocartilagem e anquilose fibrosa.

    Palavras-Chave: Cndilo mandibular - Desnutrio Protico-enegtica - Reparao. Fraturas Mandibulares - Reparo sseo

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    Rodrigues L. Evaluation of healing and undernutrition indicatives of rats submitted to mandibular condyle fracture and with protein undernutrition [Tese de Doutorado]. So Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 2008.

    ABSTRACT

    This study evaluated the healing and undernutrition indicatives of rats submitted to

    mandibular condyle fracture and with protein undernutrition (8% of protein with vi-

    tamin and minerals supplement). Forty-five adult male Wistar Rattus norvegicus were

    used and distributed in 3 groups of 15 animals: fracture group, submitted to condylar

    fracture with no changes in diet (23% of proteins); undernutrition fracture group, sub-

    mitted to hypoproteic diet by 30 days and later to condylar fracture; undernutrition

    group, with previous hypoproteic diet by 30 days, kept until the end of experiment,

    without condylar fracture. The amounts of feed and water intake were registered,

    as well as body weight and food efficiency ratio (FER) were obtained. Animals were

    sacrificed at 24 hours and 7, 15, 30 and 90 days postoperatively. The following blood

    biochemical tests were made: total serum proteins, serum albumin, serum calcium,

    alkaline phosphatase, serum iron, and serum creatinine; and also white blood count.

    Subsequently, cephalometric mensurations by radiograms of the maxilla and mandible

    were made. Histological study comprised fracture site and temporomandibular joint

    evaluations. Numerical values were submitted to statistical analyses. Feed and water

    intake were higher in undernutrition fracture group, in most of periods. Values of FER

    were low, in special in the initial periods, being more significative to undernutrition

    fracture group. There was low gain of weight in the initial periods, but undernutrition

    fracture group which presented significative loss of weight, with recovering of weight

    in the remaining periods, significatively lower in this group. Blood biochemical tests

    showed decrease, mainly in the initial periods, of the values of total serum proteins

  • 13

    and serum albumin, as well as serum calcium in all the periods, significative to under-

    nutrition fracture group. White blood count showed increase, in special in the initial

    periods, of leukocytes, lymphocytes and neutrophils, more significative in undernutri-

    tion fracture group. There was deviation of the median line of the mandible relative to

    the median line of the maxilla, significative to undernutrition fracture group, as well

    as asymmetry of the maxilla and mandible, in special in the final period of experiment.

    Histological analysis showed that proteic undernutrition lead to atrophy of condylar

    fibrocartilage. Fracture in undernutrition impaired callus formation, as well as there

    was fibrous ankylosis. It was concluded that mandibular condyle fracture in rats with

    proteic undernutrition promoted negative alterations in values of total proteins, al-

    bumin and serum calcium, leukocytosis, as well as impaired callus formation, and

    induced atrophy of condylar fibrocartilage and fibrous ankylosis.

    Keywords: Mandibular condyle - Protein energetic undernutrition - Repair. Mandibu-lar Fractures - Bone repair

  • 14

    Figura 4.1

    Figura 4.2

    Figura 4.3

    Figura 5.1

    Figura 5.2

    Figura 5.3

    LISTA DE FIGURAS

    Determinao do ngulo na incidncia axial do crnio. BT = bula timpni-

    ca (direita e esquerda) ponto mdio; PI = ponto incisal entre os incisivos supe-

    riores e PI = ponto incisal entre os incisivos inferiores ................................. 63

    Mensuraes da maxila na incidncia axial do crnio. PI = ponto incisal; FI

    = forame infra-orbitrio; BT = bula timpnica.............................................. 63

    Mensuraes da mandbula na incidncia axial do crnio. PI = ponto in-

    cisal; PA = processo angular; II = insero do incisivo............................... 64

    Grupo Fraturado. A= 24 horas - Presena de exsudato serofibrinoso e fi-

    brinohemorrgico no espao articular (*) (40x). B = 24 horas Detalhe do lo-

    cal da fratura, exibindo cotos viveis (40x). C= 24 horas Exsudato neutrof-

    lico junto cpsula articular (setas) (100x). D = 7 dias reas de hiperplasia

    da membrana sinovial nos espaos articulares supra e infradiscal (40x). E=

    7 dias rea de intensa neoformao ssea (*), bem como sinais de reabsor-

    o junto ao coto sseo (setas) (40x)............................................................... 103

    Grupo Fraturado. A = 15 dias rea de neoformao ssea a partir da corti-

    cal do coto sseo (setas) (40x). B = 30 dias rea focal de cartilagem no interior

    do calo sseo observada (*) (40x). C e D= 90 dias Cndilo centralizado na

    fossa mandibular, com disco articular interposto. C (40x) e D (100x)........ 104

    Grupo Fraturado Desnutrido. A = 24 horas. Exsudato fibrinohemor-

    rgico nos espaos articulares supra e infradiscal (40x). B = 24 horas.

  • 15

    Figura 5.4

    Figura 5.5

    Figura 5.6

    Grupo Desnutrido Processo condilar centrado na fossa mandibular, inter-

    posto pelo disco articular. A cartilagem articular do cndilo apresenta cama-

    das normais, bem como osso subcondral lamelar e espaos medulares. A = 24

    horas (40x), B = 24 horas (100x), C = 7 dias (40x), D = 7dias (100x)............ 107

    Grupo Desnutrido Cartilagem articular do cndilo recoberta pela super-

    fcie articular, seguida da zona proliferativa e fibrocartilagem, osso subcon-

    dral lamelar e espaos medulares. Notam-se sinais de atrofia da fibrocarti-

    lagem, com menor nmero de condrcitos. A = 15 dias (40x), B = 15 dias

    (100x), C = 30 dias (40x), D = 30 dias (100x), E = 90 dias (40x), F = 90 dias

    (100x) .................................................................................................................. 108

    Grupo Fraturado Desnutrido. A = 15 dias rea de intensa neoformao

    ssea (*) associada a reas de reabsoro (40x). B = 30 dias Detalhe da rea

    dos cotos notando-se tecido conjuntivo entre os mesmos (*) (40x). C = 30 dias

    rea de neoformao ssea a partir da cortical do coto sseo (100x). D

    = 90 dias Nota- se cndilo atrfico, com extensa rea de tecido conjuntivo

    no espao articular (*) (40x). E = 90 dias Superfcie articular atrfica, com

    reas de reabsoro ssea (setas) em continuidade com tecido conjuntivo

    que preenche o espao articular (*) (100x).................................................... 106

    Exsudato neutroflico junto cpsula e musculatura associada (100x).

    C = sete dias. rea de osso neoformado a partir da cortical externa do

    coto sseo (setas) (40x). D = sete dias. Detalhe de coto desvitalizado, com si-

    nais de reabsoro (100x)................................................................................. 105

  • 16

    LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1 -

    Grfico 5.1 -

    Grfico 5.2 -

    Grfico 5.3 -

    Grfico 5.4 -

    Grfico 5.5 -

    Grfico 5.6 -

    Valores da mdia do consumo de rao (em g) dos animais por grupo de

    acordo com o perodo de sacrifcio................................................................ 68

    Valores da mdia do consumo de gua (ml) por grupo de acordo com o

    perodo experimental....................................................................................... 69

    Valores da mdia do Coeficiente de Eficcia Alimentar para os grupos se-

    gundo os perodos experimentais.................................................................. 71

    Mdia de peso (em g) dos animais do grupo fraturado, submetidos fratura

    condilar no momento da fratura e no sacrifcio, segundo os perodos experi-

    mentais. ........................................................................................................................ 73

    Mdia de peso (em g) dos animais do grupo fraturado desnutrido, sub-

    metidos desnutrio e a fratura condilar no incio do estudo e no sacrif-

    cio, segundo os perodos experimentais....................................................... 74

    Mdia de peso (em g) dos animais do grupo desnutrido, submetidos desnu-

    trio sem fratura condilar no incio do estudo e no sacrifcio, segundo os pero-

    dos experimentais............................................................................................. 74

    Mdia da taxa de ganho ou perda de peso segundo os perodos experimen-

    tais...................................................................................................................... 149

  • 17

    Grfico 5.7 -

    Grfico 5.8 -

    Grfico 5.9 -

    Grfico 5.10 -

    Grfico 5.11 - Valores da mdia de ferro srico (ug/dL) dos animais por grupo em cada

    x perodo experimental........................................................................................ 82

    Grfico 5.12 - Valores da mdia de creatinina (mg/dL) dos animais por grupo em

    cada perodo experimental.............................................................................. 83

    Grfico 5.13 -

    Grfico 5.14 -

    Grfico 5.15 -

    Mdia da contagem global de leuccitos (103/mm3) dos animais nos diferentes

    grupos de acordo com os perodos experimentais....................................... 84

    Valores da porcentagem individual de linfcitos, moncitos e neutrfilos

    do grupo fraturado segundo os perodos experimentais............................. 85

    Valores da porcentagem individual de linfcitos, moncitos e neutrfilos

    do grupo fraturado desnutrido segundo os perodos experimentais........ 86

    Valores da mdia de clcio srico (mg/dL) dos animais por grupo em cada

    perodo experimental....................................................................................... 80

    Valores da mdia de fosfatase alcalina (U/L) dos animais por grupo em

    cada perodo experimental............................................................................... 81

    Valores da mdia de protenas totais (g/dL) dos animais por grupo em cada

    perodo experimental........................................................................................ 78

    Valores da mdia de albumina (g/dL) dos animais por grupo em cada

    perodo experimental....................................................................................... 79

  • 18

    Grfico 5.16 -

    Grfico 5.17 -

    Grfico 5.18 -

    Grfico 5.19 - Valores da porcentagem individual de bastonetes, basfilos e eosinfilos

    do grupo desnutrido segundo os perodos experimentais......................... 90

    Valores da porcentagem individual de bastonetes, basfilos e eosinfilos do

    grupo fraturado desnutrido segundo os perodos experimentais................89

    Valores da porcentagem individual de linfcitos, moncitos e neutrfilos

    do grupo desnutrido segundo os perodos experimentais......................... 86

    Valores da porcentagem individual de bastonetes, basfilos e eosinfilos

    do grupo fraturado segundo os perodos experimentais............................ 89

  • 19

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1.

