2018 JANEIRO/MARÇO IMUNOALERGOLOGIA - spaic.pt15).pdf · Manuel Branco Ferreira Serviço de...

of 82 /82
2018 JANEIRO/MARÇO VOLUME XXVI NÚMERO 1 EDITORIAL Luís Miguel Borrego, Mariana Couto NORMAS DE PUBLICAÇÃO DETALHADAS ARTIGO DE REVISÃO Alergia a galactose‑α‑1,3‑galactose Allergy to galactose‑α‑1,3‑galactose Joana Pita, Alexandru Ciobanu, Carlos Loureiro, Ana Todo‑Bom ARTIGOS ORIGINAIS Aeromicologia de Lisboa e a sua relação com os fatores meteorológicos Aeromycology of Lisboa and its relation with meteorological factors Raquel Ferro, Carlos Nunes, Elsa Caeiro, Irene Camacho, Miguel Paiva, Mário Morais‑Almeida Intensidade da dor associada à administração de imunoterapia subcutânea com alergénios Intensity of pain associated with subcutaneous administration of allergen immunotherapy Amélia Spínola Santos, Joana Cosme, Mara Fernandes, Cândida Machado, Anabela Resende, Manuel Pereira Barbosa PÁGINA EDUCACIONAL mINSPIRERS – Estudo da exequibilidade de uma aplicação móvel para medição e melhoria da adesão à medicação inalada de controlo em adolescentes e adultos com asma persistente mINSPIRERS – Feasibility of a mobile application to measure and improve adherence to inhaled controller medications among adolescents and adults with persistent asthma Cristina Jácome, Rui Guedes, Rute Almeida, João Fonseca Teixeira, Bernardo Pinho, Pedro Vieira‑Marques, Rita Vilaça, José Fernandes, Ana Ferreira, Mariana Couto, Tiago Jacinto, Altamiro da Costa Pereira, João Almeida Fonseca, pelo grupo INSPIRERS CASO CLÍNICO Hipersensibilidade alérgica a componentes de silicone de pacemaker: Uma nova causa de dermatite de contacto? Allergy to pacemaker silicone compounds: A new cause of contact dermatitis? Letícia Pestana, Ana Mendes, Pedro Marques, Manuel Pereira Barbosa ARTIGOS COMENTADOS Coordenação: Graça Loureiro, José Geraldo Dias, Natacha Santos NOTÍCIAS PRÉMIOS DA SPAIC REVISTA PORTUGUESA DE IMUNOALERGOLOGIA ÓRGÃO OFICIAL

Embed Size (px)

Transcript of 2018 JANEIRO/MARÇO IMUNOALERGOLOGIA - spaic.pt15).pdf · Manuel Branco Ferreira Serviço de...

  • 2018 JANEIRO/MARO VOLUME XXVI NMERO 1

    EDITORIALLus Miguel Borrego, Mariana Couto

    NORMAS DE PUBLICAO DETALHADAS

    ARTIGO DE REVISOAlergia a galactose 1,3 galactoseAllergy to galactose 1,3 galactoseJoana Pita, Alexandru Ciobanu, Carlos Loureiro, Ana Todo Bom

    ARTIGOS ORIGINAISAeromicologia de Lisboa e a sua relao com os fatores meteorolgicosAeromycology of Lisboa and its relation with meteorological factorsRaquel Ferro, Carlos Nunes, Elsa Caeiro, Irene Camacho, Miguel Paiva, Mrio MoraisAlmeida

    Intensidade da dor associada administrao de imunoterapia subcutnea com alergniosIntensity of pain associated with subcutaneous administration of allergen immunotherapyAmlia Spnola Santos, Joana Cosme, Mara Fernandes, Cndida Machado, Anabela Resende, Manuel Pereira Barbosa

    PGINA EDUCACIONALmINSPIRERS Estudo da exequibilidade de uma aplicao mvel para medio e melhoria da adeso medicao inalada de controlo em adolescentes e adultos com asma persistentemINSPIRERS Feasibility of a mobile application to measure and improve adherence to inhaled controller medications among adolescents and adults with persistent asthmaCristina Jcome, Rui Guedes, Rute Almeida, Joo Fonseca Teixeira, Bernardo Pinho, Pedro Vieira Marques, Rita Vilaa, Jos Fernandes, Ana Ferreira, Mariana Couto, Tiago Jacinto, Altamiro da Costa Pereira, Joo Almeida Fonseca, pelo grupo INSPIRERS

    CASO CLNICOHipersensibilidade alrgica a componentes de silicone de pacemaker: Uma nova causa de dermatite de contacto?Allergy to pacemaker silicone compounds: A new cause of contact dermatitis?Letcia Pestana, Ana Mendes, Pedro Marques, Manuel Pereira Barbosa

    ARTIGOS COMENTADOSCoordenao: Graa Loureiro, Jos Geraldo Dias, Natacha Santos

    NOTCIAS

    PRMIOS DA SPAIC

    REVISTA PORTUGUESA DE

    IMUN

    OALE

    RGOL

    OGIA

    RGO OFICIAL

  • COMUNICAO EM SADE

    INTERNOS DE IMUNOALERGOLOGIA

    Hotel Sweet Atlantic-Figueira da FozDia 17 de Maro

    PT-2456 aprovado a 21/02/2018

    Para participar contacte o colaborador da AstraZeneca que o visitaUma parceria SPAIC-ASTRAZENECA

    AF_AZ_Duaklir_LungAcademy-comunicao em Saude-AddA4 G99.pdf 1 21/02/2018 18:03:02

  • REVISTA PORTUGUESA DE IMUNOALERGOLOGIARGO OFICIAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE ALERGOLOGIA E IMUNOLOGIA CLNICA

    OFFICIAL JOURNAL OF THE PORTUGUESE SOCIETY OF ALLERGOLOGY AND CLINICAL [email protected] www.spaic.pt

    Editor / Editor-in-Chief:Lus Miguel BorregoCentro de Imunoalergologia, Hospital CUF Descobertas, LisboaFaculdade de Cincias Mdicas / NOVA Medical School

    Secretrio-Geral / General Secretary:Mariana CoutoUnidade de Imunoalergologia, Instituto e Hospital CUF Porto

    Secretrios-Adjuntos / Assistant Secretaries:Susana Lopes SilvaServio de Imunoalergologia, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa NorteCristina Lopes AbreuUnidade de Imunoalergologia, Hospital Pedro Hispano, Unidade Local de Sade de Matosinhos

    Redatores / Associate Editors:Alexandra SantosKings College LondonAna Lusa GeraldesServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar do Alto Ave, Guimares/FafeAlice Coimbra Servio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar de So Joo, PortoAna Margarida PereiraUnidade de Imunoalergologia, Instituto e Hospital CUF PortoAnabela LopesServio de Imunoalergologia, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa NorteAna Clia CostaServio de Imunoalergologia, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa NorteAna Margarida RomeiraServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar Lisboa CentralCarlos LozoyaUnidade de Imunoalergologia, Hospital Amato Lusitano, Unidade Local de Sade de Castelo Branco

    Elza TomazServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar de SetbalEva GomesServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar do PortoGraa LoureiroHospitais da Universidade de CoimbraHelena FalcoServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar do PortoJoana CaiadoServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar Lisboa NorteJoo MarquesServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar Lisboa OrientalJos Geraldo DiasCentro de Alergia, Hospitais e Clnicas CUFJos Ferreira Servio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/ /EspinhoMarta NetoServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar Lisboa NorteNatacha SantosServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar Barlavento AlgarvioPaula AlendouroServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar do Alto Ave, Guimares/FafePedro SilvaServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar Barlavento AlgarvioRodrigo Rodrigues AlvesUnidade de Imunoalergologia, Hospital do Divino Esprito Santo, Ponta DelgadaSara PratesServio de Imunoalergologia, Hospital Dona Estefnia, Centro Hospitalar Lisboa CentralSara SilvaServio de Imunoalergologia, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa Norte

    Presidente / President:Elisa PedroServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar Lisboa Norte

    Vice-Presidentes / Vice Presidents:Emlia FariaServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar e Universitrio de CoimbraJoo FonsecaUnidade de Imunoalergologia, Instituto e Hospital CUF PortoPedro Martins Servio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar Lisboa Central

    Secretrio-Geral / General Secretary:Manuel Branco FerreiraServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar Lisboa Norte

    Secretrio-Adjunto / Assistant Secretary:Ana MorteServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar Baixo Vouga, Aveiro

    Tesoureiro / Treasurer:Rodrigo Rodrigues AlvesUnidade de Imunoalergologia, Hospital do Divino Esprito Santo, Ponta Delgada

    CONSELHO EDITORIAL / EDITORIAL BOARD

    CONSELHO DE ADMINISTRAO / ADMINISTRATION BOARD

  • 2R E V I S T A P O R T U G U E S A D E I M U N O A L E R G O L O G I A

    CONSELHO EDITORIAL DA RPIA

    Amlia Spnola SantosServio de Imunoalergologia, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa NorteAna Todo-BomServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar e Universitrio de CoimbraFaculdade de Medicina da Universidade de Coimbrangela GasparCentro de Imunoalergologia, Hospital CUF Descobertas, LisboaBrbara Gonalves da SilvaServio de Alergia e Imunologia da Faculdade de Cincias Mdicas da Santa Casa de So Paulo, BrasilBarbara BohleMedical University, Viena, AustriaCarlos LoureiroServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar e Universitrio de CoimbraCarlos NunesCentro de Imunoalergologia do Algarve, PortimoCelso PereiraServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar e Universitrio de CoimbraFaculdade de Medicina da Universidade de CoimbraCristina Santa MartaCentro de Alergia, Hospital CUF Descobertas, LisboaDirceu SolUniversidade Federal de So Paulo-Escola Paulista de Medicina (UNIFESP-EPM), BrasilElisa PedroServio de Imunoalergologia, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa NorteEnrico HefflerMedical University of Catania, ItliaFilipe IncioServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar de SetbalJoo FonsecaUnidade de Imunoalergologia, Instituto e Hospital CUF PortoFaculdade de Medicina do PortoJos Lus PlcidoServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar de So Joo, PortoJos Pedro Moreira da SilvaServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/EspinhoJos Rosado PintoServio de Imunoalergologia, Hospital da Luz, LisboaLorenzo CecchiUniversity of Florence, Itlia

    Lus DelgadoServio de Imunologia Bsica e Clnica, Departamento de Patologia, Faculdade de Medicina, Universidade do PortoUnidade de Imunoalergologia. Instituto e Hospital CUF PortoLus Taborda BarataFaculdade de Medicina Beira InteriorManuel Branco FerreiraServio de Imunoalergologia, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa NorteClinica Universitria de Imunoalergologia, Faculdade de Medicina de LisboaMaria da Graa Castelo-BrancoUnidade de Imunoalergologia, Hospital CUF PortoMrio Morais de AlmeidaCentro de Alergia, Hospitais e Clinicas CUFMarcelo Vivolo AunServio de Imunologia Clnica e Alergia da Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo, BrasilMarek JutelMedical Research Institute, Varsvia, PolniaMarcin KurowskiFaculty of Medicine, Lodz, PolniaNelson Rosrio FilhoUniversidade Federal do Paran, Curitiba, BrasilNikos PapadopoulosUniversity of Athens, GrciaNorma Rubini Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro UNIRIO, BrasilPaolo MatricardiUniversidade de Medicina Charit, Berlin, AlemanhaPedro MartinsServio de Imunoalergologia, Hospital Dona Estefnia, Centro Hospitalar Lisboa CentralFaculdade de Cincias Mdicas /NOVA Medical SchoolRita CmaraServio de Imunoalergologia, Hospital Dr. Nlio Mendona, FunchalStefano Del GiaccoUniversidade de Cagliari, ItliaTomas Chivato Hospital Gegorio Maranhon, Madrid, EspanhaUlrike RaapUniversidade de Medicina de Hannover, AlemanhaVictoria CardonaHospital Universitrio Vall dHebron, Barcelona, Espanha

