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UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARANCOORDENAO DE ENGENHARIA CIVIL
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
RAFAEL CAVALHEIRO
ANLISE DA ESTABILIDADE GLOBAL DE EDIFCIO EMCONCRETO ARMADO COM OS PARMETROS z E FAVt
TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO
PATO BRANCO2016
RAFAEL CAVALHEIRO
ANLISE DA ESTABILIDADE GLOBAL DE EDIFCIO EM CONCRETO
ARMADO COM OS PARMETROS z E FAVt
Trabalho de concluso de curso apresentado
como requisito parcial para a obteno de
ttulo de Bacharel em Engenharia Civil, da
Universidade Tecnolgica Federa do Paran,
Cmpus Pato Branco.
Orientadora: Profa. Dra. Pala Regina
Dalcanal
Pato Branco
2016
MINISTRIO DA EDUCAO
UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARAN
DEPARTAMENTO ACDMICO DE CONSTRUO CIVIL
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
TERMO DE APROVAO
ANLISEDA ESTABILIDADE GLBOAL DE EDIFCIO EM CONCRETO ARMADO COM
OS PARMETROS Z E FAVt
RAFAEL CAVALHEIRO
No dia 21 de novembro de 2016, s 16h30min, na Sala de Treinamento da Universidade
Tecnolgica Federal do Paran, este trabalho de concluso de curso foi julgado e, aps
arguio pelos membros da Comisso Examinadora abaixo identificados, foi aprovado
como requisito parcial para a obteno do grau de Bacharel em Engenharia Civil da
Universidade Tecnolgica Federal do Paran UTFPR, conforme Ata de Defesa Pblica
no 25-TCC/2016.
Orientador: Profa. Dra. PALA REGINA DALCANAL (DACOC/UTFPR-PB)
Membro 1 da Banca: Profa. Dra HELOIZA PIASSA BENETTI (DACOC/UTFPR-PB)
Membro 2 da Banca: Prof. Msc. PAULO CEZAR VITORIO JUNIOR (DACOC/UTFPR-
PB)
DACOC/UTFPR-PB Via do Conhecimento, Km 1 CEP 85503-390
www.pb.utfpr.edu.br/ecv Pato Branco-PR. Fone +55 (46) 3220-2560
A educao a arma mais poderosa que voc pode usar para mudar o mundo.
Albert Einstein
RESUMO
CAVALHEIRO, Rafael. ANLISE DA ESTABILIDADE GLOBAL DE EDIFCIO EM
CONCRETO ARMADO COM OS PARMETROS Z E FAVt. 2016, 89 pg. Trabalho
de Concluso de Curso de Graduao em Engenharia Civil Departamento
Acadmico de Construo Civil, Universidade Tecnolgica Federal do Paran
UTFPR. Pato Branco, 2016.
A anlise de estabilidade global de edifcios em concreto armado considerada
essencial, principalmente devido necessidade de se construir edifcios cada vez
mais esbeltos decorrentes do aumento da ocupao vertical dos espaos urbanos.
Juntamente com o aumento da altura das edificaes, intensificaram-se os estudos
relacionados s imperfeies geomtricas geradas pela atuao das aes
horizontais e da no linearidade do comportamento estrutural. O comportamento no
linear da estrutura responsvel pelo aparecimento de esforos adicionais nos
elementos, denominados efeitos de segunda ordem global. Neste sentido, este
trabalho tem como objetivo a utilizao de diferentes parmetros para a avalio da
estabilidade global e obteno dos valores dos efeitos de segunda ordem em
estruturas de concreto armado. Avaliou-se o uso do parmetro z, prescrito na NBR
6118 (ABNT, 2014), e do parmetro de estabilidade global FAVt, desenvolvido pela
empresa TQS Informtica LTDA. O parmetro FAVt considera os efeitos de segunda
ordem gerados pelos deslocamentos horizontais nos ns da estrutura derivados das
aes verticais e horizontais, no somente dos deslocamento causados pelas aes
horizontais, como o caso do parmetro z. Para a realizao do estudo, foi lanado
no software de anlise e dimensionamento estrutural CAD/TQS, um estudo de caso.
Deste estudo derivaram outros exemplos com variaes especficas na modelagem
para exemplificar os diferentes resultados no emprego dos dois parmetros. Foi
possvel demonstrar que, para o estudo de caso realizado, a utilizao do parmetro
de estabilidade global FAVt resulta em uma anlise de segunda ordem mais segura
se comparada utilizao do parmetro z, resultado este que outros autores j
haviam demostrado em outras modelagens.
Palavras-chave: Estabilidade global, Parmetros de estabilidade, Anlise de
Segunda Ordem, Efeitos de Segunda Ordem.
ABSTRACT
CAVALHEIRO, Rafael. ANALYSIS OF GLOBAL BUILDING STABILITY IN
REINFORCED CONCRETE USING THE PARAMETERS Z AND FAVt. 2016, 89
pg. Trabalho de Concluso de Curso de Graduao em Engenharia Civil
Departamento Acadmico de Construo Civil, Universidade Tecnolgica Federal do
Paran UTFPR. Pato Branco, 2016.
The analysis of the overall stability of buildings in reinforced concrete is considered
essential today because of the need to build ever more slender buildings resulting from
the increase in the vertical occupation of urban spaces. Together with the increase in
height of buildings, studies related to the geometric imperfections generated by
horizontal actions and non-linearity of structural behavior were intensified. The
nonlinear behavior of the structure is responsible for the appearance of additional
efforts on the elements, called global second order effects. In this sense, this work had
as objective the use of different parameters for the evaluation of the global stability and
obtaining the values of the second order effects in reinforced concrete structures. It
was evaluated the use of gamma-z parameter, prescribed in NBR 6118 (ABNT, 2014),
and the global stability parameter FAVt, developed by TQS Informtica Ltda. The FAVt
parameter considers the second order effects generated by the horizontal
displacements in the nodes of the structure derived from the vertical and horizontal
actions, not only the displacements caused by the horizontal actions, as is the case of
the gamma-z parameter. In order to achieve the objectives, a case study was analyzed
in CAD / TQS structural analysis software. From this study, other examples were
derived with specific variations in the modeling to exemplify the different results in the
use of the two parameters. It was possible to demonstrate that for the case study
carried out, the use of the global stability parameter FAVt results in a safer second-
order analysis if compared to the gamma-z parameter, a result that other authors have
already demonstrated in other models.
Palavras-chave: Global Stability, Parameters of Stability, Second-Order Analysis,
Second-Order Effects.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: COMPORTAMENTO TENSO VERSUS DEFORMAO .................... 17
FIGURA 2: ANLISE LINEAR ................................................................................... 18
FIGURA 3: ANLISE NO-LINEAR .......................................................................... 19
FIGURA 4: ANLISE DE PRIMEIRA ORDEM .......................................................... 24
FIGURA 5: ANLISE DE SEGUNDA ORDEM .......................................................... 25
FIGURA 6: BARRA NA CONFIGURAO GEOMTRICA INICIAL ......................... 26
FIGURA 7: RESULTADOS DA ANLISE DE PRIMEIRA ORDEM ........................... 27
FIGURA 8: DESLOCAMENTO INICIAL .................................................................... 28
FIGURA 9: EFEITOS DE SEGUNDA ORDEM .......................................................... 28
FIGURA 10: DESLOCAMENTO DEVIDO CARREGAMENTO VERTICAL ............... 34
FIGURA 11: DESLOCAMENTO DEVIDO CARREGAMENTO VERTICAL ............... 35
FIGURA 12: PROCESSO ITERATIVO P- ............................................................... 36
FIGURA 13 - EXEMPLO PRTICO .......................................................................... 37
FIGURA 14 - DESLOCAMENTO GERADO PELA AO HORIZONTAL ................. 38
FIGURA 15 - DESLOCAMENTO HORIZONTAL GERADO PELA AO VERTICAL
.................................................................................................................................. 39
FIGURA 16 - SUBSTITUIO DA CARGA EXCNTRICA....................................... 40
FIGURA 17 - POSIO FINAL DA ESTRUTURA .................................................... 40
FIGURA 18 - PLANTA BAIXA PAVIMENTO TIPO ESTUDO DE CASO ................... 47
FIGURA 19 - ENTRADA DE DADOS PARA CLCULO DE ESFORO DEVIDO AO
VENTO ...................................................................................................................... 49
FIGURA 20 - MAPA DA VELOCIDADE BSICA DO VENTO NO BRASIL ............... 51
FIGURA 21 - CLCULO DOS COEFICIENTES DE ARRASTO ............................... 52
FIGURA 22 - APLICAO DA CARGA DE VENTO NA ESTRUTURA .................... 53
FIGURA 23 - COEFICIENTES DE NO LINEARIDADE FSICA .............................. 59
FIGURA 24 - PLANTA DE FORMA DO PAVIMENTO TIPO ..................................... 60
FIGURA 25 - CORTE ESQUEMTICO ..................................................................... 61
FIGURA 26 VISUALIZAO 3D EXEMPLO 1 ....................................................... 61
FIGURA 27 - VISUALIZAO 3D EXEMPLO 2 ........................................................ 70
FIGURA 28 - CORTE ESQUEMTICO EXEMPLO 2 ............................................... 71
FIGURA 29 - DISPOSIO DOS PILARES EXEMPLO 3 ........................................ 79
FIGURA 30 - VISUALIZAO 3D EXEMPLO 3 ........................................................ 80
FIGURA 31 - DISPOSIO DOS PILARES EXEMPLO 3 ........................................ 86
FIGURA 32 - VISUALIZAO 3D EXEMPLO 3 ........................................................ 86
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - PARMETROS DE ESTABILIDADE GLOBAL ..................................... 41
TABELA 2: ETAPAS DE TRABALHO ....................................................................... 44
TABELA 3 - CARGAS DISTRIBUDAS POR REA EM LAJES ................................ 48
TABELA 4 - CARGAS POR REA DE PAREDE ...................................................... 48
TABELA 5 - AES ATUANTES NA ESTRUTURA ................................................. 54
TABELA 6 - COMBINAES DO ESTADO LIMITE LTIMO ................................... 55
TABELA 7 - COMBINAES DO ESTADO LIMITE DE SERVIO .......................... 56
TABELA 8 - INCIDNCIA DO VENTO ..................................................................... 62
TABELA 9 - CLCULO DO Z .................................................................................. 64
TABELA 10 - CLCULO DO PARMETRO FAVT ................................................... 64
TABELA 11 - PARMETROS DE ESTABILIDADE GLOBAL.................................... 65
TABELA 12 - COMBINAES PARA OBTENO DOS MOMENTOS DE
CLCULO ................................................................................................................. 66
TABELA 13 - MOMENTOS CARACTERSTICOS NA BASE DOS PILARES (KN.M)
.................................................................................................................................. 67
TABELA 14 - MOMENTOS DE PRIMEIRA ORDEM ................................................. 68
TABELA 15 - MOMENTOS DE SEGUNDA ORDEM GLOBAL X PRIMEIRA ORDEM
(KN.M) ....................................................................................................................... 68
TABELA 16 - DESLOCAMENTOS MXIMOS TOPO DA ESTRUTURA .................. 69
TABELA 17 - INCIDNCIA DO VENTO .................................................................... 71
TABELA 18 - PARMETROS DE ESTABILIDADE GLOBAL.................................... 72
TABELA 19 - CLCULO DO PARMETRO FAVT ................................................... 74
TABELA 20 - MOMENTOS CARACTERSTICOS NA BASE DOS PILARES (KN.M)
.................................................................................................................................. 75