    Quadro 2.

    Quadro 3.

    Total de semanas utilizadas como base para o clculo do consumo de

    rao e do CEA.................................................................................................. 148

    Valores da mdia de contagem global de leuccitos (103/mm3) por grupos e

    por perodo........................................................................................................ 152

    Valores da mdia (%) da contagem individual de leuccitos por grupos e

    por perodo........................................................................................................ 152

  • 20

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1. Composio das dietas normo e hipoprotica .............................................. 144

    Tabela 2. Composio da mistura de vitaminas............................................................. 145

    Tabela 3. Composio da mistura de minerais............................................................... 146

    Tabela 4. Vitaminas utilizadas para a confeco da rao hipoprotica.................... 147

    Tabela 5.

    Tabela 5.1.

    Tabela 5.2.

    Tabela 5.3.

    Tabela 5.4.

    Valores dos testes bioqumicos efetuados para os animais do grupo controle

    negativo (sem fratura e sem desnutrio) e valores de referncia de Mitruka

    e Rawnsley (1977)............................................................................................ 150

    Valores da mdia do consumo de rao (em g) dos animais por grupo de

    acordo com o perodo de sacrifcio.................................................................. 67

    Valores da mdia do consumo de gua (em ml) dos animais por grupo de

    acordo com o perodo experimental............................................................... 69

    Mdia ( desvio-padro) do coeficiente de eficcia alimentar para os grupo

    fraturado (F) e desnutrido (D) e fraturado desnutrido (FD)....................... 71

    Valores da mdia dos testes bioqumicos de sangue dos animais por grupo

    em cada perodo experimental. .................................................................... 77

  • 21

    Tabela 5.5.

    Tabela 5.6.

    Tabela 5.7.

    Mensuraes da maxila obtidas na incidncia axial do crnio, de acordo

    com o perodo de sacrifcio, grupo e lado. Valores em milmetros............ 93

    Mensuraes da mandbula obtidas na incidncia axial do crnio, de acordo

    com o perodo de sacrifcio, grupo e lado. Valores em milmetros............ 96

    Tabela 6. Dados normais de leucograma de ratos machos adultos........................... 151

    Tabela 7. Valores da mdia do peso (g) dos animais nos diferentes grupos e perodos

    experimentais.................................................................................................... 149

    Mensuraes do ngulo A obtidas na incidncia axial do crnio, de

    acordo com o grupo e perodo de sacrifcio. Valores em graus.................. 91

  • 22

    1 INTRODUO................................................................................................................. 24

    2 REVISO DA LITERATURA......................................................................................... 26

    2.1 Ocorrncia de fraturas de cndilo mandibular e seus efeitos...................... 26

    2.2 Modelos experimentais........................................................................................ 29

    2.3 Condies sistmicas aps fratura..................................................................... 38

    2.4 Efeitos da desnutrio.......................................................................................... 42

    2.5 Indicadores da desnutrio................................................................................. 51

    3 PROPOSIO................................................................................................................... 56

    4 MATERIAIS E MTODO............................................................................................... 57

    4.1 Animais................................................................................................................... 57

    4.2 Exames laboratoriais............................................................................................ 60

    4.3 Mensuraes cefalomtricas por radiografias................................................. 62

    4.4 Estudo histolgico das ATMs............................................................................ 64

    4.5 Anlise estatstica................................................................................................. 65

    5 RESULTADOS................................................................................................................... 67

    5.1 Avaliao do consumo de rao, gua e coeficiente de eficcia alimentar..67

    5.1.1 Avaliao do consumo de rao............................................................. 67

    5.1.2 Avaliao do consumo de gua.............................................................. 69

    5.1.3 Avaliao do Coeficiente de Eficcia Alimentar- CEA...................... 70

    5.2 Avaliao do peso dos animais......................................................................... 73

    5.3 Testes bioqumicos de sangue............................................................................ 75

    5.4 Testes hematolgicos........................................................................................... 83

    SUMRIO

  • 23

    5.4.1 Leucograma................................................................................................ 83

    5.5 Mensuraes cefalomtricas por radiografias................................................. 91

    5.6 Estudo histolgico das ATMs............................................................................. 98

    5.6.1 Grupo fraturado....................................................................................... 98

    5.6.1.1 Periodo de 24 horas.......................................................................... 98

    5.6.1.2 Periodo de 7 dias............................................................................... 99

    5.6.1.3 Periodo de 15 dias............................................................................. 99

    5.6.1.4 Periodo de 30 dias............................................................................. 99

    5.6.1.5 Periodo de 90 dias........................................................................... 100

    5.6.2 Grupo Fraturado desnutrido................................................................ 100

    5.6.2.1 Periodo de 24 horas........................................................................ 100

    5.6.2.2 Periodo de 7 dias............................................................................. 100

    5.6.2.3 Periodo de 15 dias........................................................................... 101

    5.6.2.4 Periodo de 30 dias........................................................................... 101

    5.6.2.5 Periodo de 90 dias........................................................................... 102

    5.6.3 Grupo desnutrido................................................................................... 102

    5.6.3.1 Periodo de 24 horas e 7 dias ......................................................... 102

    5.6.3.2 Periodo de 15, 30 e 90 dias............................................................. 102

    6 DISCUSSO.................................................................................................................... 109

    7 CONCLUSO.................................................................................................................. 134

    REFERNCIAS................................................................................................................... 135

    ANEXOS.............................................................................................................................. 143

  • 24

    1 INTRODUO

    Dentre as fraturas do complexo maxilomandibular, a fratura do cndilo man-

    dibular uma das mais freqentes. Estas podem estar relacionadas a leses da articu-

    lao temporomandibular (ATM) e dos msculos mastigatrios. Contudo, a grande

    capacidade de reparao da ATM tem sido demonstrada em modelos experimentais

    em ratos, diante de traumatismos. Essa capacidade adaptativa pode estar condicio-

    nada a alteraes ambientais, principalmente dos componentes da dieta e, ao mesmo

    tempo, processos patolgicos em seus tecidos podem tambm determinar alteraes

    endgenas sistmicas significativas, uma vez que envolve uma das articulaes mais

    requisitadas no organismo. Porm, em modelos experimentais dessa fratura em ra-

    tos tem sido observada uma perda substancial de peso corpreo nos animais. Essa

    perda de peso tem sido atribuda dificuldade de mastigao. A possibilidade de que

    a perda de peso possa referir-se a um estado de desnutrio e que esse estado pode

    interferir no processo de reparo sseo, retardando o mesmo, deve ser considerada e

    pesquisada.

    A desnutrio, segundo a Organizao Mundial de Sade, um quadro de

    carncia protico-calrica que abrange formas graves de doenas, como o marasmo

    (suprimento calrico insuficiente) e o Kwashiorkor (privao protica grave), alm de

    fases e formas moderadas (WHO, 1962). Estima-se que a desnutrio acometa cerca de

    metade a dois teros da populao mundial (YUNES, 1976). Tem sido descrito que para

    cada uma das crianas mortas por desnutrio energtico-protica, outras seis sobre-

    vivem imersas na fome e na doena (UNICEF, 1994). A desnutrio protico-calrica

    acomete desde crianas provenientes de comunidades carentes, at pacientes idosos,

    potencializando processos infecciosos e aumentando o nmero de bitos (CHANDRA,

    1999).

    A consolidao de fraturas uma resposta especializada na qual a regenerao

  • 25

    do tecido sseo devolve a integridade ao esqueleto. Embora a maioria das fraturas

    consolide sem maiores dificuldades, h certas condies sob as quais a diminuio do

    tempo do processo de consolidao, bem como a melhoria de sua qualidade seriam de

    grande benefcio para assegurar a rpida restaurao da funo, melhoria do bem es-

    tar fsico e mental dos pacientes. Alm disso, deve-se considerar o estado nutricional

    como fator influente na consolidao de fraturas, pois dele depende a reparao ssea

    e tecidual. A desnutrio protica, presente em nosso meio, pode interferir negativa-

    mente na consolidao de fraturas (GUARNIERO et al., 1992).