    CONSELHO CIENTFICO / SCIENTIFIC BOARD

  • 3R E V I S T A P O R T U G U E S A D E I M U N O A L E R G O L O G I A

    GRUPOS DE INTERESSE DA SPAIC

    GRUPOS DE INTERESSE DA SPAIC TRINIO 2017-2019 / SPAIC INTEREST GROUPS IN 2017-2019

    Grupo de Interesse de AerobiologiaCoordenador: Carlos NunesCentro de Imunoalergologia do Algarve, PortimoSecretrio: Mrio Morais -AlmeidaCentro de Imunoalergologia. Hospital CUF -Descobertas, LisboaJIP de ligao: Rosa FernandesServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar e Universitrio de Coimbra

    Grupo de Interesse de Alergnios e ImunoterapiaCoordenadora: Amlia Spnola SantosServio de Imunoalergologia, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa NorteSecretrio: Lus ArajoUnidade de Imunoalergologia, Instituto e Hospital CUF, PortoJIP de ligao: Joana CosmeServio de Imunoalergologia, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa Norte

    Grupo de Interesse de Alergia a FrmacosCoordenadora: Joana CaiadoServio de Imunoalergologia, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa NorteSecretria: Lusa GeraldesServio de Imunoalergologia, Hospital Senhora da Oliveira, GuimaresJIP de ligao: Brbara Kong CardosoServio de Imunoalergologia, Hospital So Bernardo, Centro Hospitalar de Setbal

    Grupo de Interesse de Alergia AlimentarCoordenadora: Ana Clia CostaServio de Imunoalergologia, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa NorteSecretria: Ana Lusa Reis FerreiraServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/EspinhoJIP de ligao: Joana Gomes BeloServio de Imunoalergologia, Hospital Dona Estefnia, Centro Hospitalar Lisboa Central

    Grupo de Interesse de Alergia CutneaCoordenadora: Cristina Lopes AbreuServio de Imunoalergologia, Hospital Pedro HispanoSecretria: Marta NetoServio de Imunoalergologia, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa NorteJIP de ligao: Rita AguiarServio de Imunoalergologia, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa Norte

    Grupo de Interesse de Anafilaxia e Doenas imunoalrgicas Fatais

    Coordenadora: ngela GasparCentro de Imunoalergologia. Hospital CUF -Descobertas, LisboaSecretria: Natacha SantosServio de Imunoalergologia. Hospital de Portimo. Centro Hospitalar do Barlavento AlgarvioJIP de ligao: Leonor LeoServio de Imunoalergologia. Centro Hospitalar So Joo, Porto

    Grupo de Interesse de AsmaCoordenador: Celso PereiraServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar da Universidade de CoimbraSecretria: Helena PitCentro de Imunoalergologia, Hospital CUF -Descobertas, LisboaJIP de ligao: Filipa SemedoServio de Imunoalergologia, Hospital So Bernardo, Centro Hospitalar de Setbal

    Grupo de Interesse de Asma e Alergia no DesportoCoordenador: Joo MarquesServio de Imunoalergologia do Hospital de Dona Estefnia. Centro Hospitalar Lisboa CentralSecretria: Diana SilvaServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar de So Joo, PortoJIP de ligao: Ana Lusa MouraServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar Universitrio de Coimbra

    Grupo de Interesse de Cuidados de Sade PrimriosCoordenador: Rui CostaSvida Medicina Apoiada, SA, PortoSecretrio: Pedro SilvaServio de Imunoalergologia. Hospital de Portimo. Centro Hospitalar do Barlavento AlgarvioJIP de ligao: Joo AzevedoServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar Universitrio de Coimbra

    Grupo de Interesse de Imunodeficincias PrimriasCoordenador: Jos Torres da CostaServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar de So Joo, PortoSecretria: Sara SilvaServio de Imunoalergologia, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa NorteJIP de ligao: Frederico RegateiroServio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar Universitrio de Coimbra

    Grupo de Interesse de RiniteCoordenadora: Ana Margarida PereiraUnidade de Imunoalergologia, CUF -Porto HospitalSecretrio: Jos Geraldo DiasCentro de Alergia CUF, LisboaJIP de ligao: Joo AntunesCentro de Alergia CUF, Lisboa

  • 5R E V I S T A P O R T U G U E S A D E I M U N O A L E R G O L O G I A

    EDITORIAL 7

    Lus Miguel Borrego, Mariana Couto

    NORMAS DE PUBLICAO DETALHADAS 9

    ARTIGO DE REVISO

    Alergia a galactose - -1,3 -galactose 11Allergy to galactose - -1,3 -galactoseJoana Pita, Alexandru Ciobanu, Carlos Loureiro, Ana Todo -Bom

    ARTIGOS ORIGINAIS

    Aeromicologia de Lisboa e a sua relao com os fatores meteorolgicos 21Aeromycology of Lisboa and its relation with meteorological factorsRaquel Ferro, Carlos Nunes, Elsa Caeiro, Irene Camacho, Miguel Paiva,

    Mrio Morais-Almeida

    Intensidade da dor associada administrao de imunoterapia subcutnea com alergnios 35Intensity of pain associated with subcutaneous administration of allergen immunotherapyAmlia Spnola Santos, Joana Cosme, Mara Fernandes, Cndida Machado,

    Anabela Resende, Manuel Pereira Barbosa

    PGINA EDUCACIONAL

    mINSPIRERS Estudo da exequibilidade de uma aplicao mvel para medio e melhoria da adeso medicao inalada de controlo em adolescentes e adultos com asma persistente 47mINSPIRERS Feasibility of a mobile application to measure and improve adherence to inhaled controller medications among adolescents and adults with persistent asthmaCristina Jcome, Rui Guedes, Rute Almeida, Joo Fonseca Teixeira, Bernardo Pinho,

    Pedro Vieira -Marques, Rita Vilaa, Jos Fernandes, Ana Ferreira, Mariana Couto,

    Tiago Jacinto, Altamiro da Costa Pereira, Joo Almeida Fonseca, pelo grupo INSPIRERS

    Revista trimestral

    Volume XXVI, n. 1 2018

    Distribuio gratuita de flipbook

    aos associados

    Propriedade

    Sociedade Portuguesa de Alergologia

    e Imunologia Clnica

    Administrao

    SPAIC

    Rua Manuel Rodrigues da Silva, 7-C,

    Escritrio 1

    1600-503 Lisboa

    Execuo grfica

    Publicaes Cincia e Vida, Lda.

    [email protected]

    Depsito legal n. 64568/95

    ISSN 0871-9721

    Isento do Registo no ICS nos termos

    da alnea a) do Artigo 12. do Decreto

    Regulamentar n. 8/99, de 9 de Junho

    Referenciada no FreeMedicalJournals

    All issues indexed on FreeMedicalJournals

    http://www.freemedicaljournals.com

    Revista indexada no SciELO Citation

    Index da Web of Science

    NDICE

    2018; 26 (1): 1-78

  • 6R E V I S T A P O R T U G U E S A D E I M U N O A L E R G O L O G I A

    CASO CLNICO

    Hipersensibilidade alrgica a componentes de silicone de pacemaker: Uma nova causa de dermatite de contacto? 63Allergy to pacemaker silicone compounds: A new cause of contact dermatitis?Letcia Pestana, Ana Mendes, Pedro Marques, Manuel Pereira Barbosa

    ARTIGOS COMENTADOS 67

    Coordenao: Graa Loureiro, Jos Geraldo Dias, Natacha Santos

    NOTCIAS 71

    PRMIOS DA SPAIC 73

    NDICE

  • 7R E V I S T A P O R T U G U E S A D E I M U N O A L E R G O L O G I A

    EDITORIAL

    R e v P o r t I m u n o a l e r g o l o g i a 2 0 1 8 ; 2 6 ( 1 ) : 7 - 8

    A Revista Portuguesa de Imunoalergologia (RPIA) sempre foi reconhecidamente um motivo de or-gulho para todos os Imunoalergologistas.Foi com grande sentido de responsabilidade que acei-

    tmos o desafio de liderar o Corpo Redatorial da RPIA

    deste trinio, tendo por objetivos claros inovar na sua

    imagem, ampliar os seus contedos e promover a sua

    divulgao.

    Foi com enorme satisfao que no final de 2017 cons-

    tatmos a existncia de um aumento significativo no n-

    mero de visualizaes da RPIA online.

    Em 2017 o website da RPIA registou um acrscimo de

    quase 40 % de sesses relativamente ao perodo hom-

    logo de 2016, num total de 17 235 visualizaes de pgina,

    com mais de 60 % de novas sesses.

    Pelo exposto, congratulamo -nos pelo comprovado au-

    mento da visibilidade da RPIA. Tal facto deve -se, natural-

    mente, qualidade das publicaes, motivo do qual nos

    orgulhamos e pelo qual gostaramos de agradecer aos

    Autores e Revisores.

    A divulgao da revista pelos membros do Grupo de

    Estudos de Doenas Respiratrias (GRESP) da Associao

    Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) e pelos

    scios da Associao Brasileira de Alergia e Imunologia

    (ASBAI) foi tambm preponderante para este aumento de

    visibilidade, motivando -nos para a melhoria contnua da

    qualidade da RPIA.

    Nesse contexto, decidimos implementar algumas alte-

    raes. Assim, aproveitamos o incio de um novo ano para

    anunciar algumas novidades!

    No sentido de implementar um maior rigor e qualida-

    de na produo cientfica, bem como na necessidade de

    requalificar a revista para refletir a postura editorial deste

    novo conselho, optmos por fazer algumas alteraes na poltica editorial e nas normas de publicao. Estas podem ser encontradas nas prximas pginas deste

    nmero da RPIA e so efetivas para todas as novas sub-

    misses a partir desta data.

    Gostaramos tambm de agradecer Direo da SPAIC,

    por apadrinhar a nossa ideia de atribuir prmios para as melhores publicaes na RPIA, facto que muito nos honra.

    Estes prmios pretendem promover a publicao na

    RPIA e visam reconhecer a qualidade da investigao na

    rea da alergologia e imunologia clnica.

    Os prmios SPAIC-RPIA, conferidos anualmente, sero

    atribudos a duas publicaes:

    1. Prmio para o melhor artigo original, sob a

    forma de inscrio, viagem e alojamento para con-

    gresso internacional na rea da Imunoalergologia at

    ao valor de 1500 euros.

    2. Prmio para o melhor artigo de reviso ou caso

    clnico, sob a forma de inscrio, viagem e alojamen-

    to para congresso nacional na rea da Imunoalergo-

    logia at ao valor de 750 euros.

    Estes prmios so atribudos anualmente, sendo

    considerados elegveis os trabalhos publicados na RPIA

    durante o ano em referncia que no tenham recebi-

    do nenhum patrocnio ou bolsa SPAIC ou de outra

    instituio.

    A seleo dos trabalhos ser feita por um jri consti-

    tudo pelo Editor da RPIA que representar a deciso do

    Corpo Editorial e por trs membros, scios da SPAIC,

    Lus Miguel Borrego, Mariana Couto

  • 8R E V I S T A P O R T U G U E S A D E I M U N O A L E R G O L O G I A

    designados pelo Editor da RPIA. A cerimnia de entrega

    dos prmios ter lugar na Reunio da Primavera da SPAIC,

    posterior ao ano em referncia.

    Contamos com a vossa presena na prxima reunio

    da Primavera, dia 14 de abril, em Ofir, onde vos convidamos

    a assistir entrega dos prmios relativos s publicaes

    de 2017.

    Esperamos que as novidades sejam do vosso agrado e

    que possam contribuir para melhorar (ainda mais!) a Re-

    vista, que j um cone incontornvel da Alergologia em

    lngua portuguesa.