TABELA 21 - COMBINAES PARA OBTENO DOS MOMENTOS DE
CLCULO ................................................................................................................. 75
TABELA 22 - MOMENTOS DE PRIMEIRA ORDEM GLOBAL .................................. 76
TABELA 23 - MOMENTO DE SEGUNDA ORDEM GLOBAL (KN.M) ....................... 76
TABELA 24 - DESLOCAMENTOS MXIMOS TOPO DA ESTRUTURA .................. 78
TABELA 25 - INCIDNCIA DO VENTO .................................................................... 80
TABELA 26 - PARMETROS DE ESTABILIDADE GLOBAL.................................... 81
TABELA 27 - CLCULO DO PARMETRO FAVT ................................................... 82
TABELA 28 MOMENTOS CARACTERSTICOS NA BASE DOS PILARES (KN.M)
.................................................................................................................................. 83
TABELA 29 - MOMENTOS DE PRIMEIRA ORDEM GLOBAL .................................. 83
TABELA 30 - MOMENTO DE SEGUNDA ORDEM GLOBAL (KN.M) ....................... 84
TABELA 31 - DESLOCAMENTOS MXIMOS NO TOPO DA ESTRUTURA ............ 85
TABELA 32 - INCIDNCIA DO VENTO ................................................................... 87
TABELA 33 - PARMETROS DE ESTABILIDADE GLOBAL.................................... 88
TABELA 34 - CLCULO DO PARMETRO FAVT ................................................... 88
TABELA 35 MOMENTOS CARACTERSTICOS NA BASE DOS PILARES (KN.M)
.................................................................................................................................. 89
TABELA 36 - MOMENTOS DE PRIMEIRA ORDEM GLOBAL .................................. 90
TABELA 37 - MOMENTO DE SEGUNDA ORDEM GLOBAL (KN.M) ....................... 90
TABELA 38 - DESLOCAMENTOS MXIMOS NO TOPO DA ESTRUTURA ............ 91
TABELA 39 - PARMETROS DE ESTABILIDADE GLOBAL.................................... 92
TABELA 40 - VALORES DOS PARMETROS PARA ANLISE DE SEGUNDA
ORDEM GLOBAL ...................................................................................................... 93
SUMRIO
1 INTRODUO ................................................................................................ 10
1.1 OBJETIVOS .................................................................................................... 13
1.1.1 Objetivo Geral .............................................................................................. 13
1.1.2 Objetivos Especficos ................................................................................... 13
1.2 JUSTIFICATIVA .............................................................................................. 14
2 REVISO BIBLIOGRFICA ........................................................................... 16
2.1 ANLISE ESTRUTURAL ................................................................................ 16
2.1.1 Anlise Linear .............................................................................................. 17
2.1.2 Anlise No-Linear ....................................................................................... 18
2.2 ANLISE DA ESTABILIDADE GLOBAL ......................................................... 23
2.2.1 Efeitos de Segunda Ordem .......................................................................... 24
2.3 PARMETROS DE ESTABILIDADE GLOBAL................................................ 29
2.3.1 Parmetro de Instabilidade Alfa () .............................................................. 30
2.3.2 Coeficiente z (z) ........................................................................................ 32
2.3.3 Coeficiente FAVt .......................................................................................... 33
2.3.4 Anlise De Segunda Ordem Global P-delta ................................................. 35
2.3.5 Exemplo Prtico de Clculo dos Parmetros z e FAVt ............................... 37
2.4 FATORES QUE INFLUENCIAM NA ESTABILIDADE GLOBAL ...................... 41
3 MTODOLOGIA ............................................................................................. 43
3.1 ETAPAS DO TRABALHO ................................................................................ 44
4 ESTUDO DE CASO ........................................................................................ 45
4.1 DESCRIO DO MODELO ............................................................................ 46
4.1.1 Propriedade dos Materiais ........................................................................... 47
4.1.2 Aes Atuantes ............................................................................................ 48
4.1.3 Combinao das aes ................................................................................ 53
4.1.4 Modelo estrutural e Discretizao ................................................................ 56
4.1.5 Concepo Estrutural e Dimensionamento .................................................. 57
4.1.6 Considerao da NLF .................................................................................. 58
4.2 RESULTADOS E ANLISE ............................................................................. 59
4.2.1 Exemplo 1 .................................................................................................... 59
4.2.2 Exemplo 2 .................................................................................................... 70
4.2.3 Exemplo 3 .................................................................................................... 79
4.2.4 Exemplo 4 .................................................................................................... 85
4.2.5 Comparao dos Resultados Entre os Exemplos ........................................ 92
5 CONCLUSO ................................................................................................. 95
REFERNCIAS......................................................................................................... 97
10
1 INTRODUO
O crescente aumento das cidades exigiu dos profissionais de engenharia civil
uma evoluo nas metodologias de anlise, projeto e execuo de obras para atender
a demanda demogrfica, com um melhor aproveitamento dos espaos limitados. Essa
demanda elevou o custo do espao nos aglomerados urbanos, limitando os projetistas
quanto ao uso horizontal nos projetos e influenciando-os a cada vez mais maximizar
a altura em seus edifcios (WORDELL, 2003).
Com o aumento da altura e esbeltes dos edifcios em concreto armado, os
profissionais tiveram que dar mais ateno para a anlise de estabilidade global pois,
agregados aos esforos verticais, os esforos horizontais tornam-se preponderantes
no dimensionamento dos elementos, devido principalmente s aes de ventos e
esforos gerados por deslocamentos nos ns da estrutura (CARMO, 1995).
Avanos na engenharia civil permitiram garantir a segurana das
necessidades construtivas mencionadas. Um exemplo disso foi a evoluo na rea de
anlise estrutural com o desenvolvimento de mtodos mais precisos e rigorosos de
anlise da estabilidade global. Processos esses capazes de quantificar os
deslocamentos estruturais globais, responsveis pelo aparecimento dos chamados
efeitos de segunda ordem globais que, quando expressivos, podem inviabilizar uma
edificao (CARMO, 1995).
Existem diversos softwares comerciais capazes de realizar rapidamente, com
a aplicao de diferentes mtodos, a anlise de estabilidade global de edifcios em
concreto armado. Porm, h a preocupao acerca de que os softwares executem os
clculos computacionalmente sem que, necessariamente, os engenheiros saibam os
11
conceitos fundamentais de uma anlise de segunda ordem, o que um equvoco
(MONCAYO, 2011).
A NBR 6118:2014 Projeto de estruturas de concreto Procedimentos
(ABNT, 2014), apresenta processos simplificados para anlise dos efeitos de segunda
ordem com a utilizao de mtodos aproximados que oferecem resultados
satisfatrios, ou seja, eficazes o suficiente para se dispensar mtodos mais
trabalhosos e rigorosos (PINTO, 2002). A norma estabelece primeiramente uma
classificao para as estruturas em dois tipos: estruturas de ns mveis e estruturas
de ns fixos. Em estruturas de ns fixos dispensada a considerao dos efeitos
globais de segunda ordem, por representarem um acrscimo menor que 10% nas
solicitaes relevantes da estrutura em relao a anlise de primeira ordem, quando
o equilbrio da estrutura considerado em sua geometria inicial (sem deslocamentos).
Quando a estrutura classificada de ns mveis, significa que os
deslocamentos finais da estrutura acarretam, em efeitos de segunda ordem, com
grandezas expressivas e precisam ser considerados para efeitos de clculo dos
elementos, principalmente nos pilares, por serem os elementos com maior influncia
na estabilidade global de um edifcio (MONCAYO, 2011).
O primeiro processo apresentado pela NBR 6118 (ABNT, 2014) para anlise
de estabilidade global o clculo do parmetro que, por processo aproximado,
capaz de identificar, de forma simplificada, quando a estrutura estvel. Esse
parmetro permite apenas classificar a estrutura em ns fixos ou mveis, sendo
necessria a utilizao de outros mtodos para a considerao dos efeitos de 2a
ordem nos clculos de projeto.
Alm do parmetro , a NBR 6118 (ABNT, 2014) apresenta ainda o
coeficiente z, que permite classificar a edificao em estrutura de ns fixos ou
mveis, e, em casos de estruturas com ns mveis, permite ainda considerar os
12
efeitos de segunda ordem com a majorao dos esforos solicitantes pelo uso do
prprio coeficiente multiplicado pelas solicitaes de primeira ordem.
Outros procedimentos podem ser utilizados para a anlise da estabilidade
global, como o processo P-Delta, e o parmetro FAVt, este ltimo desenvolvido pela
TQS Informtica e semelhante ao coeficiente z. A diferena do parmetro FAVt e z,
que o primeiro considera na determinao dos deslocamentos horizontais, tambm
o carregamento vertical e no apenas o horizontal.
Portanto, este trabalho prope um maior aprofundamento nos conceitos de
anlise de estabilidade global com o estudo dos mtodos e aplicaes dos parmetros
de anlise da estabilidade global de edifcios em concreto armado. Primeiramente so
feitas as consideraes tericas acerca da anlise linear e no-linear, dos parmetros
, z FAVt, e posteriormente a aplicao dos mesmos.
Realiza-se uma anlise no-linear da estrutura de um edifcio no software
comercial de anlise estrutural e de dimensionamento de estruturas em concreto
armado CAD/TQS. Com o software so obtidos os valores dos parmetros z e FAVt,
alm dos efeitos de segunda ordem. Os resultados so, por fim, comparados e
avaliados.
13
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo Geral
Analisar a estabilidade global de edifcios em concreto armado segundo o
parmetro de estabilidade global z, prescrito na NBR 6118 (ABNT, 2014), e o
parmetro FAVt, exclusivo do sistema CAD/TQS.
1.1.2 Objetivos Especficos
Realizar levantamento bibliogrfico sobre mtodos de anlise de estruturas
em concreto armado e estabilidade global para servir como embasamento terico ao
leitor para seus futuros projetos;
Explicar os conceitos do parmetro z, utilizado por norma para a anlise de
estabilidade global e do parmetro FAVt;
Modelar as estruturas com auxlio do software e, comparar os efeitos de
segunda ordem obtidos pelos diferentes parmetros em termos de esforos de
momentos nos pilares.