    Assim sendo, torna-se importante estudar-se experimentalmente o processo de

    reparo, paralelamente a indicadores de desnutrio, de fratura de cndilo mandibular

    em condies de desnutrio protica.

  • 26

    2.1 Ocorrncia de fraturas de cndilo mandibular e seus efeitos

    Koski (1968) revendo o papel dos centros de crescimento crnio-faciais, afir-

    mou que, com base em conhecimentos atuais, a maioria deles no pode ser qualificada

    como tal. A princpio, tem sido descrito que a cartilagem do cndilo mandibular

    responsvel pelo crescimento ntero-posterior da mandbula, constituindo um impor-

    tante centro de crescimento, bem como altamente responsiva a estmulos mecnicos.

    Contudo, afirmou que a cartilagem condilar no o centro de crescimento mandibu-

    lar mais importante, tendo sido demonstrado em trabalhos experimentais por meio

    da realizao de condilectomias. O crescimento da mandbula ocorre por aposio

    periostal e endostal, bem como por reabsoro e remodelamento, sendo constitudo

    por partes relativamente independentes, dependentes de diferentes fatores. Portan-

    to, diante da ausncia do cndilo mandibular, apesar de ocorrerem deformaes na

    mandbula, especialmente na poro posterior do ramo, a ao muscular ou outro tipo

    de fora ser responsvel pela compensao do crescimento.

    Larsen e Nielsen (1976) em sua casustica de fraturas mandibulares verificaram

    que o sitio mais freqente foi regio do processo condilar.

    Enlow et al. (1977) destacaram o papel da intercuspidao oclusal no controle da

    morfognese crnio facial. Assim, quando uma trao extra-oral aplicada somente

    maxila, deslocando-a no sentido posterior, um deslocamento semelhante ocorre

    na mandbula. O mesmo fenmeno visto quando a fora aplicada mandbula,

    sendo a maxila afastada junto, provavelmente atravs da intercuspidao. Da mesma

    maneira quando o cndilo no consegue desarticular como ocorre na anquilose fibrosa,

    todo o crescimento facial se torna distorcido, provavelmente pelo mesmo fenmeno.

    2 REVISO DA LITERATURA

  • 27

    Lindahl (1977) relatou as caractersticas das fraturas do cndilo mandibular

    por meio de sua casustica. Descreveu que ocorre angulao medial do fragmento,

    havendo tendncia a cavalgamento no trao de fratura em indivduos adultos.

    Proffit, Vig e Turvey (1980) relataram com base em sua experincia clnica, que

    antecedentes de fratura de cndilo podem estar relacionadas em 5 a 10% dos casos de

    hipodesenvolvimento mandibular e assimetrias. Isto ocorreria devido muitas vezes

    ausncia de sinais imediatamente aps o trauma e por falta de diagnstico na fase de

    crescimento. Afirmaram que as fraturas de cndilo devem ser mais freqentes que se

    acredita.

    Pinkert (1982) analisou histologicamente em cadver o comportamento do dis-

    co articular em fraturas de cndilo com desvio. Verificou que o disco se desloca junto

    com o cndilo mantendo-se associado a este.

    Winstanley (1984) afirmou que nas fraturas de cndilo o fragmento desloca-se

    no sentido medial devido movimentao do ramo ascendente.

    Lindqvist et al. (1986) relataram sua casustica de fraturas de face decorrentes

    de acidentes de bicicleta, onde as fraturas condilares representam 67% das fraturas

    mandibulares. As fraturas unilaterais foram as mais freqentes. Afirmaram que se

    as fraturas condilares geralmente resultam de trauma indireto, a queda com trauma

    na regio mentoniana a causa mais provvel e que as vtimas mais freqentes so as

    crianas, isto pode representar a ocorrncia potencial de distrbios de crescimento.

    Amaratunga (1987) relatou sua casustica de fratura de cndilo. Verificou que

    estas representaram 40,0 % das fraturas mandibulares e 71,7% ocorreram de modo

    isolado. Fraturas unilaterais foram mais freqentes.

    Belli et al. (1987) relataram dados de sua casustica de fraturas condilares. Estas

    foram mais freqentes na faixa etria de 15 a 20 anos e a maioria ocorreu de forma

    isolada e unilateral.

    Cormack (1987) descreveu os eventos que se sucedem a uma fratura. Inicial-

    mente ocorre sangramento, com formao de colgeno. Com a interrupo dos siste-

    mas haversianos ocorre necrose junto aos cotos. A reparao se inicia pela prolifera-

  • 28

    o, a partir do peristeo, de tecido cartilaginoso e sseo junto ao trao de fratura. A

    seguir, estes tecidos se fundem, unindo os fragmentos. A cartilagem substituda por

    tecido sseo e o osso necrtico reabsorvido. Finalmente, o osso esponjoso perifrico

    transformado em compacto.

    Goss; Bosanquet (1990) relataram os aspectos da ATM aps trauma agudo, por

    meio de artroscopia, em pacientes com fratura de mandbula. Verificaram uma grande

    freqncia de leses, em especial hemartrose com lacerao no disco articular e das

    superfcies articulares. As leses mais intensas ocorreram quando no havia fratura

    de cndilo.

    Ayoub e Mostafa (1992) avaliaram seis pacientes com anormalidades condi-

    lares. Verificaram que a mandbula apresentava rotao posterior e comprimento

    deficiente em corpo e ramo ascendente. Em relao fratura de cndilo afirmaram

    que a posio condilar alterada afeta o padro de crescimento mandibular, ocor-

    rendo assimetria.

    Silvennoinen et al. (1992) descreveram conforme sua casustica que as fraturas

    de cndilo representaram 52,4% das fraturas mandibulares. Na localizao das fra-

    turas de cndilo, 71,5% foram unilaterais, e destas, 19% com deslocamento e 8% sem

    deslocamento.

    O sucesso no tratamento de fraturas do processo condilar depende de um

    carter biolgico e capacidade adaptativa do sistema mastigatrio. Isto ir diferir em

    cada paciente e alteraes sistmicas podero conduzir a um resultado desfavorvel.

    Ento, prever o prognstico e realizar o tratamento adequado, resultar em benefcios

    para o paciente. A fratura condilar bilateral requer adaptaes mais extensivas no

    sistema mastigatrio, mas apresentam resultados mais favorveis comparado com a

    fratura condilar unilateral. Aps o tratamento da fratura , adaptaes da muscula-

    tura, esqueleto e dentio iro ocorrer, e podem apresentar alteraes visveis como

    uma diminuio do plano mandibular. O tratamento cirrgico de fraturas de cndilo

    pode favorecer o resultado funcional. Entretanto, os riscos no so s cirrgicos, mas

    biolgicos, assim como o rompimento do suprimento sanguneo para o cndilo pode

  • 29

    conduzir a uma reabsoro/remodelamento (ELLIS; THROCKMORTON, 2005).

    Manganello-Souza e Luz (2006) afirmaram que h uma grande freqncia de

    fraturas condilares em relao s outras regies da mandbula. A forma mais comum

    o deslocamento do fragmento proximal (cndilo) no sentido medial, por ao do

    msculo pterigoideo lateral.

    Andersson, Hallmer e Eriksson (2007) registraram todas as fraturas mandibu-

    lares no perodo de 1972 a 1976 na cidade de Mlmo, Sucia. No ano de 2005 inves-

    tigaram todos os pacientes tratados sem cirurgia de fratura de cndilo mandibular

    unilateral sem deslocamento e com pequeno deslocamento. Neste perodo, do total de

    49 casos, 23 foram avaliados seguidamente. O acompanhamento feito verificou a ocor-

    rncia de sintomas como dor, cefalia, funo mastigatria e a ocorrncia de rudos ar-

    ticulares. O resultado mostrou que 87% dos pacientes no apresentaram dor; 83% sem

    problemas de funo mastigatria e 91% no tiveram problemas com as atividades

    dirias. Apresentaram sintomas em pescoo e ombro (39%) e dor nas costas (30%).

    Aps 31 anos, o tratamento no cirrgico de fraturas condilares unilateral parece ser

    favorvel em relao funo, ocorrncia de dor e dificuldade nas atividades dirias.

    2.2 Modelos experimentais

    Das, Meyer e Sicher (1965) realizaram estudo radiogrfico da mandbula de

    ratos jovens para analisar os efeitos da condilectomia bilateral. Utilizaram a incidncia

    lateral das hemi-mandbulas para as mensuraes. Verificaram que houve alterao

    no crescimento com aposio ssea excessiva em reas de insero muscular, especial-

    mente no ngulo mandibular devido hipertrofia muscular. Consideraram um cresci-

    mento adaptado da mandbula com tamanho normal mas com formas alteradas.