    Lus Miguel Borrego Mariana Couto

    Editor da RPIA Secretria-Geral da RPIA

    Lus Miguel Borrego, Mariana Couto

  • 9R E V I S T A P O R T U G U E S A D E I M U N O A L E R G O L O G I A

    NORMAS DE PUBLICAO DETALHADAS

    A Revista Portuguesa de Imunoalergologia (RPIA) o principal rgo oficial da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clnica (SPAIC) e assume -se como a nica revista cientfica portugue-sa dedicada publicao e divulgao de temas imunoalergolgicos.

    A sua misso contribuir para a divulgao da investigao cien-tfica nacional e internacional atravs da publicao de trabalhos cien-tficos de elevada qualidade nesta rea, com vista melhoria da prti-ca clnica na rea da Imunoalergologia. So pilares da sua misso a promoo do conhecimento e atualidade cientfica no mbito da es-pecialidade, contemplando artigos de reviso, bem como casos clnicos e protocolos de atuao clnica..

    A RPIA uma revista cientfica com reviso pelos pares (peer--review) e rege -se de acordo com as boas normas de edio biom-dica do International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), do Committee on Publication Ethics (COPE) e do EQUATOR Network Resour-ce Centre Guidance on Good Research Report (desenho de estudos). A poltica editorial da revista incorpora no processo de reviso e publi-cao as Recomendaes de Poltica Editorial (Editorial Policy Statements) emitidas pelo Conselho de Editores Cientficos (Council of Science Editors), disponveis em http://www.councilscienceeditors.org/i4a/pa-ges/index.cfm?pageid=3331, que engloba responsabilidades e direitos dos editores das revistas com arbitragem cientfica. Os artigos pro-postos no podem ter sido objeto de qualquer outro tipo de publica-o, sendo as opinies expressas nos mesmos da inteira responsabi-lidade dos autores.

    Est prevista a publicao anual de 4 nmeros, sob poltica de livre acesso, cabendo ao Conselho Editorial a deciso do nmero e tipolo-gia dos artigos a incluir em cada nmero.

    1. CRITRIOS DE AUTORIA

    A revista segue os critrios de autoria do International Commi-tee of Medical Journal Editors (ICMJE). Todos os designados como autores devem ter participado significativamente no trabalho para tomar responsabilidade pblica sobre o seu contedo e contributo na autoria.

    So considerados Autores todos os que: 1. Tenham uma contri-buio intelectual substancial, direta, no desenho e elaborao do artigo; 2. Participem na anlise e interpretao dos dados; 3. Participem na elaborao e reviso do manuscrito. A autoria requer uma contri-buio substancial para o manuscrito, sendo pois desejvel especificar em carta de apresentao o contributo de cada autor para o trabalho. Todos os que contriburam para o artigo, mas que no encaixam nos critrios de autoria, devem ser listados nos agradecimentos.

    2. CONFLITOS DE INTERESSE

    O rigor e a exatido dos contedos, assim como as opinies ex-pressas, so da exclusiva responsabilidade dos autores. Os autores devem declarar potenciais conflitos de interesse. Os autores so obri-gados a divulgar todas as relaes financeiras e pessoais que possam condicionar a correta apreciao do trabalho. Para prevenir ambigui-dade, os autores tm que explicitamente mencionar se existe ou no conflitos de interesse. Essa informao no influenciar a deciso editorial, mas antes da submisso do manuscrito os autores tm que assegurar todas as autorizaes necessrias para a publicao do ma-terial submetido. Se os autores tm dvidas sobre o que constitui um relevante interesse financeiro ou pessoal, devem contactar o Editor.

    3. TIPOS DE TRABALHOS PUBLICADOS

    1. EditoriaisElaborados pelo Editor ou a convite deste, com um mximo de

    750 palavras.

    2. Artigos de RevisoPodem ser solicitados pelo Editor ou submetidos sem solicitao

    prvia artigos de reviso sobre temas imunoalergolgicos de parti-

    cular interesse prtico ou atualidade. O texto deve estar organizado de forma lgica e de leitura fcil e deve respeitar todos os seguintes limites:

    Mximo de 7000 palavras (excluindo ttulo, resumo, figuras, quadros e referncias);

    Mximo de 10 quadros e/ou figuras; Mximo de 60 referncias.

    3. Artigos OriginaisDevem conter o resultado de investigao original experimental,

    epidemiolgica ou clnico -laboratorial. Quando indicado, dever ser explicitamente mencionada a obteno de consentimento informado dos doentes, bem como a obteno da aprovao da Comisso de tica. O texto deve ser organizado nas seces: Introduo, Material e mtodos, Resultados, Discusso e Concluses e deve respeitar todos os seguintes limites:

    Mximo de 4000 palavras (excluindo ttulo, resumo, figuras, quadros e referncias);

    Mximo de 6 quadros e/ou figuras; Mximo de 35 referncias.

    4. Casos ClnicosDevem ser casos clnicos exemplares, devidamente estudados e

    discutidos e conter uma breve introduo, a descrio do(s) caso(s) e uma discusso sucinta que incluir uma concluso sumria, respeitan-do os limites seguintes:

    Mximo de 1500 palavras (excluindo ttulo, resumo, figuras, quadros e referncias);

    Mximo de 2 quadros e/ou figuras; Mximo de 10 referncias.

    5. Artigos ComentadosSolicitados pelo Conselho Editorial, devem comentar artigos pu-

    blicados em revistas da especialidade nos 6 meses anteriores, suma-riando o trabalho e discutindo as suas concluses segundo o ponto de vista do comentador. Devem ter no mximo 500 palavras (excluindo ttulo, nome da revista e autores).

    6. Cartas ao EditorComentrios sucintos a artigos publicados na RPIA ou relatando

    de forma muito breve e objetiva resultados de observao clnica ou investigao original que no justifiquem publicao mais extensa. No devem exceder 500 palavras.

    7. AllergYmageImagem de tema imunoalergolgico, clnica ou de exames com-

    plementares que pelas suas caractersticas merea destaque. A ima-gem deve ter alta resoluo e deve ser gravada em TIFF (Tagged- -Image File Format) ou JPEG com pelo menos 300 dpi para permitir a sua impresso em meia pgina e acompanhada de um comentrio descritivo sucinto em portugus e ingls (mximo 100 a 200 palavras cada).

    8. Pgina EducacionalNesta seco pretende -se incluir uma diversidade de artigos de

    carter educativo, como protocolos de atuao clnicos ou protocolos/metodologias de projetos de investigao, artigos de perspetiva de pe-ritos, respostas a perguntas sobre temas especficos. Os protocolos/guidelines clnicos nacionais devem preferencialmente ser emitidos atra-vs dos grupos de interesse da SPAIC, ou submetidos por grupos com reconhecida experincia na matria. A reviso final e aprovao destes documentos envolvero tambm a Direo da SPAIC. Sero aceites tradues de protocolos/guidelines internacionais devidamente autori-zados pelas respectivas organizaes internacionais. No caso do con-tedo do documento ser muito extenso, este poder ser publicado como 1. parte e 2. parte em revistas sequenciais ou eventualmente publicado em suplemento.

  • 10R E V I S T A P O R T U G U E S A D E I M U N O A L E R G O L O G I A

    9. Seco ASBAI (Associao Brasileira de Alergia e Imunologia)Devido colaborao especfica entre os dois pases, est reser-

    vado espao para artigos submetidos do Brasil.

    10. Outras SecesSob orientao do Conselho Editorial, a RPIA poder ainda publi-

    car outras seces, nomeadamente Notcias, Calendrio de Eventos, Atividade Cientfica da SPAIC (onde podem ser includos resumos alargados de palestras, conferncias ou trabalhos apresentados em reunies nacionais ou internacionais), etc.

    4. NORMAS GERAIS DE ARTIGOS DE REVISO, ARTIGOS ORIGINAIS E CASOS CLNICOS

    Deve obrigatoriamente constar:

    1. Na primeira pgina os Ttulos e Autores:O ttulo em portugus e ingls (mximo 15 palavras cada).Os nomes dos autores, incluindo o nome prprio.A filiao institucional de cada autor. Nome e contacto do primeiro autor e, quando adequado, de um dos co autores, que ficaro responsveis pela correspondncia (morada postal, e -mail e telefone)Agradecimentos (se indicado).Declarao de apoios financeiros (se indicado).Declarao de conflitos de interesse.

    2. Na segunda pgina Resumo em portugus e ingls:Em geral dever repetir a indicao do ttulo e um resumo em

    portugus e em ingls (com um mximo cada de 300 palavras para artigos originais e 150 para artigos de reviso e casos clnicos).

    Nos artigos de reviso o resumo deve apontar os principais pon-tos de reviso/discusso, com ou sem uma breve introduo.

    Nos casos clnicos, o resumo deve ser estruturado em introduo, descrio do caso e discusso/concluses.

    Nos artigos originais deve ser estruturado da seguinte forma:

    Fundamentos: Qual ou quais as questes que induziram a exe-cuo do estudo?

    Objetivos: Qual foi o objetivo do estudo? Mtodos: Como que o estudo foi efetuado? Resultados: Quais foram os resultados encontrados, positivos

    ou negativos, relevantes para o estudo? Concluses: Qual a concluso mais importante do estudo? Se

    possvel, tentar resumir, numa nica frase, os conceitos -chave ou implicaes diagnsticas ou teraputicas mais significativas do estudo.

    Palavras -chave: Aps cada resumo, devem ser propostas palavras--chave, em portugus e ingls, por ordem alfabtica, num mnimo de 3 e mximo de 10, preferencialmente em concordncia com o Medical Subject Headings (MeSH).

    Os artigos devem apresentar numerao das linhas na margem esquerda de modo a facilitar o processo de reviso.

    5. QUADROS E FIGURAS

    Cada quadro e cada figura devero ser numerados sequencialmen-te, por ordem de referncia no texto. Cada quadro deve ser apresen-tado em pgina individual no final do artigo e acompanhado de ttulo e legenda explicativa, quando necessrio. Todas as abreviaturas ou smbolos necessitam de legenda.

    Todas as figuras / ilustraes devero ser apresentadas em docu-mentos separados em formato digital, com boa qualidade. Todas as figuras devem ser acompanhadas de ttulo e legenda explicativa que pode figurar no manuscrito ou no documento da figura. As figuras que

    incluam fotografias devem ser gravadas em TIFF ou JPEG com resolu-o mnima de 300 dpi; as figuras que contenham linhas (por ex. imu-noeletroforese) ou conjunto de pontos (por ex. immunoblotting) devem ser gravadas com resoluo mnima de 800 dpi. Fotografias ou exames complementares de doentes devero impedir a sua identificao, de-vendo ser acompanhadas pela autorizao para a sua publicao dada pelo doente ou pelo seu responsvel legal.

    6. REFERNCIAS

    As referncias devem ser listadas aps o texto principal, numera-das sequencialmente pela ordem de citao no texto, onde devem ser apresentadas em expoente (superscript) antes de vrgulas ou pontos finais. Os autores devem verificar se todas as referncias esto de acordo com os documentos originais, bem como se esto conformes aos Uniform requirements for manuscripts submitted to biomedical journals (www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html) e se utilizam os nomes abreviados das publicaes adoptados pelo Index Medicus (www.nlm.nih.gov).

    A lista de referncias no deve incluir citaes de material no publicado. As referncias a artigos ou livros aceites para publicao, mas ainda no publicados, devem incluir o nome da revista e a meno in press.

    7. PROCESSO EDITORIAL

    Os trabalhos devero ser enviados ao cuidado do Editor, acom-panhados de carta de apresentao e declarao de autoria e/ou de conflito de interesse, com cedncia de direitos de autor e autorizao para publicao na RPIA. Os artigos devem ser submetidos on line no site da RPIA. So tambm aceites as submisses para o e -mail oficial da RPIA, sendo necessria a submisso do artigo cum-prindo as premissas anteriormente enumeradas e outra ver-so do mesmo, sem autores, afiliao e agradecimentos.