14
1.2 JUSTIFICATIVA
Alm do dimensionamento de cada elemento estrutural de edifcios em
concreto armado, tambm necessrio que se faa a anlise de como o arranjo
estrutural adotado pelo projetista se comporta como um todo. Essa anlise global da
estrutura capaz de avaliar os deslocamentos ocasionados pelas aes consideradas
em projeto.
Os deslocamentos esto relacionados ao equilbrio final da estrutura sob as
aes verticais e horizontais consideradas, e com isso h a possibilidade de
aparecimento de esforos adicionais chamados de efeitos de segunda ordem que,
dependendo de sua magnitude, precisam ser considerados no dimensionamento dos
elementos, ou at podem levar a uma mudana no arranjo estrutural (CARMO, 1995).
O equilbrio global de estruturas em concreto armado pode ser avaliado de
diversas maneiras, com alguns mtodos mais rigorosos e, outros simplificados, como
com o uso de parmetros que classificam a estabilidade global da estrutura
dependendo de seus deslocamentos e quantificam os efeitos de segunda ordem. Com
a construo de edifcios cada vez mais altos e esbeltos, a anlise estrutural de
edificaes, considerando os efeitos de segunda ordem, tornou-se imprescindvel em
termos da necessidade de se assegurar a estabilidade global das mesmas
(MONCAYO, 2011).
No Brasil, a anlise da estabilidade global de edifcios em concreto armado
est prescrita na seo 15 da NBR 6118 (ABNT, 2014). Nesta norma constam
tambm, na seo 14, os mtodos de anlise de estruturas que devem ser realizados,
bem como os procedimentos a serem seguidos para a considerao dos efeitos de
segunda ordem.
15
Com isso, este trabalho tem sua importncia destacada pela necessidade do
conhecimento exigido do engenheiro para entender o comportamento de estruturas
em concreto armado e a capacidade de analisar uma estrutura pelos mtodos
normatizados. O trabalho descreve como deve ser feita a anlise estrutural para o uso
dos parmetros de estabilidade constatados na NBR 6118 (ABNT, 2014) e pelo
sistema CAD/TQS.
O conhecimento do uso dos softwares na anlise de estruturas um fator
relevante para a escolha do tema. A evoluo da informtica possibilitou o
desenvolvimento de softwares capazes de realizar rotinas de clculos de maneira
rpida e precisa para anlise de estruturas, porm, necessrio que o engenheiro
domine o conhecimento terico dos mtodos de anlise para compreender o
funcionamento dos softwares e evitar cometer equvocos.
16
2 REVISO BIBLIOGRFICA
2.1 ANLISE ESTRUTURAL
A anlise estrutural tem como objetivo a identificao dos esforos
decorrentes das aes que esto atuando em uma estrutura, fornecendo resultados
para o clculo das verificaes do estado limite ltimo e estado limite de servio. na
anlise estrutural que o projetista estabelece os critrios a serem considerados no
projeto e, a partir do modelo estrutural adotado, identificar as distribuies de esforos
internos, deslocamento, tenses e deformaes da estrutura (NBR 6118, 2014).
Segundo Kimura (2007), a anlise estrutural a etapa mais importante na
elaborao de um projeto. a etapa onde se estabelecem os critrios para a escolha
de um modelo estrutural que represente de maneira mais aproximada possvel a
estrutura a ser construda, e fornea, de forma correta, as respostas da estrutura sob
as aes consideradas no projeto.
A NBR 6118 (ABNT, 2014) apresenta no item 14.5, diferentes mtodos de
anlise de estrutura: anlise linear, anlise linear com redistribuio, anlise plstica,
anlise no linear e anlise atravs de modelos fsicos. O tipo de anlise deve ser
aplicado conforme a verificao que o projetista deseja realizar, as consideraes de
projeto e o modelo estrutural que o projetista adotar. Os resultados das anlises
devem ser aplicados conforme as condies descritas nos itens 14.2.3 e 14.2.4 da
norma, classificada em anlises de regime linear e no linear.
17
2.1.1 Anlise Linear
Em uma anlise linear considera-se o comportamento do material como
elstico-linear. Isso significa que a relao tenso versus deformao do material
pode ser definida por uma constante de proporcionalidade. Esta constante de
proporcionalidade chamada de mdulo de elasticidade (E). O primeiro a estabelecer
experimentalmente essa relao linear foi o cientista ingls Robert Hooke. Todo
material apresenta comportamento perfeito elstico at certo limite, como ilustrado na
Figura 1 (FONTES, 2005).
Figura 1: Comportamento tenso versus deformao
FONTE: Fontes (2005).
No primeiro grfico da Figura 1, a reta representa o comportamento perfeito
linear elstico do material, independentemente da tenso sofrida, ao contrrio do
segundo grfico, onde se observa que o material tem comportamento linear somente
at o valor de tenso corresponde a e, onde o grfico deixa de ser linear, como citado
por Fontes (2005).
18
O comportamento da estrutura em uma anlise linear proporcional ao
carregamento aplicado, ou seja, a resposta de deslocamento da estrutura
proporcionalmente linear aplicao do carregamento. A Figura 2 ilustra esse
comportamento (KIMURA, 2007).
Figura 2: Anlise linear
FONTE: Kimura (2007).
Observa-se na Figura 2 que o carregamento 2.P provoca proporcionalmente
um deslocamento na estrutura igual 2.d, gerando uma reta no grfico do
carregamento P versus o deslocamento d.
2.1.2 Anlise No-Linear
De maneira simplificada, KIMURA (2007) explica que uma anlise no-linear
uma forma de avaliao onde as respostas da estrutura sob as aes horizontais e
19
verticais apresentam resultados desproporcionais de deslocamentos medida que os
carregamentos so aplicados. A Figura 3 ilustra esta situao.
Figura 3: Anlise no-linear
FONTE: Kimura (2007).
Na Figura 3, a resposta da estrutura ao carregamento 2.P gera um
deslocamento desproporcional na anlise no-linear, no sendo possvel se
estabelecer uma constante de proporcionalidade pelo grfico P versus d.
O concreto armado apresenta um comportamento no-linear por no ser
possvel se estabelecer uma constante na relao tenso versus deformao acima
de um certo limite de tenso, no sendo vlida a aplicao da Lei de Hooke para este
tipo de anlise. Para definir uma constante de proporcionalidade, desenvolveram-se
mtodos simplificados que consideram a situao de no-linearidade do material
juntamente na anlise linear (FONTES, 2005).
Ainda segundo Fontes (2005), a resposta no-linear das estruturas
decorrente de dois tipos de no-linearidades: No Linearidade Fsica (NLF) e No-
Linearidade Geomtrica (NLG). Os efeitos de NLF e NLG gerados em uma estrutura
de concreto armado so denominados de efeitos de segunda ordem. Para a
20
determinao desses efeitos necessria uma anlise de segunda ordem que ser
abordada posteriormente neste trabalho. Este tipo de anlise exige um esforo maior
se comparado a anlise linear, porm, atualmente, o desenvolvimento de sistemas
computacionais otimiza esse processo (PINTO 2002).
2.1.2.1 No-linearidade Fsica (NFL)
A caracterizao da NLF no concreto armado deve-se, fundamentalmente, s
propriedades intrnsecas dos materiais. Os materiais constituintes do concreto armado
sob aplicao de carregamentos se comportam de maneira no-linear. O concreto
afetado pelos efeitos da fissurao e fluncia, enquanto o ao, apesar de possuir um
comportamento mais regular, afetado pelo efeito de escoamento (LINS, 2013).
O comportamento no-linear fsico do concreto armado deve ser considerado
para a obteno de uma anlise mais realista de um projeto, pois a NLF afeta de
maneira significativa a rigidez dos elementos. Uma maneira de se considerar esses
efeitos a partir do diagrama momento curvatura para cada seo, que pode ser
conhecido com a definio de uma suposta armadura e da carga normal atuante. Esse
processo trabalhoso, o que motivou o desenvolvimento de uma forma mais
simplificada para a considerao da NLF atravs da reduo da rigidez dos elementos
estruturais (FRANCO, 1985a apud,OLIVEIRA, 2007).
A NBR 6118 (ABNT, 2014) prescreve no item 15.7.3 consideraes do efeito
da NLF por aproximao para aplicao em projetos de estruturas reticulares em
concreto armado com no mnimo 4 pavimentos. A simplificao consiste em minorar
21
a rigidez flexo dos elementos para a compensao do comportamento no-linear
do material. Os valores de rigidez tomam os seguintes valores:
Lajes: (EI)sec = 0,3 Eci Ic;
Vigas com As As: (EI)sec = 0,4 Eci Ic ;
Vigas com As = As: (EI)sec = 0,5 Eci Ic ;
Pilares: (EI)sec = 0,8 Eci Ic
(1)
(2)
(3)
(4)
Onde:
(EI)sec = rigidez secante minorada;
Ic = momento de inrcia da seo bruta do concreto, inclui-se as mesas
colaborantes, quando for o caso;
Eci= mdulo de deformao inicial do concreto.
As: rea da seo transversal da armadura longitudinal de trao
As`: rea da seo transversal da armadura longitudinal de compresso
O mdulo de deformao do concreto (Ec) deve ser obtido por ensaio
segundo a NBR 8522 - Concreto - Determinao do mdulo esttico de elasticidade
compresso (ABNT, 2008), ou, quando no for possvel a realizao de ensaios,
deve-se tomar o mdulo de deformao inicial pela Equao 5, descrita no item 8.2.8
da NBR 6118 (ABNT, 2014):
22
Para fck de 20MPa a 50 MPa; (5)
Para fck de 55MPa a 90 MPa (6)
A equao 5 para concreto com fck de 20 MPa a 50 MPa; a equao 6 para fck
de 55 MPa a 90 MPa.
Sendo:
E = 1,2 para basalto e diabsio;
E = 1,0 para granito e gnaisse;
E = 0,9 para calcrio;
E = 0,7 para arenito;
2.1.2.2 No-linearidade Geomtrica (NLG)
A NLG est associada ao deslocamento da posio da estrutura no espao.
Toda estrutura ao ser executada sofrer deformaes, mesmo que pequenas, e este
deslocamento tem comportamento no-linear (KIMURA, 2011).
comum durante a graduao nos cursos de Engenharia Civil admitir o
equilbrio das foras e momentos da estrutura seguindo as premissas do somatrio
de momentos e o somatrio das foras de uma estrutura no deformada. Quando isto
3/2
ck.E
3ci 25,1
10
f.10.5,21E
ckEci f5600.E
23
feito, o tipo de anlise denominado de anlise de primeira ordem. Porm, na
considerao da NLG, a estrutura analisada na sua configurao final, isto , na
configurao deformada (KIMURA, 2007).
Ao considerar o efeito no-linear geomtrico, os esforos, principalmente, nos
pilares, podem sofrer alteraes significativas dos momentos fletores devido aos
deslocamentos (FONTES, 2005).