    Gianelly e Moorrees (1965) realizaram estudo experimental para avaliar a

  • 30

    contribuio do cndilo no crescimento da mandbula em ratos jovens submetidos a

    condilectomia bilateral; um grupo como controle operado e um grupo controle. Para

    avaliao foi feito exame radiogrfico por meio da incidncia lateral do crnio e me-

    dido o comprimento ntero-posterior da mandbula. Obtiveram como resultado uma

    reduo no comprimento da mandbula no grupo condilectomizado quando compara-

    do ao grupo controle, sendo que a relao oclusal entre a maxila e a mandbula no foi

    alterada.

    Boyne (1967) realizou experimentalmente fraturas de cndilo em macacos, por

    meio de osteotomias na regio de colo. Verificou histologicamente aps perodo de

    oito a 16 semanas, formao abundante de calo sseo no local da fratura. O cndilo

    apresentou atividade intensa, com reas de remodelamento sseo e de proliferao de

    cartilagem.

    Os modelos de fraturas faciais utilizando animais, principalmente ratos, so

    referncias a partir da dcada de 70. Esses trabalhos procuravam esclarecer o pro-

    cesso de reparao ssea dos ossos faciais diante de vrias condies experimentais,

    tais como fratura seguida de descolamento do msculo pterigoideo lateral (SPRINZ,

    1970).

    Gilhuus-Moe (1971) realizou experimentalmente em cobaias fratura unilateral

    do cndilo com desvio. Por meio de estudo histopatolgico e auto-radiogrfico foi

    observado um aumento da atividade da camada intermediria (proliferativa) do cn-

    dilo em ambos os lados. Concluiu que este fenmeno deve-se intensa capacidade de

    adaptao do cndilo mandibular.

    Craft et al. (1974) estudaram histologicamente o processo de reparo diante de

    fraturas de mandbula e de arco zigomtico experimentais em coelhos. Observaram,

    que aps uma semana, havia presena de tecido osteide a partir do peristeo; em

    duas semanas, tecido condride no trao de fratura e osteide na periferia; em trs

    semanas, presena de calo basicamente de osso trabecular; em quatro semanas, re-

    modelamento em osso cortical.

    Banks e Mackenzie (1975) realizaram osteotomias subcondilianas sem desvio

  • 31

    em macacos adultos. Aps perodos de trs a 12 meses verificaram deslocamento me-

    dial do cndilo. Histologicamente observaram sinais de remodelamento junto inser-

    o do msculo pterigoideo lateral nos perodos iniciais. Os autores acreditam que

    este msculo remodele sua insero, retornando a seu alinhamento normal.

    Ahmed et al. (1978) compararam os efeitos da reduo cruenta ou incruenta

    no tratamento da fratura de cndilo durante o perodo de crescimento em ces. Aps

    perodos de seis a 18 meses observaram diferena significante entre os lados operado

    e controle para a altura do ramo ascendente da mandbula. A anlise histolgica de

    superfcie articular revelou uma progressiva diminuio da espessura da fibrocartila-

    gem. Os resultados no mostraram diferena significante entre os mtodos de trata-

    mento, embora as alteraes fossem maior para o grupo com reduo cruenta.

    Markey, Potter e Moffett (1980) realizaram fratura de cndilo em macacos jo-

    vens, com bloqueio maxilo-mandibular prolongado. Por meio de marcadores metli-

    cos verificaram a ocorrncia de assimetria. Houve desvio e limitao da abertura da

    boca, recuperada em alguns meses. Concluram que outros fatores que podem com-

    plicar o trauma pr-existente poderiam levar a anquilose da ATM.

    Shimahara, Ono e Nakano (1985) realizaram experimentalmente fratura de

    cndilo unilateral sem desvio em ratos e compararam os resultados obtidos sem blo-

    queio intermaxilar e com bloqueio por uma semana e cinco semanas. O grupo fra-

    turado com bloqueio apresentou ganho de peso deficiente por 5 semanas. Exame his-

    tolgico mostrou intensa resposta inflamatria inicial e, aps cinco semanas, o grupo

    fraturado sem bloqueio apresentou reparao por proliferao cartilaginosa, porm o

    grupo fraturado com bloqueio apresentou ossificao intramembranosa em uma se-

    mana e na quinta semana apresentou deslocamento medial do fragmento aliado os-

    sificao intramembranosa.

    Granstrm e Nilsson (1987) avaliaram histologicamente o processo de reparo

    da fratura de mandbula experimental em ratos. Verificaram que inicialmente a rea

    da fratura foi preenchida por tecido de granulao, havendo reabsoro dos cotos

    sseos; aos quatro dias havia proliferao ssea a partir do peristeo, e aos seis dias a

  • 32

    partir do osso compacto; aos oito dias foi observado tecido cartilaginoso no trao da

    fratura; aos dez dias estava formado o calo sseo ao redor do trao de fratura; aos 14

    dias havia trabculas sseas no trao de fratura; aos 16 dias houve reabsoro da car-

    tilagem neoformada; aos 24 dias o local da fratura estava completamente preenchido

    por trabculas sseas, havendo remodelamento do calo sseo.

    Shimahara et al. (1987) realizaram experimentalmente em ratos fratura de

    cndilo unilateral com desvio, posio mantida por osteossntese durante um ms.

    Macroscopicamente havia desvio da linha mdia em parte dos animais e o cn-

    dilo apresentou desvio e alterao de forma at quatro meses, tendendo a voltar

    posio normal aos oito meses. Houve aumento de peso dos animais. Histologica-

    mente observaram reparao por proliferao cartilaginosa e ssea aos dois meses,

    havendo remodelamento na regio de colo aos oito meses.

    Mabuchi (1988) avaliou os efeitos da fratura unilateral no corpo mandibular

    sobre os cndilos de ratos recm-nascidos. A reparao da fratura iniciou-se pela de-

    posio de tecido de granulao aos trs dias, seguida de neoformao ssea iniciada

    aos nove dias e mais intensa aos 15 e 21 dias. Verificou diminuio da celularidade e da

    espessura de todas as camadas que compem a fibrocartilagem articular, em ambos os

    lados.

    O cndilo mandibular uma articulao sinovial que constitui um dos centros

    de crescimento da face. Por esse motivo, uma articulao que possui alta capacidade

    de adaptao funcional, sendo um dos modelos de eleio para o estudo do crescimen-

    to e do remodelamento cartilaginoso e sseo. Livne e Silbermann (1990) descrevem

    que, durante o perodo neonatal, o cndilo apresenta ossificao endocondral gerando

    alongamento do ramo mandibular; posteriormente h surgimento de um tecido con-

    juntivo fibroso no local, medida que a cartilagem se torna hipotrfica; nessa fase,

    tecido sseo compacto j visto ao redor do tecido cartilaginoso. Dois compartimentos

    celulares principais so descritos para o cndilo: a zona condroprogenitora, formada

    por clulas semelhantes a mesenquimais (com processos citoplasmticos alongados

    e pronunciado contato clula-clula) no vistas normalmente em outras articulaes

  • 33

    sinoviais; e uma zona cartilaginosa, contendo clulas cartilaginosas em diferentes es-

    tgios de maturao. Os autores concluem ser o cndilo de camundongo um excelente

    modelo para se estudar o crescimento e remodelamento cartilaginoso, bem como os

    efeitos do envelhecimento sobre esse tecido.

    Luz et al. (1991) avaliaram histologicamente os efeitos do trauma indireto sobre

    a ATM, em modelo utilizando ratos. Utilizaram ratos adultos submetidos ao trauma

    indireto sobre a ATM no lado direito, sendo o lado esquerdo como controle. Verifi-

    caram que apesar do trauma, os animais tiveram aumento de peso, sendo que nenhum

    apresentou limitao de abertura de boca. Os dados demonstraram que o impacto

    pde produzir fratura na fossa mandibular e leses na superfcie articular do cn-

    dilo e no disco articular. Inicialmente houve processo inflamatrio agudo. A seguir,

    observaram sinais de resposta proliferativa a partir das superfcies articulares. Aps

    um ms havia sinais de remodelamento sseo no ramo mandibular e aps trs meses,

    foram observadas estruturas articulares com caractersticas de normalidade e sinais de

    remodelamento.

    Yasuoka e Oka (1991) realizaram estudo histomorfomtrico do processo de

    reparo da fratura de cndilo experimental sem desvio em ratos na fase de crescimento.

    Histologicamente verificaram a formao de calo sseo, sendo a unio completa com

    osso trabecular, observada aps oito semanas. A morfometria mostrou aumento signifi-

    cante do volume sseo nas fases iniciais, o aumento significante das reas de osteides

    e osteoblastos no incio e aumento das reas de reabsoro no final do experimento.

    Concluram que o remodelamento sseo tem um papel importante na reparao das

    fraturas de cndilo na fase de crescimento.

    Monje et al. (1993) realizaram experimentalmente osteotomia subcondiliana em

    ratos jovens e adultos. Aps perodos de 20 a 60 dias verificaram radiograficamente

    deslocamento ntero-inferior do cndilo nos animais jovens, havendo leve deslocamen-

    to anterior nos animais adultos. Histologicamente observaram sinais de remodelamento

    articular em ambos os grupos, sendo que nos animais adultos ocorreu fibrose e reabsor-

    o ssea. Nos animais controle-operados no houve alteraes histolgicas.

