Ω “Costumes e Mentalidades" Prof. Pedro Aguerre Março/Abril 2015.

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“Costumes e Mentalidades"

Prof. Pedro AguerreMarço/Abril 2015

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Do que estamos falando?

- Costumes são modos de vida largamente observados em uma sociedade (“automatismos sociais”, tradições, mimetismo social).

- Passado: evolução lenta- Presente: evolução mais rápida (meios de comunicação de

massa)- Costumes gerais, regionais, locais ou de classe social- Tendemos hoje a uma uniformização universal

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Mentalidades e costumes sociais

- Mentalidade: uma visão de mundo, formada por um conjunto de ideias, sentimentos, crenças e valores predominantes, que atua na mente de cada um de nós

- Mentalidades são individuais ou coletivas- Podem estar em um povo, grupos regionais, étnicos, de

gênero ou categoria profissional.- Mentalidades individuais sempre sofrem a influência da

mentalidade coletiva predominante

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Mentalidades e costumes sociais

No Brasil temos três raízes (com pesos diferentes) que contribuíram para a formação dos nossos costumes ementalidades, da nossa brasilidade:

1.Indígena (inúmeras etnias)2.Negra (várias etnias Africanas)3.Portuguesa (Ibérica - Europeia)

-Desenvolvimento econômico colonial Odilon Guedes-Economia Açucareira - 1550 – 1650 (Monopólio)-Economia Mineira - 1710 – 1790 (Centro do desenvolvimento e do povoamento da colônia)

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Mentalidades e costumes sociais

A nossa raiz indígena foi muito forte em nossa sociedade colonial, a ponto dos portugueses (Marquês de Pombal) proibirem no Brasil-Colônia a “língua geral” (tupi-guarani) que era mais popular, impondo à população somente a língua portuguesa.

Apesar da aniquilação da população indígena (Darci Ribeiro estima em 5 milhões de indígenas em1500), incorporamos costumes e mentalidades das civilizações indígenas, como: na culinária e nos costumes, na linguagem, nos comportamentos e mentalidades (banhos diários/ achar graça em situações acidentais).

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Mentalidades e costumes sociais

A raiz negra (Africana de várias etnias) constrói a nossa mentalidade e costumes também em muitos aspectos:

-Religiões de matriz africana-Música, culinária, costumes cotidianos-Conhecimentos tribais e tecnologias -Formas de organização social/práticas de resistência-Povos escravizados, criminalizados, impedidos de conviver na sociedade burguesa, mantidos empobrecidos e afastados dos benefícios do desenvolvimento

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Mentalidades e costumes sociais

A raiz portuguesa (Ibérica) constrói de forma mais abrangente nossas mentalidades e costumes sociais, principalmente em razão do controle político e socioeconômico (de domínio e conquista).

No Brasil-Colônia a imposição de mentalidades e costumes pela corte portuguesa-brasileira, fica ainda mais forte com a chegada da família Real. No Império, a corte condiciona todas as relações, sob a qual formam-se as elites (“quatrocentonas”) que até hoje normatizam ou tenta normatizar as mentalidades e costumes sociais.

Esta raiz condiciona uma série de mentalidades e costumes sociais que estão na vida de todos. A classe social que domina uma sociedade dissemina com mais contundência suas mentalidades e costumes e influencia o conjunto da sociedade.

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Traços Marcantes da Mentalidade Brasileira na Vida Política

- Quanto mais fortemente os costumes e as mentalidades são assentados numa sociedade, mais dificilmente os detentores do poder conseguem mudá-los. As inovações legais, que contrariam velhos costumes ou mentalidades, tendem a ser desrespeitadas, de modo aberto ou oculto.

- De modo geral, a mudança de costumes e mentalidades não se faz adequadamente pelo poder, mas com um esforço organizado de educação cívica, mostrando-se a imoralidade ou o atraso técnico do modo de vida tradicional.

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Os grandes fatores determinantes Formação da Sociedade Brasileira (FKC)

a. O grande domínio rural autárquicob. A autocracia governamentalc. A escravidão indígena e africanad. O prestígio da riquezae. A influência do catolicismo romano

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Raízes do BrasilSérgio Buarque de Holanda- O declínio das sociedades rurais e o êxodo urbano- Transferência dos poderes e das estruturas rurais para as

cidades. Manutenção da velha herança rural.- Um aspecto conservador do poder, ocasionando a

manutenção do status quo- A ocupação dos novos cargos administrativos criados nos

centros urbanos pelos antigos senhores de engenho e seus herdeiros

- “ A família patriarcal fornece assim o grande modelo por onde hão de calcar, na vida política, as relações entre governantes e governados”.