Tanto a NLG, quanto a NLF, devem ser consideradas na anlise da
estabilidade global segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014).
2.2 ANLISE DA ESTABILIDADE GLOBAL
A anlise da estabilidade global onde se avalia o comportamento da
estrutura como um todo perante o estado limite ltimo de instabilidade. Quando atingir
o estado limite ltimo de instabilidade, representa a perda de estabilidade global da
estrutura causada pelo aumento das deformaes (MONCAYO, 2011).
Na seo 15 da NBR 6118 (ABNT, 2014) esto prescritos os requisitos quanto
a instabilidade e efeitos de segunda ordem para estruturas constitudas,
principalmente, por barras submetidas flexo composta, onde as tores
decorrentes dos efeitos de segunda ordem podem ser desprezadas. A norma
classifica a estrutura, para efeitos de clculo, em estruturas de ns fixos e estruturas
de nos mveis.
24
2.2.1 Efeitos de Segunda Ordem
O clculo dos esforos de uma estrutura pode ser feito por duas anlises
denominadas anlise de primeira ordem e anlise de segunda ordem. Na anlise de
primeira ordem, a estrutura considerada sem deformaes ou com deformaes
pequenas, ou seja, na configurao geomtrica inicial, e os esforos obtidos so
chamados efeitos de primeira ordem (KIMURA, 2007). A Figura 4 ilustra essa
situao.
Figura 4: Anlise de primeira ordem
FONTE: Kimura (2007).
Na Figura 4, os esforos obtidos so decorrentes da geometria inicial da
estrutura, ou seja, so efeitos de primeira ordem e o deslocamento da estrutura
pequeno ou inexistente.
Para a anlise de segunda ordem global, o clculo dos esforos feito a partir
da estrutura em sua configurao geomtrica final, ou seja, com as deformaes
25
sofridas pela estrutura. Essas deformaes causam esforos adicionais na estrutura,
chamados de efeitos de segunda ordem globais (KIMURA, 2007). Isso pode ser
observado na Figura 5.
Figura 5: Anlise de segunda ordem
FONTE: Kimura (2007).
A estrutura da Figura 6 apresenta deformaes que no clculo dos esforos
iro resultar nos efeitos de segunda ordem.
Kimura (2007), autor da Figura 5, demostra como surgem os esforos
adicionais em decorrncia das deformaes atravs de um exemplo similar ao
descrito a seguir: seja uma barra vertical, engastada na base, com um comprimento
igual a 4 metros, submetida a uma fora vertical de 25 tf, e uma fora horizontal de 15
tf. A barra tem seo transversal quadrada de 25 centmetros, e o mdulo de
elasticidade 28 GPa. A Figura 6 ilustra esta situao.
26
Figura 6: Barra na configurao geomtrica inicial
FONTE: Autoria prpria.
O clculo de primeira ordem fornece os resultados das reaes no engaste
apresentados na Figura 7, onde podem ser tambm observados os diagramas de
esforo normais (N), de esforo cortante (V) e de momento fletor (M). Observa-se que
o valor do momento fletor de primeira ordem 60 tf.m.
O deslocamento de primeira ordem na extremidade livre da barra pode ser
obtido pela equao da linha elstica (equao 7).
(7)
)I.E.3(
L.FYt
3
h
27
Onde:
Yt = deslocamento de primeira ordem (m);
E = mdulo de elasticidade (MPa);
I = momento de inrcia da seo (m4);
L = comprimento da barra (m);
Fh = fora horizontal (tf).
Figura 7: Resultados da anlise de primeira ordem
FONTE: Autoria prpria,2016.
O deslocamento Yt na extremidade livre da barra obtido pela equao 7 foi de
0,35 metros. A configurao geomtrica deformada pode ser vista na Figura 8.
28
Figura 8: Deslocamento inicial
FONTE: Autoria prpria.
Mudando-se ento o ponto de aplicao da fora vertical, como pode ser visto
na Figura 9, a excentricidade de 0,35 metros na extremidade livre da barra gera um
momento adicional na base engastada de 8,75 tf.m. Esse esforo adicional
denominado efeito de segunda ordem global.
Figura 9: Efeitos de segunda ordem
FONTE: Autoria prpria.
29
Segundo Kimura (2007), a anlise de segunda ordem ainda no est
terminada no caso do exemplo, pois, a cada incremento do efeito de segunda ordem
possvel se obter um acrscimo no deslocamento.
2.3 PARMETROS DE ESTABILIDADE GLOBAL
Os parmetros de estabilidade global servem para a avaliao de estruturas
com objetivo de determinar se os efeitos de segunda ordem precisam ser
considerados para efeitos de clculo (LINS, 2013). A NBR 6118 (ABNT, 2014)
apresenta o parmetro alfa () e o coeficiente z para este fim. Ambos podem
classificar a estrutura quanto a necessidade da considerao dos efeitos globais de
segunda ordem, contudo, o z pode ainda ser usado para o clculo desses efeitos.
O sistema CAD/TQS desenvolveu um parmetro prprio chamado FAVt (Fator
de Amplificao de Esforos horizontais de Vento). Este capaz de avaliar a
estabilidade global da estrutura incluindo em sua formulao os deslocamentos
horizontais causados pelas foras verticais. Esse parmetro similar ao z e tambm
pode ser utilizado para a determinao dos efeitos de segunda ordem.
No item 15.5.1, a NBR 6118 (ABNT, 2014) classifica em estruturas de ns
mveis quando os efeitos de segunda ordem globais superam em 10% os efeitos de
primeira ordem globais. Quando no atingida essa porcentagem, a estrutura
classificada em ns fixos, e os efeitos de segunda ordem globais podem ser
desprezados para efeitos de clculo.
O avano dos sistemas de informtica na modelagem de estruturas est em
tal patamar, que no seria mais necessria a distino da considerao ou no dos
30
efeitos de segunda ordem. Conhecida a magnitude dos deslocamentos, estes podem
ser considerados nos clculos mesmo sendo possvel a dispensa por critrio da
norma, uma vez que os softwares podem fornecer essa considerao prontamente
(LIMA, 2001).
2.3.1 Parmetro de Instabilidade Alfa ()
Segundo Moncayo (2011), o parmetro de instabilidade foi deduzido em
1967 por Beck e Konig, e foi definido como parmetro de instabilidade por Franco
(1985). Esse parmetro capaz de classificar a estrutura quanto a dispensa dos
efeitos de segunda ordem, entretanto, no capaz de quantific-los quando
necessrio.
O parmetro est prescrito no item 15.5.2 da NBR 6118 (ABNT, 2014) como
um processo aproximado para indicar se a estrutura de ns fixos ou mveis, partindo
de uma anlise de primeira ordem, sem o uso de um clculo mais rigoroso. A estrutura
de ns fixos se 1
31
Para edifcios com 4 andares ou mais (n 4) 1 vale:
(10)
Onde:
Htot a altura total da estrutura, medida a partir do topo da fundao ou de um
nvel pouco deslocvel do subsolo;
Nk a soma de todas as cargas verticais atuantes na estrutura (a partir do
nvel considerado para o clculo de Htot), com seu valor caracterstico;
EcsIc representa o somatrio dos valores de rigidez de todos os pilares na
direo considerada. No caso de prticos, de trelias ou mistas, ou com pilares de
rigidez varivel ao longo da altura, pode ser considerado o valor da expresso EcsIc de
um pilar equivalente de seo constante.
Para associaes de pilares-parede e para prticos associados a pilares-
parede, adotar 1 = 0,6. No caso de contraventamento constitudo exclusivamente por
pilares-parede, adotar 1 = 0,7. Quando s houver prticos, adotar 1 = 0,5.
A considerao da NLF causada pela fissurao e pelo comportamento no-
linear do concreto na compresso j est deduzida na equao no parmetro
(MONCAYO, 2011).
0,6 =1
32
2.3.2 Coeficiente z (z)
O coeficiente z um parmetro de estabilidade global que, a partir de uma
anlise de primeira ordem, pode ser utilizado para a classificao da estrutura em ns
fixos ou mveis e para a considerao dos efeitos de segunda ordem daquelas de ns
mveis pela majorao dos esforos de primeira ordem. (LIMA, 2001)
O coeficiente z est prescrito do item 15.5.3 da NBR 6118 (ABNT, 2014) e
sua utilizao vlida para estruturas reticuladas de no mnimo 4 pavimentos. O valor
de z dado pela expresso:
(11)
Onde:
Mtot,d o somatrio dos momentos de todas as foras horizontais da
combinao considerada, com seus valores de clculo, em relao base da
estrutura;
M1,tot,d a soma dos produtos de todas as foras verticais atuantes na
estrutura, na combinao considerada, com seus valores de clculo, pelos
deslocamentos horizontais de seus respectivos pontos de aplicao, obtidos da
anlise de primeira ordem.
Considera-se a estrutura de ns fixos para valor de z inferiores a 1,10 e, para
valores entre 1,10 e 1,30, a estrutura considerada de ns mveis. Valores inferiores
d,tot,1
d,totz
M
M1
1
33
a 1,0 so considerados inconsistentes e, acima de 1,30, significa que a estrutura
apresenta um alto nvel de instabilidade e precisa ser revista (MONCAYO, 2011).
O valor de z e os efeitos de segunda ordem esto relacionados por seu
decimal. Por exemplo, para um z =1,10, os valores dos efeitos de segunda ordem
global representam 10% dos esforos de primeira ordem. Sendo assim, o limite de
1,30 significa que os efeitos de segunda ordem chegam a 30%, que o limite mximo
para que se garanta a estabilidade da estrutura (MONCAYO, 2011).
No item 15.3.1 da NBR 6118 (ABNT, 2014) consta ainda a opo do uso da
formulao de segurana para os efeitos de segunda ordem onde se usam os
coeficientes f/f3 na majorao dos esforos, com f3= 1,1.
Para a obteno dos valores dos esforos finais da estrutura em uma anlise
no linear, a NBR 6118 (ABNT, 2014) permite uma soluo aproximada pela
majorao dos esforos da anlise de primeira ordem em 0,95 z.
De acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2014), a NLF deve ser considerada pela
minorao da rigidez dos elementos descrito no item 2.1.2.1 deste trabalho, e
equivalente ao item 15.7.3 da NBR.
2.3.3 Coeficiente FAVt
O coeficiente FAVt um parmetro exclusivo do sistema CAD/TQS e pode
ser considerado como parmetro de avaliao da estabilidade global. Este parmetro
tem a mesma formulao do coeficiente z, a diferena entre os dois parmetros
que o coeficiente FAVt leva em considerao o deslocamento horizontal gerado por
34
cargas verticais e no somente pelas cargas horizontais como no caso do z
(MONCAYO, 2011).
Bueno (2009) estudou o mesmo parmetro, porm chamado de z. Para o
autor, sempre que a estrutura ou o carregamento vertical forem assimtricos, haver
deslocamentos horizontais causados pelos mesmos.