  • 34

    Suuronen et al. (1994) avaliaram os efeitos de osteotomia e osteossntese a para-

    fuso no cndilo mandibular experimentalmente em carneiros. Verificaram radiogra-

    ficamente destruio ssea, osteofitos e achatamento do cndilo. Histologicamente

    observaram espessamento da cartilagem condilar, com limites imprecisos entre suas

    camadas.

    Yamamoto, Novelli e Luz (1997) em estudo experimental realizaram exodontia

    unilateral no incisivo superior em ratos jovens e verificaram seus efeitos no crescimen-

    to facial. Para avaliao cefalomtrica foram feitas incidncia axial e rostro-caudal do

    crnio fixado, bem como axial e lateral das hemi-mandbulas aps disseco. As men-

    suraes foram realizadas por meio de um sistema de computador, sendo na incidn-

    cia axial foi traada uma linha unindo as bulas timpnicas e a linha mdia da maxila

    e da mandbula, enquanto que na incidncia rostro-caudal foram utilizados pontos

    como arco zigomtico e incisura antegnica. Na incidncia axial aps disseco foram

    feitas mensuraes entre a bula timpnica, raiz mesial do primeiro molar, forame in-

    fra-orbitrio e ponto incisal. Na incidncia lateral das hemi-mandbulas utilizaram

    insero do incisivo, processo condilar, processo angular, face distal do terceiro molar

    e incisura antegnica. Foi observada assimetria facial apenas na regio anterior da

    maxila, com desvio para o lado operado.

    Goulart et al. (1998) em um estudo experimental com ratos jovens, analisaram

    os efeitos da fratura unilateral com desvio medial do arco zigomtico no perodo de

    crescimento. Foram feitas incidncia axial e rostro-caudal do crnio fixado. Na in-

    cidncia axial foi mensurada a profundidade da fossa infratemporal, utilizando a dis-

    tncia entre a cortical medial do arco zigomtico e a cortical lateral da mandbula e a

    distncia entre o plano mediano e os incisivos inferiores, utilizando perpendiculares

    dos pontos mdios entre as bulas timpnicas e entre os incisivos inferiores. Na in-

    cidncia rostro-caudal distncia entre o arco zigomtico mandbula foi medida

    entre o ponto de maior radiopacidade do arco zigomtico e a cortical lateral do ramo

    da mandbula. Observaram diferena significante para a profundidade da fossa in-

    fratemporal, sendo que nas demais mensuraes no foram verificadas alteraes.

  • 35

    Teixeira et al. (1998) avaliaram o processo de reparao condilar aps fratura

    unilateral seguida de desvio rotacional em ratos adultos. Os autores verificaram que,

    na primeira semana aps a fratura, os animais exibiram uma certa perda de peso, a

    qual foi gradativamente sendo recuperada ao longo do experimento, o qual finalizou

    aos 3 meses aps a fratura. Na anlise morfolgica da ATM, os autores verificaram, em

    24h aps a fratura, a presena de exsudato serofibrinoso no espao articular e inflama-

    o aguda na cpsula articular e nas fibras musculares ao redor; proliferao ssea e

    cartilaginosa foi vista na superfcie externa da fratura aps uma semana, bem como si-

    nais de reabsoro osteoclstica ao redor da linha de fratura e osso desvitalizado nessa

    regio; em duas semanas houve formao do calo sseo na linha de fratura e tecido de

    granulao na superfcie articular; com um ms de experimento, os autores verificaram

    osso neoformado, diminuio da cartilagem e remanescentes discretos de tecido sseo

    necrtico; no espao articular foi registrada a presena de tecido conjuntivo; por fim,

    aos 3 meses o processo condilar apresentou caractersticas de normalidade, com linhas

    basoflicas de aposio na regio subcondilar indicativas de remodelao.

    Rocha et al. (1999) em estudo experimental, realizaram fratura unilateral do

    arco zigomtico em ratos jovens e verificaram os efeitos no crescimento facial. Foi feita

    incidncia axial do crnio seco e lateral das hemi-mandbulas. Na incidncia axial

    utilizaram pontos como a cortical lateral do crnio, cortical medial do arco zigomtico,

    bula timpnica, raiz mesial do primeiro molar, forame infra-orbitrio e ponto incisal.

    Na incidncia lateral das hemi-mandbulas utilizaram o processo condilar, processo

    angular, face distal do terceiro molar, incisura antegnica e insero do incisivo.

    Observaram diferena a menor para a altura do corpo e do ramo da mandbula, no

    havendo diferena para as demais mensuraes.

    Luz e Arajo (2001) em estudo experimental avaliaram fratura subcondilar

    unilateral seguida de rotao em ratos jovens. Foram realizadas mensuraes cefa-

    lomtricas para avaliar o ngulo de desvio da linha mdia mandibular. Verificaram

    a ocorrncia de assimetria facial com desvio mandibular mais acentuado no grupo

    experimental. Os autores observaram que, em uma semana aps a fratura, os animais

  • 36

    fraturados apresentaram significativa reduo de peso corpreo, o qual aumentou em

    duas semanas e tornou a diminuir significativamente aps 1 ms de fratura. Ao final,

    houve recuperao do peso corpreo, porm este foi menor do que o dos animais sem

    fratura condilar. Os dados histolgicos mostraram inicialmente exsudao neutrof-

    lica e serofibrinosa junto ao trao de fratura. Uma semana aps, reas de prolifera-

    o de tecido cartilaginoso e sseo junto ao trao de fratura foram observadas. Duas

    semanas aps, formao exuberante de calo sseo foi verificada. Aps um ms, o

    processo condilar apresentava caractersticas de normalidade, estando centralizado na

    fossa mandibular, mesmo achado observado aos trs meses. Os autores apontam que

    a fratura condilar influenciou de alguma maneira na capacidade mastigatria dos ani-

    mais, os quais ainda se encontravam no perodo de crescimento condilar. Os autores

    concluram que a reparao condilar em ratos jovens ocorre mais rapidamente e de

    forma mais eficaz do que nos ratos adultos.

    Rodrigues e Luz (2001) realizaram um estudo experimental para avaliar

    as conseqncias da remoo do cndilo mandibular no crescimento da maxila e

    da mandbula em ratos jovens. Para avaliao das alteraes foram realizadas in-

    cidncias radiogrficas axial e rostro caudal do crnio fixado, e axial e lateral das

    hemimandbulas; sendo feitas mensuraes cefalomtricas para verificar o desvio

    da linha mdia por meio de um ngulo formado pelo ponto mdio entre a bula

    timpnica e o ponto entre os incisivos. Para avaliar as alteraes da maxila foram

    feitas mensuraes entre a bula timpnica e a raz mesial do primeiro molar su-

    perior e entre o forame infla-orbitrio e entre o forame e o ponto incisal. Para

    avaliar as alteraes da mandbula, em referncia altura, a distncia entre a in-

    cisura antegnica e a interseco da face distal do terceiro molar inferior com o ramo

    da mandbula, e ao comprimento a distncia entre a insero do incisivo no osso e o

    processo angular. Houve desvio significante da linha mdia mandibular no grupo

    experimental, reduo da altura do ramo mandibular, bem como do seu comprimento.

    Houve reduo para o comprimento da maxila.

    Takatsuka et al. (2005) verificaram a influncia da idade e o grau de desloca-

  • 37

    mento da mandbula durante a reparao das fraturas condilares. Observaram nos

    animais jovens que a reparao da fratura foi completa independente do grau de deslo-

    camento. Nos animais adultos a reparao foi completa , porm no grupo com maior

    deslocamento houve uma reduo da altura do ramo mandibular com alteraes de

    fibrocartilagem. Concluram que deformaes condilares ocorrem quando o desloca-

    mento dos fragmentos maior.

    A cartilagem do cndilo mandibular difere-se da cartilagem primria na orga-

    nizao morfolgica dos condrcitos e na resposta ao estresse biomecnico e fatores

    humorais. Neste estudo foi descrito a morfogentica da protena 3 do osso (Bmp3)

    em relao aos tipos I, II e X de colgeno mRNA, em condrcitos de cartilagem do

    cndilo mandibular de ratos, cartilagem articular femural, cartilagem aumentada de

    placa femural de crescimento e cartilagem temporal. Na remodelao ssea, Bmp3 foi

    verificada em clulas ativas de osteoblastos, em peristeo ps-fratura. Bmp3 tambm

    foi encontrada em camadas de peristeo de segmentos de osso prximo a local de fra-

    tura durante a cicatrizao. Sugere-se ento que Bmp3 em cartilagem articular podem

    ser reguladas por estimulao mecnica de estresse (ZHENG et al., 2005).

    Teixeira, Teixeira e Luz (2006) realizaram um estudo experimental para

    avaliar as alteraes sseas aps a fratura de cndilo no perodo de crescimento

    em ratos jovens. O grupo experimental foi submetido fratura de cndilo uni-

    lateral e para o grupo controle-operado somente foi realizado o acesso cirrgico.