    O autor correspondente receber notificao da receo do ma-nuscrito e decises editoriais por e-mail. Todos os manuscritos sub-metidos so inicialmente revistos pelo editor da RPIA para uma pri-meira apreciao, no sentido de aferir se os critrios de submisso esto cumpridos, se o artigo no foi publicados, na ntegra ou em parte, nem submetido para publicao noutros locais e se o artigo submetido se enquadra no mbito da revista. Posteriormente sero enviados para dois revisores, que no prazo de 3 -4 semanas enviaro a sua apreciao para o Editor.

    Os manuscritos so avaliados de acordo com os seguintes critrios: originalidade, atualidade, clareza de escrita, mtodo de estudo apro-priado, dados vlidos, concluses adequadas e apoiadas pelos dados, importncia, com significncia e contribuio cientfica para o conhe-cimento da rea.

    Aps receo dos comentrios dos peritos/revisores, o Editor comunica aos respetivos autores, via informtica, a deciso do Con-selho Editorial, de entre as seguintes:

    a) aceites sem alteraes;b) aceites aps modificaes propostas pelos revisores cientficos;c) recusados

    Quando so propostas alteraes, o autor dever enviar por e -mail ao editor um documento intitulado Resposta ao editor/ revisores. Este documento deve incluir uma resposta breve e estruturada, com respostas, ponto por ponto, a cada questo colocada pelos revisores e/ou Editor, localizando -a no texto revisto exemplo Foi corrigido o erro ortogrfico para . ver linha 12 e 13 no documento revisto.

    Deve assim anexar uma verso revista do artigo utilizar menu do word -Review/Rever > Track changes/registar alteraes > inseres/ /delees destacadas com cor diferente, bem como uma verso limpa com todas alteraes contempladas.

    NORMAS DE PUBLICAO DETALHADAS

  • 11R E V I S T A P O R T U G U E S A D E I M U N O A L E R G O L O G I A

    ARTIGO DE REVISO

    Alergia a galactose - -1,3 -galactose

    Allergy to galactose - -1,3 -galactose

    RESUMO

    O objetivo deste artigo realizar uma reviso atualizada sobre a alergia a galactose - -1,3 -galactose. Os autores efetuaram uma pesquisa na Pubmed e selecionaram 24 artigos nos ltimos 5 anos. A galactose - -1,3 -galactose ( -gal) um oligossacardeo existente em mamferos, exceto em humanos e primatas superiores. A hipersensibilidade -gal difere de outras reaes IgE -mediadas pelo incio tardio de sintomas e caracteriza -se pela associao entre episdios documentados de picada de carraa e o desenvolvimento tardio de urticria, anafilaxia ou sintomas gas-trointestinais duas a seis horas aps a ingesto de carnes vermelhas. As reaes ao cetuximab, um anticorpo mono-

    clonal anti -EGFR (epidermal growth factor receptor) ocorrem de forma imediata, na primeira administrao devido hipersensibilidade ao epitopo -gal. A utilidade dos testes cutneos com extratos comerciais limitada pela sua reduzida especificidade, pelo que o doseamento da IgE especfica srica a -gal uma anlise essencial para o diag-nstico e monitorizao.

    Palavras -chave: -gal, carnes vermelhas, carraa, alergia, tardio.

    ABSTRACT

    The aim of this article is to review allergy to galactose - -1,3 -galactose. The authors performed a search in Pubmed and selected 24 articles in the last 5 years. Galactose -alpha -1,3 -galactose ( -gal) is an oligosaccharide present in mammals, except in humans and higher primates. -gal hypersensitivity differs from other IgE -mediated reactions, particularly on the late -onset of symptoms and is characterized by the association between a confirmed episode of tick bite and the posterior development

    Joana Pita, Alexandru Ciobanu, Carlos Loureiro, Ana Todo -Bom

    Servio de Imunoalergologia, Centro Hospitalar e Universitrio de Coimbra

    R e v P o r t I m u n o a l e r g o l o g i a 2 0 1 8 ; 2 6 ( 1 ) : 1 1 - 1 9

    Data de receo / Received in: 11/07/2017 Data de aceitao / Accepted for publication in: 17/09/217

  • 12R E V I S T A P O R T U G U E S A D E I M U N O A L E R G O L O G I A

    Joana Pita, Alexandru Ciobanu, Carlos Loureiro, Ana Todo -Bom

    INTRODUO

    A galactose - -1,3 -galactose, comummente conhe-cida como -gal, um hidrato de carbono (oli-gossacardeo) existente em glicolpidos e glico-protenas de mamferos. No existe em humanos ou primatas superiores devido perda de funo do gene 3 -galactosiltransferase1,2,3.

    A exposio a este oligossacardeo ocorre com a in-gesto de carne, vsceras e gelatina de origem em mam-feros no primatas carne de vaca, porco, carneiro, cavalo e veado1,2,4. Outras fontes animais so o coelho, o esquilo, o canguru, a foca e a baleia 2. Este epitopo pode estar ainda presente em frmacos (heparina sdica de origem suna ou bovina, soros coloides substitutos do plasma)4, vacinas (por exemplo na vacina para o vrus Herpes Zoster) e laticnios3,4,5,6.

    HISTRIA DA -GAL

    Este oligossacardeo foi identificado por Karl Lands-teiner em 1969 como componente de eritrcitos de coe-lho. Estruturalmente muito semelhante ao grupo sangu-neo B, com a exceo de no apresentar um resduo de fucose na sua estrutura2,7.

    Este hidrato de carbono surgiu como um obstculo xenotransplantao devido produo de anticorpos reativos IgM e IgG2 dirigidos aos rgos de origem su-na ou bovina, promovendo uma reao de rejeio hi-peraguda atravs da ativao do complemento e citli-

    se uma reao dependente de anticorpos e mediada por clulas2,3,5 -7,8.

    Vrios eventos levaram ao estudo e melhor com-preenso da alergia a -gal1. Os primeiros relatos de alergia a carnes vermelhas aps picada de carraa surgiram no ano 2000.

    Dados de 2003 reportam que 60 % das crianas em idade escolar de uma vila no Qunia apresentavam nveis de IgE especfica a gato elevada, mas no referiam sinto-mas com a exposio a gato, associando o facto de que existiam poucos gatos na vila9.

    Nos Estados Unidos da Amrica (EUA), em 2005, surgiram relatos de reaes alrgicas durante ou aps a primeira administrao de cetuximab, um anticorpo mo-noclonal especfico para o recetor do fator de crescimen-to epidrmico (EGFR), utilizado no tratamento dos car-cinomas da cabea e pescoo e no cancro colo -rectal10. As reaces reportadas ocorreram em 15 % dos doentes

    tratados com este anticorpo monoclonal. Em 2007 estes casos tornaram -se mais frequentes, com relatos de reac-es alrgicas graves no Tennessee, Carolina do Norte, Arkansas, Missouri e Virgnia. A identificao da -gal como epitopo do cetuximab ocorreu apenas em 20081.

    Em 2009, foram identificados 24 casos de anafilaxia de incio tardio nos EUA e mltiplos casos de alergia a carnes vermelhas em Sydney (episdios aps picada de carraa). A evidncia cientfica de que a picada de carra-a era responsvel pelas reaes IgE -mediadas nos EUA ocorreu em 2010, e em 2014 foram realizadas provas de provocao oral para diagnstico das reaes alrgicas a carnes vermelhas de incio tardio1.

    of urticaria, anaphylaxis or gastrointestinal symptoms, two to six hours after red meat ingestion. Reactions to cetuximab, a monoclonal antibody against EGFR (epidermal growth factor receptor) occur immediately after the first administration, due to the presence of the epitope gal. Skin prick tests utility is limited, as they are not highly specific, and dosing the serum spe-cif ic IgE to -gal is an essential analysis for diagnosis and monitoring of the disease.

    Keywords: gal, red meat, tick, allergy, delayed.

  • 13R E V I S T A P O R T U G U E S A D E I M U N O A L E R G O L O G I A

    DISTRIBUIO GEOGRFICA

    A maioria dos casos de reaes alrgicas a carnes vermelhas foi identificada nos EUA (estados da regio Este, Sudeste e Centro -oeste), Frana, Alemanha, Sucia, Japo, Coreia do Sul e Austrlia1,3,9.

    A alergia a -gal verificou -se em 2000 doentes na Vir-gnia, Carolina do Norte, Europa, Austrlia e Japo11. Dados recentes demonstraram a presena de -gal na saliva do Amblyoma sculptum, uma espcie de carraa que faz parte do complexo Amblyoma cajennense que inclui tambm es-pcies de carraa prevalentes na regio do Canal do Pana-m, onde tambm existem registos de reaes a -gal3.

    Na Austrlia, dados de 2012 referem a identificao de 50 doentes cuja anlise do soro confirma a presena de IgE especfica a -gal e a sua associao a reaes alrgicas aps a ingesto de carne de mamferos, incluin-do canguru12. No Japo e na Coreia foram reportados casos de anafilaxia de incio tardio 5 a 7 horas aps in-gesto de carne de mamferos. Realizaram -se testes in-tradrmicos com cetuximab nas diluies de 5, 50, e 500 g, com obteno de resultados positivos em todas as concentraes, o que demonstra a presena de -gal3, epitopo responsvel pelas reaes tardias a carnes ver-melhas e imediatas a cetuximab.

    Foram tambm reportados casos de reaes locais exuberantes a picada de carraa e reaes de incio tar-dio a carnes vermelhas em doentes da regio de Nova Gales do Sul3.

    Na Alemanha, identificaram -se reaes alrgicas ao cetuximab, bem como reaes alrgicas a carne de vaca. Foi demonstrada laboratorialmente a ligao IgE--cetuximab por western blot e esses resultados foram comparados aos imunoensaios de IgE - -gal utilizando reagentes biotinilados12.

    Em Frana, identificaram -se trs casos de doentes com IgE - -gal aumentada em 2009. O estudo de Moneret--Vautrin inclua outras carnes, de cabra, cavalo, porco e rim de vaca, como causa de reaes -gal de carter grave e incio tardio12. Na Sucia, Van Hage e colabora-

    dores demonstraram que o oligossacardeo existente na IgA do gato era a -gal. Este grupo de investigadores utilizou anticorpos anti - -gal em soro humano para mar-car a -gal presente em carraas12.

    No Centro Hospitalar e Universitrio de Coimbra existem registos de trs casos com IgE especfica (sIgE) a -gal positiva desde 2015: um doente do sexo masculino, 72 anos com suspeita de alergia a carnes vermelhas (sIgE 5,51 kU/L), nascido no Qunia e trabalhador rural; nega-va picadas de carraa, mas apresentava um valor inicial de sIgE de 42 kU/L (anlise realizada pela Thermofisher em Espanha)13, e duas doentes do sexo feminino uma com 68 anos e histria de anafilaxia a carnes vermelhas (sIgE 0,60 kU/L), outra com 61 anos e queixas digestivas aps ingesto de carnes vermelhas (sIgE 18,30 kU/L). Ambas trabalhavam em ambiente rural. Ambas negavam picadas de carraa (ltimos dois casos no foram publi-cados). Foi reportado tambm um caso proveniente do Centro Hospitalar do Porto num doente de 76 anos, sem histria conhecida de picada de carraa, com quadro cl-nico de urticria generalizada e diarreia 1 hora aps in-gesto de carne vermelha cozinhada. IgE especfica a -gal 35,3kUA/L

    14. O Quadro 1 sumariza os casos de alergia a alfa -gal na Europa.

    Quadro 1. Nmero de casos de alergia a alfa -gal na Europa e ano de publicao14,15,16

    PasNmero de casos

    conhecidos (publicados)

    Ano de publicao

    Portugal 2 2014, 2015

    Espanha 5 2011

    Frana 14 2012

    Itlia 1 2015

    Alemanha 32 2012

    Sua 2 2013

    Noruega 1 2017

    Sucia 39 2013

    ALERGIA A GALACTOSE - -1,3 -GALACTOSE / ARTIGO DE REVISO

  • 14R E V I S T A P O R T U G U E S A D E I M U N O A L E R G O L O G I A

    CAUSAS DE ALERGIA A -GAL

    A sugesto inicial de que haveria uma possvel asso-ciao entre a picada de carraa e a hipersensibilidade a -gal surgiu da observao de que as reas de maior prevalncia da sensibilizao a -gal correspondiam s reas de maior incidncia de febre-das-montanhas--rochosas e dos seus vectores associados Dermacentor variabilis (The brown dog tick) e Amblyoma americanum (The lone star tick)3.