Moncayo (2011) exemplifica os princpios do coeficiente FAVt conforme a
Figura 10. A excentricidade do carregamento P causa um deslocamento horizontal
(Uh,v).
Figura 10: Deslocamento devido carregamento vertical
Fonte: Moncayo (2011).
Quando o vento atua no sentido do deslocamento horizontal (Uh,v), o
deslocamento final (Uh,f) maior. Na situao em que o vento atua na direo oposta
ao deslocamento causado pela fora vertical, o deslocamento final da estrutura
menor. Isso pode ser verificado na comparao das Figuras 10 e 11.
35
Figura 11: Deslocamento devido carregamento vertical
Fonte: Moncayo (2011).
O deslocamento horizontal final da estrutura (Uh,f) na Figura 11 menor que
na Figura 10.
A utilizao do FAVt na obteno dos esforos finais dos elementos feito
pela multiplicao do esforos da anlise de primeira ordem com a majorao em
0,95.FAVt.
2.3.4 Anlise De Segunda Ordem Global P-delta
Uma anlise de segunda ordem global fornece os esforos solicitantes finais
da estrutura considerando os efeitos da no-linearidade fsica e geomtrica. Alm dos
mtodos aproximados para a obteno desses esforos com a utilizao dos
coeficientes z e FAVt, existe tambm outro processo chamado P-delta. Este mtodo
o mais conhecido para uma anlise de segunda ordem (CICOLIN, 2007).
36
O processo P-delta consiste na obteno dos deslocamentos e esforos
horizontais pela anlise iterativa de sucessivos incrementos de cargas aplicados na
estrutura (LIMA, 2001). A Figura 12 ilustra a ideia do processo:
Figura 12: Processo iterativo P-
Fonte: Lima (2001).
A Figura 12 mostra a deformao do elemento em cada iterao do processo
at que se atinja o equilbrio final.
O sistema CAD/TQS utiliza a metodologia do processo P-delta para anlise
de segunda ordem global. Este processo pode ser considerado mais refinado se
comparado aos mtodos aproximado, com a utilizao dos parmetros z e FAVt
(MONCAYO, 2011).
Pelo processo P-delta tambm possvel se obter um parmetro de
estabilidade global, porm, este obtido de maneira inversa, ou seja, aps a obteno
dos valores de segunda ordem global, utiliza-se a razo dos esforos de segunda
ordem com os de primeira ordem, gerando um parmetro denominado RM2M1. A
37
avaliao deste parmetro acontece de maneira semelhante aos parmetros z e
FAVt.
Este trabalho utiliza o processo P-delta como parmetro de comparao dos
mtodos aproximados que aplicam os coeficientes z e FAVt.
2.3.5 Exemplo Prtico de Clculo dos Parmetros z e FAVt
Para demostrar a diferena de clculo dos parmetros z e FAVt foi realizado
um exemplo, demonstrando como so obtidos os valores dos parmetros, similar ao
exemplo proposto por Moncayo (2010).
Seja uma barra, em concreto armado, engastada na base, com
carregamentos verticais e horizontais, conforme a figura 13.
Figura 13 - Exemplo prtico
FONTE: Autoria prpria.
38
O deslocamento gerado pela ao horizontal pode ser obtido pela Equao 7,
equao da linha elstica para este caso. A Figura 14 exibe o deslocamento gerado
pela ao horizontal.
(7)
Onde:
Uh,h = deslocamento horizontal causado pela ao horizontal (m);
E = mdulo de elasticidade (MPa);
I = momento de inrcia da seo (m4);
L = comprimento da barra (m);
Fh = fora horizontal (tf).
Figura 14 - Deslocamento gerado pela ao horizontal
FONTE: Autoria prpria.
)I.E.3(
L.FU
3
hh,h
39
Para a obteno do deslocamento gerado pela ao vertical, substituiu-se a
carga excntrica por um momento no topo da barra. Assim, atravs da Equao 8,
obteve-se o deslocamento causado pela ao horizontal. A Figura 15 exibe esta
situao.
(12)
Onde:
Uh,v = deslocamento horizontal causado pela ao vertical (m);
E = mdulo de elasticidade (MPa);
I = momento de inrcia da seo (m4);
L = comprimento da barra (m);
Md = fora horizontal (tf).
Figura 15 - Deslocamento horizontal gerado pela ao vertical
FONTE: Autoria prpria.
)I.E.2(
L.MU
2
dv,h
40
Figura 16 - Substituio da carga excntrica
FONTE: Autoria prpria.
A posio final da barra, para o clculo de parmetro FAVt, pode ser
observada na figura 16. A Tabela 1 mostra o resultado do clculo de cada um dos
parmetros.
Figura 17 - Posio final da estrutura
FONTE: Autoria prpria.
41
Tabela 1 - Parmetros de estabilidade global
Parmetro Uh,h Uh,v M1tot Mtot Gama-Z
Gama-Z 0.0936 - 160 18.72 1.175
FAVt 0.0936 0.1755 160 53.83 1.746
FONTE: Autoria prpria.
O valor de cada parmetro, observado na Tabela 01, demostra o aumento do
valor do parmetro de estabilidade global quando se considera o deslocamento
horizontal gerado por aes verticais. O valor do parmetro FAVt ficou 48% superior
ao valor do parmetro z.
2.4 FATORES QUE INFLUENCIAM NA ESTABILIDADE GLOBAL
Alguns fatores podem ser considerados relevantes e influenciam diretamente
na estabilidade global dos edifcios em concreto armado. Moncayo (2011) cita os
fatores como as aes horizontais, rigidez dos elementos, redistribuio dos esforos,
interao solo-estrutura e o modelo estrutural adotado. J para Bueno (2009), os
fatores que mais influenciam na estabilidade global so os carregamentos e a rigidez
dos elementos.
Os carregamentos horizontais e verticais esto diretamente relacionados aos
esforos que a estrutura sofre, que por sua vez, interferem na estabilidade global. No
entanto, o carregamento vertical mais preponderante neste aspecto. O
42
carregamento horizontal aplicado em uma estrutura provoca um deslocamento dos
ns que aliado ao carregamento vertical pode levar ao aparecimento de efeitos de
segunda ordem global significativos. Porm, a magnitude da carga horizontal no
interfere nos parmetros de estabilidade global. Por mais que se aumente um
carregamento horizontal, esse ir aumentar os momentos de primeira e segunda
ordem proporcionalmente, no alterando a razo dos mesmos (BUENO, 2009).
A rigidez dos elementos da estrutura tem relao direta na estabilidade global.
Em estruturas de concreto armado, os pilares e vigas so os mais importantes no
aspecto relacionado rigidez da edificao. As lajes geralmente podem ser
desprezadas por influenciar de maneira pouco significativa na estabilidade global
(KIMURA, 2007).
De acordo com Moncayo (2011), a escolha de um adequado arranjo estrutural
essencial, destacando que a concepo de estruturas com prticos de vigas e
pilares em direes ortogonais podem garantir o travamento do edifcio.
Outro ponto citado pelo mesmo autor a utilizao de pilares-paredes com
grandes dimenses, comumente associados em U, formando ncleos resistentes
junto a escadas e elevadores. Esse tipo de abordagem traz significativos resultados
para a rigidez global, porm, a desvantagem do uso de pilares-parede a dificuldade
de execuo.
A redistribuio dos esforos tambm tem influncia na estabilidade global. A
redistribuio em uma ligao viga-pilar faz o remanejamento dos esforos para
regies mais rgidas. Isso torna as ligaes viga-pilar semirrgidas, que de um ponto
de vista global, acaba deixando a estrutura mais susceptvel ao deslocamento dos ns
(MONCAYO, 2011).
43
3 MTODOLOGIA
Segundo Fachin (2001), uma pesquisa pode ser classificada em quantitativa
e qualitativa. Uma pesquisa quantitativa significa que os dados em estudo so obtidos
numericamente e tem um valor quantitativamente cientfico, ou seja, baseado em
nmeros resultantes de um sistema lgico e no de forma intuitiva. Ao contrrio, uma
pesquisa qualitativa caracterizada por possuir aspectos no mensurveis que
podem ser definidos descritivamente. Dessa maneira, esse trabalho pode ser
classificado como uma pesquisa quantitativa por se tratar da comparao de variveis
mensurveis.
A classificao quanto aos aspectos dos objetivos da pesquisa pode ser
exploratria, descritiva ou explicativa. Uma pesquisa exploratria busca tornar o
problema em estudo mais claro, com o aprimoramento das ideias e/ou as descobertas
discutidas. A pesquisa descritiva tem como objetivo descrever as caractersticas de
uma determinada populao ou fenmeno. Por fim, a pesquisa explicativa busca
aprofundar o conhecimento em um determinado fenmeno, procurando fatores que
so determinantes para a ocorrncia dos mesmos (GIL, 2002). Os objetivos deste
trabalho podem ser classificados como exploratrio por se tratar de um levantamento
bibliogrfico sobre os parmetros de estabilidade global e a aplicao dos mesmos
para uma melhor compreenso do tema. A estratgia de pesquisa adotado foi o
estudo de caso de um edifcio j construdo. Baseado no projeto arquitetnico e
estrutural, foram lanados 4 exemplos de estruturas com variaes especificas para
a avaliao da estabilidade global, deslocamento e esforos de momento na base de
alguns pilares selecionados.
44
3.1 ETAPAS DO TRABALHO
As etapas de trabalho seguem o seguinte organograma:
Tabela 2: Etapas de trabalho
Fonte: Autoria prpria (2016).
45
4 ESTUDO DE CASO
Utilizando o software estrutural CAD/TQS, foi feita a anlise da estabilidade
global em um edifcio com estrutura em concreto armado convencional. O modelo
estrutural processado e avaliado com o emprego do parmetro de estabilidade
global z, prescrito pela NBR 6118 (ABNT, 2014) e do parmetro FAVt, utilizado pelo
sistema CAD/TQS. Ambos podem ser considerados coeficientes de majorao para
a obteno dos esforos finais da estrutura, considerando-se os efeitos da no-
linearidade fsica e geomtrica. Porm, estes parmetros apresentam valores
diferentes em seus coeficientes quando o modelo estrutural ou o carregamento
vertical aplicado for assimtrico.
Foram avaliados os diferentes parmetros, os deslocamentos da estrutura e
tambm os efeitos de segunda ordem global nos esforos de momento na base de 6
pilares. Foram selecionados pilares utilizando como critrio a classificao do pilar
com relao s solicitaes iniciais. Pilares internos so aqueles submetidos a
compresso simples, ou seja, que no apresentam excentricidades iniciais. Pilares de
borda, quando as solicitaes iniciais correspondem a flexo composta normal, ou
seja, h excentricidade inicial em uma direo. Pilares de canto so aqueles
submetidos a flexo oblqua, ou seja, as excentricidades iniciais ocorrem nas direes
das bordas. Selecionou-se dois pilares de canto, dois pilares de borda, e dois pilares
internos.