    Aps trs meses, foram sacrificados e realizaram a avaliao cefalomtrica por

    meio de incidncias axial do crnio e lateral das hemimandbulas. Concluram

    que a fratura experimental do cndilo mandibular durante o perodo de crescimen-

    to em ratos induziu a alteraes degenerativas do cndilo, bem como assimetria da

    mandbula, afetando a altura do corpo, tambm levando conseqncias para a

    maxila.

    Porto, Vasconcelos e Silva Junior (2008) induziram experimentalmente o

    desenvolvimento de anquilose por meio da remoo do disco e leso articular na

    ATM de ratos. Houve perda de peso no perodo de 7 dias, com ganho nos demais

  • 38

    perodos. Por meio de estudo histolgico verificaram que no houve formao

    ssea entre o cndilo mandibular e o osso temporal, porm ocorreu desenvolvi-

    mento de anquilose fibrosa na maioria dos animais.

    2.3 Condies sistmicas aps fratura

    Os trabalhos tm evidenciado, contudo, que, independentemente das tcnicas

    cirrgicas empregadas, a perda de peso decrescente medida que ocorre consolida-

    o da fratura (THALLER; REAVIE; DANILLER, 1990).

    As alteraes do metabolismo orgnico, provocadas pelo traumatismo e pela

    cirurgia produzem inmeros problemas relacionados com o metabolismo protico,

    lipdico e de carboidratos. Freqentemente os pacientes apresentam dificuldade de

    ingesto, por obstruo do tubo digestivo. Dos pacientes hospitalizados, 30 a 50%

    apresentam desnutrio moderada ou grave como conseqncia, quer de sua doena

    primria quer da teraputica utilizada no tratamento da doena bsica. Em muitas

    circunstncias, a doena primria conduz a desnutrio que, por sua vez, induz s al-

    teraes da cicatrizao, anemia, reduo da imunocompetncia, reduo da resistn-

    cia infeco e, septicemia que leva piora da desnutrio, insuficincia de mltiplos

    rgos e morte. Fraturas faciais, principalmente mandibulares, acarretam perda de

    peso nos pacientes, decorrentes da dificuldade de mastigao, bem como desnutrio

    moderada a grave em 30% dos pacientes (MACHADO, 1993).

    Rodrigues, Luz e Miori (1999) coletaram os dados de hemograma (contagem de

    eritrcitos, linfcitos, moncitos, neutrfilos e eosinfilos, leuccitos totais, hemoglo-

    bina, volume globular, volume globular mdio) e de bioqumica do sangue (glicose,

    uria, creatinina, sdio e potssio) de pacientes portadores de fraturas de face. Os au-

    tores verificaram leucocitose em 50% dos pacientes, neutrofilia em 68,7% e hiperglice-

  • 39

    mia em 26,9% dos analisados.

    Kaplan, Hoard e Park (2001) realizaram um estudo com 29 pacientes jovens,

    sendo um grupo com fraturas mandibulares localizadas no ngulo da mandbula com

    mobilizao imediata e outro com duas semanas de imobilizao com fixao interna

    rgida com placas de titnio de 2mm. Todas as fraturas no envolviam alvolos, cn-

    dilo, ramo e maxila. As avaliaes foram feitas aps a 6 semana, trs e seis meses veri-

    ficando a presena de: dor, reparao da fratura com ou sem unio, ocluso, trismo,

    estado do ferimento, infeco, higiene dental e perda de peso . No houve diferena

    significante entre os grupos, apenas observaram que foi significante apenas a perda

    de peso de 3,6 e 4,5 kg e trismo , de 4,2 e 4,6 cm, respectivamente.

    Oliveira (2003) realizou um estudo experimental com ratos adultos (Lewis)

    para avaliar a influncia do residronato sdico como adjuvante no tratamento aps

    15 dias de fraturas nas tbias direitas, em animais nutridos e submetidos desnutrio

    experimental. Foram analisadas a evoluo ponderal, a radiogrfica, densitomtrica

    e histomorfomtrica do calo sseo e dosagens sricas do clcio, fsforo, fosfatase al-

    calina, protenas totais, albumina e osteocalcina. Observou uma perda de peso nos

    grupos com dieta aprotica em duas semanas, persistindo at o final do experimento

    e reduo dos nveis sricos de clcio, fosfatase alcalina, protenas totais e albumina.

    Concluram que o residronato exerceu influncia no processo de consolidao das fra-

    turas, interferindo positivamente na densidade mineral ssea dos animais e na quali-

    dade do osso neoformado.

    O aumento de valores de albumina em fraturas podem ser explicado pelo pro-

    cesso inflamatrio causado pela prpria fratura, que aumenta as protenas circulantes

    especialmente da matriz precursora ssea e mediadores da inflamao principalmente

    os precursores do colgeno (BORYS et al., 2004).

    Luz e Rodrigues (2004) verificaram as variaes dos valores de hemoglobina e

    de hematcrito no ps-operatrio de 1 semana, 3 semanas e 6 semanas de cirurgia

    ortogntica da mandbula. Os autores detectaram reduo na taxa de hemoglobina

    e hematcrito entre o pr-operatrio e o ps-operatrio de 6 semanas, havendo uma

  • 40

    lenta recuperao entre o pr e o ps-operatrio.

    Dwyer et al. (2005), avaliaram 43 pacientes, com idade mdia de 28 anos, com

    fraturas expostas de membros inferiores durante 40 semanas. Foram utilizados os

    parmetros antropomtricos, bioqumicos e hematolgicos para analisar suas relaes

    com a cicatrizao de partes moles aps trauma. Na fase inicial , verificou-se que vinte

    e um pacientes estavam desnutridos. Uma dieta e a ingesto de boa alimentao re-

    duziu a desnutrio, restando apenas 13 pacientes desnutridos aps 40 semanas. Entre

    os parmetros aplicados para determinar o estado nutricional utilizaram exames bio-

    qumicos com a determinao de valores de creatinina, albumina srica, transferrina

    srica e contagem total dos linfcitos . Verificaram que a cicatrizao de tecido mole foi

    em menor tempo quando o ndice de creatinina apresentava-se normal e com atraso

    quando o nvel de albumina srica apresentava-se com reduo.

    Kommenou et al. (2005) verificaram a correlao entre a atividade da fosfatase

    alcalina, clcio e fsforo com a reparao de fraturas fechadas de ossos longos em ces.

    Foi feita a determinao da atividade da fosfatase alcalina, concentrao de clcio e

    fsforo. Para a diviso em grupos foi considerada a evoluo da formao do calo

    sseo, sendo grupo A desenvolveram calos de tamanho mdio com reparao em 2

    meses. O grupo B com hipertrofia calosa e com demora na unio ssea de 3 a 5 meses.

    O grupo C, com processo lento e formao de calo sseo reduzido sem unio dos cotos

    no perodo de dois meses. A fosfatase alcalina nos grupos A e B teve aumento mximo

    aos 10 dias. O grupo A retornou ao normal com 60 dias e no grupo B, de 3 a 5 meses. O

    grupo C no mostrou alteraes significativas. O fsforo e o clcio tiveram alteraes

    proporcionalmente inversas s da fosfatase alcalina. Concluram que a determinao

    em srie das atividades da fosfatase alcalina durante a reparao de fratura pode ser

    auxiliar na avaliao do processo de neoformao ssea, colaborando na escolha apro-

    priada da interveno clnica.

    Seebeck et al. (2005) avaliaram a correlao entre parmetros serolgicos duran-

    te o desenvolvimento do calo sseo em fratura da tbia de ovelhas. Houve formao

    de calo sseo e todos os parmetros serolgicos mostraram amplas variaes individuais

  • 41

    no grupo fraturado e controle. O nvel da fosfatase cida foi reduzido durante a formao

    do calo sseo e o nvel do pr-colgeno tipo II teve um aumento. A osteocalcina apresen-

    tou decrscimo significante. Houve aumento de clcio, a fosfatase alcalina mostrou uma

    reduo da fosfatase alcalina especfica ssea, bem como da fosfatase alcalina resistente.

    Porm no foi significante a diferena para a serologia de fosfatase alcalina total, bem como

    a proporo fosfatase alcalina especfica ssea / fosfatase alcalina total entre os grupos.

    Hughes et al. (2006) realizaram um estudo experimental para verificar os efeitos

    da ingesto de dieta protica e aminocidos para os msculos e na consolidao ssea

    aps fratura no fmur de ratos adultos. Sendo um grupo controle e um grupo com di-

    eta hipoprotica (6% protica). Aps a fratura foram subdivididos em grupos com di-

    eta de 6% de protena; 15% de protena e 30% de protena associado com aminocidos.