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Raízes do BrasilSérgio Buarque de Holanda- Economia colonial centrada no meio rural- A política como um reflexo dos poderes incorporados pelos

proprietários rurais- Colonização exploratória marcada por um espírito

aventureiro- Valorização do enriquecimento fácil e rápido, e nenhum

cuidado com a terra e seus ocupantes- A máxima de extrair o máximo do solo, sem grandes

sacrifícios, justificado pela abundância territorial- O problema do trabalho resolvido pela utilização de mão de

obra escrava

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Raízes do BrasilSérgio Buarque de Holanda- Em “Raízes do Brasil”, Sérgio Buarque de Holanda identifica

a formação da identidade nacional brasileira.- O conceito de “homem cordial” é fundamentado

sociologicamente por Sérgio Buarque de Holanda. - Esta definição não tem nada a ver com o ser cordial no

sentido comum: afetuoso, simpático, afável, educado e polido. A palavra cordial na sua raiz (Core/Cordis= coração) fala de alguém que só se relaciona fincado no sentimento, na emoção e estabelece suas relações sempre nesta perspectiva passional. A racionalidade nunca prevalece.

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Raízes do BrasilSérgio Buarque de HolandaSérgio Buarque de Holanda acentua alguns legados históricos originários da colonização portuguesa e sua estrutura social, política e econômica:

-Não separação do público do privado-A falta de ética nas relações; de capacidade de aplicar-se a um objetivo exterior-Pouca afeição/relutância em face das leis-Abomina as formalidades

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Traços Marcantes da Mentalidade Brasileira na Vida PolíticaFábio Konder Comparato – abril de 2011

1.Privatismo2.Personalismo / postura que não estrutura a ordem coletiva3.Predomínio dos sentimentos sobre as convicções racionais (o “homem cordial”).4.Espírito de conciliação5.Duplicidade institucional, como reflexo de nosso caráter dúplice

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Privatismo- Durante todo o período colonial, o Estado permaneceu

praticamente ausente da vida brasileira. Isto se modifica lentamente a partir da instalação da família real no Brasil em 1808 e após a Independência. A importância do poder estatal no Brasil só veio a acentuar-se com a Revolução de 1930.

- Até praticamente o século XX, o policiamento efetivo era feito por guardas ou capangas de grandes senhores. De onde a tradição de violência e irresponsabilidade das nossas forças policiais, e sua submissão à vontade dos ricos e poderosos.

- A moderna propaganda capitalista, fantasiada de liberalismo e democracia, encontrou em nossa mentalidade privatista um terreno fértil onde depositar suas sementes. Aceitamos facilmente a ideia de que o Estado trabalha mal, e que somente a empresa privada é eficiente.

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Personalismo- Nossa dificuldade em compreender e aceitar o

funcionamento de organizações impessoais, de modo geral. Daí, p. ex., a evolução da fé católica em direção a uma fidelidade, não ao dogma abstrato, mas à pessoa do clérigo que exerce o poder: o pároco, o bispo, o papa.

- No campo político, o personalismo tem permanecido incontestável. O povo desconfia das ideias e programas abstratos, repudia os partidos e somente confia em políticos de carne e osso, sobretudo quando eles encarnam um paternalismo protetor. A política, entre nós, nunca foi um embate de ideias, mas a atuação, conflitiva ou amigável, de personalidades marcantes.

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Traços Marcantes da Mentalidade Brasileira na Vida Política

Predomínio dos sentimentos sobre as convicçõesracionais (o “homem cordial”).- A política sempre foi, entre nós, um jogo de amigos e de

adversários ou inimigos. As relações de amizade ou inimizade são decisivas. Na República Velha (1889 – 1930) dizia-se: “aos amigos, tudo; aos inimigos, a lei”.

- Essa mesma ausência de impessoalidade existe no funcionamento da Administração Pública e da Justiça. É comum, quando se tem um problema ligado a serviço público, procurar antes de tudo o amigo na repartição competente. Nos processos judiciais, advogado eficiente é o amigo dos juízes.

- Essa tradição personalista explica, em grande parte, a instituição do despachante, grande originalidade nacional.

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Espírito de conciliação- Como consequência das duas últimas tendências

assinaladas, a lei geral da política brasileira é a conciliação entre grupos ou personalidades rivais. Entre nós, em matéria política, sempre foi aceito o princípio de que um mau acordo é preferível a um conflito aberto, a se encerrar com vencidos e vencedores.

- Daí o fato impressionante de que todas as grandes mudanças institucionais, no Brasil, foram frutos de acordos, mesmo quando tais mudanças se iniciaram por conflitos armados. Assim foi com a Independência, com a abdicação de D. Pedro I em 7 de abril de 1831, com a proclamação da República, com a extinção do Estado Novo getulista em 1945 e do regime militar em 1985.