O modelo adotado possui caractersticas assimtricas com balaos, para que
possa ser avaliada a magnitude da divergncia de resultados dos efeitos de segunda
ordem na considerao dos diferentes parmetros de estabilidade global. So feitas
46
ainda variaes no nmero de pavimentos para proporcionar um melhor entendimento
didtico do comportamento e da estabilidade global da estrutura.
4.1 DESCRIO DO MODELO
Trata-se de um edifcio comercial e residencial multifamiliar em alvenaria,
situado na cidade de Pato Branco PR. O prdio, j executado, possui 4 pavimentos:
subsolo, trreo, 1 andar e cobertura, alm do reservatrio sobre o pavimento
cobertura. Para o estudo da estrutura, foi considerado o acrscimo do nmero de
pavimentos tipo, descritos em cada exemplo.
Para auxiliar no lanamento da estrutura do edifcio no software, necessitou-
se do projeto arquitetnico e estrutural, os quais foram fornecidos pelo engenheiro
civil responsvel pelo desenvolvimento dos projetos do empreendimento. A Figura 18
apresenta um croqui da planta baixa do pavimento tipo.
Com todas as informaes de projeto levantadas e utilizando-se da
sobreposio das plantas arquitetnicas, foi ento feito o lanamento no software.
47
Figura 18 - Planta baixa pavimento tipo estudo de caso
Fonte: Eng. Civil Jairo Trombeta (2014).
4.1.1 Propriedade dos Materiais
Conforme a NBR 6118 (ABNT, 2014), quanto localizao da edificao e as
condies ambientais, considerou-se a classe de agressividade ambiental 2,
resultando em um concreto de classe mnima C25 para toda a edificao. Os
cobrimentos obedeceram aos critrios da norma NBR 6118 (ABNT, 2014).
48
4.1.2 Aes Atuantes
Para o clculo dos valores das aes permanente e variveis atuantes no
projeto, optou-se que o software seguisse critrios estabelecidos na norma NBR 6120
(ABNT, 1980). O software dispe de valores de carregamento pr-estabelecidos
conforme a norma. As cargas configuradas e utilizadas no projeto possuem as
seguintes denominaes e valores, apresentadas na Tabela 3, referentes a cargas
por rea e lajes e a Tabela 4 referentes a cargas por rea de parede:
Tabela 3 - Cargas Distribudas por rea em lajes
Tipo Descrio Permanente
(tf/m) Acidental
(tf/m)
APART1 Sala/Cozinha/Dormitrio 0.10 0.15
COMERC1 reas De Uso Comercial 0.20 0.30
ESCADA Escadas 0.10 0.30
CASAMAQ Casa De Maquinas 0.50 0.20
COBERT Cobertura 0.15 0.10
Fonte: Autoria prpria (2016).
Tabela 4 - Cargas por rea de parede
Tipo Descrio Permanente
(tf/m) Acidental
(tf/m)
BLOCO14 ALVENARIA DE BLOCO DE
CONCRETO C/14cm 0.26 0
PARAPEIT PARAPEITO DE SACADA 0.15 0
Fonte: Autoria prpria (2016).
49
Utilizando-se dos valores das Tabelas 3 e 4 foram lanados, no software, o
edifcio com as respectivas cargas.
4.1.2.1 Aes de Vento
O clculo das aes de vento na estrutura seguiu os procedimentos e
prescries da NBR 6123 (ABNT, 1988). O software dispe de uma interface que
facilita a entrada dos dados na edificao e demais fatores relacionados localizao
geogrfica do edifcio para o clculo dos esforos devido ao vento, Figura 19.
Figura 19 - Entrada de dados para clculo de esforo devido ao vento
Fonte: TQS Informtica LDTA, 2016
50
Para o clculo de coeficiente de arrasto atuante na edificao, foram
fornecidos os seguintes parmetros:
V0 - Velocidade bsica do vento: 45 m/s conforme mapa da Figura 20;
S1 Fator do relevo no terreno: fator em que considera a variao do
relevo do terreno. Adotado o valor igual a 1, terreno plano ou
fracamente acidentado;
S2 Categoria de rugosidade IV: terreno com obstculos numerosos e
pouco espaados. Zona florestal, industrial, urbanizada parques e
subrbios densos;
S2- Classe da edificao: referente maior dimenso horizontal ou
vertical da edificao. So trs classes: classe A para edifcios menos
de 20 m, B para edifcios com dimenses entre 20 e 50 metros, e C
para edifcio com uma das dimenses acima de 50 metros. A edificao
ficou enquadrado na classe B para os exemplos;
S3 Fator estatstico relacionado ao grau de segurana requerido para
o ambiente: valor considerado 1.00. Edificaes em geral, hotis,
residncias, comrcio e indstria com alta taxa de ocupao.
51
Figura 20 - Mapa da velocidade bsica do vento no Brasil
Fonte: TQS Informtica, 2016.
Na Figura 20 percebe-se a proximidade da cidade de Pato Branco, PR com a
curva da velocidade bsica de vento prximo a 45m/s.
Aps a entrada de dados e a modelagem dos elementos do edifcio, o
software estima as dimenses das faces do edifcio para o clculo do coeficiente de
arrasto conforme a Figura 21.
52
Figura 21 - Clculo dos coeficientes de arrasto
Fonte: TQS Informtica, 2016.
Como a edificao tem sua projeo das faces iguais nos sentidos do vento
a 90 e 270 graus, e 0 e 180 graus, obtiveram-se coeficientes de arrasto iguais para os
respectivos casos. Pode ser observada, tambm na Figura 21, a possibilidade de
considerar vento de baixa ou alta turbulncia. Foi adotado vento de baixa turbulncia,
o qual indica a incidncia de vento perpendicularmente as faces e a altura total do
edifcio maior que o dobro das edificaes vizinhas.
A fora de arrasto transferida para a estrutura atravs de aplicaes de
cargas nos ns. A fora exercida pela presso dinmica nas faces da edificao
dividida entre os ns dos pavimentos, conforme pode ser observado na Figura 22.
53
Figura 22 - Aplicao da carga de vento na estrutura
Fonte: Moncayo, 2011.
A fora aplicada nos ns da estrutura uma carga concentrada equivalente a
metade da fora mdia atuante na face de cada pavimento, exceto nos ns do primeiro
piso o qual recebe integralmente a fora mdia da rea na face do pavimento trreo,
mais metade da fora atuante na face superior, conforme pode ser observado na
Figura 22.
O processo de obteno do coeficiente de arrasto feito toda vez que se
altera a estrutura, sendo assim, esse processo se repetiu em cada exemplo.
4.1.3 Combinao das aes
Para a anlise dos esforos, em uma estrutura fundamental que se
considere todas as combinaes de casos de carregamentos possveis atuantes. Para
54
o dimensionamento, consideram-se os esforos mais desfavorveis nos elementos
entre as combinaes feitas, que chamado de envoltria de esforos.
As aes atuantes no projeto foram atribudas em cada elemento no momento
do lanamento, assim cada parcela de carga permanente e/ou varivel considerada
pelo software nos casos e combinaes. As cargas atribudas no projeto, Tabela 5,
possuem as seguintes denominaes:
Tabela 5 - Aes atuantes na estrutura
Caso Prefixo Ttulo
1 TODAS Todas permanentes e acidentais dos pavimentos
2 PP Peso prprio
3 PERM Permanentes
4 ACID Acidentais
5 VENT1 Vento 1 (90o)
6 VENT2 Vento 2 (270 o)
7 VENT3 Vento 3 (0 o)
8 VENT4 Vento 4 (180 o)
Fonte: Autoria prpria, 2016.
O software utilizado neste trabalho combina todos os casos automaticamente,
aplicando os coeficientes de majorao e ponderao das aes permanentes e
variveis, para Estado Limite ltimo (ELU) e Estado Limite de Servio (ELS), conforme
prescries da NBR 6118 (ABNT, 2014).
A Tabela 11.3 da NBR 6118 (ABNT, 2014), apresenta as combinaes ltimas
usuais de Estado Limite ltimo para obteno de esforos de clculos dos elementos.
Fd = g . Fgk + g . Fgk + q (Fq1k + 0j Fqjk) + o Fqk (13)
55
Onde:
Fd o valor de clculo das aes para combinao ltima;
Fgk representa as aes permanentes diretas;
Fk representa as aes indiretas permanentes como a retrao (Fgk) e
variveis como a temperatura (Fqk);
Fqk representa as aes variveis diretas das quais Fq1k escolhida
principal;
g coeficiente de ponderao das aes permanentes no ELU;
q coeficiente de ponderao das aes variveis no ELU;
0 coeficiente redutor das aes variveis secundrias, sendo que 0
corresponde a retrao e temperatura.
Para a realizao deste trabalho, foram consideradas 4 combinaes de
carregamento para avaliao dos parmetros de estabilidade global FAVt e RM2M1,
envolvendo os casos de carregamentos verticais e horizontais. Para o clculo do
parmetro z, foram considerados os quatro casos simples de vento constatados na
Tabela 6.
Tabela 6 - Combinaes do estado limite ltimo
Combinao
COMB 1 1.4 (PP + PERM) + 1.4(ACID + 0.6*VENT1)
COMB 2 1.4 (PP + PERM) + 1.4(ACID + 0.6*VENT2)
COMB 3 1.4 (PP + PERM) + 1.4(ACID + 0.6*VENT3)
COMB 4 1.4 (PP + PERM) + 1.4(ACID + 0.6*VENT4)
Fonte: Autoria prpria, 2016.
56
Observa-se na Tabela 6 que nas 4 combinaes o carregamento de vento foi
considerado como ao varivel secundria.
Na obteno dos deslocamentos mximos no topo de estrutura, foram
consideradas as seguintes combinaes de vento, multiplicados pelo fator de reduo
de combinaes frequentes, conforme NBR 6118 (ABNT, 2014) para o estado de
limite de servio:
Tabela 7 - Combinaes do estado limite de servio
Combinao de vento
COMB 5 0.3*VENT1
COMB 6 0.3*VENT2
COMB 7 0.3*VENT3
COMB 8 0.3*VENT4
Fonte: Autoria prpria, 2016.
4.1.4 Modelo estrutural e Discretizao
Os arranjos estruturais dos edifcios so compostos por vigas, pilares e lajes,
sendo a anlise feita por modelo integrado dos elementos em prtico espacial. O
modelo estrutural adotado no software denominado modelo IV Modelo de vigas e
pilares, flexibilizado conforme critrios.
No modelo IV, o edifcio modelado por um prtico espacial, sendo os pilares
e vigas representados por barras que simulam a estrutura. Estes, recebem as aes
verticais e horizontais. As lajes so consideradas como diafragmas rgidos, no
57
sofrendo efeitos gerados pelas aes horizontais, apenas as aes verticais so
calculadas de acordo com o modelo adotado (TQS Informtica, 2016).