    O fmur foi avaliado com exames radiogrficos, histomorfomtrico dos calos e teste de

    toro. Os msculos quadrcepes foram avaliados por massa total, contedo total de

    protena. Dos resultados, o grupo com 30% de protenas aps 6 semanas apresentou

    elevao de albumina, massa corprea e muscular, protena total no msculo e densi-

    dade ssea quando comparados com os grupos com 6% de protenas. Na anlise do

    msculo, os testes biomtricos do fmur no mostraram diferena significativa. Con-

    cluram que dietas suplementares de aminocidos em animais desnutridos tiveram

    efeitos anablicos na reparao ssea, massa corprea e muscular.

    Miller et al. (2006) estudaram um grupo de 68 pacientes hospitalizados, com

    idade mdia de 70 anos, classificados como subnutridos, com fratura de membro in-

    ferior, sendo que 50% apresentavam dano cognitivo. Estes pacientes receberam dieta

    energtica e protica entre 3 a 5 dias, aps 6 dias do trauma. As necessidades proti-

    cas foram calculadas como sendo 1g/Kg/dia. Verificaram que os pacientes, incluindo

    queles com danos cognitivos no atingiram as necessidades energtica e protica apenas

    com a dieta enriquecida.

  • 42

    2.4 Efeitos da desnutrio

    Segundo a Organizao Mundial de Sade (WHO, 1962) a desnutrio um

    quadro de carncia protico-calrica que abrange formas graves de doenas, como o

    marasmo (suprimento calrico insuficiente) e o Kwashiorkor (privao protica grave),

    alm de fases e formas moderadas.

    Estima-se que a desnutrio acometa cerca de metade a dois teros da popu-

    lao mundial. A prevalncia de molstia infecto-contagiosa, em reas onde a fome

    endmica, torna a situao ainda mais sria, uma vez que a resistncia infeco

    nessas populaes bem menor. Como conseqncia , a gravidade dos processos in-

    fecciosos e a mortalidade so maiores na populao desnutrida, sobretudo na criana,

    que representa o grupo etrio mais vulnervel aos seus efeitos (YUNES, 1976).

    Tem sido relatada a importncia da sntese de colgeno no processo de calci-

    ficao. Neste estudo, Nakamoto e Miller (1979a) verificaram a sntese de colgeno,

    deposio de clcio e meia-vida do clcio na mandbula e nos ossos longos de ratos

    recm-nascidos com dieta hipoprotica (6%) e em grupo controle (25%). Observaram

    interferncia na sntese de colgeno nos ossos longos dos animais com desnutrio

    protica. Entretanto, a absoro do clcio ocorre em paralelo com a formao da ma-

    triz ssea e foi equivalente nos dois grupos. A meia-vida do clcio nos ossos longos e

    da mandbula nos dois grupos foi de 72 horas, apenas diferenciou-se nos ossos longos

    do grupo controle, com meia-vida de 100 horas.

    Nakamoto e Miller (1979b) estudaram a influncia de uma dieta hipoprotica

    no desenvolvimento mandibular de ratos recm-nascidos, criando um modelo experi-

    mental de desnutrio calrico-protica moderada. Os autores compararam o desen-

    volvimento mandibular com o dos ossos longos (fmur e tbia) no tocante a peso e

    quantidade de clcio, DNA e RNA e protenas. Verificaram que o peso das mandbulas

    dos ratos desnutridos reduziu significativamente em relao ao controle, porm isso

  • 43

    no afetou, na mdia, o crescimento mandibular. Houve maior reduo de peso nos

    ossos longos em comparao mandbula, o que sugere que o osso mandibular deva

    ter algum mecanismo compensatrio de privao protica. As mandbulas exibiram

    calcificao satisfatria em comparao aos ossos longos, assim como quantidade de

    protenas muito prxima do controle. J a quantidade de DNA e RNA nas mandbulas

    com privao protica excederam substancialmente a do controle.

    Em outro experimento, Nakamoto, Porter e Winkler (1983) verificaram os

    efeitos da desnutrio protica sobre o metabolismo de centros de crescimento em

    mandbulas e ossos longos de ratos recm-nascidos com historia gestacional de desnu-

    trio. Esses animais apresentaram reduo do peso mandibular e dos ossos longos

    e maior quantidade de clulas e de clcio na mandbula em relao ao controle. Nos

    ossos longos essas quantidades no foram alteradas, o que levou os autores a concluir

    que o metabolismo sseo nos diferentes centros de crescimento submetido a estresse

    nutricional apresenta comportamento distinto considerando-se a mandbula e os ossos

    longos.

    Alippi et al. (1984) realizaram estudo experimental em ratos para verificar os

    efeitos da dieta livre de protenas no desenvolvimento esqueltico de mandbulas de

    ratos. Um grupo com dieta livre de protenas e outro com 20% de casena. Medidas

    lineares da mandbula foram feitas para avaliar o crescimento. Verificaram diferen-

    as significantes entre as distintas medidas. Como resultado, verificaram que quando a

    mandbula foi considerada como um todo, observou-se que o efeito das dietas foi diferente.

    A mdia do peso mandibular e a espessura foi maior no grupo controle. Concluram

    que nos ratos com dieta livre de protenas ocorreram alteraes nas propores sseas

    mandibulares com deformaes sseas.

    Jones, Simson e Friedman (1984) em estudo com ratos que sofreram desnu-

    trio intra-uterina observaram hiperfagia e acmulo de gordura corporal no incio da

    vida adulta, sugerindo que a obesidade poderia ocorrer como uma seqela de desnu-

    trio energtico-protica anterior. Esta seqela ocorreria devido a uma modificao

    na regulao do sistema nervoso central no sentido de facilitar prioritariamente o

  • 44

    acmulo de gordura corporal com o intuito de promover um balano energtico posi-

    tivo quando a disponibilidade de alimentos aumentasse.

    Miwa et al. (1989) estudando fetos de ratos submetidos restrio protica,

    verificaram que as mandbulas dos animais apresentaram altas taxas de protenas e

    de hexosamina em relao calvria e baixas taxas de clcio em ambos os ossos. A

    mandbula apresentou menores quantidades de subunidades de proteoglicanas de

    baixo peso molecular, as quais apresentavam-se dissociadas. Os autores concluram que

    a degradao insuficiente de proteoglicanas parece ser o motivo da pouca mineralizao

    observada nos ossos do feto.

    Rodrigues e Zucas (1991) realizaram um estudo para verificar o efeito da des-

    nutrio energtica e/ou protica na evoluo da formao do calo sseo em fratu-

    ras do mero esquerdo de ratos Wistar, na fase de crescimento e adulta. As fontes

    proticas foram protena da soja e o leite em p desnatado. A desnutrio energtica

    foi conseguida pela ingesto de uma dieta equivalente a 60% do grupo ad libitum. As

    observaes radiogrficas dos ossos fraturados no mostraram de maneira consistente

    a influncia da desnutrio na evoluo da formao do calo sseo. Os ratos jovens

    mostraram evidncias de uma regenerao ssea mais rpida e houve um retardo na

    evoluo do calo sseo dos animais adultos cuja rao foi hipoprotica.

    Guarniero et al. (1992) realizaram um estudo para verificar os efeitos da desnu-

    trio protica na reparao de fraturas de tbia em ratos. Foi analisada a variao do

    peso, a cicatrizao da fratura por radiografia do calo sseo, a avaliao macroscpica

    da resistncia mecnica do calo sseo e o exame histolgico. Concluram que nos gru-

    pos com dieta normal e renutridos, houve formao de calo sseo normal, com tecido

    regular, e nos grupos com desnutrio protica houve formao de tecido fibroso com

    menor formao de tecido sseo.

    Konno et al. (1993) avaliaram o efeito da dieta aprotica ou a restrio de dieta

    no sistema imunolgico de ratos em diferentes idades. Observaram nos animais com

    dieta aprotica uma reduo do timo e reduo das clulas linfocitrias T. O efeito

    depressivo do sistema imunolgico foi mais importante em ratos jovens que nos adul-

  • 45

    tos. Os resultados sugeriram que a funo do timo alterada diante da deficincia de

    protenas, consideraram que a dieta balanceada necessria para o amadurecimento

    imunolgico em estagio precoce da vida, preservao das funes imunolgicas em

    idosos, e que animais com funes imunolgicas aumentadas so mais resistentes

    desnutrio.

    Segundo o UNICEF (1994) para cada uma das crianas mortas devido desnu-

    trio energtico-protica, outras seis sobrevivem imersas na fome e na doena. Na

    Amrica do Sul, um estudo da mortalidade na infncia revelou que a desnutrio ener-

    gtico-protica e/ou baixo peso de nascimento estiverem presentes em 57% dos bitos

    em menores de 5 anos.

    O estado de desnutrio pode ser considerado primrio: quando h ingesto

    inadequada de nutrientes devido falta ou relao imprpria de alimentos, se-

    cundrio: decorrente da ingesto inadequada de nutrientes como seqela de doenas

    que levam a problemas de ingesto, mastigao, deglutio, digesto e absoro, e ter-

    ciria: resultante da administrao de solues endovenosas em ambiente hospitalar,

    tendo uma caracterstica iatrognica (AUN, 1997).