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Brasil: uma falsidade política permanenteFábio Konder Comparato, 2011- A Constituição Federal de 1988 abre-se com a declaração

de que “a República Federativa do Brasil é um Estado Democrático de Direito”. Na realidade, porém, o Estado Brasileiro não é republicano, nem democrático, nem tampouco um verdadeiro Estado de Direito.

- Não é republicano, porque nesta terra, desde o Descobrimento, o interesse privado sempre prevaleceu sobre o bem público. Não é democrático, porque o povo nunca chegou a ter voz ativa na vida política. Enfim, não é um autêntico Estado de Direito, porque o grupo oligárquico, que sempre deteve o poder supremo e é a fonte primária de toda a corrupção, foge a qualquer controle jurídico.

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Desenvolvimento EconômicoBrasil Independente- Economia Cafeeira - 1830 – 1930 (Recoloca o Brasil no comércio

internacional, gera acúmulo de capitais, Imigração, Trabalho assalariado, Unidade nacional)

- Primeiras indústrias - 1890 - 1930- Modelo de Substituição de Importações 1930 - 1980/90- Crise de 1930- Primeira Metade da Década de 40 (Companhia Siderúrgica Nacional –

CSN, Companhia Nacional de Álcalis, Companhia Vale do Rio Doce)- Primeira Metade da Década de 50 - Getúlio Vargas (Petrobrás, BNDE,

Proteção a Indústria Nacional – Política Cambial)- Segunda Metade da Década de 50 - JK (Plano de Metas:

infraestrutura, multinacionais, indústria)- Anos 60 - Jango Goulart (crise (inflação; queda crescimento do PIB)- Anos 60 - Ditadura Militar - 1964 – 1984 (1979 II PND (completar

matriz industrial – último plano estratégico)- 1980 – Década Perdida (Crise da dívida externa, ajuste com recessão –

desemprego; explode Inflação; crise social)

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Pai contra MãeMachado de Assis- “Ora, pegar escravos fugidios era um ofício do tempo. Não

seria nobre, mas por ser instrumento da força com que se mantém a lei a propriedade, trazia esta outra nobreza implícita das ações reivindicadoras. Ninguém se metia em tal ofício por desfastio ou estudo; a pobreza, a necessidade de uma achega, a inaptidão para outros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto de servir também, ainda que por outra via, davam o impulso ao homem que se sentia bastante rijo para pôr ordem à desordem”

- “A necessidade faz o ladrão…”

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O Brasil se desenvolveu com esta mentalidade e costumes?

1952População: 51.944.397Maiores cidades: 1) Rio de Janeiro (2,3 mi) 2) São Paulo (2,1 mi) 3) Recife (0,5 mi)

2012População: 190.732.694Maiores cidades:1)São Paulo (11,3 mi)2)Rio de Janeiro (6,3 mi)3) Salvador (2,6 mi)

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O Brasil se desenvolveu com esta mentalidade e costumes?

1952Maior produto exportado: CaféPIB: US$ 6.891Extensão das Estradas de Ferro: 37.019 kmAutomóveis em circulação: 299.625Expectativa de vida: 52 aDiplomas ensino superior: 158 milAnalfabetismo: 39,5%

2012 Maior produto exportado:Minério de FerroPIB: US$ 11.660Extensão das Estradas de Ferro: 29.706 kmAutomóveis em circulação: 65.636.754Expectativa de vida: 72 aDiplomas ensino superior: 12 milhõesAnalfabetismo: 9,6%Fonte Revista Época – Ed. Histórica

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Distribuição de renda (Fonte: Dieese)

Brasil 1981 199550% + Pobres 14,5% 13,3%10% + Ricos 44,9% 47,1%1% + Rico 13,4% 14,4%

201240% + Pobres 13,3%10% + Ricos 41,9%

Passou de 16,8 vezes (2002) para 12,6 (2012)

Alguns dados:Desigualdade social e econômica no Brasil

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Desigualdade de renda e desigualdade étnicorracial

- 2002: dos 10% + Pobres 71,5% eram negros, 27,9% brancos. Do 1% + rico, 87,7% brancos, 10,7 negros.

- 2012: dos 10% + Pobres 75,6% eram negros, 23,5 brancos. Do 1% + rico, 81,6% brancos, 16,2 negros.

Agência Brasil (29/11/2013)

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Problemas na formação do conjunto da população

- EDUCAÇÃO INFANTIL – Atendimento de 1/5 das crianças

- ENSINO FUNDAMENTAL – Evasão de 1/3 (1 milhão de brasileiros por ano iniciam a vida adulta sem terem concluído o ensino fundamental)

- ENSINO MÉDIO – Concluído por ½ da população

- ENSINO SUPERIOR – Concluído por 1/5 da população

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Educação de elite

- Pesquisa do Business Insider (jornal GGN, 13/10/2013) destinada a medir o potencial de formação de pessoas de elite, mostra o Brasil em 20º Lugar. Brasil produz menos de 200 mil “pessoas brilhantes” por ano. Nos Estados Unidos e no Japão são 5,5 milhões por ano. Na Austrália e na Polônia são mais de meio milhão. Em termos percentuais, apenas 0,1% dos alunos atingem o topo da qualidade no Brasil. Para citar apenas três exemplos, na Nova Zelândia são 4,1%, na Bélgica, 3,4% e na Espanha, 0,75, o que é sete vezes mais.