Alguns dos critrios que possibilitam a flexibilizao do modelo so referentes
considerao de variao na rigidez das ligaes viga-pilar, possibilidade de
separar os modelos para avaliaes dos ELU e ELS, ao controle, sob o coeficiente de
no-linearidade fsica dos elementos e considerao quanto aos efeitos
construtivos.
As ligaes viga-pilar foram consideradas rgidas em todos os pavimentos.
Os pilares foram considerados engastados nas fundaes. Os efeitos construtivos no
foram considerados neste trabalho.
A forma de integrao entre lajes e o prtico espacial acontece pela
transferncia de carga das lajes para as vigas. As lajes so simuladas pelo mtodo
de grelhas e as barras das grelhas transferem os esforos para as vigas, constituindo
a integrao dos elementos no prtico (TQS Informtica, 2016).
4.1.5 Concepo Estrutural e Dimensionamento
O lanamento da estrutura no software no seguiu integralmente o projeto
fornecido pelo engenheiro. As lajes originalmente pr-fabricadas foram substitudas
por lajes macias em todos os pavimentos, possibilitando a supresso de algumas
vigas que no projeto original sustentavam paredes internas nos pavimentos tipos. As
cargas dessas paredes foram lanadas diretamente sobre as lajes na forma de
carregamento linearmente distribudo.
58
As dimenses dos pilares e vigas foram padronizadas em cada exemplo. Para
os pilares foram adotadas dimenses iguais em todas as prumadas exceto nos pilares
do elevador. Esses por sua vez tiveram as sees com uma das dimenses
expressivamente maior podendo ser caracterizados como pilares paredes.
O reservatrio foi considerado conforme o projeto fornecido, sendo este
localizado acima da cobertura, com um p direito de 2,60 metros. A considerao da
sobrecarga do reservatrio foi aplicada atravs de uma carga distribuda no valor de
2,5 tf/m sobre a laje de fundo do mesmo. Foi considerado esse valor para todos os
casos apesar da variao da populao do edifcio, que resultaria em uma sobrecarga
especfica para cada caso.
Outro aspecto importante relacionado utilizao do edifcio o layout da
garagem. Apesar do projeto original possuir espao para trs vagas de veculos, com
o aumento do nmero de pavimentos tipo seria necessrio rever o nmero de vagas.
Para este trabalho, no se considerou a mudana do layout da garagem, manteve-se
o layout original do projeto. O pavimento de garagem est localizado no subsolo
tomando como referncia o nvel do trreo na fachada do edifcio. No foi considerada
a fora de empuxo do solo neste pavimento.
4.1.6 Considerao da NLF
Para a obteno dos dados da anlise no linear da estrutura, a considerao
da no NLF do prtico espacial no software feita atravs da aplicao de coeficiente
de rigidez dos elementos.
59
O programa assume critrios padro, conforme prescrito no item 15.7.3 da
NBR 6118 (ABNT, 2014), que podem ser visualizados na Figura 23.
Figura 23 - Coeficientes de no linearidade fsica
Fonte: Gerenciador de critrios TQS, 2016.
4.2 RESULTADOS E ANLISE
4.2.1 Exemplo 1
Para a primeira configurao do arranjo estrutural do estudo de caso, a
edificao possui 7 pavimentos, alm do pavimento do reservatrio e a cobertura do
reservatrio. A altura total do edifcio ficou com 22,60 metros.
As dimenses dos pilares, vigas e lajes foram padronizadas. Os pilares
possuem dimenses 20x50cm, as vigas 15x50 cm, e as lajes com 10 cm de
60
espessura. Foi considerado ainda um ncleo de rigidez, existente no projeto original,
composto por 4 pilares de 15x70cm, localizados no elevador. A Figura 24 exibe a
planta de formas do pavimento tipo com a disposio dos pilares e a Figura 25 exibe
um corte esquemtico dos pavimentos.
A Figura 26 exibe a estrutura em uma visualizao 3D.
Figura 24 - Planta de forma do pavimento tipo
Fonte: Autoria prpria 2016.
61
Figura 25 - Corte esquemtico
Fonte: Adaptado do Gerenciador TQS, 2016.
Figura 26 Visualizao 3D exemplo 1
Fonte: TQS Informtica, 2016.
62
4.2.1.1 Coeficientes de Arrasto e Presso Dinmica
Para este exemplo, com os dados inseridos na interface de carregamento de
vento, o programa chegou (Tabela 8) aos seguintes casos de valores de coeficiente
de arrasto e presso dinmica do vento:
Tabela 8 - Incidncia do vento
Caso ngulo () Coef, arrasto rea (m) Presso (tf/m)
1 90 1,19 281,8 0,095
2 270 1,19 281,8 0,095
3 0 1,11 244,2 0,090
4 180 1,11 244,2 0,090
Fonte: Autoria prpria, 2016.
Os valores obtidos de coeficiente de arrasto e presso dinmica se repetiram
para os casos de vento 900 e 2700, e 00 e 1800, pois a rea de projeo da edificao
ficou igual nesses casos.
4.2.1.2 Parmetros de Estabilidade
Como o objetivo principal deste trabalho a comparao entre os parmetros
z e FAVt, foi demostrado o clculo dos mesmos para este exemplo. O clculo dos
parmetros foi refeito manualmente utilizando a equao (11), reescrita aqui, e os
dados retirados do memorial de clculo do software.
63
Para o clculo de z tem-se a seguinte formulao:
(11)
Onde:
Mtot,d o somatrio dos momentos de todas as foras horizontais da
combinao considerada, com seus valores de clculo, em relao base da
estrutura;
M1,tot,d a soma dos produtos de todas as foras verticais atuantes na
estrutura, na combinao considerada, com seus valores de clculo, pelos
deslocamentos horizontais de seus respectivos pontos de aplicao, obtidos da
anlise de primeira ordem.
Lembrando que na formulao do clculo dos parmetros z e FAVt, o
programa considera um ponderador a favor da segurana. A razo dos coeficientes
f / f3, com f = 1,4 e, f3=1,1, multiplicados por M1tot, conforme prescrito no item
15.3.1 da NBR 6118 (ABNT, 2014). Portanto, os valores de M1tot foram multiplicados
por 1,27.
A Tabela 8 exibe os valores dos momentos retirados do memorial de clculo
do software:
d,tot,1
d,tot
z
M
M1
1
64
Tabela 9 - Clculo do z
Caso M1tot Mtot z
Vento 1 (90 o) 341,2 10,9 1,0423
Vento 2 (270 o) 341,2 10,9 1,0423
Vento 3 (0 o) 290,9 17,9 1,0848
Vento 4 (180 o) 290,9 17,9 1,0848
Fonte: Autoria prpria, 2016.
O mesmo procedimento pode ser feito para a obteno dos valores do
parmetro FAVt, Tabela 10, seguindo a mesma formulao, porm, os valores de
momentos gerados por deslocamentos horizontais ficaram diferentes de quando se
calcula o parmetro z pois, na obteno dos momentos de z o software considera
apenas os momentos gerados por aes por horizontais, combinao simples de
vento. Para a obteno dos momentos para o clculo do parmetro FAVt, so
includas as combinaes com os carregamentos verticais e horizontais.
Tabela 10 - Clculo do parmetro FAVt
Caso M1tot Mtot FAVt
COMB 1 (90 o) 204,7 4,7 1,030
COMB 2 (270 o) 204,7 8,4 1,055
COMB 3 (0 o) 174,5 13,7 1,110
COMB 4 (180 o) 174,5 7,8 1,060
Fonte: Autoria prpria, 2016.
Na Tabela 11, consta um resumo de todos os parmetros de estabilidade
global aps o processamento da estrutura.
65
Tabela 11 - Parmetros de estabilidade global
Caso z FAVt RM2M1
Vento 1 (90 o) 1,042 1,042 1,031
Vento 2 (270 o) 1,042 1,055 1,055
Vento 3 (0 o) 1,085 1,110 1,111
Vento 4 (180 o) 1,085 1,085 1,064
Fonte: Autoria prpria, 2016,
Observa-se que a estrutura pode ser classificada, conforme critrio da NBR
6118 (ABNT, 2014), como uma estrutura de ns mveis somente na combinao 3
com vento no sentido 00, para o valor de FAVt=1,11, superior ao limite de 1,10, nos
demais casos a estrutura foi classificada de ns fixos.
Os parmetros se repetiram em algumas situaes. Os parmetros FAVt e z
se repetiram na Tabela 12 para as combinaes 1 e 4. Isso somente ocorreu, porque
o coeficiente FAVt gerou um valor inferior ao z naquelas situaes, conforme pode
ser observado na Tabela 11, logo, o valor de FAVt foi igualado ao z, resultando em
uma situao a favor da segurana. Nas combinaes 2 e 3, os valores do parmetro
FAVt ficaram superiores a z, logo, assumiu-se os valores do parmetro FAVt para
clculo dos efeitos de segunda ordem.
Os valores do parmetro RM2M1 ficaram similares aos valores do parmetro
FAVt, resultado esperado segundo Moncayo (2011). A similaridade entre os dois
parmetros est justamente na considerao do deslocamento da estrutura gerados
por carregamento verticais, apesar do processo P-delta ser considerado um processo
mais refinado.
A estrutura pode ser considerada mais estvel no sentido de vento 00 e 1800
por obterem-se valores de parmetros de estabilidade menores. Isto consequente
66
da disposio dos pilares, os quais foram dispostos em sua maioria com a seo de
maior inercia da direo de vento 900 e 2700.
Para a obteno dos esforos de segunda ordem atravs da multiplicao do
parmetro de estabilidade global, utilizou-se o parmetro no pior caso, FAVt=1,11.
4.2.1.3 Avaliao dos esforos de 2 ordem
Neste exemplo, para efeitos de clculo foi necessrio a considerao dos
efeitos de segunda ordem somente na avaliao de estabilidade global feita atravs
do parmetro FAVt, por ter gerado um valor superior a 1,10.
Os pilares avaliados neste exemplo tiveram seus valores de esforos de
momento gerados por aes horizontais majorados por 0,95 FAVt para a obteno
dos esforos de segunda ordem na base dos mesmos. Foram considerados apenas
os esforos de momento no sentido da maior inrcia dos pilares (direo do vento
900 e 2700 neste projeto).
O valor de cada parcela de carregamento, Tabela 12, foi obtido pelo
visualizador de prticos do software e posteriormente aplicado nas 4 combinaes:
Tabela 12 - Combinaes para obteno dos momentos de clculo
COMB 1 1,4*(PP + PERM) + 1,4*(ACID + 0,95*(FAVt)*0,6*VENT1)
COMB 2 1,4*(PP + PERM) +1,4*(ACID + 0,95*(FAVt)*0,6*VENT2)
COMB 3 1,4*(PP + PERM) +1,4*(ACID + 0,95*(FAVt)*0,6*VENT3)
COMB 4 1,4*(PP + PERM) +1,4*(ACID + 0,95*(FAVt)*0,6*VENT4)
Fonte: Autoria prpria, 2016.