    No Sudeste dos EUA, a picada de carraa a causa principal de reaes IgE -mediadas a -gal9. Nesta regio, a carraa mais comum o Amblyomma americanum, mas estas espcies variam de acordo com a regio geogrfica.

    A suportar a hiptese de implicao da carraa Am-blyoma americanum encontrou -se uma excelente corre-lao entre a IgE a -gal e a IgE ao extrato inteiro de Amblyomma americanum em doentes com histria de alergia a carnes vermelhas. A mesma relao no foi en-contrada para o Dermacentor variabilis3. De forma seme-lhante, no h conhecimento de nenhuma correlao entre o Ixodes scapularis, responsvel pela doena de Lyme e a sensibilizao a -gal3.

    Na Europa, a carraa responsvel por esta patologia a Ixodes ricinus1,2,7,9.

    O Quadro 2 sumariza as trs teorias sobre a associa-o entre a picada de carraa e a reaco IgE -mediada.

    Quadro 2. Teorias que relacionam a picada de carraa com a hipersensibilidade a -gal (Adaptado de 17)

    1 A resposta induzida pela saliva da carraa

    2 Existem resduos de glicolpidos ou glicoprotenas na carraa aps uma refeio de sangue

    3A resposta IgE -mediada induzida por outro microrganismo presente na carraa, por exemplo Rickettsia/Borrelia burgdorpheri

    Commins descreve vrias evidncias que suportam o papel da picada de carraa no desenvolvimento da res-posta IgE -mediada a -gal, nomeadamente quatro casos

    com evidncia epidemiolgica de que a IgE especfica a -gal aumenta aps episdios documentados de picada de carraa, identificao de IgE especfica a -gal em reas onde as picadas de carraa so comuns, correlao entre IgE especfica a -gal e a presena de anticorpos IgE a protenas da carraa, semelhana entre a distribuio global das anafilaxias tardias a carnes vermelhas e a dis-tribuio conhecida das vrias espcies de carraa; pre-sena de -gal aps a marcao do trato gastrointestinal da Ixodes ricinus9.

    IMPORTNCIA CLNICA DA -GAL

    At recentemente, pensava -se que as reaes de hipersensibilidade tipo I a oligossacardeos fossem pou-co provveis, com base no conhecimento de que a sensibilizao a determinantes dos hidratos de carbo-no por reatividade cruzada (CCD) no causa sintomas clnicos relevantes, mas apenas reatividade cruzada in vitro18.

    No caso especfico da -gal, porm, a existncia de anticorpos especficos constitui um problema de sade importante, dado que os doentes esto em risco de anafilaxia de incio tardio com a ingesto de carnes ver-melhas e produtos com gelatina de origem suna ou bovina, bem como tambm risco de anafilaxia imediata se expostos a anticorpos de origem murina ou soros coloides de origem bovina4. A utilizao de materiais bioprostticos como vlvulas cardacas de origem suna ou bovina, pode condicionar um risco elevado de reaes peri e ps -operatrias em doentes altamente sensibili-zados4,8. A comprovao da sensibilizao a -gal im-portante para o diagnstico de reaes a carnes ver-melhas de incio tardio e reaes a gelatinas de origem mamfera, bem como para a identificao do alergnio responsvel por episdios repetidos de urticria ou anafilaxia1,2.

    A IgE especfica a -gal associa -se essencialmente a duas formas de anafilaxia, explicitadas no Quadro 3.

    Joana Pita, Alexandru Ciobanu, Carlos Loureiro, Ana Todo -Bom

  • 15R E V I S T A P O R T U G U E S A D E I M U N O A L E R G O L O G I A

    Quadro 3. Tipos de anafilaxia a -gal

    1 Anafilaxia primeira exposio ao cetuximab19

    2 Anafilaxia de incio tardio 3 6 horas aps ingesto de carne de mamferos no primatas1,2

    O cetuximab constitudo por 21 estruturas distintas de oligossacardeos, em que 30 % destas contm um ou mais resduos -1,3 -galactosil17. At recentemente, considerava -se que os resduos de -gal estivessem loca-lizados apenas na poro Fab deste anticorpo monoclo-nal20, mas dados mais recentes mostram que estes res-duos podem encontrar -se tambm na poro Fc5,19.

    HIPERSENSIBILIDADE

    Na Europa, as picadas de carraa da famlia Ixodidae constituem a causa principal de sensibilizao, e pos-svel identificar o epitopo -gal no trato gastrointestinal do Ixodes ricinus21. Aps uma picada, os nveis de IgE especfica a -gal aumentam e podem ocorrer os sinto-mas de alergia. Se o doente evitar novas picadas, os nveis de IgE decrescem, e se ficar livre de picadas por um perodo de 1 a 2 anos os nveis de IgE especfica podem decrescer at um nvel onde a ocorrncia de sintomas pouco provvel. Estes doentes podem at tolerar ingesto de carnes de mamferos sem sintomas21. Se ocorrer nova picada, os nveis de IgE especfica voltam a aumentar21.

    John W. Steinke sugeriu vrios mecanismos para a hipersensibilidade a -gal: contrariamente ao que acon-tece aps uma prova de provocao oral com carne de porco, onde a urticria tem incio apenas 2 horas aps a prova de provocao, quando administrado cetuximab podemos observar uma reao de incio rpido em aproximadamente 20 minutos aps o incio da administrao endovenosa deste anticorpo mono-clonal17. Esta resposta rpida semelhante resposta dos basfilos in vitro aps ativao com glicoprotenas

    (tiroglobulina bovina ou cetuximab), que promovem uma reao com incio em 25 minutos. Durante uma prova de provocao oral, os basfilos circulantes provocam uma sobre rregulao da expresso de CD63 num intervalo de tempo semelhante ao do incio dos sintomas. As respostas de incio retardado no so directamente relacionadas com a ao dos basfilos ou mastcitos17.

    Parece provvel que o oligossacardeo seja absorvido atravs do tracto gastrointestinal e transportado para a circulao sangunea de forma lenta17. Aps o seu trans-porte para a circulao perifrica, admite -se que possa haver transporte para o ducto torcico por quilomicra, que parecem ser os responsveis pelo incio tardio dos sintomas17. Outro facto interessante que as partculas de LDL transportam -gal na sua superfcie e podem efetivamente causar a libertao de mediadores masto-citrios, mas apenas em doentes com valores de IgE es-pecfica a -gal elevados17.

    HIPTESES PARA A SENSIBILIZAO E ALERGIA A -GAL

    Um dos aspetos interessantes na hipersensibilidade a -gal que este sndrome parece desenvolver -se igual-mente em indivduos atpicos e no atpicos3. Os meca-nismos imunolgicos que relacionam a exposio car-raa com a produo de IgE especfica a -gal permanecem pouco compreendidos3.

    De acordo com John Steincke et al, as respostas IgE--mediadas podem ocorrer fora de centros germinativos maduros. O switch para IgE pode ocorrer em variadas localizaes, como por exemplo na mucosa nasal.

    Outros autores7 afirmam que as protenas de trans-porte de lpidos VLDL e LDL tambm transportam -gal na sua superfcie, o que promove uma reao de cross link com a IgE e a consequente libertao de mediadores mastocitrios. Estes autores postulam que o desenvolvi-mento de sintomas parece correlacionar -se mais com a

    ALERGIA A GALACTOSE - -1,3 -GALACTOSE / ARTIGO DE REVISO

  • 16R E V I S T A P O R T U G U E S A D E I M U N O A L E R G O L O G I A

    desgranulao mastocitria do que com a ativao baso-flica e que a ativao dos basfilos est relacionada com o tempo de incio dos sintomas. A ativao dos basfilos pode portanto ser um marcador da presena de -gal na corrente sangunea7.

    De acordo com Kollman, a alergia a -gal parece ser mediada por uma resposta Th2 atpica, caracterizada pela elevao de IgE e IgG, particularmente IgG122. A resposta Th2 iniciada por basfilos, e alguns doentes apresentam prurido aps a ingesto de carne vermelha no local exato da picada de carraa. Este facto sugere que os basfilos, mastcitos ou eosinfilos permanecem no local da inoculao22.

    Segundo Jeffrey Wilson e Platts -Mills, h claras evi-dncias de que as picadas de carraa promovem res-postas Th2, apesar dos mecanismos serem pouco cla-ros3. Resultados de estudos laboratoriais destes autores demonstraram existir um recrutamento de clulas T e neutrfilos no local da picada em 48 horas num hospedeiro naive. Surpreendentemente, os bas-filos no eram as clulas predominantes3. Com base nos conceitos emergentes sobre imunidade tipo 2, que inclui fatores da imunidade inata e adaptativa, os au-tores postulam que haver uma cascata inicial de cito-cinas, como TSLP, IL -33 e IL -25, que sero libertadas das clulas epiteliais como um sinal inicial para as c-lulas imunes hematopoiticas. A resposta epitelial pode envolver reconhecimento de padres moleculares as-sociados a patogenos (PAMP) ou padres moleculares associados a dano (DAMP) por recetores de reconhe-cimento de patogenos (PRR) expressados no epitlio. Outros mediadores, como prostaglandinas ou leuco-trienos, tambm podem ter um papel precoce nesta reao3. H uma panplia de constituintes da saliva da carraa que podem estar implicados, como prostaglan-dinas, lipocalinas, fosfolipases e adenosina, que podem atuar no epitlio e nas clulas imunes subepiteliais. Uma possibilidade interessante que a -gal tenha atividade PAMP intrnseca que promova a cascata da imunidade tipo 2.

    DIAGNSTICO DE ALERGIA A -GAL

    O sintoma mais predominante parece ser o prurido, mas os doentes tambm podem desenvolver urticria, angioedema, nuseas, diarreia ou mesmo anafilaxia re-corrente1,5,7,16,17. Reaes urticariformes e anafilaxia de incio tardio foram reportadas em variadas regies do mundo. Estas ocorreram tipicamente 2 -6 horas aps a ingesto de carne vermelha (carne de vaca, porco, car-neiro, coelho, cavalo e canguru).

    Na Europa, as vsceras de vaca e porco so consumi-das tradicionalmente. Relatos anteriores mostram que particularmente o rim de porco extremamente rico em -gal4. Aps a sua ingesto, os sintomas foram mais gra-ves e de incio mais rpido, quando comparado s reaes aps a ingesto de carne do msculo esqueltico4. Carnes vermelhas com maior contedo em gordura tambm causam reaes alrgicas mais graves22. As partculas li-pdicas entram na corrente sangunea 3 a 4 horas aps uma refeio, o que sugere que o tempo necessrio para que ocorram sintomas pode refletir o tempo necessrio para absorver e digerir a -gal.

    Para alm do facto de a ingesto de rim de porco e de vaca poder encurtar o incio das manifestaes clnicas, o incio das reaes tambm pode ser mais rpido se coexistirem alguns cofactores, detalhados no Quadro 4.

    Quadro 4. Cofactores responsveis pela diminuio do tempo de incio da reao alrgica (Adaptado de1,5,7,18)

    1 Administrao endovenosa de frmacos

    2 Ingesto de lcool

    3 Exerccio fsico

    4 Toma de anti inflamatrios no esteroides

    As reaes locais de evoluo longa no local da picada de carraa podem ser indicativas de sndrome -gal. Nestes casos, a reao local pode persistir at 14 dias. Em indivduos altamente sensibilizados, esta reao pode permanecer durante 8 semanas, resultando em leses de grattage18.