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2000 20101% - Rico 13% 20%10% + ricos 48% 54% 50% - Renda 12% 11%

Fonte: Censo IBGE; Elaboração Sempla/CDEC

Distribuição de renda em São Paulo (2014)

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Urbanismo na periferia do mundo globalizado – Metrópoles BrasileirasErmínia Maricato, 2000Apesar de o processo de urbanização da população brasileira ter se dado, praticamente, no século XX,, ele conserva, como vimos, muitas das raízes da sociedade patrimonialista e clientelista próprias do Brasil pré-republicano. As resistências que, durante décadas, buscaram contrariar a abolição do trabalho escravo marcaram o surgimento do trabalho livre. A cidade é, em grande parte, reprodução da força de trabalho. Desde sempre, essa reprodução, entre nós, não se deu totalmente pelas vias formais, e sim pelos expedientes de subsistência. Essa característica marca decisivamente a produção das cidades. O patrimonialismo impediu o surgimento da esfera pública, alimentando o fisiologismo, o paroquialismo, o clientelismo e o privilégio, possíveis, constatar até mesmo na Câmara Municipal da mais poderosa cidade brasileira em pleno ano 2000. A relação de favor tem mais prestígio do que as diretrizes de qualquer plano holístico.

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• Falas do poder• Aos amigos tudo, aos

inimigos a lei• Você sabe com quem está

falando?• Falas da resignação• Manda quem pode,

obedece quem tem juízo,• Uma mão lava a outra• Não dá para dar um

jeitinho?

• Falas da prudência• A corda arrebenta do lado

mais fraco• Cada macaco no seu galho• Afinal de contas• Casa de ferreiro espeto de

pauou

• Aqui se faz, aqui se paga

Costumes e mentalidades Ditados populares

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A Escola de Governo atua na promoção de cursos de formação política para a transformação da sociedade brasileira: compromisso com a redução das desigualdades sociais, regionais, raciais, de gênero etc., compromisso com o desenvolvimento nacional; educação política e formação para a cidadania ativa; fomento da democracia participativa, dos valores republicanos, da ética na política, com respeito integral aos direitos humanos. Participa de causas políticas relevantes à sua missão. As aulas articulam o conhecimento teórico e prático dos/as alunos/as e professores/as, dentro do Conceito de ver, julgar e agir.

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Os instrumentos maiores da políticaChico Whitaker

- Cardeal Arns: “a pior forma de fazer política é não fazer política (tomar o partido de quem deseja que a injustiça continue)

- Política é importante demais para ficar só na mão dos políticos

- Não é só eleger; é acompanhar, fiscalizar, ajudar- Novo ator político: sociedade civil (conjunto de organizações

que lutam por direitos)- Todos temos algum tipo de poder: em casa, na escola, na

comunidade. - Como usamos nosso poder: para dominar ou para servir? - O poder serviço dá lugar ao poder conjunto, exercido co-

responsavelmente por todos, na autonomia de cada um.

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Os instrumentos maiores da políticaChico WhitakerQuatro categorias de cidadãos:

•Meio cidadãos: todos tem direitos, mas nem sabem que os têm (sobrevivência)

•Cidadãos-passivos: sabem que tem direitos, mas esperam passivamente que sejam respeitados, ou que caiam do céu (anestesiados).

•Cidadãos-ativos: lutam pelos direitos. São aqueles que atuam em organizações, sindicatos, movimentos sociais. (mobilizados)

•Cidadãos: lutam pelos seus direitos e pelos direitos dos outros (ativos e solidários)

•Entram na política para lutar por um mundo melhor, ao mesmo tempo em que procuram transformar a si mesmos, interiormente, para serem capazes de exercer, onde estiverem, o mais possível, seu poder como um serviço

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PEDRO AGUERRE

É graduado em ciências sociais, mestre e doutor em ciências sociais pela PUC-SP, com a tese: “Periferia: um estudo sobre a segregação socioespacial na cidade de São Paulo”. Foi consultor do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania - Pronasci (2008 a 2010) e do Plano Juventude VIVA – SNJ (2012-2013) É membro associado da Escola de Governo de São Paulo e professor da PUC-SP – Faculdade de Economia e Administração.

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Obrigado!Escola de Governo

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