    Chandra (1999, 2002) considerou que a dieta e imunidade esto inter-relaciona-

    das, pois deficincias nutricionais prejudicam a resposta imunolgica e resultam com

    freqncia em infeces graves resultando no aumento da mortalidade, especialmente

    em crianas. A desnutrio protica energtica resulta em reduo do nmero e fun-

    es dos linfcitos T, clulas fagocitrias e na resposta do anticorpo imunoglobulina

    A secretora. O uso de suplementos estimula a imunidade e pode resultar em reduo

    de infeces, principalmente nos idosos, recm -nascidos de baixo peso e pacientes

    desnutridos em hospital.

    Costa et al. (2000) realizaram um estudo experimental para avaliar a eficcia

    da suplementao com melao na dieta de ratos normais e depletados. Grupos com:

    casena com 10,14% de protena, melao casena com 10,14% de protena e melao a

    12,50% depletado controle e depletado melao sem protena. A rao e o peso foram

    controlados para o clculo do coeficiente de eficcia alimentar (CEA). Para a anlise

  • 46

    bioqumica, a coleta de 2ml de sangue foi feita por puno cardaca, colocados em tu-

    bos contendo anticoagulante EDTA para determinar a hemoglobina. Verificaram que

    o consumo de rao pelo grupo com suplemento de melao foi maior (9%) em relao

    ao grupo controle, porm no houve aumento significativo de peso, embora o CEA

    tenha sido inferior neste grupo em comparao ao grupo com casena, sem depleo.

    Como resultado observaram que no houve aumento significativo na concentrao

    mdia de hemoglobina.

    Campos (2001) realizou um estudo sobre o efeito do complexo ossena hidroxi-

    apatita na consolidao das fraturas fechada do tero mdio da tbia esquerda na des-

    nutrio protica em ratos. Todos os animais foram submetidos fratura Aps 4 sema-

    nas foi realizado estudo radiogrfico, planimtrico, densitomtrico, controle de peso;

    histolgico e histomorfomtrico e anlise bioqumica - dosagem de clcio, fsforo, fos-

    fatase alcalina, protenas totais, albumina e osteocalcina. Concluiu-se que o complexo

    ossena hidroxiapatita no interferiu na formao do calo sseo tanto dos nutridos

    como nos desnutridos, contudo, interferiu em alguns resultados como na dosagem de

    albumina e de fosfatase alcalina, na planimetria e no peso dos animais.

    Day e DeHeer (2001) realizaram um estudo experimental em ratos com dieta

    hipoprotica (6% de protena) e dieta convencional (20% de protena) em fratura de

    fmur e aplicaram testes mecnicos de resistncia para avaliao da consolidao s-

    sea. Observaram que animais com desnutrio protica produziram calos compostos

    de tecido tipo fibroso, com reduo de peristeo e calos externos. Baseados nos testes

    mecnicos, os calos de animais desnutridos mostraram reduo de resistncia e dureza

    quando comparados com os demais grupos. Concluram que a privao de protena

    tem um efeito prejudicial na consolidao de fratura. A identificao do estado de des-

    nutrio protica e seu reverso podem resultar na melhora do resultado e provavel-

    mente uma melhora clnica dos pacientes desnutridos.

    Pallaro, Roux e Slobodianik (2001) estudaram o efeito da dieta hipoprotica

    (6,5% de protena) na proliferao celular e maturao do timo em ratos jovens. Veri-

    ficaram a ingesto de alimento, peso corpreo, peso do timo, nmero total de timci-

  • 47

    tos e a porcentagem de antgeno fenotpico timoctico. Os resultados indicaram que o

    consumo de dieta hipoprotica causa atrofia do timo em ratos em crescimento, com

    reduo significante do total de clulas linfocitrias T, concomitante com o aumento

    de timcitos imaturos. Concluram que a dieta hipoprotica um fator que limita rea-

    es qumicas de clulas intratmicas, provavelmente relacionadas com a necessidade

    de aminocidos especficos para uma resposta imune mais favorvel.

    SantAna et al. (2001) estudaram experimentalmente a presena de gordura

    retroperitonial e ratos adultos desnutridos. O grupo experimental teve uma reduo

    de 14,8% do peso corporal e um aumento na mdia de gordura peritonial de 8,7, com-

    parando-se com o grupo controle com 7,43. Sugeriram que no grupo experimental,

    apesar da reduo de peso apresentada, os mesmos de fato ganharam peso devido ao

    acmulo de gordura proveniente do excesso de carboidrato presente na dieta hipo-

    protica oferecida, o que provocou uma alterao da composio corporal com au-

    mento da gordura em relao massa magra dos animais desnutridos.

    Laing e Fraser (2002) examinaram os possveis efeitos de deficincia nutricional

    nas caractersticas do transporte de protenas no plasma pela vitamina D e no metabo-

    lismo (vitamina D com protena) no crescimento de ratos. A dieta deficiente em pro-

    tenas e energia pode reduzir a concentrao de protena e vitamina D na circulao.

    Contudo, observaram que a vitamina D e protena plasmtica podem no ser afetada

    pela dieta deficiente em clcio. Nenhum dos fatores da dieta examinados teve influn-

    cia. Observaram que ratos com deficincia de protenas parecem ter dificuldade em

    manter adequadamente concentraes de clcio na circulao. A introduo de dieta

    hiperprotica e energtica podem constituir um novo mecanismo que pode ajudar a

    explicar a associao observada entre desnutrio e o desenvolvimento de doenas

    metablicas sseas e a avaliao celular das alteraes da vitamina D associada pro-

    tena pode ser um instrumento.

    Arajo et al. (2003 a,b) utilizaram a mesma metodologia de desnutrio em ratos

    adultos para verificar seus efeitos sobre o plexo mioentrico do colo descendente. Encon-

    traram uma reduo de 11,84% no peso corporal dos animais submetidos dieta com teor

  • 48

    protico de 8% e restrio de vitaminas do complexo B e sugerem que estas biomolculas,

    em quantidade balanceada, so fundamentais para o ganho de peso, superando a importn-

    cia do amido que estava presente em excesso na dieta utilizada. Sugeriram que, apesar da

    diluio dos nveis proticos e vitamnicos atravs da adio de amido, as concentraes que

    restaram podem ter sido suficientes para evitar manifestaes clnicas da desnutrio.

    Guarniero et al. (2003) estudaram a influncia da nutrio protica na con-

    solidao de fraturas de tbia esquerda em ratos. Para a avaliao dos resultados

    foram utilizadas medidas clnicas, bioqumicas, radiogrficas, densitomtricas e his-

    tomorfomtricas. Nos resultados verificaram uma diminuio acentuada do peso com

    dieta aprotica, tambm queda nos nveis de protenas totais e albumina quando com-

    parados com o grupo de dieta normal e hiperprotica. Na consolidao da fratura, no

    grupo de dieta aprotica observou-se um caso de no consolidao e o restante com

    consolidao intermediria. Nas mensuraes quantitativas, o calo sseo apresentou-

    se com maior rea e maior resistncia em animais com dieta hiperprotica. A maior

    resistncia pode ser possvel pela maior quantidade das estruturas orgnicas e no

    pelo aumento da concentrao de minerais. Concluiu-se que a dieta hiperprotica

    alterou a consolidao ssea produzindo um calo maior e mais resistente, mas no al-

    terou a qualidade em concentrao de clcio e em porcentagem a quantidade de tecido

    sseo.

    Zanin (2003) avaliou o efeito da deficincia de protenas e vitaminas do com-

    plexo B no plexo mioentrico do duodeno de ratos adultos. No grupo controle foi

    oferecido por 120 dias sem restries rao comercial com vitaminas do complexo B e

    teor protico de 22%. Ao grupo experimental foi oferecido por 120 dias dieta com teor

    protico de 8% obtido com a adio de amido e sem a suplementao de vitaminas. Ao

    final do experimento, os animais apresentaram perda de peso, reduo das protenas

    totais e albumina. No hemograma, no houve alterao para ambos os grupos. Por

    meio da tcnica da NADH-diaforese verificou-se que houve diferena no tamanho dos

    neurnios, pouca evidncia dos neurnios e malhas tercirias no grupo experimental.

    Tambm houve reduo no nmero e densidade dos neurnios. Porm no houve

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    diferena estatisticamente significante.

    Santos et al. (2004) avaliaram a concentrao de testosterona, comportamento

    sexual e nvel de protena andrgeno receptora em ratos adultos machos, submetidos

    dieta hipoprotica e energtica por 30 dias. Divididos em grupo controle com dieta

    padro contendo 23% de protenas, grupo com restrio protica , dieta com 8% de

    protena e acrscimo de vitaminas e minerais preparadas em laboratrio, e o grupo

    com restrio energtica consumindo 50% da dieta padro. Como resultado verifi-

    caram que o grupo experimental apresentou alterao no nvel de protena andrgeno

    receptora; na concentrao de testosterona e no comportamento sexual.

    O crescimento e desenvolvimento do esqueleto humano requerem um supri-

    mento adequado de muitos fatores nutricionais diferentes. Deficincias clssicas nutri-

    cionais so associadas com o nanismo (energia, protena e zinco), raquitismo (vitamina