    Joana Pita, Alexandru Ciobanu, Carlos Loureiro, Ana Todo -Bom

  • 17R E V I S T A P O R T U G U E S A D E I M U N O A L E R G O L O G I A

    A reao mais grave e preocupante a anafilaxia, rea-o aguda grave, com evoluo rpida e potencialmente fatal. Os rgos envolvidos podem incluir a pele e mucosas em 80 -90 % dos casos, o sistema respiratrio (70 %), o trato gastrointestinal (30 -40 %), o sistema cardiovascular (10 -45 %) e o sistema nervoso central (10 -15 %)23.

    A anafilaxia altamente provvel quando qualquer um dos seguintes trs critrios so cumpridos24:

    1. Incio sbito de sintomas (minutos a vrias horas) com envolvimento da pele, mucosas ou ambas (por exemplo, urticria generalizada, prurido ou flushing, edema labial, da lngua ou da vula) e pelo menos um dos seguintes:a. Envolvimento respiratrio (dispneia, sibilncia,

    broncospasmo, estridor, reduo do peak expi-ratory flow (PEF), hipoxemia);

    b. Reduo da tenso arterial (TA) ou sintomas associados de disfuno de rgo (hipotonia, colapso, sncope, incontinncia).

    2. Dois ou mais dos seguintes aps exposio a um alergnio conhecido para o doente (minutos a horas):a. envolvimento da pele, mucosas ou ambas (urti-

    cria generalizada, prurido ou flushing, edema labial, da lngua ou da vula);

    b. Envolvimento respiratrio (dispneia, sibilncia, broncospasmo, estridor, reduo do peak expi-ratory flow (PEF), hipoxemia);

    c. Reduo da TA ou sintomas associados de dis-funo de rgo (hipotonia, colapso, sncope, incontinncia);

    d. Sintomas gastrointestinais persistentes (dor ab-dominal em clica, vmitos).

    3. Reduo da tenso arterial aps exposio a um alergnio conhecido para o doente (minutos a horas):a. Crianas: baixa tenso arterial sistlica (espec-

    fico para a idade) ou decrscimo maior que 30 % na TA sistlica;

    b. Adultos: TA sistlica menor que 90 mm Hg ou de-crscimo maior que 30 % da TA habitual do doente.

    No diagnstico da alergia a -gal, os testes cutneos por picada com extratos comerciais de carne apresentam baixa sensibilidade, fornecendo resultados duvidosos ou negativos. Se positivos, a reao cutnea ligeira (inferior a 5 mm)5,7,9,18,22.

    Num estudo de casos controlo com 25 doentes com IgE especfica a -gal e sintomas alrgicos aps a ingesto de rim de porco, carne de mamferos no primatas ou gelatinas, apenas 2 apresentaram resultados positivos aos testes cutneos por picada com extratos comerciais13. Tam-bm podem ser realizados testes picada a picada5,7,9,18,22. Os testes picada a picada com rim de porco cru ou cozi-nhado apresentam uma alta sensibilidade 100 %, quando comparados com os testes realizados com carne de porco crua (42 -63 %) e carne de vaca crua (33 -38 %)4.

    Um diagnstico diferencial importante com a alergia a -gal a sndrome gato -porco, dado que apresenta vrias caractersticas em comum. Ambos envolvem reaes IgE--mediadas desencadeadas pela ingesto de carne de mam-feros1,7,17. Ambas as sndromes podem apresentar resultados semelhantes nos testes cutneos por picada e no imunoen-saio, por reatividade cruzada. A maioria dos doentes com alergia a carnes vermelhas por hipersensibilidade a -gal apresenta nveis de IgE especfica elevada para: carne de vaca, porco, carneiro, pelo de gato, pelo de co e leite de vaca. Estes doentes apresentam IgE especfica elevada a pelo de gato devido aos resduos de -gal presentes na IgA do gato e no devido a uma positividade de Fel d 11,7, o aler-gnio principal do gato.

    O ImmunoCAP tem um valor diagnstico inquestio-nvel, dado que permite dosear as IgE especficas a carne de porco, vaca, pelo de gato e -gal, auxiliando no diag-nstico diferencial entre a sndrome -gal e a sndrome gato -porco 1,7. O doente com hipersensibilidade a -gal tpico apresenta uma IgE especfica elevada a -gal, car-ne de vaca, porco e carneiro. A IgE especfica a leite de vaca, pelo de co e gato pode ser positiva7,17.

    A avaliao da IgE a -gal realizada atravs da utili-zao do alergnio com o cdigo o215 (Termo Fisher)1, que contm -gal em tiroglobulina bovina.

    ALERGIA A GALACTOSE - -1,3 -GALACTOSE / ARTIGO DE REVISO

  • 18R E V I S T A P O R T U G U E S A D E I M U N O A L E R G O L O G I A

    Dado que os nveis de IgE especfica e a sensibili-zao a -gal decrescem se no existir nova exposio picada de carraa, aqueles doentes que evitam a reexposio podero voltar a tolerar a ingesto de carne22. A monitorizao regular da IgE especfica a -gal pode predizer o risco de existir uma nova reao alrgica grave22. Infelizmente, at atualmente, nem os testes cutneos por picada, nem a quantificao da IgE especfica a -gal, nem o ratio IgE especfica/IgE total permitem a diferenciao entre doentes sensibilizados e reativos4.

    Hilger e colaboradores analisaram a resposta IgE em protenas purificadas da carne por ELISA e ELISAinibio e identificaram duas protenas transportadoras de IgE - -gal no rim de porco: AP -N (aminopeptidase N) e a ECA I (enzima conversora da angiotensina -I) e confirmaram a sua importncia na alergia a -gal pelo papel destas pro-tenas transportadoras na ativao de basfilos e testes cutneos por picada4.

    TRATAMENTO

    essencial que estes doentes possuam um disposi-tivo autoinjector de adrenalina, bem como anti--histamnicos, corticoides e um carto de anafilaxia, com descrio do desencadeante implicado e o trata-mento que deve ser realizado7,23. Os doentes devem evitar a ingesto de carne de porco, carne de vaca, car-neiro e outras fontes de carne de mamferos no pri-matas. No ser necessrio evitar laticnios se o doen-te no apresentar sintomas com estes alimentos. As picadas de carraa devem ser evitadas atravs da utili-zao de repelente, vesturio apropriado, verificao da existncia de carraas no vesturio ou na pele aps atividades no exterior ou contacto com animais e ter ateno especial no perodo de abril a setembro, em que as carraas esto mais ativas. Relativamente ao ce-tuximab, pode ser realizada dessensibilizao, se assim for necessrio7,9.

    CONCLUSES

    Os alergnios major envolvidos na alergia a carne ver-melha de mamferos so albuminas sricas e imunoglo-bulinas. A alergia a carnes vermelhas associada a -gal rara e foi descrita apenas recentemente. Esta alergia apresenta vrias caractersticas incomuns: o desenca-deante, um oligossacardeo, e o tempo de incio dos sin-tomas. Esta reao IgE -mediada nica, dadas as suas manifestaes de urticria ou anafilaxia de incio tardio. Pode ser difcil identificar uma causa imediata para estas reaes, e em muitas delas existe uma histria de picada de carraa com prurido posterior. Aps algum tempo, os doentes iniciam sintomas de alergia 3 a 6 horas aps a ingesto de carne vermelha.

    Nesta sndrome peculiar os testes cutneos tm im-portncia limitada no diagnstico, e os testes picada a picada bem como os doseamentos de IgE especfica so essenciais para o diagnstico, tratamento e evico de futuras reaes.

    A evico de picadas de carraa e o plano de emer-gncia so importantes para a evoluo clnica e para o tratamento desta patologia.

    Financiamento: Nenhum.Declarao de conflito de interesses: Nenhum.

    Contacto:Joana Sofia PitaRua das Parreiras, n. 27, 1., Coimbra, Celas3000 -326 CoimbraE -mail: [email protected]

    REFERNCIAS

    1. Alpha -gal (2012) http://www.phadia.com. Accessed 2 February

    2017.

    2. Platts -Mills T, Schulyer A, Tripathi A, Commins S. Anaphylaxis

    to the carbohydrate side chain alpha -gal. Immunol Allergy Clin

    N Am 2015;35:247 -60.

    Joana Pita, Alexandru Ciobanu, Carlos Loureiro, Ana Todo -Bom

  • 19R E V I S T A P O R T U G U E S A D E I M U N O A L E R G O L O G I A

    3. Wilson J, Schuyler A, Schroeder N, Platts -Mills T. Galactose -

    -1,3 -galactose: atypical food allergen or model IgE hypersensiti-vity? Curr Allergy Asthma Rep 2017;17:8.

    4. Hilger C, Swiontek K, Hentges F, Lehners C, Eberlein B, Morisset

    M, et al. Two galactose - -1,3 -galactose carrying peptidases from pork kidney mediate anaphylactogenic responses in delayed meat

    allergy. Allergy 2016;71:711 -9.

    5. Commins S. Invited Commentary: alpha -Gal allergy: tip of the

    iceberg to a pivotal imune response.Curr Allergy Asthma Rep

    2016;16:61.

    6. Stone C, Hemler J, Commins S, Schulyer A, Phillips E, Peebles R, et

    al. Anaphylaxis after Zoster vaccine: implicating alfa -gal allergy as a

    possible mechanism. J Allergy Clin Immunol 2017;139:1710 -3.e2

    7. Stewart P, McMullan K, Le Blanc S. Delayed red meat allergy:

    clinical ramifications of galactose - -1,3 -galactose sensitization. Ann Allergy Asthma Immunol 2015;115:260 -4.

    8. Mozzicato, S, Tripathi A, Posthumus J, Platts -Mills T, Commins

    S. Porcine or bovine valve replacement in three patients with IgE

    antibodies to the mammalian oligosaccharide galactose -alpha -1,3-

    -galactose. J Allergy Clin Immunol Pract 2014;2:637 -8.

    9. Commins S, Jerath M, Cox K, Erickson L, Platts -Mills. Delayed

    anaphylaxis to alpha -gal, an oligosaccharide in mammalian meat.

    Allergol Int 2016;65:16 -20.

    10. Sim D, Lee J, Park KH, Jeong KY, Ye YM, Lee JH, Park JW. Ac-

    curate assessment of alpha -gal syndrome using cetuximab and

    bovine thyroglobulin -specific IgE. Mol Nutr Food Res 2017;61(10).

    11. Flaherty M, Kaplan S, Jerath M. Diagnosis of life -threatening alpha-

    -gal food allergy appears to be patient driven. J Prim Care Com-

    munity Health 2017;8:345 -8.

    12. Commins S, Platts -Mills. Tick bites and red meat allergy. Curr

    Opin Allergy Clin Immunol 2013;13:354 -9.

    13. Carrapatoso I, Bartolom Zavala B, Ribeiro F, Martnez Quesada

    J, Segorbe Lus A. Allergy to red meat in adulthood: a case report.

    J Investig Allergol Clin Immunol 2014;24:192-211.

    14. Abreu C, Cunha L, Bartolom B, Falco H. Anaphylaxis after

    consumption of red meat in patient with IgE antibodies spe-

    cific for galactose - -1,3 -galactose. EAACI Online Library 2015; 104942.

    15. Van Nunen S. Tick -induced allergies: mammalian meat allergy, tick

    anaphylaxis and their significance. Asia Pac Allergy 2015;5:3 -16.

    16. Calamari A, Poppa M, Villalta D, Pravettoni V. Alpha -gal anaphy-

    laxis: the first case report in Italy. Eur Ann Allergy Clin Immunol

    2015;47:161 -2.

    17. Steinke J, Platts -Mills T, Commins S. The alpha -gal story: lessons

    learned from connecting the dots. J Allergy Clin Immunol 2015;

    135:589 -97

    18. Fischer J, Biedermann T. Delayed immediate -type hypersensitiv-

    ity to red meat and innards: current insights into a novel disease

    entity. J Dtsch Dermatol Ges 2016;14:38 -44.

    19. Commins S, James H, Stevens W, Shawna L, Pochan C, Land M,

    et al. Delayed clinical and ex vivo response to mammalian meat

    in patients with IgE to galactose -alpha -1,3 -galactose. J Allergy

    Clin Immunol 2014;134:108 -15. e11.