67
Para as quatro combinaes, a parcela de momento causado pelas aes
horizontais foram multiplicadas pelo valor do parmetro FAVt , ambos ainda
multiplicados por 0,95.
Os momentos caractersticos gerados por cada parcela de carregamento da
estrutura podem ser observados na Tabela 13:
Tabela 13 - Momentos caractersticos na base dos pilares (KN.m)
Pilar Peso
prprio C.
permanentes C.
acidentais V. 900 V. 2700 V. 00 V. 180
P3 0,897 0,323 1,386 27,475 -27,475 1,050 -1,050
P5 1,009 2,418 0,607 20,109 -20,109 -7,884 7,884
P11 -1,844 -8,207 -0,049 32,133 -32,133 1,409 -1,409
P14 1,371 1,937 1,635 37,319 -37,319 6,953 -6,953
P16 0,184 0,864 -0,008 23,923 -23,923 -8,750 8,750
P26 -1,045 -1,636 -1,012 20,894 -20,894 -7,359 7,359
Fonte: Autoria prpria, 2016.
Os momentos na base dos pilares se repetiram nos casos de vento 900 e
2700, e 00 e 1800, alterando apenas o sentido do momento. Na Tabela 14, podem ser
observados os valores de momento de primeira ordem global, utilizando-se as
combinaes da Tabela 12, porm, sem o multiplicador do parmetro de estabilidade.
68
Tabela 14 - Momentos de primeira ordem
COMB 1 COMB 2 COMB 3 COMB 4
P3 26,727 -19,431 4,530 2,766
P5 22,539 -11,245 -0,976 12,269
P11 12,853 -41,130 -12,955 -15,322
P14 38,266 -24,430 12,759 1,078
P16 21.551 -18.639 -5.894 8.806
P26 12.381 -22.721 -11.351 1.011
Fonte: Autoria prpria, 2016.
Para a obteno dos valores dos momentos de segunda ordem global foram
aplicados os coeficientes de majorao a partir do parmetro de estabilidade FAVt
resultando nos valores dos esforos apresentados na Tabela 15, na coluna FAVt.
Tabela 15 - Momentos de segunda ordem global x primeira ordem (KN.m)
Pilar COMB 1 COMB 2 COMB 3 COMB 4
FAVt 1a ordem FAVt 1a ordem FAVt 1a ordem FAVt 1a ordem
P3 28,001 26,727 -20,706 -19,431 4,578 4,530 2,717 2,766
P5 23,471 22,539 -12,177 -11,245 -1,341 -0,976 12,635 12,269
P11 14,344 12,853 -42,620 -41,130 -12,889 -12,955 -15,387 -15,322
P14 39,997 38,266 -26,160 -24,430 13,081 12,759 0,755 1,078
P16 22,661 21,551 -19,749 -18,639 -6,300 -5,894 9,212 8,806
P26 13,350 12,381 -23,690 -22,721 -11,693 -11,351 1,353 1,011
Fonte: Autoria prpria, 2016.
Os valores de momento de segunda ordem global encontrados utilizando-se
o parmetro FAVt ficaram em geral maiores que os valores de momentos de primeira
ordem. Houve trs excees: na combinao 3 do pilar P11, e na combinao 4 dos
pilares P3 e P14. Isso pode ser explicado pelo fato de que os carregamentos de vento
geraram momentos com sentidos opostos aos demais carregamentos. Neste caso, os
69
valores de segunda ordem no seriam preponderantes para um possvel
dimensionamento dos elementos.
4.2.1.4 Deslocamentos
Foram avaliados os deslocamentos mximos da estrutura no topo para as
combinaes de ELS (Tabela 8). A Tabela 16 exibe os deslocamentos mximos
absolutos em cada caso:
Tabela 16 - Deslocamentos mximos topo da estrutura
Caso d (cm) Desloc. Relativo
H (m)
COMB 5 (90) 0,28 H/8147
22,6 COMB 6 (270) 0,28 H/8147
COMB 7 (0) 0,38 H/6023
COMB 8 (180) 0,38 H/6023
Fonte: Autoria prpria, 2016.
Observou-se um deslocamento maior na direo de incidncia do vento 00 e
1800. Este resultado evidenciou a influncia da disposio dos pilares, os quais
possuem em sua maioria as sees de maior inrcia na direo de vento a 900 e 2700.
O limite de deslocamento prescrito na NBR 6118 (ABNT, 2014) de h/1700,
portanto, o deslocamento horizontal no topo da estrutura em todas as combinaes
ficou dentro do limite da norma, h/1700= 1,33 cm.
70
4.2.2 Exemplo 2
O segundo exemplo contou com as mesmas caractersticas de projeto do
exemplo 1, porm, foram acrescidos mais trs pavimentos para que se pudesse
avaliar a influncia da altura na estabilidade global para este arranjo estrutural e dar
continuidade na comparao dos parmetros de estabilidade global. A Figura 27
ilustra o prtico 3D do edifcio que ficou com 10 pavimentos mais o reservatrio.
A Figura 28 exibe um corte esquemtico do edifcio.
Figura 27 - Visualizao 3D exemplo 2
Fonte: TQS Informtica, 2016.
71
Figura 28 - Corte esquemtico exemplo 2
Fonte: Adaptado do Gerenciador TQS, 2016.
4.2.2.1 Coeficientes de Arrasto e Presso Dinmica
Para este exemplo, com os dados inseridos na interface de carregamento de
vento, o programa chegou aos seguintes casos de valores de coeficiente de arrasto e
presso dinmica do vento, exibidos na Tabela 17:
Tabela 17 - Incidncia do vento
Caso ngulo () Coef. arrasto rea (m2) Presso (tf/m2)
1 90 1,25 430,2 0,110
2 270 1,25 430,2 0,110
3 0 1,16 366,2 0,103
4 180 1,16 366,2 0,103
Fonte: Autoria prpria, 2016.
72
Os valores obtidos de coeficiente de arrasto e presso dinmica se repetiram
para os casos de vento 900 e 2700, e 00 e 1800, pois as reas de projeo da edificao
ficaram iguais nestes casos.
4.2.2.2 Parmetros de estabilidade global
Aps o processamento da estrutura, foi possvel extrair os parmetros de
estabilidade do edifcio, conforme Tabela 18.
Tabela 18 - Parmetros de estabilidade global
Caso z FAVt RM2M1
Vento 1 (90o) 1,066 1,066 1,055
Vento 2 (270o) 1,066 1,079 1,080
Vento 3 (0o) 1,131 1,157 1,159
Vento 4 (180o) 1,131 1,131 1,115
Fonte: Autoria prpria, 2016.
Com o aumento do nmero de pavimentos, os parmetros de estabilidade
resultaram em valores maiores, como esperado. Neste exemplo, a estrutura foi
classificada como uma estrutura de ns mveis nas combinaes 3 e 4, tomando
como referncia qualquer um dos parmetros, uma vez que seus respectivos valores
ultrapassaram o limite de 1,10. Sendo assim, os efeitos de segunda ordem global
precisam ser considerados. Nos demais casos a estrutura foi classificada como uma
estrutura de ns fixos, conforme critrio da NBR 6118 (ABNT, 2014).
73
Em nenhum dos casos os parmetros ultrapassaram o limite de valor de 1,30
que indicaria uma instabilidade acima do limite aceitvel conforme critrio da NBR
6118 (ABNT, 2014).
Observou-se a divergncia de valores entre os parmetros de estabilidade. O
parmetro z se repete nas duas direes de incidncia de vento. Esse resultado era
esperado, uma vez que a projeo de incidncia do vento no edifcio a mesma para
os casos de 900 e 2700, e 00 e 1800. O fato de o parmetro resultar em valores maiores
nos casos de vento nos sentidos 00 e 1800 deve-se disposio do sentido de maior
inrcia dos pilares. Podese considerar que o edifcio ficou mais estvel no sentido de
incidncia de vento de 90o e 270o .
A divergncia de valores entre os parmetros z e FAVt tambm era esperado.
Como constatado por Moncayo (2011), o coeficiente FAVt considera em seu clculo
os deslocamentos horizontais gerados por carregamento verticais. A estrutura
possua assimetria nos dois planos, alm de balanos, esses fatores contriburam
para a divergncia de valores entre os parmetros.
Os valores do parmetro FAVt foram igualados aos do z nas combinaes 1
e 4. Esta considerao indicou que os valores de FAVt foram inferiores aos do z
nestes casos, fazendo com que o programa substitusse esses valores por questo
de segurana. Os valores reais obtidos do parmetro FAVt podem ser vistos na Tabela
19.
74
Tabela 19 - Clculo do parmetro FAVt
Caso M1tot Mtot FAVt
COMB 1 (90) 496 19,8 1,0534
COMB 2 (270) 496 28,7 1,0793
COMB 3 (0) 406,7 43,4 1,1568
COMB 4 (180) 406,7 30,9 1,1068
Fonte: Autoria prpria, 2016.
O parmetro RM2M1, obtido a partir do processo P-delta, resultou em valores
diferente dos demais parmetros devido sua metodologia de clculo. Este, por se
tratar de uma anlise no-linear em que se obtm os esforos finais, esforos de
segunda ordem, e posteriormente, feita a verificao da estabilidade pela razo dos
esforos de segunda ordem e primeira ordem. Observou-se a proximidade dos valores
dos parmetros RM2M1 e FAVt, diferentemente, dos valores de z. Isso pode indicar
que o coeficiente FAVt ficou mais prximo da realidade que o z, sendo os dois
parmetros classificados como mtodos aproximados se comparados ao processo P-
delta, considerado mais rigoroso.
4.2.2.3 Avaliao dos esforos de 2 ordem
Foram obtidos os valores de momento segunda ordem na base para os
mesmos pilares escolhidos no exemplo 1. Foram considerados os momentos gerados
por cada parcela de carregamento e posteriormente aplicados nas combinaes. A
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Tabela 20 exibe os momentos na base dos pilares selecionados para este trabalho
para cada parcela de carregamento.
Tabela 20 - Momentos caractersticos na base dos pilares (KN.m)
Pilar Peso
prprio C.
permanentes C.
acidentais V. 90o V. 270o V. 0o V. 180o
P3 0,898 0,300 1,394 49,301 -49,301 1,858 -1,858
P5 1,016 2,423 0,613 35,859 -35,859 14,667 -14,667
P11 -0,215 -0,870 -0,055 57,904 -57,904 2,640 -2,640
P14 1,34408 1,8885 1,6227 64,045 -64,045 12,2550 -12,255
P16 0,0178 0,8461 -0,0062 40,7000 -40,7000 -15,6670 15,667
P26 -1,0488 -1,6487 -1,0108 35,4470 -35,4470 -13,1416 13,142
Fonte: Autoria pr