    20. Gonzalez -Quintela A, Laursen A, Vidal C, Skaaby T, Gude F,

    Linneberg A. IgE antibodies to alpha -gal in the general adult

    population: relationship with tick bites, atopy and cat ownership.

    Clin Exp Allergy 2014;44:1061 -8.

    21. Saleh H, Embry S, Nauli A, Atyia S, Krishnaswamy G. Anaphylac-

    tic reactions to oligosaccharides in red meat: a syndrome in evo-

    lution. Clin Mol Allergy 2012;10:5.

    22. Kollmann D, Nagl B, Ebner C, Emminger W, Whrl S, Kitzmller

    C, et al. The quantity and quality of -gal -specific antibodies dif-fer in individuals with and without delayed red meat allergy. Al-

    lergy 2017;72:266 -73.

    23. Ferreira M, Neto L, Ribeiro R. Alergia a alfa -gal: Uma reviso

    sistemtica. Braz J Allergy Immunol 2015;3:241 -50.

    24. Anaphylaxis: Guidelines from the European Academy of Allergy

    and Clinical Immunology. EAACI. www.eaaci.org.

    ALERGIA A GALACTOSE - -1,3 -GALACTOSE / ARTIGO DE REVISO

  • 21R E V I S T A P O R T U G U E S A D E I M U N O A L E R G O L O G I A

    ARTIGO ORIGINAL

    Aeromicologia de Lisboa e a sua relao com os fatores meteorolgicos

    Aeromycology of Lisboa and its relation with meteorological factors

    RESUMO

    Introduo: Os esporos de fungos como o Cladosporium e a Alternaria presentes em ambientes outdoor so responsveis pelo desencadeamento de reaes alrgicas. Assim sendo, o estudo aeromicolgico de uma zona geogrfica importante. Objetivos: Identificar e quantificar os tipos de esporos de fungos presentes na atmos-fera de Lisboa e analisar a influncia dos fatores meteorolgicos nas suas concentraes, de modo a conhecer a sua variao sazonal. Metodologia: Analisaram -se os dados das monitorizaes da estao de Lisboa da Rede Portuguesa de Aerobiologia (RPA) de esporos de fungos, de 1 de janeiro a 31 de dezembro de 2013. Usou -se um captador Burkard Seven Day Volumetric Spore -trap e um sistema de leitura ao microscpio tico com uma ampliao de 400x. A influncia dos fatores meteorolgicos sobre as concentraes dos esporos foi avaliada pela anlise da correlao de Spearman. Resultados: Coletaram -se 657 922 esporos de fungos com uma concentra-o mdia diria de 1803 esporos de fungos/m3. Os tipos de esporos de fungos mais abundantes foram: Clados-porium cladosporoide (53,6 %), Amanita (8,8 %), Ustilago (4,3 %), Leptosphaeria (4,2 %), Coprinus (4,0 %) Cladosporium herbarum (3,7 %), Mycospharella (3,4 %), Boletus (2,1 %), Aspergillus -Penicillium (1,8 %), Agaricus (1,4 %) e Alternaria (1,1 %). As concentraes mais elevadas de esporos de fungos registaram -se entre o final da primavera e o ou-tono. Em outubro obteve -se o ndice mais elevado, 172 507 de esporos de fungos/m3. A temperatura mdia apresenta uma correlao positiva com as concentraes de condios, com os esporos totais e uma correlao

    Raquel Ferro1,2, Carlos Nunes3, Elsa Caeiro1,2, Irene Camacho4, Miguel Paiva5, Mrio Morais-Almeida6

    1 Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clnica (SPAIC) - Grupo de Interesse de Aerobiologia, Lisboa2 Instituto de Cincias Agrrias e Ambientais Mediterrnicas (ICAAM), Universidade de vora3 Centro de Imunoalergologia do Algarve, Portimo4 Centro de Competncia das Cincias da Vida, Universidade da Madeira, Funchal5 Servio de Imunoalergologia do Hospital de Dona Estefnia, Centro Hospitalar Lisboa Central6 Centro de Alergia, Hospitais CUF-Descobertas e CUF Infante Santo, Lisboa

    R e v P o r t I m u n o a l e r g o l o g i a 2 0 1 8 ; 2 6 ( 1 ) : 2 1 - 3 3

    Data de receo / Received in: 21/07/2017 Data de aceitao / Accepted for publication in: 18/10/2017

  • 22R E V I S T A P O R T U G U E S A D E I M U N O A L E R G O L O G I A

    Raquel Ferro, Carlos Nunes, Elsa Caeiro, Irene Camacho, Miguel Paiva, Mrio Morais-Almeida

    negativa com os nveis de ascsporos. A humidade relativa e a precipitao apresentaram um efeito positivo com os ascsporos, mas negativo com os fungos anamrficos, mixomicetos e esporos totais. Os basidisporos apre-sentaram correlao positiva apenas com a precipitao. A velocidade mdia do vento foi estatisticamente ne-gativa com os fungos anamrficos e basidisporos e com os esporos totais. Concluses: O estudo permitiu caracterizar a distribuio intra -anual dos esporos fngicos em Lisboa, facilitando o planeamento de estudos para avaliao de sensibilizao alrgica e seu eventual impacto clnico.

    Palavras -chave: Aerobiologia, esporos de fungos, fatores meteorolgicos, Lisboa.

    ABSTRACT

    Introduction: Fungal spores present in outdoor environments are responsible for triggering of allergic reac-tions, and therefore it is important to characterize the aeromycological data in a region. Objectives: To iden-tify and quantify the types of fungal spores present in Lisbon atmosphere and to analyze the influence of meteo-rological factors. Methodology: Monitoring data from the Lisbon station of the Portuguese Aerobiology Network of fungal spores from 1 January to 31 December 2013 were analyzed. A Burkard Seven Day Volumetric Spore -trap collector and optical microscope reading system based on the analysis of a longitudinal line at the center of the slide with a magnification of 400x were used. The influence of the meteorological factors on the concentrations of fungal spores was evaluated through the Spearman correlation analysis. Results: A total of 657,922 fungal spores were collected at a mean daily concentration of 1,803 fungi / m3 spores. The most frequent types of fungi spores were Cladosporium cladosporoide (53.6%), Amanita (8.8%), Ustilago (4.3%), Leptosphaeria (4.2%) Co-prinus (4.0%) Cladosporium herbarum (3.7%), Mycospharella (3.4%), Boletus (2.1%), Aspergillus -Penicillium (1.8%), Agaricus (1.4%) and Alternaria (1.1%). The highest concentrations of fungal spores occurred between late spring and autumn. October was the month with the highest fungal spore (172,507/m3) and with maximum daily (13,561 fungi/m3). Mean temperature presented a positive correlation with conidia concentrations with total spores and a negative correlation with ascospore levels. Relative humidity and precipitation had a positive effect with asco-spores but negative with conidia, myxomycetes and total spores. Basidiospore showed a positive correlation with precipitation alone. The average wind speed had a negative effect on conidia, basidiospore and total spores. Conclusions: This study allowed to characterize the yearly distribution of fungal spores in Lisbon, as well as its relationship with the meteorological variables, allowing to plan studies for evaluation of allergic sensitization and its eventual clinical impact.

    Keywords: Aerobiology, climate parameters, fungal spores, Lisbon.

  • 23R E V I S T A P O R T U G U E S A D E I M U N O A L E R G O L O G I A

    INTRODUO

    O ar atmosfrico contm uma grande variedade de componentes, como gases inorgnicos, par-tculas poluentes e biolgicas1. De entre as partculas biolgicas destacam -se os esporos de fungos, que representam a maior componente biolgica do ar atmosfrico exterior, sendo habitualmente detetados em concentraes superiores a 1000 esporos/m3. Estes n-veis ascendem vrias vezes aos de outras partculas, no-meadamente aos de gros de plen2,3,4.

    Os esporos de fungos podem ter efeitos adversos na prtica agrcola e/ou na sade humana5. Nos pases in-dustrializados, tem -se verificado, consoante os estudos, uma variao de 6 % a 20 % de sensibilidade aos esporos de fungos na populao geral6,7,8. Mais de 80 gneros de fungos esto descritos como responsveis pelo desenca-deamento de manifestaes alrgicas, como rinite, con-juntivite, asma, eczema atpico, micose bronco pulmonar alrgica, sinusite alrgica fngica e pneumonite de hiper-sensibilidade6,8,9. Os esporos anamrficos representam a maior frao de esporos presentes no ar atmosfrico10,11

    e este grupo que inclui a Alternaria e o Cladosporium, esporos de fungos que comportam vrios aeroalergnios conhecidos13. Aproximadamente 3 % dos portugueses manifesta reaes alrgicas a Alternaria ou Cladosporium11. Contudo, as alergias aos esporos de fungos no esto bem definidas em termos temporais e apresentam um elevado grau de complexidade e variabilidade face a aler-gias induzidas por outras partculas, como os gros de plen12.

    A diversidade e concentrao de esporos de fungos no ar atmosfrico dependem de uma complexa interao entre fatores biolgicos e ambientais, como os parme-tros meteorolgicos, a variao climtica sazonal, a to-pogrfica, o perodo do dia, o tipo de vegetao, a polui-o atmosfrica e a atividade humana3,6,13. A variao dos parmetros meteorolgicos tem sido descrita como a principal responsvel pela esporulao e disperso dos esporos de fungos no ar atmosfrico14,15,16.

    Desta forma, torna -se de grande interesse monitori-zar os vrios tipos de esporos de fungos presentes na atmosfera de uma determinada regio e conhecer a sua frequncia e variao ao longo de um perodo de tempo, assim como a influncia dos parmetros meteorolgicos nos seus nveis atmosfricos.

    Em Portugal, particularmente na regio de Lisboa, so escassos os estudos publicados sobre a carga aeromicol-gica4. Assim, os objetivos deste trabalho foram identificar e quantificar os diferentes tipos de esporos de fungos pre-sentes na atmosfera de Lisboa e analisar a influncia dos fatores meteorolgicos sobre as suas concentraes.

    MATERIAL E MTODOS

    Para a monitorizao dos esporos de fungos utilizaram--se os dados mdios dirios das monitorizaes de es-poros de fungos da estao de Lisboa da Rede Portugue-sa de Aerobiologia (RPA) efetuadas entre 1 de janeiro e 31 de dezembro de 2013.

    Na amostragem utilizou -se um captador volumtrico do tipo Hirst (Burkard Seven Day Volumetric Spore--trape) que permitiu a aspirao contnua das partculas (10 litros de ar por minuto) presentes no ar atmosfrico. No interior do captador encontrava -se um sistema cir-cular (tambor) munido de uma fita de melinex impregna-da de soluo adesiva, soluo de silicone, onde os espo-ros de fungos, por impacto, ficaram retidos17,18. O tambor encontrava -se ligado a um sistema de relojoaria que permitiu que este girasse 2 mm/hora ininterruptamente durante 7 dias consecutivos. A fita contendo a amostra foi substituda semanalmente e, em laboratrio, foi sec-cionada em 7 segmentos que representam, cada um, os dias de amostragem. Posteriormente, cada segmento foi fixado a uma lmina de microscopia e corado com soluo de glicero -gelatina com fucsina bsica.

    Para a identificao e quantificao dos esporos de fungos recorreu -se leitura, ao microscpio tico, de uma linha longitudinal ao centro da lmina com uma ampliao

    AEROMICOLOGIA DE LISBOA E A SUA RELAO COM OS FATORES METEOROLGICOS / ARTIGO ORIGINAL

  • 24R E V I S T A P O R T U G U E S A D E I M U N O A L E R G O L O G I A

    de 400x. A identificao dos diversos tipos de esporos fngicos assentou numa classificao com base na aparn-cia e nas caractersticas morfolgicas, como cor, dimenso e forma dos esporos, e foi efetuada com apoio de biblio-grafia da especialidade19,20,21,22. Na categoria outros incluiu -se os esporos de fungos que no foram identificados.

    A formao de condios d -se atravs da reproduo assexual nos ascomicetes, cuja anlise da morfologia dos conidiforos utilizada para identificar espcies de fungos11.

    Os resultados foram expressos em nmero mdio de esporos de fungos por metro cbico de ar.

    Localizao do captadorO captador volumtrico encontrava -se instalado no

    Hospital D. Estefnia, em Lisboa, a 20 metros do solo (38 43N; 9 08W, altitude mdia de 55 metros acima do nvel do mar).

    Caracterizao da rea em estudoA cidade de Lisboa localiza -se na regio da Estrema-

    dura, na margem direita do rio Tejo, perto da sua foz, e com cerca de 550 000 habitantes corresponde maior rea urbana de Portugal. Devido influncia martima, o clima de Lisboa ameno e caracteriza -se pela presena de fraca amplitude trmica, por um perodo seco bem definido (vero) e por uma grande irregularidade pluvio-mtrica anual e interanual23.

    Do coberto vegetal da regio de Lisboa fazem parte plantaes de eucalipto (Eucalyptus globulus), de oliveira, bem como de pinheiro bravo (Pinus pinater). Nos espaos verdes localizados nas zonas densamente urbanizadas predominam espcies arbreas, como a accia -do -japo (Sophora japonica), o jacarand ( Jacaranda mimosifolia), o ulmeiro (Ulmus spp.), o choupo (Populus spp.), a tlia (Tilia ssp.) e a pimenteira -bastarda (Schinus molle), entre outro tipo de vegetao arbustiva e herbcea23.

    Obteno e anlise dos dados meteorolgicosOs valores mdios dirios de temperatura do ar, hu-

    midade relativa, precipitao e velocidade do vento foram

    obtidos pela estao meteorolgica do Instituto Superior Tcnico (38 44 9N; 9 0818W, altitude mdia de 100 metros acima do nvel do mar), localizada prxima da estao de monitorizao de bioaerossis de Lisboa24.

    A influncia dos fatores meteorolgicos sobre as con-centraes dos esporos de fungos foi analisada atravs da correlao de Spearman, utilizando -se o programa IBM SPSS Statistics 22.0 (Armonk, NY, EUA).

    RESULTADOS

    Durante o ano de 2013, na atmosfera de Lisboa coletaram -se 657 922 esporos de fungos pertencentes a 105 tipos de esporos de fungos morfologicamente dife-rentes (36 tipos de condios, 32 de ascsporos, 23 de basidisporos, 3 de mixomicetos, 2 de lquenes de ascs-poros e 1 de oomicetos). Registou -se uma concentrao mdia diria de 1803 esporos/m3 e a mxima concentra-o absoluta diria de 13 561 esporos de fungos/m3 no dia 6 de outubro. Em termos gerais, verificou -se a pre-sena de esporos de fungos na atmosfera da regio de Lisboa durante todo o perodo em anlise (Figura 1). As concentraes de esporos de fungos mais elevadas ocor-reram entre o final da primavera e o outono. O outono foi a estao do ano com maior concentrao de esporos de fungos, 308 192 esporos de fungos/m3, destacando -se o ms de outubro com um ndice mensal de 172 507 esporos de fungos. O vero, com 188 715 esporos de fungos, foi a segunda estao do ano com maior ndice, seguindo -se a primavera com 99 995 esporos de fungos, em que s no ms de junho se coletaram 69 598 esporos. O inverno foi a poca em que se registou o ndice mais baixo, 47 243 esporos de fungos.

    A anlise da concentrao anual do total dos diferentes tipos de esporos de fungos (Figura 2) mostrou que os co-ndios (fungos anamrficos) foram os esporos mais abun-dantes no ar atmosfrico da cidade de Lisboa, seguidos pelos basidisporos, os ascsporos, os mixomicetos, os lquenes de ascsporos e, por fim, os esporos de oomicetos.

    Raquel Ferro, Carlos Nunes, Elsa Caeiro, Irene Camacho, Miguel Paiva, Mrio Morais-Almeida

  • 25R E V I S T A P O R T U G U E S A D E I M U N O A L E R G O L O G I A

    AEROMICOLOGIA DE LISBOA E A SUA RELAO COM OS FATORES METEOROLGICOS / ARTIGO ORIGINAL

    Figura 1. Variao diria dos parmetros meteorolgicos e da concentrao dos esporos de fungos na atmosfera de Lisboa em 2013

  • 26R E V I S T A P O R T U G U E S A D E I M U N O A L E R G O L O G I A

    Raquel Ferro, Carlos Nunes, Elsa Caeiro, Irene Camacho, Miguel Paiva, Mrio Morais-Almeida

    Cond

    ios

    Basid

    ispo

    ros

    Esp

    oros

    /m3

    de a

    r

    Asc

    spor

    os

    Mixo

    mice

    tos

    Oomi

    ceto

    s

    Outro

    s

    Asc

    spor

    os de

    lque

    nes

    Figura 2. Total anual dos diferentes grupos de esporos de fungos analisados em Lisboa, 2013

    Quadro 1. Distribuio dos esporos de fungos na atmosfera de Lisboa durante 2013. Apenas esto representados os esporos com prevalncia superior a 1 %

    Esporos de fungosa ndice anual (esporos) %Concentrao mdia diria

    (esporos/m3/dia)

    Concentrao mxima

    (esporos/m3/dia) Data

    C. cladosporoide (C) 352 582 53,59 1578 10 014 05-out

    Amanita (A) 57 650 8,76 169 2998 26-out

    Ustilago (B) 28 351 4,31 157 1352 26-jun

    Leptosphaeria (A) 27 877 4,24 77 962 23-nov

    Coprinus (B) 26 053 3,96 79 2153 26-out

    C. herbarum (C) 24 397 3,71 101 704 10-ago

    Mycospharella (A) 22 219 3,38 64 1071 23-nov

    Botelus (B) 14 041 2,13 38 2750 01-out

    Aspergillus/Penicillium (C) 11 874 1,80 50 372 04-fev

    Agaricus (A) 8951 1,36 26 347 16-out

    Alternaria (C) 7286 1,11 31 204 04-out

    A ascsporos; B basidisporos; C condios

  • 27R E V I S T A P O R T U G U E S A D E I M U N O A L E R G O L O G I A

    AEROMICOLOGIA DE LISBOA E A SUA RELAO COM OS FATORES METEOROLGICOS / ARTIGO ORIGINAL

    Figura 3: Variao da concentrao mensal dos esporos de fungos, Cladosporium cladosporoide, Amanita, Ustilago, Leptosphaeria, Coprinus, Cladosporium herbarum, Mycospharella, Boletus, Aspergillus-Penicillium, Agaricus e Alternaria em 2013.

    0

    20000

    40000

    60000

    80000

    100000

    120000

    Espo

    ro/m

    3de

    ar

    C. cladosporoide

    0

    5000

    10000

    15000

    20000

    25000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Amanita

    0

    2000

    4000

    6000

    8000

    10000

    12000

    14000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Ustilago

    0

    100020003000400050006000700080009000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Leptosphaeria

    0

    2000

    4000

    6000

    8000

    10000

    12000

    14000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Coprinus

    0

    1000

    2000

    3000

    4000

    5000

    6000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    C. herbarum

    0

    1000

    2000

    3000

    4000

    5000

    6000

    7000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Mycospharella

    0100020003000400050006000700080009000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Boletus

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    2500

    3000

    3500

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Aspergillus/ Penicillium

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    2500

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Agaricus

    0

    200

    400

    600

    800

    1000

    1200

    1400

    1600

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Alternaria

    Figura 3: Variao da concentrao mensal dos esporos de fungos, Cladosporium cladosporoide, Amanita, Ustilago, Leptosphaeria, Coprinus, Cladosporium herbarum, Mycospharella, Boletus, Aspergillus-Penicillium, Agaricus e Alternaria em 2013.

    0

    20000

    40000

    60000

    80000

    100000

    120000

    Espo

    ro/m

    3de

    ar

    C. cladosporoide

    0

    5000

    10000

    15000

    20000

    25000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Amanita

    0

    2000

    4000

    6000

    8000

    10000

    12000

    14000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Ustilago

    0

    100020003000400050006000700080009000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Leptosphaeria

    0

    2000

    4000

    6000

    8000

    10000

    12000

    14000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Coprinus

    0

    1000

    2000

    3000

    4000

    5000

    6000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    C. herbarum

    0

    1000

    2000

    3000

    4000

    5000

    6000

    7000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Mycospharella

    0100020003000400050006000700080009000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Boletus

    Figura 3: Variao da concentrao mensal dos esporos de fungos, Cladosporium cladosporoide, Amanita, Ustilago, Leptosphaeria, Coprinus, Cladosporium herbarum, Mycospharella, Boletus, Aspergillus-Penicillium, Agaricus e Alternaria em 2013.

    0

    20000

    40000

    60000

    80000

    100000

    120000

    Espo

    ro/m

    3de

    ar

    C. cladosporoide

    0

    5000

    10000

    15000

    20000

    25000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Amanita

    0

    2000

    4000

    6000

    8000

    10000

    12000

    14000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Ustilago

    0

    100020003000400050006000700080009000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Leptosphaeria

    0

    2000

    4000

    6000

    8000

    10000

    12000

    14000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Coprinus

    0

    1000

    2000

    3000

    4000

    5000

    6000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    C. herbarum

    0

    1000

    2000

    3000

    4000

    5000

    6000

    7000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Mycospharella

    0100020003000400050006000700080009000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Boletus

    Figura 3: Variao da concentrao mensal dos esporos de fungos, Cladosporium cladosporoide, Amanita, Ustilago, Leptosphaeria, Coprinus, Cladosporium herbarum, Mycospharella, Boletus, Aspergillus-Penicillium, Agaricus e Alternaria em 2013.

    0

    20000

    40000

    60000

    80000

    100000

    120000

    Espo

    ro/m

    3de

    ar

    C. cladosporoide

    0

    5000

    10000

    15000

    20000

    25000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Amanita

    0

    2000

    4000

    6000

    8000

    10000

    12000

    14000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Ustilago

    0

    100020003000400050006000700080009000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Leptosphaeria

    0

    2000

    4000

    6000

    8000

    10000

    12000

    14000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Coprinus

    0

    1000

    2000

    3000

    4000

    5000

    6000Es

    poro

    s/m

    3 de

    ar

    C. herbarum

    0

    1000

    2000

    3000

    4000

    5000

    6000

    7000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Mycospharella

    0100020003000400050006000700080009000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Boletus

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    2500

    3000

    3500

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Aspergillus/ Penicillium

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    2500

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Agaricus

    0

    200

    400

    600

    800

    1000

    1200

    1400

    1600

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Alternaria

    Figura 3: Variao da concentrao mensal dos esporos de fungos, Cladosporium cladosporoide, Amanita, Ustilago, Leptosphaeria, Coprinus, Cladosporium herbarum, Mycospharella, Boletus, Aspergillus-Penicillium, Agaricus e Alternaria em 2013.

    0

    20000

    40000

    60000

    80000

    100000

    120000

    Espo

    ro/m

    3de

    ar

    C. cladosporoide

    0

    5000

    10000

    15000

    20000

    25000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Amanita

    0

    2000

    4000

    6000

    8000

    10000

    12000

    14000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Ustilago

    0

    100020003000400050006000700080009000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Leptosphaeria

    0

    2000

    4000

    6000

    8000

    10000

    12000

    14000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Coprinus

    0

    1000

    2000

    3000

    4000

    5000

    6000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    C. herbarum

    0

    1000

    2000

    3000

    4000

    5000

    6000

    7000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Mycospharella

    0100020003000400050006000700080009000

    Espo

    ros/

    m3

    de a

    r

    Boletus

    Figura 3: Variao da concentrao mensal dos esporos de fungos, Cladosporium cladosporoide, Amanita, Ustilago, Leptosphaeria, Coprinus, Cladosporium herbarum, Mycospharella, Boletus, Aspergillus-Penicillium, Agaricus e Alternaria em 2013.

    0

    20000

    40000

    60000

    80000

    1